bahia depende de recurso federal para a educação
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Estado foi o que mais recebeu recursos do fundebTRANSCRIPT
SALVADORSALVADOR SEGUNDA-FEIRA 27/9/2010A4
REGIÃO METROPOLITANA
Editoria de Arte A TARDE
Bahia Pará Maranhão Ceará Pernambuco
INVESTIMENTOEstados que mais receberam verba doFundeb nos últimos três anos (R$)
27,6mi
1,1 bi
936mi
1,7 bi
757,2mi
1,08 bi
810,3mi
1,41 bi
795,4mi
1,14 bi
776,5mi
1,4 bi
419,6mi
656,2mi
499,3mi
876,5mi
167,5mi
447,7mi
329,5m
428,6m
27,6mi
Editoria de Arte A TAR
2008 2009 2010 até o final do an
Escola Municipal Julieta Viana: caindo aos pedaços
HIEROS VASCONCELOS
Nove estados brasileiros so-licitaram recursos comple-mentares do Fundo de Ma-nutenção e Desenvolvimentoda Educação Básica e de Va-lorização dos Profissionais daEducação (Fundeb), este ano.Destes, a Bahia é o que maisreceberá valores, cerca deR$ 1,766 bilhão.
A necessidade da comple-mentação se dá porque a Ba-hia não conseguiu, com a ar-recadação destinada à educa-ção, este ano, recursos sufi-cientes para atingir o valormínimo nacional determina-do por aluno/ano: R$ 1.414,85,em 2010.
“Atualmente, só é revertidoparaoFundodaEducaçãocer-ca de 5% do nosso PIB. Isso éuma vergonha”, reclama a di-retora do Sindicato dos Pro-fessores (APLB), Ivana Cabral,que diz que a baixa receita éfruto de um descompromissocom a educação no País e noEstado, problema que, segun-do ela, perdura há anos.
Esses 5% do Produto Inter-no Bruto (PIB) baiano soma-rão R$ 3,980 bilhões arreca-dados, até dezembro. Soma-dos com a complementaçãofederal (R$ 1,766 bilhão), che-ga-se ao total ideal que de-veria ser destinado à educa-ção do Estado, em 2010:R$ 5,746 bilhões. O dinheiro édistribuído entre as escolasestaduais e municipais.
Para se avaliar que estados
não chegaram aos valores ne-cessários para a educação e secontabilizar quanto deve serrepassado a cada um, a títulode complementação federalde verba, o fundo faz umaconta simples. Multiplica-se onúmero de estudantes matri-culados no Estado (escolasmunicipais e estaduais) porR$ 1.414,85, que seria o valormínimo destinado a cada es-tudante, em média, por ano.Um determinado percentualé acrescentado a essa conta, atítulo de margem de erro.
RankingA Bahia foi o pior dentre osnove estados que não arre-cadaram o suficiente para fa-zer frente ao valor mínimodestinado à educação, em2010. Os outros oito são Pará,Maranhão, Ceará, Pernambu-
co, Piauí, Paraíba, Alagoas eAmazonas, respectivamente.Os dados que demonstram osvalores repassados estão dis-poníveis no site do Fundo Na-cional de Desenvolvimentoda Educação (FNDE).
MilhõesDe todos os nove estados de-ficitários, a Bahia é o que temmais alunos. Segundo dadosfornecidos pelo Fundeb e re-ferentes a 2010, existem naBahia quase quatro milhõesde alunos matriculados (sãoexatos 3.808.237 estudantes).Apenas em Salvador, são cer-ca de 150 mil.
A grande quantidade dealunos na Bahia é, por umlado, um indicativo de que oEstado vem conseguindo le-var os jovens às salas de aula.Porém, também eleva a res-ponsabilidade das secreta-riasmunicipaiseestaduaisdeEducação no que tange à qua-lidade desse ensino oferecidoe da estrutura demandada.
Ivana Cabral, da APLB,aponta vários problemas a se-rem solucionados, tanto noâmbito estadual quanto mu-nicipal. Segundo ela, não fos-sem os recursos adicionais doFundeb, a situação seria di-fícil de ser administrada. “OEstado não tem professoressuficientes para assumir o en-sino médio e profissionali-zante. Quando precisamos delicença, os alunos ficam semaula porque não tem substi-tutos”, exemplifica.
Fotos Luciano da Matta / Ag. A TARDE
A falta de gerência dos recursos impacta na estrutura e qualidade das escolas
A receita deSalvador e a dosmunicípiosbaianos foraminsuficientespara atingir ovalor mínimoaluno/anoestipuladopelo MEC
ENSINO Nove estados recorreram ao fundo, este ano. Dentreeles, a Bahia é o que mais precisa de dinheiro: R$ 1,766 bilhão
Educação na Bahiaé dependente derecursos do Fundeb
Professores têm que superar faltade estrutura e outras dificuldadesA Escola Municipal JulietaViana, na Avenida HeitorDias, tem 620 alunos e a úl-tima reforma foi em 1994,quando ela ainda era da redeestadual. Hoje, as criançasprecisam conviver com umaestrutura precária, com pare-des sujas, carteiras deteriora-das e ausência de espaço delazer. “O que compensa é oambiente de trabalho. Sem-pre digo que quem faz umaescola são as pessoas que es-tão nela”, remedia a diretoraEdvanil Fonseca.
Apesar da falta de investi-mentos, a diretora explica
que o Indice de Desenvolvi-mento da Educação Básica(Ideb) - o principal medidorda educação e que leva emconta o rendimento escolar -subiu de 2,6, em 2005, para 4,3no ano passado. “O problemaaqui são questões de estru-tura mesmo. Mas desde quehouve a municipalização oIdeb só tem aumentado”,acrescenta Edvanil.PromessaDe acordo com a SecretariaMunicipal de Educação, Cul-tura e Lazer (Secult), a escolaé uma das mais problemá-ticas da rede municipal, no
quesito da estrutura. A pro-messa é que a unidade já estápassando por intervençõestécnicas para ser reformada.
De acordo com o subsecre-tário da Secult, Eliezer Cruz,apesar da dificuldade de ar-recadação,em2009foramin-vestidos em estruturas físicasdos colégios quase R$ 25 mi-lhões. “É ainda pouco pertodo que temos que investir.Mas, nos últimos anos, tínha-mos uma média de R$ 8 mi-lhões. Quase dobramos”. Das418 escolas existentes, 76 fo-ram reformadas no ano pas-sado, acrescentou.
Editor-coordenadorCláudio Bandeira
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Entenda comoé composta aarrecadaçãodo fundo
O Fundo de Manutenção e De-senvolvimento da EducaçãoBásica e de Valorização dosProfissionais da Educação(Fundeb) é formado por re-cursos municipais, estaduaise federais. Portanto, não sepode dizer que seja um fundofederal, mas, sim, criado apartir do compartilhamentode várias instâncias. Os mu-nicípios e os estados reco-lhem parte do que lhes cabeem impostos para o fundo.
O montante arrecadado ésempre de 20%. No caso domunicípio, os impostos queentram nessa relação são: IP-VA, FPM, IPIexp, ICMS e ITR.No tangente ao Estado, sãoretirados 20% do montantearrecadado dos seguintes im-postos: ITCMD, ICMS, IPVA,FPE e IPIexp.
A parte do Estado da Bahia,este ano, para o Fundeb, deveficar na casa dos R$ 1,9 bilhão.Já os 417 municípios baianosdevem arrecadas para o Fun-do algo em torno de 2,073 bi-lhões, em 2010.
O superintendente de Ad-ministração Financeira da Se-cretaria de Fazenda do Estadoda Bahia (Sefaz), Olintho Oli-veira, informa que os 20% dareceita do Estado são devida-mente depositados no Fundo.“A questão da arrecadação oEstado cumpre plenamente”,garante ele.
Salvador prevê arrecadarpara o fundo, este ano, cercade R$ 232 milhões. “Numa ci-dade com a dificuldade de ar-recadação que tem, temosconseguido muito”, diz o sub-secretário de Educação, Cul-tura, Esporte e Lazer, EliezerCruz.