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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA MARIA IZABEL PONTES BEZERRA DO COUTO AVALIAÇÃO ESTRUTURAL E REOLÓGICA DE EMULSÕES PREPARADAS COM ÓLEO DE Dipterix alata Vog. (Baru), ESTABILIZADAS COM GOMA ARÁBICA E QUITOSANA GOIÂNIA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA

MARIA IZABEL PONTES BEZERRA DO COUTO

AVALIAÇÃO ESTRUTURAL E REOLÓGICA DE EMULSÕES

PREPARADAS COM ÓLEO DE Dipterix alata Vog. (Baru),

ESTABILIZADAS COM GOMA ARÁBICA E QUITOSANA

GOIÂNIA

2014

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MARIA IZABEL PONTES BEZERRA DO COUTO

AVALIAÇÃO ESTRUTURAL E REOLÓGICA DE EMULSÕES

PREPARADAS COM ÓLEO DE Dipterix alata Vog. (Baru),

ESTABILIZADAS COM GOMA ARÁBICA E QUITOSANA

Dissertação apresentada à Coordenação do

Programa de Pós Graduação em Ciência e

Tecnologia de Alimentos da Escola de

Agronomia da Universidade Federal de Goiás,

como exigência para obtenção do título de

mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Orientador: Prof Dr. Ângelo Luiz Fazani

Cavallieri

GOIÂNIA

2014

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Dedico este trabalho aos meus pais, pelo amor,

exemplo e presença em todos os momentos da

minha vida.

Ao meu amor Murilo, pelo companheirismo e

incentivo.

Ao meu filho Gustavo, que me trouxe de volta a

melhor parte de mim!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela fé renovada diariamente e por sempre me guiar pelos caminhos do

bem!

Ao meu amor Murilo, pela companhia, dedicação, apoio, amizade, durante todos esses anos!

Obrigado, por juntos, sermos responsáveis pelo nosso maior e melhor projeto, Gustavo nosso

filho. Gustavo, meu príncipe, obrigada, pela sua vida e pelo seu sorriso diário e por me

ensinar a reinventar-me sempre!

Aos meus pais, Aloizio e Marlene, pelo amor “que exala meus poros”, exemplo, conforto e

presença nos momentos de alegria e dor. Mesmo com a saudade, a ausência de vocês me

ensinou que é preciso seguir em frente e levantar a cabeça!Amo vocês!

Ao meu irmão Daniel, minha cunhada Laissa, pelo carinho!Às minhas tias Fátima e Graça

pela amizade, apoio e conselhos ao longo da vida!

Aos meus sogros João Batista e Madalena, e à minha cunhada Paula pelo apoio e carinho,

obrigada!

Ao Professor Ângelo, pela orientação, compreensão e ajuda nos momentos de maior

necessidade!

À Professora Maria Assima, pela amizade, empréstimos, e ajuda em vários momentos desde a

graduação. Obrigado por nossos caminhos terem se cruzado novamente!

Ao Professor Armando Garcia Rodriguez pela atenção, e por ter aceito o convite em participar

da banca de defesa!

Às queridas amigas, Mirtza e Fernanda, por dividirem comigo este momento de novos

desafios em nossas vidas! E que deste tempo fique guardado o que nos fez bem! Que essa

amizade perdure ao longo do tempo!Obrigada!

À Universidade Federal de Goiás, Setor de Engenharia de Alimentos, funcionários e

professores, pela oportunidade de realização deste trabalho!

À CAPES pela bolsa de mestrado.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

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RESUMO

Polissacarídeos são amplamente utilizadas em emulsões alimentícias como agentes

emulsificantes e estabilizantes. Emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, que se

separam por diferentes fatores. O uso de polissacarídeos naturais vem sendo estudado para

promover a estabilização de emulsões alimentícias. Este estudo teve como objetivo a

avaliação de emulsões óleo/água produzidas com óleo de baru e estabilizadas com a

combinação de goma arábica e quitosana, ou goma arábica em diferentes concentrações. A

maioria das emulsões apresentou separação de fases ao tempo de sete dias de estocagem

devido ao mecanismo de cremeação, porém este mecanismo de desestabilização foi reduzido

quando as emulsões foram estabilizadas somente com goma arábica em concentrações de

20%. As gotas de óleo nas emulsões apresentaram diferenças visuais, na análise de

microscopia ótica, quanto ao tamanho das gotas e a floculação nas emulsões estabilizadas

com goma arábica e quitosana em proporção de 20:1 e 15:1 % respectivamente. Em relação à

composição química das fases das emulsões as amostras apresentaram maior concentração de

lipídeos na fase inferior, das emulsões estabilizadas com goma arábica e quitosana. As

emulsões apresentaram característica de fluidos pseudoplásticos nas análises reológicas.

Palavras-chave: Óleo de baru, goma Arábica, quitosana, emulsões alimentícias.

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STRUCTURAL ASSESSMENT AND RHEOLOGICAL

EMULSION OIL PREPARED WITH Dipterix alata Vog. (Baru),

STABILIZED WITH GUM ARABIC AND CHITOSAN

ABSTRACT

Polysaccharides are widely used in food emulsions and emulsifiers and stabilizers. Emulsions

are thermodynamically unstable systems, which are separated by different factors. The use of

natural polysaccharide have been studied to promote the stabilization of food emulsions. This

study aimed at the evaluation of oil / water emulsions produced with baru oil and stabilized

with a combination of chitosan and arabic gum, or gum arabic in different concentrations.

Most emulsions showed phase separation at time seven days of storage due to creaming

mechanism, but the mechanism of destabilization is lowered when the emulsions were

stabilized only with arabic at a concentration of 20% gum. The oil droplets in emulsions

showed visual differences, the analysis of optical microscopy, as the droplet size and

flocculation in emulsions stabilized with gum arabic and chitosan proportion of 20:1 and

15:1% respectively. Regarding the chemical composition of the phases of the emulsions

showed the samples had higher lipid concentration in the bottom phase, the emulsions

stabilized with gum arabic, and chitosan. The emulsions showed characteristic of

pseudoplastic fluids rheological analysis.

Keywords: Oil baru, gum arabic, chitosan, food emulsions.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 08

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 10

2.1 EMULSÕES ..................................................................................................... 10

2.2.1 Estabilidade de Emulsões ................................................................................... 12

2.2 GOMA ARÁBICA ............................................................................................ 13

2.3 QUITOSANA .................................................................................................... 14

2.4 ÓLEO DE BARU .............................................................................................. 16

2.5 REOLOGIA....................................................................................................... 19

2.5.1 Sólidos ............................................................................................................... 19

2.5.2 Líquidos ............................................................................................................ 20

2.5.3 Plásticos de Bingham ......................................................................................... 21

2.5.4 Materiais viscoelásticos ..................................................................................... 21

3 OBJETIVOS .................................................................................................... 22

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 23

4.1 Delineamento experimental................................................................................ 23

4.2 Métodos ............................................................................................................. 24

4.2.1 Preparo das Soluções estoque de Biopolímeros .................................................. 24

4.2.2 Preparo das emulsões óleo-água ......................................................................... 24

4.3. ANÁLISES........................................................................................................ 25

4.3.1 Caracterização dos polissacarídeos..................................................................... 25

4.3.2 Caracterização do óleo de baru........................................................................... 25

4.3.3 Estabilidade da emulsão ..................................................................................... 25

4.3.4 Reologia ............................................................................................................ 26

4.3.5 Análises químicas das fases da emulsão ............................................................. 26

4.3.6 Microscopia ótica .............................................................................................. 26

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................ 26

5 RESULTADOS ................................................................................................ 27

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS BIOPOLÍMEROS ................................................. 27

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE BARU .................................................... 27

5.3 ESTABILIDADE DAS EMULSÕES ................................................................ 28

5.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS FASES DA EMULSÃO ................................ 33

5.5 MICROSCOPIA ÓPTICA ................................................................................. 34

5.6 REOLOGIA....................................................................................................... 35

6 CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................ 39

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 40

ANEXOS .......................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Uma ampla variedade de produtos alimentícios é composta por emulsões óleo/água

(O/A) ou água/óleo (A/O). Leite, iogurte, maionese, molho para salada e sorvete são alguns

exemplos de emulsões O/A, enquanto a margarina e a manteiga são exemplos de emulsões

A/O. A diversidade de características sensoriais e físico químicas apresentadas por estes

produtos é resultado dos diferentes tipos de processamento e ingredientes utilizados, porém

deve-se considerar que são sistemas altamente instáveis e alguns componentes devem ser

utilizados para minimizar este problema de qualidade. Polissacarídeos são biopolímeros

funcionais importantes, utilizados como ingredientes em emulsões, pois possuem habilidade

de controlar textura, estrutura e estabilidade destes produtos alimentícios (PERRENCHIL,

2005).

O termo estabilidade de emulsão refere-se à capacidade de uma emulsão resistir a

alterações em sua estrutura ao longo do tempo. As emulsões são sistemas

termodinamicamente instáveis. Tendem a se romper com o tempo, resultando em duas fases

líquidas separadas. A velocidade com a qual a emulsão se rompe, e o mecanismo pelo qual

este processo ocorre dependem de sua composição e microestrutura, bem como das condições

de armazenamento (MCCLEMENTS, 2005).

Polissacarídeos são usualmente adicionados à fase aquosa das emulsões como agente

espessante, a fim de modificar o comportamento reológico da fase, e retardar mecanismos de

instabilidade (DICKINSON, 2003). A goma arábica é amplamente usada na indústria de

alimentos como espessante, estabilizante e agente de retenção de água (SHAHIDI; HAN,

1993). A quitosana é um polissacarídeo derivado da desacetilação da quitina, sendo este uma

das principais fontes de biomassa juntamente com a celulose. A quitosana é composta por

uma série de polímeros que variam na massa molar, e grau de desacetilação de até 40%.

Devido a grande disponibilidade de grupos amino, a quitosana possui carga positiva e tem a

capacidade de formar interações químicas com materiais hidrofóbicos e aniônicos. É uma

substância facilmente solúvel em água acidificada (pH <6,5) que pode converter as unidade

glucosaminas em uma forma solúvel R-NH3+

(CHANDY e SHARMA, 1990).

O óleo de baru, fase oleosa utilizada neste estudo, é um produto extraído das sementes

de baru e típico da região do Cerrado. O óleo extraído da semente de baru é usado

popularmente como anti-reumático e apresenta propriedades sudoríferas, tônicas e

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reguladoras de menstruação (BARROS, 1982; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). Apresenta

alto teor de ácidos graxos insaturados (81,2%) (TAKEMOTO et al., 2001) de α-tocoferol e γ-

tocoferóis, reconhecidos antioxidantes, indicando potencial funcional (MACIEL JUNIOR,

2010; TAKEMOTO, 2001), e composição em ácidos graxos semelhantes aos do óleo de

amendoim, destacando-se os ácidos oléico e linoléico, este considerado essencial. O elevado

grau de insaturação do óleo da semente de baru favorece seu uso para fins comestíveis ou

como matéria-prima para as indústrias farmacêutica e oleoquímica, se eliminadas eventuais

substâncias nocivas à saúde (TAKEMOTO, 2001).

Assim, com o intuito de obter emulsões de alimentos que tenham estruturas

diferenciadas e desejáveis, é necessário, primeiramente, entender e monitorar as mudanças

que ocorrem nas interações entre os ingredientes e consequências do processo na reologia e

microestrutura do produto final e durante sua estocagem.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 EMULSÕES

Emulsões são sistemas compostos por dois líquidos imiscíveis (óleo e água) na forma

de pequenas gotas esféricas. A solução que compõe as gotas é chamada de fase dispersa, e a

fase que compõe o meio é chamada de fase contínua. Um sistema formado por gotas de óleo

dispersas em uma fase aquosa é chamado de emulsão óleo em água (O/A), como é o caso do

leite, maionese, sopas e molhos. Já um sistema formado por gotas de água dispersas em uma

fase oleosa é chamado de emulsão água em óleo (A/O), sendo exemplos a margarina e a

manteiga (MCCLEMENTS, 2005).

O processo de formação das emulsões consiste na mistura de dois líquidos imiscíveis

através de uma etapa de homogeneização. São formadas a partir da aplicação de energia

mecânica em uma mistura de óleo em água, utilizando-se misturadores do tipo rotor-estator,

homogeneizadores a alta pressões, emulsificadores ultrassônicos e sistemas de membranas.

Os processos influenciam diretamente no diâmetro de gota e estabilidade dos sistemas,

produzindo emulsões com diferentes propriedades físico-químicas e organolépticas, tais como

textura, sabor, aparência e estabilidade (PERRIER-CORNET et al., 2005).

As emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis devido à energia livre

positiva necessária para aumentar a área entre as fases aquosa e oleosa. Tendem a se romper

com o tempo, resultando em duas fases líquidas separadas. A velocidade com a qual a

emulsão se rompe, e o mecanismo pelo qual este processo ocorre depende de sua composição

e microestrutura, bem como das condições de armazenamento (por exemplo, variações de

temperatura, agitação mecânica) (MCCLEMENTS, 2005).

Para emulsões óleo em água existem diversos mecanismos de desestabilização. Os

principais são a cremeação, a sedimentação, a floculação e a coalescência (Figura 2.1), sendo

que os dois primeiros são fenômenos de migração das gotas, e os últimos são processos de

variação do tamanho da gota (MCCLEMENTS, 2005; COMAS et al., 2006). A cremeação

ocorre quando a fase dispersa é menos densa que a fase contínua, porém não existe

coalescência. Na sedimentação as gotas são mais densas que a fase contínua. A floculação é

um processo no qual as gotas emulsificadas se associam em flocos sem a destruição das gotas

individuais (HILL, 1996).

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Figura 2.1 Representação esquemática dos mecanismos de instabilidade das emulsões O/A. Fonte:

McClements (2005).

No entanto, existe uma distinção entre estabilidade termodinâmica e estabilidade

cinética (DICKINSON, 1992), sendo que a primeira indica se o processo poderá ou não

ocorrer, enquanto que a segunda informa a taxa na qual o processo ocorrerá (ATKINS, 1994).

Por se tratarem de sistemas termodinamicamente instáveis, informações sobre a

instabilidade cinética das emulsões são importantes para o desenvolvimento de produtos que

apresentem propriedades desejáveis por um longo período de tempo.

Para promover a estabilização das emulsões, geralmente são adicionados dois tipos de

compostos: estabilizantes e emulsificantes. Os estabilizantes são componentes que conferem

estabilidade às emulsões por longo período de tempo, sendo representados pelos

polissacarídeos e proteínas, compostos de alta massa molar. A principal ação dos

estabilizantes é a modificação da viscosidade ou gelificação da fase contínua aquosa

(DICKINSON, 1992). Já os emulsificantes são moléculas anfifílicas que promovem a

formação da emulsão e estabilização por ação interfacial (DICKINSON, 2003).

Existem duas grandes classes de emulsificantes usadas no processamento de

alimentos: surfactantes de baixa massa molar e emulsificantes macromoleculares

(DICKINSON, 2003). Entretanto, o uso de alguns surfactantes sintéticos está sendo banido

por alguns mercados consumidores, buscando-se o uso de ingredientes naturais como

estabilizantes.

A aplicação de estabilizantes naturais (proteínas e polissacarídeos) tem sido avaliada

com particular interesse para sistemas alimentícios, uma vez que apresentam menor rejeição

pelos consumidores. No entanto, as propriedades de estabilização são distintas dos

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estabilizantes sintéticos tradicionalmente empregados pela indústria de alimentos,

farmacêutica e cosmética.

Perrenchil (2008) estudou as propriedades de emulsões óleo/água estabilizadas com

caseinato de sódio (Na-CN), sob diferentes condições de acidificação e aplicação de pressão,

além de emulsões estabilizadas com Na-CN e goma jataí. A maioria das emulsões apresentou

separação de fases devido ao mecanismo de cremeação, porém este processo de

desestabilização foi reduzido quando existiu o aumento da viscosidade dos sistemas ou a

diminuição do tamanho das gotas. A viscosidade das emulsões foi modificada pela adição de

maiores concentrações de óleo e biopolímeros, e pela redução do pH em direção ao ponto

isoelétrico da proteína.

Santana (2009) avaliou as propriedades emulsificantes de ingredientes à base de

colágeno, extraído do couro bovino. As propriedades físico-químicas da fibra de colágeno

foram inicialmente avaliadas e modificadas através da hidrólise parcial. O processo de

hidrólise aumentou a solubilidade do colágeno, e produziu frações de menor massa molar. As

propriedades emulsificantes do colágeno foram avaliadas através da estabilidade,

microestrutura e reologia de emulsões simples óleo/água (O/A) estabilizadas por colágeno,

verificando a influência do pH, tipo de ingrediente (pó e fibra de colágeno), concentração de

proteína, hidrólise térmica do colágeno, conteúdo de proteína solúvel e processo de

homogeneização. No estudo foi possível a produção de emulsões ácidas estáveis a partir do

colágeno, seja através da homogeneização em Ultra-Turrax ou em altas pressões, cada

processo originando emulsões com estruturas e propriedades reológicas características.

Mantovani (2012) avaliou as propriedades emulsificantes da mistura de soro de leite e

lecitina em diferentes condições de pH e concentração dos ingredientes. A utilização das

proteínas do soro juntamente com a lecitina como emulsificante levou a resultados

satisfatórios, pois permitiu o desenvolvimento de sistemas estáveis à cremeação em diferentes

valores de pH, inclusive em pH próximo ao pI, e consideravelmente resistentes às condições

adversas do trato gastrointestinal

2.2.1 Estabilidade de Emulsões

O termo estabilidade de emulsão refere-se à capacidade de uma emulsão resistir às

alterações em suas propriedades ao longo do tempo. Quanto mais estável uma emulsão, mais

lentamente ocorrerão alterações em suas propriedades.

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Uma emulsão pode se tornar instável devido a uma série de efeitos físicos e químicos.

A instabilidade por processos físicos resulta numa alteração na distribuição da organização

espacial ou estrutural das moléculas, enquanto que a instabilidade química resulta numa

alteração da estrutura química das moléculas. Cremeação, floculação, coalescência, inversão

de fase e maturação de Ostwald são exemplos de instabilidade física, enquanto que a oxidação

e a hidrólise são exemplos comuns de instabilidade química.

A duração do tempo que uma emulsão deve manter-se estável depende da natureza do

alimento ou produto. Algumas emulsões alimentares são formadas por etapas intermediárias

durante o processo de fabricação, e, portanto só precisam permanecer estável por alguns

segundos, minutos ou horas (exemplo: massa de bolo, mistura de sorvete, pré mistura de

margarina), enquanto outros devem permanecer estáveis por dias, meses ou mesmo anos antes

do consumo (maionese, molhos para salada).

É importante distinguir a estabilidade termodinâmica da estabilidade cinética de uma

emulsão. A estabilidade termodinâmica indica se ocorrerá separação de fases da emulsão. A

formação da emulsão é termodinamicamente desfavorável devido ao aumento da área

interfacial após a emulsificação, e a variação da energia livre do sistema.

A estabilidade cinética de uma emulsão determina em quanto tempo ocorrerá a

separação de fases da mesma, sendo importante na criação de alimentos que retêm suas

propriedades desejáveis por um tempo suficientemente longo sob uma variedade de diferentes

condições ambientais.

Uma emulsão que contêm pequenas gotículas normalmente tem uma maior vida de

prateleira (maior estabilidade cinética) do que aquela que contém grandes gotas, embora seja

mais termodinamicamente instável (porque tem uma área interfacial maior).

A estabilidade das emulsões pode ser afetada por fatores extrínsecos como tempo,

temperatura, luz e oxigênio, umidade, microrganismos, vibração e material de

acondicionamento; ou fatores intrínsecos como pH, reações de oxi redução e hidrólise e

interações entre componentes da formulação.

2.2 GOMA ARÁBICA

As gomas são polímeros de cadeias longas, de alto peso molecular e que podem se

dispersar ou dissolver em água fria ou quente, produzindo um efeito espessante ou gelificante

(ZANALONI, 1992). Sua principal propriedade é dar textura aos produtos alimentícios, sendo

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utilizado na estabilidade de emulsões, controle de viscosidade, cristalização, suspensão de

partículas, inibição da liberação de água dos produtos alimentícios processados, podendo

também funcionar como importante agente encapsulante (GLICKSMAN, 1982).

A goma arábica ou goma Acácia é um produto obtido pela dessecação espontânea do

exsudado dos troncos da Acácia Senegal (Line). É um polímero que consiste primariamente

de ácido D-glucurônico, L-rhamnose, D-galactose, e L-arabinose, e varia de 0,09 a 7,5% de

proteína. Essa fração de proteína é responsável pela propriedade de emulsificação da goma

(SHAHIDI; HAN, 1993). Trata-se, portanto, de um material heterogêneo, e geralmente

consiste de duas frações: a primeira, composta de cadeias de polissacarídeos com pouco ou

nenhum material nitrogenado (correspondendo aproximadamente 70% da molécula); e a

segunda, com alto peso molecular, tem a proteína como uma parte integral de sua estrutura. A

fração proteica do polissacarídeo é heterogênea também com respeito ao conteúdo de

proteína. Algumas frações específicas podem conter até 25% de proteína.

Esta goma é inodora, quase insípida, insolúvel em álcool etílico, mas solúvel em água

e apresenta baixa viscosidade quando comparada a outros polissacarídeos de massa molecular

similar. Sabe-se que a goma é negativamente carregada acima de pH 2,2, e baixos pHs (<2,2)

a dissociação dos grupos carboxilas é suprimida (ROCHA, 2009).

A goma arábica é normalmente preferida por produzir emulsões estáveis com a

maioria dos óleos sobre uma ampla faixa de pH. Por causa da eficiência de encapsulação, a

goma arábica tem sido usada normalmente para encapsular lipídios (GHARSALLAOUI et al.,

2007). Em contrapartida, devido a sua baixa viscosidade, a goma arábica deve ser empregada

em altas concentrações (15% a 25%) para a emulsificação (DRUSCH, 2007).

2.3 QUITOSANA

Os polissacarídeos estão amplamente distribuídos na natureza. Vem crescendo o

interesse nesses compostos uma vez que possuem estruturas e características diferentes de

polímeros sintéticos.

A quitina é uma importante fonte de biomassa, juntamente com a celulose. Está

presente em diversas espécies, como fungos e insetos, mas as carapaças de artrópodes são as

fontes mais acessíveis.

A quitosana é obtida por um processo de desacetilação alcalina da quitina, retirando-se

o grupo acetil. O termo quitosana refere-se a uma série de polímeros que variam na massa

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molar (3.800 a 2.000.000 Dalton) e grau de desacetilação acima de 40%. São copolímeros de

glucosamina e N-acetil glucosamina. Devido a grande disponibilidade de grupos amino, a

quitosana possui carga positiva e tem a capacidade de formar interações químicas com

materiais hidrofóbicos e aniônicos. É uma substância facilmente solúvel em água acidificada

(pH <6,5) que pode converter as unidades glucosaminas em uma forma solúvel R-NH3

+

(CHANDY E SHARMA, 1990).

A quitosana (Figura 2.2) é um copolímero catiônico formado por unidades de 2-

desoxi-N-acetil-D-glicosamina e 2-desoxi-D-glicosamina unidos por ligações glicosídicas ,

-1 4 a partir da desacetilação alcalina da quitina (poli-N-acetil- 2-amino-2-desoxi-

D-glicopiranose) (KITTUR, THARANATHAN, 2003). A quitina é o principal componente

da estrutura do exoesqueleto de crustáceos, insetos e moluscos e também está presente na

parede celular de fungos (CORRELO, BOESEL, BHATTACHARYA et al, 2005). A quitina

é extensivamente acetilada, enquanto que a quitosana corresponde à sua forma desacetilada.

Desta forma, qualquer polímero quitina que possua um grau de desacetilação maior do que

40% pode ser considerado quitosana (TAN, KHOR, TAN, WONG, 1998).

Figura 2.2 Estrutura química da quitosana

A quitosana possui em sua cadeia polimérica três grupos funcionais reativos: o grupo

amino na posição C-2, o grupo hidroxila primário na posição C-6 e o grupo hidroxila

secundário na posição C-3 (SHAHIDI, ARACHCHI, JEON, 1999) e a

modificação química destes grupos permite a obtenção de numerosos materiais com diferentes

possibilidades de aplicação. Os grupos amino presentes em toda a extensão da cadeia

polimérica, dão a quitosana um caráter de polieletrólito catiônico (pKa ≥ 6,5), fazendo com

que o polímero seja solúvel em soluções com o pH < 6,5 (MUZZARELLI, 1973;

KRAJEWSKA, 2004) e possa reagir com muitas superfícies/polímeros negativamente

carregados, fazendo também quelação com íons metálicos. A quitosana é uma base fraca,

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sendo insolúvel em água e solventes orgânicos, porém é solúvel na maior parte dos ácidos

orgânicos, como por exemplo, o ácido acético e fórmico e também em ácidos inorgânicos

como o ácido clorídrico. Precipita em soluções alcalinas ou com poliânions e forma um gel

em pH baixo (SINHA et al, 2004).

Este biopolímero é atrativo devido à sua não toxicidade, biodegrabilidade,

biocompatibilidade e propriedades de muco adesividade. Tem características úteis tais como

propriedades antibacterianas e antioxidantes, capacidade de formação de película, aumento do

gel e utilização como agente encapsulante (ALISHAHI; AIDER, 2012; CHO et al., 2006;

HWANG e SHIN, 2000; LEE e HONG, 2009; KLAYPRADIT e HUANG, 2008;

BOONSONGRIT et al., 2007; MONTILLA et al., 2007).

Aplicada na biomedicina ela é um biomaterial que favorece a reconstituição

fisiológica da pele. Em alimentos, sua capacidade de formação de filmes desperta interesse

para utilização como conservante em alimentos e embalagens inteligentes. Outra aplicação da

quitosana está na produção de microcápsulas (BORGOGNONI; POLAKIEWICZ;

PITOMBO, 2006). Segundo Tokarová (2013) a quitosana parece ser uma adequada matriz

polimérica para encapsulamento e libertação controlada de nanopartículas.

2.4 ÓLEO DE BARU

O baru é uma semente comestível proveniente do fruto do barueiro (Dipterix alata

Vog.), leguminosa arbórea amplamente distribuída no cerrado, envolvendo terras dos estados

de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal (RATTER et al.,

2000).

A árvore adulta possui altura média de 15 metros apresentando frutos madurs entre

julho e outubro. O fruto é ovoide e classificado como do tipo drupa, de coloração marrom,

que possui uma polpa fibrosa, com centro endurecido, com uma única semente comestível, da

qual se extrai o óleo (VIEIRA, 2006; CARRAZA; ÁVILA, 2010).

De acordo com Sano Ribeiro e Brito (2004) e Carraza e Ávila (2010), o baru é uma

das espécies do cerrado mais promissoras para cultivo devido a alta taxa de germinação das

sementes (90 a 100% entre 4 a 6 dias) (MELHEN, 1972; SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004),

alto potencial de produção dos frutos e possibilidade de aproveitamento de várias partes da

planta, sendo citado na literatura com potencial de utilização da casca, frutos e sementes.

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A semente apresenta sabor agradável, sendo consumida principalmente torrada como

aperitivo ou em várias receitas, apresenta um alto valor nutricional, sendo fonte de lipídeos,

proteínas, fibras e minerais (SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004)

Figura 2.3. Árvore adulta de baru (a); Fruto e semente de baru (b).

Fonte: Vieira (2006); Carraza e Ávila (2010).

A polpa do baru apresenta elevado teor de carboidratos totais (aproximadamente 60%)

e alta concentração de fibras insolúveis (cerca de 30%) (TOGASHI e SGARBIERI, 1994).

Sua semente (amêndoa) apresenta elevados teores de proteínas (entre 23% e 30%) e de

lipídios (cerca de 40%), assemelhando-se à composição característica de nozes (FREITAS e

NAVES, 2010; VENKATACHALAM e SATHE, 2006; TAKEMOTO, 2001).

Lemos et al. (2012) identificaram compostos fenólicos na semente de baru (568,9

mg/100g), incluído catequinas, ácido cumarínico, ácido caféico, ácido elágico e ácido gálico,

sendo este último o composto predominante (132,8 a 224 mg/100g na semente crua). Em

relação a presença de taninos, Marin (2006) determinou tais compostos na concentração de

472,2 mg/100g de semente liofilizada, enquanto Togashi (1993) não detectou taninos na

semente do baru.

Estudos relatam que a semente apresentou também efeito antioxidante, que foi

reduzido em aproximadamente 50% quando a semente foi tostada (LEMOS et al., 2012). A

amêndoa de baru foi capaz de alterar o perfil sérico e reduzir a peroxidação lipídica em ratos

tratados com uma dieta hiperlipídica, em comparação ao controle (banha/gordura animal).

Observou-se redução do colesterol total (126 mg/dL VS 217 mg/dL), redução de triglicérides

(61 mg/dL VS 223 mg/dL), aumento dos níveis de HDL (36 mg/dL VS 24 mg/dL) e redução

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dos níveis do marcador de peroxidação lipídica (92 mmol.g/proteína VS 345

mmol.g/proteína) (FERNANDES, 2011).

O óleo extraído da semente de baru é usado popularmente como anti-reumático e

apresenta propriedades sudoríferas, tônicas e reguladoras de menstruação (BARROS, 1982;

SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). Caracteriza-se por ser do tipo oleico-linoleico e apresenta

alto teor de ácido graxos insaturados (81,2%) (TAKEMOTO et al., 2001).

O óleo extraído da semente de baru apresenta teor de α-tocoferol e γ-tocoferóis (5 e

4,3 respectivamente), reconhecidos antioxidantes, indicando potencial funcional (MACIEL

JUNIOR, 2010; TAKEMOTO, 2001), e composição em ácidos graxos semelhantes aos do

óleo de amendoim, destacando-se os ácidos oléico e linoléico, este considerado essencial. O

elevado grau de insaturação do óleo da semente de baru favorece seu uso para fins

comestíveis ou como matéria prima para as indústrias farmacêutica e oleoquímica, se

eliminadas eventuais substâncias nocivas à saúde (TAKEMOTO, 2001).

Essa composição em ácidos graxos mono e poliinsaturado é importante para a saúde,

uma vez que esses ácidos contribuem para a redução das frações de Lipoproteína de Baixa

Densidade (LDL) e de Muito Baixa Densidade (VLDL), responsáveis pelo aumento do

colesterol sérico. O efeito benéfico do consumo de alimentos ricos neste tipo de ácidos graxos

sobre o perfil sérico lipídico tem sido confirmado em diversos trabalhos.

O óleo de baru contém uma boa relação de ácidos graxos ω-6 : ω-3; próximos aos

recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que propõe a proporção de 5:1 a

10:1 para ω-6 : ω-3 respectivamente, visto que razões elevadas contribuem para o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares (OMS, 2003) (FREITAS e NAVES, 2010).

Valllilo et al. (1990) concluíram que o alto teor de óleo na semente, bem como sua

composição em ácido graxos, torna-o economicamente viável, sugerindo sua utilização como

óleo vegetam ou gordura hidrogenada para alimentação humana, bem como matéria prima na

indústria químico-farmacêutica.

Além de ser uma importante espécie para a alimentação animal, tanto a polpa quanto a

amêndoa do baru são utilizadas na alimentação humana. Trabalhos têm sido desenvolvidos

com sucesso, no intuito de desenvolvimento e/ou melhoramento de produtos alimentícios,

aproveitando a polpa, a amêndoa e o óleo de baru, utilizando estes componentes com o

objetivo de aumentar alguns dos constituintes químicos dos alimentos (TAKEMOTO, 2001).

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2.5 REOLOGIA

A Reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento dos materiais, sendo a

maioria dos ensaios reológicos baseados na aplicação de uma força e na medida do

escoamento ou deformação resultante. É importante no estudo de emulsões o conhecimento

das propriedades reológicas. A eficiência de ruptura das gotas em um homogeneizador e a

vida de prateleira de emulsões alimentícias depende da viscosidade dos componentes

individuais. A viscosidade pode ser definida como a medida de fricção interna de um fluido,

isto é, a resistência encontrada pelas moléculas em se moverem no interior de um líquido,

devido ao movimento Browniano e às forças intermoleculares (MCCLEMENTS, 2005).

O estudo reológico dos alimentos é importante em projeto de tubulações e

equipamentos, no controle de qualidade, desenvolvimento de novos produtos, aceitabilidade

por parte do consumidor e em um melhor entendimento do comportamento estrutural dos

produtos e processos (MCCLEMENTS, 2005).

Emulsões alimentícias são materiais estruturalmente complexos que podem exibir

diferentes comportamentos reológicos, variando desde fluidos de baixa viscosidade (leite),

géis viscoelásticos (iogurte), até sólidos bastante duros (manteiga refrigerada). É possível

caracterizar o comportamento reológico das emulsões alimentícias a partir de poucos modelos

simples: sólidos, líquidos e plásticos (RAO, 1999).

2.5.1 Sólidos

Robert Hooke foi o cientista que primeiro observou a relação linear entre a força

aplicada a um material e a consequente deformação do mesmo, com isso um sólido elástico

ideal é chamado de Hookeano. Esse tipo de material apresenta a propriedade de voltar ao

tamanho e forma iniciais quando a força é retirada. A Lei de Hooke é representada pela

equação 1, onde a força por unidade de área (tensão) que atua no material é proporcional à

deformação relativa do material. Esta relação é aplicada apenas para materiais elásticos em

relativamente baixas deformações.

σ = E . γ (1)

onde σ é a tensão, E é uma constante e γ é a deformação.

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Sob as condições de corte ou mastigação em que ocorre altas taxas de deformação, a

caracterização das propriedades reológicas dos sólidos é importante. Como a lei de Hooke não

é válida para altas deformações, um módulo aparente (tensão/deformação) pode ser definido

para cada valor particular de deformação.

2.5.2 Líquidos

Os líquidos ideais são chamados de Newtonianos e apresentam a propriedade de

escoar quando uma tensão de cisalhamento é aplicada. Quando essa tensão é retirada, o

líquido continua escoando até que a energia aplicada seja dissipada na forma de calor. A

viscosidade destes materiais é uma medida da sua resistência ao escoamento, ou seja, quanto

mais alta a viscosidade, maior é a resistência ao escoamento. Neste tipo de material a tensão (

Equação 2) é expressa por:

σ = η . γ (2)

onde a constante de proporcionalidade η é chamada de viscosidade.

Os líquidos newtonianos deveriam ser incompressíveis (o volume não se altera com a

aplicação de uma força), isotrópicos (suas propriedades são as mesmas em todas as direções)

e homogêneos. Muitos alimentos líquidos não se encaixam nesses critérios e apresentam

comportamento reológico descrito pela Equação 2, por exemplo, leite soluções de sacarose,

salmoura e mel (MCCLEMENTS, 2005).

Existem outros líquidos que apresentam comportamento líquido não ideal, líquidos

não-newtonianos. Este pode se manifestar de diversas maneiras em um líquido, de modo que

a viscosidade dos sistemas pode depender da taxa de deformação ou do tempo de aplicação da

tensão (MCCLEMENTS, 2005).

Os dois tipos mais comuns de líquidos não newtonianos dependentes da taxa de

deformação são os fluidos pseudoplásticos e dilatantes. Os fluidos pseudoplásticos são

aqueles cuja viscosidade aparente diminui com o aumento da taxa de deformação,

provavelmente devido ao alinhamento de partículas não esféricas, ruptura e deformação de

gotas floculadas. Já os fluidos dilatantes são aqueles que apresentam um comportamento

oposto aos fluidos pseudoplásticos, com um aumento da viscosidade à medida que a taxa de

deformação aumenta (MCCLEMENTS, 2005).

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No caso de sistema dependentes do tempo, tem-se que a viscosidade dos fluidos pode

aumentar ou diminuir com o tempo de cisalhamento. Esse comportamento é importante na

indústria de alimentos, por causa do controle de processos como bombeamento e agitação. Os

comportamentos reológicos dependentes do tempo podem ser classificados como tixotrópico

e reopético. Os fluidos tixotrópico a viscosidade aparente diminui com tempo de

cisalhamento. Os fluidos reopéticos exibem o comportamento oposto, a viscosidade aparente

aumenta com o tempo de cisalhamento. Esse tipo de comportamento não é comum em

alimentos, mas pode ocorrer em soluções de amido altamente concentradas (MCCLEMENTS,

2005).

2.5.3 Plásticos de Bingham

Muitas emulsões alimentícias exibem comportamento reológico conhecido como

plásticos, como por exemplo, maionese, margarina e manteiga. Esse tipo de material

apresenta uma tensão conhecida como tensão residual, de modo que apenas escoa quando essa

tensão é excedida. Alimentos que exibem este tipo de comportamento geralmente apresentam

uma rede de moléculas agregadas ou partículas dispersas em uma matriz líquida. O material

plástico ideal é chamado plástico de Bingham, o qual apresenta um comportamento linear

para tensões acima da tensão residual (MCCLEMENTS, 2005).

2.5.4 Materiais viscoelásticos

Alguns materiais apresentam comportamento viscoelástico, ou seja, não são nem

líquidos puros e nem sólidos puros, apresentando propriedades reológicas que são

parcialmente elásticas e parcialmente viscosas. Quando se aplica uma energia mecânica em

materiais viscoelásticos, parte da energia é estocada no material na forma de energia elástica,

enquanto que parte é dissipada na forma de calor na forma de energia viscosa

(MCCLEMENTS, 2005).

O experimento mais utilizado para determinação das relações tensão, deformação e

tempo em materiais viscoelásticos é o ensaio oscilatório. Neste uma tensão ou deformação

senoidal é aplicada, obtendo-se como resposta a deformação ou tensão oscilatória. Os ensaios

oscilatórios em cisalhamento são particularmente úteis para caracterizar a conformação

macromolecular e interações intermoleculares em solução

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3 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o efeito dos polímeros goma arábica e

quitosana como estabilizantes naturais, em emulsões óleo água, utilizando óleo de baru em

seu preparo; estudando as propriedades estruturais e reológicas dos sistemas.

Os objetivos específicos foram:

- Preparo de emulsões óleo/água utilizando óleo de baru, e como estabilizantes goma

arábica e quitosana;

- Caracterização do óleo de baru e dos polímeros goma arábica e quitosana;

- Avaliação da interação goma arábica / quitosana, e sua ação como estabilizante

natural em emulsões óleo/ água;

- Estudo da interferência de concentração de polímeros (goma arábica e quitosana) e

óleo de baru na estabilidade de emulsões óleo/água;

- Análise da estabilidade, reologia e microscopia ótica das emulsões preparadas em

diferentes concentrações no tempo de até 24 horas;

- Avaliação da separação de fases da emulsão óleo água, e caracterização química das

fases da emulsão.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Os ingredientes utilizados para preparo dos sistemas foram goma arábica, adquirida da

marca Synth, quitosana de baixa viscosidade adquirida da marca Sigma Aldrich, e óleo de

baru adquirido da Veris óleos do Brasil. Sorbato de potássio da marca Synth foi utilizado no

preparo das emulsões para evitar o crescimento microbiano. Os demais ingredientes utilizados

eram de grau analítico.

4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O Delineamento experimental proposto foi executado na Escola de Agronomia,

Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás, conforme

apresentado na Figura 4.1. As concentrações utilizadas no preparo das emulsões estão

apresentadas na Tabela 4.1.

Goma arábica Óleo de Baru

Quitosana

Caracterização dos biopolimeros Caracterização do óleo baru

estabilizantes

Preparo das emulsões *

Estabilidade da emulsão Reologia Caracterização Microscopia

das fases da emulsão óptica

Figura 4.1 Diagrama de fluxo das etapas de execução do trabalho.

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4.2 MÉTODOS

4.2.1 Preparo das Soluções estoque de Biopolímeros

A solução estoque de goma arábica foi preparada pela dispersão do pó em água

deionizada a temperatura ambiente, sendo dissolvida em agitação magnética até completa

dissolução na concentração de 30% (p/p).

A solução estoque de quitosana foi preparada na concentração de 3%, sendo dissolvida

em solução de ácido acético 1%, e deixada em agitação magnética e temperatura aproximada

de 50°C por uma hora ou até completa dissolução. Estas soluções foram deixadas em repouso

por 24 horas antes do preparo das emulsões em temperatura de 8°C.

4.2.2 Preparo das emulsões óleo-água

As soluções estoque de goma arábica 30% (p/p) e quitosana 3% (p/p) foram

preparadas conforme item 2.1.1 e diluídas para preparo das emulsões O/A. Sorbato de

potássio foi adicionado na proporção de 0,02% (m/v) para inibir crescimento microbiano. O

óleo de baru foi então misturado às soluções aquosas de biopolímeros utilizando um

triturador-misturador tipo “Ultra Turrax” modelo T18 (IKA, Alemanha), a 14000 rpm por 5

minutos, sendo o óleo adicionado aos poucos para melhor homogeneização das emulsões. Os

seguintes sistemas foram avaliados: i) emulsões eu O/A de Goma arábica variando a

concentração em 15 e 20%, com quitosana em concentração de 1%, e óleo de baru nas

concentrações de 2 e 5%; ii) emulsões O/A de goma arábica variando a concentração em 15 e

20%, e óleo de baru nas concentrações de 2 e 5%. Com estas concentrações foram

determinados oito tratamentos para estudo conforme Tabela 4.1.

Tabela 4.1. Relação dos ensaios e concentração das emulsões.

Nomenclatura * Goma arábica Quitosana Óleo de baru

A 20% 1% 2%

B 15% 1% 2%

C 10% 1% 5%

D 5% 1% 5%

E 20% 2%

F 15% 2%

G 20% 5%

H 15% 5%

*Esses códigos foram utilizados ao longo deste trabalho como forma de facilitar a identificação das combinações

de materiais de parede.

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4.3. ANÁLISES

4.3.1 Caracterização dos polissacarídeos

Os polissacarídeos foram caracterizados quanto a Umidade e Cinzas pelo método

AOAC, 1997. A concentração de nitrogênio total foi determinada pelo método Kjeldahl

(AOAC, 1996). O teor de óleo foi determinado pela metodologia Bligh Dyer (BLIGH &

DYER, 1959).

4.3.2 Caracterização do óleo de baru

O óleo de baru foi caracterizado quanto ao índice de acidez, índice de iodo e

saponificação segundo metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz, 2011. O índice de

peróxido foi determinado espectofotometricamente de acordo com o método padrão IDF

74A:1991. Uma porção de óleo de 0,1 a 0,3 g foi pesada, a uma alíquota de 200 μL do meio

de extração foram adicionados a 9,6 mL de uma mistura de clorofórmio/metanol (7:3). Para a

formação de cor, foram adicionados 50 μL de soluções de cloreto de ferro (II) e 50 μL de

tiocianato de amônia. A amostra foi agitada, mantida em repouso, no escuro, por 5 minutos e

então foi medida a absorbância a 500 nm em um espectrofotômetro.

4.3.3 Estabilidade da emulsão

Imediatamente após o preparo das emulsões, alíquotas de 50 mL de cada amostra

foram transferidas para provetas graduadas de 50 mL, seladas, estocadas a temperatura

ambiente por 7 dias, sendo o volume da fase aquosa quantificado de 15 em 15 minutos até a

primeira hora após o preparo, depois de 30 em 30 minutos até o tempo de 4 horas após o

preparo, e após de 24 em 24 horas até o sétimo dia. A estabilidade foi medida através da

altura da fase superior, sendo o índice de cremeação descrito pela equação 4.1

IC (%) = (H/H0 )* 100 (3)

onde: H0 representa a altura inicial da fase inferior e H representa a altura inicial da fase

superior após 24 horas.

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4.3.4 Reologia

A medida de viscosidade foi feita através da determinação das curvas de escoamento.

Os ensaios foram realizados em um reômetro Physica MCR 101 (Anton Paar, Austria). As

medidas foram feitas em triplicata, em geometria de Placa paralela de 75 mm de diâmetro,

com temperatura controlada em 25° C por sistema Peltier e Gap de 0,5 mm. As emulsões

foram avaliadas 24 horas após o preparo. Utilizando-se um intervalo de taxa de deformação

de 0 – 300 s-1

, e tensão de 0 – 20 (Pa).

Os reogramas obtidos foram avaliados de acordo com modelos matemáticos empíricos

e a viscosidade aparente das emulsões foi calculada com a relação entre a tensão (σ) e a taxa

de deformação (γ).

4.3.5 Análises químicas das fases da emulsão

A concentração de proteína foi determinada pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1996),

com um fator de proteína de 6,25. A umidade foi determinada pelo método de secagem em

estufa à 105°C, até obtenção de peso constante. O teor de óleo nas fases da emulsão foi

determinado pelo método Bligh Dyer (BLIGH e DYER, 1959). A concentração de açúcares

foi determinada por diferença.

4.3.6 Microscopia ótica

A microscopia ótica da emulsão O/A foi avaliada imediatamente após o preparo. Para

isso as amostras foram colocadas em lâminas, cobertas com lamínulas e observadas em um

microscópio ótico Leica, modelo MDS50, em aumento de 40x. Foram obtidas cerca de 10

imagens de cada amostra, de modo a varrer a lâmina inteira, obtendo-se um resultado

representativo.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos nas análises realisadas foram analisados por Análise de

Variância (ANOVA), com auxílio do software Assistat, versão 7.0. Para análise da diferença

de médias o teste de Tukey foi utilizado com p ≤ 0,01.

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5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS BIOPOLÍMEROS

A caracterização dos biopolímeros usados no estudo foi realizada conforme

metodologia descrita na seção 4.3.1 (AOAC, 1997). A composição centesimal da goma

arábica e quitosana estão apresentadas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1. Composição centesimal dos biopolímeros goma arábica e quitosana.

Umidade (g/100 g) Cinzas (g/100 g) Lipídeos (g/100 g) % Nitrogênio

Quitosana 7,37 ± 0,37 0,24 ±0,05 0,29 ± 0,08 6,93 ± 0,65

Goma Arábica 14,82 ± 0,06 3,39 ±0,01 0,81 ± 0,03 1,38 ± 0,01

Os resultados apresentados na Tabela 5.1 mostram a goma arábica com teor de

nitrogênio de 1,38, sendo compatível com o apresentado em literatura. Segundo Shahidi e

Han, 1993 o teor de proteína é responsável pela goma arábica ser um bom agente

emulsificante.

A quitosana apresenta em sua estrutura muitos grupos aminos, não sendo propriamente

proteína, a análise de micro-kjedal determina o teor de nitrogênio total na composição do

produto.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE BARU

A Tabela 5.2 apresenta os índices de caracterização do óleo de baru, adquirido pela da

marca Veris óleos do Brasil.

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Tabela 5.2 índices analíticos do óleo de baru

Índices Óleo de Baru

Acidez (mg KOH/g) 0,28 ±0,14

índice de Peróxido (µg/ g) 102,8 ± 0,22

índice de Saponificação (mg KOH/g) 182,78 ±0,54

índice de Iodo (cg/g) 94,05 ± 1,77

Densidade relativa 0,93 ± 0,34

Avaliando-se os principais índices analíticos do óleo de baru, observa-se que o índice

de iodo encontrado é inferior a 110 cg/g. Este índice avalia o grau de insaturação do óleo e é

expresso em número de centigramas de iodo absorvida por grama da amostra (% iodo

absorvido). O valor de iodo analisado de 94,05 cg/g encontrado é próximo ao apresentado na

literatura, Maciel Junior (2010) encontrou o índice de iodo de 93,83 cg/g e Togashi et. al.

(1994) que apresentou o valor de 91,6 cg/g.

O índice de saponificação do óleo de baru utilizado neste trabalho foi aproximado do

valor apresentado por Maciel Junior (2010) que foi de 187,3. Este índice representa a

quantidade de álcali (hidróxido de potássio) necessária para saponificar 1 g da amostra. Essa

proximidade de valores apresentado nos dois estudos pode concluir que são óleos com

característica de cadeias carbônicas similares.

O índice de acidez e peróxido são utilizados para avaliar a qualidade do óleo. O índice

de acidez obtido uma baixa rancidez hidrolitica. O índice de acidez permitido pela ANVISA

(BRASIL, 2005) é de 4,0 mg KOH/g para óleos prensados a frio e não refinados, valor 14

vezes acima ao encontrado neste trabalho. O índice de peróxido é um indicativo de grau de

oxidação, o valor máximo permitido pela ANVISA (BRASIL, 2005) é de 15 meq/1000g para

óleos prensados a frio e não refinados.

A densidade relativa encontrada para o óleo de baru foi de 0,93 ±0,34, este valor não

corresponde aos encontrados na literatura que citam densidade relativa de 0,92

aproximadamente (MACIEL JUNIOR, 2010). Esta diferença de valores de densidade relativa

pode caracterizar presença de umidade na amostra utilizada neste estudo.

5.3 ESTABILIDADE DAS EMULSÕES

Inicialmente, foi realizado um estudo de emulsões óleos/água (O/A), de maneira a

avaliar a estabilidade desse tipo de sistema, possibilitando posteriores estudos. Estudos

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anteriores mostraram que emulsões preparadas com altas concentrações de Goma Arábica

apresentavam boa estabilidade, sendo pouco susceptíveis ao processo de cremeação. Esse

mecanismo de desestabilização promove a diminuição da qualidade das emulsões

alimentícias, tanto em relação à aparência quanto a textura (MCCLEMENTS, 2005). A

cremeação ocorre quando a fase dispersa é menos densa do que a fase contínua, porém não

existe coalescência. A Tabela 5.3 apresenta as concentrações utilizadas no preparo das

emulsões e suas nomenclaturas.

Tabela 5.3 Relação dos ensaios e concentração das emulsões.

Nomenclatura * Goma arábica Quitosana Óleo de baru

A 20% 1% 2%

B 15% 1% 2%

C 10% 1% 5%

D 5% 1% 5%

E 20% 2%

F 15% 2%

G 20% 5%

H 15% 5%

*Esses códigos foram utilizados ao longo deste trabalho como forma de facilitar a identificação das combinações

de materiais de parede.

A Figura 5.1 apresenta o índice de cremeação, calculado pela equação (3), em função

do tempo (horas) para todas as amostras estudadas. Analisando o gráfico pode-se observar

que as amostras, A, B, C e D, que são amostras estabilizadas por goma arábica e quitosana,

sofreram maior separação de fases ao longo do tempo de estocagem.

Figura 5.1 Índice de cremeação em função do tempo de estocagem das amostras estabilizadas com goma arábica

e quitosana.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

24 48 72 96 120 144 168

índ

ice

de

cre

mea

ção

(%)

Tempo (h)

A

B

C

D

E

F

G

H

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As amostras C e D apresentaram maior índice de cremeação logo nas primeiras 24

horas de estocagem. Podemos atribuir tal diferença, no índice de cremeação, em relação às

amostras A e B, pela menor concentração de goma arábica em sua formulação (C 10%, D

5%), demonstrando que o polissacarídeo goma arábica, quando utilizado nas concentrações de

15 e 20% (como utilizado nas amostras A e B) auxiliou na estabilização de emulsões

compostas com quitosana. As outras seis amostras estudadas (A, B, E, F, G, H) não sofrerão

separação de fases nas primeiras 24 horas.

A goma arábica é um polissacarídeo aniônico, sendo negativamente carregada acima

de pH 2,2, e baixos pHs (<2,2) a dissociação dos grupos carboxilas é suprimida (ROCHA,

2009). A Quitosana é um copolímero catiônico, solúvel em soluções com pH inferior a 6,5

(MUZZARELLI, 1973; KRAJEWSKA, 2004). A interação entre esses biopolímeros se dá

quando ocorre a neutralização mútua dos polissacarídeos aniônicos diminuindo a

hidrofobicidade e se reduz a rigidez da estrutura molecular, que induz a separação de fases.

Estas interações principalmente induzidas pelas atrações eletrostáticas entre cargas opostas

dos biopolímeros induzem a formação de complexos, sendo insolúveis num sistema de duas

fases, formando um precipitado, que seria um coacervado complexo (BUTSTRAEN,

SALAUN; 2014). Portanto a separação de fases das amostras C e D, nas primeiras 24 horas,

se deu por uma incompatibilidade química destes biopolímeros.

A Tabela 5.4 apresenta o índice de cremeação nas primeiras 24 horas de estocagem.

Analisando-se estatisticamente observa-se que as amostras C e D apresentaram diferença

significativa ao nível de significância de 5% em relação às outras amostras nas primeiras 24

horas de estocagem.

Tabela 5.4 Índice de cremeação nas primeiras 24 horas de estocagem.

A B C D E F G H

Índice de

cremeação 5,09 b 2,82 b 36,69 a 36,11 a 2,65 b 1,02 b 1,77 b 5,04 b

As amostras E, F, G e H, que foram preparadas somente com goma arábica em

diferentes concentrações, e óleo de baru em concentrações de 2 e 5%, não apresentaram

variação significativa no índice de cremeação ao longo dos 7 dias de estocagem. Assim

emulsões estabilizadas somente com goma arábica são mais estáveis ao longo do tempo de

estocagem, confirmando a informação de que este polissacarídeo utilizado em altas

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concentrações se apresenta com um excelente emulsificante natural (CHARVE,

REINECCIUS, 2009).

Para atuar como emulsificantes um composto deve conter grupamentos hidrofílicos e

hidrofóbicos, quanto maior a capacidade emulsificante do material melhor a retenção de

compostos. A goma arábica é constituída por um arranjo altamente ramificado de galactose,

arabnose, ramnose e ácido glicurônico, contendo ainda cerca de 5% de proteína ligado

covalentemente a esse arranjo molecular, exercendo um papel crucial na determinação das

propriedades emulsificantes da goma arábica (AZEREDO, 2005).

A Figura 5.2 apresenta o perfil de separação de fases e cremeação após 7 dias de

estocagem em temperatura ambiente, das emulsões estabilizadas com Goma arábica e

quitosana em diferentes concentrações e óleo de baru. Observa-se visualmente que a diferença

na concentração de óleo não interferiu na altura das fases nos diferentes tratamentos. A

amostra D apresentou um comportamento diferente de separação de fases em relação às outras

amostras, apresentando na parte superior uma camada semelhante à fase inferior da emulsão

estabilizada nesta proveta.

Figura 5.2 Emulsões (A, B, C, D) estabilizadas com Goma arábica e Quitosana, após sete dias de estocagem.

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A Figura 5.3 apresenta o perfil de separação de fases e cremeação após 7 dias de

estocagem em temperatura ambiente, das emulsões estabilizadas com Goma arábica em

diferentes concentrações e óleo de baru. Observa-se visualmente que houve pouca separação

de fases, e que a diferença na concentração de óleo não interferiu na altura das fases nos

diferentes tratamentos.

Figura 5.3 Emulsões (E, F, G, H) estabilizadas com Goma arábica, após sete dias de estocagem.

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5.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS FASES DA EMULSÃO

A composição química das fases da emulsão foi realizada após 7 dias de estocagem,

após as amostras atingirem um equilíbrio cinético (índice de cremeação constante) em

temperatura ambiente, e as metodologias utilizadas para análise foram conforme a seção 4.3.5

de Material e Métodos.

A Tabela 5.5 apresenta a composição química das fases das emulsões (fase superior e

fase inferior). As amostras A, B, C e D (que eram combinadas de goma arábica e quitosana)

apresentaram maior umidade na fase superior. Enquanto as amostras E, F, G e H

(estabilizadas somente com goma arábica) apresentaram maior umidade na fase inferior. Se

observarmos a Figura 5.3 a fase inferior das emulsões é maior (em tamanho na proveta) que a

fase superior.

Tabela 5.5. Composição química das fases da emulsão, estabilizadas após sete dias de

estocagem.

Fase superior

Umidade Proteína Lipídeos Polissacarídeo

A 80,57 ±0,03 0,26 ±0,025 0,33 ±0,12 18,84

B 86,13 ±0,02 0,22±0,033 0,16 ±0,05 13,49

C 92,81 ±0,018 0,28 ±0,08 0,15 ±0,06 6,76

D 94,27 ±0,06 0,26 ±0,07 0,13 ±0,12 5,34

E 82,53 ±0,28 1,61 ±0,73 3,53 ±0,1 12,33

F 64,58 ±0,98 1,07±0,45 11,16 ±2,82 23,19

G 78,77 ±0,15 1,03±0,66 6,79 ±4,05 13,41

H 81,32 ±0,07 0,14 ±0,07 1,24 ±0,25 17,3

Fase inferior

Umidade Proteína Lipídeos Polissacarídeo

A 75,51 ±0,09 0,71 ±0,078 1,33 ±0,03 22,45

B 79,26 ±0,51 0,68 ±0,039 0,65 ±0,27 19,41

C 74,49 ±0,02 0,85 ±0,04 8,84 ±1,22 15,82

D 72,33 ±0,07 1,05 ±0,06 12,43 ±0,13 14,19

E 84,24 ±0,17 1,4 ±0,053 0,39 ±0,13 13,97

F 79,02 ±0,06 1,28 ±0,22 1,08 ±0,14 18,62

G 77,84 ±0,37 1,18 ±0,13 1,08 ±0,13 19,9

H 85,41 ±1,41 0,15 ±0,08 0,73 ±0,15 13,71

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Para a proteína observa-se que somente a amostra E (estabilizada com 20% de goma

arábica e 2% de óleo de baru) apresentou maior percentual de proteína na fase superior. Nas

outras amostras estudadas o maior percentual de proteína foi na fase inferior.

Observa-se que as amostras A, B, C e D (compostas com Goma arábica e quitosana,

variando suas concentrações) teve maior concentração de lipídeos na fase inferior.

Visualmente (Figura 5.2) a fase inferior destas emulsões tinha características de ser compostas

predominantemente pela goma arábica, podendo-se dizer que o óleo teve maior interação com

a goma arábica do que com a quitosana.

O teor de polissacarídeos foi determinado pela diferença do percentual com o

resultado das outras composições. As emulsões F e H tiveram predominância de concentração

de polissacarídeos na fase superior. Enquanto as amostras A, B, C , D, E e G a maior

concentração de polissacarídeos foi na fase inferior.

5.5. MICROSCOPIA ÓPTICA

As imagens de microscopia óptica estão apresentadas na Figura 5.4, e foram obtidas

através da metodologia descrita na seção 4.3.6. As técnicas de microscopia são amplamente

utilizadas para visualização de emulsões sem diluição e com um mínimo preparo das amostras

(LANGTON et. al., 1999). Visualmente as imagens da Figura 5.4 apresentam diferenças no

tamanho das gotas. As amostras A e B estão visualmente com menores tamanho de gotas, e a

amostra A com aspecto de coalescência.

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Figura 5.4 Microestrutura de emulsões estabilizadas com Goma arábica e Quitosana.

5.6 REOLOGIA

Conforme descrito no item 4.3.4 a reologia das emulsões foi estudada através da

determinação das curvas de escoamento, a 25°C, em triplicata. As amostras C e D não foram

avaliadas devido à rápida separação de fases destes sistemas, o que impossibilitou a

amostragem homogênea do sistema para realização do ensaio reológico.

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Figura 5.5 Curva de escoamento da emulsão A, com dependência do tempo.

A Figura 5.5 apresenta o comportamento reológico em estado estacionário como uma

função do tempo de cisalhamento para a emulsão A. A partir deste resultado pode-se notar

que a viscosidade aparente não se alterou independente do tempo de cisalhamento. O

comportamento observado também caracteriza os fluidos como pseudoplásticos, pois a

viscosidade aparente diminuiu com o aumento da taxa de deformação, provavelmente devido

ao alinhamento de partículas não esféricas, ruptura e deformação de gotas floculadas

(MCCLEMMENTS, 2005). As demais curvas apresentaram comportamento similar e estão

apresentadas no Apêndice 1.

As curvas de escoamento dos polissacarídeos goma arábica (30%) e quitosana (3%),

estão apresentadas no Apêndice 1. A partir destes resultados pode-se observar que a

viscosidade aparente aumentou em função do tempo de cisalhamento somente no final da

segunda curva de subida.

Eliminando-se a dependência do tempo, curvas de escoamento em estado estacionário

foram obtidas para todas as emulsões estudadas (Figura 5.6). A partir destes resultados, pode-

se observar a existência de um comportamento de fluido pseudoplástico, sem taxa de tensão

residual, já que a viscosidade aparente diminui com o aumento da taxa de deformação

aplicada, sendo este o comportamento mais comum para a maioria das emulsões alimentícias.

Neste caso, a pseudoplasticidade pode ocorrer por uma variedade de razões como, por

exemplo, a alteração da distribuição espacial devido à aplicação de cisalhamento, alinhamento

de gotas não esféricas, remoção de moléculas de solventes ligados às gotas, ou deformação e

rompimento de flocos (HUNTER, 1993; MEWIS e MACOSKO, 1994; NEWSTEIN et. al.,

1999).

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

0 100 200 300 400 500 600

Ten

são

(Pa)

Taxa de deformção (s-1)

subida 1

descida 1

subida 2

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Figura 5.6 Curvas de escoamento das emulsões (subida 2).

Os dados experimentais das curvas obtidos foram ajustados pela Lei da Potência. Os

valores dos parâmetros obtidos pelo ajuste do modelo aos dados experimentais estão descritos

na Tabela 5.6. As curvas de escoamento foram ajustadas utilizando-se o modelo de Ostwald-

de-Waelle e os valores de viscosidade aparente a 100 s-1

foram calculados. A viscosidade a

essas taxas de deformação foi avaliada de maneira a reproduzir alguns processos que ocorrem

na produção de alimentos como, por exemplo, escoamento em tubulação, agitação ou

mastigação de um alimento (STEFFE, 1996).

Tabela 5.6. Parâmetros de ajuste da Lei da Potência aos dados experimentais das emulsões

preparadas.

k N µ R2

Soluções estoque

Goma arábica 0,2086b 0,9678a 0,179852b 99,91

Quitosana 3,816a 0,7642a 1,222646a 99,11

Emulsões

A 2,5662a 0,7722a 0,898857a 99,97

B 1,1117b 0,8626a 0,590456b 99,90

E 0,0787c 0,8682a 0,042892c 98,98

F 0,0234c 0,9472a 0,018349c 99,90

G 0,0409c 0,9968a 0,040302c 99,98

H 0,0176c 1,0088a 0,18328c 99,97

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 100 200 300 400 500 600

Ten

são

(Pa)

Taxa de deformação (s-1)

Amostra A

Amostra B

Amostra E

Amostra F

Amostra G

Amostra H

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Conforme mostrado na Tabela 5.6, os dados experimentais apresentaram bons ajustes

aos modelos com valores de R2

maiores que 99%. Os valores de n estiveram entre 0 e 1,

comprovando a análise gráfica de que as emulsões apresentam comportamento de fluidos

pseudoplásticos.

Analisando os índices das soluções estoque de goma arábica e quitosana pode-se

observar que a solução estoque de quitosana apresentou maior viscosidade, com diferença

significativa, em relação à solução estoque de goma arábica. A quitosana após a sua

dissolução, em água acidificada, agitação e aquecimento assume a propriedade de gel, o que

justifica a alta viscosidade mesmo em baixas concentrações (SINHA et al, 2004).

A partir da Tabela 5.6 pode-se observar que a viscosidade aparente a 100 s -1

e o índice

de consistência (k) são maiores nas amostras A e B, que são estabilizadas com goma arábica e

quitosana, tendo diferença significativa em relação às amostras estabilizadas somente com

goma arábica (E, F, G, H). As amostras A e B apresentam diferença estatística entre si em

relação a viscosidade aparente e ao índice de consistência. Assim a interação de goma arábica

e quitosana alterou significativamente a viscosidade das emulsões estudadas. Observa-se que

a diferença na concentração de óleo de baru não interferiu significativamente nos índices

reológicos das emulsões deste estudo.

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6 CONCLUSÕES GERAIS

A partir dos resultados obtidos para as emulsões óleo/ água estabilizadas por goma

arábica e quitosana pode-se concluir que a concentração dos biopolímeros afeta

significativamente a estabilidade das emulsões, e que a concentração de óleo estudada não

afetou a estabilidade dos sistemas.

Pode-se concluir que os biopolímeros, goma arábica e quitosana, quando utilizados em

conjunto, em emulsões óleo/água geram sistemas muito instáveis, devido a rápida separação

de fases. As emulsões estabilizadas somente com goma arábica, apresentaram bons resultados

quanto à estabilidade, sendo favorável a utilização deste polissacarídeo com emulsificante

natural em sistemas alimentícios.

Os sistemas estudados em relação à reologia apresentam comportamento de fluidos

pseudoplásticos, sem taxa de tensão residual, neste caso a viscosidade aparente diminui com o

aumento da taxa de deformação. A pseudoplasticidade é uma característica de muitos sistemas

alimentícios. A presença de quitosana nas emulsões aumentou viscosidade.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A. Curva de escoamento da solução estoque de Goma Arábica 30%, com

dependência do tempo.

APÊNDICE B. Curva de escoamento da solução estoque de Quitosana 1%, com dependência

do tempo.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 200 400 600

Ten

são

(Pa)

Taxa de deformação (s-1)

subida 1

descida 1

subida 2

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

0 100 200 300 400 500 600

Título do Eixo

subida 1

descida 1

subida 2

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APÊNDICE C. Curva de escoamento da emulsão B, com dependência do tempo.

APÊNDICE D. Curva de escoamento da emulsão E , com dependência do tempo.

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

0 100 200 300 400 500 600

1 subida

1 descida

2 subida

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

0 100 200 300 400 500 600

1 subida

1 descida

2 subida

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APÊNDICE E. Curva de escoamento da emulsão F , com dependência do tempo.

APÊNDICE F. Curva de escoamento da emulsão G, com dependência do tempo.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

0 100 200 300 400 500 600

1 subida

1 descida

2 subida

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0 100 200 300 400 500 600

1 subida

1 descida

2 subida

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APÊNDICE G. Curva de escoamento da emulsão H, com dependência do tempo.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

0 100 200 300 400 500 600

1 subida

1 descida

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