bancada antiestática_ uma nova versão - saber eletrônica online

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25/10/13 Bancada antiestática: uma nova versão - Saber Eletrônica Online www.sabereletronica.com.br/artigos-2/2360-bancada-antiesttica-uma-nova-verso 1/6 HOME NOTÍCIAS ARTIGOS EDIÇÕES DOWNLOADS SOBRE A SABER EDUCAÇÃO CONTATO Buscar... Buscar... ENTRAR 29/11/-1 - 20:53 Tweetar 0 0 Bancada antiestática: uma nova versão Em edições anteriores, foi apresentado um artigo sugerindo a montagem de uma bancada antiestática utilizando um revestimento de fórmica especial como material dissipativo. Após sua publicação começamos a receber reclamações devido à dificuldade de obtenção do material utilizado. Embora seja um produto fabricado localmente, a fórmica dissipativa não é fornecida, pelo menos nas quantidades necessárias para uma bancada, pelos distribuidores do fabricante. Dessa forma, resolvemos retomar o assunto agora utilizando materiais mais facilmente encontrados no comércio. Para a grande maioria das pessoas, a eletricidade estática não é nada mais do que um leve choque que se experi- menta tocando uma maçaneta metálica após andar por uma sala com carpete ou saindo de um carro com estofamento sintético. Mas o acúmulo de cargas estáticas é um problema que afeta os sistemas eletrônicos de modo direto. O controle dessas cargas é fundamental nas áreas de integração e manutenção de computadores, além de outras como salas de servidores. O que são cargas estáticas? A eletricidade estática é definida como uma carga elétrica causada por um desbalanceamento dos elétrons na superfície de um material isolante. Essa carga produz um campo elétrico que pode ser medido e que afeta outros objetos, mesmo à distância. Descarga eletrostática, ou ESD (do inglês ElectroStatic Discharge), é definida como a transferência dessas cargas entre corpos com potenciais elétricos diferentes. Mecanismos de acúmulo de cargas Cargas eletrostáticas são criadas pelo contato e separação de dois materiais isolantes. Por exemplo, uma pessoa andando sobre um piso gera eletricidade estática conforme a sola do sapato entra em contato e em seguida se separa da superfície do piso. Da mesma forma um dispositivo eletrônico deslizando para dentro ou para fora de uma embalagem gera ele tricidade estática, devido aos múltiplos contatos entre seu corpo e terminais e o material da embalagem. A criação de cargas eletrostáticas por contato e separação de materiais é conhecida como carregamento triboelétrico, que ocorre por transferência de elétrons entre os materiais. A quantidade de carga acumulada por geração triboelétrica é afetada, principalmente, pela área de contato, materiais envolvidos, velocidade da separação e umidade relativa. A série triboelétrica (simplificada), mostrada na tabela 1, é utilizada para a determinação da tendência de um material em acumular cargas positivas ou negativas. Curtir 0

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29/11/-1 -

20:53

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Bancada antiestática: uma nova versão

Em edições anteriores, foi apresentado um artigo sugerindo a montagem de uma bancada antiestática

utilizando um revestimento de fórmica especial como material dissipativo. Após sua publicação

começamos a receber reclamações dev ido à dificuldade de obtenção do material utilizado. Embora seja um

produto fabricado localmente, a fórmica dissipativa não é fornecida, pelo menos nas quantidades

necessárias para uma bancada, pelos distribuidores do fabricante. Dessa forma, resolvemos retomar o

assunto agora utilizando materiais mais facilmente encontrados no comércio.

Para a grande maioria das pessoas, a eletricidade estática não é nada mais do que um leve choque que se

experi- menta tocando uma maçaneta metálica após andar por uma sala com carpete ou saindo de um

carro com estofamento sintético. Mas o acúmulo de cargas estáticas é um problema que afeta os sistemas

eletrônicos de modo direto.

O controle dessas cargas é fundamental nas áreas de integração e manutenção de computadores, além de

outras como salas de serv idores.

O que são cargas estáticas?

A eletricidade estática é definida como uma carga elétrica causada por um desbalanceamento dos elétrons

na superfície de um material isolante. Essa carga produz um campo elétrico que pode ser medido e que

afeta outros objetos, mesmo à distância. Descarga eletrostática, ou ESD (do inglês ElectroStatic Discharge),

é definida como a transferência dessas cargas entre corpos com potenciais elétricos diferentes.

Mecanism os de acúm ulo de cargas

Cargas eletrostáticas são criadas pelo contato e separação de dois materiais isolantes. Por exemplo, uma

pessoa andando sobre um piso gera eletricidade estática conforme a sola do sapato entra em contato e em

seguida se separa da superfície do piso. Da mesma forma um dispositivo eletrônico deslizando para dentro

ou para fora de uma embalagem gera ele tricidade estática, dev ido aos múltiplos contatos entre seu corpo

e terminais e o material da embalagem.

A criação de cargas eletrostáticas por contato e separação de materiais é conhecida como carregamento

triboelétrico, que ocorre por transferência de elétrons entre os materiais.

A quantidade de carga acumulada por geração triboelétrica é afetada, principalmente, pela área de

contato, materiais envolv idos, velocidade da separação e umidade relativa.

A série triboelétrica (simplificada), mostrada na tabela 1 , é utilizada para a determinação da tendência de

um material em acumular cargas positivas ou negativas.

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Na teoria, quando dois materiais da tabela são postos em contato e separados, o que se encontra em

posição mais alta se torna positivamente carregado. Observe que quando ocorre atrito entre partes de um

mesmo material, polietileno por exemplo, ele apresentará áreas com cargas positivas e áreas com cargas

negativas. Também ocorrem comportamentos em “círculos”, isto é, um material A é carregado

positivamente por B, B é carregado positivamente por C, mas C é carregado positivamente por A ao invés

de ser carregado negativamente, como seria de se esperar. Por experiência, sabese que o carregamento

triboelétrico é notóriamente errático.

Praticamente todos os materiais, incluindo a água, podem sofrer carregamento triboelétrico.

Os materiais carregados, sempre terão um campo elétrico associado a eles. Objetos condutivos colocados

nas proximidades desses campos elétricos serão polarizados por indução. Caso esse material polarizado

entre em contato com a terra, elétrons irão circular indo ou v indo. Se, nesse instante, o campo for

removido e a ligação com a terra cortada, o objeto ficará carregado. Esse processo é chamado de

carregamento por indução.

Materiais não condutores não podem ser carregados por indução.

Na tabela 2 vemos as tensões eletrostáticas típicas geradas por algumas ativ idades simples.

É importante notar que, quanto menor for a espessura do material isolante, mais rapidamente ele

acumulará carga.

ESD e seus efeitos

Os efeitos das ESD sobre os com- ponentes eletrônicos são invariavelmente destrutivos. Após uma

descarga eletrostática o componente pode apresentar falha total, degradação de desempenho, redução de

expectativa de v ida ou operação errática.

Falhas por ESD são normalmente causadas por um dos três eventos: descarga eletrostática direta para o

dispositivo, descarga direta do dispositivo e descarga induzida por campos. A destruição de um

dispositivo sensível a ESD é determinada por sua capacidade de dissipar a energia da descarga ou suportar

os níveis de tensão e correntes envolv idas. Essa capacidade é conhecida como sensibilidade a ESD de um

dispositivo.

Na tabela 3 podemos ver o grau de sensibilidade a ESD de diversos dispositivos e tecnologias.

Na figura 1 podemos ver o efeito de uma descarga eletrostática na pastilha semicondutora de um MOSFET

de potência. Note o “buraco” criado na superfície da pastilha de silício.

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Controle das descargaseletrostáticas

Considerando que é impossível impedir o surgimento de cargas estáticas, o controle será feito através de

sua redução ao mínimo possível além da limitação das correntes de descarga.

Cada situação pede um modo de controle próprio, como as embalagens antiestáticas para placas

eletrônicas, pisos especiais para áreas sensíveis, pulseiras e calcanheiras antiestáticas para controle de

cargas acumuladas no corpo humano e bancadas antiestáticas com superfícies próprias para trabalhos

com componentes e placas eletrônicas. Neste artigo iremos tratar de um exemplo de bancada antiestática.

Uma bancada antiestática pode ser construída de várias maneiras, dependendo dos materiais escolhidos e,

é claro, do quanto se pretende gastar para fazê-la.

Mantas emborrachadas antiestáticas próprias para essa função existem no mercado e são distribuídas por

empresas especializadas na área.

Nossa proposta utiliza alguns materiais próprios e outros não tão usuais mas que apresentam alta

resistência, durabilidade e facilidade de obtenção.

A bancada básica

Na figura 2 vemos a composição básica de uma bancada antiestática como a indicada em edições

anteriores.

A manta de borracha dissipativa será utilizada no tampo da mesa. A superfície da mesa deve ser de

material que permita a descarga segura das cargas contidas nos materiais e pessoas junto a ela.

Em nosso caso usaremos a manta modelo NHE320 de duas camadas. Materiais antiestáticos devem

apresentar uma resistência superficial entre 105 e 1012 ohms/m2 na camada superior.

Além dessa superfície a bancada deve possuir pontos para ligação de pulseiras de aterramento e conexão

com o terra da instalação.

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com o terra da instalação.

Os requisitos necessários para a mesa utilizada serão:

• Resistência mecânica, isto é, a mesa deve ser estável e firme para o uso esperado;

• Altura adequada, isto é, a mesa deve possuir a altura necessária para o modo como será utilizada, com o

técnico em pé ou sentado;

• Ser de material compatível com o uso da cola de contato, por exemplo madeira;

• Ter espaço disponível para a fixação dos componentes necessários, como os pontos de ater- ramento, por

exemplo.

Nossa mesa de trabalho irá utilizar cavaletes metálicos como os pés da mesa e uma folha de porta como

tampo.

O ponto para aterramento da pulseira dissipativa também é a conexão da manta com o terra da instalação

elétrica.

Esse acessório foi obtido junto com a manta dissipativa e é fixado através de um ilhós metálico. Os

materiais utilizados na preparação da bancada podem ser v istos na figura 3.

Montagem da bancada

• Após escolher a mesa apropriada para o trabalho que será executado, será cortada a manta dissipativa

nas medidas necessárias para o revestimento do tampo da mesa. É recomendável deixar uma pequena

folga nas dimensões para poder ser feito um ajuste mais preciso após a colagem. O corte da manta pode ser

feito com o auxílio de um estilete afiado.A manta utilizada em nosso exemplo foi cortada de forma a cobrir

uma área de 2,10 x 0,60 m (dimensões da folha de porta utilizada).

• Após o corte, devemos fixar o ilhós que será a conexão com o terra. Para isso existem, no mercado,

alicates especiais. Fique atento na qualidade da ferramenta utilizada. O ilhós deve ser fixado em um local

de fácil acesso e que não atrapalhe durante a utilização da bancada. Em nossa montagem foram fixados três

ilhoses que permitem a alteração do ponto de aterramento.

• Sobre o tampo foi colada a manta dissipativa, com o auxílio de cola de contato. Nada impede que se

utilize a mesa com a manta solta, mas escolhemos mantê-la fixa. Preste atenção para não colar a manta

antes de fixar o ilhós.

• Com a parte dissipativa já prepa- rada, devemos completar o aca- bamento da mesa, eliminando os

excessos da manta dissipativa. No uso de colas de contato, é importante fazer alguns testes para

determinar o tempo necessário de espera para a colagem entre as peças. Em nosso caso o tempo foi de 15

minutos, aproximadamente. As colas de contato possuem solventes e não devem ser utilizadas em

ambientes com pouca ventilação e nem nas proximidades de fontes de calor ou fogo. Cuidados devem ser

tomados e seguir as recomendações do fabricante é fundamental. Este trabalho deve ser executado por

pessoa com experiência e capacitada para trabalhar com esses materiais. A cola é aplicada com o auxílio

de uma espátula ranhurada e deve ser totalmente espalhada sobre o tampo da mesa e verso da manta.

Após o tempo de espera, as peças devem ser postas em contato e prensadas entre si, de forma a não ficar

nenhuma bolha ou área sem contato entre as peças. Uma observação importante é que a cola deve ser bem

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agitada antes do uso para garantir sua homogeneidade. Após o tempo de cura da cola, o que irá variar com

a temperatura ambiente (seguir as recomendações do fabricante da cola), podemos fazer uma primeira

verificação com o auxílio de um megômetro. O teste padronizado para superfícies dissipativas utiliza dois

contatos de 2,27 kg (5 libras) cada.

• Com as peças já coladas e a verificação do contato elétrico feita, devem ser feitos os ajustes das

dimensões das peças de formipiso, com o auxílio de uma serra e lixa, dando o acabamento nas bordas da

mesa.

• Devemos fixar o ponto de aterramento de pulseiras e o ponto de ligação da manta com o terra através do

ilhós.

Uma v isão geral de nossa bancada final é mostrada na figura 4.

Acessórios necessários

Junto com a bancada devemos prov idenciar as pulseiras antiestáticas que serão usadas em conjunto. Essas

pulseiras devem ser da melhor qualidade possível.

Na figura 5 podemos ver a pulseira utilizada.

Caso se utilize material dissipativo no piso, devemos acrescentar a calcanheira para permitir a descarga

através do sapato. Em salas com piso dissipativo esse acessório é fundamental, principalmente porque a

grande maioria dos calçados possuem solado de borracha que é isolante. Na figura 6 é dado um exemplo de

calcanheira e no detalhe sua utilização.

Materiais utilizados

A manta dissipativa, cabo de ligação com terra e conexão para pulseiras antiestáticas foram obtida através

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A manta dissipativa, cabo de ligação com terra e conexão para pulseiras antiestáticas foram obtida através

da empresa New Horizon Comercial (www.newhorizon.com.br).

A cola de contato foi adquirida no mercado especializado e é muito fácil de ser encontrada.

Os gastos com os principais materiais utilizados na bancada podem ser v istos na tabela 4.

Nessa tabela podemos ver que o total gasto com a compra dos materiais foi de R$ 327 ,00.

Neste valor não estão considerados a outros materiais mais comuns como parafusos, por exemplo, e nem

custos de mão-de-obra.

Conclusão

Existem diversas formas de se preparar uma bancada para utilização com componentes eletrônicos e

placas sensíveis às descargas eletrostáticas.

Bancadas prontas de fabricantes especializados, mantas dissipativas mais acessórios podem ser

encontradas no mercado com relativa facilidade.

Os materiais utilizados devem ser avaliados sob vários aspectos: eficiência, funcionalidade, facilidade de

aplicação, durabilidade, facilidade de obtenção e, principalmente custo.

Os materiais escolhidos apresentam custo, durabilidade e facilidade de aplicação bastante interessantes.

A facilidade de aplicação está relacionada com o fato de que qualquer marceneiro que tenha experiência

na aplicação de revestimentos com cola de contato estará plenamente capacitado para montar esta

bancada, bastando seguir algumas recomendações adicionais, com relação, principalmente, à manta

dissipativa.

A durabilidade de revestimentos de borracha já é bem conhecida, assim como sua manutenção. Cuidados

devem ser tomados com materiais de limpeza que podem v ir a danificar a borracha ou formar película

sobre ela.

Finalmente, um c u sto d e R $ 327 ,00 (sem contar a mão-de-obra), aproximadamente, para a preparação

de uma bancada antiestática não é nada absurdo, levando-se em conta a melhora na qualidade dos serv iços

prestados.

Por último pode ficar como sugestão a fabricação de bancadas e mesas antiestáticas, utilizando esse tipo de

material, por alguma empresa que queira atender esse mercado potencial.