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BALANÇO 2019 E AGENDA FUTURA

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BALANÇO 2019E AGENDA FUTURA

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 04

Análise de Conjuntura ....................................................................................................................................... 05

Política Econômica ............................................................................................................................................. 06

Inovação & Tecnologia ....................................................................................................................................... 09

Política de Comércio Exterior ........................................................................................................................... 12

Política Comercial & Competitividade ................................................................................................... 12

Acordos Comercias ................................................................................................................................... 14

Facilitação ao Comércio ........................................................................................................................... 16

Defesa Comercial ....................................................................................................................................... 18

Políticas de Financiamento e de Investimentos .................................................................................. 20

CONCLUSÃO ....................................................................................................................................................... 23

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

INTRODUÇÃOA Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) pretende, com este documento, elencar as principais ações realizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro em seu primeiro ano de atuação.

Motivado pela necessidade de comentar e sugerir proposições às medidas anunciadas que dizem respeito ao setor produtivo brasileiro, esse trabalho pretende adotar uma abordagem que vai além da setorial. Por isso, o levantamento cauteloso dos assuntos aqui tratados considerou, em grande medida, o conjunto de projetos que buscam colaborar para o desenvolvimento de um ambiente de negócios mais eficiente e dinâmico.

Ainda que os conhecidos gargalos estruturais da economia brasileira estejam em desobstrução, há o desafio de lidar com as transformações globais. A chegada de novas tecnologias e a disputa pela hegemonia econômica mundial têm reorganizado a produção em termos geográficos, alocação de recursos, acordos comerciais, novas fontes de financiamento, modelo tributário, alterações nas relações de trabalho, sistema educacional, e o papel do estado e da iniciativa privada nesse rearranjo socioeconômico.

Os desafios são gigantescos, é preciso intensificar o trabalho de eliminar a lacuna de produtividade e competitividade entre o Brasil e a média dos países membros da OCDE. Assim, o país poderá entrar definitivamente para a história como aquele capaz de tirar as amarras que o impedem de participar do rol das nações desenvolvidas.

Com a divulgação deste documento, esperamos contribuir para reforçar a importância das ações tanto anunciadas, como em curso, trazendo proposições de temas capazes de potencializar os retornos econômicos para toda a sociedade.

ABIMAQPresidência

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ANÁLISE DE CONJUNTURAA recuperação da atividade econômica brasileira está melhorando. O Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou aumento de 0,6% na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2019 - expansão acima das expectativas de mercado.

O crescimento anualizado em 2019 foi de 1,0%. Do ponto de vista da demanda, o maior destaque foi a Formação Bruta de Capital Fixo que cresceu 3% contra os quatro trimestres anteriores.

O impacto da recuperação dos investimentos, observado pelo incremento da Formação Bruta de Capital fixo, foi evidenciado no desempenho das vendas realizadas pelo setor fabricante de máquinas e equipamentos no mercado doméstico. Após 5 anos consecutivos de queda (2012-2017) e estabilidade em 2018 (+0,7%), o setor registrou expansão das vendas internas de 7,7% no acumulado até outubro de 2019.

A surpresa positiva com o último resultado divulgado do PIB e a recuperação contínua dos investimentos, reforçam o entendimento da ABIMAQ de que a retomada da atividade econômica tem ganhado tração.

Esta melhora, aliada à expectativa de continuidade da redução da taxa básica de juros e dos spreads cobrados pelos agentes bancários, sugerem que deveremos encerrar o ano de 2019 com o PIB crescendo ao redor de 1,2% e que o ano de 2020 intensifique esta recuperação e encerre com crescimento entre 2,5% e 3,0%.

Para a indústria de máquinas e equipamentos é esperado um aumento da ordem de 8% em 2019. Já para 2020, a expectativa é de avanço na casa de dois dígitos das vendas direcionadas ao mercado doméstico.

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POLÍTICA ECONÔMICA BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

POLÍTICA ECONÔMICA � Controle da inflação abaixo da meta abre espaço para novas pautas. � Câmbio em novo patamar de equilíbrio tem reduzido perdas da desaceleração de mercados importantes. � A Agenda BC# pretende lidar com a democratização do crédito no país. � Controle dos gastos públicos e busca por reequilíbrio fiscal. � Histórica redução da taxa básica de juros (de 6,5% para 4,5%). � Reforma tributária promete eliminar burocracias. � Medidas para alavancar a competitividade das empresas brasileiras.

Em busca da recuperação da atividade econômica, o Banco Central do Brasil (BCB) passou a prescrever uma política monetária estimulativa. O corte da taxa básica de juros (Selic) de 6,5% para 4,5% a.a. tem colaborado na redução do custo do capital e encorajado a retomada da atividade econômica. Todavia, uma confiança mais forte por parte do empresário tem aguardado o encolhimento do spread bancário na mesma direção.

O BCB, ciente da necessidade de mitigar os problemas estruturais do sistema financeiro brasileiro, lançou a iniciativa Agenda BC#. Além

de perseguir instrumentos para a redução do custo do dinheiro, a modernização da legislação e a eficiência no sistema, a pauta mira a inclusão, a concorrência e a transparência na formação de preços.

Em contribuição à pauta de democratização do crédito, o cenário da inflação sob controle e abaixo da meta estabelecida, abriu espaço importante para o corte dos juros que estreitaram o diferencial de custo de produção no Brasil em relação aos países concorrentes.

Outro fator colaborativo ao setor produtivo é o câmbio em novo patamar de equilíbrio, encerrando um dos mais longos períodos de supervalorização cambial. Diante do mundo crescendo menos este ano e, portanto, desacelerando as compras de produtos brasileiros, o câmbio ao redor de R$/US$ 4,2 tem ajudado a minimizar as perdas das vendas de bens manufaturados para mercados importantes, como a Argentina.

Contudo, qualquer arranjo de política monetária e cambial apenas é possível a partir do controle das contas públicas. Por isso, o governo tem proposto uma série de ações voltadas à contenção dos gastos públicos. Sem dúvidas, uma agenda positiva que, se aprovada pelo congresso, deverá reestabelecer o equilibro das contas públicas. Entre as Emendas Constitucionais propostas:

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

A PEC nº. 186, de novembro de 2019, contém importantes medidas emergenciais de controle das despesas obrigatórias no âmbito do Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União. A matéria trata de medidas que reduzem custos administrativos em cenário de crise.

Já a PEC nº. 187, de novembro de 2019, propõe a extinção de fundos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que não forem ratificados. O superávit financeiro das fontes de recursos dos fundos poderá ser destinado à amortização da dívida pública do respectivo ente.

Em adição, a PEC nº. 188, de novembro de 2019, almeja a diminuição dos custos com estruturas administrativas, incluindo a extinção de municípios com arrecadação insuficiente e população inferior à 5.000 habitantes. O projeto também inclui a proibição de pagamentos retroativos de despesas com servidores, de gastos com pessoal em decisão judicial não transitada em julgado, e de benefícios de natureza indenizatória sem lei específica que autorize a concessão.

As PECs, embora positivas e com elementos desejáveis, retomam a proposta de redução dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) destinados ao BNDES, o que poderá inviabilizar a recuperação dos investimentos em momento de maior crescimento da atividade econômica. Com o objetivo de desindexar, desobrigar e desvincular orçamentos públicos, o governo federal espera reduzir o tamanho da máquina pública, melhorar a eficiência dos municípios e trazer instrumentos de ajuste fiscal tanto para a União, como para os entes federativos.

Após o êxito, importante e singular, da aprovação da Reforma da Previdência (PEC nº. 6/2019), a qual prevê a economia de R$ 800 bilhões em 10 anos aos cofres públicos, o desafio passa a ser a discussão sobre a Reforma Tributária e é importante salientar que esta será, sem dúvida, a mais importante ação no objetivo de combater o Custo Brasil.

Segundo depoimentos de agentes do Poder Executivo, a proposta a ser encaminhada ao Congresso Nacional deverá ser apresentada em três etapas.

A primeira parte da Reforma Tributária contará com a criação de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) federal, mantendo o atual patamar de arrecadação, e outro IVA para os Estados e Municípios – o chamado IVA dual.

Com ar conciliatório, o projeto procura aproveitar as diretrizes de outras duas propostas já em discussão no Parlamento (PEC nº. 45/2019 e PEC nº. 110/2019). Contudo, a diferença em relação às propostas em andamento diz respeito à inclusão de Estados e Municípios na unificação de impostos sobre o consumo.

A segunda etapa da proposta do governo passaria a incluir Estados e Municípios. ICMS e ISS deixariam de existir e formariam um IVA estadual que seria arrecadado no local de destino das mercadorias (e não na origem, como é feito atualmente). Nesse caso, a gestão do recurso seria dos Estados, mas os Municípios receberiam uma parcela da arrecadação. Trata-se da simplificação e transparência do sistema tributário.

Na terceira e última etapa, a harmonização da arrecadação. Nessa fase os estados ficariam livres para adotar voluntariamente a base de regras do IVA federal, mantendo a liberdade de definir a alíquota do imposto.

Segundo o governo, a adoção da contribuição (IVA federal) já representaria uma melhora no sistema tributário e serviria como parâmetro para ajustes nas esferas estaduais e municipais, ainda que as mudanças não ocorressem ao mesmo tempo.

Além de cortar gastos e eliminar burocracias, o planejamento do governo para a economia tem considerado instrumentos para alavancar a competitividade das empresas. A aprovação da Lei da Liberdade Econômica (Lei nº. 13.874/2019) tende a desburocratizar e facilitar a atuação de pequenos e médios negócios.

Outra conduta é a abertura do mercado de gás natural, em linha com a necessidade de baratear insumos para a indústria. A entrada de novas operadoras contribuirá para a redução do preço do gás, abrindo espaço para, o que o governo denomina de, “choque de energia barata” no país.

Em relação às alterações da legislação do trabalho, foi lançada uma medida de impacto muito positivo, o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo (MP nº. 905/2019). O Programa incentiva a contratação de pessoas entre 18 e 29 anos de idade por meio da redução de obrigações patronais da folha de pagamento. Tal providência, promete impulsionar o mercado de trabalho de modo a recuperar a renda das famílias e ativar o consumo - importante acelerador da atividade econômica.

Neste mesmo sentido foram excluídas a multa adicional de 10% do FGTS de demissões sem justa causa que ia para a União e a permissão permanente para ao trabalho nos domingos e feriados para todos os setores, inclusive à indústria. Outro ponto importante foi a carteira de trabalho digital, criada pela Lei da Liberdade Econômica, com o objetivo de desburocratizar e otimizar a vida do trabalhador, que poderá verificar pelo aplicativo do seu celular todas as informações referentes à sua trajetória laboral, o que o ajudará no momento de pedir a sua aposentadoria.

Também merece destaque a revisão e modernização das Normas Regulamentadoras, Portarias e outras correlatas, além da simplificação do eSocial.

Além disso, faz parte das ações do Governo a iniciativa de “Redução Contínua do Custo Brasil”, pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia, em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e mais de 12 entidades de classe, entre elas, a ABIMAQ. O objetivo é colocar o Brasil em igualdade de condições em termos de competitividade com a média dos países integrantes da OCDE.

A correção das assimetrias monitoradas impactará positivamente não somente o setor de máquinas e equipamentos, como empresas do ramo da agricultura, da indústria e dos serviços de forma ampla.

Em termos de investimento, o Marco Legal do Saneamento (PL nº 3.261/2019), que abre o setor para a iniciativa privada, dará um fôlego adicional em 2020 ao setor de infraestrutura.

7POLÍTICA ECONÔMICA

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POLÍTICA ECONÔMICA BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

O necessário Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) tem a missão de ampliar e acelerar a interação entre Estado e o setor privado, tanto nas concessões, como na privatização de empresas estatais (medidas de desestatização). O intuito é ampliar as oportunidades de investimento e emprego, estimulando o desenvolvimento tecnológico e industrial.

Por fim, destaca-se como medida positiva para o financiamento dos investimentos, o apoio prioritário do BNDES às pequenas e médias empresas, bem como aos projetos voltadas à infraestrutura (ocupação

de vazios e conservação e melhoria da estrutura existente). Em adição, a criação de linhas de financiamento de bens e serviços destinados à Manufatura 4.0 e o esforço na ampliação de operações diretas (sem a participação de agentes) também são direcionamentos de grande relevância ao setor produtivo.

Embora sejam ações que colocam o país no caminho correto, com o objetivo de colaborar, a ABIMAQ apresenta neste documento algumas sugestões de melhorias.

SUGESTÕES:CRÉDITO: Aprimoramento e maior disponibilidade de seguro de crédito para o financiamento de investimentos de pequenas e médias empresas com base na rentabilidade das empresas e, não apenas, no patrimônio dos empreendimentos e proprietários.

Redução do valor mínimo para as operações diretas realizadas pelo BNDES (atualmente de R$ 10 milhões).

REFORMA TRIBUTÁRIA:A Reforma Tributária precisa garantir o fim da cumulatividade, inclusive nos encargos trabalhistas e financeiros, a desoneração dos investimentos para que haja aumento de competitividade da economia.

A fim de que o país possa adentrar as Cadeias Globais de Valor, faz-se imprescindível a também desoneração dos tributos às exportações.

Alternativas de período de transição mais curto precisam ser consideradas visando evitar o convívio com os custos das obrigações acessórias de dois sistemas tributários ao mesmo tempo.

CONTINUIDADE DA REFORMA TRABALHISTA E SINDICAL:Continuidade do processo de modernização, flexibilização e desburocratização das relações de trabalho, mantendo os direitos dos trabalhadores ao mesmo tempo que aumenta a segurança jurídica na relação entre o empregador e seus funcionários. Modernização da estrutura sindical brasileira de modo a trazer maior representatividade e redução do número de entidades existentes. Modernização da CIPA buscado se evitar a perpetuação no mandato.

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

INOVAÇÃO & TECNOLOGIA � Câmara Brasileira da Indústria 4.0. � Instituído o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT). � Início dos trabalhos de Câmara do Agro 4.0. � Marco Legal das Startups. � Adequação da Lei da informática às normas da OMC � Abertura da consulta pública sobre à Política Nacional de Inovação. � Lançamento dos Programas Prioritários do Rota 2030 – Mobilidade e Logística. � Propriedade Intelectual: Plano de combate ao Backlog de Patentes;

Protocolo de Madri. � Novo modelo regulatório do Inmetro. � Revisão das normas regulamentadoras (NR).

Conhecida como Manufatura Avançada ou 4ª revolução industrial, a indústria 4.0 compreende a integração de produtos e processos produtivos a partir de tecnologias digitais, soluções de conectividade e o uso da Internet das Coisas (IoT). À vista disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Ministério da Economia (ME) criaram uma agenda de trabalho para discutir políticas nacionais voltadas à transformação industrial.

Desta maneira, a formação da Câmara Brasileira da Indústria 4.0 agrupou representantes do setor produtivo, governo e academia para debater iniciativas para o Plano de Ação 2019-2022. As mesas temáticas, abordam assuntos relacionados às áreas de: a) Desenvolvimento Tecnológico e Inovação; b) Capital Humano; c) Cadeias Produtivas e Desenvolvimento de Fornecedores; d) Regulação, Normalização Técnica e Infraestrutura.

Nesta linha, o Decreto n.º 9.854, de junho de 2019, instituiu o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT) que visa regular e estimular a tecnologia digital no país. A integração entre objetos e usuários por meio de sensores e softwares inteligentes, passa a fazer parte das estratégias do governo para promover ganhos de eficiência dos serviços; capacitar profissionais para empregos da economia digital; e proporcionar competitividade às empresas brasileiras.

Contudo, para que a transmissão de dados chegue à todo o setor produtivo, a Câmara do Agro 4.0 foi lançada para discutir, entre outras medidas, meios de expandir a internet no ambiente rural. O aumento da produtividade no campo estará cada vez mais vinculado ao acesso às novas tecnologias e serviços nas propriedades rurais.

Para agilizar o desenvolvimento tecnológico das empresas e incentivar o ecossistema de startups no Brasil, o MCTIC e o ME propôs o Marco

9INOVAÇÀO E TECNOLOGIA

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INOVAÇÃO E TECNOLOGIA BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

Legal das Startups. Colocado em consulta pública, o marco deverá ser votado pelo Congresso e tem como foco identificar os gargalos que impedem a criação, crescimento, expansão dessas empresas e, assim, recomendar melhorias normativas.

Mantendo-se na direção de incentivar pesquisas na área de ciência e tecnologia, foi aprovado o Projeto de Lei 4.805/2019, que altera a Lei de informática para substituir incentivos fiscais condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por mecanismos aceitos internacionalmente.

Em setembro de 2019, foram lançados os Programas Prioritários do Rota 2030. Os recursos derivados da compensação do corte das tarifas de importação de componentes, que antes eram mediados pelo governo, agora serão destinados diretamente a cinco instituições de pesquisa. Cerca de R$ 1 bilhão poderá ser aplicado em projetos prioritários ao setor automotivo e definidos por um conselho gestor.

De modo a reduzir o número de pedidos de patentes com exame pendente de análise, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) instituiu o Plano de Combate ao Backlog. Para agilizar o processo, foram instituídas exigências preliminares (Resoluções nº 240/19 e 241/19) que serão publicadas na Revista da Propriedade Intelectual (RPI) sob os códigos de despacho 6.22 e 6.21.

Ainda no âmbito da Propriedade Intelectual, o governo brasileiro aderiu ao Protocolo de Madri - registro internacional de marcas.

Com isso, os empresários brasileiros poderão registrar suas marcas em 102 países signatários do acordo. O Protocolo de Madri simplificará o procedimento do registro de marcas, com redução de custos e burocracia.

A recém aberta Consulta Pública sobre a Política Nacional de Inovação objetiva levantar informações dos atores envolvidos na geração de serviços e produtos no país. O governo pretende concatenar as principais demandas dos produtores para embasar as novas direções de governo em termos de tecnologia e inovação.

No ramo das normas técnicas, o novo modelo regulatório do Inmetro almeja elevar a performance do órgão regulador, reduzir a burocracia administrativa, estimular a inovação e a competitividade do setor produtivo. Estas mudanças estão em linha à visão do governo federal de promoção de um ambiente regulatório com maior flexibilidade e liberdade econômica.

Por fim, a revisão das Normas Regulamentadoras (NRs) - exigências relacionadas à saúde e à segurança do trabalhador - serão revisitadas com o objetivo de desburocratizar, racionalizar e harmonizar tais regras. Por enquanto, já foram reformuladas as NR-1, NR-2, NR-3, NR-12, NR-24 e NR-28, medidas importantes que ajudarão a desburocratizar as atividades empresariais e a reduzir o Custo Brasil.

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

SUGESTÕES:Câmara Brasileira da Indústria 4.0: O governo deve acompanhar junto às instituições que contribuíram para a elaboração do Plano de Ação, a execução e entrega das iniciativas apresentadas formalmente pelo MCTIC e Ministério da Economia.

Fortalecer atividades de inovação nas empresas brasileiras e suas cadeias produtivas com foco em tecnologias habilitadoras para Indústria Avançada

Propõe-se a criação de um Programa Rumo 4.0, que espelha o incentivo do Programa Rota 2030, usando o mesmo mecanismo, no qual as empresas beneficiadas com o ex-tarifário, destinam um percentual do valor tarifário à pesquisa e desenvolvimento no Brasil (2%), para um fundo que aplica os recursos em programas e projetos de inovação para o setor de máquinas e equipamentos.

Formação de RH para a Indústria 4.0 e alfabetização digitalAmpliar e fortalecer os programas governamentais para qualificar e aprimorar recursos humanos de nível médio profissionalizante e de nível superior, sobretudo em cursos de engenharia e ciências da computação, com foco em Indústria 4.0, modernizando as grades curriculares.

Implementar um Amplo Programa de alfabetização Digital com a instalação pontos de acesso a tecnologias digitais em todas as comunidades e bairros de todo país, principalmente as comunidades mais carentes.

Infraestrutura de telecomunicaçõesPromover o desenvolvimento da infraestrutura digital em banda larga (5G), rede de fibra ótica e rede móvel para que as transações de grande volume de dados e informações ocorram com alta velocidade e ampla conectividade, num ambiente de cyber security, inclusive no campo, onde o problema se faz sentir com maior intensidade, de forma a incluir o Brasil nos avanços das plataformas globais em nuvem.

Marco Legal das StartupsApoiar o aprimoramento da legislação com decretos, regulamentos e instrumentos normativos para avançar em temas importantes, relacionados a compras públicas, lei simplificada das Sociedades Anônimas, estímulos de projetos colaborativos entre startups, indústria e universidade, atração de talentos e redução da burocracia para a diminuição de custos para a abertura e fechamento de empresas.

Rever Lei do BemAprimorar a Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005) e assegurar que os recursos para a inovação do FNDCT cheguem às empresas.

Regulatório InmetroImprescindível uma maior clareza sobre o escopo do Novo Modelo Regulatório do Inmetro, para a definição dos limites de atuação.

Normas RegulamentadorasÉ preciso que o governo desenvolva um Plano de Revisão Contínua das Normas Regulamentadoras, para acompanhar a evolução tecnológica.

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POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR POLÍTICA COMERCIAL & COMPETITIVIDADE

� Abertura Comercial do Brasil. � Aproximação com Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico � Decreto nº 10.044/2019 sobre a Câmara de Comércio Exterior (Camex). � Portaria nº 309/2019 do Ministério da Economia e a nova política de Ex-tarifários

A política comercial implementada pelo governo Bolsonaro foi marcada por uma tônica liberalizante e por ações orientadas à abertura econômica do país. Ao longo do primeiro ano de governo, puderam ser observadas algumas ações que apontavam para a concretização desta tendência, como a proposta de redução unilateral da Tarifa Externa Comum (TEC) no âmbito do MERCOSUL e a assinatura de novos acordos comerciais.

A iniciativa exercida assertivamente pela busca da maior inserção do Brasil no comércio mundial foi aquela via acordos comerciais, pois a única que possibilita o acesso à mercados, com o consequente aumento das trocas comerciais. Além disso, com o período de desgravação das tarifas, permite aos poderes Executivo e Legislativo seguirem com a agenda de melhoria da competitividade com a redução do “Custo Brasil”.

Sobre a melhoria da competitividade, o levantamento realizado com o apoio da sociedade e divulgado em 28 de novembro de 2019, pela Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia identificou que os componentes do “Custo Brasil” encarecem os negócios em R$ 1,5 trilhão ao ano, o que equivale a 22% do PIB.

Juntamente a esta divulgação a SEPEC emitiu a Portaria nº. 12.302, de novembro de 2019, na qual instituiu o Programa de Melhoria Contínua da Competitividade, o objetivo de reduzir o “Custo Brasil”. Os próximos passos desta agenda do governo é estruturar o Conselho da Competitividade, criar o Observatório da Competitividade e propor uma lei que tratará da melhoria do ambiente de negócios de forma contínua, em convergência com as regras e padrões dos países da OCDE.

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

O ministro da economia, Paulo Guedes afirmou que a abertura comercial virá condicionada a esta melhoria da competitividade que a redução do “Custo Brasil” proporcionará.

Desta forma, o país poderá aumentar o valor agregado de sua pauta de exportação, gerando assim mais empregos de qualidade e maior renda aos brasileiros, o que é um caminho assertivo na visão do setor produtivo.

Sob o ponto de vista das diretrizes e estratégias, as ações de reestruturação normativa e institucional evidência a busca pela convergência com marcos regulatórios vigentes nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A acessão à Organização é encarada pelo atual governo como um meio de reforçar a credibilidade do país pela construção de uma imagem internacional de estabilidade jurídica e econômica. Acreditamos que o processo de acessão pode trazer mais benefícios para o setor produtivo, desde que sejam alcançados resultados efetivos na redução do “Custo Brasil”.

Além disso, a publicação do Decreto nº 10.044, de outubro de 2019, que altera a estrutura da Câmara de Comércio Exterior (Camex), mantendo

suas competências de formulação e coordenação da política de comércio exterior e incluindo novas atribuições, como a agenda de investimentos diretos e o Ponto de Contato Nacional (PCN) para diretrizes da OCDE para empresas multinacionais.

Além da agenda de abertura comercial e competitividade, a publicação da Portaria nº 309, de junho de 2019, introduziu uma reorientação na política de concessão de ex-tarifários. Entre as significativas alterações implementadas pela nova estão o estabelecimento de critérios como prazos de produção, entrega do bem e de fornecimento anteriores.

SUGESTÕES:A revisão da TEC deve corrigir distorções, no qual os bens intermediários devem ter tarifas menores que os bens de maior valor agregado, isto é, uma proposta de escalada tarifária deve ser observada, além de patamares de redução que não exponha indústria. Os princípios de boas práticas como consultas públicas e estudos de impacto, além de um processo transparente, devem orientar esse processo.

O rebaixamento das tarifas de importação deve ser condicionado a uma melhoria da competitividade e de forma gradual para que não provoque o fechamento de empresas e a consequente redução de postos de trabalho.

Programas de ajustes, a exemplo da norte-americana, podem ser implementadas para apoiar empresas que estarão mais expostas ao processo de abertura comercial da nossa economia.

Com relação à Portaria ME nº 309, as alterações no regime de concessão de ex-tarifários devem ser complementadas para trazer isonomia entre fabricantes nacionais e bens importados. Neste sentido, sugere-se que sejam incorporados critérios de diferenciação de custos na formação do preço de comparação enter bens nacionais e importados e o tratamento para os preços de transferência e revenda.

Além disso, as alterações no processo de concessão de ex-tarifários, que introduziram critérios como prazo de produção, entrega do bem e de fornecimento anteriores, não disciplinaram outras alterações desejáveis. Ainda é necessário que sejam regulamentados temas como as diferenças de custos na formação do preço de comparação e o tratamento para os preços de transferência e revenda.

Com relação à falta de competitividade da, a ABIMAQ tem a mesma opinião externada recentemente pelo Paulo Guedes, Ministro da Economia, a implementação de políticas voltadas à abertura comercial deve ser aliada ao estabelecimento efetivo de políticas públicas focadas na correção de ineficiências e distorções que incidem sobre a competitividade do setor produtivo, como a alta carga tributária e trabalhista, o alto custo do crédito e dificuldades logísticas e de infraestrutura. Alinhadas com essas estratégias de fomento à competitividade do setor industrial, a melhoria na qualidade das políticas públicas e dos marcos regulatórios tem o potencial de atrair investimentos e tornar o ambiente de negócios mais justo e atrativo.

13POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR

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POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

ACORDOS COMERCIAIS � Conclusão do Acordo de Associação MERCOSUL-União Europeia e do Acordo

MERCOSUL-Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). � Avanço nas negociações para os acordos comerciais entre MERCOSUL-Canadá,

MERCOSUL-Coreia do Sul e MERCOSUL-Cingapura. � Estabelecimento de diálogos exploratórios para acordos comerciais

com Indonésia e Vietnã.

O governo brasileiro voltou suas atenções para o comércio extra-MERCOSUL e, ao mesmo tempo, empenha-se em promover a integração do Bloco em Cadeias Globais de Valor (CGV), ampliando sua participação no comércio mundial.

Em linha com esses objetivos, foram observados avanços em diversas frentes negociadoras do MERCOSUL, como a recente conclusão dos

Acordos com a União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) em junho e agosto deste ano.

Além disso, cumpre mencionar o adiantado estágio das negociações dos acordos comerciais com o Canadá e Cingapura, sem esquecer a agenda negociadora com os sul-coreanos. Foram também estabelecidos diálogos exploratórios para potenciais acordos com Indonésia e Vietnã, ainda que sem a aprovação de um mandato negociador pela CAMEX.

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

SUGESTÕES:A conclusão de novos acordos comerciais tem sido pautada pela busca da inserção do Brasil nas CGV e orientada pela busca de parceiros comerciais com os quais o país possua vantagens comparativas. Os acordos recentemente concluídos e as negociações comerciais em curso têm apresentado o devido foco às agendas de convergência e coerência regulatória, que em um cenário de redução progressiva de tarifas de importação sobre bens industriais, tem grande potencial de promover a competitividade e acesso a mercados.

No entanto, é preciso dar foco em agendas negociadoras com países e/ou regiões que trarão oportunidades para a indústria, em especial a América Central e África. Deve-se adotar maior transparência no processo negociador para o que o setor privado possa contribuir com essa agenda.

Eventuais distorções competitivas em relação a parceiros como União Europeia, Japão e Coreia do Sul, além de outros, podem ser equilibradas pela efetivação da agenda de competitividade para a indústria com a redução do “Custo Brasil”, Programa lançado em novembro de 2019 pela SEPEC.

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POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

FACILITAÇÃO AO COMÉRCIO � Portal Único de Comércio Exterior � Programas de Operador Econômico Autorizado Integrado nos órgãos anuentes das

operações de comércio exterior. � Fim da cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no câmbio sobre exportações. � Publicação do Decreto nº. 10.098/9 sobre o Sistema SEM Barreiras.

A redução nos custos de operações de importação e exportação por meio da simplificação e desburocratização dos procedimentos relacionados ao comércio exterior é um pilar essencial para o incremento da competitividade do setor produtivo. O governo Bolsonaro tem promovido uma série de ações com a finalidade de reduzir o tempo e os custos nas operações de comércio exterior.

Algumas das medidas que merecem ser destacadas como importantes catalisadores da competitividade são a reversão da Solução de Consulta COSIT nº 246, de agosto de 2019, que onerava,

com uma alíquota de 0,38%, a internação de recursos de exportação mantidos no exterior; e a publicação do Decreto nº. 10.098, de novembro de 2019, que regulamenta a administração do Sistema “SEM Barreiras”, ampliando a coordenação dos órgãos com competência para temas de comércio exterior e a participação do setor privado nas denúncias e no monitoramento de barreiras comerciais e aos investimentos.

Além disso, foram observados significativos avanços na adesão e implementação de órgãos anuentes ao Programa Brasileiro Operador Econômico Autorizado (OEA), ferramenta de facilitação de comércio com base no gerenciamento de risco das empresas do sistema de comércio do país, bem como na ampliação dos acordos de cooperação no tema.

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

SUGESTÕES:Apesar do significativo desenvolvimento promovido por estas medidas de facilitação ao comércio, as atuais ações de desburocratização dos processos e desoneração das empresas a partir da simplificação dos controles das operações de comércio exterior não deve ter seu curso interrompido. Neste sentido, o contingenciamento de recursos destinados ao desenvolvimento do Módulo Importação do Portal Único de Comércio Exterior e para a manutenção do Módulo de Exportação já existente inviabiliza a implantação de sistemas capazes de simplificar controles das operações de comércio exterior. É necessário, portanto, priorizar a garantia de recursos para dar continuidade a esses projetos, evitando a paralisia de políticas de facilitação ao comércio.

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POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

DEFESA COMERCIAL � Alteração das regras para Avaliação de Interesse Público em Defesa Comercial. � Tratamento Diferenciado para Indústria Fragmentada � Avaliação do Regime Aduaneiro Drawback na Defesa Comercial

A Portaria Secex nº 08, de abril de 2019, apesar de algumas alterações, não trouxe uma modificação no padrão de aplicação de medidas de defesa comercial. Observa-se ainda um elevado número de medidas de defesa comercial aplicadas a insumos, afetando a competitividade da cadeia produtiva a jusante e contribuindo para a concentração de mercado por um grupo reduzido de agentes econômicos.

A publicação dos Guias Processual e Material de Defesa Comercial e Interesse Público e as novas diretrizes e critérios de avaliação de Interesse Público nos pedidos de suspensão ou alteração de medidas antidumping e compensatórias, provisórias e definitivas reforça o compromisso do atual governo com a segurança jurídica e com a previsibilidade dos instrumentos de Defesa Comercial.

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SUGESTÕES:As alterações nos procedimentos de Interesse Público, complementadas pela edição de Guias para definir os critérios de análise das avaliações de Interesse Público, tende a promover maior segurança jurídica, transparência e previsibilidade nos procedimentos, o que tende reduzir as medidas e as margens de dumping para insumos empregados pela indústria brasileira.

Essas ações sinalizam ao setor produtivo que o combate às práticas desleais de comércio são temas prioritários na agenda do governo, bem como a mitigação do potencial ônus criado pela implementação de medidas de Defesa Comercial. No entanto, ainda nos causa preocupação as assimetrias às partes para provimento de informações ao processo de Interesse Público.

Outro ponto importante sobre o tema, é que setores da economia, como o da indústria de máquinas e equipamentos, encontram maior dificuldade nos processos de defesa comercial pelo seu perfil fragmentado. Para tanto, sugere-se a publicação de um roteiro para indústrias fragmentadas visando tratamento diferenciado nos processos de defesa comercial.

Além disso, a não aplicação de medidas de defesa comercial nas importações beneficiadas por regimes aduaneiros especiais é uma das políticas cuja implementação deve ser avaliada pelo governo. A inclusão de direitos antidumping e compensatórios entre os encargos elegíveis ao benefício de drawback, por exemplo, pode representar um fator de estímulo à competitividade ao promover a desoneração das importações de matérias primas e insumos produtivos.

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POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

POLÍTICAS DE FINANCIAMENTO E DE INVESTIMENTOS � Financiamento e garantias às exportações. � Lançamento do ombudsman de investimentos diretos. � Adesão do Brasil ao Protocolo de Madri.

Em um contexto de modernização em diversos temas na busca de convergência com as regras e padrões dos países da OCDE e de melhoria na qualidade das políticas para à acessão brasileira, têm sido promovidas discussões sobre compatibilidade do sistema público brasileiro de financiamento e garantias às exportações com o marco regulatório da Organização.

O Brasil possui um arcabouço normativo de financiamento e garantias às exportações bastante compatível com o modelo de financiamento previsto no Arrangement on Officially Supported Export Credits

da OCDE. No entanto, seriam necessárias algumas modificações, sobretudo de natureza quantitativa, para que os dois modelos sejam completamente harmonizados.

A busca pelo alinhamento com as políticas de financiamento praticadas nos países em desenvolvimento é necessária e benéfica para o setor produtivo. É indispensável, no entanto, que a lógica de financiamento e garantia às exportações seja conduzida de modo a melhorar a competitividade. Nesse sentido, é importante ressaltar que, mesmo nos países da OCDE, programas de financiamento público têm sido empregados como um meio de preservar a competitividade dos produtores nacionais.

Além disso, em face da ampla utilização de linhas de financiamento na aquisição de bens de capital, a produção e o mercado desses bens possuem dinâmicas bastante particulares, nas quais o alto custo

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do financiamento no país é incorporado ao preço da máquina ou equipamento. Em relação à dinâmica produtiva do setor, é também preciso considerar que, devido à extensão do ciclo médio de fabricação de máquinas e equipamentos, o processo produtivo desses bens implica o emprego de elevado capital de giro, acarretando a elevação do custo do produto nacional em comparação aos bens produzidos no exterior.

Além das alterações implementadas na estrutura da CAMEX, o aperfeiçoamento da governança institucional e do ambiente de investimentos no Brasil resultou na criação do site Ombudsman de Investimentos Diretos. Trata-se de uma janela única para consultas, que presta assistência e orientação aos investidores externos no Brasil e aos brasileiros sobre investimentos no exterior.

Em linha com essas ações, a adesão ao Protocolo de Madri pelo Brasil também promove a melhoria no ambiente de negócios no país ao habilitar as empresas e pessoas físicas a solicitarem o registro de uma marca já registrada no seu país de origem por meio da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Por meio do Acordo, é garantida a prioridade da marca e simplificação do registro nos demais países signatários.

SUGESTÕES:A disponibilidade de crédito para investimentos a juros equivalentes às taxas praticadas nos mercados concorrentes é um fator determinante para propiciar aos produtores nacionais condições isonômicas de competição no mercado internacional e um meio de combater um dos principais componentes do “Custo Brasil”.

Para que essas metas de disponibilidade de capital sejam alcançadas, é necessário, o fortalecimento do sistema de financiamento e garantias às exportações.

Os instrumentos públicos de financiamento devem ter previsibilidade e garantir recursos para alavancar a competitividade das vendas ao exterior e ampliar o total vendas ao exterior dos bens manufaturados.

O ambiente de negócios no Brasil é um dos principais entraves ao crescimento econômico. De acordo com o relatório Doing Business do Banco Mundial, houve uma melhora na posição do Brasil no ranking de 2018 para 2019, que passou da 125ª para 109ª posição.

As ações mencionadas tendem a promover segurança jurídica e reforçar a credibilidade do país com vistas a atrair investimentos estrangeiros e de tornar seu mercado um ambiente propício para negócios, diminuindo o tempo de espera e os custos financeiros e econômicos decorrentes de procedimentos burocráticos para investir no país e para efetuar o registro de marcas. E, portanto, garantindo a continuidade dessa melhoria no Ranking Doing Business.

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CONCLUSÃO BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

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BALANÇO DE 2019 E AGENDA FUTURA

CONCLUSÃOCom a finalidade de contribuir com o debate acerca das ações implementadas pelo governo Federal, a ABIMAQ oferece, neste trabalho, um balanço das políticas anunciadas ao longo de seu primeiro ano e adicionalmente proposições de avanços em temas fundamentais ao país. Espera-se com isto contribuir com o Governo na sua importante e fundamental missão de transformar o país numa nação próspera, produtiva, competitiva e com maior presença no cenário internacional.

Nos últimos meses, pudemos observar muitas das propostas de campanha do atual Presidente sendo colocadas em prática. Entre as ações mencionadas no presente documento, a aprovação da reforma da Previdência e o lançamento de um amplo pacote de medidas destinadas a reduzir os gastos públicos e a burocracia assinalam o compromisso da atual gestão com o controle da dívida pública e com a melhoria do ambiente de negócios do País.

Em compasso com a implementação dessas iniciativas, a ABIMAQ reitera seu entendimento sobre a necessidade de reforçar a importância da indústria de transformação no PIB e dos serviços sofisticados demandados por ela, na medida em que esses setores são indispensáveis para aumentar a produtividade da economia. Neste sentido, compreendemos que o governo está no rumo certo, com propostas de avanços significativos para a melhoria da competitividade das empresas, inclusive, buscando ampliar a inserção da indústria nacional no comércio externo, que dependem principalmente da redução do “Custo Brasil”.

Além disso, consideramos igualmente positivas as ações de reestruturação normativa e institucional que evidenciam a busca pela convergência de diretrizes e estratégias com as melhores práticas adotadas internacionalmente. Ações de desburocratização da estrutura administrativa e simplificação do sistema tributário são bem-vindas para reforçar a imagem do Brasil de estabilidade jurídica e econômica frente ao mercado.

É necessário, portanto, que as políticas sigam alinhadas com a adoção de uma agenda de desenvolvimento econômico, com ações focadas na garantia de um ambiente capaz de atender à demanda crescente já em curso neste final de 2019, isso passa por acelerar o processo de modernização da infraestrutura e do estoque de capital produtivo no país.

23CONCLUSÃO

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ABIMAQ Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

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