bacia hidrografica apostila e exercicios

Download Bacia Hidrografica Apostila e Exercicios

If you can't read please download the document

Upload: helton-teixeira-de-alvarenga

Post on 27-Nov-2015

17 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

BACIA HIDROGRFICA 1. GENERALIDADES Embora a quantidade de gua existente no planeta seja constante, e por isso o cicl o global possa ser considerado fechado, os estudos de hidrologia se aplicam quase sempre a unidades hidrolgicas que devem ser tratadas como sistemas abertos. Assim, na prtica, nos es tudos envolvendo a questo da disponibilidade de gua, das enchentes e inundaes, dos aproveitamentos hdricos para irrigao, da gerao de energia, etc., adota-se a Bacia Hidrogrfica como unidade hidrolgica, principalmente pela simplicidade que oferece para a aplicao da equao do balano hdrico. 1.1 Definio A bacia hidrogrfica a rea definida topograficamente, drenada por um curso d gua ou um sistema conectado de cursos d gua, de modo que toda a vazo efluente seja descarregada atravs de uma sada simples. Constitui-se no sistema fsico ou rea coleto ra da gua da precipitao, que a faz convergir para uma nica seo de sada, denominada exutria, foz ou desembocadura. Nas aplicaes da equao do balano hdrico em que o volume de controle a bacia hidrogrfica, o volume da gua precipitada corresponde quantidade de entrada, enquan to que a sada a soma do volume de gua escoado pela seo exutria com os volumes correspondentes s perdas intermedirias decorrentes da evaporao e transpirao. Ainda, dependendo da aplicao que se faz, as quantidades infiltradas profundamente podem ser tratadas co mo perdas (sadas) ou incorporadas no termo de armazenamento. 2. CONTORNO OU DIVISOR DE GUA DA BACIA HIDROGRFICA O contorno ou divisor de uma bacia hidrogrfica definido pela linha de cumeada (pontos de cota mxima entre bacias), que faz a diviso das precipitaes que caem em ba cias vizinhas1. O divisor, dito topogrfico, segue uma linha rgida em torno da bacia, se ndo cortado pelo curso d gua somente na seo de sada. A bacia hidrogrfica, conforme a sua definio, est limitada pela seo exutria do curso d gua principal, onde este desgua em outro curso d gua ou em um reservatrio, baa, lago o oceano. Entretanto, pode-se sempre definir, dentro de uma bacia maior ou princip al, uma subbacia de um curso d gua menor limitada pela seo de confluncia deste com outro curso d gua, ou ainda uma sub-bacia limitada por uma estao fluviomtrica. A Figura 1 mostra uma bacia hidrogrfica em planta, bem como um corte transversal da mesma que permite identificar, alm do divisor de guas topogrfico, a presena de um di visor fretico ou subterrneo. Assim, pode-se dizer que existem dois divisores de gua na ba cia hidrogrfica: o divisor topogrfico, condicionado pela topografia, que fixa a rea da qual provm o deflvio superficial direto (runoff) da bacia; e o divisor fretico, determinado p ela estrutura geolgica, que estabelece os limites dos reservatrios de gua subterrnea, de onde deri vado o escoamento de base da bacia2. Quando os divisores fretico e topogrfico no so coincid entes, como na Figura 1, ocorrero fugas de uma para outra bacia vizinha. Contudo, na prti ca, em aplicaes da equao do balano hdrico essas fugas so desprezadas, uma vez que sempre ocorrero compensaes.Durante os perodos de estiagem, a perenidade dos cursos d gua garantida pelo escoamento de base e, em conseqncia, tem-se o rebaixamento do lenol fretico. 1 No interior de uma bacia hidrogrfica podem existir picos isolados de cotas supe riores s da linha de cumeada. 2 Os escoamentos atravs de uma seo qualquer do curso d gua so provenientes das contribu ies naturais subterrneas, somadas s guas de chuva que se escoam superficialmente. 3. CARACTERIZAO DA BACIA HIDROGRFICA As caractersticas climticas de uma bacia hidrogrfica particular determinam o escoamento superficial (runnof) na mesma, mas duas bacias hidrogrficas sujeitas s mesmas condies climticas podem apresentar diferentes escoamentos superficiais. Estas difer enas se devem s caractersticas dos cursos d gua naturais e aos aspectos fsicos das reas drenada s por estes cursos d gua. Por exemplo, uma bacia por ser mais ngreme que a outra produzir m aiores picos de vazo de escoamento superficial. Por isso, no estudo do comportamento hid rolgico de uma bacia hidrogrfica as suas caractersticas fsicas revestem-se de especial importnc ia pela estreita correspondncia entre estas e o regime hidrolgico da bacia. Pode-se dizer que o conhecimento das caractersticas fsicas de uma bacia hidrogrficaconstitui uma possibilidade bastante conveniente de se conhecer a variao no espao d os elementos do regime hidrolgico na regio. Na prtica, a caracterizao fsica de uma bacia hidrogrfica possibilita o estabelecimento de relaes e comparaes entre as caracterstica s fsicas e dados hidrolgicos conhecidos. As relaes matemticas entre variveis hidrolgicas e as caractersticas fsicas da bacia so conhecidas como equaes de regionalizao, e permite a obteno indireta de variveis hidrolgicas em sees ou locais de interesse nos quais falte m dados, ou em regies onde, por fatores de ordem fsica ou econmica, no seja possvel a instalao de estaes hidromtricas. Sem querer de modo algum esgotar o assunto, apresenta-se neste captulo alguns elementos que visam a caracterizar fisicamente uma bacia hidrogrfica. 3.1 rea de drenagem da bacia hidrogrfica A rea de drenagem da bacia hidrogrfica ou, simplesmente, rea da bacia hidrogrfica, A, a rea plana (projetada sobre o plano horizontal) limitada pelos divisores topo grficos da bacia. A rea da bacia hidrogrfica determinada em mapas topogrficos. Para se fazer a sua determinao, preciso, em primeiro lugar, realizar o traado de seu contorno, ou seja, estabelecer o traado da linha de separao das bacias vizinhas. Delimitada a bacia, a sua rea pode ser determinada com o uso de planmetro, ou eletronicamente quando se tem o m apa digitalizado. Alternativamente ao uso do planmetro, embora mais laborioso, pode-s e utilizar o mtodo das quadrculas, pelo qual se superpe ao mapa topogrfico uma grade quadriculada em escala conhecida, e conta-se o nmero de quadrculas inseridas no mapa topogrfico; multiplicando-se o nmero de quadrculas pela rea de cada quadrcula, obtm-se a rea da ba cia hidrogrfica. s reas de grandes bacias so normalmente medidas em quilmetros quadrados (1 km2 =106 m2), enquanto bacia menores podem ser medidas em hectares (1 ha = 104 m2). A rea de drenagem um dado fundamental para definir a potencialidade hdrica de uma bacia hidrogrfica, uma vez que a multiplicao dessa rea pela altura da lmina d gua precipitada define o volume recebido pela bacia. A rea da bacia hidrogrfica consti tui-se, ainda, em elemento bsico para o clculo de outras caractersticas fsicas da bacia. 3.2 Caractersticas de forma da bacia hidrogrfica As bacias de grandes rios tm, normalmente, a forma de pera ou leque, enquanto as pequenas bacias assumem formas variadas. Dentre as bacias de mesma rea, aquelas arredondadas so mais susceptveis a inundaes que as alongadas. A importncia da forma da bacia, particularmente para fins de inundao, est associada ao conceito de tempo de concentrao, tc, que o tempo contado a partir do incio da precipitao, necessrio para que toda a bacia contribua para a vazo na seo de sada ou em estudo, isto , corresponde ao tempo que a partcula de gua de chuva que cai no ponto mais remoto da bacia leva para, escoando superficialmente, atingir a seo em estudo. Alguns ndices de forma tm sido utilizados para caracterizar as bacias hidrogrficas, como o coeficiente de compacidade e o fator de forma. a) Coeficiente de compacidade O coeficiente de compacidade de uma bacia hidrogrfica, kc, um ndice que informasob re a susceptibilidade da ocorrncia de inundaes nas partes baixas da bacia. definido pela relao entre o permetro da bacia e o permetro do crculo de igual rea. Assim, sendo A a rea da bacia e Per o seu permetro, e sendo r o raio do crculo, ter-se- O coeficiente de compacidade das bacias hidrogrficas sempre um nmero superior unidade, uma vez que o crculo a figura geomtrica de menor permetro para uma dada rea A. Bacias que apresentam este coeficiente prximo de 1 so mais compactas, tendem a con centrar o escoamento e so mais susceptveis a inundaes. A ttulo de exemplo, a bacia do rio do Ca rmo, que banha os municpios de Ouro Preto e Mariana, tem 2.280 km2 de rea de drenagem e seu permetro mede 319 km de extenso. O coeficiente de compacidade desta bacia igual a 1,87, o que um ndice relativamente alto. b) Fator de forma O fator de forma de uma bacia hidrogrfica, kf, definido pela relao entre a largura mdia da bacia e o seu comprimento axial. O comprimento axial da bacia hidrogrfica, L, igual ao comprimento do curso d gua principal mais a distncia da sua nascente ao divisor topogrfico. A largura mdia da bacia, l, obtida dividindo-se a rea da bacia pelo seu comprimento axial: A l = . L Assim, o fator de forma resulta kf = l/L = A/L2. (02) Bacias alongadas apresentam pequenos valores do fator de forma e so menos susceptveis s inundaes, uma vez que se torna menos provvel que uma chuva intensa cubr a toda a sua extenso. A bacia do rio do Carmo tem caractersticas de uma bacia alonga da, com 132,3 km de comprimento axial e 17,2 km de largura mdia, e fator de forma igual a 0,13. Este valor do fator de forma, combinado com aquele anteriormente apresentado do coefi ciente de compacidade da bacia do rio do Carmo, sugere que a forma da bacia a torna pouco propensa a inundaes. 3.3 Sistema de drenagemO sistema de drenagem de uma bacia hidrogrfica constitudo pelo curso d gua principal mais os tributrios. O sistema inclui todos os cursos d gua, sejam eles per enes, intermitentes ou efmeros. Os cursos d gua perenes so aqueles que contm gua durante todo o tempo, uma vez que o lenol subterrneo assegura uma alimentao contnua e seu nvel nunca desce abaixo do leito ou calha do rio. J os cursos d gua intermitentes mantm o escoamento apenas dura nte as estaes chuvosas, e secam nas estiagens. Por fim, os efmeros so aqueles cursos d gua que s existem durante ou imediatamente aps os perodos de chuva, isto , s transportam o escoamento superficial direto que chega sua calha. As caractersticas da rede de drenagem de uma bacia hidrogrfica podem ser razoavelmente descritas pela ordem dos cursos d gua, densidade de drenagem, percurs o mdio do escoamento superficial e pela sinuosidade do curso d gua, que so elementos adiant e caracterizados. 3.3.1 Ramificaes e desenvolvimento do sistema de drenagem O estudo das ramificaes e do desenvolvimento do sistema de drenagem de uma bacia hidrogrfica fornece um indicativo da maior ou menor velocidade com que a gua deixa a bacia. a) Ordem do curso d gua A ordem do curso d gua principal de uma bacia hidrogrfica reflete o grau de ramificao do sistema de drenagem desta bacia. A ordem de um curso d gua um nmero inteiro estabelecido segundo diferentes critrios. Segundo o critrio proposto por Horton e modificado por Strahler, a ordem do curso d gua principal de uma bacia hidrogrfica obtida como segue: i) as pequenas correntes formadoras, isto , os pequenos canais que no tm tributrios, tm ordem 1; ii) quando do is canais de mesma ordem se encontram, o canal formado de ordem imediatamente super ior; iii) da juno de dois canais de ordens diferentes resulta um outro cuja ordem ser igual a maior dentre os formadores. Soluo: O critrio de Horton-Strahler estabelece que as correntes formadoras tm ordem 1. Assim, o primeiro passo lanar na planta da figura o nmero 1 ao lado de cada corrente formadora (cabeceiras). Em seguida, acompanhando o sentido da corrente, deve-se lanar o nmero 2 junto aos cursos d gua formados por duas correntes de ordem 1. Assim, terseo, at esta fase, j identificados os cursos d gua de ordens 1 e 2. O prximo passo lanar a ordem dos cursos d gua formados pelas correntes j identificadas: no caso da juno de cursos d gua de ordens diferentes (1 e 2, no caso), a corrente formada ter ordem 2; no caso da juno de dois cursos d gua de ordem 2, a corrente formada ter ordem 3. Prossegue-se da mesma forma, isto , atribuindo a maior ordem ao curso d gua formado por aqueles de ordens diferentes, e atribuindo uma ordem acima no caso do curso d gua formado por aqueles de mesma ordem. A Figura 3 traz o resultado da aplicao do mtodo de Horton-Strahler e mostra que o curso d gua principal de ordem 3. Figura 3 exemplo 1Bacia hidrogrfica dob) Densidade de drenagem A densidade de drenagem de uma bacia hidrogrfica, .d, d uma boa indicao do graude de senvolvimento do sistema. obtida dividindo-se o comprimento total dos cursos d gua da bacia hidrogrfica, incluindo-se os perenes, intermitentes e efmeros, pela rea de dr enagem. Numa representao matemtica, Os valores deste ndice para as bacia naturais encontram-se, geralmente, compreend idos na faixa de 0,5 km-1 a 3,5 km-1, sendo que o limite inferior caracteriza as baci as com drenagem pobre e o limite superior aplica-se a bacias excepcionalmente bem drenadas. importante destacar, ainda, que a densidade de drenagem que se obtm com o emprego da Eq. (03) depende muito da escala do mapa topogrfico utilizado na sua determinao. Mapas com escalas reduzidas escondem detalhes e levam a uma sub-avaliao do comprimento tot al dos cursos d gua. Assim, importante fornecer juntamente com a densidade de drenagem a escala do mapa empregado na sua determinao. A bacia do rio do Carmo muito bem dren ada e apresenta densidade de drenagem .d = 2,43 km-1, determinada na escala 1:50.000 . 3.3.2 Percurso mdio do escoamento superficial O percurso mdio do escoamento superficial, les, uma medida indicativa da distncia mdia que a gua de chuva teria que escoar sobre os terrenos da bacia, caso o escoam ento superficial se desse em linha reta desde o seu ponto de queda at o curso d gua mais prximo. Para a obteno de les, a bacia em estudo transformada em uma bacia retangular de mesma rea e com o lado maior tendo comprimento igual soma dos comprimentos dos ri os da bacia. 3.3.3 Sinuosidade do curso d gua A sinuosidade de um curso d gua um fator controlador da velocidade do escoamento e definida pela relao entre o comprimento do rio principal e o comprimento do talveg ue. O comprimento do talvegue, Ltw, a medida do comprimento da linha de fundo de val e. 3.4 Caractersticas fsicas da bacia hidrogrfica Em uma bacia hidrogrfica, a velocidade do escoamento superficial controlada, em b oa parte, pela declividade do terreno. Alm disso, a temperatura, a precipitao e a evap orao, que so fatores hidrometeorolgicos, so funes da altitude e influenciam o deflvio mdio da bacia. Estas e outras influncias das caractersticas fsicas da bacia hidrogrfica suge rem que o seu relevo deve ser bem conhecido para melhor entender o seu comportamento hidro lgico. 3.4.1 Declividade da bacia A declividade da bacia importante fator a determinar a velocidade do escoamento superficial, que determina o tempo de concentrao da bacia e define a magnitude dos picos de enchente. Alm disso, a velocidade do escoamento condiciona a maior ou menor oport unidade de infiltrao da gua e afeta a susceptibilidade para eroso dos solos.A obteno da declividade de uma bacia hidrogrfica pode ser feita por meio de amostragem estatstica das declividades normais s curvas de nvel em um grande nmero d e pontos localizados aleatoriamente no mapa topogrfico. Este mtodo, batizado de mtodo das quadrculas associadas a um vetor (VILLELA & MATTOS, 1975), consiste em lanar uma malha quadriculada, traada em papel transparente, sobre o mapa topogrfico da bacia e, pelos pontos de interseo da malha, construir vetores normais s curvas de nvel mais prximas e orientados no sentido do escoamento. Para obter a declividade de cada vrtice, di, mede-se, em planta, a menor distncia entre curvas de nvel sucessivas, .xi e calcula-se: sendo .z a diferena de elevao entre as curvas de nvel. Uma forma de representar a declividade da bacia hidrogrfica consiste em fazer a construo do grfico das declividades em funo da freqncia acumulada das ocorrncias. Par isso, aps a determinao das declividades pontuais, procede-se da seguinte forma: i) classificam-se as declividades em ordem decrescente; ii) em funo do nmero de pontos de plotagem, define-se o tamanho do intervalo de classe; iii) contam-se as observaes dentro de cada intervalo e converte-se esta contagem em freqncia relativa; iv) faz-se a cont agem das freqncias acumuladas. O grfico construdo lanando-se os pares de valores das freqncia acumuladas em funo do limite inferior do intervalo de classe correspondente. Pelos pontos do grfico, traa-se uma linha suave em torno destes pontos. Soluo: Antes da contagem de freqncia, inicialmente define-se o tamanho do intervalo de classe atravs da operao: intervalo de classe = (maior declividade - menor declividade) nmero de intervalos . Desejando-se obter 10 pontos de plotagem, faz-se intervalo de classe = (0,727 0,000) 10 = 0,0727. Constri-se, ento, a Tabela 2 com as contagens das freqncias nos intervalos correspondentes. A curva de declividades construda lanando-se em grfico as declividades correspondentes aos limites inferiores da primeira coluna da Tabela 2, em funo das freqncias acumuladas.3 Para o problema exemplo 2, este grfico apresentado na Figura 5.3 Quando as declividades incluem vrias ordens de grandeza, pode ser necessrio empr egar-se uma escala logartmica nas ordenadas do grfico da Figura 4. Figura 5 Representao grfica da distribuio de freqncia das declividades da bacia do r Capivari. Do grfico da Figura 5 tem-se que a declividade mediana, dmed, isto , a declividade correspondente freqncia de 50%, dmed . 0,084, ou dmed . 8,4%. Isto significa que 5 0% das declividades na bacia tm valores superiores (ou inferiores) a 0,084. A declividade mdia, d , pode ser estimada segundo d =S(fi di ), (08) onde di representa o valor mdio da declividade do i-simo intervalo de classe e fi a freqncia correspondente. Com os dados do problema exemplo 2, constri-se a Tabela 3. O resultado da Eq. (08) encontrado somando-se a ltima coluna da Tabela 3: d . 0,113 . 3.4.2 Curva hipsomtrica A curva hipsomtrica uma forma de se fazer a representao grfica do relevo mdio da bacia hidrogrfica, isto , ela d a variao de elevao dos terrenos da bacia com relao a nvel do mar. A construo grfica feita em termos da porcentagem da rea de drenagem da bacia hidrogrfica que se encontra acima (ou abaixo) das vrias elevaes. Para a construo da curva hipsomtrica procede-se da seguinte maneira: i) delimitada a bacia hidrogrfica no mapa, obtm-se, por planimetria, as reas entre as curvas de nvel consecutivas; ii) determina-se a rea total e calculam-se os valores relativos das reas entre as curvas de nvel; iii) obtm-se os valores das reas relativas acumuladas; iv) constri-s e o grfico das cotas das curvas de nvel versus as reas relativas acumuladas correspondentes e , pelos pontos do grfico, traa-se uma linha suave de concordncia. Alm da variao da altitude dada pela curva hipsomtrica, uma outra informao normalmente requerida a elevao mdia da bacia, pois estes elementos influenciam a precipitao e as perdas por evaporao e transpirao e, conseqentemente, influenciam o deflvio mdio. Soluo: Com base nos procedimentos sugeridos no item 3.4.2, constri-se a Tabela 5, o nde se representam as reas relativas e reas relativas acumuladas (3a e 4a colunas). A curva hipsomtrica construda lanando-se, nas abscissas, os valores das reas relativ as acumuladas da 4a coluna da Tabela 5, em funo das cotas correspondentes (limites in feriores da 1a coluna da Tabela 5), nas ordenadas, e traando-se uma linha suave pelos pontos. Esta curva, para a bacia hidrogrfica do rio Capivari do problema exemplo 3, mostrada na Figur a 6. A elevao mediana, zmed, estimada do grfico da Figura 6, a partir da leitura da cota correspondente rea relativa acumulada de 50%. Desta Figura resulta zmed . 840m, o que indica que 50% da rea de drenagem da bacia encontra-se acima (e abaixo) da cota 840m. A elevao mdia, z , pode ser estimada segundo 3.4.3 Retngulo equivalente O retngulo equivalente uma representao simplificada da bacia hidrogrfica que serve para melhor comparar a influncia do relevo da bacia sobre o escoamento. A sua con struo feita de modo que, na escala escolhida para o desenho, a rea do retngulo seja igual rea d e drenagem da bacia hidrogrfica natural (tm mesma rea A), e o permetro do retngulo seja igual ao permetro da bacia natural (tm mesmo permetro Per). Alm disso, a bacia hidrogrfica e o retngulo devem apresentar o mesmo coeficiente de compacidade, kc. No retngulo equivalente so, ainda, traadas as curvas de nvel na forma de segmentos d e reta paralelos ao seu lado menor. Este traado feito de modo a respeitar a hipsome tria da bacianatural, o que significa que, na escala do desenho, as reas compreendidas entre d uas curvas de nvel devem ter correspondncia com aquelas da escala real (V. Figura 7). Os lados do retngulo podem ser determinados em funo da rea de drenagem da bacia hidrogrfica e do seu coeficiente de compacidade. Para isso, escrevem-se as equaes: A = L l 3.4.4 Declividade do leito ou lveo do curso d gua principal O rio principal de uma bacia hidrogrfica normalmente considerado como sendo aquel e que drena a maior rea dentro da bacia4. O seu comprimento, aqui indicado por L, m edido no mapa topogrfico com o uso do curvmetro. A declividade do rio principal de uma bacia uma medida representativa do seu rel evo e muito utilizada em diversos estudos hidrolgicos. A velocidade do escoamento de um rio depende da declividade da calha fluvial ou lveo: quanto maior a declividade, maior a velo cidade do escoamento. A declividade do lveo pode ser obtida de diferentes modos. Para rios que apresent am um perfil longitudinal razoavelmente uniforme, a declividade entre extremos, S1, um a boa estimativa da sua declividade. A declividade entre extremos obtida dividindo-se a diferena e ntre as cotas mxima (cabeceira) e mnima (foz) do perfil pelo comprimento do rio: As unidades de medida da declividade de um rio so, normalmente, m/m ou m/km. Existem, ainda, outras medidas mais representativas da declividade de um rio. Um a possibilidade o mtodo da declividade S10-85, pelo qual a declividade obtida a par tir das altitudes a 10% e 85% do comprimento do rio, comprimento este medido a partir da sua foz. Para a avaliao das altitudes, os dois pontos so marcados no mapa topogrfico e suas cotas so determ inadas por interpolao a partir das curvas de nvel disponveis. Avaliadas as duas altitudes, a di ferena dividida por 75% do comprimento do rio principal: Um outro ndice representativo da declividade mdia do curso d gua a declividade equivalente constante, S3, que se obtm a partir da considerao de que o tempo total de percurso da gua no canal natural igual ao tempo de percurso num canal hipottico de declividade constante S3. Para obter o tempo total de percurso da gua no canal natural este deve ser dividi do em um grande nmero de trechos retilneos, para se tomar os tempos de percurso em cada um destes trechos. Admitindo-se a validade da equao de Chzy para cada trecho (movimento unifo rme), tem-se para o i-simo trecho: onde Vi = velocidade no trecho; Si = declividade do trecho; C = coeficiente de r ugosidade de Chzy; R Hi = raio hidrulico; Ki = C R Hi ; Li = comprimento do trecho; ti = tempode percurso no trecho. O tempo total de percurso ser 3.5 Cobertura vegetal e camada superficial do solo A cobertura vegetal da bacia hidrogrfica exerce importante influncia sobre a parce la da gua de chuva que se transforma em escoamento superficial e sobre a velocidade com que esse escoamento atinge a rede de drenagem. Quanto maior a rea da bacia com cobertura v egetal, maior ser a parcela de gua de interceptao.5 Alm disso, o sistema de razes da vegetao retira ua do solo e a devolve atmosfera atravs do processo de transpirao. A vegetao influencia, ainda, o processo de infiltrao: as razes modificam a estrutura do solo, provocando fissuras que, juntamente com a reduo da velocidade do escoamento superficial, favorecem a infiltrao. Por isso, quando uma bacia parcialmente urbanizada, ou sofr e desmatamento, tem-se em conseqncia um aumento do escoamento superficial, em decorrn cia das menores perdas por interceptao, transpirao e infiltrao. Com o desmatamento, o escoamento superficial se dar de forma mais rpida sobre um terreno menos permevel e menos rugoso, o que intensifica o processo de eroso e de carreamento de slidos s calhas f luviais, lagos e reservatrios, acelerando o assoreamento. O maior volume do escoamento superficial e o menor tempo de resposta da bacia resultam no aumento das vazes de pico que, juntamente com a reduo da calha natural do rio, provocam freqentes inundaes. O tipo de solo e o estado de compactao da camada superficial tm importante efeito s obre a parcela da gua de infiltrao. As caractersticas de permeabilidade e de porosidade d o solo esto intimamente relacionadas com a percolao e os volumes de gua de armazenamento, respectivamente. Solos arenosos propiciam maior infiltrao e percolao, e reduzem o es coamento superficial. Por outro lado, os solos siltosos ou argilosos, bem como os solos c ompactados superficialmente, produzem maior escoamento superficial. Adiante, nos captulos de Infiltrao egua Subterrnea, se tratar em maiores detalhes desse assunto.