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Laboratório de Ecologia de Aves LABECOAVES

Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências,

Universidade de São Paulo

Avifauna da Estação Ecológica de

Itirapina e sua conservação: um estudo de

caso em Unidade de Conservação de Cerrado no interior paulista

José Carlos Motta-Junior Colaboradores.: Marco A. Granzinolli e Pedro F. Develey

Introdução

Apesar da alta biodiversidade no Domínio do Cerrado,

incluindo pelo menos 856 espécies de aves (Silva & Santos 2005),

poucos estudos têm avaliado a diversidade local das aves,

especialmente em áreas marginais desse Domínio.

A Estação Ecológica de Itirapina (EEI) contém um dos últimos

remanescentes de campos naturais e cerrados do estado de São Paulo.

Willis (2004) lista espécies de aves para o município de Itirapina,

incluindo a porção sul da EEI, mas nenhum estudo prévio havia

considerado esta UC em sua totalidade.

Objetivos

• listar aves com ocorrência recente em toda EEI, destacando espécies

ameaçadas de extinção no estado e endêmicas de cerrado;

• comparar a lista com outras áreas de cerrado do estado e do Brasil

(áreas periféricas de cerrado são irrelevantes?);

• propor medidas de manejo para a UC pelo menos manter a

diversidade atual de aves.

Entre 1998 e 2007

Estação Ecológica de Itirapina (2300 ha) - Google Earth

1km

N

No Brasil a cobertura

original do Domínio

do Cerrado era cerca

de 25% do território;

Em São Paulo era

14% do estado.

Fonte: Bitencourt et al. (2007)

Algumas fisionomias encontradas na EEI.

Campo sujo

Campo cerrado Mata de galeria

Campo limpo

Campos sazonalmente alagáveis

Julho/2010

Dezembro/2010

Fevereiro/2011

Athene cunicularia

Ardea alba

Culicivora caudacuta

Entre 1998 e 2013 foram realizadas tanto observações não

sistematizadas (qualitativas) como sistematizadas (quantitativas,

pontos de escuta e transectos) das aves dentro dos limites da EEI.

Totalizamos aproximadamente 105 visitas e 900 h. Os horários de

observação foram concentrados entre 05:30 e 10:30 h, e entre

14:30 e 21:30 h.

Adicionalmente consideramos estudos de Willis (2004) e Ragusa-

Netto (1999, 2000, 2001) na EEI como fontes complementares

para composição da lista.

A comparação com outras 21 áreas sob Domínio do Cerrado

realizou-se por meio de análise de agrupamento usando cinco

coeficientes binários – MVSP 3.2

Métodos

Resultados

•238 spp. registradas dentro dos limites da EEI;

em 21 ordens e 55 famílias (22 só de Passeriformes).

•Tal diversidade taxonômica representa 27,8% do total de 856 spp. de aves listadas para todo o Cerrado (Silva & Santos 2005).

•Na EEI encontram-se 30,9% das 770 spp. de aves listadas para o

estado de São Paulo (Willis& Oniki 2003).

•EEI apresenta 11 ou 33,3% das 33 aves endêmicas do Domínio

do Cerrado (Cavalcanti 1999; Bagno & Marinho-Filho 2001 e Silva

& Bates 2002). - Não surpreende, portanto, ser uma IBA – BirdLife.

• das 35 espécies ameaçadas e/ou endêmicas cerrado na EEI,

22 (63%) usam fisionomias de cerrado aberto.

Rhea americana CP

Crypturellus parvirostris

Rynchotus rufescens

Nothura maculosa

Nothura minor W CP

Anhima cornuta CP

Dendrocygna viduata

Amazonetta brasiliensis

Penelope superciliaris

Podilymbus podiceps

Phalacrocorax brasilianus

Tigrisoma lineatum

Nycticorax nycticorax

Bulbucus ibis

Butorides striata

Ardea cocoi

Ardea alba

Syrigma sibilatrix

Egretta thula

Mesembrinibis cayennensis

Theristicus caudatus

Platalea ajaja

Jabiru mycteria CP

Mycteria americana

Cathartes aura

Coragyps atratus

Sarcoramphus papa EP

Pandion haliaetus

Chondrohierax uncinatus W VU

Gampsonyx swainsonii

Elanus leucurus

Ictinia plumbea

Accipiter superciliosus

Accipiter striatus W

Buteogallus urubitinga

Heterospizias meridionalis

Harpyhaliaetus coronatus CP

Rupornis magnirostris

Buteo albicaudatus

Caracara plancus

Milvago chimachima

Herpetotheres cachinnans

Falco sparverius

Falco femoralis

Micropygia schomburgkii VU

Aramides cajanea

Amaurolimnas concolor W

Laterallus xenopterus W

Porzana albicolis

Pardirallus nigricans

Gallinula chloropus

Porphyrio martinica

Cariama cristata

Vanellus chilensis

Gallinago paraguaiae W

Gallinago undulata

Jacana jacana

Columbina talpacoti

Columbina squammata

Patagioenas (=Columba) picazuro

Patagioenas(=Columba) cayennensis

Zenaida auriculata

Leptotila verreauxi

Aratinga leucophthalma

Aratinga aurea

Forpus xanthopterygius

Brotogeris chiriri

Piaya cayana

Coccyzus melanocoryphus

Crotophaga ani

Guira guira

Tapera naevia

Tyto alba

Megascops (=Otus) choliba

Glaucidium brasilianum

Athene cunicularia

Rhinoptynx (=Asio) clamator

Asio stygius

Asio flammeus

Nyctibius griseus

Nyctidromus albicollis

Caprimulgus parvulus

Hydropsalis torquata (=brasiliana)

Cypseloides fumigatus W

Cypseloides senex W VU

Streptoprocne zonaris

Chaetura meridionalis

Phaethornis pretrei

Eupetomena macroura

Aphantochroa cirrochloris

Florisuga (=Melanotrochilus) fusca

Colibri serrirostris

Chlorostilbon lucidus(=aureoventris)

Hylocharis chrysura

Polytmus guainumbi W

Amazilia versicolor

Amazilia lactea

Ceryle (=Megaceryle) torquatus

Chloroceryle amazona

Chloroceryle americana

Galbula ruficauda

Nystalus chacuru

Ramphastos toco

AVES DA EEI

Picumnus albosquamatus

Melanerpes candidus

Picoides mixtus CP

Veniliornis passerinus

Colaptes melanochloros

Colaptes campestris

Dryocopus lineatus

Melanopareia torquata EP

Taraba major

Thamnophilus doliatus

Thamnophilus caerulescens

Thamnophilus torquatus

Thamnophilus ruficapillus

Formicivora rufa

Conopophaga lineata

Geositta poeciloptera W PE

Lepidocolaptes angustirostris

Furnarius rufus

Synallaxis frontalis

Synallaxis albescens

Synallaxis spixi

Cranioleuca vulpina

Certhiaxis cinnamomeus

Phacellodomus ferrugineigula W

Anumbius annumbi W

Hylocryptus (=Automolus) rectirostris VU

Hemitriccus margaritaceiventer

Todirostrum cinereum

Elaenia flavogaster

Elaenia mesoleuca

Elaenia cristata VU

Elaenia chiriquensis

Elaenia obscura

Elaenia parvirostris W

Camptostoma obsoletum

Suiriri suiriri

Serpophaga subcristata

Serpophaga nigricans W

Polystictus pectoralis CP

Culicivora caudacuta EP

Myiophobus fasciatus

Lathrothricus euleri

Satrapa icterophrys W

Xolmis cinereus

Xolmis velatus

Gubernetes yetapa

Fluvicola nengeta

Arundinicola leucocephala

Alectrurus tricolor CP

Machetornis rixosa

Myiozetetes similis

Pitangus sulphuratus

Myiodynastes maculatus

Megarynchus pitangua

Empidonomus varius

Pyrocephalus runbinus

Tyrannus albogularis

Tyrannus melancholicus

Tyrannus savana

Myiarchus swainsoni

Myiarchus ferox

Myiarchus tyrannulus

Antilophia galeata

Cyclarhis gujanensis

Vireo olivaceus

Hylophilus amaurocephalus

Cyanocorax cristatellus

Cyanocorax chrysops

Tachycineta albiventer

Tachycineta leucorrhoa

Progne tapera

Progne chalybea

Pygochelidon cyanoleuca

Alopochelidon fucata

Stelgidopteryx ruficollis

Hirundo rustica W

Petrochelidon pyrrhonota W

Troglodytes musculus

Donacobius atricapilla

Turdus rufiventris

Turdus leucomelas

Turdus amaurochalinus

Mimus saturninus

Anthus lutescens

Anthus nattereri W CP

Coereba flaveola

Tersina viridis

Schistochlamys melanopis CP

Schistochlamys ruficapillus

Neothraupis fasciata EP

Nemosia pileata

Thlypopsis sordida

Cypsnagra hirundinacea EP

Piranga flava

Ramphocelus carbo

Thraupis sayaca

Tangara cayana

Dacnis cayana

Conirostrum speciosum

AVES DA EEI

Zonotrichia capensis

Ammodramus humeralis

Sicalis citrina

Sicalis flaveola

Sicalis luteola (=luteoviridis)

Emberizoides herbicola

Emberizoides ypiranganus EP

Volatinia jacarina

Sporophila plumbea EP

Sporophila lineola

Sporophila caerulescens

Sporophila leucoptera

Sporophila bouvreuil pileata CP

Sporophila hypoxantha

Sporophila ruficollisW CP

Sporophila palustris WCP

Sporophila cinnamomea W CP

Sporophila melanogaster W

Arremom flavirostris

Charitospiza eucosma PE

Coryphaspiza melanotis CP

Coryphospingus cucullatus

Cardinalidae

Saltator similis

Saltator atricollis VU

Parula pitiayumi

Geothlypis aequinoctialis

AVES DA EEI

Basileuterus hypoleucus

Basileuterus flaveolus

Basileuterus leucophrys VU

Icterus cayanensis

Gnorimopsar chopi

Pseudoleistes guirahuro

Molothrus bonariensis

Sturnella (=Leistes) superciliaris

Carduelis magellanica

Euphonia chlorotica


Saltattor atricollis

Sporophila bouvreuil pileata Neothraupis fasciata

Parcial ou totalmente migratórias na EEI:

41 spp, ou 17,2% de todas spp registradas

Elaenia chiriquensis

Elanus leucurus Sporophila bouvreuil pileata

Tyrannus savana

Alopochelidon fucata Asio flammeus

Pyrocephalus rubinus

COMPARAÇÃO COM OUTRAS AREAS DE CERRADO

Análise de agrupamento (cluster UPGMA)

Análise de agrupamento (cluster UPGMA)

Mas essa similaridade com

areas core do Cerrado seria

apenas para aves??

Fonte: Sawaya et al. (2008)

Análise de agrupamento (UPGMA) para serpentes

Fonte: Brasiliero et al. (2008)

Análise de agrupamento (WPGMA) para anfíbios

Endêmicas do Domínio do Cerrado [seg. Cavalcanti (1999), Bagno & Marinho -Filho(2001), Silva & Santos (2005)]

EEI tem 11 ou

33% das spp

endêmicas de Cerrado

Melanopareia torquata

Ameaçadas de Extinção no

estado de São Paulo DOE (2014)

Polystictus pectoralis

Aves “obrigatórias” de campo (sensu Vickery et al. 1999)

Alectrurus tricolor ♀


Aves não registradas há 10 anos ou mais

Petrochelidon pyrrhonota Nothura minor © Birdlife

Geositta poeciloptera

Sporophila hypoxantha © Silvia Vitale Anthus nattereri © Graham Ekins

Aves não registradas há pelo

menos 5 anos

Rhea americana

Seria viável a reintrodução?

Charitospiza eucosma ♂ © João Quental

Sugestões de manejo

• evitar incêndios excessivos/muito frequentes;

controlar, particularmente fogo contra matas de galeria;

Asio clamator

Fogo e recuperação

Julho 2009 – 5 dias após incêndio

Agosto 2009 - ~30 dias após

Novembro 2009 – 4 meses após

Aves forrageando em cerrado após incêndio – julho 2009


• caçadores; fiscalização mais intensa;

• cercamento da EEI, atualmente sem cercas/porteiras, para

evitar entrada de veículos/pessoas não autorizados;

• bovinos/equinos /caprinos, evitar acesso;

• pinheiros (Pinus spp) e eucaliptos (Eucalyptus spp): controlar;

• recomposição de trechos depauperados de mata-de-galeria;

• incorporar áreas vizinhas de campos e cerrados a EEI, ou pelo

menos proceder a interligação/corredores para áreas vizinhas

de vegetação de cerrado;

Ramphastos toco

Expansão da área da EEI


• controlar capins invasores;

• incentivar mais pesquisas na UC – p.ex. história

natural/requisitos ecológicos;

• promover continuamente educação ambiental com as populações humanas dos municípios onde se insere a UC;

• para discussão: seria viável reintroduzir espécies quase

extintas localmente?? p.ex. Charitospiza eucosma – comum na

cidade de Palmas/TO!? Ou Rhea americana – com reprodução

bem sucedida em Zoológico de São Carlos/SP?

Alectrurus tricolor ♂

Conclusões

• EEI tem alta proporção de espécies ameaçadas e/ou

endêmicas de cerrado para uma área pequena e periférica –

resultado em boa medida explicado pela ocorrência de

campos limpos e campos sujos;

•A avifauna de Itirapina é bastante similar às avifaunas de UCs

do DF e MG, situadas na área core do Cerrado;

•Áreas marginais do Domínio do Cerrado devem ser mais estudadas e preservadas – interligação/corredores e/ou

expansões podem minimizar efeito do pequeno tamanho das

áreas.

Polystictus pectoralis – vocalização territorial

Agradecimentos: FAPESP e PPG-Ecologia /IB-USP - providenciaram suporte financeiro para este estudo. Instituto Florestal de São Paulo e pessoal administrativo da EEI - forneceram apoio logistico.

MUITO GRATO PELA SUA ATENÇÃO!

Dueto de Cypsnagra hirundinacea

avifauna da estação ecológica de itirapina e sua ...€¦ · estado de são paulo (willis&...

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