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ANÁLISE ERGONÔMICA DE UM POSTO DE
TRABALHO EM UMA EMPRESA DE PRÉ-
MOLDADOS NA CIDADE DE CAMPINA
GRANDE- PB
Jordana Rafael Isidro Santos (UFCG)
Grazielle Castro da Silva Gomes (UFCG)
Janilson Calixto da Silva (UFCG)
Matheus Oliveira Mendes da Silva (UFCG)
Ivanildo Fernandes Araujo (UFCG)
Em busca de se obter um maior e melhor desempenho produtivo de um
funcionário, a análise e avaliação ergonômica do posto de trabalho se fazem
necessário, uma vez que a saúde e bem-estar são alguns dos fatores
humanos que influenciam o trabalho. Sendo assim, este artigo tem o objetivo
de realizar uma análise ergonômica do posto de trabalho de um batedor de
canaleta em uma empresa de Pré-Moldados localizada na Cidade de
Campina Grande-PB. Para que isso fosse possível foi necessária à explanação
de algumas definições da ergonomia, da biomecânica, assim como, os
fatores humanos e como posturas corporais influenciam esse desempenho.
Para a avaliação de riscos ergonômicos do posto de trabalho foi empregada
a metodologia do sistema OWAS, método de registro e análise postural, além
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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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de um checklist disponibilizado pelo laboratório de Ergonomia do Trabalho,
localizada na UFCG, com o intuito de identificar possíveis desconformidades
do funcionário e propor melhorias para um melhor desempenho. Dentre
alguns resultados que foram obtidos em geral as condições de trabalho desse
posto são ruins, e intervenções devem ser feitas para que o funcionário não
venha a desenvolver doenças de acordo com o tempo.
Palavras-chave: Avaliação ergonômica, sistema OWAS, postura, riscos
ergonômicos
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1. Introdução
Segundo Iida (2005), a Ergonomia pode ser compreendida como a disciplina científica
que visa continuamente, da melhor forma possível, adaptar às condições anatômicas,
fisiológicas e psicológicas humanas os diversos elementos desenvolvidos pelo homem como
edificações; transportes; instalações; postos e ferramentas de trabalho e produtos de uso
coletivo e individual, a fim de promover acessibilidade e evitar eventos indesejados como
doenças e acidentes de trabalho. Dessa forma, a evolução dessa ciência ao longo da história
foi de suma importância para a melhoria das condições de trabalho e para a melhoria das
condições de vida dos seres humanos no geral.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo realizar a análise ergonômica de um
posto de trabalho, através de uma pesquisa qualitativa com coleta de informações in loco, de
acordo com a proposta analítica de avaliação do posto de trabalho sugerida por Iida (2005),
Araújo (2012) e Santos et al (2013).
No desenvolvimento do presente trabalho foram realizadas análises ergonômicas de
um posto de trabalho, com foco na biomecânica relacionada à postura do trabalhador, à carga
suportada pelo mesmo e à realização de sua operação. Em relação aos fatores ergonômicos
básicos, foram observados e analisados os tipos de operações realizadas pelo operador e os
esforços biomecânicos sofridos pelo mesmo ao desempenhar suas funções no determinado
posto de trabalho, como a postura e a carga erguida pelo mesmo, entre outros. Nas
considerações finais, de acordo com os dados avaliados, foram propostas algumas sugestões
de melhoria ergonômica do posto de trabalho para a Direção da empresa.
2 Referencial teórico
2.1 Fatores humanos no trabalho
2.1.1 Fadiga
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De acordo com Iida (2005), a fadiga é o efeito continuado que provoca uma redução
reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho, sendo
ela, originada por um conjunto complexo de fatores que possuem efeitos cumulativos. Dentre
estes fatores o autor cita em primeiro lugar, os fatores fisiológicos, relacionados com o
esforço físico e mental. No caso do posto de trabalho escolhido (batedor de canaletas), o
esforço físico é contínuo, exigindo muita força e deslocamentos contínuos na preparação do
pré-moldado e o desenforme do mesmo.
Depois dos fatores fisiológicos, há uma série de outros fatores psicológicos como a
monotonia e a falta de motivação e por fim, os fatores ambientais e sociais, como a
iluminação, ruídos, temperaturas e o relacionamento com a chefia e os colegas.
Observando o entorno do posto de trabalho é perceptível o nível de ruído elevado em
decorrência do uso de maquinário pesado nos outros postos de trabalho presentes na empresa.
Foi visto também que apesar da boa iluminação, em dias ensolarados, o ambiente fica com
temperaturas bastante elevadas em decorrência do uso de telhas translúcidas que refletem
diretamente os raios solares no local do posto de trabalho.
2.1.2 Monotonia
Segundo Iida (2005), a monotonia é a reação do organismo a um ambiente uniforme,
pobre em estímulos ou pouco excitante, e ela se sobrepõe à fadiga podendo agravá-la ou
aliviá-la. Seus sintomas são uma sensação de fadiga, sonolência, morosidade e uma
diminuição da vigilância. Várias situações, ou postos de trabalho causam monotonia,
inclusive as operações repetitivas na indústria, que é o caso do trabalhador analisado, pois o
mesmo produz apenas canaletas de cimento, repetidamente, produzindo uma média de 900
canaletas por dia.
2.1.3 Motivação
De acordo com Iida (2005), motivação é um processo em que um motivo é ativado e
mantido em funcionamento. Este motivo pode ser uma determinação, impulso, ânimo,
“garra”, objetivo, vontade, necessidade, entre outros.
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Sabe-se que não se pode observar diretamente a motivação, mas os seus efeitos podem
ser medidos intrinsecamente.
O colaborador analisado aparentemente se mostrou satisfeito e motivado com o seu
trabalho, pelo fato da aparente estabilidade que a sua tarefa lhe proporciona na empresa ,
podendo cumprir sua meta diária, ditar seu ritmo de produção, ter os seus direitos trabalhistas
garantidos, etc.
2.2 Biomecânica ocupacional
De acordo com Iida (2005), a biomecânica ocupacional faz parte da biomecânica geral
que estuda os movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho. Ou seja, preocupa-se
com as interações físicas do trabalhador, com seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e
materiais, com a finalidade de reduzir os riscos de distúrbios osteomusculares. Analisa
basicamente as questões das posturas corporais, a aplicação de forças e suas consequências.
2.2.1 Trabalho estático e dinâmico
Em relação ao trabalho, este se classifica em estático e dinâmico. O trabalho estático é
aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para manter uma determinada
posição, já o trabalho dinâmico ocorre quando há contrações e relaxamentos alternados dos
músculos. No posto de trabalho analisado o trabalho é caracterizado como dinâmico, uma vez
que o operador realiza vários movimentos de contração e relaxamento, em diferentes posições
na realização da sua tarefa.
2.2.2 Dores musculares
De acordo com Iida (2005), a dor é causada pelo acúmulo dos subprodutos do
metabolismo no interior dos músculos, em decorrência das contrações musculares acima da
capacidade circulatória em removê-los.
As dores são causadas principalmente pelo manuseio de cargas pesadas ou quando se
exigem posturas inadequadas e são associadas geralmente a forças, posturas e repetições
exageradas dos movimentos, que é o caso do operador da produção de canaletas de cimento,
que manuseia a forma metálica cheia de cimento (aproximadamente 23 kg) várias vezes ao
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dia. Segundo o mesmo, ao final da sua jornada de trabalho seu corpo fica dolorido,
principalmente na região do tórax e nos cotovelos.
2.3 Posturas do corpo humano
Iida (2005) afirma que postura é o estudo do posicionamento relativo a partes do
corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A boa postura é importante para a
realização do trabalho sem desconforto e estresse.
2.3.1 Posturas inadequadas
Iida (2005) acrescenta que os trabalhadores muitas vezes assumem posturas
inadequadas devido ao projeto deficiente das máquinas, equipamentos, postos de trabalho e
também, as exigências da tarefa.
Existem três situações principais em que a má postura pode produzir consequências
danosas:
Trabalhos estáticos que envolvem uma postura parada por longos períodos;
Trabalhos que exigem muita força;
Trabalhos que exigem posturas desfavoráveis.
O tipo de trabalho no posto analisado apresenta características do segundo e terceiro
tópicos.
2.3.2 Posturas básicas
Trabalhando ou repousando, o corpo assume três posturas básicas: as posições deitada,
sentada e em pé. Em cada uma dessas posturas estão envolvidos esforços musculares para
manter a posição relativa de partes do corpo.
No posto de trabalho analisado, o operador trabalha na posição de pé. Segundo Iida
(2005), esta posição tem a vantagem de proporcionar grande mobilidade corporal. Os braços e
pernas podem ser utilizados para alcançar os controles das máquinas. N o nosso caso, para
alcançar a forma e a pá que reabastece a bancada de trabalho.
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2.3.3 Métodos de registro e análise postural
2.3.3.1 O sistema OWAS
“Um sistema prático de registro, chamado de OWAS (Ovako Working Posture
Analysing System) foi desenvolvido por três pesquisadores finlandeses Karhu, Kansi e
Kuorinka (1977) que trabalhavam em uma empresa siderúrgica. Eles começaram com
análises fotográficas das principais posturas encontradas tipicamente na indústria
pesada” (IIDA,2005).
“Encontraram 72 posturas típicas, que resultaram de diferentes combinações das
posições do dorso (4 posições típicas), braços (3 posições típicas) e pernas (7 posições
típicas). A seguir foram feitas mais de 36340 observações em 52 tarefas típicas da
indústria, para se testar o método. Diferentes analistas treinados, observando o mesmo
trabalho, fizeram registros com 93% de concordância, em média. ” (IIDA, 2005).
Quadro 1- SISTEMAS OWAS: Posturas
Fonte: IIDA (2005).
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Segundo Karhu, Kansi e Kuorinka (1977), no sistema OWAS para o registro da
postura, cada postura é descrita por um código de seis dígitos, representando posições do
dorso, braços, pernas e carga. Os dois últimos indicam o local onde a postura foi observada.
De acordo com Iida (2005), após avaliações, as posturas foram classificadas em uma das
seguintes categorias:
Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais;
Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos
métodos de trabalho;
Classe 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo;
Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.
Essas classes dependem do tempo de duração das posturas, em percentagens da jornada de
trabalho ou da combinação das quatro variáveis, conforme o quadro a seguir.
Quadro 2- Sistema OWAS: classificação das posturas pela combinação das variáveis
Fonte: IIDA (2005).
3. A empresa “A” e o posto de trabalho avaliado
3.1. A empresa "A"
A empresa "A" escolhida para a realização deste estudo é localizada na cidade de
Campina Grande-PB e atua no ramo de pré-moldados para a construção civil. Atualmente, sua
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fábrica conta com cerca de 20 funcionários. Os quais se dividem nas atividades de
gerenciamento, produção, transporte dentro da empresa e no transporte até a loja de fábrica.
3.2. O setor de produção da empresa “A”
O setor produtivo dessa empresa se divide nas atividades de fabricação da armadura,
no preenchimento dessas armaduras, no peneiramento da areia, na preparação da massa de
cimento, na operação de uma máquina extrusora e na fabricação de canaletas. O setor trabalha
por produção, a jornada de trabalho acaba quando o funcionário atinge sua meta diária, o que
nem sempre acontece dentro das 8h que devem ser trabalhadas ao dia e por isso as horas
extras são contabilizadas e devidamente pagas a todos. A produção segue o modelo Just in
time, ou seja, produz de acordo com as vendas, mas mantém um estoque mínimo para suprir
os pedidos inesperados.
3.3. O setor e seu processo de trabalho
Figura 1- Fluxo do processo de trabalho do setor
Fonte: Dados da Pesquisa
3.3.1 Recepção
A matéria prima é recebida e estocada em um anexo fora do galpão de produção.
3.3.2 Montagem/saída
O processo de montagem se dá como o descrito no fluxograma acima. Para algumas
peças específicas, é exigido uma etapa de construção de uma armadura. Já para outras, o
processo é realizado em uma máquina extrusora que requer operadores para alimentar a
máquina e para comandá-la.
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3.3.3 Conferência de conformidade
A conferência se dá através de uma inspeção visual. Entretanto o número de perdas
nesse processo é bem baixo devido à alta experiência dos colaboradores.
3.3.4 Atividade escolhida para aplicação do AET
A atividade escolhida por esta equipe para realizar a avaliação ergonômica foi a
fabricação de canaletas.
Figura 2- Fluxo do processo do posto de trabalho em
estudo
Fonte: Dados da Pesquisa
Exige alto esforço do operador pois a forma preenchida pesa cerca de 23Kg, o
processo para a conformação é através de batidas em sua mesa de trabalho e em seguida o
operador se locomove até o ponto mais próximo para desenformar a peça. Sua mesa de
trabalho é afastada ao longo de sua jornada diária, já que as peças são acumuladas atrás de sua
mesa e quando estão muito próximas têm-se a necessidade de mover a mesa de trabalho. Essa
atividade é realizada com o auxílio de uma máquina de transporte.
4 Análise das atividades e resultados
4.1 Questionário aplicado e resultados
O posto escolhido para análise foi o de PRODUÇÃO DE CANALETAS, a qual, na
indústria ainda é feita manualmente, levando em considerações as ações e os esforços feitos
pelo trabalhador no respectivo posto de trabalho, foi aplicado três questionários: nº 1 –
Avaliação simplificada das condições biomecânica do posto de trabalho; nº 2 - Avaliação
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simplificada do risco de lombalgia e nº 3 – Avaliação simplificada envolvendo distúrbios
osteomusculares relacionadas ao trabalho – DORT (risco de tenossinovite) disponibilizados
através do ERGOLABOR. Para complementar o estudo, ainda foi aplicado o Sistema OWAS
que analisa a postura do trabalho realizado.
A atividade realizada no posto de trabalhado se resume em: 1º- Colocar o cimento em
cima da bancada (quando o mesmo tiver acabando); 2º - Encher o molde e pressionar o
cimento, neste momento foi observado que o trabalhador exercer muita força para fazer
pressão; E 3º- Carregar o molde até o local aonde irá desmoldar, neste momento o trabalhador
leva a carga pesada até o chão, se curvando, e exercendo força para desmoldar. Ciclo que dura
em média menos de um minuto, quando não é necessário repor o cimento em cima da
bancada.
Aplicando o Sistema OWAS e analisando de acordo com o quadro 1 e 2 presentes neste
artigo, em cada atividade numerada obtemos o seguinte resultado:
ATIVIDADE 1:
ATIVIDADE 2:
OWAS 4131
Diagnóstico
OWAS
CLASSE 2
Figura 3 e 4- atividade de repor o cimento em cima da
bancada. Fonte: Dados da pesquisa.
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ATIVIDADE 3:
O posto de trabalho foi separado em três atividades para se ter um melhor estudo das
posições exercidas. Na Atividade 1 acusou “classe 2”, que a posição tem que ser revisada na
próxima avaliação de método de trabalho, a Atividade 2 acusou “classe 1” tendo o trabalhador
postura normal, sendo modificada caso o mesmo estiver incomodado e na última Atividade 3,
foi acusado “classe 3” tendo que corrigir essa postura a curto prazo para que o trabalhador não
venha a ter problemas de saúde.
De acordo com o checklist que foi aplicado para um melhor aprofundamento do
estudo, obtivemos que as condições biomecânicas do posto de trabalho são ruins, o
trabalhador tem alto risco de desenvolver lombalgia e risco moderado de desenvolver
Tenossinovites e DORT.
4.2 Aplicação da AET no posto de trabalho
Ao se verificar o ambiente ao qual está inserido o posto de trabalho, foram detectados
alguns agentes de risco como o físico, o ergonômico, químico e acidente de trabalho. O mais
OWAS 1111
Diagnóstico
OWAS
CLASSE 1
OWAS 2113
Diagnóstico
OWAS
CLASSE 3
Figura 5 e 6: atividade de encher o molde e colocar
pressão. Fonte: Dados da pesquisa
Figura 7 e 8: atividade de desmoldar a peça.
Fonte: Dados da pesquisa.
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preocupante é a poluição sonora do ambiente a qual chega a incomodar e o descaso dos
trabalhadores que ignora o uso do equipamento de proteção auricular diante do ruído presente
em toda a indústria, com o argumento de que o mesmo não funciona, e quem apenas faz uso
são os trabalhadores que realizam a atividade na máquina fonte do ruído, além desse, o risco
de acidente e biológico é bem presente devido à quantidade de água disposta no chão em
decorrência do processo de molhar as peças para que não rachem, além de que há o risco do
trabalhador acidentar-se com o molde ao qual está trabalhando por ser muito pesado. A
iluminação no ambiente é agradável, segundo os trabalhadores, porém a sensação térmica do
local varia de acordo com o clima, quando está muito quente o local fica muito abafado por
causa do material da cobertura.
A aplicação da avaliação do AET foi feita mediante a conversa com o trabalhador,
além da observação da equipe a qual estava realizando o estudo.
4.3 Avaliação dos resultados e proposições de adequação
Por mais que o método OWAS tenha feito uma avaliação a qual o trabalhador não tem
uma postura muito crítica ao se realizar o trabalho, se ele continuar realizando os mesmos
movimentos ele irá desenvolver lombalgia além das dores nas pernas devido ao movimento
repetitivo de agachamento. Neste caso, sugere-se para a atividade 1, uma bancada para a
disposição do cimento um pouco elevado do chão, evitando que ele se agache muito, para a
atividade 2 o trabalhador está a uma postura normal, sem nenhuma proposta de adequação e
para a atividade 3 onde a ação tem que ser feita em curto prazo sugeriu-se uma bancada na
altura do púbis para a retirada da peça do molde ou ele agachar dobrando uma das pernas e a
outra deixando no ângulo de 90º, para não prejudicar tanto a coluna.
5. Considerações finais
O objetivo deste estudo foi analisar ergonomicamente um posto de trabalho no qual foi
identificado preliminarmente que oferecia grandes riscos ao operador. A importância desse
estudo se evidencia a medida em que o operador não se sente confortável para exercer sua
função, por consequência, seu rendimento declina e sua motivação também.
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Com base na análise detalhada do posto de trabalho, segundo o método de OWAS, a
atividade em estudo não oferece riscos considerados críticos, ou seja, que necessitem de
interferência imediata. Mas não é cabível desconsiderar que a longo prazo o operador sofrerá
consequências. Desta forma, infere-se que seja mais adequado uma bancada que disponha da
matéria-prima desse posto de trabalho, o que evita que o trabalhador se curve com tanta
intensidade. Por fim, infere-se que haja um reajuste na sua postura para o movimento de
agachamento e desmolde da peça ou, ainda como alternativa para essa etapa, a criação de uma
mesa de apoio para as peças acabadas. Outro ponto observado foi a despreocupação com o
uso de EPI, para este tópico infere-se que há uma necessidade de protetor auricular e uma bota
mais adequada ao serviço.
Tendo em vista tudo o que já foi apresentado no decorrer deste trabalho é cabível citar
que há uma lacuna na conscientização do operador, assim como também do empregador,
acerca da ergonomia. Sugere-se então que sejam desenvolvidas análises ergonômicas em
empresas, mas que os resultados sejam apresentados aos operadores para que possam mudar
sua postura no âmbito de suas atividades diárias.
6. Referências
ARAÚJO, I.F. ERGOLABOR- Laboratório de ergonomia do trabalho e do produto. Universidade Federal
de Campina Grande – Engenharia de Produção, Ergonomia. Apontamentos de aula.
BRIDGER, R.S. Introduction to ergonomics.2 ed. London: Taylor &Francis, 2003, p.548.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2° edição, São Paulo: Blucher, 2005.
REGHELIN, C.G. Aplicação de uma Equação para Análise Ergonômica de um Dispositivo de
Movimentação de Materiais. In: Faculdade Horizontina, 2013. Disponível em:
<http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/EngMec/2013/Mec_CristianoR.pdf>. Acesso em: 25 de Maio de
2016.
SANTOS, Mary Helen Ribeiro dos, et al. Análise de postura e carga através dos métodos OWAS e NIOSH
em uma fábrica de sorvetes no sul do Brasil. Disponível em:
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<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_tn_sto_180_027_22719.pdf>. Acesso em: 25 de Maio de
2016.
SILVA, Sergio Carvalho. Ferramentas para análise ergonômica do trabalho. Disponível em:
<http://www.drsergio.com.br/ergonomia/curso/Niosh.html>. Acesso em: 25 de Maio de 2016.
WALTER, T.R. PUTZ-ANDERSON; V., GARG, A.; FINE, L.J. Revised NIOSH equation for the design and
evaluation of manual lifting tasks. Ergonomics,1993, v.36, n.7.p.749-776.