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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS INSERVÍVEIS
Por: Karla Gouveia Passos
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS INSERVÍVEIS
Monografia apresentada ao Curso de Logística
Empresarial da AVM Faculdade Integrada como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em. Logística Empresarial, sob a
orientação do prof. João Tadeu
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, principalmente. Aos meus pais
e minha irmã, que sempre me
incentivaram a estudar e a aprimorar
cada vez mais meus conhecimentos.
Ao meu grande amigo Rodrigo
Ferreira, que esteve comigo em todos
os momentos e me incentivou a
realizar mais um sonho.
4
DEDICATÓRIA
Dedicado ao meu pai, que infelizmente
não está mais conosco e sempre quis que
sua filha se formasse e se especializasse
cada vez mais. Dedicado também à
minha mãe, que sempre me apoiou.
5
RESUMO
O presente trabalho procura discutir a importância da Logística reversa
de pneus e de como esses pneus podem ser reutilizados. A logística reversa
não é algo novo, mais tem se proliferado cada vez mais em nossa sociedade
fazendo que nos conscientizemos com os pneus que não são mais
utilizados.Podemos acrescentar a busca de uma melhor imagem corporativa e
o aumento de várias maneiras de transformação desses pneus. O governo
possui várias iniciativas para a coleta do pneu inservível e para a destinação
final do material. No entanto a demanda é muito alta e é necessário um
processo mais elaborado para suprir o baixo número de pontos de coleta no
território nacional. A cadeia logística para o processo é compreendida por
vários agentes. Os pontos e coleta, ou ecopontos, são espaços exclusivos para
a armazenagem de pneus inservíveis, sendo estes transformados em matéria
bruta própria para o reuso. Além dos ecopontos, outros agentes são
responsáveis por reaproveitar o pneu inservível e inseri-lo novamente no
mercado. Já as empresas recicladoras possuem um papel um pouco mais
complexo na Cadeia Logística.
6
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................. 08
Justificativa .......................................................................................09
Objetivo Geral .....................................................................................09
Objetivo Específico ........................................................................... 09
Metodologia........................................................................................10
O Problema ........................................................................................10
Tema ..................................................................................................10
Problemas ...........................................................................................10
Hipóteses...............................................................................................12
Capitulo I
Logística Reversa............................................................................................ 14
Pontos De Coleta ................................................................................. 20
Mercado De 2ª ..................................................................................... 20
Pneus Semi-Novos .............................................................................. 21
Recicladoras ........................................................................................ 21
1) Co–Processamento ............................................................... 21
2) Asfalto ................................................................................... 22
3) Laminação ............................................................................. 23
4) Artefatos ................................................................................ 24
5) Reciclagem de Ultrassom ..................................................... 24
6) Pirólise de Pneu .................................................................... 24
7) Reciclagem de Microondas ................................................... 27
7
8) Mecânico (Química Reciclagem) ........................................... 28
9) Tubos de Drenagem .............................................................. 29
10) Dormentes Ferroviários ....................................................... 30
11) Recifes Artificiais ................................................................. 31
12) Cuminuição ......................................................................... 32
Capitulo II
Análise De Resultados ................................................................................... 34
Conclusão ...................................................................................................... 36
Referências Bibliográficas .............................................................................. 38
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1. INTRODUÇÃO
A Logística Reversa de Pneus Inservíveis e a sustentabilidade do meio
ambiente visa focar no futuro e tendo a finalidade de consciência ambiental. As
empresas e indústrias não têm consciência sobre o que fazer com os seus
pneus usados e desfazem de seus materiais inutilizados no meio ambiente.
Mas há muitas formas de se reutilizar os chamados “pneus inservíveis”, e
muitas das tecnologias para estes serviços ainda se encontram em
desenvolvimento. O presente trabalho aborda algumas das tecnologias
utilizadas atualmente dentro dessa Logística Reversa e da retirada de
matérias-primas dos pneus inservíveis. Dentre os materiais retirados, podemos
citar o Elastômero (borracha), Negro de Fumo, Aço, Tecido de Nylon, Óxido de
Zinco, Enxofre e aditivos. Para retirar esses produtos são utilizadas as
seguintes tecnologias, como por exemplo, a Reciclagem de Ultra-Som,
Reciclagem de Microondas, Mecânico Químico de Reciclagem e Pirólise de
Pneu. Com a matéria-prima retirada do pneu e utilizando tecnologias
especializadas, é possível produzir solado de calçados, peças de concreto,
matéria-prima para utilização de asfalto, entre outras. Além disso, os pneus
inservíveis podem ser reaproveitados por indústrias especializadas em
remodelagem de pneus usados, os chamados Pneus Remolds ou
Recauchutados. Todo o processo logístico para estes fins estão abordados
neste trabalho. Para este trabalho, inicia-se uma pesquisa que aborda
iniciativas para evitar esse grande fluxo de pneus inservíveis despejados no
meio ambiente. Neste caso, a logística reversa é extremamente necessária,
porém este fato ainda é um grande desafio para muitas pessoas e
organizações. A logística reversa é fruto da preocupação futura do nosso
desenvolvimento sustentável e da nossa qualidade de vida. Hoje existem
empresas que adotaram determinadas medidas de logística reversa,
aproveitando a borracha do pneu inservível fazendo sandálias, um projeto de
grande sucesso com consciência futura ecológica visando qualidade e
crescimento sustentável. O presente trabalho cita empresas que adotam esse
tipo de medida em todo o mundo, inclusive no Brasil. Conforme já dito, é citado
9
o determinado assunto, mantendo o foco principal e abrangência ao tratar de
indústrias que contribuem com grande influência nessa área de preservação
junto à logística reversa de pneus. Ao final da pesquisa, levanta-se os
fundamentos teóricos de acordo com os problemas encontrados se tratando do
tema do trabalho, testa-se a viabilidade das hipóteses levantadas pelo
trabalho, apresenta-se a metodologia utilizada na pesquisa do trabalho e, ao
final da pesquisa, os resultados dos testes e a respectiva conclusão do
trabalho apresentado.
Constatar onde ocorre á eficiência do processo e onde se pode
melhorar a reutilização de pneus inservíveis, evitando danos ao meio ambiente
e possíveis custos excessivos.
Analisar descritivamente os dados coletados e verificar as estratégias
utilizadas para a logística reversa de pneus inservíveis, destacando seus
pontos fortes e seus pontos fracos.
Compreender a atual situação da logística reversa de pneus inservíveis,
estudando e analisando o histórico do assunto em questão a fim de encontrar
os possíveis gargalos do processo logístico. Entender, e tomar como base de
estudos, o funcionamento da cadeia de empresas especialistas na logística
reversa de pneus inservíveis.
Trata-se de um trabalho científico do tipo descritivo, abordando os
entraves encontrados na logística reversa de pneus inservíveis, assim como
seus impactos ambientais, destinação final dos materiais inservíveis e
alternativas viáveis para solucionar o problema desenvolvido pelo grupo.
A metodologia adotada na execução deste trabalho se baseou principalmente
na pesquisa bibliográfica, com consultas a bibliografia com fontes de pesquisas
eletrônicas e sites de internet especializados em reutilização de pneus
considerados inservíveis, além de monografias e teses de mestrados.
Quais os entraves que o Brasil possui quando se trata da reutilização de
pneus inservíveis? Este trabalho visa explicar os impactos ambientais
causados pelos materiais usados e descartados indevidamente, assim como
as iniciativas tomadas para a redução dos detritos em questão, a destinação
adequada dos pneus inservíveis.
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Uma grande dificuldade da logística reversa dos pneus usados é saber
onde encontrar pontos de coleta do material. No Brasil existem cerca de quatro
mil revendas de processo de coleta e ecopontos que são disponibilizados pela
prefeitura. A cadeia da logística reversa de pneus inservíveis é composta pelos
coletores, empresas de seleção e triagem de pneus usados, pré-tratamento,
reforma, co–processamento e laminadores.
A figura 1 mostra o funcionamento básico da cadeia logística de pneus
inservíveis, ilustrando todos os agentes da cadeia responsáveis por todo o
processo:
Figura 1: Cadeia Logística Básica de Pneus Inservíveis
(extraída de MOTTA, 2008,p.54)
Para fazer a coleta e a armazenagem dos pneus, os fabricantes,
importadores, distribuidores, revendedores, destinadores finais, consumidores
e o poder público devem seguir os procedimentos adequados da coleta. O
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) obriga o mercado a
armazenar adequadamente os pneus velhos através da Resolução 416/2009.
A respectiva resolução é ilustrada no anexo 1 deste trabalho.
Pontos de venda de pneus
Reposição de pneus
Frotistas
Borracheiros
Intermediários
Sucateiro
Catador
Consumidor
Pneus usados Empresas de reforma
Empresas de regeneração
Empresas trituradoras
Empresas de artefatos de borracha
Empresas cimento
Petrosix
Pneus inservíveis
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Um grave gargalo encontrado em relação à logística reversa de pneus
inservíveis, principalmente em relação á coleta do material, são os pontos de
coleta específicos e o baixo volume por localidade, ou seja, poucas
quantidades de pneus distribuídas em diversas localidades. Visando reduzir o
número de pontos de coletas, seria necessário que os próprios fabricantes se
responsabilizassem pelo gerenciamento e armazenagem dos pneus
inservíveis, reduzindo assim locais para armazenagem e pontos de coletas.
Outro ponto que vale destacar: o problema do espaço. Os pontos de
coleta podem ser reduzidos, mas não devem ser extintos. O Brasil,
especificamente São Paulo, é desprovido de áreas em que possa ser
destinada a industrialização de pneus inservíveis. De uma maneira mais
simples, não há espaço disponível para que se possa armazenar este tipo de
material, ou ainda, é difícil que determinada empresa aceite arcar com o custo
para se adquirir um espaço específico para o trabalho da logística reversa de
pneus inservíveis. Assim sendo, as prefeituras de localidades distintas
cederiam espaços próprios do governo para empresas, especialistas em
logística reversa de pneus, utilizarem para armazenar e gerenciar o material
usado, além de oferecer um incentivo fiscal para empresas que investirem
pesado na logística reversa dos pneus inservíveis.
Outra possível causa dos gargalos nos pontos de coleta poderia ser a
má administração da cadeia logística do processo. Assim como em qualquer
processo logístico, a cadeia deve ser bem planejada e administrada e, além
disso, bem controlada. Uma análise complexa da atual agente da cadeia da
logística reversa dos pneus inservíveis e uma possível reestruturação da
mesma pode ser a resolução de muitos gargalos encontrados, até mesmo
quando se trata da localidade dos pontos de coleta.
A falta de informação é um grave problema. Não há campanhas sobre o
problema dos pneus inservíveis. Muitas vezes a população não sabe como
proceder para realizar o despejo do material corretamente. Assim sendo,
seriam necessárias campanhas governamentais voltadas à população geral
como alerta para o problema e propostas de soluções práticas para os pneus
12
inservíveis, ou seja, informações de localização dos pontos de coletas, contato
com empresas especialistas no refino dos pneus inservíveis, etc.
No Brasil possuem os ecopontos a qual foram instalados estrategicamente
para que as empresas, borracheiros ou cidadãos possam depositar ou
armazenar essas matérias.Existem algumas maneiras que estão sendo
adotadas para a reutilização dos pneus usados, como por exemplo: o mercado
de 2°, os pneus que são semi novos e as recicladoras.
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CAPITULO I
LOGÍSTICA REVERSA
Com o avanço tecnológico extremamente acelerado, sempre é
necessário á inserção de novos materiais visando uma série de benefícios e
melhorias para a sociedade em geral. Sempre que um determinado material,
considerado moderno e avançado comparado ao seu antecessor, o mesmo o
substitui. Porém, com o grande número de materiais lançados no mercado,
muitos produtos se tornam obsoletos e são considerados ultrapassados e
então chamados de inservíveis.
O número de materiais inservíveis cresce cada vez mais em todo o
mundo e, consequetemente, a maioria destes materiais é descartada de forma
equivocada gerando grandes transtornos ao meio ambiente. Com a evidência
do desenvolvimento sustentável, as empresas começaram a programar uma
determinada logística para tentar, de alguma maneira, sanar o problema
ambiental causado pelo descarte de determinados materiais considerados
inservíveis. A partir daí surge a Logística Reversa.
O conceito de Logística Reversa ainda é muito discutido entre diversos
autores. Segundo Stock, extraído da Reverse Logistics Programs (1998 p. 20)
encontra-se a definição:
Logística reversa: em uma perspectiva de logística de
negócios, o termo refere-se ao papel da logística no
retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem,
substituição de materiais reusa de materiais, disposição
de resíduos, reforma, reparação e remanufatura.
Deduz-se então que o termo Logístico Reversa no processo de
devolução de materiais, tratamento de resíduos e detritos, reposição, redução
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e reutilização de materiais inservíveis e as empresas que aderem a este
processo conseguem se sobressair no mercado.
Os pneus são produtos que se adéquam perfeitamente ao assunto em
questão, pois se trata de um produto industrial, com grande demanda no
mercado, com uma série de formas para o reuso total e que, quando
descartados indevidamente causam um grande impacto no ambiente. O pneu
possui uma degradação natural extremamente lenta, levando o tempo mínimo
de 600 anos, entretanto especialistas garantem que o tempo de degradação do
pneu na natureza é considerado indeterminado.
Considerando o problema do descarte de pneus extremamente grave
para a sociedade e para o meio profissional, como proceder diante deste
problema? O CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente – estabelece
aos fabricantes de pneus uma série de determinações e regras a serem
cumpridas. Entre elas, o CONAMA explica que as empresas têm a obrigação
de realizar a coleta e de fornecer a destinação final adequada aos pneus
inservíveis existentes em todo o território nacional, assim como os fabricantes
e importadoras podem integrar-se para criar determinados locais para o
armazenamento temporário, visando á destinação final adequada do material.
Infelizmente, esta lei dificilmente é cumprida e a fiscalização para esta
ilegalidade é precária. Portanto, para uma resolução mais rápida do problema
em questão, foram implementadas empresas especializadas neste processo,
atuando diretamente em pontos estratégicos e em parcerias com outras
empresas. Atualmente, podemos encontrar grandes indústrias especializadas
em todo o processo de reutilização dos pneus inservíveis. Dentre elas,
podemos destacar a Reciclanip. Criada em 2007 e considerada uma das
maiores iniciativas brasileiras na área de responsabilidade pós-consumo, a
Reciclanip foi fundada pelos fabricantes de pneus Bridgestone, Goodyear,
Michelin e Pirelli para que, em 2010 fosse reforçada pela Continental. A
entidade faz um excelente trabalho logístico na coleta de pneus inservíveis.
Os Ecopontos – pontos de coleta de inservíveis – são pontos
estratégicos que a prefeitura disponibiliza para depósito e armazenagem de
materiais recolhidos de agentes primários de descarte, como indústrias
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pneumáticas, ou até mesmo de agentes secundários, como borracheiros ou
usuários individuais. A Reciclanip tem a responsabilidade de gerenciar toda a
cadeia logística que envolve desde o Ecoponto até a destinação final do
material inservível, no caso os pneus. Atualmente existem cerca de 480
Ecopontos em todo o território nacional, sendo a maior parte concentrada na
região Sudeste. Os estados líderes em ecopontos são Minas Gerais com 129
unidades e São Paulo, com 114 unidades de coleta.
A tabela 1 apresenta a Localização de alguns ecopontos encontrados
em todo o Brasil:
CIDADE UF REGIÃO
Adamantina SP Sudeste
Água Boa MT C. Oeste
Alegrete RS Sul
Americana SP Sudeste
Américo Brasiliense SP Sudeste
Anápolis GO C. Oeste
Araçai MG Sudeste
Aracaju SE Nordeste
Araçatuba SP Sudeste
Aracruz ES Sudeste
Araguaína TO Norte
Araguari MG Sudeste
Araraquara SP Sudeste
Araxa MG Sudeste
Arcos MG Sudeste
Tabela 1 - Localização de alguns ecopontos no Brasil
(extraída de RECICLANIP,2012)
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Todavia, nem todos possuem plenos acesso a estes pontos de coleta e
a demanda torna-se grande. Por exemplo, o estado do Rio de Janeiro possui
apenas 10 pontos de coleta de inservíveis, e estados como o Amazonas,
Amapá, Ceará e Brasília possuem cada um apenas um único ecoponto. Além
da Reciclanip, várias empresas destinam um espaço exclusivo a coleta seletiva
e até mesmo a industrialização de pneus inservíveis, adotando sua própria
logística reversa, como é o caso de empresas com a Pirelli e a Michelin.
Os pneus originalmente são compostos por vários tipos de materiais
específicos, materiais estes que ajudam no momento da destinação final para
os inservíveis. Por exemplo, empresas especializadas na logística de coleta e
distribuição de pneus inservíveis recebem a matéria prima de diversos
parceiros, entre eles indústrias, borracheiros e consumidores. Esta matéria
passa por uma série de processos e o pneu é totalmente desmembrado para
que possa ser transformada em uma nova matéria prima, esta pronta para o
reuso em diversas áreas.
A Figura 2 demonstra a composição de pneus automobilísticos,
possibilitando uma série de opções para sua reutilização.
Figura 2 – Composição de um pneu automobilístico
(extraída de PAULA, 2004, p.22)
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A logística reversa para os pneus inservíveis, quando aplicada
corretamente, torna-se extremamente eficaz. A Cadeia Logística de todo o
processo e o ciclo de vida dos pneus, desde a fabricação até o estado de
inservível e chegar ao seu destino final, e demonstrada conforme a Figura 3.
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Figura 3 – Ciclo de Vida do Pneu
(extraída de FILHO, 2005,p.49)
Borracha Natural / Borracha Sintética / Aço / Óleos / Negro Fumo / Produtos Químicos / Fibras
Processo
Pneu Novo
Pneu Usado
Ponto de Coleta
Mercado de 2ª
Pneus Semi-Novos
Reforma
Pneu “Novo”
Pneu Usado
Ponto de Coleta Pneus Inservíveis
Recicladoras
Energia
Estradas / Obras
Prod. de Borracha
Desvulcanização
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Conorme a Figura 3, podemos considerar vários agentes dentro da
cadeia logística deste processo.
• Pontos de Coleta: São os chamados Ecopontos, espaços utilizados
para o armazenamento dos pneus inservíveis, colocando-os a disposição para
a distribuição através de empresas especializadas no gerenciamento do
material em questão.
• Mercado de 2ª: É o agente da cadeia responsável pela industrialização
e comercialização de pneus retirados dos Ecopontos. Os pneus inservíveis são
avaliados de acordo com seu estado e passam por um processo de
remoldagem, que consiste em transformar um pneu usado em um pneu com a
qualidade e vida útil tão boa quanto á de um pneu novo, através de um
tratamento na superfície envolvendo uma capa de manta de borracha
especialmente desenvolvida para este fim. O processo para a remoldagem
desta camada de borracha é feito através de uma série de processos físicos e
químicos que resultam na vulcanização, que faz com que a capa do pneu e a
nova capa de borracha se tornem um único material, transformando o pneu
inservível no chamado Pneu Remold. A recomendação dos fabricantes é que
sejam montados pneus iguais no veículo ou quando isso não for possível, que
os eixos sejam iguais pelo menos. Mais isso fica impossível para os pneus
remoldados, pois uma vez que as carcaças são dos mais diferentes tipos,
origens, marcas e procedências. Percebe se que podem ser empregados
pneus com construção de nylon, poliéster, rayon, normais e reforçados, uma
ou duas lonas, com diferentes tipos de cinturas, todas empregadas no mesmo
veículo.
Devido às diversidades de produtos no mesmo veículo, gera-se
conseqüências de dirigibilidade no veículo, este podendo “puxar” para um lado
ou para outro, e tendo diferentes níveis de conforto, em função da combinação
montada.
Outra questão é que as tais carcaças são de diferentes datas de
fabricação e com quilometragens bem diversificadas. Portanto as carcaças
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possuem diferentes graus de fadigamento, podendo falhar a qualquer
momento, tendo em vista que o reformador limita-se a examinar a carcaça
externamente, sem saber como se encontra o nível de fadiga e de deterioração
dos materiais de emborrachamento das cinturas internamente, em casos
extremos podem provocar descolamentos.
No mercado podemos perceber pneus recauchutados com quase 10
anos da data de fabricação. Os consumidores não são avisados pelos
fabricantes de pneus e sobre a diferença técnica entre um produto novo e um
recauchutado, sendo importante o esclarecimento desta técnica que é bem
adotada no mercado.
• Pneus Semi-Novos: É o agente da cadeia mais popular, direcionado
diretamente ao consumidor individual: o Borracheiro. Este agente utiliza um
processo de remoldagem mais grosseiro que o utilizado no Mercado de 2ª,
realizando o famoso “friso” nos pneus inservíveis e colocando-os para o
comércio. O produto final possui uma resistência e qualidade muito inferiores
ao realizado por indústrias especializadas.
• Recicladoras: Devido ao desenvolvimento sustentável, este se torna
um dos agentes de maior evidência dentro da cadeia, pois trata da reciclagem
e do reaproveitamento da matéria bruta do pneu inservível para fabricar outros
tipos de produtos, ou até mesmo como fonte de energia alternativa.
Os principais exemplos são os seguintes: Co–processamento, asfalto,
laminação e artefatos de borracha, reciclagem de ultra-som, Pirólise de pneu,
reciclagem de microondas, mecânico (química reciclagem).
1) Co–processamento: Bons exemplos para a aplicação para este fim é
o caso de fábricas de cimento, que utilizam a matéria bruta dos pneus
inservíveis em seus fornos devidamente equipados para amenizar a
emissão de gases poluentes. As fábricas de papel e celulose também
utilizam a matéria bruta dos inservíveis, já que cada pneu libera cerca de
8 kw/h de energia, e isto, de acordo com especialistas, representa 30%
21
de energia a mais do que a energia extraída de 1 kg de carvão ou
madeira. O método de fonte de energia mais utilizado no Brasil é o da
queima de resíduos, o qual é realizado em fornos de cimento
devidamente apropriados sem o perigo da fumaça negra, quando o
material é aquecido a uma temperatura de 1700º C destruindo quaisquer
tipos de substâncias danosas, gerando energia pura e limpa.
2) Asfalto: Para utilizar o pneu inservível em asfalto, podemos destacar
dois métodos: o processo úmido e o processo seco. No primeiro
processo, utiliza-se a borracha com granulometria de 0,6 mm no cimento
asfáltico de petróleo, gerando um novo tipo de ligante que se chama
“asfalto–borracha”. Já no segundo processo, as partículas de borracha
substituem parte dos agregados pétreos. Depois da adição do ligante
cria-se um produto denominado Concreto Asfáltico, tendo a sua
modificação feita pela adição da borracha. Um bom exemplo de
resultados do processo é o concreto DI (Deformável e Isolante), que
quando utilizado para a construção de barreiras rodoviárias tornando-as
mais elásticas, absorvendo mais impacto. O que diferencia o concreto DI
está em sua composição: Os pneus inservíveis podem ser misturados
ao concreto, o que lhe confere mais resistência á compressão. Os
danos que podem ocorrer nos veículos e nas pessoas são devidos às
barreiras comuns. Essa tecnologia visa á redução de traumatismo entre
os acidentados. Observa-se que os benefícios não são apenas de
ordem física e material. Com a logística reversa de pneus inservíveis em
substituição com a brita, auxilia no destino a estes itens que demoraram
anos para se decompuser na natureza. Em dois pontos da cidade de
São Paulo já foram construídas as barreiras rodoviárias compostas de
concreto com borracha. No final de 2003 foi feita a primeira barreira
deste tipo, localizada em Raposo, e o segundo lugar realizado foi na
arginal Tietê no fim do ano de 2004. Conforme informado pelo
engenheiro, foi construído cerca de 1 Km de barreiras na Marginal, o
que equivale ao uso de 10.000 pneus. Na ultima limpeza do rio
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hormônio foram retirados aproximadamente 120.000 pneus. Com isso
pode-se representar quase 10%.
Como já dito anteriormente, um grave problema em relação aos
pneus inservíveis é a alocação do material, ou seja, o espaço para
depósito deste material, geralmente feita em aterros apropriados. A
utilização de pneus inservíveis para a produção de asfalto e
pavimentação urbana torna-se uma alternativa viável com inúmeros
impactos positivos ao meio ambiente, já que o uso de borracha em
misturas para pavimentação pode chegar a torno de mil pneus usados
por quilômetro produzido, reduzindo substancialmente o depósito em
aterros ou fora deles, além de a pavimentação possuir maior
durabilidade e maior elasticidade comparada ao asfalto tradicional.
3) Laminação: No final dos anos 50 iniciou-se o processo de laminação
de pneus inservíveis no Brasil, tendo a forma rudimentar e informal.
Algum ano mais tarde já existia no país algo em torno de 350 empresas
de laminação, ou seja, mais conhecidos como laminadores, pois
naquele tempo a fabricação de pneus diagonais representava 80% do
total. Com o surgimento de novas tecnologias, verificamos que o total
produzido seja em torno de 25% do volume de pneu convencional, o
que teve como conseqüência uma diminuição de laminadores em
atividades. O custo deste processo é muito baixo e não causa impactos
ao meio ambiente, desde que os resíduos gerados pelo processo sejam
corretamente descartados e devidamente acondicionados durante o
processo. Com a diminuição gradativa dos pneus em todos os lugares,
haverá o incremento da produção dos pneus radiais.
Pode-se perceber que a busca por material sustentável vem
crescendo nos setores das empresas, e uma delas é a com a criação do
vestuário e calçados sustentáveis. Por exemplo: A empresa brasileira
Paulista Goóc Eco Sandal fabrica sandálias com o solado feito de
borracha de pneu reciclado. A reutilização do material que seria
descartado na sociedade é utilizada para transformar em calçados.
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O primeiro passa para a produção de sandálias é que o pneu
precisa virar pó. Em seguida, ele será regenerado e misturado com
borracha natural e sintética. Calcula-se que, em média, cerca de 40
milhões de pneus sejam produzidos por ano no Brasil, sendo que quase
metade é descartada no mesmo período. A empresa Goóc estima
reciclar até 2014 mais de 40 milhões de pneus, e a empresa já reciclou
cerca de 2, 5 milhões.
4) Artefatos: Algumas empresas têm feito a inovação tecnológica de
seus produtos. Uma delas é a empresa americana Bristol & Bath, que
lançou a coleção Second Chance (Segunda Chance). A partir da
reutilização dos pneus foram feito dois modelos de pia Kobe. Esta
solução é ecologicamente correta e possui um efeito interessante.
Outra empresa que decidiu inovar com a reutilização de pneus foi
á empresa Recycool, que desenvolve sofás, poltronas e mesas de
centro utilizando a câmera do pneu. A câmera é a parte mais maleável
da borracha, tendo o design dos móveis marcado por gomos presos por
uma armação de metal. Esta é uma solução inteligente e bem criativa,
não desperdiçando nenhuma parte da roda.
5) Reciclagem de Ultrassom: Consiste no processo onde o ultrassom é
aplicado na borracha enquanto a mesma se encontra sob forte pressão.
Este tipo de reciclagem tem como base a moldagem feita através da
borracha forçada, tornando o material mais macio e moldado em um
novo material.
6) Pirólise de pneu: Baseia se no processo que o pneu é esquentado
num ambiente fechado sem ter oxigênio. Em seguida, o pneu é derretido
no forno até chegar a sua matéria original. Conforme o processo de
derretimento do pneu, ele pode produzir diferentes subprodutos. Uma
das maneiras de derretimento do pneu é a eletromagnética, que produz
os subprodutos de metal, gás e óleo artificial.
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Pirólise de pneus com xisto – Petrobrás
A Petrobrás desde o ano de 1998, na unidade de São Mateus do
Sul que fica localizado no Paraná, instalou uma usina de
reprocessamento juntando xisto e pneus descartados para produção de
óleo e gás combustíveis, esta tecnologia foi desenvolvida pela própria
empresa e também e reconhecida mundialmente.
Os pneus usados são cortados em pedaços, misturados ao xisto
e esta mistura é levada a um reator cilíndrico vertical para ser aquecida
numa temperatura de aproximadamente 500°C. Com esta alta
temperatura, o mineral libera uma matéria orgânica em forma de óleo e
gás. Logo depois, o xisto e a borracha passam por um processo de
resfriamento, tendo como resultado em sua condensação os vapores de
óleo na forma de gotículas, que se forma o óleo pesado. Depois do óleo
pesado ser retirado os gases de xisto passam por outro processo de
limpeza para produção do óleo leve.
O óleo que sobra é encaminhado para outra unidade, onde são
obtidos o gás combustível e o gás liquefeito (GLP), tendo também a
recuperação do enxofre.
Para recuperação do meio ambiente é feito o seguinte
procedimento: o que sobra da mistura do pneu com o xisto e levada
para as cavas da mina e recoberta por uma camada de argila e solo
vegetal. Na indústria siderúrgica é utilizado o arame de aço.
A Petrobrás na região do Paraná possui uma iniciativa para
solucionar este problema. Por dia são processados aproximadamente
cerca de 12 mil pneus que são picotados. Deste processo é possível
extrair óleo e também fertilizantes para serem utilizados na agricultura.
O intuito da Petrobrás é incrementar o serviço tendo isto como
sua meta. Este processamento ainda não gera lucro para a empresa,
mais agrada aos catadores de lixo. Pois os catadores de lixo ganham R$
0,50 por cada pneu resgatado e encaminhado a empresa, já na catação
25
de latinhas eles teriam que resgatar quilos e mais quilos para obter o
mesmo valor.
Agricultura – Os pneus inservíveis podem ser utilizados para
construção de cerca em área rural. Para este processo ser
confeccionado com pneus usados é necessário estarem dispostas entre
mourões, espaçadas por uma fileira de quatro a seis pneus colocados
no sentido vertical, que é complementada por mais duas fileiras
sobrepostas.
Nesta primeira etapa, os pneus são colocados na primeira fileira e
são enterrados no solo, estando no sentido horizontal, estão fixados
entre si e por rebites e com grampos de cerca nos mourões. Já na
segunda fileira, os pneus que estão sendo utilizados, recebem 3 furos
de ¾ de diâmetro, diametralmente opostos, tendo o objetivo de
drenagem das carcaças, eles são fixados entre si no sentido vertical por
rebites. Na última fileira, os mourões são unidos por arame na face
superior, e neste arame são amarrados os pneus da última fileira.
Este processo apresenta um baixo custo na sua manutenção e
instalação, tendo um valor de 40% inferior a cerca do arame farpado de
5 fios. Permite a segurança aos usuários de estradas e também
ajudando em suas criações.
A única desvantagem deste processo é que pode gerar incêndio
acidental ou provocado, devido agregação de vários pneus.
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Máquinas de Pirólise
Pneus Fácil, Métodos de Reciclar Pneus Usados
(extraída de PNEUS FACIL,2012)
7) Reciclagem de Microondas: É um processo que converte o pneu
usado retornando se para as suas matérias originais que podem incluir
gasolina, metal e carvão preto. Este método não possui um custo muito
caro e pode completar o processo de reciclagem do pneu, possibilitando
a criação de pneus novos através de pneus usados.
Máquina de Microondas
Pneus Fácil, Métodos de Reciclar Pneus Usados
(extraída de PNEUS FACIL, 2012 )
Como exemplo, podemos citar uma empresa norte americana,
que faz o processo do pneu usado, transformando o material de volta no
óleo do qual foi produzido. A empresa Global Resource Corporation
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(GRC) afirma que basta um microndas corretamente ajustado. Entende-
se que vários materiais feitos através de petróleo poderiam ser
reduzidos de novo para óleo de gás combustível. O trunfo desta
empresa é utilizar um maquinário que possui 1.200 tipos de frequencias
de microondas, podendo atuar sobre hidrocarbonos específicos. No
momento que o material atinge o seu ápice adequado de ondas pelo
comprimento parte dos hidrocarbonos são quebrados de volta em óleo
diesel e gás combustível.
8) Mecânico (química reciclagem): É um método que consiste na
devulcanização de resíduos do pneu através de uma combinação de
processo químico e de moagem. Tendo um processo que funcione
corretamente, ele pode ser vendido no mercado para outros fins,
resultando em uma infinidade de produtos que podem ser criados
através de pneus usados. Podemos dar exemplos de alguns produtos
como: pisos de parques, bancos e balanço.
A borracha triturada para misturar com ou asfalto para criar rodovias
Pneus Fácil, Métodos de Reciclar Pneus Usados
(extraída de PNEUS FACIL,2012)
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Pisos de Parque
Pneus Fácil, Métodos de Reciclar Pneus Usados
(extraída de PNEUS FACIL,2012)
9) Tubos de drenagem: Consiste basicamente no desenvolvimento de
um tubo de drenagem que realiza a drenagem de água tanto em
ambiente urbanos quantos em rurais. Os tubos de drenagem mais
conhecidos são: os feitos de concretos ou PVC (plástico que
parcialmente é originário do petróleo). Uma inovação foi se criar tubos
de drenagem feitos com a utilização de pneus inservíveis, que ajudam a
reduzir os custos neste processo.
Para o surgimento de um tubo de drenagem feito com pneus
inservíveis é necessário a realização de um corte especial no pneu. Já
na parte inferior do pneu é feito um corte em forma de seta e na parte
superior é feito um corte simples, da maneira que um pneu possa se
encaixar no outro. Os cortes a serem realizados no pneu pode variar de
4 a 6. Outra característica da realização dos cortes nos pneus é a para
que se evite o acúmulo de água em seu interior, tendo como
conseqüência o desenvolvimento de insetos. Estes tubos podem ser
dimensionados ao comprimento desejado, tendo como base os números
de pneus necessários para qualquer tipo de drenagem a ser aplicada.
Os tubos podem possuir comprimentos e diâmetros variáveis de
acordo com o número de pneus e ao tipo de pneus utilizados. Podemos
citar algumas possíveis aplicações dos tubos de drenagem que são:
29
a) Drenagem urbana: Processo pelo qual é feito buracos no solo,
tendo a finalidade de comportar os tubos de drenagem. A
instalação destes tubos pode ser feitas em calçadas, rotatórios,
praças e etc. Para evitar acidentes com veículos como de
pedestres,é importante instalar uma grade de proteção.
b) Drenagem e contenção de erosões e do escorrimento superficial
em meio rural: Realiza se buracos no solo, tendo o objetivo de
comportar os tubos de drenagem. Neste procedimento a
instalação dos tubos é realizada em local suscetível á erosão,
atraindo a água do escorrimento superficial e reabastecendo o
lençol freático. Lembrando sempre de instalar cerca em volta dos
tubos para prevenir acidentes com pessoas e animais.
c) Construção de sumidouros: Na maneira tradicional é utilizado
tijolos de barro para contenção de barranco. O sumidouro é
modular podendo ser adequado a dimensão volumétrica
equivalente a do convencional. Para se construir uma fossa
residencial são utilizados 4 tubos de drenagem, sendo compostos
de oito pneus cada, totalizando trinta e dois pneus. Com esse
método verifica-se uma economia na construção da fossa de
aproximadamente 50 a 60%, quando se compara ao modo
convencional que utiliza tijolos de barro.
10) Dormentes ferroviários: Este procedimento de dormentes
ferroviários utilizando pneus inservíveis é uma prática bastante recente
e inovadora. Os pneus inservíveis são cortados em forma retangulares
que são empilhadas e comprimidas até atingir a altura de 17
centímetros. Este padrão é o utilizado atualmente na ferrovia brasileira.
A madeira tem sido utilizada desde o surgimento da ferrovia devido as
suas características físicas e por ser o material de comportamento mais
satisfatório, tendo cumprindo as funções principais do dormente de ser o
elemento de transferência de cargas do trilho para o lastro e possuindo
a configuração geométrica da linha da bitola. Devido ao aumento de
30
consumo e a escassez do produto, procurou-se adotar outros materiais
como: concreto, metal e plástico. Uma forma inovadora foi com o
surgimento do pneu para substituir a madeira, uma maneira benéfica
para a sociedade.
11) Recifes artificiais: É uma alternativa para elevar a produtividade
pesqueira. Ainda existe uma tradição na região Nordeste do Brasil de
construir pequenos pesqueiros denominados Marambais, que são
aglomerações de diversos materiais lançados sobre o fundo do mar. Ao
longo do tempo, os pescadores vêm preservando esta prática por várias
gerações. Na região, o material mais empregado é a madeira de
mangue, que por conseqüência possui efeitos negativos sobre os
diferentes organismos e recursos presentes no mangue. Os recifes
artificiais estão relacionados ao uso de materiais consolidados, que
podem ser o metal, concreto, rocha natural, pneus, entre outros. Estes
promovem a remoldagem do ecossistema marinho com a oferta de
novos habitat.
O objetivo principal dos recifes artificiais é promover o incremento
da produtividade pesqueira, possuindo a conscientização da
recuperação de áreas degradadas, podendo estimular a pesca
esportiva, incentivar o turismo aquático e restringir o acesso da pesca de
arraste.
A construção dos recifes é feita com materiais descartados.
Entretanto, alguns materiais podem poluir o ambiente marinho através
da reação química com a água do mar, podendo impedir o crescimento
ou alteração do habitat devido a sua toxicidade. Os experimentos feitos
com pneus inservíveis têm mostrado a estabilidade física e química sob
a água do mar, alta durabilidade, número de cavidades e superfícies
proporcionadas e também pela facilidade de manuseio. Tendo como
adequação desse método o baixo custo do material para a construção.
Com a utilização de pneus usados na construção de recifes
podem possuir diferentes maneiras, quantidades e formas de arranjos
31
empregadas. Podem atuar como refúgio para a criação de peixes e
crustáceos. Esta implantação foi utilizada no estado do Ceará nos anos
90, devido à epidemia de dengue que surgiu naquela década,
ocasionando a queima de pneus.
12) Cuminuição - É a melhor opção para o armazenamento dos pneus
usados.Tendo como visão a destinação deste inservíveis e viabilizando
o mercado local e regional. Este procedimento tem como objetivo reduzir
o pneu inservível em fragmentos menores, podendo ou não requerer um
controle de sua granulometria para a liberação do aço e da fibra de
tecido, visando atingir o tamanho aceitável pelo mercado.
Esta técnica pode ser de realizada por meio de tecnologia
ambiental ou criogênica (tecnologia para produção de temperaturas
muito baixas). A cuminuição exerce um papel importante para o
processo de reutilização dos pneus como, por exemplo, o processo de
pirólise, que utiliza o uso de partículas menores, possibilitando uma
maior cinética de digestão, e o de co-processamento, que exerce a
queima nos fornos, pois ela é mais eficiente e controlada.
A cuminuição, seja ela mecânica ou ambietal, compreende o
processamento de pneus usados a temperatura ambiente até atingir no
máximo 120°C. O princípio de redução consiste no corte, quebra e
desfiamento da borracha, a obtenção de aparas ou lascas de cerca de 5
cm, cuja morfologia da partícula resultante é esponjosa e áspera, e com
superfície específica alta.
O processo de cuminuição tem como vantagem reduzir o volume
de pneus em cerca de ¼ do seu volume original, o espaço no seu
armazenamento e também com os custos de transporte e manuseio.
O que se torna uma desvantagem neste processo é pelo custo de
manutenção e consumo de energia que possui um custo muito elevado.
A cuminuição criogênica caracteriza-se em inteira ou processada,
e o seu processo pode apresentar uma temperatura variada entre - 80°C
à -120°C. Quando a borracha adquire uma consistência semelhante a
32
do gelo ocorre à indução de quebra pelo próprio processo criogênico.
Assim o resultado apresenta as partículas com morfologia uniforme e
suave, e superfície específica baixa. Este processo possui a vantagem
de ter um menor dispêndio de energia, gasta-se menos equipamentos,
além de facilitar a liberação do aço e da fibra culminando num produto
mais limpo quando comparada ao procedimento industrial mecânico ou
ambiental. O processo tem como desvantagem o alto custo do
nitrogênio líquido necessário ao resfriamento, considerando que
consome 0,5 a 1,0 Kg de LN2 por Kg de pneu inservível processado.
33
CAPITULO II
ANÁLISE DE RESULTADOS
De acordo com a pesquisa, um pneu descartado indevidamente demora
cerca de 600 anos para se decompuser naturalmente, o que faz com que o
conhecimento do processo logístico da reutilização de pneus inservíveis seja
de suma importância. Percebe-se que os agentes analisados da cadeia
logística dos pneus inservíveis podem ser divididos em dois tipos: a produção e
industrialização do material, que prepara o material para ser reutilizado de
acordo com seu fim, e a distribuição física do mesmo, fazendo o elo entre a
manufatura de pneus inservíveis e a destinação final da matéria bruta
industrializada.
A recapagem ou remoldagem, processo visto em Mercado de 2ª na
Cadeia, é um processo já utilizado em diversas transportadoras para abastecer
a frota. As empresas que adotaram este sistema afirmam que reduziram seus
custos em quase 70%, pois o gasto com o processo de remoldagem ocorrido
mensalmente equivale a 1/3 do valor de um pneu novo.
A figura 4 mostra um comparativo entre o consumo de pneus novos e de
pneus recapados dentro de empresas transportadoras.
100
36,4463,56
0
20
40
60
80
100
Total dePneus
PneusNovos
PneusRemold
Figura 4 – Relação entre pneus novos e pneus remoldados
Pesquisa de Campo
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Sendo o número de remoldagens superior ao número de aquisição de
pneus novos, o número de descarte diminui substancialmente, tendo como
conseqüência uma quantidade menor de recursos naturais extraídos da
natureza, o custo logístico de empresas e indústrias diminui, resultando em
uma possível queda de preços de serviços prestados a população (por
exemplo, o preço da passagem urbana). Portanto, o processo de reutilização
de pneus inservíveis, no caso a remoldagem, torna-se importantíssimo nas
atividades logísticas realizadas, além de abrir um vasto leque de oportunidades
ao gerenciamento desta cadeia reversa.
35
CONCLUSÃO
A proposta do trabalho tem como base as dificuldades do acesso aos
ecopontos distribuídos pelo Brasil, assim como o funcionamento e o
entendimento da cadeia logística por trás do processo de reuso dos pneus
inservíveis. Em relação ao descarte, podemos constatar o baixo número de
pontos de coleta especializados por todo o território nacional, o que contribui
com a armazenagem indevida do material. Além disso, nota-se que embora o
CONAMA possua uma legislação própria para o problema não foi constatado
uma real mobilização, seja por indústrias ou pela própria população em geral,
para a solução do descarte indevido. Mesmo com o crescimento da logística
reversa de pneus inservíveis, a prática da atividade ainda está longe do ideal.
Por exemplo: De meados de 2002 ao primeiro quadrimestre de 2011,
não houve por parte das empresas a destinação adequada de cerca de 425
milhões de pneus que deixaram de ser úteis para rodar em automóveis, ônibus
e caminhões, o que se pode corresponder a 2, 1 milhões de toneladas deste
artefato. Verifica-se que nesse período os importadores de pneus novos
cumpriram 97,03% das metas estabelecidas; fabricantes cumpriram 47,3% e
importadores de pneus usados cumpriram 12, 92%.
Os estudos comprovaram que a prática da logística reversa para pneus
inservíveis contribui substancialmente para o avanço tecnológico da empresa
que opta pela realização do processo, gerando, em alguns casos, fontes de
energia pura para a fabricação de determinados produtos, reduzindo
gradativamente os custos operacionais. Em relação aos custos logísticos, as
transportadoras que optam pelo uso de pneus remoldados conseguem uma
boa economia, já que o processo de remoldagem para pneus inservíveis gera
um custo três vezes menor comparado ao pneu novo.
A evidência do Desenvolvimento Sustentável contribuiu muito com o
crescimento da Logística Reversa. Isto fez com que o mercado abrisse as
portas para empresas especializadas na transformação do produto e na
distribuição física desde a industrialização à destinação final. Empresas, como
a Reciclanip, possuem tecnologia de ponta para a transformação do pneu no
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estado inservível em matéria bruta, concretizadas para o reuso em diversos
recursos de suma importância, com pavimentação urbana, pisos, materiais
automobilísticos (tapetes) vasos para flores, entre outros.
Seria ótimo se existisse um trabalho em conjunto entre os fabricantes e
importadores de pneus para aprimorar um modelo de logística reversa que
diminua os custos, aumente a oferta de pneus servíveis para as empresas de
reforma, tendo por base o meio de seleção e triagem nos pontos de coleta.
Em suma, não possuem ações que visem aumentar a oferta de pneus
inservíveis para atender a demanda das empresas de pré-tratamento, co-
processamento, pirólise e queima em caldeiras. Além disso, não existe
conscientização da parte dos consumidores para diminuir o problema. Os
consumidores ao realizarem a troca de pneus nas lojas e revendas 36% deles
levam os pneus usados para casa, baseando se que exista algum valor neles.
Falta incentivo por parte dos fabricantes, importadores, revendedores e
distribuidores para programas de coletas e destinação dos pneus inservíveis.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FILHO, E. R.; BERTÉ, R. O reverso da logística e as questões
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em Engenharia de Produção) Florianópolis, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis - SC.
MOTTA, F. G. A cadeia de destinação dos pneus inservíveis – o papel
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Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo FESPSP).
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é dado aos pneus usados. São Paulo: Uninove, 2004 (Monografia de
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RECICLANIP. O ciclo sustentável do pneu. Disponível em: <http://www.
reciclanip. com. br> Acesso em 22 nov. 2010.
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