balconista de farmacia

134
BALCONISTA DE FARMÁCIA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

Upload: reginaldo-thuler

Post on 25-Nov-2015

99 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • BALCONISTA DE FARMCIAFORMAO INICIAL E CONTINUADA

  • Balconista de FarmciaRodrigo Batista de Almeida

    verso 1

    ano 2012

  • O que eu quero

    para meu futuro?

    Nome:

    Endereo:

    Telefone:

    e-mail:

    Anotaes:

    FICHA DO ALUNO

  • IFPR - INSTITUTO FEDERAL DO PARAN

    Reitor Prof. Irineu Mario Colombo

    Chefe de GabineteJoelson Juk

    Pr-Reitor de EnsinoEzequiel Westphal

    Pr-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento InstitucionalBruno Pereira Faraco

    Pr-Reitor de AdministraoGilmar Jos Ferreira dos Santos

    Pr-Reitora de Gesto de Pessoas e Assuntos EstudantisNeide Alves

    Pr-Reitor de Extenso, Pesquisa e InovaoSilvestre Labiak Junior

    OrganizaoMarcos Jos BarrosCristiane Ribeiro da Silva

    Diagramao a layoutMarcos Jos Barros

  • SumrioAPRESENTAO 9

    INTRODUO 11

    Unidade 1 13

    1 Conceitos bsicos para a prtica da Farmcia 15

    2 Reconhecendo as diferenas entre frmaco, medicamento,

    forma farmacutica e via de administrao 17

    3 Auto-avaliao 20

    Unidade 2 21

    1 Farmacocintica 23

    2 Farmacodinmica 28

    3 Reconhecendo as diferenas entre farmacocintica e farmacodinmica 30

    4 Auto-avaliao 31

    Unidade 3 33

    1 Classificao de medicamentos 35

    2 Reconhecendo as diferenas entre medicamentos alopticos,

    fitoterpicos e homeopticos 40

    3 Reconhecendo as diferenas entre medicamentos de referncia,

    genricos e similares 40

    4 Auto-avaliao 42

    Unidade 4 43

    1 Classes farmacolgicas 45

  • 2 Revisando os conceitos sobre as principais classes

    farmacolgicas disponveis em uma farmcia 49

    Auto-avaliao 50

    Unidade 5 51

    1 Organizao da farmcia 53

    1.1 Infra-estrutura fsica 53

    12 Recebimento dos produtos 54

    13 Condies de armazenamento 54

    14 Organizao e Exposio dos Produtos 55

    15 Limpeza dos ambientes 56

    16 Recursos Humanos 56

    2 Retomando os principais pontos da organizao de uma farmcia 57

    3 Auto-avaliao 60

    Unidade 6 61

    1 Dispensao de medicamentos 63

    11 Qualidade no atendimento 66

    2 Exercitando as habilidades exigidas para a boa dispensao 68

    3 Auto-avaliao 68

    4 Venda de antibiticos com reteno de receita:

    avano para a sade pblica 68

    Unidade 7 71

    1 Servios farmacuticos 73

  • 11 Tcnica de higienizao das mos 75

    12 Aferio de glicemia capilar 76

    13 Aferio da presso arterial 79

    14 Administrao de Medicamentos 80

    15 Procedimento de Inalao 81

    16 Procedimento para aplicao de injetveis 81

    17 Perfurao do Lbulo Auricular para Colocao de Brincos 82

    2 Simulando um servio farmacutico 83

    3 Auto-avaliao 83

    Unidade 8 85

    1 Clculos em Farmcia 87

    2 Treinando a capacidade de resolver problemas com

    o auxlio da Matemtica 91

    3 Auto-avaliao 93

    Unidade 9 95

    1 tica profissional 97

    2 Aprendendo a se posicionar de maneira tica diante de

    situaes corriqueiras no dia-a-dia da farmcia 104

    3 Auto-avaliao 105

    Unidade 10 109

    1 Noes de cidadania 111

    2 Mundo do trabalho 114

  • 3 Pondo em prtica os conhecimentos obtidos 118

    4 Auto-avaliao 119

    Referncias 125

  • APRESENTAO

    O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e ao Emprego

    PRONATEC, tem como um dos objetivos a oferta de cursos de qualificao

    profissional e cursos tcnicos para trabalhadores/as e pessoas expostas

    excluso social.

    E vale lembrar tambm, que muitas dessas pessoas (jovens e/ou adultas)

    esto h tempos fora de escola e que preciso uma srie de incentivos para

    que se motivem e finalizem o curso escolhido.

    No IFPR o PRONATEC entendido como uma ao educativa de muita

    importncia. Por isso, necessrio que essas pessoas possam tambm

    participar de outras atividades, especialmente como alunos regulares em suas

    diversas formas de ensino: mdio, tcnico, tecnlogo, superior e outros. Essa

    instituio tambm oferece a possibilidade de participao em projetos de

    pesquisa e extenso alm de contribuir com a permanncia dos alunos com o

    Programa de Assistncia Estudantil.

    Alm disso, o PRONATEC-IFPR pode ser visto como um instrumento de

    incluso social pblico e gratuito e que tem como sua poltica de educao

    a formao de qualidade. Para isso, os alunos do PRONATEC-IFPR podem

    fazer uso da estrutura de bibliotecas e laboratrios sendo sua convivncia

    na instituio de grande valia para os servidores (professores e tcnicos-

    administrativos) bem como para os demais estudantes.

    O PRONATEC-IFPR tambm, conta com diversos parceiros que contribuem

    com a realizao dos cursos. Essas parcerias so importantes tanto para o apoio

    de selo de qualidade quanto possibilita estrutura fsica para que os cursos

    possam acontecer. Porm, mesmo os cursos ocorrendo em outros espaos (que

    no o do IFPR) no invalida a qualidade dos profissionais que ministram as

    aulas, pois esses forma especialmente selecionados para essa atividade.

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    13

    INTRODUO

    inegvel a importncia dos estabelecimentos farmacuticos para a

    sociedade e, independente da sua natureza, pblica ou privada, cada farmcia

    precisa ter funcionrios capacitados para que possa garantir que os medicamentos

    e outros produtos relacionados, como cosmticos, sejam armazenados em boas

    condies e entregues ao consumidor de forma apropriada.

    O farmacutico responsvel-tcnico por cada farmcia necessita, desse

    modo, de uma equipe preparada para auxili-lo nas diversas atividades

    desenvolvidas nesse estabelecimento. O balconista de farmcia, nesse sentido,

    deve possuir uma qualificao que o prepare para o mundo do trabalho. Para

    isso, esse curso pretende oferecer um aprendizado sobre os assuntos mais

    diretamente relacionados com a farmcia de dispensao.

    Entretanto, vale ressaltar que a aquisio do conhecimento um processo

    dinmico, que exige muita dedicao. O volume de informaes que um

    balconista de farmcia precisa ter domnio to extenso que nenhum curso

    capaz de repassar todos os detalhes. O que vai garantir que o profissional

    esteja realmente preparado a prtica profissional.

    E aps o curso e a insero no mercado de trabalho, o balconista de

    farmcia pode parar de estudar? A resposta NO! O aprendizado deve ser

    contnuo, pois, a cada ano, surgem novas legislaes que regulamentam o

    setor farmacutico, novos medicamentos so lanados, outros so proibidos,

    alm de toda a inovao que cerca o mundo dos cosmticos.

    Portanto, fica a dica: se voc quiser ser um profissional de sucesso, com

    um grande diferencial e disputado pelo mercado, ter que estudar bastante,

    dedicar-se muito e acumular experincia profissional. Mas fique tranqilo, pois o

    Instituto Federal do Paran ir te auxiliar na primeira etapa do seu sucesso, que

    a qualificao profissional. O resto... deixemos para voc escrever a sua histria!

    Rodrigo Batista de Almeida

    Farmacutico e professor do Instituto Federal do Paran (IFPR) cmpus Palmas

  • 14

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    O Balconista de Farmcia atua na dispensao de medicamentos e

    correlatos, em farmcias pblicas e privadas, prestando informaes sobre o

    uso correto dos medicamentos prescritos pelo mdico ou cirurgio dentista.

    Esse profissional ainda auxilia na organizao do estabelecimento farmacutico,

    trabalhando sempre sob a superviso do profissional farmacutico.

  • Unidade 1

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    17

    Qual a diferena entre frmaco e medicamentos?

    O que forma farmacutica e via de administrao?

    Os medicamentos so produtos que contm um ou mais frmacos

    e so destinados para a preveno ou tratamento de doenas. Os

    medicamentos possuem uma forma fsica, que caracteriza a forma

    farmacutica. A escolha da forma farmacutica deve levar em

    considerao a via de administrao.

    1 Conceitos bsicos para a prtica da Farmcia

    O primeiro esclarecimento que se faz necessrio diferenciar frmaco

    de medicamento. Frmaco toda substncia ativa farmacologicamente,

    ou seja, que promove um efeito farmacolgico quando administrada a um

    organismo. a substncia pura, que ir ser a responsvel pelo efeito. J o

    termo medicamento empregado para o produto farmacutico final que

    contm um ou mais frmacos, alm de vrias outras substncias com funes

    as mais diversas, mas que no contribuem para o efeito farmacolgico.

    Para ficar clara a diferena, vamos citar um exemplo: uma das apresentaes

    do medicamento Diovan contm 14 comprimidos revestidos sulcados de 40

    mg de valsartano. Na composio desses comprimidos, encontramos 40 mg

    de valsartano, alm de celulose microcristalina, crospovidona, dixido de silcio

    coloidal, estearato de magnsio, hipromelose, dixido de titnio, macrogol,

    xido de ferro vermelho, xido de ferro amarelo e xido de ferro preto. De

    todas as substncias contidas no comprimido de Diovan, apenas o valsartano

    responde pelo efeito anti-hipertensivo.

    Todas as outras substncias apresentam um papel secundrio, sendo

    responsveis por caractersticas da forma farmacutica, no caso comprimido.

    Todas essas outras substncias que no so apresentam efeito farmacolgico

  • 18

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    e entram na composio apenas como conservantes, secantes, agregantes,

    agentes de revestimento, etc., so conhecidas como excipientes. No conjunto,

    o frmaco e os excipientes formam o medicamento. Portanto, frmaco

    a substncia ativa e medicamento o produto final, que contm o frmaco,

    mas tambm contm todo um conjunto de excipientes, indispensveis para a

    formulao do produto.

    Pois bem, se voc j sabe a diferena entre frmaco e medicamento, vamos

    avanar no nosso aprendizado e conceituarmos outros termos muito utilizados

    no dia-a-dia da farmcia: forma farmacutica e via de administrao.

    Como j falamos, um frmaco precisa ser misturado com vrias outras

    substncias para chegar ao medicamento. No final da preparao do

    medicamento, o produto toma uma forma, a chamada forma farmacutica.

    Forma farmacutica , portanto, a forma fsica que o medicamento adquire.

    Para facilitar a compreenso, vamos dividir as formas farmacuticas em slidas,

    semi-slidas e lquidas. Os medicamentos nas formas farmacuticas slidas

    apresentam-se como um slido, como no caso dos comprimidos, cpsulas,

    drgeas, ps, supositrios, pastilhas, vulos, etc. Quando adquire uma forma

    farmacutica semi-slida, o medicamento apresenta-se num aspecto de gel

    ou gelia, como no caso dos cremes, pomadas, pastas, gis, gelias, etc. E as

    formas farmacuticas lquidas so representadas pelas solues, suspenses,

    xampus, enemas, colutrios, lquidos para injeo, etc.

    Agora que j sabemos o que forma farmacutica, vamos estudar

    as vias de administrao. Todo medicamento precisa ser introduzido no

    organismo para que libere o frmaco, que ser o responsvel pelo efeito.

    Como, ou melhor, pode onde, administrar os medicamentos? A resposta :

    pelas diferentes vias de administrao.

    A via de administrao o local de entrada do medicamento em um

    organismo. Os conceitos de forma farmacutica e via de administrao tem

    uma correlao muito ntima, pois a escolha da forma farmacutica orienta

    a via de administrao a ser utilizada. Por exemplo, um comprimido deve ser

    utilizado pela via oral, um xampu deve ser utilizado pela via tpica, etc.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    19

    As vias de administrao so classificadas em enterais e parenterais. Para as

    parenterais, h ainda uma subdiviso (parenterais diretas e parenterais indiretas).

    Uma via enteral aquela na qual o medicamento inicia o processo de

    absoro a partir de qualquer uma das pores do trato gastrintestinal (TGI)

    (p. ex., via oral, sublingual, bucal, retal, etc.). Quando o medicamento no

    utiliza o TGI como ponto de incio da absoro, a via considerada parenteral.

    Benjamin Bell, em 1858, desenvolveu o mtodo de utilizao de uma

    agulha adaptada a uma seringa para injetar medicamentos diretamente

    no interior de tecidos. A prtica recebeu o nome de injeo. As vias de

    administrao que so parenterais e utilizam injeo so conhecidas como

    parenterais diretas; como exemplos temos as vias subcutnea (conhecida

    pela sigla SC), intramuscular (IM), intravenosa (IV), intracardaca, intraocular,

    etc.. Todas as outras vias, que no utilizam o TGI e nem o recurso da injeo,

    so conhecidas como parenterais indiretas; como exemplos temos as vias

    cutnea (tpica), nasal, ocular, auricular, vaginal, etc.

    A via oral a mais segura, econmica e conveniente. As desvantagens so a

    limitao da absoro, mese (que significa vmito), destruio do frmaco

    por enzimas digestivas ou pelo pH gstrico (que acido), irregularidades de

    absoro e passagem do frmaco pelo fgado.

    Nas vias parenterais diretas, geralmente h disponibilidade do frmaco

    de forma mais rpida, ampla e previsvel. As desvantagens a necessidade

    de se manter a assepsia no local da administrao, a dor provocada e a

    impossibilidade na auto-medicao.

    2 Reconhecendo as diferenas entre frmaco, medicamento, forma farmacutica e via de administrao

    Para verificarmos se j sabemos diferenciar frmaco de medicamento, e

    forma farmacutica de via de administrao, vamos exercitar um pouco.

  • 20

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    O produto Rasilez est disponvel nas seguintes apresentaes: 14

    ou 28 comprimidos revestidos para uso oral contendo 150 ou 300 mg de

    alisquireno e os excipientes celulose microcristalina, crospovidona, povidona,

    estearato de magnsio, dixido de silcio, macrogol, talco, hipromelose,

    dixido de titnio, xido de ferro vermelho e xido de ferro preto. Qual o

    frmaco, o medicamento, a forma farmacutica e a via de administrao? Isso

    muito fcil de reconhecer:

    - frmaco: alisquireno;

    - medicamento: Rasilez;

    - forma farmacutica: comprimidos revestidos;

    - via de administrao: via oral.

    Agora, teste os seus conhecimentos, com o auxlio de um colega, na

    resoluo das seguintes questes:

    1) Associe a primeira coluna com a segunda:

    (A) via parenteral direta ( ) oral

    (B) via parenteral indireta ( ) fluoxetina (princpio ativo do Prozac)

    (C) via enteral ( ) Prozac

    (D) forma farmacutica slida ( ) pulmonar

    (E) forma farmacutica semi-slida ( ) intravenosa

    (E) forma farmacutica lquida ( ) creme

    (F) frmaco ( ) xarope

    (H) medicamento ( ) adesivo transdrmico

    2) (Prefeitura Municipal de Catas Altas - MG, cargo: Auxiliar de Farmcia/

    20XX; elaborao:) A preparao farmacutica que contm um ou mais

    frmacos e destinada ao tratamento, preveno ou diagnstico de doenas

    denominada:

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    21

    a) medicamento.

    b) remdio.

    c) insumo.

    d) droga.

    3) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) Qual dessas formas farmacuticas,

    em geral, NO pode ser considerada uma forma farmacutica semi-slida?

    a) pomadas.

    b) cpsulas.

    c) gis.

    d) cremes.

    e) pastas.

    4) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) Assinale a alternativa que relaciona

    vias de administrao enteral de medicamentos:

    a) oral, sublingual e retal.

    b) oral, intradrmica e retal.

    c) oral, intravenosa e intradrmica.

    d) oral e intramuscular.

    e) intravenosa, intradrmica e intramuscular.

    5) Identifique o frmaco, a forma farmacutica, o medicamento e a via

    de administrao dos seguintes produtos farmacuticos:

  • 22

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Valdoxan: caixas contendo

    comprimidos revestidos para uso oral.

    Cada comprimido contm 25 mg de

    agomelatina

    frmaco:

    medicamento:

    forma farmacutica:

    via de administrao:

    Amoxil: frasco com suspenso oral

    contendo 200 mg de amoxicilina por 5mL

    de suspenso

    frmaco:

    medicamento:

    forma farmacutica:

    via de administrao:

    3 Auto-avaliao

    E agora que voc j est familiarizado com a diferena dos termos

    frmaco, medicamento, forma farmacutica e via de administrao,

    voc dever testar os seus conhecimentos com cinco medicamentos

    encontrados na sua casa (ou na casa de amigos).

  • Unidade 2

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    25

    Por onde passa um frmaco quando o mesmo entra num organismo?

    Como os frmacos desenvolvem os seus efeitos?

    A Farmacologia a cincia que estuda o efeito dos frmacos e dividida

    em Farmacocintica e Farmacodinmica.

    A Farmacocintica estuda os processos de absoro, distribuio,

    metabolizao e excreo, sofridos pelo frmaco quando administrado

    em um organismo. A Farmacodinmica estuda as interaes entre

    frmaco e receptor.

    1 Farmacocintica

    Um medicamento, quando administrado a um organismo, ter que

    liberar o frmaco para que o mesmo atue no local afetado pela doena. Toda a

    movimentao do frmaco no organismo conhecida como Farmacocintica.

    A Farmacocintica dedica-se ao estudo de quatro processos fundamentais:

    absoro, distribuio, metabolizao e excreo.

    O processo de absoro compreende a passagem do frmaco do ponto

    onde foi administrado at o aparecimento do mesmo na corrente sangnea.

    Para que o frmaco possa atingir a corrente circulatria, o maior empecilho

    constitudo pela membrana plasmtica das inmeras camadas celulares

    que precisa transpor at encontrar um vaso sangneo. Substncias que se

    dissolvem em gordura (lipdeo) conseguem atravessar com mais facilidade

    as membranas plasmticas; as demais podem apresentar dificuldade em ser

    absorvidas, o que limita esta primeira etapa farmacocintica.

    A forma farmacutica e a via de administrao tambm influenciam a

    absoro. fcil de perceber que formas farmacuticas lquidas favorecem

    a absoro, uma vez que o frmaco j se encontra dissolvido. Uma

    situao diferente ocorre com as formas farmacuticas slidas. Pense em

  • 26

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    um comprimido. Para que o frmaco contido no interior do comprimido

    seja absorvido, precisa estar solubilizado. Ento, o comprimido precisa ser

    primeiramente molhado para, na sequncia, ser desintegrado e, somente

    depois, disponibilizar o frmaco para ser solubilizado. Tudo isso leva um

    tempo, que deve ser considerado para que ocorra o processo de absoro.

    Quanto s vias de administrao, via de regra, as vias enterais e

    parenterais indiretas levam mais tempo para permitir a absoro do frmaco

    que uma via enteral direta. claro que h inmeras excees, de modo que

    o conjunto de fatores envolvidos na administrao do medicamento que vai

    ser decisivo para a velocidade e a extenso com que um frmaco absorvido.

    Uma situao bem interessante a que ocorre com a via intravenosa, que

    propicia 100% de frmaco na corrente circulatria, j que o medicamento

    administrado diretamente no interior de um vaso sanguneo. Para todas as

    outras vias, somente uma proporo, inferior a 100%, ser abosrvida.

    Quanto via oral, uma das mias utilizadas para administrao de

    medicamentos, a absoro regulada pelos vrios fatores. Um dos mais

    importantes a rea da superfcie absortiva. Desse modo, o intestino delgado

    a poro do TGI desenvolvido para a absoro, j que possui uma grande rea

    absortiva, (100m2), proporcionada pelo grande nmero de vilosidades, que

    so pregas na parede do intestino. Uma nica clula da mucosa intestinal

    pode ter at 3.000 microvilosidades!

    A pele corresponde a 10% do peso corpreo e relativamente

    impermevel maioria das substncias, porm algumas substncias podem

    atravessar essa camada e cair na corrente circulatria. A pele danificada

    aumenta a absoro; por exemplo, a hidrocortisona absorvida apenas em

    1% pela pele intacta, mas at 80% passa para a derme quando a camada

    epidrmica est dilacerada.

    A via respiratria (via pulmonar) muito utilizada em casos de problemas

    nas vias respiratrias, como asma, por exemplo. Os frmacos administrados

    por essa via podem ser abosrvidos ou ficarem retidos nesse local, o que pode

    ser interessante se o objetivo da farmacoterapia uma ao local.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    27

    A cavidade bucal e o espao sublingual merecem uma ateno especial. A

    mucosa oral funciona primariamente como uma barreira, pois no um tecido

    altamente permevel. mais semelhante pele do que ao intestino, neste

    aspecto. Colutrios, pastas dentais e outras preparaes so introduzidas na

    cavidade oral por motivos profilticos ou teraputicos locais. A via sublingual

    tem uma peculiaridade de promover uma boa absoro, mas poucas substncias

    so administradas por esta via, um exemplo o trinitrato de glicerila.

    Para bebs ou pacientes acamados com dificuldade de deglutio

    (dificuldade para engolir substncias), uma via que pode ser explorada a

    via retal. O reto permite absoro de aproximadamente metade do total de

    frmaco contido no medicamento administrado na forma de supositrio. Um

    problema a irritao local que pode ocorrer, sem falar no fato de pacientes

    homens adultos muitas vezes se recusarem a utilizar um supositrio, que a

    forma farmacutica desenvolvida para administrao retal.

    Um ltimo conceito importante quando se fala de absoro a

    biodisponibilidade, que a proporo da substncia que passa para a

    circulao sistmica aps administrao oral, levando em considerao

    tanto a absoro quanto a degradao metablica local. Em outras palavras,

    biodisponibilidade quer dizer quanto do frmaco administrado vai ser

    realmente absorvido, pois, como j sabemos, somente a via intravenosa

    possibilita uma absoro completa (de 100%); todas as outras vias acabam

    por impedir a entrada de uma parcela do frmaco para a circulao sistmica.

    O entendimento do conceito de biodisponibilidade ser importante para a

    compreenso das bases farmacocinticas que garantem a interbambialidade

    entre medicamentos genricos e de referncia.

    Por ltimo, se o frmaco vencer todas essas barreiras e conseguir ser

    absorvido, estando no leito vascular, ele estar pronto para sofrer o segundo

    processo farmacocintico que o fenmeno da distribuio.

    O processo de distribuio compreende a passagem do frmaco da

    corrente circulatria para os lquidos intersticial (lquido presente nos espaos

    entre as clulas) e intracelular (lquido presente no interior das clulas).

  • 28

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    O frmaco quando entra na corrente circulatria, na grande maioria dos

    casos, estabelecer ligaes (geralmente reversveis) com protenas plasmticas,

    sempre numa proporo fixa que varia de frmaco para frmaco. Somente a

    poro que fica livre que passvel de sofrer o processo de distribuio e

    ir para todos os compartimentos pelos quais tenha afinidade. A afinidade,

    portanto, e a diferena de concentrao so os requisitos bsicos para que

    ocorra o processo de distribuio. Os frmacos s deixam o leito vascular

    porque existe muito frmaco no plasma em comparao com qualquer outro

    compartimento do organismo (aps o fim da absoro e antes do comeo da

    distribuio) e, no menos importante, o frmaco s ir se dirigir para tecidos

    com os quais tenha alguma afinidade com alguns dos componentes celulares

    presentes nestes locais.

    interessante notar que nem todos os locais do organismo recebero

    os frmacos. H locais praticamente impermeveis aos frmacos que

    so protegidos pelas chamadas barreiras orgnicas. Os locais com elevada

    importncia e que possam ter dificuldade de reparar um dano, como o

    caso do crebro, devem estar protegidos contra a entrada de substncias

    potencialmente txicas. Desse modo, esse rgo protegido pela barreira

    hematenceflica. claro que essa barreira no isola completamente o

    crebro. Se isso fosse verdade, todas as substncias que agem no crebro

    (como os antidepressivos, ansiolticos e antipsicticos, at mesmo o lcool)

    deveriam ser administradas diretamente no crebro (talvez com uma super

    seringa capaz de perfurar o crnio!) para ter efeito. E isso no verdade...

    um antidepressivo que voc faa uso na forma de um comprimido ser

    efetivo, o que prova que a barreira hematenceflica apenas uma dificuldade

    para algumas substncias entrarem no crebro, mas no um empecilho

    para todas elas. Da mesma forma, se um indivduo desenvolve os efeitos

    comportamentais do lcool depois de ingerir algumas latinhas de cerveja,

    porque o lcool, mesmo entrando pela boca, conseguiu de alguma forma

    transpor a barreira hematenceflica.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    29

    Outro local que no pode ser prejudicado por substncias potencilamente

    txicas o feto, j que um novo ser em formao e qualquer agente que

    possa interferir na organizao de um rgo pode levar a uma m-formao

    fetal. Por isso, existe outra barreira que separa a circulao da me da circulao

    do feto e chamada de barreira placentria. claro que algumas substncias

    conseguem atravessar a barreira placentria. Da a recomendao para no

    utilizar medicamentos no primeiro trimestre de gravidez, perodo no qual os

    rgos esto em formao. Nos incio dos anos 1960 houve uma catstrofe

    mundial, levando inmeros bebs a nascer sem um brao, sem uma perna

    ou at sem os dois braos e sem as duas pernas. Isso foi devido utilizao

    de talidomida, uma substncia que ficou popularizada como preventiva de

    enjos na gravidez, mas mostrou todo o seu poder destruidor. Se a talidomida

    causa m-formao fetal porque ela atravessa a barreira placentria.

    Desse modo fica claro observar que a barreira hematenceflica e a barreira

    placentria no so to eficazes na proteo do crebro e do feto, apenas

    colaborando para que diminuio da entrada de agentes txicos nesses locais.

    Aps o frmaco se dirigir a diversos tecidos, tanto para os quais o

    frmaco ir realizar alguma ao farmacolgica, como para os que servem

    como tecidos de reserva, o mesmo ir ser eliminado do organismo. E para

    isso, o frmaco precisa ser antes metabolizado. A metabolizao objetiva

    preparar o frmaco para a excreo. O principal local onde ocorre este

    processo o fgado, mas os pulmes, intestinos e sangue podem metabolizar

    vrios frmacos tambm.

    O resultado da metabolizao chamado de metablito, ou seja, um

    frmaco transformado no processo de metabolizao em um metablito,

    que pode ser farmacologicamente inativo, menos ativo ou, s vezes, mais

    ativo que a molcula original. Quando o prprio metablito a forma ativa,

    o composto original denominado pr-frmaco (por exemplo, enalapril).

    Assim, os pr-frmacos so compostos qumicos convertidos em substncias

    farmacologicamente ativas aps a metabolizao.

  • 30

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Como a metabolizao um processo que envolve enzimas produzidas

    no fgado, qualquer problema com o fgado ou com as enzimas pode alterar a

    metabolizao. Isso aumenta o tempo de meia-vida dos frmacos no organismo

    e pode levar a efeitos txicos. Doenas como cirrose, cncer heptico, utilizao

    crnica de drogas de abuso ou de medicamentos pode alterar o processo de

    metabolizao. Se a metabolizao for retardada, o efeito ser maior, podendo

    desenvolver efeitos txicos, como j comentado. Se a metabolizao for

    acelerada, o efeito pode diminuir tanto na intensidade como no perodo de

    durao. E tanto uma quanto outra situao extremamente preocupante.

    Por fim, aps o frmaco ser absorvido, distribudo e metabolizado, o

    mesmo dever ser eliminado do organismo. O bota-fora do frmaco

    ocorre pelo processo de excreo. Os frmacos podem ser excretados por vias

    incluindo os rins (urina), o trato gastrintestinal (bile e fezes), os pulmes (ar

    exalado), glndula mamria e suor, sendo as mais comuns a via renal e fecal.

    Sem sombra de dvida, a via de excreo renal a mais importante,

    tanto do ponto de vista qualitativo, como do ponto de vista quantitativo.

    Esse fato deve ser levado em conta quando se administra medicamentos

    em pacientes com algum grau de insuficincia renal. Uma dose que seria

    facilmente excretada por um indivduo com o sistema de eliminao normal,

    pode ser altamente txica para um insuficiente renal, j que o mesmo ter

    dificuldades para eliminar o frmaco. E enquanto o frmaco no vai embora,

    ele pode ficar circulando pelo organismo, ocupando receptores farmacolgicos

    e continuando a fazer o efeito.

    2 Farmacodinmica

    Os frmacos atuam, principalmente, pela interao com estruturas

    endgenas do organismo que chamamos de receptores farmacolgicos. A

    ligao ocorre de forma bem especfica, sendo que diferentes frmacos ligam-se

    a diferentes pontos de ligao, ou seja, a diferentes receptores farmacolgicos.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    31

    A interao frmaco-receptor ocorre de forma especfica, como se fosse uma

    chave sendo inserida em uma fechadura. Apenas chaves com o encaixe perfeito

    conseguem abrir a fechadura. Essa relao vlida para entendermos uma outra

    propriedade dos frmacos, que a capacidade de gerar uma resposta biolgica.

    Os frmacos podem ser classificados em agonistas e antagonistas. Um

    frmaco agonista consegue se ligar a um receptor e dessa ligao resulta

    efeito, ou seja, o frmaco consegue alterar uma funo do organismo que

    ir garantir o efeito farmacolgico. No nosso exemplo, o frmaco agonista

    pode ser entendido como uma chave que consegue entrar na fechadura (o

    receptor farmacolgico) e abri-la. J um frmaco antagonista o que ocupa

    um receptor, mas no faz efeito. O antagonista seria a chave que entra em

    uma fechadura, mas no consegue abri-la.

    Voc pode estar se perguntando se um frmaco que no faz efeito pode

    ser utilizado terapeuticamente. A resposta um grande sim. Em algumas

    doenas necessrio frear um sistema endgeno que esteja excessivamente

    ativado. Um caso bem ilustrativo a hipertenso arterial, em que uma ativao

    do sistema nervoso autnomo simptico alm dos valores normais acarreta a

    elevao da presso arterial. O sistema nervoso autnomo simptico atua por

    meio da liberao de noradrenalina, que por sua vez atua sobre receptores

    adrenrgicos para aumentar a fora e a freqncia dos batimentos cardacos,

    bem como para diminuir o calibre dos vasos sanguneos. O resultado disso

    tudo a elevao da presso arterial. No caso dos pacientes hipertensos, um

    frmaco que consiga se ligar aos receptores adrenrgicos, mas sem provocar

    nenhuma ao, til no sentido de impedir a atividade da noradrenalina. Da

    a grande importncia de frmacos antagonistas, em algumas situaes.

    Por ltimo, importante salientar que o efeito de um frmaco, resultante da

    interao frmaco-receptor farmacolgico, pode ser alterado ao longo do curso

    de um tratamento. Mesmo que a quantidade de frmaco permanea a mesma,

    assim como o nvel de ocupao de receptores, o efeito pode diminuir. Uma

    dessas situaes chamada de tolerncia, em que a perda da eficcia ocorre

  • 32

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    aps algumas semanas de uso do medicamento. Isso bem comum no caso

    dos benzodiazepnicos usados como hipntico-sedativos, ou seja, para fazer o

    paciente dormir. H tambm o caso de refratariedade, em que um medicamento

    perde ou nunca apresenta eficcia. Um exemplo so alguns pacientes depressivos

    que no respondem ao uso de antidepressivos. E no caso dos antibiticos, pode

    ocorrer resistncia farmacolgica, ou seja, as bactrias tornam-se resistentes aos

    agentes empregados e torna-se impossvel deter a infeco.

    3 Reconhecendo as diferenas entre farmacocintica e farma-codinmica

    Neste momento, voc j tem acumulado vrios conhecimentos, que vo

    auxiliar voc a resolver as questes propostas abaixo.

    1) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Fundao Cajuina) De forma simplificada,

    podemos considerar farmacodinmica como o estudo:

    a) dos efeitos adversos das drogas

    b) do uso das drogas na preveno e no tratamento das doenas.

    c) da absoro, distribuio, biotransformao e excreo das drogas.

    d) dos efeitos fisiolgicos dos frmacos nos organismos, seus mecanismos

    de ao e a relao entre concentrao do frmaco e efeito.

    2) Faa uma dupla com um colega e pea para ele te explicar como

    ocorre o processo farmacocintico de absoro e distribuio. Na sequncia,

    voc ir explicar para o seu colega como ocorre a metabolizao e a excreo

    de frmacos.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    33

    4 Auto-avaliao

    E como voc j est bem conhecedor das diferenas entre Farmacocintica

    e Farmacodinmica, pegue 10 medicamentos que voc tenha em casa

    (ou pegue na casa de parentes ou amigos) e tente responder as seguintes

    questes, analisando a embalagem, o produto em si e a bula:

    1) Qual a forma farmacutica?

    2) Qual a via de administrao utilizada?

    3) Como se d a absoro? (Ser que o frmaco administrado ser

    totalmente absorvido?)

    4) Quais locais do organismo esse frmaco pode alcanar?

    5) Como ocorre a metabolizao do frmaco?

    6) Que tipo de receptor o frmaco ir se ligar quando entrar no organismo?

  • 34

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

  • Unidade 3

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    37

    Quais os tipos de medicamentos disponveis no Brasil?

    Qual a diferena entre um medicamento aloptico, um fitoterpico e

    um homeoptico?

    Qual a diferena entre um medicamento de referncia, um medicamento

    genrico e um medicamento similar?

    Os medicamentos so classificados em alopticos, fitoterpicos e

    homeopticos. Dentre os medicamentos aolopticos, h uma segunda

    subdiviso, que os classifica em medicamentos de referncia, similares

    e genricos.

    O entendimento das diferenas existentes nas diversas classes de

    medicamentos fundamental para o trabalho em farmcia.

    1 Classificao de medicamentos

    No Brasil, os medicamentos podem ser classificados em medicamentos

    alopticos, que so a maioria, medicamentos homeopticos e medicamentos

    fitoterpicos. A grande maioria dos medicamentos disponveis em uma

    farmcia so os ditos alopticos. Na sequncia, vamos abordar os detalhes

    que caracterizam cada tipo de medicamento, pois muito importante voc

    saber reconhecer as diferenas entre os produtos farmacuticos com ao

    farmacolgica que podem ser dispensados em uma farmcia.

    Primeiramente vamos diferenciar os medicamentos fitoterpicos dos

    medicamentos homeopticos.

    Para ser considerado fitoterpico, um medicamento deve ter apenas

    substncias de origem vegetal como ingredientes ativos, mas desde que estes

    no se encontrem como compostos isolados. Dessa forma, um medicamento

  • 38

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    fitoterpico no pode conter frmacos de origem animal ou mineral, muito

    menos sintticos. E a simples presena de um nico frmaco isolado, mesmo que

    tenha sido extrado de uma planta, descaracteriza o produto como fitoterpico.

    E quanto aos medicamentos homeopticos, eles seguem os pressupostos

    da Homeopatia, um sistema mdico que surgiu h duzentos anos. E h

    duzentos anos provoca polmica! Para analisarmos a questo, necessrio

    um conhecimento prvio sobre a sua origem, os seus princpios e os seus

    medicamentos.

    Tudo comeou com o mdico alemo Samuel Hahnemann, que viveu entre

    1755 e 1843. Descrente das prticas mdicas da sua poca, como, por exemplo,

    as sangrias e o uso de purgativos, ambos para limpar o doente, Hahnemann

    desenvolveu um sistema mdico inovador, baseado em diversos princpios que

    teriam como objetivo final reorganizar a energia do indivduo. Esse novo sistema

    ficou conhecido como Homeopatia e toda a sua filosofia est descrita no

    Organon, obra escrita por Hahnemann, com a primeira edio de 1810.

    O primeiro e principal princpio homeoptico o princpio da cura pelo

    semelhante, o qual, inclusive, deu nome Homeopatia. Por esse princpio, a

    mesma substncia que causa uma doena no homem so capaz de eliminar

    essa condio patolgica quando administrada no homem doente.

    Mas como uma substncia que causa uma doena no vai agravar o

    estado de sade do doente e, ainda por cima, vai conseguir trazer a cura para

    o seu mal? A vem um outro princpio, o princpio das doses infinitesimais,

    ou seja, doses muito, mas muito, pequenas. Se voc achar estranho usar uma

    dose muito baixa, ainda resta uma explicao adicional, esta referente ao

    mtodo de preparo do medicamento homeoptico.

    Todo medicamento homeoptico deve ser produzido obedecendo

    s regras da edio em vigor da Farmacopia Homeoptica Brasileira, que

    preconiza que o produto final seja um medicamento dinamizado. Tudo

    comea com a matria-prima, que pode ser de origem vegetal, animal ou

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    39

    mineral. Como o medicamento deve conter quantidades muito pequenas da

    droga inicial, ou seja, doses infinitesimais, diversas diluies devem ocorrer. As

    trs escalas de diluio mais utilizadas so a decimal, a centesimal e a cinquenta

    milesimal, ou seja, o medicamento ser diludo 1 para 10, 1 para 100 ou 1

    para 50.000. Para cada diluio, o medicamento dever ser dinamizado. A

    dinamizao um processo que consiste em trituraes sucessivas, no caso

    de substncias no estado slido, ou sucusses (agitaes vigorosas, contnuas

    e ritmadas), no caso de substncias no estado lquido. Desse modo, apesar

    de o medicamento estar muito diludo, ele est dinamizado, o que em

    outras palavras significa dizer que a energia curativa da substncia original foi

    liberada para o medicamento pelo movimento mecnico proporcionado pela

    triturao ou pela sucusso.

    Como o medicamento homeoptico, segundo a prpria Homeopatia,

    demora para iniciar o seu efeito, nos casos de maior urgncia, em que perigo

    de vida e morte iminente no do tempo para a ao de um medicamento

    homeoptico... outras estratgias teraputicas devero ser utilizadas

    (Organon, pargrafo 67).

    No Brasil, a Homeopatia aportou nos anos 1840. De l para c, muita discusso

    se fez em torno da sua real eficcia no controle de diferentes doenas. Entretanto,

    a Homeopatia foi reconhecida como especialidade mdica pelo Conselho Federal

    de Medicina em 1980. Os conselhos de Medicina Veterinria e Farmcia tambm

    a consideram como prtica autorizada entre os seus profissionais.

    Mas afinal de contas, a Homeopatia funciona ou no funciona? At o

    momento, no h evidncias cientficas conclusivas de que esse sistema mdico

    seja eficaz, assim como tambm no h uma prova cabal de que ele no

    funcione. Independente de ser contra ou a favor da Homeopatia, o balconista

    de farmcia precisa saber identificar um medicamento homeoptico, pois so

    produtos que recebem autorizao da Anvisa para comercializao, apesar de

    existirem poucos representantes disponveis em farmcias.

  • 40

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Um ponto que deve ser esclarecido em relao aos medicamentos

    fitoterpicos e homeopticos diz respeito segurana desses produtos. O

    que muita gente escuta que os fitoterpicos ou homeopticos so isentos

    de risco, pois so naturais, mas isso no verdade. A possibilidade de ocorrer

    efeitos adversos, intoxicaes por sobredosagem e interao com outros

    medicamentos no exclusividade dos produtos alopticos. Qualquer

    medicamento, seja ele de origem sinttica, vegetal ou homeoptico, apresenta

    riscos inerentes ao seu uso.

    E por fim, os medicamentos alopticos so aqueles que no so nem

    fitoterpicos nem homeopticos. O que os caracteriza o fato de apresentarem

    como princpios ativos substncias sintticas ou semi-sintticas ou ainda naturais,

    mas na forma de compostos isolados, em associao ou no.

    Como os medicamentos alopticos representam a maior parte das vendas

    em uma farmcia, cabe ainda uma subdiviso desses produtos em medicamentos

    de referncia, medicamentos fitoterpicos e medicamentos hoemopticos.

    O medicamento de referncia um medicamento inovador, ou seja,

    um novo medicamento. A indstria farmacutica gasta mais de dez anos em

    pesquisas que consomem milhes de dlares para o desenvolvimento de um

    nico medicamento. Protegido por leis de propriedade industrial e inovao,

    todo novo produto farmacutico patenteado, o que permite indstria

    detentora do registro de patente a explorao comercial do medicamento

    inovador por vinte anos. Aps a expirao da patente, outras indstrias

    farmacuticas podem copiar a frmula de um medicamento inovador, que

    agora passa a se chamar medicamento de referncia, pois ele a referncia

    para a cpia. O medicamento copiado pode ser um medicamento similar

    ou um medicamento genrico. Mas qual a diferena entre um medicamento

    de referncia, um similar e um genrico?

    O medicamento de referncia, como j falado, o medicamento inovador

    que passa a ser copiado. O medicamento similar um equivalente farmacutico

    ao de referncia. Equivalncia farmacutica uma propriedade que garante

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    41

    que dois produtos tenham o mesmo frmaco, na mesma quantidade ou

    concentrao por unidade posolgica e se apresentem sob a mesma forma

    farmacutica. Por exemplo, se o medicamento de referncia tiver 50 mg do

    frmaco X por comprimido, um equivalente farmacutico ter essas mesmas

    caractersticas. O que pode diferir a natureza dos excipientes, ou seja, todas

    as outras substncias que entram na composio de um medicamento,

    mas que no apresentam atividade farmacolgica, apenas contribuem para

    aspectos farmacuticos da composio (como os conservantes, agregantes,

    antioxidantes ou emulsificantes, por exemplo).

    Para os medicamentos genricos, alm da equivalncia farmacutica,

    exigida a comprovao da equivalncia biolgica, tambm chamada de

    bioequivalncia, que consiste na constatao de que dois medicamentos

    possuem o mesmo perfil de absoro, o que em tese, um requisito para o

    mesmo efeito teraputico.

    De forma resumida, o que difere um medicamento similar de um genrico

    o fato de o similar apenas comprovar a equivalncia farmacutica. J para os

    genricos, h a necessidade de garantir tambm a bioequivalncia, parmetro

    que garante a intercambialidade entre medicamentos de referncia e genricos.

    Mas voc pode estar se perguntando se dois produtos possuem o mesmo

    frmaco, na mesma quantidade e na mesma forma farmacutica, o efeito no

    ser o mesmo?. A resposta no necessariamente!. O simples fato de ser

    a mesma coisa no garante fazer a mesma coisa. Um exemplo prtico ilustra

    bem a questo. Um cliente de uma farmcia relatou que viu o comprimido

    que havia ingerido anteriormente no coc. Sim, isso mesmo que voc

    acabou de ler. No coc! Por algum problema, provavelmente relacionado ao

    mtodo empregado na tecnologia de fabricao do comprimido, um defeito

    impediu o mesmo de se desintegrar no estmago liberando o frmaco para a

    absoro. Se o comprimido foi encontrado no coc porque o frmaco no foi

    absorvido e o efeito no ocorreu. Por isso, somente o medicamento genrico

    intercambivel com o medicamento de referncia, j que alm da comprovada

    equivalncia farmacutica, ele precisa comprovar ser bioequivalente.

  • 42

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Entretanto, a diferena entre genrico e similar, a partir de 2014, ser

    apenas no nome de cada produto; o similar sempre identificado por um nome

    comercial (nome de marca) e o genrico apenas pelo nome do frmaco, o nome

    genrico. Isso ocorre devido exigncia para que todos os medicamentos

    no inovadores, seja similar ou genrico, comprovem ser bioequivalentes ao

    de referncia correspondente. Essa exigncia vem desde 2003, mas atendeu a

    uma ordem de prioridade, abrangendo inicialmente os produtos considerados

    de maior risco, como antibiticos, antineoplsicos e antiretrovirais.

    Hoje, para voc identificar facilmente um medicamento genrico

    basta verificar se na embalagem externa consta a inscrio medicamento

    genrico, alm de uma letra G em maisculo, dentro de uma tarja amarela.

    2 Reconhecendo as diferenas entre medicamentos alopticos, fitoterpicos e homeopticos

    Rena-se com um colega e discuta com ele sobre as diferenas entre

    medicamentos alopticos, fitoterpicos e homeopticos.

    3 Reconhecendo as diferenas entre medicamentos de refern-cia, genricos e similares

    Considerando os conhecimentos acumulados at o momento, resolva as

    questes que tratam das diferenas entre os diferentes tipos de medicamentos.

    Todas essas questes foram retiradas de concurso e, portanto, um tema

    recorrente nesse tipo de prova.

    1) (Prefeitura Municipal de Vassouras - RJ, cargo: Atendente de Farmcia/

    2007; elaborao: UFF) A lei n. 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, dispes

    sobre a vigilncia sanitria, estabelece o medicamento genrico, dispes

    sobre a utilizao de nomes genricos em produtos farmacuticos e d

    outras providncias. De acordo com essa lei, o medicamento que contm o

    mesmo ou os mesmos princpios ativos, apresenta a mesma concentrao,

    forma farmacutica, via de administrao, posologia e indicao teraputica,

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    43

    preventiva ou diagnstica, do medicamento de referncia registrado no rgo

    federal responsvel pela vigilncia sanitria, podendo diferir somente em

    caractersticas relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade,

    embalagem, rotulagem excipientes e veculos, devendo sempre ser identificado

    por nome comercial ou marca, denominado de:

    a) similar;

    b) genrico;

    c) comercial;

    d) referncia;

    e) longitudinal.

    2) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de Farmcia/

    2010; elaborao: Fundao Cajuina) Contm o mesmo ou os mesmos

    princpios ativos, apresenta a mesma concentrao, forma farmacutica, via de

    administrao, posologia e indicao teraputica, preventiva ou diagnstica, do

    medicamento de referncia registrado no rgo federal responsvel pela vigilncia

    sanitria, podendo diferir somente em caractersticas relativas ao tamanho e forma

    do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veculos,

    devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.

    Tais informaes referem-se ao:

    a) medicamento inovador

    b) medicamento similar

    c) medicamento genrico

    d) medicamento intercambivel.

    3) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Fundao Cajuina) Em 10 de fevereiro de 1999,

  • 44

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    com a Lei 9.787, estabeleceram-se as bases legais para a implantao dos

    medicamentos genricos no Brasil. Considerando a retro citada legislao,

    assinale a alternativa CORRETA:

    a) Produto farmacutico intercambivel significa que equivalente

    teraputico de um medicamento de similar, comprovados, essencialmente, os

    mesmos efeitos de eficcia e segurana.

    b) A prescrio no mbito do SUS poder ser realizada mediante nome

    comercial, cabendo ao profissional farmacutico realizar o intercmbio entre

    os medicamentos de marca, genricos e/ou similares.

    c) Os medicamentos genricos podero ser inseridos no mercado

    farmacutico aps a expirao ou renncia da proteo patentria ou de

    outros direitos de exclusividades do medicamento de referncia.

    d) Bioequivalncia indica a velocidade e a extenso de absoro de um

    princpio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentrao/

    tempo na circulao sistmica ou sua excreo na urina.

    4 Auto-avaliao

    Para voc mesmo verificar se voc tem domnio sobre as diferenas que

    caracterizam as diferentes classes de medicamentos no Brasil, faa um teste

    com 20 medicamentos. Vale reunir os medicamentos encontrados em casa, na

    casa de amigos e parentes ou at mesmo uma visita farmcia mais prxima.

    Siga o roteiro abaixo:

    - o medicamento fitoterpico, homeoptico ou sinttico?

    - se o medicamento for sinttico, ele genrico ou no genrico

    (medicamento de referncia ou similar)?

  • Unidade 4

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    47

    Quais as principais classes farmacolgicas representadas pelos

    medicamentos de maior movimento em uma farmcia?

    O que garante que um medicamento seja classificado em uma ou em

    outra classe farmacolgica?

    Os medicamentos so produtos que contm um ou mais frmacos

    e so destinados para a preveno ou tratamento de doenas. Os

    medicamentos adquirem uma forma fsica, que caracteriza a forma

    farmacutica. A escolha da forma farmacutica deve levar em

    considerao a via de administrao.

    1 Classes farmacolgicas

    Outra classificao dos medicamentos leva em conta o efeito principal

    pelo qual eles so utilizados terapeuticamente. O objetivo deste captulo est

    longe de esgotar o assunto, pois isso seria tarefa para milhares de pginas.

    Entretanto, vamos passar algumas informaes bsicas sobre as principais

    classes de medicamentos disponveis nas farmcias do Brasil. Valem lembrar

    que o balconista no indica medicamentos para os clientes, apenas os entrega

    juntamente com informaes sobre o modo correto de uso. Somente o mdico

    e o cirurgio dentista esto habilitados e autorizados por lei para prescrever

    medicamentos. E os farmacuticos tambm podem indicar medicamentos,

    desde que no tarjados para os pacientes.

    Bom, vamos s principais classes de medicamentos:

    1) frmacos que atuam no sistema nervoso central

    1.1) antidepressivos: so frmacos indicados para a depresso e outros

    transtornos depressivos de humor. Exemplos: agomelatina, amitriptilina e

    fluoxetina.

  • 48

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    1.2) estabilizadores de humor: frmacos indicados para o tratamento do

    transtorno bipolar de humor. Exemplo: ltio.

    1.3) ansiolticos: indicados para os transtornos de ansiedade, como

    transtorno de estresse ps-traumtico e transtorno de ansiedade generalizada.

    Exemplos: bromazepam e diazepam.

    1.4) hipntico-sedativos: indicados para induzir o sono. Exemplos:

    midazolam e zolpidem.

    1.5) anticonvulsivantes: indicados para transtornos epileptiformes.

    Exemplos: carbamazepina e topiramato.

    1.6) antiparkinsonianos: indicados para o tratamento de Mal de

    Parkinson. Exemplos: biperideno e levodopa + carbidopa.

    2) frmacos que atuam no sistema cardiovascular

    1.1) frmacos para insuficincia cardaca congestiva: Exemplos:

    1.2) antiarrtmicos: indicados para o tratamento de arritimias cardacas.

    Exemplos: adenosina, sotalol.

    1.3) anti-hipertensivos: indicados para o tratamento da hipertenso

    arterial.

    1.3.1) simpatolticos: doxazosina, propranolol.

    1.3.2) vasodilatadores: hidralazina, nitroprusseto de sdio.

    1.3.3) diurticos: furosemida, hidroclorotiazida.

    1.3.4) outros frmacos: captopril, losartano.

    3) frmacos do aparelho respiratrio

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    49

    3.1) antitussgenos: inibem o reflexo da tosse. Exemplos: cloperastina,

    dropropizina.

    3.2) expectorantes e mucolticos: promovem a expectorao. Exemplos:

    ambroxol, carbocistena.

    3.3) frmacos para o resfriado: aliviam os sintomas do resfriado comum.

    Exemplos: nafazolina, paracetamol.

    3.4) antiasmticos: indicados para a profilaxia de crises agudas de

    asma ou para o alvio do broncoespasmo, quando j instalado. Exemplos:

    salbutamol, zafirlucaste.

    4) frmacos que atuam no trato gastrintestinal

    4.1) anti-secretores: frmacos utilizados no tratamento da gastrite e

    lcera pptica

    4.2) anticidos: aliviam os sintomas de azia e queimao. Exemplos:

    bicarbonato de sdio e hidrxido de alumnio.

    4.3) antidiarreicos: indicados para casos de diarreia. Exemplos: loperamida

    e racecadotrila.

    4.4) laxantes e purgantes: indicados para casos de constipao intestinal.

    Exemplos: metilcelulose e leo mineral.

    4.5) digestivos: auxiliam o processo da digesto no trato gastrintestinal.

    Exemplos: alcachofra, boldo.

    4.6) espasmolticos ou antiespasmdicos: reduzem a motilidade do

    trato gastrintestinal, aliviando os espasmos viscerais. Exemplos: atropina,

    escopolamina.

  • 50

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    5) frmacos que interferem no metabolismo e nutrio:

    5.1) anorexgenos: auxiliam no tratamento de perda de peso por

    promover a reduo ou perda de apetite ou, ainda, a absoro de gorduras.

    Exemplos: orlistate, sibutramina.

    5.2) antiddiabticos: indicados para casos de diabetes mellitus. Exemplos:

    insulina glargina, metformina.

    5.3) frmacos para hipotireoidismo: indicados para casos de

    hipotireoidismo. Exemplos: levotiroxina.

    5.4) frmacos para hipertireoidismo: indicados para casos de

    hipertireoidismo. Exemplos: propiltiouracila.

    5.5) agentes que afetam a calcificao: usados para distrbios no

    metabolismo do clcio. Exemplos: cido zoledrnico, calcitonina.

    5.6) frmacos que atuam no metabolismo do cido rico: Exemplos:

    6) vitaminas: substncias essenciais ao metabolismo dos seres

    vivos, necessrias em quantidades muito pequenas.

    6.1) vitaminas hidrossolveis: vitaminas solveis em gua. Exemplos:

    cido ascrbico, piridoxina.

    6.2) vitaminas lipossolveis: solveis em lipdios. Exemplos: betacaroteno,

    tocoferol.

    7) anticoncepcionais: indicados para evitar gravidez. Exemplos:

    etinilestradiol, levonorgestrel.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    51

    8) antialrgicos: indicados para casos de alergias. Exemplos:

    dexclorfeniramina, pimetixeno.

    9) frmacos usados na dor e na inflamao: indicados para

    condies que apresentam dor ou inflamao. Exemplos: cido

    acetilsaliclico, diclofenaco de sdio.

    10) frmacos usados em infeces

    10.1) antivirais: indicados para infeco causada por vrus. Exemplos:

    captopril, osseltamivir.

    10.2) antibacterianos: indicados para infeco causada por bactrias.

    Exemplos: amoxicilina, ciprofloxacino.

    10.3) antifngicos: indicados para infeco causada por fungos.

    Exemplos: cetoconazol, nistatina.

    10.4) antiparasitrios: indicados para parasitoses. Exemplos: benznidazol,

    cloroquina.

    2 Revisando os conceitos sobre as principais classes farmaco-lgicas disponveis em uma farmcia

    A seguir, uma questo de concurso reflete bem a importncia de conhecer

    as classes teraputicas dos diferentes frmacos que entram na composio

    dos medicamentos disponveis em uma farmcia.

    1) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Fundao Cajuina) Os medicamentos a seguir

    so todos utilizados como antiinflamatrios no esterides, exceto:

    a) diclofenaco de sdio

  • 52

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    b) fenilbutazona.

    c) betametasona.

    d) piroxicam.

    Resolvida a questo, forme uma dupla com um colega. Cada um dever

    escrever o nome de 10 medicamentos em um papel. O outro tentar acertar

    qual o nome do frmaco desses medicamentos e quais classes teraputicas

    eles pertencem. Voc, e seu colega, poder pedir auxlio ao professor ou

    consultar algum livro sobre medicamentos para verificarem os erros e acertos.

    Auto-avaliao

    Como existe milhares de medicamentos no mercado, seria impossvel

    relaciona-los todos neste material. Por isso, voc vai selecionar 50 medicamento

    diferentes e tentar memorizar o nome do frmaco e a classe teraputica a que

    pertence. Voc poder contar com a ajuda do seu professor, de um farmacutico

    ou de um colega para esta primeira etapa. Depois de uma semana, voc vai

    verificar qual o nome do frmaco e a classe teraputica desses medicamentos.

    Siga as instrues contidas no quadro abaixo, para orientao.

    nmero de acertos o que fazer

    40-50 Parabns, voc tem uma boa capacidade para memorizar dados sobre medicamentos; repita a tarefa com outros 50 medicamentos.

    20-39 Voc se saiu bem, mas pode melhorar o seu desempenho; refaa o teste com os mesmo medicamentos para tentar melhorar a sua marca. Na sequncia, repita a tarefa com outros 50 medicamentos diferentes.

    0-19 Voc no foi bem, mas no desista. Estude novamente todas as informaes que precisa saber (nome do frmaco e classe teraputica), tentando estabelecer alguma associao entre os diferentes nomes. Isso ajuda a memorizar todos os dados. Tente novamente e verifique a sua pontuao.

  • Unidade 5

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    55

    Como uma farmcia deve ser organizada?

    Quais as atribuies do balconista de farmcia na organizao da

    farmcia?

    A organizao de uma farmcia de fundamental importncia

    para que ela seja tanto atrativa para os clientes quanto atenda s

    exigncias da legislao sanitria. O balconista de farmcia ser

    o profissional responsvel por vrias etapas da organizao dos

    estabelecimentos farmacuticos.

    1 Organizao da farmcia

    1.1 Infra-estrutura fsica

    O imvel que receber uma farmcia dever ser construdo ou adaptado

    com infra-estrutura que seja compatvel com as atividades desenvolvidas.

    O nmero de ambientes na farmcia ir variar de acordo com os servios

    oferecidos, mas, no mnimo, cada farmcia tem que possuir alm da rea

    destinada para a dispensao de medicamentos, ambientes adicionais para

    o recebimento e armazenamento dos produtos, depsito de material de

    limpeza, espao destinado s atividades administrativas, alm de sanitrio.

    As superfcies internas do piso, paredes e teto devem ser lisas,

    impermeveis e lavveis, resistindo aos agentes sanitizantes comumente

    empregados. Os espaos devem estar livres da presena de insetos e roedores.

    Os itens que no devem faltar no sanitrio so: pia com gua corrente e

    toalha de uso individual e descartvel, sabonete lquido, lixeira com pedal e tampa.

  • 56

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Como os funcionrios da farmcia necessitam levar pertences pessoais

    ao local de trabalho, deve haver um local especfico destinado para a guarda

    dos pertences, no ambiente das atividades administrativas.

    12 Recebimento dos produtos

    O recebimento dos produtos deve ser realizado em rea especfica e por

    pessoa treinada e em conformidade com Procedimento Operacional Padro

    (POP). O nome, o nmero do lote e o fabricante dos produtos adquiridos

    devem estar discriminados na nota fiscal de compra e serem conferidos no

    momento do recebimento.

    Somente produtos que atendam aos critrios definidos para a aquisio e

    que tenham sido transportados de acordo com as especificaes do fabricante

    podem ser recebidos. Vrios itens devero ser conferidos no momento

    do recebimento: o bom estado de conservao do produto, a legibilidade

    do nmero de lote e do prazo de validade e a presena de mecanismo de

    conferncia da autenticidade e origem do produto. Esses cuidados visam

    proteger o consumidor de medicamentos contra produtos falsificados,

    corrompidos, adulterados, alterados ou imprprios para o uso.

    Se o balconista tiver suspeita de que os produtos tenham sido falsificados,

    corrompidos, adulterados, alterados ou estejam imprprios para uso, estes

    devem ser imediatamente separados dos demais produtos, em local diferente

    daquele destinado para a dispensao. Deve haver uma identificao nos

    produtos que tenham sido separados, na qual conste o motivo da suspeita e

    a proibio de dispensao. Na sequncia, a autoridade sanitria municipal

    (Vigilncia Sanitria) dever ser comunicada do ocorrido, assim como a

    distribuidora de medicamentos e a indstria produtora do medicamento.

    13 Condies de armazenamento

    O armazenamento deve considerar as especificaes do fabricante e

    deve garantir a manuteno da identidade, integridade, qualidade, segurana,

    eficcia e rastreabilidade dos produtos.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    57

    O ambiente destinado ao armazenamento deve ser mantido limpo,

    protegido da ao direta da luz solar, umidade e calor, de modo a preservar

    a identidade e integridade qumica, fsica e microbiolgica dos produtos

    farmacuticos, garantindo a qualidade e segurana dos mesmos. Para aqueles

    produtos que exigem refrigerao, devem ser obedecidas as especificaes

    contidas na embalagem. A temperatura da geladeira, nesses casos, deve ser

    medida e registrada diariamente.

    Os produtos podem ser armazenados em armrios ou prateleiras,

    desde que afastados do piso, parede e teto. Para os medicamentos sujeitos

    a controle especial (aqueles que devem ter a receita retida na farmcia,

    tambm chamados de medicamentos controlados) a farmcia precisa

    manter um sistema segregado para armazenamento, com chave que deve

    ficar sob responsabilidade do farmacutico. Entende-se por segregao, a

    separao desses medicamentos dos demais disponveis na farmcia. Pode-

    se utilizar tanto um armrio com uma sala prpria, destinada exclusivamente

    para esta finalidade.

    Os produtos violados, vencidos, sob suspeita de falsificao, corrupo,

    adulterao ou alterao devem ficar armazenados num ambiente diferente

    da rea de dispensao e identificados quanto a sua condio e destino, de

    modo a evitar sua entrega para um cliente. Esses produtos no podem ser

    comercializados ou utilizados.

    14 Organizao e Exposio dos Produtos

    Os produtos devem ser organizados em rea de circulao comum ou em

    rea de circulao restrita aos funcionrios, conforme o tipo e categoria do produto.

    Todos os medicamentos devem permanecer em rea de circulao restrita

    aos funcionrios, no sendo permitido que estejam ao alcance dos clientes.

    Os artigos de higiene pessoal, cosmticos e perfumaria podem e devem ficar

    expostos na rea de circulao comum, ao alcance dos clientes.

  • 58

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    15 Limpeza dos ambientes

    O procedimento de limpeza do espao para a prestao de servios

    farmacuticos deve ser registrado e realizado diariamente no incio e ao trmino

    do horrio de funcionamento. O ambiente deve estar limpo antes de todos os

    atendimentos nele realizados, a fim de minimizar riscos sade dos usurios e

    dos funcionrios do estabelecimento. Aps a prestao de cada servio deve ser

    verificada a necessidade de realizar novo procedimento de limpeza.

    16 Recursos Humanos

    Todos os funcionrios devem estar identificados. Uma forma fcil e barata

    de identificao o uso de crachs. Alm da identificao individual, pode

    haver uma identificao visual para distinguir os funcionrios da farmcia

    do pblico em geral, pelo uso de uniformes, o que no obrigatrio, mas

    caso seja institudo, os uniformes devem ser fornecidos pela empresa, sem

    nus para o funcionrio. Como cada colaborador precisa se apresentar com

    uniformes limpos e em boas condies de uso, a empresa deve fornecer um

    nmero suficiente de uniformes, uma vez que eles devem ser usados por no

    mximo um dia. A cada seis meses, a empresa deve fornecer novos uniformes.

    Todos os equipamentos de proteo individual (EPI), usados para

    proteo do funcionrio, do usurio e do produto contra contaminao ou

    outros danos, devem ser disponibilizados pela farmcia. No entanto, se

    obrigao da farmcia fornecer os EPIs, obrigao do funcionrio utilizar os

    EPIs. Dependendo dos servios oferecidos na farmcia, os tipos de EPIs podem

    variar, mas todos os detalhes, como especificao do EPI, situao que exige

    o seu uso, bem como as formas corretas de utilizao e descarte, devem estar

    descritas em um procedimento operacional padro, tambm conhecido

    pela sigla POP.

    dever de cada farmcia oferecer cursos de capacitao a todos os

    balconistas, a fim de repassar informaes sobre a legislao sanitria vigente

    e sobre os Procedimentos Operacionais Padro (POPs) do estabelecimento.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    59

    Esses cursos de capacitao devem ocorrer na forma de treinamento inicial

    e continuado, abordando temas como autocuidado, higiene pessoal e de

    ambiente, sade, noes de Microbiologia, etc.

    2 Retomando os principais pontos da organizao de uma far-mcia

    Abaixo esto algumas questes de concurso referentes ao tema deste

    captulo. Para respond-las, voc vai precisar de algumas informaes

    adicionais fornecidas pelo seu professor ou obtidas em pesquisa a livros e

    sites da Internet especializados em medicamentos.

    1) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Fundao Cajuina) Em relao s Boas Prticas

    de Armazenamento e Dispensao de Medicamentos INCORRETO afirmar:

    a) Na rea de armazenamento a ventilao pode ser natural, com

    iluminao artificial atravs de lmpadas fluorescentes, porm no incidindo

    luz solar sobre os produtos.

    b) Medicamentos termolbeis so aqueles que apresentam oscilao de

    temperatura, devendo ser armazenados entre - 20 C a +25 C, para sua

    conservao.

    c) Imunobiolgicos: Nessa rea ficam armazenados soros e vacinas,

    produtos que necessitam, para sua conservao, tanto de uma baixa

    temperatura de congelamento (-20C) como, em outros casos, temperatura

    de resfriamento (+ 4 C a +8 C). Por esse motivo, importante que o setor

    defina os equipamentos de frio de acordo com as necessidades.

    d) Os medicamentos sujeitos a controle especial (Portaria n344/98)

    precisam estar em rea isolada das demais, caracterizadas como de segurana

    mxima (armrio fechado).

  • 60

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    2) (Prefeitura Municipal de Tiet, SP, cargo: Auxiliar de Farmcia/

    2010; elaborao: Moura Melo Concursos) Onde devem ser armazenados

    medicamentos sem necessidade de refrigerao?

    a) Prateleiras e armrios.

    b) Em qualquer lugar onde haja espao.

    c) No cho.

    d) Em caixas, no cho.

    3) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) Estabelecimento de dispensao e

    comrcio de drogas, medicamentos, insumos farmacuticos e correlatos em

    suas embalagens originais. Segundo a Lei n. 5991/73, tal descrio refere-se:

    a) Farmcia.

    b) Ervanaria.

    c) Dispensrio de medicamentos.

    d) Drogaria.

    e) Drugstore.

    4) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) Segundo a Lei n. 5991/73, a

    dispensao de plantas medicinais privativa de:

    a) Somente farmcias.

    b) Qualquer empresa que dispensa medicamentos.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    61

    c) Farmcias e drogarias.

    d) Farmcias e ervanarias.

    e) Farmcias, ervanarias e drogarias.

    5) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) As Portarias 27 e 28 da DIAMED

    foram substitudas pela Portaria que trata de:

    a) Boas prticas de manipulao de medicamentos.

    b) Boas prticas de dispensao de medicamentos.

    c) Boas prticas de produo de medicamentos.

    d) Controle Sanitrio do Comrcio de Drogas, Medicamentos, Insumos

    Farmacuticos e Correlatos.

    e) Regulamento Tcnico sobre substncias e medicamentos sujeitos a

    controle especial.

    6) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Consulplan) Segundo a legislao brasileira,

    desinfetantes so substncias:

    a) Destinadas ao combate, preveno e ao controle dos insetos em

    habitaes, recintos e lugares de uso publico e suas cercanias.

    b) Destinadas a destruir, indiscriminada ou seletivamente, micro-

    organismos, quando aplicados em objetos inanimados ou ambientes.

    c) Destinadas ao combate a ratos, camundongos e outros roedores,

    em domiclios, embarcaes, recintos e lugares de uso pblico, contendo

  • 62

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    substancias ativas, isoladas ou em associao, que no ofeream risco a vida

    ou a sade do homem e dos animais teis de sangue quente, quando aplicadas

    em conformidade com as recomendaes contidas em sua apresentao.

    d) Destinadas ao asseio ou desinfeco corporal, compreendendo

    sabonetes, xampus, dentifrcios, enxaguatrios bucais, antiperspirantes,

    desodorantes, produtos para barbear e aps o barbear, estpticos e outros.

    e) nenhuma das alternativas.

    3 Auto-avaliao

    V at uma farmcia, verifique as condies de exposio dos produtos

    farmacuticos: medicamentos, cosmticos e correlatos. Faa uma avaliao

    das condies e redija uma proposta para melhorar um ou mais aspectos da

    organizao da farmcia. Feito isso, consulte o texto deste captulo e pesquise

    em outras fontes para verificar se a sua proposta est correta.

  • Unidade 6

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    65

    O que dispensao de medicamentos?

    Quais os cuidados necessrios para uma boa dispensao?

    A dispensao de medicamentos uma das atividades mais

    importantes em uma farmcia e consiste na entrega dos

    medicamentos juntamente com as informaes que garantam

    a utilizao correta destes produtos. O balconista de farmcia

    precisa conhecer muitos detalhes sobre os medicamentos, como

    composio, reaes adversas e interaes, para auxiliar o

    farmacutico na dispensao adequada.

    1 Dispensao de medicamentos

    A dispensao farmacutica a prtica pela qual um medicamento

    entregue ao consumidor juntamente com uma srie de informaes que vo

    garantir a utilizao correta deste produto. A dispensao uma atividade

    que deve ser executada pelo farmacutico com o auxlio dos balconistas de

    farmcia. Para isso, aqui esto algumas informaes que vo auxili-lo a

    entender a dinmica do processo, mas volto a insistir que somente a prtica

    profissional e muito estudo adicional iro fornecer os subsdios necessrios

    para uma boa dispensao.

    Vrios documentos legais regulamentam a dispensao farmacutica.

    Um dos mais importantes e recentes a Resoluo da Diretoria Colegiada

    RDC n. 44, de 17 de agosto de 2009, que dispe sobre Boas Prticas

    Farmacuticas para o controle sanitrio do funcionamento, da dispensao

    e da comercializao de produtos e da prestao de servios farmacuticos

    em farmcias e drogarias e d outras providncias. Entende-se por Boas

    Prticas Farmacuticas o conjunto de tcnicas e medidas que visam assegurar

    a manuteno da qualidade e segurana dos produtos disponibilizados e dos

  • 66

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    servios prestados em farmcias e drogarias, com o fim de contribuir para o

    uso racional desses produtos e a melhoria da qualidade de vida dos usurios.

    Todos os produtos dispensados em uma farmcia devem estar

    regularizados junto Anvisa. A aquisio de produtos deve ser feita por meio

    de distribuidores legalmente autorizados e licenciados.

    A lista de medicamentos genricos atualizada deve estar disponvel em

    verso impressa para os clientes a consultarem.

    No ato da dispensao, o cliente dever ser informado sobre a posologia,

    a influncia dos alimentos, a interao com outros medicamentos, o

    reconhecimento de reaes adversas potenciais e as condies de conservao

    do produto, entre outras informaes.

    Os medicamentos sujeitos prescrio somente podem ser dispensados

    mediante apresentao de receita mdica ou odontolgica. muito importante

    observar se a receita atende aos seguintes pontos:

    1. est legvel;

    2. no contm rasuras;

    3. apresenta identificao do paciente;

    4. apresenta os dados do medicamento como nome, concentrao

    do frmaco, forma farmacutica, dose e quantidade e durao do

    tratamento;

    5. indica o local e a data da emisso;

    6. apresenta identificao do profissional prescritor (nome e nmero

    do registro junto ao conselho de classe; no caso dos mdicos, o

    nmero do registro junto ao CRM - Conselho Regional de Medicina

    e, no caso dos cirurgies-dentistas, o nmero do registro do CRO -

    Conselho Regional de Odontologia);

    7. apresenta a assinatura do prescritor.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    67

    De forma rpida, vamos observar as diferenas na dispensao dos

    medicamentos, quanto classificao em de referncia, genricos e similares.

    - medicamentos de referncia: podem ser dispensados quando a receita

    indicar o nome genrico do frmaco (componente ativo do medicamento) ou

    o nome de marca do produto de referncia;

    - medicamentos genricos: poder ser dispensado quando a receita

    indicar o nome genrico do frmaco componente ativo do medicamento,

    mas no caso de constar o nome de marca do produto de referncia, o

    genrico pode ser dispensado no lugar, desde que obedecendo a trs pontos

    fundamentais: ser desejo do cliente, no existir oposio formal (por escrito,

    na prpria receita) e ocorrer mediante o farmacutico.

    - medicamentos similares: somente podem ser dispensados quando a

    receita indicar o nome de marca do medicamento em questo.

    Voc deve estar se perguntando como que faz para saber se um

    medicamento de referncia ou um similar. Para isso, basta dar uma

    olhadinha na lista de medicamentos genricos disponveis na farmcia (ou

    na pgina eletrnica da Anvisa). A lista traz a relao de medicamentos

    de referncia para cada frmaco que j esteja liberado para cpia. Se um

    medicamento no estiver na relao, ele similar, j que s os genricos e os

    seus correspondentes medicamentos de referncia integram essa listagem.

    Quando o medicamento separado para posterior entrega ao cliente,

    uma rpida inspeo visual deve ser feita para verificar a identificao do

    medicamento, o prazo de validade e a integridade da embalagem.

    Uma prtica proibida a captao de receitas, ou seja, aquela situao

    em que uma farmcia recebe uma receita de medicamento manipulado

    para ser manipulado em outra farmcia. As receitas para medicamentos

    manipulados devem ser entregues somente em farmcias de manipulao.

    Se um produto estiver prximo do prazo de validade expirar, o cliente

    deve ser informado.

  • 68

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    11 Qualidade no atendimento

    A qualidade no atendimento passa pela satisfao do cliente, portanto

    voc deve atender ou superar as expectativas do pblico consumidor. O

    atendimento deve ser diferenciado, de modo que o cliente sinta-se valorizado.

    Assim que ele entrar na farmcia, receba-o com cordialidade. Mesmo que voc

    esteja atendendo outro cliente, faa um sinal de que notou a sua presena.

    Quando iniciar o atendimento, cumprimente o cliente, chamando-o pelo

    nome, caso seja de seu conhecimento. Desculpe-se por qualquer demora que

    possa ter ocorrido e demonstre um interesse verdadeiro pelo seu problema.

    Descubra a real necessidade e mantenha-se calmo, mesmo diante da irritao

    que por ventura alguns clientes possam demonstrar. Em caso de dvida, pea

    licena ao cliente e converse com o farmacutico-responsvel pela farmcia.

    Ningum obrigado a saber tudo sobre tudo. Uma postura pr-ativa e

    responsvel percebida pelo cliente de forma positiva.

    No momento da dispensao, o balconista deve repassar informaes sobre:

    - o nome do medicamento;

    - a indicao teraputica do medicamento;

    - a posologia;

    - o modo de usar;

    - as precuaes;

    - os efeitos adversos que podem ocorrer;

    - as interaes (frmaco x frmaco; frmaco x alimento; frmaco x

    exames laboratoriais);

    - outras informaes que sejam indispensveis, dependendo de cada caso.

    Todos os medicamentos tarjados (tarja preta ou vermelha) somente

    podero ser dispensados mediante a apresentao (e reteno, em alguns

    casos) da receita expedida por mdico ou cirurgio-dentista.

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    69

    Os medicamentos no-tarjados podem ser dispensados sem apresentao

    de receita mdica ou odontolgica. Nesses casos, a dispensao ocorre por

    indicao do farmacutico. Entre os produtos de dispensao sem exigncia

    de prescrio mdica ou odontolgica, destacam-se:

    - profilticos da crie;

    - antisspticos bucais;

    - solues isosmticas, de cloreto de sdio;

    - anticidos;

    - colagogos e colerticos;

    - laxantes;

    - absorventes intestinais;

    - digestivos contendo enzimas;

    - suplementos dietticos;

    - vitaminas;

    - tnicos para uso oral;

    - preparaes contendo ferro;

    - analgsicos no narcticos;

    - antiinflamatrios no-esteroidais de uso tpico;

    - emolientes e protetores da pele e mucosas;

    - cicatrizantes, adstringesntes, antisspticos e desinfetantes de uso tpico;

    - alguns produtos fitoterpicos.

  • 70

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    2 Exercitando as habilidades exigidas para a boa dispensao

    A seguir, resolva uma questo relacionada ao tema deste captulo.

    1) (Prefeitura Municipal de Francinpolis - PI, cargo: Atendente de

    Farmcia/ 2010; elaborao: Fundao Cajuina)

    A receita mdica oriunda do setor pblico somente poder ser aviada

    atendendo os seguintes requisitos sanitrios:

    a) Legibilidade e ausncia de rasuras ou emendas.

    b) Identificao da substncia ativa com DCB ou DCI, concentrao/

    dosagem, forma farmacutica, quantidades e respectivas unidades e posologia

    c) Identificao e dados do paciente, modo de usar; local e data da

    emisso; assinatura e identificao do prescritor com o nmero de registro no

    respectivo conselho.

    d) todas as alternativas esto corretas.

    3 Auto-avaliao

    E agora que voc j est familiarizado com a diferena dos termos

    frmaco, medicamento, forma farmacutica e via de administrao,

    voc dever testar os seus conhecimentos com cinco medicamentos

    encontrados na sua casa (ou na casa de amigos).

    4 Venda de antibiticos com reteno de receita: avano para a sade pblica

    Publicado no jornal A Folha de Palmas, edio 696, p. 11 10 de

    novembro de 2010, autor: Rodrigo Batista de Almeida

    A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) publicou em

    outubro a RDC 44/10 que exige um controle mais rigoroso na dispensao de

    antibiticos. Se antes, esses medicamentos deveriam ser vendidos somente

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    71

    sob prescrio mdica, o que de fato no ocorria, agora, as farmcias precisam

    reter a receita mdica e registrar oficialmente cada venda de antibitico para

    fins de controle sanitrio. Mas afinal de contas, era preciso tudo isso?

    Bom... vou tentar contar a histria por completo. A humanidade sempre

    conviveu com doenas infecciosas de uma forma muito trgica. Cidades inteiras

    sofreram um colapso demogrfico na Idade Mdia por ondas sucessivas de

    epidemias de varola, tifo e peste. A vida era efmera, cercada por sequelas,

    pesar e luto. No no to longnquo sculo XIX a expectativa de vida na Europa

    era de menos de 50 anos. Eis que uma revoluo acontece: o surgimento dos

    antibiticos! Ao lado de campanhas de vacinao, os antibiticos foram um

    grande aliado no combate s doenas infecciosas e sem dvida foi um dos

    fatores que promoveu o crescimento populacional mundial.

    O que no era esperado foi o desenvolvimento da resistncia microbiana,

    ou seja, a perda da eficcia de um antibitico em controlar uma infeco.

    O grande problema que a resistncia a esses medicamentos ocorre muito

    mais rapidamente do que o desenvolvimento de novos antibiticos, apesar do

    grande esforo em pesquisa. A resistncia microbiana pode nos levar de volta

    era pr-antibitica!

    Um dos principais fatores que colaboram para a resistncia microbiana

    a banalizao no uso dos antibiticos. E por isso que se justifica o controle

    na venda desses medicamentos, o qual pode parecer um absurdo hoje, em

    2010, mas que, em longo prazo, ir colaborar para a reduo da resistncia

    microbiana e de superinfeces que tanto vitimam os mais vulnerveis:

    imunocomprometidos, crianas e idosos. Essa uma medida que nos tornar

    mais civilizados. Se hoje, muitos podem repudiar essa lei, daqui a muito

    pouco tempo, ns nos lembraremos de um modo quase que jocoso do tempo

    em que se podia comprar um antibitico sem receita, na farmcia da esquina.

    No se esqueam que h bem pouco tempo era perfeitamente aceitvel ou

    justificvel fumar em ambientes fechados, beber e dirigir, acomodar crianas

    no banco da frente, no usar o cinto de segurana, bater em mulher, bater

  • 72

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    em criana... E hoje? Somente depois da criao de leis especficas que

    punem com multa, ou at priso para algumas situaes, que comeamos a

    repudiar esses delitos/crimes. Hoje impensvel (ou inconfessvel) andar sem

    o cinto de segurana, beber e dirigir ou bater em mulher. Espero que daqui a

    um ano, comprar antibitico sem receita mdica seja inimaginvel!

  • Unidade 7

  • Anotaes

  • BALC

    ON

    ISTA

    DE

    FARM

    C

    IA

    75

    Que servios farmacuticos uma farmcia pode prestar?

    O que no pode faltar na prestao dos servios farmacuticos?

    A dispensao de medicamentos uma das atividades mais

    importantes em uma farmcia e consiste na entrega dos

    medicamentos juntamente com as informaes que garantam

    a utilizao correta destes produtos. O balconista de farmcia

    precisa conhecer muitos detalhes sobre os medicamentos, como

    composio, reaes adversas e interaes, para auxiliar o

    farmacutico na dispensao adequada.

    1 Servios farmacuticos

    Alm da dispensao, as farmcias podero oferecer os seguintes servios

    farmacuticos:

    - aferio da presso arterial;

    - aferio da temperatura corporal;

    - determinao de glicemia capilar;

    - administrao de medicamentos (injetveis e inalantes);

    - a perfurao do lbulo auricular para colocao de brincos.

    importante lembrar que as medidas de presso arterial e glicemia no

    constituem um diagnstico, servindo apenas para o acompanhamento de

    pacientes hipertensos e diabticos. Em caso de valores acima dos considerados

    como normais, o usurio dever ser orientado a procurar um mdico.

    Outra recomendao importante em relao aos medicamentos: nenhum

    medicamento poder ser indicado ou ter o seu modo de usar alterado pelos

    balconistas de farmcia.

  • 76

    BALC

    ON

    ISTA D

    E FARM

    C

    IA

    Os aparelhos e acessrios utilizados para a medio de qualquer

    parmetro fisiolgico ou bioqumico devem possuir registro, notificao,

    cadastro junto Anvisa.

    Para cada procedimento haver um POP descrevendo claramente, passo

    a passo, as etapas de realizao, especificando os equipamentos e as tcnicas

    ou metodologias utilizadas, parmetros de interpretao de resultados e as

    referncias bibliogrficas utilizadas. Os POPs devem citar os equipamentos de

    proteo individual (EPIs) a serem utilizados, trazendo orientaes sobre seu

    uso e descarte.

    Os resduos de sade, gerados por alguns procedimentos, como materiais

    perfurocortantes, gaze ou algodo sujos com sangue, devero ser descartados

    conforme as normas para Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade.

    Quanto ao ambiente destinado aos servios farmacuticos, este deve

    ser diverso daquele destinado dispensao e deve permitir privacidade e

    conforto aos clientes. Portanto, tudo deve ser pensado previamente antes de

    organizar a farmcia. As dimenses do espao, o mobilirio e a infra-estrutura

    devem ser compatveis com as atividades e servios a serem oferecidos.

    Um dos cuidados que todo balconista de farmcia ter que tomar antes

    de se envolver em qualquer servio farmacutico a higienizao das mos,

    que envolve primeiramente uma higienizao simples, para limpeza das mos

    e, na sequncia, a higienizao antissptica. E se o balconista utiliz