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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Junho 2014 Como Funciona a Igreja 8 Essencial Só o 14 Como Aumentar a 27 E CÉUS MARÉS Olhe e admire o que Deus está fazendo Parte 3 Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia

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adventist world, portuguese, junho

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Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

Junho 2014

ComoFunciona a Igreja8

EssencialSó o14 Como

Aumentar a Fé27

E

CÉus MARÉs

Olhe e admire o que Deus está fazendo

Parte 3

Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

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Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 10, Nº- 6, Junho de 2014.

www.adventistworld.orgOn-line: disponível em 11 idiomas

Tradução: Sonete Magalhães Costa

A R T I G O D E C A P A

16 Céus e Marés Bill Knott

As estradas usadas por alguns missionários não são rodovias pavimentadas.

8 V I S Ã O M U N D I A L

Como Funciona a Igreja – Parte 3 Ted N. C. Wilson O corpo de Cristo tem muitos membros e todos

eles são importantes.

12 D E V O C I O N A L

Adoração de Serpentes na Igreja? Atuanya Cheatham DuBreuil Os perigos de adorar a tradição.

14 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Só o Essencial Chantal J. Klingbeil A viagem é muito longa; as malas devem

ser leves.

22 V I D A A D V E N T I S T A

Servo Fiel Erna e John Siregar Servir a Deus apesar das dificuldades.

24 H I S T Ó R I A A D V E N T I S T A

No Gueto Benjamin Baker O evangelho avança de diferentes

maneiras.

S E Ç Õ E S

Junho 2014

CAPA: Vista aérea da Ilha Saibai.F o t o : C o r t e s i a d e d a r r e n P e a k a l l

21 E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Alcançando os Infiéis

26 R E S P O S T A S A

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

Apenas Dois?

27 E S T U D O B Í B L I C O

Como Aumentar a Fé

28 T R O C A D E I D E I A S

3 N O T Í C I A S D O M U N D O

3 Notícias Breves 6 Notícia Especial 10 Igreja de Um Dia

11 S A Ú D E N O M U N D O

Câncer de Mama

2 Adventist World | Junho 2014

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N O T í C I A S D O M u N D O

S E Ç Õ E S

■ Ao falar para aproximadamente 350 líde-res no Centro Internacional de Convenções da Cidade do Cabo, África do Sul, Ted N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja, insistiu para que reconhecessem que a “transgressão humana” é um problema global e dependente da cura, a qual é possível apenas por meio do poder restaurador de Cristo.

As questões envolventes devem ser abor-dadas com “clareza e tato”, e fiel às verdades bíblicas como demonstrado por Jesus em Seu ministério na Terra, comentou.

“Nosso objetivo e alvo pessoal nesta con-ferência deve ser: ‘Falar a verdade como Jesus falou, lembrar que toda palavra proferida por Seus discípulos deve ajudar alguém a se tornar discípulo de Cristo’. Há uma maneira de falar a verdade que conduz à vida. Dessa forma, vamos falar, compartilhar e aprender uns com os outros.”

Seu tema de abertura da conferência sobre sexualidade foi: “A Verdade como é em Jesus”. Participaram pastores, capelães, professores, profissionais de saúde, especialistas em leis e diretores de recursos humanos.

Definindo os parâmetros da conferência, o pastor Wilson enfatizou que estes não inclu-íam revisar a perspectiva ou as declarações da Igreja sobre a transgressão humana, ou aproximá-los do “espírito mutável” das tendências sociais e valores da atualidade. “Nem viemos para descrever esse tipo de transgressão como algo maior do que aquilo que a Palavra de Deus define como pecado. Não existe uma hierarquia classificatória das falhas humanas, com algumas deficiências ‘menos perigosas ou prejudiciais’ do que outras; pecado é o resultado de viver em desarmonia com Deus. Estamos mais acostumados a repudiar outros pecados. Não gostamos do orgulho, ignoramos a fofoca, toleramos a hipocrisia e, às vezes, evitamos lidar com a luxúria, adultério e o pecado do abuso sexual. A verdade desconfortável, mas inegável, é que todos nós somos pecadores.”

A Missão “Voa” Longe

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CLAREZA E TATO: Ted N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista, faz o discurso de abertura da conferência “À Imagem de Deus – Escrituras, Sexualidade e Sociedade”, no Centro Internacional de Convenções da Cidade do Cabo.

Presidente Mundial da IgrejaDebate sobre

“Transgressão Humana”

Dentro de algumas horas, iniciarei uma viagem de 684 quilômetros para participar

das comemorações dos 150 anos da igreja na qual fui batizado, aos 12 anos de idade.

Se eu somar todos os trechos dessa viagem: 20 minutos de carro até o aeroporto, 1h15 minutos de voo, mais 58 minutos de carro até meu destino, o resultado será de apenas 2h30 minutos.

Se Ellen, Tiago White, Stephen Haskell, ou J. N. Andrews, tivessem que fazer uma viagem idêntica a esta quando a Igreja Adventista de South Lancaster foi organizada, em 1864, teriam que viajar aproximadamente 16 horas de trem e dormir uma noite na cidade de Nova York – isso se o trem fosse muito rápido e não houvesse animais bloqueando os trilhos da locomotiva movida a vapor!

Na quinta-feira, vou trabalhar o dia inteiro: participar de comissões, editar artigos, respon-der e-mails e voar para meu destino só depois que escurecer. As ideias daquilo que devo realizar durante o dia – minha missão – são construídas a partir do meu conhecimento das tecnologias que me ajudam a realizá-las.

O método ajusta nossa imaginação sobre o que podemos realizar na missão.

Quando o mundo todo caminhava ou an-dava a cavalo – na maioria dos casos, até alguns séculos atrás – o evangelho também viajava na velocidade de seus portadores, ou seja, cerca de 6,4 quilômetros por hora a pé, ou 24 quilôme-tros por hora a cavalo.

Mas quando os métodos mudaram, nossas propostas do que poderia ser feito para espalhar o evangelho também mudaram. Hoje, eu posso fazer viagens longas em uma fração de tempo incrivel-mente mais curta do que os pioneiros adventistas, ou, às vezes, nem preciso estar lá pessoalmente. Da escrivaninha do meu escritório posso ver, partici-par de resoluções e estar do outro lado do mundo por meio de videoconferência, Skype, Face Time ou plataformas digitais similares.

A maneira de cumprirmos a missão está mudando porque os métodos estão mudando. E isso não é uma boa coisa? Na verdade, isso é uma coisa incrível!

Ao ler o artigo de capa deste mês, “Céus e Marés”, ore pedindo visão para utilizar

os melhores métodos na reali-zação da missão para a qual o Espírito o está motivando.

Junho 2014 | Adventist World 3

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N O T í C I A S D O M u N D O

Comentando sobre homossexualis-mo, ele disse: “Achamos ‘inconsistente e moralmente errado’ a igreja disciplinar membros que praticam o homossexua-lismo enquanto ignora os que praticam o sexo heterossexual pré-marital ou o adultério. O padrão divino para o comportamento sexual determina que só na união de um homem e uma mulher, através do casamento, o dom da sexualidade, em sua forma adequada e bíblica, pode ser apreciado. Qualquer desvio desse padrão deve ser tratado com seriedade, na tentativa de produzir correção, arrependimento e restauração.”

Um dos principais objetivos da conferência, segundo Wilson, foi o desenvolvimento da consciência de como guiar na direção da “recuperação e salvação” essas pessoas que vivem em desarmonia com Deus.

“Viemos aqui porque, como um povo, estamos comprometidos a falar a verdade um ao outro e ao mundo à nos-sa volta, e porque estamos empenhados em aprender a falar essa verdade como Jesus fez.”

Citando o livro Caminho a Cristo em seu discurso, ele enfatizou o método utilizado por Jesus quando abordava as pessoas e compartilhava a verdade: “[Jesus] Não era nunca rude; jamais pronunciava desnecessariamente uma palavra severa; nunca motivava dores desnecessárias a uma alma sensível. Não censurava as fraquezas humanas. Dizia a verdade, mas sempre com amor.”

Um dos pontos marcantes durante a conferência foi o momento dos testemunhos de ex-membros da comunidade gay, que após lutarem e vencerem sua tendência pelo poder do Espírito, agora, são exemplos “redimi-dos” daquele estilo de vida.

auditório principal da escola de 1.200 para 200 lugares. Poucas semanas antes do evento, as autoridades da cidade enviaram um comunicado informando mudança nos custos da estrutura com um adicional de 50 mil euros.

Entretanto, a despeito desses desa-fios, os participantes puderam desfrutar da programação, workshops, músicas inspiradoras em uma tenda montada rapidamente e com capacidade para mais de 1.500 pessoas. Ao levar um saco cheio de “problemas” ao palco, Engelmann compartilhou: “Estou tão feliz por poder levantar minha cabeça e olhar para Jesus – queremos que você tenha essa experiência nos próximos dias.”

Desafiados pelos oradores ao longo dos quatro dias do evento, os jovens presentes ao YiM responderam positivamente. Sessenta e sete decidiram pelo batismo, 58 se comprometeram a dedicar um ano como voluntários a serviço da Igreja e 12 aceitaram o chamado para o ministério.

Nas atividades comunitárias, eles distribuíram alimentos e esperança entre os habitantes de Mannheim. Também visitaram prisioneiros e idosos.

Mais de 500 voluntários demonstra-ram comprometimento. Eles ajudavam em todos os lugares – preparando ali-mentos, limpando banheiros, ajudando como diáconos e segurança pessoal, trabalhando com áudio e vídeo e em diversas outras atividades. Na segunda- feira pela manhã, após o sermão de encerramento, ajudaram a recolocar 1.500 cadeiras nas salas de aulas e em

“As histórias reais que ouvimos aqui, sem dúvida, mostram que precisamos dar atenção a eles, sua luta e dor. Não podemos deixar que nosso orgulho insinue que, aos olhos do Céu, os erros deles são piores do que os nossos”, comentou Wilson.– Boletim diário de notícias da conferência, disponível na página: adventistreview.org e news.adventist.org.

“Ir a Deus e Sair em Nome de Deus”

■ Na Alemanha, as comemorações da páscoa são sempre muito festivas. O comércio fica fechado e os concertos sacros e as igrejas recebem número recorde de visitantes. Nos últimos oito anos, os jovens adventistas da Alemanha e de toda a Europa têm aproveitado essa época para socialização, inspiração, treinamento e evangelização na cidade de Mannheim, às margens do rio Reno. O tema do congresso deste ano, realizado nos dias 17 a 21 de abril, foi “Levante a Cabeça”. Os palestrantes enfatizaram o preparo pessoal para os eventos finais que antecedem o retorno de Jesus Cristo. No sermão de abertura, Doug Batchelor, diretor do Amazing Facts, falou sobre o chamado do profeta Isaías, ressaltando que devemos “ir a Deus, e então, sair em nome de Deus”, para cumprir Sua missão.

Marc Engelmann, diretor de jovens da Associação Baden-Württemberg, relatou que neste ano a organização do congresso enfrentou uma quantidade incomum de desafios. O corpo de bombeiros reduziu a capacidade do

PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE: Jovens envolvendo pessoas da comunidade em diversas atividades durante o congresso.

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N O T í C I A S D O M u N D O

outros espaços, e deixaram o complexo escolar no seu estado original.

Os participantes vieram de todas as partes da Europa. Joachim Broegaard, estudante de medicina da Dinamarca, viajou mais de mil quilômetros para se encontrar com amigos e receber motivação através da programação. Ele estava feliz em conhecer outras pessoas interessadas no ministério médico na Europa. Nas reuniões gerais, os sermões eram traduzidos para o inglês, tcheco e polonês, destacando a natureza interna-cional do evento.

Durante a cerimônia de abertura, Michael Dörnbrack, pastor e um dos fundadores do YiM, apresentou Benny e seus amigos John e Elli. Tempos atrás, Benny, alpinista apaixonado, levou John ao clube de desbravadores e mais tarde começou a estudar a Bíblia com ele. John, por sua vez, convidou sua amiga Elli – assim, um amigo trouxe um amigo. Dörnbrack desafiou o auditório a “não ter uma religião submarina”, que só aparece aos sábados de manhã, por duas horas, e depois desaparece. – Gerald A. Klingbeil, editor associado, com contribuição de Marcus Witzig, Associação Baden-Württemberg

Ataque Cibernético Defraudou a Igreja em Meio Milhão de Dólares

■ Foram liberados novos detalhes sobre a investigação, ainda em andamento, do sofisticado roubo cibernético que defraudou a Igreja em aproximadamente 500 mil dólares, durante um período de quatro semanas, no ano passado.

Líderes da Igreja informaram que uma “senha comprometida” parece ter permitido aos golpistas invadir, on-line,

Na Associação Geral, os controles internos estavam programados para alertar o pessoal do setor financeiro sobre o problema, logo na primeira transação. Mas vários funcionários- chaves, que poderiam ter questionado as transações, estavam viajando ou fora do escritório no momento em que elas ocorreram. Além disso, os valores transferidos e as explicações estavam “dentro da normalidade” para a entidade denominacional em questão.

O setor financeiro descobriu a fraude após suspeitar do grande número de solicitações de transação e depois do alerta de um dos bancos envolvidos. Os golpistas rapidamente interromperam as atividades fraudu-lentas associadas à conta de e-mail e às contas bancárias veiculadas.

Embora tenha sido possível recupe-rar parte dos fundos que ainda estavam nas contas bancárias antes de serem congeladas, os líderes financeiros da AG disseram que não têm certeza se vão recuperar todo o valor perdido. Espera-se que as autoridades federais americanas cooperem com a investiga-ção em curso.

“Não há nenhuma evidência do envolvimento ou comportamento duvi-doso de algum funcionário, ou servidor de correio eletrônico da Igreja ou de que as contas bancárias foram acessadas ou comprometidas no esquema. Des-cobrir algo dessa natureza, acontecendo sob nossos olhos, é muito difícil para nós que trabalhamos na tesouraria”, acrescentou Lemon.

“Gostaríamos de agradecer a cada membro de igreja por sua fidelidade e solicitar suas orações para que Deus nos ajude a proteger Seus recursos em um cenário de constantes mudanças, principalmente, nas fraudes on-line.” – Elizabeth Lechleitner/ANN

a conta do Gmail de um funcionário autorizado a passar instruções para transferências de dinheiro. Em nome desse funcionário e sem que ele soubesse, os golpistas enviaram e-mails para o departamento financeiro na sede mundial da Igreja (AG), solicitando aprovação de transferência de fundos em nome de uma entidade denomina-cional. Um sistema de filtragem criado pelos golpistas marcou todas as respos-tas da AG como “lidas” e “excluídas”, ignorando assim a caixa de entrada do empregado.

Enquanto isso, os golpistas lavaram o dinheiro das 16 transações fraudulen-tas através das contas bancárias pessoais de cinco vítimas aparentemen-te inocentes.

“Mudamos os procedimentos da melhor forma possível para prevenir que qualquer coisa dessa natureza aconteça outra vez”, disse Robert E. Lemon, tesoureiro da AG.

Lemon comenta que incidentes com golpistas que rastreiam a internet em busca de e-mails com instruções de “pagamento, transferência ou remessa” de fundos estão acontecendo com maior frequência. Em tais casos, os golpistas estudam cuidadosamente a conta do titular para então enviar pedidos de transação que imitam o modelo e o conteúdo de e-mails legítimos. Alguns hackers podem até mesmo incluir comentários pessoais – com detalhes sobre o trabalho ou da família, adquiridos nas mídias sociais ou em e-mails – para fazer com que os pedidos das transações pareçam mais originais.

“Aconselhamos aos funcionários e membros a tomar extremo cuidado ao passar as instruções de como lidar com os recursos que vêm por intermédio de e-mails, sem verificação através de outros meios, como tele-fonemas, mensagens de texto ou fax”, orienta Lemon.

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N O T í C I A S D O M u N D O

O dia dedicado pelos jovens adventistas de todo o mundo a atividades comunitárias e

missionárias, cresceu exponencialmente em seu segundo ano. O dia 15 de março foi designado pelo Departamento de Jovens da Associação Geral (AG) para tal finalidade.

Desafiados a “Ser o Sermão”, pelo menos durante um sábado no ano, em vez de simplesmente ouvi-lo, aproxima-damente 8 milhões de jovens saíram às ruas e foram às comunidades. Eles visita-ram hospitais, lares de idosos, orfanatos, etc. Também distribuíram alimento, do-aram sangue, realizaram feiras de saúde, oraram com as pessoas nas ruas e, ainda, ofereceram “muitos abraços”.

“Além de enfatizar a importância do serviço às comunidades, nosso objetivo é aumentar a conscientização global para a Semana de Oração Jovem”, explica Gilbert Cangy, diretor do Minis-tério Jovem para a igreja mundial.

Segundo Cangy, essa transmissão, apoiada pela presença na Web e mídias sociais, foi fundamental para o evento. “A transmissão ao vivo, nossa página no Facebook, os tuítes, a página da web e Apps são o espaço onde nossos jovens se encontram para compartilhar suas histórias e comemorar a bondade de Deus.”

MOTIVADOS: Jovens em Atenas, Grécia, preparando-se para prestar

serviços à comunidade.

Tecnologia Pioneira para a Conectividade

Quando foi lançada em 2013, a programação teve apenas três horas de transmissão ao vivo. Neste ano, o evento foi transmitido durante 23 horas para to-dos os continentes, sob a coordenação do Centro de Mídia Adventista “Stimme der Hoffnung”, na Alemanha, e transmitido internacionalmente pelo Hope Channel.

“A transmissão do sinal dos locais de produção para o centro de controle técnico foi feita por equipamento de transmissão IP, via internet. Essa foi uma novidade e uma coisa que, tanto quanto sabemos, ninguém tentou antes”, explica Wolfgang Schick, diretor de produção.

Ele admitiu que houve dúvidas sobre como articular diferentes locais

Nathan Brown, Signs Publishing Company, Warburton, Victoria, Austrália

Segundo ano da iniciativa apresenta inovações e maior visibilidade

Dia Mundial

Jovens

m i n i s t é r i o J o v e m d a a s s o C i a ç ã o G e r a l

dos

6 Adventist World | Junho 2014

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N O T í C I A S D O M u N D O

de produção e possíveis diferenças na qualidade da imagem. Porém, avaliando no geral, foi um grande sucesso e as conexões entre todos os locais de pro-dução funcionaram.

A maratona de transmissão foi reforçada on-line e pelas mídias sociais. Coordenada por Daryl Gungadoo, engenheiro das redes da Rádio Mundial Adventista, sediada no Reino Unido,

essa interatividade de múltiplas plata-formas quase triplicou o envolvimento dos jovens no mundo todo, se compara-do aos resultados do DMJ em 2013.

Um Movimento Crescente Segundo Stephan Sigg, diretor do

Ministério Jovem da Divisão Inte-reuropeia, sediada em Berna, Suíça, o DMJ 2014 também cresceu devido

às experiências positivas desfrutadas pelos jovens no ano anterior. “O Dia Mundial dos Jovens cresceu simples-mente pelo boca a boca. Os jovens que participaram em 2013 espalharam o entusiasmo, e agora mais grupos quiseram se envolver e planejar ade-quadamente suas atividades de serviço. Mesmo que as experiências e os efeitos do DMJ causem uma impressão dura-

doura, ainda estamos longe de atingir o auge de envolvimento.”

Quando perguntado sobre sua ex-periência preferida do DMJ-2014, Sigg mencionou a criatividade das atividades nas comunidades do Egito e em Dubai. “Ver os jovens compartilhando o evan-gelho com criatividade e se envolvendo de tantas maneiras diferentes para mos-trar bondade às pessoas nas ruas, nos

hospitais, nos lares de idosos, tanto na Alemanha como na França, Romênia, Bulgária, Espanha e em Portugal, foi incrível! Temos um Deus que mobiliza os jovens para expandir Seu reino”, comentou.

O Cumprimento de uma Visão

O conceito do Dia Mundial dos Jovens cresceu em resposta ao que tem sido visto como a fragmentação cres-cente das sociedades em todo o mundo e, talvez, até mesmo na igreja. “A minha ideia era que os jovens adventistas fos-sem um movimento global, o ‘exército jovem’ ao qual frequentemente nos refe-rimos”, disse Cangy. “Eu me questionava como poderíamos recuperar em nossos jovens o sentimento de pertencer a uma família global.”

Cangy acredita que a adoração cor-porativa mais tradicional sempre ocupa-rá um papel importante na comunidade adventista. Mas insiste em declarar que o Dia Mundial dos Jovens é, essencialmen-te, também, um ato de adoração corpo-rativa global, embora de forma diferente. “Se Jesus voltar em um Dia Mundial dos Jovens, encontrará Seu povo no lugar certo (Mateus 25:34-38)”. ■

PRESENÇA MUNDIAL: Em Camarões, jovens também dedicaram um dia para orar e ajudar as pessoas.

m i n i s t é r i o J o v e m d a a s s o C i a ç ã o G e r a l

Veja mais fotos e reportagens sobre o DJM-2014 na página globalyouthday.org.

As mensagens da Semana de Oração Jovem podem ser acessadas no seguinte endereço:

gcyouthministries.org/Media Publications/YouthWeekOfPrayer/ tabid/100/Default.aspx.

Junho 2014 | Adventist World 7

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V I S Ã O M U N D I A L

Deus dirigiu o estabelecimento e a organização da Igreja Adventista. Embora o

movimento tenha iniciado com um pequeno grupo de crentes que “buscaram a verdade como a um tesouro escondido”1, no ano em que a Associação Geral foi oficialmente organizada, 1863, o número de membros já havia crescido rapidamente para vários milhares. À medida que a Igreja continuava crescendo, sua estrutura também crescia com a finalidade de que “a ordem e a ação harmoniosa se pudessem manter”.2

A organização da Igreja não foi rea-lizada de modo súbito, mas construída com muito cuidado e oração à medida que Deus providenciava sabedoria e direção por meio das Escrituras e do dom profético.

Nossa organização existe como um sistema de serviço, mantendo a ordem e a ação harmoniosa enquanto a Igreja avança na missão dada por Deus de proclamar Sua verdade nos últimos

na igreja local. Pela graça de Deus, participe da vida e da missão da igreja que você frequenta.

Uma das suas primeiras respon-sabilidades é orar por sua igreja: pelo pastor, pelos anciãos eleitos e pela missão evangelística. Participe do processo e seja ativo. Envolva-se. Tenha em mente que você pode exercer grande influência não apenas em reuniões públicas, mas também nas particulares com os principais líderes. Se você sente o desejo de fazer algo, procure seu pas-tor ou ancião; converse com o diretor do departamento em questão; fale com os que estão envolvidos e que fazem as coisas acontecerem.

Siga uma linha de abordagem cuida-dosa e metódica. Se você não está satis-feito em um nível, siga para o próximo. Todos devem ser parte do processo. A Igreja Adventista, em qualquer nível, não exerce o autoritarismo de cima para baixo, onde apenas poucas pessoas decidem o que vai acontecer.

Quando você abre o coração em um ambiente pessoal, o Espírito Santo pode ajudar a influenciar um líder. Nunca pense que um e-mail ou uma simples conversa não cause nenhum efeito sobre a pessoa com quem está falando. Sei que

dias. Esse é um sistema representativo onde nenhum líder ou grupo de líderes ditam isoladamente as normas, ações ou atividades da igreja.

Considerando que cada nível da Igreja trabalha em harmonia com todos os outros níveis, as iniciativas podem vir de qualquer um deles e são analisadas e estudadas nas comissões correspondentes. Às vezes, as iniciativas começam na base e se tornam parte das praxes. Nosso sistema é dinâmico. Nesta organização, todos os membros de igreja têm voz ativa.

A Importância da Igreja Local O papel da igreja local é absoluta-

mente decisivo. Ela nos estimula e ajuda a proteger nossos ensinos e práticas. Uma igreja local sólida é a chave para a plataforma sólida da Igreja Adventista. Se você tem dúvidas não olhe simplesmente para a Associação Geral, pensando: “Eles farão o possível para dar tudo certo.” A fidelidade para com nossa mensagem e missão começa

Unidade, Estrutura e Autoridade

Ted N. C. Wilson

FuncionaComo

IgrejaPARTE 3

A terceira parte desta série aborda como a unidade, estrutura e autoridade trabalham juntas pela missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial. Para a conveniência dos leitores que não tiveram a oportunidade de ler as partes 1 e 2, faremos um rápido resumo abaixo. – Os Editores

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8 Adventist World | Junho 2014

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faz. Muitas vezes os e-mails que recebo e as conversas pessoais com outros têm me afetado.

Um Conjunto Harmonioso

Trabalhe em espírito de oração, pautado pela Palavra de Deus e pelos conselhos do Espírito de Profecia. Lembre-se de que, tanto quanto possível, nossa Igreja trabalha na base do con-

senso. Não há razão para criarmos bar-reiras ou discordarmos reiteradamente uns dos outros; essa não é a maneira como Deus deseja que a igreja trabalhe. Às vezes, temos que votar para desco-brir como o grupo todo está alinhado, mas, geralmente, a melhor maneira de abordar os desafios é de joelhos, com intenso estudo da Bíblia e pedindo a ajuda do Espírito Santo. Quando uma

IGREJA LOCAL

ASSOCIAÇÃO OU MISSÃO

UNIÃO OU UNIÃO MISSÃO

DIVISÃO

ASSOCIAÇÃO GERAL

A organização nos foi dada com o objetivo de ser uma salvaguarda, para que nenhum indivíduo ou pequeno grupo possa influenciar indevidamente a igreja de Deus e sua missão.

decisão precisa ser tomada, a votação acontece sob a direção de Deus. Usamos esse sistema efetivamente em todos os níveis da organização.

Algumas pessoas podem criticar a estrutura da Igreja como sendo duplica-da em diferentes níveis e desnecessária neste tempo de abordagem administra-tiva simples.

Quando servi na Divisão Euro- Asiática como presidente, vi o grande valor da estrutura organizacional de nossa Igreja, onde problemas locais são resolvidos em nível da Associação local. Itens de maiores consequências são levados à União – nível regional. Os itens ainda maiores são levados para a Divisão e, às vezes, passados adiante para a Associação Geral. Finalmente, questões de natureza global são levadas à assembleia da Associação Geral, onde, mais de dois mil representantes da Igreja, do mundo todo, discutem e votam essas questões.

Levamos muito a sério essa forma representativa de administração, e é dito que “quando numa assembleia geral, é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as partes do campo, indepen-dência e juízo particulares não devem obstinadamente ser mantidos, mas

Junho 2014 | Adventist World 9

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V I S Ã O M U N D I A L

renunciados […] Deus ordenou que os representantes de Sua igreja de todas as partes da Terra, quando reunidos numa Assembleia Geral, devem ter autoridade. O erro que alguns estão em perigo de cometer é dar à opinião e ao juízo de um homem, ou de um pequeno grupo de homens, a plena medida de juízo e voz da Associação Geral reunida para fazer planos para a prosperidade e avança-mento de Sua obra.”3

A organização nos foi dada com o objetivo de ser uma salvaguarda, para que nenhum indivíduo ou pequeno grupo possa influenciar indevidamente a igreja de Deus e sua missão. Ela pos-sibilita que todos os membros tenham voz e influência na missão da igreja, de maneira que “tudo seja feito com decência e ordem” (1Co 14:40).

A Bíblia está repleta de princípios sobre relação interpessoal, organização, administração e instrução sobre como realizar a missão de Deus. Reforçando esse tema, a maior parte dos conselhos do Espírito de Profecia discorre sobre a maneira de levarmos avante a missão da igreja. Ao nos unirmos, seguindo o maravilhoso plano de organização e unidade dado por Deus à Sua igreja, avancemos juntos rumo à finalização da missão que Ele nos confiou. ■

1 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, p. 24.2 _______________ , Atos dos Apóstolos, p. 92.3 _______________ ,Testemunhos para a Igreja, v. 9, p. 260, 261.

Porto Seco, Angola

A Igreja de Um Dia chegou a Angola. Eder Lucca, empreiteiro brasileiro e diretor nacional da Maranatha em Angola, recebeu o primeiro contêiner de materiais para a construção das 40 primeiras igrejas. Ele iniciou imediatamente a obra. Será um total de 1.000 novas congregações solicitadas pelos líderes locais da Igreja.

Anos atrás, um pastor jovem, de uma igreja pentecostal que funcionava no meio de barracas de papelão e latão reciclado, leu sobre o sábado no livro de Êxodo. Impres-sionado com a descoberta, passou

semanas pesquisando sobre o assunto. Após isso, ele pregou para sua congregação. Iniciaram um período de intensa oração e estudo da Bíblia. Um dos membros

apresentou o pastor a um colportor adventista. Logo, toda a congregação estava desejosa de fazer parte da comunidade adventista.

O grupo alugou um local para suas reuniões, mas tiveram que se mudar para outro e outro. Precisavam urgentemente de algo maior. Foi quando uma das irmãs da igreja ouviu sobre a Igreja de Um Dia da Maranatha Volunteers International. Ela contou aos membros e dirigentes e começaram a orar especificamente para que Deus lhes concedesse essa benção em Porto Seco.

“Sabíamos que Deus diria sim”, comentou essa irmã, “então, começamos a cozinhar e lavar roupas para levantar o dinheiro do terreno”.

As mulheres negociaram com o proprietário e conseguiram reduzir o preço de 40 mil para 30 mil dólares. O valor exato que haviam conseguido levantar. Depois, compraram cimento e fizeram o piso da igreja acreditando que Deus a providenciaria.

No dia 3 de setembro de 2013, Eder e sua equipe montaram a estrutura de aço da nova igreja. Antes de terminarem, as mulheres começaram a assentar os tijolos das paredes.

Quatrocentas pessoas da comunidade, convidadas pelas mulheres, compare-ceram ao culto de inauguração da nova igreja de Porto Seco.

Agora só faltam 999!

ASI* e Maranatha Volunteers International colaboram financiando e facilitando projetos de Igrejas de Um Dia e Escolas de Um Dia. Desde que

esse projeto foi lançado, em 2009, já foram construídas mais de 1.600 unidades em diversos países do mundo. *Associação dos Empresários Adventistas da América do Norte

Igreja de Um Dia

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SONHO REALIZADO: Os membros desta igreja em Porto Seco, Angola, conse-guiram os recursos para o terreno e o alicerce fazendo pão e lavando roupa.

Ted N. C. Wilson é presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

10 Adventist World | Junho 2014

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S A Ú D E N O M U N D O

Peter N. Landless e Allan R. Handysides

Atualmente, o câncer de mama tem sido diagnosticado mais precocemente devido ao exame

universalizado da mamografia. Tal procedimento contribui para encontrar o maior número possível desses casos em seu estágio inicial. Isso tem ajudado para melhores resultados. Alguns têm questionado se certos tipos de câncer, quando descobertos na fase inicial, exigem o mesmo tratamento intensivo que os casos mais avançados.

Os fatores de risco não são identifi-cados em pelo menos 75% das mulheres que desenvolvem câncer de mama. Dos fatores em ação, alguns são mais perceptíveis do que outros.

A predisposição genética é um fator que está presente em 10% dos casos, e envolve os genes do câncer de mama 1 ou 2 (BRCA1 e BRCA2), bem como um gene menor de proteína (TP53).

Há, também, algumas doenças como a síndrome de Cowden que possuem uma base genética (PTEN) que está relacionada a altas incidências do câncer de mama.

A chegada precoce da menarca, antes dos 12 anos de idade, está associada ao ligeiro aumento dos casos de câncer de mama, enquanto as mulheres que

identificados, resultando em aproxi-madamente 17 mil mortes. O estudo também constatou um aumento do risco do câncer de mama em relação à massa corporal. Foram estabelecidos critérios que avaliaram índice de massa corporal, idade, localização geográfica, tabagismo, pobreza, idade do primeiro parto e uso de terapia de reposição hormonal.

Portanto, tendo como base o que expusemos até aqui, concluímos que: estar acima do peso, consumir bebidas alcoólicas, começar a menstruar cedo e parar tarde, tomar estrogênio e progesterona como terapia de reposição hormonal, podem ser fatores causadores do câncer de mama. A predisposição genética também é um fator, porém, de menor peso.

Discutiremos os tratamentos para o câncer de mama na próxima edição. ■

têm uma menopausa prematura, antes dos 30 anos, têm apenas metade do risco em comparação com as mulheres que entram na menopausa após os 55 anos. Mulheres que fazem reposição hormonal, tomando estro-gênio e progesterona, aumentam em cerca de 20% o risco desse tipo de câncer. Entretanto, estudos realizados pelo National Institute of Health (Instituto Nacional de Saúde), durante 7 anos, em mulheres que tomam só o estrogênio, relataram que não houve aumento de risco.

O consumo moderado de álcool parece aumentar o risco de câncer de mama, e quantidades excessivas de álcool contribuem para o crescimento desse risco.

A dieta rica em gordura animal também está associada com o aumento do risco desse câncer. O pro-blema é determinar quando o risco é devido à gordura ou a outros produtos cancerígenos em tais dietas.

A obesidade é fator de risco do câncer de mama. Um estudo britânico acompanhou entre 1996 a 2001 mais de 1 milhão de mulheres com idade entre 50 e 64 anos. Nesse estudo, mais de 45 mil novos casos foram

Recentemente fui diagnosticada com câncer de mama (estágio 1). Tenho 70 anos e entrei na menopausa há 19. Dez anos atrás, minha mãe, hoje com 90 anos, também teve câncer de mama, mas agora está bem. Gostaria de saber sobre os fatores de risco, causas e tratamentos.

Câncer de Mama

Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

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D E V O C I O N A L

Certa vez assisti a um programa de TV a respeito de certas igrejas, pequenas congregações nas Montanhas Apalaches, nos Estados Unidos, que praticam a

manipulação de serpentes como parte regular de seus cultos. Os membros citavam Marcos 16:18 e o encontro de Paulo com a serpente venenosa em Atos 28:1-6 como motivo para praticar tal atividade perigosa; era sua demonstração de fé em Deus e em Sua proteção. No entanto, o repórter da TV comentou que todos os anos vários membros são picados, e alguns, fatalmente.

Interpretação errônea das Escrituras? Fé atrevida? Prova-velmente, sim, mas esses índios ousados não são os primeiros a incluir serpentes na adoração.

Em 2 Reis 18 encontramos o rei Ezequias, de Judá. Seu pai, Acaz, havia sido um monarca idólatra e mau que levou a nação à apostasia espiritual e decadência moral. Como resul-tado, Deus permitiu que os assírios invadissem e ocupassem várias das principais cidades da Judeia.

Ezequias, porém, fez o que o Senhor aprovava (2Rs 18:3).* Ele sabia que, a fim de salvar seu povo, devia livrar o país da suas paixões idólatras e converter o coração do povo a Deus. Por isso, começou uma grande reforma, destruindo os lugares altos, quebrando pedras sagradas e derrubando os postes sagrados.

Ezequias também ordenou que os levitas purificassem o Templo de Deus, removendo “toda impureza” que havia sido colocada na casa de Deus para a adoração de ídolos! Entre os itens, havia uma relíquia histórica interessante: “A serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até aquela época os israelitas lhe queimavam incenso” (verso 4). Adorar serpente, na igreja?

Lições Objetivas de Fé Você deve se lembrar da história dessa serpente de bronze.

Poucos séculos antes, Israel tinha sido uma nação errante, ex-escravos, seguindo a Deus e Moisés, o líder escolhido por Ele, pelo deserto a caminho da terra de Canaã. Embora Deus sempre tenha suprido todas as necessidades dos israelitas, muitas vezes também testou sua fé, permitindo que suas reservas ficassem extremamente baixas, ou permitindo que enfrentassem obstáculos intimidadores. Infelizmente, os israelitas falhavam repetidamente nesses testes e, então, reclamavam de Deus e de seus líderes. Em resposta, o Senhor enviou “serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos morreram” (Nm 21:6).

Os israelitas entenderam a mensagem. Clamaram a Moisés e imploraram que ele intercedesse com Deus para defendê-los. Em Seu amor e misericórdia Deus instruiu Moisés a fazer uma serpente de bronze e colocá-la em um cajado. Todos os que haviam sido picados pela serpente

Atuanya Cheatham DuBreuil

na Igreja?Quando o símbolo substitui a realidade

SerpentesAdoração

NA FRONTEIRA: Esta escultura no Monte Nebo,

onde segundo a tradição Moisés avistou a terra prometida, representa

tanto a serpente do deserto que levou cura

ao povo de Israel, quanto o Filho do Homem que

traz salvação.

de

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deviam olhar para cima, com fé, para esse símbolo do pecado e seriam curados; no entanto, os que rejeitassem os recursos dessa salvação de Deus, seriam condenados à morte.

A serpente de bronze não tinha nenhuma propriedade de cura em si mesma. Como os rituais do santuário, as ofertas queimadas e sacrifícios, os dias sagrados, a serpente também era mais uma lição objetiva pela qual Deus desejava revelar a simplicidade e beleza do plano da salvação.

Da mesma maneira como as serpentes picaram aqueles israelitas, levando-os à morte, Satanás, a serpente original, enganou nossos primeiros pais, envenenando-os com o veneno mortal do pecado.

Entretanto, em lugar de nos abandonar Cristo Se tornou a serpente no cajado. Ele Se tornou pecado por nós. Trocou nossa natureza pecaminosa por Seu caráter puro e santo. Ele aceitou a lenta, dolorosa e inevitável morte que era nossa para que tivéssemos a vida abundante que era Sua.

E tudo o que os israelitas tinham que fazer era olhar com fé para cima, para o Salvador, e aceitar a salvação e cura oferecidas por Ele. E é isso que todos nós precisamos fazer também.

No entanto, à medida que os anos passaram, os israelitas perderam de vista essa linda ilustração da salvação e do amor de Deus. Alguns começaram a olhar para a serpente como um amuleto de boa sorte ou um presságio de prosperidade. Agora estavam atribuindo sua cura, suas bênçãos e sua prosperidade não a Deus, mas à serpente. Começaram a honrar e confiar no símbolo e não no Salvador simbolizado ali.

Como já tinham queimado incenso no Templo de Deus, representando suas orações e ações de graças a Ele, agora queimavam incenso para a serpente de bronze. Ezequias sabia que, para o povo um dia se voltar para o verdadeiro Deus, ele precisava destruir esse rival.

O Remix do Culto à Serpente No tempo em que Jesus chegou como humilde professor

em Israel, os judeus tinham abandonado com veemência a adoração a ídolos, mas criaram uma forma nova e mais sutil de “adoração à serpente”. Eles eram guardiões vigilantes das tradições, costumes e “regras ensinadas por homens” (Is 29:13). A certa altura os judeus, especialmente os fariseus, concluíram que sua salvação não era baseada em Deus e Sua misericórdia, mas era o resultado direto de sua herança e nacionalidade, sua obediência meticulosa à lei (tanto à letra como à tradi-ção) e da majestade do Templo onde adoravam.

Cristo não criticou a maioria dessas práticas. Não havia nada de intrinsecamente errado com a maioria delas, exceto que eles confiavam nelas como um meio de salvação “negli-genciando os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23:23). Os judeus adotaram a lei na sua forma mais técnica e literal, dotando-a de poderes

para santificar e salvar, poderes que ela não possuía.Jesus declarou que esses judeus só honravam a Deus com

a boca, mas seu coração estava longe dEle. Eles falavam sobre Deus, mas poucos realmente falavam com Ele ou O conheciam pessoalmente. Eles adoravam a lei de Deus, mas ignoravam o Deus descrito na lei.

Olhe para Cima e Viva! Em uma noite quente, Nicodemos, um dos principais

membros do sinédrio judaico, marcou entrevista secreta com Jesus. Como muitos dos seus colegas fariseus, Nicodemos se sentia culpado por queimar incenso às “serpentes de bronze” de sua própria autoria.

Após explicar a obra do Espírito Santo no coração, Jesus disse: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15). Jesus lembrou a Nicodemos de que não são os símbolos sagrados ou as tradições mais antigas; não são as mensagens proféticas ou até os santos profetas; não é nada do que fazemos (ou não fazemos) que nos salva. É Cristo (cf. Ef 2:8, 9)!

Estamos nós queimando incenso a alguma serpente de bronze? Elas podem ser objetos, pessoas, ideias e ensinamen-tos, tradições e costumes, atitudes ou práticas, até ministérios e atividades. Por fora elas parecem santas e podem até ter a finalidade de servir aos propósitos de Deus; mas agora se tornaram ídolos, bloqueando nosso acesso e adoração ao verdadeiro Deus.

É tão fácil para qualquer um de nós dar mais valor àquilo que fazemos (ou não fazemos), à igreja que frequentamos ou que conhecemos, do que amar ao Senhor, nosso Deus, de todo o coração e de todas as nossas forças. Precisamos atender à orientação divina: Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração (Dt 6:5, 6).

Quando o rei Ezequias destruiu a serpente de bronze, ele ajudou os israelitas a ver o Deus vivo e verdadeiro. Cada vez que exaltarmos a Cristo, não as coisas que O representam ou simbolizam, também seremos libertos para experimentar a cura da alma e provar a alegria da salvação a qual só encontramos nEle, nosso verdadeiro Salvador e Redentor. ■

*Todos os textos bíblicos foram extraídos a Nova Versão Internacional. Usado com permissão.

Adoração

Atuanya Cheatham DuBreuil mora em Wesley Chapel, Flórida, Estados Unidos.

F o t o : d a v i d B J o r G e n Junho 2014 | Adventist World 13

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C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

N Ú M E R O 1 3 Chantal J. Klingbeil

Só o

Como sobreviver à crise mundial

Só comecei a pensar nos itens essenciais quando durante a escalada de uma trilha íngreme eu me esforçava para chegar ao fim, levando às costas uma mochila muito

pesada. Fomos avisados para levar apenas o absolutamente indispensável naquela caminhada de cinco dias. Como estaríamos longe de qualquer loja, cada um de nós teve que decidir o que levar e ainda não se esquecer da comida, das roupas e do saco de dormir. Dores nas costas e bolhas nos pés forçaram muitos de nós a repensar o que era realmente essencial, quando paramos para descansar na metade do primeiro dia.

Naquela noite, todos reavaliaram o que era importante em sua mochila. De repente, marcas famosas e caras perderam sua atração. Ninguém estava interessado naquilo que não fosse útil. Tudo foi reexaminado com padrões totalmente diferentes. Era leve? Útil? Até o vidro caro de mel orgânico não teve quem o quisesse. Na manhã seguinte, ao sairmos, era incrível ver tudo o que estávamos deixando para trás nas latas de lixo. Somente o essencial e indispensável permaneceu em nossas mochilas.

Mais do que Uma Caminhada no Parque A Bíblia fala de um tempo, no futuro, que será mais

difícil do que uma caminhada em terreno íngreme. De fato, as Escrituras o descrevem como uma crise de dimensões catastróficas. Enfrentaremos na economia, no meio ambiente e, sobretudo, na área espiritual “um tempo de angústia como nunca houve desde o início das nações” (Dn 12:1). Esse não será um evento localizado. Mas uma crise mundial, na qual todos precisarão decidir o que realmente é importante. Será

um tempo no qual não carregaremos as crenças de ninguém, ou nos apoiaremos sobre o que os outros dizem. Haverá um pequeno grupo que manterá firme o que realmente for essencial. Ao nos prepararmos para a maior crise da Terra, em que teremos que nos agarrar? O que vai permanecer e quem vai permanecer?

O que Permanece Talvez você se lembre de quando os times eram escolhidos

na escola. Por não ser muito atlética, eu temia ser a última a ser escolhida. Às vezes, significa que “os que permanecem” (remanescentes) não servem. Mas, após um furacão é muito bom ser remanescente. Significa que você é um sobrevivente.

Ao longo da história, Deus sempre teve um remanescente. Sempre houve os que nadaram contra a maré. Aceitaram a Deus e Sua palavra e preferiram ser amigos de Deus a estar entre os ricos e poderosos. Você se Lembra de Noé? Para o mundo ele era estranho. Obediente a Deus e Sua palavra, ele gastou tempo e dinheiro construindo um barco e convidando outros para aceitar a promessa da salvação. Ele fazia parte do remanescente—a única família a sobreviver quando a Terra foi destruída pelo dilúvio (cf. Gn 6-9).

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Então, o que será necessário para sobreviver quando nosso mundo for destruído mais uma vez, e dessa vez, por fogo (2Pe 3:10-12) e não por água? O que será necessário para pertencer ao remanescente?

Ter os Contatos Certos Os que sobrevivem sabem que não é apenas o que

carregam na mochila que garante sua sobrevivência. Com-preendem que o importante não é o que você conhece mas quem você conhece. Eles sabem quem é o Vencedor. Esses “seguem o Cordeiro por onde quer que Ele vá” (Ap 14:4).

O livro de Apocalipse menciona outras características desses sobreviventes. Eles seguem a Jesus porque “têm a fé de Jesus” (Ap 14:12). Eles refletem uma inabalável confiança em Deus e na autoridade das Escrituras. Sua fé abrange todas as verdades bíblicas ensinadas por Jesus.

Apocalipse 14:12 também afirma que esses indivíduos “guardam os mandamentos de Deus”. Eles sabem que “nem todo aquele que Me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos Céus, mas apenas aquele que faz a vontade de Meu Pai

que está nos Céus” (Mt 7:21). Esses sobreviventes entendem que sua sobrevivência é totalmente dependente de Jesus, e estão dispostos a fazer as coisas à maneira de Cristo (Jo 15:10). Não querem trocar nenhuma parte da lei de Deus por falsificações humanas.

Apocalipse 12:17 nos diz que esses que “sobraram” – além de guardar os “mandamentos de Deus” – também têm “o testemunho de Jesus”. O apóstolo João declara que o testemunho de Jesus é o “espírito de profecia” (Ap 19:10). Assim, a orien-tação profética ajuda os remanescentes a ser sobreviventes.

Nós cremos que Ellen G. White preenche todos os requi-sitos bíblicos de um profeta verdadeiro. Ela foi chamada por Deus para ser Sua mensageira especial, chamar a atenção para a Bíblia e ajudar a preparar um povo para a segunda vinda de Cristo. Ela observou que “o fato de que Deus revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo. Ao contrário, o Espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a Palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar seus ensinos.”*

Apaixonados pela Missão Os remanescentes vivem com propósito. Esses sobreviven-

tes não são membros de um clube exclusivo achando que são melhores do que os outros e que se fecham entre si, dentro de seu pequeno mundo. Eles têm sua missão claramente definida no livro de Apocalipse, as três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12, a resposta de Deus ao engano satânico que obscurece o mundo um pouco antes do retorno de Cristo (Ap 13:14-16). Eles são apaixonados por Cristo, são apaixona-dos pela missão de preparar o mundo para se encontrar com Aquele a quem amam e seguem.

Então, o que ainda permanece em sua mochila? Você a encheu de artigos “essenciais”? Por que não abandonar hoje tudo aquilo que não é essencial e seguir o Cordeiro? Ao encontrá-Lo, Ele nos enviará para um mundo em crise que precisa saber que eles também podem se tornar sobreviventes, prontos para acolher Jesus com os braços abertos, quando, no momento certo, Ele retornar. ■

* Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 7.

Chantal J. Klingbeil é diretora associada do Patrimônio Literário de Ellen G. White na Associação Geral, em Silver Springs, Maryland, EUA.

A igreja universal se compõe de todos os que verdadeira-mente creem em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da hora do juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Essa proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento no Céu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente é convidado a ter uma parte pessoal neste teste-munho mundial (Ap 12:17; 14:6-12; 18:1-4; 2Co 5:10; Jd 3, 14; 1Pe1:16-19; 2Pe 3:10-14; Ap 21:1-14). – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, Nº- 26

REManEscEntESua Missãoe

O

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pastoral de Darren mostra por que ele se concentra mais no ministério de presença do que no evangelismo público em grande escala. As centenas de ilhas que pontilham os 150 quilômetros de mar que separam a península do Cabo York, na Austrália, de Papua Nova Guiné, são em sua maioria de-sabitadas. Muitas delas são afloramentos vulcânicos cercados por densos manguezais. Quatorze ilhas são habitadas por apenas 8 mil pessoas, sendo a maioria delas ilhéus da

Olhe e admire o que Deus está fazendo

Bill Knott

ILHA MAZE: O Estreito de Torres liga o Mar de Coral ao Mar de Arafura. O labirinto de ilhas e recifes muitas vezes torna a viagem de barco tediosa e difícil.

Mais de 9 mil milhas aéreas e 600 anos separam o “pároco rural”, Geoffrey Chaucer, de Canterbury Tales, do pastor adventista, Darren Peakall, do

Estreito de Torres, na costa norte de Queensland, Austrália. Chaucer, o pregador medieval, era famoso justamente por visitar seu rebanho espalhado e, em todos os tipos de clima, levar a Palavra de Deus.

Darren Peakall, que não tem nada de medieval, está fazen-do a mesma coisa do outro lado do mundo, em todos os tipos de clima e pelas mesmas razões. Mas o australiano musculoso não monta cavalo ou caminha, como fazia o pároco inglês. Para visitar os membros de seu distrito, espalhados nas 274 ilhas do Estreito de Torres, ele utiliza aviões e barcos.

Ministério de Presença “A visita aos membros é realmente a chave do meu minis-

tério”, diz Darren. “Como posso ajudá-los como Jesus ajudou, se não me sentar com cada um deles e descobrir quais são seus problemas?

“As pessoas se encontravam com Jesus ao lado de poços, em festas de casamento, barcos ou andando nas ruas. Ali sua vida era transformada. Podemos nos concentrar em Seus sermões, Suas histórias incríveis e Suas verdades eternas. Mas, para ensinar o evangelho é preciso dedicar tempo pessoal – andar por uma estrada, compartilhar uma refeição, sentar-se no interior de um barco.”

Uma rápida olhada na extensa geografia do distrito

F o t o s : C o r t e s i a d e d a r r e n P e a k a l l

Sua paróquia era enorme, as casas, ao longe, espalhadas.

Nunca, porém, falhou, mesmo com chuvas ou trovoadas.

Longe ou perto, grandes e pequenos, no pecado ou na doença,

Em qualquer estado, a todos visitava, pois essa era sua missão.

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A R T I G O D E C A PA

Melanésia, culturalmente distintas dos povos aborígenes da Austrália.

Nossos membros estão espalhados em cinco dessas ilhas – Saibai, Moa, Hammond, Prince of Wales e Thursday, onde moram Darren e a esposa Robbie. A residência serve como casa pastoral e capela.

“É necessário investir muito tempo para fazer qualquer coisa nessas ilhas”, comenta Robbie. “Aprendi que construir relacionamentos não é tão rápido como gostaríamos que fosse. Cinco horas e meia de barco para percorrer os 150 quilômetros de nossa casa a Saibai, significa que não conse-guimos ver com frequência os membros durante a semana. Para ter sucesso aqui, você tem que mudar suas expectativas sobre a igreja.”

Repensar os Relacionamentos Também é preciso mudar as expectativas em relação ao

apoio da família e amigos. Darren e Robbie são naturais de Perth, região ocidental da Austrália, quase 5 mil quilômetros de distância. Seus quatro filhos, com idades adolescente e jovem, residem ao redor de Perth. Para eles, não é fácil aceitar o posto missionário dos pais.

“Meu filho caçula sente profundamente a distância”, diz Darren, “porque ele e eu temos uma amizade especial. Quando fomos visitá-lo ele me disse: ‘Vou ter saudade de você. Detesto não ter você aqui’. Embora nossos filhos e outros membros da família tenham vindo nos visitar várias

vezes, queremos as pessoas que amamos mais perto do que do outro lado do país!”

Robbie comenta: “Eu ligo para minha mãe duas vezes por dia. Ela mora sozinha, pois meu pai faleceu há vários anos. Nós nos animamos uma à outra. A princípio, Darren queria eu ficasse tão entusiasmada com o trabalho como ele estava e seu entusiasmo realmente não diminuiu desde que chegamos aqui. Ele simplesmente ama o que está fazendo e se agarrou ao trabalho com todas as forças.

“Um dia, ele percebeu o quanto eu estava sentindo falta da família e me perguntou: ‘Você não quer ficar aqui?’, então res-pondi: ‘Eu quero estar ao seu lado e quero servir ao Senhor. Isso não é o suficiente? Eu sei que você sente falta dos nossos filhos, mas eu estou sem os meus filhos!”

A história de Robbie é pautada por três internações du-rante os primeiros 18 meses no Estreito de Torres. A imensa quantidade de antibióticos baixou sua imunidade provocan-do uma infecção por clostridium difficile (C-diff) muito grave. Isso afetou seu ritmo cardíaco e tiveram que buscar ajuda em uma clínica de outra localidade. Recuperar suas energias não está sendo fácil devido à rotina de frequentes viagens de barco com o esposo, visitando os membros.

Aprender a administrar diversas situações como esposa de pastor, também tem sido parte do treinamento de Robbie. Agora, após mais de dois anos no primeiro distrito pastoral, ela se lembra das dificuldades que enfrentou, quando casa, ilha, igreja e clima era novo e estranho.

Olhe e admire o que Deus está fazendoCONECTADOS: Darren faz visitas regulares às pessoas com quem desenvolveu amizade na Ilha Moa. Ao fundo, a lancha Lightbearer II.

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“Assim que chegamos, alguns membros me disseram que a esposa do pastor anterior fazia bombas de chocolate para eles”, menciona Robbie sorrindo. “E me perguntaram: ‘Por que você não faz o que ela fazia?’ Eu amo cozinhar e ser hospitaleira, mas fazer bombas de chocolate não é meu dom. Prefiro, sempre que posso, trabalhar ao lado de Darren e me dedicar às coisas que ele se dedica.”

Ministério no Nível da Água Darrel está frequentemente concentrado na difícil logís-

tica de se locomover por um distrito pastoral que se estende por 48 mil quilômetros quadrados, dos quais pouco mais de 1% é terra seca.

“O tempo e a maré não esperam por ninguém”, declara o velho provérbio. Igualmente verdade, entretanto, é a observa-ção de que tempo e maré são frequentemente os obstáculos que impedem a realização das coisas mais necessárias. A vida nas ilhas depende da subida e descida da maré.

Várias das ilhas visitadas por Darren durante seus primei-ros dois anos no Estreito de Torres são cercadas por vastas planícies de lama, que durante a maré baixa, impedem até mesmo a aproximação das canoas. Chegue na hora errada e terá que esperar a um quilômetro ou mais da margem, vendo o declínio da luz do dia e com ela, as oportunidades de ministério. Se colocar muita carga no bote ou carregar muitos passageiros, corre-se o risco de encalhar nas águas rasas do mangue infestado de crocodilos.

“Saber que os crocodilos estão ao redor nos mantêm despertos e alertas”, diz Darren, com um sorriso. “Certa vez, quando Brett Townend, presidente da Associação Norte-Australiana, estava nos visitando, o bote em que estávamos navegando ao longo da costa começou a se encher de água depois que passamos por um grupo de crocodilos. Tenho que admitir que não vou esquecer tão cedo a expressão de espanto no rosto do meu chefe!”

Há muitos desafios quando se viaja pela água. A viagem de 11 horas, da Ilha Thursday a Saibai, apenas a 4 quilôme-tros fora da costa de Papua Nova Guiné, geralmente exige dois dias de viagem e a permanência de uma noite na ilha – só para dirigir um culto, visitar os membros e contar histórias para as crianças. Os 440 litros de diesel necessários para a via-gem de ida e volta a Saibai, custam 800 dólares (australianos). O número não inclui os custos com manutenção e reparo do barco.

“A cada 3 semanas viajamos para a Ilha Moa”, diz Darren. “Para que a viagem compense, ficamos lá por um período de 3 a 4 dias e, às vezes, por mais tempo.

“Uma vez alguém nos perguntou: ‘E não é bom?’ Prova-velmente pensam que viajar por horas num barco para uma ilha tropical soa muito romântico. Não me entenda mal, o Estreito de Torres é lindo. Mas essas ilhas não são românti-cas. São ilhas de trabalho, onde as pessoas vivem uma vida real e difícil. Eu disse à pessoa que fez a pergunta: ‘Não é tão romântico quanto parece! É como se fôssemos acampar a cada duas semanas por um fim de semana prolongado. Temos que fazer as malas, levar toda a comida e saber com antecedência, exatamente do que vamos precisar. Isso faz com que parte do romance desapareça!’”

O Avião DecolaDarren fez um curso de tempo integral para obter a

licença de capitão comercial necessária para operar o barco da Missão, e um treinamento prático de mais 4 semanas, com a orientação do pastor que o precedeu no distrito. Porém, não demorou muito para que percebesse que ficar à mercê das marés prejudicava a missão da igreja no território. Como piloto experiente e colportor, havia voado para comunidades aborígenes isoladas da Austrália Ocidental, oferecendo livros e DVDs aos habitantes das cidades remotas. Percebendo que as principais ilhas habitadas do Estreito de Torres possuíam

POR TODOS OS MEIOS: Brett Townend, presidente da Associação Norte- Australiana, pilota um barco próximo à Ilha Saibai.

APOIO FAMILIAR: Os membros da família da Ilha Thursday atravessam gerações e etnias.

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A R T I G O D E C A PA

pistas de voo bem construídas, Darren começou a pensar que sua missão poderia se expandir com maior rapidez se pudesse ter acesso aos membros mais isolados e às suas congregações por avião em vez de barco:

“Todos gostaríamos que a obra pudesse avançar de uma maneira um pouco diferente, mas a verdade é que esses pequenos grupos de adoradores realmente necessitam de um pastor para ajudá-los a permanecer conectados à sua religião e até mesmo uns com os outros. Na maioria desses lugares a ‘igreja’ só acontece quando o pastor está presente para dirigir. Nos períodos entre as visitas pastorais, a atividade diminui e, às vezes, até acaba. Quando o membro é visitado somente por algumas horas, a cada terceiro ou quarto sábado do mês, é quase impossível realizar os treinamentos para formar líderes locais estáveis nesses lugares remotos.”

Após entender a realidade de seu distrito, Darren começou a sonhar com uma maneira de transferir a presença na igreja para um nível mais elevado – literalmen-te, para o ar. Com a ajuda de um colega pastor da Associa-ção Norte- Australiana, também piloto experiente, Darren fez um pedido à Comissão Diretiva da Associação em 2013, solicitando alugar um avião monomotor para 100 horas de trabalho.

Sua Associação é uma das menores entre as 9 Associa-ções da União Australiana, embora geograficamente seu território seja o segundo maior, abrangendo 25% do país, de Ayers Rock no deserto às ilhas do Estreito de Torres. Com apenas 2.500 membros, 35 congregações e 18 pastores, a Associação Norte-Australiana raramente tem recursos adicionais para projetos inovadores. A mudança do método de viajar pela água para a proposta de servir o distrito pelo ar, inicialmente levou os administradores a reexaminar sua fé no que Deus poderia fazer na região setentrional da Associação.

“Quando não se dispõe de abundância de recursos ou dízimos, é necessário pensar cuidadosamente sobre as novas possibilidades”, diz Brett Townend, presidente da Associação. “Um erro de planejamento ou uma despesa inesperada, pode significar a falta de recursos para manter os pastores no campo ou o avanço da obra na região. É preciso ter em vista o quadro completo, até mesmo quando tentamos nos certificar de que estamos respondendo ao que parece ser uma bênção do Espírito Santo em certa área.”

O Ministério Ganha Asas Após analisar cuidadosamente todos os

detalhes, a comissão diretiva deu permissão para que Darren avançasse com seu plano. Em junho de 2013, já havia fundos suficientes para pagar as horas de voo e o combustível.

“Constatamos que para uma típica viagem de barco (aproximadamente 11 horas) a Saibai, o ponto mais setentrional do distrito, em vez dos 800 dólares que normalmente gastávamos com diesel, o custo baixou para menos de 500 dólares fazendo a mesma viagem de avião. E na questão do tempo, gastamos cerca de uma hora de voo apenas, mesmo em um avião lento e

velho, sem nada de especial. O avião foi construído em 1958. Tinha 55 anos de idade quando o encontramos. Olhei para o painel de instrumentos e, a princípio, pensei: ‘Isso deve ser uma piada!’ Mas a verdade é que ele funcionava e era seguro”, comenta Darren.

NOVA ETAPA: Darren Peakall e o avião mais moderno, que vai mudar a maneira como o ministério é realizado nessa parte do mundo.

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A R T I G O D E C A PA

Agora as viagens de ida e volta aos lugares mais distantes do distrito podiam ser realizadas em pouco mais de uma hora, reduzindo o tempo em mais de 90%. Finalmente, foi possível realizar os cultos de oração no meio da semana para a pequena congregação adventista em Kubin Village, na Ilha Moa. Os estudos bíblicos com os interessados, que haviam diminuído drasticamente quando os realizávamos a cada 3 ou 4 semanas, se tornaram ativos e crescentes. Pela primeira vez um pastor pôde chegar regularmente a Weipa, pequena cidade na costa remota do lado ocidental de Cape York, onde, graças ao avião, um pequeno grupo de 15 membros puderam receber visitas pastorais mais frequentes. Isso seria impraticá-vel com o barco. Hoje, apesar do seu isolamento geográfico, esses membros sentem que fazem parte de uma irmandade maior da Igreja.

“Foi como uma injeção de adrenalina para o ministério neste distrito”, explica Darren. “Quando podemos juntar os pontos com uma frequência maior do que uma vez por mês, começamos a pensar no ministério de maneira diferente. E os membros também, quando percebem que sua congregação pode ocupar um lugar regular e vital na comunidade, começam a esperar mais de si mesmos e de sua igreja. Os candidatos ao batismo permanecem firmes em sua decisão. O discipulado acontece quando a fé é nutrida. Nossa fé no que Deus quer realizar no Estreito de

Torres começa a crescer ao vermos que nossa missão está começando a decolar.”

Ainda Mais Alto Em janeiro deste ano, após muita oração e consulta aos

líderes da Associação, Darren e Robbie deram um passo ainda maior. Fizeram um empréstimo pessoal para utilizar um avião mais novo e mais rápido (um Piper 235, 1976), capaz de carregar carga adicional e mais três pessoas além do piloto. Por meio de um contrato aprovado pela comissão diretiva, compraram o novo avião para a Associação Norte- Australiana, o qual é usado durante a semana para visitar os membros, realizar reuniões de oração e cultos na vasta extensão distrital.

Esse financiamento particular requereu de Darren e Robbie muita oração e planejamento. No mínimo, a decisão irá atrasar o investimento em uma casa própria e seu plano de aposentadoria, no futuro.

“Estamos juntos nisso”, diz Darren, com o largo sorriso que é sua marca. “Estamos colocando dinheiro pessoal onde cremos que Deus quer que ele seja colocado. E estamos con-fiantes de que Deus vai tocar corações em lugares que nunca ouvimos falar para enviar ofertas e manter este avião voando e esta missão crescendo.”

No Estreito de Torres, por não mais depender do ritmo das marés, o ministério está ganhando asas. Lá do alto, acima de tudo, pode-se ver mais longe, traçar objetivos mais acura-dos e chegar mais rapidamente ao alvo.

Esse é o tipo de missão que o Céu sempre abençoará! ■

COMPROMETIMENTO: Darren e Robbie Peakall investem suas economias, tempo e energia para levar o evangelho a um vasto território.

Bill Knott é editor-chefe da Adventist World.

Se você estiver interessado em mais informação sobre o projeto de aviação no Estreito de Torres, ou tem interesse em ajudar com suas orações e recursos, entre em contato com a Associação Norte-Australiana (www.na.adventist.org.au) ou escreva para:

Northern Australian Conference – Torres Strait ProjectP.O. Box 51, Aitkenvale QLD 4814AUSTRÁLIAFone: 07 4779 3988

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E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

REUNIÕES AOS SÁBADOS: Na Ilha Saibai, membros e interessados se reúnem para o culto.

Pela providência de Deus, os que estão arcando com o ônus de Sua obra têm se esforçado para

colocar vida nova em métodos antigos e também inventar novos planos e novos métodos para despertar o interesse dos membros da igreja, num esforço conjunto para evangelizar o mundo […].

Nos últimos anos, tenho falado em favor do plano de apresentar nossa obra missionária e seu progresso para nossos amigos e vizinhos e tenho citado o exemplo de Neemias. Agora, desejo exortar nossos irmãos e irmãs a estudarem, outra vez, a experiência desse homem de oração, fé e bom senso, que teve a ousadia de pedir ajuda a seu amigo, o rei Artaxerxes, para promover o avanço da causa de Deus. Que todos compreendam que, ao apresentar as necessidades de nossa obra, os crentes só poderão refletir a luz para os outros se, como Neemias, se aproximarem de Deus e viverem em íntima comunhão com o Doador de toda luz. Se quisermos ganhar outros do erro para a verdade,

nossa vida deve estar firmemente enrai-zada no conhecimento dessa verdade. Nossa necessidade agora é estudarmos diligentemente as Escrituras para que, à medida que nos familiarizarmos com os incrédulos, possamos apresentar a Cristo como o Salvador ungido, cruci-ficado e ressurreto, testemunhado pelos profetas, testificado pelos crentes e que, unicamente por meio de Seu nome, somos perdoados de nossos pecados.

Ao exaltarmos a cruz do Calvário diante de outros, perceberemos que ela nos exalta. Que todo crente levante-se em sua região, inspirado pela obra que Cristo realizou pelas pessoas quando esteve neste mundo. Necessitamos do ardor dos heróis cristãos que permane-ceram até o fim, com os olhos sempre fitos nAquele que é invisível.

Nossa fé deve ser ressuscitada. Onde quer que estejamos, quaisquer que sejam nossas oportunidades, limitadas ou extensas, devemos exercer uma influência positiva para o bem.

A fim de cumprirmos o propósito

Vida nova, novos planos e métodos

de Deus, como Seus cooperadores, não é necessário que trabalhemos da mesma maneira ou em moldes semelhantes. Não há linhas obrigatórias que devam ser seguidas. Deixe que o Espírito Santo dirija cada obreiro e que cada um esteja disposto a ouvir os conselhos daqueles que foram escolhidos para liderar as diversas ativi-dades da igreja. Assim, a verdade sempre vai estar em terreno vantajoso .

Alguns podem representar melhor a verdade, não pelo argumento ou discurso, mas por viver os princípios da verdade, por levar uma vida humilde e modesta como discípulos coerentes com o Cristo manso e humilde. Isso é especialmente verdade para aqueles que não são capazes de dar uma razão inteligente para sua fé e para aqueles que têm zelo sem entendimento. Tais crentes devem falar menos em defesa de nossa fé e estudar mais a Bíblia, deixando que a conduta seja um testemunho eloquente do poder para o bem que a verdade exerce no coração e na vida [...].

Deus deseja que cada crente seja um ganhador de almas e Ele abençoará todos os que, confiantes, busquem nEle sabedoria e orientação. Ao avançarem cautelosamente, seguindo pelo cami-nho da sabedoria e permanecendo fiel ao Senhor Deus de Israel, a pureza e a simplicidade de Cristo, reveladas na vida prática, vão testemunhar que possuem a piedade genuína. Em tudo que dizem ou fazem, glorificarão o nome dAquele a Quem servem. ■

InfIÉIs Ellen G. White

F o t o : C o r t e s i a d e d a r r e n P e a k a l l

Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White (1827 – 1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público. Esse texto foi publicado pela primeira vez na The Church Officers’ Gazette, de 1º- de setembro de 1914.

osAlCAnCAndo

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V I D A A D V E N T I S T A

Seu nome era Salém Hamonangan Panjaitan. Nasceu na aldeia de Siabal-abal, província de Sumatra

Norte, Indonésia. Salém pertencia à tribo Batak. Missionários cristãos visitaram sua tribo no início do século 20, e muitas pessoas dali se converteram ao cristianismo.

Os Primeiros AnosSalém conseguiu terminar o curso

fundamental, mas era infeliz morando naquele lugar. Desejava ansiosamente conhecer outras regiões do mundo. Um dia, reuniu seus poucos pertences e iniciou uma viagem que o conduziria a muitos lugares e aventuras. Seu primeiro destino foi Medan, capital da Sumatra Norte, localizada a centenas de quilômetros de sua cidadezinha. Foi uma longa jornada. À noite, ele dormia onde quer que encontrasse abrigo.

Em Medan, um holandês, dono de uma mansão, ofereceu-lhe trabalho de jardineiro. Salém cuidava das flores e plantas, cortava a grama e mantinha o quintal limpo. O homem lhe deu um quarto para morar e pagava um salário. Era a primeira vez que Salém recebia salário.

Ele trabalhou duro e cumpriu diligentemente as obrigações. O patrão percebeu que ele não era apenas um bom empregado, mas também, muito inteligente. Ensinou-lhe datilografia e outras atividades administrativas. Depois de algum tempo, sugeriu que Salém procurasse um emprego onde pudesse ganhar melhores salários. Salém foi contratado para trabalhar em um escritório. Matriculou-se em um curso noturno para obter maior fluên-cia no idioma holandês.

Mais tarde, ele teve a oportunidade de estudar enfermagem em Padang, capital da província de Sumatra Ocidental. Salém sempre desejou ser enfermeiro e ajudar as pessoas doentes. Assim, com mais dois amigos, Karel Tambunan e Partompuan Gultom, estudou para tal propósito.

Após completar o curso, os três rapazes conseguiram emprego como enfermeiros e estavam muito felizes com a nova profissão. No entanto, Deus havia planejado muito mais para eles.

Um evangelista adventista chegou àquela cidade. Salém e seus dois amigos

compareceram às reuniões, curiosos para ouvir o que o conferencista tinha a ensinar sobre as profecias da Bíblia. A princípio, não acreditaram no que ouviram. Mais tarde, porém, pela ação do Espírito Santo, aceitaram as verdades que aprenderam e foram batizados. A questão seguinte era: E agora?

Um Novo Começo Os três jovens estavam felizes com a

nova religião e oraram pedindo orienta-ção divina para ajudar a obra de Deus. O adventismo havia se estabelecido fazia pouco no que era então chamado

Lições de uma vida exemplar

Fiel

Erna e John Siregar

Servo

F o t o : C o r t e s i a d o a u t o r

OBREIROS PIONEIROS: Salem (primeira fila, terceiro da esquerda

para direita) e Dina (segunda fila, segunda da esquerda para direita),

juntamente com outros obreiros adventistas antes de enfrentarem

os desafios do serviço missionário.

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de Índias Orientais Holandesas (hoje Indonésia). Era enorme a necessidade de obreiros nativos que pudessem levar o evangelho à população. Assim, em 1924, a igreja enviou Karel, Partompuan e Salém para estudar no Seminário União Malayan, em Singapura. Após a formatura, foram enviados para traba-lhar em Java.

Salém trabalhou em várias funções e em muitos lugares. Em 1925, como pastor assistente, ele começou uma igreja em Semarang. Em 1927, Salém foi en-viado para Surabaya, Java Oriental, para ajudar no ministério de publicações.

No ano seguinte, partiu para Bornéo com a finalidade de estabelecer a obra e plantar igrejas ali. Mais tarde, Salém viajou ao longo das margens dos rios Barito e Kapuas em pequenos barcos, único transporte então disponível. O povo Dayak, habitantes da região, era canibal e adepto do animismo. Os rios eram infestados de crocodilos e a maior parte do país era coberta por florestas, cheias de animais selvagens.

Apesar de todos os inconvenientes, Salém cria que o Senhor dirigiria a obra de espalhar o evangelho naqueles territórios não penetrados. Devido à sua formação em enfermagem, ele podia tratar muitas das doenças e enfer-midades dos dayaks e ao mesmo tempo, compartilhar o amor de Jesus.

Era comum Salém ficar longe de casa por várias semanas consecutivas, supor-tando as durezas da vida no interior, em condições insalubres e doenças como a malária e a febre tifoide. Dina, esposa de Salém, ficava em casa, cuidando da edu-cação dos filhos. Como sua casa ficasse próxima à margem do rio, Dina inven-tou um dispositivo que recolhia os cocos que caiam no rio. A polpa era raspada e cozida, e o óleo era prensado e vendido para aumentar a renda familiar.

Dina não conseguia se comunicar com o esposo durante suas viagens, mas

confiava que Deus o protegeria. Ela agradecia ao Senhor e ficava aliviada quando Salém chegava a salvo em casa.

Em 1929, a igreja novamente enviou Salém para Surabaya, em Java Oriental. Depois para Bandung, Java Ocidental, como diretor de publicações. Em 1938, ele foi ordenado como pastor.

Em 1940, pouco depois do início da Segunda Guerra Mundial, Salém – agora conhecido como pastor Panjaitan – foi chamado para servir em Semarang, Java Central. Em 1942, o exército japonês avançou para o sul e invadiu muitos países do Sudeste da Ásia, incluindo a Indonésia.

A guerra chegou perto de Sema-rang e o governo holandês começou a queimar as casas e outros prédios para dificultar o avanço dos japoneses, enquanto a população fugia para o interior. Imediatamente, Salém condu-ziu a família em segurança para uma aldeia fora da cidade, e depois, voltou à cidade para resgatar outros membros da igreja. Ele não parou até que o último membro estivesse a salvo.

Por três anos e meio a Igreja Adventista naquela localidade não teve contato com o mundo exterior, nem com o escritório da Divisão. Os pasto-res locais administraram os negócios e as finanças das igrejas e cuidaram dos membros. Salém continuava servindo seu povo e ajudando em suas necessidades.

Os Últimos AnosDevido às dificuldades dos anos

sucessivos de guerra sua saúde se dete-riorou. Perdeu muito peso. Quando finalmente a guerra terminou, os líderes da Igreja em Jacarta sugeriram que ele tirasse férias para recuperar a saúde. Ofereceram-lhe uma motocicleta para facilitar suas visitas aos membros da igreja. “Como vou visitar meus membros dirigindo uma motocicleta,

se muitos deles moram em habitações humildes e não possuem quase nada de bens materiais? Não posso aceitar”, respondeu Panjaitan (Salém).

Pouco depois da guerra, ele foi enviado para um território maior, às igrejas de Java Central, mas ainda se recusava usar um carro ou motocicleta em seu trabalho. Continuava utilizando sua bicicleta e outros transportes públi-cos para visitar os membros e as igrejas.

No entanto, sua saúde continuava a se deteriorar. Ficou hospitalizado por vários meses. Nunca mais se recuperou e, infelizmente, faleceu com apenas 50 anos de idade.

Somente no funeral sua família percebeu quantos amigos ele havia feito na cidade de Semarang. Uma multidão acompanhou o corpo daquele querido e estimado pastor ao local de seu descanso.

Dina, a esposa, faleceu trinta anos mais tarde e foi sepultada ao lado do esposo. Mais tarde, ambos os corpos foram exumados e enterrados em uma pequena colina na aldeia de Siabal-abal.

Juntamente com seus filhos e netos, alguns dos quais continuam a servir a Igreja, Salém e Dina Panjaitan deixa-ram um legado digno de ser imitado. Embora o período útil da vida de Salém tenha sido curto, ele viveu muitas expe-riências emocionantes que resultaram na salvação de um grande número de pessoas para o reino do Deus. Salém e Dina aguardam a segunda vinda de Jesus. ■

Erna e John Siregar, filha e genro de Salem e Dina Panjaitan.

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Frederick Carnes Gilbert

P a t r i m ô n i o l i t e r á r i o d e e l l e n G . W h i t e

História Adventistad i v i s ã o n o r t e - a m e r i C a n a

Pertencemos a um movimento religioso que por mais de 150 anos tem proclamado ao mundo a segunda vinda de Cristo. Neste artigo, a Divisão Norte-Americana

apresenta uma história de coragem que motiva nossa caminhada em direção ao futuro.

Educação Rígida Frederick Carnes Gilbert nasceu em Londres, Inglaterra,

em 30 de setembro de 1867. Seus pais, judeus russos, encon-traram refúgio naquele país, após fugirem da hostilidade à sua religião e etnia na terra natal e Europa.

Frederick foi criado no judaísmo ortodoxo. Educado por um rabino, passou pela confirmação, bar-mitzvah, e até usava filatérios. Ele odiava o cristianismo, não apenas pela educação que recebera, mas devido à perseguição aos ancestrais e pais causada pelos cristãos. Quando passava em frente a uma igreja cristã cuspia com repulsa, e se pudesse, estrangularia qualquer cristão que encontrasse.

Frederick teve uma infância turbulenta. Tinha problemas de saúde e várias vezes foi hospitalizado à beira da morte. Em certa ocasião, caiu dentro de um forno e quase foi queimado vivo.

Seu pai faleceu quando ele ainda era um adolescente. Problemas pulmonares e asma levaram seu médico a sugerir que ele viajasse para a América do Norte, pois o clima seria mais benéfico à sua saúde. Mas Frederick tremia só em pensar na América. Seu pai o havia prevenido quanto à impiedade e rejeição do povo. No entanto, ele embarcou no navio. Assim que deixaram o porto, Frederick sofreu um grave acidente. Quando chegaram a Nova York, ele foi levado imediatamente ao hospital.

Na AméricaA América do Norte definitivamente era ímpia, concluiu

Frederick. Na fábrica onde trabalhava, foi perseguido devido às suas crenças judaicas. Embora aderisse ao sindicato e pa-gasse suas contas, foi demitido de um emprego promissor sem

nenhum recurso. O jovem imigrante passou de um emprego ao outro, muitas vezes andando pelas ruas de Nova York à noite, sem comer, com roupa inadequada e tremendo de frio.

Com 21 anos e na esperança de algo melhor, mudou-se para Boston. Conseguiu moradia com os Fiske, uma família adventista. Eles eram estranhos: não comiam porco, guarda-vam o sétimo dia, mas criam em Jesus. Porém, o testemunho daquelas pessoas conquistou a simpatia de Frederick. Eles “viviam sua religião mais do que falavam sobre ela”. Ele entrou na casa dos Fiske como praticante da religião judaica, mas dois anos mais tarde, saiu como um cristão adventista comprometido.

Após sua conversão, a vida se tornou mais angustiante – no trabalho, nas ruas, com seus parentes na Inglaterra, inclu-sive com sua querida mãe, que o renegou como um apóstata que havia abraçado a religião dos opressores. Por essa época, abandonou o emprego numa fábrica de sapatos e abraçou a colportagem. Após alguns meses de trabalho, sentiu que devia se preparar para o ministério pastoral e matriculou-se no Atlantic Union College.

Para Seu Povo Ao concluir seus estudos, Frederick trabalhou durante dez

anos entre os Goyim (gentios) na região da Nova Inglaterra (EUA). Em 1896, casou-se com Ella Graham, com quem permaneceu casado por quase meio século. Em 1898, foi ordenado ministro do evangelho.

Nos primeiros anos do século 20, Frederick abraçou a reorganização, contextualizando a mensagem adventista, buscando maneiras específicas para tornar o evangelho atraente entre grupos distintos.

Ele lançou uma campanha para alcançar os milhares de judeus da Nova Inglaterra, com métodos inspirados em uma abordagem tipo “mãos na massa” e um novo estilo de evangelismo público. Ele podia ser encontrado no gueto con-versando com rabinos; pregando em iídiche sobre uma caixa de sabão; visitando os cortiços; abrigando órfãos; cuidando

Benjamin Baker

GuetoPioneirismo na América do Norte

No

A

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Esquerda: SECRETÁRIO DE CAMPO: F. C. Gilbert (centro da primeira fila), secretário de campo da Associação Geral, com membros da Comissão Diretiva da Divisão Sul-Asiática, na Índia, em 1935. Acima: MISSÃO EM BOSTON: Gilbert iniciou a missão para alcançar os judeus em Boston. a r Q u i v o s d a a s s o C i a ç ã o G e r a l

a r Q u i v o s d a a s s o C i a ç ã o G e r a l

dos doentes; encontrando emprego para os desempregados e participando do lobby contra leis dominicais (que ameaçavam a liberdade religiosa dos judeus).

Ele formou um centro para abrigar judeus perseguidos e rejeitados pela família e amigos, e que não dispunham de recursos para manter-se. Lançou as revistas Yiddish – The Good Tidings of the Messiah (Yiddish – As Boas-Novas do Messias), The Messenger (O Mensageiro), além de outros folhetos e panfletos. Frederick falava em sinagogas e auditórios. Como resultado, algumas vezes, foi violentamente insultado, agredido e recebeu várias cartas com ameaças de morte. Às vezes, sua cabeça ficava encharcada de sangue, outras vezes o seu corpo era sacudido com a dor da surra. Tudo isso suportava com alegria, sofrendo por amor ao Salvador.

Em 1907, a pedido de Frederick, a Associação da Nova Inglaterra criou o Departamento Judaico e o convidou para dirigi-lo. Ele desenvolveu estratégias e levantou fundos para evangelizar a população judia da Nova Inglaterra. O número de judeus crescia consideravelmente naquele tempo na grande Boston e em outras cidades ao longo da costa leste. Ele também foi o primeiro representante judeu na Associação União do Atlântico, tornando-se juntamente com M. L. Andreasen (representante escandinavo) e J. K. Humphrey (representante negro) especialistas em missiologia étnica.

Em 1908, Ellen White o incentivou: “Meu irmão, o povo judeu não é o único que está sendo ajudado por seu trabalho. O nosso povo necessita de tal exemplo colocado diante dele. Tenha bom ânimo. Em seu trabalho, não espere por grande e maravilhosa abertura, mas aproveite as oportunidades sem-pre que surgirem. O poder da verdade será vindicado quando os servos de Deus não desperdiçarem as oportunidades de trabalho apresentadas a eles.”

Em 1913, pela iniciativa dele, o Departamento de Estran-geiros da América do Norte fundou a Comissão Consultiva do Departamento Judaico, sendo Frederick seu superinten-dente. Cinco anos mais tarde, ele se tornou o superintendente da Comissão Consultiva Judaica na Associação Geral.

Quando a idade não mais permitiu que trabalhasse nos guetos entre seu povo, começou a escrever livros para judeus enfatizando as muitas similaridades entre o judaísmo e o adventismo. Suas obras, como por exemplo, Practical Lessons from the Experience of Israel, Messiah in His Sanctuary and Judaism and Christianity, apresentam a Cristo como a culminação e cumprimento dos ritos hebraicos e são úteis ainda hoje.

Frederick também serviu como secretário de campo na Associação Geral de 1922 até sua morte em 31 de agosto de 1946.

Os Métodos de Cristo A Divisão Norte-Americana adotou um modelo de evan-

gelismo derivado do ministério de Cristo para alcançar 350 milhões de pessoas em seu território. A vida e ministério de Frederick Carnes Gilbert engloba cada parte dele. “No prin-cípio do trabalho missionário sentimos que podíamos seguir os métodos estabelecidos pelo Salvador tanto quanto possível. Os resultados foram extraordinários, alcançando ‘milhares de judeus’ em Boston e em outros lugares. Os judeus chegam à missão, vindo de cidades e vilas distantes de Boston e nos contam que ouviram sobre o trabalho que está sendo iniciado para seus irmãos”, relatou Frederick.

O testemunho maravilhoso de um cristão não adventista que compareceu a uma de suas reuniões, serve como motivação para nós hoje: “Para mim”, disse ele a Frederick, “parecia que eu podia ver o Novo Testamento vivido outra vez. Foi espetacular. É bem convincente à minha mente.” ■

Benjamin Baker é arquivista assistente na Associação Geral. A versão completa deste artigo pode ser encontrada no site da Adventist World.

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R E S P O S T A S A P E R G U N T A S B Í B L I C A S

Os seres humanos são capazes de criar todo tipo de imaginação

para apoiar qualquer coisa em que queiram

acreditar. Daí, a necessidade de se estabelecer uma base para

definir e determinar o que é e o que não é verdade. As ideias têm uma história, e saber sobre elas pode nos ajudar a entender por que as pessoas

as abraçam e até onde são levadas. 1. Origem da Poligenia: Essa palavra complicada signi-

fica simplesmente que no princípio Deus criou vários casais. O oposto é a monogenia – ou seja, no princípio, Deus criou somente um casal. A monogênese foi ensinada aos cristãos até o século 17 d.C., quando alguns, então, começaram a defender que houve diferentes criações divinas de seres hu-manos. Essa foi a primeira tentativa de explicar a existência das raças humanas. Em outras palavras, as diferenças entre as raças eram tão notáveis que foram interpretadas como resul-tado da poligênese (Deus criando casais diferentes).

Mas as ideias não são estáticas. Essa ideia mais tarde foi usada para justificar o racismo e até a escravatura e a segrega-ção. O pensamento cristão da monogênese foi teologicamente usado para apoiar o dogma do pecado original: o pecado era universal e foi transmitido por meio da procriação de um casal original para todos os seres humanos. Sob a influência da evolução natural, o catolicismo não usa mais o monoge-nismo para apoiar o dogma do pecado original.

2. Outros Argumentos: Alguns se valeram de argu-mentos bíblicos para promover a poligenia, tentando provar que quando Deus criou os peixes, animais e pássaros, Ele não criou um único par de cada espécie, mas um número grande ou significativo. Então, Ele poderia ter feito o mesmo em relação aos seres humanos. Sugere-se ainda que a palavra hebraica adam significa “raça humana”, não necessariamente um ou dois seres humanos somente, indicando assim que, no princípio, Deus criou muitos seres humanos. Outros ainda defendem que a criação de mais de um casal explicaria muito bem a origem da esposa de Caim. Segundo essa teoria, ela nasceu de um outro casal criado por Deus e que foi colocado em um lugar diferente da Terra. Alguns dos mitos da Criação

do antigo Oriente Próximo propõem que os deuses criaram os seres humanos em massa. Segundo um dos mitos em Babi-lônia, os seres humanos foram criados para tomar o lugar de divindades menores que tinham a responsabilidade de servir as divindades maiores. Isso obviamente requeria a criação de muitos seres humanos, ou uma criação coletiva.

3. Evidências Bíblicas: O registro bíblico é singular, introduzindo no princípio da criação “dois” seres humanos: macho e fêmea, homem e mulher, ou seja, um único casal. Tanto quanto posso afirmar, a literatura do antigo Oriente Próximo não contém uma narrativa sobre a criação da mulher. O fato de que Gênesis 1 e 2 estão juntos indica que não estamos lidando com dois relatos diferentes da criação, mas com o mesmo ato divino. Gênesis 1 afirma, de forma concisa, que Deus criou os seres humanos como um casal (homem e mulher), e Gênesis 2 fornece os detalhes de Sua criação.

Eva não foi uma reflexão tardia, mas uma expressão da intenção divina original de como Deus intentou criá-los à Sua própria imagem. O texto bíblico é muito claro: Eva tornou-se “a mãe de toda a humanidade” (Gn 3:20). Paulo declarou: “De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a Terra” (At 17:26). Obviamente, Caim se casou com uma de suas parentes dos muitos filhos e filhas que Adão e Eva tiveram (cf. Gn 5:4).

Deve-se permitir que os ensinamentos bíblicos, pelo poder do Espírito, perfure o coração humano que está cheio de orgulho e arrogância, para gritar profundamente em nossa consciência: Todos pertencemos a uma única raça! Não há espaço para uma gradação de valor dos seres humanos. Talvez nenhuma outra geração, mais do que a nossa, tenha testemu-nhado os horrores que tal conceito errôneo provocou na raça humana. À luz da cruz de Jesus, a igreja, como comunidade religiosa mundial, que reúne toda nação, tribo e povos, preci-sa ser o lugar onde este milagre da graça se torne evidente. ■

ApenasDois?

Ángel Manuel Rodríguez atuou como diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral por muitos anos. Hoje, aposentado, mora no Texas, EUA.

Por que alguns creem que Deus criou mais de um casal no

Jardim do Éden?

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E S T U D O B Í B L I C O

Recentemente, realizei uma série de palestras para estudantes universitários sobre o Espírito Santo e o reavivamento. Ao encerrar uma das mensagens, um

estudante perguntou: “Pastor Finley, como posso ter mais fé? Às vezes, parece que minha fé é muito fraca. Gostaria de ter mais fé, mas não sei como conseguir isso”.

A pergunta daquele jovem não foi nova para mim. Ao longo dos anos, frequentemente, tenho ouvido a mesma pergunta. No estudo deste mês, veremos como ter uma fé crescente, viva e operante.

1 O que disse Jesus sobre a fé no tempo do fim? Descubra a resposta lendo Lucas 18:8. Evidentemente, quando Jesus voltar, a fé genuína vai estar em falta. Várias coisas podem se passar por fé, mas, Jesus nos adverte sobre a necessidade da fé bíblica e autêntica.

2 Como a Bíblia define fé? Encontre a resposta em Hebreus 11:1.A fé é o fundamento da vida cristã. É a certeza de que Deus nos ama e só deseja nosso bem. A fé crê nas promessas de Deus de forma incondicional. A fé é um relacionamento íntimo com Deus assim como nos relacionamos com um amigo que conhecemos bem.

3 Que outra palavra é utilizada na Bíblia para fé? Leia Provérbios 3:5 e 6. Como essa passagem nos ajuda a compreender a fé? Ellen White define a fé desta maneira: “A fé é a confiança em Deus, ou seja, a crença de que Ele nos ama e conhece perfeita-mente o que é para nosso bem. Assim, ela nos leva a escolher Seu caminho em lugar do nosso próprio. Em lugar da nossa ignorância, ela aceita Sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, aceita Sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, Sua justiça. Nossa vida e nós mesmos já somos Seus; a fé reconhece essa posse e aceita as bênçãos dela” (Educação, p. 253).

4 Quem é a fonte da fé? Como reagimos quando sentimos que temos pouca ou nenhuma fé? Leia Romanos 12:3.

A fé é um dom oferecido por Deus a todo crente. Ela não é um sentimento, uma emoção, ou qualquer tipo de pensa-mento positivo humanista. Quando tomamos uma decisão consciente de entregar nossa vida a Cristo e nos tornar filhos de Deus pela influência do Espírito Santo, Ele nos concede o dom da fé. A fé cresce à medida que a exercitamos.

5 Como podemos aumentar nossa fé? Leia Roma-nos 10:17 e 2 Coríntios 1:18 a 20. Ao lermos a Palavra de Deus em atitude de oração, o Espírito Santo fortalece a fé em nós. Ao aceitarmos as promessas de Deus nossa fé cresce.

6 A leitura superficial da Bíblia traz algum benefício? Que verdade surpreendente aprendemos em Hebreus 4:2? A mera leitura da Bíblia não fará nossa fé crescer. É possível que ela seja lida de maneira descuidada e negligente. Quando lemos a Bíblia com devoção e atenção, apropriando-nos das promessas de Deus, nossa fé crescerá.

7 Reflita na história da mulher com o “fluxo de sangue”, curada por Jesus (Lucas 8:43 a 48). O que sua experiência nos mostra sobre a fé? Nessa história, há pelo menos duas verdades vitais:

Primeira, a mulher creu que Cristo podia e iria ajudá-la em sua situação desesperadora. Sua fé não estava em si mes-ma, mas estava em Jesus. A fé bíblica sempre tem um enfoque e o “enfoque” é Jesus.

Segunda, à medida que essa mulher exercitava sua fé, ela crescia. Se você deseja uma fé crescente e vibrante, reconheça, como filho de Deus, que Jesus lhe deu o dom da fé. Creia em Sua Palavra. Encha sua mente com Suas promessas. Exercite a fé que tem. Então, veja sua fé crescer. ■

Mark A. Finley

AumentarComo

a Fér i y a s h a m Z a

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O tão chamado culto contemporâneo é mais parecido com um concerto pop com aparência religiosa.

– Barry Gowland Fishermead, Milton Keynes, Inglaterra

pecaminosas para a violência, adultério, roubo, assassinato e coisas que, sabemos muito bem, acontecem devido ao con-sumo dessas bebidas.

Jesus transformou a água em suco de uva.

Mark BrownWinnipeg, Manitoba, Canadá

Um Chamado Profético Urgente Agradeço a publicação do artigo do pastor Ted N. C. Wilson, “Um Chama-do Profético Urgente” (AW-fevereiro). Ele colocou em palavras o que tenho tentado dizer! Ninguém – na minha igreja ou na minha família – está ouvindo, e me sinto sozinha. Concluí que eu devo ser a mudança que desejo ver, e entendi que, como líder, muitas vezes poderei ficar sozinha. Tenho certeza de que Deus me guiará e continuarei sendo um instrumento usado por Ele.

Por favor ore por mim! Linda EskridgePor e-mail

Reverência Reverência e respeito no culto? Sim! O tão chamado culto contemporâneo é mais parecido com um concerto pop com aparência religiosa. Se os

católicos romanos, anglicanos e ortodoxos orientais vão longe demais na outra direção, pelo menos são bem intencionados. Aqui reside uma questão: poucos adventistas de berço abandonarão as congregações onde altos padrões de comportamento na igreja são a norma.

Barry Gowland Fishermead, Milton Keynes, Inglaterra

Peço oração por minha família. Minhas cunhadas e nossos vizinhos nos odeiam sem motivo.

Dick, Quênia

Por favor, ore por mim. Necessito da cura de Deus.

Angelita, Filipinas

Louvo a Deus porque após 59 anos de oração, meu esposo aceitou a Jesus e se uniu à Igreja Adventista. Também estou certa de que Deus tem um plano para nossos filhos e suas famílias, para que se conscientizem da necessidade de aceitarem a Cristo.

Betty, Estados Unidos

Tenho um tio que está com câncer. Ele está afastado da igreja, e agora, com qua-se 80 anos, sente que não está preparado para morrer. Por favor, ore para que ele entregue sua vida a Jesus enquanto há tempo. Oremos também pela esposa e família, para que o Senhor os console.

Milene, Brasil

T R O C A D E I D E I A S

GRATIDÃOOraçãow

28 Adventist World | Junho 2014

O Escopo Geral da Teologia Muito obrigada por publicar o artigo de Lothar Wilhelm, “O Escopo Geral da Teologia” (AW-abril). Temos um longo caminho pela frente! Isso precisa ser dito, e Wilhelm o fez muito bem. Con-cordo plenamente que temos “somente a Bíblia como regra de fé e vida”.

Jen H.Oregon, Estados Unidos

A Igreja Deve Relaxar Sua Posição Quanto ao Álcool?Escrevo a respeito do artigo “A Igreja Deve Relaxar Sua Posição Quanto ao Álcool?”, por Peter N. Landless e Allen R. Handysides (AW-março). Alguns cristãos que defendem o consumo esporádico de bebidas com baixo teor alcoólico, muitas vezes se referem a Jesus transformando a água em vinho como justificativa para sua indulgência. Nada pode estar mais longe da verdade! A palavra grega para “vinho” pode sig-nificar tanto vinho alcoólico como suco de uva. Certamente Jesus não ofereceria bebida alcoólica àqueles convidados, despertando assim as tendências

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Há 95 anos e hoje Obrigado pela matéria sobre o

aniversário de nossa instituição (“Há 95 anos”, Troca de Ideias, AW – abril). Foi uma agradável surpresa sermos mencionados.

O último parágrafo diz: “Hoje, o Complexo Educativo Adventista Union é composto por três campi, incluin-do o campus de Ñaña, que abriga a Universidade Peruana Union e a Escola de Ensino Médio. “O Complexo Educativo Adventista União (Complejo Educativo Adventista Unión) não existe mais, e não tem três campi que incluem a universidade e a escola de ensino médio. Ele se tornou a Univer-sidad Peruana Unión, que possui três campi universitários, sendo um deles o de Ñaña, em Lima, Peru. No campus da Unviersidad Peruana Unión está a escola da universidade, com o nome de “Colegio Unión”.

Le-Roy Alomia Diretor de Relações Públicas e Imagem Corporativa

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para [email protected]. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

Embora meu pai seja o provedor da família, oro para que ele busque primeiramente o reino de Deus e Sua justiça, em vez de dar o primeiro lugar às nossas necessidades, transgredindo assim a lei de Deus.

Brian, Quênia

Agradeço a todos que oraram por mim. Fui aceito na universidade!

Elo, Camarões

Deus agiu quando necessitávamos, e eu louvo Seu santo nome. Quero agradecer as orações.

Ann, Estados Unidos

Como enviar as Cartas: Por favor envie para letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque, também, seu nome, a cidade, o estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.

LugaréEsse?

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Uma Jornada de Descobertas pela BíbliaDeus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros membros, em mais de 180 países, que estão lendo um capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org, ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui:

1 DE JULHO DE 2014 • ezequiel 4

ReavivadosSua Palavrapor

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RESPOSTA: No Porto, Portugal, Gilbert Cangy (à esquerda), diretor do Minis-tério Jovem da Associação Geral, posa com Stephan Siegg, líder dos jovens da Divisão Intereuropeia, e vários outros jovens durante um esforço evangelístico no evento Geração Adventista em Missão (GAM) no início de 2014. O grupo estava na estação São Bento.

Junho 2014 | Adventist World 29

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Uma em cada três mulheres no mundo não tem acesso a banheiros para a higiene feminina. Estudos mostram que a frequên-cia de jovens à escola diminui quando elas começam a menstruar. É estimado que, coletivamente, as mulheres perdem 97 bilhões de horas por ano procurando por um lugar onde tenham privacidade.

Fonte: The Rotarian

A maior biblioteca do mundo é a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, fundada em 1800.

Com mais de 155 milhões de itens em sua coleção, se suas prateleiras fossem colocadas uma do lado da outra se estenderiam da Suíça à Irlanda do Norte.

Fonte: The Rotarian

33%

Verifique sua pressão sanguínea pelo menos duas vezes ao ano.O normal é 120/80. Qualquer coisa acima disso pode indicar o princípio de uma hipertensão. Consulte seu médico se tiver dúvidas. Fonte: Journal of the American Medical Association/Women’s Health

é a proporção de pessoas que sofrem de hipertensão (pressão alta) e não sabem.

por cento

T R O C A D E I D E I A S

Em 2 de junho de 1943, Chae Tae Hyun (1888-1943) morreu após ser torturado pelas forças que ocuparam a

Coreia durante a Segunda Guerra Mundial. Ele era formado pela Won Heung Middle School do Seminário

Batista Coreano. Em 1910, uniu-se à Igreja Adventista. Participou da obra evangelística servindo como ministro licenciado nas Missões Central e Ocidental (1910-1922).

Depois de sua ordenação, em 1922, Chae Tae Hyun trabalhou como pastor distrital em Manchúria e professor de Bíblia na Escola de Treina-mento da União Coreana. Também atuou como presidente de Missão.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi presidente da Igreja na Coreia. No entanto, as forças que ocuparam e controlaram o país tinham a política de reprimir o cristianismo. Ele e muitos outros líderes cristãos foram presos e torturados até a morte. Provavelmente ele foi o primeiro mártir adventista na Coreia.

Fonte: Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia

anos71há

Q

Lıvros!

B i B l i o t e C a d o C o n G r e s s o

30 Adventist World | Junho 2014

Page 31: Aw june 2014 portuguese

■ “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim [...] Pois vou preparar-vos lugar” (Jo 14:1, 2). Esses versos me lembram que mesmo que eu enfrente provações, Deus estará comigo. Também me fazem lembrar que Jesus voltará outra vez para levar Seus filhos para o Céu.

– ABI, Sudeste da Ásia

■ “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:4, 5).

Essas palavras têm um profundo significado para mim quando me lembro da morte do meu filho, Leif. Ele amava a Jesus. Leif morreu em 2008, aos 18 anos, vítima de um acidente de carro quando voltava da campal de South Queensland.

– Geofrey, Queensland, Austrália

■ Quando me tornei adventista sofria vários traumas. Certa ocasião, me atrevi a escrever para o então presidente da Associação Geral, Robert Pierson, pedindo-lhe uma promessa bíblica que ajudasse em meu desespero. Recebi sua carta com essas palavras: “Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês” (1Pe 5:7).

– Margaret, Austrália

No próximo mês, fale, em até 50 palavras, sobre seu hino preferido. Envie para [email protected]. Especifique na linha do assunto “50 Words or Less”.

MinhaPromessa Bíblica

W O R D S O R L E S S5OA T É P A L A V R A S

33%“Eis que cedo venho…”Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

EditorAdventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.

Editor Administrativo e Editor ChefeBill Knott

Editor AssociadoClaude Richli

Gerente Internacional de PublicaçãoPyung Duk Chun

Comissão EditorialTed N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.

Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn, Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han

Editores em Silver Spring, Maryland, EUALael Caesar, Gerald A. Klingbeil (rédacteurs en chef adjoints), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran

Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim

Editor On-lineCarlos Medley

Gerente de OperaçõesMerle Poirier

ColaboradorMark A. Finley

ConselheiroE. Edward Zinke

Administrador Financeiro Rachel J. Child

Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste

Comissão Administrativa Jairyong Lee, chair; Bill Knott, secretary; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn, Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki, Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson

Diretor de Arte e DiagramaçãoJeff Dever, Brett Meliti

ConsultoresTed N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.

Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

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Website: www.adventistworld.org

Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.

V. 10, Nº- 6

Lıvros!

Favorita

Junho 2014 | Adventist World 31

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