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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS

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26 a 29 de abril de 2006

AVALIAÇÃO BOTÂNICA DE Passiflora alata Aiton NO CONTOLE DE QUALIDADE DE FITOTERÁPICOS NA CIDADE DE SANTO

ÂNGELO-RS

Clarise Prill URI / Santo Ângelo - [email protected]

Palavras-chave: Fitoterápicos, Passiflora alata

INTRODUÇÃO

O interesse crescente pela fitoterapia como opção terapêutica aumenta dia-a-dia (OLIVEIRA e AKISSUE, 1989). A garantia da qualidade do material vegetal a ser processado é fundamental na preparação de fitoterápicos, devendo considerar-se aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e de pureza (BRASIL, 2000). Na flora do Brasil encontram-se muitas espécies de Passifloras, conhecidas por maracujás (COSTA, 1993), pertencentes à família Passifloraceae, plantas herbáceas ou lenhosas, em geral trepadeiras com gavinhas, de folhas com disposição alterna, inteiras ou lobadas, com estípulas (JOLY, 1998). Este trabalho, têm como objetivo realizar um estudo botânico sobre a matéria-prima vegetal Passiflora alata, descrita na Farmacopéia Brasileira III edição (1977), através da certificação da espécie, identificação botânica macroscópica e microscópica de suas estruturas; A certificação da composição do pó desta espécie vegetal, a partir da reunião de referências bibliográficas e análise microscópica do pó adquirido, teste de determinação de água em drogas vegetais e avaliação microbiológica das amostras, para verificação da qualidade.

Produção de fitoterápicos O desenvolvimento de fitoterápicos inclui várias etapas, onde as áreas de conhecimento envolvidas vão desde a antropologia botânica até a tecnologia farmacêutica (HIRATA e TOLEDO, 2003). Os estudos fitoquímicos buscam a identificação dos constituintes mais importantes do vegetal, principalmente de substâncias do metabolismo secundário, permitindo identificar a espécie vegetal (HIRATA e TOLEDO, 2003). Controle de qualidade para fitoterápicos A ANVISA na RDC-048/2004 (BRASIL, 2004), define medicamento Fitoterápico como o obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. Conforme Castro e Chemale (1995), as espécies da família Passifloraceae, são oriundas da América Tropical tendo sua ocorrência nas regiões tropicais e subtropicais do Brasil desde o Nordeste até o Rio Grande do Sul. Diversas espécies são conhecidas em todo Brasil, sendo P. edulis Sims e P. alata Curtis as mais cultivadas (SIMÕES, et al, 2004).

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26 a 29 de abril de 2006

Considerações sobre Passiflora alata Curtis Estudos taxonômicos e obras de referência foram consultadas para determinar o verdadeiro autor da espécie, o ano e a obra da publicação, de acordo com as normas do Código de Nomenclatura. Para avaliar como têm sido feitas as citações do nome científico da espécie (BERNACCI, 2003). Segundo Bernacci (2003), anteriormente ao ano de 2000, todos os trabalhos se referiam ao maracujá-doce como P. alata Aiton, Dryand ou Solander, onde a imprecisão ia de uma pesquisa para outra, mas o 1º registro da espécie foi realizado por W. Curtis no periódico Botanical Magazine em 1788, conforme as normas estabelecidas. Conclui-se portanto, que a forma correta de citar o nome científico do maracujá-doce é Passiflora alata Curtis. MATERIAL E MÉTODOS Coleta do material vegetal O estudo desenvolveu-se na cidade de Santo Ângelo/RS, onde realizou-se pesquisa bibliográfica sobre o gênero Passiflora e a verificação da espécie utilizada para fitoterápicos que é Passiflora alata aiton. Buscou-se pesquisar os possíveis locais na cidade, onde esta poderia ser encontrada. Localizou-se então dois indivíduos ao acaso, cultivados no Bairro Pippi e com a autorização da proprietária do local, coletou-se uma amostra, da qual confeccionou-se uma exsicata no Herbário da URI e enviou-se para o Herbário da UFRGS, para a certificação da espécie. Análise macroscópica e microscópica Para realizar a visualização microscópica da folha de Passiflora alata aiton “in natura”, hidratou-se a folha, realizou-se cortes transversais finos, colocou-se sobre a lâmina, observou-se ao microscópio e procedeu-se com técnica de lâmina vegetal semi-permanente. Para o desenvolvimento do trabalho microscópico de análise dos pós de Passiflora alata, foram adquiridas quatro amostras de 10g, em diferentes farmácias de manipulação, da cidade de Santo Ângelo/RS. Em cada amostra dos pós de Passiflora alata utilizou-se dois tipos de hidratação, uma apenas com algumas gotas de água morna e a outra com um líquido preparado para hidratação de drogas vegetais secas (Prof. Paulo Luiz de Oliveira/UFRGS). Colocou-se então um pouco de pó sobre a lâmina, com uma gota de água, cobriu-se com lamínula e observou-se ao microscópio de 10 até 40 x de aumento, 10 repetições de cada hidratação, onde localizou-se as estruturas e registrou-se digitalmente. Repetiu-se o mesmo procedimento para as demais amostras dos pós. Determinação da água em drogas vegetais Visando um melhor acompanhamento do controle de qualidade das amostras adquiridas, realizou-se o teste determinação de água em drogas vegetais, adaptado da (F. BRAS. IV, 2000). Utilizou-se 2 gramas de pó de cada amostra, espalhando-a uniformemente na balança de determinação de umidade com infra-vermelho, onde os resultados foram obtidos em percentagem, em triplicata.

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Avaliação microbiológica A avaliação microbiológica conforme (F. Bras. IV, 2000), para as quatro amostras, utilizou-se 3 placas com ágar sabouraud dextrose e agar nutriente, respectivamente . Para cada amostra, 4 erlenmayer com 99 ml de água destilada estéril cada, pesou-se 1 g de cada amostra e colocou-se nos erlenmayer respectivamente 1, 2, 3 e 4. Agitou-se, pipetou-se 0,1 ml da mistura em três placas, espalhando com a alça de grindalski e colocou-se na estufa à 30°C, durante 48 horas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Caracterização macroscópica de Passiflora alata Curtis Após as caracterizações botânicas da espécie Passiflora alata Curtis, destacamos como importantes para sua identificação macroscópica a observação do contorno oval ou oval-ablongo de suas folhas, a sua consistência membranácea e seu caule quadrangular alado. Caracterização microscópica de Passiflora alata Curtis A visualização microscópica de Passiflora alata Curtis, realizou-se com a técnica de lâminas vegetais semi-permanentes, sendo a técnica que mais se adaptou ao tipo de corte foliar devido espessa cutícula que a mesma apresenta. Os tipos de cristais que aparecem em uma espécie vegetal correspondem a uma de suas características sendo, portanto, sua presença constante no referido vegetal, o que lhe confere importância diagnóstica (OLIVEIRA, 2000). Já em suas características microscópicas, percebemos que Passiflora alata Curtis possui folhas com mesófilo heterogêneo e assimétrico, presença de drusas de oxalato de cálcio em todas as regiões parenquimáticas. Caracterização microscópica do pó de Passiflora alata Após a análise microscópica do pó de Passiflora alata, constatou-se que em 90 % das amostras, apresentavam cristais de oxalato de cálcio em grande quantidade na epiderme das folhas e no caule. Determinação de água em drogas vegetais Realizou-se teste de umidade que é utilizado para verificar a quantidade de água que foi absorvida pela matéria-prima. Percebeu-se que na amostra 1, observou-se 6,82 % de umidade, na amostra número 2 obteve-se 8,30¨%, na amostra número 3 resultou em 6,40% e na amostra número 4 foi de 9,99%, sendo as médias do teste realizado em triplicata. O desvio padrão nas amostras 1, 2, 3 e 4 foi respectivamente 0,217%, 0,442%, 0,366% e 0,234%. Avaliação microbiológica A partir dos resultados, percebeu-se que a amostras número 1 e 2, encontram-se totalmente sem contaminação, enquanto que na amostra número 3, duas repetições apresentaram 1 UFC e a outra placa apresentou 2 UFC, com aspecto cremoso. Na amostra número 4 obteve-se apenas 1 UFC. Sendo assim, metade das amostras

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apresentaram contaminação e as demais estavam dentro dos padrões permitidos, conforme F. BRAS IV (2000), que é de 100 UFC/g. Para verificação da presença de bactérias, utilizou-se o meio de cultura ágar nutriente e os mesmos procedimentos acima citados, apenas a amostra número 3 apresentou desenvolvimento bacteriológico, porém tratam-se de bactérias normais da flora, sendo que as amostras 1, 2 e 4, não tiveram crescimento. Todas as amostras estão dentro do padrão estabelecido de 1000 UFC/g conforme F. BRAS IV (2000).

CONCLUSÕES No desenvolvimento deste trabalho, percebeu-se certa dificuldade na obtenção da descrição da espécie de Passiflora utilizada pelas empresas fornecedoras, as quais trazem poucos dados sobre a espécie comercializada, não sendo muitas vezes a espécie oficial, que possui ação farmacológica e terapêutica. A análise microscópica é uma ferramenta de grande utilidade para detectar a presença de adulterantes nas matérias-primas vegetais comercializadas. Em identificação microscópica de P. alata Curtis realizada, os resultados foram satisfatórios, indicando estruturas que caracterizam a espécie. Os testes realizados com as amostras da matéria-prima de P. alata, estão dentro dos padrões de qualidade estabelecidos no teste de determinação de água em espécies vegetais, avaliação microbiológica, conforme padrões Farmacopéicos, que possuem grande relevância para o controle de qualidade das mesmas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, Graziela Maciel; MORIM, Marli Pires et al. Frutos e Sementes. Minas Gerais: Ed. UFV, 1999. 443 p. BERNACCI, L.C.; MELETTI, L.M.M.; SOARES-SCOTT, M.D. Maracujá-doce: o autor, a obra e a data da publicação de Passiflora alata (Passifloraceae). Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2. 2003, p. 355-356. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 48 de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 17 de 24 de fevereiro de 2000. Registro de medicamentos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União. FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 3ª Ed. Organização Andrei Editora S/A, São Paulo, 1977. FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 4ª Ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

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FREITAS, P. C. D. Estudo farmacognóstico de espécies brasileiras do gênero Passiflora L. São Paulo, 133 p. 1985. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas JOLY, Aylton Brandão. Botânica. Introdução a Taxonomia Vegetal. São Paulo: Editora Nacional, 12 ed. 1998. 777 p.