balanÇo das emissÕes de gases do efeito estufa...

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i BALANÇO DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE) NA CADEIA COMPLETA DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA Felipe Costa Roza Livia Silva Freitas Projeto de graduação apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica. Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Emilio Lèbre La Rovere Rio de Janeiro Março de 2010

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BALANÇO DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE) NA

CADEIA COMPLETA DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA

Felipe Costa Roza

Livia Silva Freitas

Projeto de graduação apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental

da Escola Politécnica. Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Emilio Lèbre La Rovere

Rio de Janeiro

Março de 2010

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BALANÇO DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE) NA CADEIA COMPLETA DE

PRODUÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA

Felipe Costa Roza

Livia Silva Freitas

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA

AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

AMBIENTAL.

Examinado por:

___________________________________________________

Prof. Emilio Lèbre La Rovere, D.Sc.

___________________________________________________

Prof. Haroldo Mattos de Lemos, M.Sc.

___________________________________________________

Silvia Blajberg Schaffel, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO de 2010

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ROZA, FELIPE COSTA e FREITAS, LIVIA SILVA

Balanço das Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) na cadeia

completa de produção do Biodiesel de Soja / Felipe Costa Roza e

Livia Silva Freitas – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2010.

xvii, 141 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Emilio Lèbre La Rovere

Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Curso de Engenharia

Ambiental, 2010.

Referências Bibliográficas: p. 108-111.

1. Biodiesel; 2. Petrodiesel; 3. Gases do Efeito Estufa; 4. Soja

I. Emilio Lèbre La Rovere; II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, UFRJ, Engenharia Ambiental; III. Balanço das Emissões de

Gases do Efeito Estufa (GEE) na cadeia completa de produção do

Biodiesel de Soja.

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“Comece fazendo o que é necessário,

depois o que é possível, e de repente

estarás fazendo o impossível”.

São Francisco de Assis.

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Aos nossos pais José Carlos e Isabel & Max Mauro e Dione

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Agradecimentos – Felipe Costa Roza

Meus sinceros agradecimentos,

Ao Professor Emilio pela orientação e por sempre estar disposto a nos ajudar, ensinar e

despertar interesses que por vezes não sabemos que temos.

Aos membros da banca que aceitaram fazer parte da mesma, Prof. Haroldo Lemos e Silvia

Schaffel.

À todos os Professores que contribuíram para minha formação.

À minha parceira, sócia, e além de tudo uma grande amiga, Livia. Obrigado por todos os dias

de aula no fundão, por todas as conversas que tivemos, por todos os eventos que organizamos

juntos e por estar ao meu lado nessa reta final.

Aos meus amigos da turma de Eng. Ambiental de 2005 que tornaram esses cinco anos

maravilhosos e inesquecíveis e que hoje fazem parte da minha vida: Ana Beatriz, Bernardo

Pelé, Bernardo Sombra, Daniel, Japa, Lana, Licia, Lucas, Ricardo Cid, Renan Hulk, Rodrigo e

Thiagão. Não tem como não dizer que a faculdade não teria sido a mesma sem todos vocês,

cada um com sua particularidade.

À Mayra pelo companheirismo dos últimos dois anos de fundamental convívio para mim.

Aos amigos de longa data também agradeço.

Em especial à toda minha grande minha família que simplesmente foi, é, e continuará sendo a

base da minha vida.

Mais especialmente ainda, quero agradecer ao meu pai Zé Carlos por ser além de meu pai, ser

meu exemplo e por sempre, sempre me apoiar de todas as maneiras possíveis. À minha mãe

Isabel por também sempre estar ao meu lado, sempre à disposição para ouvir e ajudar. À

minha irmã, futura também Engª Ambiental, Beatriz que tanto prezo e me orgulho. À minha

pequena, à minha irmã Mariana por sempre ser minha alegria em quaisquer momentos.

À vocês agradeço por tudo, por todos os momentos desse ciclo que se completa e que apenas

foi um primeiro passo de muitos que ainda almejo dar. Aprendi muitas coisas que ultrapassam

os conhecimentos obtidos em salas de aula, vão além e nos tornam antes de tudo, seres

humanos.

À todos que fazem parte da minha vida, sou muito grato.

Felipe Costa Roza

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Agradecimentos – Livia Silva Freitas

Meus Agradecimentos,

Ao Prof. Emilio La Rovere pela valiosa orientação e atenção no desenvolvimento deste

trabalho;

Aos membros da Banca: Prof. Haroldo de Lemos e Silvia Schaffel por terem aceitado o convite

e contribuído com as melhorias na versão final do trabalho;

À toda a minha família, em especial meus avós por todo o carinho à mim dedicado em todos os

momentos da vida;

Aos meus pais Max Mauro e Dione que sempre priorizaram meus estudos e investiram na

minha formação disponibilizando todos os instrumentos necessários para um aprendizado

mais fácil e estimulando sempre a busca de desafios;

À minha Irmã Laura pelo companheirismo e ajuda em todos os momentos importantes;

Ao meu Tio Bismark por ser meu espelho profissional, me orientando e estimulando que eu

seguisse na Engenharia;

À todos os meus amigos que fazem parte da minha vida e tornam os momentos de lazer

extremamente agradáveis;

Aos meus amigos da faculdade: Ana Beatriz, Lana, Licia, Bernardo “Pelé”, Daniel, Felipe “Jim”,

José “Japa”, Lucas “Jeca”, Renan “Hulk”, Ricardo “Cid”, Rodrigo, Thiago “Logan”, que fizeram a

faculdade de engenharia muito mais agradável e divertida, proporcionando momentos únicos

que ficarão marcados por toda a minha vida.

Um agradecimento especial ao meu companheiro de organização de eventos e parceiro de

projeto final Felipe Roza que me estimulou a continuar e deu todo o apoio nos meus

momentos de ausência.

Aos professores do curso de Engenharia Ambiental que compartilharam seus conhecimentos

nos tornando engenheiros preparados para o mercado de trabalho.

À todos os funcionários da Escola Politécnica que sempre estiveram dispostos à ajudar.

Aos meus supervisores, colegas e companheiros de estágio que me ensinaram diversos

assuntos na prática e confiaram em mim para fazer parte da equipe como Engenheira

Ambiental.

À todos que de alguma forma apoiaram e ajudaram a minha formação

À todos vocês, meu muito OBRIGADA !

Livia Silva Freitas

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Balanço das Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) na cadeia completa de produção do

Biodiesel de Soja

Felipe Costa Roza

Livia Silva Freitas

Março/2010

Orientador: Emilio Lèbre La Rovere

Curso: Engenharia Ambiental

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) insere um biocombustível

proveniente de óleos vegetais e/ou gordura animal na matriz energética brasileira

contribuindo para diversificação da mesma, ao mesmo tempo em que reduz a dependência

externa do petróleo. O objetivo principal do PNPB é a produção e uso do biodiesel de forma

sustentável, com foco ambiental, técnico, econômico e ainda social. Em uma análise da

realidade atual percebe-se que esse objetivo não está sendo atingido, uma vez que a principal

matéria prima utilizada é a soja produzida por grandes produtores. Com a substituição de um

combustível fóssil por um combustível de origem renovável, teoricamente, as emissão de

gases de efeito estufa são reduzidas. Isso geralmente ocorre, pois a biomassa captura parte do

carbono emitido em todo o ciclo de produção em seu crescimento. Porém nota-se uma

expansão da fronteira agrícola, com a conversão do uso do solo, o que resulta em emissões de

GEE gerando a necessidade por estudos e inventários relacionando estas emissões. Para

realizar um balanço das emissões, é necessário levantar a contribuição de cada parte da cadeia

de produção do biodiesel para poder compará-lo ao petrodiesel. Neste trabalho, após a análise

de quatro cenários utilizando uma abordagem de balanço de massa e balanço econômico,

conclui-se que a produção de biodiesel a partir da soja é vantajosa quando o cultivo dessa

oleaginosa é feito em plantações já existentes ou em áreas degradadas. Quando a conversão

do uso do solo é necessária para o cultivo de novas áreas de soja, a produção de biodiesel não

apresenta vantagem frente ao petrodiesel.

Palavras chave: Biodiesel; Petrodiesel; GEE; MDL; Soja; Inventário de Emissões.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for degree of Engineer.

Emissions Balance of Greenhouse Gases (GHG) in the whole production chain of Biodiesel from

Soybean

Felipe Costa Roza

Livia Silva Freitas

March/2010

Advisor: Emilio Lèbre La Rovere

Course: Environmental Engineering

The National Program for Production and Use of Biodiesel (PNPB) inserts a biofuel from

vegetable oils and/or animal fat in the brazilian energy matrix, contributing to its

diversification, while reducing dependence on oil imports. The main objective of PNPB is the

production and use of biodiesel in a sustainable way, with a environmental, technical,

economic and social focus. In an analysis of current reality is noted that this objective is not

reached, since the main raw material use is the soy produced by large producers. With the

replacement of a fossil fuel by a renewable fuel, in theory, the greenhouse gases emissions are

reduced. This usually occurs because the biomass captures a fraction of the carbon emitted in

the whole production chain in its growth. But, a agricultural frontier expansion is noted, with

land use conversion, which results in greenhouse gases emissions creating the necessity of

studies and inventories that deal with these emissions. For the balance emissions analysis,

looking up for the contribution of each part of the biodiesel production chain is necessary to

compare with petrodiesel. In this study, after the analysis of four scenarios using an approach

of mass balance and economic balance, was concluded that the production of biodiesel from

soy is beneficial when the growing of this crop is done in existing plantations or degraded

areas. When the conversion land use is necessary for new cropland of soy, the biodiesel

production does not have the advantage when compared to diesel from petroleum.

Keywords: Biodiesel; Petrodiesel; GHG; CDM; Soy; Emissions Inventories.

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ÍNDICE

1. Introdução ............................................................................................................... 1

1.1. Objetivo ............................................................................................................................ 2

1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 3

1.3. Organização do trabalho .................................................................................................. 3

2. Contextualização ..................................................................................................... 5

2.1. Matriz Energética brasileira ............................................................................................. 5

2.2. Consumo de óleo Diesel no Brasil .................................................................................. 11

3. O Biodiesel ............................................................................................................ 12

3.1. Definição ......................................................................................................................... 12

3.2. Matéria Prima ................................................................................................................. 16

3.3. Cadeia de produção ........................................................................................................ 20

3.3.1. Agricultura .............................................................................................................. 21

3.3.2. Extração de óleo ..................................................................................................... 23

3.3.3. Produção de Biodiesel ............................................................................................ 24

3.3.3.1. Metanol x Etanol ..................................................................................................... 29

3.3.4. Distribuição ............................................................................................................. 31

3.3.5. Transporte .............................................................................................................. 31

4. O estado da arte da indústria do Biodiesel no mundo ............................................. 33

4.1. O estado da arte na União Européia .............................................................................. 34

4.1.1. O estado da arte na Alemanha ............................................................................... 36

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4.2. O estado da arte nos Estados Unidos ............................................................................. 37

5. O estado da arte da indústria nacional de biodiesel ................................................ 39

5.1. Histórico ......................................................................................................................... 39

5.2. Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB ........................................ 42

5.3. Legislação Regulatória .................................................................................................... 46

5.4. Capacidade ..................................................................................................................... 47

5.5. Produção ........................................................................................................................ 49

6. O Biodiesel e as Mudanças Climáticas..................................................................... 51

6.1. Os principais gases estufa .............................................................................................. 52

6.1.1. Gás Carbônico (CO2)................................................................................................ 52

6.1.2. Óxido de Nitrogênio (NO2) ...................................................................................... 52

6.1.3. Metano (CH4) .......................................................................................................... 53

6.2. Os impactos do aquecimento global .............................................................................. 53

6.3. Aspectos Ambientais do Biodiesel ................................................................................. 55

6.3.1. Positivos .................................................................................................................. 56

6.3.2. Negativos ................................................................................................................ 61

6.4. Importância do Inventário de Emissões nas Mudanças Climáticas ............................... 62

7. Estudo das Emissões de GEE - Petrodiesel X Biodiesel ............................................. 65

7.1. Metodologia utilizada como guia - ACM0017 ................................................................ 65

7.2. Emissões na cadeia de produção do petrodiesel ........................................................... 67

7.2.1. Emissões da combustão do petrodiesel (ECOMBUSTÃO PD) ........................................... 68

7.2.2. Emissões na produção, refino e transporte (EPROD.REF.TRANS PD) .................................. 69

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7.2.3. Emissões de transferência (ETRANSFERÊNCIA) ................................................................ 70

7.3. As emissões na cadeia de produção do Biodiesel (ET) ................................................... 72

7.3.1. Emissões do cultivo de sementes oleaginosas (ECULTIVO) ......................................... 73

7.3.2. Emissões na planta de produção de biodiesel e extração de óleo (EPRODUÇÃO BD) .... 77

7.3.3. Emissões da queima do metanol (EMETANOL) ............................................................ 78

7.3.4. Emissões na produção de metanol (EPROD.METANOL) .................................................. 79

7.3.5. Emissões relacionadas ao transporte (ETRANSPORTE) .................................................. 79

8. Cálculo de Emissões ............................................................................................... 85

8.1. Emissões da Cadeia do Petrodiesel (Baseline) ............................................................... 85

8.1.1. Emissões da combustão do petrodiesel (ECOMBUSTÃO PD) ........................................... 85

8.1.2. Emissões na produção, refino e transporte (EPROD.REF. TRANS PD) ................................. 86

8.1.3. Emissões na transferência (ETRANSFERÊNCIA) ................................................................ 87

8.2. Emissões na cadeia de produção do biodiesel (ET) ........................................................ 87

8.2.1. Emissões do cultivo de sementes oleaginosas (ECULTIVO) ......................................... 87

8.2.1.1. Emissões de CO2 ..................................................................................................... 87

8.2.1.2. Emissões de N2O ..................................................................................................... 89

8.2.1.3. Outras emissões de CO2 .......................................................................................... 91

8.2.2. Emissões na planta de produção de biodiesel e extração de óleo (EPRODUÇÃO BD) .... 92

8.2.3. Emissões da queima do metanol (EMETANOL) ............................................................ 93

8.2.4. Emissões na produção de metanol (EPROD.METANOL) .................................................. 94

8.2.5. Emissões relacionadas ao transporte (ETRANSPORTE) .................................................. 95

8.2.5.1. Transporte Agricultura – Produção de Biodiesel .................................................... 95

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8.2.5.2. Transporte Biodiesel – Bases de Distribuição ......................................................... 95

8.3. Vazamentos (Leakage) ................................................................................................... 96

8.4. Emissões Reduzidas (ER) ................................................................................................ 97

9. Cenários considerados ......................................................................................... 100

9.1. CENÁRIO 01: Emissões provenientes da conversão de pastagem para cultivo e do

cultivo, considerando o input ao biodiesel de acordo com o balanço de massa ......... 101

9.2. CENÁRIO 02: Emissões provenientes do cultivo, considerando o input ao biodiesel de

acordo com o balanço de massa .................................................................................. 102

9.3. CENÁRIO 03: Emissões provenientes da conversão de pastagem para cultivo e do

cultivo, considerando o input ao biodiesel de acordo com o balanço econômico ...... 103

9.4. CENÁRIO 04: Emissões provenientes do cultivo, considerando o input ao biodiesel de

acordo com o balanço econômico ............................................................................... 105

10. Conclusões e Recomendações .............................................................................. 107

10.1. Conclusões .................................................................................................................... 107

10.2. Recomendações para trabalhos futuros ...................................................................... 110

11. Referências Bibliográficas .................................................................................... 111

12. Anexos ................................................................................................................ 115

Anexo 01. Capacidade autorizada das plantas de produção de biodiesel .......................... 115

Anexo 02. Legislação regulatória ........................................................................................ 120

Anexo 03. Logística de distribuição do biodiesel ................................................................ 123

Anexo 04. Memória de cálculo ........................................................................................... 126

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Oferta de Energia X População ....................................................................................... 6

Figura 2: Mercado energético brasileiro ao longo dos anos ......................................................... 7

Figura 3: Matriz energética brasileira ........................................................................................... 8

Figura 4: Consumo final energético de óleo diesel no Brasil ...................................................... 11

Figura 5: Distribuição das oleaginosas no Brasil ......................................................................... 18

Figura 6: Participação por matéria prima para produzir biodiesel ............................................. 19

Figura 7: Produção de Soja em 2008 ........................................................................................... 20

Figura 8: Cadeia de produção do biodiesel ................................................................................. 21

Figura 9: Participação por região na produção de soja ............................................................... 22

Figura 10: Distribuição da cultura dos produtos da soja em 2009 ............................................. 23

Figura 11: Cadeia de produção do biodiesel ............................................................................... 25

Figura 12: Fluxograma de produção tradicional do biodiesel (transesterificação) ..................... 26

Figura 13: Produção Rota metílica X etílica ................................................................................. 30

Figura 14: Potencialidade X Consumo X Produção de biodiesel por região ............................... 32

Figura 15: Matriz energética mundial ......................................................................................... 33

Figura 16: Produção total de biodiesel na Europa ...................................................................... 35

Figura 17: Produção de biodiesel na Europa em 2008................................................................ 35

Figura 18: Principais produdores de biodiesel na Europa ........................................................... 37

Figura 19: Resumo histórico do consumo de óleo no Brasil ....................................................... 42

Figura 20: Pilares do PNPB .......................................................................................................... 45

Figura 21: Capacidade de produção estimada por estado.......................................................... 47

Figura 22: Número de plantas de produção autorizadas ............................................................ 48

Figura 23: Municípios com usinas de produção de biodiesel ..................................................... 49

Figura 24: Produção de biodiesel no Brasil ................................................................................. 50

Figura 25: Capacidade e produção de biodiesel em 2008 .......................................................... 50

Figura 26: Fluxograma do ciclo produtivo do biodiesel .............................................................. 56

Figura 27: Mudança nas emissões devido ao uso de biodiesel .................................................. 58

Figura 28: Custo evitado na saúde devido ao uso do biodiesel .................................................. 59

Figura 29: Vantagens do biodiesel em relação ao petrodiesel ................................................... 60

Figura 30: Bases de distribuição de combustíveis ....................................................................... 71

Figura 31: Principais emissões na etapa do cultivo ..................................................................... 74

Figura 32: Localização dos centros produtores de soja e principais cinturões ........................... 82

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Figura 33: Localização por municípios das usinas e bases de distribuição de combustíveis ...... 84

Figura 34: Emissões na cadeia de produção do petrodiesel ....................................................... 99

Figura 35: Emissões na cadeia de produção do biodiesel ........................................................... 99

Figura 36: Participação econômica dos subprodutos de soja. .................................................. 100

Figura 37: Emissões totais do biodiesel – CENÁRIO 01 ............................................................. 102

Figura 38: Emissões totais do biodiesel – CENÁRIO 03 ............................................................. 104

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação dos recursos naturais ............................................................................... 5

Tabela 2: Oferta de Energia no Brasil ............................................................................................ 9

Tabela 3: Consumo Energético final por fonte no Brasil ............................................................. 10

Tabela 4: Consumo Energético final por setor no Brasil ............................................................. 10

Tabela 5: Consumo final no setor de transportes por fonte de energia ..................................... 11

Tabela 6: Especificação do biodiesel no Brasil ............................................................................ 14

Tabela 7: Origens do biodiesel .................................................................................................... 16

Tabela 8: Espécies X Produtividade X Rendimento ..................................................................... 17

Tabela 9: Reações químicas na geração do biodiesel ................................................................. 29

Tabela 10: Comparação entre a rota metílica e etílica na produção do biodiesel ..................... 30

Tabela 11: Metas pré-estabelecidas pela UE .............................................................................. 34

Tabela 12: Emissões de GEE devido à combustão de óleo diesel (petrodiesel) ......................... 85

Tabela 13: Emissões de GEE devido à produção, refino e transporte do petróleo .................... 86

Tabela 14: Emissões de GEE devido à produção, refino e transporte do petrodiesel ................ 86

Tabela 15: Emissões totais de GEE na cadeia de produção e consumo de óleo diesel .............. 87

Tabela 16: Variação das emissões de CO2 por tipo de uso do solo, com base na área desmatada

de 2008 ........................................................................................................................................ 89

Tabela 17: Emissões de CO2 no cultivo de soja .......................................................................... 89

Tabela 18: Variação das emissões de N2O por tipo de uso do solo, com base na área

desmatada de 2008 ..................................................................................................................... 90

Tabela 19: Emissões de N2O no cultivo de soja .......................................................................... 91

Tabela 20: Outras emissões de CO2 por tipo de uso do solo, com base na área desmatada de

2008 ............................................................................................................................................. 91

Tabela 21: Outras emissões de CO2 no cultivo de soja. ............................................................. 92

Tabela 22: Emissões totais no cultivo de soja ............................................................................. 92

Tabela 23: Emissões na extração de óleo ................................................................................... 93

Tabela 24: Emissões na produção do biodiesel (rota metílica) ................................................... 93

Tabela 25: Emissão total devido à produção do metanol ........................................................... 94

Tabela 26: Emissão total devido à produção do metanol ........................................................... 94

Tabela 27: Emissões no transporte da soja da agricultura até as usinas de produção do

biodiesel ...................................................................................................................................... 95

Tabela 28: Emissões no transporte do biodiesel das usinas para as bases de distribuição ........ 96

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Tabela 29: Emissões totais do transporte na cadeia de produção do biodiesel ......................... 96

Tabela 30: Balanço das Emissões, i.e., ER (Emissões Reduzidas) ................................................ 98

Tabela 31: Participação econômico dos subprodutos da soja .................................................. 101

Tabela 32: Emissões reduzidas no Cenário 01 .......................................................................... 103

Tabela 33: Emissões reduzidas no Cenário 02 .......................................................................... 103

Tabela 34: Emissões reduzidas no Cenário 03 .......................................................................... 104

Tabela 35: Emissões reduzidas no Cenário 04 .......................................................................... 105

Tabela 36: Quadro resumo dos quatro cenários apresentados ................................................ 105

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1. Introdução

O petróleo foi o combustível do século passado, impulsionou economias, desencadeou

conflitos. Seu uso começou a ser questionado quando cresceu a preocupação com o meio

ambiente, com as mudanças climáticas e suas conseqüências. Em algumas partes do mundo já

começou a surgir um novo sistema energético: altamente descentralizado, eficiente e baseado

cada vez mais em recursos renováveis.

A busca por novas alternativas aos combustíveis fósseis é uma constante. No Brasil, por

exemplo, pode-se citar o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) e o Programa Nacional de

Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e do Gás Natural (CONPET). Nesse contexto,

se insere o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), lançado pelo Governo

Federal com o objetivo de incentivar a produção sustentável desse biocombustível, inserindo

mais uma componente renovável na matriz energética nacional ao mesmo tempo em que se

reduz a dependência das importações de petróleo (PNPB, 2008).

O PNPB incorpora uma importante componente ambiental ao tentar promover a redução de

GEE, tendo em vista a substituição do uso do diesel mineral (petrodiesel) pelo biodiesel, o que

caracteriza a substituição de energia fóssil por energia renovável. Os objetivos do programa

vão além da vertente ambiental já que vislumbra a inclusão social e o desenvolvimento

regional, promovendo a geração de emprego e renda. Para atingir esse objetivo, o governo

buscou incentivar o plantio de oleaginosas pela agricultura familiar, através de mecanismos

diretos e indiretos incluídos no PNPB.

Nessa etapa inicial do PNPB, a produção de oleaginosas pela agricultura familiar se mostra

ainda incipiente, o que tem levado os grandes produtores de biodiesel a utilizar a soja,

cultivada em grande escala pelo agronegócio, para atender à demanda de biodiesel e viabilizar

sua produção (LA ROVERE et al., 2007). Segundo dados da ANP, em média, no ano de 2008,

82% do biodiesel produzido no Brasil foi a partir da soja. Por esse motivo ela será o objeto de

estudo neste trabalho.

O processo de obtenção do biodiesel de soja é composto pelas seguintes etapas:

Plantio da soja;

Extração do óleo;

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Refino do óleo;

Distribuição do biodiesel; e

Uso, combustão.

Para que o suposto benefício ambiental seja mensurado, uma análise em todo o ciclo faz-se

necessária. A relevância deste trabalho está exatamente em estudar esta análise completa de

todo o ciclo do biodiesel, uma vez que:

O crescimento da demanda pelo biocombustível incentivará direta ou indiretamente a

expansão das fronteiras agrícolas sendo que a conversão do uso do solo pode trazer

GEE para a atmosfera;

Atualmente, na fase de produção do biodiesel utiliza-se, na maioria das vezes, um

insumo de origem fóssil: o metanol;

A fase de transporte da soja deste as áreas de cultivo até as unidades de produção é

feita por modal rodoviário que enfrenta longos percursos devido à distante localização

das maiores áreas produtoras de soja (matéria prima) e usinas produtoras de

biodiesel;

Outra parte do transporte é a distribuição do biodiesel (produzido nas usinas) até as

bases de armazenamento onde são misturados ao petrodiesel. Este transporte

também enfrenta longas distâncias e é feito pelo modal rodoviário que utiliza o

petrodiesel como principal combustível.

Todos esses fatores apresentados contribuem para o aumento das emissões no ciclo do

biodiesel e devem ser analisados em conjunto para que um balanço das emissões seja feito o

mais próximo possível da realidade.

1.1. Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é avaliar as possíveis reduções nas emissões de GEE,

comparando todo o ciclo do biodiesel com o ciclo do petrodiesel. Para fazer essa comparação,

serão consideradas: todas as etapas de produção do biodiesel, assim como todas as etapas de

produção do combustível fóssil equivalente, o petrodiesel. Espera-se que com a avaliação

completa dos dois ciclos, seja possível mensurar se a adoção de políticas governamentais para

a produção e uso do biodiesel esteja contribuindo positivamente para o balanço das emissões

de GEE.

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Portanto, como objetivos específicos neste trabalho, pode-se citar:

Analisar a participação do biodiesel na matriz energética brasileira e mundial;

Analisar todo o ciclo de obtenção do biodiesel e sua importância no contexto das

mudanças climáticas;

Calcular as emissões em todo o ciclo do diesel originário do petróleo (petrodiesel);

Calcular as emissões em todo o ciclo do biodiesel oriundo da soja;

Analisar e comparar as emissões do ciclo do petrodiesel com o do biodiesel.

1.2. Metodologia

Para alcançar esse objetivo foi feito inicialmente um levantamento de informações referentes

à utilização do biodiesel no mundo, ao Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

(PNPB) e aos processos ligados a todo o ciclo do biodiesel.

Foi utilizada como guia para cálculo das emissões a metodologia ACM0017 – “Produção de

biodiesel para uso como combustível” - aprovada e consolidada pelo Conselho Executivo do

Clean Development Mechanism em 16 de outubro de 2009 como metodologia regulatória para

a concessão de créditos de carbono em projetos relacionados ao biodiesel. Para

complementar essa metodologia, foram utilizadas metodologias consolidadas do IPCC, estudos

já realizados em alguns segmentos da cadeia e ainda inventários de emissões nacional e de

empresas.

1.3. Organização do trabalho

Os resultados das pesquisas e dos cálculos foram sintetizados em dez capítulos, de acordo com

a seguinte estrutura:

Neste primeiro capítulo introdutório visa-se apresentar o tema e sua relevância no

contexto das mudanças climáticas, os objetivos e a metodologia utilizada para atingir o

foco principal.

No segundo capítulo é feita uma contextualização do uso do biodiesel como

substituição ao óleo diesel e a distribuição da matriz energética brasileira.

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Já no terceiro capítulo busca-se analisar o biodiesel propriamente dito, apresentando

as definições para o combustível, as possíveis matérias primas e aprofundando a

análise dos componentes de todo o ciclo de produção do biocombustível.

O quarto capítulo apresenta o estado da arte do biodiesel no mundo, apresentando os

principais produtores de biodiesel e o principal consumidor do combustível fóssil a ser

substituído, o petrodiesel.

Já o quinto capítulo busca apresentar o estado da arte nacional de biodiesel,

apresentando a produção sendo o consumo também detalhado neste capítulo, além

do PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel).

O sexto capítulo retrata a importância do biodiesel no contexto das mudanças

climáticas, destacando os principais gases estufa, a importância da realização de

inventários de emissão e ainda os principais aspectos ambientais positivos e negativos

do uso e produção do biodiesel de uma maneira mais geral.

O sétimo capítulo é a parte principal do escopo do trabalho, já que detalha todos os

passos para o cálculo de cada parte das emissões e ainda detalha todas as hipóteses e

considerações para se obter um número final.

O oitavo capítulo é onde são apresentados os resultados dos cálculos das emissões

atmosféricas dos gases de efeito estufa sendo feito um balanço das emissões por

unidade produtiva considerando todas as etapas de uso do solo e emissões imputáveis

à soja.

O nono capítulo apresenta quatro possíveis cenários com resultados em números

absolutos de emissão considerando a utilização do biodiesel em 2007, 2008 e 2009 e

projetando o consumo para 2010, 2015 e 2020. Os cenários consideram uma

abordagem econômica e outra realizada através do balanço de massa, objetivando

imputar somente as emissões que dizem respeito ao biodiesel na parte do cultivo e

transporte da soja e ainda no uso do solo para o plantio.

O décimo e último capítulo apresenta as conclusões do estudo e recomendações para

trabalhos futuros.

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2. Contextualização

2.1. Matriz Energética brasileira

Objetiva-se nesta seção ter uma visão do panorama atual da situação em que o Brasil se

encontra em relação à demanda pelos mais diversos tipos de energia assim como visa-se

avaliar o histórico que o conduziu à tal situação.

Antes de discutir sobre a matriz energética brasileira cabe ressaltar algumas definições

econômicas sobre as classificações dos recursos naturais que originam as mais diversas fontes

de energia. Podemos classificá-los em renováveis ou não-renováveis, exauríveis ou não-

exauríveis e ainda como recursos de estoque ou de fluxo. A seguir, no quadro abaixo,

apresenta-se essas definições.

Classificação dos Recursos Naturais

Recurso Renovável X

Recurso Não-Renovável

Um recurso que é extraído mais rápido do que é

reabastecido por processos naturais é um recurso não-

renovável. Já um recurso que é reposto tão rápido

quanto seu consumo é um recurso renovável.

Recurso Exaurível X

Recurso Não-Exaurível

Se as reservas se esgotam quando termina a produção,

trate-se de um recurso exaurível, ou seja, mesmo

existindo não poderão ser usados ou aproveitados em

virtude de outros fatores como o preço para se explorar.

Recurso de Estoque X

Recurso de Fluxo

Recursos de Fluxo são aqueles que se encontram

dissolvidos no ambiente, isto é, são aqueles que mesmo

se utilizando o potencial agregado não são consumidos,

por exemplo, o vento ou a água. Já os de estoque estão

armazenados, confinados e são consumidos, tendo a

quantidade reduzida a cada uso, por exemplo os

combustíveis fósseis.

Tabela 1: Classificação dos recursos naturais.

Fonte: Baseado em RATHMAN, 2009.

Para avaliar o uso brasileiro de energia uma das ferramentas mais indicadas é o balanço

energético nacional, o BEN, fornecido anualmente pelo Ministério de Minas e Energia, sendo

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um indicador de domínio público. O BEN representa uma contabilidade relativa à oferta e ao

consumo de todas as formas de energia no Brasil, contemplando as atividades de extração de

recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, a importação e a

exportação, a distribuição e o uso final da energia (MME, 2008).

Utilizando os relatórios de balanço energético e analisando essa série histórica podemos ver

que o consumo total de energia primária no Brasil apresenta crescimento acentuado ao longo

da década de 70. Esse forte crescimento registrado pode ser explicado devido ao término da

segunda guerra mundial, que impulsionou a urbanização, industrialização e consequentemente

promoveu o desenvolvimento da infraestrutura em especial o setor de transportes que exigiu

elevada demanda energética (LA ROVERE, 2007).

Nos anos 40, menos de 30% dos 40 milhões de habitantes do Brasil viviam no meio urbano. O

consumo de energia primária girava em torno de 23 Mtep (milhões de toneladas equivalentes

de petróleo). No final do século, no ano 2000, a população atingiu os 170 milhões de

habitantes sendo o percentual de pessoas na cidade de 80%. Com isso, o consumo energético

praticamente dobrou. O consumo de energia per capita/ano subiu de 0,6 para 1,1 tep (LA

ROVERE, 2007).

Figura 1: Oferta de Energia X População.

Fonte: LA ROVERE, 2007.

0

50

100

150

200

250

300

1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Oferta Interna de energia (10^6 tep) População (10^6 hab)

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Juntamente da demanda, a oferta de energia também cresceu. Nos anos 40, aproximadamente

80% da energia primária utilizada no país era oriunda da queima de lenha, 6% de petróleo e

apenas 1,3% de hidroeletricidade. Conforme veremos a seguir esse panorama foi totalmente

alterado (LA ROVERE, 2007).

Hoje, a matriz energética brasileira se destaca entre as economias industrializadas pela

elevada participação das fontes renováveis. Isso se explica por alguns privilégios da natureza,

como uma bacia hidrográfica com vários rios de planalto, fundamental à produção de

eletricidade (14%), e o fato de ser o maior país tropical do mundo, diferencial positivo para a

produção de energia de biomassa (23%) (LA ROVERE, 2007).

Figura 2: Mercado energético brasileiro ao longo dos anos.

Fonte: BEN, 2009 (preliminar).

1970

1980

1990

2000

2008

58%

46%

49%

41%

45%

42%

54%

51%

59%

55%

Fonte Renováveis Fontes Não-Renováveis

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Figura 3: Matriz energética brasileira.

Fonte: MAPA, 2007.

Conforme os dados obtidos do último relatório de balanço energético disponível (BEN, 2008),

serão apresentadas informações em forma de tabelas para quantificar a oferta e o consumo de

energia no mercado nacional.

Por definição, oferta interna de energia representa a quantidade de energia que se

disponibiliza para ser transformada ou para consumo final, incluindo perdas posteriores na

distribuição (MME, 2009). Segue, portanto a oferta interna de energia no Brasil de acordo com

as respectivas participações.

Petróleo, 43.1%

Carvão mineral, 6.0%Gás natural, 7.5%

Biomassa tradicional, 8.5%

Nuclear, 1.8%

Hidrelétrica, 14.0%

Biomassa moderna, 23.0%

Outras renováveis, 0.1%

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Setor Energético 2008 (Mtep) Percentual

OFERTA TOTAL 252,2 100%

ENERGIA NÃO RENOVÁVEL 138,0 54,7%

Petróleo e Derivados 92,5 36,7%

Gás Natural 25,9 10,3%

Carvão Mineral e Derivados 15,7 6,2%

Urânio (U3O8) e Derivados 3,7 1,5%

ENERGIA RENOVÁVEL 114,2 45,3%

Energia Hidráulica e Eletricidade 34,9 13,8%

Lenha e Carvão Vegetal 29,2 11,6%

Produtos da Cana de açúcar 41,3 16,4%

Outras Renováveis 8,8 3,5%

Tabela 2: Oferta de Energia no Brasil.

Fonte: BEN, 2008.

Pode-se concluir que dentro das fontes de energia não renováveis, os combustíveis fósseis

(onde se inclui o petrodiesel) dominam o mercado brasileiro sendo responsáveis por 36,7% da

oferta de energia.

De acordo com os dados obtidos do BEN, segue abaixo o consumo final de energia por fonte

no Brasil.

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Fonte 2008 (10³ tep) Percentual

Óleo Diesel 37.523 17,7%

Eletricidade 36.868 17,4%

Bagaço de cana 28.494 13,5%

Lenha 16.852 8,0%

Gás Natural 15.345 7,2%

Gasolina 14.538 6,9%

Etanol 10.139 4,8%

GLP 7.643 3,6%

Outras Fontes 44.449 21,0%

Total 211.852 100,0%

Tabela 3: Consumo Energético final por fonte no Brasil.

Fonte: BEN, 2009 (preliminar).

Como foi visto na tabela acima, o combustível em questão neste trabalho (o biodiesel) pode

substituir a principal fonte de energia para o país: o petrodiesel, que sozinho no ano de 2008

representou cerca de 18% do consumo de energia brasileiro.

Vale também ressaltar como se dá o consumo energético no país de acordo com os setores da

economia. Como pode-se notar na tabela a seguir, o setor de transportes ocupa a segunda

colocação em relação ao consumo ficando apenas atrás do setor industrial, que é o que mais

consumiu energia em 2008.

Setor 2008 (10³ tep) Percentual

Industrial 83.988 39,6%

Transportes 61.648 29,1%

Residencial 22.880 10,8%

Energético 23.822 11,2%

Agropecuário 9.689 4,6%

Comercial 6.182 2,9%

Público 3.643 1,7%

Total 211.852 100,0%

Tabela 4: Consumo Energético final por setor no Brasil.

Fonte: BEN, 2009 (preliminar).

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Dentro do setor de transportes pode-se perceber que a principal fonte de energia é

justamente o petrodiesel atualmente, respondendo por mais da metade da demanda

energético do setor como na tabela a seguir.

Fonte de Energia 2008 (10³ tep) Percentual

Óleo Diesel 30.997 50,3%

Gasolina 14.538 23,6%

Álcool Hidratado 6.778 11,0%

Álcool Anidro 3.361 5,5%

Outras Fontes 5.974 9,7%

Total 61.648 100,0%

Tabela 5: Consumo final no setor de transportes por fonte de energia.

Fonte: BEN, 2009 (preliminar).

2.2. Consumo de óleo Diesel no Brasil

O Brasil possui uma matriz energética bastante diversificada como visto anteriormente. O

petrodiesel sempre esteve presente nessa diversificação representando uma importante fonte

de energia no Brasil ao longo da história.

Figura 4: Consumo final energético de óleo diesel no Brasil.

Fonte: BEN, 2008.

Neste cenário de grande utilização do petrodiesel, se insere um biocombustível que substitui o

petrodiesel: o chamado biodiesel que será apresentado mais detalhadamente a seguir na

seção terceira deste trabalho.

5,393

15,70120,944

29,50532,382 32,816 34,836

1970 1980 1990 2000 2005 2006 2007

Consumo Final Energético - Óleo Diesel (10³ tep)

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3. O Biodiesel

3.1. Definição

Segundo a lei 11.097 de 13/01/2005 que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira,

biodiesel é o “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de

outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem

fóssil.”

No site oficial do governo federal pode-se encontrar ainda que o biodiesel é definido como

“um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por

diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação.

Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de

espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma),

girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.”

A Resolução ANP Nº 7, de 19/03/2008 define o biodiesel como “combustível composto de

alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras

animais”.

Para que o biodiesel seja produzido, óleos vegetais e gorduras animais são submetidos a uma

reação química denominada transesterificação. Nessa reação, óleos vegetais e gordura animal

reagem na presença de um catalisador (geralmente uma base) com um álcool (usualmente o

metanol) para produzir os alquil ésteres correspondentes da mistura de ácidos graxos que é

encontrada no óleo vegetal ou na gordura animal de origem (KNOTHE et al, 2008).

A descrição acima, conforme Nacional Renewable Energy Laboratory, é ilustrada pela reação a

seguir, mostrando ainda seu balanço de massa:

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A maior razão para que óleos vegetais e gordura animal devam ser convertidas em alquil

ésteres é a viscosidade cinética que, no biodiesel, é muito mais próxima daquela do diesel de

petróleo. A alta viscosidade de matérias graxas não transesterificadas conduz a sérios

problemas operacionais nos motores diesel, tais como a ocorrência de depósitos em várias

partes do motor (KNOTHE et al, 2008).

O biodiesel pode ser usado puro ou em mistura com o óleo diesel em qualquer proporção.

Tem aplicação singular quando em mistura com o óleo diesel de ultrabaixo teor de enxofre,

porque confere a este, melhores características de lubricidade. É visto como uma excelente

alternativa ao uso de ésteres em adições de 5 a 8% para reconstituir essa lubricidade

(BIODIESELBR, 2007).

A Resolução ANP Nº 7, DE 19/03/2008 estabelece especificação para a comercialização do

Biodiesel, que pode ser verificada na tabela abaixo. Esta estabelece também o método de

ensaio para cada parâmetro analisado.

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Especificação do Biodiesel

RESOLUÇÃO ANP Nº 7, DE 19/03/2008

CARACTERÍSTICA LIMITE LII(1) UNIDADE

Massa específica a 20º C 850-900 kg/m3

Viscosidade Cinemática a 40ºC 3,0-6,0 mm2/s

Teor de Água, máx. (2) 500 mg/kg

Contaminação Total, máx. 24 mg/kg

Ponto de fulgor, mín. (3) 100 ºC

Teor de éster, mín 96,5 % massa

Resíduo de carbono (6) 0,05 % massa

Cinzas sulfatadas, máx. 0,02 % massa

Enxofre total, máx. 50 mg/kg

Sódio + Potássio, máx. 5 mg/kg

Cálcio + Magnésio, máx. 5 mg/kg

Fósforo, máx. 10 mg/kg

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. 1 -

Número de Cetano (7) Anotar -

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx. 19 (9) ºC

Índice de acidez, máx. 0,5 mg KOH/g

Glicerol livre, máx. 0,02 % massa

Glicerol total, máx. 0,25 % massa

Mono, di, triacilglicerol (7) Anotar % massa

Metanol ou Etanol, máx. 0,2 % massa

Índice de Iodo (7) Anotar g/100g

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.(2) 6 h

Tabela 6: Especificação do biodiesel no Brasil.

Fonte: ANP, 2008.

Nota:

(1) LII – Límpido e isento de impurezas com anotação da temperatura de ensaio.

(2) O limite indicado deve ser atendido na certificação do biodiesel pelo produtor ou importador.

(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ºC, fica dispensada a análise de teor

de metanol ou etanol.

(4) O método ABNT NBR 15342 poderá ser utilizado para amostra oriunda de gordura animal.

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(5) Para biodiesel oriundo de duas ou mais matérias-primas distintas das quais uma consiste de óleo de

mamona:

a) teor de ésteres, mono-, diacilgliceróis: método ABNT NBR 15342;

b) glicerol livre: método ABNT NBR 15341;

c) glicerol total, triacilgliceróis: método ABNT NBR 15344;

d) metanol e/ou etanol: método ABNT NBR 15343.

(6) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.

(7) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de

especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados pelo produtor de biodiesel à ANP,

tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança

de tipo de matéria-prima, o produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de

tipos de matérias-primas utilizadas.

(8) Poderá ser utilizado como método alternativo o método ASTM D6890 para número de cetano.

(9) O limite máximo de 19ºC é válido para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia, devendo ser anotado

para as demais regiões. O biodiesel poderá ser entregue com temperaturas superiores ao limite

supramencionado, caso haja acordo entre as partes envolvidas. Os métodos de análise indicados não podem

ser empregados para biodiesel oriundo apenas de mamona.

(10) Os métodos referenciados demandam validação para as matérias-primas não previstas no método e rota

de produção etílica.

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3.2. Matéria Prima

As principais matérias primas para a produção de biodiesel são os óleos vegetais, porém

também pode ser obtido através da gordura animal e ainda de óleos e gorduras residuais

como matérias graxas de esgotos.

Categoria Origens Obtenção

Óleos e gorduras

animais

Matadouros

Frigoríficos

Extração com água e vapor

Óleos Vegetais Agricultura Extração mecânica

Extração com solvente

Extração mista

Óleos residuais de

frituras

Resíduos comerciais e

industriais

Acúmulos e coletas

Matérias graxas de

esgotos

Águas residuais das cidades e

de certas industrias

Processo em fase de

pesquisa e desenvolvimento

Tabela 7: Origens do biodiesel.

Fonte: Baseado em KNOTHE et al., 2008

.

Segundo as diretrizes da Política de Agroenergia 2006 – 2011 existem diversas alternativas

para o fornecimento de óleos vegetais para a produção de Biodiesel no Brasil, que variam de

acordo com as condições regionais para a cultura apropriada das espécies oleaginosas. O Brasil

possui um potencial de 140 Mha de área agricultável adicional, dos quais boa parte não é

apropriada para agricultura de alimentos, mas pode ser usada para o plantio de oleaginosas

(MAPA, 2007).

Destacam-se, dentre as principais matérias-primas cotejadas para o biodiesel, as oleaginosas,

como o algodão, amendoim, dendê, girassol, mamona, pinhão manso e soja. São também

consideradas matérias-primas para biocombustíveis os óleos de descarte, gorduras animais e

óleos já utilizados em frituras de alimentos (SEBRAE, 2007).

Cada oleaginosa, dependendo da região na qual é cultivada e segundo as condições de clima e

de solo, apresenta características específicas na produtividade por hectare e no percentual de

óleo obtida da amêndoa ou grão. A produtividade obtida também está diretamente associada

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às condições de clima e do sol, às tecnologias de cultivo, à qualidade de semente e às

tecnologias de processamento praticadas (SEBRAE, 2007).

O quadro a seguir ilustra a relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo com as

regiões produtoras.

Espécie Produtividade

(toneladas/ha)

Porcentagem

de óleo

Ciclo de

vida

Regiões

produtoras

Tipo de

cultura

Rendimento

(tonelada

óleo/ha)

Algodão 0,86 a 1,4 15 Anual MT, GO, MS,

BA e MA Mecanizada 0,1 a 0,2

Amendoim 1,5 a 2 40 a 43 Anual SP Mecanizada 0,6 a 0,8

Dendê 15 a 25 20 Perene BA e PA Intensiva

MO 3 a 6

Girassol 1,5 a 2 28 a 48 Anual GO, MS, SP,

RS e PR Mecanizada 0,5 a 0,9

Mamona 0,5 a 1,5 43 a 45 Anual Nordeste Intensiva

MO 0,5 a 0,9

Pinhão

manso 2 a 12 50 a 52 Perene

Nordeste e

MG

Intensiva

MO 1 a 6

Soja 2 a 3 17 Anual

MT, PR, RS,

GO, MS, MG e

SP

Mecanizada 0,2 a 0,4

Tabela 8: Espécies X Produtividade X Rendimento.

Fonte: SEBRAE, 2007.

Como a escolha da matéria prima para a produção de biodiesel depende largamente de

fatores geográficos, segue abaixo o mapa retratando a potencialidade brasileira para a

produção de biodiesel de acordo com a indicação para o plantio feita pelo Zoneamento

Agrícola de Risco Climático, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA, 2005).

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Figura 5: Distribuição das oleaginosas no Brasil.

Fonte: BIODIESELBR, 2008.

Pode-se justificar a escolha da soja para uma discussão um pouco mais profunda por ser,

atualmente, a principal fonte de matéria prima para a produção de biodiesel. Esse fato é

comprovado através do gráfico a seguir que demonstra esse predomínio da soja.

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Figura 6: Participação por matéria prima para produzir biodiesel.

Fonte: ANP, 2008.

Como pode ser observado no gráfico acima, outros materiais graxos como as oleaginosas

regionais como dendê, mamona e outros representam apenas 3% da produção nacional

enquanto a soja 82%.

O cultivo da principal matéria prima para a produção de biodiesel no Brasil, a agricultura da

soja, concentra-se em algumas regiões específicas como o mato grosso, oeste da Bahia e

região Sul, como pode ser visto na figura a seguir. Essa concentração acaba gerando o

transporte dessas oleaginosas para outras regiões do país onde é produzido o biodiesel. Esse

transporte acaba por aumentar as emissões de GEE de todo o ciclo.

82%

11%

4% 3%

Matéria Prima para Biodiesel

Óleo de Soja

Gordura Bovina

Óleo de Algodao

Outros materiais graxos

Mês de referência: Dezembro/2008

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Figura 7: Produção de Soja em 2008.

Fonte: Elaboração própria, 2009.

3.3. Cadeia de produção

Como foi justificado anteriormente, a principal forma de obtenção do biodiesel no Brasil é

através de matérias primas vegetais, especificamente a soja, uma semente oleaginosa. A

seguir será descrita a cadeia de produção do biodiesel proveniente da soja, que pode ser

dividida basicamente em quatro partes.

Agricultura;

Extração do óleo;

Produção de biodiesel; e

Distribuição.

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Essa divisão é esquematizada na figura abaixo:

Figura 8: Cadeia de produção do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

A seguir estas principais fases serão explicadas com maiores detalhes.

3.3.1. Agricultura

Esta etapa consiste na etapa de preparação do solo, do cultivo e colheita dos grãos (matéria

prima) que serão transportadas até as unidades de extração de óleo. De acordo com o tipo de

grão, climatologia do local de cultivo, tipo de cultura e outros fatores, esta fase obviamente

terá duração variada.

A safra brasileira de soja em 2007/08 foi de 60,05 milhões de toneladas, superior à safra

anterior em 2,8% (1,66 milhões de toneladas). O referido incremento deve-se ao aumento da

área plantada em 3,1% (647,5 mil hectares) motivado pelos bons preços do produto e pela

expectativa futura de mercado à época da implantação da cultura, aliados às boas condições

climáticas ocorridas durante todo o ciclo da lavoura e pelo alto nível tecnológico usado,

principalmente, no combate às pragas e às doenças. A exceção fica para a Região Sul que foi

castigada pelo La Niña, reduzindo a produtividade média em 9,5% (263 kg/ha) e a produção

em 10,1% (2,33 milhões de toneladas). Estes efeitos recaíram com mais intensidade sobre os

Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estendendo-se até Mato Grosso do Sul. Do

total produzido a Região Centro-Oeste participa com 48,54% (29,15 milhões de toneladas),

•Matéria Prima

Agricultura

•Unidades de extração de óleo

Extração•Planta de produçao do biodiesel

Produção

•Mistura do Petrodiesel com o Biodiesel

Distribuição

Transporte

Transporte

Transporte

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destacando-se como a maior produtora nacional, seguida pela Sul, com 34,34% (20,62 milhões

de toneladas); pela Nordeste, com 8,04% (4,83 milhões de toneladas); pela Sudeste, com

6,63% (3,98 milhões de toneladas) e pela Norte, com 2,45% (1,47 milhão de toneladas). O

produtor de soja, a cada dia, se coloca em lugar de destaque pelo uso de novas técnicas e

busca constante da eficiência e eficácia na produção da oleaginosa (CONAB,2008).

Figura 9: Participação por região na produção de soja.

Fonte: CONAB, 2008.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais fez uma estimativa de como seria a

distribuição da cultura dos produtos da soja em 2009. Um esquema representativo desta

distribuição vem a seguir.

49%

34%

7%

2% 8%

Participação por Região na Produção de Soja

Centro Oeste

Sul

Sudeste

Norte

Nordeste

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Figura 10: Distribuição da cultura dos produtos da soja em 2009.

Fonte: Baseado em ABIOVE, 2008.

A partir do gráfico acima, pode-se perceber que da quantidade de soja produzida,

aproximadamente 47%, é exportada na forma de grão e o restante é encaminhado para

processamento. Do montante processado aproximadamente 19% é convertido em óleo de soja

e o restante convertido em farelo. Vale lembrar que o farelo não é um resíduo do

processamento da soja e sim um co-produto, pois possui valor comercial.

3.3.2. Extração de óleo

Independentemente de qual técnica se adote deve-se preparar as sementes. Para isso, deve-se

remover: raízes, folhas, pedras, areia, impurezas e sementes danificadas. Após esta primeira

etapa de preparação, as sementes são então descascadas já que, como as cascas são abrasivas,

acabam por gerar mais desgaste dos equipamentos, além de não serem expressivas para

obtenção do óleo (KNOTHE et a.l, 2008).

Existem duas técnicas para se obter o óleo das sementes oleaginosas: trituração mecânica e

extração por solvente. A trituração é a mais indicada para plantas de pequeno porte, pois seu

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investimento inicial é menor. Plantações que processam menos de 100 mil kg/dia devem

utilizar a trituração (KNOTHE et al., 2008).

A extração por solvente, atualmente, se dá através da utilização de hexano nas sementes.

Passa-se o hexano pelas sementes (já descascadas), dissolvendo-se assim o óleo presente.

Posteriormente aquece-se a mistura óleo e solvente para que haja a vaporização do solvente,

restando apenas o óleo (KNOTHE et al., 2008).

Já na trituração mecânica, as sementes são pré-aquecidas para assim se eliminar substâncias

como, por exemplo, enzimas que poderão acarretar posteriores problemas. Uma das técnicas

mais utilizadas é a extrusão quando se comprime (à elevadas pressões) as sementes até

atingirem cerca de 150˚C. Assim obtêm-se o óleo cru, que contém impurezas. A transformação

deste óleo cru para óleo refinado é formada por três fases:

Refino: Há a remoção de substâncias emulsificantes do óleo cru, os fosfolipídios e

ácidos graxos.

Alvejamento: Há a remoção de pigmentos coloridos do óleo, além de auxiliar na

remoção de sabão remanescente, traços de metais, fosfatídeos e compostos de

enxofre.

Desodorização: Consiste basicamente na destilação a elevadas temperaturas e baixas

pressões. Assim, os componentes responsáveis pelo odor são vaporizados por serem

mais voláteis que o óleo. No final deste processo, há uma filtração do óleo antes de

sair da planta de extração do óleo.

3.3.3. Produção de Biodiesel

A figura a seguir mostra as principais etapas da produção do biodiesel: produção do grão, a

extração do óleo, a produção do biodiesel a partir do grão, a distribuição e a revenda ao

consumidor.

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Figura 11: Cadeia de produção do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

A obtenção do biodiesel pode ocorrer através de diferentes tipos de transformações químicas

como a esterificação (reação na qual um ácido graxo reage com um mono-álcool de cadeia

curta, na presença de um catalisador, tendo como resultado monoésteres de ácidos graxos) e

ainda a transesterificação, sendo que a evolução tecnológica evidencia a adoção desta última

como principal processo de produção (SUAREZ et al., 2007 em AVZARADEL, 2008).

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No processo de transesterificação, o biodiesel é obtido através da reação de óleos vegetais ou

animais com um intermediário ativo formado pela reação de um álcool com um catalisador. Os

produtos da reação química são: um éster (biodiesel), o glicerol com água (produto com

diversas aplicações na indústria de cosméticos, dentre outros) e um excedente de álcool

(SALES et al., 2006 em AVZARADEL, 2008).

A figura a seguir mostra as etapas envolvidas no processo de produção do biodiesel, realizado

através da transesterificação que atualmente representa a principal forma de obtenção do

biodiesel.

Figura 12: Fluxograma de produção tradicional do biodiesel (transesterificação).

Fonte: SEBRAE, 2007.

A seguir serão descritas as etapas apresentadas no fluxograma acima de forma mais

detalhada.

A. Preparação da matéria prima: é necessário que a matéria prima tenha o mínimo de

umidade e de acidez, o que é possível a submetendo a um processo de neutralização,

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através de uma lavagem com uma solução alcalina de hidróxido de sódio ou de potássio,

seguida de uma operação de secagem ou desumidificação. As especificidades do

tratamento dependem da natureza e condições da matéria graxa empregada como

matéria prima (PARENTE, 2003 em LEIRAS, 2006).

Independentemente da origem do óleo vegetal bruto utilizado, o processo básico de

obtenção do biodiesel é razoavelmente semelhante, variando apenas as dosagens e os

diagramas de massa. Ou seja, pelo fato dos ácidos componentes dos óleos vegetais se

apresentarem em diferentes percentuais em cada um deles, as proporções de cada um e a

necessidade de aditivos para remover os resíduos variará em cada caso para resultar em

um produto final que atenda às especificações (JORDÃO FILHO, 2004 em LEIRAS, 2006).

B. Reação de transesterificação: Consiste na reação química de um óleo vegetal com um

álcool na presença de um catalisador. Como resultado, obtém-se o éster metílico ou

etílico, conforme o álcool utilizado, e a glicerina. Assim, a transesterificação nada mais é do

que a separação da glicerina do óleo vegetal. Durante o processo, a glicerina – que

compõe cerca 20% da molécula de óleo vegetal – é removida, deixando o óleo mais fino e

reduzindo sua viscosidade, e substituída pelo álcool proveniente do etanol ou metanol.

Como a reação é reversível, faz-se necessário um excesso de álcool para forçar o equilíbrio

para o lado do produto desejado. Um catalisador é normalmente usado para acelerar a

reação, podendo ser ácido, básico ou enzimático. O hidróxido de sódio (NaOH) e o

hidróxido de potássio (KOH) são os catalisadores mais usados (PARENTE, 2003 em LEIRAS,

2006).

C. Separação de fases: Após a reação de transesterificação que converte a matéria graxa em

ésteres, a massa reacional final é constituída de duas fases, separáveis por decantação

e/ou por centrifugação. A fase mais pesada é composta de glicerina bruta, impregnada dos

excessos utilizados de álcool, de água e de impurezas inerentes à matéria-prima. A fase

menos densa é constituída de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos, conforme a

natureza do álcool originalmente adotado, também impregnado de excessos reacionais de

álcool e de impurezas (PARENTE, 2003 em LEIRAS, 2006).

D. Recuperação do álcool da glicerina: A fase pesada, contendo água e álcool, é submetida a

um processo de evaporação, eliminando-se da glicerina bruta esses constituintes voláteis,

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cujos vapores são liquefeitos num condensador apropriado (PARENTE, 2003 em LEIRAS,

2006).

E. Recuperação do álcool dos ésteres: Da mesma forma, mas separadamente, o álcool

residual é recuperado da fase mais leve, liberando para as etapas seguintes, os ésteres

metílicos ou etílicos (PARENTE, 2003 em LEIRAS, 2006).

F. Desidratação do álcool: Os excessos residuais de álcool, após os processos de

recuperação, contêm quantidades significativas de água, necessitando de uma separação.

A desidratação do álcool é feita normalmente por destilação (PARENTE, 2003 em LEIRAS,

2006).

G. Purificação dos ésteres: Os ésteres deverão posteriormente ser lavados por centrifugação

e desumidificados, resultando finalmente no biodiesel, o qual deverá ter suas

características enquadradas nas especificações das normas técnicas estabelecidas para o

biodiesel como combustível para uso em motores do ciclo diesel (PARENTE, 2003 em

LEIRAS, 2006).

H. Destilação da glicerina: A glicerina bruta, emergente do processo, mesmo com suas

impurezas convencionais, já constitui o co-produto vendável. No entanto, o mercado é

muito mais favorável à comercialização da glicerina purificada, quando o seu valor é

realçado. A purificação da glicerina bruta é feita por destilação a vácuo, resultando um

produto límpido e transparente, denominado comercialmente de glicerina destilada

(PARENTE, 2003 em LEIRAS, 2006).

Na sua forma refinada a glicerina é: não tóxica, biodegradável, viscosa, inodora e incolor. A

maior parte da glicerina produzida é originada de co-produtos de processamento de

commodities, resultando, dentre outros processos, da transesterificação de triglicerídios

para fabricação do biodiesel (COPPE, 2004 em LEIRAS, 2006).

A grande maioria dos envolvidos no universo do biodiesel (cientistas, tecnologistas ou

administradores) está preocupada com o mercado da glicerina. Apesar de suas inúmeras

aplicações, existe uma enorme diferença entre os valores das demandas das aplicações e

os valores praticados no mercado (COPPE, 2004 em LEIRAS, 2006).

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Na consciência de que, para cada metro cúbico de biodiesel produzido, produz-se,

aproximadamente, 100 kg de glicerina, os especialistas acreditam que o mercado químico

não terá condições de absorver tamanha oferta. Assim, a implementação da produção do

biodiesel deverá baixar progressivamente o preço da glicerina. Em contrapartida, à medida

que o preço diminui, novas aplicações vão sendo viabilizadas, como usos agrícolas e

transformação em metanol, através da reforma com vapor, realimentando o processo de

produção de biodiesel (COPPE, 2004 em LEIRAS, 2006).

Atualmente, as maiores aplicações da glicerina são dirigidas aos segmentos farmacêuticos,

de higiene pessoal e processamento de alimentos, mas são reconhecidas mais de 1.500

aplicações para esta. A entrada em novos segmentos manteria os preços em um patamar

fixo e conveniente (COPPE, 2004 em LEIRAS, 2006).

3.3.3.1. Metanol x Etanol

Com relação ao álcool utilizado no processo há duas opções para se produzir biodiesel: o

metanol (rota metílica) e o etanol (rota etílica). Apesar das desvantagens ambientais, no

momento a rota mais consagrada é justamente a que usa o metanol por apresentar vantagens

no rendimento.

Tipo Reação

Rota Metílica C3H5R3 + 3 CH3OH C3H5(OH)3 + 3 CH3R

(Óleo vegetal + Metanol = Glicerina + Éster metílico)

Rota Etílica C3H5R3 + 3 C2H5OH C3H5(OH)3 + 3 C2H5R

(Óleo vegetal + Etanol = Glicerina + Éster etílico)

Tabela 9: Reações químicas na geração do biodiesel.

Fonte: SUAREZ et.al., 2007.

De acordo com PARENTE (2003 em LEIRAS, 2006), sob o ponto de vista técnico e econômico, a

rota metílica é muito mais vantajosa que a rota etílica. O quadro comparativo apresentado a

seguir evidencia as vantagens do uso do metanol em relação ao etanol.

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Quantidades e Condições Usuais Médias Aproximadas Metílica Etílica

Quantidade consumida de álcool por 1.000 litros de biodiesel 90 kg 130 kg

Preço médio do álcool (US$/tonelada) 190 360

Temperatura recomendada de reação 60°C 85°C

Tempo de reação 45 mins 90 mins

Tabela 10: Comparação entre a rota metílica e etílica na produção do biodiesel.

Fonte: PARENTE, 2003 em LEIRAS, 2006.

O metanol é em geral mais utilizado por ter uma cadeia de produção e consumo mundial mais

desenvolvida, ser mais barato e possuir diversas vantagens em termos de processo como:

Maior taxa de conversão dos óleos vegetais em biodiesel;

Maior facilidade de separação das fases constituídas de biodiesel e glicerina;

Reciclagem total do álcool excedente;

Apenas 2% do biodiesel produzido no Brasil em 2008 teve origem etílica como pode ser

percebido no gráfico a seguir:

Figura 13: Produção Rota metílica X etílica.

Fonte: BIODIESELBR, 2009.

A grande desvantagem do uso do metanol em relação ao etanol está em sua origem já que a

rota metílica tem origem em fontes fósseis e virtude disso sua combustão é geradora de gases

do efeito estufa (GEE). Além disso, também apresenta a desvantagem de ter características de

2%

98%

Rota Etílica

Rota Metílica

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toxicidade implicando em cuidados mais especiais para o manuseio e a dependência do

mercado externo já que a produção nacional não é auto-suficiente.

Já a rota etílica, apresenta mais limitações principalmente devido a maior complexidade das

reações que estão envolvidas neste processo, substancialmente devido ao maior tamanho da

cadeia do etanol e por possuir características azeotrópicas. Porém, cabe ressaltar que com as

evoluções tecnológicas e com as pesquisas desenvolvidas essa limitação poderá facilmente ser

superada, tornando o etanol viável e representando a melhor alternativa para substituir o

metanol já que atualmente apresenta vantagens relevantes como:

Disponibilidade do produto;

Cadeia de suprimento mais integrada e infraestrutura de oferta;

Produção alcooleira nacional consolidada sendo o Brasil um dos maiores produtores

mundiais de cana-de-açúcar, açúcar e alcool etílico;

Fonte de energia ambientalmente correta devido a ser de origem vegetal (biomassa).

Neste trabalho, para o cálculo de emissões, foi considerado o pior cenário ambiental em

relação a origem do álcool utilizado para a produzir biodiesel, ou seja, que toda a produção do

biocombustível se dá a partir da rota metílica. Foi assim escolhido em virtude de sua maior

participação na produção que é justificada pelos fatores citados acima.

3.3.4. Distribuição

Depois de preparado, o biodiesel puro (B100) é levado das usinas de produção para as bases

de distribuição onde então é misturado ao petrodiesel de acordo com o percentual desejado e

em seguida transportado para os postos de abastecimento. Para isso, há de se destacar o setor

de transportes e toda a logística envolvida para que essa distribuição seja feita de modo mais

otimizado possível.

3.3.5. Transporte

O biodiesel produzido será inevitavelmente inserido na logística dos combustíveis. Assim, terá

de ser transportado para os locais de estocagem de diesel das grandes distribuidoras de

produtos refinados, onde será misturado ao mesmo (JORDÃO FILHO, 2004 em LEIRAS, 2006).

Como o Brasil é um país com dimensão muito extensa esta questão logística é fundamental

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para que os possíveis benefícios do produto sejam concretos. Pode ser até mesmo uma

barreira já que o maior pólo de consumo se encontra no sudeste e o maior pólo produtor (de

soja) se encontra no centro oeste do país.

Como o biodiesel pode ser utilizado como substituto ao óleo diesel, é empregado em motores

de combustão-ignição (motores de ciclo diesel). Outros usos incluem a substituição de outros

tipos de combustíveis fósseis na geração de energia, a exemplo do uso em caldeiras ou em

geração de calor em processos industriais. Misturas de até 20% de biodiesel (a 80% de diesel

convencional) podem ser utilizadas em diversos tipos de equipamento a diesel, sendo ainda

compatíveis com a maior parte dos equipamentos de armazenamento e distribuição. Tais

misturas não requerendo qualquer tipo de adaptação do motor (UDAETA et al., 2004 em

AVZARADEL, 2008).

O gráfico abaixo traduz a realidade do ano de 2008 no país. Ele representa a potencialidade de

cada região na produção de biodiesel (se toda a produção de soja fosse convertida em

biodiesel), a produção pelas plantas produtoras de biodiesel e a demanda pelo combustível (2

ou 3 % do consumo do diesel).

Figura 14: Potencialidade X Consumo X Produção de biodiesel por região.

Fonte: ANP, 2009 e IBGE, 2009.

Como podemos perceber a maior potencialidade e produção de biodiesel é na região centro

oeste enquanto o maior consumo se dá na região sudeste. Além disso, a produção de biodiesel

é autosuficiente apenas nas regiões Sul e Centro Oeste, por isso faz-se necessário transportar a

soja ou o biodiesel.

-

1,000,000

2,000,000

3,000,000

4,000,000

5,000,000

6,000,000

7,000,000

N NE CO SE S

Comparativo por regiões

Potencialidade (m³) Producao de BD (m³) Consumo de BD (m³)

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4. O estado da arte da indústria do Biodiesel no mundo

Antes de focar no estado da arte do Biodiesel, apresenta-se a seguir um gráfico mostrando a

distribuição da matriz energética mundial para melhor contextualização didática.

Figura 15: Matriz energética mundial.

Fonte: BIODIESELBR, 2009.

Mundialmente, o Biodiesel surgiu como uma alternativa aos combustíveis fósseis, os

combustíveis minerais. Por ser uma alternativa renovável, vem se tornando cada vez mais uma

importante fonte de energia para o mundo em longo prazo.

Os biocombustíveis vêm sendo testados em diversos países por todo o mundo.

Comercialmente, o biodiesel já é produzido em países como Alemanha, França, Argentina,

Estados Unidos, Malásia, França e Itália.

Analisando o contexto mundial pode-se ressaltar alguns países que se destacam ao que se

refere à produção e comercialização. Este trabalho se aprofunda mais especificamente apenas

Petróleo34%

Carvão mineral26%

Gás natural21%

Biomassa10%

Nuclear6%

Hidrelétrica2%

Outras renováveis1%

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nos países que estimulam o desenvolvimento da produção em escala industrial, concentrados

na Europa, e ainda no país que atualmente mais consome o petrodiesel, os Estados Unidos.

4.1. O estado da arte na União Européia

O programa de incentivo à produção do biodiesel na Europa representa uma série de decisões

políticas com o objetivo fundamental de difundir e promover o uso de recursos renováveis

para a produção de energia de uma forma escalonada, conforme a tabela abaixo.

Tipo de

Energia

1995

Eurostat

2001

Eurostat

TCA*

1995-2001

Metas

projetadas

para 2010

TCA*

necessário

2001-2010

Vento 2,5 GW 17,2 GW 37,9% 40 GW 9,8%

Hidro 87,1 GW 91,7 GW 0,9% 100 GW 1,0%

Fotovoltaica 0,04 GWp 0,26 GWp 36,6% 3 GWp 31,2%

Biomassa 44,8 Mtoe 56,5 Mtoe 3,6% 135 Mtoe 10,3%

Geotérmica 2,72 Mtoe 3,43 Mtoe 3,9% 5,2 Mtoe 4,7%

Térmica Solar 6,5 Mio m² 11,4 Mio m² 9,8% 100 Mio m² 27,2%

*Taxa de Crescimento Anual (TCA)

Tabela 11: Metas pré-estabelecidas pela UE.

Fonte: KNOTHE et al., 2008.

Através das decisões tomadas, a União Européia está construindo uma estratégia direcionada

à utilização de energia renovável com os seguintes objetivos:

Evitar o agravamento das mudanças climáticas;

Reduzir o impacto ambiental de atividades antrópicas;

Criar empregos;

Criar novas fontes de renda;

Contribuir para que se estabeleça um suprimento seguro para toda a sociedade;

O processo de industrialização da produção do biodiesel foi iniciado na Europa nos anos 90.

Mais tarde, em 2003, foi assinado, pelo Parlamento Europeu, uma diretiva visando a substituir

os combustíveis fósseis por combustíveis renováveis sendo a proposta ter 5,75% em 2010, o

que demonstra a política de proteção ao meio ambiente europeu. Além das alterações nas

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legislações ambientais, a Europa conta com um forte incentivo fiscal àquelas empresas ou

indústrias que derem preferência ao uso desse biocombustível. Como exemplo, podemos citar

alguns fabricantes de motores que apóiam e garantem a qualidade no rendimento de seus

produtos quando o biodiesel é utilizado. São eles a Volkswagen, Audi, Seat, Skoda, PSA,

Mercedes Benz, Caterpillar, Man dentre outros. Atualmente mais de 20 empresas compõem a

EBB (Conselho Europeu de Biodiesel) e produzem biodiesel na Europa sendo exponencial o

crescimento do mercado.

Figura 16: Produção total de biodiesel na Europa.

Fonte: European biodiesel board.

Figura 17: Produção de biodiesel na Europa em 2008.

Fonte: European biodiesel board.

0

2000

4000

6000

8000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

10

³ To

ne

lad

as

Produção Total de Biodiesel na Europa

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Ale

man

ha

Fran

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Itál

ia

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Po

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lân

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10

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as

Produção Biodiesel na Europa em 2008

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4.1.1. O estado da arte na Alemanha

Historicamente, a Alemanha sempre foi dependente de suprimento externo de petróleo. Em

virtude desta característica dentre outras, a Alemanha representa o maior produtor e

consumidor de Biodiesel atualmente. O país conta com mais de 1500 postos de abastecimento

de biodiesel, comercializando sem aditivos o B100, 100% de biodiesel. Em virtude desta

logística já instalada e também das questões fiscais, legais e ambientais, muitas montadoras

automobilísticas adaptaram seus veículos para esse combustível.

O país representa o único país que produz B100 para ser comercializado sem aditivos

enquanto que outros países como República Tcheca, Itália, França e Suécia, o produzem para

misturá-lo ao petrodiesel. A base para este desenvolvimento é a completa isenção tributária

existente na Alemanha em toda a cadeia produtiva, tornando o biocombustível competitivo

frente ao petrodiesel inclusive o tornando 12% mais barato. Esse é o grande diferencial do país

mesmo frente aos outros países de destaque no cenário produção de biodiesel. França,

Inglaterra, Itália são países que estimulam a produção e uso do biodiesel, mas que não

reduziram a zero a contribuição tributária. A Alemanha está a frente em todos os aspectos,

contando até mesmo com plantações para fins energéticos o que demonstra a maturidade no

setor. Atualmente o consumo de biodiesel representa 2% da demanda nacional por diesel

sendo a meta de 10% para 2010.

Em 1999 foi criado na Alemanha o AGQM (ArbeitsGemeinschaft Qualitats Management

Biodiesel), ou seja, Associação para a Gestão da Qualidade do Biodiesel. O motivo foi o número

crescente de reclamações (na época) a respeito do rendimento do biocombustíveis motores

do ciclo diesel. Com a criação de tal órgão, que conta com a participação de produtores,

operadores de mercado, representantes das indústrias automobilísticas, e ainda

consumidores, foi definido um padrão de qualidade a ser seguido, foi elaborado um sistema de

gestão e controle da qualidade, houve a criação de pesquisas de satisfação e ainda pesquisas

de desenvolvimento. Com tudo isso a eficiência em toda a cadeia foi apenas melhorando e

contribuindo para que a Alemanha se tornasse o país líder que é hoje em relação ao biodiesel.

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Figura 18: Principais produdores de biodiesel na Europa.

Fonte: European biodiesel board.

4.2. O estado da arte nos Estados Unidos

Os Estados Unidos é hoje o principal consumidor de petrodiesel mundial, constatação que o

coloca em destaque na questão da substituição do mesmo pelo biocombustível equivalente: o

biodiesel.

Com o aumento da população e o crescimento da produção industrial nos últimos anos, a

poluição passou a ser uma preocupação cada vez maior no país. A concessão de autorizações

para construir novas refinarias de petróleo tornou-se mais difícil. Por conta de tudo isso, o

mercado americano precisa importar 60% de sua demanda de outras economias. Este é o

cenário que se insere o biodiesel que adquire cada vez maior importância dentro do país

devido a conscientização que vem crescendo, até mesmo como por exemplo, a própria escolha

do país na última eleição presidencial.

O programa americano para o biodiesel é inferior ao apresentado na Europa, apresentando

diferenças como a matéria prima. Enquanto na Europa se usa muito óleo de gordura animal e

ainda extraído da canola (principalmente na Alemanha), nos Estados Unidos a principal

matéria prima é a soja complementada de óleos residuais.

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Alemanha 715 1035 1669 2662 2890 2819

França 357 348 492 743 872 1815

Itália 273 320 396 447 363 595

Bélgica 1 25 166 277

0

500

1000

1500

2000

2500

30001

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ela

das

Principais Produtores de Biodiesel na Europa

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Atualmente o biocombustível está sendo utilizado em ônibus urbanos, serviços postais e ainda

por órgãos do governo. Como o biodiesel ainda é mais caro que o de origem mineral apenas

entra no mercado através de subsídios. O governo americano criou o Commodity Credit

Corporation Bioenergy Program, que subsidia a aquisição de matérias primas para fabricar

etanol e biodiesel. Infelizmente o diesel americano possui carga tributária baixa o que

inviabiliza o consumo de biodiesel no curto prazo. As melhorias ambientais para o país é que

estariam trazendo um possível saldo positivo na balança do país (KNOTHE, 2008 e

BIODIESELBR, 2009).

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5. O estado da arte da indústria nacional de biodiesel

5.1. Histórico

Como o biocombustível em questão nesse estudo, o Biodiesel, substitui um dos derivados do

petróleo, o petrodiesel, convém abordar inicialmente a história dos combustíveis fósseis

focando o petrodiesel e aprofundar na entrada do biocombustível equivalente na matriz

energética brasileira.

Registros históricos datam o início da utilização do óleo diesel em 4000 a.C. e sua

comercialização a partir de 1271 d.C.. Já a moderna indústria petrolífera tem início em meados

do século XIX. Em 1850, na Escócia, descobriu-se que o petróleo podia ser extraído do carvão e

xisto betuminoso, e com isso foram criados processos de refinação. Em agosto de 1859, Edwin

Laurentine Drake perfurou um poço produtor a 21 metros no estado da Pensilvânia (Estados

Unidos) marcando assim o nascimento da moderna indústria petrolífera (BIODIESELBR, 2009).

A partir daí muita coisa mudou e a economia mundial foi cada vez mais se tornando

dependente do petróleo que deu origem a diversos tipos de produtos como o querosene, a

gasolina, solventes entre outros. O combustível especificado como óleo diesel somente surgiu

com o advento dos motores diesel de injeção direta, sem pré-câmara. A disseminação desses

motores se deu na década de 50, com a forte motivação de rendimento muito maior,

resultando em baixos consumos de combustível. Com esse advento, o petróleo foi adquirindo

grande importância (BIODIESELBR, 2009).

Pode-se ver na história, a dimensão da importância que o petróleo adquiriu através da crise do

petróleo, que elevou os preços em mais de 300% entre 1973 e 1974. Como os países do

Oriente Médio descobriram que o ouro negro era um combustível não renovável, diminuíram

a produção e com isso elevando o preço do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três

meses. Ainda devido a outros fatores, políticos, o preço do petróleo chegou a atingir um valor

equivalente a US$ 40 nos dias de hoje (BIODIESELBR, 2009).

No mundo todo, muitos esforços foram dedicados à superação da crise, os quais incidiram,

basicamente, em dois grupos de ações: conservação ou economia de energia e usos de fontes

alternativas de energia.

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Como essa crise aumentou a dívida externa brasileira em mais de 40%, o governo, na década

de 70, investiu em um programa pioneiro em relação aos biocombustíveis com tecnologia

100% nacional: o chamado Pro-álcool que consistia em transformar energia armazenada por

meio de organismos vegetais (processo de fotossíntese) em energia mecânica constituindo

portanto um forma renovável de se obter energia e, principalmente, representando um

método que não agride o meio ambiente.

Paralelamente ao Pro-álcool, no Brasil começava a se estudar mais fortemente o uso

energético de óleos vegetais. Os estudos se iniciaram ainda na década de 20, mas ganharam

mais força devido à crise mundial do petróleo que originou uma busca maior por novos

combustíveis. Em 1980, a Resolução nº 7, do Conselho Nacional de Energia, instituiu o

Programa Nacional de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos, o Pro-óleo. Entre

outros objetivos, pretendia substituir óleo diesel por óleos vegetais em mistura de até 30% em

volume, incentivar a pesquisa tecnológica para promover a produção de óleos vegetais nas

diferentes regiões do país e buscar a total substituição do óleo diesel por óleos vegetais.

Nos primeiros anos, deu-se maior atenção à soja. A partir de 1981, ao amendoim, e em 1982 à

colza e girassol. Em 1986, a ênfase passou ao dendê. A meta era, em cinco anos, produzir 1,6

milhão de metros cúbicos de óleos para fins energéticos. Contudo, a viabilidade econômica era

questionável: em valores para 1980, a relação de preços internacionais óleos

vegetais/petróleo, em barris equivalente, era de 3,30 para o dendê; 3,54 para o girassol; 3,85

para a soja e de 4,54 para o amendoim. Com a queda dos preços do petróleo a partir de 1985,

a viabilidade econômica ficou ainda mais prejudicada e este programa foi progressivamente

esvaziado, embora oficialmente não tenha sido desativado.

Em 1983, a Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e Comércio, lançou o

OVEG – Programa Nacional de Alternativas Energéticas Renováveis de Origem Vegetal, no qual

foi testada a utilização de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram mais

de 1 milhão de quilômetros. É importante ressaltar que esta iniciativa, coordenada pela

Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação de institutos de pesquisa, de

indústrias automobilísticas e de óleos vegetais, de fabricantes de peças e de produtores de

lubrificantes e combustíveis (PORTAL DO BIODIESEL, 2008).

Embora tenham sido realizados vários testes com biocombustíveis, dentre os quais com o

biodiesel puro e com uma mistura de 70% de óleo diesel e de 30% de biodiesel (B30), cujos

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resultados constataram a viabilidade técnica da utilização do biodiesel como combustível, os

elevados custos de produção, em relação ao óleo diesel, impediu inicialmente seu uso em

escala comercial.

Cabe aqui ressaltar algumas afirmações feitas em 1985 pelo então Secretário de Tecnologia

Industrial, Lourival Carmo Mônaco, em relação à substituição do diesel: “do ponto de vista

técnico, está comprovado que os óleos vegetais constituem o substituto mais adequado, por

não exigirem grandes modificações nos motores e apresentarem alto rendimento energético,

segundo demonstraram inclusive testes de rodagem em caminhões e ônibus que acumularam

mais de um milhão de quilômetros percorridos”. Quanto às limitações e benefícios, constatava:

“embora os custos de produção e de transformação, calculados com base em culturas

oleaginosas tradicionais de ciclo anual, sejam atualmente desfavoráveis em relação aos

derivados de petróleo, não há dúvida de que os óleos vegetais extraídos de culturas perenes,

pouco ou ainda não exploradas no país, poderão representar uma possibilidade interessante na

substituição parcial ou total das frações mais leves do petróleo, principalmente o óleo diesel.

Ademais, sua produção maciça irá resultar em grandes benefícios sociais decorrentes do alto

índice de geração de emprego por unidade de capital investido” (PORTAL DO BIODIESEL, 2008).

No ano de 2003, a Presidência da República instituiu por meio de decreto um grupo de

trabalho interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização

de biodiesel como fonte alternativa de energia. Como resultado foi elaborado um relatório que

deu embasamento ao Presidente da República para estabelecer o Plano Nacional de Produção

e Uso do Biodiesel, o PNPB, como ação estratégica e prioritária para o Brasil. Com isso, em

dezembro de 2004 foi lançado oficialmente o PNPB. Na oportunidade houve o lançamento do

marco regulatório que estabeleceu as condições legais para a introdução do biodiesel na

matriz energética brasileira de combustíveis líquidos. Formalmente, no início de Janeiro de

2005 foi publicada a Lei 11.097 que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz

energética brasileira, e que altera leis afins e dá outras providências (SENADO FEDERAL).

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Figura 19: Resumo histórico do consumo de óleo no Brasil.

Fonte: ANP, 2010.

5.2. Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB

Como já dito anteriormente, em julho de 2003 através de decreto a presidência da república

instituiu o grupo de trabalho interministerial com o objetivo de apresentar estudos sobre a

viabilidade de utilização de óleo vegetal (biodiesel) como fonte alternativa de energia. Esse

grupo era constituído pelos ministérios: Casa Civil da Presidência da República; Ministério da

Fazenda; Ministério dos Transportes; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério de Minas e Energia;

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério da Ciência e Tecnologia;

Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da

Integração Nacional e Ministério das Cidades.

Após esta análise, foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) em

06 de dezembro de 2004 e cujo principal objetivo era a implementação da produção e uso do

biodiesel de forma sustentável, tanto técnica como econômica e com enfoque na inclusão

social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda.

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As principais diretrizes do PNPB são:

Implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social;

Garantir preços competitivos, qualidade e suprimento;

Produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões diversas.

(PNPB,2008)

Nesta mesma data também foram apresentados os princípios do marco regulatório:

Política de inclusão social;

Aproveitamento das oleaginosas de acordo com as diversidades regionais;

Segurança de abastecimento para o novo combustível;

Garantia de qualidade para o consumidor;

Busca da competitividade frente ao petrodiesel;

A instituição desse novo setor na cadeia produtiva dos biocombustíveis possibilita uma maior

diversificação da matriz energética brasileira, o que pode trazer impactos significativos na

redução de importações de óleo diesel e petróleo (AVZARADEL, 2008).

A sustentabilidade do programa através da inclusão social foi contemplada através do

incentivo à agricultura familiar. Esse incentivo é mais urgente na região do semi-árido e região

norte. Para estimular ainda mais esse processo, o Governo Federal lançou o Selo Combustível

Social, visando estimular a inclusão social da agricultura nessa importante cadeia produtiva.

(PNPB, 2008). Este selo é concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário aos

produtores de biodiesel que promovam a inclusão social e o desenvolvimento regional por

meio de geração de emprego e renda para os agricultores familiares enquadrados nos critérios

do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (MDA, 2006).

Por meio do selo de combustível social, o produtor de biodiesel terá acesso a alíquotas de

PIS/Pasep e Cofins com coeficientes de redução diferenciados, acesso às melhores condições

de financiamento (MDA, 2006). O selo somente será concedido para os produtores de

biodiesel que comprem matéria prima da agricultura familiar em um percentual mínimo (50%

região Nordeste e semi-árido, 10% região Norte e Centro Oeste e 30% região Sudeste e Sul),

que assegurem assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares ou ainda para os

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produtores que façam contratos negociados com os agricultores familiares, constando, pelo

menos:

O prazo contratual;

O valor de compra e critérios de reajuste do preço contratado;

As condições de entrega da matéria-prima;

As salvaguardas de cada parte e,

Identificação e concordância de uma representação dos agricultores que participou

das negociações.

Em fevereiro de 2009 foi publicada uma nova Instrução Normativa para a concessão,

manutenção e uso do selo combustível social. Ela referida Instrução, o percentual mínimo de

aquisições de matéria-prima do agricultor familiar, feitas pelo produtor de biodiesel para fins

de concessão, manutenção e uso do Selo combustível social, fica estabelecido em:

10% até a safra 2009/2010, e 15% a partir da safra 2010/2011 para as aquisições

provenientes das regiões Norte e Centro-Oeste; e

30% para as aquisições provenientes das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e o Semi-Árido

a partir da data de publicação desta Instrução (FIESP, 2010).

O produtor de biodiesel manterá registro, com documentação comprobatória das aquisições

de matéria-prima feitas a cada ano civil por um período de cinco anos, sem prejuízo dos prazos

decadenciais previstos em lei. A cooperativa agropecuária do agricultor familiar que vender ao

produtor de biodiesel com concessão de uso de Selo combustível social deverá manter, por um

período de, no mínimo, cinco anos, a documentação comprobatória das vendas totais anuais

por produtor de biodiesel e das aquisições realizadas junto aos agricultores familiares (FIESP,

2010).

Para a concessão, manutenção e uso do Selo combustível social, o produtor de biodiesel

deverá celebrar previamente contratos com todos os agricultores familiares ou suas

cooperativas agropecuárias, segundo os ditames desta Instrução. A solicitação de concessão

e/ou renovação de uso de Selo combustível social deve ser efetuada pelo produtor de

biodiesel por meio de protocolo, na Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, dos

documentos descritos neste regulamento (FIESP, 2010).

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A concessão de uso do Selo combustível social terá validade de cinco anos, contados do dia 1º

de janeiro do ano subseqüente à sua concessão (Decreto nº 5.297/2004). O cancelamento

desta concessão poderá dar-se a qualquer tempo, se ocorrer um dos seguintes fatos:

Desatendimento dos critérios que condicionaram a sua concessão;

Cancelamento da autorização expedida pela anp; e

Cancelamento do registro especial de produtor de biodiesel expedido pela secretaria

da receita federal (fiesp, 2010).

O MDA poderá celebrar convênios, contratos ou outros ajustes para a realização dos

procedimentos relativos ao monitoramento e avaliação do cumprimento dos critérios do Selo

combustível social (FIESP, 2010).

O PNPB é sustentado por três pilares, como mostra a figura a seguir:

Figura 20: Pilares do PNPB.

Fonte: PORTAL DO BIODIESEL.

Ambiental : Por ser um combustível oriundo de fontes renováveis, é menos poluente.

Mercadológico: com a diversificação da matriz energética brasileira, a dependência por

combustíveis fósseis diminui.

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Social: é o maior pilar de sustentação pois incentiva a produção de biodiesel pela

agricultura familiar e gera renda para essas famílias.

O Programa do Biodiesel, como um programa de governo que tem uma série de barreiras

técnicas e de viabilidade econômica a serem transpostas, possui grande potencial,

especialmente quando se pensa em substituição de fonte energética. Outro fator positivo é a

questão dos benefícios sociais, amplamente contemplada neste programa (MAPA, 2006).

5.3. Legislação Regulatória

O segmento do biodiesel tem como órgãos reguladores as seguintes instituições:

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética, um órgão de assessoramento do

presidente da República que tem como atribuição a formulação de políticas e

diretrizes de energia;

MME – Ministério de Minas e Energia, com a responsabilidade pela execução da

política energética;

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, com delegação para

regular o mercado do segmento biodiesel com as mesmas funções da regulação, da

contratação e da fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do

petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis;

MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário, com a missão de conceder o Selo

Combustível Social;

MAPA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com a responsabilidade

pelo zoneamento agrícola.

No anexo 02 são apresentadas as principais legislações que se referem à introdução do

biodiesel na matriz energética brasileira, percentuais mínimos obrigatórios, especificação para

o comércio, critérios sobre a concessão de selo combustível social e realização dos leilões de

compra.

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5.4. Capacidade

A capacidade de produção (atualizada em Agosto de 2009) de biodiesel autorizada pela ANP é

de aproximadamente 3.896.000 m³/ano, distribuídas de acordo com a tabela da ANP que pode

ser observada no Anexo 01. Essa capacidade já contempla as restrições impostas pelos órgãos

ambientais competentes e considera 360 dias de operação.

Com base nos dados da tabela da ANP, pode-se perceber que a maior capacidade autorizada

de produção é o Mato Grosso (MG), com 27% da produção nacional seguido pelo Rio Grande

do Sul (RS) responsável por 22%, como pode ser visto no gráfico a seguir.

Figura 21: Capacidade de produção estimada por estado.

Fonte: ANP, 2009.

O estado com a maior quantidade de plantas autorizadas é o Mato Grosso (MG) com vinte e

três plantas, já o Rio Grande do Sul (RS) possui a segunda maior capacidade autorizada com

MT27%

RS22%

SP17%

BA8%

GO6%

CE4%

TO4%

MA3%

PI2%

MG2%

PR2%

PA1%

RO1%

RJ1%

MS0%

Capacidade de Produção estimada por Estado

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apenas quatro plantas. Neste último, a capacidade de produção de cada planta é bem superior

ao que pode ser encontrado no estado do Mato Grosso.

O gráfico abaixo retrata a distribuição das plantas autorizadas no território brasileiro por

estado.

Figura 22: Número de plantas de produção autorizadas.

Fonte: ANP, 2009.

No mapa abaixo estão localizadas as usinas de produção de biodiesel com autorização para

comercializar em 2008, dentre elas estão destacadas, na figura a seguir, quais produzem

biodiesel a partir de outra matéria prima. Vale ressaltar que a unidade territorial utilizada foi o

município.

23

86

43 3 3 3

2 2 21 1 1 1

MT SP MG RS BA GO CE PR TO PA RO MA PI RJ MS

Nº de plantas de produção autorizadas

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Figura 23: Municípios com usinas de produção de biodiesel.

Fonte: Elaboração Própria, 2009.

As usinas que utilizam soja como matéria prima, o fazem com percentuais diversos, e também

utilizam outras matérias primas. As usinas destacadas em verde, não utilizam soja em seus

processos de obtenção de biodiesel, fazendo uso de outras matérias primas, como gordura

animal ou outras oleaginosas.

5.5. Produção

A partir do gráfico abaixo, pode-se perceber que a produção de Biodiesel no Brasil cresceu

muito com a obrigatoriedade do percentual mínimo de 2% em 2008.

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Figura 24: Produção de biodiesel no Brasil.

Fonte: ANP, 2009.

Porém, o produzido em 2008 representa apenas aproximadamente 36% da capacidade

autorizada para a produção em todo território nacional até 2008.

A seguir, o gráfico representa um comparativo da capacidade autorizada com o que foi

realmente produzido em 2008 por cada estado da federação

Figura 25: Capacidade e produção de biodiesel em 2008.

Fonte: ANP, 2009.

0

200

400

600

800

1,000

1,200

1,400

1,600

2005 2006 2007 2008 2009*

10

³. m

³

Produção de Biodiesel no Brasil

(*) Projetado

0

200

400

600

800

1,000

MG MS RO PA PI PR TO CE MA BA SP GO MT RS

10

³. m

³

Capacidade X Produção - 2008

Capacidade autorizada Total produzido em 2008

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6. O Biodiesel e as Mudanças Climáticas

O Sol é a principal fonte de energia para a superfície da Terra, emitindo radiação com diversos

comprimentos de onda. A radiação ultravioleta, por possuir comprimento de onda menor,

consegue atravessar a atmosfera, aquecendo o solo e a vegetação, o mar e a própria

atmosfera, provocando efeitos como a evaporação de água (formação de nuvens e chuvas),

ventos e correntes oceânicas. A superfície da Terra, ao absorver essa energia que chega,

irradia calor de volta para o espaço através de radiação infravermelho, com comprimentos de

onda bem maiores do que o da radiação ultravioleta, daí a maior dificuldade da energia sair da

atmosfera do que entrar, ou seja, por possuir comprimento de onda menor a energia que

chega à terra consegue entrar com maior facilidade do que sair, já que fica retida pelos

interstícios existentes entre os gases que compõem a atmosfera.

A composição química da atmosfera mudou desde a formação do planeta até atingir a

composição atual, formada aproximadamente de 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de

outros gases, que incluem o gás carbônico, óxidos de nitrogênio e os gases nobres sendo que o

componente mais variável da composição de atmosfera é o vapor d’água.

O Nitrogênio e o Oxigênio, que são os gases mais abundantes da nossa atmosfera, são

“transparentes” a radiações infravermelhas, isto é, deixam entrar a luz solar e deixam sair o

calor emitido pela superfície da Terra aquecida (radiação infravermelha). Entretanto, alguns

gases, como o CO2, o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor d’água (H2O(g)) absorvem

uma parte da radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra aquecida, e que seria

perdida para o espaço exterior como já dito anteriormente (suas moléculas vibram nas

freqüências correspondentes à da radiação infravermelha). A atmosfera, portanto, mantém a

Terra aquecida, funcionando como um teto de vidro de uma estufa de plantas. Por este

motivo, estes gases são chamados de “gases estufa”. Esses gases criam o chamado o efeito

estufa que é um fenômeno natural e benéfico para a vida na Terra. A temperatura média da

atmosfera na superfície da Terra é hoje cerca de +15˚C. Se na atmosfera não existissem gases

como o vapor d’água e o CO2, a temperatura média seria de aproximadamente –18˚C, isto é,

33˚C abaixo da que se tem atualmente, e a vida no planeta não teria se desenvolvido já que a

Terra seria um grande deserto gelado. O grande problema do Efeito Estufa está no

desequilíbrio que está ocorre hoje fazendo contribuir para o aumento da emissão de poluentes

que aumentam a espessura da camada de gases estufa. Quando maior essa camada de gases,

maior a dificuldade da radiação em ultrapassá-la e voltar para o espaço, portanto, quanto mais

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poluição, isto é, quando maior emissão de poluentes, menor a dispersão do calor e, portanto

maior a temperatura daí o surgimento da questão do aquecimento global que influencia o

agravamento das chamadas mudanças climáticas.

6.1. Os principais gases estufa

6.1.1. Gás Carbônico (CO2)

Até recentemente, a natureza mantinha em equilíbrio dinâmico a quantidade de CO2 na

atmosfera, através do ciclo biogeoquímico do carbono (o CO2 da atmosfera é absorvido pela

fotossíntese, para formar matéria orgânica vegetal). Hoje, entretanto, devido à queima de

combustíveis fósseis e aos desmatamentos, a concentração de CO2 na atmosfera é a maior dos

últimos 160.000 anos, e está crescendo exponencialmente. Dados geológicos indicam que a

concentração de CO2 na atmosfera, durante a última idade do gelo (aproximadamente 18.000

anos atrás), era cerca de 200 partes por milhão em volume, pouco mais da metade da

concentração atual, de quase 380 ppm.

Uma análise recente de ar aprisionado em geleiras glaciais revelou que a concentração de CO2

por volta do ano 1750 (pré revolução industrial) era de 280 ppm. Somente dispomos de

medições precisas e contínuas de CO2 na atmosfera a partir de 1958, realizadas no

observatório de Mauna Loa, no Havaí. Dados mostram que a concentração de CO2 cresceu de

315 ppm em 1958 para 345 ppm em 1985 (LEMOS, 2009). As previsões apontam para o

aumento de cerca de 0,5% ao ano, podendo variar entre 494 ppm e 627 ppm por volta do ano

2050 (LEMOS, 2009). O aumento da concentração de CO2 seria responsável por cerca de 55%

do aumento da temperatura.

6.1.2. Óxido de Nitrogênio (NO2)

É emitido para atmosfera em conseqüência de processos microbiológicos naturais nos solos e

nas águas, da queima de biomassa ou combustíveis fósseis, e da aplicação exagerada de

fertilizantes nitrogenados nos solos. Em 1987, a emissão de N2O para a atmosfera foi estimada

em 30 milhões de toneladas anuais, das quais 25% eram devidas à ação do homem. Sua

concentração na atmosfera passou de 289 partes por bilhão em volume (ppbv) em 1970, para

304 ppbv em 1985, com crescimento médio de 0,25% ao ano (LEMOS, 2009), e poderá atingir

375 ppbv em 2030.

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O Potencial de Aquecimento Global (PAG) de um gás estufa é calculado tomando como

referência o potencial de aquecimento do CO2, cujo PAG é igual a 1. O cálculo do PAG depende

da quantificação correta dos efeitos diretos e indiretos do gás em questão. O PAG Direto (PAG-

D) de alguns gases foi recalculado recentemente, levando em consideração seus tempos

médios de permanência revisados, mas os PAG Indiretos (PAG-I) que tinham sido calculados

em 1990, provavelmente contêm erros substanciais, em virtude do nosso conhecimento

incompleto dos processos químicos envolvidos. O PAG-D do N2O é 270 (IPCC, 2006), valor

utilizado neste trabalho.

6.1.3. Metano (CH4)

É produzido pela decomposição anaeróbica de matéria orgânica (pântanos, plantações de

arroz, rebanhos de ruminantes, como os bovinos, cupins, etc). A produção anual de metano

está estimada entre 400 e 600 milhões de toneladas, sendo aproximadamente 25% do total

gerado em ecossistemas pantanosos. O tempo de permanência do metano na atmosfera é de

12 a 17 anos (LEMOS, 2009). Estima-se que a concentração de CH4 na atmosfera era de cerca

de 0,7 ppmv antes de 1850. Em 1977, sua concentração média foi de 1,52 ppmv, e em 1985,

1,7 ppmv (LEMOS, 2009).

O aumento médio da concentração de metano tem sido de 1% ao ano desde 1965, e sua

concentração poderia atingir 2,34 ppmv em 2030. Nos últimos anos, entretanto, verificou-se

uma redução na sua taxa de crescimento anual para 0,8%. Dados recentes indicam que as

emissões globais das plantações de arroz podem ser menores do que tinha sido estimado

anteriormente, e as emissões dos ruminantes maiores do que era estimado, em virtude do

crescimento dos rebanhos. O PAG-D do CH4 é igual a 21 (IPCC, 2006), valor utilizado neste

trabalho.

6.2. Os impactos do aquecimento global

De acordo com os dados contidos no último relatório (2006) do Painel Intergovernamental

sobre Mudanças Climáticas – IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), criado pelo

PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a OMM (Organização

Meteorológica Mundial), os principais impactos devido ao aquecimento da Terra seriam a

elevação dos níveis dos mares, mudanças climáticas regionais e efeitos sobre ecossistemas

terrestres.

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Basicamente, o que já foi estudado e apresentado pelo IPCC consiste em que:

As emissões resultantes das atividades humanas estão aumentando substancialmente

a concentração dos gases estufa, provocando um aumento do efeito estufa, que

resultará num aquecimento da superfície da Terra;

O gás estufa vapor d’água vai aumentar em conseqüência do aquecimento global e

contribuir para aumentá-lo ainda mais;

Alguns gases estufa são potencialmente mais efetivos que outros para provocar

mudanças climáticas. Por exemplo, uma molécula de metano (CH4) tem o potencial de

aquecer a atmosfera 21 vezes mais que uma molécula de CO2;

O CO2 deverá continuar como responsável por metade do efeito estufa no futuro. Os

clorofluorcarbonos (CFC’s), apesar de sua pequena concentração na atmosfera (só

começaram a ser produzidos a partir de 1930), tem uma grande influência no

aquecimento global, pois seu PAG varia de 3.400 a 15.000 (isto é, várias mil vezes o

PAG de uma molécula de CO2), porém sabe-se que a produção e uso dos CFC’s já está

controlada pelo Protocolo de Montreal;

Os efeitos de esfriamento dos aerossóis (que resultam das emissões de enxofre pela

queima de combustíveis fósseis) e de partículas em suspensão na atmosfera podem

ter contrabalançado uma parte significativa do aquecimento no Hemisfério Norte

durante as últimas décadas (os aerossóis e partículas podem absorver ou refletir a luz

solar).

Os ecossistemas influenciam o clima, e serão afetados pelas mudanças climáticas e

pelas concentrações mais altas de CO2.

Mudanças climáticas rápidas vão alterar a composição dos ecossistemas: algumas

espécies vão se beneficiar, enquanto outras não serão capazes de migrar ou de se

adaptarem com a rapidez necessária e poderão se tornar extintas.

O efeito do aquecimento sobre os processos biológicos, embora ainda pouco

conhecido, pode aumentar a concentração de gases estufa na atmosfera (por

exemplo, pelo aumento da velocidade de degradação biológica da matéria orgânica).

Como principais conseqüências do aquecimento global, segundo as previsões do PNUMA, em

conjunto com a NASA e o Banco Mundial, pode-se citar:

Aumento na freqüência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas,

tempestades, enchentes, tornados e furacões;

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O aumento da temperatura superficial não seria uniforme, sendo maior nas altas

latitudes e menor nas regiões equatoriais. O aumento seria também menor no

Hemisfério Sul. As temperaturas do Pólo Norte durante o inverno poderiam ser de até

10˚C acima das atuais;

Diminuição da temperatura na estratosfera, que é a camada da atmosfera situada

acima de 12.000 metros de altitude;

Aumento do nível dos oceanos entre 15 e 95 cm até 2100 (melhor estimativa: 50 cm);

Duplicação do número de pessoas sujeitas a enchentes por ano (de 46 para 92

milhões), como conseqüência da elevação no nível dos oceanos;

Ecossistemas mais afetados com elevação do nível do mar: manguezais, recifes de

corais e estuários de rios (todos eles com alta biodiversidade);

Desaparecimento de metade das geleiras e redução da capa de gelo no Ártico;

Aumento na redistribuição geográfica e na incidência de doenças transmissíveis por

insetos;

Aumento na desertificação: os desertos vão ficar ainda mais quentes;

Mudanças nos padrões de distribuição das chuvas e na produtividade da agricultura.

Haveria um aumento da precipitação média global, resultando num aumento da

precipitação em algumas regiões, como nas altas latitudes do Hemisfério Norte, e

redução da precipitação em algumas regiões tropicais e subtropicais;

Menor produção agrícola nos trópicos e subtrópicos, onde estão predominantemente

os países em desenvolvimento, daí o maior risco de episódios de fome;

Aumento na possibilidade de conflito sobre acesso aos recursos hídricos (em áreas

onde a quantidade de chuva seria reduzida);

Grandes mudanças nos limites entre florestas, cerrados e savanas, levando à perda de

biodiversidade;

Como se pode ver, as previsões indicam que países em desenvolvimento e populações pobres

serão os mais afetados pelo aquecimento global.

6.3. Aspectos Ambientais do Biodiesel

A inclusão de um novo combustível na matriz energética dos países cria a necessidade da

análise de diversos aspectos. Pode-se ter impactos tanto positivos quanto negativos e ainda

locais, regionais ou mesmo globais. No caso do biodiesel, os principais aspectos a serem

estudados seriam econômicos, sociais e ambientais.

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Por ter origem em biomassa, cabe ressaltar a importância dos impactos positivos para o meio

ambiente ao se utilizar o biodiesel ao invés do petrodiesel. Como este trabalho possui foco

ambiental, a seguir, os aspectos ambientais serão discutidos mais detalhadamente.

6.3.1. Positivos

Cada vez mais estudos indicam males do efeito estufa sendo o uso de combustíveis de origem

fóssil apontado como principal causa por isso. Como já relatado neste trabalho, a União

Européia (em especial a Alemanha), os Estados Unidos e diversos outros países vêm

estimulando a substituição do petróleo por combustíveis de fontes renováveis, incluindo

principalmente o biodiesel, diante de sua teórica capacidade de redução nas emissões de

poluentes, por se tratar de uma fonte de energia que tem na biomassa sua origem.

Para uma avaliação precisa dos benefícios ambientais do biodiesel, é necessário levar em

conta todo seu ciclo de vida, já que todas as etapas trazem impactos ambientais. O ciclo

unidirecional é apresentado a seguir contendo as principais etapas do processo.

Figura 26: Fluxograma do ciclo produtivo do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

Na fase de uso propriamente dito, há de se avaliar as questões das emissões. A grande

vantagem dos biocombustíveis é exatamente neste ponto: não colocar mais carbono (na forma

de CO2 e CH4 principalmente) na atmosfera, no ciclo do carbono. Ao se queimar os

combustíveis fósseis, está se colocando mais carbono e portanto mais poluição (apresenta um

tempo de meia vida elevado) que contribui para o efeito estufa. Ao se utilizar biomassa

Fase Agrícola

• Produção de sementes

• Uso de fertilizantes

• Uso de agrotóxicos

• Preparo do Solo

• Plantio

• Colheita

Fase Fabril

• Processo Produtivo

Fase de Mistura

• Armazenamento

• Mistura Bio+Petrodiesel

Fase Final

• Consumo propriamente dito

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(origem vegetal, fotossintetissantes) isso não acontece como conseqüência da combustão

devido ao fato da matéria prima vegetal ter capturado a quantidade de carbono emitida

durante seu desenvolvimento. Portanto, no âmbito global, deve-se avaliar a quantidade

gerada de gases de efeito estufa emitida através da diferença entre a geração de gases do

efeito estufa em todas as fases desse ciclo e o volume capturado na fotossíntese da biomassa

usada como matéria prima para produzir o combustível. Devido a esta razão, foi considerado

como nula as emissões na combustão do biodiesel neste trabalho.

No âmbito local, o biodiesel também apresenta mais vantagens que desvantagens em relação

ao equivalente diesel de origem mineral, obviamente dependendo do tipo de óleo vegetal

(soja, mamona, palma, girassol, etc) ou gordura animal usados na produção do biodiesel.

Tomando-se por base o biodiesel puro (B100), produzido com óleo de soja, seu uso reduz as

emissões do monóxido de carbono (CO) em 48%, de material particulado (MP) em 47%, do

óxido de enxofre (SOX) em praticamente 100% e dos hidrocarbonetos totais (HC) (GT

INTERMINISTERIAL BIODIESEL, 2003).

Cabe atentar para a questão dos hidrocarbonetos. Embora seja um poluente local controlado,

apresentam uma diversidade de compostos tóxicos que não são controlados individualmente.

Dos 21 hidrocarbônicos tóxicos que provocam câncer e outros sérios efeitos à saúde, 7 são

metais e, portanto, não estão presentes no biodiesel. Dos 14 compostos restantes, não

controlados, a agência ambiental americana (EPA - Environmental Protection Agency), avaliou

11 deles. Apesar de haver grande variação nos efeitos à saúde que cada composto tóxico

provoca, individualmente, a quantidade de dados disponíveis sobre o total de compostos

tóxicos é muito maior do que a existente sobre os compostos desagregados. Assim, a

correlação entre as emissões totais de gases tóxicos do biodiesel em relação ao diesel

convencional é estatisticamente mais significativa, podendo-se afirmar que o uso do biodiesel

reduz em cerca de 16% a emissão total desses gases tóxicos, em relação ao diesel de petróleo

(EUROPEAN BIODIESEL BOARD, 2008 e BIODIESELBR, 2009).

O uso do biodiesel aumenta em aproximadamente 10% as emissões de óxido de nitrogênio

(NOX), o que não deve constituir obstáculo para seu uso devido às grandes vantagens em

relação aos outros poluentes. Ademais, há estudos em andamento visando reduzir a formação

do NOX mediante o emprego de catalisadores adequados, a identificação da fonte ou

propriedade que pode ser modificada para minimizar as emissões e a mudança do tempo de

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ignição do combustível, com a finalidade de alterar as condições de pressão e temperatura de

modo a proporcionar menor formação de óxidos de nitrogênio.

Figura 27: Mudança nas emissões devido ao uso de biodiesel.

Fonte: EPA – Environmental Protection Agency (EUA).

Cabe destacar, todavia, que o ajuste na regulagem dos motores e a instalação de catalisadores

são operações simples durante o processo de produção de veículos novos, mas se revestem de

considerável complexidade e de difícil mensuração de resultados quando se trata da frota de

veículos em circulação, com número variado de modelos e anos de uso. Ainda, há questões

simples a primeira impressão, mas que podem alterar significadamente as quantidades

emitidas. Por exemplo, a calibragem dos pneus: rodar cerca de 100 kilometros com a

calibragem correta nos pneus implica na redução de aproximadamente 1 kilograma de CO2 na

atmosfera (INSTITUTO YOU SOL).

Como o homem faz parte do meio ambiente, há de avaliar também os efeitos diretos na saúde

humana. Ao reduzir a poluição, o uso do biodiesel permitiria que se evitassem custos de

variada ordem, relacionados principalmente à saúde. As estimativas resumidas na tabela a

seguir indicam que a substituição do diesel de origem fóssil pelo biodiesel puro (B100)

proporcionaria redução desses custos da ordem de R$ 192 milhões anuais, nas dez principais

-80%

-70%

-60%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Quantidade de Biodiesel na mistura

Mudanças nas Emissões

NOx

CO e MP

HC

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cidades brasileiras, e em aproximadamente R$ 873 milhões, em nível nacional (MMA, 2008 e

MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008).

Custo devido à poluição evitado devido ao uso de Biodiesel (R$ milhões/ano)

Percentual de uso de biodiesel Maiores 10 cidades brasileiras Brasil

2% (B2) 5,9 27,3

5% (B5) 16,4 75,6

20% (B20) 65,5 302,3

100% (B100) 191,9 872,8

Figura 28: Custo evitado na saúde devido ao uso do biodiesel.

Fonte: MMA e MINISTÉRIO DAS CIDADES.

Além da diminuição do efeito estufa o biodiesel ainda apresenta outras vantagens ambientais

relevantes. Por não conter enxofre, representa um combustível que não contribui para a chuva

ácida que destrói florestas e bacias hidrográficas atualmente. Como também representa um

combustível biodegradável, apresenta a grande vantagem na ocasião de um acidente em

relação ao petrodiesel, como por exemplo os últimos vazamentos de óleos nos oceanos.

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Vantagens do Biodiesel

Ambientais

Evita o agravamento do Efeito Estufa

Não contém enxofre, que contribui para a geração de chuva ácida

Menor emissão de Monóxido de Carbono (CO)

Menor emissão de Material Particulado (MP)

Menor geração de Hidrocarbonetos (HC)

Menor geração de fumaça negra

É biodegradável, logo conseqüências menos danosas em

acidentes

Permite regulações nos motores para reduzir a emissão de óxidos

de nitrogênio (NOX)

Técnicas

Pode ser usado em diversas proporções com o petrodiesel no

motor puro (até B100)

Pequenas diferenças de torque, potência e consumo

Maior ponto de fulgor, o que facilita o transporte seguro

Maior índice de cetano

Não precisa de modificações nos motores à diesel

Maior lubricidade, o que favorece o funcionamento da bomba

injetora

Figura 29: Vantagens do biodiesel em relação ao petrodiesel.

Fonte: KNOTHE et al., 2008.

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6.3.2. Negativos

Apesar da grande diversidade de impactos positivos, há também uma série de impactos

negativos como em qualquer processo produtivo. Esses impactos devem ser observados para

que sejam minimizados através de novas técnicas ou controles. Além disso, eles podem ser

classificados pelos seus aspectos, sendo estes: Ambientais, sociais e econômicos. Neste

trabalho, serão mais bem detalhados os aspectos ambientais.

A seguir encontram-se citados alguns impactos, julgados pelos autores como mais relevantes,

não descartando, portanto qualquer outro impacto que possa causar danos ao meio ambiente:

Produção de Glicerina em excesso

Durante a fase fabril, quando é realizada a transesterficação, temos como co-produto

a glicerina que pode ser utilizada como aditivo para o diesel e em outros processos

como a produção de sabões e detergentes, síntese de resinas e ésteres, aplicações

farmacêuticas, uso em cosméticos, uso alimentício dentre outros. Porém ao se

produzir biodiesel em escala industrial e nacional, a geração de glicerina pode

representar um passivo ambiental já que a crescente produção de biodiesel vai acabar

gerando excedentes de glicerina que não serão totalmente absorvidos pelo mercado

consumidor, inclusive levando a quedas no preço da glicerina no mercado. Por isso,

buscam-se novas aplicações para grandes volumes sendo que isto se dará

provavelmente com plásticos e a longo prazo.

Águas de lavagem

Outra questão durante a fase fabril é a geração de águas de lavagem e efluentes

contaminados que devem ser corretamente tratados através de estações de

tratamento de esgoto que devem ter no mínimo tratamento secundário em seu

processo (dependendo do corpo receptor).

Consumo de água

Um impacto que pode ser encarado como negativo é o consumo de água durante o

cultivo, através da irrigação e no processo de obtenção do biodiesel. Em virtude disso,

as plantas de produção devem estar localizadas em locais estratégicos para que

possam utilizar água sem interferir negativamente no meio ambiente.

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Técnicas de Cultivo

Uma preocupação no cultivo da soja está no uso do solo. Muitas vezes esse cultivo é

feito no sistema de monocultura em extensas plantações mecanizadas da oleaginosa,

contribuindo para o desgaste e exaustão do solo.

Expansão da Fronteira agrícola

O avanço da fronteira agrícola no Brasil vem sendo caracterizado pelo desmatamento

induzido pela sucessão da exploração madeireira, da pecuária e, por fim, da soja. A

demanda de áreas para o cultivo de agrocombustíveis (cana-de-açúcar para o etanol e

soja para o biodiesel) é considerada uma das causas do desmatamento (HERRERA,

2009).

Mudança do uso do solo

Com a expansão da fronteira agrícola há uma conversão no uso do solo. Essa

conversão deve ser bem avaliada, pois pode ser negativa do ponto de vista de fixação

de carbono, nutrientes, biodiversidade, aumento de pragas, além de contribuir para a

mudança na dinâmica dos solos.

Agravamento da poluição local

Em comparação ao petrodiesel, o biocombustível emite menos praticamente em todos

os poluentes com exceção do NOX. De todas as partículas prejudiciais está é a única

que com biodiesel apresenta ligeiro aumento (como pode ser visto na figura 27). O

óxido de nitrogênio pode aumentar até 15% no uso de B100. Apesar de não ser

considerado um gás de efeito estufa, o NOx deve ser levado em conta pois é um gás

em potencial para a formação de ozônio na troposfera, que é tóxico para a saúde dos

seres vivos. Esse impacto pode ser minimizado com o uso de aditivos ou alteração nos

motores as emissões diminuem consideravelmente (BIODIESELBR, 2009).

6.4. Importância do Inventário de Emissões nas Mudanças Climáticas

Após a assinatura da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

(Convenção do Clima) o Brasil, como país signatário, tem como uma de suas principais

obrigações a elaboração e atualização periódica do Inventário Nacional de Emissões e

Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal

(Inventário).

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Como determina a Convenção do Clima, o Inventário deve incluir apenas as emissões e

remoções de gases de efeito estufa causadas pelas atividades humanas (antrópicas).

Normalmente são considerados os principais gases do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2),

metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e

hexafluoreto de enxofre (SF6). Também são estimadas ainda as emissões dos chamados gases

de efeito estufa indireto, como os óxidos de nitrogênio (NOX), o monóxido de carbono (CO) e

outros compostos orgânicos voláteis não metânicos (NMVOCs).

As emissões dos gases são estimadas conforme as fontes de emissão, classificadas pelos

seguintes setores (IPCC, 2006):

Energia,

Processos Industriais,

Uso de Solventes e Outros Produtos,

Agropecuária,

Mudança no Uso da Terra e Florestas, e

Tratamento de Resíduos.

A elaboração de Inventários deve ser norteada pelas diretrizes do IPCC (definiu o padrão). No

caso de grandes totais, deve ainda envolver importante parcela da comunidade científica e

empresarial relacionada, além de diversos setores governamentais. É fundamental não só a

definição das áreas mais impactadas, como também a identificação, qualificação e

quantificação das fontes emissoras de poluentes atmosféricos.

A importância da realização e utilização dos inventários de emissões está na gestão da

poluição do ar. O inventário de fontes de emissão de poluição atmosférica constitui um dos

instrumentos de planejamento dos mais úteis para definição qualitativa e quantitativa das

atividades poluidoras do ar, fornecendo informações sobre as características das fontes,

definindo localização, magnitude, freqüência, duração e contribuição relativa das emissões.

Esse instrumento tem como conseqüência a possibilidade de elaboração de diagnósticos que

fortalecem, por conseguinte, as tomadas de decisão relativas ao licenciamento de atividades

poluidoras e as eventuais ações de controle necessárias, ou seja, representando uma

ferramenta para a mitigação das mudanças climáticas.

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Deve-se ressaltar a ação de controle dos órgãos ambientais. Dependendo do conhecimento da

natureza e extensão do problema de poluição do ar e de acordo com a região em estudo,

devem ser mais rigorosos ou não. Para esta definição, há de se ter somado conhecimento

suficiente para a tomada de decisão. Este conhecimento inclui:

Revisão dos níveis existentes dos poluentes,

As fontes e suas emissões,

A tecnologia disponível para seu controle e

O aumento provável dessas emissões, em função do crescimento urbano e econômico.

Dessa forma, tendo-se identificado o problema e verificado a necessidade de redução das

emissões, estratégias de controle deverão ser elaboradas e suas eficácias poderão ser

avaliadas com o auxílio de modelos de simulação, ou outros procedimentos, que indiquem a

melhor forma de atender aos níveis de qualidade do ar definidos na legislação.

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7. Estudo das Emissões de GEE - Petrodiesel X Biodiesel

Nesta parte do trabalho será utilizada como base a metodologia ACM0017 – “Produção de

Biodiesel para uso como combustível” – aprovada e consolidada pelo Conselho Executivo do

Clean Development Mechanism em 16 de outubro de 2009 como metodologia regulatória para

a concessão de créditos de carbono em projetos relacionados ao biodiesel.

Vale ressaltar que, por ser uma metodologia para concessão de crédito de carbono, possui

uma série de condições para ser utilizada. Por isso, ela será somente um guia para detalhar

passo a passo o cálculo das emissões neste trabalho.

7.1. Metodologia utilizada como guia - ACM0017

A característica central do Protocolo de Quioto é a sua exigência para que os países limitem ou

reduzam suas emissões de gases do efeito de estufa. Ao estabelecer essas metas, as reduções

de emissões assumiram valor econômico. Para ajudar os países a atingir suas metas de

emissão, e para encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir com os

esforços de redução de emissões, os negociadores do Protocolo incluíram três mecanismos

baseados no mercado (CDM, 2009):

Comércio de Emissões;

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL); e

Implementação Conjunta.

O MDL permite que projetos visando redução de emissões em países em desenvolvimento

ganhem Reduções de Emissões Certificadas (RCEs), cada uma equivalente a uma tonelada de

CO2. Essas RCEs podem ser negociadas e vendidas, e utilizadas pelos países industrializados

para cumprir uma parte de suas metas de redução de emissões no âmbito do Protocolo de

Quioto. O mecanismo estimula o desenvolvimento sustentável e a redução de emissões, ao

mesmo tempo dá aos países industrializados alguma flexibilidade na forma de como cumprir

os seus objetivos de limitação das emissões (CDM, 2009).

Os projetos devem qualificar-se através de um rigoroso e público processo destinado a

garantir reais, mensuráveis e verificáveis reduções de emissões que sejam adicionais ao que

teria acontecido sem o projeto. O mecanismo é supervisionado pelo Conselho Executivo do

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MDL, responsável em última instância, pelos países que ratificaram o Protocolo de Quioto.

(UNFCCC, 2009).

A metodologia em questão é aplicável a atividades de projetos que reduzam as emissões por

meio da produção, venda e consumo de biodiesel misturado que é usado como combustível,

sendo produzido a partir de óleos usados, gordura e/ou óleo vegetal que é produzido com

sementes de plantas oleaginosas, estabelecidas em terras degradadas ou não no início das

atividades do projeto.

Cabe observar que a metodologia garante que as Reduções de Emissões Certificadas (RCEs) só

podem ser atribuídas para o produtor de biodiesel e não para o consumidor. Algumas

condições que se aplicam a metodologia são destacadas a seguir:

Entradas de matéria-prima: O álcool utilizado para a esterificação é originário de

combustíveis fósseis. Os volumes de biodiesel produzidos com alcoóis de origem

renovável não estão incluídos na quantidade de emissões reduzidas;

Plantações dedicadas: A atividade do projeto não leva a uma mudança de atividades

que existiam anteriormente ao projeto para fora do limite do projeto, ou seja, a terra

sob a atividade de projeto proposto pode continuar a fornecer pelo menos a mesma

quantidade de bens e serviços, na ausência do projeto em questão;

A planta de biodiesel e os produtos: O petrodiesel, o biodiesel e a mistura dos mesmos

devem cumprir a legislação nacional (se existente) ou estarem adequados aos padrões

internacionais. O subproduto glicerol não deve ser descartado e sim incinerado ou

utilizado como matéria-prima para consumo industrial;

Consumo de biodiesel: Somente o biodiesel consumido em excesso da regulamentação

obrigatória é elegível para efeito da atividade de projeto.

Pode-se perceber que esta metodologia apresenta várias condições que devem ser seguidas

para a concessão dos créditos, destacando-se por exemplo, a concessão de créditos apenas

para o excesso de biodiesel produzido. Como o objetivo principal deste trabalho não é pleitear

créditos obtidos por certo processo e sim comparar as emissões em todo o ciclo da produção

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do Biodiesel de Soja, esta metodologia será usada apenas como base e orientação para cálculo

de todas as etapas do processo, podendo sofrer alguns ajustes.

7.2. Emissões na cadeia de produção do petrodiesel

Esta etapa corresponde à linha de base (baseline) utilizada para fazer a comparação entre o

petro e o biodiesel, ou seja, o baseline representa as emissões da cadeia de produção do

petrodiesel e sua respectiva queima que são a base para fazer a comparação já que são estas

as emissões evitadas devido ao uso do biocombustível. Portanto, para o cálculo nesta

categoria foram consideradas as principais formas de emissões:

Emissões devido à combustão do petrodiesel. A metodologia não considera as

emissões de CH4 e N2O na combustão do petrodiesel por considerar irrelevante mas,

estas foram computadas neste trabalho já que os dados foram obtidos.

Emissões devido à produção de óleo cru, como as de flaring e uso de energia nas

plantas ou plataformas de extração de petróleo.

Emissões devido ao refino do petróleo, já que é através do refino que se obtém os

combustíveis de origem fóssil como o petrodiesel. Aqui estão incluídas as emissões

devido ao consumo de energia, produção de substâncias químicas e catalisadores

utilizados para fazer o refino, disposição de resíduos da produção e emissões diretas.

Emissões devido ao transporte, principalmente quando as distâncias são longas.

Emissões de transferência, representando as emissões devido ao transporte das bases

primárias às bases secundárias.

Desta forma podemos resumir que:

𝐁𝐋 = 𝐄𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Ã𝐎 𝐏𝐃 + (𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃𝐔ÇÃ𝐎 𝐃𝐄 Ó𝐋𝐄𝐎 + 𝐄𝐑𝐄𝐅𝐈𝐍𝐎 + 𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐏𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐏𝐃)

+ 𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐅𝐄𝐑Ê𝐍𝐂𝐈𝐀

Equação 1.

Onde :

BL Baseline, que corresponde às emissões totais na cadeia do petrodiesel

ECOMBUSTÃO PD Emissões provenientes da queima do petrodiesel

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EPROD.REF.TRANS PD Emissões na produção, refino e transporte

ETRANSFERÊNCIA Emissões devido à transferência das bases primárias para as secundárias

Cada componente será mais bem detalhado a seguir.

7.2.1. Emissões da combustão do petrodiesel (ECOMBUSTÃO PD)

Para realizar esse cálculo foram utilizados os dados do Inventário Nacional de Emissões de

Gases de Efeito Estufa e do Balanço Energético Nacional 2009 (BEN). O Inventário contém as

emissões totais dos anos de 1990 à 1994 sendo utilizado portanto, os dados mais atuais

disponíveis, i.e., os de 1994. Por isso os dados retirados do BEN também fazem referência a

este ano de 1994.

Para calcular as emissões provenientes da queima de petrodiesel pode-se utilizar a equação

seguinte:

𝑬𝑪𝑶𝑴𝑩𝑼𝑺𝑻Ã𝑶 𝑷𝑫 = 𝑵𝑪𝑽𝒃𝒅

𝑵𝑪𝑽𝒑𝒅 𝒙 𝑭𝑬𝑪𝑶𝑴𝑩.𝑷𝑫

Equação 2.

Onde :

ECOMBUSTÃO PD Emissões provenientes da queima do petrodiesel

NCVbc Poder calorífico do biodiesel

NCVpd Poder calorífico do petrodiesel

FECOMB.PD Fator de Emissão de combustão do petrodiesel

Para se obter o Fator de Emissão de combustão do petrodiesel foram utilizados as emissões

totais de 1994 de CO2, NH4 e N2O devido a queima do óleo diesel (extraído do inventário de

emissões) e dividiu-se pelo consumo total de óleo diesel em 1994 (BEN 2009) para achar a

relação.

Os resultados obtidos nesta seção foram validados por cálculos realizados com dados obtidos

do IPCC (2006). Como a diferença foi pequena, foram utilizados os resultados obtidos do BEN e

do inventário por serem mais adequados ao território nacional.

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7.2.2. Emissões na produção, refino e transporte (EPROD.REF.TRANS PD)

Os dados também foram obtidos das mesmas fontes, i.e., do inventário nacional de emissões e

do BEN sendo os dados relacionados às emissões agregando produção, refino e transporte até

as bases primárias. Os dados relacionados às emissões de N2O são desprezados já que não

foram apresentados do inventário devido a pouca relevância comparadas às de CO2 e NH4.

Desta forma o cálculo foi feito de maneira análoga ao item anterior.

𝑬𝑷𝑹𝑶𝑫.𝑹𝑬𝑭.𝑻𝑹𝑨𝑵𝑺 𝑷𝑻 = 𝑵𝑪𝑽𝒃𝒅

𝑵𝑪𝑽𝒑𝒅 𝒙 𝑭𝑬𝑷𝑹𝑶𝑫.𝑹𝑬𝑭.𝑻𝑹𝑨𝑵𝑺 𝑷𝑻

Equação 3.

Onde :

EPROD.REF.TRANS PT Emissões provenientes da produção, refino e transporte do petróleo

NCVbc Poder calorífico do biodiesel

NCVpd Poder calorífico do petrodiesel

FEPROD.REF.TRANS PT Fator de Emissão de produção, refino e transporte do petróleo

Para se obter o Fator de Emissão de produção, refino e transporte do petróleo foram utilizadas

as emissões de 1994 de CO2 e NH4 (excluindo N2O como dito anteriormente) e dividiu-se pela

produção anual de petróleo em 1994.

Esse fator foi validado pelo inventário de GEE da Petrobrás (disponível em seu web site) para

as atividades de exploração, refino e transporte até as bases de distribuição primárias. Além

disso, esse fator foi também validado pelo projeto de CDM estabelecido pela Agrenco do Brasil

S/A para produção de biodiesel em território nacional. Este projeto foi aprovado e está

disponível na UNFCCC.

Nas emissões referentes à produção, refino e transporte do petróleo como um todo são

consideradas as emissões de todos os produtos originados do óleo cru: petrodiesel, gasolina,

óleo combustível, querosene, nafta, GLP dentre outros. Para determinar a fração de emissões

imputáveis ao diesel dividiu-se a produção anual de diesel, em unidades de energia (tep), pela

produção anual de petróleo. Assim, obtém-se a fração de diesel na produção total de petróleo

e multiplica-se pelas emissões totais conforme a equação a seguir:

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𝑬𝑷𝑹𝑶𝑫.𝑹𝑬𝑭.𝑻𝑹𝑨𝑵𝑺 𝑷𝑫 = 𝑬𝑷𝑹𝑶𝑫.𝑹𝑬𝑭.𝑻𝑹𝑨𝑵𝑺 𝑷𝑻 𝑿 𝑷𝑹𝑶𝑫𝒚𝑷𝑫

𝑷𝑹𝑶𝑫𝒚𝑷𝑻

Equação 4.

Onde :

EPROD.REF.TRANS PD Emissões provenientes da produção, refino e transporte do petrodiesel

EPROD.REF.TRANS PT Emissões provenientes da produção, refino e transporte do petróleo

PRODyPD Produção de óleo diesel no ano y.

PRODyPt Produção de petróleo (óleo cru) no ano y.

7.2.3. Emissões de transferência (ETRANSFERÊNCIA)

Como citado anteriormente, as emissões de transporte estão calculadas até as bases de

distribuição primárias. Este combustível produzido é transportado (em sua maioria) por dutos

devido à proximidade das bases primárias com as refinarias. O transporte por dutos não tem

emissões significativas, porém deve existir um transporte das bases primárias às bases

secundárias. Esse transporte é chamado de transferência e é feito pelos modais ferroviário,

rodoviário, dutoviário e hidroviário conforma mapa a seguir.

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Figura 30: Bases de distribuição de combustíveis.

Fonte: SINDICOM, 2009.

De acordo com dados do inventário de GEE obtidos de uma empresa distribuidora de

combustíveis, as emissões de transferências são da ordem de 1,6 x 10-5 t CO2e por litro de óleo

transportado. Devido a indisponibilidade de dados oficiais este foi o valor considerado para as

emissões relacionadas ao transporte das bases primárias para as secundárias.

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7.3. As emissões na cadeia de produção do Biodiesel (ET)

De uma maneira geral, podemos descrever as emissões relacionadas a toda a cadeia de

Biodiesel proveniente da soja de acordo com o seguinte esquema:

Para fins de cálculo, a metodologia do CDM, ACM0017, divide as emissões apresentadas acima

em quatro componentes:

As emissões do cultivo de sementes oleaginosas;

Emissões na planta de produção de biodiesel e extração de óleo;

Emissões de CO2 provenientes da queima de carbono fóssil contido no metanol, que é

utilizado na produção de biodiesel durante o processo de transesterificação, e liberado

na combustão;

Emissões relacionadas ao transporte.

Há de destacar que as emissões relacionadas a combustão do biodiesel não são contabilizadas

em virtude de estar se consumindo biomassa como foi detalhado anteriormente neste

trabalho, na seção 6.3.1..

Desta forma pode-se dizer que as emissões realizadas durante a cadeia de produção do

biodiesel se darão de acordo com a equação a seguir:

•Manejo do solo e cultivo da soja

•Transporte do grão de soja do cultivo à unidade extratora do óleo vegetal

•Extração do óleo vegetal

•Transporte do óleo vegetal da unidade extratora à planta de produção de Biodiesel

•Produção do Biodiesel

•Transporte do biodiesel da planta de produção às bases de distribuição

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𝐄𝐓 = 𝐄𝐂𝐔𝐋𝐓𝐈𝐕𝐎 + 𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃𝐔ÇÃ𝐎 𝐁𝐃 + 𝐄𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 + 𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃.𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 + 𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐏𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐁𝐃

Equação 5.

Onde :

ET Emissões Totais da cadeia de produção do biodiesel

ECULTIVO Emissões no cultivo de sementes oleaginosas

EPRODUÇÃO BD Emissões na planta de produção

EMETANOL Emissões provenientes da queima do carbono fóssil contido no metanol

EPROD.METANOL Emissões devido à produção do metanol utilizado na transesterificação.

ETRANSPORTE BD Emissões relacionadas ao transporte

Cada componente será mais bem detalhado a seguir.

7.3.1. Emissões do cultivo de sementes oleaginosas (ECULTIVO)

Esta etapa detalha o cálculo das emissões associadas ao cultivo de terras para produzir as

oleaginosas usadas na produção de óleo vegetal. As emissões associadas ao cultivo de terra

variam entre diferentes tipos de projetos. Abaixo seguem as fontes de emissão que devem ser

consideradas:

Consumo de combustíveis fósseis para operações na agricultura;

Consumo de eletricidade na agricultura;

Emissões de N2O na aplicação de fertilizantes;

Emissões de CO2 devido à calagem do solo;

Emissões de CO2 e N2O na queima da terra (pós colheita);

Emissões diretas de N2O no manejo da terra na plantação;

Emissões da produção de fertilizantes sintéticos usados na plantação;

Emissões de CO2 resultante da mudança do estoque de carbono do solo após a

mudança do uso da terra ou nas práticas de manejo do solo.

A metodologia que será utilizada neste cálculo de emissões é o Guia do IPCC publicado em

2006 (Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories). Para este etapa será utilizado o

volume 4 do guia: “Agricultura, Florestas e outros uso do solo - AFOLU (Agriculture, Forestry

and Other Land Use Sector)”.

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O uso da terra influencia a gestão de uma variedade de processos do ecossistema que afetam

os fluxos de gases de efeito estufa tais como fotossíntese, respiração, decomposição,

nitrificação/desnitrificação, fermentação entérica, e combustão. Esses processos envolvem

transformações de carbono e nitrogênio, que são conduzidos pela atividade biológica

(atividade de microorganismos, plantas e animais) e por processos físicos (combustão,

lixiviação e run-off) (IPCC, 2006).

Para este setor, os gases com efeito de estufa de maior interesse são o CO2, CH4 e N2O. Os

fluxos de CO2 entre a atmosfera e os ecossistemas são principalmente controlados pela

absorção através da fotossíntese das plantas e liberação através da respiração, decomposição

e combustão da matéria orgânica. O N2O é primariamente emitido pelo ecossistema como um

subproduto da nitrificação e desnitrificação, já o CH4 é emitido através da metanogênese em

condições anaeróbicas em solos e armazenagem de esterco, através da fermentação entérica,

e durante a combustão incompleta da matéria orgânica (IPCC, 2006).

A figura a seguir retrata as principais fontes de emissão/remoção de gases de efeito estufa.

Figura 31: Principais emissões na etapa do cultivo.

Fonte: IPCC, 2006.

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Em geral, os fluxos de gases no setor de AFOLU são estimados de duas formas distintas (IPCC,

2006):

Como variações líquidas no estoque de carbono durante um determinado tempo

(utilizada para a maioria dos fluxos de CO2);

Diretamente como taxa de fluxo de gás da e para a atmosfera.

O uso da variação do estoque de carbono como uma estimativa das emissões e remoções de

CO2 é baseada no fato de que essa variação no ecossistema ser predominantemente através

da troca de gás carbônico entre a superfície e a atmosfera, ou seja, outros processos de

transferência de carbono tais como a lixiviação são assumidas como insignificantes. Assim, o

aumento no estoque de carbono ao longo do tempo, é relacionado com a remoção de CO2 da

atmosfera e o decréscimo no estoque de carbono com as emissões líquidas de CO2 (IPCC,

2006).

Para preparar inventários no setor AFOLU, as emissões e remoções de CO2 e outros gases de

efeito estufa são estimadas separadamente para cada categoria de uso do solo. As seis

categorias de uso do solo, definidas pela diretriz do IPCC (2006), são:

Florestas;

Agricultura;

Pastagem;

Zonas de pântano;

Assentamentos;

Outros usos do solo.

Cada categoria de uso do solo é subdividida em terras remanescentes dentro da respectiva

categoria (por exemplo, floresta que permanece como floresta) e solo convertido de uma

categoria para outra (por exemplo, floresta convertida em agricultura). As emissões e

remoções de gases de efeito estufa determinadas para cada categoria de uso do solo incluem

CO2 a partir de biomassa, matéria orgânica morta e solos, e ainda as emissões provenientes de

outras fontes específicas (IPCC, 2006).

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Para este trabalho serão feitas duas abordagens:

Será suposto que toda a área destinada a plantação de soja para a produção de

biodiesel será feita em uma nova área de cultivo sendo essas áreas pastagens

dedicadas à criação de gado e ainda que o deslocamento do gado destas terras não irá

contribuir para o desmatamento, considerando portanto que houve um aumento da

produtividade das áreas de pecuária.

Será considerado também que a variação na demanda de soja para a alimentação fará

com que áreas que ficariam sem plantação devido à baixa demanda, sejam alocadas

para a plantação de soja para biodiesel.

Assim, será analisado duas diferentes situações que englobam atividades de troca de gases

com a atmosfera:

A pastagem convertida em cultivo de soja; e

O cultivo de soja que permanece como tal.

Além disso, não serão consideradas as emissões relacionadas ao consumo de eletricidade por

serem desprezíveis se comparadas às outras emissões na cadeia de produção do biodiesel.

Para esta etapa de cálculo serão utilizados os fatores descritos por HERRERA (2009) e a parte

de consumo de combustível no plantio os fatores obtidos pelo projeto da AGRENCO DO BRASIL

S/A.

Assim como no diesel, deve ser determinado quanto das emissões da produção de soja são

imputáveis ao óleo de soja (matéria prima para o biodiesel) e quanto aos outros co-produtos.

Para isto, será feito duas abordagens neste trabalho:

Balanço de Massa: Participação da massa de soja que é transformado em óleo;

Balanço Econômica: Participação do óleo de soja na receita dos outros produtos.

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7.3.2. Emissões na planta de produção de biodiesel e extração de óleo (EPRODUÇÃO BD)

Estas emissões incluem o consumo de combustíveis e energia elétrica que ocorre na planta de

produção de biodiesel e, se aplicável, as emissões associadas ao tratamento anaeróbio de

águas residuais.

De acordo com a metodologia ACM0017, essas emissões nesta etapa são estimadas a partir de

fórmula abaixo:

𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃𝐔ÇÃ𝐎 𝐁𝐃 = 𝐄𝐂𝐎𝐌𝐁 + 𝐄𝐄𝐋𝐄𝐓 + 𝐄𝐀𝐍𝐀𝐄𝐑

Equação 6.

Onde :

EPRODUÇÃO BD Emissões na planta de produção

ECOMB Emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis

EELET Emissões do consumo de eletricidade

EANAER Emissões do projeto de tratamento anaeróbio de águas residuais

Emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis (ECOMB): Representam as

emissões provenientes da queima de combustível na planta de produção de biodiesel

e usina de extração de óleo (t CO2).

Esta fonte de emissões deve incluir emissões de CO2 de todo o consumo de

combustíveis fósseis, que ocorre no local da planta de produção de biodiesel e na

planta de extração de óleo. Isto incluirá a queima de combustíveis fósseis para

aquecimento e / ou produção de eletricidade.

Emissões do consumo de eletricidade (EELET): Representam as emissões provenientes do

consumo de eletricidade na planta de produção de biodiesel e usina de extração de

óleo (t CO2).

Estas emissões referem-se à eletricidade fornecida para a planta de biodiesel e para a

unidade de extração de óleo. A eletricidade gerada no local (on-site) não deve ser

incluída nesta etapa de cálculo.

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Emissões do projeto de tratamento de águas residuais (EANAER): Representam as

emissões do tratamento anaeróbico de águas residuais (t CO2e).

As emissões associadas ao tratamento anaeróbio (principalmente metano) de

efluentes na unidade de extração de óleo deverão ser estimadas se este gás for

liberado diretamente para a atmosfera. Esta estimativa deve obedecer a metodologia

específica. Neste trabalho, este tipo de emissão foi desconsiderada.

Devido a indisponibilidade de dados confiáveis para esta seção, foram adotados as dados de

KULAY et al. (2006) referentes a esta etapas, i.e., extração do óleo e produção de biodiesel

através da rota metílica sendo os mesmos transformados para que se pudesse utilizados da

melhor maneira como é melhor detalhado no item 8 deste trabalho.

7.3.3. Emissões da queima do metanol (EMETANOL)

Sob a aplicabilidade da metodologia atual, o metanol de origem fóssil é utilizado para a

transesterificação do óleo vegetal. Neste processo, o carbono do metanol permanece nos

ésteres. Assim, uma fração do carbono no biodiesel é de origem fóssil e precisa ser

contabilizado nas emissões (CDM, 2009).

Estas emissões são estimadas como se segue na equação:

𝐄𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 = 𝐌𝐂 𝐱 𝐅𝐄𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 𝐱 𝟒𝟒

𝟏𝟐

Equação 7.

Onde :

EMETANOL Emissões provenientes da queima do carbono fóssil contido no metanol

MC Quantidade de metanol consumido na usina de biodiesel, incluindo

derramamentos e evaporações no ano y ano (em toneladas)

FEMETANOL

Fator de emissão de carbono do metanol, baseado no peso molecular (tC /

tMeOH) (= 12/32)

44/12 Relação de peso molecular para converter toneladas de carbono em

toneladas de CO2 (tCO2/tC)

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Para efeito de cálculo, não será considerado os derramamentos e evaporações. Será admitido

que o processo é otimizado, ou seja, todo o metanol é utilizado para a transesterificação do

óleo vegetal.

7.3.4. Emissões na produção de metanol (EPROD.METANOL)

Durante a produção do metanol utilizado na transeterificação, ocorrem emissões que devem

ser contabilizadas no balanço das emissões, objetivo principal deste trabalho. Devido à

indisponibilidade de dados confiáveis foi utilizado o fator de emissão para produção de

metanol cuja fonte é um projeto de CDM estabelecido pela Agrenco do Brasil S/A para

produção de biodiesel em território nacional. Este projeto foi aprovado e está disponível na

UNFCCC.

7.3.5. Emissões relacionadas ao transporte (ETRANSPORTE)

Este subitem inclui:

Todo o transporte de sementes a partir da agricultura para a unidade de extração de

óleo;

Todo o transporte de óleo vegetal para a unidade de produção de biodiesel;

Todo o transporte do biodiesel para o local onde é misturado com o petrodiesel (bases

de distribuição).

Segundo a metodologia ACM0017, as emissões relacionadas ao transporte podem ser

calculadas de duas maneiras:

Baseadas na distância e capacidade do caminhão;

Baseadas no consumo de combustível fóssil utilizado pelo caminhão.

Devido à disponibilidade de dados optou-se por utilizar a segunda opção, ou seja, os cálculos

foram baseados no consumo de combustível fóssil utilizado em caminhões.

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Essas emissões são calculadas com base na seguinte equação:

𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐏𝐎𝐑𝐓𝐄 = 𝐂𝐒𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Í𝐕𝐄𝐋 𝐱 𝐏𝐂𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Í𝐕𝐄𝐋 𝐱 𝐅𝐄𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Í𝐕𝐄𝐋

Equação 8.

Onde :

ETRANSPORTE Emissões relacionadas ao transporte

CSCOMBUSTÍVEL Consumo de combustível para transportar material

PCCOMBUSTÍVEL Poder calorífico do combustível

FECOMBUSTÍVEL Fator de emissão de CO2 para determinado combustível

Vale observar que o Fator de Emissão usado neste caso (transporte) foi o mesmo fator de

emissão utilizado para calcular as emissões na combustão de petrodiesel. Como este fator foi

calculado baseado nas emissões devido a queima de óleo diesel e sendo a malha brasileira

baseada no transporte rodoviário através do uso de caminhões, utilizou o mesmo fator

calculado anteriormente, ou seja:

FECOMBUSTÍVEL = FECOMB.PD

Para estimar o consumo total de combustível utilizou-se valores médios de consumo de vários

tipos de caminhões pela distância, como mostra a fórmula a seguir:

𝐂𝐒𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Í𝐕𝐄𝐋 = 𝐃𝐢𝐬𝐭 𝐱 𝐍𝐕 𝐱 𝐂𝐒𝐌É𝐃𝐈𝐎

Equação 9.

Onde :

CSCOMBUSTÍVEL Consumo de combustível para transportar material

Dist Distância de deslocamento em cada segmento da cadeia produtiva em Km

NV Número de viagens. Corresponde a: (Quantidade a ser transportada )

(Capacidade média do caminhão )

CSMÉDIO Consumo médio de vários tipos de caminhões nos segmentos da cadeia

produtiva (m³ combustível/ Km percorrido)

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As emissões relacionadas ao transporte se dão principalmente através da queima de

combustíveis no meio de transporte. Para efeito deste trabalho, será considerado que todo o

transporte do biodiesel se dá por meio rodoviário em veículos específicos. Essas emissões se

tornam relevantes no ciclo de vida do biodiesel principalmente devido a diferenças locacionais

entre o cultivo de soja, a produção de biodiesel e o consumo. Para a determinação das

distâncias médias foi utilizado o programa ArcGis que determina a distância linear entre dois

pontos. Porém, é necessário utilizar um fator de conversão da distância linear para a distância

rodoviária. Será utilizado o fator proposto por SILVA et al., 2007 (em CARVALHO, 2008) no

valor de 1,24. Segundo o autor, este fator foi calculado na conversão de distâncias esféricas

para distâncias rodoviárias no estudo de localização de centros de distribuição no Brasil.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a localização das indústrias é

decidida mediante alguns fatores entre os quais destacam-se a busca por melhor rentabilidade

do empreendimento, a destinação da produção para o mercado interno ou externo, a

disponibilidade e o acesso à matéria prima, e a localização no que tange à logística de

transportes. De forma geral, as indústrias de processamento situam-se perto da matéria prima,

enquanto as indústrias de refino de óleos vegetais se localizam próximas dos grandes centros

urbanos. (MAPA, 2006)

Devido à dificuldade em obter dados sobre a localização das unidades extratoras de óleo de

soja, será adotada a hipótese da mesma se encontrar na rota de escoamento da produção de

grãos até a planta de produção de biodiesel. Assim, temos que:

Distância Agricultura > Extração de óleo + Distância Extração de óleo > Produção do BD = Distância Agricultura > Produção do BD

Para a etapa do transporte da agricultura até as unidades de produção do biodiesel, foi

considerada a eficiência logística e uma distância média geral dos grandes centros produtores

de soja aos centros produtores de biodiesel. Além disso, foi utilizado como base um caminhão

com a capacidade de transportar aproximadamente 30 t de soja com o consumo médio de 1,9

km/l. Para o cálculo, também foi considerado frete de retorno e o consumo da carreta vazio de

2,6 km/l. Estes dados foram obtidos através de entrevistas com profissionais da área.

O mapa a seguir retrata a localização dos centros produtores de soja sendo as unidades

produtoras de biodiesel destacadas em azul. As regiões circuladas representam cinturões de

escoamento da soja a granel para as respectivas usinas.

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Figura 32: Localização dos centros produtores de soja e principais cinturões.

Fonte: Elaboração própria.

Como o Brasil é um país muito heterogêneo e o consumo de combustível, assim como a

produção de biodiesel e soja, se dá diferentemente nas suas regiões é preciso que

redistribuições aconteçam. Devido à indisponibilidade de dados oficiais para essa questão

logística, será considerado neste trabalho que:

O que for produzido de biodiesel em cada estado deve ser consumido internamente

no mesmo estado;

Havendo excedentes na produção do estado, esse excedente será escoado para

estados vizinhos da mesma região;

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Havendo excedentes na produção por região, esse excedente será escoado para

regiões vizinhas considerando a mesma distância (assim o excedente da região Sul irá

para o Sudeste enquanto o excedente da região Centro Oeste terá destino na região

Norte, Nordeste e Sudeste).

Para determinar a distância entre as usinas de biodiesel e as bases de distribuição, também foi

usado o programa ArcGis e a distância linear corrigida pelo fator 1,24. A tabela com as

distribuições da produção de biodiesel encontra-se no anexo 01 deste trabalho. A capacidade

do caminhão utilizada foi de 45 m³ com o consumo médio de 2,17 km/l. Para o cálculo,

também foi considerado frete de retorno e o consumo da carreta vazio de 2,6 km/l. Estes

dados foram obtidos através de entrevistas com profissionais da área.

O mapa abaixo retrata a localização das usinas de biodiesel em azul e as bases de distribuição

de combustíveis em vermelho. Vale ressaltar que a unidade territorial utilizada foi o município.

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Figura 33: Localização por municípios das usinas e bases de distribuição de combustíveis.

Fonte: Elaboração própria.

No Anexo 03 serão apresentados os mapas regionais e a seguir serão apresentados

separadamente os cálculos e as limitações de cada componente.

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8. Cálculo de Emissões

Como já explicado anteriormente neste trabalho, o biodiesel irá substituir o petrodiesel, sendo

considerada nula as emissões de GEE na queima deste combustível, ou seja, a queima de um

biocombustível não coloca mais carbono no ciclo atmosférico. Porém, durante a etapa de

produção do mesmo e devido a mistura de aditivos fósseis em sua composição as emissões na

cadeia completa deste biocombustível não é nula. Apresenta-se a seguir os cálculos para

realizar um dos principais objetivos principais deste trabalho: comparar as emissões da cadeia

de produção completa do biodiesel com as emissões provenientes da queima do petrodiesel e

sua cadeia de produção. Para isso, calcular-se-á as emissões referentes a produção e queima

do petrodiesel representando o baseline para a comparação, isto é, consumindo-se somente o

petrodiesel. Seguidamente, calcular-se-á as emissões que ocorrerem para produzir o biodiesel.

8.1. Emissões da Cadeia do Petrodiesel (Baseline)

8.1.1. Emissões da combustão do petrodiesel (ECOMBUSTÃO PD)

Como explicado anteriormente na seção 7.2 deste trabalho, para se calcular as emissões da

combustão deve-se obter primeiramente o fator de emissão da combustão do óleo diesel,

sendo calculado através da razão entre o total de emissões devido a queima deste combustível

em um ano e o respectivo consumo no ano. Posteriormente, multiplica-se este fator de

emissão pela relação entre o poder calorífico do biodiesel com o do petrodiesel (equação 02).

Os resultados são apresentados a seguir.

ECOMBUSTÃO PD = (NCVBD / NCVPD) x FEPRODUÇÃO PD

Parâmetro Valor Unidade Significado

ECOMBUSTÃO PD 2,33E-03 t CO2e/l Representa o quanto foi emitido de CO2e

devido à combustão do óleo diesel.

Tabela 12: Emissões de GEE devido à combustão de óleo diesel (petrodiesel).

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

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8.1.2. Emissões na produção, refino e transporte (EPROD.REF. TRANS PD)

De maneira análoga foram calculadas as emissões na produção, refino e transporte. Deve-se

obter primeiramente o fator de emissão da produção, refino e transporte, sendo calculado

através da razão entre o total de emissões devido à produção, refino e transporte em um ano

e a produção de óleo cru (petróleo) no ano. Em seguida, multiplicando-se este fator de

emissão pela relação entre o poder calorífico do biodiesel com o do petrodiesel (equação 03)

para se calcular as emissões na produção, refino e transporte do petróleo.

Os resultados são apresentados a seguir.

EPROD. REF.TRANS = (NCVBD / NCVPD) x FEPROD. REF.TRANS

Parâmetro Valor Unidade Significado

EPROD. REF.TRANS PT 1,25E-04 t CO2e/l

Representa o quanto foi emitido de

CO2e devido a produção, refino e

transporte do petróleo.

Tabela 13: Emissões de GEE devido à produção, refino e transporte do petróleo.

Fonte: Elaboração própria.

Em seguida, multiplica-se pela participação do óleo diesel nestas emissões conforme a

equação 04 para se obter as emissões na produção, refino e transporte devido ao petrodiesel.

EPROD. REF.TRANS PD = EPROD. REF.TRANS x (PRODyPD / PRODyPETRO)

Parâmetro Valor Unidade Significado

EPROD.REF.TRANS PD 4,62E-05 t CO2e/l

Representa o quanto foi emitido de

CO2e devido a produção, refino e

transporte do petrodiesel, i.e., a

participação do óleo diesel nas

emissões relacionadas a produção,

refino e transporte do petrodiesel.

Tabela 14: Emissões de GEE devido à produção, refino e transporte do petrodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

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Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

8.1.3. Emissões na transferência (ETRANSFERÊNCIA)

Como dito anteriormente na seção 7.2.3, o valor aqui considerado foi de 1,6E-05 t CO2e/l.

Resumindo, utilizando-se a equação 01, pode calcular as emissões totais no baseline (BL). Com

isso, os resultados são apresentados a seguir.

BL = ECOMBUSTÃO PD + (EPROD.REF.TRANS PD) + ETRANSFERÊNCIA

Parâmetro Valor Unidade

ECOMBUSTÃO PD 2,33E-03 t CO2e/l

EPRODUÇÃO, REFINO E TRANSPORTE PD 4,62E-05 t CO2/l

ETRANSFERÊNCIA 1,60E-05 t CO2/l

BL (Baseline) 2,39E-03 t CO2/l

Tabela 15: Emissões totais de GEE na cadeia de produção e consumo de óleo diesel.

Fonte: Elaboração própria.

8.2. Emissões na cadeia de produção do biodiesel (ET)

8.2.1. Emissões do cultivo de sementes oleaginosas (ECULTIVO)

Para esta etapa foi utilizado o número obtido por HERRERA (2009) que se baseou nas

equações do IPCC e em taxas obtidas na literatura. Este estudo baseou-se nas terras do Mato

Grosso para cálculo de um valor bruto que depois foi dividido pela área obtendo-se um

número relativo que será expandido para todo o país por se tratar de características de cultivo

bastante semelhantes.

8.2.1.1. Emissões de CO2

As emissões e absorções de CO2 no setor AFOLU podem ser estimadas em base às variações

dos estoques de carbono do ecossistema. Esses fluxos de CO2 em solos convertidos para uma

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nova categoria de uso incluem mudanças anuais nos estoques de carbono na biomassa abaixo

e acima do solo. O carbono corresponde à: biomassa aérea e subterrânea, serrapilheira (ou

seja, matéria orgânica morta: madeira morta e liteira) e matéria orgânica do solo. (HERRERA,

2009).

Para o cálculo foi considerado por HERRERA (2009) as seguintes premissas:

Fração de carbono na matéria seca: 0,5 t C/t MS (sugerido pelo IPCC – 1996;

As taxas de acúmulo nos estoque de C no solo para uma cultura de plantio direto (soja,

neste caso): 32,1 t C/ha;

As taxas de acúmulo nos estoque de C no solo para uma pastagem de longa duração

degradada: 27,3 t C/ha;

Produção primária líquida de pastagem (∆CG): 16,037 t MS/ha.ano

Produção primária do cultivo de soja (∆CL): 1,98 t MS/ha.ano

De acordo com a equação abaixo (IPCC, 2006):

∆𝐂 = ∆𝐂𝐆 − ∆𝐂𝐋 + ∆𝐂𝐂𝐎𝐍𝐕𝐄𝐑𝐒Ã𝐎

Equação 10.

Onde :

∆C Mudança do estoque de carbono na biomassa

∆CG Aumento anual dos estoques de carbono devido à perda de biomassa

∆CL Diminuição anual dos estoques de carbono devido à perda de biomassa

∆CCONVERSÃO Mudança inicial do estoque de carbono no solo

E ainda que para efeito da declaração do IPCC (2006), as mudanças do estoque de carbono que

impliquem uma transferência para a atmosfera, podem ser convertidas em unidade de

emissão de CO2 multiplicando o valor da variação por -44/12. Assim tem-se que:

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Uso Emissões de CO2

(t CO2 /ha)

Conversão de pastagem para cultivo de soja 8,19

Cultivo de soja -3,65

TOTAL do processo 4,54

Tabela 16: Variação das emissões de CO2 por tipo de uso do solo, com base na área desmatada de 2008.

Fonte: HERRERA, 2008.

Logo de acordo com os cálculos anteriores e a produtividade do Biodiesel para o ano de 2008:

Uso Emissões de CO2 Produtividade do BD Emissões de CO2

(t CO2 /ha) ( ha/l BD produzido) (t CO2 /l BD)

Conversão de

pastagem para

cultivo de soja

8,19 0,00176 0,0144

Cultivo de soja -3,65 0,00176 -0,0064

TOTAL do processo 4,54 - 0,007984

Tabela 17: Emissões de CO2 no cultivo de soja.

Fonte: Elaboração própria.

8.2.1.2. Emissões de N2O

Segundo o IPCC (2006), estimam-se as emissões de N2O utilizando incorporações líquidas de

nitrogênio no solo pelo homem (fertilizantes sintéticos ou orgânicos, depósitos de esterco,

resíduos agrícolas) ou por mineralização na matéria orgânica do solo (HERRERA, 2009).

O Nitrogênio aplicado ao solo como fertilizante pode ser liberado para a atmosfera em forma

de N2O e NOx (NO + NO2 = NOx). O volume depende da quantidade, do tipo de fertilizante, das

condições do solo, do conteúdo de água, do tipo de cultura, das práticas agrícolas e das

condições climáticas, especialmente a precipitação. Apesar da soja contribuir para a fixação do

nitrogênio no cultivo do ano seguinte, também contribui para um aumento das emissões por

meio da decomposição. De um modo geral, admite-se que o NO é o principal gás NOx emitido,

sendo as emissões diretas de NO2 inferiores a 10% do total (HERRERA, 2009).

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As emissões de N2O produzidas pela incorporação antropogênica ou por mineralização do

nitrogênio são gerados de forma direta ou indireta. Esta última se dá: a partir da volatilização

de NH3 e NOX do solo manejado e a posterior deposição destes gases e seus produtos NH4+ e

NO3- em solos e águas; e depois da lixiviação do nitrogênio, principalmente como NO3 do solo

manejado (HERRERA, 2009).

A cultura da soja apresenta uma elevada demanda de nitrogênio devido aos altos teores de

proteínas (cerca de 40%) encontrados nos grãos. A recomendação de adubação e de calagem

baseia-se principalmente na análise de solo para a avaliação das necessidades de corretivos da

acidez e de fertilizantes. Os incrementos de produtividade de soja nos últimos anos

aumentaram a demanda por nitrogênio. As fontes de nitrogênio capazes de supri-la

restringem-se aos fertilizantes nitrogenados e ao fornecimento pelo processo de fixação

biológica de nitrogênio atmosférico (N2). Considerando o baixo aproveitamento dos

fertilizantes nitrogenados pelas plantas (em torno de 50%), deve-se considerar os graves

problemas ambientais provocados pela lixiviação, volatilização e desnitrificação (MAPA, 2001;

EMBRAPA, 2008; em HERRERA, 2009).

Para o cálculo das emissões de N2O foi considerado por HERRERA (2009):

A cada tonelada de soja produzida são necessários, aproximadamente, 80 kg de

nitrogênio;

Fator de emissão para as emissões de N2O de aplicações de N: 0,01 kg N2O-N/kg

adicionado de nitrogênio;

Matéria seca do cultivo de soja do Mato Grosso é de 1,98 t/ha;

Fração da superfície total que se renova anualmente: 1 (Dado que o cultivo é anual);

Uso N2O (kg/ha)

Conversão de pastagem em cultivo de soja 5,7

Cultivo de soja 4,03

TOTAL do processo 9,73

Tabela 18: Variação das emissões de N2O por tipo de uso do solo, com base na área desmatada de 2008.

Fonte: HERRERA, 2009.

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Logo de acordo com os cálculos anteriores de produtividade do Biodiesel para o ano de 2008:

Uso N2O Produtividade do BD Emissões de N2O

(kg/ha) ( ha/l BD produzido) (kg N2O /l BD)

Conversão de pastagem em

cultivo de soja 5,7 0,00176 0,01002

Cultivo de soja 4,03 0,00176 0,00708

TOTAL do processo 9,73 - 0,0171

Tabela 19: Emissões de N2O no cultivo de soja.

Fonte: Elaboração própria.

8.2.1.3. Outras emissões de CO2

No cultivo da soja, as outras emissões de CO2 estão relacionadas principalmente com a

calagem do solo. Para o cálculo de outras emissões de CO2, HERRERA (2009) considerou:

Inexistência de rotação de culturas;

Necessidade de calagem é de 1.535,11 kg de calcário/ha;

Fator de emissão do calcário ou dolomita: 0,12 t C/t.

Uso CO2 (t/ha)

Conversão de pastagem em cultivo de soja 0,68

Cultivo de soja 0,68

TOTAL do processo 2,05

Tabela 20: Outras emissões de CO2 por tipo de uso do solo, com base na área desmatada de 2008.

Fonte: HERRERA, 2009.

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Logo de acordo com os cálculos anteriores de produtividade do biodiesel para o ano de 2008:

Uso CO2 Produtividade do BD Emissões de CO2

(t/ha) ( ha/l BD produzido) (t CO2 /l BD)

Conversão de pastagem em

cultivo de soja 0,68 0,00176 0,00119

Cultivo de soja 0,68 0,00176 0,00119

TOTAL do processo 1,36 - 0,0023920

Tabela 21: Outras emissões de CO2 no cultivo de soja.

Fonte: Elaboração própria.

Desta forma podemos resumir as emissões do cultivo de sementes oleaginosas:

Tipo de emissão Emissão

(t/l BD)

Potencial de

aquecimento global

(PAG)

Emissões totais

(t CO2e / l BD)

Emissão de CO2 0,009755 1,0 0,009755

Emissão de N2O 0,0000171 21,0 0,00462055

Outras emissões de CO2 0,00292 1,0 0,00292

TOTAL GERAL - - 0,0149975

Tabela 22: Emissões totais no cultivo de soja.

Fonte: Elaboração própria.

Como dito anteriormente, deve-se calcular a parcela das destas emissões totais no cultivo de

soja devido à participação da produção de biodiesel. Neste trabalho foram realizados quatro

diferentes cenários calculados por balanço de massa e balanço econômico, sendo

apresentados posteriormente na seção nove.

8.2.2. Emissões na planta de produção de biodiesel e extração de óleo (EPRODUÇÃO BD)

Para esta etapa, seria necessário dados de consumo de energia elétrica, combustíveis fósseis e

um possível tratamento anaeróbio dos efluentes. Como esses dados não estão disponíveis

publicamente, optou-se por utilizar números já calculados de KULAY et al. (2006) onde as

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autores estimaram as emissões com base em uma unidade de referência (UR) que é capaz de

produzir 1000 MJ de energia.

Para a rota metílica a unidade de referência (UR) do biodiesel foi adotada em 26,62 kg, ou seja,

esta quantidade de massa gera 1000 MJ de energia. Portanto foi feita a conversão da emissão

para 1 litro de biodiesel considerando a densidade deste combustível de 0,8695 kg/l citado

pelos autores. Transformando as emissões em t CO2e tem-se:

Extração do óleo Vegetal

Poluente Emissões

(g/rf) kg/rf

Emissões

(g/kg BD)

Densidade

(kg/l)

Emissões

(g/l bd)

Potencial de

aquecimento

global (PAG)

Emissões

(t CO₂ e/l

bd)

CO₂ 5450,0000 26,6200 204,7333 0,8695 178,0156 1,0000 1,78E-04

CH₄ 1010,0000 26,6200 37,9414 0,8695 32,9900 21,0000 6,93E-04

N₂O 0,0493 26,6200 0,0019 0,8695 0,0016 270,0000 4,35E-07

T O T A L 8,71E-04

Tabela 23: Emissões na extração de óleo.

Fonte: Elaboração própria.

Produção de Biodiesel via metílica

Poluente Emissões

(g/rf) kg/rf

Emissões

(g/kg BD)

Densidade

(kg/l)

Emissões

(g/l bd)

Potencial de

aquecimento

global (PAG)

Emissões

(t CO₂ e/l

bd)

CO₂ 7610,0000 26,6200 285,8753 0,8695 248,5686 1,0000 2,49E-04

CH₄ 18,3000 26,6200 0,6875 0,8695 0,5977 21,0000 1,26E-05

N₂O 0,0500 26,6200 0,0019 0,8695 0,0016 270,0000 4,41E-07

T O T A L 2,62E-04

Tabela 24: Emissões na produção do biodiesel (rota metílica).

Fonte: Elaboração própria.

8.2.3. Emissões da queima do metanol (EMETANOL)

Como citado anteriormente, para a produção de 100 kg de biodiesel necessita-se de 10 kg de

metanol, utilizando a densidade do item anterior (0,8695 kg/l), para cada litro de biodiesel

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precisa-se de 0,08695 kg de metanol. Utilizando a equação sete são apresentados os

resultados.

E METANOL = MC x FEMETANOL x (44 / 12)

Parâmetro Valor Unidade Significado

E METANOL 1,20E-04 t CO2e/l

Representa o quanto foi emitido de

CO2e devido a queima do carbono

contido no metanol.

Tabela 25: Emissão total devido à produção do metanol.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

8.2.4. Emissões na produção de metanol (EPROD.METANOL)

Neste item do trabalho, como explicado na seção 7.3.4, foi considerado o fator de emissão

para produção de metanol obtido de um projeto de CDM estabelecido pela Agrenco do Brasil

S/A para produção de biodiesel em território nacional sendo este projeto aprovado e

disponível na UNFCCC.

Os resultados são apresentados a seguir.

EPRODUÇÃO DO METANOL = (NCVBD / NCVPD) x FEPRODUÇÃO DO METANOL

Parâmetro Valor Unidade Significado

EPRODUÇÃO DO METANOL 1,70E-04 t CO2e/l

Representa o quanto foi emitido de

CO2e devido a produção do metanol

usado na transesterficação.

Tabela 26: Emissão total devido à produção do metanol.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

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8.2.5. Emissões relacionadas ao transporte (ETRANSPORTE)

Esta etapa inclui todo o transporte de sementes a partir da agricultura para a unidade de

extração de óleo, todo o transporte de óleo vegetal para a unidade de produção de biodiesel,

e todo o transporte do biodiesel para o local onde é misturado com o petrodiesel (bases de

distribuição). Essas três etapas foram simplificadas para duas, considerando a unidade de

extração de óleo na rota de escoamento do biodiesel até as usinas, como explicado no item

7.3.5.. A contabilização e cálculos destas etapas foram divididos a seguir quando são

detalhados.

8.2.5.1. Transporte Agricultura – Produção de Biodiesel

Todas as premissas e metodologia seguida nesta parte do cálculo foram apresentadas

anteriormente no item 7.3.5 deste trabalho.

Os resultados para as emissões devido ao transporte do local de cultivo da soja para as usinas

de produção do biodiesel são apresentados na tabela a seguir.

Emissões no Percurso Valor Unidade

IDA (Caminhão cheio) 9,26E-05 t CO2e/l BD Soja

VOLTA (Caminhão vazio) 6,76E-05 t CO2e/l BD Soja

T O T A L 1,60E-04 t CO2e/l BD Soja

Tabela 27: Emissões no transporte da soja da agricultura até as usinas de produção do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

8.2.5.2. Transporte Biodiesel – Bases de Distribuição

Todas as premissas e metodologia seguida nesta parte do cálculo foram apresentadas

anteriormente no item 7.3.5. deste trabalho.

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Os resultados para as emissões devido ao transporte do biodiesel das usinas de produção até

as bases de distribuição são apresentados na tabela a seguir.

Emissões no Percurso Valor Unidade

IDA (Caminhão cheio) 2,24E-05 t CO2e/l BD Soja

VOLTA (Caminhão vazio) 2,01E-05 t CO2e/l BD Soja

T O T A L 4,25E-05 t CO2e/l BD Soja

Tabela 28: Emissões no transporte do biodiesel das usinas para as bases de distribuição.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

Para a parte das emissões das usinas às bases de distribuição, o número foi validado através do

inventário de emissões de uma distribuidora de combustíveis, onde a parte de coleta de

biodiesel em sua maioria pelo mesmo tipo de caminhão resultou em emissões da ordem de

5,13 x 10-5. Portanto, foi utilizado o valor calculado neste trabalho.

Desta forma, podemos calcular as emissões devido ao transporte na cadeia de produção do

biodiesel.

Emissão do transporte Valor Unidade

Agricultura - Usinas 1,60E-04 t CO₂e/l bd

Usinas - Bases de distribuição 4,25E-05 t CO₂e/l bd

T O T A L 2,03E-04 t CO₂e/l bd

Tabela 29: Emissões totais do transporte na cadeia de produção do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

8.3. Vazamentos (Leakage)

A metodologia ACM0017 cita ainda a existência de outras emissões que não considera

anteriormente. Conforme a metodologia, o leakage é formado pelas emissões provenientes da

produção de metanol, da produção de óleo cru, do refino do óleo e as emissões devido ao

transporte de petrodiesel. As emissões provenientes da produção de óleo cru, seu refino e

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respectivo transporte foram, neste trabalho, contabilizadas no baseline (item 8.1) enquanto as

emissões devido à produção de metanol foram contabilizadas nas emissões na cadeia de

produção do biodiesel (item 8.2).

Portanto, como todos os valores aplicáveis nesse trabalho já foram considerados

anteriormente por fins didáticos e para facilitar o entedimento, todo o leakage foi considerado

zero.

8.4. Emissões Reduzidas (ER)

Segundo a metodologia ACM0017, para se obter o balanço das emissões e calcular as emissões

reduzidas devido ao uso do biodiesel como combustível alternativo ao petrodiesel, deve-se

proceder conforme a equação a seguir:

𝐄𝐑 = 𝐁𝐋 – 𝐄𝐓 − 𝐋𝐊

Equação 11.

Onde :

ER Emissões reduzidas, i.e., o balanço das emissões

BL Baseline, que corresponde às emissões totais na cadeia do petrodiesel

ET Emissões Totais da cadeia de produção do biodiesel

LK Leakage. Considerado zero

De forma mais didática, pode-se usar a equação abaixo:

𝐄𝐑 =

𝐄𝐂𝐎𝐌𝐁𝐔𝐒𝐓Ã𝐎 𝐏𝐃 + 𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃.𝐑𝐄𝐅.𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒 𝐏𝐃 + 𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐅𝐄𝐑Ê𝐍𝐂𝐈𝐀 −

𝐄𝐂𝐔𝐋𝐓𝐈𝐕𝐎 + 𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃𝐔ÇÃ𝐎 𝐁𝐃 + 𝐄𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 + 𝐄𝐏𝐑𝐎𝐃.𝐌𝐄𝐓𝐀𝐍𝐎𝐋 + 𝐄𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐏𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐁𝐃

Equação 12.

Onde :

ER Emissões reduzidas, i.e., o balanço das emissões

ECOMBUSTÃO PD Emissões provenientes da queima do petrodiesel

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EPROD.REF.TRANS PD Emissões na produção, refino e transporte

ETRANSFERÊNCIA Emissões devido a transferência das bases primárias para as secundárias

ECULTIVO Emissões no cultivo de sementes oleaginosas

EPRODUÇÃO BD Emissões da extração do óleo e na planta de produção

EMETANOL Emissões provenientes da queima do carbono fóssil contido no metanol

EPROD.METANOL Emissões devido à produção do metanol utilizado na transesterificação.

ETRANSPORTE BD Emissões relacionadas ao transporte

Com isso, utilizando a equação 12 e os valores calculados anteriormente (da forma mais

conservadora) chega-se ao valor das Emissões Reduzidas.

Emissões no Baseline (BL) Valor Unidade

ECOMBUSTÃO PD 2,33E-03 t CO₂e/l bd

EPRODUÇÃO DE ÓLEO + EREFINO + ETRANSPORTE PD 4,62E-05 t CO₂e/l bd

ETRANSFERÊNCIA 1,60E-05 t CO₂e/l bd

T O T A L 2,39E-03 t CO₂e/l bd

Emissões na Cadeia de Produção do Biodiesel (ET) Valor Unidade

ECULTIVO Conversão do solo 1,83-E02 t CO₂e/l bd

Cultivo de Soja -3,31E-03 t CO₂e/l bd

EPRODUÇÃO BD Extração de Óleo 8,71E-04 t CO₂e/l bd

Planta de produção 2,62E-04 t CO₂e/l bd

EPROD.METANOL 1,70E-04 t CO₂e/l bd

EMETANOL 1,20E-04 t CO₂e/l bd

ETRANSPORTE BD Agricultura - Usinas 1,60E-04 t CO₂e/l bd

Usinas - Bases de distribuição 4,25E-05 t CO₂e/l bd

T O T A L 1,66E-02 t CO₂e/l bd

BALANÇO DA CADEIA (ER) -1,42E-02 t CO₂e/l bd

Tabela 30: Balanço das Emissões, i.e., ER (Emissões Reduzidas).

Fonte: Elaboração própria.

O resultado negativo traduz que o total de emissões na cadeia do biodiesel é maior que do

petrodiesel. Como pode-se notar o principal parâmetro que influencia este resultados são as

emissões no cultivo.

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Figura 34: Emissões na cadeia de produção do petrodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

Figura 35: Emissões na cadeia de produção do biodiesel.

Fonte: Elaboração própria.

Nesta aproximação foi imputado ao biodiesel toda a emissão da soja. Porém, o cultivo de soja

resulta em outros produtos que não apenas o óleo como o farelo e o grão. Para uma melhor

aproximação com a realidade foram considerados quatro cenários que serão discutidos na

próxima seção deste trabalho.

97.4%

1.9% 0.7%

Emissões na Cadeia de Produção do Petrodiesel

Combustão

Produção e Refino e transporte

Transferência

90.2%

5.2%

1.6%1.0% 0.7%

1.0%

0.3%

Emissões na Cadeia de Produção do Biodiesel

Cultivo

Extração de Óleo

Planta de produção

Produção do Metanol

Queima do Carbono contido no MetanolTransporte Agricultura -UsinasTransporte Usinas - Bases de distribuição

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9. Cenários considerados

As hipóteses apresentadas anteriormente foram as mais conservadoras. Para uma melhor

aproximação da realidade foram realizadas duas abordagens, uma pelo balanço de massa e

outra pelo balanço econômico. Dentro de cada abordagem elaborou-se dois cenários:

contabilizando as emissões devido à conversão do uso solo ou não contabilizando.

Para realização dos cenários de acordo com o balanço de massa foi utilizado o percentual de

massa de óleo de soja que foi produzido no Brasil, 12% segundo uma estimativa da Associação

Brasileira de Indústrias Vegetais (ABIOVE) conforme apresentado na figura 10 deste trabalho.

Já para realizar os cenários de acordo com o balanço econômico foi necessário avaliar o preço

médio de cada produto da soja (grão, farelo e óleo) em três safras (2007, 2008, 2009) e

multiplicá-los pela quantidade em toneladas produzidas no Brasil em 2009. Essa abordagem foi

necessária para estimar a participação econômica no total de receita da soja.

Produto Preço Médio

(R$/tonelada)

Quantidade

Produzida Total Participação

Grão de Soja 668,08 25 x 106 1,67 x 1010 36%

Farelo de Soja 1.999,94 25 x 106 1,52 x 1010 33%

Óleo de Soja 606,40 7 x 106 1,40 x 1010 31%

Tabela 31: Participação econômico dos subprodutos da soja.

Fonte: Elaboração própria.

Figura 36: Participação econômica dos subprodutos de soja.

Fonte: Elaboração própria.

36%

31%

33%

Participação Econômica dos Subprodutos da Soja

Grão

Óleo

Farelo

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Nos quatro cenários foram considerados três anos já consolidados e projetou-se mais três. Os

já consolidados foram os mais atuais: 2007, 2008 e 2009. Enquanto que os projetados foram os

anos de 2010 (5% obrigatório de biodiesel), 2015 e 2020 (projeções de 10 e 15%

respectivamente na mistura com o petrodiesel de acordo como PNPB).

As demandas consolidadas por óleo diesel foram extraídas do BEN (2009) e as projeções

destas demandas (2010, 2015 e 2020) foram feitas de acordo com a EPE (2007), prevendo um

crescimento na demanda por óleo diesel e estando esta taxa em 4,1% ao ano. Com base

nestes valores e nos percentuais obrigatórios, obteve-se o volume demandado por biodiesel e

multiplicando-se este valor pelas taxas de emissão apresentadas anteriormente calculou-se as

emissões do baseline e as relacionadas a cadeia de produção do biodiesel para se calcular o

balanço das emissões em t CO2e por ano como será apresentado a seguir.

9.1. CENÁRIO 01: Emissões provenientes da conversão de pastagem para cultivo e do

cultivo, considerando o input ao biodiesel de acordo com o balanço de massa

Neste cenário, foi considerado que todas as plantações de soja ocorreriam em áreas onde

anteriormente se localizavam pastagens, ou seja, as emissões utilizadas neste cenário

correspondem ao total das emissões devido à conversão do uso do solo de pastagem para

cultivo de soja mais as emissões em virtude do cultivo da soja.

Também considerou-se as emissões no cultivo e transporte do grão imputáveis ao biodiesel de

acordo com o balanço de massa da produção. Esta participação do biodiesel nas emissões

totais no cultivo representando 12% das emissões totais no cultivo de soja (ABIOVE, 2008).

De acordo com estas premissas, seguem os resultados.

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

BL 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

ET 2,73E+06 3,67E+06 5,08E+06 7,56E+06 1,85E+07 4,52E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e)

-7,38E+05 -9,93E+05 -1,38E+06 -2,05E+06 -5,00E+06 -1,22E+07

Tabela 32: Emissões reduzidas no Cenário 01.

Fonte: Elaboração própria.

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O balanço negativo significa que as emissões do biodiesel equivalem a 137% das emissões do

petrodiesel. Parte destas emissões são imputadas a fase agrícola, especificamente na

conversão do solo de pastagem para cultivo de soja como pode ser visto no gráfico abaixo.

Figura 37: Emissões totais do biodiesel - CENÁRIO 01.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

9.2. CENÁRIO 02: Emissões provenientes do cultivo, considerando o input ao biodiesel de

acordo com o balanço de massa

Neste cenário, foi considerado que todas as plantações de soja ocorreriam em áreas onde

anteriormente já se localizavam plantações de soja, portanto para se obter as emissões totais

no cultivo de soja considerou-se apenas as emissões provenientes do cultivo da soja.

Também considerou-se as emissões no cultivo imputáveis ao biodiesel de acordo com o

balanço de massa da produção. Esta participação do biodiesel nas emissões totais no cultivo

representando 12% das emissões totais no cultivo de soja (ABIOVE, 2008).

De acordo com estas premissas, seguem os resultados.

55%

27%

8%

5%

4%

0%1%

Emissões totais do biodiesel

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e)

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e)

Emissões na Planta de produção (t CO₂e)

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e)

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e)

Emissões no transporte: Agricultura -Usinas (t CO₂e)

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e)

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Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

BL 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

ET 9,00E+05 1,21E+06 1,68E+06 2,50E+06 6,10E+06 1,49E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e)

1,09E+06 1,47E+06 2,03E+06 3,02E+06 7,38E+06 1,80E+07

Tabela 33: Emissões reduzidas no Cenário 02.

Fonte: Elaboração própria.

O balanço positivo significa que as emissões do biodiesel equivalem a 45% das emissões do

petrodiesel. Isso ocorre devido à captura de carbono durante o crescimento da soja.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

9.3. CENÁRIO 03: Emissões provenientes da conversão de pastagem para cultivo e do

cultivo, considerando o input ao biodiesel de acordo com o balanço econômico

Neste cenário, foi considerado que todas as plantações de soja ocorreriam em áreas onde

anteriormente se localizavam pastagens, ou seja, as emissões utilizadas neste cenário

correspondem ao total das emissões devido à conversão do uso do solo de pastagem para

cultivo de soja mais as emissões em virtude do cultivo da soja.

Também considerou-se as emissões no cultivo imputáveis ao biodiesel de acordo com o

balanço econômico da produção no mercado. Como o preço da soja é oscilatório já que

depende de inúmeros fatores, foi considerado os preços médios do grão, farelo e óleo de soja

multiplicado pelo total produzido nos três últimos anos considerando inclusive o ICMS

(ABIOVE, 2008). De acordo com esses dados obteve-se a participação do óleo na receita

gerada pelo mercado da soja. Este valor girando em torno de 31% como pode ser visto na

figura 36.

De acordo com estas premissas, seguem os resultados.

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Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

BL 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

ET 5,11E+06 6,89E+06 9,54E+06 1,42E+07 3,47E+07 8,48E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e)

-3,13E+06 -4,21E+06 -5,83E+06 -8,67E+06 -2,12E+07 -5,18E+07

Tabela 34: Emissões reduzidas no Cenário 03.

Fonte: Elaboração própria.

O balanço negativo significa que as emissões do biodiesel equivalem a 257% das emissões do

petrodiesel. Parte destas emissões são imputadas a fase agrícola, especificamente na

conversão do solo de pastagem para cultivo de soja como pode ser visto no gráfico a seguir.

Figura 38: Emissões totais do biodiesel – CENÁRIO 03.

Fonte: Elaboração própria.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

75%

14%

4%

3%

2% 1%1%

Emissões totais do Biodiesel

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e)

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e)

Emissões na Planta de produção (t CO₂e)

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e)

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e)

Emissões no transporte: Agricultura -Usinas (t CO₂e)

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e)

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9.4. CENÁRIO 04: Emissões provenientes do cultivo, considerando o input ao biodiesel de

acordo com o balanço econômico

Neste cenário, foi considerado que todas as plantações de soja ocorreriam em áreas onde

anteriormente já se localizavam plantações de soja, portanto para se obter as emissões totais

no cultivo de soja considerou-se apenas as emissões provenientes do cultivo da soja.

Também considerou-se as emissões no cultivo imputáveis ao biodiesel de acordo com o

balanço econômico da produção no mercado. Como o preço da soja é oscilatório já que

depende de inúmeros fatores, foi considerado os preços médios do grão, farelo e óleo de soja

multiplicado pelo total produzido nos três últimos anos considerando inclusive o ICMS

(ABIOVE, 2008). De acordo com esses dados obteve-se a participação do óleo na receita

gerada pelo mercado da soja. Este valor girando em torno de 31% como pode ser visto na

figura 38.

De acordo com estas premissas, seguem os resultados.

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

BL 4,68E+06 6,34E+06 9,02E+06 1,34E+07 2,79E+07 5,81E+07

ET 1,14E+06 1,54E+06 2,20E+06 3,27E+06 6,80E+06 1,42E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e)

3,54E+06 4,79E+06 6,82E+06 1,01E+07 2,11E+07 4,40E+07

Tabela 35: Emissões reduzidas no Cenário 04.

Fonte: Elaboração própria.

O balanço positivo significa que as emissões do biodiesel equivalem a 20% das emissões do

petrodiesel. Isso ocorre devido à captura de carbono durante o crescimento da soja.

Os detalhes do cálculo acima encontram-se descritos passo a passo na memória de cálculo

apresentada no anexo 04 deste trabalho.

Como pode ser visto, os cenários 02 e 04 são mais vantajosos. Pode-se concluir que onde não

há conversão do solo o uso do biodiesel é favorável, porém quando esta conversão ocorre (do

ponto de vista de emissões de GEE) o uso do biodiesel não é favorável. A seguir é apresentado

um quadro resumo dos quatro cenários considerados anteriormente.

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CENÁRIO PREMISSAS BALANÇO (BL – ET)

01

Considera as Emissões da conversão do

uso do solo;

Considera as Emissões do cultivo;

Input ao biodiesel de acordo com o

Balanço de Masssa;

NEGATIVO

EPETRODIESEL < EBIODIESEL

EBIODIESEL = 137% x EPETRODIESEL

02

Considera somente as Emissões do cultivo;

Input ao biodiesel de acordo com o

Balanço de Masssa;

POSITIVO

EPETRODIESEL > EBIODIESEL

EBIODIESEL = 45% x EPETRODIESEL

03

Considera as Emissões da conversão do

uso do solo;

Considera as Emissões do cultivo;

Input ao biodiesel de acordo com o

Balanço Econômico;

NEGATIVO

EPETRODIESEL < EBIODIESEL

EBIODIESEL = 257% x EPETRODIESEL

04

Considera somente as Emissões do cultivo;

Input ao biodiesel de acordo com o

Balanço Econômico;

POSITIVO

EPETRODIESEL > EBIODIESEL

EBIODIESEL = 20% x EPETRODIESEL

Tabela 36: Quadro resumo dos quatro cenários apresentados.

Fonte: Elaboração própria.

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10. Conclusões e Recomendações

10.1. Conclusões

A busca por fontes renováveis de energia no mundo vem crescendo nas últimas décadas. O

biodiesel se insere nesse contexto. A Alemanha representa o país de maior destaque na

produção de biodiesel sendo a base para o desenvolvimento a completa isenção tributária em

toda a cadeia produtiva, tornando este combustível competitivo frente ao diesel, inclusive

sendo 12% mais barato. O país conta também com uma infraestrutura logística sólida. Além

disso, empresas fabricantes de motores garantiram qualidade no rendimento de seus produtos

quando o biodiesel é utilizado.

Os Estados Unidos é o principal consumidor de óleo diesel mundial precisando importar cerca

de 60% de sua demanda de outras economias, por isso o biodiesel pode ser apresentado como

uma alternativa para o país. Porém o fato do diesel americano possuir baixa carga tributária

inviabiliza o consumo de biodiesel no curto prazo.

Em 2008, o petróleo e seus derivados correspondiam a aproximadamente 37% da matriz

energética brasileira. O biodiesel mostra-se como uma alternativa à substituição de uma fonte

não renovável, aumentando a participação das fontes renováveis na matriz energética

brasileira. Além do viés econômico, outros aspectos devem ser considerados como o social e

ambiental.

Em 2005 o governo federal lançou o Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). As

principais diretrizes do PNPB não estão sendo cumpridas haja visto que 82% do biodiesel

produzido em território nacional é de origem da soja, indo contra a diretriz de diversificação da

matéria prima para produção, favorecendo, portanto algumas regiões em detrimento de

outras. Por exemplo, a Região Centro-Oeste é responsável por 49% da produção de soja do

país enquanto a região norte apenas 2%. Além disso, em 2007, apenas 18% do biodiesel

produzido teve origem na agricultura familiar, não contribuindo para a diretriz de inclusão

social.

A preocupação com as mudanças climáticas faz com que cada vez mais estudos nesta linha

sejam elaborados. Estes são de grande importância para analisar se determinada alternativa é

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viável. Neste contexto se insere uma análise das emissões de GEE atreladas ao biodiesel, em

todo o ciclo, comparando-o ao combustível fóssil que substitui: o petrodiesel.

Para a análise de todo o ciclo, as emissões relacionadas ao cultivo da soja, extração do óleo,

produção do biodiesel, transporte em todas as fases devem ser consideradas. Neste trabalho,

cada etapa da cadeia foi avaliada separadamente resultando em um fator de emissão. Esses

fatores foram mais bem estudados nos cenários onde se obteve uma aproximação com a

realidade, considerando valores reais e projetados.

De acordo com os cenários apresentados, pode-se concluir que: se o biodiesel for originado de

uma plantação de soja já existente, como nos cenários 02 e 04, tem-se a absorção de

aproximadamente 42% à 61% das emissões da sua cadeia de produção no crescimento da

biomassa. Se comparado ao petrodiesel isso representa uma redução de aproximadamente 64

à 76% das emissões para uma mesma quantidade de biodiesel. Esses números demonstram

que, nestas condições, a utilização do biodiesel de soja em substituição ao diesel é vantajoso já

que sua cadeia emite menos CO2e.

Porém, diversos estudos apontam que a expansão da fronteira agrícola está sendo

impulsionada pelo Biodiesel e com isso havendo uma mudança no uso do solo já que a soja

está tomando lugar da pecuária. A conversão do solo de pastagem para cultivo de soja

representa aproximadamente 65 à 73% das emissões todo o ciclo, isso porque a soja acumula

mais carbono no solo se comparado à pastagem, porém a pastagem tem a maior capacidade

de absorver carbono em sua biomassa do que a soja. Se a parte da conversão for considerada,

como nos cenários 01 e 03, as emissões relacionadas à produção de biodiesel de soja é maior

que as do petrodiesel, não apresentando vantagens nas emissões de GEE.

Além disso, se a pecuária for deslocada para uma área de floresta, contribuindo para o

desmatamento, a emissão é ainda maior: 971,36 t CO2 /ha (Herrera, 2009) de área desmatada.

Essa hipótese não foi considerada neste trabalho, mas este fator de emissão passa a ser

significativo caso se comprove que a expansão agrícola aconteça desta forma.

Outras considerações podem ser feitas no sentido de reduzir as emissões na cadeia e produção

do biodiesel. Como por exemplo, a diversificação de matérias primas, o avanço tecnológico e

novas técnicas de cultivo.

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A diversificação das matérias primas para a produção do biodiesel pode contribuir para

redução das emissões de GEE. Um estudo mais profundo para cada matéria prima é

necessário, uma vez que cada uma tem sua particularidade principalmente na fase agrícola.

Porém pode-se afirmar que do ponto de vista logístico a regionalização das matérias primas

melhora a eficiência do transporte, uma vez que será necessário percorrer menores distâncias

na cadeia de produção, diminuindo, portanto as emissões atreladas à queima de combustível

no transporte.

Atualmente a produção de biodiesel é baseada na rota metílica. O metanol utilizado é de

origem fóssil e por isso apresenta emissões atreladas a sua queima e produção da ordem de

30% de toda a emissão do ciclo quando não consideramos à conversão do solo. Uma

alternativa ao uso do metanol seria o etanol que por ser de origem renovável reduziria as

emissões. O avanço tecnológico provavelmente irá contribuir para que o etanol se torne

competitivo frente ao metanol na produção de biodiesel.

Para o biodiesel ser viável do ponto de vista das emissões de GEE, a soja deve ser cultivada em

plantação já existente ou em áreas degradadas que não conseguiriam absorver mais carbono.

Além disso, o avanço tecnológico contribuirá para o aumento da produtividade da soja,

necessitando, portanto de menores áreas para a produzir cada vez mais biodiesel.

Além disso, o avanço tecnológico contribuirá para o aumento da produtividade da soja,

necessitando, portanto de menores áreas para produzir cada vez mais biodiesel. Vale ressaltar

que as áreas degradadas possuem um grande potencial para o desenvolvimento do cultivo de

oleaginosas para o biodiesel do ponto de vista de redução de GEE. Quando degradas, as áreas

conseguem absorver menos (ou até não absorvem) carbono em sua biomassa e no solo. Ao

inserir um cultivo, é possível restabelecer a fixação do carbono no solo e consequentemente

no desenvolvimento da biomassa, com isso há uma maior absorção da fase produtiva na fase

agrícola. É necessário um estudo para levantamento das necessidades de cada oleaginosa para

se estabelecer em áreas degradadas.

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10.2. Recomendações para trabalhos futuros

Como recomendações para trabalhos futuros, uma análise mais profunda das emissões na fase

agrícola se faz necessário, além disso, é interessante o mesmo estudo utilizando o etanol.

Estudos relacionados à outras matérias primas devem ser realizados pois são importantes para

contribuir com a diretriz de diversificação das matérias primas do PNPB. Por fim, recomenda-

se ainda um estudo mais profundo da logística de distribuição do biodiesel e matérias primas

no Brasil.

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11. Referências Bibliográficas

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SEBRAE, 2007 - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas . "Cartilha do

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Acessado em Outubro de 2009.

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12. Anexos

Anexo 01. Capacidade autorizada das plantas de produção de biodiesel

Empresa Município Estado

Capacidade

Estimada

(m³/ano)

GRANOL Indústria, Comércio e

Exportação S.A Cachoeira do Sul RS 335.998,80

BIOCAPITAL Consultoria Empresarial

e Participações S.A Charqueada SP 274.117,60

ADM do Brasil Ltda. Rondonópolis MT 245.520,00

OLEOPLAN S.A. – Óleos Vegetais

Planalto Veranópolis RS 237.600,00

AGRENCO Bioenergia Indústria e

Comércio de Óleos e Biodiesel Ltda. Alto Araguaia MT 235.294,10

CARAMURU Alimentos S.A São Simão GO 187.500,00

BSBIOS Indústria e Comércio de

Biodiesel Sul Brasil S/A Passo Fundo RS 159.840,00

FIAGRIL Agromercantil Ltda. Lucas do Rio Verde MT 147.585,60

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

Iraquara BA 129.600,00

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

Porto Nacional TO 129.600,00

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

Rosário do Sul RS 129.600,00

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

São Luis MA 129.600,00

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BRACOL Holding Ltda. Lins SP 125.712,00

COOPERBIO – Cooperativa de

Biocombustíveis Cuiabá MT 122.400,00

COMANCHE Biocombustíveis da

Bahia LTDA Simões Filho BA 120.600,00

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

Crateús CE 108.000,00

BRASIL ECODIESEL Ind. e Com. de

Biocombustíveis e Óleos Vegetais

S.A

Floriano PI 97.200,00

GRANOL Indústria, Comércio e

Exportação S.A Campinas SP 90.000,00

BIOVERDE – Indústria e Comércio de

Biocombustíveis Ltda Taubaté SP 88.235,30

BARRALCOOL - Usina Barrálcool S.A Barra do Bugres MT 58.823,50

PETROBRAS Biocombustível S.A Candeias BA 56.520,00

PETROBRAS Biocombustível S.A Quixadá CE 56.520,00

PETROBRAS Biocombustível S.A Montes Claros MG 56.520,00

BIOCAMP Indústria e Comércio

importação e Exportação de

Biodiesel Ltda.

Campo Verde MT 55.440,00

FERTIBOM Indústrias Ltda Catanduva SP 50.400,00

BIOPAR - Bioenergia do Paraná Ltd Rolândia PR 43.200,00

ARAGUASSÚ Óleos Vegetais

Indústria e Comércio Ltda.

Porto Alegre do

Norte MT 36.000,00

CLV Indústria e Comércio de

Biodiesel Ltda Colider MT 36.000,00

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TAUÁ Biodiesel Ltda. Nova Mutum MT 36.000,00

BINATURAL Indústria e Comércio de

Óleos Vegetais Ltda. Formosa GO 30.240,00

BIONORTE Indústria e Comércio de

Biodiesel Ltd

São Miguel do

Araguaia GO 29.411,80

AGROSOJA - Comércio e Exportação

de Cereais Ltda. Sorriso MT 28.800,00

CESBRA Química S.A Volta Redonda RJ 21.600,00

AMAZONBIO - Indústria e Comércio

de Biodiesel da Amazônia Ltda. Ji Paraná RO 16.200,00

BIG FRANGO Indústria e Comércio

de Alimentos Ltda Rolândia PR 14.400,00

SOYMINAS Biodiesel Derivados de

Vegetais Ltda. Cássia MG 14.400,00

DVH Chemical Comércio de Óleo

Vegetal Tailândia PA 12.600,00

AGROPALMA - Cia. Refinadora da

Amazônia Belém PA 10.800,00

B-100 Indústria e Comércio de

Biodiesel Ltda. Araxá MG 10.800,00

BIOCAR Indústria e Comércio de

Óleos Vegetais e Biodiesel Ltda. Dourados MS 10.800,00

BIOLIX Indústria e Comércio de

Combustíveis Vegetais Ltda. Rolândia PR 10.800,00

FUSERMANN - Refinaria Nacional de

Petróleo Vegetal Ltda. Barbacena MG 10.800,00

SPBio – Indústria e Comércio de

Biodiesel Ltda. Sumaré SP 10.080,00

BIOTINS - Companhia Produtora de

Biodiesel do Tocantins S.A Paraíso do Tocantis TO 9.720,00

BIOPAR Produção de Biodiesel

Parecis Ltda Nova Marilândia MT 8.400,00

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RENOBRÁS Indústria Química Ltda. Dom Aquino MT 7.200,00

USIBIO Indústria e Comércio de

Biocombustíveis do Centro-oeste

Ltda.

Sinop MT 7.200,00

INNOVATTI Indústria e Comércio de

Ésteres Sintéticos Ltda. Mairinque SP 6.740,00

OURO VERDE Indústria e Comércio

de Biodiesel Ltda. Rolim de Moura RO 6.120,00

FRIGOL Química Ltda. Lençóis Paulistas SP 6.000,00

CAIBIENSE - Transportadora

Caibiense Ltda Rondonópolis MT 5.400,00

COOMISA - Cooperativa Mista

Sapezalense Sapezal MT 4.320,00

BIO ÓLEO Indústria e Comércio de

Biocombustíveis Ltda Cuiabá MT 3.600,00

COMANDOLLI - Transportadora

Comandolli Ltda Rondonópolis MT 3.600,00

COOAMI - Cooperativa Mercantil e

Industrial dos Produtores de Sorriso

Ltda.

Sorriso MT 3.600,00

COOPERFELIZ - Cooperativa

Mercantil e Industrial dos

Produtores de Feliz Natal

Feliz Natal MT 2.400,00

Abdiesel Ltda. Araguari MG 2.160,00

KGB - Indústria e Comércio de

Biocombustível KGB Ltda. Sinop MT 1.800,00

SSIL - Sociedade Sales Industrial

Ltda. Rondonópolis MT 1.800,00

VERMOEHLEN & Vermoehlen Ltda Rondonópolis MT 1.800,00

COOPERBIO - Cooperativa Mercantil

e Industrial dos Produtores Lucas do Rio Verde MT 1.440,00

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Luverdenses

AMBRA Energética e Ambiental

Ltda. Varginha MG 864,00

NUTEC - Fundação Núcleo de

Tecnologia Industrial Fortaleza CE 864,00

Fonte: ANP, atualizado em agosto/2009.

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Anexo 02. Legislação regulatória

DECRETO DE 02 DE JULHO DE 2003

“Institui Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a

viabilidade de utilização de óleo vegetal - biodiesel como fonte alternativa de energia,

propondo, caso necessário, as ações necessárias para o uso do biodiesel.”

O grupo formado por 11 ministérios realizou um ciclo de audiências com representantes de

etapas do ciclo do biodiesel tanto da esfera pública quanto privada, bem como parlamentares

ligados ao biodiesel.

DECRETO DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003.

“Institui a Comissão Executiva Interministerial encarregada da implantação das ações

direcionadas à produção e ao uso de óleo vegetal - biodiesel como fonte alternativa de

energia”

A comissão executiva interministerial tinha os seguintes objetivos:

“I - coordenar a implantação das recomendações constantes do Relatório do Grupo de

Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização

de óleo vegetal - biodiesel como fonte alternativa de energia, de que trata o Decreto de 2 de

julho de 2003;

II - elaborar, implementar e monitorar programa integrado para a viabilização do biodiesel;

III - propor os atos normativos que se fizerem necessários à implantação do programa previsto

no inciso II;

IV - analisar, avaliar e propor outras recomendações e ações, diretrizes e políticas públicas não

previstas no Relatório mencionado no inciso I.

LEI Nº 11.097, DE 13.01.2005:

“Dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira“

Além disso a lei também estabelece mistura obrigatória de 2% a partir de 2007 chegando a 5%

em 2013, em todo o território nacional. Institui também a Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis - ANP,como órgão regulador da indústria do petróleo, gás natural,

seus derivados e biocombustíveis, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.Atribui ainda sua

finalidade de “promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas

integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis”

Dentre outras, cabe à ANP:

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“XVI - Regular e autorizar as atividades relacionadas à produção, importação, exportação,

armazenagem, estocagem, distribuição, revenda e comercialização de biodiesel, fiscalizando-

as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal

ou Municípios;

XVIII - Especificar a qualidade dos derivados de petróleo, gás natural e seus derivados e dos

biocombustíveis.”

LEI N° 11.116, DE 18.05.2005:

“Dispõe sobre o Registro Especial, na Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda,

deprodutor ou importador de biodiesel e sobre a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep

e daCofins sobre as receitas decorrentes da venda desse produto;”

RESOLUÇÃO CNPE N º 3, DE 23 DE SETEMBRO DE 2005

“Reduz o prazo de que trata o § 1º do art. 2º da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005”

Através desta resolução o Conselho Nacional de Política Energética “reduz o prazo de que trata

o § 1º do art. 2º da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, para o atendimento do percentual

mínimo intermediário de dois por cento, em volume, cuja obrigatoriedade se restringirá ao

volume de biodieselproduzido por detentores do selo "Combustível Social", instituído pelo

Decreto nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004, e se iniciará em 1º de janeiro de 2006”

RESOLUÇÃO ANP Nº 41, DE 24.11.2004

“Institui a regulamentação e obrigatoriedade de autorização da ANP para o exercício da

atividade de produção de biodiesel”

Esta resolução foi revogada pela RESOLUÇÃO ANP Nº 25, DE 2.9.2008 , que além de exigir a

autorização da ANP ainda regulamenta a “atividade de produção de biodiesel, que abrange a

construção, modificação, ampliação de capacidade, operação de planta produtora e a

comercialização de biodiesel”

RESOLUÇÃO ANP Nº 42, DE 24.11.2004

Estabelece a especificação para a comercialização de biodiesel que poderá ser adicionado ao

óleo diesel na proporção de 2% em volume.

Esta resolucao foi revogada e substituída pela RESOLUÇÃO ANP Nº 7, DE 19.3.2008, que

também estabelece especificação para a comercialização do Biodiesel que deverá ser

adicionado ao óleo diesel na proporção de 4%, em volume, a partir de 1º de julho de 2009.

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RESOLUÇÃO BNDES Nº 1.135/2004:

Institui o Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Biodiesel, prevendo

financiamento para todas as etapas da cadeia produtiva (financia até 90% dos projetos com

Selo Combustível Social e até 80% sem essa característica).

INSTRUÇAO NORMATIVA MDA Nº 01, DE 05.07.2005

“Dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos à concessão de uso do Selo Combustível

Social”

INSTRUÇAO NORMATIVA MDA Nº 02,DE 30.09.2005

Dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos ao enquadramento de projetos de

produção de biodiesel ao Selo Combustível Social.

Para regulamentar a Lei do Biodiesel, foi editado o DECRETO Nº 5.448/05,

RESOLUÇÃO ANP Nº 31, DE 04 DE NOVEMBRO DE 2005

Regula a realização de leilões públicos para aquisição de biodiesel

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 01, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2009

Dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos à concessão, manutenção e uso do selo

combustível social.

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Anexo 03. Logística de distribuição do biodiesel

A. Região Sul

B. Região Centro Oeste

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C. Região Norte

D. Região Nordeste

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E. Região Sudeste

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Anexo 04. Memória de cálculo

A. Planilha para cálculo das Emissões no Baseline

E.combustão

Usando o fator de emissão baseado nas emissões atmosféricas do INVENTÁRIO NACIONAL DE EMISSÕES e consumo de óleo obtido do BEN.

Ecombustão (Ec) = (NCVbd / NCVpd) x FEprodução

Parâmetro Valor Unidade Significado

E.combustão 2,33E-03 t CO2e/l

Representa o quanto foi emitido de CO2e devido à combustão do óleo diesel.

Parâmetro Valor Unidade Fonte

NCVbd/NCVpd 0,952201288 Ad -

Consumo final de óleo diesel (1994) 23.805.000,00 tep Relatório Final BEN 2009

Emissões atmosféricas de CO2 (1994) 75.067.000,00 t CO2 Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de N2O (1994) 610,00 t N2O Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de CH4 (1994) 5.800,00 t CH4 Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de CO2e (1994) 75.353.500,00 t CO2e Inventário de Emissões MCT

FEprodução

3,17 t CO2e/tep -

7,00E-02 t CO2e/GJ -

7,00E-11 t CO2e/J -

2,45E-03 t CO2e/l -

2,45 Kg CO2e/l -

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E.produção + E.refino + E.transporte

Usando o fator de emissão baseado nas emissões atmosféricas do INVENTÁRIO NACIONAL DE EMISSÕES e consumo de óleo obtido do BEN.

E.prod.ref.trans pd = (NCVbd / NCVpd) x FEprod.ref.trans x (PROD. petrodiesel / PROD. petróleo)

Parâmetro Valor Unidade Significado

E.prod.ref.trans pd 4,62E-05 t CO2/l

Representa o quanto foi emitido de CO2e devido a produção, refino e transporte do petrodiesel, i.e., a

participação do óleo diesel nas emissões relacionadas a produção, refino e transporte do petrodiesel.

Parâmetro Valor Unidade Fonte

NCVbd/NCVpd 0,952201288 Ad -

Produção de óleo total (1994) 34.446.000,00 tep Relatório Final BEN 2009

Emissões atmosféricas de CO2 (1994) 3.741.000,00 t CO2 Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de N2O (1994) 0,00 t N2O Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de CH4 (1994) 99.660,00 t CH4 Inventário de Emissões MCT

Emissões atmosféricas de CO2e (1994) 5.833.860,00 t CO2e Inventário de Emissões MCT

FEprod.ref.trans pd

0,17 t CO2e/tep -

3,75E-03 t CO2e/GJ -

3,75E-12 t CO2e/J -

1,31E-04 t CO2e/L -

1,31E-01 kg CO2e/L -

PROD. petrodiesel (2008) 34.832,87 tep Relatório Final BEN 2009

PROD. petróleo (2008) 93.999,88 tep Relatório Final BEN 2009

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B. Planilha para cálculo das Emissões no Cultivo

Emissões extraídas de HERRERA, 2008

Uso

Emissões de

CO2 (t CO₂ /ha)

Emissões de

N2O (kg N₂O /

ha)

Emissões de CO2

(t CO₂ /ha)

Conversão de pastagem para cultivo de soja 8,19 5,7 0,68

Cultivo de soja -3,65 4,03 0,68

TOTAL do processo 4,54 9,73 1,36

Cálculo da Produtividade de BD em ha/l BD Soja

Item Valor Unidade Fonte

Produção de BD 1.167.128,00 m³ ANP, 2008

Produção de BD 1.167.128.000,00 l ANP, 2008

Percetual de Soja 0,82 ad ANP, 2008

Densidade do biodiesel 0,8695 kg/l Kulay & Silva, 2006

Produção de BD de Soja 957.044.960,00 l -

Produção de BD de Soja 832.150.592,72 kg -

Óleo extraído da soja a granel / Produção de soja a granel

0,19 ad ABIOVE, 2009

Produção de soja a granel que gerou a produção de bd

4.379.739.961,68 kg -

Produtividade da Soja 2601,95 kg/ha IBGE, 2009

Área plantada de Soja que gerou biodiesel

1.683.252,93 ha -

Produtividade de BD 0,0017588024 ha/l BD Soja -

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Cálculos das Emissões no Cultivo(*)

Uso Emissões de CO2

(t CO₂ /ha) Produtividade do BD (ha / l BD produzido)

Emissões de CO2

(t CO₂ / l BD)

Potencial de Aquecimento Global

(PAG)

Emissões de CO2

(t CO₂e / l BD)

Conversão de pastagem para cultivo de soja

8,19 0,0017588 0,0144046 1,00 0,014404591

Cultivo de soja -3,65 0,0017588 -0,0064196 1,00 -0,006419629

TOTAL do processo 4,54 0,0017588 0,0079850 1,00 0,007984963

Uso

Emissões de N2O

(kg N₂O / ha) Produtividade do BD (ha / l BD produzido)

Emissões de N2O

(kg N₂O / l BD)

Potencial de Aquecimento Global

(PAG)

Emissões de N2O

(t CO₂e / l BD)

Conversão de pastagem em cultivo de soja

5,7 0,00175880 0,01002517 270,00 0,002706797

Cultivo de soja 4,03 0,00175880 0,00708797 270,00 0,001913753

TOTAL do processo 9,73 0,00175880 0,01711315 270,00 0,00462055

Uso Outras Emissões de

CO2 (t CO₂ /ha) Produtividade do BD (ha / l BD produzido)

Emissões de CO2

(t CO₂ / l BD)

Potencial de Aquecimento Global

(PAG)

Emissões de CO2

(t CO₂e / l BD)

Conversão de pastagem em cultivo de soja

0,68

0,0017588024 0,0011960 1,00 0,0011960

Cultivo de soja 0,68

0,0017588024 0,0011960 1,00 0,0011960

TOTAL do processo 1,36

0,0017588024 0,0023920 1,00 0,0023920

(*) Neste estudo foi considerado que não houve a conversão de "Floresta em Pastagem" já que grande parte do cultivo de soja está estabelecido no Brasil e não há necessidades em se desmatar mais.

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C. Planilha para cálculo das Emissões relacionadas ao Transporte: Agricultura – Usinas

Percurso: I D A (Caminhão cheio)

N° de Viagens Distância Média (km)

Consumo Médio de Combustível

(l/km)

Fator de Emissão E.combustão (t CO2e/l)

Emissão (t CO2) Emissão (t CO2/l BD)

145.991,30 398,04 0,52632 0,0023299 71.257,64 7,45E-05

Percurso: V O L T A (Caminhão vazio)

N° de Viagens Distância Média

Consumo Médio de Combustível

(l/km)

Fator de Emissão E.combustão (t CO2e/l)

Emissão (t CO2) Emissão (t CO2/l BD)

145.991,30 398,04 0,38462 0,0023299 52.072,89 5,44E-05

Percurso Valor Unidade

IDA 7,4456E-05 t CO2/l BD Soja

VOLTA 5,4410E-05 t CO2/l BD Soja

Emissões totais no transporte de soja a granel da Agricultura até as Usinas para a extração de óleo

1,2887E-04 t CO2/l BD Soja

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Item Valor Unidade

Produção de BD 1.167.128,00 m³

Produção de BD 1.167.128.000,00 l

Percetual de Soja 0,82 ad

Produção de BD de Soja 957.044.960,00 l

Consumo de soja 4.379.739,00 t

Volume de carreta graneleira 51,84 m³

Peso específico da soja a granel 720 kg/m³

Capacidade máxima de 1 caminhão 30 t

Consumo caminhão (30t) cheio 1,9 km/l

Consumo caminhão (30t) vazio 2,6 km/l

Distâncias Médias (km)

216 229 207 139 384 754

977 658 965 731 1274 159

176 375 399 773 957 1096

425 300 611 842 144 147

321 688 266

321 Distância Média (km)

398,04 D.Média convertida (km) = D.Média*1,24

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D. Planilha para cálculo das Emissões devido à Extração de Óleo

Emissões devido à extração do óleo da soja a granel

GEE Emissões

(g / rf) kg/rf

Emissões (g / kg BD)

Densidade (kg / l)

Emissões (g / l bd)

Potencial de Aquecimento Global (PAG)

Emissões (g CO₂ e / l bd)

Emissões (t CO₂ e / l bd)

CO₂ 5.450,0000 26,6200 204,7333 0,8695 178,0156 1,0000 178,0156 1,78E-04

CH₄ 1.010,0000 26,6200 37,9414 0,8695 32,9900 21,0000 692,7909 6,93E-04

N₂O 0,0493 26,6200 0,0019 0,8695 0,0016 270,0000 0,4348 4,35E-07

T O T A L 871,2413 8,71E-04

Obs: rf = Unidade de referência. Para a rota metílica a unidade de referência (rf) do biodiesel foi adotada em 26,62 kg, por ser esta a massa que gera 1000 MJ de energia. Portanto foi feita a conversão da emissão para 1 litro de biodiesel considerando a densidade deste combustível de 0,8695 kg/l. Fonte: Kulay e Silva, 2006.

E. Planilha para cálculo das Emissões devido à Produção do biodiesel

Emissões devido à produção do biodiesel através da rota metílica

GEE Emissões

(g / rf) kg/rf

Emissões (g / kg BD)

Densidade (kg / l)

Emissões (g / l bd)

Potencial de Aquecimento Global (PAG)

Emissões (g CO₂ e / l bd)

Emissões (t CO₂ e / l bd)

CO₂ 7.610,0000 26,6200 285,8753 0,8695 248,5686 1,0000 248,5686 2,49E-04

CH₄ 18,3000 26,6200 0,6875 0,8695 0,5977 21,0000 12,5525 1,26E-05

N₂O 0,0500 26,6200 0,0019 0,8695 0,0016 270,0000 0,4410 4,41E-07

T O T A L 261,5621 2,62E-04

Obs: rf = Unidade de referência. Para a rota metílica a unidade de referência (rf) do biodiesel foi adotada em 26,62 kg, por ser esta a massa que gera 1000 MJ de energia. Portanto foi feita a conversão da emissão para 1 litro de biodiesel considerando a densidade deste combustível de 0,8695 kg/l. Fonte: Kulay e Silva, 2006.

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F. Planilha para cálculo das Emissões devido a Produção do Metanol

E.produção do metanol

Usando o fator de emissão contido no Projeto de produção de biodiesel da AGRENCO DO BRASIL S/A.

E.refino e transporte (Ep) = (NCVbd / NCVpd) x FErefino e transporte

Parâmetro Valor Unidade Significado

E.produção do metanol 0,00016955 t CO2/l

Representa o quanto foi emitido de CO2e devido a produção de metanol

Parâmetro Valor Unidade Fonte

Densidade do Biodiesel 0,8695 kg/l Kulay & Silva, 2006

FEprodução do metanol

1,95 t CO2e/t metanol Agrenco do Brasil S/A

0,195 t CO2e/t biodiesel -

0,000195 t CO2e/kg biodiesel -

0,000169553 t CO2e/l biodiesel -

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G. Planilha para cálculo das Emissões devido a queima do carbono contido no Metanol

E.queima do Carbono fóssil contido no metanol

E.queima metanol = MC * FEcarbono do metanol * (44/12)

Parâmetro Valor Unidade Significado

E.queima do metanol 0,00011956 t CO2/l

Representa o quanto foi emitido de CO2e devido a produção de diesel do baseline (2,5% da produção anual)

Parâmetro Valor Unidade Fonte

Densidade do Biodiesel 0,8695 kg/l Kulay & Silva, 2006

FEcarbono do metanol 0,375 ad ACM0017

Quantidade de metanol contida em 1 kg de biodiesel 0,1 kg Kulay & Silva, 2006

Metanol Consumido na usina de biodiesel (MC) 0,08695 kg/l

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H. Planilha para cálculo das Emissões relacionadas ao Transporte: Usinas – Bases de

distribuição

Percurso: I D A (Caminhão Cheio)

Nº de Viagens Distancia Média

(km)

Consumo médio de combustível

(l/km)

Fator de Emissão (t CO₂e/l)

Emissão (t CO₂)

1.528,4 302,3 0,46083 0,00233 496,07990

1.111,7 637,9 0,46083 0,00233 761,34746

162,1 275,3 0,46083 0,00233 47,90949

2.023,2 695,0 0,46083 0,00233 1.509,78140

5.931,1 301,0 0,46083 0,00233 1.917,10605

1.806,8 1.160,6 0,46083 0,00233 2.251,56143

331,1 1.719,3 0,46083 0,00233 611,24047

1.028,1 1.181,1 0,46083 0,00233 1.303,72544

1.028,6 496,0 0,46083 0,00233 547,76055

566,2 1.021,8 0,46083 0,00233 621,11432

1.098,0 246,8 0,46083 0,00233 290,91650

205,5 246,8 0,46083 0,00233 54,43763

58,3 917,0 0,46083 0,00233 57,43667

5,1 353,4 0,46083 0,00233 1,91949

791,1 1.122,2 0,46083 0,00233 953,23373

372,4 1.191,0 0,46083 0,00233 476,21906

417,7 1.598,4 0,46083 0,00233 716,74207

72,8 2.217,7 0,46083 0,00233 173,38696

141,5 1.445,5 0,46083 0,00233 219,59137

37,9 2.165,7 0,46083 0,00233 88,05601

332,3 642,0 0,46083 0,00233 229,01912

40,4 1.258,6 0,46083 0,00233 54,53341

1.437,1 362,1 0,46083 0,00233 558,66556

424,7 284,6 0,46083 0,00233 129,75372

511,8 264,1 0,46083 0,00233 145,13802

101,1 200,0 0,46083 0,00233 21,70046

119,8 345,0 0,46083 0,00233 44,37300

172,2 1.064,0 0,46083 0,00233 196,74997

2,2 540,0 0,46083 0,00233 1,25908

29,2 1.077,6 0,46083 0,00233 33,79053

8,2 2.219,6 0,46083 0,00233 19,65123

182,4 2.472,6 0,46083 0,00233 484,17426

169,7 2.257,4 0,46083 0,00233 411,32205

206,6 2.666,0 0,46083 0,00233 591,49594

575,2 2.607,7 0,46083 0,00233 1.610,51367

3.032,0 655,3 0,46083 0,00233 2.133,40621

273,1 1.670,3 0,46083 0,00233 489,70924

519,8 2.132,2 0,46083 0,00233 1.190,00937

T O T A L (t CO₂) 21.444,83085

T O T A L (t CO₂e/l BD Soja)) 2,24073E-05

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Percurso: V O L T A (Caminhão Vazio)

Nº de Viagens Distancia Média

(km)

Consumo médio de combustível

(l/km)

Fator de Emissão (t CO₂e/l)

Emissão (t CO₂)

1.528,4 302,3 0,38462 0,00233 414,03591

1.111,7 637,9 0,38462 0,00233 635,43230

2.185,3 275,3 0,38462 0,00233 539,07479

2.023,2 695,0 0,38462 0,00233 1.260,08679

5.931,1 301,0 0,38462 0,00233 1.600,04620

1.806,8 1.160,6 0,38462 0,00233 1.879,18781

331,1 1.719,3 0,38462 0,00233 510,15070

1.028,1 1.181,1 0,38462 0,00233 1.088,10931

1.028,6 496,0 0,38462 0,00233 457,16938

566,2 1.021,8 0,38462 0,00233 518,39157

1.098,0 246,8 0,38462 0,00233 242,80338

205,5 246,8 0,38462 0,00233 45,43448

849,5 917,0 0,38462 0,00233 698,03037

377,5 353,4 0,38462 0,00233 119,53648

791,1 1.122,2 0,38462 0,00233 795,58353

372,4 1.191,0 0,38462 0,00233 397,45976

417,7 1.598,4 0,38462 0,00233 598,20396

72,8 2.217,7 0,38462 0,00233 144,71142

141,5 1.445,5 0,38462 0,00233 183,27434

37,9 2.165,7 0,38462 0,00233 73,49290

332,3 642,0 0,38462 0,00233 191,14288

40,4 1.258,6 0,38462 0,00233 45,51442

1.437,1 362,1 0,38462 0,00233 466,27087

424,7 284,6 0,38462 0,00233 108,29445

511,8 264,1 0,38462 0,00233 121,13443

220,8 200,0 0,38462 0,00233 39,58075

119,8 345,0 0,38462 0,00233 37,03439

172,2 1.064,0 0,38462 0,00233 164,21055

2,2 540,0 0,38462 0,00233 1,05085

29,2 1.077,6 0,38462 0,00233 28,20210

8,2 2.219,6 0,38462 0,00233 16,40122

182,4 2.472,6 0,38462 0,00233 404,09929

169,7 2.257,4 0,38462 0,00233 343,29571

206,6 2.666,0 0,38462 0,00233 493,67161

575,2 2.607,7 0,38462 0,00233 1.344,15948

3.032,0 655,3 0,38462 0,00233 1.780,57364

273,1 1.670,3 0,38462 0,00233 408,71887

519,8 2.132,2 0,38462 0,00233 993,20013

T O T A L (t CO₂) 19.186,77103

T O T A L (t CO₂e/l BD Soja)) 2,00479E-05

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Parâmetro Valor Unidade

Produção de BD 1.167.128,00 m³

Produção de BD 1.167.128.000,00 l

Percetual de Soja 0,82 ad

Produção de BD de Soja 957.044.960,00 l

Consumo caminhão (30t) cheio 2,17 km/l

Consumo caminhão (30t) vazio 2,6 km/l

Percurso Emissões Unidade

IDA 2,24073E-05 t CO2e/l BD Soja

VOLTA 2,00479E-05 t CO2e/l BD Soja

Emissões totais no transporte de óleo das

Usinas até as Bases de distribuição 4,2455E-05 t CO2e/l BD Soja

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I. Planilha para cálculo das Emissões usando as Premissas do CENÁRIO 01

CENÁRIO 01 - Pastagem convertida em soja e emissões atribuídas ao balanço de massa

Emissões no Baseline

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de diesel (m³) 4,16E+07 4,48E+07 4,43E+07 4,61E+07 5,64E+07 6,89E+07

Percentual obrigatório de Biodiesel no diesel (%) 2,00% 2,50% 3,50% 5,00% 10,00% 20,00%

Diesel que será substituído por Biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Diesel que será substituído por Biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Emissões Combustão no ano (t CO₂e) 1,94E+06 2,61E+06 3,61E+06 5,37E+06 1,31E+07 3,21E+07

Emissões Produção, Refino e Transporte no ano (t CO₂e) 3,84E+04 5,17E+04 7,16E+04 1,07E+05 2,60E+05 6,37E+05

Emissões de transferência (t CO₂e) 1,33E+04 1,79E+04 2,48E+04 3,69E+04 9,02E+04 2,21E+05

Emissões totais por ano (t CO₂e) 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

Emissões na Cadeia de Produção

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Demanda anual de biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Taxa de Emissão de CO₂ (t CO₂e/l) 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03

Taxa de Emissão de N₂O (t CO₂e/l) 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03

Taxa de Emissão de outras emissões de CO₂ (t CO₂e/l) 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03

Emissões Totais no cultivo (t CO₂e) 1,25E+07 1,68E+07 2,33E+07 3,46E+07 8,45E+07 2,07E+08

Balanço de massa (%) 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00%

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e) 1,50E+06 2,01E+06 2,79E+06 4,15E+06 1,01E+07 2,48E+07

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e) 7,24E+05 9,75E+05 1,35E+06 2,01E+06 4,91E+06 1,20E+07

Emissões na Planta de produção (t CO₂e) 2,17E+05 2,93E+05 4,06E+05 6,03E+05 1,47E+06 3,61E+06

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e) 1,41E+05 1,90E+05 2,63E+05 3,91E+05 9,56E+05 2,34E+06

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e) 9,94E+04 1,34E+05 1,85E+05 2,76E+05 6,74E+05 1,65E+06

Emissões no transporte: Agricultura - Usinas (t CO₂e) 1,29E+04 1,73E+04 2,40E+04 3,57E+04 8,72E+04 2,13E+05

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e) 3,53E+04 4,75E+04 6,58E+04 9,79E+04 2,39E+05 5,85E+05

Emissoes totais por ano (t CO₂e) 2,73E+06 3,67E+06 5,08E+06 7,56E+06 1,85E+07 4,52E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e) -7,38E+05 -9,93E+05 -1,38E+06 -2,05E+06 -5,00E+06 -1,22E+07

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J. Planilha para cálculo das Emissões usando as Premissas do CENÁRIO 02

CENÁRIO 02 - Área com plantação de soja preexistente e emissões atribuídas ao balanço de massa

Emissões no Baseline

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de diesel (m³) 4,16E+07 4,48E+07 4,43E+07 4,61E+07 5,64E+07 6,89E+07

Percentual obrigatório de Biodiesel no diesel (%) 2,00% 2,50% 3,50% 5,00% 10,00% 20,00%

Diesel que será substituído por Biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Diesel que será substituído por Biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Emissões Combustão no ano (t CO₂e) 1,94E+06 2,61E+06 3,61E+06 5,37E+06 1,31E+07 3,21E+07

Emissões Produção, Refino e Transporte no ano (t CO₂e) 3,84E+04 5,17E+04 7,16E+04 1,07E+05 2,60E+05 6,37E+05

Emissões de transferência (t CO₂e) 1,33E+04 1,79E+04 2,48E+04 3,69E+04 9,02E+04 2,21E+05

Emissões totais por ano (t CO₂e) 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

Emissões na Cadeia de Produção

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Demanda anual de biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Taxa de Emissão de CO₂ (t CO₂e/l) -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03

Taxa de Emissão de N₂O (t CO₂e/l) 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03

Taxa de Emissão de outras emissões de CO₂ (t CO₂e/l) 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03

Emissões Totais no cultivo (t CO₂e) -2,75E+06 -3,70E+06 -5,13E+06 -7,63E+06 -1,87E+07 -4,56E+07

Balanço de massa (%) 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00% 12,00%

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e) -3,30E+05 -4,44E+05 -6,16E+05 -9,16E+05 -2,24E+06 -5,47E+06

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e) 7,24E+05 9,75E+05 1,35E+06 2,01E+06 4,91E+06 1,20E+07

Emissões na Planta de produção (t CO₂e) 2,17E+05 2,93E+05 4,06E+05 6,03E+05 1,47E+06 3,61E+06

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e) 1,41E+05 1,90E+05 2,63E+05 3,91E+05 9,56E+05 2,34E+06

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e) 9,94E+04 1,34E+05 1,85E+05 2,76E+05 6,74E+05 1,65E+06

Emissões no transporte: Agricultura - Usinas (t CO₂e) 1,29E+04 1,73E+04 2,40E+04 3,57E+04 8,72E+04 2,13E+05

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e) 3,53E+04 4,75E+04 6,58E+04 9,79E+04 2,39E+05 5,85E+05

Emissoes totais por ano (t CO₂e) 9,00E+05 1,21E+06 1,68E+06 2,50E+06 6,10E+06 1,49E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e) 1,09E+06 1,47E+06 2,03E+06 3,02E+06 7,38E+06 1,80E+07

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K. Planilha para cálculo das Emissões usando as Premissas do CENÁRIO 03

CENÁRIO 03 - Pastagem convertida em soja e emissões atribuídas ao balanço econômico

Emissões de Baseline

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de diesel (m³) 4,16E+07 4,48E+07 4,43E+07 4,61E+07 5,64E+07 6,89E+07

Percentual obrigatório de Biodiesel no diesel (%) 2,00% 2,50% 3,50% 5,00% 10,00% 20,00%

Diesel que será substituído por Biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Diesel que será substituído por Biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Emissões Combustão no ano (t CO₂e) 1,94E+06 2,61E+06 3,61E+06 5,37E+06 1,31E+07 3,21E+07

Emissões Produção, Refino e Transporte no ano (t CO₂e) 3,84E+04 5,17E+04 7,16E+04 1,07E+05 2,60E+05 6,37E+05

Emissões de transferência (t CO₂e) 1,33E+04 1,79E+04 2,48E+04 3,69E+04 9,02E+04 2,21E+05

Emissões totais por ano (t CO₂e) 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

Emissões da Cadeia de Produção

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Demanda anual de biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Taxa de Emissão de CO₂ (t CO₂e/l) 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03 7,98E-03

Taxa de Emissão de N₂O (t CO₂e/l) 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03 4,62E-03

Taxa de Emissão de outras emissões de CO₂ (t CO₂e/l) 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03 2,39E-03

Emissões Totais no cultivo (t CO₂e) 1,25E+07 1,68E+07 2,33E+07 3,46E+07 8,45E+07 2,07E+08

Balanço econômico (%) 31,00% 31,00% 31,00% 31,00% 31,00% 31,00%

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e) 3,86E+06 5,20E+06 7,21E+06 1,07E+07 2,62E+07 6,41E+07

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e) 7,24E+05 9,75E+05 1,35E+06 2,01E+06 4,91E+06 1,20E+07

Emissões na Planta de produção (t CO₂e) 2,17E+05 2,93E+05 4,06E+05 6,03E+05 1,47E+06 3,61E+06

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e) 1,41E+05 1,90E+05 2,63E+05 3,91E+05 9,56E+05 2,34E+06

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e) 9,94E+04 1,34E+05 1,85E+05 2,76E+05 6,74E+05 1,65E+06

Emissões no transporte: Agricultura - Usinas (t CO₂e) 3,32E+04 4,47E+04 6,19E+04 9,21E+04 2,25E+05 5,51E+05

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e) 3,53E+04 4,75E+04 6,58E+04 9,79E+04 2,39E+05 5,85E+05

Emissoes totais por ano (t CO₂e) 5,11E+06 6,89E+06 9,54E+06 1,42E+07 3,47E+07 8,48E+07

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e) -3,13E+06 -4,21E+06 -5,83E+06 -8,67E+06 -2,12E+07 -5,18E+07

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L. Planilha para cálculo das Emissões usando as Premissas do CENÁRIO 04

CENÁRIO 04 - Área com plantação de soja preexistente e Emissões atribuídas ao balanço econômico

Emissões de Baseline

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de diesel (m³) 4,16E+07 4,48E+07 4,43E+07 4,61E+07 5,64E+07 6,89E+07

Percentual obrigatório de Biodiesel no diesel (%) 2,00% 2,50% 3,50% 5,00% 10,00% 20,00%

Diesel que será substituído por Biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Diesel que será substituído por Biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Emissões Combustão no ano (t CO₂e) 1,94E+06 2,61E+06 3,61E+06 5,37E+06 1,31E+07 3,21E+07

Emissões Produção, Refino e Transporte no ano (t CO₂e) 3,84E+04 5,17E+04 7,16E+04 1,07E+05 2,60E+05 6,37E+05

Emissões de transferência (t CO₂e) 1,33E+04 1,79E+04 2,48E+04 3,69E+04 9,02E+04 2,21E+05

Emissões totais por ano (t CO₂e) 1,99E+06 2,68E+06 3,71E+06 5,52E+06 1,35E+07 3,30E+07

Emissões da Cadeia de Produção

Ano 2007 2008 2009 2010 2015 2020

Demanda anual de biodiesel (m³) 8,31E+05 1,12E+06 1,55E+06 2,31E+06 5,64E+06 1,38E+07

Demanda anual de biodiesel (l) 8,31E+08 1,12E+09 1,55E+09 2,31E+09 5,64E+09 1,38E+10

Taxa de Emissão de CO₂ (t CO₂e/l) -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03 -6,42E-03

Taxa de Emissão de N₂O (t CO₂e/l) 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03 1,91E-03

Taxa de Emissão de outras emissões de CO₂ (t CO₂e/l) 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03

Emissões Totais no cultivo (t CO₂e) -2,75E+06 -3,70E+06 -5,13E+06 -7,63E+06 -1,87E+07 -4,56E+07

Balanço econômico (%) 31,00% 31,00% 31,00% 31,00% 31,00% 31,00%

Emissões no cultivo imputáveis ao óleo de soja (t CO₂e) -8,53E+05 -1,15E+06 -1,59E+06 -2,37E+06 -5,78E+06 -1,41E+07

Emissões na Extração de Óleo (t CO₂e) 7,24E+05 9,75E+05 1,35E+06 2,01E+06 4,91E+06 1,20E+07

Emissões na Planta de produção (t CO₂e) 2,17E+05 2,93E+05 4,06E+05 6,03E+05 1,47E+06 3,61E+06

Emissões na Produção do Metanol (t CO₂e) 1,41E+05 1,90E+05 2,63E+05 3,91E+05 9,56E+05 2,34E+06

Emissões na Queima do Carbono contido no Metanol (t CO₂e) 9,94E+04 1,34E+05 1,85E+05 2,76E+05 6,74E+05 1,65E+06

Emissões no transporte: Agricultura - Usinas (t CO₂e) 3,32E+04 4,47E+04 6,19E+04 9,21E+04 2,25E+05 5,51E+05

Emissões no transporte: Usinas - Bases de distribuição (t CO₂e) 3,53E+04 4,75E+04 6,58E+04 9,79E+04 2,39E+05 5,85E+05

Emissoes totais por ano (t CO₂e) 3,98E+05 5,35E+05 7,42E+05 1,10E+06 2,70E+06 6,59E+06

BALANÇO DA CADEIA (t CO₂e) 1,59E+06 2,14E+06 2,97E+06 4,41E+06 1,08E+07 2,64E+07

Page 159: BALANÇO DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10001803.pdf · i BALANÇO DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE) NA CADEIA

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