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Baixa Idade Média (XI ao XV) A partir do século XI, quando o Feudalismo apresentou seus primeiros sinais de crise e quando começaram a surgir as primeiras características que levaram ao Capitalismo (século XV).

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Baixa Idade Média (XI ao XV)

A partir do século XI, quando o Feudalismo apresentou seus primeiros sinais de crise e quando começaram a surgir as primeiras características

que levaram ao Capitalismo (século XV).

RESUMO• Fome Feudal (Séc. XI)• Êxodo rural (Expulsão dos servos)• “Renascimento” Urbano e aumento da burguesia (burgos)• Cruzadas• Retomada do Comércio – Renascimento Comercial• Contato com oriente e inovações na agricultura• Aumento da produtividade• Reduz a sensação de fome feudal (século XIII)

• Século XIV: Século da grande crise feudal • Aumento da produção momentâneo, oferta muito grande, sensação de que a

crise está resolvida. Mas logo teremos os mesmos problemas: queda na produtividade• GRANDE FOME 1315-1317: Esgotamento do solo (diferente da fome feudal do

século XI, que era baixa produtividade e aumento populacional). A Grande Fome acontece devido ao aumento exacerbado da produtividade e incorporação de novas terras, sem um cuidado com essas terras. *períodos de grandes estiagens, alterações climáticas.

• Guerra dos Cem Anos 1337-1453.• Disputa pelo trono francês, que leva a um número imenso de mortos e a um

deslocamento da população que estava voltando a atividade agrícola para os exércitos, quebrando principalmente a França.

• Peste Negra: 1347-1354/55• Causa: crescimento populacional urbano, cidades sem condições higiênicas.

Chegada de navios nos portos, com ratos nos porões e sua reprodução: praga urbana. A pulga pica o rato, pica o rato, pica o homem e transmite a peste bubônica – traz como sintoma o aparecimento de inchaços no corpo, abrem feridas e a contaminação é rápida, matando 1/3 da população.• A Igreja não consegue apresentar uma cura pra peste, surgindo um

sentimento de fim do mundo, de terror, e a peste como castigo. Devido ao contato com os árabes se percebe que no oriente não há peste, e o conhecimento da medicina árabe começa a controlar a peste, criando um abalo na legitimidade do poder católico.

Crise do Sistema Feudal

• Crise do Império Árabe – diminuição do poder ofensivo do Islã• Fim das invasões da Europa – maior estabilidade e crescimento

populacional – em um primeiro momento houve melhoria nas técnicas de produção, mas ainda assim, estas melhorias não deram conta do aumento da população e aumento do consumo.• Teoria Malthusiana (crescimento populacional em progressão

geométrica e o aumento da produção de alimentos em progressão aritimética, gerando fome) FOME FEUDAL – século XI

• Devido ao esgotamento da economia de subsistência, somado ao fim das invasões e com isso o aumento populacional gerou num primeiro momento:• Expansão das áreas de cultivo (derrubada de florestas e drenagem de

pântanos);• Introdução de inovações tecnológicas:• Charrua (arado de ferro) no lugar do arado de madeira• Sistema de cultura de três campos (rotação trienal). Antes eram usados apenas dois

campos (rotação bienal). [Enquanto dois campos eram cultivados, o terceiro permanecia em descanso, além disso, a cada ano mudavam-se os produtos cultivados nos campos que estavam em uso. Esta técnica permitia o descanso do solo e a garantia de duas colheitas anuais].

• Utilização de cavalos para puxar o arado. Até o século X o cavalo era atrelado pelo pescoço, o que limitava seu rendimento e o sufocava, a partir do século X, o cavalo passou a ser atrelado pelo peito.

• Aprimoramento e difusão dos moinhos de vento ou água (aumento da velocidade e qualidade da moagem do trigo).

• Com todas essas mudanças ocorreu certo aumento da produção de alimentos, o que melhorou a qualidade de vida e sua expectativa, além do aumento da população. Este aumento foi significativo, gerando outra crise.

• Expulsão dos servos dos feudos pelos senhores feudais: não havia espaço nem produtividade capaz de sustentar tantos servos. Os senhores feudais desobrigam os servos de suas obrigações, dívidas ligadas aos impostos. • Processo de êxodo rural (ao contrário do fim do Império Romano) –

deslocamento dos camponeses para os antigos burgos – renascimento urbano. (Embora as cidades não tenham deixado de existir, tornam-se nesse momento um espaço muito importante). O servo deixa de ser servo e se encaminha para a cidade como um homem livre = burgueses. [Artesanato, oficinas, mestre artesão = aumento do número de oficinas e as corporações de ofício]• BURGO = cidade medieval murada.• Burguês/Burguesia: embora de origem humilde, a burguesia teve sua

ascensão social baseada na riqueza conseguida pela atividade urbana.

• Nobreza despossuída: – Falta de terras + Herança primogênita = nobres sem terras. – Nobres sem terras = favoráveis ao expansionismo territorial.

Uma solução: Cruzadas: 1096-1270 - RESUMO• Causas: – Necessidade de terras (nobreza). – Questões religiosas: • Retomada de Jerusalém. • Turcos (seljúcidas): proibição de peregrinações cristãs para Jerusalém. • Disputa com a Igreja Católica Ortodoxa. • Expansão do catolicismo = controle sobre a expansão muçulmana.

Movimento Cruzadista (1096 e 1270)

GUERRA SANTA• 1095: Igreja (alto clero – liderada pelo papa Urbano II) aliada a alta

nobreza = Concílio de Clermont Ferrant: Expansão territorial em nome da fé = guerra santa• Expandir a fé católica sobre os infiéis (mouros/muçulmanos, que dominavam

toda a península ibérica, e na outra fronteira, dominavam o Oriente) = Movimento Cruzadista ou Cruzadas.• Nobres despossuídos, querem conquistar mais terras.• Guerra = fundamental para o controle populacional. MORTES = redução da

população.• Total de 8 Cruzadas Oficiais

• Questões religiosas: – Retomada de Jerusalém. – Turcos (seljúcidas): proibição de peregrinações cristãs para Jerusalém. – Disputa com a Igreja Católica Ortodoxa. – Expansão do catolicismo = controle sobre a expansão muçulmana.

• Questões populacionais: – Guerras = mortos = redução populacional. – Burguesia: reabertura do Mediterrâneo e comércio com o Oriente.

• CRONOLOGIA:– 1095: Concílio de Clermont-Ferran: Papa Urbano II convoca as Cruzadas. – 4ª Cruzada (1202-1204): “Cruzada Comercial”: conquista de Constantinopla por Veneza até 1261 (Império Latino do Oriente) = controle sobre o Mediterrâneo Oriental. – Consequência principal das Cruzadas: retomada definitiva da atividade comercial.

• 1096 Pedro, o Eremita e Gautier Sem-Vintém organizaram uma Cruzada sem apoio oficial, conhecida como Cruzada dos Mendigos. Foram massacrados pelos turcos.• 1096: 1ª Cruzada Oficial: Cruzada dos Nobres (1096-1099). Durante

esta Cruzada surgiram as ordens monástico-militares dos Templários e Hospitalários, criadas para administrar as vastas riquezas obtidas pela Igreja.• Algumas Cruzadas não tiveram resultados significativos: 2ª Cruzada

(1147 – 1149); 5ª Cruzada (1218-1221) e a 8ª Cruzada (1270).• 3ª Cruzada: Cruzada dos Reis: 1189-1192: organizada após a captura

de Jerusalém pelo sultão Saladino. Foi chefiada por Ricardo I, Coração de Leão (Inglaterra), Felipe II da França, Frederico I, Barba-Ruiva, do Sacro Império Romano Germânico, que morreu a caminho. Ricardo, Coração de Leão conseguiu apenas negociar uma trégua, permitindo o retorno das peregrinações cristãs.

• 4ª Cruzada ou Cruzada Comercial (1202-1204): Organizada pelos comerciantes venezianos, voltou-se contra o Império Bizantino. Constantinopla foi tomada, sendo fundado ali o Império Latino do Oriente, que durou até 1261. Veneza assumiu o controle do Mediterrâneo Oriental. • Cruzada das Crianças (1212): Para justificar as derrotas anteriores,

difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por crianças, pois estas estariam isentas de pecados, sendo assim protegidas por Deus. Seus participantes foram capturados e vendidos como escravos.

CRUZADASORDEM CRONOLÓGICA:

- Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096)

- Primeira Cruzada (1096 a 1099)

- Cruzada de 1101

- Segunda Cruzada (1147 a 1149)

- Terceira Cruzada (1189 a 1192)

- Quarta Cruzada (1202 a 1204)

- Cruzada Albigense (1209 a 1244)

- Cruzada das Crianças (1212)

- Quinta Cruzada (1217 a 1221)

- Sexta Cruzada (1228 a 1229)

- Sétima Cruzada (1248 a 1250)

- Cruzada dos Pastores (1251 a 1320)

- Oitava Cruzada (1270)

- Nona Cruzada (1271 a 1272)

- Cruzadas do Norte (1193 a 1316)

Consequências:

• Nobres desapareceram ou ficaram arruinados: fortalecendo a centralização política pelos reis.• Declínio do feudalismo, declínio da Igreja.• Abertura do Mediterrâneo/ Reabertura do comércio entre ocidente e

oriente.• Surgimento da burguesia: com poder econômico, mas sem poder

político.• Crescimento da atividade econômica • Monopólio árabe-italiano no Mediterrâneo (séculos XIV e XV)

Renascimento Urbano e Comercial• FEIRAS MEDIEVAIS:

• Comércio: troca de alimentos por artigos produzidos nas cidades: roupas, sapatos e móveis. (Estimulou artesanato, comércio e vida urbana)

• Comércio de longa distância (rotas terrestres e marítimas)• Rotas que ligavam as cidades italianas ao Oriente (Mar Mediterrâneo)• Rotas que ligavam o sul ao norte da Europa (por terra)

• Gênova – Bruges, passando pelas feiras da região de Champagne na França (Feiras + importantes)

• Veneza – Hamburgo.

• As feiras medievais duravam de 15 a 60 dias, ocorriam de uma a duas vezes por ano, reunindo mercadores de várias partes da Europa. • PROBLEMA: Cada comerciante comparecia a feira com a moeda de sua

região, logo, cada moeda tinha seu valor. Surgiram cambistas (pessoas que faziam a troca, o câmbio do dinheiro). Os cambistas colocavam as moedas em cima de um banco para examiná-las, por isso receberam o nome de banqueiros. Estes passaram a fornecer empréstimos a juros.• Até o século X as cidades eram pequenas, com poucos moradores, a

vida no campo era mais importante, a partir do século XI, com o aumento do artesanato e do comércio, as cidades cresceram e outras novas surgiram ao redor das feiras ou as margens de rios, castelos, etc.

Renascimento Urbano e Comercial• Principais Cidades:

– Veneza, Nápoles e Gênova = Rota do Mediterrâneo (especiarias, tecidos, etc.).

• Monopólio árabe-italiano.

– Região de Flandres: artesanato. • Ligação: Báltico => Mediterrâneo. • Rotas terrestres = Feiras de Champagne.

• Nós-de-trânsito: fixação de populações em entroncamentos de rotas comerciais = formação de novas cidades.

• Sociedade: comércio = maior mobilidade = fuga de servos para as cidades (“O ar da cidade torna o homem livre”).

– Redução das cobranças de impostos sobre os servos.– Arrendamento de terras = monetarização da economia. – Aumento da produtividade = revolução agrícola (Séc. XIII).

• Movimento Comunal: autonomia das cidades em relação à nobreza e ao clero.

– Cartas de Franquia = garantia de autonomia.

Corporações

• Em algumas cidades medievais, as pessoas só poderiam trabalhar se estivessem ligadas a uma corporação de ofício, ou seja, uma associação de profissionais de um mesmo ramo de atividades. Estas corporações os protegiam da concorrência e os amparavam na velhice.• Liga Hanseática: a mais rica das corporações de comerciantes.

Possuía numerosos navios e chegou a dominar o comércio do norte europeu. [Cidades marítimas materiais]• Cada corporação tinha sua regra para o ingresso na profissão,

controlava o preço dos produtos, a qualidade, a quantidade.

• O Artesão:• Começava a vida trabalhando como aprendiz na oficina de um mestre

em troca de alimentação, roupa e moradia. Depois de algum tempo fazia uma prova prática, se aprovado tornava-se um oficial. O oficial recebia um pagamento em dinheiro pelos seus serviços e depois de 7 anos de trabalho fazia outra prova (deveria produzir uma “obra-prima”), podendo em seguida, abrir sua própria oficina e tornar-se um mestre.• JORNALEIROS: Trabalhadores urbanos contratados em épocas de pico,

recebiam por jornada de trabalho [trabalho assalariado urbano]• GUILDAS: representavam as corporações de comerciantes.

• Organizações Comerciais Burguesas: – Objetivo: defender os interesses comerciais das cidades e garantir o controle sobre as atividades comerciais na região. – Exemplo: Liga Hanseática (cidades)/Corporações de Ofício (artesãos)/Guildas (comerciantes)/Jornaleiros (trabalhadores “diaristas”).

• Monetarização: – Formação de Bancos e criação das Letras de Câmbio. – Cobrança de juros (usura).

• Consequências: – Dinamização da sociedade. – Mobilidade X Estagnação. – Comércio X Terra. – Crise estrutural do Feudalismo.

Século XIV: Século da Grande Crise Feudal• GRANDE FOME (1315 – 1317)Diferente da fome feudal (sec. XI), a grande fome vem do aumento da produtividade, incorporação de novas terras sem cuidado com a preservação, esgotamento do solo, estiagens localizadas – devido ao desmatamento.• GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)Disputa pelo trono francês entre França e Inglaterra. Guerra com grande quantidade de mortos, destrói a economia inglesa e principalmente a francesa, que era o principal reino feudal.• PESTE NEGRA (1347-1354/5)Causas: crescimento populacional, falta de higiene da cidades, chegada dos navios aos portos com ratos em seus porões (rato/pulga)• Peste pulmonar/ peste septicêmica / peste bulbônica

A peste bubônica afeta as glândulas linfáticas, causando inchaço e inflamação nessas áreas. A peste septicêmica ocorre quando a infecção se espalha para o sistema circulatório, ou seja, para o sangue. No geral ela ocorre como uma complicação da peste bubônica, uma vez que a bactéria pode sair do sistema linfático e atingir o sangue. Se a bactéria atinge os pulmões, no geral pelo sangue, o paciente desenvolve peste pneumônica, que é transmitida de pessoa para pessoa por meio de objetos infectados com muco ou pelo ar. Os sintomas iniciais de peste bubônica aparecem 7-10 dias após a infecção.

Consequência da peste: Crise da Igreja, que enquanto produtora “oficial” de conhecimento, perde sua legitimação ao não dar conta da peste, não encontrar seu motivo e solução para a mesma.Houve o questionamento sobre a peste: e o Oriente?Os árabes ensinaram a controlar a peste e descobriram sua causa. Crise da hegemonia da Igreja.

Século XV:Fim da peste, fim da crise: crescimento da burguesia, retomada do comércio com maior rapidez (que a retomada da agricultura); expansão do poder econômico da burguesia, que, contudo, era prejudicada pela fragmentação política, pela falta de um poder centralizado e pela oposição ao seu enriquecimento pela Igreja (contra a USURA), já que a riqueza da mesma não está ligada ao comércio/dinheiro e sim à terra.Aliança Burguesia + Rei: a burguesia paga impostos ao rei que por sua vez paga o exército, volta a ter o monopólio do uso da força, impondo suas leia em um processo de centralização do poder político, que dará origem aos Estados Modernos Absolutistas.