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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS LUCIANE RECHE DE MORAES GERASSI NANOEMULSÃO CONTENDO OS FÁRMACOS MILTEFOSINA E TAMOXIFENO COM POSSÍVEL APLICAÇÃO PARA TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE SÃO PAULO 2016

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA

PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS

LUCIANE RECHE DE MORAES GERASSI

NANOEMULSÃO CONTENDO OS FÁRMACOS MILTEFOSINA E TAMOXIFENO COM POSSÍVEL APLICAÇÃO PARA TRATAMENTO DA

LEISHMANIOSE

SÃO PAULO

2016

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MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA

LUCIANE RECHE DE MORAES GERASSI

NANOEMULSÃO CONTENDO OS FÁRMACOS MILTEFOSINA E TAMOXIFENO COM POSSÍVEL APLICAÇÃO PARA TRATAMENTO DA

LEISHMANIOSE

Dissertação apresentada à

Universidade Anhanguera de São

Paulo, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em

Farmácia, na Área de Produtos

Naturais e Sintéticos Bioativos.

Orientadora: Profa. Dra. Susana

Nogueira Diniz.

Coorientadora: Profa. Dra. Claudete

Justina Valduga.

SÃO PAULO

2016

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BANCA EXAMINADORA

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu esposo Renato Gerassi, aos meus mestres que sem

eles não chegaria até aqui. Principalmente a minha querida Profa. Dra. Claudete

Justina Valduga, aos meus colegas de laboratório, Maria Aparecida dos Santos e

Willian Rodrigues Ribeiro.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço ao nosso criador, pela oportunidade de concluir mais uma

importante etapa da minha vida. Depois ao meu esposo, Renato Gerassi,

companheiro em todos os momentos, sempre me deu forças.

Agradeço a todos os meus professores do mestrado, especialmente à minha amiga

e coorientadora Profa. Dra. Claudete Justina Valduga, por ter gentilmente cedido sua

ideia de pesquisa, pela paciência e horas de dedicação que para sempre ficará

guardado em meu coração.

Agradeço aos meus colegas de laboratório, a Ms. Maria Aparecida dos Santos que

ofereceu seu tempo com muita dedicação me auxiliando na realização dos

experimentos e ao Willian Rodrigues Ribeiro que foi presente nos momentos que

precisei.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Susana Nogueira Diniz, que quando tudo

parecia sem saída ela segurou em minhas mãos e me pôs diante de uma porta

aberta.

Minha eterna gratidão a todos.

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O Conhecimento Liberta o Homem. Autor desconhecido

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RESUMO

GERASSI, L. R. M. Nanoemulsão contendo os fármacos miltefosina e tamoxifeno com possível aplicação para tratamento da leishmaniose. 71p. Dissertação de mestrado – Mestrado Profissional em Farmácia, Universidade Anhanguera de São Paulo, 2016.

A nanotecnologia farmacêutica vem sendo ativamente estudada com propósito de direcionar e controlar a liberação de fármacos. Além de proteger o fármaco contra degradação e o possível direcionamento do princípio ativo ao sítio específico, os nanossistemas de liberação controlada de fármacos apresentam várias vantagens em relação aos sistemas convencionais, tais como: diminuição da dose terapêutica, maior intervalo de administração, melhora da aceitação terapêutica por parte do paciente, melhor absorção do ativo. Um dos principais problemas relacionados ao tratamento da leishmaniose é a toxicidade, os efeitos colaterais são muito acentuados e a utilização dos medicamentos é difícil, pois são injetáveis e na maioria das vezes é necessária a internação, dificultando aos pacientes a adesão ao tratamento. A proposta desta pesquisa é associar os fármacos leishmanicidas com diferentes mecanismos de ação, e melhorar a eficácia dos fármacos já existentes, com a expectativa de se obter resultados mais satisfatórios que as terapias convencionais. Foram veiculados em nanoemulsões lipídicas os ativos miltefosina com o tamoxifeno. Os resultados mostraram que a emulsão controle (Branco) apresenta uma aparência leitosa, já nas formulações com os fármacos há uma coloração branco-acinzentado quase transparente característica da nanoemulsão. Em relação à estabilidade, as emulsões não apresentaram alterações macroscópicas, se sustentaram estáveis, não ocorreu formação de precipitado, continuaram com aspecto claro e transparente, o pH se manteve durante o tempo analisado (pH= 4,6), comprovando que não houve oxidação dos componentes da fase oleosa. A medida do tamanho das partículas mostrou que todas as formulações apresentam características de tamanho nanométricos (< 100nm). O valor da polidispersidade ao longo do período analisado não houve alteração, se conservou próximo dos resultados iniciais em todas as formulações. Os resultados dos testes de estabilidade em fluídos gastrointestinais simulados foi estável e a avaliação in vitro do potencial hemolítico mostrou que o encapsulamento dos fármacos reduziu o potencial hemolítico da miltefosina. Neste estudo as nanoemulsões lipídicas contendo miltefosina e tamoxifeno apresentaram boa estabilidade, mostrando ser possível obter formulações estáveis com os diferentes fármacos associados e em temperatura variadas.

Palavras-chave: Nanotecnologia. Nanoemulsões lipídicas. Miltefosina. Tamoxifeno.

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ABSTRACT

GERASSI, L. R. M. Nanoemulsion containing the drug miltefosine and tamoxifen with possible application to treatment of leishmaniasis. 71p. Dissertação de mestrado – Mestrado Profissional em Farmácia, Universidade Anhanguera de São Paulo, 2016. Pharmaceutical nanotechnology has been actively studied with the purpose to direct and control the drugs release. In addition to protecting the drug against degradation and potential targeting the active ingredient to specific site, the controlled drug release of nano-systems has several advantages over conventional systems, such as: reduction of therapeutic dose, increase the range of time administration, improving therapeutic patient acceptance and absorption of the active. One of the main problem related to leishmaniasis treatment is drug toxicity, leading to several side effects to patients. Also, the difficulty of anti leishmanial drugs administration that requires patient hospitalization significantly decreases treatment adherence. The proposal of this study is to associate anti leishmanial drugs with different mechanisms of action, and improve the effectiveness of existing drugs, with the expectation of obtaining more satisfactory results than conventional therapies. Were formulated the drugs miltefosine and tamoxifen in nanolipid emulsion. The results showed that the control emulsion (white) has a milky appearance, however, the formulation containing the drugs has a white-gray, almost transparent, feature. Regarding stability, both formulations did not present macroscopic alterations, precipitation and maintained a clear and transparent aspect. Also the formulations pHs remained unaltered (pH = 4.6) during the time analyzed, suggesting that oxidation of the oily phase components did not occur. The measurement of the particle size showed that all formulations presented nanometric size (< 100nm). The value of the polidispersity did not change over the time analysed. The behavior of formulations in gastrointestinal fluids demonstrated stability without degradation and the in vitro evaluation of hemolytic activity showed that the drug encapsulation in nanoemulsions significantly reduced the hemolytic activity of miltefosine. In this study the lipid nanoemulsions containing miltefosine and tamoxifen showed satisfatory stability at different temperature, showing that it is possible to obtain stable formulations with the association of drugs with adverse action mechanism Keywords: Nanotechnology. Lipid Nanoemulsions. Miltefosine. Tamoxifen.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação de uma escala manométrica 17

Figura 2 - Representação esquemática de um lipossoma 20

Figura 3 - Representação de uma nanopartícula lipídica sólida 21

Figura 4 - Representação esquemática de nanoesferas e nanocápsulas 23

Figura 5 - Representação de uma partícula de nanoemulsão 25

Figura 6 - Fêmea Flebotomíneo 27

Figura 7 - Ciclo Parasitário da Leishmaniose 28

Figura 8 - Criança com leishmaniose visceral 29

Figura 9 - Casos confirmados de leishmaniose visceral nas regiões Brasileira de

2000 a 2013 30

Figura 10 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil de 1990 a

2013 32

Figura 11 - Leishmaniose mucocutânea 33

Figura 12 - Leishmaniose Cutânea 34

Figura 13 - Leishmaniose difusa 34

Figura 14 - Estrutura química do Antimoniato de meglumina 36

Figura 15 - Estrutura química da Anfotericina B 37

Figura 16 - Estrutura química do Isotionato de pentamidina 38

Figura 17 - Estrutura química da molécula de miltefosina 40

Figura 18 - Estrutura química da molécula de tamoxifeno 41

Figura 19 - Fluxograma representando as etapas para preparo das

nanoemulsões 48

Figura 20 - Nanoemulsão com diferentes concentrações de miltefosina e

tamoxifeno em 20ml de formulação 52

Figura 21 - Representação gráfica do tamanho das partículas das emulsões no dia

do preparo das emulsões e após 15 dias sob refrigeração e em temperatura

ambiente 54

Figura 22 - Dimensionamento de partículas das nanoemulsão com diferentes

concentrações de fármacos e controle (sem fármaco) no fluido gástrico simulado

pepsina e fluido intestinal simulado pancreatina 57

Figura 23 - Quantificação de hemólise de eritrócitos do sangue humano em função

da concentração de Miltefosina 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Diferentes concentrações de miltefosina e tamoxifeno nas

nanoemulsões............................................................................................................52

Tabela 02 – Tamanho das partículas com diferentes concentrações de miltefosina e

tamoxifeno..................................................................................................................54

Tabela 03 – Média da polidispersidade com diferentes concentrações de fármacos

....................................................................................................................................55

Tabela 04 – Potencial Zeta com diferentes concentrações de miltefosina e

tamoxifeno..................................................................................................................56

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LISTA DE ABREVIATURAS HIV Vírus da imunodeficiência adquirida IM Intramuscular IV Intravenosa KHz Quilohertez Mt. Miltefosina mV Milivolts nm Nanômetro OMS Organização Mundial da Saúde PBS Tampão Fosfato Salino PSI Libra por polegada quadrada pH Potencial Hidrogeniônico RNA Ácido Desoxirribonucleico Rpm Rotação por Minuto Tm. Tamoxifeno USP United States Pharmacopeia UV-VIS Ultravioleta Visível W Watt

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………...………………...….................................................... 14

2 REVISÃO DE LITERATURA...............…………......................................…. 17

2.1 NANOTECNOLOGIA............................................................................. 17

2.1.1 Lipossomas............................................................................... 19

2.1.2 Nanopartículas Lipídicas Sólidas.............................................. 21

2.1.3 Nanopartículas Poliméricas...................................................... 22

2.1.4 Nanocristais.............................................................................. 23

2.1.5 Nanoemulsões.......................................................................... 24

2.2 LEISHMANIOSE.....................................................................................

2.2.1 Leishmaniose Visceral................................................................

2.2.2 Leishmaniose Tegumentar Americana.......................................

2.2.3 Terapêutica da Leishmaniose....................................................

2.2.4 Alternativa para o tratamento da Leishmaniose.........................

2.2.4.1 Miltefosina.......................................................................

2.2.4.2 Tamoxifeno......................................................................

26

29

31

35

39

39

41

3 OBJETIVO............................................................................................. 44

3.1 Objetivos Específicos............................................................................. 44

4 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 45

4.1 Material................................................................................................... 45

4.2 Equipamento........................................................................................... 45

4.2.1 Homogeneizador de alta pressão............................................. 45

4.2.2 Processador ultrassônico.......................................................... 45

4.2.3 Espalhamento de luz dinâmico................................................. 46

4.2.4 Espectrofotômetro de UV-Visível.............................................. 46

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4.2.5 Outros aparelhos....................................................................... 46

4.3 Preparação das nanoemulsões.............................................................. 47

4.4 Estabilidade das formulações................................................................. 49

4.4.1Tamanho de partícula, polidispersidade, potencial zeta e pH... 49

4.5 Estabilidade em Fluídos Gastrointestinais Simulado.............................

4.6 Teste de Hemólise in vitro......................................................................

49

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 51

6 CONCLUSÃO............................................................................................... 60

REFERÊNCIAS…………………………………………………….……….…… 61

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1 INTRODUÇÃO

A nanotecnologia é uma ciência multidisciplinar que permite o

desenvolvimento de sistemas com tamanho na escala nanométrica. Nessa escala,

átomos e moléculas são manipulados para criação de nanoestruturas úteis para

distintas aplicações. A nanociência tem avançado rapidamente nos últimos anos, e

vem sendo aplicada nos mais variados setores industriais (TEIXEIRA et al., 2014).

Na área da saúde a nanomedicina que é a denominação dada à junção da

medicina e da nanotecnologia, vem sendo aplicada para melhorar tanto o

diagnóstico como o tratamento, isso permite que o paciente tenha um diagnóstico

precoce, preciso e com alta sensibilidade, e através da entrega de drogas, um

tratamento terapêutico de forma mais eficaz e pontual, minimizando os riscos para o

organismo do paciente (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014).

A nanotecnologia farmacêutica é uma das áreas que vem apresentando

crescente evolução, está relacionada com o desenvolvimento, caracterização e

aplicação de novos sistemas de liberação de fármacos em escala nanométrica,

tendo em vista as vantagens que apresentam em relação à liberação convencional

(MELO et al., 2010).

Cerca de 40% das moléculas farmacologicamente ativas descobertas não

chegam ao mercado devido a problemas farmacológicos, relacionados

principalmente à biodisponibilidade e solubilidade reduzida. Por isso, um número

significante de nanocarreadores de fármacos foi desenvolvido pela indústria

farmacêutica, para contornar tais problemas e melhorar a efetividade de fármacos já

utilizados na terapêutica convencional (ARAÚJO; ANDRADE; ROLIM, 2014).

Os nanossistemas carreadores de drogas farmacêuticas levam a substância

ativa imobilizada, absorvida, ligada, dissolvida ou encapsulada na nanopartícula,

permitindo o controle preciso sobre a liberação da droga (MELO et al., 2010).

Dentre os inúmeros nanocarreadores de fármacos está a nanoemulsão, que

consiste em um sistema preparado a partir de água, óleo e tensoativo (BRUXEL et

al., 2012). As principais vantagens da nanoemulsão como veículo de distribuição de

drogas ficam na competência para dissolver grandes quantidades de fármacos de

baixa solubilidade, na capacidade de proteção do fármaco contra degradação

enzimática, e na biocompatibilidade de seus componentes (JAISWAL; DUDHE;

SHARMA, 2015). Nanoemulsões contendo partículas menores que 100nm

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apresentam melhor interação celular, proporcionam estabilidade e maior

transparência, dificultando a ocorrência de coalescência (separação das fases)

(ASSIS et al., 2012; MATTOS et al., 2015). Também tem o benefício de ser um

sistema termodinâmico estável (JAISWAL; DUDHE; SHARMA, 2015).

A leishmaniose é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por

parasita do gênero Leishmania, protozoário pertencente à família

Trypanosomatídae, possui duas formas, a flagelada ou promastigota encontrada no

tubo digestivo do inseto (hospedeiro invertebrado) e a forma aflagelada ou

amastigota, encontrada no interior dos macrófagos nos mamíferos em geral

(hospedeiro vertebrado). Essa doença é transmitida pela picada do flebotomíneo,

mosquito (fêmea hematófago), popularmente conhecido como mosquito palha ou

birigui (NEVES, D., et al., 2011).

A leishmaniose é uma doença com ampla variedade de sintomas clínicos,

pois resulta de diferentes espécies de Leishmania. Podendo se manifestar na forma

visceral, cutânea, mucocutânea e difusa (WHO, 2010).

A forma visceral, também conhecida como calazar, ataca órgãos internos

(fígado, baço e medula óssea), é a forma mais grave da doença, caso não tratado é

fatal em até dois anos. Além disso, certa porcentagem dos casos pode evoluir para

uma disseminação de parasitas na pele (BRASIL, 2014).

Já a forma cutânea é a mais comum, provoca úlcera no rosto, nos braços e

pernas. Essas úlceras podem se curar espontaneamente, mas deixam cicatrizes

graves e permanentes. A forma mais desfiguradora é a mucocutânea, onde as

leismanias atingem nariz, boca e garganta, causando mutilações graves. A difusa é

uma forma clínica rara, porém grave, em que o individuo não consegue gerar uma

resposta imunológica adequada para a eliminação do parasita, formando lesões

nodulares ou em placas, cobrindo grandes extensões do corpo com grande

quantidade de leishmanias nas lesões (BRASIL, 2013).

Doenças consideradas negligenciadas pela organização mundial da saúde,

pois atingem áreas pobres, pessoas que não trazem retorno financeiro à indústria

farmacêutica. Prova disso é a falta de investimento para implementação de novos

medicamentos, mais seguros, eficazes, accessíveis e de utilização mais simples

(WHO, 2010).

O tratamento de primeira escolha para leishmaniose ainda é o antimonial

pentavalente (Sb5+), medicamento injetável, de uso prolongado, e com potencial

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toxicidade e efeitos colaterais muito altos, e em muitos países tornou-se ineficaz

devido ao parasita ter desenvolvido resistência. Em caso de não resposta com o

tratamento de primeira escolha ou recidiva, utiliza-se os medicamentos de segunda

escolha, como anfotericina B ou a pentamidina que são mais tóxicos e de difícil

utilização (GOODMAN; GILMAN, 2012).

Um dos principais problemas relacionados ao tratamento da leishmaniose é a

toxicidade, os efeitos colaterais são muito acentuados e a utilização destes

medicamentos é difícil, pois são injetáveis e na maioria das vezes é necessária a

internação, dificultando aos pacientes a adesão ao tratamento (RIBEIRO, 2014).

Como alternativa para o tratamento da leishmaniose em 2002 foi aprovado o

uso da miltefosina na Índia, com vantagem deste medicamento ser utilizado via oral,

facilitando a adesão do paciente ao tratamento. O problema deste fármaco é que ele

é teratogênico e sua eliminação é muito lenta, se mantem no organismo por um

período longo, possibilitando a alguns parasitas o desenvolvendo de resistência a

essa medicação (COSTA; LUCAS; SAMPAIO, 2008).

Dos medicamentos pesquisados com potencial atividade leishmanicida está o

tamoxifeno, que após ser reconhecido com potencial antiestrogênico foi incluído no

uso clínico contra o câncer de mama metastático e desde a década de 1970 vem

sendo utilizado (GOODMAN; GILMAN, 2012). O mecanismo de ação desse fármaco

ainda não está completamente elucidado, o que se sabe que além de antiestrógeno,

ele também inibi a acidificação de organelas intracelulares. Sabendo que a forma

amastigota da Leishmania necessita de pH próximo de 5,0, pesquisadores

resolveram testar o tamoxifeno como agente leishmanicida e constataram que foi

efetivo tanto in vitro como in vivo, nas formas cutâneas e visceral da doença

(MIGUEL, 2011).

Formular uma nanoemulsão com os fármacos tamoxifeno e miltefosina

combinado foi a proposta deste trabalho, para obtenção de um suposto tratamento

para leishmaniose com menor toxicidade e maior efetividade.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 NANOTECNOLOGIA

A Nanociência é o estudo em escala nanométrica, se apresenta em diversas

áreas do conhecimento humano, está relacionada à descoberta de algo novo,

permitindo assim a caracterização, identificação e descobertas de inovadores

materiais.

Em 1959, o ganhador do prêmio Nobel de física Richard Feynman deu início

às discussões em torno da manipulação de átomos e moléculas, algo invisível ao

olho humano (PASTRANA; AVILA, 2007; NATIONAL NANOTECHNOLOGY, 2015).

A primeira definição do termo nanotecnologia surgiu em 1974 na Tokyo

Science University, proposta pelo professor Norio Taniguchi para descrever as

tecnologias que permitiam a construção de materiais em nano escala (HERMES;

BASTOS, 2014).

A expressão nano surgiu a partir da palavra “nanus”, que do grego significa

anão (SANCHEZ et al., 2009). Dessa maneira, um nanômetro (nm) é definido como

a bilionésima (10-9) parte de um metro (FERNANDES; FILGUEIRAS, 2008). A

nanoescala vai de cerca de 100 nanômetros até aproximadamente 0,2 nanômetro.

Para efeito de comparação, uma fileira de dez átomos de hidrogênio tem um

nanômetro de comprimento e um único fio de cabelo tem 50 mil nanômetros de

diâmetro (FERNANDES; FILGUEIRAS, 2008). Como exemplo dessa dimensão

segue a escala nanométrica representativa (Figura 1).

Figura 1 - Representação diagramática de alguns exemplos de partículas representadas sobre uma escala nanométrica (1 nm = 0,000 000 001 m). Fonte: ANVISA (2014).

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A nanotecnologia vem sendo aplicada nas mais diversas áreas, como,

indústria têxtil, cosmético, automobilística, informática, alimento, meio ambiente,

entre outras. É um campo cientifico multidisciplinar que tem apresentado nos últimos

anos, um rápido avanço (ROSSI-BERGMANN, 2008). Esta revolucionária tecnologia

tem possibilidades imensas, pois, partículas na escala nanométrica apresentam

maior estabilidade térmica e resistência mecânica daquelas apresentadas em escala

maior (FERNANDES; FILGUEIRAS, 2008; ROSSI-BERGMANN, 2008).

A nanotecnologia farmacêutica vem sendo ativamente estudada com

propósito de direcionar e controlar a liberação de fármacos. É o campo das ciências

farmacêuticas envolvido no desenvolvimento, caracterização e aplicação de

sistemas terapêuticos em escala nanométrica ou micrométrica (PIMENTEL et al.,

2007).

O benefício na terapêutica de formulações nanotecnológicas tem sido descrito

em inúmeros trabalhos científicos, sendo a maior parte dos estudos focados ao

tratamento do câncer, doenças inflamatórias, cardiovasculares, neurológicas,

diabetes e ao combate do vírus da imunodeficiência adquirida (AIDS) (DIMER et al.,

2013). As doenças que lideram a utilização do sistema de liberação controlada de

fármaco, como alternativas para o tratamento são: o câncer em seguida o sistema

nervoso central (ROSSI-BERGMANN, 2008; DIMER et al., 2013).

As nanopartículas utilizadas como veículo de distribuição de drogas são

geralmente menores que 100nm (NATIONAL INSTITUTE, 2014). Consistem em

diferentes materiais biocompatíveis, tais como polímeros naturais ou sintéticos,

lipídios ou metais (SURI; FENNIRI; SINGH, 2007). São partículas poliméricas na

forma de reservatório (cápsula) ou matricial (matriz polimérica) nas quais os

fármacos podem ser integrados, quer na matriz da partícula ou ligado à superfície da

partícula (PIMENTEL et al., 2007). São absorvidas pelas células de forma mais

eficiente do que micropartículas, portanto podem ser utilizadas como sistemas de

transporte e entrega de droga eficaz (SURI; FENNIRI; SINGH, 2007; NATIONAL

INSTITUTE, 2014).

Para obtenção de formulações nanotecnológicas, procura-se usar substâncias

que sejam biocompatíveis e inertes, minimizando possíveis problemas nas

aplicações em humanos, os materiais utilizados devem ser selecionados de acordo

com suas características de biodegradabilidade, biocompatibilidade, capacidade

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para funcionalização de superfície, conjugação, complexação e encapsulamento

(DIMER et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2012).

Além de proteger o fármaco contra degradação e o possível direcionamento

do princípio ativo ao sítio específico, os nanossistemas de liberação controlada de

fármacos apresentam várias vantagens em relação aos sistemas convencionais, tais

como: diminuição da dose terapêutica, maior intervalo de administração, melhora da

aceitação terapêutica por parte do paciente, melhor absorção do ativo, etc.

(MARTINHO; DAMGÉ; REIS, 2011; PIMENTEL et al., 2007; ROSSI-BERGMANN,

2008). São classificados em dois grupos: as nanopartículas lábeis (frágeis) que se

desintegram após sua aplicação, tais como lipossomas, micelas, nanoemulsões,

nanoparticula polimérica; e as nanopartículas insolúveis, que não se desintegram

após aplicação, como fulereno, nanopartículas de oxido metálico, nanotubo de

carbono, etc. (POLETTO; POHLMANN; GUTERRES, 2008).

A variedade de nanoestruturas para uso potencial na medicina é vasta, já

foram descritos vários sistemas de liberação de drogas, os principais aplicados na

terapêutica são: os lipossomas, as nanopartículas lipídicas sólidas, as

nanopartículas poliméricas e os nanocristais (ROSSI-BERGMANN, 2008; DIMER et

al., 2013). E também, as nanoemulsões lipídicas óleo em água, que têm sido

empregadas há mais de 40 anos como fonte de calorias e ácidos graxos essenciais

e, mais recentemente, como sistema de liberação de fármacos (BRUXEL et al,

2012).

2.1.1LIPOSSOMAS

Em 1960 os lipossomas foram descobertos pelo cientista inglês Alec

Bangham, durante um estudo para avaliar o comportamento, ou a influência dos

fosfolipídios e coagulação sanguínea (ROSSI-BERGMANN, 2008). No entanto,

somente 20 anos mais tarde as pesquisas em torno dessa estrutura foram

intensificadas (ANTUNES, 2004). Bastante versáteis, pois, suas propriedades físicas

e químicas podem ser alteradas de acordo com requisito farmacológico e também

amplamente utilizados como modelos de membranas celulares na biologia e

bioquímica (MOREIRA, 2013). Foram os primeiros nanossistemas utilizados na

saúde (ROSSI-BERGMANN, 2008).

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Os lipossomas são vesículas esféricas, microscópicas formadas por uma

(unilamelar) ou mais (multilamelar) bicamadas de fosfolipídios concêntricas,

organizadas espontaneamente por meio aquoso (Figura 2) (BATISTA; CARBALHO;

MAGALHAES, 2007). São constituídos por compostos anfifílicos, possuem em sua

estrutura uma região polar (hidrofílica) capaz de interagir com a água e uma região

apolar (lipofílica), que tende a proteger-se do contato com a água (DIMER et al.,

2013).

Os fármacos hidrossolúveis ficam encapsulados no interior da cavidade

lipossomal enquanto que os fármacos lipossolúveis são incorporados na bicamada

lipídica (PIMENTEL et al., 2007).

Figura 2 – Representação esquemática de um lipossoma. Fonte: Adaptado de SOSNIK, 2010. .

São vários os lipídeos utilizados nas formulações de lipossomas, mas as

fosfatidilcolinas são as mais empregadas, pois apresentam grande estabilidade

frente à variação de pH ou à concentração de sal do meio. Os métodos de

preparação de lipossomas incluem hidratação de um filme lipídico seguido de

sonicação ou extrusão para redução do tamanho das vesículas (AKBARZADEH et

al, 2013; BATISTA; CARBALHO; MAGALHAES, 2007).

Os lipossomas apresentam vantagens como: aumento da eficácia terapêutica,

não são tóxicos, são flexíveis, biocompatíveis, biodegradáveis, reduzem a toxicidade

dos fármacos, etc. Mas, apresentam algumas desvantagens, como: baixa

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solubilidade, meia vida curta, instabilidade física (agregação das vesículas,

extravasamento do fármaco encapsulado), instabilidade química (hidrólise lipídica,

oxidação lipídica) (AKBARZADEH et al, 2013).

Os lipossomas têm uma vasta aplicação, são utilizados tanto na área

farmacêutica, para tratamento do câncer, doenças parasitárias, infecciosas,

dermatológicas, diabetes, e no desenvolvimento de vacinas. Também são utilizados

na área dermocosmética, tanto para aumentar a incorporação de ativos nas células,

como para prolongar a liberação destes. São empregados em produtos para

desaceleração do processo de envelhecimento da pele, para potencializar os efeitos

hidrantes na pele e clareamento da pigmentação cutânea ( BATISTA; CARBALHO;

MAGALHAES, 2007; CHORILLI et al, 2004).

2.1.2 NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS

Desenvolvidas em 1991 as nanopartículas lipídicas sólidas, com propósito de

um dispositivo alternativo para encapsulamento de fármacos em relação aos

sistemas coloidais tradicionais, com grande diferencial em relação à estabilidade

físico-química, propondo maior proteção contra degradação de fármacos lábeis,

podem ser usados em todas as vias de administração, devido seu tamanho

reduzidos e sua biocompatibilidade. Sistema muito parecido com nanoemulsão

diferindo apenas na natureza lipídica, pois o núcleo se apresenta oleoso – sólido

(Figura 3), a técnica de preparo é a homogeneização a alta pressão (UNER;

YENER, 2007; SOUTO et al, 2011).

Figura 3 – Representação de uma nanopartícula lipídica sólida.

Fonte: TAVEIRA, 2009.

Região Hidrofílica Lipídio em Estado Sólido Região Lipofílica

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Tem a vantagem de produção da matriz a partir de lipídios biodegradáveis

não proporcionando toxicidade, capacidade de encapsular fármacos hidrofóbicos, e

característica oclusiva (MEYAGUSKU, 2014)

Como desvantagens, as nanopartículas lipídicas sólidas têm redução na

capacidade de sustentar a encapsulação do ativo, com possibilidade de formar

dispersões coloidais alternativas (micelas, lipossomas e misturas de micelas) e

exibem instabilidade física durante a estocagem (MEYAGUSKU, 2014; DAUDT,

2013).

2.1.3 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS

As nanopartículas poliméricas proporcionam elevada estabilidade, tanto no

organismo quanto no seu armazenamento. São elaboradas com polímeros que

podem ser naturais ou sintéticos. Dentre esses polímeros, os mais utilizados são os

naturais modificados, sendo eles os de albumina, colágeno, ácido hialurônico,

gelatina, quitosana e alginato. Tanto os polímeros naturais como os sintéticos são

biocompatíveis e biodegradáveis, reduzindo os impactos da formulação no

organismo. Classificados quanto ao tipo de estrutura, são divididos em

nanocápsulas e nanoesferas (Figura 4) (KUMARI; YADAV; YADAV, 2010;

VAUTHIER; BOUCHEMAL, 2009).

Nanocápsula (sistema polimérico do tipo reservatório), são sistemas coloidais

vesiculares de tamanho nanométrico, constituem os sistemas do tipo depósito onde

é possível identificar um invólucro polimérico disposto ao redor de um núcleo oleoso

ou oco, sendo que o fármaco pode estar dissolvido neste núcleo e/ou adsorvido ao

polímero (PIMENTEL et al., 2007; SCHAFFAZICK et al 2003).

As nanoesferas (sistema polimérico matricial) não possuem óleo em sua

composição, são formados por uma matriz polimérica, onde o fármaco pode ficar

retido ou adsorvido (PIMENTEL et al., 2007; SCHAFFAZICK et al 2003).

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Figura 4 – Representação esquemática de nanoesferas e nanocápsulas. Fonte: Adaptado de SOSNIK, 2010.

As nanopartículas poliméricas têm como vantagem o fato de serem

biodegradáveis e não tóxicas, estáveis no sistema gastrointestinal, podem ser

administradas via oral, intravenosa ou tópica. Permitem liberação lenta e controlada,

além de um endereçamento mais efetivo aos locais de ação, possibilitando a

diminuição da dosagem administrada, tornando o tratamento mais eficaz

(GROTTKAU et al., 2013).

2.1.4 NANOCRISTAIS

A micronização dos pós das drogas não muito solúveis, não foi suficiente para

superar os problemas como baixa solubilidade e baixa permeabilidade. A opção foi

passar da escala micro para escala nano. Surgem então os nanocristais que

possibilitam alterar as propriedades de um medicamento tornando-os mais solúveis

e de fácil absorção (BARBOSA, 2014; DIMER et al., 2013; DURÁN et al., 2010).

Os nanocristais são considerados nanopartículas compostas somente pelo

fármaco estabilizado por agente tensoativo, isentos de outros componentes

(BARBOSA, 2014).

As principais técnicas para a obtenção de nanocristais são, top-down

(resume-se em moagem à alta energia ou homogeneização à alta pressão), técnica

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mais utilizada e que teve um grande impacto no desenvolvimento de novos

fármacos, e o bottom-up (precipitação em solvente e posterior secagem). Pode-se

também utilizar as duas técnicas combinadas (BARBOSA, 2014; DIMER et al., 2013;

JUNGHANNS; RAINER, 2008).

Sua administração pode ser por via oral (suspensão água em óleo, cápsula

de gelatina ou em grânulos), tópico, ocular, intravenosa (por suspensão aquosa

estabilizada por tensoativo) e pulmonar (JUNGHANNS; RAINER, 2008).

A vantagem deste sistema está no aumento da área superficial, ampliando

simultaneamente a solubilidade do fármaco nanocristalino (DURÁN et al., 2010).

Permite trabalhar tanto com fármaco hidrossolúvel, assim como com

lipossolúveis, e com diversos solventes, desde água até solventes orgânicos, e

também com diferentes tensoativos (DURÁN et al., 2010).

Podem ser incorporados em nanoestruturas carreadoras de fármacos ou

transformados em conjugados fármacos-lipídio. É possível a produção em larga

escala para suprir a necessidade da indústria farmacêutica e cosmética por novas

tecnologias (BARBOSA, 2014; DIMER et al., 2013; DURÁN et al., 2010).

2.1.5 NANOEMULSÕES

Emulsão é definida como um sistema composto por dois líquidos imiscíveis.

Existem duas formas de emulsões, do tipo óleo em água (O/A), na qual gotículas de

óleo estão dispersas na água, e a do tipo água em óleo (A/O), na qual as gotículas

de água estão dispersas no óleo, se faz necessário para dispensar um líquido do

outro a aplicação de agitação (BERNARDI, 2011).

A nanoemulsão (Figura 5) é um tipo de emulsão, com tamanho reduzido das

partículas na escala nanométrica, que varia de 20nm a 200nm; esta redução no

tamanho deixa o sistema com aspecto transparente ou translúcido e altamente

estável (PEREIRA et al, 2016). O tamanho das partículas reduzidas aumenta a área

superficial, diminuindo os fenômenos de sedimentação, cremeação, floculação,

coalescência induzidos pelos efeitos gravitacionais (BERNARDI, 2011).

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Figura 5 - Representação de uma partícula de nanoemulsão. Fonte: Adaptado de SOSNIK, 2010.

Esses nanossistemas são produzidos à base de água, óleo, tensoativo e

adjuvantes (JAISWAL; DUDHE; SHARMA, 2015). Os tensoativos são responsáveis

por conferir estabilidade às nanoemulsões, esses compostos anfifílicos dispõem-se

entre as duas fases da emulsão (aquosa e oleosa), diminuindo a tensão interfacial e

estabilizando o sistema (BRUXEL et al., 2012). Diversos métodos são empregados

no preparo dessas formulações, dentre eles a homogeneização a alta pressão

(passagem de uma dispersão grosseira, através de um orifício, sob pressão elevada,

em turbulência intensa, diminuindo o tamanho das partículas), a microfluidição

(passagem da emulsão por uma série de microcanais), sonicação (aplicação do

ultrassom, produzindo ondas interfaciais instáveis rompendo as gotículas) (BRUXEL

et al., 2012; JAISWAL; DUDHE; SHARMA, 2015).

As nanoemulsões possuem aplicações práticas em muitas áreas, como

química, farmacêutica e cosmética (BERNARDI, 2011). Este sistema de liberação

controlada tem a capacidade de veiculação de fármacos hidrofílicos e lipofílicos no

mesmo sistema (BRUXEL et al., 2012). Promissora na ciência cosmética devido ao

grande poder de hidratação, alta espalhabilidade e promove a formação de uma

película protetora sobre a pele (PEREIRA et al, 2016).

Na área farmacêutica as nanoemulsões podem ser formuladas para entrega

de drogas através de várias vias, sendo bem tolerados para uso oral, pele, mucosa,

permite o direcionamento seletivo da droga, além da proteção do fármaco da

degradação e oxidação, mascara sabor desagradável de algumas drogas

(LOVELYN et al, 2011).

Região Hidrofílica Lipídio em Estado Líquido Região Lipofílica

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Embora este sistema forneça muitas vantagens, também apresenta desafios,

pois, a produção da nanoemulsão é um tanto caro, e os equipamentos necessários

para sua produção exigem um alto custo de investimento financeiro.

2.2 LEISHMANIOSE

A Leishmaniose é uma das 17 doenças tropicais parasitárias crônicas

consideradas negligenciadas pela organização mundial da saúde (OMS), são

silenciosas, uma vez que pessoas afetadas ou em risco têm pouca voz política. São

doenças associadas à pobreza, oferecendo pouco estímulo à indústria farmacêutica

no investimento e desenvolvimento de novos e melhores produtos, pois é um

mercado desprovido de poder aquisitivo, ou seja, não oferece retorno ao investidor

(WHO, 2010).

Anteriormente considerada uma doença rural, a leishmaniose vem se

expandindo para áreas urbanas, está presente em 98 países, e a cada ano, 500 mil

pessoas desenvolvem a forma visceral e 1,5 milhão a forma tegumentar da doença

(WHO, 2010).

A leishmaniose é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por cerca

de 20 distintas espécies de protozoários unicelular do gênero Leishmania,

pertencem à ordem Kenetoplastida e a família Trypanosomatidae (NEVES, D., et al.,

2011). São heteróxenos (Figura 7) (parasita que apresenta em seu ciclo biológico

dois hospedeiros distintos), encontrados nas formas flageladas ou promastigotas no

trato digestivo dos hospedeiros invertebrados (mosquitos fêmeas, hematófagos) e,

aflageladas ou amastigotas, intracelular obrigatório do sistema fagocítico

mononuclear dos hospedeiros vertebrados (abrangem grandes variedades de

mamíferos, incluindo o homem) (REY, 2008).

A Leishmaniose é uma complexa zoonose, transmitida por aproximadamente

30 espécies de diferentes flebotomíneos dos gêneros Phlebotomus na Europa,

África e Ásia, e Lutzomya nas Américas (Figura 6) (GOODMAN; GILMAN, 2012;

MIGUEL, 2011).

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Figura 6 - Fêmea Flebotomíneo (Foto Ampliada) Fonte: What is leishmaniasis? 2015.

Os flebotomíneos, insetos conhecidos popularmente como mosquito palha,

tatuquira, birigui, entre outros, são responsáveis na transmissão da leishmaniose

(BRASIL, 2014). As fêmea dos flebotomíneos, pica o vertebrado para exercer o

repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados por

formas amastigotas (figura 7). Ao interior do tubo digestivo do inseto vetor, os

macrófagos se rompem, liberando as formas amastigotas, ocorre então o processo

de divisão binária e se transformam rapidamente em promastigotas metacíclicas,

forma flagelada (altamente infectante), morfologicamente e bioquimicamente

distintas das amastigotas. Posteriormente quando o inseto realizar um novo repasto

sanguíneo, os promastigotas metacíclicas serão introduzidos no hospedeiro

mamífero e dentro de quatro a oito horas são interiorizados pelos macrófagos

teciduais, envoltos pelo vacúolo fagocitário, e rapidamente as formas promastigotas

se transformam em amastigotas, já adaptados ao novo meio fisiológico e resistente

à ação destruidora dos lisossomos, multiplicam-se por divisão binária até esgotar a

resistência da membrana do macrófago, que se rompe liberando os amastigotas,

que novamente são fagocitados por outras células, tanto localmente quanto em

locais distantes (NEVES, D., et al., 2011; WHO, 2010; MIGUEL, 2011; BRASIL,

2013). Na figura 7 explica o ciclo parasitário da Leishmaniose.

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Período Vetorial Período no Homem

Figura 7 – Ciclo Parasitário da Leishmaniose. Fonte: Adaptado – MONTALVO et al., 2012.

A variedade da espécie genética do parasita em combinação com a resposta

imune do hospedeiro, fornece muito para a diversidade do quadro clínico na

leishmaniose, podendo assim, se manifestar de quatro formas comuns: leishmaniose

cutânea, leishmaniose mucocutânea, leishmaniose cutânea difusa e leishmaniose

visceral (SINGH; SIVAKUMAR, 2004; NASCIMENTO, 2009).

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2.2.1 LEISHMANISE VISCERAL

Desde 1999 o Brasil vem sofrendo um aumento acentuado no número de

casos da leishmaniose visceral (Figura 8). Conhecida popularmente como calazar,

barriga d’água. Se não tratada, ou não detectada, a leishmaniose visceral leva a

morte em dois anos, é a forma mais grave da doença, pois as leishmânias agridem

os órgãos internos, atacando o sistema fagocítico mononuclear do baço, fígado,

medula óssea e tecidos linfóides, ocasionando esplenomegalia (aumento do baço),

hepatomegalia (aumento do fígado) e alterações da medula óssea (NASCIMENTO,

2009; REY, 2008). Sua letalidade é alta principalmente em crianças desnutridas,

idosos e em indivíduos portadores da infecção pelo vírus da imunodeficiência

adquirida (HIV) é, portanto, uma das doenças mais importantes da atualidade

(BRASIL, 2014).

Figura 8 – Criança com leishmaniose visceral Fonte: SÃO PAULO, 2015.

O primeiro registro da doença no Brasil ocorreu em 1913, pelo professor

doutor Luís Migone, após necropsia de paciente da cidade de Boa Esperança do

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estado do Mato Grosso (MIGONE, 1913). Desde então vem sendo descrita a

transmissão dessa doença em toda a América Latina, já foi relatada em pelo menos

12 países das Américas, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil, em vários

municípios brasileiros, principalmente na região nordeste (BRASIL, 2014).

Como mostra o gráfico seguinte (Figura 9), verifica-se que a notificação de

casos da doença na região nordeste foi de 82,9% em 2000 para 59,1% em 2013,

uma redução de 28,7%, portanto comparada as outras regiões o nordeste ainda

continua registrando o maior número de casos, e a região sul menor número

(CEARÁ, 2014).

Figura 9. Casos confirmados de leishmaniose visceral nas regiões brasileira de 2000 a 2013.

Fonte: Organizado pela autora – CEARÁ, 2014.

As espécies causadoras da leishmaniose visceral são a Leishmaniose

(Leishmania) donavani na África Oriental, Índia e China, Leishmania (Leishmania)

infantum no Mediterrâneo, e outras regiões da África, Oriente Médio e China e no

continente Americano, é a Leishmania (Leishmania) chagassi (MIGUEL, 2011;

NASCIMENTO, 2009).

O período de incubação da leishmaniose visceral é de 2 a 4 meses, só uma

pequena parcela de indivíduos desenvolve sinais e sintomas, trata-se de uma

doença crônica e sistêmica (BRASIL, 2014).

O diagnóstico é feito com base em parâmetros clínicos e laboratoriais,

clinicamente pode ser feito com base em vários indicativos como, febre recorrente,

esplenomegalia e caquexia, é uma análise muito importante, mais pode ser

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confundida com outras doenças tais como: malária, doenças de chagas,

toxoplasmose, febre tifoide, leucemia, esquistossomose entre outras (NEVES, D., et

al., 2011). No laboratorial é feito através de pesquisa do parasito, que pode ser

demonstrado em material obtido por punção aspirativa da medula óssea, fígado,

baço ou linfonodos, as punções são métodos invasivos e necessitam de um

especialista que muitas vezes não está disponível, tornando-se os métodos

imunológicos extremamente solicitados para afirmação do diagnóstico da

leishmaniose visceral (LOPES et al, 2014).

Os testes sorológicos diferem em sua sensibilidade e especificidade, estes

testes têm limitações como, reação cruzada com outras doenças, pode apresentar

resultado falso-negativo, ou permanecer positivo após o tratamento, não permitindo

avaliação do efeito terapêutico (NEVES, D., et al., 2011).

Existem vários métodos imunológicos para o diagnóstico de Leishmaniose

Visceral, sendo os mais utilizados no Brasil o (RIFI) reação de imunofluorescência

indireta – utilizado como antígeno a forma promastigotas fixado em lâmina,

apresenta baixa especificidade, exige na sua execução pessoal treinado, é uma

reação cara e não está adaptada para estudos epidemiológicos em larga escala e o

(ELISA) ensaio imunoenzimático – método de diagnóstico simples, permite analisar

grande número de indivíduos com um volume pequeno de amostra (GONTIJO;

MELO,2004).

2.2.2 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA

A leishmaniose tegumentar tem ampla distribuição mundial, e no Continente

Americano há registro de casos desde o extremo sul dos Estados Unidos até o norte

da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai. No Brasil há maior prevalência da

doença, apresentando variedade de agentes de reservatórios e de vetores,

proporcionando diferentes padrões de transmissão. É estabelecido um problema de

saúde publica em 88 países, sendo essas disseminadas nas Américas, Europa,

África e Ásia, com registro anual de 1 a 1,5 milhão de casos. Sendo considerada

como uma das seis doenças infecciosas mais importantes, pois em casos não

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tratados podem produzir cicatrizes e deformidade desfigurantes (BRASIL, 2013;

WHO, 2010; NEGRÃO; FERREIRA 2014).

No Brasil essa doença apresenta distribuição em todas as regiões geográficas

(Figura 10), vem apresentando tendência de aumento do numero de casos desde a

década de 80, período em que foi implantado as atuações de vigilância e controle da

leishmaniose tegumentar Americana no país (BRASIL, 2013).

No total de notificações da doença em cada região brasileira nos anos de

1990 a 2014 (Figura 10), nota-se com menor ocorrência a região sul, em

contrapartida a norte seguida da nordeste detêm maior número de casos (PORTAL

DA SAÚDE, 2013).

Figura 10 – Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil de 1990 a 2014. Fonte: Organizado pela autora – PORTAL DA SAÚDE.

A Leishmaniose tegumentar americana, é uma doença infecciosa não

contagiosa, que acomete pele e mucosas, pode apresentar-se nas formas cutânea

localizada, cutânea disseminada, cutânea difusa e mucosa, com ou sem lesões na

pele, se inicia com pequenas pápulas eritematosas, aumentando lentamente de

tamanho, transformando-se em nódulos e posteriormente em lesões ulcerativas,

apresenta um período de incubação no ser humano entre duas semanas, meses e

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até dois anos, e também pode aparentar casos assintomáticos (VELOZO et al.,

2006).

Nas Américas, são atualmente reconhecidas 11 espécies de Leishmania

causadoras da doença em humanos e oito espécies determinantes apenas em

animais (BRASIL, 2013).

No Brasil foram identificadas sete espécies, sendo seis do subgênero Viannia

e uma do subgênero Leishmania. As três principais espécies responsáveis pelas

maiores taxas de infecção são: Leishmania (Viannia) braziliensis, causa no humano

úlcera cutânea única ou múltipla, e pode atingir mucosas e nasofaringe causando a

leishmaniose mucocutanea (as mucosas mais acometidas são as do nariz, faringe,

laringe e boca); L.(V.) guyanensis, pode causar lesões ulceradas cutâneas única ou

múltiplas quando picado simultaneamente por vários flebótomo infectados e a

L.(Leishmania) amazonensis, gera ulceras cutâneas localizadas, e em alguns

indivíduos pode desenvolver a Leishmaniose Cutânea Difusa (forma rara e grave da

doença, se apresenta com lesões nodulares cobrindo grande extensões do corpo,

com grande quantidade de leishmania nas lesões) (BRASIL, 2013; MIGUEL, 2011).

As Figuras 11, 12 e 13 - mostram as três formas de lesões características da

leishmaniose tegumentar americana, sendo figura 11= leishmaniose mucocutânea,

(lesões com destruição do septo nasal e infiltração do lábio superior), figura 12 =

leishmaniose cutânea, (úlcera leishmaniótica), figura 13 = leishmaniose difusa,

(erupções nodulares não ulceradas distribuídas por todo o braço).

Figura 11 = leishmaniose mucocutânea.

Fonte: (RIVITTI, 2014)

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Figura 12 = leishmaniose cutânea. Fonte: (SANTA CATARINA, 2015)

Figura 13 = leishmaniose difusa. Fonte: (NEVES, D., et al., 2011)

O diagnóstico da leishmaniose tegumentar Americana abrange aspectos

epidemiológicos, clínicos e laboratoriais e em alguns casos a associação desses

elementos são necessários para se chegar ao diagnóstico final (SAMPAIO, 2008).

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O diagnóstico Clínico deve ser feito com base nas características da lesão

associadas à anamnese, onde os dados epidemiológicos são de grande importância.

Os diagnósticos laboratoriais incluem, exame de esfregaço em lamina,

histopatológico, cultura, inoculação do parasito em animais, reação de Montenegro e

sorologia (RIVITTI, 2014).

Segundo CAMPOS (2008), na prática, o diagnóstico utilizado para a

leishmaniose tegumentar americana baseia-se principalmente nas manifestações

clinicas apresentadas pelo paciente, nos fatores epidemiológico e no teste de

Montenegro, que é distribuído pelo ministério da saúde.

O teste intradérmico de Montenegro é realizado utilizando-se injeção

intradérmica de 0,1 a 0,3 ml de uma solução fenolada de leptosomas (forma

promastigotas), a leitura é feita após 48 a 72 horas medindo-se o diâmetro da

reação no local da injeção, sendo considerada positiva quando a pápula é maior do

que 5mm de diâmetro, a sensibilidade e a especificidade desse teste, estão

próximos de 100%. (NASCIMENTO, 2009; RIVITTI, 2014).

2.2.3 TERAPÊUTICA DA LEISHMANIOSE

Utilizados há mais de 80 anos, os antimoniais pentavalentes (Sb5+) (Figura

14), consistem no tratamento de primeira escolha. Eles apresentam efeitos

colaterais como: arritmias cardíacas, pancreatite, nefro e hepatotoxicidade, mialgia,

inapetência, cefaléia, febre, vômito, tontura e edema no local da administração e são

medicamentos que possuem uma eliminação rápida pela urina. Apresentam

dificuldades na administração, pois há necessidade de equipe especializada e

hospitalização do paciente, sendo sua administração via parenteral, tornando o

tratamento dificultoso (NASCIMENTO 2009; SALDANHA, 2000).

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36

Figura 14 - Estrutura química do Antimoniato de meglumina (Glucantime®)

Fonte – (CARVALHO et al., 2015).

Os fármacos antimoniais são o estibogluconato de sódio (Pentaspam®),

utilizado para leishmaniose na Europa, África e Ásia, e o antimoniato de meglumina

(Glucantime®), usado nas Américas. São indicados para tratamentos de todas as

formas clínicas da Leishmaniose Tegumentar Americana, embora as formas

mucosas exijam maiores cuidados, podendo apresentar resposta mais lenta e maior

possibilidade de recidivas (BRASIL, 2013).

O N-Metil-Glucamina (Glucantime®), é apresentado em ampolas de 5ml, com

1,5g do sal (425mg de Sb5+ pentavalente); a administração é feita na dose de 15mg

de Sb5+ ∕ Kg ∕ dia, nas leishmanioses da forma cutânea, e de 20mg ∕ Kg ∕ dia, nas

formas cutâneo-mucosas e visceral. As aplicações são via intramuscular profunda

(IM) e intravenosa (IV) diluído em 10 ml de soro glicosado a 25%, sendo o total de

aplicações de 20 a 40 dias, uma vez ao dia, o tempo vai depender da forma clínica

da Leishmaniose apresentada (RIVITTI, 2014).

Apesar de ser um medicamento antigo o mecanismo de ação do antimônio

pentavalente, Sb5+ é largamente desconhecido, estudos recentes apoiam a antiga

hipótese de que o Sb5+ atua como pró-fármaco, que seria convertido em sua forma

mais tóxica dentro do organismo, o antimonial trivalente Sb3+, destruindo os

amastigotas no interior do fagolisossomos dos macrófagos (FRÉZARD; DEMICHELI;

RIBEIRO, 2009).

Não havendo resposta satisfatória com o tratamento pelos antimoniais

pentavalentes, as drogas de segunda escolha são a Anfotericina B e suas formas

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(anfotericina-B-lipossomal e anfotericina-B-dispersão coloidal), e as pentamidinas

(sulfato de pentamidina e mesilato de pentamidina).

A anfotericina B (Figura 15) é um antibiótico usado como antifúngico

sistêmico, tem efeito leishmanicida, é efetiva no tratamento das leishmanioses

resistentes aos antimoniais (GOODMAN; GILMAN, 2012). As decorrências adversas

são febre, cefaléia, náuseas, vômitos, anorexia, tremores, calafrios, flebite, cianose,

hipotensão, hipopotassemia, hipomagnesemia, comprometimento da função renal e

distúrbios do comportamento. Está contraindicada a administração da anfotericina B

em cardiopatas, hepatopatas, nefropatas.(BRASIL, 2013).

Figura 15 -Estrutura química da Anfotericina B Fonte – (CARVALHO et al., 2015).

Anfotericina B é comercializada em ampolas contendo 50mg de desoxicolato

de sódico em pó liofilizado, sua aplicação é via endovenosa, diluído em soro

glicosado a 5%, em infusão lenta de 4-6 horas, a dose deve ser de 1mg ∕ Kg ∕ dia,

diariamente ou em dias alternados, não ultrapassando 50mg em cada aplicação.

Nas leishmanioses da forma cutânea aplicar até atingir as doses totais de 1 a 1,5g, e

para formas mucocutânea 2,5 a 3g, na forma visceral o máximo de 3g de dose total

(BRASIL, 2013; BRASIL 2014).

O mecanismo de ação da anfotericina é através da formação de complexos

com percursores do ergosterol na membrana plasmática parasitária, formando poros

na membrana, essa alteração interfere no balanço iônico da célula, induzindo a sua

destruição (NEUMANN; BAGINSKI; CZUB, 2010).

A anfotericina-B-lipossomal (AmBisome®) é uma preparação lisossômica de

vesículas unilamerares pequenas, preparadas a partir de formulações lipídicas.

(SUNDAR et al., 2010). Tem um custo muito elevado, limitando o uso em áreas

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endêmicas, por esse motivo vem sendo indicada aos pacientes graves de

leishmaniose visceral, que desenvolveram insuficiência renal ou toxicidade cardíaca

durante o uso do Antimoniato de N-metil glucamina e de outras drogas de escolha,

sem melhora ou cura clínica (BRASIL, 2014; MURRAY, 2001). Porém, um estudo

feito na Índia para o tratamento da leishmaniose visceral, mostrou que o uso de uma

única dose aplicada de anfotericina-B-lipossomal na dose de 10mg ∕ Kg (pacientes

liberados 24 horas depois), foi equivalente à administração de 15 doses de 1mg ∕ Kg

de desoxicolato de anfotericina B, em dias alternados durante 29 dias de internação

hospitalar (SUNDAR et al., 2010).

O uso das pentamidinas (sulfato de pentamidina e mesilato de pentamidina)

(Figura 16) está reservado apenas para os casos em que ocorreu falha terapêutica

com antimoniais e anfotericina B. No Brasil é comercializado em ampolas contendo

300mg de sulfato de pentamidina com nome comercial de Pentacarinat®. A dose

recomendada é de 4mg ∕ Kg ∕ dia, via intramuscular profunda, de dois em dois dias

não ultrapassando a 2g. (BRASIL, 2013).

Figura 16 -Estrutura química do Isotionato de pentamidina - Pentacarinat®

Fonte – (CARVALHO et al., 2015).

As principais reações adversas relacionadas ao uso das pentamidinas são,

dor no local da aplicação, além de náuseas, vômitos, tonturas, adinamias, mialgias,

cefaleias, hipotensão, sincope, hipoglicemia e hiperglicemia transitória, por isso o

paciente tem que estar alimentado e permanecer em repouso 15 minutos antes e

depois da aplicação do medicamento (NEVES, L., et al., 2011).

Mecanismo de ação em Leishmania está relacionado ao acúmulo de droga da

pentamidina no interior da mitocôndria e a desintegração do cinetoplasto e o colapso

do potencial de membrana mitocondrial (GOODMAN; GILMAN, 2012).

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39

Dois estudos comparando o isotionato de pentamidina com antimoniato de

meglumina, para o tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana, um feito no

Brasil e outro na Colômbia, do Brasil fez uso de 3 doses e na Colômbia 4 doses de

pentamidina, sendo aplicado a cada dois dias ambos com dose de 4mg ∕ Kg ∕ dia. Os

autores concluíram que os dois medicamentos testados são de eficácia comparada

para o tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana. A desvantagem da

pentamidina com relação aos antimoniais é o custo, sendo a pentamidina duas

vezes o valor dos antimoniais, e as vantagens apresentadas foram menor tempo de

tratamento, e menor toxicidade (ROBLEDO et al., 2006; PAULA et al., 2003).

2.2.4 ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE

Há uma evidente necessidade de novas drogas com estruturas e mecanismos

de ação diferentes dos medicamentos em uso até hoje. Os fármacos empregados

atualmente para o tratamento da leishmaniose são muito tóxicos e os indicadores de

resistência são cada vez maiores (KAYSER; KINDERLEN; BERTELS, 2001).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os tratamentos para esta doença

são antiquados, tóxicos e de difícil aplicação (WHO, 2010).

Dentre os fármacos estudados para tratamento da leishmaniose, destacam-se

os antineoplásicos miltefosina e tamoxifeno, (Figura 17 e 18).

2.2.4.1 MILTEFOSINA

A miltefosina (Figura 17) é um análogo da alquilfosfocolina, com substância

química denominada hexadecilfosfocolina, desenvolvido como agente anticâncer,

empregado para tratamento tópico de metástase cutânea de câncer de mama

(TANABE, 2011). Sua atividade antiprotozoário foi descoberta nos anos 1980, na

época em que estava sendo avaliada para quimioterapia antineoplásica. Em 2002 foi

aprovada na Índia como primeiro tratamento ativo por via oral para a leishmaniose

visceral (GOODMAN; GILMAN, 2012). No Brasil é a primeira droga oral a tratar com

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40

sucesso as formas mucosas e cutâneas da leishmaniose tegumentar americana

(SILVA, 2011).

O P

O

O

O-

N+(CH3)3

Figura 17. Estrutura química da molécula de miltefosina Fonte – (RATH et al., 2003).

Em uma pesquisa clínica feita na universidade federal da Bahia com

pacientes portadores da leishmaniose cutânea causada por leishmaniose

brazilienses, levou a uma taxa de cura de 75%, superior as obtidas com a

administração de antimonial pentavalente (MACHADO et al., 2010). Logo em uma

outra pesquisa clínica aplicada para avaliar a eficácia terapêutica e a segurança da

miltefosina no tratamento de pacientes com leishmaniose mucocutânea, no período

de seis meses, obteve uma taxa de cura de 90% (SILVA, 2011).

A grande vantagem deste fármaco é a administração por via oral, sendo a

dose usual de 2,5 mg ∕ Kg de peso por dia durante 28 dias, e por não ser invasivo

favorece a adesão ao tratamento, não causando dor ao paciente, não sendo

necessária internação (SOTO; SOTO, 2006).

Esse medicamento é bem absorvido e amplamente distribuído, se mantem no

organismo cerca de 8 dias, teste feito em ratos mostrou que esta droga se acumula

em diversos órgãos, tais como rim, fígado, pulmão, baço e glândulas renais (MORE

et al., 2003). Sua eliminação é bem lenta, o que leva a discussão com a

possibilidade de resistência dos parasitas a medicação (SILVA, 2011).

A maior limitação da miltefosina é seu potencial teratogênico, impedindo o uso

em mulheres grávidas, e os principais efeitos colaterais, estão associados aos

distúrbios gastrintestinais (MIGUEL, 2011).

O mecanismo de ação da miltefosina é parcialmente conhecido, sabe-se que

tem interposição com a membrana plasmática parasitária, seu acesso para o interior

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41

das células é feito por meio de transportadores de membranas, inibição da síntese

de fosfatidilcolina, RNA e apoptose (AZZOUZ et al., 2005).

2.2.4.2 TAMOXIFENO

Em 1966 foi sintetizado o tamoxifeno (Figura 18), com propósito de ser usado

como anticoncepcional oral, porém constatou-se que ele induz a ovulação

(KAYSER; KINDERLEN; BERTELS, 2001). Em 1971 foi introduzido para o

tratamento do câncer de mama, devido ao seu potencial antiestrogênico (OLIVEIRA,

2014).

Figura 18. Estrutura química da molécula de tamoxifeno Fonte – Adaptado (SEFERIN, 2005)

O mecanismo de ação se dá pela ligação do tamoxifeno os receptores de

estrógeno, bloqueando o crescimento de células tumorais (GOODMAN; GILMAN,

2012).

O tamoxifeno é um inibidor competitivo da ligação do estradiol ao receptor de

estrogênio, existem dois subtipos de receptores de estrogênio: o receptor α e β, que

apresentam distribuição tecidual diferente, explicando a resposta variável observada

ao tratamento com este medicamento, podendo afetar outros órgãos como o

endométrio uterino (aumentando significativamente o risco de desenvolver câncer de

útero), sistema de coagulação (risco de embolia pulmonar), e outras reações

adversas como: cefaléia, náusea, vômito, queda de cabelo, sangramentos e

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irregularidade menstruais (GOODMAN; GILMAN, 2012; NASCIMENTO, 2009;

FACINA et al., 2003).

Além de seus efeitos antagonista de estrogênio sobre o câncer de mama,

também exerce efeito agonista estrogênico em tecidos não mamário

(MARTINKOVICH et al., 2014).

O mecanismo de ação do tamoxifeno na terapia e prevenção do câncer de

mama ainda não está inteiramente esclarecido. Diversos estudos demonstraram que

este fármaco apresenta uma série de efeito tanto in vitro como in vivo que não

podem ser explicados apenas por meio de sua interação com o receptor de

estrógeno (MIGUEL, 2011).

Independente da interação com receptor de estrógeno, o tamoxifeno também

age inibindo a acidificação de organelas intracelulares e também alterando a

membrana celular, impedindo a fluidez e consequentemente o funcionamento da

célula (CHEN; SCHINDLER; SIMON, 1999).

Partindo desse pressuposto, e sabendo que a forma amastigota de

Leishmania localiza-se obrigatoriamente no vacúolo dentro dos macrófagos do

hospedeiro vertebrado, e sendo este ambiente tipicamente ácido, pH ideal para

atividade metabólica dos amastigotas (CHEN; SCHINDLER; SIMON, 1999;

ANTOINE et al., 1998), Miguel e colaboradores testaram o tamoxifeno como agente

anti-Leishmania in vitro e in vivo. Já que, este fármaco evidenciou interferência nos

mecanismos intrínsecos de manutenção do pH, podendo gerar distúrbio na

multiplicação do parasita no interior do vacúolo. Por ser um medicamento que

apresenta segurança clínica muito bem estabelecida, fortaleceu o interesse dos

pesquisadores em determinar o potencial leishmanicida. Foi introduzido

intraperitoneal 20 mg ∕ Kg ∕ dia de citrato de tamoxifeno por duas semanas em

camundongos machos e fêmeas, concluindo que apesar do mecanismo de ação do

tamoxifeno não ter sido completamente esclarecido, os resultados mostraram que o

tamoxifeno é eficaz no tratamento da leishmaniose cutânea e visceral em modelo

animal (MIGUEL, 2011).

Em um estudo feito em ratos, na Universidade de Alexandria, os

pesquisadores obtiveram resultados positivos contra Leishmania major

(leishmaniose cutânea da Europa, África e Ásia), (EISSA; AMER; SAWY, 2011).

O tamoxifeno se mostrou eficaz no tratamento da leishmaniose in vivo e in

vitro, que se espera agora é a pesquisa clínica, em humano (COELHO et al., 2015).

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43

A carência de novos tratamentos para leishmaniose é grande, necessita-se de

medicamentos com menos efeitos colaterais, mais baratos, com menor resistência.

Além disso, é importante desenvolver formulações de fácil administração com tempo

reduzido de tratamento não necessitando de internação do paciente, contribuindo

para adesão ao tratamento.

Notando essas suposições, surge a proposta desta pesquisa, em associar

fármacos leishmanicidas com diferentes mecanismos de ação, e melhorar a eficácia

dos fármacos já existentes, com a expectativa de se obter resultados mais

satisfatórios que as terapias convencionais. Foram veiculados em emulsões lipídicas

os ativos miltefosina com o tamoxifeno para uso via oral ou via parenteral.

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44

3 OBJETIVO

Desenvolver uma emulsão composta dos fármacos miltefosina e tamoxifeno

para administração oral ou parenteral e avaliar sua estabilidade físico-química in

vitro.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Preparar emulsões lipídicas contendo miltefosina e tamoxifeno;

- Verificar as características físico-químicas das emulsões preparadas.

- Avaliar a estabilidade das formulações durante o armazenamento em diferentes

temperaturas.

- Analisar in vitro o potencial hemolítico e o comportamento em fluídos

gastrointestinais das emulsões.

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45

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

Para realização deste projeto foram utilizados os seguintes reagentes:

pepsina A, pancreatina, colesterol, ácido oleico, glicerina, óleo de semente de

algodão, e Monooleato de Sorbitan Etoxilado 20 EO (Tween® 80), que foram

adquiridos da Sigma Chem. Co. (St. Louis, USA). A fosfatidilcolina foi obtida da

Lipoid GmbH (Ludwigshafen, Alemanha). Os fármacos miltefosina – da empresa

Hangzhou Dayangchem Co., LTD. (China), e tamoxifeno – da farmácia de

manipulação (Farmad’oro, São Paulo, SP).

4.2 Equipamentos

Estes aparelhos pertencem ao Laboratório de Sínteses e Formulações da

Universidade Anhanguera de São Paulo.

4.2.1 Homogeneizador de alta pressão

O emulsificador Emulsiflex C05 da Avestin (Ottawa, ON, Canadá), foi utilizado

para preparar as formulações a alta pressão.

4.2.2 Processador ultrassônico

A emulsão foi obtida através da homogeneização em ultrassom, da marca

Sonics® (Sonics & Materials Inc, Newtown, CT, Estados Unidos).

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4.2.3 Espalhamento de luz dinâmico

A medida do tamanho das partículas da emulsão, potencial Zeta e pH foi

realizada por espalhamento de luz dinâmico “Laser Light Scattering” (90 Plus, Brookhaven

Instruments Corporation, Holtsville, New York, USA).

4.2.4 Espectrofotômetro de UV- Visível

Para análises por espectrofotometria no UV-VIS utilizou-se o

espectrofotômetro modelo FENTO do Laboratório de Síntese de Compostos de

Coordenação da UNIAN.

4.2.5 Outros aparelhos

Chapa de agitação magnética Fisatom; agitadores tipo vórtex (Micronal, São

Paulo, Brasil); balança analítica Shimadzu; centrífuga de mesa Kindly Kc16 de alta

velocidade; centrifuga de mesa Centribio 80-2B para tubos falcon de baixa rotação;

fluxo laminar Veco, incubadora Shaker Tecnal TE 420 de bancada com

aquecimento.

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47

4.3 Preparação das nanoemulsões

Para comparação da estabilidade físico-química, foram preparadas várias

formulações com diferentes concentrações dos fármacos miltefosina e tamoxifeno, e

uma não contendo os ativos, para servir como controle, utilizando as composições

subsequentes:

- Colesterol....................................................................................................10mg

- Glicerina....................................................................................................200mg

- Óleo de semente de algodão....................................................................200mg

- Ácido oléico...............................................................................................200mg

- Fosfatidilcolina...........................................................................................400mg

- Tween 80 (tensoativo hidrofílico)...............................................................200mg

- Miltefosina 1ª (300mg), 2ª (200mg), 3ª (266mg), 4ª (225mg), 5ª (150mg), 6ª (200mg)

-Tamoxifeno 1ª (100mg), 2ª (200mg), 3ª (133mg), 4ª (75mg), 5ª (150mg), 6ª (100mg)

- Água destilada qsp......................................................................................20ml

Foram pesados em um becker, o colesterol, a glicerina, o óleo de semente de

algodão, ácido oleico, o Tween 80 e os fármacos miltefosina e tamoxifeno, assim

sucessivamente para cada formulação contendo diferentes concentrações dos

fármacos.

Em um segundo becker, foram pesados a fosfatidilcolina, e em seguida

adicionados 15ml de água destilada. As solubilizações de ambas foram feitas com

auxílio do agitador magnético a 60°C. Após a solubilização da fosfatidilcolina o

conteúdo do segundo becker foi adicionado ao primeiro e o volume foi completado

para 20ml. A mistura foi pré-homogeneizada em agitador magnético e

posteriormente emulsificada no homogeneizador de alta pressão, mantendo a

pressão entre 100 a 150 Psi, durante 50 minutos. Em seguida deixada no ultrassom

a uma frequência de 20 kHz e potência de 130 W, sendo acompanhado o tamanho

das partículas entre 10 e 40 minutos de emulsificação, por espalhamento de luz

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48

dinâmica. Durante todo o processo de emulsificação foi monitorada a temperatura de

modo que estivesse sempre entre 50 a 60 °C.

Após o processo de emulsificação, o conteúdo do becker foi transferido para

um tubo falcon e centrifugado durante 30 minutos a 2.400 rpm. Foram retirados 2ml

do conteúdo total para armazenamento à temperatura ambiente, e o restante sob-

refrigeração, a 4ºC.

Para melhor entendimento segue o fluxograma contendo as etapas da

metodologia aplicada para preparação das nanoemulsões, (Figura 19).

Figura 19 – Fluxograma representando as etapas para preparo das nanoemulsões.

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49

4.4 Estabilidade das formulações

A caracterização físico-química das formulações foi feita através das análises

seguintes: pH, tamanho das partículas, polidispersidade, potencial zeta e

características organolépticas.

4.4.1 Tamanho de partícula, polidispersidade, potencial zeta e pH

Para análises do diâmetro das partículas e polidispersidade, adicionaram-se

em uma cubeta de acrílico 50 L de amostra de emulsão e 3ml água destilada,

foram avaliados por espalhamento de luz dinâmica (“Dynamic Light Scattering –

DLS”). Para análise do potencial zeta foram utilizados 2 ml da solução anterior e

caracterizados por análise de fase de espalhamento de luz (“phase analysis light

scattering – PALS”).

A leitura do pH foi realizada diretamente no tubo falcon através de medidas

em pHmetro.

4.5 Estabilidade em fluídos gastrointestinais simulados

Suspensões de nanopartículas na concentração final de 1% (m/v) foram

incubadas a 37 oC em meio gástrico simulado (USP XXIV, pH 1,2, pepsina 0,32%

m/v) e em meio intestinal simulado (USP XXIV, pH 7,5, pancreatina 1% m/v). Foram

coletadas amostras nos tempos 0, 1, 2, 3 e 4 h e depois de centrifugadas,

analisadas no equipamento de Light Scattering.

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50

4.6 Teste de hemólise in vitro

Para avaliar o potencial hemolítico das emulsões utilizou-se como controle

positivo o Triton 1% (p/v) em água, considerado 100% hemolítico e como controle

negativo o tampão fosfato salino (PBS), pH = 7,4, não hemolítico. Os eritrócitos

foram separados por centrifugação (2.400 rpm/10min.), lavados com PBS e

novamente centrifugados, esse processo foi repetido por três vezes.

Foi avaliada a capacidade hemolítica da emulsão contendo 200mg de cada

um dos fármacos (miltefosina e tamoxifeno) por 20 ml de emulsão, da miltefosina em

solução de PBS e do controle (emulsão sem substância ativa). Foram preparadas

soluções com as substâncias mencionadas acima, na concentração de 51,5 mM

com PBS e com triton. Em tubos cônicos de 1,5 ml foram adicionados 0,5 mL da

suspensão de eritrócitos e 0,5 ml das soluções referidas, volume equivalente à

concentração de miltefosina de 700; 350; 175; 87,5 e 43,75mM. Como controle

negativo, foram misturados 0,5 ml de solução de eritrócitos com 0,5 ml de PBS e,

como controle positivo, 0,5 ml de solução de eritrócitos com 0,5 ml de Triton®.

Incubou-se no shaker a mistura por 1h a 37ºC, com leve agitação. Os tubos foram

centrifugados a 2.400 rpm/10min, o sobrenadante foi retirado e diluído 1:10 em água

destilada, para leitura no espectrofotômetro em comprimento de onda de 540 nm.

Todos os testes foram feitos em triplicata e a porcentagem de hemólise foi calculada

a partir das absorbâncias medidas, de acordo com:

100(%) xAA

AAHemólise

negativocontrolepositivocontrole

negativocontroleamostra

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51

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As nanoemulsões são formadas a partir de sistemas como água/óleo e

tensoativos. Para chegar a uma formulação base ideal para a incorporação do

fármaco miltefosina, Bitencourt (2011), fez inúmeros ajustes dos componentes até

alcançar a estabilidade físico-química satisfatória que foram: índice de acidez,

tamanho de partícula, potencial zeta e polidispersidade. A fase oleosa desta

formulação foi: colesterol 0,1%, glicerina 1%, óleo de semente de algodão 1%, ácido

oleico 1%. Fase aquosa: fosfatidilcolina 2%, Tween 80® 1%, e água destilada em

quantidade suficiente para 10ml. Essa composição foi utilizada neste trabalho, com a

finalidade de combinar os fármacos miltefosina e tamoxifeno, em diferentes

proporções, a fim de obter uma formulação com potente efeito leishmanicida e com

baixa toxicidade.

O tamoxifeno apresenta baixa solubilidade em água, comprometendo a

absorção por via oral e a biodisponibilidade deste fármaco. Para tentar melhorar

essas propriedades, o tamoxifeno é comercializado na forma de sal, o citrato de

tamoxifeno, mesmo assim observa-se baixa biodisponibilidade (MOREIRA et al,

2014). Como estratégia de sobrepor estas barreiras, foi proposto neste trabalho

veiculá-lo em nanopartículas lipídicas, não sendo necessário o citrato. Para o

desenvolvimento desse projeto, utilizou-se o tamoxifeno na forma neutra. Assim, o

fármaco que se encontrava na forma de sal – citrato de tamoxifeno, foi dissolvido em

água e o pH foi elevado para 7, precipitando o tamoxifeno, que foi filtrado e seco.

Para obter uma formulação com características físico-químicas consideradas

ideais, foram preparadas 7 formulações (Tabela 01), sendo 1 controle, sem ativo

(Branco), e 6 com as seguintes proporções de miltefosina versus tamoxifeno (3:1-

300:100mg); (1:1 - 200:200mg); (2:1 - 266:133); (3:1 - 225:75mg); (1:1 - 150:150mg)

e (2:1 - 200:100mg) para 20 ml de volume total de formulação.

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Tabela 01- Diferentes concentrações de miltefosina e tamoxifeno em 20 ml de emulsão.

Durante o preparo das formulações, foi analisado o tamanho das partículas de

emulsão, a fim de estipular o tempo de homogeneização a alta pressão. Sendo que,

foi estipulado 50 minutos sob alta pressão de 100 a 150 Psi, e em seguida no

ultrassom, entre 10 e 40 minutos.

Após preparo, as formulações foram submetidas à centrifugação por 30

minutos a 2.400 rpm. Ao final, nenhuma das formulações apresentava precipitado,

indicando que os fármacos foram incorporados 100%, não sendo necessário fazer a

quantificação dos mesmos na forma livre. O aspecto macroscópico das formulações

é característico de suspensões de nanopartículas, de coloração branco-acinzentado

(Figura 20).

Figura 20 – Nanoemulsão com diferentes concentrações de miltefosina (Mt.) e tamoxifeno (Tm.) em 20ml de formulação: (1) – 0mg; (2) – 300mg Mt. c/ 100mg Tm.; (3) – 200mg Mt. c/ 200mg Tm.; (4) – 266mg Mt. c/ 133mg Tm.; (5) – 225mg Mt. c/ 75mg Tm.; (6) - 150mg Mt. c/ 150mg Tm.; (7) - 200mg Mt. c/100mg Tm.

Formulação Milteosina (mg) Tamoxifeno (mg)

1 0 0

2 300 100

3 200 200

4 266 133

5 225 75

6 150 150

7 200 100

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A formulação 1, controle (Branco), apresenta aparência leitosa, com tamanho

de partícula maior. Já, as formulações com os fármacos são mais transparentes,

com tamanho de partícula menor, isso porque a miltefosina apresenta estrutura

química semelhante ao surfactante fosfatidilcolina. Dessa forma, a miltefosina age

como co-surfactante na formulação. Este fato demonstra que, além de suas

propriedades farmacológicas a miltefosina é capaz de aumentar a estabilidade das

formulações (BITENCOURT, 2011).

A fim de avaliar a estabilidade das formulações, foi retirada uma alíquota e

mantida em temperatura ambiente e a outra parte armazenada sob refrigeração por

um período de 15 dias, para verificar alterações físico-químicas. Durante o período

de observação as emulsões não apresentaram alterações macroscópicas, se

sustentaram estáveis, não ocorreu formação de precipitado, continuaram com

aspecto claro e transparente.

O pH das emulsões se manteve durante o tempo analisado, em uma média

de 4,6. As formulações apresentaram pH levemente ácido, que se manteve durante

o período de armazenamento, indicando que não ocorreu oxidação da fase oleosa,

sendo assim não formou hidrólise de triglicerídeos, consequentemente não liberou

ácidos graxos livres que seriam os responsáveis por levar a uma redução do pH na

formulação (PEREIRA et al, 2016).

A medida do tamanho das partículas foi feita por espalhamento de luz (laser),

mostrou que todas as formulações apresentam tamanho nanométrico.

A Tabela 02 mostra o tamanho das partículas (nm). Sendo a primeira leitura

(1) - ao término do preparo das formulações, ou seja, no dia em que foram

preparadas; a leitura (2) - feita após 15 dias armazenadas sob refrigeração a 4ºC e a

leitura (3) – realizada também após 15 dias, sendo as emulsões mantidas em

temperatura ambiente.

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Tabela 02 – Tamanho das partículas (nm) com diferentes concentrações de miltefosina e tamoxifeno.

Ao observar a tabela 02, fica claro que a miltefosina atuou como co-

surfactante, reduzindo o tamanho das partículas das emulsões. O controle

(substância sem ativo), teve resultado maior que 100 nm, e as formulações contendo

a miltefosina resultaram em partículas menores que 100nm.

Para melhor visualização do tamanho das partículas presentes nas emulsões

segue o gráfico (Figura 21).

Figura 21 – Representação gráfica do tamanho das partículas das emulsões no dia do preparo

das emulsões e após 15 dias sob refrigeração e em temperatura ambiente.

Durante o período de armazenamento as formulações não sofreram

alterações de tamanho, se conservaram estáveis, exceto a formulação controle que

já no início apresentava tamanho maior que 100 nm. Vários fatores podem

Controle Miltefosina (mg) X Tamoxifeno (mg)

Leitura 0 300 X 100 200 X 200 266 X 133 225 X 75 150 X 150 200 X100

1 227,68 89,34 98,19 85,57 76,81 60,32 83,05 DP 2,41 1,38 2,35 1,31 0,69 0,58 0,44 2 236,1 86,14 98,84 93,47 77,98 65,35 84,84

DP 3,90 0,59 1,56 2,04 0,66 3,01 1,13 3 791,39 135,82 88,6 88,84 76,46 69,44 81,23

DP 23,00 1,82 1,18 1,19 1,21 4,79 0,50

DP = Desvio Padrão. Obs. Leitura 1 – no dia do prep. 2 – 15 dias após a 4 ºC , 3 – 15 dias temp. amb.

X = Versus

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influenciar na estabilidade das emulsões, entre eles o tamanho, partículas grandes

tendem a sofrer mais a força gravitacional. Além disso, agitação e variações de

temperatura também promovem a instabilidade das partículas de emulsão. A

emulsão controle apresentou menor estabilidade que as demais em temperatura

ambiente, seguida da 300mg de miltefosina com 100mg de tamoxifeno. O tamanho

das partículas de emulsão é um parâmetro muito importante, quanto menor, maior a

estabilidade do sistema (BRUXEL et al, 2012). Além disso, partículas menores

possuem maior interação com a membrana celular, facilitando o efeito farmacológico

(JAISWAL; DUDHE; SHARMA, 2015).

A polidispersidade é uma propriedade muito importante para a estabilidade

das nanopartículas. Ela indica a variabilidade de tamanho das partículas suspensas

na formulação, quanto menor o valor da polidispersidade, mais estável a formulação,

evitando a formação de agregados e a coalescência (MEYAGUSKU 2014).

Tabela 03 – Média da polidispersidade com diferentes concentrações de fármacos em 20ml

Polidispersidade

Leitura Miltefosina (mg) X Tamoxifeno (mg)

Controle 300 X 100 200 X 200 266 X 133 225 X 75 150 X 150 200 X 100

1 0,25 0,34 0,35 0,34 0,29 0,29 0,34

DP 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01

2 0,27 0,34 0,35 0,35 0,31 0,32 0,34

DP 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01

3 0,27 0,35 0,35 0,36 0,32 0,31 0,35

DP 0,03 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,00

DP = Desvio Padrão. Obs. Leitura 1 – no dia do prep. 2 – 15 dias após a 4 ºC, 3 – 15 dias temp. amb.

X = Versus

O valor da polidispersidade da nanoemulsão controle foi relativamente menor

comparada as formulações contendo os fármacos (Tabela 03), porém ao longo do

período analisado não houve alteração, se conservou próximo dos resultados

iniciais, pois o aumento do valor pode indicar variação nas propriedades físico-

químicas das partículas das emulsões, sugerindo coalescência entre as partículas,

que pode levar à perda de alguns dos componentes.

Embora a dispersão entre as partículas presentes na formulação controle seja

menor, as nanoemulsões contendo fármacos possuem tamanho de partículas

menores e com maior estabilidade (Figura 21).

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O potencial zeta apresenta a carga total de uma partícula, que indica o grau

de repulsão entre as partículas, quanto mais alto o valor, tanto negativo quanto

positivo, maior a estabilidade da formulação, pois a repulsão elétrica impede a

formação de agregados de partículas (DAS, 2011). Por isso, o ideal é que o valor do

potencial zeta seja superior a 30 mV ou inferior a - 30 mV, conferindo estabilidade ao

sistema.

Na tabela 04 estão representados os valores de potencial zeta das partículas

com relação à concentração de fármacos nas emulsões. Os valores encontrados

para as emulsões na leitura 1 (no dia preparo) foram maiores que -30 mV, o que não

indica necessariamente princípio de instabilidade pois existem carregamentos de

fármacos diferentes nas partículas que podem afetar a carga superficial, alterando o

valor do potencial zeta (CASTANHEIRA, 2012). Na leitura 2, realizada após 15 dias

armazenadas sob refrigeração a 4ºC o valor apresentado foi de aproximadamente ±

30 mV, exceto a formulação com 150mg de miltefosina e 150mg de tamoxifeno que

ficou em -46,31mV (aparenta boa estabilidade). Esta mesma formulação, na leitura 3

acompanhada da emulsão com 300mg de miltefosina e 100mg de tamoxifeno,

apresentaram maior constância, mostrando ser possível obter boa estabilidade na

nanoemulsão com diferentes fármacos associados e em temperaturas variadas.

Este fato de alterar a carga após armazenamento pode ser por estabilização

termodinâmica do sistema, com uma melhor organização das cargas superficiais

(JAISWAL; DUDHE; SHARMA, 2015).

Tabela 04 – Potencial Zeta (mV) com diferentes concentrações de miltefosina e tamoxifeno.

Potencial Zeta (mV)

Controle Miltefosina (mg) X Tamoxifeno (mg)

Leitura 0 300 X100 200 X 200 266 X 133 225 X 75 150 X 150 200 X100

1 -26,79 -29,94 -22,54 -22,14 -16,27 -17,09 -16,32

DP 1,03 0,36 7,74 6,9 6,5 4,13 4,56

2 30,12 -31,94 -30,21 32,15 31,36 -46,31 -29,54

DP 1,3 2,15 1,15 1,4 2,78 3,01 3,12

3 15,01 -39,04 -4 7,51 17,92 31,56 17,94

DP 1,73 1,41 11,77 7,76 4,49 4,92 3,96

DP = Desvio Padrão. X = Versus. Obs. Leitura 1 – no dia do prep., 2 – 15 dias após a 4 ºC ,

3 – 15 dias temp. amb.

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Valores altos de potencial zeta contribuem para a estabilidade das

nanoemulsões, todavia existem outros parâmetros como tamanho das partículas,

polidispersidade, temperatura, pH do meio e estabilidade química dos componentes,

que também contribuem com a estabilidade das mesmas.

A estabilidade em fluídos gastrointestinais simulados foi avaliada com todas

as nanoemulsões contendo fármacos em diferentes concentrações e na emulsão

controle (não contém fármaco). Neste teste as nanopartículas podem sofrer

degradação e liberar os fármacos, que na forma livre poderão sofrer agregação, ou

outros fenômenos de instabilidade, como alteração no tamanho das partículas por

coalescência (aumento) ou contração das partículas pela ação enzimática

(FATOUROS; MULLERTZ, 2007).

O gráfico a seguir (Figura 22) mostra o tamanho das partículas das

nanoemulsões após passar pela avaliação em fluido gástrico simulado, pepsina e,

intestinal simulado, pancreatina. Como referencial, foi utilizado o tamanho das

partículas sem influencia dos fluidos gastrointestinais simulado. As formulações

foram submetidas ao teste após quinze dias mantidas sob-refrigeração.

Figura 22 – Dimensionamento de partículas das nanoemulsões contendo diferentes concentrações

de fármacos e do controle (sem fármaco), e dos mesmos em fluido gástrico simulado - pepsina (pH

1.2) e fluido intestinal simulado pancreatina (pH 7.5), branco (contém só pepsina e a pancreatina).

Dados são expressos em média ± D.P.

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Todas as nanoemulsões em contato com a pepsina sofreram redução de

tamanho das partículas, devido à contração das mesmas pela ação enzimática. Já,

as nanoemulsões em contato com pancreatina sofreram aumento de tamanho,

sugerindo agregação de enzima pancreática nas partículas lipídicas, exceto na

formulação contendo 150mg de cada fármaco onde ocorreu um aumento de 9,22

vezes o seu tamanho, indicando possível coalescência, ou maior agregação de

enzima à superfície das partículas. Essa ampliação no tamanho promoveu aumento

da polidispersidade, que foi de 0,38 ± 0,01, maior resultado entre as formulações,

que ficaram entre 0,25 (controle) e 0,36 a 0,37 (emulsões com fármacos).

As formulações analisadas não apresentaram formação de agregados, e

mesmo sem adição de antioxidantes e conservantes os resultados foram

promissores em ambas as situações.

A figura 23 mostra o resultado do potencial hemolítico da nanoemulsão

contendo 200mg de miltefosina com 200mg de tamoxifeno (escolhida por conter

maior concentração de ambos os fármacos), comparada com a miltefosina na forma

livre (não encapsulada) e a nanoemulsão controle (não contendo fármaco).

Figura 23 – Quantificação de hemólise (%) de eritrócitos do sangue humano em função da concentração de Miltefosina - () Miltefosina na forma livre - () nanopartículas lipídicas com 200mg de cada fármaco - () formulação controle (sem fármaco). Dados são expressos em média ± D.P.

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Observa-se que o encapsulamento dos fármacos reduziu o potencial

hemolítico, quando comparado com a miltefosina na forma livre (não encapsulada

em emulsão lipídica). Isso ocorre em todas as concentrações a partir de 22 µM. Em

350 µM tanto a formulação controle (32,30%) quanto à miltefosina na forma livre

(78,74%), ocasionaram mais hemólise do que a formulação contendo os fármacos

(10,50%). Seguida da concentração de 700 µM, a miltefosina na forma livre

ocasionou quase 100% de hemólise enquanto que o fármaco encapsulado foi de

11,55%. Segundo DAS, ZHUKOVA e colaboradores (2010), o encapsulamento da

miltefosina em nanosistemas carreadores de drogas reduz o potencial hemolítico do

fármaco.

Os resultados obtidos mostram que a nanoemulsão pode ser altamente

promissora para administração dos fármacos estudados.

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6 CONCLUSÃO

O propósito de desenvolver uma nanoemulsão com os fármacos miltefosina e

tamoxifeno combinado foi alcançado.

Durante o período de testes da caracterização físico-química, as formulações

se apresentaram estáveis, e os fármacos totalmente incorporados às nanopartículas.

Dentre as formulações analisadas, a que apresentou propriedades físico-

químicas mais apropriadas foi a emulsão com 150mg de miltefosina e 150mg de

tamoxifeno, seu tamanho foi de 65,35 nm, isso irá permitir maior interação celular e

consequentemente melhor ação farmacológica.

O resultado dos testes de estabilidade em fluídos gastrointestinais simulados

mostrou que a nanoemulsão foi estável. E no teste de hemólise in vitro o

encapsulamento dos fármacos em nanoemulsão reduziu o potencial hemolítico da

miltefosina.

Partindo destes resultados a nanoemulsão contendo os fármacos miltefosina

e tamoxifeno representa uma alternativa promissora a ser explorada no tratamento

da leishmaniose. E como perspectiva futura, pesquisa com a formulação alcançada

avaliando a atividade leishmanicida in vitro e in vivo.

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