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KELLY MENEZES LOPES BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI- HIPERTENSIVO UMA REVISÃO TEÓRICA Janaúba / Minas Gerais 2010

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KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Janauacuteba Minas Gerais

2010

KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do Certificado de Especialista

Orientadora Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Janauacuteba Minas Gerais

2010

KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do Certificado de Especialista

Orientadora Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Aprovada em Belo Horizonte 24 de Junho de 2010

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me agraciar com sabedoria e sauacutede para

vencer mais uma etapa e pelas oportunidades de crescimento

A minha famiacutelia pelo apoio e incentivo para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A meu namorado pelo amor e dedicaccedilatildeo

A minha orientadora Paula Cambraia pelo auxiacutelio incentivo paciecircncia e dedicaccedilatildeo durante

este trabalho

A minha amiga e colega Luciana por sua amizade ajuda e companheirismo

Agrave Secretaria Municipal de Sauacutede de Janauacuteba pelo incentivo para o meu aprimoramento

profissional

E a todos que de alguma maneira contribuiacuteram para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A evoluccedilatildeo consciente comeccedila assim que tomamos a responsabilidade de remover nossas proacuteprias barreiras

(Dan Millman )

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 2: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do Certificado de Especialista

Orientadora Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Janauacuteba Minas Gerais

2010

KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do Certificado de Especialista

Orientadora Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Aprovada em Belo Horizonte 24 de Junho de 2010

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me agraciar com sabedoria e sauacutede para

vencer mais uma etapa e pelas oportunidades de crescimento

A minha famiacutelia pelo apoio e incentivo para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A meu namorado pelo amor e dedicaccedilatildeo

A minha orientadora Paula Cambraia pelo auxiacutelio incentivo paciecircncia e dedicaccedilatildeo durante

este trabalho

A minha amiga e colega Luciana por sua amizade ajuda e companheirismo

Agrave Secretaria Municipal de Sauacutede de Janauacuteba pelo incentivo para o meu aprimoramento

profissional

E a todos que de alguma maneira contribuiacuteram para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A evoluccedilatildeo consciente comeccedila assim que tomamos a responsabilidade de remover nossas proacuteprias barreiras

(Dan Millman )

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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KELLY MENEZES LOPES

BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do Certificado de Especialista

Orientadora Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Aprovada em Belo Horizonte 24 de Junho de 2010

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me agraciar com sabedoria e sauacutede para

vencer mais uma etapa e pelas oportunidades de crescimento

A minha famiacutelia pelo apoio e incentivo para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A meu namorado pelo amor e dedicaccedilatildeo

A minha orientadora Paula Cambraia pelo auxiacutelio incentivo paciecircncia e dedicaccedilatildeo durante

este trabalho

A minha amiga e colega Luciana por sua amizade ajuda e companheirismo

Agrave Secretaria Municipal de Sauacutede de Janauacuteba pelo incentivo para o meu aprimoramento

profissional

E a todos que de alguma maneira contribuiacuteram para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A evoluccedilatildeo consciente comeccedila assim que tomamos a responsabilidade de remover nossas proacuteprias barreiras

(Dan Millman )

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 4: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me agraciar com sabedoria e sauacutede para

vencer mais uma etapa e pelas oportunidades de crescimento

A minha famiacutelia pelo apoio e incentivo para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A meu namorado pelo amor e dedicaccedilatildeo

A minha orientadora Paula Cambraia pelo auxiacutelio incentivo paciecircncia e dedicaccedilatildeo durante

este trabalho

A minha amiga e colega Luciana por sua amizade ajuda e companheirismo

Agrave Secretaria Municipal de Sauacutede de Janauacuteba pelo incentivo para o meu aprimoramento

profissional

E a todos que de alguma maneira contribuiacuteram para a realizaccedilatildeo deste trabalho

A evoluccedilatildeo consciente comeccedila assim que tomamos a responsabilidade de remover nossas proacuteprias barreiras

(Dan Millman )

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 5: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

A evoluccedilatildeo consciente comeccedila assim que tomamos a responsabilidade de remover nossas proacuteprias barreiras

(Dan Millman )

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 6: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

RESUMO

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo associados Desta maneira acredita-se ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica A partir do estudo foi possiacutevel observar que os fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tecircm mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais como o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento os efeitos colaterais dos medicamentos entre outros Conclui-se que a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes desafios para o controle de pacientes com hipertensatildeo arterial Palavras-chave hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

ABSTRACT

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Brazil and hypertension are among its main risk factors Non-adherence to treatment of hypertension is one of the most important problems faced by professionals working in primary care Generates substantial costs the poor control rates achieved which result in increased morbidity and mortality consequent to this syndrome The issue of adherence to treatment is complex because several factors are associated Thus it is believed to be extremely important to review the literature on factors associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment This work was carried out in order to make a review of the literature on the determinants associated with resistance to adherence to antihypertensive treatment that may be contributing to the control of hypertension From the study it was observed that the determinants for the adherence to the treatment of hypertension have shown the influence of structural variables such as chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens the Side effects of medications among others We conclude that adherence to treatment is one of the most important challenges for the management of patients with hypertension

Keywords hypertension arterial systemic (HAS) antihypertensive treatment adherence to antihypertensive treatment

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 7: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

SUMAacuteRIO

1 Apresentaccedilatildeo7

2 Introduccedilatildeo10

3 Percurso Metodoloacutegico12

31 Pesquisa12

32 Tipo de pesquisa13

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados14

4 Referencial teoacuterico16

41 Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica16

42 Situaccedilatildeo Atual das Doenccedilas Cardiovasculares No Brasil17

43 Poliacuteticas de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial19

44 Tratamento Anti-Hipertensivo21

45 Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo21

46 Fatores Relacionados agrave Adesatildeo ao Tratamento Anti-Hipertensivo22

5 Consideraccedilotildees Finais31

6 Referecircncias Bibliograacuteficas33

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 8: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

7

1 APRESENTACcedilAtildeO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente com custos sociais

elevados que atualmente apresenta dois grandes desafios a adesatildeo ao tratamento e a

colocaccedilatildeo dos pacientes que aderem aos tratamentos dentro das metas preconizadas

pelas diversas diretrizes publicadas pelas sociedades cientiacuteficas nacionais e internacionais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo a principal causa de mortalidade no Brasil e a

hipertensatildeo arterial estaacute entre os seus principais fatores de risco De acordo com Bloch et al

(2008) a natildeo-adesatildeo ao tratamento medicamentoso eacute uma das principais causas das baixas

taxas de controle da hipertensatildeo

A natildeo-adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial eacute um dos mais importantes

problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria Gera custos

substanciais pelas baixas taxas de controle alcanccediladas que acabam aumentando a

morbimortalidade consequumlente a essa siacutendrome

A problemaacutetica da adesatildeo ao tratamento eacute complexa pois vaacuterios fatores estatildeo

associados paciente (sexo idade etnia estado civil escolaridade e niacutevel soacutecio-econocircmico)

doenccedilas (cronicidade assintomatologia) crenccedilas haacutebitos culturais e de vida (percepccedilatildeo da

seriedade do problema desconhecimento experiecircncia com a doenccedila contexto familiar

conceito sauacutede-doenccedila auto-estima) tratamento (custo efeitos indesejaacuteveis esquemas

complexos qualidade de vida) instituiccedilatildeo (poliacutetica de sauacutede acesso distacircncia tempo de

espera e de atendimento) e relacionamento com equipe de sauacutede (envolvimento e

relacionamento inadequados) (SANTOS et al 2005) Por conseguinte a adesatildeo do cliente

deve ser apreciada com vista a esses fatores visto que pacientes que natildeo aderem agraves

recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente

apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial controlados A falta de adesatildeo ao tratamento da

hipertensatildeo arterial eacute o maior desafio para todos os que trabalham e investigam esta aacuterea

uma vez que aumenta os custos e os riscos de eventos cardiovasculares em consequumlecircncia

do controle inadequado da pressatildeo provocado por esta praacutetica (JARDIM amp JARDIM 2006)

A Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (HAS) pode evoluir para complicaccedilotildees nos

sistemas cardiovascular renal e vascular como insuficiecircncia renal acidente vascular

encefaacutelico infarto do miocaacuterdio e insuficiecircncia cardiacuteaca (ROBBINS amp COTRAN 2000)

Essas complicaccedilotildees ocorrem principalmente pela natildeo utilizaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo inadequada da

medicaccedilatildeo

Os profissionais de sauacutede da rede baacutesica tecircm importacircncia primordial nas

estrateacutegias de controle da hipertensatildeo arterial quer na definiccedilatildeo do diagnoacutestico cliacutenico e da

conduta terapecircutica quer nos esforccedilos requeridos para informar e educar o paciente

hipertenso sensibilizando-o a seguir o tratamento

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 9: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

8

Eacute preciso ter em mente que a manutenccedilatildeo da motivaccedilatildeo do paciente em natildeo

abandonar o tratamento eacute talvez uma das batalhas mais aacuterduas que os profissionais de

sauacutede enfrentam em relaccedilatildeo ao paciente hipertenso Para complicar ainda mais a situaccedilatildeo

eacute importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos tambeacutem

apresenta outras comorbidades como diabete dislipidemia e obesidade o que traz

implicaccedilotildees importantes em termos de gerenciamento das accedilotildees terapecircuticas necessaacuterias

para o controle de um aglomerado de condiccedilotildees crocircnicas cujo tratamento exige

perseveranccedila motivaccedilatildeo e educaccedilatildeo continuada

Para entender o contexto da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e suas

consequumlecircncias para a sociedade no aspecto sauacutede diversas teorias que procuravam

explicar e orientar formas de abordagem para se obter o comprometimento dos pacientes

com doenccedilas crocircnicas com seu proacuteprio cuidado passou entatildeo a ser investigadas sem

entretanto conseguir uma explicaccedilatildeo que atendesse agrave maioria das situaccedilotildees e que

justificasse a baixa adesatildeo ao tratamento

Diante dos fatos citados acredita-se que nos serviccedilos de sauacutede brasileiros haacute

necessidade de implantaccedilatildeo do Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial

bem como de melhoria dos serviccedilos de sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais

de sauacutede que atuam principalmente na rede baacutesica da porta de entrada do sistema

desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de sauacutede

Justifica-se esta pesquisa pelo fato de que a problemaacutetica envolvida nessa

questatildeo como tambeacutem o papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se

ser de extrema relevacircncia realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave

resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

Nesta perspectiva este trabalho consistiu em realizar uma revisatildeo teoacuterica sobre

os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo que

podem estar contribuindo para o controle da hipertensatildeo arterial sistecircmica O estudo de

cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees permite evidenciar variaacuteveis

oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de estrateacutegias que venham

solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade de vida dos hipertensos

da aacuterea de abrangecircncia No proacuteximo capiacutetulo seraacute apresentada uma breve contextualizaccedilatildeo

dos problemas cardiovasculares hipertensatildeo arterial A seguir no capiacutetulo 3 seraacute descrito o

percurso metodoloacutegico utilizado pela autora para construccedilatildeo do trabalho

O capiacutetulo 4 refere-se a uma revisatildeo teoacuterica abordando hipertensatildeo arterial

sistecircmica situaccedilatildeo atual das doenccedilas cardiovasculares no Brasil poliacuteticas de reorganizaccedilatildeo

da atenccedilatildeo agrave hipertensatildeo arterial tratamento anti-hipertensivo adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 10: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

9

Posteriormente seratildeo discutidos os achados fundamentados na literatura cientiacutefica

existente

10

2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 11: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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2 INTRODUCcedilAtildeO

O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial vem se destacando como uma das

mais importantes mudanccedilas demograacuteficas observadas nas uacuteltimas deacutecadas De acordo com

Schroeter et al (2007) melhorias nas aacutereas de sauacutede puacuteblica saneamento e os avanccedilos

meacutedico-tecnoloacutegicos podem ser considerados como alguns dos fatores que contribuiacuteram

para esta mudanccedila Uma importante consequumlecircncia do envelhecimento da populaccedilatildeo eacute um

significativo aumento da carga de doenccedilas cardiovasculares que constituem as causas

mais frequumlentes de oacutebito da populaccedilatildeo idosa A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) ocupa

lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica que vem ocorrendo no Brasil a

partir da deacutecada de 1960 do seacuteculo passado (ROUQUAYROL 1994 apud ARAUacuteJO amp

GARCIA 2006)

No Brasil entre as doenccedilas cardiovasculares as doenccedilas cerebrovasculares e

as isquecircmicas do coraccedilatildeo satildeo as causas mais frequumlentes de morte A hipertensatildeo arterial eacute

o principal fator de risco para doenccedilas cerebrovasculares e doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo

sendo a causa modificaacutevel mais importante para a morbidade e a mortalidade

cardiovascular A prevalecircncia da hipertensatildeo aumenta com a idade e sua magnitude

depende dos atributos bioloacutegicos demograacuteficos das populaccedilotildees do estilo de vida

predominante em cada uma delas do ambiente fiacutesico e psicossocial das caracteriacutesticas da

organizaccedilatildeo dos serviccedilos e das respectivas interaccedilotildees entre esses vaacuterios elementos

(SCHROETER et al 2007)

Para o controle da HAS satildeo necessaacuterias medidas farmacoloacutegicas e natildeo-

farmacoloacutegicas como alimentaccedilatildeo e atividade fiacutesica Contudo a adesatildeo ao tratamento eacute o

grande desafio dos profissionais e serviccedilos de sauacutede especialmente na atenccedilatildeo baacutesica

(GIROTTO 2007)

Assim dentre os vaacuterios fatores relacionados agrave ausecircncia de resposta ao

tratamento anti-hipertensivo a natildeo-adesatildeo agrave terapecircutica apresenta-se como um dos

maiores desafios tanto para o diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial resistente quanto para o

seu controle Hipertensos que interromperam o tratamento tecircm risco de infarto trecircs vezes

maior do que os que continuaram No Brasil o impacto da natildeo-adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo pode ser avaliado pela importacircncia dos acidentes vasculares encefaacutelicos como

causa de morte O adequado controle da hipertensatildeo poderia reduzir esta mortalidade como

ocorreu em outros paiacuteses (BLOCH et al 2008)

Eacute difiacutecil detectar-se a falta de adesatildeo e ainda mais difiacutecil quantificaacute-la Cerca de

40 a 60 dos pacientes em tratamento natildeo fazem uso da medicaccedilatildeo anti-hipertensiva A

porcentagem eacute maior quando a falta de adesatildeo relaciona-se a estilo de vida como dieta

atividade fiacutesica tabagismo etilismo etc Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 12: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

11

Brasil e no mundo sendo que os disponiacuteveis foram obtidos em diferentes tipos de

populaccedilatildeo e com criteacuterios variados (BARBOSA amp LIMA 2006)

A baixa adesatildeo eacute mais frequumlente no niacutevel primaacuterio de atenccedilatildeo do que entre

pacientes de serviccedilos especializados sendo importante a distinccedilatildeo entre pressatildeo natildeo-

controlada por natildeo-adesatildeo ao tratamento e resistecircncia ao controle da pressatildeo arterial

(BLOCH et al 2008)

A adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo depende de muitos aspectos como a

participaccedilatildeo do paciente e de uma equipe multidisciplinar poreacutem a falta de adesatildeo ao

tratamento eacute um dos maiores problemas no controle da doenccedila Pela importacircncia do tema

inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao tratamento foram desenvolvidas ao longo do

tempo Foram hipoacuteteses desde as mais complexas ateacute as mais simples sem entretanto

terem sido encontrados ateacute o momento os fatores que diferenciam o comportamento dos

indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo

(JARDIM amp JARDIM 2006)

Diante do exposto surge o seguinte questionamento QUAIS OS FATORES QUE

INTERFEREM NA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Considerando-se a problemaacutetica envolvida nessa questatildeo como tambeacutem o

papel de destaque que ocupa no controle da doenccedila acredita-se ser de extrema relevacircncia

realizar uma revisatildeo da literatura sobre os fatores associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se fazer uma revisatildeo da literatura

sobre os determinantes associados agrave resistecircncia para adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo que podem estar contribuindo no processo sauacutededoenccedila da hipertensatildeo

arterial sistecircmica O estudo de cada um destes fatores bem como de suas inter-relaccedilotildees

permite evidenciar variaacuteveis oferecendo dessa maneira subsiacutedios para formulaccedilatildeo de

estrateacutegias que venham solucionar o problema e consequumlentemente melhorar a qualidade

de vida dos hipertensos da aacuterea de abrangecircncia

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 13: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

12

3 PERCURSO METODOLOacuteGICO

Segundo Leopardi (2002) a investigaccedilatildeo em sauacutede tem valorizado a ideologia

do consumo de serviccedilos de sauacutede permanecendo longe das pessoas e de suas

experiecircncias Aleacutem de conhecer o que ocorre no corpo dos indiviacuteduos na sua luta diaacuteria

pela sobrevivecircncia a pesquisa em sauacutede deve preocupar-se com suas reaccedilotildees diante do

risco de vida sejam espontacircneas ou condicionadas a seu ambiente social e tambeacutem agraves

reaccedilotildees particulares proacuteprias de cada indiviacuteduo Desta forma a pesquisa em sauacutede eacute mais

que uma incorporaccedilatildeo de conteuacutedos cientiacuteficos ao saber cotidiano eacute um aprender a

perceber a pensar e a sentir Considera ainda que pensar pesquisa em sauacutede eacute pensar

sobre as condiccedilotildees em que ela se realiza sobre os objetivos particulares dos indiviacuteduos

sobre o seu significado para a vida pessoal e coletiva (LEOPARDI 2002)

O pesquisador buscando conhecer o seu objeto de pesquisa deve escolher o

meacutetodo e os instrumentos adequados agrave busca da resposta para seus questionamentos

(LEOPARDI 2002) O meacutetodo cientiacutefico eacute definido por Gil (1994) apud Leopardi (2002)

como conjunto de procedimentos intelectuais e teacutecnicos adotados para se atingir o

conhecimento

Minayo (2000) vai aleacutem ao definir metodologia como o caminho e os

instrumentos proacuteprios para abordar a realidade incluindo concepccedilotildees teoacutericas de

abordagem teacutecnicas que permitam a apreensatildeo da realidade aleacutem de incluir a criatividade

do pesquisador como instrumento a ser utilizado

31 Pesquisa

Minayo (2000) compreende a pesquisa como sendo a atividade baacutesica da

ciecircncia na sua indagaccedilatildeo e construccedilatildeo da realidade que mesmo sendo uma praacutetica

teoacuterica vincula pensamento e accedilatildeo A investigaccedilatildeo cientiacutefica eacute comumente considerada

como pertencente ao ldquocontexto da descobertarsquorsquo (KAPLAN 1969 apud DUARTE amp

FURTADO 2000)rdquo

A pesquisa cientiacutefica pode ser considerada como uma forma de produccedilatildeo

cultural (SALVADOR 1986 apud DUARTE amp FURTADO 2000) Eacute um procedimento racional

e sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas curiosidades

ou desafios que satildeo propostos A pesquisa cientifica eacute necessaacuteria quando natildeo se dispotildee de

informaccedilatildeo suficiente para responder ao problema ou entatildeo quando a informaccedilatildeo

disponiacutevel precisa ser organizada e adequadamente relacionada (GIL 1989 apud DUARTE

amp FURTADO 2000) Nenhuma pesquisa ldquoparte do nadarsquorsquo mas buscam conhecimentos

registros disponiacuteveis e utiliza meacutetodos teacutecnicas proacuteprias da atividade racional

13

32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 14: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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32 Tipo de pesquisa

Partindo do objetivo da pesquisa ndash Conhecer os fatores associados agrave resistecircncia

para adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo institui-se um direcionamento metodoloacutegico a

ser utilizado na busca da compreensatildeo do objeto Desta forma escolheu-se a pesquisa

qualitativa A opccedilatildeo por esta metodologia se deu porque segundo Minayo (2000) ela eacute

capaz de abranger a questatildeo do significado e da intencionalidade ligada aos atos agraves

relaccedilotildees e agraves estruturas sociais Permite alcanccedilar a realidade social para aleacutem do que pode

ser observado e quantificado Complementa ainda que a pesquisa qualitativa compreenda

as representaccedilotildees sociais na vivecircncia das relaccedilotildees objetivas pelos atores atribuindo-lhes

significado uma vez que caminham para o universo das significaccedilotildees motivos aspiraccedilotildees

crenccedilas e valores

Os estudos qualitativos tecircm seu ponto de partida em questotildees amplas que vatildeo

se definindo agrave medida em que os trabalhos avanccedilam Como afirma Godoy (1995) apud

Jacob (1996) a pesquisa qualitativa envolve a obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre

pessoas lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo

estudada procurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dos sujeitos ou

seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo

Segundo Leopardi (2002) quando se deseja compreender um problema da

perspectiva dos sujeitos que o vivenciam considerando seus sentimentos e emoccedilotildees

atingindo aspectos particulares da realidade como experiecircncia pessoal e natildeo como um

simples fato o objeto da pesquisa eacute essencialmente qualitativo e requer uma abordagem

qualitativa

A pesquisa qualitativa parte tambeacutem da descriccedilatildeo que procura captar natildeo soacute a

aparecircncia do fenocircmeno como tambeacutem sua essecircncia busca as causas da existecircncia dele

procurando explicar sua origem suas relaccedilotildees suas mudanccedilas e se esforccedila por intuir as

consequumlecircncias que teratildeo para a vida humana (TRIVINtildeOS 1994)

Ela eacute representada por estudos que buscam compreender questotildees da realidade

que natildeo podem ser quantificadas ou seja agravequelas que trabalham com universos de

significados motivos aspiraccedilotildees atitudes valores crenccedilas dos processos e dos

fenocircmenos (MINAYO amp SANCHES 1993 apud BREcircTAS 2000) No caso deste estudo

espera-se que o mesmo possa contribuir para a atenccedilatildeo daqueles pacientes que natildeo

aderem ao tratamento anti-hipertensivo na busca de uma maior compreensatildeo deste

fenocircmeno para melhor lidar com ele

Trata-se tambeacutem de uma pesquisa descritiva que de acordo com Duarte e

Furtado (2002) descreve um fenocircmeno ou situaccedilatildeo mediante um estudo realizado em

determinado contexto espacial e temporal O presente estudo enquadra-se neste contexto

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 15: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

14

uma vez que pretende abordar a questatildeo do significado da adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo e os fatores associados a resistecircncia ao tratamento o que natildeo se dissocia de

experiecircncias pessoais inseridas num contexto social

33 Meacutetodo de pesquisa e Coleta de dados

Trata-se de uma reflexatildeo acerca da temaacutetica adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo Utilizou-se a revisatildeo bibliograacutefica narrativa como meacutetodo para consecuccedilatildeo dos

objetivos propostos O recorte temporal adotado foi de 1990 a 2008

A Revisatildeo Bibliograacutefica realiza um percurso por vaacuterias correntes do pensamento

que se ocuparam do estudo das narrativas (MUNtildeOS 2008) De acordo com Martins (2001)

trata-se da abordagem metodoloacutegica mais adequada para a elaboraccedilatildeo de um trabalho

acadecircmico A pesquisa bibliograacutefica procura explicar e discutir um tema com base em

referecircncias teoacutericas publicadas em livros revistas perioacutedicos etc Busca tambeacutem conhecer

e analisar conteuacutedos cientiacuteficos sobre determinado tema (MARTINS 2001)

Ruiz (2006) define bibliografia como o conjunto dos livros escritos sobre

determinado assunto por autores conhecidos e identificados ou anocircnimos pertencentes a

correntes de pensamentos diversos entre si ao longo da evoluccedilatildeo da humanidade O

mesmo autor afirma que a pesquisa bibliograacutefica consiste no exame desse manancial para

levantamento e anaacutelise do que jaacute foi produzido sobre determinado assunto que eacute assumido

como tema de pesquisa cientiacutefica Podemos somar a este acervo as consultas a bases de

dados perioacutedicos e artigos indexados

Este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI amp

LAKATOS 2007)

Para Manzo (1973) a bibliografia pertinente oferece meios para definir resolver

natildeo somente problemas jaacute conhecidos como tambeacutem explorar novas aacutereas onde os

problemas natildeo se cristalizam suficientemente

A pesquisa bibliograacutefica desta forma natildeo eacute apenas uma mera repeticcedilatildeo do que

jaacute foi dito ou escrito sobre determinado assunto mas sim proporciona o exame de um tema

sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusotildees inovadoras Demo (2000)

completa dizendo que a ideacuteia da pesquisa eacute de induzir o contato pessoal do aluno com as

teorias por da leitura levando agrave interpretaccedilatildeo proacutepria Corroborando esta afirmaccedilatildeo Ruiz

(2006) afirma que as produccedilotildees humanas foram comemoradas e estatildeo guardadas em livro

artigos e documentos

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 16: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

15

A revisatildeo de literatura tradicionalmente conhecida como revisatildeo narrativa (RN)

apresenta um caraacuteter descritivo-discursivo caracterizando-se pela ampla apresentaccedilatildeo e

discussatildeo de temas de interesse cientiacutefico A RN eacute elaborada por profissionais de

reconhecido saber e experiecircncia constituindo-se num importante elemento na literatura

cientiacutefica A RN permite ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento sobre uma temaacutetica

especiacutefica de maneira concreta em um intervalo de tempo relativamente curto poreacutem

apresenta as desvantagens de natildeo ser reprodutiacutevel agraves vezes incompleta e em alguns

casos inconclusiva (CASTRO 1997 apud MUNtildeOS 2008)

Foram utilizadas para este estudo as informaccedilotildees de artigos publicados em

revistas cientiacuteficas nacionais e internacionais indexadas livros teacutecnicos e publicaccedilotildees de

organizaccedilotildees internacionais Apoacutes o levantamento de dados as principais informaccedilotildees

foram compiladas buscando estabelecer uma compreensatildeo dos dados coletados e ampliar

o conhecimento sobre o tema pesquisado

Coletaram-se os dados nas bases LILACS e MEDLINE utilizando-se os

seguintes descritores hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) tratamento anti-hipertensivo

adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Apoacutes a realizaccedilatildeo da busca os seguintes perioacutedicos

nacionais foram selecionados pela adesatildeo aos objetivos do estudo Rev Esc Enf USP

Rev Bras Hipertens Rev Sauacutede puacutebl Rev Esc Enf USP Cad Sauacutede Puacuteblica Rev Eletr

Enf

Apoacutes busca e seleccedilatildeo dos artigos realizou-se uma coletacircnea das descriccedilotildees

bem como dos fatores relacionados agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo encontradas

nos artigos selecionados

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 17: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

16

4 REFERENCIAL TEOacuteRICO

41 HIPERTENSAtildeO ARTERIAL SISTEcircMICA

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede definiu em1978 a hipertensatildeo arterial como

sendo uma doenccedila caracterizada por uma elevaccedilatildeo crocircnica da pressatildeo arterial sistoacutelica eou

pressatildeo arterial diastoacutelica (LOLIO 1990)

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente de elevado

custo econocircmico e social principalmente em decorrecircncia das suas complicaccedilotildees e com

grande impacto na morbimortalidade brasileira e do mundo De acordo com Correcirca et al

(2005) a prevalecircncia mundial estimada eacute da ordem de 1 bilhatildeo de indiviacuteduos hipertensos

sendo que aproximadamente 71 milhotildees de oacutebitos por ano podem ser atribuiacutedos agrave

hipertensatildeo arterial

Guyton (2000) afirma que HAS significa a pressatildeo arterial do sangue

aumentada que pode ser causada por diversos distuacuterbios fisioloacutegicos como deficiecircncia do

funcionamento renal distuacuterbios hormonais e mais frequumlentes a hipertensatildeo essencial ou de

causa desconhecida sendo responsaacutevel por 95 dos casos envolvendo principalmente

fatores geneacuteticos e emocionais Este problema de sauacutede pode acometer 1 em cada 5

pessoas antes do final de suas vidas ( GUYTON 2000)

Segundo Robbins amp Cotran (2000) a fisiologia da pressatildeo arterial acontece de

acordo com as necessidades do organismo em manter sempre um fluxo sanguumliacuteneo

adequado agraves suas demandas interagindo harmoniosamente o coraccedilatildeo enzimas iacuteons

vasos e rins sob o comando e controle do sistema nervoso central (SNC) em sua secccedilatildeo

autocircnoma Portanto a regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute uma tarefa adaptativa bastante

complexa Detectar nossas necessidades bioloacutegicas e situacionais bem como atuar na

regulaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um dos atributos do Sistema Nervoso Autocircnomo

A pessoa eacute considerada hipertensa quando os valores pressoacutericos apresentados

satildeo iguais ou maiores que 140 x 90mmhg verificados duas ou trecircs vezes no dia de forma

correta (Brasil 2006) O desenvolvimento de hipertensatildeo depende da interaccedilatildeo entre

predisposiccedilatildeo geneacutetica e fatores ambientais embora ainda natildeo seja completamente

conhecido como estas interaccedilotildees ocorrem

Assim a HAS eacute uma doenccedila altamente presente na populaccedilatildeo adulta cuja

prevalecircncia no Brasil oscila entre 22 e 44 De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute

uma doenccedila que atinge aproximadamente 30 milhotildees de brasileiros e cerca de 50 destes

natildeo sabem que satildeo hipertensos por ser muitas vezes assintomaacuteticos Vale ressaltar que a

HAS eacute considerada importante fator de risco para as doenccedilas cardiovasculares

17

ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

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pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

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pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

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JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

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O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 18: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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ateroscleroacuteticas incluindo acidente vascular cerebral doenccedila coronariana insuficiecircncia

vascular perifeacuterica e cardiacuteaca

A HAS considerada uma assassina silenciosa eacute o maior problema meacutedico-

social dos paiacuteses desenvolvidos e em muitos dos emergentes Mesmo conhecendo-se a

eficaacutecia a efetividade e a eficiecircncia de vaacuterias das medidas preventivas de controle

disponiacutevel sejam ou natildeo farmacoloacutegicas a hipertensatildeo continuaraacute por deacutecadas

representando um dos maiores desafios em sauacutede e um dos maiores ocircnus para o proacuteprio

hipertenso e para a sociedade (SANTOS et al 2005) Desta maneira a HAS eacute um problema

grave de sauacutede puacuteblica no Brasil e no mundo Ela eacute um dos mais importantes fatores de

risco para o desenvolvimento de doenccedilas cardiovasculares cerebrovasculares e renais

sendo responsaacutevel por pelo menos 40 das mortes por acidente vascular cerebral por 25

das mortes por doenccedila arterial coronariana e em combinaccedilatildeo com o diabete 50 dos

casos de insuficiecircncia renal terminal (BRASIL 2006)

Deve-se considerar no diagnoacutestico da HAS aleacutem dos niacuteveis tensionais o risco

cardiovascular global estimado pela presenccedila dos fatores de risco a presenccedila de lesotildees

nos oacutergatildeos-alvo e as comorbidades associadas (BRASIL 2006)

42 SITUACcedilAtildeO ATUAL DAS DOENCcedilAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL

A HAS ocupa lugar de destaque no contexto da transiccedilatildeo epidemioloacutegica e

diversos estudos demonstram uma prevalecircncia elevada de hipertensatildeo arterial na sociedade

brasileira (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Estudos mais recentes demonstram uma prevalecircncia

de 26 da populaccedilatildeo geral adulta variando conforme o estudo e a localidade pesquisada

de 223 ateacute 44 conforme dados da uacuteltima diretriz do caderno de atenccedilatildeo baacutesica de nuacutemero

referente agrave HAS Os segmentos sociais mais pobres satildeo os que possuem maior prevalecircncia

de hipertensatildeo e tambeacutem de complicaccedilotildees como acidentes vasculares As regiotildees rurais

apresentam menor prevalecircncia de hipertensatildeo em relaccedilatildeo agrave metropolitana (BRASIL 2006)

As doenccedilas do aparelho circulatoacuterio representam um importante problema de

sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes Haacute algumas deacutecadas eacute considerada a primeira causa de

morte no Brasil segundo os registros oficiais (Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade-

SIM BRASIL 2000) Em 2000 corresponderam a mais de 27 do total de oacutebitos ou seja

neste ano 255585 pessoas morreram em consequumlecircncia de doenccedilas do aparelho

circulatoacuterio como mostra o graacutefico abaixo (BRASIL 2001)

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 19: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

18

Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede- DATASUS SIM 2000

Em 2000 as doenccedilas do aparelho circulatoacuterio foram responsaacuteveis por 152

das internaccedilotildees realizadas no SUS na faixa etaacuteria de 30 a 69 anos Do total de casos 177

foram relacionados ao Acidente Vascular Encefaacutelico (AVE) e ao Infarto Agudo do

Miocaacuterdio (IAM) Estas doenccedilas satildeo de grande importacircncia epidemioloacutegica visto o seu

caraacuteter crocircnico e incapacitante podendo deixar sequumlelas para o resto da vida Dados do

Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40 das aposentadorias

precoces decorreram dessas doenccedilas (BRASIL 2001)

Entre as complicaccedilotildees mais frequumlentes decorrentes desta patologia encontram-

se o IAM AVE a insuficiecircncia renal crocircnica a cegueira definitiva os abortos e as mortes

perinatais

As doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 65 do total de oacutebitos na

faixa etaacuteria de 30 a 69 anos atingindo a populaccedilatildeo adulta em plena fase produtiva No SUS

as doenccedilas cardiovasculares satildeo responsaacuteveis por 1150000 das internaccedilotildeesano com um

custo aproximado de R$ 475 milhotildees sendo que nesses nuacutemeros natildeo estatildeo inclusos os

gastos com procedimentos de alta complexidade Deste total 257 foram gastos com

internaccedilotildees de pacientes por acidente vascular encefaacutelico (AVE) ou infarto agudo do

miocaacuterdio (IAM) (GIROTTO 2007)

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

35

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MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 20: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

19

Os haacutebitos de vida satildeo sem duacutevida um dos fatores mais importantes no adoecer

e morrer das doenccedilas cardiovasculares Dentre eles o sedentarismo ocupa o primeiro lugar

e no Brasil mais de 70 da populaccedilatildeo tem haacutebitos de vida sedentaacuterios

A tabela abaixo apresenta a distribuiccedilatildeo dos principais fatores de risco para esta

doenccedila Acresce-se a estes fatores o consumo inadequado do sal de cozinha o aumento

da ingestatildeo de gorduras saturadas e a reduccedilatildeo de fibras na alimentaccedilatildeo A adesatildeo a alguns

deles certamente resultaraacute em benefiacutecio para o controle de vaacuterias doenccedilas uma vez que

cessada a exposiccedilatildeo a tendecircncia eacute a gradativa reduccedilatildeo dos danos que porventura jaacute

tenham sido provocados ao organismo

Quadro 1Prevalecircncia de alguns fatores de risco segundo sexo no grupo etaacuterio de 15 a 59 anos

Fonte Brasil 2001

43 POLIacuteTICAS DE REORGANIZACcedilAtildeO DA ATENCcedilAtildeO Agrave HIPERTENSAtildeO ARTERIAL

O grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na populaccedilatildeo brasileira

que tem a HAS como um dos importantes fatores de risco traz um desafio para o sistema

puacuteblico de sauacutede a garantia de acompanhamento sistemaacutetico dos indiviacuteduos identificados

como portadores desse agravo assim como o desenvolvimento de accedilotildees referentes agrave

promoccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis

O acompanhamento e controle da HAS no acircmbito da atenccedilatildeo baacutesica poderatildeo

evitar o surgimento e a progressatildeo das complicaccedilotildees reduzindo o nuacutemero de internaccedilotildees

hospitalares devido a estes agravos bem como a mortalidade por doenccedilas

cardiovasculares

Apesar da existecircncia de vaacuterias experiecircncias municipais bem sucedidas em todo

o Brasil quanto agrave garantia do acompanhamento dos casos de HAS no acircmbito da atenccedilatildeo

baacutesica em grande parte do paiacutes observa-se a falta de viacutenculo entre os portadores e as

unidades de sauacutede Em geral o atendimento aos pacientes ocorre de modo natildeo sistemaacutetico

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 21: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

20

nos serviccedilos de emergecircncia sem a garantia da identificaccedilatildeo de lesotildees em oacutergatildeos-alvo e do

tratamento adequado a cada caso (BRASIL 2001)

Diante do exposto o Ministeacuterio da Sauacutede com o propoacutesito de reduzir a

morbimortalidade associada agrave HAS assumiu o compromisso de executar accedilotildees em parceria

com estados municiacutepios e sociedade para apoiar a reorganizaccedilatildeo da rede de sauacutede com

melhoria da atenccedilatildeo aos portadores dessas patologias

O Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial implementado

pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) tem por objetivo estabelecer as diretrizes e metas para essa

reorganizaccedilatildeo no Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) investindo na atualizaccedilatildeo dos

profissionais da rede baacutesica oferecendo a garantia do diagnoacutestico e proporcionando a

vinculaccedilatildeo do paciente agraves unidades de sauacutede para tratamento e acompanhamento

promovendo a reestruturaccedilatildeo e a ampliaccedilatildeo do atendimento resolutivo e de qualidade para

os portadores (BRASIL 2001)

O Plano em si contempla o estabelecimento de diretrizes voltadas ao processo

de detecccedilatildeo e tratamento dos portadores da HAS no acircmbito do SUS No que tange ao

tratamento dos hipertensos foram estabelecidos que os medicamentos Captopril 25 mg

Hidroclorotiazida 25 mg e Propranolol comp 40 mg seriam aqueles que devem estar

disponiacuteveis nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS) Com isto o Ministeacuterio da Sauacutede

atraveacutes da Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede em parceria com os representantes estaduais e

municipais de sauacutede traccedilaram estrateacutegias complementares no tocante ao processo de

aquisiccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo desses medicamentos (BRASIL 2001)

No tocante aos medicamentos para tratamento da hipertensatildeo arterial o

Ministeacuterio da Sauacutede em estreita sintonia com os gestores estaduais e municipais de sauacutede

estatildeo definindo uma estrateacutegia que possa disponibilizar os medicamentos agrave toda a rede de

sauacutede do SUS

Vale ressaltar que os medicamentos incluiacutedos nessas accedilotildees de

operacionalizaccedilatildeo do Plano satildeo medicamentos considerados ldquoessenciaisrdquo pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede e fazem parte da atual Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais ndash

RENAME do Brasil

Conforme estabelecido o Plano tem na educaccedilatildeo e promoccedilatildeo agrave sauacutede seus

alicerces mas natildeo pode prescindir das evidecircncias acumuladas de prevenccedilatildeo secundaacuteria

contra as complicaccedilotildees as quais necessariamente incluem tratamento farmacoloacutegico e

exames a serem oferecidos ainda na atenccedilatildeo baacutesica Assim implementado o Plano iraacute

melhorar a qualidade de vida dos portadores e diminuir os custos meacutedicos e sociais

inclusive os do financiamento da atenccedilatildeo a esses agravos principalmente pela diminuiccedilatildeo

das suas complicaccedilotildees

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 22: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

21

O atendimento eficiente e eficaz no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da

morbimortalidade associada agrave HAS no paiacutes depende sobretudo do estabelecimento de

bases construiacutedas a partir da pactuaccedilatildeo solidaacuteria entre a Uniatildeo estados e municiacutepios

contando com o apoio e a participaccedilatildeo das sociedades cientiacuteficas e das entidades de

portadores dessas patologias (SES-MG 2006)

44 TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila que necessita de tratamento por toda a

vida O tratamento do paciente hipertenso tem como objetivo reduzir o iacutendice de

complicaccedilotildees inerentes agrave doenccedila e evitar descompensaccedilotildees que coloquem o indiviacuteduo em

risco de vida aleacutem de aliviar os sintomas Para tanto existem medidas natildeo-farmacoloacutegicas

e o tratamento farmacoloacutegico o qual deveraacute ser avaliado de acordo com criteacuterios meacutedico

De acordo com Brasil (2001) ateacute 30 dos pacientes com HAS podem ser tratados com

medidas natildeo-medicamentosas ou seja mudanccedilas de estilo de vida

O tratamento natildeo-medicamentoso tem por objetivo auxiliar o indiviacuteduo a fazer

mudanccedilas em seus haacutebitos alimentares favorecendo o melhor controle metaboacutelico do peso

corporal da pressatildeo arterial e do niacutevel glicecircmico Satildeo modificaccedilotildees de estilo de vida de

comprovado valor na reduccedilatildeo da pressatildeo arterial a reduccedilatildeo do peso a reduccedilatildeo da ingestatildeo

de soacutedio maior ingestatildeo de potaacutessio uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com

pouco teor de gordura a diminuiccedilatildeo ou aboliccedilatildeo do aacutelcool e a atividade fiacutesica As

modificaccedilotildees do estilo de vida satildeo aplicaacuteveis a todos os pacientes que se propotildeem a

diminuiccedilatildeo do risco cardiovascular incluindo os normotensos e necessaacuterias tambeacutem

quando se impotildee o tratamento farmacoloacutegico da hipertensatildeo (MANO 2009)

Para o mesmo autor o tratamento farmacoloacutegico se impotildee quando as medidas

natildeo farmacoloacutegicas natildeo satildeo suficientes para o controle da pressatildeo arterial nos pacientes

com hipertensatildeo Reforccedila que em qualquer caso o tratamento natildeo farmacoloacutegico sempre

deve ser mantido

45 ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

A hipertensatildeo arterial eacute uma doenccedila altamente prevalente sendo um fator de

risco maior para morbidade e mortalidade exigindo a correta identificaccedilatildeo do problema e a

apropriada abordagem terapecircutica como tambeacutem seu seguimento (BRANDAtildeO et al 2002)

A adesatildeo eacute a principal determinante para a efetividade do tratamento pois a

natildeo-adesatildeo pode causar atenuaccedilatildeo dos benefiacutecios cliacutenicos A baixa adesatildeo eacute identificada

22

como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 23: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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como a principal causa do controle inadequado da pressatildeo arterial Dos pacientes que natildeo

tecircm adequado controle da pressatildeo arterial aproximadamente 50 natildeo adere ao

medicamento recomendado pelo meacutedico (BARBOSA amp LIMA 2006)

A preocupaccedilatildeo com a adesatildeo agraves recomendaccedilotildees terapecircuticas data de muito

tempo Uma das primeiras descriccedilotildees na literatura sobre adesatildeo ao tratamento foi citada por

Hipoacutecrates na qual enfatizava a importacircncia de observar as falhas do paciente em relaccedilatildeo

ao que havia sido prescrito

De acordo com Barbosa amp Lima (2006) eacute difiacutecil detectar a falta de adesatildeo e mais

ainda quantificaacute-la Apesar de a adesatildeo ser frequumlentemente descrita como variaacutevel

dicotocircmica (adesatildeo versus natildeo-adesatildeo) ela pode variar ao longo de um contiacutenuo de zero a

mais de 100 em pacientes que usam mais do que as medicaccedilotildees prescritas pelo meacutedico

Ainda natildeo haacute consenso acerca do padratildeo que constitui a taxa de adesatildeo adequada para o

tratamento de doenccedilas crocircnicas Alguns ensaios relativos agrave hipertensatildeo consideram taxas

acima de 80 aceitaacuteveis

Existe escassez de dados de iacutendices de adesatildeo no Brasil e no mundo sendo

que foram obtidos em diferentes tipos de populaccedilatildeo e com criteacuterios variados Estudos no

Japatildeo Noruega Estados Unidos China Alemanha Gacircmbia Seychelles Greacutecia e

Eslovaacutequia apresentaram respectivos iacutendices de adesatildeo agrave medicaccedilatildeo de 65 58 51

43 323 27 26 15 e 7 mas a meta seria de ao menos 80 A natildeo-adesatildeo ao

tratamento da hipertensatildeo eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo arterial em

mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos hipertensos (BARBOSA amp LIMA 2006)

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Penaforte (2006) estima que a adesatildeo a

farmacoterapia anti-hipertensiva varie entre 50 a 70 Esta baixa ou natildeo adesatildeo agrave

terapecircutica constitui aleacutem de um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica um dos maiores desafios

no tratamento da hipertensatildeo arterial

46 FATORES RELACIONADOS Agrave ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO

Uma das dificuldades encontradas no atendimento a pessoas hipertensas eacute a

falta de adesatildeo ao tratamento pois 50 dos hipertensos conhecidos natildeo fazem nenhum

tratamento e dentre aqueles que o fazem poucos tecircm a pressatildeo arterial controlada

(ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais

importantes desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial

Em um estudo realizado por Amorim (2007) mostrou que os fatores implicados

ao natildeo uso da medicaccedilatildeo ou ao seu uso incorreto foram uso de terapias alternativas

(125) desconforto com o uso da medicaccedilatildeo (208) falta da medicaccedilatildeo na UBS (69)

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

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A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 24: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

23

esquecimento (111) normalizaccedilatildeo da PA (42) e desconhecimento da necessidade de

continuaccedilatildeo do tratamento (69) Mesmo afirmando fazer uso correto da medicaccedilatildeo mais

da metade dos pacientes encontrava-se com niacuteveis pressoacutericos elevados

Pacientes que natildeo aderem agraves recomendaccedilotildees de mudanccedila de estilo de vida

eou natildeo seguem as prescriccedilotildees dificilmente apresentaratildeo niacuteveis de pressatildeo arterial

controlados Pela importacircncia do tema inuacutemeras teorias que estudam a adesatildeo ao

tratamento foram desenvolvidas ao longo do tempo Foram hipoacuteteses desde as mais

complexas ateacute as mais simples sem entretanto terem sido encontrados ateacute o momento os

fatores que diferenciam o comportamento dos indiviacuteduos tornando-os mais ou menos fieacuteis

agraves prescriccedilotildees medicamentosas ou natildeo (CUNHA 2005)

Modelos iniciais de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo tentaram

relacionar a adesatildeo a algumas caracteriacutesticas pessoais eou sociodemograacuteficas dos

indiviacuteduos como sexo idade estado civil niacutevel socioeconocircmico e religiatildeo (JARDIM amp

JARDIM 2006)

Como aponta Machado (2008) a adesatildeo ao tratamento eacute fenocircmeno

multidimensional em que estatildeo envolvidos pelo menos cinco fatores como mostra a figura

abaixo

Adesatildeo fenocircmeno multidimensional

Fonte Revista Brasileira de Hipertensatildeo 2008

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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34

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35

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 25: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

24

A figura de maneira resumida relaciona os mais importantes fatores

relacionados com as baixas taxas de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo O estudo dos

fatores implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial tem mostrado a

influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter crocircnico e

assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos esquemas de

tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros (GIORGI 2006)

Dos fatores relacionados com o paciente o mais significativo eacute o baixo niacutevel de

conhecimento sobre a importacircncia do tratamento da hipertensatildeo que apesar de ser doenccedila

inicialmente assintomaacutetica eacute o principal fator de risco para 40 dos casos de mortalidade

por acidente vascular cerebral e 25 das mortes por doenccedila arterial coronariana

(MACHADO 2008) Arauacutejo e Garcia (2006) atribuem algumas variaacuteveis relacionadas ao

paciente para adesatildeo ao tratamento satildeo elas sociodemograacuteficas conhecimento crenccedilas

do paciente sobre a HAS apoio familiar e social

Com relaccedilatildeo ao sexo segundo alguns autores as mulheres geralmente aderem

mais ao tratamento quando comparadas aos homens No estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml

(1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto 83 das mulheres seguiam a dieta

hipossoacutedica apenas 17 dos homens haviam aderido a essa recomendaccedilatildeo Sarquis et al

(1998) tambeacutem enfatizam que os homens tendem a ser menos aderentes que as mulheres

possivelmente porque elas demonstram uma maior preocupaccedilatildeo com a sauacutede

Os indiviacuteduos de idade mais avanccedilada satildeo mais propensos agrave adesatildeo Em

pesquisa realizada por Chor (1998) com funcionaacuterios de um banco estatal no Rio de

Janeiro verificou que enquanto 171 dos indiviacuteduos mais jovens realizavam tratamento

anti-hipertensivo esse nuacutemero aumentou para 774 em indiviacuteduos de 45 anos ou mais

Car et al (1991) explicam que o jovem natildeo se sente vulneraacutevel agrave doenccedila enquanto que o

idoso mais preocupado com a sauacutede se apega ao tratamento como alternativa de

prolongamento da vida

Pesquisas demonstram que quanto mais elevado o grau de instruccedilatildeo maior

tambeacutem seraacute o niacutevel de adesatildeo Chor (1998) constatou que o nuacutemero de indiviacuteduos com

curso superior que se tratava era seis vezes maior que o nuacutemero de indiviacuteduos que natildeo

tinha ingressado na universidade e realizava tratamento anti-hipertensivo Para Arauacutejo amp

Garcia (2006) as pessoas com um baixo niacutevel educacional tecircm menos conhecimento de

como prevenir as doenccedilas e em vista disso menor niacutevel de adesatildeo

Alguns autores mencionaram a situaccedilatildeo financeira como fator diretamente

relacionado agrave adesatildeo Os fatores socioeconocircmicos satildeo demonstrados por vaacuterias

publicaccedilotildees ou seja quanto mais baixos os niacuteveis menores satildeo as taxas de adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo pois eacute menor o conhecimento da doenccedila e mais difiacutecil o acesso

aos serviccedilos de sauacutede (MACHADO 2008) De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o status

25

econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

26

pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

27

pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

28

JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

31

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 26: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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econocircmico influencia na habilidade dos indiviacuteduos em seguir as recomendaccedilotildees Sarquis et

al (1998) ressaltam que a disponibilidade financeira deve ser um ponto importante a ser

considerado no processo de adesatildeo Em trabalho realizado por Trentini et al (1996) os

hipertensos relataram problemas decorrentes da dificuldade financeira principalmente no

tocante agrave compra de medicamentos e agrave compra de alimentos de acordo com as restriccedilotildees

dieteacuteticas Segundo Car et al (1991) a situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica eacute um fator altamente

interveniente na adesatildeo estando natildeo soacute relacionada agrave compra de medicamentos mas

tambeacutem a aspectos educacionais culturais e sociais

Marcon et al (1995) afirmam que para uma decisatildeo especiacutefica de sauacutede ser

tomada eacute necessaacuterio que o indiviacuteduo perceba a doenccedila como ameaccedila Em se tratando da

HAS essa questatildeo eacute bastante problemaacutetica pois sendo essa doenccedila na maioria das

vezes assintomaacutetica os pacientes natildeo a encaram como um problema de sauacutede que

necessite de tratamento Essa questatildeo eacute abordada por Sarquis et al (1998) para quem a

ausecircncia de sintomas contribui de forma marcante para a natildeo adesatildeo ou para o abandono

do tratamento Chor (1998) ressalta a dificuldade de convencer o paciente muitas vezes

assintomaacutetico de que ele eacute doente e necessita de tratamento

Em pesquisa realizada por Castro amp Car (2000) comprovou-se que as

modificaccedilotildees no estilo de vida relacionaram-se agrave presenccedila de sintomatologia agrave

compreensatildeo dos doentes sobre a doenccedila e ao impacto desta em suas vidas Para as

autoras o enfrentamento da cronicidade da HAS envolve entre outros aspectos a

compreensatildeo do seu significado de acordo com as concepccedilotildees do hipertenso sobre sauacutede-

doenccedila De acordo com Arauacutejo amp Garcia (2006) o entendimento que o paciente tem de sua

condiccedilatildeo de sauacutede estaacute diretamente relacionado a sua independecircncia e cooperaccedilatildeo com a

proposta terapecircutica Portanto na primeira consulta deve-se informar ao paciente a

importacircncia do tratamento como tratar o que ocorre se natildeo for tratado adequadamente e as

causas de natildeo-adesatildeo relacionadas com os pacientes

Reforccedilando esta colocaccedilatildeo Jardim amp Jardim (2006) afirmam que quando

conhecem aspectos da doenccedila os pacientes se tornam elementos ativos no tratamento ou

seja eles se tornam sujeitos e natildeo simples objetos das accedilotildees a eles dirigidas Para esses

autores os pacientes conscientes da importacircncia do tratamento seguem mais corretamente

as recomendaccedilotildees

A assiduidade dos pacientes aos encontrosconsultas tambeacutem ocupa lugar de

destaque entre os preditores da adesatildeo Jardim amp Jardim (2006) verificaram em um

programa de acompanhamento de hipertensos que indiviacuteduos mais assiacuteduos aos encontros

tiveram uma maior reduccedilatildeo nos niacuteveis tensionais Segundo esses autores a presenccedila do

paciente na unidade de sauacutede eacute determinante no controle da hipertensatildeo pois traz

motivaccedilatildeo individual e esta por sua vez leva a atitudes que contribuem para a reduccedilatildeo da

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pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

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pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

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JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

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O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 27: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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pressatildeo arterial Para Arauacutejo amp Garcia (2006) encontros frequumlentes propiciam uma melhor

monitorizaccedilatildeo dos niacuteveis pressoacutericos assim como a oportunidade de ter mais acesso a

informaccedilotildees que podem servir de base para a adesatildeo

O apoio familiar e social tambeacutem foi apontado como um evento que contribui

para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Na visatildeo de Arauacutejo et al (1998) a HAS

provoca limitaccedilotildees no estilo de vida natildeo somente do hipertenso como tambeacutem no estilo de

vida dos outros elementos do nuacutecleo familiar pois a alteraccedilatildeo na sauacutede de um dos membros

da famiacutelia acaba por provocar mudanccedilas no todo devendo-se incluir o grupo familiar no

contexto do tratamento e acompanhamento dos hipertensos

Clark et al (2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enumerando as vantagens do

trabalho realizado por um grupo de enfermeiras visitadoras na China colocam que ao

visitar os pacientes em seu proacuteprio ambiente elas entram em contato e desenvolvem

atividades educativas com a famiacutelia e outras pessoas significativas que satildeo o suporte social

dos pacientes Medel (1997) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) realizou um estudo no Chile e

verificou uma maior adesatildeo ao tratamento e controle dos niacuteveis tensionais nos pacientes

que percebiam a famiacutelia como apoio e suporte social De acordo com a autora as pessoas

sendo melhor compreendidas dentro de seu contexto social satildeo mais aderentes

Segundo Arauacutejo et al (1998) para muitos hipertensos um dos aspectos mais

importantes da assistecircncia eacute ter o apoio da famiacutelia o que pode ser exemplificado no

comportamento do familiar de lembrar o hipertenso do horaacuterio das medicaccedilotildees e de orientaacute-

lo na dieta ou na disposiccedilatildeo de algum dos membros da famiacutelia para acompanhar o

hipertenso agraves consultas Muitas vezes em virtude de uma idade jaacute avanccedilada ou de outras

limitaccedilotildees o paciente natildeo tem condiccedilotildees de se deslocar sozinho ateacute o serviccedilo de sauacutede e a

presenccedila da famiacutelia eacute fundamental

Os fatores relacionados com a terapia tambeacutem satildeo ponto importante pois natildeo eacute

tarefa muito faacutecil tratar a doenccedila na maioria das situaccedilotildees inicialmente assintomaacutetica com

faacutermacos que muitas vezes tecircm custo e tambeacutem podem apresentar efeitos adversos

(MACHADO 2008) Para melhor compreensatildeo desta questatildeo podemos considerar o relato

de Jardim amp Jardim (2006) no qual afirmam que no tratamento propriamente dito a principal

caracteriacutestica avaliada nos estudos de adesatildeo se refere aos efeitos colaterais Quanto mais

frequumlentes e incapacitantes menor a motivaccedilatildeo do paciente Penaforte (2006) afirma que a

ocorrecircncia de efeitos indesejaacuteveis constitui-se um dos determinantes da natildeo adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo

Segundo Bittar (1995) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) com a introduccedilatildeo de novos

agentes farmacoloacutegicos a qualidade de vida dos hipertensos tem melhorado

significativamente e esse ponto parece influencia diretamente na adesatildeo O autor ainda

chama a atenccedilatildeo para a pouca ou nenhuma ocorrecircncia de sintomas ligados agrave hipertensatildeo

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pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

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JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

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O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

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  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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Page 28: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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pois quando os pacientes sentem intensos efeitos colaterais ao iniciar o uso de

medicamentos anti-hipertensivos podem fazer associaccedilatildeo do tratamento com piora da

qualidade de vida e assim aumenta a tendecircncia a descontinuar o uso do medicamento

Kuncl amp Nelson (1997) acrescentam ser preciso reconhecer e responder agraves reaccedilotildees

adversas antes que estas interfiram no tratamento Nos cuidados com a hipertensatildeo o

abandono da terapecircutica por efeitos indesejados de drogas eacute avaliado de diversas

maneiras Vaacuterios estudos mostram que o grau de adesatildeo varia com as diferentes classes de

anti-hipertensivos Desta maneira a eficaacutecia em relaccedilatildeo aos sinais e sintomas tambeacutem

aparece como fator preditor da adesatildeo assim como a pouca incidecircncia de efeitos colaterais

O tratamento farmacoloacutegico deve ser efetivo ter pouco ou nenhum efeito colateral e natildeo

interferir negativamente na qualidade de vida dos pacientes (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006)

Carvalho et al (1998) tambeacutem ressaltam a importacircncia da prescriccedilatildeo de acordo

com a resposta do paciente Verificaram tambeacutem que o maior niacutevel de adesatildeo estava

relacionado agrave terapia farmacoloacutegica sendo um dos motivos para a ocorrecircncia desse fato os

progressos dos medicamentos a cada dia mais efetivos e com uma incidecircncia cada vez

menor de efeitos colaterais Mas apesar de todo o progresso relacionado agraves drogas anti-

hipertensivas a ocorrecircncia de reaccedilotildees adversas muitas vezes eacute inevitaacutevel O grau de

toleracircncia dos pacientes a essas reaccedilotildees tambeacutem tem importacircncia na questatildeo da adesatildeo

(SARQUIS et al 1998) Desse modo os pacientes precisam se esforccedilar no sentido de

identificar e contornar as reaccedilotildees adversas das drogas adverte os autores

Outro aspecto do tratamento que eacute tambeacutem objeto de preocupaccedilatildeo eacute a

complexidade da prescriccedilatildeo e a simplificaccedilatildeo eacute um dos pontos chave enfatiza Arauacutejo amp

Garcia (2006) Quanto maior o nuacutemero de comprimidos ou drogas anti-hipertensivas menor

a adesatildeo Eisen et al (1987) apud Jardim amp Jardim (2006) mostraram em populaccedilatildeo de 105

pacientes hipertensos que a adesatildeo caiu de 836 em tomadas uacutenicas para 53 tomadas

trecircs vezes ao dia

Arauacutejo amp Garcia (2006) apontam a diminuiccedilatildeo do nuacutemero de medicamentos

utilizados e a diminuiccedilatildeo da frequumlecircncia das dosagens de preferecircncia uma uacutenica dose diaacuteria

como fatores que levam agrave adesatildeo O horaacuterio da tomada dos medicamentos tambeacutem foi

apontado pelos autores como fator que interveacutem na adesatildeo pois correlacionando-se o

horaacuterio das dosagens com atividades da rotina diaacuteria que sirvam de lembretes haacute melhora

no niacutevel de adesatildeo Por isso alguns autores enfatizam a importacircncia de uma prescriccedilatildeo

medicamentosa individualizada elaborada de acordo com o estilo de vida dos pacientes

Portanto eacute de extrema importacircncia levar em conta as necessidades e preferecircncias pessoais

por ocasiatildeo da realizaccedilatildeo da prescriccedilatildeo

Os aspectos do tratamento relacionados ao custo e agrave eficaacutecia satildeo tambeacutem

bastante investigados nos protocolos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo (JARDIM amp

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JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

29

O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 29: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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JARDIM 2006) Para Akashi et al (1998) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) o custo deve ser

uma consideraccedilatildeo importante na seleccedilatildeo do faacutermaco pois sem duacutevida influencia na adesatildeo

ao tratamento

No que se refere agrave terapecircutica natildeo farmacoloacutegica Castro amp Car (2000)

consideram que o processo de aceitaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo agraves modificaccedilotildees no estilo de vida

relaciona-se diretamente ao seguimento do tratamento para o controle da HAS Para Cruz et

al (1995) a experiecircncia com um problema de sauacutede crocircnica exige a ativaccedilatildeo de

mecanismos de adaptaccedilatildeo ao novo estilo de vida Tal adaptaccedilatildeo nem sempre eacute faacutecil pois

muitas vezes determina mudanccedila de haacutebitos prazerosos acrescenta Chor (1998)

Castro amp Car (2000) verificaram que os pacientes relacionam o tratamento a

mudanccedilas problemaacuteticas no cotidiano como restriccedilotildees alimentares de lazer e trabalho No

estudo de Kyngaumls amp Lahdenperauml (1999) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) enquanto os mais

altos niacuteveis de adesatildeo relacionavam-se agrave medicaccedilatildeo os piores estavam relacionados

justamente ao tratamento natildeo medicamentoso incluindo a dieta atividades fiacutesicas e

ingestatildeo de aacutelcool Segundo as autoras os pacientes que utilizam medicamentos tendem a

aderir menos agraves modificaccedilotildees no estilo de vida pois acreditam que o uso das drogas eacute

suficiente para se obter o controle da pressatildeo arterial

Este comportamento eacute de fato preocupante tendo em vista que os objetivos do

tratamento natildeo farmacoloacutegico satildeo aleacutem de reduzir as cifras tensionais reduzir os fatores de

risco cardiovasculares Levando em conta esses aspectos eacute recomendaacutevel que os

profissionais de sauacutede discutam com os pacientes quais modificaccedilotildees estes consideram

possiacuteveis de serem realizadas para que as praacuteticas terapecircuticas possam ser incorporadas

efetiva e realisticamente ao seu cotidiano (ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) Para Kjellgren et al

(2000) apud Arauacutejo amp Garcia (2006) eacute recomendaacutevel os profissionais pesquisem a opiniatildeo

dos pacientes a respeito do tratamento medicamentoso e das mudanccedilas no estilo de vida

como tambeacutem de sua prontidatildeo e capacidade de seguir o tratamento

O ldquoInqueacuterito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida

de Doenccedilas e Agravos Natildeo Transmissiacuteveisrdquo realizado em 15 capitais e no Distrito Federal

nos anos de 2002 a 2003 publicado pelo Instituto Nacional do Cacircncer (Inca) - 2004

mostrou que de 660 a 976 das pessoas entrevistadas tinham verificado sua pressatildeo

nos uacuteltimos dois anos e de 74 a 590 referiam ser hipertensas Portanto o acesso agrave

medida e ao diagnoacutestico de hipertensatildeo arterial vem melhorando mas deve-se aperfeiccediloar a

adesatildeo e o controle nesses indiviacuteduos

Muitos autores tecircm descrito que os profissionais de sauacutede especialmente os

meacutedicos se relacionam com seus pacientes de forma diretiva e autoritaacuteria Com isso os

pacientes natildeo expressam suas duacutevidas e necessidades e acabam natildeo seguindo as

orientaccedilotildees meacutedicas relacionadas ao tratamento anti-hipertensivo

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O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
Page 30: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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O ponto crucial para o aumento da adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo que

tambeacutem foi relacionado no estudo do Nhanes (2008) apud Machado (2008) eacute a facilidade

de acesso aos serviccedilos de sauacutede Este acesso aos serviccedilos de sauacutede melhorou muito com a

implantaccedilatildeo do SUS que garante universalidade e equumlidade de atendimento para a

populaccedilatildeo desde 1988 bem como a regulamentaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede suplementar

em 1998 contudo ainda se tem longo caminho a percorrer

Com relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede inuacutemeros autores pontuam a extrema

relevacircncia do acesso aos serviccedilos Sarquis et al (1998) colocam que as poliacuteticas de sauacutede

vigentes a facilidade de acesso do paciente aos serviccedilos de sauacutede e a qualidade do

trabalho desenvolvido nesses serviccedilos influenciam diretamente no processo de adesatildeo

Essa questatildeo tambeacutem eacute abordada por Costa (2001) para quem a maioria dos hipertensos

aleacutem de outros aspectos natildeo consegue acompanhar um tratamento ao longo do tempo em

virtude da dificuldade de acesso a um sistema puacuteblico que facilite seu atendimento a par do

fato que a situaccedilatildeo financeira da maioria dos doentes os impossibilita de procurar

assistecircncia em serviccedilos privados Levando isso em consideraccedilatildeo a accedilatildeo integrada dos

oacutergatildeos governamentais das sociedades cientiacuteficas meacutedicas e demais associaccedilotildees da

sociedade civil devem se direcionar no sentido de proporcionar um programa de atenccedilatildeo

que seja efetivo e de baixo custo (AKASHI et al 1998 apud ARAUacuteJO amp GARCIA 2006) e

que priorize accedilotildees e estrateacutegias miacutenimas para o controle da hipertensatildeo tais como

diagnoacutestico de casos cadastramento dos portadores busca ativa de casos tratamento dos

casos diagnoacutestico precoce de complicaccedilotildees atendimento de urgecircncias e medidas

preventivas (BRASIL 2001)

A disponibilidade de medicamentos nos serviccedilos para fornecimento aos

pacientes tambeacutem foi apontado como fator importante para a adesatildeo ao tratamento anti-

hipertensivo No estudo realizado por Castro amp Car (1999) os hipertensos entrevistados

mencionaram como fatores facilitadores da adesatildeo ao tratamento o recebimento gratuito

de medicamentos a facilidade de marcar consultas a proximidade do serviccedilo como

tambeacutem o recebimento de vale transporte para o comparecimento agraves consultas Segundo

Marcon et al (1995) a facilidade de acesso ao serviccedilo e o tratamento gratuito incluindo

consultas e exames satildeo fatores que de fato influenciam no seguimento do tratamento A

disponibilidade de serviccedilos de referecircncia para encaminhamento de casos complexos ou em

caso de urgecircncia como a crise hipertensiva eacute enfatizado por Clark et al (2000) apud Arauacutejo

amp Garcia (2006) Outro fator relacionado agrave estrutura dos serviccedilos de sauacutede e mencionado

como contribuinte para a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo eacute a disponibilidade de uma

equipe multidisciplinar para o atendimento aos hipertensos Sendo a HAS uma doenccedila

multicausal e multifatorial exige diferentes abordagens e soacute uma equipe multidisciplinar

pode proporcionar essa accedilatildeo diferenciada Jardim amp Jardim (2006) ressaltam que o

30

atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

32

Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

33

6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

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Page 31: BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-  · PDF filetratamento anti-hipertensivo, a não-adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para

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atendimento dos hipertensos por profissionais de diferentes aacutereas melhora em muito a

adesatildeo agrave terapecircutica recomendada

Neste sentido Campos (1996) pontua os benefiacutecios da instituiccedilatildeo da equipe

multidisciplinar nos serviccedilos pois sua existecircncia permite que os diversos fatores envolvidos

na HAS e seu tratamento sejam examinados de modo mais profundo visto que satildeo

abordados conjuntamente A equipe multidisciplinar propiciaraacute aos pacientes e agrave

comunidade uma gama maior de informaccedilotildees ajudando na adoccedilatildeo de atitudes efetivas e

definitivas para o controle da hipertensatildeo Poderatildeo fazer parte dessa equipe meacutedicos

enfermeiros nutricionistas psicoacutelogos assistentes sociais professores de educaccedilatildeo fiacutesica

farmacecircuticos funcionaacuterios administrativos cada serviccedilo adequando a composiccedilatildeo da

equipe de acordo com suas possibilidades e com a necessidade da clientela atendida

Jardim amp Jardim (2006) enfatizam que deve haver harmonia de objetivos e uniformizaccedilatildeo de

linguagem aleacutem de um treinamento adequado dos membros da equipe

Como aponta Machado (2008) haacute necessidade de melhoria dos serviccedilos de

sauacutede da educaccedilatildeo permanente dos profissionais de sauacutede que atuam principalmente na

porta de entrada do sistema representado pela Unidade Baacutesica de Sauacutede ou seja o ldquoposto

de sauacutederdquo mais proacuteximo da residecircncia do hipertenso Este serviccedilo na verdade eacute unidade de

tratamento de doenccedilas natildeo desenvolvendo accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedila e promoccedilatildeo de

sauacutede como estaacute previsto em todo o modelo de atenccedilatildeo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A hipertensatildeo arterial sistecircmica eacute uma doenccedila crocircnica altamente prevalente no

mundo todo Seu estudo e conhecimento satildeo fundamentais para uma abordagem efetiva

dos pacientes hipertensos principalmente em relaccedilatildeo agrave prevenccedilatildeo de suas complicaccedilotildees

as quais acarretam em elevado custo econocircmico ao dinheiro puacuteblico e principalmente agrave

qualidade de vida da populaccedilatildeo acometida

Apesar de haver limitaccedilotildees dos dados disponiacuteveis os iacutendices de adesatildeo ao

tratamento para hipertensatildeo arterial ficam abaixo da recomendaccedilatildeo de 80 nas populaccedilotildees

de vaacuterios paiacuteses sendo encontradas taxas mais elevadas em serviccedilos de sauacutede

especializados A natildeo-adesatildeo agrave terapia eacute o principal fator para a falta de controle da pressatildeo

arterial que ocorre em mais de dois terccedilos dos indiviacuteduos que tecircm hipertensatildeo

A adesatildeo ao tratamento representa um problema de acircmbito mundial por piorar

os resultados terapecircuticos em especial o surgimento de doenccedilas crocircnicas e aumentar os

custos dos sistemas de sauacutede Pouco se conhece sobre a magnitude da natildeo-adesatildeo ao

tratamento com medicamentos anti-hipertensivos em particular no contexto da atenccedilatildeo

primaacuteria no Brasil

O estudo dos fatores determinantes para a adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo

arterial tem mostrado a influecircncia de variaacuteveis estruturais de fatores relacionados ao caraacuteter

crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila da relaccedilatildeo meacutedico-paciente da complexidade dos

esquemas de tratamento dos efeitos colaterais dos medicamentos entre outros

Atualmente a abordagem multiprofissional do atendimento ao hipertenso tem sido

encorajada e a atuaccedilatildeo dos diferentes elementos tem caraacuteter complementar aumentando a

possibilidade de sucesso do tratamento anti-hipertensivo tanto o farmacoloacutegico quanto o

natildeo-farmacoloacutegico

Para cada paciente ou grupo de pacientes existem estrateacutegias que quando

aplicadas aumentam consideravelmente a adesatildeo ao tratamento e a sua eficiecircncia Eacute

imprescindiacutevel que cada profissional de sauacutede tente identificar na sua populaccedilatildeo-alvo quais

satildeo as variaacuteveis envolvidas e associadas ao abandono do tratamento ou ao natildeo

cumprimento das orientaccedilotildees terapecircuticas levando em consideraccedilatildeo a estrutura disponiacutevel

para o atendimento desta populaccedilatildeo A estrateacutegia deve ser iniciada no primeiro contato com

o paciente e repetida com grande frequumlecircncia para manter o seu efeito

Com treinamento e motivaccedilatildeo da equipe a atuaccedilatildeo de diversos profissionais de

sauacutede eacute insubstituiacutevel no tratamento da hipertensatildeo arterial uma vez que a adesatildeo a

terapecircutica constitui-se num processo dinacircmico o qual deve estar em constante

monitorizaccedilatildeo

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

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Conforme se observa a adesatildeo ao tratamento eacute um dos mais importantes

desafios de quem trata o grande nuacutemero de pacientes com hipertensatildeo arterial O alcance

da meta fundamental da boa adesatildeo ao tratamento estaacute diretamente relacionado ao melhor

controle da pressatildeo arterial e a menores taxas de complicaccedilotildees secundaacuterias agrave hipertensatildeo

Como vimos a preocupaccedilatildeo eacute antiga geral e soacute seraacute atenuada quando conseguirmos um

modelo de atuaccedilatildeo que torne os pacientes verdadeiros agentes das mudanccedilas tatildeo

necessaacuterias co-responsabilizando-os por seus cuidados Dessa forma teremos dado um

grande passo para a diminuiccedilatildeo da morbimortalidade ocasionada por esse agravo tatildeo

prevalente e incapacitante

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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

  • BAIXA ADESAtildeO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO ndash UMA REVISAtildeO TEOacuteRICA
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6 REFEREcircNCIAS

AMORIM PA Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo entre usuaacuterios da Unidade Baacutesica de Sauacutede Mina Uniatildeo 2007 Disponiacutevel emlt http20018157medicina tcc2007_12007_01_r81pdf gt ARAUacuteJO GBS amp GARCIA TR Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo uma anaacutelise conceitual Rev Eletr Enf 2006 8(2) 259-72 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistarevista8_2v8n2a11htmgt ARAUacuteJO T L et al Reflexo da hipertensatildeo arterial no sistema familiar Rev Soc Card Estado de Satildeo Paulo v 8 n2 (Supl A) p1ndash6 1998 BARBOSA BGR amp LIMA CKN Iacutendices de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil e mundo Rev Bras Hipertens vol13(1) 35-38 2006 Disponiacutevel emlt http departamentoscardiolbrdharevista13-109-indices-de-adesaopdfgt BELO HORIZONTE Secretaria do Estado de Sauacutede de Minas Gerais Atenccedilatildeo agrave Sauacutede do adulto ndash Hipertensatildeo e diabetes 1ordf ediccedilatildeo Belo Horizonte 2006 BLOCH KV et al Prevalecircncia da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo em hipertensos resistentes e validaccedilatildeo de trecircs meacutetodos indiretos de avaliaccedilatildeo da adesatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 24(12) 2979-2984 dez 2008 BRANDAtildeO AP et al Hipertensatildeo arterial no idoso Tratado de Geriatria e Gerontologia In Freitas EV Py L Neri AL Canccedilado FAX Gorzoni ML Rocha SM Ed Guanabara Koogan 2002 p 2-12 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Poliacuteticas de Sauacutede Hipertensatildeo arterial sistecircmica - Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica nordm 15 Brasiacutelia DF 2006 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Informes Teacutecnicos Institucionais - Plano de Reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave Hipertensatildeo Arterial e ao Diabetes Mellitus Rev Sauacutede Puacuteblica 2001 35(6) 585-8 585 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrpdfrspv35n67073pdfgt BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade- SIM 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwdatasus govbrcnstemasBrasil-2000htmgt BREcircTASACP Pesquisa Qualitativa um meacutetodo da histoacuteria oral aspectos conceituais Acta Paulista de Enfermagem v 13 n3 setembrodezembro p 81- 912000 CAMPOS E P Contribuiccedilatildeo da psicologia ao tratamento do hipertenso Folha Meacuted v113 n2 p153ndash156 1996 CAR M R et al Estudo sobre a influecircncia do processo educativo no controle da hipertensatildeo arterial Rev Esc Enf USP v25 n3 p259ndash269 1991 CARVALHO Fet al Uma investigaccedilatildeo antropoloacutegica na terceira idade concepccedilotildees sobre a hipertensatildeo arterial Cad Sauacutede Puacuteblica v14 n3 p617ndash621 1998 CASTRO V D CAR M R O cotidiano da vida de hipertensos mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

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CHOR D Hipertensatildeo arterial entre funcionaacuterios de banco estatal no Rio de Janeiro Haacutebitos de vida e tratamento Arq Bras Cardiol v71 n5 p100ndash119 1998 CORREcircA DT et al Hipertensatildeo arterial sistecircmica atualidades sobre sua epidemiologia diagnoacutestico e tratamento Arq Med ABCSatildeo Paulo 31(2)91-101 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfmabcbradminfilesrevistas31amabc91pdfgt COSTA A Hipertensatildeo arterial sistecircmica como fator de risco Compacta ndash Temas em cardiologia v3 n2 p5ndash10 2001 CRUZ I C F et al O clientefamiacutelia com hipertensatildeo arterial essencial consideraccedilotildees sobre o diagnoacutestico e tratamento de enfermagem na consulta Rev Enf UERJ v3 n1 p71ndash76 1995 CUNHA VF et al Natildeo adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo 2005 Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes57cberesumos1228htmgt DEMO P Pesquisa Princiacutepios cientiacuteficos e educativos 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 DUARTE SV amp FURTADO MSV Manual para Elaboraccedilatildeo de Monografias e Projetos de Pesquisas 3 ed Montes Claros Unimontes 2002 p 28 GIORGI DMA Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev bras hipertens13(1)47-50 jan-mar 2006 Disponiacutevel em lt httpbasesbiremebrgt GIROTTO E Adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na aacuterea de abrangecircncia de uma unidade de sauacutede da famiacutelia Londrina PR 2007 Disponiacutevel em httpbibliotecadigitaluelbrdocumentcode=vtls000129935 GUYTON AC Fisiologia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2000 Instituto Nacional do Cacircncer ndash INCA Inqueacuterito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis 2004 JACOB Joelma Mudanccedila Organizacional - um estudo de caso utilizando uma abordagem cognitiva Santa Catarina 1996 Dissertaccedilatildeo ( Mestrado) Disponiacutevel lt http wwwepsufscbrgt JARDIM PCBV amp JARDIM T SV Modelos de estudos de adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertens vol13(1) 26-29 2006 KUNCL N NELSON K M Antihypertensive drugs ndash balancing risks and benefits Nursing p46ndash49 1997 LEOPARDI MT Metodologia da pesquisa na Sauacutede 2 ed rev e atual Florianoacutepolis UFSCPoacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem 2002 290p LOLIO AC Rev Sauacutede puacutebl Satildeo Paulo 24 (5) 425 ndash 32 1990 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrspv24n512pdf MACHADO CA Adesatildeo ao tratamento ndash Tema cada vez mais atual Rev Bras Hipertensvol15(4)220-221 2008 Disponiacutevel em httpdepartamentoscardiolbr dharevista15-411-comunicacao-breve20pdf

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

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MANO R Hipertensatildeo arterial sistecircmica Manuais de cardiologia 2009 Disponiacutevel em lt httpwwwmanuaisdecardiologiamedbrhashas_Page357htmgt MANZO AJ Manual para la preparacioacuten de monografiacuteas um guia para presentar informes u tesis 2ordf ediccedilatildeo Buenos Aires Humanitas 1973 MARCONI MA amp LAKATOS EM Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas amostragens e teacutecnicas de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2007 MARCON S S et al Comportamento preventivo de servidores da UEM hipertensos e a aderecircncia ao programa de assistecircncia ao hipertenso do ambulatoacuterio Ciencia Y Enfermeriacutea v1 n1 p33ndash42 1995 MARTINS GA amp PINTO RL Manual para elaboraccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos Satildeo Paulo Atlas 2001 MINAYO MCS O desafio do Conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 7 ed Satildeo Paulo Hucitec 2000 269p

MUNtildeOS IS et al Revisatildeo sistemaacutetica de literatura e metanaacutelise noccedilotildees baacutesicas sobre seu desenho interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede An 8 Simp Bras Comun Enferm May 2002 Disponiacutevel em httpwwwproceedingsscielobrscielo

PENAFORT RT et aLO impacto das reaccedilotildees adversas a medicamentos na reduccedilatildeo da adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lt http wwwscielobrgt ROBBINS AKamp COTRAN KV Patologia Bases Patoloacutegicas das Doenccedilas 7 ed Rio de Janeiro Elsevier 2000 RUIZ JA Metodologia cientiacutefica guia para eficiecircncia nos estudos 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2006 SANTOS ASMZ et al Adesatildeo do cliente hipertenso ao tratamento anaacutelise com abordagem interdisciplinar Enferm vol14 no3 Florianoacutepolis JulySept 2005 Disponiacutevel emlt http www scielobr gt SARQUIS L M M et al A adesatildeo ao tratamento na hipertensatildeo arterial anaacutelise da produccedilatildeo cientiacutefica Rev Esc Enf USP v32 n4 p335ndash353 1998 SCHROETER G et alScientia Medica Porto Alegre v 17 n 1 p 14-19 janmar 2007 TRENTINI M TOMASI N POLAK Y Praacutetica educativa na promoccedilatildeo da sauacutede com grupo de pessoas hipertensas Cogitare Enferm v1 n2 p19ndash24 1996 TRIVINtildeOS ANS Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1994 175p

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