aves que utilizam poleiros

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  • 7/24/2019 Aves Que Utilizam Poleiros

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    1Ana is do VI II Congresso d e Eco logia d o Brasil , 23 a 28 de Setem bro d e 2007, Ca xam bu - MG

    AVES QUE UTILIZAM POLEIROS ARTIFICIAIS EM REAS

    DEGRADADAS DA FLORESTA ATLNTICA

    L.G.D. Gustman1, A.A.B. Oliveira2& S.B. Mikich3

    1Graduando em Cincias Biolgicas - UFPR Curitiba; estagirio daEmbrapa Florestas. 2Pesquisador associado daMlleriana; Ps-graduando em Biologia Animal - UNESP So Jos Rio Preto 3Pesquisadora daEmbrapa Florestas.Estrada da Ribeira km111, C.Postal 319, 83411-000, Colombo - PR, [email protected].

    INTRODUO

    Tcnicas de nucleao esto baseadas na influnciaque determinadas espcies, ditas colonizadoras,exercem no ambiente, melhorando a qualidade

    deste e possibilitando a entrada de organismosmais exigentes no processo de sucesso vegetal.Dentre as ferramentas utilizadas para promover anucleao esto os poleiros naturais ou artificiais,que funcionam como focos de recrutamento depropgulos ornitocricos. Esses poleiros soutilizados pelas aves para repousar ou forragear.Enquanto pousadas, porm, as aves frugvoras ouonvoras podem defecar ou regurgitar sementesoriundas de fontes prximas, incrementando achuva e o banco de sementes local. A identificao

    e o monitoramento das aves que utilizam poleiros,portanto, so fundamentais para a avaliao daeficincia dos poleiros como tcnica de recuperaoambiental, assim como a avaliao da chuva desementes - esta j realizada por meio de algunsestudos (p.ex. McClanaham e Wolfe 1993; Melo etal. 2000; Mikich e Possette no prelo). Dessa forma,em 2005 teve incio um projeto que visa analisar aeficincia de duas tcnicas de recuperao de reasdegradadas, uma delas o uso de poleiros artificiaispara o incremento da chuva de sementesornitocricas. Este projeto desenvolvido na

    Floresta Estacional Semidecidual (FES)paranaense, reduzida a menos de 5% de sua reaoriginal e representada por pequenos fragmentoscercados por cultivos agrcolas e pastagens (Mikiche Silva 2001). Ali so monitorados: o uso dospoleiros pelas aves, a chuva de sementes e aregenerao natural, sob diferentes condies deuso pretrito do solo e localizao na paisagem.Neste trabalho so apresentados os dados relativosao uso geral dos poleiros artificiais pelas aves.

    OBJETIVOSQualificar e quantificar o uso de poleiros artificiaispor aves em reas abertas da Floresta Atlntica.

    Inferir, com base da dieta das aves observadas nospoleiros, quais so potenciais dispersoras desementes.

    MATERIAL E MTODOS

    O estudo est sendo conduzido desde novembro de2005 na Fazenda Corumbata, Fnix -PR, vizinhaao Parque Estadual Vila Rica do Esprito Santo,cuja avifauna vem sendo estudada h duas dcadas,revelando a presena de 257 espcies (Mikich eOliveira 2003). Ali foram instaladas oito unidadesde induo de disperso de sementes por aves(UIDS) de 400 m cada, quatro em reas deagricultura e quatro em pastagens, subdivididasem duas para cada subformao da FES (aluvial esubmontana). Em cada UIDS nove poleiros

    artificiais foram instalados, cada qual representadopor uma vara de bambu com 2 m de altura e umabarra horizontal de 1 m de comprimento fixada 1,7m acima do solo. Sob os poleiros foi delimitada umaparcela de regenerao de 0,25 m e instalado umcoletor de sementes de mesma rea. Para qualificare quantificar o uso dos poleiros pelas aves, entrejaneiro e dezembro de 2006, foram conduzidas 2horas mensais de observao por parcela, sendo 1h pela manh e 1 h tarde. Todos os registrosforam realizados com auxlio de binculo 8x50 mmpor um nico observador, parado a cerca de 30 m

    da parcela para minimizar a interferncia sobre asaves. Para efeito deste trabalho foram registrados:a identificao das espcies que utilizaram ospoleiros e o nmero de pousos/espcie.

    Os dados aqui apresentados representamapenas a primeira aproximao dasanlises e interpretaes, j que o projetoest em andamento e contempla outrosdados, como exposto acima.

    RESULTADOS E DISCUSSONos 12 meses de observao, foram registrados 215pousos de 18 espcies: Crotophaga ani* (n= 48

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    2Ana is do VI II Cong resso d e Ec olog ia do Brasi l, 23 a 28 de Setem bro d e 2007, Caxa m bu - M G

    pousos), Tyrannus melancholicus*(39), Columbinatalpacoti*(36), Volatinia jacarina(23),Sporophilacaerulescens* (18), Pitangus sulphuratus* (15),Zenaida auriculata(12),Zonotrichia capensis*(5),Arundinicola leucocephala(4),Mimus saturninus*(3),Ammodramus humeralis(3), Tyrannus savana*(2), Turdus amaurochalinus*(2),Furnarius rufus

    (1), Satrapa icterophrys* (1), Myiodinastesmaculatus* (1), Troglodytes musculus (1),Coryphospingus cucullatus(1), e mais 19 registrosde espcies no identificadas. Das 18 espciesidentificadas, 11 (marcadas com *) possuemregistro de consumo de frutos no Banco de Dadosde Frugivoria Neotropical (www.cria.org.br/neofrug), embora duas delas (C. talpacoti e S.caerulescens) no devam atuar como dispersorasde sementes. Apesar disso, as nove potenciaisdispersoras representaram quase 54% dos pousos

    e devem estar contribuindo para incrementar achuva e o banco de sementes ornitocricas sob ospoleiros, fato que j foi verificado em estudo prvioconduzido na mesma rea e com base na anliseparcial do material recolhido nos coletores situadossob os poleiros agora observados (S.B. Mikich, dadosno publicados). Dessas, duas espcies merecemdestaque pelo seu reconhecido papel comodispersoras e pela sua elevada freqncia de usodos poleiros, P. sulphuratuse T. melancholicus.Cabe destacar que, como os insetos tambm fazemparte da alimentao da maioria dessas espcies,ao visitarem reas abertas, onde essas presas sofacilmente encontradas, podem levar sementesoriundas de fragmentos florestais prximos,depositando-as nesses locais e, com isso,incrementando o processo sucessional.

    Embora das 257 espcies de aves j registradas parao Parque Vila Rica, apenas 18 tenham sidoregistradas utilizando os poleiros artificiais, estevalor superior ao reportado por Guedes et al.(1997), que registraram oito espcies utilizandoestruturas semelhantes em uma rea de FlorestaAtlntica de Minas Gerais. O fato das novepotenciais espcies dispersoras de sementesregistradas no presente estudo serem frugvorasgeneralistas ou onvoras, sinantrpicas e ocuparemreas abertas e borda de floresta, sugere que osprogramas de conservao de espcies eecossistemas no devem focar exclusivamente emespcies ameaadas e em frugvoros especialistas,mas considerar o papel de espcies comuns egeneralistas na manuteno e recuperaoambiental, principalmente pela sua capacidade de

    adaptar-se s alteraes ambientais provocadas pelohomem. No entanto, somente a anlise da chuvade sementes e da regenerao natural induzida

    pelos poleiros, em conjunto com os resultados aquiapresentados, permitiro concluir sobre o papel daavifauna em geral e de algumas espcies emparticular, na recuperao de reas degradadas daFloresta Atlntica.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Guedes, M. C.; Melo, V. A. & Griffith, J. J.Usode poleiros artificiais e ilhas de vegetao poraves dispersoras de sementes. Ararajuba,v. 5,n. 2, p. 229-232, 1997.

    McClanahan, T. R. & Wolfe, R. W.Acceleratingforest succession in a fragmented landscape: therole of birds and perches. Conservation Biology,v. 2, p. 279-287, 1993.

    Melo, V. A.; Griffith, J. J.; Jnior, P. M.; Silva,

    E.; Guedes, M. C. & Ozrio T. F.Efeito depoleiros artificiais na disperso de sementes poraves. Revista rvore,v. 24, n. 8, p. 235-240, 2000.

    Mikich, S. B. & Oliveira, K. L. Reviso do Planode Manejo do Parque Estadual Vila Rica doEsprito Santo, Fnix - PR. Curitiba: MaterNatura; [Braslia]: Ministrio do Meio Ambiente,2003.

    Mikich, S. B. & Possette, R. F. S. Anlisequantitativa da chuva de sementes sob poleirosnaturais e artificiais em Floresta Ombrofila

    Mista. Pesquisa Florestal Brasileira (no prelo).

    Mikich, S. B. & Silva, S. M. Composio florsticae fenologia das espcies zoocricas deremanescentes de Floresta EstacionalSemidecidual no centro-oeste do Paran, Brasil.Acta Botnica Braslica, v. 15, n. 1, 89-113, 2001.

    (Parte integrante do projeto Desenvolvimento detcnicas naturais e de baixo custo para arecuperao da cobertura florestal de pequenaspropriedades rurais -EmbrapaFlorestas)