bacia hidrográfica como intrumento pedagógico

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Belo Horizonte 2011 Antônio Thomaz Gonzaga da Mata Machado Daniela Campolina Vieira José de Castro Procópio Marcus Vinicius Polignano Organizadores

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Documento gerado pelo projeto Manuelzão sobre a utilização de bacias hidrográficas para o ensino.

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Belo Horizonte

2011

Antônio Thomaz Gonzaga da Mata Machado Daniela Campolina VieiraJosé de Castro Procópio

Marcus Vinicius PolignanoOrganizadores

B125

Bacia hidrográfica como instrumento pedagógico para a transversalidade.

Org.: Antônio Thomaz Gonzaga da Matta Machado, Daniela Campolina Vieira, José de Castro Procópio, Marcus Vinícius Polignano. Belo Horizonte: Instituto Guaicuy, 2011. 96p.:il.

ISBN 978-85-98659-09-1

Bibliografia.

1.Geociências; 2.Meio Ambiente. 3.Bacia hidrográfica. 4.Mobilização social. 5.Curso pedagógico 6.Educação ambiental. 7. Metodologia e pesquisa. I. Matta-Machado, Antônio Thomaz Gonzaga. II. Vieira, Daniela Campolina. III. Polignano, Marcus Vinícius.

CDU: 577.64

FICHA TÉCNICA

Universidade Federal de Minas GeraisReitor: Clélio Campolina Diniz Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton Pró-Reitora de Extensão: Efigênia Ferreira e FerreiraDiretor da Faculdade de Medicina: Francisco José PennaVice-Diretor da Faculdade de Medicina: Tarcizo Afonso Nunes

Editores e organizadores Antônio Thomaz Gonzaga da Matta MachadoDaniela Campolina VieiraJosé de Castro Procópio Marcus Vinícius Polignano

AutoresParte I: Antônio Thomaz Gonzaga da Matta Machado; Marcelo

Pereira Rodrigues.Parte II: Daniela Campolina Viera; Marcelo Pereira Rodrigues.Parte III: Daniela Campolina Vieira; Thamiris Lopes ChavesParte IV: Daniela Campolina Vieira; Marcus Vinicius Polignano;

Bianca Moreira Mariquito Naime Silva. Parte V: Daniela Campolina Vieira; Lussandra Martins Gianasi;

Thaís Cristina Pereira da Silva.

ColaboradoresAlcione Aguiar Souza, Carla Wstane de Souza Moreira,Juliana França, Pedro Henrique Pereira Lacerda; Clarissa Bastos Dantas

Projeto Gráfico e ArteProcópio de Castro

RevisoresAntônio Thomaz Gonzaga da Matta MachadoEugênio Marcos Andrade GoulartPaulo Barcala Peixoto

Instituto Guicuy – SOS Rio das Velhas/Projeto Manuelzão – UFMG Sede: Faculdade de Medicina – Av. Alfredo Balena, 190 – Sl. 808 – Santa Efigênia – CEP 30130-100 – BeloHorizonte – MG – www.manuelzao.ufmg.br Informações: (31) 3409-9818 - [email protected]

Copyright © Instituto Guaicuy – SOS Rio das Velhas

É permitida a reprodução de trechos deste livro, desde que citados os nomes dos autores e a fonte.

Foz do rio das Velhas na Barra do Guaicuí - Expedição2009. Foto: Carlos Bernardo Mascartenhas Alves

Ficha catalográfica elaborada por Júlio César Amorim

SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO

PARTE I - INTRODUÇÃO

Projeto Manuelzão

Histórico

Caracterização da bacia do rio das Velhas

Metodologia e atividades do Projeto Manuelzão

Meta 2010 e Meta 2014

Referências bibliográficas

PARTE II – BASES CONCEITUAIS

Meio Ambiente

Conceitos

A crise ambiental

I – Aquecimento GlobalII – Camada de ozônio e chuva ácidaIII – Resíduos sólidos, líquidos e

atmosféricos IV – Crise energética V – Perda da biodiversidade VI - A crise dos alimentos e da água

Noções de bacia hidrográfica

Ciclo da águaUsos da águaClassificação de corpos d’águaImportância do enquadramentoMetodologia Classificação das Águas DocesClassificação de corpos d’água no rio das VelhasÁrea de Proteção Permanente (APP) Referências bibliográfica

PARTE III – EDUCAÇÃO E GESTÃO PARTICIPATIVA DE BACIA: BASES TEÓRICAS E LEGAIS

Aspectos Legais

A Legislação Ambiental no Brasil

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“Alma de gato” em limoeiro localizado em área urbana. Foto: Procópio de Castro

Educação Ambiental e a Educação Formal

Educação e construção da transversalidade: bases históricas

Crítica ao ensino cartesiano: visão cartesiana x visão sistêmicaUm novo caminhoO que ensinar e como ensinar? Os 4 pilares da educaçãoO “Relatório Delors” e os Quatro Pilares da EducaçãoReferências bibliográficas

PARTE IV: BACIAS HIDROGRÁFICAS COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO

Bacia hidrográfica e os temas transversais

Bases Curriculares para trabalhar bacia hidrográfica

ArtesBiologiaEducação FísicaFilosofia e SociologiaFísicaGeografiaHistóriaLíngua PortuguesaMatemáticaQuímica

Referências bibliográficas

PARTE V – PROPOSTA DE AÇÃO

Roteiro de Mapeamento participativo para professores

Glossário

Siglas

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Lagoa Santo Antônio em Pedro Leopoldo pertencente aoaquífero de águas suberânes do Carste de Lagoa Santa.

Foto: Erick Wagner Sangiorgi

Navegando no baixo rio das Velhas - Expedição 2009.Foto: Marcelo Andrê

Apresentação

O Projeto Manuelzão nasceu na UFMG, em1997, com o objetivo de recuperar a bacia hidrográfica do rio das Velhas. Ao longo demais de uma década, conseguiu gradativamente elaborar uma metodologiapara enfrentar os desafios de restauração derios e bacias degradados pela ação humana.Através da mobilização social, da educaçãoambiental, da participação política em órgãos e conselhos ambientais mineiros ebrasileiros e da investigação científica, construiu uma trajetória bem sucedida nabacia do rio das Velhas. O principal resultado foi a alteração de uma dinâmica decrescente poluição dos cursos d’água dabacia para outra, de forte investimento econômico, político, social e afetivo na recuperação da bacia. A Meta 2014 prevêNavegar, Pescar e Nadar no trecho metropolitano do rio das Velhas naqueleano. Atualmente é o trecho mais poluídoentre todas as bacias do estado de MinasGerais.

Esta publicação resulta de um esforço de síntese dessa trajetória, apresentando os conceitos que norteiam as ações do projetoManuelzão, demonstrando a possibilidadede enfrentar os desafios da crise ambiental,em seus aspectos relativos à crise da água, à perda da biodiversidade e à mitigação dapoluição produzida por esgotos domésticos,lixo e outros resíduos. A mobilização social e política, ao lado da educação ambientalem torno da “volta do peixe” ao rio das Velhas, ilustra esta síntese e pode ser realizada em qualquer bacia do planeta.

A gestão participativa de territórios exige aconstrução de redes de ideias e ideais emtorno de instituições e ações. As escolas são pontos muito importantes dessa rede,

"Sertão velho de idades. Porque - serra pedeserra - e dessas, altas, é que o senhor vê bem: como

é que o sertão vem e volta. Não adianta se dar ascostas. Ele beira aqui, e vai beirar outros lugares, tão

distantes. Rumor dele se escuta."

João Guimarães Rosa

Rio Cipó: águas com qualidade, biodiversidade aquática ematas ciliares preservadas. Foto: Procópio de Castro

pois, mais do que sensibilização e informação, elas são capazes de auxiliarna construção de uma visão crítica dos alunos e da comunidade, necessária à promoção de ações de revitalização de rios. Discussões sobre educação existentes na atualidade, tais como educação contextualizada, importância daformação do sujeito integral e a multi/transdisciplinaridade, são desafios que podem ser colocados na prática da escola, através da aplicação de uma abordagem ecossistêmica de gestão daságuas, tendo o território bacia hidrográficacomo principal instrumento pedagógico.

O presente volume ousa apresentar propostas de educação ambiental que procuram superar as limitações existentesem se trabalhar apenas o que consta no livro didático, seguindo-o à risca como ummanual no qual não é possível pular partese/ou remanejar conteúdos. Propõem-se práticas que introduzam as temáticas água e bacia hidrográfica na disciplina, entre asdisciplinas e além da disciplina. Não hácomo abordar água e bacias hidrográficassem discutir política, ocupação urbana, agricultura, qualidade de vida, gestão participativa e cidadania.

Um esforço inicial resultou, no final da publicação, em um roteiro de sugestões para diversas disciplinas incorporarem água e bacia hidrográfica como temas transversais. Esse resultado não pretende se constituir em um manual hermético; aocontrário, é um convite aos professores detodos os graus a exercerem seu potencial de crítica para a elaboração de sugestõesmais completas e coerentes com as diversas disciplinas.

Os organizadores

Histórico

O Projeto Manuelzão surgiu na Facul-dade de Medicina da Universidade Federalde Minas Gerais – UFMG e vem atuando nabacia do rio das Velhas desde 1997. O pro-jeto surgiu da percepção de médicos e alu-nos participantes do programa de InternatoRural de que a promoção da saúde está in-timamente ligada ao meio ambiente. Ao es-colher a bacia hidrográfica como foco dasações, o projeto ressalta a importância detrabalhar a saúde coletiva de forma dinâ-mica e integrada. O histórico das experiên-cias desses professores e estudantesrevelou que não bastava, medicar a popu-lação; era preciso combater as causas dasdoenças. A partir da percepção de que asaúde não deve ser apenas uma questãomédica, foi esboçado o horizonte de traba-

lho do Projeto Manuelzão: lutar pela “voltado peixe” no rio das Velhas e por melhoriasnas condições ambientais, com o intuito depromover qualidade de vida, rompendocom uma prática médica predominante-mente assistencialista e construindo – emuma visão transdisciplinar e através de umaequipe multidisciplinar – a gestão participa-tiva na bacia do rio das Velhas. (PROJETOMANUELZÃO, 2011a).

A bacia hidrográfica do rio das Velhas foiescolhida como foco de atuação. Essa foiuma forma de superar a percepção munici-palista das questões ambientais. A baciapermite análise sistêmica1 dos problemas edas necessidades de intervenções de recu-peração ambiental. Para que essa metodo-logia de trabalho fosse desenvolvida, foinecessário construir parcerias com os mu-

Projeto Manuelzão

PARTE I - INTRODUÇÃO

1 - Uma análise sistêmica envolve o organismo inteiro, neste caso, a bacia é analisada em sua totalidade, sem divisão emsuas análises, que prejudicam a sua compreensão. Mais detalhes serão dados sobre visões sistêmicas na Parte III do pre-sente texto.

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Antônio Thomaz Gonzaga da Matta Machado; Marcelo Pereira Rodrigues.

nicípios compreendidos na bacia, com o go-verno do estado, com empresários e com asociedade civil organizada.

A parceria com a sociedade cresceuconsideravelmente ao longo da existênciado Projeto Manuelzão, sobretudo no âm-bito dos Núcleos Manuelzão distribuídospela bacia. Esses Núcleos geralmente con-tam com a participação da sociedade civil,representantes do poder público e de usuá-rios de água. Seu objetivo é discutir e pro-mover atividades relacionadas às questõesambientais locais.

O Projeto Manuelzão tem como obje-tivo operacional de promover o seu imagi-nário, estimulando a “volta do peixe” ao riodas Velhas. A “volta do peixe,” em uma lin-guagem metodológica, é o eixo estruturadordo projeto. O quadro teórico do projeto

parte do pressuposto de que a saúde cole-tiva precisa incorporar a crise ambiental emseu corpo de conhecimento. Crise esta en-tendida como o absurdo de o planeta Terraser gerido por ambições nacionais que pro-movem a extração predatória de riquezasnaturais, a biodiversidade sendo substituídapela monocultura, o consumismo, o des-perdício e a miséria, ou seja, a insustenta-bilidade de nosso modelo político-socio-eco nômico. (LISBOA, 2008)

Caracterização da bacia do riodas Velhas

A bacia hidrográfica do rio das Velhasestá localizada na região central do estadode Minas Gerais, entre as coordenadas 17o

15’e 20o 25’ S - 43o 25’ e 44o 50’ W, apre-sentando uma forma alongada na direçãonorte-sul. O rio das Velhas tem sua nascenteno município de Ouro Preto, desaguando norio São Francisco, depois da cidade de Pira-pora, na localidade denominada Barra doGuaicuy. Possui cerca de 802 km de exten-são, 38,4 m de largura média, drenandouma área de 29.173 km2.

Integram a bacia do rio das Velhas di-versos municípios, sendo sua população

Visita a campo de membros do Núcleo Manuelzão do Córrego Santinha. Foto: Acervo Projeto Manuelzão.

Mapa da bacia do Rio São Francisco e inserção da sub-baciado rio das Velhas. Fonte: <http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/Textos%20educacao/Bacia%20do%20Rio%20das%20Velhas.pdf>, 2011.

Dourados pescados próximo à ponte de Inimutaba.Foto: Marcelo Andrê.

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Bacia do Rio das Velhas. Fonte: Projeto Manuelzão

total de cerca de 4,5 milhões de habitantes(Polignano et al., 2001). Esses municípiostêm importância econômica (42% do PIBmineiro) e social significativa, devido à sualocalização, que inclui a maior parte da Re-gião Metropolitana de Belo Horizonte(RMBH) . Além disso, boa parte da bacia doRio das Velhas está localizada no Quadrilá-tero Ferrífero, uma área crítica2 devido aosinúmeros empreendimentos de minera-ção.(Polignano et al., 2001).

Metodologia e atividades doProjeto Manuelzão

A metodologia utilizada pelo ProjetoManuelzão busca articular: (i) a ação educa-tiva, (ii) a mobilização social, (iii) a mobiliza-ção política e (iv) a pesquisa científica nabacia do rio das Velhas, de forma que, jun-tas, possam favorecer a volta do ecossis-tema aquático às condições mais próximaspossíveis àquelas de um rio natural, inseridoem sua bacia hidrográfica.

As informações obtidas por meio dapesquisa científica desenvolvida pela equipedo Manuelzão são utilizadas em um con-junto de ações educativas que resultam emuma série de atividades e materiais didáti-

cos, tais como: (i) ações em conjunto comsociedade civil local, usuários e poder pú-blico, por meio dos núcleos Manuelzão edos subcomitês de bacia vinculados ao Co-mitê da Bacia do Rio das Velhas; (ii) divulga-ção de resultados por meio do site, darevista do Projeto Manuelzão, de periódicoscientíficos, livros e cartilhas; (iii) cursos paraeducadores e atividades nas escolas públi-cas da bacia; (iv) participação de estudan-tes de graduação e pós-graduação dediversas áreas científicas com a proposta deformar cidadãos pesquisadores em umaperspectiva transdisciplinar, voltada à buscade soluções para os problemas ambientaisda bacia do rio das Velhas.

A mobilização social ocorre principal-mente pelo apoio às ações dos núcleos Ma-nuelzão e dos subcomitês de baciavinculados ao Comitê da Bacia Hidrográficado rio das Velhas (CBH-Velhas). Os núcleossão grupos locais que agregam principal-mente lideranças comunitárias e escolas in-teressadas na melhoria da qualidade de vidae do ambiente em seu entorno. As lideran-ças procuram se articular com o poder pú-blico e com as empresas, em busca daconstrução da gestão participativa nas mi-crobacias. Os núcleos, além de avaliarem aspolíticas públicas aplicadas à bacia hidro-gráfica e desenvolverem várias atividades deeducação ambiental, funcionam como fó-runs de discussão, elaboração e execuçãode metas relativas à gestão das águas.(PROJETO MANUELZÃO, 2011b)3. Os nú-cleos mais atuantes hoje se localizam na Re-gião Metropolitana de Belo Horizonte. Osdemais Núcleos, localizados em sub-baciasfora da região metropolitana, conquistaramsua autonomia e transformaram-se em sub-comitês de Bacia. Os subcomitês das bacias

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2 - O Quadrilátero Ferrífero é uma das maiores reservas de ferro do mundo e possui áreas de grande biodiversidade, comconsiderável endemismo principalmente nas formações vegetais de campos rupestres. Por isso é uma área de disputaentre mineradoras e movimentos a favor da preservação.3 - Para mais informações sobre os Núcleos Manuelzão, consulte a revista Manuelzão Nº 61. Disponível em:<http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/revista/Revista%20Manuelzao%2061%20-%20site4.pdf>.

Monitoramento Ambiental Participativo. Controle da quali-dade da água por bioindicadores. Foto: Sílvia Magalhães.

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Mapas de abrangência dos núcleos Manuelzão das bacias dos ribeirões do Arrudas e Onça localizadas na Região Metropolitanade Belo Horizonte. Por: Pedro Henrique Barros - Nuvelhas Manuelzão.

de afluentes do rio das Velhas que atraves-sam a capital (ribeirão Arrudas e ribeirãoOnça) atuam em parceria com os NúcleosManuelzão, uma vez que estes funcionamcomo poder local de mobilização (microba-cia), compartilhando ideais e objetivos e in-tegrando um território maior (sub-bacias ebacia do rio das Velhas).

Além de atividades constantes de mo-bilização social junto a núcleos e subcomi-tês, o Projeto Manuelzão realiza açõesesporádicas como as Expedições Manuelzão eos FestiVelhas. Estas atividades alcançam umpúblico maior ao longo da bacia e objetivam

divulgar os ideais do Projeto Manuelzão,reunindo pessoas e grupos que trabalhamjunto ao Projeto, e também sensibilizandoa comunidade ribeirinha a aderir à causaambiental, à ideia de mudança do para-digma civilizatório4 em prol de melhorias naqualidade ambiental e, consequentemente,de vida em toda a bacia do rio das Velhas.

As atividades de pesquisas científicassão realizadas de forma transdisciplinarcom a colaboração de profissionais de dife-rentes áreas (Saúde Coletiva, Comunicação,Botânica, Ecologia, Geografia, Geologia) vi-sando: (i) a recuperação de mata ciliar emáreas degradadas, (ii) recuperação de voço-rocas, (iii) biomonitoramento da qualidadedas águas e biodiversidade aquática, (iv)vazão ecológica a jusante de barramentoshidroelétricos, (v) recuperação hidroam-biental de nascentes e (vi) levantamento deinformações sobre a coleta e tratamento dolixo, coleta e tratamento de esgoto e dacondição de saúde da população na baciado rio das Velhas.

Meta 2010 e 2014

Em 2003, durante a primeira expediçãoque desceu o rio das Velhas até o rio SãoFrancisco5, realizada pelo Projeto Manuel-zão, foi proposta a Meta 2010: Navegar, Pes-car e Nadar no trecho mais poluído do riodas Velhas – na passagem do rio pela RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte (RMBH).Tal proposta foi assumida pelo então go-vernador de Minas Gerais em março de2004, que posteriormente a transformou emPrograma Estruturador do Estado. Foramrealizados investimentos políticos, adminis-trativos e financeiros pelo governo estadual,Projeto Manuelzão/UFMG, prefeituras demunicípios da bacia e algumas empresas. Aatuação e participação da sociedade civil na

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Barqueata na chegada da Expedição Manuelzão 2009 àfoz do rio da Velhas. Foto: Carlos Bernardo Mascare-nhas Alves.

4 - O projeto Manuelzão entende por novo paradigma civilizatório a mudança de mentalidade na qual o antropocentrismoseja substituído pelo biocentrismo, ou seja, que ocorra uma convivência entre o homem e outros seres vivos, não tendoo homem o papel central, mas sim de uma das espécies que integram a grande teia interdependente da vida. 5 - Para saber mais acesse: <http://150.164.90.128/expedicoes/expedicao_2003>.

Festivelhas Manuelzão em Jequitibá em 2007 - Circo do lixodo Grupo Galpão. Foto Daniel Iglesias.

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Área da Meta 2010 - Compreendida da sub-bacia do rio do Itabirito até a foz do rio Jequitibá. Fonte: Projeto Manuelzão.

Meta 2010 foi fundamental para que o go-verno a aprovasse. O foco de atuação foi aregião mais poluída da bacia do rio das Ve-lhas, que vai da sub-bacia do rio Itabirito atéa foz de ribeirão Jequitibá.

As ações neste trecho são fundamen-tais para a recuperação de toda a bacia eenvolvem obras de saneamento, educaçãosocioambiental, mobilização social e outrosinvestimentos em revitalização de bacias,tais como: a eliminação de lançamentos deesgotos em redes pluviais e córregos, a im-plantação e ampliação das Estações de Tra-tamento de Esgoto (ETEs), a disposiçãoadequada de resíduos sólidos e a recupera-ção da vegetação natural e matas ciliares.Essas ações só ocorrerão com investimen-tos do poder público tanto na esfera esta-dual como nas esferas municipais e deparceiros interessados como empresas desaneamento.

A Meta 2010 foi parcialmente contem-plada. O Rio das Velhas não está exata-mente limpo, mas houve avanços quemelhoraram muito a sua condição. Abaixosegue a análise de dados/situações que in-fluenciaram nesse resultado parcial.

�A volta do peixe: Dados do biomoni-toramento que vem sendo realizado, hámais de dez anos, pelo Núcleo Transdisci-

plinar e Transinstitucional pela Revitaliza-ção da Bacia do rio das Velhas/Projeto Ma-nuelzão comprovam que peixes, antesausentes, estão hoje chegando à RMBH.Pescadores relataram a presença de ma-trinxãs, dourados e piaus até próximo deNova Lima, e a equipe de biomonitora-mento do Projeto Manuelzão comprova,por meio de pesquisas realizadas entre2000 e 2007, o aumento da área de distri-buição de várias espécies de peixes comopode ser observado na tabela 1:

Mas, apesar da volta do peixe em re-giões do rio das Velhas, ainda há casos demortandade dos mesmos. Estas são cons-tantemente denunciadas por ribeirinhosparticipantes do projeto Amigo do Rio/Pro-jeto Manuelzão.

�Melhoria na média de DBO: Os

Tabela 1: Aumento na distribuição das espécies de peixeno rio das Velhas.

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Mortandade de peixes no rio das Velhas. Foto: Acervo Ma-nuelzão.

Nado do governador Aécio Neves, no rio das Velhas emSanto Hipólito, em comemoração às melhorias alcan-çadas pela Meta 2010. Foto: Procópio de Castro.

Fonte: Carlos Bernardo Mascarenhas

dados apresentados pelo Instituto deGestão das Águas de Minas Gerais (IGAM)mostram uma melhora relevante na médiade Demanda Bioquímica de Oxigênio(DBO6) no Rio das Velhas, diminuindo de15,2 miligramas por litro, em 2003, para7,6, em 2009 (MINAS GERAIS, 2011).

�Nadar: Nada-se com relativa segu-rança em Santo Hipólito, na região de Cur-velo, no médio curso. Nessa região écomemorado o milagre da multiplicaçãodos peixes e da ressurreição do rio (LIS-BOA, 2010). Mas, na RMBH os rios aindanão possuem balneabilidade.

Em 2003, no lançamento da Meta 2010,eram tratados 5 milhões de m³ de esgoto

provenientes da RMBH. Em 2010 chegarama ser tratados 127 milhões de m³, o que cor-responde a cerca de 70% do esgoto produ-zido na região.

Havia uma dinâmica de poluição cadavez mais acentuada do rio das Velhas, de-vido à falta de prioridades do poder públicoe da falta de conscientização da população.Essa lógica tem sido invertida a partir dolançamento da Meta 2010 sendo que nomomento existe uma dinâmica de despolui-ção.

No final de 2010 foi lançada a Meta

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Afluente do rio das Velhas com água de qualidade para con-tato primário de recreação. Foto: Acervo Projeto Manuel-zão.

Estação de Tratamento de Efluentes do Onça (ETE Onça).Foto: Procópio de Castro.

6 - O parâmetro DBO mede a quantidade de material orgânico presente na água. A diminuição da DBO e o aumento dooxigênio nos rios é um importante fator para a manutenção e reprodução da fauna aquática. Esses dados podem ser com-provados pela volta dos peixes ao Rio das Velhas.

Evolução do tratamento de Esgoto na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Fonte: Copasa - 2010.

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2014, com o intuito de alcançar 100% da re-cuperação esperada para o rio das Velhasdesde o lançamento da Meta 2010. Algumasdiretrizes para esse novo momento estãoprevistas em documento assinado dia 14 deAgosto de 2010, às margens do rio das Ve-lhas, pelo governador Antônio Anastasia,pelo ex-governador Aécio Neves, por diver-sos prefeitos de municípios integrantes dabacia do Velhas – entre os quais Márcio La-cerda (prefeito de Belo Horizonte), secretá-rios de Estado, deputados, coordenadorese membros de Núcleos do Projeto Manuel-

zão e comunidades presentes no evento .

O citado documento7 afirma:

“O objetivo maior da Meta 2014 é a cons-trução de uma sociedade com nova visãode mundo, civilizatoriamente superior,ecossistemicamente adequada às neces-sidades de todas as espécies, verdadeira-mente democrática e justa, abolindofronteiras e preconceitos. As águas e opeixe8 estão cumprindo o papel estraté-gico de guias e inspiradores de uma trans-formação da mentalidade. ”(PROJETOMANUELZÃO ,2011c).

Referências bibliográficas

BRASIL, Congresso Nacional. Lei Federal 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de RecursosHídricos. Brasília, 1997 a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm>. Acesso em:17 maio 2011.

GOULART, Eugênio M.A.(org.). Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais. Belo Horizonte: Instituto Guaicuy- S.O.S Rio das Velhas/ Projeto Manuelzão/UFMG,2005.

LISBOA, Apolo. Projeto Manuelzão/UFMG: as bases conceituais da Meta 2010 e 2014 para o Rio das Velhas. Disponível em: <http://www.manuelzao.ufmg.br/sobreoprojeto/posicionamento/meta-2014>. Acesso em: 10maio 2011.

LISBOA, A.H; GOULART, E. M.; DINIZ, L. F.M. (org.). Projeto Manuelzão: a história da mobilização que começouem torno de um rio. Belo Horizonte: Instituto Guaicuy-S.O.S Rio das Velhas/ Projeto Manuelzão/UFMG,2008.

MINAS GERAIS, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Meta 2010 apresenta avanços e recebe reconhecimento nacional. Disponível em: <http://www.semad.mg.gov.br/noticias/1/1187-meta-2010-apresenta-avancos-e-recebe-reconhecimento-nacional>. Acesso em: 10 ago. 2011.

POLIGNANO, Marcus Vinicius et al. Meta 2010: revitalização do Rio das Velhas. Belo Horizonte: Projeto Ma-nuelzão, 2007.

PROJETO MANUELZÃO. História: Projeto Manuelzão. 2011a. Disponível em: <http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/revista-59.pdf>. Acesso em: 12 maio 2011a.

PROJETO MANUELZÃO. O que são os núcleos? 2011b. Disponível em: <http://www.manuelzao.ufmg.br/mobilizacao/nucleos/o_que_sao>. Acesso em: 23 maio 2011b.

PROJETO MANUELZÃO (Minas Gerais). Documento Compromisso pela revitalização da Bacia do Rio das Velhas.Revista Manuelzão. Belo Horizonte, n. 59, p. 2-3, outubro 2010. Mensal. Disponível em:<http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/revista-59.pdf>. Acesso em: 12 maio 2011c.

7 - É possível visualizar o documento completo no seguinte link: <http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/noticias/documentometa2014assinado.pdf>.8 - A opção pelo peixe é uma estratégia adotada pela percepção da importância metodológica do território de bacia hi-drográfica e das águas. O peixe é um indicador de saúde coletiva ambiental da bacia, incluindo a espécie Homo sapiens,transformado em eixo de mobilização, ao qual está relacionado com o princípio metodológico “o espelho d’água mostraa nossa cara!” Com esta estratégia monitoram-se as transformações ambientais, civilizatórias e avalia-se a gestão pública.

Conceitos

Há vários conceitos e percepções doque seja meio ambiente. Muitos tendem aassociar meio ambiente apenas a fatoresnaturais como água, plantas e animais. Tam-belli citado por Barcelos e outros (2008, p.9)afirma que a palavra ambiente “vem dotermo alemão Umwelt, que significa mundocircundante, ou seja, o mundo das coisaspróximas, e provém do termo latino Ambu-lare, que se traduz por mundo por onde an-damos.” O sentido do termo ambienteprevê uma idéia de proximidade, contato,relação e, ao mesmo tempo, de dinamismo.A Política Nacional de Meio Ambiente (BRA-SIL, 1981) define meio ambiente como “oconjunto de condições, leis, influências e in-terações de ordem física, química e bioló-gica, que permite, abriga e rege a vida emtodas as suas formas”. Em ambas as defini-ções pode-se perceber ambiente com algomais amplo que plantas, água e animais;

não se limitando a esses aspectos apesar deeles fazerem parte do ambiente. Ao pensarem meio ambiente é necessário consideraras relações entre fatores bióticos e abióti-cos, e isso inclui relações políticas, sociais eeconômicas, assim como os ambientesconstruídos a partir destas relações. Os fa-tores bióticos referem-se a outros seresvivos com quem se compartilha o meio am-biente – tanto da mesma espécie como deoutras espécies; os fatores abióticos sãoaqueles do ambiente físico que influemsobre o ser vivo: a temperatura, a umidade,o relevo do terreno, etc.

Almeida (2008) afirma que na Conferên-cia das Nações Unidas sobre o Meio Am-biente, celebrada em Estocolmo em 1972,definiu-se o meio ambiente da seguinteforma: “O meio ambiente é o conjunto decomponentes físicos, químicos, biológicose sociais capazes de causar efeitos diretosou indiretos, em um prazo curto ou longo,

Meio Ambiente

PARTE II – BASES CONCEITUAIS

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Daniela Campolina Viera; Marcelo Pereira Rodrigues.

sobre os seres vivos e as atividades huma-nas”1. O homem faz parte do meio am-biente, por isso interage com ele, interfere esofre as interferências dele. Nada é mais na-tural do que isso e não é diferente do queocorre com outras espécies.

Assim, as questões ambientais são con-sideradas complexas, pois relacionam-secom diversos atores sociais e demandamum certo equilíbrio dinâmico e interdepen-dente, no qual nossas ações influenciamuma rede de outras ações, podendo causardesequilíbrios que afetarão todos os seresvivos em intensidades diferentes, direta ouindiretamente. O conhecimento dessaenorme rede de relações chamada meioambiente favorece a tomada de decisãoconsciente, assim como a mudança damentalidade civilizatória, um dos objetivosdo Projeto Manuelzão. Para aprofundarmosna idéia de que a sociedade integra, inter-preta e modifica constantemente este am-biente, Cássio Viana Hissa nos lembra que o“ambiente é feito de olhos do ser, social, pro-duto da relação entre os homens [...]. No in-terior do corpo aparentemente apenasfísico do ambiente, a história social se apro-pria dos demais conteúdos de corpo para quese faça ambiente”. (HISSA, 2008). Portanto,ao pensarmos em meio ambiente, é neces-

sário considerarmos o modo de vida da so-ciedade contemporânea e que este é res-quício de um modelo global de racionalidadecientífica que influenciou a crença da infali-bilidade da ciência e a vida em sociedadepautada na luta competitiva a favor, pri-mordialmente, do crescimento econômicoe tecnológico.

É nesse contexto que se vê a necessi-dade de construir e reconstruir conceitos,interligando-os aos nossos modos de rela-cionar-nos com o ambiente, suas causas esuas consequências. E, assim, pensar emuma atuação no espaço que possibilite umagestão sistêmica, pautada na solidariedadee no pensamento que inclua diversos espa-ços físicos, pessoas e setores da sociedadeatual como, por exemplo, a gestão por ba-cias hidrográficas.

A Crise Ambiental

Atualmente a questão ambiental tem setornado uma preocupação importante nocenário mundial. O desenvolvimento eco-nômico eleva o consumo de recursos natu-rais em ritmo mais acelerado do que suarenovação, e resíduos são gerados emquantidades superiores ao que pode ser in-tegrado ao ciclo natural. (MORAES, 2002;

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1 - Para o ser humano, o meio ambiente é uma fonte de recursos naturais, como água e gás oxigênio, um lugar onde se rea-lizam atividades produtivas, como lavouras e criação de animais, e um receptor de resíduos, já que os poluentes são lan-çados nele.

Córrego Biquinha em Belo Horizonte. Foto: Acervo Ma-nuelzão.

Seleção de materiais recicláveis em usina de resíduos em Pru-dente de Morais. Foto: Acervo Manuelzão.

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MATTA-MACHADO, 2008). As preocupaçõescom o meio ambiente são pertinentes, pois,como lembra Capra (2005), estamos nos de-frontando com problemas ambientais quetêm danificado a biosfera e a vida humanaintensamente, de tal forma que estes danospodem se tornar, em um futuro não muitodistante, irreversíveis. Por isso são proble-mas sistêmicos, pois são interligados e in-terdependentes. Para Capra (2005), ahumanidade está passando por uma “crisede percepção” devido à visão obsoleta demundo e a uma percepção reducionista darealidade, o que alimentou o individualismo,o consumismo e a exaltação da questãoeconômica, associando-a a um sinônimo deprogresso/crescimento. Essa percepção ob-soleta, o pensamento que a sustenta e osvalores nela arraigados contribuíram para aintensificação de problemas ambientais.

Os principais problemas ambientais glo-bais, de acordo com Paula (1997), podemser agrupados em seis grandes temas :

I – Aquecimento Global – a emissãopermanente de dióxido de carbono, metanoe óxidos nítricos, principalmente pelaqueima de combustíveis fósseis (meios detransporte, indústrias e geração de energiaelétrica), têm provocado o aquecimentoexacerbado do planeta, acelerando um pro-cesso que deveria ser lento, natural e es-sencial para a manutenção da vida na Terra:o efeito estufa. A elevação da temperatura,

além de interferir na dinâmica de váriosecossistemas, podendo causar inclusive aextinção de espécies que não são adapta-das a esse aquecimento, acelera o derreti-mento das calotas polares e provoca aelevação do nível dos oceanos, o que po-derá causar inundações e catástrofes emtodo o planeta;

II – Camada de ozônio e chuvaácida – a emissão dos clorofluorcarbone-tos (CFCs) provoca a diminuição da espes-sura da camada de ozônio, interferindo nafiltragem das radiações ultravioletas, o quepode causar deficiências imunológicas ecânceres de pele nos seres humanos, alémde danos aos ecossistemas. A chuva ácida éconsequência da concentração de dióxidode enxofre na atmosfera, decorrente de pro-cessos industriais;

III – Resíduos sólidos, líquidos e at-mosféricos – as cidades se transformaramno principal habitat dos seres humanos.Esses ambientes artificiais, com alta con-centração demográfica, exigem, em suas in-dústrias e nas vias de transporte, a queimade combustíveis que são lançados na at-mosfera. Embalagens e restos alimentaressão produzidos em grande escala e lança-dos no solo e nos rios. (FORATTINI,1991).Os esgotos domésticos e industriais semtratamento tornam-se uma ameaça à quali-

Poluição industrial na bacia do rio das Velhas. Foto: MarceloAndrê.

A chuva ácida provoca corrosão generalizada e perda da bio-diersidade.Ilustração: Procópio de Castro.

dade ambiental, assim como à saúde e àqualidade de vida das pessoas;

IV – Crise energética – a crise do pe-tróleo dos anos setenta do século passadoalertou a humanidade para o esgotamentodos recursos naturais e para o desperdício,exigindo a busca de fontes alternativas e denovos hábitos de vida. A crise brasileira de2000/2001, conhecida como “apagão”, con-firmou essa tendência, pela escassez deágua nas hidrelétricas. Além do fato de quemesmo estas, que são consideradas por al-guns como energia limpa, causam vários im-pactos durante a construção e manu -tenção, interferindo na dinâmica dos rios,podendo desmatar áreas com vegetaçãonativa e deslocar comunidades inteiras deseus locais de origem;

V – Perda da biodiversidade – alémde representar importante reserva genéticaainda desconhecida, e por isso podendoabrigar princípios ativos para a cura de vá-rias doenças, a biodiversidade é essencialpara a manutenção de ecossistemas. A ex-tinção de espécies animais e vegetais pre-nuncia ameaças à própria sobrevivência daespécie humana;

VI – A crise dos alimentos e da água– a necessidade crescente de alimentosexige o aumento da produtividade na agri-cultura e produção animal, além do desen-volvimento de tecnologias para o seu

armazenamento e conservação. Os resulta-dos são alimentos contaminados com todotipo de produtos químicos e resíduos sóli-dos, líquidos e gasosos. A Organização dasNações Unidas para a Agricultura e Alimen-tação (FAO) afirma que, no ano de 1996, jáexistia um estoque de alimentos com capa-cidade de atender reais necessidades deuma dieta de 2.700 calorias/pessoa/dia(considerada ideal). Farias e outros autores(2002) afirma que a resolução de problemasreferentes à alimentação no mundo nãoestá propriamente no desenvolvimento denovas tecnologias, para alcançar níveis ex-traordinários de produtividade agrícola. Amá distribuição de alimentos e o grandedesperdício são fatores importantes quedevem ser levados em consideração ao sepensar o abastecimento mundial. O des-perdício ainda é maior nas cadeias produti-vas em que os produtos são altamenteperecíveis, como o caso de frutas e hortali-ças.

A crise da água no século XXI é consi-derada por muitos especialistas como o re-sultado de um conjunto de problemasambientais agravados pela relação com aeconomia e o desenvolvimento social.(GLEICK, 2000; TUNDISI 2008). O cresci-mento econômico não deve se dar a qual-quer custo. É necessária a criação de umnovo modelo de desenvolvimento em que a

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Fontes energéticas alternativas consideradas limpas. Todascom prós e contras. Fotomontagem de imagens da internet.

Mata remanescente localizado no bairro Planalto em BeloHorizonte, sob ameaça do setor imobiliáreo. Foto: Procó-pio de Castro.

MARÉS EÓLICA

BIOGÁS SOLAR BIOCOMBUSTÍVEL

HIDRELÉTRICA

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qualidade de vida das populações atuais efuturas seja garantida. (TUCCI, 2008). Dessaforma será evitável o esgotamento da poucaágua doce, líquida e potável que ainda nosresta para todas as demandas da sociedadee para garantir a preservação da vida silves-tre. (COLOMBO, 2006; TUNDISI, 2008).

A água, até recentemente vista comorecurso inesgotável, começa a se tornar es-cassa em vários pontos do planeta, não sópelo crescimento das populações em re-giões historicamente desprovidas de recur-sos hídricos, mas também pela sistemáticapoluição dos rios com esgotos humanos,efluentes industriais e todo tipo de resíduossólidos; pelo desmatamento generalizado eoutras intervenções que impermeabilizam osolo. Os aquíferos e rios estão secando, as-soreando e perdendo sua biota, devido àimpertinência destas intervenções insus-tentáveis. A construção das cidades imper-meabilizou os solos através de calçadas,vias asfaltadas e quintais cimentados. Alémdisso, utilizou-se o leito dos rios e córregosna construção de ruas e avenidas, atravésde canalizações que os retificam, provo-cando enchentes a jusante, destruindo suabiota, transformando-os em verdadeiros es-gotos. As matas de topo e ciliares foramdestruídas para dar lugar a áreas para a agri-cultura, pastagens ou aglomerados. As in-tervenções antrópicas interferem no ciclohidrológico, causando escassez de água

que, apesar de ser uma substância que serenova ciclicamente está ficando cada vezmais escassa em ambientes aquáticos con-tinentais (água doce), pois os impactos ci-tados têm diminuído sua disponibilidade.

Noções de Bacia Hidrográfica

A bacia hidrográfica é um recorte terri-torial que pode ser considerado um impor-tante elemento no planejamento do ambiente,sendo uma unidade com limites físicos de-finidos geograficamente. Devido à sua im-portância natural, a bacia hidrográficaapresenta relações estreitas com o desen-volvimento socioeconômico de uma região,estado ou nação. Sua dinâmica de ocupa-ção envolve prioritariamente a questão douso da terra, a proteção e a qualidade dosrecursos hídricos.

Através da abordagem sistemática deestudos ambientais e intervenções na bacia,e levando-se em conta os ecossistemasaquáticos como sensores principais, pode-se detectar como as atividades econômicase sociais interferem no meio ambiente e aintensidade e os efeitos que podem advir nofuturo. (TUNDISI & BARBOSA, 1995; SECCO,1998).

A maioria das definições de bacia asse-melham-se com as de Barrella (2001), sendoesta definida:

Enchente no ribeirão Arrudas. Foto: Acervo Manuelzão. Ocupação desordenada com intensa impermeabilização dosolo, ocupação de áreas de riscos e fundos de vales. Foto:Procópio de Castro.

[...] como um conjunto de terras drenadaspor um rio e seus afluentes, formada nasregiões mais altas do relevo por divisoresde água, onde as águas das chuvas, ouescoam superficialmente formando osriachos e os rios, ou infiltram no solo paraformação de nascentes e do lençol freá-tico. (BARRELLA, 2001).

As águas superficiais escoam para aspartes mais baixas do terreno, formandoriachos e rios, sendo que as cabeceiras sãoformadas por riachos que brotam em terre-nos íngremes das serras e montanhas. Àmedida que as águas dos riachos descem,juntam-se a outros riachos, aumentando ovolume e formando os primeiros rios, essesrios continuam seus trajetos recebendoágua de outros tributários, formando riosmaiores até desembocarem no oceano.(TUNDISI & BARBOSA, 1995; SECCO, 1998).

A demarcação topográfica natural dabacia hidrográfica estabelece uma dinâmicahidrológica própria. O escoamento daságuas acontece das áreas mais altas para asmais baixas, seguindo uma hierarquia flu-vial, até se concentrarem em um únicoponto, formando o rio principal. Dessaforma, se torna possível estabelecer rela-ções de causa e efeito, em vários pontos dabacia, principalmente os de montante-ju-sante, ou seja, o alto e o baixo curso dabacia em referência. Nesse contexto,quando o curso de um rio é alterado por re-ceber efluentes domésticos ou industriais,

concepção do modelo higienista, que levao esgoto para longe de uma determinadaárea, acaba por poluir a outra. Da mesmaforma, a impermeabilização do solo em umaregião provoca o escoamento de águas paraoutra, que passa a sofrer com enchentes. Olimite da bacia hidrográfica aponta o espaçoterritorial determinado e definido pelo es-coamento, drenagem e influência da água,ou seja, do ciclo hidrológico na superfícieda Terra, e não apenas divisões políticas de-finidas pela sociedade, como municípios,estados e países, os quais não comportama dinâmica da natureza. O conhecimento dadinâmica ecológica das bacias hidrográficasfavorece a tomada de decisão de comuni-dades locais, poder público e usuáriossobre a gestão compartilhada deste territó-rio em prol de melhorias locais e globais.

A partir da década de 1970 houve umapreocupação mundial sobre a necessidadede promover a recuperação ambiental e amanutenção de recursos naturais. Isso fezcom que o conceito de bacias hidrográficasfosse difundido, valorizado e consolidadono mundo. Para enfrentar problemas comopoluição, escassez e conflitos pelo uso daágua, foi preciso reconhecer a bacia hidro-gráfica como um sistema ecológico, queabrange todos os organismos que funcio-nam em conjunto numa dada área, e enten-der como os recursos naturais sãointerligados e interdependentes, formandouma imensa rede de conexões. (CAPRA,2007).

Ciclo da Água

A quantidade total de água existente naTerra, nas suas três fases, sólida, líquida egasosa, tem-se mantido constante, desde oaparecimento do homem. A água da Terra –que constitui a hidrosfera – distribui-se portrês reservatórios principais, os oceanos, oscontinentes e a atmosfera, entre os quaisexiste uma circulação perpétua, o ciclo daágua ou ciclo hidrológico, sendo este movi-

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Bacia hidrográfica. Ilustração: Procópio de Castro

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mento da água mantido pela energia ra-diante de origem solar e pela atração da gra-vidade.

Pela evaporação provocada pelo calordo sol, gotículas de água no estado líquidose desprendem dos rios, mares e lagos e setransformam em vapor, atingindo altitudesmais elevadas. Esse vapor d’água, ao entrarem contato com o ar em temperaturas maisbaixas, condensa-se em gotículas de água noestado líquido que ao se aglomerar formamas nuvens. Quanto há uma grande quanti-dade de gotículas de água nas nuvens, estasconcentram maior massa até que as gotascaem sob a forma de chuva. A água da chuvapenetra no solo formando o “lençol freático”,também chamado de “nível freático”, pois aágua não é encontrada livre e plana no sub-solo, tipo um lençol, mas sim “misturada”com sedimento, entre os poros do solo atédeterminado substrato impermeável. No soloa água abastece as raizes das plantas e emdeterminado ponto aflora formando nascen-tes que alimentam riachos, córregos e rios,tornando-se disponível para os seres vivos.Nas camadas subterrâneas ela pode ficar de200 a 10 mil anos até voltar à superfície emalguma nascente.

Esse ciclo2 é de extrema importânciapara a vida no planeta Terra e é através deleque a água pode se renovar constante-

mente. Para que ele não se altere, é neces-sário conservar os mananciais e a vegetação,principalmente no entorno de rios e emtopos de morros, que de tão importantespara a manutenção da dinâmica da baciaestas áreas são designadas Áreas de Prote-ção Permanente (APPs), sendo protegidaspor lei no Brasil.

Usos da Água

A Política Nacional de Recursos Hídri-cos (BRASIL, 1997) baseia-se nos seguintesfundamentos:

[...] a água é um bem de domínio público;é um recurso natural limitado, dotado devalor econômico; em situações de escas-sez, o uso prioritário da água é o con-sumo humano e a dessedentação deanimais; e a gestão dos recursos hídricosdeve sempre proporcionar o uso múltiplodas águas. (BRASIL, 1997).

Vários são os usos da água em todo omundo: abastecimento de cidades e usosdomésticos, diluição de efluentes domésti-cos e industriais, produção industrial, des-sedentação de animais, geração de energia,a irrigação, navegação, pesca, aquicultura elazer.

O Relatório anual de 2003 emitido pelaOrganização das Nações Unidas para a Agri-

2 - Para ver uma animação do ciclo da água, acesse: <http://www.cricketdesign.com.br/abril/ciclodaagua/>.

Ciclo hidrológico. Ilustração: Procópio de Castro.

Movimento contra a transposição do rio São Francisco. Foto:Acervo Manuelzão

cultura e Alimentação aponta que já no anocitado a agropecuária era responsável porcerca de 70% da água consumida nomundo, a indústria por 7% e o consumo hu-mano por 23% . No Brasil a agropecuária éresponsável por 59% do consumo, a indús-tria por 19% e consumo humano por 22%.(CLARKE, 2006)

Ao se dividir o uso da água nos trêsgrandes grupos (agropecuária, consumo hu-mano e indústria) pode-se então iniciar umadiscussão sobre como ocorrem esses usose como eles interferem na qualidade e dis-ponibilidade de água nas bacias hidrográfi-cas. Em todos esses grupos há desperdícioe todos alteram a qualidade da água. Comoexemplo pode-se citar: o desperdício pre-sente em sistemas de irrigação, as indústriasque não possuem sistemas de tratamentode efluentes e a ausência de tratamento deesgoto doméstico na ampla maioria das ci-dades brasileiras.

A água, além de ser princípio funda-mental da vida na Terra, é também essen-cial no cotidiano da vida humana. A maioriados produtos industriais utiliza água em al-guma etapa de produção. O uso da águanos processos industriais vai desde sua in-corporação nos produtos até a lavagem demateriais, equipamentos e instalações, e autilização em sistemas de refrigeração e ge-ração de vapor.

Dentre os objetivos da Política Nacionalde Recursos Hídricos encontram-se: assegu-rar à atual e às futuras gerações a necessária dis-ponibilidade de água, em padrões de qualidadeadequados aos respectivos usos e utilização racionale integrada dos recursos hídricos. (BRASIL, 1997).A gestão das águas, de acordo com essapolítica, deve ser descentralizada e com-partilhada entre o poder público, os usuá-rios e a sociedade civil.

Em documento elaborado durantecinco anos pelo Instituto Internacional de

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Usos múltiplos da água. Ilustração: Mozart Pires - Acervo Manuelzão.

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Fonte: Aquastats (Relatório da FAO-ONU de 2003); World Development Indicators (Relatório do Banco Mundial, de 2003);Atlas da Água (2005), de Robin Clarke e Jannet King . Retirado em; <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedago-gica/agua-usos-abusos-497855.shtml>.

Consumo da água

Gestão da Água (IWMI), apresentado na 18a

Semana Mundial da Água, que ocorreu emEstocolmo em 2006, Bahri e outros autores(2006) consideram crucial melhorar a ges-tão da água, particularmente na agriculturados países em desenvolvimento. Construirmais reservatórios de água, melhorar os sis-temas de irrigação e desenvolver culturasresistentes à seca são algumas das reco-mendações apresentadas. Um terço da po-pulação mundial sofre com algum tipo deescassez de água. Existem dois tipos de es-cassez de água: a escassez econômica, queocorre devido à falta de investimento e é ca-racterizada por pouca infraestrutura e dis-tribuição desigual de água; a escassez físicaquando os recursos hídricos não conse-guem atender à demanda da população. Re-giões áridas são as mais associadas com aescassez física de água. O IWMI afirma aindaque há uma tendência alarmante na criaçãoartificial de escassez de água, mesmo emáreas onde a água é aparentemente abun-dante. (CIÊNCIA HOJE, 2006).

A gestão das águas também relaciona-se intensamente com a qualidade de vidada população. Segundo informativo do Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Am-biente (PNUMA), três milhões de criançasmorrem anualmente por infecções e diar-réias transmitidas por água contaminada.

Duzentos milhões de pessoas são acometi-das pela esquistossomose mansoni porano. (SÃO PAULO, 2008)

Portanto, a temática dos usos da águarelaciona vários fatores de ordem política,econômica e social. Se a gestão das águasocorresse sob uma ótica sistêmica, seriampossíveis usos mais éticos desse recurso, oque representaria além da garantia de águacom qualidade para as gerações futuras,também a melhoria da qualidade de vida dapopulação hoje existente.

Classificação de corpos d’água

Com base no que foi definido pela Polí-tica Nacional de Recursos Hídricos (PNRH –Lei Nº 9.433/97), a classificação dos corposd’água, tida como uma das ferramentas dareferida política, é dada pela Resolução CO-NAMA Nº 357, de 17 de abril de 2005. (BRA-SIL, 2005).

O objetivo dessa classificação é possi-bilitar a determinação dos usos preponde-rantes, a adequação dos controles depoluição e a criação de instrumentos paraavaliar a evolução da qualidade dos corposd’água. De acordo com a Resolução, a clas-sificação do corpo d’água é dada não ne-cessariamente com o estado atual docorpo hídrico, mas também de acordo como nível de qualidade que se pretende para ocorpo hídrico a fim de atender as necessi-dades da população local. Esse instru-mento está relacionado com as metas dequalidade de água pretendidas para umcorpo hídrico (o rio que queremos) e nãonecessariamente com as condições atuais(o rio que temos).

Para atingir a qualidade futura, ou seja,o rio que queremos, devem ser propostasmedidas de mitigação dos impactos insta-lados, a fim de obter uma qualidade de águacompatível com os usos estabelecidos epretendidos em uma região. A identificaçãodas condições atuais da qualidade da água

Água contaminada põe em risco a saúde. Foto: Acervo Ma-nuelzão.

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e dos usos preponderantes da bacia auxiliaa definição das metas, isto é, do caminhoque se deve trilhar até se atingir a qualidadede água desejável.

De acordo com a Resolução CONAMA357/2005, o enquadramento deve ser reali-zado de forma participativa e descentrali-zada, estando, portanto, de acordo com asexpectativas e necessidades da sociedadecivil e dos usuários. A aprovação da pro-posta de enquadramento é de responsabili-dade do respectivo comitê de baciahidrográfica e a sua implantação deve serefetuada no âmbito da bacia.

Importância do enquadramento

O enquadramento dos corpos de águapossibilita compatibilizar os usos múltiplosdos recursos hídricos superficiais, de acordocom a qualidade ambiental pretendida paraos mesmos, com o desenvolvimento econô-mico, auxiliando o planejamento ambientalde bacias hidrográficas e o uso sustentáveldos recursos naturais. Além disso, fornecesubsídios aos outros instrumentos da gestãode recursos hídricos, tais como a outorga e acobrança pelo uso da água, de maneira que,quando implementados, tornam-se comple-mentares, proporcionando às entidades ges-toras de recursos hídricos mecanismos paraassegurar a disponibilidade quantitativa equalitativa das águas.

Metodologia

A Resolução nº 91/2008 do Conselho Na-cional de Recursos Hídricos (CNRH) institui asdiretrizes básicas para os procedimentos me-todológicos de enquadramento dos corposhídricos. Segundo essa resolução (BRASIL,2008), os procedimentos de enquadramentodevem compreender as seguintes etapas:diagnóstico e prognóstico; propostas demetas relativas às alternativas de enquadra-mento; programa para efetivação.

Classificação das Águas Doces

O enquadramento dos corpos de águaem classes, de acordo com o uso preponde-rante, e em conformidade com a ResoluçãoCONAMA nº 357/2005, classifica as águasdoces em cinco classes. Dessa forma, combase no mapeamento do uso preponderante,define-se a classe condizente com o uso atualou pretendido dos corpos d’água.

Assim, classificam-se os corpos hídricosnacionais em nove classes, sendo as cincoprimeiras classes de água doce (com salini-dade igual ou inferior a 0,50%), conforme aseguir:

* Classe Especial: aquelas destinadasao abastecimento doméstico prévio ou comsimples desinfecção; e à preservação do equi-líbrio natural das comunidades aquáticas;

* Classe 1: destinadas ao abasteci-mento doméstico após tratamento simples;à proteção das comunidades aquáticas; àrecreação de contato primário (natação,esqui e mergulho); à irrigação de hortaliçasconsumidas cruas e de frutas que cresçamrentes ao solo e ingeridas sem remoção depelícula; à criação natural e/ou intensiva(aquicultura) de espécies destinadas à ali-mentação humana;

* Classe 2: águas destinadas ao abas-tecimento doméstico após tratamento con-vencional; à proteção das comunidadesaquáticas; à recreação de contato primário;

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O Projeto Manuelzão defende que todo rio seja no máximode Classe 2. Fotos: Acervo Manuelzão.

irrigação de hortaliças e frutíferas; à criaçãonatural e/ou intensiva de espécies destina-das à alimentação humana.;

* Classe 3: águas destinadas ao con-sumo humano após tratamento convencio-nal; à irrigação de culturas arbóreas,cerealíferas e forrageiras; dessedentação deanimais;

* Classe 4: águas destinadas à navega-ção; harmonia paisagística; e aos usosmenos exigentes.

Classificação de corpos d’água norio das Velhas

Em 2004, com a elaboração do PlanoDiretor da Bacia Hidrográfica do Rio dasVelhas, foi realizado o reenquadramentodos corpos de água da bacia. Nessa oca-sião, foi celebrado o lançamento da meta2010, que marcava o compromisso doGoverno de Minas e do Projeto Manuel-zão na revitalização do rio das velhas nasua passagem pela região metropolitanade Belo Horizonte. A partir disso o riodas Velhas tem como meta atingir aClasse 2.

Área de Proteção Permanente (APP)

O conceito de Áreas de Preservação Per-

manente (APP) presente no Código Florestalbrasileiro (Lei 4.771 de 15/09/1965), emerge doreconhecimento da importância da manuten-ção da vegetação de determinadas áreas, asquais ocupam porções de uma propriedade,que devem se somar às reservas das proprie-dades vizinhas e também, de forma sistêmica,para toda a bacia. Essas áreas devem ser co-nectadas entre si, contribuindo para a forma-ção de corredores ecológicos.

De acordo com o Código Florestal Bra-sileiro, Áreas de Preservação Permanente(APP) são cobertas ou não por vegetação nativa,com a função ambiental de preservar os recursos hí-dricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a bio-diversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, protegero solo e assegurar o bem-estar das populações hu-manas. Distinguem-se das áreas de “ReservaLegal”, também definidas no mesmo Có-digo, por não serem objeto de exploraçãode nenhuma natureza, como pode ocorrerno caso da Reserva Legal, a partir de umplanejamento de exploração sustentável.Exemplos de APP são as áreas marginaisdos corpos d’água (rios, córregos, lagos, re-servatórios) e nascentes; áreas de topo demorros e serras, áreas em encostas acen-tuadas, restingas e mangues, entre outras.

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Pratica de rapel realizada próximo às nascentes do rio dasVelhas na Expedição 2003. Foto: Casca Grossa

A Legislação Ambiental no Brasil

Se partirmos do pressuposto de que omeio ambiente é um bem coletivo e de usoe responsabilidade de todos, devemos con-siderar também a necessidade de asseguraro direito ao meio ambiente equilibrado,bem como definir as formas mais adequa-das de apropriação e gestão desses recur-sos. Nesse contexto, o Estado assume opapel principal de regulação. O Brasil possuiuma das mais completas legislações am-bientais do mundo.

A principal lei ambiental brasileira é a6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõesobre a Política Nacional do Meio Ambiente,seus fins e mecanismos de formulação eaplicação. Esse documento foi o primeiroque sistematizou a temática no país. Ante-

riormente, os assuntos referentes ao meioambiente eram tratados de maneira isoladae em alguns casos com fins econômicos evi-dentes1. Sua principal contribuição foi acriação e institucionalização do Sistema Na-cional do Meio Ambiente – SISNAMA, res-ponsável por estabelecer uma estruturacapaz de integrar os aspectos ambientaisem uma só política. Outro ponto impor-tante da lei diz respeito à criação dos ins-trumentos de licenciamento ambiental paraos empreendimentos utilizadores de recur-sos naturais e potencialmente poluidores,como o estudo de impacto ambiental (EIA),o zoneamento ambiental e a punição porcrimes ambientais.

A figura 1 representa o modelo de hie-rarquia preconizado na Política Nacional.Cada esfera de poder (nacional, estadual e

Aspectos legais

PARTE III - EDUCAÇÃO E GESTÃOPARTICIPATIVA DE BACIA: BASES

TEÓRICAS E LEGAIS

1 - Por exemplo, o Código Florestal e o Código das Águas ambos de 1934 abordavam temas distintos e de maneira inde-pendente. Além disso, o Código de Águas trazia claras referências de que os recursos hídricos deveriam ser preferencial-mente explorados para a geração de energia elétrica, fato que difere totalmente da lógica de gestão atual.

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Daniela Campolina Vieira; Thamiris Lopes Chaves.

FIGURA 1: Organograma do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA2 . Fonte: Adaptação da Política Nacional de MeioAmbiente (Lei 6.938/81)

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2 - Segue-se o significado das siglas presentes no organograma: CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente, MMA:Ministério do Meio Ambiente; IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; ICMBio:Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;SISEMA: Sistema Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hí-dricos; COPAM: Conselho de Política Ambiental; SEMAD: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-tentável; FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente; IEF: Instituto Estadual de Florestas; IGAM: Instituto Mineiro deGestão das Águas; COMAM: Conselho Municipal de Meio Ambiente; SMMA: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

municipal) possui um órgão central, como oMinistério do Meio Ambiente, por exemplo;órgãos deliberativos e consultivos e órgãosresponsáveis por executar as ações previs-tas.

Outro marco aconteceu em 1988 com apromulgação da atual Constituição Brasi-leira. Essa foi a primeira vez que o tema am-biental foi tratado em uma constituição dopaís. O capítulo VI, sobre o Meio Ambiente,diz que: Todos têm direito ao meio ambiente eco-logicamente equilibrado, bem de uso comum do povoe essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se aopoder público e à coletividade o dever de defendê-loe preservá-lo para as presentes e futuras gerações.(BRASIL,1988).

Apesar de já idealizada na ConstituiçãoFederal, a atual Política Nacional de Recur-sos Hídricos só foi sancionada em 1997 e,segundo Magalhães (2010), foi baseada naexperiência francesa iniciada na década de1960. De maneira semelhante ao que acon-teceu com a lei 6.938/81, o documento ins-tituiu o Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos (SNGRH).

O SNGRH estabelece órgãos institucio-nais de gestão, como o Conselho Nacionalde Recursos Hídricos e seus corresponden-tes estaduais, que decidem sobre as grandesquestões do setor; Os Comitês de Bacia Hi-drográfica (CBH), que são organizações par-ticipativas que congregam representantes dopoder público, dos usuários da água e da so-ciedade civil organizada, e as Agências daÁgua, que são órgãos executivos dos CBH.

Alguns princípios de gestão considera-dos como modernos estão presentes nessapolítica, como a premissa de que a água éum bem de domínio público, finito e vulne-rável. Portanto, seu uso deve ser autorizadopelo órgão competente, através da outorga.Além disso, a priorização dos usos múltiplosda água e a criação dos CBH mudaram ofoco da gestão, que passa a ter um caráter

mais descentralizado e participativo. A lei9.433 também estabelece os instrumentosde gestão das águas, quais sejam: o PlanoDiretor da Bacia, a outorga do uso da água,as agências de bacia, a cobrança pelo usoda água, o enquadramento dos corposd’água e o sistema de informação do Sis-tema Nacional de Gerenciamento de Recur-sos Hídricos.

A definição, pelo Projeto Manuelzão, dabacia hidrográfica como elemento nortea-dor para o planejamento de ações não foiuma escolha aleatória, mas baseada na Leidas águas (como é popularmente conhecidaa lei 9.433), a qual define que a bacia hidro-gráfica é a unidade territorial para implementaçãoda Política Nacional de Recursos Hídricos e atua-ção do Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-cursos Hídricos. (BRASIL, 1997a). Isso significaque todas as ações previstas no documentolegal devem ser pensadas no contexto debacias, e não somente no curso d’água demaneira isolada. Dessa forma, a opção doProjeto pela bacia hidrográfica adquire tam-bém respaldo da legislação competente.

Uma questão que o Projeto Manuelzãovem sistematicamente discutindo é a au-sência de integração da legislação ambien-tal (Lei 6938/81) e a legislação das águas (Lei9433/97). Isto porque empreendimentosque podem causar grandes impactos naqualidade da água e na bacia são aprovadospelos órgãos de licenciamento ambiental,sem que o comitê de bacia seja consultado.Por ser único, o ambiente necessita de umagestão integrada.

Educação Ambiental e a EducaçãoFormal

A Política Nacional do Meio Ambiente ea Constituição Federal foram elementos es-senciais para a institucionalização da Edu-cação Ambiental no Brasil. Em 1988, o Cap.VI da Constituição já ressaltava a necessi-dade de promover a educação ambiental em todos

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os níveis de ensino e a conscientização pública paraa preservação do meio ambiente. (BRASIL, 1988).Dessa forma, em 1999 foi aprovada a lei nú-mero 9.795, que institui a Política Nacionalde Educação Ambiental. O documento en-volve em sua esfera de ação, além dos ór-gãos integrantes do SISNAMA (SistemaNacional de Meio Ambiente), instituições deensino público e privado, órgãos da união,dos estados e dos municípios e organiza-ções não governamentais.

A lei 9.975/99 define Educação Am-biental (EA) como:

Entendem-se por educação ambiental osprocessos por meio dos quais o indivíduoe a coletividade constroem valores so-ciais, conhecimentos, habilidades, atitu-des e competências voltadas para aconservação do meio ambiente, bem deuso comum do povo, essencial à sadiaqualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).

O documento afirma ainda que EA é umcomponente essencial da educação nacio-nal, devendo estar presente em todos os ní-veis e modalidades do processo educativo.

A Educação Ambiental, no âmbito doensino formal, deve ser desenvolvida noscurrículos das instituições de ensino, en-globando:

• Educação básica (educação infantil,ensino fundamental, ensino médio);

• Educação superior;

• Educação especial;

• Educação profissional;

• Educação de jovens e adultos.

A Educação Ambiental não deve ser im-plantada como disciplina específica no cur-rículo de ensino3, e sim desenvolvida comouma prática educativa integrada, contínua epermanente em todos os níveis e modali-dades do ensino formal.

A Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional estabelece as normas gerais para osistema de educação brasileiro. Ela regula-menta todos os seus níveis e reafirma o di-reito à educação, garantido pela Consti tuiçãoFederal. De maneira mais específica, os Parâ-metros Curriculares Nacionais (PCNs) consti-tuem um referencial para a educação em todoo território nacional tendo como função:

[...] orientar e garantir a coerência dos in-vestimentos no sistema educacional, so-cializando discussões, pesquisas erecomendações, subsidiando a participa-ção de técnicos e professores brasileiros,principalmente daqueles que se encon-tram mais isolados, com menor contatocom a produção pedagógica atual. (BRA-SIL, 1997b).

Os PCNs trazem também discussõesacerca da temática ambiental. O meio am-biente é considerado um tema transversale, por isso, deve ser tratado em consonân-cia com todas as disciplinas e demais temastransversais: Ética, Pluralidade Cultural,Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Con-sumo. Segundo os PCNs, alguns desses as-suntos já eram abordados informalmenteem disciplinas, não sendo esta, portantouma preocupação inédita:

Crianças em contato com o ambiente natural. Foto: Procó-pio de Castro.

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3 Salvo nos cursos de ensino superior ou profissionalizante, em que se torna facultativa a criação de disciplinas específi-cas de caráter metodológico.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais in-corporam essa tendência e a incluem nocurrículo de forma a compor um conjuntoarticulado e aberto a novos temas, bus-cando um tratamento didático que con-temple sua complexidade e sua dinâmica,dando-lhes a mesma importância dasáreas convencionais. O currículo ganhaem flexibilidade e abertura, uma vez queos temas podem ser priorizados e con-textualizados de acordo com as diferen-tes realidades locais e regionais e outrostemas podem ser incluídos. (BRASIL,1997b).

Os temas transversais ampliam e inte-gram os conhecimentos produzidos peloaluno, fazendo com que as discussões desala de aula ultrapassem os limites da disci-plina e se ampliem para um universo cadavez maior, além de ser o facilitador para queele perceba a conexão entre a realidade vi-vida e a teoria aprendida na escola.

Os PCNs afirmam que transversalidaderelaciona-se à possibilidade de se estabelecer, naprática educativa, uma relação entre aprender co-nhecimentos teoricamente sistematizados (aprendersobre a realidade) e as questões da vida real e desua transformação (aprender na realidade e da rea-lidade). (BRASIL, 1998). É uma tentativa de aeducação transcender a escola e integrar-seà comunidade, de forma que os conheci-mentos existentes e em construção por gru-pos e instituições no entorno da escola

façam parte do processo educativo. Outroconceito utilizado muito na educação e quepode auxiliar no trabalho com temas diver-sos, entre eles os transversais, é a interdis-ciplinaridade. Esse termo surgiu na décadade 60, em meio à insatisfação de professo-res e alunos quanto à distância entre teoriae prática educativa e, ainda, à carência deconteúdos significativos e de cunho socialnos currículos que até então eram vistoscomo um saber de reprodução do capita-lismo. (GATTÁS, 2006). A partir da décadade 1970 diferentes conceitos de interdisci-plinaridade foram elaborados e discutidostendo o questionamento quanto à frag-mentação do saber como cerne dessas dis-cussões. Os PCNs estão em consonânciacom isso, pois consideram que a Interdisci-plinaridade questiona a segmentação entre os dife-rentes campos de conhecimento, produzida por umaabordagem que não leva em conta a inter-relação ea influência entre eles – questiona a visão compar-timentada (disciplinar) da realidade sobre a qual aescola, tal como é conhecida historicamente se cons-titui. (BRASIL, 1998). Para os PCNs, interdis-ciplinaridade e transversalidade se alimentammutuamente. A transversalidade abre espaçopara a inclusão de saberes extra-escolares, possibi-litando a referência a sistemas de significado cons-truídos na realidade dos alunos. (BRASIL, 1998).

Para o Projeto Manuelzão transversali-dade e interdisciplinaridade são princípiosteóricos dos quais decorrem várias conse-quências práticas, tanto nas metodologiasde ensino quanto na proposta curricular epedagógica. A transversalidade gera a ne-cessidade de trabalhar de forma interdisci-plinar, por exemplo, por meio da metodologiade projetos. As dificuldades práticas de sealcançar uma abordagem efetiva dos temastransversais são inúmeras, assim como detrabalhar de forma interdisciplinar. Para Ja-piassu (1976), Fazenda (1999) e Gattás(2006) a interdisciplinaridade deve ser cons-truída por meio de um processo participa-tivo. Para isso é preciso ter uma equipe

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Participação de crianças em evento ambiental da Ex-pedição Manuelzão Desce o Ribeirão da Mata em2006. Foto: Procópio de Castro.

Crítica ao ensino cartesiano: visãocartesiana x visão sistêmica

Um dos resultados da crítica ao modelocapitalista foi a crítica ao pensamento car-tesiano. De acordo com o cartesianismo, aciência poderia entender o funcionamentode qualquer objeto a partir de uma análiseminuciosa de suas partes. A ampliação doconhecimento e a previsão de fenômenosera apenas uma questão de se utilizar o mé-todo científico mais adequado e do aperfei-çoamento das técnicas. Segundo Porto(2008), várias catástrofes ambientais queocorreram até meados do século passadofizeram o homem começar a questionar opapel da ciência como detentora da ver-dade e capaz de prever e entender tudo.

Em meio à crítica ao cartesianismo, umnovo modelo de pensamento foi proposto:

o pensamento sistêmico. Capra (2007)afirma que no pensamento sistêmico nãobasta sabermos muito das partes indivi-duais de algo, ou dos fatores que levam aum problema; o todo é muito mais do quea soma de suas partes isoladas. Esse autorassocia a crise do pensamento cartesiano àcrise da sociedade e a forma limitada e li-near de como ela vê e interpreta os proble-mas.

Uma visão sistêmica associa-se a umpensamento e a um ensino contextual, ideiaque foi muito discutida na educação ao sedizer que ela deveria formar cidadãos críti-cos capazes de entender a complexidade domundo e dele participar como cidadãos:

[...] capazes de intervir na realidade, ta-refa incomparavelmente mais complexa egeradora de novos saberes do que sim-plesmente a de nos adaptar a ela. Cons-

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constituída de pessoas que possuem umaatitude interdisciplinar, o que caracteriza-se pelaousadia da busca, da pesquisa, transformando a in-segurança em um exercício de pensar, de construir.(FAZENDA, 1999). E aí se encontra uma dasdificuldades de se trabalhar de forma inter-disciplinar na escola. Outro impedimento éa limitação que o professor e /ou a escolatem frente aos conteúdos a serem leciona-dos, restringindo-os, muitas vezes, apenasao que está nos livros didáticos. É como sea meta do ano fosse cumprir o conteúdo dolivro esquecendo-se de que há uma discus-são sobre o currículo básico comum decada estado, e ainda, que este pode seradaptado à realidade vivida no município emesmo na região do entorno da escola. Olivro não deveria ser visto como um guia aser seguido minuciosamente, e sim um ins-

trumento didático que pode inclusive auxi-liar em práticas mais contextualizadas e sig-nificativas. Os temas abordados nos livrospodem ser transpostos para a realidade naqual a escola está inserida e isso pode sig-nificar, se de interesse do professor e da es-cola, o território da bacia na qual estaescola se localiza.

Portanto a escola pode e deve bus-car/construir atividades sócio-educativasque ampliem a consciência ambiental dosenvolvidos e que desenvolvam a percepçãosobre um meio ambiente que vá além deconceitos registrados em livros, um meioambiente que integre a ideia do território dabacia na qual o aluno está, e que este en-tenda o valor desse ambiente para a atual eas futuras gerações.

Educação e a construção datransversalidade: bases históricas

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tato não para simplesmente me adaptar,mas para mudar ou melhorar as condi-ções objetivas através de minha interven-ção no mundo. (FREIRE, 2006).

Várias correntes de pensamento fizeramcríticas ao modelo de ensino baseado nocartesianismo, dizendo que ele não formacidadãos críticos, capazes de resolver osproblemas complexos que afetam a huma-nidade. Como resultado foram desenvolvi-das novas teorias sobre um novo modelo deensino por autores tais como Morin, Freiree Maturana. Morin (2009) afirma que o co-nhecimento se torna pertinente quando écapaz de situar toda a informação em seucontexto e, se possível, no conjunto globalno qual se insere. Ao questionar a descon-textualização do ensino e a incapacidade docartesianismo de analisar a complexidadedos problemas do mundo, Morin propõesete saberes necessários: 1. O conhecimentomutável, em constante construção e nãocomo verdade universal; 2. O conhecimentopertinente, ou seja, contextual e significativopara o aluno e para o mundo; 3. A condiçãohumana, não como dominadora, mas partede algo maior, de uma rede complexa de in-terdependências; 4. A compreensão humanacom capacidade de interpretar situaçõescomplexas em suas várias faces; 5. A incer-teza como princípio de que não temos arazão única do universo, (o que hoje é umaverdade pode não ser amanhã); 6. A era pla-netária, como forma de entender que atitu-des locais tem repercussão global; 7. Aantropoética que faz o homem pensar nas vá-rias formas de interpretar o mundo, o usodas várias linguagens. (MORIN, 2009).

A educação que priorizava o conheci-mento como compartimentos estanques edesconectados com a realidade começa aser pensada e transmutada em uma educa-ção que objetiva a formação do cidadão in-tegral, capaz de ter uma visão sistêmicacom inteligências múltiplas que vão além da

capacidade de interpretar textos e fazercontas.

Um novo caminho

Não há como separar a educação am-biental do contexto da educação como umtodo. Talvez o mais importante a se refletirseja qual a ética a ser socialmente cons-truída. Ela deve passar pela solidariedade,igualdade, respeito à diversidade ambientale cultural, respeito ao patrimônio coletivo eàs gerações futuras. Sem ética não há prin-cípios, sem eles não há como educar, e simtalvez simplesmente informar sobre os re-sultados da falta de ética. Loureiro (2004)afirma que:

Educar é transformar através da teoria emconfronto com a prática e vice-versa, comconsciência adquirida na relação entre oeu e o outro, nós (em sociedade) e omundo. É desvelar a realidade e trabalharcom os sujeitos concretos, situados es-pacial e historicamente. É, portanto, exer-cer a autonomia para uma vida plena,modificando-nos individualmente pelaação conjunta que nos conduz às trans-formações estruturais. Logo, a categoriaeducar não se esgota em processos indi-viduais e transpessoais. Engloba, sim, taisesferas, mas vincula-as às práticas cole-tivas, cotidianas e comunitárias que nosdão sentido de pertencimento à socie-dade. [...] Educar, na perspectiva libertáriae demais tendências pedagógicas quedialogam no campo crítico e dialético, éemancipar-se, exercer ativamente a cida-dania, construir democraticamente as al-ternativas possíveis e desejadas. Issosignifica contrapor-se às formas identifi-cadas como educativas que se esgotamno passar conteúdos vazios de sentidoprático e forma de contexto, em afirmarcertas condutas normatizadas e padrõesculturais a serem seguidos. [...] Ter clarezadisso é o que nos leva a atuar em educa-ção ambiental, evitando o discurso gené-rico de que todos nós somos igualmenteresponsáveis e vítimas do processo de

degradação ecossistêmica. Educar é agirconscientemente em processos sociaisque se constituem conflitivamente poratores sociais que possuem projetos dis-tintos de sociedade, que se apropriammaterial e simbolicamente da natureza demodo desigual. A práxis educativa trans-formadora e ambientalista é, portanto,aquela que fornece as condições para aação modificadora e simultânea dos indi-víduos e dos grupos sociais; que trabalhaa partir da realidade cotidiana visando àsuperação das relações de dominação ede exclusão que caracterizam e definema sociedade capitalista globalizada. (LOU-REIRO, 2004).

É preciso repensar o modelo de educa-ção vigente e discutir a questão de formaampla, transcendendo a educação escolar.A crítica ao cartesianismo, o surgimento davisão sistêmica, a abordagem transversal einterdisciplinar, assim como um modelo desociedade biocentrista, na qual o homemidentifica-se como uma parte integrante deuma rede complexa de relações interde-pendentes, esses são caminhos que auxi-liam no processo de a educação trans cendera escola. Educar vai muito além dos murosda escola. A participação social na gestãocompartilhada de bacias é um espaçoamplo para se exercer a cidadania, além detornar o conhecimento curricular menos es-téril e mais contextual. As grandes transforma-ções históricas só se concretizam quando são

incorporadas ao modo de vida das pessoas e à suaexistência cotidiana, vinculando o particular ao pú-blico, o microssocial ao macrossocial (GADOTTI,2003). A escola possui papel essencialnesse processo.

O que ensinar e como ensinar?

As idéias sobre o pensamento sistê-mico, o desenvolvimento das múltiplas in-teligências, o ensino contextualizado – quese associa ao conceito de aprendizagemsignificativa – embasaram perguntas quepassaram a ser essenciais no processo dereformulação do sistema de ensino em todoo mundo como: o que ensinar? Como ensi-nar? O professor é o transmissor de infor-mações ou um mero mediador na construçãodo conhecimento? Que conteúdos são real-mente essenciais para os alunos? Que co-nhecimentos são necessários para formarum cidadão integral? O ensino deve se re-sumir a apenas conteúdos conceituais? Paraformar cidadãos integrais basta trabalharconteúdos conceituais? Como construiruma aprendizagem significativa?

A reformulação do sistema de ensinono Brasil foi marcante a partir do final da dé-cada de 80 com a promulgação do Capítulosobre Educação na Constituição Federal ena década de 90, com a reformulação da Leide Diretrizes e Bases Educacionais e a elabora-ção dos Parâmetros Curriculares Nacionais,incluindo os Temas Transversais. Esses docu-mentos tentam responder às perguntasacima citadas, mas ainda há uma distânciaentre a teoria contida nestes documentos ea prática do professor no dia-a-dia das salasde aula do país. Muitos professores e esco-las ainda não integraram os quatro pilaresda educação em suas práticas.

Os quatro pilares da educação

Em meio a várias discussões sobre o fu-turo da educação, um grupo de liderançasmundiais integrou a Comissão Internacionalda UNESCO sobre a Educação para o Século

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Abordagens pedagógicas. Fonte: Marcus Callisto - UFMG.

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XXI, presidida por Jacques Delors. Essa co-missão debateu uma educação para o futuroque fosse além de conteúdos meramenteconceituais, que fosse justa e universal e for-masse pessoas capazes de lidar com a com-plexidade de problemas da atualidade. EssaComissão gerou o Relatório Delors que enun-ciou quatro pilares essenciais para a educa-ção no Século XXI, que em 1999 foi publicadoem forma de livro no Brasil com o título “Edu-cação: Um Tesouro a Descobrir”.

O “Relatório Delors” e os QuatroPilares da Educação

Fragmento do Relatório Delors citadona 46ª Conferência Internacional da Educa-ção – UNESCO em 2001:

A Comissão Internacional da UNESCOsobre a Educação para o Século XXI,composta por especialistas da educação,por filósofos e por decididores políticosde todas as regiões do mundo, e presi-dida por Jacques Delors, redigiu em 1996um documento sobre o papel essencialda educação ao longo de toda a vida parao desenvolvimento dos indivíduos, dasnações e da humanidade. Além de subli-nhar que, na educação, escondia-se um“tesouro”, esse texto elaborou uma visão– uma “utopia necessária” – da educaçãopara o século XXI, baseada em quatro pi-lares:

•Aprender a conhecer significa, princi-palmente, adquirir amplos conhecimen-tos gerais, combinados quase semprecom um saber mais complexo em deter-minadas áreas; esta noção inclui o con-ceito “aprender a aprender” que é acondição para que, mais tarde, ao longode sua vida, um indivíduo esteja apto abeneficiar-se de outras possibilidades deeducação e de formação;

•Aprender a fazer: esta noção abrangetanto a aquisição de habilidades [savoir-faire] profissionais quanto a aquisição decompetências mais amplas, necessáriaspara que o indivíduo possa não só adap-

tar-se a situações diferentes e mutáveis,mas também trabalhar em equipe. Alémde poderem ser adquiridas no ensino for-mal, algumas dessas competênciaspodem ser obtidas de maneira informal,no decorrer das diversas experiências so-ciais e profissionais, vivenciadas pelos jo-vens e adultos ao longo de suas vidas;

• Aprender a ser faz referência à capa-cidade de o indivíduo desenvolver suapersonalidade com base em um conjuntode valores, e de agir pessoalmente comautonomia, julgamento e responsabili-dade (Relatório Faure, 1972). Tal posturasignifica que a educação não deve me-nosprezar nenhuma faceta do potencialde uma pessoa, seja a memória, o racio-cínio, o senso estético, a inteligênciaemocional, as capacidades físicas ou aaptidão para comunicar-se;

• Aprender a viver juntos, aprender aviver com os outros significa o desenvol-vimento da compreensão dos outros emum espírito de tolerância, pluralismo, res-peito pelas diferenças e paz. Seu pontocentral é a tomada de consciência, graçasa atividades tais como projetos comunsou gestão de conflitos, interdependênciacrescente – ecológica, econômica, social– dos indivíduos, comunidades e naçõesem um mundo em que deixou de haverdistâncias geográficas, tendo-se tornadomais frágil e cada vez mais interconec-tado.

Entre esses quatro pilares, os três primei-

Monitoramento Ambiental Participativo. Trabalho de campo.Foto: Sílvia Magalhães

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ros haviam sido formulados anteriormentee referem-se, em especial – mas não deforma exclusiva –, ao nível do indivíduo ouda comunidade: o desenvolvimento daspessoas, comunidades ou nações, consi-deradas individualmente, exige as dimen-sões essenciais de aprender a conhecer, afazer e a ser. Por sua vez, o quarto pilar –“aprender a viver juntos” – é de naturezadiferente e mais global: a conseqüência de

sua omissão poderia ser o aniquilamentode todos os outros esforços despendidosem favor da educação, saúde e desenvolvi-mento, em decorrência dos conflitos inte-restatais, das guerras civis, do terrorismosob todas as suas formas, do tráfico detoda a espécie, da dilapidação dos recur-sos humanos, financeiros e naturais, daspandemias etc.” (DELORS, 1999).

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Antiga roda d’água da fazenda Jaguara Velha - Expedição2003. Foto: Acervo Projeto Manuelzão.

O Projeto Manuelzão, em consonânciacom a Política Nacional de Recursos Hídri-cos (BRASIL, 1997), considera metodologi-camente a bacia hidrográfica como unidadeterritorial de planejamento e gestão. Esserecorte delimitado e regido por uma dinâ-mica física natural é o espaço onde ocorremas relações humanas e construções artifi-ciais como, por exemplo, as cidades. Poresse motivo, abriga significativa riqueza depossibilidades de abordagens pedagógicas,podendo estas ter o formato disciplinar,multidisciplinar, interdisciplinar ou transdis-ciplinar.

A história da ocupação de regiões emtodo o mundo e do início da formação decivilizações relaciona-se com fatores natu-rais. As civilizações egípcia e mesopotâmiase instalaram há cerca de 3.000 a.C em ter-ritórios férteis às margens do rios Nilo e Eu-

frates. No Brasil, apesar das capitanias he-reditárias não respeitarem as bacias hidro-gráficas, o processo da colonizaçãobandeirante de ocupação dos territóriostinha os rios não apenas como condiçãomínima para sobrevivência, mas tambémcomo ponto de orientação em suas jorna-das em busca de ouro e escravos. Maistarde, os tropeiros que perambulavam Bra-sil afora levando consigo produtos para co-mercializar, também tiveram os rios comoreferência.

A história de ocupação das bacias é umrico material para trabalhar questões refe-rentes a aspectos físicos (disponibilidade deágua, declividade, vege tação, solo e rique-zas minerais), econômicos e políticos queinteragem, influenciando as modificaçõesocorridas ou que poderão ocorrer no terri-tório.

BACIAS HIDROGRÁFICAS COMOINSTRUMENTO PEDAGÓGICO

Parte IV

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Daniela Campolina Vieira; Marcus Vinicius Polignano; Bianca Moreira Mariquito Naime Silva.

No caso da bacia do rio das Velhas, deacordo com Goulart (2005) a história de ocu-pação de Minas Gerais confunde-se com ahistória das intervenções ocorridas no rio dasVelhas . A exploração desta bacia começoucom a descoberta e a extração de ouro e pe-dras preciosas, e, posteriormente, do minériode ferro, que gerou na região um ciclo de in-dustrialização e urbanização descontroladas.

A atual capital de Minas Gerais, situadana bacia do rio das Velhas, teve como umde seus critérios de escolha a presença deágua potável suficiente para o abasteci-mento da cidade. Contudo, a cidade deBelo Horizonte, construída no final do sé-culo XIX, auge da afirmação da ciência mo-derna enquanto dominação do homemsobre a natureza, desconsiderou a topografia doterreno, os meandros dos rios, as áreas naturais dealagamento dos rios, construindo ruas retas e ca-nalizando os rios (POLIGNANO et al., 2007).

Belo Horizonte foi construída a partir deuma política urbana com viés higienista, in-

fluenciada por conceitos trazidos da Europadesde o século XIX, que ainda estavamlonge de incorporar uma avaliação ambien-tal na gestão das cidades. O “movimentosanitarista” aparece como uma ampla rea-ção ao quadro caótico de insalubridade nasgrandes cidades na Inglaterra ao longo dadécada de 1840-50, repercutindo gradativa-mente pela Europa e pelos Estados Unidos.Apesar de o modelo higienista ter alcan-çado resultados inquestionáveis em relaçãoà saúde pública, no controle de epidemias,doenças infecciosas e no índice de mortali-dade infantil, sua concepção precisava ab-sorver a dimensão ambiental presente nasúltimas décadas. Conforme colocado porMarcus Vinicius Polignano, Coordenador doProjeto Manuelzão:

[o modelo higienista] considerava o am-biente natural como uma fonte de doen-ças, e os homens, para evitar isto,deveriam modificar e dominar a naturezadentro das necessidades da cidade e davisão antrópica. [...] Um dos elementosnaturais que mais sofreram com a práticadeste modelo foram os cursos d'água,que, se de um lado serviram para o abas-tecimento das cidades, por outro ladopassaram a ser diluentes de esgotos do-mésticos e industriais. O rio não foi in-corporado pela geografia das cidades,que passaram a retificá-los, canalizá-los,enfim, transformando a sua geografia e asua biologia; em outras palavras, ma-tando-os. Córregos e ribeirões foram iro-nicamente transformados em avenidassanitárias – locais onde transitam esgo-tos no leito e veículos nas margens. (PO-LIGNANO, 2006).

Posteriormente, com o adensamento dapopulação que resulta na formação da Re-gião Metropolitana de Belo Horizonte(RMBH), muitos rios foram canalizados ouperderam a mata ciliar – o que acarretouerosão e assoreamento – e receberam lixoe esgoto de seus habitantes (POLIGNANO,2006). Somando-se à impermeabilização

Lavagem de ouro pintada por Rugendas. Fonte: <http://www.galeria.cluny.com.br/v/Artes+Plasticas/Pinto-res+Brasileiros/Rugendas/?g2_page=3&g2_fromNavId=x89e9114d>.

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provocada pelo concreto dos quintais e oasfalto das ruas, todos estes fatores provo-caram as enchentes, que começaram a fazerparte do cenário urbano da RMBH. Essa rea-lidade é reflexo do pensamento da maioriados habitantes e dos governantes que os re-presentam.

O Projeto Manuelzão acredita que a es-cola não pode abster-se dessa realidade e,

em consonância com os Parâmetros Curri-culares Nacionais (PCNs), advoga que a edu-cação tem o papel de formar cidadãoscríticos e capazes de:

•compreender a cidadania como partici-pação social e política [...];

•posicionar-se de maneira crítica, res-ponsável e construtiva nas diferentes si-tuações sociais [...];

A bacia hidrográfica na visão da transdisciplinaridade comporta todas as questões ambientais e ramos da ciência. Tudo está nabacia. Foto: ilustração de Procópio de Castro e Marcus Vinícius Polignano sobre cartografia de Daniel Nascimento Rodrigues.

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• perceber-se integrante, dependente eagente transformador do ambiente, iden-tificando seus elementos e as interaçõesentre eles, contribuindo ativamente paraa melhoria do meio ambiente [...];

•questionar a realidade, formulando pro-blemas e tratando de resolvê-los, utili-zando para isso o pensamento lógico, acriatividade, a intuição, a capacidade deanálise crítica, selecionando procedimen-tos e verificando sua adequação. (BRASIL,1998).

O envolvimento da escola com as ques-tões referentes ao local onde está inseridaremete à prática de uma educação contex-tualizada e formadora de pessoas que, con-forme Freire (2006), não apenas se adaptama situações, mas também estão aptas atransformá-las. A Lei de Diretrizes e Bases(LDB) da educação brasileira cita em seusobjetivos a formação básica de cidadãosmediante, entre outros meios, a compreensãodo ambiente natural e social, político, da tecnologia,das artes e dos valores em que se fundamenta a so-ciedade. (BRASIL, 1996). Portanto, uma visãosistêmica de bacias hidrográficas, abran-gendo sua história e sua realidade comtodas as problemáticas envolvidas, pode edeve ser trabalhada pela escola. Dessaforma a escola também cumpriria, comoafirma Morin (2007), o papel de formar cida-dãos capazes de resolver problemas da atualidade.

BACIA HIDROGRÁFICA E OSTEMAS TRANSVERSAIS

Os critérios adotados pelos PCNs para aescolha de temas transversais a serem tra-balhados na educação foram questões urgen-tes que envolvem múltiplos aspectos e diferentesdimensões da vida social (BRASIL, 1998). Paratal são considerados temas transversais:ética, meio ambiente, orientação sexual,pluralidade cultural, saúde, trabalho e con-sumo. Estes temas devem ser trabalhadospor todas as disciplinas e ainda servirem depotencial pedagógico durante a identifica-

ção de conhecimentos prévios dos alunos,ou seja, conhecimentos “de mundo”, pois,como afirmam os PCNs, a transversalidade abreespaço para a inclusão de saberes extra-escolares,possibilitando a referência a sistemas de significadoconstruídos na realidade dos alunos (BRASIL,1998). Portanto, o conhecimento do terri-tório de bacias, de como as característicasnaturais influenciaram e/ou influenciam acultura das pessoas que ali residem, os sa-beres produzidos e em produção neste es-paço e seu próprio dia-a-dia remetemcertamente à realidade dos alunos. Comodesvincular o aluno do meio ambiente emque vive? Como não pensar na pluralidadecultural existente neste espaço, as noçõeséticas dos grupos residentes, assim comoas relações de trabalho e consumo? Comotudo isso interfere na qualidade de vida e,consequentemente, na saúde das pessoasque ali vivem?

A bacia hidrográfica é um recorte terri-torial no qual interagem fatores naturais esociais que orientam a idéia de ambienteonde aspectos bióticos e abióticos, taiscomo vento, temperatura, declividade eumidade, se envolvem em uma teia de rela-ções. Godim (2008) diz que As configuraçõesterritoriais são produtos sociais que se realizam pormeio da ação humana, e por isso mesmo, determi-nadas historicamente. Pode-se dizer que a rea-

Bacia hidrográfica e os temas transversais. Ilustração: Procó-pio de Castro e Marcus Vinícius Polignano.

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lidade atual de uma bacia é um produto so-cial dos diversos usos de um fragmento deambiente. Portanto a presença de áreas de-gradadas, a poluição, as doenças e atémesmo a violência existente são produtossociais, muitos decorrentes de noções ouda falta de noções éticas. Se a ética trata deprincípios e não de mandamentos (BRASIL, 1998),isso nos faz pensar quais princípios têmorientado nossa sociedade e como pode-mos ver estes princípios manifestados deforma concreta no território da bacia. Comoa sociedade civil, as empresas e o poder pú-blico têm atuado na bacia?

O descaso, a falta de bom senso e mesmode cuidado com o próprio local em que vive-mos faz com que convivamos com ambientescada vez mais degradados e que propiciam osurgimento de doenças. As políticas públicasnem sempre atuam para minimizar as desi-gualdades sociais e promover a qualidade devida. Muitos usuários da bacia ainda insistemem utilizar ambiente e emprego como moe-das de troca dentro de uma perspectiva re-trógrada e dualista em que desenvolvimentoeconômico é contrário a qualidade ambiental,desconsiderando a tentativa de um desenvol-vimento sustentável.

Não há ética ao pensar nas gerações fu-turas? Será que trabalho e consumo sempreestarão se contrapondo a um ambiente eco-logicamente equilibrado, bem de uso comum do povoe essencial à sadia qualidade de vida (BRASIL,1988) de acordo a Constituição Brasileira?

Dentro deste contexto, não é difícil re-fletir sobre como meio ambiente, ética esaúde estão inter-relacionados, algo quepode ser confirmado nos objetivos dosPCNs referentes ao tema transversal saúde,no qual se pretende fazer com que os alu-nos possam compreender que a saúde é produ-zida nas relações com o meio físico, econômico esociocultural, identificando fatores de risco à saúdepessoal e coletiva presentes no meio em que se vive.(BRASIL, 1998).

E por que identificamos a cada dia tan-tos fatores de risco nas bacias? Por que tan-tas alterações e degradações? E mais: porque é tão difícil gerir esses territórios? Valelembrar que estamos lidando com conflitosde interesses e, devido a uma não sinergiadestes quanto a conceitos éticos, a baciatransforma-se em um espaço de conflitos.Sob essa lógica, abordar o tema transversalTrabalho e Consumo na escola é tambémuma forma de discutir as relações existen-tes na sociedade, relações muitas vezespautadas por um tênue limiar entre desejo enecessidade.

As necessidades humanas sofreramgrandes alterações desde o tempo das ca-vernas devido às novas formas de estilo devida; aliás, aumentaram muito, nos últimosmilênios. A população mundial no ano 1d.C. era de 100 milhões; em 1825 chega noseu primeiro bilhão; hoje, somos mais de 6bilhões. (DIAS, 2008).

Que a população humana cresceu éfato, mas seu ávido desejo por consumircresceu muito mais. Os PCNs afirmam que:Consumir não é um ato neutro: significa participarde um cenário de disputas por aquilo que a socie-dade produz, pelos modos de usá-lo, tornando-seum momento de continuidade por meio da distri-buição apropriada de bens e serviços. (BRASIL,1998). Para consumir é necessário retirarmatérias-primas do ambiente natural etrans formá-las em objetos necessários (ounão) a quem os deseja.

A sociedade capitalista, também cha-mada de sociedade de consumo, estimulao desejo por coisas necessárias - ou não - àsobrevivência. A palavra necessidade passaa se transmutar, pois o ideário capitalista,tendo os meios de comunicação comogrande aliado nesse processo, cria necessi-dades a cada dia. Somos valorizados e re-conhecidos pelo que temos e não pelo quesomos. Não está embutido no preço da-quilo que consumimos a degradação de am-

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bientes naturais, a perda da biodiversidade,a poluição e a perda de qualidade de vida.

Entender como o consumismo e a alie-nação têm provocado impactos no territórioda bacia hidrográfica é conteúdo que, comodiz a expressão popular, “dá pano paramanga”. Nosso modelo político-socio-econômico considera até então desenvolvi-mento apenas como sinônimo de melhoriaseconômicas. Não são considerados, nos im-pactos provocados, os chamados serviçosambientais (água e ar limpo, por exemplo)que estão sendo comprometidos, e ainda umconjunto de resíduos que estão sendo gera-dos. Já que somos os únicos seres providosde inteligência, por que enterramos lixo eenergia nos aterros sanitários e retiramos doambiente muito além de que o necessáriopara o nosso sustento, afetando ecossiste-mas, nossa qualidade de vida, o nosso futuroe o das próximas gerações?

Todo este contexto leva a questõestransversais, que nos remetem à necessi-dade de um novo paradigma civilizatório noqual ambiente, saúde, ética, trabalho e con-sumo possam ser trabalhados de forma in-tegrada, não apenas no ensino escolar, mastambém ao se pensar em políticas públicas,em ações realizadas por centros de saúde,nas reivindicações de associações de bairro,núcleos de mobilização social e organiza-ções não governamentais.

Transversalidade é uma possibilidade decolocar o aluno em contato maior com arealidade que o cerca, da qual ele faz parte,em uma tentativa de estabelecer uma relaçãoentre aprender conhecimentos teoricamente siste-matizados (aprender sobre a realidade) e as ques-tões da vida real e de sua transformação (aprenderna realidade e da realidade) (BRASIL, 1998), naperspectiva de que aprender sobre e na rea-lidade sejam caminhos para interferir nela.

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Rio Parauná próximo a foz do Velhas. Fonte: Acervo Projeto Manuelzão.

BASES CURRICULARES PARA TRABALHAR A TEMÁTICABACIA HIDROGRÁFICA

A complexidade dos assuntos envolvidoscom a temática bacia hidrográfica faz comque o Projeto Manuelzão acredite na neces-sidade de entender e trabalhar este territóriode forma transdisciplinar. Basarab Nicolescu,no livro O Manifesto da Transdiciplinaridade(1999), afirma que o termo transdiciplinari-dade foi inventado para traduzir a necessi-dade de uma jubilosa transgressão entre asdisciplinas. Ele afirma que a transdisciplinari-dade não se aplica apenas à educação, mas atodas as esferas da vida. De acordo com Ni-colescu (1999), para se ter uma atitude trans-disciplinar é preciso rigor, abertura etolerância, além de reconhecer que há váriosníveis de percepção, assim como vários ní-veis de realidade, todos eles correlacionados.Assim é a bacia hidrográfica. Não estamosconsiderando apenas um território, um pe-daço de terra. Vemos a bacia como algo vivo,uma construção social a partir de uma cons-trução natural ocorrida ao longo de váriosanos. Os vários níveis de percepção da baciasão traduzidos em suas várias faces: ambien-tal, cultural, histórica, política, econômica esocial. E não há como separá-las, todas se in-tegram formando este território em constantemutação. A transdisciplinaridade vai além daclássica articulação piramidal das disciplinas,como afirma Basarab Nicolescu:

A transdisciplinaridade, como o prefixo‘trans’ indica, diz respeito àquilo que estáao mesmo tempo entre as disciplinas,através das diferentes disciplinas e alémde qualquer disciplina. Seu objetivo é acompreensão do mundo presente, para oqual um dos imperativos é a unidade doconhecimento. (NICOLESCU, 1999).

Mas, apesar de considerarmos a abor-dagem transdisciplinar ideal para o trabalhocom a bacia, esbarramos com a es truturaclássica e defasada da escola. E, ao pensarem algo mais viável – não que o transdisci-

plinar seja inviável, mas que é necessáriauma predisposição grande dos professorese da estrutura escolar para se pensar e en-sinar de forma transdisciplinar, já que o sis-tema educacional não favorece essa formade abordagem –, atentamos para a interdis-ciplinaridade como início das conexõesentre os conteúdos de diferentes discipli-nas. Isso, à primeira vista, pode parecer fugirdos conteúdos obrigatórios, mas além de serelacionar com os temas transversais, baciahidrográfica também pode ser abordadadentro de conteúdos curriculares em todasas disciplinas. Trabalhos interdisciplinaressão ricos espaços de aprendizagem tantopara os alunos quanto para os professores,mas a organização pedagógica da escolamuitas vezes é o primeiro fator dificultadordo processo. Outro problema é a disponi-bilidade e a vontade dos professores departicipar de algo interdisciplinar.

Fazenda (1999) afirma que a interdisci-plinaridade é um processo que precisa ser-vivido e exercido, e ainda que um projetointerdisciplinar às vezes surge de uma pessoa que,possuindo em si a atitude interdisciplinar, estende-o para outras e para o grupo. A autora associa aatitude interdisciplinar a ousadia da busca, dapesquisa, transformando a insegurança em umexercício de pensar, de construir. (FAZENDA, 1999).

Apesar da vasta literatura sobre inter-disciplinaridade, assim como da metodolo-gia de projetos em escolas, o intuito dopresente material não é discutir estes as-suntos, mas sim propor alternativas peda-gógicas – disciplinares, interdisciplinares e,por que não, transdisciplinares – para setrabalhar bacia hidrográfica a partir do Cur-rículo Básico Comum (CBC) proposto pelaSecretária do Estado de Minas Gerais. Aproposta está em consonância com a Lei deDiretrizes e Bases Educacionais Brasileiras

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(BRASIL, 1996) ao considerar currículocomo um conjunto de experiências organi-zadas sistematicamente em dada realidadeconcreta, historicamente situada, destinadoà formação de sujeitos autônomos, capazesde intervir na realidade e transformá-la se-gundo a ética democrática.

Sousa e outros ao dissertarem sobre ocurrículo no documento CBC - MG, afirmamque essa concepção supera a tradicional compreensãode currículo como rol de disciplinas que compõem umcurso ou relação de temas que constituem uma disci-plina. Esses autores reforçam a importânciadesse documento, pois nele se reúnem con-teúdos relevantes e necessários ao desenvolvimento dascompetências e habilidades consideradas imprescindí-veis aos alunos em cada nível de ensino e que, por-tanto, devem ser obrigatoriamente ensinados em todasas escolas da rede estadual de ensino de Minas Gerais.(MINAS GERAIS, 2011- d).

Considerando Zabala (1998), ao dizerque competência é a capacidade de o sujeito mobi-lizar saberes, conhecimentos, habilidades e atitudespara resolver problemas e tomar decisões adequa-das, é possível tomar o território de baciashidrográficas como rico espaço de aprendi-zagem e exercício de cidadania.

A proposta do Projeto Manuelzão é en-volver professores e alunos na busca peloconhecimento da história da bacia à qualpertencem, bem como dos impactos, po-tencialidades e conflitos que ocorrem nesse

território, assim como pensar em proposi-ções que auxiliem em sua gestão.

O presente material visa auxiliar os pro-fessores nessa viagem de descoberta econstrução do aprendizado, por meio da in-teração entre conteúdo curricular e reali-dade, com a permanente participação doaluno. Com a proposta de envolver profes-sores e alunos a partir da metodologia ini-cial de mapeamento de potencialidades,possibilidades e problemas da bacia, acre-ditamos que o conhecimento da realidadeno entorno da escola passa a ter um signi-ficado maior, levando à sua interpretação,como também participante do currículo. Es-peramos que com o tempo professores esistemas educacionais modifiquem suas vi-sões e práticas sustentadas por um “bigbang disciplinar”, ou seja, que vivenciem oir além das disciplinas, da fragmentação,pois compartilhamos com a idéia de que ouniverso parcelar disciplinar está em plena expan-são em nossos dias (NICOLESCU, 1999), mas,ao mesmo tempo, as problemáticas atuais,para serem entendidas necessitam de umavisão unificada, transdisciplinar.

Lembrando que longe de querermosnos limitar aos conteúdos curriculares, pre-tendemos iniciar um diálogo por meio deproposições realizadas a partir destes e emseguida pensarmos em vôos mais altos.

As sugestões aqui apresentadas refe-rentes a cada disciplina também visam des-mistificar a idéia de que para trabalhar atemática de bacias hidrográficas necessita-se “desviar” do conteúdo programático.Para entender essa proposta talvez seja ne-cessário ter uma predisposição a visualizaro território no qual a escola está inseridacomo um local de construção do conheci-mento que vai além da leitura de textos eda resolução das atividades de um livro. Asbacias hidrográficas são livros interativosansiosos por serem lidos, relidos e, por quenão, reescritos.

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Tema ambiental em teatro em de Santa Rita do Cedro du-rante a Expedição 2003. Foto: Acervo Projeto Manuelzão.

DISCIPLINA: ARTES

A disciplina Artes possui potencial parasensibilizar pessoas quanto à causa ambien-tal. Criatividade, sensibilidade, percepção, abusca e a construção de significados caracte-rísticos de manifestações artísticas e culturaissão caminhos possíveis para fazer com que aspessoas vejam o que as cerca, o que inclui a si-tuação em que um rio se encontra e a de todaa bacia da qual ele faz parte.

Foi sob essa ótica que o Projeto Ma-nuelzão organizou e promoveu vários Festi-Velhas, espaços de encontro das culturasdos povos da bacia, todos reunidos parafestejar, mas também denunciar, refletir,chamar a atenção da população, usuários epoder público para as questões socioam-bientais referentes à bacia do rio das Velhas.Dentro dessa perspectiva podemos consi-derar que as artes também possuem um ca-ráter político, pois interpretam realidades eregistram percepções em diversos atos decriação, como afirmam os PCNs A arte nãorepresenta ou apenas reflete a realidade, mas é tam-bém realidade percebida, imaginada, idealizada,abstraída. (BRASIL, 1997). Ver e sentir essarealidade, percorrer o que a história localpode nos contar sobre ela, projetar o futuro

desse território são possíveis caminhos parase trabalhar com a temática bacia hidrográ-fica.

Abaixo segue um quadro-resumo que as-socia possíveis temáticas a serem abordadasdentro da perspectiva de bacia hidrográfica, apartir do conteúdo curricular da disciplinaArtes definido pelo Currículo Básico Comumde Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2011a). Oobjetivo das propostas é sensibilizar os alunose a comunidade para as causas ambientais,auxiliando assim, a construção de uma visãocrítica do aluno e a formação para a gestãoparticipativa do território da bacia.

Sugestões disciplinares para trabalhar bacias hidrográficas

Crianças pintando. Foto: Acervo Projeto Manuelzão.

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DISCIPLINA ARTESTemática: caracterização e história da bacia.

Objetivos: com auxilio de técnicas referentes a Artes Visuais e noções de estética, identificar e analisar características socioambientais da bacia.

• Pesquisar sobre potencialidades (biodiversidade, áreas verdes, nascentes, rios preservados, patrimônios epotenciais turísticos) e problemas existentes na bacia (falta de saneamento, incidência de doenças, rios poluí-dos e canalizados etc.) e utilizar diversas técnicas para representá-los (ex. desenho, colagem, killing, textura);• Convidar pessoas que residem há mais tempo na bacia a ministrarem palestras para os alunos sobre os ce-nários antigos existentes na região. Realizar desenhos ilustrativos representando as diferenças temporais entreo passado e o presente do território;• Realizar visitas de campo em territórios da bacia. Trabalhar registros como desenhos de observação, fotografiae/ ou filmagens. Debater com os alunos a realidade da bacia e o futuro da mesma. Ao observar característicasda bacia, promover discussões sobre estética;• Confeccionar um mapa identificando as potencialidades e problemas pesquisados anteriormente e observa-dos durante a visita de campo;• Identificar a bacia como um espaço cênico e contextualizar peças teatrais a partir de observações realizadasna visita de campo e de entrevistas com moradores;• Assistir a vídeos sobre temáticas ambientais para promover debates e discussões associando problemas exis-tentes na bacia; utilizar Coletânea DVD, que será disponibilizada juntamente com o presente material, ou acervode vídeos do Projeto Manuelzão, presente no site www.manuelzao.ufmg.br.

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Desenhos de crianças de escolas da bacia do rio das Velhas. Fonte: Acervo Manuelzão

DISCIPLINA ARTES

Temática: manifestações culturais presentes na bacia.

Objetivos: identificar as manifestações culturais existentes no território.

• Pesquisar e conhecer grupos culturais locais (dança, música, teatro). Em suas manifestações rela-tam algo sobre o rio ou mesmo a cultura e o modo de vida dos moradores da bacia? Há passos dedança que remetam a biodiversidade local? Verificar a possibilidade de estes grupos ministrarem pa-lestras e/ou realizar apresentações na escola. Promover discussões sobre uma possível cultura que en-volva a idéia de bacia. Produzir vídeos, realizar entrevistas com estes grupos;• Pesquisar sobre materiais utilizados na fabricação de instrumentos musicais destes grupos. Pesquisarse há pessoas e/ou instituições que confeccionam instrumentos musicais a partir de materiais reci-cláveis. Realizar oficinas de confecção destes materiais com os alunos; • Elaborar painéis fotográficos, com desenhos e ou pequenas entrevistas retratando as manifesta-ções culturais presentes na bacia;• Promover discussões sobre conceitos de cultura. Com auxilio de textos e vídeos, debater a culturada globalização x cultura tradicional. Discutir a cultura do consumismo, desperdício e degradação;Como as manifestações culturais podem contribuir para o futuro ambiental da bacia? • Promover seminários sobre a importância da cultura no resgate e/ou construção de valores comosolidariedade e sustentabilidade.

Temática: participação social e gestão do território da bacia

Objetivos: por meio do uso da linguagem artística, interpretar a realidade existente na bacia, estimulando a maior participação da sociedade

na gestão desse território

• Trabalhar com os alunos diversas técnicas da arte e realizar produções artísticas (músicas, paródias,vídeos, coreografias, exposições itinerantes, campanhas, feiras de cultura) com o intuito de sensibili-zar e alertar a população sobre a realidade existente na bacia, estimulando a participação social na ges-tão desse território.

DISCIPLINA: BIOLOGIA

A Biologia, por estudar a vida, suas ma-nifestações, diversidade e complexidade, éuma das disciplinas em que a temática am-biental é constante e cujo conteúdo podeser adaptado facilmente ao território debacia hidrográfica. A bacia, ao ser percebidacomo um território dinâmico e em cons-tante construção/desconstrução/reconstru-ção, possui potencial didático para otrabalho em biologia, principalmente aoconsiderarmos os três eixos temáticos –Energia, Biodiversidade, Corpo Humano eSaúde – do Currículo Básico Comum, parao ensino desta disciplina em Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011- b).

No eixo temático Energia é possível as-sociar os ciclos biogeoquímicos à realidadeda bacia e à sua gestão. A gestão das águaspassa a ter mais sentido quando entende-mos que em torno de 65% de nosso corpoé constituído por esse nutriente. Portanto,ao considerar o ciclo da água, não é exagerodizer que as águas que hoje seguem o cursode um rio já estiveram correndo em nossasveias e vice-versa. Ao pensarmos na consti-tuição de nosso corpo e na relação destacom o ciclo dos nutrientes, a idéia de quetudo está interligado em uma teia de rela-ções passa a ser mais concreta.

No eixo temático Biodiversidade, a his-tória dos ecossistemas, as característicasnaturais do território e as modificaçõesocorridas ao longo do tempo são rica pos-sibilidade pedagógica inclusive para enten-der os processos econômicos e a relaçãodas pessoas com o local em que vivem.

E, finalmente no eixo temático CorpoHumano e Saúde, é possível associar a idéiade teia de inter-relações existentes no terri-tório de bacia ao processo de saúde-doença. Conhecer o uso e ocupação dosolo, o destino do lixo e do esgoto são al-guns dos meios de diagnosticar a saúde de

um rio. Os rios e córregos levam em seucurso o que trouxeram seus afluentes, ouseja, águas limpas e ricas em biodiversidadeou águas malcheirosas, repletas de esgoto,lixo e agentes causadores de doenças. Se-guindo essa lógica, podemos associar osrios aos vasos sanguíneos de nosso corpo.Analisar suas águas é semelhante a fazer umexame de sangue para verificar a saúde denosso corpo. O estudo das águas de um riorelaciona-se não apenas com sua saúde,mas também com a da bacia, e isso inclui asaúde de todos os seres vivos que residemnesse território.

Portanto, para auxiliar o professor nessaviagem biológica com os alunos pela bacia,segue um quadro-resumo associando pos-síveis temáticas a serem abordadas dentroda perspectiva de bacia hidrográfica, a par-tir do conteúdo curricular da disciplina Bio-logia definido pelo Currículo Básico Comumde Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2011b). Oobjetivo das propostas é entender melhor oterritório, a realidade na qual a escola estáinserida, e auxiliar a construção de umavisão crítica do aluno e a formação para agestão participativa do território da bacia.

.Biodiversidade. Fotomontagem Procópio de Castro

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DISCIPLINA BIOLOGIA

Temática: caracterização da bacia.

Objetivos: analisar a realidade da bacia utilizando conceitos biológicos.

• Pesquisar os biomas que existem ou existiam na bacia. Há espécies ameaçadas de extinção na re-gião? Pesquisar sobre elas. Pesquisar a Política Nacional da Biodiversidade (Decreto 4.339/ 2002).Realizar campanhas para preservação do bioma e dessas espécies;• Por meio de questionários aplicados aos alunos e moradores, levantar potencialidades (áreas ver-des, nascentes, córregos em leito natural, presença de mata ciliar etc.) e problemas (lixo, esgoto, as-soreamento de rios, enchentes e deslizamentos etc.) existentes na microbacia na qual a escola estáinserida; • Realizar visitas de campo para identificar as potencialidades e problemas levantados; elaborar mapas(desenhos/croquis) identificando a localização desses.

Temática: biodiversidade.

Objetivos: analisar a biodiversidade presente na bacia e sua importância.

• Pesquisar as áreas verdes presentes na região e sua importância no contexto da bacia (fatores cli-máticos, área de recarga da bacia, preservação de biodiversidade, matas ciliares e nascentes). Elabo-rar e realizar trilhas ecológicas de percepção ambiental com os alunos e convidar moradores;• Pesquisar Áreas de Preservação Permanente (APPs); discutir sobre a Resolução do CONAMA nº303 (BRASIL, 2002) que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de APPs. O que são? Há al-guma APP na bacia? Há algum local que é classificado como APP, mas não é preservado? • Pesquisar o Código Florestal brasileiro antigo e o mais recente. Quais são as mudanças previstas?Quem será beneficiado com o novo Código Florestal? Pesquisar formas sustentáveis de manter áreaspreservadas e ter retorno econômico: turismo, banco genético para uso medicinal, sistemas agroflo-restais; Pesquisar banco genético e a importância de frear a degradação nos biomas brasileiros; • Pesquisar a fauna e flora aquáticas. Utilizar bioindicadores / Projeto Manuelzão; • Relacionar as características da fauna aquática com o local do rio em que frequentemente são en-contrados. Exemplo: A forma do tronco dos peixes tem relação com a resistência da água sobre seucorpo. Peixes de corpo fusiforme (como o dourado), por exemplo, são bons nadadores e gastammenos energia para se deslocar em ambientes de corredeira. Por outro lado, aqueles de corpo curtoe alto (como a piranha e o pacu) são bons em manobras e utilizam melhor os locais com baixa velo-cidade da água como, por exemplo, as lagoas marginais;• Pesquisar junto aos moradores quais as espécies de peixes existentes hoje e que as existiam nopassado. Das que existem, todas são nativas ou há espécies exóticas? Dentre as nativas que não exis-tem mais, por que desapareceram? • Elaborar cartilhas, jogos ou textos com o intuito de informar a população sobre a biodiversidadeexistente na bacia e a importância da preservação desta para a qualidade ambiental.

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DISCIPLINA BIOLOGIA

Temática: saneamento ambiental.

Objetivos: analisar a situação do saneamento ambiental na bacia e estimular a maior participação da população na reivindicação de melhorias na qualidade ambiental.

• Realizar levantamento sobre coleta e tratamento de esgoto, abastecimento de água e recolhimentode resíduos na bacia. De onde provém a água e para onde vai o lixo e o esgoto da escola e dos mo-radores da bacia? Há Estação de Tratamento de Água (ETA) e Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)na bacia? • Elaborar e aplicar questionários, com auxilio dos alunos, para verificar se a comunidade sabe de ondevem a água que a abastece, se ela é tratada, para onde vai a água que sai da casa (esgoto) e se ela étratada; • Pesquisar quais municípios da bacia do rio das Velhas possuem ETE e quais são prejudicados coma ausência delas. Visitar Estações de Tratamento de Água (ETA) e ETE (esgoto) demonstrando sua im-portância para a saúde da população e do rio;• Realizar visita de campo na bacia verificando a condição das águas, observar cheiro, turbidez e pre-sença ou não de mata ciliar. Fazer registro fotográfico, elaborar relatórios e encaminhar à Prefeiturae órgãos competentes; realizar exposições e eventos na escola para divulgar os resultados e buscarformas de envolver a comunidade na luta por melhorias locais;• Pesquisar sobre análise da água e parâmetros físicos-químicos analisados; verificar Resolução Co-

nama nº 357 que dispõe sobre a “classificação de corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu en-quadramento, bem como estabelece condições e padrões de lançamento de efluentes” (BRASIL,2005); buscar dados sobre parâmetros de qualidade da água junto à prefeitura ou Copasa ou ServiçoAutônomo de Água e Esgoto (SAAE); • Pesquisar a quantidade, tipo e tempo de decomposição do lixo produzido na escola. É possível di-

minuir? Elaborar um plano de gestão de resíduos na escola; • Pesquisar sobre setores da prefeitura responsáveis pela limpeza urbana e propor parceria para

conscientizar a população sobre a importância de dispor corretamente o lixo. Verificar possibilidadede representantes da prefeitura ministrarem palestras na escola sobre o assunto; • Visitar um aterro sanitário, usina de triagem e compostagem; Pesquisar sobre os 3Rs. A escola, osalunos e professores praticam os 3Rs? • Elaborar campanhas para coleta de materiais recicláveis. Buscar implantar a coleta seletiva na es-cola e na região;•Visitar associações de catadores de materiais recicláveis ou verificar possibilidade de catadores rea-lizarem palestras na escola; • Elaborar uma carta ao prefeito solicitando melhorias quanto ao saneamento ambiental na bacia.

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DISCIPLINA BIOLOGIA

Temática: saúde.

Objetivos: associar indicadores de saúde à qualidade ambiental na bacia.

• Correlacionar o sistema circulatório com a bacia hidrográfica: veias e artérias como rios principais,os capilares como afluentes que contribuem positiva ou negativamente, e água assim como o sangueda Terra; • Pesquisar a área de abrangência dos centros de saúde mais próximos à escola. Coletar dados sobreregistros de doenças e observar se há presença de doenças de veiculação hídrica, doenças respira-tórias, de pele e dengue, entre outras associadas à questão ambiental; • Pesquisar sobre os indicadores de saúde na área de abrangência da bacia; • Pesquisar a importância do saneamento básico na prevenção de gastroenterite infantil, parasitoses,infecções de pele, dengue e outras; • Avaliar, por meio de questionários e/ou entrevistas, se as pessoas relacionam a ausência de trata-mento de água e de esgoto com os registros de casos de doenças veiculadas pela água;• Relacionar dados como a presença de água e esgoto tratado e doenças veiculadas pela água com oIDH da região; associar essas informações com a ocupação e os usos da bacia; pensar em propostasnas quais os alunos e a comunidade possam interferir na melhoria da qualidade de vida na bacia; • Elaborar cartilhas ou folders em parceria com os centros de saúde, divulgando informações sobreas doenças e como preveni-las; Convidar agentes de saúde a participar e sugerir atividades a seremrealizadas pela escola envolvendo a comunidade em prol de melhorias das condições de saúde.

Temática: energia.

Objetivos: identificar as intervenções humanas nos ciclos biogeoquímicos no âmbito da bacia.

• Pesquisar sobre os ciclos biogeoquímicos e associá-los à realidade da bacia: há muita emissão de gáscarbônico por carros, indústrias e ou atividade agropecuária? Há indústrias que emitem compostosde enxofre? O que fazem para minimizar os impactos? • Trabalhar textos e vídeos que abordem a influência do excesso de gás carbônico no aquecimentoglobal; pesquisar tecnologias alternativas e associar a matriz energética à ideia de sociedades susten-táveis; promover debates sobre o tema;• Com auxílio de vídeos e textos, discutir como o desmatamento pode interferir no aquecimento

global;• Pesquisar sobre decomposição e compostagem, relacionando os dois temas; Realizar oficinas decompostagem e produção de mudas (se houver espaço na escola ou em local cedido pela comuni-dade) com alunos e pais de alunos. Escolher locais da escola e/ou da bacia para plantio de mudas eeleger salas e ou alunos para monitorar e/ou cuidar destas mudas.

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Lavadeiras no rio Taquaraçu. Foto: Rogério de Oliveira Sepulveda.

DISCIPLINA BIOLOGIA

Temática: participação social e gestão do território da bacia.

Objetivos: por meio da análise e debate sobre a realidade ambiental, política, econômica ecultural da bacia, estimular a participação social na gestão desse território.

• Pesquisar instituições como universidades e organizações não-governamentais que lutam pela pre-servação da biodiversidade. Quais argumentos eles utilizam? Estes argumentos se enquadrariam narealidade da bacia? • Ler e discutir sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), a Política Nacionalde Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305 /2010) e a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/ 81),Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), a Resolução CONAMA 274 (BRASIL, 2000) e analisar po-líticas estaduais e municipais sobre o assunto. Como analisar tais políticas e leis no âmbito da bacia?Essas leis são cumpridas?• Pesquisar sobre o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância e

como participar; ir a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de inte-grantes do subcomitê ministrarem palestras na escola; Pesquisar sobre os núcleos Manuelzão: a his-tória, suas conquistas e dificuldades; convidar integrantes de núcleo Manuelzão atuantes na microbaciana qual a escola está inserida ou em microbacia próxima para ministrarem palestras sobre a atuaçãodo grupo;• Promover seminários com associações de bairro, ONG's, subcomitê e núcleos Manuelzão para de-bater as perspectivas para o futuro da bacia, estimulando assim a construção da gestão participativadeste território.

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FISICA

O Currículo Básico Comum para Edu-cação Física no Estado de Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011d) considera esta dis-ciplina como componente curricular res-ponsável por introduzir os indivíduos nouniverso da cultura corporal que contempla múlti-plos conhecimentos produzidos e usufruídos pelasociedade a respeito do corpo e do movimento, comfinalidades de lazer, expressão de sentimentos, afe-tos e emoções, e com possibilidades de promoção,recuperação e manutenção da saúde. (MINAS GE-RAIS, 2011d).

Os quatro eixos temáticos do CBC paraa disciplina de Educação Físicas – Esporte;Jogos e Brincadeira; Ginástica; Dança e Mo-vimentos Expressivos – partem do princípioda compreensão do corpo em sua totali-dade, o que significa conceber o sujeito a partirda indissociabilidade de suas dimensões biológica,afetiva, cognitiva, histórica, cultural, estética, lú-dica, linguística, dentre outras. E como relacio-nar isso à bacia hidrográfica?

Analisar o contexto da bacia para a prá-tica de atividades físicas pode ser umaforma não apenas de conhecer o territóriocomo também de valorizá-lo, além da pos-sibilidade de construir uma relação de per-tencimento do aluno em referência a esseslocais. Conhecer a bacia é também verificarseu potencial para a prática de atividadesvinculadas à disciplina de Educação Físicaque podem ter um caráter que vai além daprática corporal. Conhecer o território dabacia é conhecer parte da realidade viven-ciada pelo aluno; identificar problemas epotencialidades é uma forma de fazer daatividade física uma possibilidade de pro-moção da saúde sob vários aspectos, po-dendo, por exemplo, levar o alunoquestionar situações socioambientais exis-tentes e se elas propiciam ou não a quali-dade de vida da população. Tudo isso vai aoencontro com o CBC-MG da disciplina deEducação Física, que considera que nas prá-

ticas corporais, a vivência lúdica, ao possibilitar aosalunos representar, (re)interpretar e re-significar arealidade, instiga-os a desenvolver, de forma ética eestética, sua criatividade, criticidade e autonomia.(MINAS GERAIS, 2011d)

Para auxiliar o professor a orientar osalunos nesse caminho de descobertas,adiante segue um quadro-resumo asso-ciando possíveis temáticas a serem aborda-das dentro da perspectiva de baciahidrográfica, a partir do conteúdo curricularda disciplina Educação Física definido peloCurrículo Básico Comum de Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011d). O objetivo daspropostas é promover discussões sobresaúde, identificando o território da baciacomo determinante na promoção da saúde,auxiliando assim, a construção de umavisão crítica do aluno e a formação para agestão participativa do território da bacia.

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Exercícios de alongamento para a caminhada da Mini-Expe-dição Peter Lund, realizada como parte da Expedição Velhas2009. Fotos: Procópio de Castro.

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DISCIPLINA EDUCAÇÃO FÍSICA

Temática: caracterização da bacia.

Objetivos: Conhecer a realidade socioambiental da bacia por meio da prática de atividades físicas.

• Organizar e executar caminhadas de percepção ambiental identificando potencialidades (biodi-versidade, áreas verdes, nascentes, rios preservados, patrimônios e potenciais turísticos) e problemasexistentes na bacia (falta de saneamento, incidência de doenças, rios poluídos e canalizados etc.); du-rante o percurso, observar o impacto da ação humana nas modificações ocorridas neste ambiente;conhecer e valorizar a bacia como uma construção coletiva.

Temática: potencial de práticas esportivas na bacia.

Objetivos: valorizar o território da bacia como espaço para prática de atividades físicas.

• Mapear, por meio da elaboração de desenhos/croquis, os pontos da bacia viáveis para a prática de ati-vidades físicas de diferentes modalidades. Há na região práticas esportivas realizadas em ambientes natu-rais, valorizando-os como locais para prática saudável e sustentável de atividades físicas? Há locais na baciaem que existe estrutura construída para a prática de esportes, como, por exemplo, as "Academias da ci-dade"? Há áreas verdes e ou avenidas na bacia em que é comum a prática de atividades físicas e de quaismodalidades? • Debater a importância de atividades físicas para a promoção da saúde e o convívio social;• Pesquisar os possíveis impactos gerados por alguns esportes realizados em ambientes naturais;

• Resgatar brincadeiras antigas e adaptá-las a questões ambientais relacionadas à realidade da bacia. Ela-borar jogos com auxílio de outras disciplinas para tratar da temática ambiental no contexto da bacia. Dis-cutir a importância da brincadeira como um patrimônio cultural que vem se perdendo ao longo do tempoe promover eventos na escola envolvendo pais e alunos; • Organizar campeonatos esportivos na bacia; • Analisar a bacia e discutir as possibilidades de mobilidade local, como por meio de bicicleta e outros.

Temática: participação social e gestão do território da bacia.

Objetivos: promover eventos com intuito de estimular a prática de atividades físicas e mobilizar a população em prol de melhorias ambientais locais.

• Convidar a comunidade a realizar as travessias pela bacia, tendo alunos como monitores;• Organizar gincanas ambientais sobre a bacia envolvendo os pais e alunos; • Promover seminários e discutir com a população e órgãos públicos a importância da criação de ci-clovias. Organizar passeios ciclísticos com alunos e comunidade; • Realizar caminhadas e passeatas a favor de melhorias ambientais como revitalização de córregos,preservação de áreas verdes entre outros.

DISCIPLINAS FILOSOFIAE SOCIOLOGIA

A disciplina Filosofia tem como um dosobjetivos a humanização do ser humano, necessáriapara que se possa construir uma consciência autônoma,um estado de direito, em suma, uma cidade justa(MINAS GERAIS, 2011e). Nos três eixos temá-ticos Ser Humano, Agir e Poder e Conhecerpropostos pelo Currículo Básico Comum deMinas Gerais para esta disciplina é possível de-linear vários caminhos reflexivos sobre valores,dualidade entre leis e justiça, certo e errado,sobre mudanças que ocorreram e ocorrerãono território da bacia hidrográfica.

O CBC-MG (MINAS GERAIS, 2011e)afirma que filosofar é um modo de viver e umfazer que deve incluir as seguintes atitudes:perceber, problematizar, refletir, conceituar eargumentar. Essas atitudes são também es-senciais na construção da visão crítica doaluno sobre o que ocorre na bacia hidrográ-fica, podendo fazer com que este colabore nagestão participativa desse espaço. Percebersignifica ser sensível aos acontecimentos efatos como, por exemplo, o excesso de lixo emlotes vagos e/ou áreas públicas, as doençasveiculadas pela água que se encontra conta-minada, a poluição causada pelos meios detransporte, a ausência de áreas verdes. Enfim,perceber o ambiente, sua história, sua dinâ-mica e as relações envolvidas nesse contexto.O refletir vai além do perceber, é questionar oque foi percebido, é confrontar possibilidadese verdades. Conceituar é uma forma de sinte-tizar as experiências vividas pelo perceber e re-fletir, criando posicionamentos os quais,quando bem fundamentados, dotados de ra-zões sustentáveis, podem embasar argumen-tações.

Já a sociologia apresenta-se com a pro-posta de identificar problemas existentes nasociedade e torná-los objeto de análise. O Cur-rículo Básico Comum de Minas Gerais (CBC-MG) prevê que o ensino de sociologia deve propiciarao estudante uma oportunidade para aprender aspec-

tos básicos da análise dos fenômenos sociais e do co-nhecimento sociológico” (MINAS GERAIS, 2011n).

Enquanto a filosofia tenta compreender oser humano e a sua relação com a natureza,sua cultura, valores e as relações de poder, asociologia oferece ao aluno um modo de olhara vida em sociedade que o sociólogo ameri-cano C. Wright Mills chamou de “imaginaçãosociológica”, algo que envolve ter consciência dasligações que existem entre a vida pessoal e as estrutu-ras que organizam e dão forma à vida social (MINASGERAIS, 2011n). Desta forma a filosofia e a so-ciologia mostram-se como instrumentos deanálise dos problemas e questões atuais queinterferem e/ou modificam/ constroem o terri-tório da bacia e o papel dos alunos dentrodesse contexto. Na mesma lógica, entender asrelações existentes na bacia, como as açõeshumanas interferiram e interferem no processode construção contínua desse território é meiode fazer com que os alunos pensem em solu-ções para problemas percebidos, num estí-mulo ao olhar social do aluno em relação àrealidade da qual ele faz parte, proporcio-nando não apenas o ato de analisá-la, mastambém a possibilidade de transformá-la.

Com intuito de auxiliar os professoresnesse processo de análise, abaixo segue umquadro-resumo associando temáticas que de-finimos como importantes para serem abor-dadas dentro da perspectiva de baciahidrográfica, auxiliando a construção de umavisão crítica do aluno e a formação para a ges-tão participativa deste espaço.

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Debate sobre a criação do Subcomitê do Rio Cipó. Foto:Acervo Manuelzão.

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DISCIPLINAS FILOSOFIA – SOCIOLOGIA

Temática: história e caracterização da bacia.

Objetivos: conhecer a realidade socioambiental da bacia.• Levantar informações, por meio de entrevistas com moradores mais antigos da bacia, sobre a his-tória da ocupação da bacia e a relação das pessoas com os rios; promover discussões sobre o passadoe o presente do território da bacia. O que mudou? Por que mudou? O que permaneceu? Discutircomo as atitudes e valores dos moradores influenciaram as mudanças ocorridas neste território aolongo dos anos;• Diagnosticar potenciais da bacia (áreas verdes, nascentes, rios preservados, equipamentos sociais,desmatamento, saneamento ambiental) e problemas (lixo, poluição, falta de equipamentos sociais esaneamento ambiental) por meio entrevistas, visitas de campo, registros fotográficos antigos e atuaisda bacia; mapear esses pontos e utilizar ferramenta do Google Earth para melhor localizá-los na bacia;discutir as interferências humanas na bacia ao longo dos anos; • Identificar e mapear as áreas de ocupação desordenada existentes na bacia, promover discussõessobre desigualdades socioambientais e como elas interferem na qualidade de vida da população e nadinâmica da bacia;• Pesquisar e discutir a diversidade de saberes existentes no âmbito da bacia. Há alguma relaçãoentre os saberes populares identificados e os saberes científicos? Realizar discussões sobre assuntosreferentes à bacia como: canalizações, enchentes e assoreamento, identificando o saber popular e osaber científico sobre esses temas e a importância deles para a dinâmica da bacia hidrográfica;• Promover debates sobre o relativismo (o que é certo e o que é errado), associar esta discussão àsações, escolhas, normas e valores que nortearam o processo de mudança ocorrido na bacia. Asso-ciar essas discussões à ideia de cidades e sociedades sustentáveis.

Temática: valores, cultura e ética na bacia.

Objetivos: identificar e analisar a cultura e valores existentes na bacia.• Pesquisar e debater os contrastes entre a sociedade urbana e rural, os estilos de vida cosmopolita elocal, entre estilos de política partidário-ideológica, corporativa-clientelista, e, enfim, como convivem o“velho” e o “novo” na sociedade brasileira; associar essas reflexões à lógica de bacia; • Associar os valores da sociedade moderna aos de outras culturas por meio da análise da Carta do Ca-cique de Seatle. Associar as ideias dessa carta à Teoria de Gaia, ao pensamento sistêmico e a documentosinternacionais como a Carta da Terra, Carta das Responsabilidades Humanas, Carta de Educação Am-biental para Sociedade Sustentáveis, entre outros; elaborar documentos similares referentes ao futuro dabacia;• Identificar no território da bacia culturas, valores e crenças. Realizar discussões com intuito de promo-ver a reflexão sobre como estes valores e crenças são influenciados e influenciam o território da bacia hi-drográfica; • Trabalhar textos e exibir vídeos que ilustrem ideias sobre pensamento cartesiano e sistêmico. Como

estes pensamentos veem a relação entre o homem e a natureza? Como esses pensamentos influenciamna gestão da bacia? • Trabalhar textos sobre antropocentrismo e biocentrismo. Promover discussões ou júri simulado con-trapondo as duas formas de entender o mundo; • Discutir valores relacionados à cultura ocidental: desperdício, imediatismo, consumismo; contraporesses valores ao conceito de ética. É possível construir uma ética que inclua a biodiversidade?• Trabalhar, por meio de textos ou vídeos, a influência da industrialização e do capitalismo nas desigual-dades socioambientais e como estas influenciam a degradação ambiental; a preponderância do poder eco-nômico e a degradação trazida sobre a égide do “progresso”;• Pesquisar os movimentos socioambientais na região; estudar o movimento ambientalista no Brasil e sehá grupos locais.

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DISCIPLINAS FILOSOFIA – SOCIOLOGIA

Temática: participação social e gestão do território da bacia..

Objetivos: promover debates e estimular a participação da população da gestão do território da bacia.

• Pesquisar e debater a sociedade da informação e a globalização; discutir o papel da mídia e a comunicação

de massa; elaborar informativo na escola sobre assuntos referentes a bacia; criar um blog ou perfil no Facebook

sobre o assunto e estimular a comunicação e participação de moradores da bacia (como por exemplo, obras

que irão ocorrer, preservação de áreas verdes, mapeamento de nascentes, replantio de árvores) ou mesmo de

bacias diferentes;

• Identificar as “tribos” e grupos adolescentes existentes na bacia e pesquisar, por meio de entrevistas, se algum

deles se preocupa com questões socioambientais. Discutir a importância da mobilização social para promoção

de debates e organizar ações em prol de melhorias na bacia hidrográfica, valorizando, assim, a participação dos

jovens desse território; Pensar como seria uma tribo sustentável, será que ela existe em algum lugar? Pesqui-

sar sociedades alternativas existentes hoje;

• Discutir as diferentes formas de poder nas sociedades humanas. Identificar e discutir os conflitos existentes

na bacia (uso e ocupação do solo, disputa de áreas verdes pela comunidade e empreendedores, violência, trans-

portes etc.). “É possível viver sem conflito? O conflito é necessariamente ruim?” (MINAS GERAIS, 2011n). Dis-

cutir sobre os embates entre interesses privados e interesses públicos;

• Realizar levantamentos de problemas ocorrentes no território da bacia; pesquisar políticas públicas e leis que

poderiam auxiliar na resolução desses problemas; discutir conceitos diferentes de lei, justiça, legitimidade e le-

galidade e relacionar com os problemas locais. Pesquisar audiências públicas, o que são, quando e porque ocor-

rem; consultar Resolução CONAMA nº 9 que dispõe sobre audiências públicas (BRASIL, 1987). Verificar se

está prevista alguma audiência pública que contemple algum assunto referente ao território da bacia. Se hou-

ver, pedir para que os alunos pesquisem o assunto a ser discutido na audiência, realizar debates na escola e de-

pois assistir à audiência;

• Ler e discutir a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), a Política Nacional de Resíduos Só-

lidos (Lei nº 12.305 /2010), a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/ 81) e a Lei de Crimes Ambientais

(Lei nº 9.605/98); analisar políticas estaduais e municipais sobre o assunto. Como analisar estas políticas e leis

no âmbito da bacia? Elas são cumpridas? Qual a importância delas para a sociedade?

• Pesquisar o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância e como participar; ir

a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de integrantes do subcomitê ministra-

rem palestras na escola; pesquisar os núcleos Manuelzão: a história, suas conquistas e dificuldades; convidar in-

tegrantes de núcleo Manuelzão atuante na microbacia na qual a escola esta inserida ou em microbacia próxima

para ministrarem palestras sobre a atuação desse grupo; associar a gestão participativa da bacia ao exercício da

cidadania; identificar as tensões entre direitos e deveres do cidadão e como eles são exercidos no âmbito da

bacia hidrográfica;

• Promover seminários com associações de bairro, ONG's, subcomitê e núcleos Manuelzão para debater as

perspectivas para o futuro da bacia, estimulando assim a construção da gestão participativa desse território.

DISCIPLINA: FÍSICA

O estudo de Física, por interpretar fe-nômenos naturais e também os referentesa novas tecnologias, apresenta-se como es-sencial ao exercício da cidadania, já que épreciso emitir posicionamentos quanto aassuntos cada vez mais frequentes e que in-terferem em nossa vida direta ou indireta-mente, como construção de usinastermonucleares e hidrelétricas, transposiçãode rios, barragens, sistemas de transporte,destino de resíduos radioativos.

Para tal é possível contextualizar o con-teúdo desta disciplina ampliando o enten-dimento do aluno frente a acontecimentose mesmo a situações estabelecidas no âm-bito de uma bacia hidrográfica. Conceitos,leis e fórmulas não surgiram do nada; sãolinguagens, maneiras de interpretar omundo. Podem auxiliar o aluno a ver e a par-ticipar deste mundo como sujeito dotadode autonomia e criticidade necessárias aoenfrentamento de situações-problema daatualidade.

A Física, que foi uma das bases do pen-

samento cartesiano, hoje também é oponto de partida para a compreensão dacomplexidade do mundo. Entender omundo a partir de uma visão sistêmica queconsidera a multiplicidade dos fenômenosvai ao encontro com os PCNs, que afirmamo conhecimento da Física em si mesmo não bastacomo objetivo, mas deve ser entendido, sobretudo,como um meio, um instrumento para a compreen-são do mundo. (BRASIL, 1997).

Com intuito de auxiliar o professornesse processo de análise da complexi-dade dos fenômenos existentes, segueabaixo um quadro-resumo associandopossíveis temáticas a serem abordadasdentro da perspectiva de bacia hidrográ-fica, a partir do conteúdo curricular da dis-ciplina Física definido pelo Currículo BásicoComum de Minas Gerais (MINAS GERAIS,2011f). O objetivo das propostas é enten-der melhor o território, a realidade na quala escola está inserida, e auxiliar a constru-ção de uma visão crítica do aluno e a for-mação para a gestão participativa doterritório da bacia.

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Adensamento urbano de Belo Horizonte. Impermeabilização do solo e falta de áreas verdes provocando bolsão de calor e altapoluição atmosférica. Foto: Procópio de Castro.

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DISCIPLINA FÍSICA

Temática: caracterização da bacia.Objetivo: por meio de conceitos de física, conhecer a realidade

socioambienal da bacia.• Realizar visita técnica à bacia, onde os alunos possam observar as variações do microclima em am-bientes com supressão de vegetação e excesso de concreto, em locais nos quais o rio segue em seuleito natural, porém sem vegetação no entorno, e em um local preservado (vegetação e rio em leitonatural); pesquisar a importância da mata ciliar na manutenção da temperatura da água do rio e comoesta temperatura influencia na biodiversidade do rio. Pesquisar a proporção de áreas impermeabili-zadas na bacia por meio de visitas de campo, entrevistas ou observação da bacia com auxilio do Goo-gle Earth. Associar essas áreas a parte da causa do aumento de temperatura local;• Associar conceitos de calor e temperatura ao clima da bacia. Como a retirada de matas ciliares, aimpermeabilização do solo e a canalização podem influenciar no aumento da temperatura? Pesquisarsobre inversão térmica: como e por que ocorre e suas consequências;• Pesquisar sobre os meios de transporte utilizados na região, seus impactos e as emissões de gás car-bônico; Há ciclovias? Realizar cálculos referentes a velocidade média de um ciclista e de um carro emregiões com trânsito engarrafado. Promover discussões sobre a priorização do transporte individualem relação ao coletivo;• Utilizar mapas e imagens do Google Earth e ao observar o contorno de rios naturais; discutir, comauxilio de conceitos de cinemática, porque os rios tendem a ser naturalmente sinuosos e o que ocorrequando há canalizações e retificação de rios.

Temática: energia.Objetivos: conhecer a matriz energética utilizada, promover a reflexão sobre o consumo

exagerado de energia e os impactos gerados na bacia e no mundoPromover discussões sobre o consumo sustentável e estimular atitudes sustentáveis

da população frente à demanda energética mundial crescente.• Pesquisar as formas de energia existentes no mundo; pesquisar a matriz energética utilizada na re-gião, seus benefícios e problemas;• Realizar levantamento dos empreendimentos existentes na bacia, a fonte de energia que utilizame os resíduos que geram. Quais os benefícios e impactos desses empreendimentos na bacia?• Pesquisar fontes de energia alternativas. Na bacia há empresas e/ou instituições que utilizam ener-gia alternativa? Visitar o local ou verificar possibilidade de responsáveis ministrarem palestras para osalunos sobre o assunto; • Pesquisar a quantidade de energia gasta na escola e em casa; calcular a quantidade de energia gastapor semana e por mês na escola e na casa de alunos; pesquisar o quanto é gasto de energia para pro-duzir utensílios que utilizamos no dia-a-dia; pesquisar o que mais causa gasto de energia em casa e naescola e discutir formas de economizar;• Pesquisar a constituição e o motivo pelo qual lâmpadas fluorescentes são mais econômicas do queas incandescentes. Pesquisar se casas e instituições públicas priorizam o uso de lâmpadas fluores-centes. Calcular a economia realizada durante um mês se estas casas e instituições utilizassem lâm-padas mais econômicas;• Pesquisar como o consumo sustentável e a diminuição da demanda por energia influenciam na di-minuição de impactos gerados pelas hidrelétricas e outras fontes de energia utilizadas no Brasil e nomundo;• Pesquisar sobre o Selo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e associareste selo às escolhas realizadas no momento da compra. Pesquisar, por meio de questionários, se aspessoas sabem o que é o selo Procel e se sua presença é um dos critérios de escolha na compra deeletrodomésticos.

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Bacia do ribeirão Taquaraçu: matas ciliares e ocupação do solo com natureza ainda preservada. Fotos: Diego Lara.

DISCIPLINA FÍSICATemática: aquecimento global.

Objetivo: transporte e matriz energética, a problemas mundiais como o aquecimento global.

•Pesquisar os gases estufa e as diferenças entre o efeito estufa e o aquecimento global; Associar a ma-triz energética e os meios de transporte utilizados na bacia ao aquecimento global;• Trabalhar textos e vídeos que abordem a influência do excesso de gás carbônico no aquecimentoglobal; pesquisar tecnologias alternativas e associar a matriz energética à ideia de sociedades susten-táveis; promover debates sobre o tema;• Com auxílio de vídeos e textos, discutir como o desmatamento e queimadas podem interferir noaquecimento global; Pesquisar o Protocolo de Kyoto e o posicionamento do Brasil;• Pesquisar a quantidade de carros por pessoa no Brasil, em Minas Gerais e na(s) cidade(s) em quesua bacia se localiza. Consultar a lei nº 8.723 que “dispõe sobre a redução de emissão de poluentespor veículos automotores” (BRASIL, 1993); • Pesquisar os tipos de empreendimentos existentes na bacia. Discutir sobre a quantidade de gasesque provocam o aquecimento global produzidos no território. Pensar em formas alternativas de trans-porte e de energia.

Temática: participação social e gestão do território da bacia.Objetivos: estimular a participação social no debate e proposição de soluções

para problemas existentes na bacia.

• Pesquisar sobre tipos de empreendimentos ocorrentes na bacia, o grau de impacto e o tipo de re-síduos que geram. Essas empresas seguem a legislação quanto a minimizar impactos e não promovera poluição do solo, água e/ou ar? Caso haja indícios de que algum desses empreendimentos não sigama legislação, acionar órgãos de fiscalização competentes; • Pesquisar sobre poluição sonora. Pesquisar sobre o Programa Nacional de Educação e Controle daPoluição Sonora Resolução Conama nº 2 de 08/03/1990 as normas, métodos e ações para controlaro ruído excessivo para que este não interfira na saúde e no bem-estar da população. Pesquisar seempresas respeitam essa resolução. Pesquisar os limites de ruído máximo permitidos por zonea-mento (ex. área hospitalar, área industrial, área domiciliar) e se são cumpridos; • Realizar campanhas contra o desperdício de energia; elaborar cartilhas com dicas para evitar o des-perdício, demonstrando que a economia de custos diminuiria a demanda por fontes de energia e,consequentemente, menos impactos ambientais seriam gerados.

DISCIPLINA GEOGRAFIA

O espaço está em constante mutação.Nos últimos anos as intensas transformaçõessocioespaciais e a globalização da sociedadefez com que a geografia tivesse um papel im-portante na formação da visão complexa eda consciência crítica dos alunos frente àrealidade em constante modificação. Ler apaisagem e entender que ela é produto derelações sociais que interferem em um am-biente previamente natural é também umaforma de perceber o papel de cada um naconstrução deste espaço. O documento doCurrículo Básico Comum de Minas Gerais(CBC-MG) para a disciplina de Geografiaafirma que um dos objetivos da geografia es-colar é fazer com que o aluno possa com-preender a complexa teia de relações presentes noespaço geográfico no que diz respeito à orientação,distribuição e localização dos fenômenos urbanos erurais, bem como aos processos socioespaciais que osconformam (MINAS GERAIS, 2011g). Essa es-pacialidade pode ser estudada no âmbito doterritório da bacia hidrográfica.

Exercer o raciocínio geográfico para in-terpretar o ambiente, valorizando as vivên-cias cotidianas do aluno na perspectiva dadinâmica da bacia hidrográfica, é uma pos-sibilidade de contextualizar o conteúdo pro-gramático dentro de uma leitura doambiente físico e suas reentrâncias socio-culturais. Dentre os conceitos propostos a

serem recursivamente trabalhados tanto noseixos temáticos do Ensino Fundamentalquanto no Ensino Médio para a disciplina deGeografia destacam-se: o território, o lugar, apaisagem, as redes e a região (MINAS GERAIS,2011g). Todos eles podem se encaixar na ló-gica de bacias hidrográficas, proporcio-nando aos alunos uma reflexão sobre oprocesso histórico de ocupação deste terri-tório, as problemáticas, os potenciais exis-tentes nele e as perspectivas para o futuro.

A bacia é um recorte no qual a análiseda realidade embute perceber as relaçõesconflituosas entre sociedade e natureza, so-ciedade e espaço. Essa análise pode levar àreflexão sobre uma nova lógica e uma novaética ambiental e social, uma lógica queconstrua atitudes e valores que fundamen-tem a estruturação de sociedades sustentá-veis nas quais a consciência crítica e aparticipação social sejam fundamentais.

Com o intuito de auxiliar o professor aorientar o aluno nesse processo de desco-bertas, segue um quadro-resumo asso-ciando possíveis temáticas a seremabordadas dentro da perspectiva de baciahidrográfica, a partir do conteúdo curricularda disciplina Geografia definido pelo Currí-culo Básico Comum de Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011g). O objetivo das pro-postas é entender melhor o território, a rea-lidade na qual a escola está inserida eauxiliar a construção de uma visão crítica doaluno e a formação para a gestão participa-tiva do território da bacia.

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Ribeirão Arrudas: início da década de 1920, em 1929, em1999 e em 2010. Fotos: Acervo Museu Abílio Barreto,Acervo Manuelzão e Procópio de Castro.

Ribeirão Arrudas próximo a foz. Foto: Sílvia Magalhães.

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DISCIPLINA GEOGRAFIA

Temática: caracterização da bacia.

Objetivo: conhecer e analisar a história socioambiental da bacia por meio de conceitos geográficos.

• Realizar visita técnica à bacia, onde os alunos possam observar as variações do microclima em ambientes com su-pressão de vegetação e excesso de concreto, em locais nos quais o rio segue em seu leito natural, porém sem ve-getação no entorno, e em um local preservado (vegetação e rio em leito natural); pesquisar a importância da mataciliar na manutenção da temperatura da água do rio e como esta temperatura influencia na biodiversidade do rio.Pesquisar a proporção de áreas impermeabilizadas na bacia por meio de visitas de campo, entrevistas ou observa-ção da bacia com auxilio do Google Earth. Associar essas áreas a parte da causa do aumento de temperatura local;• Associar conceitos de calor e temperatura ao clima da bacia. Como a retirada de matas ciliares, a imper-meabilização do solo e a canalização podem influenciar no aumento da temperatura? Pesquisar sobre inversãotérmica: como e por que ocorre e suas consequências;• Pesquisar sobre os meios de transporte utilizados na região, seus impactos e as emissões de gás carbônico;Há ciclovias? Realizar cálculos referentes a velocidade média de um ciclista e de um carro em regiões comtrânsito engarrafado. Promover discussões sobre a priorização do transporte individual em relação ao coletivo;• Utilizar mapas e imagens do Google Earth e ao observar o contorno de rios naturais; discutir, com auxilio deconceitos de cinemática, porque os rios tendem a ser naturalmente sinuosos e o que ocorre quando há cana-lizações e retificação de rios. • Realizar levantamento de imagens/fotos antigas da bacia e comparar com a atualidade. O que mudou? Por quemudou? Fotografar potenciais e problemas da bacia e compará-los com as imagens/fotos antigas. Com este ma-terial, trabalhar a temporalidade; • Realizar levantamento, por meio de questionários/entrevistas, sobre a memória dos habitantes da bacia.

Quais memórias os mais antigos têm dos rios? Qual a relação e a história das pessoas com o rio? Quais os usosda água no passado e no presente? O que mudou? Pesquisar sobre as perspectivas das pessoas quanto ao fu-turo deste território;• Trabalhar o conceito de bacia hidrográfica com os alunos e elaborar mapas ou croquis da microbacia na quala escola se encontra, identificando os seus limites geográficos e pontos de referência para os alunos (Ex.: Es-cola, estabelecimentos comerciais, avenidas principais etc.);• Utilizar a ferramenta Descubra, presente no site do Projeto Manuelzão (www.manuelzao.ufmg.br), para lo-calizar a microbacia na qual a escola se insere;• Pesquisar mapas temáticos sobre a bacia do rio das Velhas, sobre a sub-bacia e microbacia na qual a escolase localiza; Identificar os tipos de vegetação, solo e clima presentes na bacia; • Realizar levantamento de problemas e potenciais da bacia por meio de pesquisas e/ou questionários aplica-dos aos alunos e moradores, identificando:

� Áreas verdes, nascentes, córregos em leito natural, presença de mata ciliar;� Lixo disposto inadequadamente, esgoto, assoreamento de rios, enchentes e deslizamentos;�Atividades econômicas;

• Utilizar a ferramenta Google Earth para localizar área, problemas e potenciais identificados anteriormente; Rea-lizar trabalhos de campo após elaboração de mapas/croquis e observações do território por meio do Google Earth.Durante o trabalho de campo elaborar desenhos, perfis e, após, maquetes, fotografias e relatórios de campo; • Pesquisar e debater o uso e a ocupação do solo na bacia. Analisar a situação na bacia (saneamento básico,saúde, habitação) e como ela influencia a qualidade de vida da população; • Reconhecer se a paisagem é urbana ou rural ou mesmo se há essas duas realidades no território da bacia. Iden-tificar as semelhanças e diferenças entre a cultura, o trabalho e o lazer no ambiente rural e urbano. Há diferençaentre a cultura do campo e a da cidade na forma como lidam com os rios e o ambiente de forma geral? Ler textose discutir a idéia de sociedades sustentáveis. Júri simulado: influência da cultura urbana ou rural no uso da bacia; • Pesquisar o processo de urbanização contemporâneo: a cidade, a metrópole, o trabalho, o lazer e a culturana perspectiva da bacia hidrográfica; Compreender a relação entre o crescimento urbano e as mudanças na vidadas cidades. Como as cidades tratam seus rios?• Promover discussões sobre como as políticas urbanas interferem na dinâmica das bacias hidrográficas.

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DISCIPLINA GEOGRAFIATemática: cultura, patrimônios e potencial turístico.

Objetivo: identificar, mapear e valorizar patrimônios e potenciais turísticos existentes na bacia.

• Identificar no espaço da bacia as construções patrimoniais, explicando seu valor cultural associado à preser-vação. Estudar os tipos de patrimônio e a sua importância para a história e preservação da cultura local. • Identificar áreas verdes na bacia e analisar sua importância para a dinâmica da bacia; consultar o Sistema Na-cional de Unidades de Conservação da natureza (Lei nº 9.985/2000) e verificar se há unidades de conservaçãono território da bacia; Visitar parques e áreas preservadas identificando seus aspectos naturais e o estado de pre-servação; Pesquisar a história de criação destes parques. Houve participação social? Como ela ocorreu? Pesquisarsobre ecoturismo e discutir como ele pode ajudar a preservar e ampliar as áreas de proteção ambiental;• Realizar visitas técnicas a patrimônios existentes na bacia e mapeá-los. Realizar discussões sobre o estado deconservação destes e organizar campanhas visando à educação patrimonial; • Levantar e mapear os potenciais turísticos existentes na bacia. Ler e discutir sobre a Lei nº 6.513/ 97 que “dis-põe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais de Interesse Turístico, sobre o inventário turístico dos bensde valor cultural e natural” (BRASIL, 1997); Trabalhar por meio de vídeos, textos e debates a relevância de umacultura de turismo e de lazer para a preservação da natureza e do patrimônio cultural dos lugares e regiões tu-rísticas. Discutir sobre as diferenças entre o turismo sustentável e o insustentável, explicando os impactos so-cioculturais, socioambientais e socioeconômicos;• Pesquisar se há sociedades tradicionais no território da bacia. Estudar suas crenças, forma de viver e anali-sar/avaliar o impacto das transformações culturais nas sociedades tradicionais provocadas pela mudança dos há-bitos de consumo e a globalização; Analisar o modo de vida das populações tradicionais à luz dos padrões deprodução e consumo coerentes com uma vida sustentável;• Pesquisar se há sítios arqueológicos na bacia. Algum deles é tombado? Qual a importância destes sítios paraa história da região e do país? Relacionar a importância de sítios arqueológicos com a preservação da memóriae da identidade territorial de um povo. Ler e debater a Lei 3.924/61 que “dispõe sobre os monumentos ar-queológicos e pré-históricos” (BRASIL, 1961); Realizar campanhas para conscientização da população sobre aimportância da preservação desses sítios; mapear os sítios arqueológicos e avaliar seu potencial como atividadeturística.

Temática: uso e ocupação do solo.Objetivos: analisar o uso e ocupação do solo no território da bacia com

intuito de promover debates sobre uso sustentável.

• Pesquisar sobre a lei de uso e ocupação do solo existente no município; • Realizar levantamento sobre o uso do solo na bacia, identificando: atividades econômicas, áreasverdes, ocupação desordenada, impactos ambientais. Associar ao Plano Diretor da cidade;• Pesquisar sobre as atividades econômicas existentes na bacia e seu grau de impacto. Qual a locali-zação dos empreendimentos em relação ao rio e às nascentes?• Pesquisar sobre Áreas de Preservação Permanente (APP). Discutir a Resolução do CONAMA nº303 de 2002 que dispõe sobre os parâ¬metros, definições e limites de APPs. O que são? Há algumaAPP na bacia? Há algum local que é classificado como APP, mas está não é preservado? • Pesquisar sobre o Código Florestal brasileiro antigo e o mais recente. Quais são as mudanças pre-vistas e quem será beneficiado • Pesquisar formas sustentáveis de manter áreas verdes preservadas e obter retorno econômico: tu-rismo, banco genético para uso medicinal, sistemas agroflorestais; Pesquisar sobre banco genético ea importância de frear a degradação nos biomas brasileiros;• Abordar a temática do manejo do solo de forma sustentável; identificar problemas referentes aouso indiscriminado de agrotóxicos; • Pesquisar os impactos da impermeabilização provocada pelas cidades; associar a impermeabiliza-ção a enchentes na bacia.

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Audiência Pública sobre a Meta 2010 na Assembléia Legisla-tiva de Minas Gerais em 2006. Foto: Procópio de Castro.

Reunião do Plano Diretor Metropolitano de Belo Horizonteem 2009. Foto: Procópio de Castro.

DISCIPLINA GEOGRAFIA

Temática: participação social e gestão do território da bacia.

Objetivo: por meio da análise e debate sobre a realidade ambiental, política, econômica e cultural da bacia estimular a participação social na gestão deste território.

• Pesquisar sobre Políticas Nacionais da Biodiversidade (Decreto 4.339/ 2002), políticas públicas re-lacionadas ao meio ambiente e à gestão das águas; promover discussões sobre a aplicação de políti-cas no âmbito da bacia hidrográfica; analisar a atuação de órgãos governamentais e de instituiçõesnão governamentais na gestão da bacia; analisar a situação atual da bacia e discutir os aspectos ne-cessários à construção de cidades sustentáveis neste território;• Pesquisar o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância e comoparticipar; Ir a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de integrantesdo subcomitê ministrarem palestras na escola; Pesquisar sobre os núcleos Manuelzão: a história, suasconquistas e dificuldades; convidar integrantes de núcleo Manuelzão atuante na microbacia na qual aescola esta inserida ou em microbacia próxima para ministrarem palestras sobre a atuação destegrupo; • Avaliar a qualidade de vida resultante dos avanços tecnológicos, tendo como referência o uso sus-tentável dos recursos do planeta. Identificar o uso sustentável dos recursos naturais e culturais porempresas que atuam no terceiro setor, modificando o comportamento empresarial diante da neces-sidade de processos ambientalmente mais sustentáveis. Pesquisar e discutir sobre atitudes pessoaise coletivas que sejam sustentáveis; Pesquisar sobre conceitos de cidades sustentáveis. É possível trans-formar nossa cidade em uma cidade sustentável? Como? Dependeria de ações de quem?• Pesquisar o significado do Orçamento Participativo, Plano Diretor e o Código de Posturas, ava-liando as ações de implementação no(s) município(s) integrante(s) da bacia. Identificar e explicar osdesafios a serem superados no caminho construtivo de cidades sustentáveis; Pesquisar sobre os or-çamentos participativos que já ocorreram no território da bacia. As escolhas da comunidade foramtambém benéficas para a dinâmica da bacia? Pesquisar sobre o Plano Diretor da cidade e da regional.O que há no Plano Diretor que pode ser considerado benéfico para a bacia? O que está no Plano Di-retor tem sido cumprido? Promover discussões sobre o assunto;• Pesquisar instituições como universidades e Organizações Não Governamentais - ONG que lutampela preservação da biodiversidade. Quais argumentos eles utilizam? Esses argumentos se enquadra-riam na realidade da bacia? Pesquisar sobre Chico Mendes e a luta pela Floresta Amazônica e procu-rar pessoas e/ou grupos que realizam ações em prol da bacia e da melhoria de qualidade de vida dapopulação; discutir o que os alunos e a escola podem fazer pela bacia e relacionar os benefícios a elacomo também benefícios para todos os seus moradores;• Promover seminários com associações de bairro, ONG's, subcomitê e núcleos Manuelzão para de-bater as perspectivas para o futuro da bacia, estimulando assim a construção da gestão participativadeste território.

DISCIPLINA HISTÓRIA

A disciplina de História não constitui oestudo do passado e a memorização de fatose datas lineares. O Currículo Básico Comumde Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2011h) con-sidera a história dinâmica, fruto de memóriase de experiências humanas, nem imutávelnem fechada, nem cópia de uma realidadeque ocorreu; é movimento e está em cons-tante construção. Nós somos história, e atodo tempo fazemos história, pois somos re-sultado de múltiplas temporalidades expres-sas em mudanças e permanências.

A bacia hidrográfica apresenta-se comoum espaço em que a história foi e está emprocesso de construção por seus diversosatores. Pesquisar as modificações ocorridasao longo do tempo e relacioná-las com a his-tória de Minas Gerais, do Brasil e do mundosão formas de entender como uma micro-his-tória relaciona-se com a macro-história.

O Brasil, que inicialmente, por ser umterritório submetido à necessidade de con-quista e dominação ocidental, era uma terraem que a lógica do não pertencimento e dodesequilíbrio ambiental imperava. Navarro(2008) afirma que A sociedade brasileira nasceusob a égide da violência. Violência dirigida ao meioambiente, violência contra a natureza, incluindo ahumana. Parte dessa violência foi sustentadapor uma cultura colonialista predatória,imediatista, com valores de domínio da na-tureza e percepção do ambiente como umpacote de recursos a serem utilizados aomáximo pelo homem. E ao longo do tempo,com o advento do capitalismo, a cultura doimediatismo, do lucro e consumismo exa-cerbado fez com que a lógica inicial do co-lonialismo permanecesse.

Esta percepção histórica dos fatospode também ser vista na ocupação das ba-cias hidrográficas, a começar pelo fato deas divisas políticas não coincidirem com asgeográficas – o que inclusive dificulta a ges-

tão destes espaços.

A percepção da história local, das inter-re-lações do local com o regional, o nacional e omundial nos faz pensar que somos sujeitoshistóricos. Infelizmente a visão predatória oumesmo a omissão fazem parte de nossa his-tória, mas podemos construir outra históriapara nós, para o território que ocupamos.

A disciplina de História pode, além deresgatar e/ou construir com os alunos a per-cepção, o exercício do raciocínio histórico,promover a reflexão sobre nossos valores,posicionamentos – ou a falta deles – , nos-sas ações e a repercussão do que somos,na e para a bacia. Preparar e envolver os jo-vens em debates sobre temas relacionadosao seu contexto mais imediato (bacia) e aocontexto global, estimular a participaçãopolítica e social, resgatar a memória cole-tiva da bacia são práticas que podem seconcretizar como exercício da cidadania.

Para auxiliar o professor na orientaçãodos alunos neste processo de (re) constru-ção contínua, segue um quadro-resumo as-sociando possíveis temáticas a seremabordadas dentro da perspectiva de baciahidrográfica, a partir do conteúdo curricularda disciplina História definido pelo CurrículoBásico Comum de Minas Gerais (MINAS GE-RAIS, 2011h). O objetivo das propostas éauxiliar a construção de uma visão crítica doaluno e a formação para a gestão participa-tiva do território da bacia.

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Largo da Matriz da Igreja da Boa Viagem em Belo Horizonteno ano de1894 mostrando croqui dos córregos e arruamen-tos. Fonte: Acervo Público Mineiro.

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DISCIPLINA HISTÓRIATemática: história de ocupação da bacia.

Objetivo: conhecer os aspectos históricos e socioambientais da bacia.• Levantar informações sobre a história da ocupação na bacia e a relação das pessoas com os rios,por meio de questionários e entrevistas com moradores mais antigos da bacia; Resgate de narrativashistóricas sobre a bacia sob o ponto de vista de pessoas de poder aquisitivo e faixa etária diferentes.O que pensam e querem desse espaço?• Pesquisar a influência da ocupação do rio das Velhas na história de Minas Gerais; trabalhar a ideiado rio como ponto de referência para os bandeirantes e tropeiros durante as viagens; discutir trechosde livros escritos por naturalistas que passaram por Minas Gerais, especificamente pelo rio das Ve-lhas. Qual a visão deles sobre a vegetação, a cultura, a exploração econômica? Comparar com os diasatuais. O que mudou?• Pesquisar o histórico de atividades econômicas na bacia e seus impactos socioambientais ao longodo tempo; • Procurar e/ou elaborar vídeo-documentário sobre história de ocupação da bacia e a relação das pes-soas com os rios. Ela se alterou com o tempo? O que mudou? Por que mudou? Elaborar textos comintuito de reunir parte da memória ambiental e social da bacia; Pesquisar vídeos no acervo digital doProjeto Manuelzão, presente no site www.manuelzao.ufmg.br que remetam à história do rio e à re-lação das pessoas com o mesmo;• Identificar a diversidade populacional presente em sala de aula, na escola e na bacia, em termos so-ciais, étnico-culturais e de procedência regional; Construir uma espécie de árvore genealógica dabacia, representando os povos que a constituem. • Associar a ocupação do Brasil com a ocupação da bacia. Como era o Brasil antes da colonização?Como era a bacia hidrográfica antes de ser ocupada? Há similaridades? • Pesquisar sobre os motivos da escolha de Belo Horizonte como capital de Minas Gerais e como adisponibilidade de água influenciou nesta escolha.

Temática: cultura e patrimônio na bacia.

Objetivos: promover discussões sobre a cultura existente na bacia.• Discutir o conceito de patrimônio. Realizar levantamento sobre os diferentes tipos de patrimôniosexistentes na bacia e mapeá-los. Há algum patrimônio tombado? Verificar o Decreto-Lei 25, que “or-ganiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional” (BRASIL, 1937). Há unidades de con-servação? Consultar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da natureza (Lei nº 9.985/2000)e verificar se há unidades de conservação no território da bacia; Realizar visitas a alguns desses patri-mônios e organizar campanhas à favor da sua preservação;• Pesquisar se há comunidades quilombolas e ou indígenas na microbacia, na sub-bacia ou mesmo

na bacia do rio das Velhas. Como é a relação dessas comunidades com o meio ambiente? Comparara região em que moram com outras áreas da bacia. Verificar possibilidade de visitar as comunidadesou convidar algum de seus membros para ministrar palestra para alunos; • Pesquisar se há sítios arqueológicos na bacia. Algum deles é tombado? Qual a importância dessessítios para a história da região e do país? Relacionar a importância de sítios arqueológicos com a pre-servação da memória e da identidade territorial de um povo. Ler e debater a Lei 3.924/61 que “dis-põe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos” (BRASIL, 1961); Realizar campanhas paraconscientização da população sobre a importância da preservação desses sítios; Mapear os sítios ar-queológicos e avaliar seu potencial como atividade turística;• Promover discussões sobre conceitos de cultura. Com auxílio de textos e vídeos, debater sobre acultura da globalização x cultura tradicional. Discutir sobre a cultura do consumismo, desperdício edegradação; • Após levantamento de manifestações culturais presentes na bacia, discutir a possibilidade de, juntamentecom grupos culturais e instituições existentes neste território, promover discussões, seminários sobre umacultura da bacia que integre valores de solidariedade, respeito à diversidade e sustentabilidade.

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DISCIPLINA HISTÓRIA

Temática: política ,relações de poder e cidadania.

Objetivo: estudar definições sobre política e cidadania sob a perspectiva da gestão participativa.

• Pesquisar e debater sobre o conceito de política. Qual a função dos políticos? Eles são responsá-veis pela gestão ambiental? • Associar os conceitos e ideias sobre política com a gestão descentralizada e compartilhada da baciaprevista na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97). Quem deveria participar da ges-tão da bacia? Quem participa? Os alunos e a escola podem participar? Como? Promover debates comalunos e comunidade sobre o assunto; • Elaborar textos e/ou júri simulado ilustrando, de forma criativa, como poderia gerido ser o terri-tório da bacia? Quais seriam as propostas de governo para a bacia? Simular debates e eleições;• Estudar as Constituições e a questão ambiental em cada uma delas (de 1824 a 1988) e como isso in-fluenciou na ocupação dos territórios em Minas Gerais e no Brasil. Comparar a bacia a uma nação e es-crever uma constituição da bacia, fazendo assim um paralelo entre a constituição da identidade nacionale a construção de uma identidade dos povos residentes neste território como povos da bacia; • Com auxílio de textos e vídeos, debater conceitos de cidadania e democracia; Analisar o contextode formulação da “Constituição Cidadã” de 1988 e os avanços da cidadania nela expressos; pesqui-sar atitudes de cidadania referentes à bacia; relacionar cidadania local com conceitos de cidadaniaplanetária; com o auxílio das disciplinas de língua portuguesa e artes, promover concursos de pro-dução de diversos gêneros textuais e artísticas sobre cidadania, assim com a temática “ser cidadão dabacia / ser cidadão planetário”;• Ler e discutir o Capítulo de Meio Ambiente da Constituição Federal, associá-lo a Política Nacionalde Recursos Hídricos e a gestão de bacias; Discutir a importância da participação social na identifica-ção e tentativa de resolução de problemas (identificar problemas locais por meio de questioná-rios/entrevistas e visitas de campo); Discutir sobre democracia e participação na resolução deproblemas e gestão, da bacia;• Pesquisar sobre o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância ecomo participar; Ir a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de inte-grantes do subcomitê ministrar palestras na escola; Pesquisar sobre os núcleos Manuelzão: a histó-ria, suas conquistas e dificuldades; convidar integrantes de núcleo Manuelzão atuante na microbaciana qual a escola esta inserida ou em microbacia próxima para ministrarem palestras sobre a atuaçãodeste grupo;• Promover seminários com associações de bairro, ONG's, subcomitê e núcleos Manuelzão para de-bater sobre perspectivas para o futuro da bacia estimulando assim a construção da gestão participa-tiva deste território.

DISCIPLINA LÍNGUAPORTUGUESA

A disciplina de Língua Portuguesa não re-presenta apenas uma forma de manejar siste-mas simbólicos e decodificá-los (BRASIL, 2002). OCurrículo Básico Comum de Minas Gerais(CBC-MG) para esta disciplina afirma que oensino da linguagem deve ocorrer não para“descobrir” o verdadeiro significado das palavras oudos textos nem para conhecer estruturas abstratas eregras de gramática, mas para construir sentidos,sempre negociados e compartilhados, em nossas in-terações (MINAS GERAIS, 2011i). A temáticabacia hidrográfica se encaixa nessa constru-ção de sentidos. Interpretar a sua realidadeem suas múltiplas faces – ambiental, política,social, econômica, cultural – é tambémaprender a, como diria Paulo Freire (2006), lero mundo. A língua portuguesa é dinâmica efaz parte de nossa identidade sociocultural.Dominá-la é uma forma de ser capaz de in-teragir, de participar social e politicamentesendo, portanto, um caminho para a democrati-zação e para a superação de desigualdades sociais eeconômicas (MINAS GERAIS, 2011i).

A função sociocomunicativa da línguapermite a leitura e a interpretação do territó-rio da bacia que está em constante constru-ção-desconstrução. Por meio dos três eixostemáticos propostos pelo CBC-MG para adisciplina de Língua Portuguesa (Compreen-são e Produção de textos; Linguagem e Lín-gua; e A Literatura e outras ManifestaçõesCulturais), é possível viajar pela história epela cultura que formaram e formam este ter-ritório. Pela escrita e pela interpretação, épossível o aluno participar da gestão desseterritório.

Para auxiliar o professor a orientar os alu-nos nessa descoberta e (re)construção doterritório da bacia, segue um quadro-resumoassociando possíveis temáticas a seremabordadas dentro da perspectiva de bacia hi-drográfica a partir do conteúdo curricular dadisciplina Língua Portuguesa definido peloCurrículo Básico Comum de Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011i ). O objetivo das pro-postas é auxiliar a construção de uma visãocrítica do aluno e a formação para a gestãoparticipativa do território da bacia.

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Os naturalistas Peter Wilhelm Lund, Johannes Eugenius Bülow Warming, Georg Heinrich vonLangsdorff, frente ao, atualmente, Parque Estadual Cerca Grande, no médio rio das Velhas. Fotos:Wikipédia e Procópio de Castro.Pagina ao lado: Recostrução do crânio de “Luzia” - fossil pré-histórico datado de 11.500 anos;casa Fernão Dias e igreja de Quinta do Sumidouro do período da colonização bandeirantes. Fotos:Walter Alves Neves/Instituto de Biociências da USP e Procópio de Castro.

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DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA

Temática: caracterização e história da bacia.

Objetivo: conhecer e analisar a realidade socioambiental da bacia por meio de registros orais, escritos e elaboração de textos

de diferentes gêneros.

• Pesquisar textos publicados em edições da Revista Manuelzão para debater temáticas ambientais;trabalhar leitura e interpretação; realizar síntese de informações;• Pesquisar em sites como os do IBGE, do IGAM, da ANA e do Projeto Manuelzão informações sobrea bacia na qual a escola está inserida. Utilizar leitura e interpretação de mapas, tabelas e gráficos sobreo assunto; • Realizar visitas de campo na bacia; trabalhar com os alunos a elaboração de relatórios a partir dasvisitas de campo; promover debates, exposições fotográficas e/ou produção de diferentes gênerostextuais sobre a temática da bacia;• Pesquisar a história da bacia ou de algum personagem local, por meio do registro e análise do re-lato de moradores; Elaborar histórias em quadrinhos a partir dos relatos. Realizar levantamento dehistórias antigas, cantigas e danças populares. Relacionar essa pesquisa com a cultura do povo do ter-ritório. Pesquisar as perspectivas da população em relação ao futuro. Recriar textos narrativos lidosou ouvidos em textos do mesmo gênero ou de gênero diferente; • Pesquisar sobre os naturalistas e ler trechos de livros que relatem passagem que fizeram pela re-gião do rio das Velhas. Elaborar textos descritivos sobre a bacia similares aos escritos pelos natura-listas;• Elaborar cartilha educativa sobre a microbacia na qual a escola está inserida: suas características, lo-calização, potenciais e problemas, gestão participativa. Trabalhar na elaboração da cartilha educativacom conceitos como: as instruções de uso, confecção, operação e montagem, textos e imagens.

Temática: cidadania e gestão participativa na bacia.

Objetivos: divulgar informações sobre a bacia e estimular a participação dapopulação na gestão desse território.

• Exibir filmes sobre a temática ambiental, pedir elaboração de resenha associando a idéia do filme à reali-dade vivida na bacia. Utilizar coletânea de vídeos no DVD que será disponibilizado junto ao presente ma-terial; baixar vídeos do acervo do Projeto Manuelzão presentes no site <www.manuelzao.ufmg.br>;• Entrevistar moradores, usuários e poder público e analisar seus pontos de vista sobre a bacia. Reconhe-cer estratégias e argumentatividade. Elaborar textos sobre cada um deles; Realizar júri simulado referenteao futuro da bacia com as argumentações de cada um desses setores (sociedade civil, usuários e poder pú-blico);• Pesquisar se há associações de bairro, entidades religiosas, Núcleos Manuelzão e organizações não go-vernamentais que realizam ações em prol da melhoria local. Verificar a possibilidade de integrantes dessasinstituições ministrarem palestras para os alunos. Observar relatos sobre a luta promovida por essas insti-tuições e identificar o discurso argumentativo que utilizam. Elaborar textos argumentativos a favor da ges-tão participativa da bacia em prol de melhorias; elaborar cartas direcionadas ao poder público reivindicandomelhorias; • Elaborar um Jornal impresso e/ou virtual sobre a bacia. Trabalhar gêneros textuais referentes a esse tipode publicação. Elaborar anúncios publicitários referentes a potenciais ou mesmo problemáticas da bacia. Tra-balhar a estrutura de elaboração da carta ao leitor, notícias, charge, tirinha, entrevista, anúncios, editorial,perfil, reportagem.

DISCIPLINA MATEMÁTICA

A matemática oferece a possibilidadede ler, interpretar e utilizar representaçõessimbólicas (tabelas, gráficos, expressõesetc.) no entendimento do mundo e de fatosdo dia-a-dia. Desta forma a matemáticapossui ferramentas que permitem que oaluno possa dimensionar a ação antrópicana bacia. Discursos ambientalistas que mui-tas vezes não sensibilizam as pessoaspodem ganhar significado concreto e plenode quantificação, como, por exemplo, ovalor de lixo produzido por pessoa e otempo de decomposição desses materiais;a quantidade de água e energia desperdiça-das e o valor disso tudo não apenas para obolso, mas para o ambiente. Os ParâmetrosCurriculares Nacionais para o Ensino Médioafirmam que é preciso que o aluno perceba a Ma-temática como um sistema de códigos e regras quea tornam uma linguagem de comunicação de idéiase permite modelar a realidade e interpretá-la (BRA-SIL, 2002).

A matemática é uma ciência que não selimita ao exercício mental de repetir contase fórmulas. Auxilia o desenvolvimento dascapacidades de raciocínio dedutivo e indu-tivo, a resolução de problemas, a comuni-cação, a formulação de hipóteses e aprevisão de resultados. Portanto a matemá-tica amplia as possibilidades de ver e inter-pretar o que ocorre no território da baciahidrográfica.

Para auxiliar o professor a orientar osalunos a compreenderem melhor a baciasob o viés da matemática segue um quadro-resumo associando possíveis temáticas aserem abordadas dentro da perspectiva debacia hidrográfica, a partir do conteúdo cur-ricular da disciplina Matemática definidopelo Currículo Básico Comum de Minas Ge-rais (MINAS GERAIS, 2011 j). O objetivo daspropostas é auxiliar a construção de umavisão crítica do aluno e a formação para agestão participativa do território da bacia.

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Mensurar, quantificar e calcular as questões ambientais estão dentre as atividades da Matemática. Fotos: Acervo Manuelzão.

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DISCIPLINA MATEMÁTICA

Temática: caracterização e banco de dados sobre a bacia.

Objetivo: utilizar a matemática para quantificar e dimensionar questões socioambientaisexistentes na bacia.

• Elaborar e resolver exercícios sobre temáticas ambientais referentes à bacia:� Lixo - Calcular a quantidade de lixo produzido na escola, no bairro e na bacia por dia, se-mana e mês; analisar o tipo de lixo produzido diariamente e o tempo de decomposição; pes-quisar os benefícios da reciclagem como quantidade de energia e água economizada, além dematéria prima que deixará de ser retirada da natureza. Fazer cálculos a partir do lixo produzidona escola e/ou em casa que possuem potencial de reciclagem; � Água - Analisar contas de água e calcular a quantidade de água gasta em casa e/ou na escolapor mês; fazer uma média de gastos por pessoa; pesquisar se há Estação de Tratamento de Águae a capacidade de abastecimento desta em relação ao número de moradores da região; pes-quisar a quantidade de água necessária para a fabricação de vários utensílios, assim como de ali-mentos; estimar a extensão da rede de captação de esgoto e/ou de abastecimento de água;pesquisar a porcentagem de pessoas na bacia que recebem água tratada e porcentagem de es-goto recolhido;� Energia - Analisar contas de luz e calcular a quantidade de energia gasta na escola e/ou emcasa por dia, por mês, por ano; fazer uma média de gastos por pessoa; cálculo do gasto ener-gético de lâmpadas fluorescentes e incandescentes; cálculo da quantidade de energia necessá-ria para abastecer uma cidade e comparar com a quantidade de energia gerada pela hidrelétricaque abastece a região; pesquisar a quantidade de energia necessária para a produção de algunsutensílios que utilizamos no dia-a-dia; calcular a energia gasta por uma pessoa, pela escola e/oupelos moradores da bacia em um determinado espaço de tempo; � Características ambientais - Calcular a vazão, velocidade da água no rio, porcentagem deáreas verdes na bacia ou na escola; com o uso das técnicas de medição indireta, calcular a alturade árvores, de montanhas, distâncias entre divisores de água e regiões da bacia; realizar visitasde campo para observar formas existentes no território da bacia, utilizar conceitos da geome-tria plana e espacial para calcular área, perímetro, comprimento, altura e volume destas; ob-servar a constituição de ruas ou rios e estudar conceitos de retas paralelas, concorrentes eperpendiculares; confeccionar painéis com ilustrações a partir de observações durante a visitade campo (sólidos geométricos, ângulos formados entre paralelas e transversais, capacidade evolume etc.); pesquisar mapas temáticos sobre a bacia do rio das Velhas e sobre a sub-bacia naqual a escola se localiza e, com auxílio de noções de plano cartesiano e escala, analisar mapas te-máticos de biomas, geologia, pluviosidade na bacia; usando mapas e/ou da ferramenta GoogleEarth, identificar e calcular a áreas de mata preservada; analisar a proporção de áreas de aglo-merados urbanos, rios canalizados, áreas impermeabilizadas, áreas verdes e rios em leito natu-ral; �Gases /aquecimento global - Estimar a quantidade de gás carbônico e demais gases que inten-sificam o efeito estufa, produzidos por empresas e pela quantidade de carros presentes na re-gião;�Saúde - Verificar junto ao Centro de Saúde o número de registros de doenças devido ao con-tato com água contaminada; número casos de doenças respiratórias, gastroenterites, dengue eoutras; realizar cálculos de porcentagem;

• Com a colaboração de outras disciplinas discutir a importância de áreas verdes na bacia e os proble-mas crescente de impermeabilização, como isso interfere no aumento de áreas a serem alagadas duranteenchentes de rios; trabalhar noções de grandezas inversamente proporcionais a partir de seguinte ob-servação: canalização + impermeabilização + retirada de mata ciliar = diminuição da infiltração da águano solo abastecendo os lençóis freáticos + enchentes + assoreamento de rios.

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Estação de Tratamento de Água Bela Fama da Copasa que capta água do rio das Velhas para o abastecimento de Belo Horizonte.Foto: Acervo Manuelzão.

DISCIPLINA MATEMÁTICA

Temática: pesquisas de opinião.

Objetivo: consultar a população sobre percepção da realidade existente na bacia e levantar possibilidades de melhorias.

• Coletar, tabular, realizar cálculos de porcentagem e/ou elaborar gráficos a partir de pesquisas deopinião realizadas junto à população (a partir de questionário e/ou entrevistas) da bacia referente adiversas temáticas: potencialidades (áreas verdes, nascentes, córregos em leito natural, presença demata ciliar etc.) e problemas (lixo, esgoto, assoreamento de rios, enchentes e deslizamentos etc.)existentes na bacia; obras para melhoria de infraestrutura; sistema de transportes; qualidade de vida;informações sobre a história da bacia, o sentimento de pertencimento das pessoas que ali residem,o que elas acham que mudou ao longo do tempo; perspectivas para o futuro.

Temática: participação social e gestão do território da bacia.

Objetivos: por meio do uso da linguagem matemática, interpretar a realidade vivida nabacia, estimulando o posicionamento frente a questões referentes à bacia e a maior

participação da sociedade na gestão desse território.

• Com a colaboração de outras disciplinas, divulgar dados coletados sobre a bacia por meio da produçãode cartilhas e folders; debater as perspectivas para o futuro da bacia, estimulando, assim, a construção dagestão participativa do território;• A partir do cálculo da quantidade de água e energia gastos, assim como da quantidade de lixo produzidona escola, propor um plano de gestão ambiental para a escola com auxílio de outras disciplinas;• Pesquisar o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância e como partici-par; Ir a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de integrantes do subcomitêministrarem palestras na escola; Pesquisar os núcleos Manuelzão: a história, suas conquistas e dificuldades;convidar integrantes de núcleo Manuelzão atuante na microbacia na qual a escola está inserida ou em mi-crobacia próxima para ministrarem palestras sobre a atuação deste grupo.

DISCIPLINA QUÍMICA

A Química relaciona-se ao desenvolvi-mento científico e a várias conquistas tec-nológicas dos últimos tempos, auxiliando amelhoria de processos industriais e o trata-mento de efluentes, desenvolvendo tecno-logias para minimizar ou mesmo neutralizarimpactos gerados por algumas substâncias.Compreender os processos químicos é ne-cessário para a formação de cidadãos cons-cientes, já que de acordo com o CBC-MGestes processos resultam em implicaçõesambientais, sociais, políticas e econômicas.

A disciplina de química auxilia os alunosa aprenderem mais sobre o ambiente queos cerca estimulando assim seu posiciona-mento frente a situações-problema ocor-rentes no território da bacia na qualresidem. (MINAS GERAIS, 2011m). Mapearempreendimentos industriais, agrícolas eaté mesmo artesanais de pequeno porte éforma de identificar substâncias presentesnesses processos produtivos, seus impac-tos, assim como tecnologias hoje existen-tes para minimizá-los.

A química não está associada apenas aatividades econômicas presentes na bacia,mas, também aos ciclos biogeoquímicos, à

qualidade da água, à presença de estaçõesde tratamento de água e esgoto – e tudoisso se relaciona à saúde humana e ao equi-líbrio dos ecossistemas. A Química tambémembasa e estimula reflexões sobre o uso denovas tecnologias e a necessidade de sepensar nos impactos gerados por essas tec-nologias no contexto de uma bacia hidro-gráfica. Estimular e/ou construir essa visãocrítica dos alunos por meio da leitura/inter-pretação química da bacia é um dos cami-nhos para a conquista da autonomia destesalunos e da possibilidade de formação decidadãos atuantes neste território.

Com intuito de auxiliar o professornesse processo de descoberta e análise doambiente, segue um quadro-resumo asso-ciando possíveis temáticas a serem aborda-das dentro da perspectiva de baciahidrográfica, a partir do conteúdo curricularda disciplina Química definido pelo Currí-culo Básico Comum de Minas Gerais(MINAS GERAIS, 2011m). O objetivo daspropostas é entender melhor o território, arealidade na qual a escola está inserida eauxiliar a construção de uma visão crítica doaluno e a formação para a gestão participa-tiva do território da bacia.

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Tanque de tratamento biológico da Estação de Tratamento de Esgoto de Vespasiano. Foto: Acervo Manuelzão.

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DISCIPLINA QUÍMICATemática: caracterização da bacia.

Objetivos: • Analisar, na bacia, as interferências humanas nos ciclos biogeoquímicos;• Mapear atividades econômicas e empreendimentos com potencial poluidor e

identificar formas de poluição existentes na bacia;• Estimular a participação da população na reivindicação de melhorias locais.

• Pesquisar e mapear os empreendimentos, ações antrópicas de forma geral, responsáveis por gerarpoluição difusa e impactos na bacia:� Mineração - Levantar e mapear empreendimento minerários existentes na bacia. Qual a sua de-manda energética? Seu grau de impacto? Quais substâncias existem nas barragens de rejeitos? Pesqui-sar sobre rompimentos de barragens e consequências para o ambiente e para a população atingida.Quais substâncias químicas constituem os minérios? Quais processos químicos e físicos são utilizadosna separação das misturas existentes? Quais resíduos são gerados? Como são minimizados e/ou evita-dos? Estudar a constituição química desses poluentes e os impactos gerados por eles na saúde e no am-biente de forma geral. Pesquisar a legislação vigente sobre esse empreendimento; �Sabões, detergentes e demais produtos de limpeza doméstica - Pesquisar as diferenças químicas entresabões e detergentes e os impactos dessas substâncias quando liberadas diretamente nos corpos d’água.Pesquisar a constituição química e o impacto ambiental de produtos geralmente utilizados na limpeza do-méstica. Pesquisar detergentes biodegradáveis; verificar lei nº 7.365 (BRASIL, 1985), que dispõe sobre afabricação de detergentes biodegradáveis, e a Resolução CONAMA nº 359, que “dispõe sobre a regula-mentação do teor de fósforo em detergentes em pó para uso em todo o território nacional”. (BRASIL,2005). Estudar a reação química da produção de sabão e realizar experimento de fabricação de sabão; �Óleos e graxas - Pesquisar a composição química de alguns óleos e graxas; pesquisar os impactosdestas substâncias quando liberadas diretamente nos corpos d’água; verificar lei nº 9.966, que “dispõesobre a prevenção, controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleos e outrassubstancias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional” (BRASIL, 2000). Pesquisar os im-pactos gerados por postos de gasolina quando não utilizam técnicas para evitar poluição; pesquisar alegislação ambiental referente a esses impactos. Realizar levantamento e mapear postos de gasolina nabacia; realizar visitas a postos com intuito de conhecer seu sistema de gestão ambiental; � Pilhas e baterias - Pesquisar a constituição química de pilhas e baterias. Pesquisar os metais pesadose seus impactos na saúde e no ambiente; verificar Resolução CONAMA nº 257 de 1999, que “estabe-lece que pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seuscompostos tenham os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final emambientalmente adequados”. (BRASIL, 1999);� Agrotóxicos - Se houver a agricultura como atividade econômica na bacia, pesquisar se há uso deagrotóxicos. Qual a constituição química dos principais agrotóxicos utilizados? Quais os impactos ge-rados na bacia pelo uso desses compostos? Pesquisar os riscos à saúde causados pelo uso de agrotóxi-cos. Pesquisar e debater as Leis 7.802 (BRASIL, 1989) e 4.074 (BRASIL, 2002), que “dispõe eregulamenta a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o ar-mazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, o destino final dos resíduos e embalagens,o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes eafins”; Pesquisar o que são alimentos orgânicos. Há agricultores e/ou instituições que trabalham comagricultura orgânica? Se houver, verificar a possibilidade de visitar a plantação ou mesmo de o agricul-tor e/ou instituição ministrar palestra sobre o assunto aos alunos; � Lixo e chorume - Pesquisar a constituição do chorume e os malefícios causados ao meio ambientee à saúde quando não disposto corretamente. Pesquisar o que ocorre com o chorume em lixões eaterros sanitários e legislação referente ao assunto;� Poluição atmosférica - Estudar os possíveis poluentes atmosféricos e suas fontes. Realizar levanta-mento de fontes de poluição atmosférica presentes na bacia e mapeá-las. Pesquisar sobre o efeito des-ses poluentes à saúde e ao meio ambiente. Pesquisar os compostos responsáveis pela formação dachuva ácida. Há tecnologias que evitam e/ou minimizam a poluição do ar? Pesquisar sobre os padrõesde qualidade do ar definidos pela Portaria Normativa nº 348 de 14/03/90 – IBAMA (BRASIL, 1990) eas formas de fiscalização existentes.

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DISCIPLINA QUÍMICATemática: qualidade da água.

Objetivo: utilizar conceitos da química e legislação pertinente para analisar a qualidade da água.• Pesquisar sobre Estações de Tratamento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE):� Levantar junto à população, por meio de questionários e/ou entrevistas, se sabe de onde provém a águae para onde vai o esgoto doméstico; � Pesquisar se há ETA na cidade e organizar visitas orientadas com alunos. Estudar a importância de umaETA em uma cidade. Pedir para que os alunos identifiquem o papel do sulfato de alumínio, carbonato desódio, do cloro e flúor no processo de tratamento. Estudar a composição e ação de cada uma destassubstâncias. Identificar técnicas de separação de misturas (decantação e filtração) no processo de trata-mento. Identificar os parâmetros utilizados para a potabilidade da água;� Pesquisar se há Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e sua importância para a saúde das pessoas edo ambiente; Pesquisar o funcionamento das ETEs; Identificar os métodos de separação de misturas exis-tentes, as substâncias químicas utilizadas no processo e os parâmetros para analisar a qualidade da águaao sair da ETE.

• Pesquisar as Resoluções nº 274 (BRASIL, 2000) e 357 (BRASIL, 2005) do CONAMA, que determinam ostipos de classificação das águas e os parâmetros físico-químicos relacionados a cada classe e:� Verificar por meio da análise de contas de água os parâmetros de qualidade registrados mensalmentepela Copasa (ou outra prestadora de serviços referente ao abastecimento em sua cidade) e buscar infor-mações sobre pontos de coleta na bacia em que a escola se encontra;�Oxigênio dissolvido - qual a relação entre o oxigênio dissolvido na água e a diversidade de vida existentenos ambientes aquáticos? De onde vem o oxigênio para os seres aquáticos? Como a altitude e a tempe-ratura podem interferir na dissolução deste gás? Como a profundidade do corpo d’água pode interferirna quantidade de oxigênio dissolvido? Realizar experimentos sobre dissolução de gás em meio líquido;� Turbidez - Como a turbidez pode influenciar na quantidade de oxigênio dissolvido? Associar a quanti-dade de oxigênio dissolvido na água ao lançamento de esgoto. Construir um turbidímetro para medir aturbidez da água coletada em diferentes pontos da bacia;� Coliformes fecais - O que são? De onde vêm? Associar teor de coliformes fecais e metais pesados àscondições de balneabilidade; �Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) - Pesquisar o conceito de DBO e identificá-la como medidaindireta do teor de matéria orgânica; � pH - O que é? Como o pH pode influenciar na vida aquática? Verificar a variação de pH ideal em cadaclasse de água segundo Resolução CONAMA nº 20 (BRASIL, 1986). Construir uma escala pH e realizarexperimentos com indicador ácido-base (repolho roxo) para verificar o pH da água coletada em diferen-tes pontos da bacia;

• Pesquisar as técnicas de coleta de água para experimentos (orientações, cuidados e procedimen-tos). Visitar corpos d’água e, com equipamento de segurança, realizar coleta. Observar as caracte-rísticas no entorno do corpo d’água; observar se há odor, presença de materiais flutuantes comoóleos, graxas,espumas não naturais ou resíduos sólidos.

Temática: participação social e gestão do território da bacia.Objetivos: divulgar informações sobre a bacia e estimular a participação da

população na gestão desse território.• Levantar e mapear pontos de recolhimento de óleo, pilhas e demais materiais passíveis de reciclagem; di-vulgar os pontos para a comunidade por meio de campanhas de recolhimento desses materiais; • Pesquisar o que são comitês e subcomitês de bacia hidrográfica, qual a sua importância e como partici-par; Ir a uma reunião ordinária do comitê ou subcomitê; verificar possibilidade de integrantes do subcomitêministrarem palestras na escola; Pesquisar sobre os núcleos Manuelzão: a história, suas conquistas e dificul-dades; convidar integrantes de núcleo Manuelzão atuante na microbacia na qual a escola esta inserida ou emmicrobacia próxima para ministrarem palestras sobre a atuação deste grupo;• Promover seminários com associações de bairro, ONG's, subcomitê e núcleos Manuelzão para debateras perspectivas para o futuro da bacia, estimulando assim a construção da gestão participativa deste territó-rio. Auxiliar intervenções na escola ou na comunidade; realizar campanha a favor do consumo sustentável.

Referências BibliográficasBRANCO, S. M. Conflitos Conceituais nos Estudos Sobre Meio Ambiente. Revista Estudos Avançados, São Paulo,v.9, n. 23, 1995.

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BRASIL. Congresso Nacional. Decreto n. 4.074, de 04 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de julhode 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o ar-mazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destinofinal dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos,seus componentes e afins, e dá outras providências. Brasília, 2002b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=515>. Acesso em:10 jun. 2011.

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BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comer-cial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classifica-ção, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7802.htm>. Acesso em: 10 jun. 2011.

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Roteiro de Mapeamentoparticipativo para professores

Caro Professor,

Esta proposta de roteiro objetiva auxi-liá-los na condução das atividades relativasao Mapeamento Participativo, tornando-semais uma ferramenta pedagógica de desen-volvimento dos trabalhos, assim como decolaboração para melhoria de condições lo-cais.

Para a realização do Mapeamento Par-ticipativo, haverá etapas de preparação dosalunos, que ocorrerão antes do trabalho decampo. A finalização será por meio de dis-cussões pós-campo e a elaboração dosmapas, a partir dos dados coletados pelosalunos, com auxílio de vocês, professores.Os dados levantados irão compor um mapacom potenciais e problemas identificadosna bacia onde a escola está inserida, auxi-liando na criação de uma futura rede de mo-

nitoramento ambiental. Fique à vontadepara ampliar as discussões ou aprofundaras sugestões aqui levantadas. Sua colabo-ração é muito importante!

I) Aula 1: Noções de território elocalização

Tempo previsto para realização dessaatividade: aproximadamente 50 minutos.

Objetivo: discutir noções de localiza-ção por meio do levantamento de pontosde referência que existem próximos à escolae onde os alunos residem. Será também tra-balhada a espacialização desses pontos pormeio de desenhos.

Materiais pedagógicos necessários(organizados com antecedência): cópias daPlanilha de Pontos de Referência (uma porgrupo); lápis de cor.

Daniela Campolina Vieira; Lussandra Martins Gianasi; Thaís Cristina Pereira da Silva.

PARTE V – PROPOSTA DE AÇÃO

Procedimento

1) Dividir a turma em grupos de quatroalunos;

2) Questionar aos alunos o que há noentorno da escola e da casa deles. Discutirsobre o que é um ponto referencial. Elepode apresentar características positivascomo um parque, ou negativas, como a pre-sença de “bota-fora”. Quais são os pontosde referência? Deixe os alunos exercitarema memória e identificar esses pontos por ummomento, assim como os conceitos quepossuem de pontos positivos e negativos;

3) Entregar uma Planilha de Pontos deReferência, elaborada pelo Projeto Manuel-zão, para cada grupo e pedir que preen-cham;

4) Pedir aos alunos que desenhem noverso da folha da Planilha de Pontos de Re-ferencia os pontos que eles identificaram.

5) Recolher o material, porque ele seráutilizado na etapa seguinte.

II) Aulas 2 e 3: Conceitos de baciahidrográfica e meio ambiente

Tempo previsto para realização dessaatividade: aproximadamente duas aulas de50 minutos cada.

Objetivo: Trabalhar o conceito de baciahidrográfica e as temáticas ambientais quea envolvem (ciclo da água, matas ciliares,território, ocupação etc.) com intuito deexercitar o olhar dos alunos para o mapea-mento.

Materiais necessários (organizadoscom antecedência): DVD fornecido duranteo Curso Bacias Hidrográficas como Instru-mento Pedagógico, equipamento audiovi-sual, imagens de bacia (duas imagensimpressas em folha A3: morfologia de umabacia e usos da bacia), cópias dos Questio-nários Percepção Ambiental – Comunidade(três por aluno).

Procedimentos

1) Utilize as imagens impressas da baciapara explicar o conceito de bacia hidrográ-fica e os usos e conflitos existentes em seuterritório. Estimule os alunos a pensarem narealidade existente na bacia em que a es-cola se encontra. Há similaridades com aimagem apresentada e usos da bacia? Oque há de diferente?

2) Utilize vídeo com o vôo pela baciarealizado no Google Earth, que está dispo-nível no DVD fornecido durante o Curso Ba-cias Hidrográficas como InstrumentoPedagógico. Ao exibir o vídeo, localize a es-cola e alguns pontos de referência, comoruas conhecidas, instituições, áreas verdes,comércios. Aproveite imagens da topogra-fia para questionar se os alunos conhecemnascentes, córregos e rios próximos à es-cola e/ou de onde moram. Pergunte sesabem o nome de córregos/rios e ondeestes se localizam.

3) Após a explicação, divida a sala emgrupos de quatro alunos e devolva a folhautilizada na aula anterior (Planilha de Pon-tos de Referência preenchida e desenho noverso). Distribua as imagens (A3), uma paracada grupo, e peça que eles discutam sobrecomo é a bacia na qual a escola se encon-tra e exercitem se ela é a mesma na qualmoram, para que eles possam analisar. Dis-cutir semelhanças e diferenças em relaçãoà imagem de usos. Peça aos alunos que ten-tem desenhar algo da realidade da bacia nodesenho realizado na aula anterior, deacordo com o que discutiram. Peça tambémpara desenharem nascentes, córregos, riosque sabem ou acham que existem próximosaos pontos que desenharam anteriormente.

4) Ao final da aula entregue a cadaaluno três Questionários Percepção Am-biental – Comunidade. Oriente-os para queos questionários sejam respondidos porpessoas que residam no território da bacia,

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PARTE V – AÇÃO PRÁTICA

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podendo ser familiares, vizinhos e amigos,desde que acima de 18 anos. Recolha osquestionários na próxima aula.

III) Preparação do trabalho decampo

O tempo previsto dependerá da dispo-nibilidade do professor .

Objetivo: Preparar o trabalho decampo para o mapeamento participativo aser realizado com os alunos em locais pró-ximos à escola e que preferencialmentetenha córregos.

Materiais necessários (organizadoscom antecedência): roteiro de percurso de-finido, lanche, cópias das autorizações,prancheta; crachás dos alunos e máquinafotográfica.

Procedimentos

1) Pensar em roteiro próximo à escola,que não necessite de transporte para serrealizado;

2) Utilizar o Google Earth para definirum percurso em que haja córregos;

3) Definir um ponto de parada para osalunos irem ao banheiro e lancharem;

4) Estimar o tempo a ser gasto no per-curso.

Faça o roteiro do trabalho de campoantecipadamente, verificando locais queoferecem risco aos estudantes e dando pre-ferência àqueles de fácil acesso.

5) A sugestão é que o trabalho decampo dure no máximo quatro horas, con-tando com o descolamento até os locais,parada para lanche e retorno à escola;

6) Elaborar e entregar com antecedên-cia formulário para que os pais dos alunosos autorizem a participar do campo. Reco-menda-se constar na autorização: levarágua, lanche, protetor solar, ir de boné,calça e sapato fechado, e levar caderno e

lápis para anotações;

7) Reservar máquina fotográfica da es-cola e pedir aos alunos que tiverem e pude-rem levar as suas, que o façam, masdeixando claro que a escola não se respon-sabilizará por esses materiais.

IV) Trabalho de campo: mapeamento

Tempo previsto para a atividade: no má-ximo quatro horas contando com o deslo-camento, a realização da atividade demapeamento, a parada para lanche e o re-torno à escola.

Objetivo: mapear potenciais, proble-mas e possibilidades para a bacia.

Materiais necessários: autorizaçõesassinadas pelos pais, máquina fotográfica,materiais para anotação, água, lanche.

Procedimentos

1) Dividir a turma em três grupos, cadaum por temática a ser observada durante ocampo: problemas, potenciais, possibilida-des. Essa metodologia de percepção am-biental, 3P (Potenciais, Problemas ePossibilidades), foi criada pela equipe do Ma-nuelzão Comunidade/ Projeto Manuelzão, evisa uma análise não apenas de pontos posi-tivos e negativos da bacia, mas também depossibilidades de melhorias e mudanças lo-cais. A classificação do que sejam pontos po-sitivos e negativos pode ser relativa, baseadana cultura e nos conhecimentos prévios doaluno. Para tal, o objetivo é que o aluno enu-mere o que achar positivo e negativo e queisso seja discutido ao final do campo. Parahaver uma padronização, por questões ava-liativas e metodológicas, o professor estaráportando uma tabela com exemplos do queseja ponto positivo, negativo e possibilida-des. A proposta é que ao final do campo,após os alunos falarem sobre suas anota-ções, o professor faça a mediação da discus-são tendo como referência a planilha:

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Sugere-se que haja um tempo, ao finaldo campo, para se discutir o que foi reali-zado, o que os alunos observaram e suaspercepções sobre a atividade. Caso nãohaja tempo hábil deixar para a aula se-guinte.

V) Atividade Pós-campo

Tempo previsto para realização dessaatividade: uma aula de aproximadamente 50minutos.

Objetivo: reler as anotações realizadasdurante o trabalho de campo, discutir sobrepotenciais, problemas e possibilidades ob-servadas e escolher pontos importantespara integrar o mapa a ser elaborado porequipe de geoprocessamento. Definir for-mas de divulgar os dados para o restante daescola e para a comunidade.

Materiais necessários: equipamentoaudiovisual, planilhas preenchidas nocampo.

Procedimento

1) Um representante de cada grupo (3P)fará um breve relato do que foi observado;

2) Apresentar em power point os resulta-dos dos Questionários de Percepção Am-biental – Comunidade;

3) Discussão sobre a realidade da baciae escolha de alguns dos pontos analisadospara integrarem o mapa a ser elaborado;

4) Discussão sobre possibilidades de di-vulgar os dados para o restante da escola epara a comunidade (cartilha, painéis, semi-nários, palestras, blog, facebook etc.).

Ação de mapeamento realizada por alunos da Escola Municipal Hélio Pelegrini em Belo Horizonte. Foto: Acervo Manuelzão.

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Modelos das tabelas utilizadas no mapeamento participativo

ABIÓTICO - Termo utilizado em Ecologia paradesignar o que é desprovido de vida. Diz-se,também, do lugar ou processo sem seresvivos. No ecossistema, estão presentes tantoos organismos que compõem a comunidadebiótica, como um ambiente abiótico.

AQUÍFERO -Formação geológica que contémágua e permite que quantidades significativasdessa água se movimente no seu interior, emcondições naturais. Constitue-se em um re-servatório de água subterrânea, suscetível àextração e utilização. Os aquíferos podem serlivres (freáticos) ou confinados (artesianos).

ASSOREAMENTO - Deposição de sedimen-tos (areia, detritos etc.) originados de pro-cessos erosivos, transportados pela chuva oupelo vento para os cursos d’água e fundos devale. Provoca a redução da profundidade e dacorrenteza dos rios, dificulta a navegação ediminui a massa de água superficial.

BIONDICADOR - Indicador biológico; espécieanimal ou vegetal utilizada como indicador daqualidade ambiental (condições de ambienteíntegro ou degradado). Geralmente são espé-cies muito sensíveis ou muito tolerantes à de-gradação ambiental, e algumas são bioacu -muladoras, denunciando com facilidade apresença de substâncias tóxicas no am-biente. Os bioindicadores podem ser usadospara determinação do efeito biológico deuma substância, fato ou condição; podem serorganismos característicos dos diferentes es-tados de poluição da água, e podem ser re-presentativos das condições ambientais emum habitat ou região em particular, caso emque a composição das espécies é mais re-presentativa.

O Projeto Manuelzão trabalha com dois tiposde bioindicadores: espécies de peixes e ma-croinvertebrados bentônicos (em sua maio-ria, larvas de insetos que vivem no fundo do

rio) que, juntamente com parâmetros físico-químicos (pH, turbidez, DBO), indicam a qua-lidade da água e a situação ecológica doscorpos d’água.

BIÓTICOS - Referente ou pertencente aos or-ganismos vivos ou aos produzidos por eles.Os elementos bióticos de um ecossistemasão constituídos pela fauna, pela flora e ou-tros seres vivos.

CANALIZAÇÃO - É o processo de intervençãonos cursos d’água modificando o leito natu-ral em canais revestidos por materiais comopedra e concreto. A canalização pode seraberta ou fechada (quando encobre todo oleito do rio). A canalização inviabiliza a biodi-versidade e a convivência do curso d’águacom a paisagem urbana.

CHORUME - Líquido escuro, malcheiroso, ad-vindo da decomposição de resíduos sólidos(lixo), que apresenta elevada demanda bio-química de oxigênio – DBO – e é altamentepoluente. É constituído por ácidos orgânicose substâncias solubilizadas por meio daságuas de chuva que incidem sobre os resí-duos sólidos urbanos (lixo doméstico) e peladigestão biológica da parte orgânica dos re-síduos sólidos. Tem composição e quanti-dade variáveis e afetam sua composição,entre outros fatores, o índice pluviométrico eo grau de capacitação das células de lixo.Devem ser tratado dentro de critérios técni-cos para não poluir o solo e as águas super-ficiais e subterrâneas.

CLOROFLUORCARBONETOS - Diz-se daclasse de compostos orgânicos que contémcarbono, cloro e flúor. Usados em compres-sores de geladeira, em condicionadores de ar,na fabricação de espumas e como propelenteem aerossóis, os CFCs não são tóxicos, masestão sendo abolidos pelos seus efeitos da-nosos sobre a camada de ozônio; acumulam-

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Glossário

se na atmosfera superior, onde a luz solar ostransforma em agentes químicos que des-troem a camada de ozônio que protege a su-perfície da terra da radiação ultravioleta doSol, prejudicial aos seres vivos. Existem di-versos programas em todo o mundo para aeliminação do uso de CFCs, que podem ter onome comercial de freon. Atualmente são fa-bricados geladeiras e outros equipamentosrefrigeradores que não utilizam os CFCs.

CORPO D’ÁGUA - Denominação genéricapara qualquer manancial hídrico; cursod’água, trecho de rio, reservatório artificial ounatural, lago, lagoa ou aquífero subterrâneo.

CURSO D’ÁGUA - Denominação geral para osfluxos de água em canal natural de drenagemde uma bacia, como rio, riacho, ribeirão, cór-rego etc.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - “Pro-cesso dinâmico destinado a satisfazer as ne-cessidades atuais sem comprometer acapacidade de gerações futuras de satisfazersuas próprias necessidades”. (Comissão Mun-dial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento). No Desenvolvimento Sustentável,busca-se compatibilizar o crescimento eco-nômico com a proteção ambiental, minimi-zando-se os impactos sobre a qualidade doar, da água e do solo.

Os princípios que regem as políticas de De-senvolvimentos são:• Reconhecimento de que os recursos natu-rais têm limites e devem ser poupados;• Atendimentos das necessidades de em-prego, alimentação, educação, moradia, sa-neamento e energia;• Restabelecimento do ritmo de desenvolvi-mentos econômico;• Preservação da saúde e da qualidade devida;• Aplicação da tecnologia, visando à preser-vação e ao controle ambiental;• Compatibilização dos critérios de desen-volvimento e proteção ambiental na tomada

de decisões.

DISCIPLINAR- Referente à disciplina escolar.Os conteúdos disciplinares são constituídospor determinado corpo de conhecimentoscom características especiais do saber, traba-lhados no contexto escolar. “Cada disciplinaoferece uma imagem particular da realidade”(JAPIASSU, 1976).

DIVISOR DE ÁGUA - Linha que separa aságuas de precipitações de chuva, dividindo aságuas que escoam para bacias vizinhas e asque contribuem para o escoamento superfi-cial da mesma bacia. Geralmente, pensa-seem divisores formados por altas montanhas.No entanto, há alguns divisores muitas vezesimperceptíveis.

EFLUENTE -Substância líquida com predomi-nância de água, produzida pelas atividadeshumanas (esgotos domésticos, resíduos lí-quidos e gasosos industriais etc.), lançada narede de esgotos ou nas águas receptoras ecom a finalidade de utilizar essas águas re-ceptoras no seu transporte e diluição.

EUTROFIZAÇÃO - Crescimento excessivo deálgas exposta à atmosfera e visível de umadeterminada altitude, relacionada a lagos, la-goas, rios, reservatórios de barragens e açu-des.

ESGOTO DOMÉSTICO - resíduos que provémprincipalmente de residências, estabeleci-mentos comerciais, instituições ou quaisqueredificações que dispõem de instalações debanheiros, lavanderias e cozinhas. Com-põem-se essencialmente de água de banho,excretas (fezes humanas e de urina), papel hi-giênico, restos de comida, sabão, detergen-tes e água de lavagem.

EVAPORAÇÃO - Processo de mudança do es-tado físico de substâncias que encontram-selíquidas para o estado gasoso devido ao au-mento de temperatura.

EVAPOTRANSPIRAÇÃO - Processo natural detransferência de água para a atmosfera por

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meio da evaporação de água das superfíciese transpiração das plantas, proporcionandoo aumento da umidade do ar, sendo degrande importância para o ciclo hidrológico.

FEAM - Fundação Estadual de Meio Am-biente de Minas Gerais. Órgão estadualcriado em 1987, vinculado à Secretária de Es-tado de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável, responsável por executar, noâmbito do Estado, a política de proteção,conservação e melhoria da qualidade am-biental no que concerne à prevenção, à cor-reção da poluição ou da degradaçãoambiental provocada pelas atividades indus-triais, minerárias e de infraestrutura, bemcomo promover e realizar estudos e pesqui-sas sobre a poluição e qualidade do ar, daágua e do solo.

FLUXO GÊNICO - A troca de atributos gené-ticos entre as populações pelo movimento deindivíduos, gametas (células reprodutivas deanimais) ou esporos (células reprodutivas defungos, algas e plantas).

GESTÃO DAS ÁGUAS – GESTÃO DE RECUR-SOS HÍDRICOS - Utilização e administraçãoracional, democrática e participativa dos re-cursos hídricos. A gestão das águas tambémpode ser definida como uma atividade analí-tica e criativa voltada à formulação de princí-pios e diretrizes (Política das Águas), aopreparo de documentos orientadores e nor-mativos, à estruturação de sistemas geren-ciais e à tomada de decisões que têm porobjetivo final promover o inventário, uso,controle e proteção dos recursos hídricos.

HIDROGRAFIA - Estudo e mapeamento daságuas continentais e oceânicas da superfícieterrestre, com foco na medida e descriçãodas características físicas, como a profundi-dade das águas, a velocidade e a direção dascorrentes dos oceanos, mares, lagos e rios.

IEF - Instituto Estadual de Florestas. Órgãoestadual criado em 1962, atualmente vincu-lado à Secretária de Estado de Meio Am-

biente e Desenvolvimento Sustentável, res-ponsável pela preservação e conservação davegetação do estado; proteger a biodiversi-dade; regular a pesca e administrar as unida-des de conservação (parques, reservasbiológicas, áreas de preservação ambientaletc.).

IGAM - Instituto Mineiro de Gestão dasÁguas. Órgão estadual criado em 1997, vin-culado à Secretária de Estado de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável,responsável por preservar a qualidade e aquantidade das águas em Minas Gerais; coor-denar, orientar e incentivar a criação dos co-mitês de bacias hidrográficas; fiscalizar osusos de recursos hídricos no estado e im-plantar os instrumentos de gestão definidosna Política Estadual de Recursos Hídricos.

INSTRUMENTOS DE GESTÃO - Meio, meca-nismos e processos previstos em lei, coloca-dos em prática por meio do aparatotécnico-organizacional do Estado e pela mo-bilização social, que permitem atingir os ob-jetivos das Políticas Estaduais de RecursosHídricos e Meio Ambiente e o gerenciamentodos recursos naturais. De modo geral, os ins-trumentos de gestão podem ser classificadosem regulatórios, econômicos e os de nego-ciação. Em Minas Gerais, os instrumentos degestão de recursos hídricos são: Plano Esta-dual de Recursos Hídricos; Planos Diretoresde Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas;Sistema Estadual de Informações sobre Re-cursos Hídricos; enquadramento dos corposd’água em classes,segundo seus usos pre-ponderantes; outorga dos direitos de usos derecursos hídricos; cobrança pelo usos de re-cursos hídricos; compensação a municípiospela explotação e restrição de uso de recur-sos hídricos; rateio de custos de obras de usomúltiplo, de interesse comum ou coletivo, eas penalidades. Os instrumentos de gestãodo meio ambiente são: licenciamento am-biental; definição de normas e padrões dequalidade ambiental; monitoramento e pe-

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nalidades, operacionalizadas por meio da fis-calização e aplicação de multas.

INTERCEPTOR DE ESGOTO - Estruturas deengenharia instaladas junto aos cursosd’água que recebem esgotos. Os intercepto-res têm a função de receber os esgotos queseriam despejados nos cursos d’água e con-duzi-los para a rede própria de esgotamentosanitário e para as estações de tratamento.

INTERDISCIPLINAR - Esse termo começou aser utilizado na década de 60 em meio a crí-ticas quanto ao modelo positivista e carte-siano de ensino, no qual o conhecimento eravisto como algo fragmentado em disciplinasque não dialogavam.

“A interdisciplinaridade coloca-se como abusca das relações de interdependência e deconexões recíprocas entre as disciplinas, fra-gilizando as até então rígidas fronteiras disci-plinares.” Relaciona-se com troca, integração,intercâmbio e construção coletiva. (GAT-TÁS,2006)

INTERFLÚVIO - Área elevada (topo de morro,montanha, chapada) que delimita a bacia hi-drográfica, a partir de onde a água da chuvaque cai escoa em diversas direções, seguindoo sentido dos cursos d’água.

IQA - Índice de Qualidade da Água. Metodo-logia usada para caracterizar a qualidade daágua, utilizando parâmetros que representamas características físicas, químicas e biológi-cas da água. Por meio desse índice é possívelestabelecer a qualidade que determina o en-quadramento dos cursos d’água em classesou níveis de qualidade. A qualidade das águasnão se restringe à pureza da mesma, mas àssuas características desejadas para os seusdiversos usos.

JUSANTE - Qualificativo de uma área que ficaabaixo de outra à qual se faz referência; termomuito utilizado quando se trata de recursoshídricos. É o oposto de montante.

LENÇOL FREÁTICO - Zona do subsolo que li-

mita a zona saturada, onde os poros do soloou da rocha estão totalmente preenchidospor água subterrânea. Acima do lençol freá-tico há a zona de aeração, abaixo da superfí-cie do solo, onde os poros estão preenchidospor ar e também por um pouco de água, naforma de umidade. A zona de aeração do soloé importante na purificação das águas quepercolam, atuando como filtro, como zona deoxidação de matéria orgânica e de retençãode uma quantidade variada de metais pesa-dos. A profundidade do lençol freático de-pende de vários fatores, tende a acompanharo relevo e oscila ao longo do ano, sendo re-baixada com o escoamento para as nascen-tes ou elevada com a incorporação de águainfiltrada da chuva.

LIXIVIAÇÃO - Processo de lavagem e de de-composição das rochas e dos solos pelaságuas das chuvas, carregando os mineraispara outras áreas, extraindo, dessa forma, nu-trientes e tornando o solo mais pobre. A lixi-viação também ocorre em vazadouros eaterros de resíduos, dissolvendo e carregandocertos poluentes para os corpos d’água su-perficiais e subterrâneos.

MANANCIAL - Local que contenha água, su-perficial ou subterrânea, que possa ser reti-rada para atender às mais diversas finalidades(abastecimento, comercial, industrial e outrosfins).

MATAS CILIARES - Conhecida, também,como mata de galeria ou vegetação riparia, éa vegetação presente nas porções de terrenoque incluem as margens dos rios, córregos,lagos ou lagoas, incluindo as superfícies deinundação. Tem importante papel na ecologiae na hidrologia de uma bacia hidrográfica, e asua largura varia com a declividade, umidadedo solo, variação sazonal etc., auxiliando namanutenção da qualidade da água, no de-senvolvimento e sustento da fauna silvestreaquática e terrestre ribeirinha, na regulariza-ção dos regimes dos rios – por meio do len-çol freático – e na estabilidade dos solos das

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margens evitando a erosão e o assorea-mento. A mata ciliar funciona como filtro doescoamento superficial das chuvas, absor-vendo as quantidades excedentes de agrotó-xicos utilizados nas lavouras e, assim,evitando a poluição dos cursos d’água.

Alguns autores fazem distinção entre mata ci-liar e mata de galeria. Mata ciliar é a vegeta-ção florestal que acompanha os rios demédio e grande porte da região do cerrado,onde há presença de espécies caducifólias,apresentando aspectos de mata semidecíduae onde não há formação de galerias. Mata degaleria é a vegetação florestal que acompa-nha os cursos d’água de pequeno porte dosplanaltos do Brasil Central; forma corredoresfechados (galerias) e não apresenta espéciescaducifólias durante a estação seca.

MONTANTE - Diz-se do lugar situado acimade outro, tomando-se em consideração acorrente fluvial; a região a montante é aquelaque está mais próxima das cabeceiras de umcurso d’água, enquanto a de jusante estámais próxima da foz.

MULTIDISCIPLINAR - Há vários conceitos demultidisciplinaridade. Muitos autores consi-deram que multidisciplinaridade e pluridisci-plinaridade possuem o mesmo significado.

Multidiciplinaridade e Pluridisciplinaridadeconstituem-se no “agrupamento de discipli-nas, intencional ou não, de módulos discipli-nares, podendo ou não ter alguma relaçãosuperficial entre as disciplinas, mas exclui umconjunto coordenado de ações planejadas eavaliadas. Ex: Quando a coordenação da es-cola escolhe um tema a ser trabalhado para afeira de cultura e cada professora trabalha comuma turma.” (GATTÁS,2006)

NATURALISTAS - “O naturalista viajante éaquele que nos séculos XVIII e XIX dedicava-se ao estudo da história natural, ou seja, danatureza, compreendendo os astros, o ar, osanimais, os vegetais e minerais da superfíciee da profundidade da terra. Enquanto os na-

turalistas-viajantes do período colonial eramexclusivamente súditos da Coroa portuguesa,encarregados de revelar as riquezas e a utili-dade dos recursos naturais, os que percorre-ram o Brasil no século XIX, após 1808, vinhamde diversas regiões da Europa e estavam em-penhados na observação e classificação doshomens e de suas línguas, considerados entreas espécies da natureza. Ligados à nobrezaou a sociedades científicas, percorriam o solobrasileiro num esforço conjunto e planejadode revelar, colecionar e classificar os reinosnaturais da América.” (MOREIRA, 1995)

OD - OXIGÊNIO DISSOLVIDO - Quantidadede oxigênio livremente disponível na água enecessária à vida aquática e à oxidação damatéria orgânica. Os níveis de OD têm papeldeterminante na capacidade de um corpod’água natural manter a vida aquática. Umaadequada provisão de oxigênio dissolvido éessencial para a manutenção dos processosnaturais de autodepuração em sistemasaquáticos e estações de tratamento de es-gotos. Através de medição do teor de OD,podem ser avaliados os efeitos dos resíduosoxidáveis sobre as águas receptoras e sobrea eficiência do tratamento dos esgotos du-rante o processo de oxidação bioquímica.

OUTORGA - Instrumento legal da gestão derecursos hídricos que consiste na concessãodireito de uso da água de determinado corpod’água. É um ato administrativo de licençaemitido pelo órgão público gestor dos recur-sos hídricos que especifica: a finalidade douso; a duração da concessão; as condições etermos no respectivo documento. A outorgapose ser de uso da água ou de emissão deefluentes.

PERCOLAÇÃO - Movimento de penetraçãoda água através dos poros e fissuras no soloe subsolo. Este movimento geralmente élento e a água penetrada manterá o lençolsob pressão hidrodinâmica, exceto quando omovimento ocorre através de aberturas am-plas, tais como covas.

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pH - Potencial Hidrogeniônico. É uma escalaem logaritmo que varia de 0 a 14, indicandose uma determinada substância é ácida ou al-calina. Valores abaixo de 7 são ácidos e acimade 7, alcalinos. O valor de pH 7 é neutro.

PLANO DIRETOR DE BACIA (plano de recur-sos hídricos) - Estudo que busca adequar ouso, o controle e o grau de proteção dos re-cursos hídricos às aspirações sociais e/ou go-vernamentais expressas formal ou informal-mente na política de recursos hídricos, atra-vés de programas a serem desenvolvidos,ações prioritárias e projetos de intervençõesa serem implantados para a bacia hidrográ-fica. Visam fundamentar e orientar a imple-mentação da política de recursos hídricos eo gerenciamento dos recursos hídricos. Sãoplanos de longo prazo, com horizonte de pla-nejamento comparável ao período de im-plantação de seus programas e projetos.

RECURSOS HÍDRICOS - Coleção de águas su-perficiais ou subterrâneas disponíveis e quepodem ser obtidas para o uso humano.

RESÍDUOS SÓLIDOS - Diferentes materiais,resultantes das atividades humanas, chama-dos geralmente de “lixos”. Podem ser orgâni-cos, quando constituídos por restos vegetaise animais, e inorgânicos, quando constituí-dos por materiais como os vidros, papéis,metais etc., os quais podem ser parcialmentereutilizados, reaproveitados ou remanufatu-rados, gerando, entre outros aspectos, pro-teção à saúde pública e economia derecursos naturais.

RESÍDUOS LÍQUIDOS - Substâncias líquidas,geralmente lançadas nos cursos d’água, pro-venientes do uso doméstico da água, resul-tando em esgotos constituídos de água debanho, dejetos, sabão, detergentes e águasde lavagem, ou resultantes de atividades in-dustriais, como efluentes químicos indus-triais, óleos e agrotóxicos.

RESÍDUOS GASOSOS - São misturas de gasesresiduais, poeira e partículas lançadas na at-

mosfera como subprodutos das atividades in-dustriais e humanas. De composição químicamuito variada, algumas substancias são alta-mente reagentes produzindo novos produtosnocivos, cuja precipitação causam, por exem-plo, a chuva ácida, a poluição difusa, a con-taminam o solo e das águas, provocamdoenças respiratórias e o aquecimento glo-bal.

REUSO DA ÁGUA - Alternativa mais racionalpara satisfazer as demandas menos exigen-tes de uso da água em que ela, após o uso, éutilizada novamente em outra atividade,como usar as águas domésticas servidas maisde uma vez após tratadas, realizar o reuso in-dustrial ou agrícola, liberando as águas demelhor qualidade para usos mais restritivos enobres, como o abastecimento público e adessedentação de animais.

REUTILIZAÇÃO - Uso da água de forma reci-clada no processamento industrial.

TRANSDISCIPLINAR - Nicolescu Basarab(1999) define a transdisciplinaridade como aunificação ou fusão de duas ou mais discipli-nas tendo por base a explicitação dos seusfundamentos comuns, a construção de umalinguagem comum, própria. “A transdiscipli-naridade, como o prefixo ‘trans’ indica, dizrespeito àquilo que está ao mesmo tempoentre as disciplinas, através das diferentesdisciplinas e além de qualquer disciplina. Seuobjetivo é a compreensão do mundo pre-sente, para a qual um dos imperativos é a uni-dade do conhecimento. [...] A visãotransdisciplinar propõe-nos a consideraçãode uma realidade multidimensional, estrutu-rada em múltiplos níveis, substituindo a rea-lidade unidimensional, com um único nível,do pensamento clássico. [...] A metodologiatransdisciplinar não substitui a metodologiade cada disciplina, que permanece o que é.No entanto, a metodologia transdisciplinarfecunda essas disciplinas, trazendo-lhes es-clarecimentos novos e indispensáveis, quenão podem ser proporcionados pela meto-

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dologia disciplinar”.

TRATAMENTO DE EFLUENTES - Processo ar-tificial de depuração e remoção de contami-nantes dos efluentes líquidos de uma fontepoluidora, visando adequá-los ás exigênciaslegais para lançamento, direta e indireta-mente, nos corpos d’água. Os efluentes anteslíquidos podem ser constituídos por efluen-tes gerados pela comunidade (efluentes do-mésticos) e efluentes gerados pelas indústrias(efluentes industriais). Com o tratamento dosefluentes, espera-se alcançar os seguintesobjetivos:

• Efluentes domésticos: remoção de matériaorgânica, sólidos em suspensão e organismospatogênicos (organismos causadores dedoenças); em processos de tratamento maissofisticado, removem-se nutrientes (nitrogê-nio e fósforo); • Efluentes industriais, ou mistura de efluen-

tes domésticos e industriais: remoção de ma-téria orgânica, nitrogênio e fósforo, sólidosem suspensão, compostos tóxicos e com-postos não biodegradáveis.

TOPOGRAFIA - Diz-se da representação daforma, do tamanho, da declividade e da alti-tude do relevo de uma área.

USUÁRIOS ou usuário de água – termo usadona gestão de recursos hídricos para designartodos aqueles que utilizam diretamente aságuas superficiais ou subterrâneas de umabacia hidrográfica. O usuário pode ser pessoafísica ou jurídica, de direito privado ou públicoe que independente da necessidade de ou-torga prevista nos termos da lei, faz uso dosrecursos hídricos, captando água diretamentede cisternas, açudes, córregos, rios lagos ouque faz qualquer lançamento de efluentes(esgotos industriais, agrícolas ou domésticos)diretamente nos corpos d’água.

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais - Terceiro e quarto ciclos doen-sino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. 7ed. Curitiba: Ed. Positivo, 2008

GATTÁS, M.L.B. Interdisciplinaridade, formação e ação na área de saúde. Ribeirão Preto: Holos Editora, 2006.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2001

MAZZINI, A.L.D. Dicionário Educativo de Termos Ambientais. 5 ed. Belo Horizonte: A.L.D.Amorim , 2011.

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POLIGNANO, M.V. et al. Meta 2010: revitalização da Bacia do Rio das Velhas. Belo Horizonte. Instituto Guaicuy:2008.

RICKLEFS, Robert E. A Economia da Natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

APP – Área de Proteção Permanente

CBH – Comitê de Bacia Hidrográfica

CFC – Clorofluorcarboneto

CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hí-dricos

COMAM – Conselho Municipal de MeioAmbiente

CONAMA – Conselho Nacional do MeioAmbiente

COPAM – Conselho de Política Ambiental

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

EA – Educação Ambiental

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

FAO – Organização das Nações Unidas paraa Agricultura e Alimentação

FEAM – Fundação Estadual do Meio Am-biente

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Con-servação da Biodiversidade

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IEF – Instituto Estadual de Florestas

IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das

Águas

IWMI – Instituto Internacional de Gestão daÁgua

MMA – Ministério do Meio Ambiente

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PIB – Produto Interno Bruto

PNRH – Política Nacional de Recursos Hí-dricos

PNUMA – Programa das Nações Unidaspara o Meio Ambiente

RMBH – Região Metropolitana de Belo Ho-rizonte

SEMAD – Secretaria de Estado de MeioAmbiente e Desenvolvimento Sustentável

SISEMA – Sistema Estadual do Meio Am-biente e Recursos Hídricos

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Am-biente

SMMA – Secretaria Municipal de Meio Am-bienteSNGRH - Sistema Nacional de Geren-ciamento de Recursos Hídricos

UFMG – Universidade Federal de Minas Ge-rais

UNESCO – United Nations Educational,Scientific and Cultural Organization (Orga-nização das Nações Unidas para a Educa-ção, Ciência e Cultura)

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Siglas

Atividade pedagógica lúdica realizada com criaças na Mini Expedi-ção do Rio Taquaraçu. Foto: Diego Lara.