avaliaÇÃo do risco de inundaÇÃo na Área ......“a vitória chegou” (aurelina dourado) resumo...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE-UERN FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS- FACEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA-PPGGEO MESTRADO EM GEOGRAFIA GILCIANE KARINY DA COSTA FRUTUOSO AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA URBANA DE ASSÚ - RN COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO. MOSSORÓ/RN 2020

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Page 1: AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA ......“A vitória chegou” (Aurelina Dourado) RESUMO O processo de urbanização no Brasil, que ocorreu sem planejamento, com aumento

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE-UERN

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS- FACEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA-PPGGEO

MESTRADO EM GEOGRAFIA

GILCIANE KARINY DA COSTA FRUTUOSO

AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA URBANA DE ASSÚ - RN

COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO.

MOSSORÓ/RN

2020

Page 2: AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA ......“A vitória chegou” (Aurelina Dourado) RESUMO O processo de urbanização no Brasil, que ocorreu sem planejamento, com aumento

GILCIANE KARINY DA COSTA FRUTUOSO

AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA URBANA DE ASSÚ - RN

COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Geografia (PPGEO), da Faculdade de Ciências

Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do

Norte (UERN), para a obtenção do título de Mestre em

Geografia.

Área de concentração: Paisagens Naturais e Meio

Ambiente.

Linha de pesquisa: Estudos Socioambientais.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio.

Coorientadora: Profa. Dra. Terezinha Cabral de

Albuquerque Neta Barros.

MOSSORÓ/RN

2020

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/

© Todos os direitos estão reservados a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. O conteúdo desta obra é deinteira responsabilidade do(a) autor(a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejaminfringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e DireitosAutorais: Lei n° 9.610/1998. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu(a)respectivo(a) autor(a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográcos.

Catalogação da Publicação na Fonte.Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

F945a FRUTUOSO, GILCIANE KARINY DA COSTAAVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA

URBANA DE ASSÚ - RN COMO FERRAMENTA PARA OPLANEJAMENTO URBANO.. / GILCIANE KARINY DACOSTA FRUTUOSO. - MOSSORÓ, 2020.

96p.

Orientador(a): Prof. Dr. ALFREDO MARCELOGRIGIO.

Coorientador(a): Profa. Dra. Terezinha Cabral deAlbuquerque Neta Barros.

Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Geografia). Universidade do Estado do RioGrande do Norte.

1. Programa de Pós-Graduação em Geografia. 2.Desastre. 3. Precipitação. 4. Cidade. 5. Expansão. I.GRIGIO, ALFREDO MARCELO. II. Universidade doEstado do Rio Grande do Norte. III. Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográca para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvidopela Diretoria de Informatização (DINF), sob orientação dos bibliotecários do SIB-UERN, para ser adaptado àsnecessidades da comunidade acadêmica UERN.

Page 4: AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA ......“A vitória chegou” (Aurelina Dourado) RESUMO O processo de urbanização no Brasil, que ocorreu sem planejamento, com aumento

GILCIANE KARINY DA COSTA FRUTUOSO

AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA URBANA DE ASSÚ - RN

COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Geografia (PPGEO), da Faculdade de Ciências

Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do

Norte (UERN), para a obtenção do título de Mestre em

Geografia.

Área de concentração: Paisagens Naturais e Meio

Ambiente.

Linha de pesquisa: Estudos Socioambientais.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio.

Coorientadora: Profa. Dra. Terezinha Cabral de

Albuquerque Neta Barros.

Aprovada em: 24/03/2020

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio- UERN

(Orientador)

Profa. Dra. Terezinha Cabral de Albuquerque Neta Barros - UERN

(Examinadora externa)

Prof. Dr. Marco Antônio Diodato - UFERSA

(Examinador Externo)

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Dedico este trabalho a minha mãe Gilcia, por todo o incentivo e

apoio, a qual sempre quis me ver mestra. Tudo que sou e pretendo ser

eu devo à senhora.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder forças para chegar a este momento sonhado e esperado, por

toda a força e discernimento para que eu pudesse enfrentar os percalços durante a construção

deste trabalho e ter a convicta certeza de que vale a pena sim se dedicar e fazer renúncia em

prol de uma realização profissional.

A meus pais Kennedy e Gilcia, meu irmão Francisco e meus sobrinhos Nicolly e

Nicollas, pelo amor e apoio na busca de minhas realizações.

Ao meu Francicélio, pelo amor, paciência e por sempre me apoiar e me encorajar a

nunca desistir do meu sonho, sempre disposto a me ajudar no que fosse preciso. Além disso, o

que seria de mim sem você para me auxiliar no financeiro?

Ao meu orientador, Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio, que desde o primeiro contato,

sempre foi solícito, me acolheu com toda a atenção, paciência e motivação e mostrou que

através da educação podemos nos transformar e transformar o mundo. Pessoa a qual ganhou

minha admiração, carinho e respeito, o meu muito obrigada.

À minha coorientadora, Profa. Dra. Terezinha Cabral de Albuquerque Neta Barros,

por toda dedicação, contribuição e atenção nas várias conversas via WhatsApp destinadas à

orientação deste trabalho.

Aos professores e professoras do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), por toda contribuição ao longo

desses anos na pós-graduação.

Ao secretário do Mestrado, Diego, por todo o apoio, incentivo e sempre estar solícito a

todos os nossos pedidos ao longo do curso.

Ao Núcleo de Estudos Socioambientais e Territoriais (NESAT), por toda solicitude

tecnológica e acervo bibliográfico; e às amigas e amigos, Marina Teixeira, Marina Gurgel,

Iracilda, Letícia Gabriele, Wesley Misael, Weslley Souto, Ariel e Eduardo, por todo o auxílio

tecnológico nos momentos necessários.

À Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), por ofertar ensino,

pesquisa e extensão de qualidade e oportunizar desenvolvimento profissional.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especificamente ao Núcleo

Temático da Seca e do Semiárido (NUT-Seca), na pessoa de Maurina, sempre cordial em

minhas solicitações.

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A todos os funcionários dos órgãos públicos com os quais mantive contato, coletando

dados, sempre atenciosos e solícitos para contribuir na realização deste trabalho.

É nostálgico escrever essa parte do trabalho, pois me faz rememorar o final da

graduação e a professora Ana Luíza Bezerra Saraiva, a qual sempre me incentivava a

continuar a carreira acadêmica, concedendo-me a oportunidade de fazer o estágio em

docência e pessoa que me serve de exemplo.

À Heleriany de Medeiros Madeiros, por todo o apoio, incentivo no processo de

ingresso ao curso. A você, “Lerê”, o meu muito obrigada.

À turma do 4º período de Geografia, em especial aos alunos Joshua, Andrezza, Edgar

com os quais tive a oportunidade de fazer o estágio em docência, uma experiência ímpar em

minha vida acadêmica. Obrigada por toda a experiência e momentos compartilhados.

À Marysol Dantas, pela contribuição de informações e materiais que auxiliaram

bastante na escrita deste trabalho. Obrigada pela atenção e por ser sempre solícita nos

momentos em que eu precisava.

A Patrício Martiniano, pelo auxílio no acompanhamento dos campos nos momentos

necessários.

A Dyego Rocha, pela paciência e auxílio para a realização deste trabalho.

A todos os meus amigos e amigas, que compreenderam minha ausência, mas que me

apoiaram e contribuíram direta e indiretamente para que eu chegasse ao término dessa

jornada.

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“A vitória chegou”

(Aurelina Dourado)

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RESUMO

O processo de urbanização no Brasil, que ocorreu sem planejamento, com aumento da

população e, dessa forma, houve a necessidade das cidades se expandirem para abrigar essa

população, alterou e continua a alterar a dinâmica ambiental e social dos espaços urbanos da

maioria das cidades brasileiras. Esse processo de ocupação desordenada em áreas irregulares

resultou na ocorrência de problemas de inundações em áreas que antes não representavam um

risco à população. Dentro desse contexto, apresenta-se a cidade de Assú-RN, localizada em

uma área com forma de relevo plano, próxima a corpos hídricos e com ocupações próximas

ao leito maior do rio. Diante dessa problemática, apesar da área urbana do município de Assú

(RN) possuir um instrumento de planejamento e gestão, através do seu Plano Diretor, a

mesma não possui um Plano e/ou um Zoneamento das suas áreas de risco a inundação.

Buscando entender e identificar essas áreas de riscos, este trabalho tem como objetivo geral

avaliar os riscos de inundação a partir da susceptibilidade aos perigos na área urbana do

município de Assú, relacionados com as formas de ocupação do solo, alterações ambientais,

na investigação do espaço geográfico. Para alcançar esse objetivo, em um primeiro momento,

foi necessário refletir sobre o planejamento urbano, que serviu de embasamento às discussões

sobre planejamento e Plano Diretor. Logo após, foram realizadas coletas no banco de dados

do Núcleo Temático da Seca e do Semiárido (NUT-Seca), referentes ao histórico de

inundações ocorridas, para se traçar um inventário de anos de inundação e os detalhes de cada

ocorrência na cidade, baseando-se nos estudos de Cardoso Jr. (2011), Santos Junior e

Montadon (2011), para as discussões de planejamento; e Tucci (2005), Almeida (2012),

Amaral e Gutjahr (2015), para as discussões de desastre, risco, perigo e inundações.

Posteriormente, realizou-se uma coleta de dados juntamente à Defesa Civil do município, que

abordava relatórios sobre a última inundação ocorrida para que, com os resultados obtidos,

pudessem ser gerados, por meio de técnicas de geoprocessamento, os mapas temáticos, com a

finalidade de espacializar o risco na área urbana, utilizando, para isso, a metodologia aplicada

por Julião et al (2009). Por meio dos resultados obtidos, percebe-se que a ferramenta que

auxilia no gerenciamento urbano encontra-se desatualizada. Há uma permanência histórica de

inundações nos mesmos bairros e o surgimento de alagamentos após a pavimentação asfáltica

em algumas ruas da cidade, sem elementos estruturais para drenar as águas pluviais. Os

estudos em áreas urbanas ainda são escassos, mas, no que se refere ao município de Assú, ao

longo de todas as ocorrências de inundação, pode-se perceber que a população permanece

sem solução, principalmente aqueles que já foram afetados pelas inundações, sendo, então,

este estudo uma possível contribuição como ferramenta de auxílio para a elaboração de

políticas públicas e privadas sociais e ambientais, tais como planejamento urbano, visando

principalmente atender àqueles que estão em áreas de risco muito alto.

Palavras-chave: Desastre. Precipitação. Cidade. Expansão. Gerenciamento.

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ABSTRACT

The urbanization process in Brazil, which occurred without planning, with an increase in the

population and, therefore, there was a need for cities to expand to accommodate this

population, changed and continues to change the environmental and social dynamics of the

urban spaces of most Brazilian cities. This disorderly occupation process in irregular areas

resulted in the occurrence of flooding problems in areas that previously did not represent a

risk to the population. Within this context, the city of Assú-RN is presented, located in an area

with a flat relief shape, close to water bodies and with occupations close to the largest

riverbed. In view of this problem, despite the urban area of the city of Assú (RN) having a

planning and management instrument, through its Master Plan, it does not have Planning and /

or a Zoning of its flood risk areas. Seeking to understand and identify these risk areas, this

work has the general objective of evaluating the flood risks taking into account the

susceptibility to hazards in the urban area of the city of Assú, which are related to the forms of

land occupation and environmental changes in the geographical space. To achieve this

objective, at first, it was necessary to reflect on urban planning, which served as a basis for

discussions on planning and the Master Plan. Following that, collections were carried out

from the database at the NúcleoTemático da Seca e do Semiárido (NUT-Seca), referring to the

history of floods that occurred in order to draw up an inventory of years of flooding and the

details of each occurrence in the city, taking the studies of Cardoso Jr. (2011) as basis, Santos

Junior and Montadon (2011) for planning discussions; and Tucci (2005), Almeida (2012),

Amaral and Gutjahr (2015), for discussions on disaster, risk, danger and floods. Subsequently,

data collection was carried out with the municipality's Civil Defense, which addressed reports

on the last flood that occurred so that, with the results obtained, thematic maps could be

generated, using geoprocessing techniques, for the purpose to spatialize the risk in the urban

area, using, for this, the methodology applied by Julião et al., (2009). Through the results

obtained, it is clear that the tool that helps urban management is out of date. There is a

permanent history of flooding in the same neighborhoods as well as the occurrence of

flooding after asphalt paving on some streets in the city, which has no structural elements to

drain rainwater. Studies in urban areas are still scarce, but, with regard to the city of Assú,

throughout all flood events, it can be seen that the population remains unsolved, especially

those who have already been affected by the floods; this study, this way, is a possible

contribution as an aid tool for the elaboration of public and private social and environmental

policies, such as urban planning, aiming mainly to assist those who are in areas of very high

risk.

Keywords: Disaster. Precipitation. City. Expansion. Management.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. ................................................................................. 21

Figura 2: Mapa de drenagem da área urbana de Assú-RN. ................................................................... 23

Figura 3: Critérios para considerar Desastre. ........................................................................................ 34

Figura 4: Dados do perfil dos municípios brasileiros............................................................................ 35

Figura 5: Ilustração dos eventos de inundação. ..................................................................................... 36

Figura 6: Principais conceitos utilizados na análise de risco conforme a IUGS. .................................. 40

Figura 7: (A) e (B) - Visualização documental do acervo de risco de inundação do município de Assú

no NUT-Seca. ........................................................................................................................................ 45

Figura 8: (A) e (B) - Visualização do levantamento de campo no ambiente urbano de Assú - RN. ..... 46

Figura 9: (A) e (B) - Visualização da setorização de risco a inundação na área urbana de Assú- RN.. 47

Figura 10: Zonas de localização de risco a inundação. ......................................................................... 48

Figura 11: Articulação dos conceitos fundamentais. ............................................................................. 48

Figura 12: Configuração urbana de Assú em 1852. .............................................................................. 58

Figura 13: Inundações ocorridas no Centro de 1947 a 1974. ................................................................ 60

Figura 14: Construção da Barragem em 1981. ...................................................................................... 61

Figura 15: (A), (B), (C) e (D) - Últimas inundações registradas. .......................................................... 62

Figura 16: Mapa dos bairros que sofreram com inundações com base nos dados históricos. ............... 63

Figura 17: (A) e (B) - Alagamento no bairro São João. ........................................................................ 65

Figura 18: (A) e (B) - Infraestrutura de águas pluviais obstruída. ........................................................ 65

Figura 19: (A) e (B) - Alagamento no Centro. ...................................................................................... 66

Figura 20: Alagamento entre Novo Horizonte e Feliz Assú em 2016. ................................................ 67

Figura 21: Desabamento de duas residências, 2018. ............................................................................. 67

Figura 22: Residência próxima ao córrego do Dom Elizeu. ................................................................. 69

Figura 23: Mapa das áreas de alagamentos da malha urbana de Assú-RN. .......................................... 69

Figura 24: Mapa demonstrando a sobreposição entre as áreas de inundações e as áreas de alagamentos

na malha urbana de Assú-RN. ............................................................................................................... 70

Figura 25: Mapa demonstrando a sobreposição das áreas de alagamento e inundação sobre a

hipsometria da malha urbana de Assú-RN. ........................................................................................... 72

Figura 26: Mapa de uso e ocupação do solo da área urbana de Assú-RN. ............................................ 73

Figura 27: Mapa de elementos expostos estratégicos vitais ou sensíveis. ............................................ 75

Figura 28: (A), (B), (C) e (D) - Elementos expostos estratégicos vitais ou sensíveis. .......................... 76

Figura 29: Mapa de risco de inundação da área urbana de Assú........................................................... 79

Figura 30: Conglomerados Subnormais Bairro Dom Elizeu. ................................................................ 81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Informações do Município sobre os Planos Diretores Municipais. ....................... 30

Quadro 2 - Definição de conceitos sobre a temática desastres. ................................................ 32

Quadro 3 - Consequências mais comuns em eventos de veiculação hídrica. ........................... 38

Quadro 4 - Esboço Organização da Aplicação de Procedimentos Técnico-Operacionais. ...... 43

Quadro 5 - Órgãos consultados e materiais coletados. ............................................................. 45

Quadro 6 - Nível hierárquico do sistema de classificação e seus atributos. ............................. 50

Quadro 7 - Classificação da setorização de risco a inundação na área urbana de Assú- RN. .. 51

Quadro 8 - Observações encontradas no Plano Diretor Municipal com a realidade analisada.53

Quadro 9 - Levantamento histórico das inundações ocorridas entre os períodos de 1875- 2009.

.................................................................................................................................................. 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução populacional de Assú-RN........................................................................ 22

Tabela 2 - População total e por gênero de Assú. .................................................................... 22

Tabela 3 - Renda per capita dos municípios da Microrregião do Vale do Açu. ....................... 24

Tabela 4 - Características urbanísticas do município de Assú- RN. ........................................ 24

Tabela 5 - Anos com precipitações pluviométricas acima da média na estação de Florânia. .. 64

Tabela 6 - Famílias atendidas pelo aluguel social. ................................................................... 68

Tabela 7 - Classes de mapeamento do uso e ocupação do solo na área urbana de Assú-RN. .. 74

Tabela 8 - Classes de mapeamento de risco de inundação na área urbana de Assú-RN. ......... 77

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALOS - Advanced Land Observing Satellite.

CMMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente.

CO - Código de Obras.

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes.

EC - Estatuto da Cidade.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

FEMA - Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

GPS - Sistema de Posicionamento Global.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IDEMA - Instituto de Defesa do Meio Ambiente.

M - Metro.

PALSAR - Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar.

PD - Plano Diretor.

PME - Plano Municipal Emergencial.

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico.

QGIS - Quantum Geographic Information System

SIG - Sistema de Informação Geográfica.

SIRGAS - Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul.

SNPU - Secretaria Nacional de Programas Urbanos.

SMPUMA - Sistema Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

UTM - Universal Transversa de Mercator.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 21

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 25

3.1 Planejamento Urbano ............................................................................................................. 25

3.2 Plano Diretor .......................................................................................................................... 28

3.3 Desastres naturais ................................................................................................................... 31

3.4 Enchentes, inundações, alagamentos e enxurradas ................................................................ 36

3.5 Risco e Susceptibilidade ao Perigo em Áreas Urbanas .......................................................... 39

3.6 Drenagem urbana ................................................................................................................... 41

4 METODOLOGIA............................................................................................................... 43

4.1 Roteiro teórico-metodológico ................................................................................................ 44

4.2 Levantamento bibliográfico e documental ............................................................................. 44

4.3 Seleção de coleta de dados, documental e cartográfica .......................................................... 45

4.4 Etapa de levantamento de campo ........................................................................................... 46

4.5 Aplicação da susceptibilidade natural .................................................................................... 47

4.6 Identificação de elementos expostos ...................................................................................... 49

4.7 Mapeamento de uso e ocupação do solo ................................................................................ 49

4.8 Mapeamento de risco a inundação ......................................................................................... 50

4.9 Mapeamento de setorização de risco a inundação.................................................................. 51

4.10 Avaliação de mapeamento de risco a inundação .................................................................... 52

5 RESULTADOS .................................................................................................................... 53

5.1 Análises do Plano Diretor Municipal de Assú ....................................................................... 53

5.2 Processo de ocupação e ocorrências de inundações e alagamentos em Assú ........................ 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 82

APÊNDICES ........................................................................................................................... 91

ANEXOS ................................................................................................................................. 94

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16

1 INTRODUÇÃO

Segundo Tucci (2007), o desenvolvimento urbano aumentou na segunda metade do

século XX com a quantidade de pessoas em espaço reduzido, provocando uma grande

competição por recursos naturais, como solo e água, e destruindo parte da biodiversidade

natural. Com isso, Silva (2016) afirma que a urbanização no Brasil é um processo

relativamente recente e que ocorreu sem controle e sem um planejamento urbano que servisse

de orientação para as políticas públicas. Prova disso é que, na medida em que crescem as

populações, há também um aumento desenfreado das edificações, uma vez que, conforme a

necessidade, a população se fixa em uma localidade, relacionada com o perfil econômico de

cada grupo. As consequências dessa ocupação sem um mínimo de ordenamento urbano são a

impermeabilização do solo, a qual ocorre sem levar em consideração o escoamento pluvial e

sua infiltração, as modificações da topografia natural do terreno e da retificação de rios.

Com isso, ainda segundo Galvão (2008), as cidades expandem-se, surgem bairros e

loteamentos habitacionais, os quais provocam mudanças nos cursos d’água e deficiências na

drenagem, surgindo obstáculos para o percurso da água dos rios. A falta de uma política de

resíduos sólidos no país agrava ainda mais essa situação. Fatores como esses acabam

interferindo, direta ou indiretamente, na ocorrência de inundações, fenômeno que não

representava risco anteriormente. Esses problemas não ocorrem de maneira homogênea nas

áreas urbanas, devido a atingirem, especificamente, aquelas áreas que não possuem um

esgotamento sanitário adequado, nem sistema de drenagem e pavimentação.

Geralmente são aqueles espaços urbanos próximos a córregos, locais de concentração

de águas pluviais, próximos a lixões e que apresentam, principalmente, uma estrutura precária

das residências, fruto das condições sociais da população que ali reside. Em outras palavras,

não são espaços “apropriados” para a ocupação, pois, além das limitações físicas, existe a

ausência de serviços públicos, tornando-os frágeis para a habitação e apresentando uma

infraestrutura municipal (pavimentação, saneamento básico, canalização de água e

esgotamento sanitário) inadequada ou, muitas vezes, até inexistente.

No entanto, tais áreas não são ocupadas pelo desejo da população, em geral, de baixa

renda, mas devido ao baixo valor de mercado que esses terrenos têm, sendo um espaço que

naturalmente é de inundação ou que, em virtude da ausência de planejamento, não possui um

sistema de drenagem, o que resulta em alagamentos. Essas áreas de inundação e alagamentos

Page 17: AVALIAÇÃO DO RISCO DE INUNDAÇÃO NA ÁREA ......“A vitória chegou” (Aurelina Dourado) RESUMO O processo de urbanização no Brasil, que ocorreu sem planejamento, com aumento

17

precisam ser reconhecidas (mapeadas) nos planos municipais, sendo o Plano Diretor (PD) o

principal deles, para que essas áreas não sejam ocupadas.

Segundo Pereira (2017), a confecção de um PD tem de estar integrada ao

Planejamento e Gerenciamento do risco, considerando a bacia hidrográfica pelas quais a

urbanização se desenvolveu; o manejo das águas pluviais, de modo a projetar soluções de

drenagem urbana; a preservação de áreas que, em períodos de cheias, contenham o volume

d´agua para que não venha a causar danos materiais à população.

Em síntese, para obter êxito nas questões urbanísticas e de ordenamento das cidades, o

município deverá legislar baseado em várias ferramentas relacionadas à estruturação do

espaço urbano. Dentre elas, está a Lei máxima: a Constituição Federal – CF de 1988, marco

para que as demais leis fossem constituídas, como o Estatuto da Cidade - EC (Lei n. 10.257,

de 10.06.2001) e as legislações municipais, tais quais a Lei Orgânica - LO e o Plano Diretor –

PD; além das correlatas que são criadas dentro de cada município: o Código de Obras – CO; o

Sistema Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente – SMPUMA; o Conselho

Municipal de Meio Ambiente – CMMA; o Fundo Especial do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável – FEMA; e os demais planos, como o Plano Municipal de

Contingência de Inundações - PMCI e o Plano de Saneamento Básico Municipal - PSBM.

No entanto, segundo Agra (2016), cada Município tem as suas respectivas funções de

ordenamento do espaço urbano, através de zoneamento, uso e ocupação do solo, dentre outras.

Com isso, esses instrumentos devem conter previsões normativas variadas, desde as

relacionadas às condições de acesso dos cidadãos aos direitos básicos de moradia, como a

proteção ao meio ambiente e patrimônio natural, até aquelas que tratam dos aspectos sociais,

históricos, culturais, econômicos e políticos.

Nesse contexto, o reconhecimento prévio e o mapeamento dessas áreas susceptíveis

são importantes ferramentas para que os órgãos públicos responsáveis, juntamente com a

população, consigam se preparar para o pré-evento, o acontecimento do evento e o pós-

evento, baseando-se nas áreas de inundação para limitar construções em áreas de risco. Nessa

perspectiva, esses problemas existentes não são resultado direto do aumento da população

urbana. Trata-se da ausência de políticas públicas que articulem um planejamento

urbano/ambiental com a gestão de risco de inundação. No entanto, segundo Reis (2015), os

estudos têm mostrado que o produto final de toda a análise espacial feita, ou seja, o mapa de

risco, consiste em um material com informações que contém a localização, forma, situação e

tamanho das áreas de inundação e alagamentos, isto é, as vias que alagam, as inundações

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delimitadas pela cota, os alagamentos pelos pontos para cada situação prevista. São esses

mapas que permitem, de forma individualizada, avaliar a situação da área. Eles são a base

para medidas estruturais e estruturantes da cidade.

O que se observa nas cidades em que ocorrem esses eventos é o déficit de

investimentos em medidas estruturais e estruturantes1. No decorrer da pesquisa, apresentaram-

se 23 vias com problemas de alagamentos e, dentre elas, três passaram por reformulações de

expansão de suas galerias. Entretanto, faz-se necessário ampliar o número de medidas

estruturais nas demais vias, em virtude delas auxiliarem no planejamento dos municípios de

modo a integrar o planejamento urbano ao ambiental, que é um dos princípios para uma

cidade sustentável e resiliente.

Sob tal perspectiva dos eventos, segundo Farias (2019), as inundações urbanas não se

restringem somente às grandes metrópoles, sendo também observadas em cidades de médio e,

até mesmo, pequeno porte, como é o caso de Assú. Na maioria dos casos, as chuvas com alta

intensidade e curta duração produzem problemas ainda mais graves, associadas às

características do relevo e da rede de drenagem, bem como ao uso e à ocupação do solo

urbano, em razão dos aglomerados urbanos com maior taxa de impermeabilização do solo e

alta densidade populacional.

O município de Assú2 localiza-se na Mesorregião do Oeste Potiguar, do Estado do Rio

Grande do Norte/RN. Segundo estimativa feita pelo IBGE (2019), a cidade possui 58.017

habitantes, ocupando a 8º posição em termos populacionais no Rio Grande do Norte, cujo

processo de ocupação urbana, não diferentemente das demais cidades brasileiras, ocorreu a

partir de um rio e de forma desordenada, sem um planejamento pré-estabelecido,

principalmente no tocante ao escoamento das águas pluviais.

Um levantamento feito pela CPRM (2013) aponta que Assú encontra-se em uma área

susceptível a inundações em virtude da predominância de dois fatores: a forma de relevo e a

proximidade ao leito maior do rio que possui um histórico de emergência na cidade. Dentre os

15 bairros que compõem a cidade, cinco estão classificados como de Alto risco. Esse

fenômeno geralmente ocorre entre os meses de março e junho, período de maior incidência de

1 Medidas estruturantes: são aquelas que fornecem suporte político e gerencial para a sustentabilidade da

prestação dos serviços. Encontram-se tanto na esfera do aperfeiçoamento da gestão quanto na da melhoria

rotineira da infraestrutura física. (adaptado de PLANSAB, 2010). Medidas estruturais: segundo Tucci (2007),

correspondem as obras de engenharia que modificam os rios e que são implementadas para reduzir o risco de

enchentes. 2 A título de esclarecimento, neste trabalho, usar-se-á a grafia Assú e não Açu. Tal fato se baseia na Lei

Municipal nº 124, de 16 de outubro de 1845, que passou a denominar a grafia “Assú” como forma correta para se

referir ao respectivo município.

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chuvas na bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu. Petrone (1961) verificou o registro de

inundações nos anos de 1875, 1924 e em 1960. Medeiros (2018) verificou ocorrências nos

anos de 1964 a 2009.

Em virtude dessa realidade, os instrumentos que se apoiam no planejamento e

gerenciamento das cidades, o PD, encontram-se desatualizados e o fato da cidade não possuir

um Planejamento de Gerenciamento desse risco é um elemento grave para o desenvolvimento

urbano da cidade. A ausência de um planejamento e a ocupação irregular desencadeiam

problemas no escoamento das águas pluviais, principalmente no tocante à drenagem das áreas

urbanizadas. Assim, como é realidade da maioria das cidades do Brasil, o cenário atual do

sistema de drenagem da cidade de Assú é deficitário em quantidade e qualidade.

Nessa cidade, o Centro é um dos bairros constantemente atingidos por inundações e

que possui elementos importantes para o funcionamento de Assú (escolas, rede bancária,

comercio e hotéis), devido à ocupação mais próxima ao leito do rio e, por ficar localizado em

área de declividade plana, é o ponto de concentração de todo o escoamento superficial,

advindo das áreas mais elevadas da cidade, contendo o maior número de vias que alagam.

Contudo, destacam-se também os bairros São João, Bela Vista, Casa Forte e Farol com a

mesma problemática.

Com isso, além das inundações, segundo Fernandes-Neto (2019), a cidade, mesmo

com precipitações baixas, vem sofrendo constantemente com problemas de alagamento, de

modo que, segundo o autor, esses transtornos são observados durante e após as chuvas,

principalmente nas áreas centrais da cidade que possuem um histórico de inundações, sendo

locais próximos às estruturas de drenagem, devido ao provável subdimensionamento destes.

Seguindo essa perspectiva, o presente trabalho procurou responder aos seguintes

questionamentos: A apropriação e ocupação do solo na área urbana de Assú contribuem para

o aumento do risco, em especial para as populações mais vulneráveis ambientalmente? Esses

riscos estariam condicionando a criação de espaços mais vulneráveis em detrimento ao maior

ou ao menor poder socioeconômico da população nesses espaços?

Diante disso, este trabalho teve como objetivo geral avaliar os riscos de inundação a

partir da susceptibilidade aos perigos na área urbana do município de Assú, relacionando com

as formas de ocupação do solo e as alterações ambientais. Na investigação desse espaço

geográfico se desdobram, como objetivos específicos: elaboração da carta de uso e ocupação

da área urbana do município; feitura da carta de susceptibilidade espacial dos perigos do

município; confecção da carta de elementos expostos do município, levando assim a uma

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avaliação mais realista das áreas expostas ao risco, com a finalidade de aplicação de medidas

de redução e mitigação.

Para alcançar os objetivos propostos nesta dissertação, estabeleceu-se um roteiro que

visa discutir a relação entre o planejamento urbano e as problemáticas relacionadas às

inundações, associando-as com o uso e ocupação do solo e elementos expostos estratégicos

vitais e sensíveis, mediante a avalição do planejamento urbano e o gerenciamento de risco de

inundação. A metodologia de pesquisa adotada neste estudo procedeu-se em três etapas, assim

descritas: pré-campo, consiste-se no trabalho de gabinete, na pesquisa bibliográfica e

documental em órgãos públicos que tratam da temática, como a prefeitura e suas secretarias

(Obra, Meio Ambiente, Defesa Civil e Assistência Social), também a obtenção de materiais

geocartográficos do município; trabalho de campo, reconhecimento e identificação do

ambiente urbano, levantamento dos elementos expostos estratégicos, vitais e sensíveis à

inundação através da ficha de campo, e, por fim, a análise e correlação dos dados obtidos; a

elaboração e análise dos mapas de alagamento, inundação, uso e ocupação do solo, elementos

expostos estratégicos vitais e sensíveis, e risco.

Este trabalho é constituído em seis partes, explicadas a seguir. Na primeira parte

busca-se trazer uma introdução acompanhada da problemática, justificativa, objetivos e

metodologia do trabalho. Na segunda parte apresenta-se a caracterização da área de estudo: os

aspectos sociais, econômicos e os aspectos ambientais que desafiam os planejadores da

cidade, levando à necessidade da emergência e à consolidação do planejamento urbano,

resultantes da expansão da cidade. Na terceira parte aprofunda-se o conceito de planejamento

urbano, risco, inundação. Na quarta parte é descrito o passo a passo dos procedimentos

propostos para alcançar o resultado deste estudo. Na quinta parte apresentam-se os resultados

alcançados na cidade de Assú - RN, com um diagnóstico da ferramenta para o planejamento

urbano, que é o PD, assim como uma verificação do que o rege e os resultados encontrados:

contexto histórico de inundações e suas consequências; os problemas decorrentes dos

alagamentos, apontando medidas que precisam ser feitas para suprir as deficiências; análises

da susceptibilidade espacial dos perigos e dos elementos expostos do Município; e a

espacialização dos riscos na área urbana da cidade. Na sexta e última parte são apresentadas

as considerações finais da dissertação e apontamentos para a continuidade do estudo proposto.

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2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A cidade de Assú (Figura 1) encontra-se localizada na Microrregião do Vale do Açu e

na Mesorregião Oeste Potiguar do estado do Rio Grande do Norte, inserindo-se no Polo Costa

Branca e estando a 207 km da capital do estado. Conforme o último censo do IBGE (2010), a

população total é de 53.227 habitantes, estando 39.359 deles na zona urbana. Para o ano de

2019, o Instituto estima, através da taxa de crescimento populacional, que a cidade possua

58.017 habitantes. A área territorial municipal é de 1.320.751 Km², correspondendo a área

urbana a uma superfície de 20.923 Km².

Com uma economia crescente, que acarreta o crescimento populacional do centro

urbano, favorecendo a demanda por novas áreas para edificações, a cidade expande-se sem

nenhum planejamento para receber aquele contingente.

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: Elaborado por Frutuoso e Barbosa, 2020.

O processo de desenvolvimento populacional de Assú nas últimas cinco décadas

demonstra o crescimento constante ao longo desse período. Para um demonstrativo do

contingente populacional, elaborou-se a Tabela 1, para o período de 1970 a 2010.

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Tabela 1: Evolução populacional de Assú-RN.

Município Urbanização

1970 1980 1991 2000 2010

Assú 13.205 20.505 29.500 34.645 39.359

Fonte: IBGE (2010).

Conforme se pode observar na tabela 1, há um aumento populacional ao longo dos

anos de 1970 a 2010. Segundo Silva Filho (2019), importantes atividades no setor terciário,

como serviços nas áreas da saúde e educação, além do comércio diversificado, tornam a

localidade um polo de atração para as pessoas que buscam emprego e renda. Com isso, ocorre

um aumento na população residente. Tais informações por gênero resultam nos seguintes

dados (Tabela 2).

Tabela 2: População total e por gênero de Assú.

População População

(1991)

% do

Total

(1991)

População

(2000)

% do

Total

(2000)

População

(2010)

% do

Total

(2010)

População

total 43.591 100,00 47.904 100,00 53.227 100,00

População

residente

masculina

21.304 48,87 23.579 49,22 26.141 49,11

População

residente

feminina

22.287 51,13 24.325 50,78 27.086 50,89

Fonte: PNUD/ IPEA, (2013).

Esse aumento populacional aponta um maior número do gênero feminino, significando

que as mulheres estão também no mercado de trabalho. No entanto esse acréscimo gera um

contingenciamento não esperado/planejado, o que faz com que a população busque moradias,

inclusive, em áreas de risco.

Clima

O clima predominante é seco com período chuvoso entre os meses de fevereiro a

maio, com precipitação anual menor que 750 mm. Não obstante, já foram registradas

precipitações de 1.525,8 mm (IDEMA, 2008). Ainda segundo o IDEMA (2008), em Assú,

predomina o clima tropical equatorial semiárido, apresentando altas temperaturas, com média

de 28,1ºC, máxima de 33,0ºC e mínima de 21,0ºC.

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Recursos hídricos superficiais

A área urbana de Assú está estabelecida em um terreno caracterizado pela transição

entre áreas um pouco mais elevadas para áreas predominantemente planas, apresentando,

assim, uma série de drenagens intermitentes e cruzando com o canal do Rio Piranhas-Açu

(Figura 2). A cidade contabiliza oito córregos, os quais cortam, pelo menos, um pequeno

espaço dos 15 bairros da cidade. Um dos córregos percorre uma faixa que abrange os bairros,

segundo o CPRM (2013), considerada área de alto risco de inundação. Todos esses córregos

vão de encontro ao Rio Piranhas-Açu.

Figura 2: Mapa de drenagem da área urbana de Assú-RN.

Fonte: Elaborado por Frutuoso e Barbosa, 2020.

Economia

As atividades econômicas que se desenvolvem em Assú têm como suas principais

fontes de renda a exploração petrolífera, a fruticultura e a pesca, destacando-se na economia

potiguar como uma das cidades mais importantes do estado (PMA, 2018). Segundo o PNUD

(2013), a renda per capita da cidade cresceu nos últimos anos e os dados de 2010 apontam

uma renda de R$ 432,38, ocupando o 2º lugar no ranking se comparado a outras cidades que

compõem a Microrregião do Vale do Açu (Tabela 3).

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Tabela 3: Renda per capita dos municípios da Microrregião do Vale do Açu.

Municípios 1991 2000 2010

Assú 195,46 279,08 432,38

Alto do Rodrigues 132,02 292,59 447,67

Carnaubais 143,78 258,54 300,27

Ipanguaçu 96,40 167,82 273,80

Itajá 103,82 173,9 306,00

Jucurutu 134,37 210,83 301,94

Pendências 144,94 203,39 412,01

Porto do Mangue 127,87 133,95 257,49

São Rafael 110,31 212,51 309,77

Fonte: PNUD/IPEA (2013)

É importante destacar que, segundo Silva e Aquino (2016), ao considerar os valores da

renda per capita no período de 1991 a 2010, o aumento está diretamente relacionado aos

royalties do petróleo que é explorado no município.

Habitação e o Sistema de Saneamento Básico

De acordo com o PMSB (2019), a cidade possui um sistema de esgoto sanitário ainda

em fase de implantação, o que resulta no lançamento das águas servidas nas vias públicas em

canais de drenagem e a utilização de fossas e/ou sumidouros nas residências. Segundo dados

do IBGE (2010), a taxa de esgotamento sanitário corresponde a 13,3 %, uma taxa muito baixa

comparada aos demais municípios do estado. Assú ocupa o 104º lugar no ranking de

saneamento básico e na faixa da Microrregião do Vale do Açu, o 7º lugar. Em relação à

habitação, observa-se (Tabela 4) que uma pequena parcela dos domicílios possui adequação

de moradia (em torno de 5%), isso se deve, principalmente, à falta de esgotamento sanitário

adequado no município.

Tabela 4: Características urbanísticas do município de Assú- RN.

ÁREA

DOMICÍLIOS

PARTICULARES

PERMANENTES

DOMICÍLIOS

COM

MORADIA

ADEQUADA /

%

RELATIVO

AO TOTAL

DOMICÍLIOS

COM REDE

GERAL DE

DISTRIBUIÇÃO

DE ÁGUA / %

RELATIVO AO

TOTAL

DOMICÍLIOS

COM LIXO

COLETADO

DIRETAMENTE

POR SERVIÇO

DE LIMPEZA / %

RELATIVO AO

TOTAL

DOMICÍLIOS

COM

ESGOTAMENTO

SANITÁRIO

POR REDE

GERAL OU

FOSSA SÉPTICA

/ % RELATIVO

AO TOTAL

Urbana 11.050 480 4,34% 10.461 94,67% 10.543 95,41% 1.460 13,21%

Fonte: IBGE, 2010.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Planejamento Urbano

Neste capítulo aborda-se o planejamento urbano, pois não há como trabalhar algo de

caráter público, como áreas de risco de inundação na perspectiva do PD e do Plano Municipal

Emergencial-PME e de Prevenção, sem discutir planejamento e políticas públicas, uma vez

que não se tem como pensar o município sem Planejamento, por entender que é necessário,

como enfatiza Oliveira (2006, p.275), “fazer uma política e com bons ‘planejadores’ com

mentes privilegiadas e ‘visão de futuro’ para se anteceder ao que vem no futuro e fazer planos

corretos que levem aos resultados calculados".

Mas, antes de atentar-se a essas questões, deve-se rever como se desenvolveu a

política de planejamento no Brasil. Faz-se, portanto, um breve resgate histórico da atuação do

Estado brasileiro, especificando-se todo o contexto de planejamento: o que é planejamento e

quais os tipos. Também se fez o recorte de qual tipo de planejamento se trabalhou na área

estudada, para que, assim, se desenvolvam os trâmites dentro dele.

Segundo Cardoso Jr (2011), o planejamento no Brasil aconteceu de forma tardia, à luz

de uma política capitalista que se encontrava denominado e constituído pelos países ditos

centrais. Com isso, faz-se com que o Estado corra contra o tempo perdido, visando o

desenvolvimento nacional. Um exemplo bem nítido que ele cita é sobre a função do

planejamento:

A função do planejamento passa a ser uma entre tantas outras funções da

administração e da gestão estatal, algo como cuidar da folha de pagamento dos

funcionários ou informatizar as repartições públicas. (CARDOSO JR, 2011 p.9).

Adquirir esse cuidado em gerir o que realmente necessita ser feito, como o orçamento

que possui, para que, assim, possam-se executar tarefas com segurança, qualidade de vida e

sustentabilidade. Por fim, o autor integraliza que não basta ao Estado fazer as coisas que já

são de sua competência, cabe muito além: fomentar, induzir, reequilibrar e ressignificar as

dimensões tanto do planejamento quanto da gestão.

Ainda segundo Cardoso Jr (2011), existe uma vasta bibliografia sobre a trajetória e

experiência do planejamento governamental brasileiro, mas quase nada sobre o processo

burocrático destinado à gestão pública.

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Para Matus (1996), governar não é somente seguir de improvisos, subitamente, de

qualquer forma. Trata-se de um problema complexo ao qual se faz necessário o planejamento

para que todos os diversos âmbitos, principalmente o orçamentário, não se descontrolem.

Existem métodos para governar e um deles é a arte de planejar. Com isso, o autor ainda

afirma que a carência desses métodos e a prevalência do planejamento tradicional, aquele que

é baseado no aleatório, extingue informações que darão respostas às deficiências dos

dirigentes.

Nessa perspectiva, Matus (1996) afirma que a necessidade de prever as possibilidades

do que irá surgir é tratar de ações que podem ser empreendidas antecipadamente. É

importante destacar que o futuro é incerto e não sabemos o que acontecerá e nem como,

contudo temos de esperar o fato acontecer para planejar ou fazer um planejamento tradicional.

Segundo Cardoso Jr (2011), planejamento é uma atividade altamente intensiva em

gestão, ou seja, meio pelo qual se utiliza algum instrumento/ferramenta (lei) que prescreva

normas a serem seguidas. Dentre os diversos tipos de planejamento, o autor destaca quatro,

sendo eles: Planos setoriais e de metas, Planos Nacionais de Desenvolvimento, Planos de

Estabilização Monetária e Planos Plurianuais. Dentro desses planos, as características variam:

burocrático, discricionário, autoritário, impositivo, vertical, horizontal, amplo/abrangente,

focalizado/conjuntural e de curto, médio e longo prazo.

Baseando-se no planejamento, uma discussão que não pode deixar de ser pautada é

sobre a organização das cidades, política responsável por direcionar os planos e que foi

destacada anteriormente. Dessa forma, o Ministério das Cidades regula as áreas urbanas e

quais programas permeiam, ou seja, outras formas de nortear a reorganização urbanística,

apresentando o Estatuto da Cidade - EC, entre outros meios regulatórios dentro do município,

como é o caso do Plano Diretor - PD.

Com a criação do Ministério das Cidades, foram estruturadas políticas que visam

regular toda a dinâmica das áreas urbanas. Assim, foram criados programas que auxiliam no

enfrentamento dessas vulnerabilidades sociais e urbanas, os quais permeiam todas as ações

promovidas pelo Ministério das Cidades ocasionando um fortalecimento na gestão dos

municípios. Diante disso, surge o Estatuto da Cidade - EC, advindo do forte movimento pela

reforma urbana que em seu parágrafo geral descreve o seguinte texto:

Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas

de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em

prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do

equilíbrio ambiental (BRASIL, 2001).

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O EC, portanto, abarca um conjunto de princípios no qual estão expressas uma

concepção de cidade, de planejamento, de gestão urbana e uma série de instrumentos que,

como a própria denominação define, são meios para atingir as finalidades desejadas. O EC

funciona como uma espécie de “caixa de ferramentas” para uma política urbana local. É a

partir dele que se define a “cidade que queremos” no PD de cada um dos municípios, com

suas características e fragilidades a serem estabelecidas com o planejamento, o que

determinará a mobilização (ou não) dos instrumentos e sua forma de aplicação (BRASIL,

2001).

A ocupação urbana e também o seu uso são regulados por esta Lei a qual oferece a

relação entre integridade física, segurança e bem estar à população, contudo o que se tem

encontrado é divergência quanto ao seu uso, ocupação e ordenamento territorial. Para isso, os

municípios precisam retroceder a este avanço desordenado e adequar-se conforme os autos

legislativos urbanos. Como afirmam Santos Junior e Montadon (2011, p.28), não foram

apenas as questões de gestão do solo, de habitação, entre outras, mas também a integração das

questões de saneamento ambiental, mobilidade urbana, bem como questões ambientais que

denotam que tudo o que está inserido no contexto urbano é de caráter político e de

planejamento urbano.

Salientando um dos pontos que se relaciona integralmente com a infraestrutura, saúde

e qualidade de vida, que é o saneamento, Santos Junior e Montadon (2011, p.39) fazem o

seguinte destaque:

A análise do tratamento dado ao tema do saneamento ambiental revela que os Planos

Diretores municipais aprovados pelos municípios são extremamente frágeis na

construção de diretrizes, objetivos, instrumentos e programas que visem a ampliação

do acesso da população aos serviços de saneamento – o que é grave, tendo em vista

que o acesso à terra urbanizada e bem localizada requer os mesmos programas,

instrumentos, objetivos e diretrizes. (SANTOS JUNIOR e MONTADON, 2011,

p.39).

Com isso, os autores verificam que, desde o surgimento do PD, um problema que vem

se arrastando ao longo dos anos apresenta constante agravo para a saúde e qualidade da vida

urbana.

Como o planejamento urbano é um tema transversal que reflete em todas as políticas

do Ministério das Cidades e tendo o PD como um instrumento articulador de políticas

setoriais, o inciso 1º do artigo 182, da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, da Constituição

Federal trata disso. Para ilustrar essa afirmação, transcreve-se do respectivo texto normativo:

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de

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vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão

urbana (BRASIL, 1988).

Desta forma, o EC vem trazer novos caminhos para o desenvolvimento urbano,

promovendo uma gestão democrática para a cidade e afirmando em seu parágrafo único o

estabelecimento de normas que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem

coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Mas, conforme ressalta Santos Junior e Montadon (2011), não são todos os Planos

Diretores que dialogam com os preceitos do EC, principalmente no que se refere aos

instrumentos de gestão do solo urbano. Um exemplo disso é a existência de alguns lixões, a

inexistência de saneamento nas cidades, o lançamento de águas servidas em superfície sem o

devido tratamento, contrastando, pois, com o prescrito na alínea g do EC nos capítulos XII,

XIII e XVIII que trata, respectivamente, da preservação, conservação, recuperação do meio

ambiente bem como de empreendimentos e edificações que tragam feitos negativos a essas

áreas. Contudo, além do cuidado, há uma responsabilidade ambiental e outros PD apenas

transcrevem o que consta no EC.

O Ministério das Cidades, verificando as dificuldades enfrentadas pelos municípios,

uma vez que não havia uma preparação para tais adequações, passou a incentivá-los, embora a

competência seja dos próprios municípios. Com isso, vê-se uma necessidade de apoio,

recorrendo-se a um incentivo por parte do Governo Federal.

A Secretaria Nacional de Programas Urbanos - SNPU tem buscado, desde sua criação,

mobilizar os municípios para que consigam efetivar uma política urbana em relação ao

Estatuto da Cidade. Com isso, a SNPU criou o Programa de Fortalecimento da Gestão

Urbana, a fim de fortalecer a capacidade técnica dos municípios no que concerne ao

planejamento. Por fim, diante de tantas menções sobre Plano Diretor, no capítulo seguinte

iremos especificar o que é, de fato, o PD e quais objetivos ele propõe ao município.

3.2 Plano Diretor

Com a consolidação da Constituição de 1988, um movimento foi instaurado para que

se incluísse no texto uma ferramenta que auxiliasse nas discussões urbanas. Como resultado

dessa luta, foram incluídos dois capítulos específicos para a política urbana, que preveem uma

série de instrumentos para a garantia, no âmbito de cada município, do direito à cidade, da

defesa, da função social da cidade e propriedade e da democratização da gestão urbana

(artigos 182 e 183). Essa ferramenta é o Estatuto das Cidades (EC), que surgiu da necessidade

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de uma política urbana e, além desses anseios urbanos, promoveu um grande avanço no

planejamento urbano do Brasil. Logo em seguida, o art. 41 do EC torna obrigatório o PD para

o município que apresentar as seguintes características:

I – com mais de vinte mil habitantes; II – integrantes de regiões metropolitanas e

aglomerações urbanas; III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os

instrumentos previstos no 4º do art. 182 da Constituição Federal; IV – integrantes de

áreas de especial interesse turístico; V – inseridas na área de influência de

empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito

regional ou nacional (BRASIL, 2001b).

A informação supracitada é reforçada por Santos Junior e Montandon (2011, p.14):

[...] o Plano Diretor como instrumento básico da política de desenvolvimento e

expansão urbana, estende sua obrigatoriedade, antes definida apenas quanto ao porte

populacional, para as cidades integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações

urbanas, as integrantes de áreas de especial interesse turístico, as inseridas em áreas

de influência de significativo impacto ambiental ou ainda aquelas nas quais o poder

público pretenda utilizar os instrumentos definidos no § 4º do Art. 182 da

Constituição Federal, que trata do devido aproveitamento do solo urbano (SANTOS

JUNIOR; MONTANDON, 2011, p.14).

A obrigatoriedade do PD não se resume ao quantitativo populacional de uma cidade,

vai muito além disso, pois compõe uma série de fatores já citados, devido a cada município

possuir características peculiares, desde o clima, relevo, ao desenvolvimento de sua ocupação.

Antes de discutir sobre esta ferramenta de gestão dos municípios, primeiramente se

conceituará o que é PD, qual o seu objetivo. Assim, conforme Mattos e Antoniazzi (2017, p

73), “O plano diretor determina como será utilizado o patrimônio físico e financeiro do

município de modo que atenda melhor às necessidades da população, de maneira sustentável

sem que ocorra degradação ambiental”.

Ele é como uma bússola que orientará como utilizar dos aspectos físicos e econômicos

do município, de forma que atenda de maneira sustentável, oferecendo qualidade de vida à

população. Planejamento sustentável, bem-estar e qualidade de vida são pontos bastante

frisados durante todo o trabalho dos autores para o planejamento das cidades. E como etapas

essenciais para o funcionamento de um PD, os autores fazem uso das etapas citadas por

Bateira et al., (2006), que trazem uma listagem com dez etapas fundamentais de um PD as

quais destacamos duas delas, que são: identificar os problemas e potencialidades a partir das

leituras técnicas e comunitária da cidade; e a revisão de um prazo máximo de dez anos.

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30

Como bem destaca Santos Junior e Montandon (2011, p.14):

O objetivo principal do Plano Diretor, de definir a função social da cidade e da

propriedade urbana, de forma a garantir o acesso à terra urbanizada e regularizada a

todos os segmentos sociais, de garantir o direito à moradia e aos serviços urbanos a

todos os cidadãos, bem como de implementar uma gestão democrática e

participativa, pode ser atingido a partir da utilização dos instrumentos definidos no

Estatuto da Cidade, que dependem, por sua vez, de processos inovadores de gestão

nos municípios (SANTOS JUNIOR e MONTANDON, 2011, p.14).

No quesito quantidade, o PD tem evoluído quantitativamente desde 2005, de acordo

com os resultados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), com base nos

dados do IBGE (2015). Todos os municípios acima de 100 mil habitantes possuem PD,

conforme se observa no quadro1.

Quadro 1: Informações do Munic sobre os Planos Diretores Municipais.

358 municípios com até 5 mil habitantes possuem PD

10,8% dos municípios com mais de 20.000 habitantes não elaboraram o PD

O resultado da Munic 2015 aferiu que 50,0% dos municípios brasileiros tinham Plano

Diretor, percentual igual ao apurado em 2013 e bem superior ao encontrado em 2005

(14,5%).

Já no que tange à qualidade, 526 Leis de PD demonstraram incorporar os conceitos e

ferramentas do EC.

Em alguns casos de PD, ocorreu cópia do que está no EC sem as mínimas reformulações

para o município.

De modo geral, no que concerne à regulamentação dos instrumentos para sua aplicação

prática, os Planos ainda apresentam debilidades e deficiências de natureza técnica.

Fonte: IBGE (2015).

Em Assú, ficou instituído o Plano Diretor do Município através da Lei complementar

Nº 015, de 28 de dezembro de 2006, definido como principal instrumento normativo e

regulador territorial municipal. Composto de 6 (seis) capítulos, seus objetivos gerais são:

I- Compatibilizar o uso e a ocupação do solo com a proteção ao meio ambiente natural

e construído, reduzindo a especulação imobiliária e orientando a distribuição de infraestrutura

básica e de equipamentos urbanos;

II- Definir critérios de controle do impacto urbanístico dos empreendimentos públicos

e privados;

III- Promover o turismo, respeitando e priorizando o meio ambiente, e observar as

peculiaridades locais, bem como o cuidado especial com a população.

Percebe-se nesses objetivos a definição de diretrizes gerais em consonância com as

diretrizes federais, que no art. 04 do PD observa os seguintes princípios: I - Função social da

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cidade, II - Sustentabilidade, III - Gestão democrática, o que condiz com o EC, que, em suas

diretrizes, afirma que a cidade tem que conter uma função social de forma democrática e

sustentável. São preocupações louváveis e que apresentam resultados desejáveis para o

município. Contudo, em escala municipal e operacional, devem-se determinar os caminhos e

critérios para implantar tais objetivos e avaliar o seu alcance. O PD em seu art. 08 afirma que

a propriedade urbana assume sua função social quando atende as exigências contidas no PD,

que são: aproveitamento e uso do solo, habitação em área de interesse social, proteção e

preservação do patrimônio. Com isso, em seu art. 20 cria-se o fundo municipal em que toda

renda proveniente de multa ambiental e financiamento será revertida em estrutura e

manutenção do bairro e saneamento básico.

No entanto, em relação às políticas ambientais, o PD no art. 29, para garantir a

proteção ao meio ambiente, estabelece cinco diretrizes: o controle da cobertura vegetal, o

controle das atividades poluidoras, a racionalização dos recursos naturais, a preservação e a

proteção dos ecossistemas bem como de seus recursos hídricos. Nesse contexto, quanto às

medidas relativas à drenagem pluvial, o art. 37 prescreve que toda a drenagem urbana deve

possuir um sistema natural ou canalizado que escoe essas águas, de modo que ofereça

conforto e segurança aos ocupantes dessas edificações. Ressalta-se, ainda, a prioridade das

áreas em que ocorrem alagamentos e risco de inundações, embora se necessite de uma

discussão mais ampla e com caráter integrador do planejamento urbano e com a temática

ambiental, para evitar ou diminuir desastres da própria urbanização, bem como avaliar a

efetividade dos instrumentos de risco na prática das políticas urbanas.

3.3 Desastres naturais

Os fenômenos atmosféricos sempre despertaram o interesse e a curiosidade do homem

desde as civilizações antigas as quais consideravam tais fenômenos obra da força divina. A

história do ajustamento do homem às condições do meio e da transformação deste por suas

atividades tem sido uma relação de conflito e harmonia (BRANDÃO, 2012). Os argumentos

de vingança divina ou castigo da natureza, segundo Nunes (2015), foram, por muito tempo,

usados como justificativas para a ausência de medidas preventivas. A autora ainda

complementa que as transformações das áreas naturais em espaço, chamado por ela de

produtivo, uniformizou as pessoas e as nações que possuem diversas coisas em comum e

estão igualmente expostas aos desastres naturais.

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É neste momento histórico que os grandes desastres começam a aparecer. O homem,

outrora nômade, passa a se fixar e construir suas habitações em terras produtivas e

abundantes de víveres. Na identificação desses locais também era levado em

consideração à possibilidade de transporte, comunicação e comércio com outros

sítios antropogênicos. Assim, as primeiras cidades foram consolidadas, geralmente,

sobre as planícies dos grandes rios, no litoral e nas encostas vulcânicas

(MARCELINO, 2008, p.5).

Nesse contexto, as primeiras ocupações ocorrem nas proximidades dos leitos dos rios,

para que pudessem extrair os recursos necessários à sua subsistência. Com isso, enfatiza o

geógrafo Monteiro et al., (2007), afirma-se a importância do planejamento nas cidades, com o

objetivo de que a população não seja conduzida a edificar nas proximidades dos rios, pois,

além da população estar susceptível ao risco, altera-se, em alguma medida, a dinâmica da

área, uma vez que se devasta a vegetação existente para edificar suas casas e lançam-se águas

servidas no leito do rio. Assim, [...] “não seriam calamitosos em nossas cidades se a

população não fosse induzida a ocupar as áreas de risco que deveriam ser preservadas”

(BRANDÃO, 2012, p. 58).

Com isso, Amaral e Gutjahr (2015) apresentam a seguinte conceitualização para

desastre: “A ocorrência de um fenômeno natural que modifica a superfície terrestre e atinge

áreas ou regiões habitadas, causando danos materiais e humanos” (AMARAL e GUTJAHR,

2015, p. 20). As autoras complementam que a ocupação e intervenção humana nessas áreas

potencializam a ocorrência de desastres, bem como o tipo de ocupação, a inexistência de

proteção da infraestrutura, os fatores sociais, econômicos, políticos e educacionais, definindo

a vulnerabilidade das comunidades de modo que a combinação de todos esses fatores

representa o risco.

Antes de prosseguir às discussões sobre desastre, faz-se necessário conceituar alguns

termos de forma sumária em razão de sua recorrência. Dessa forma, no quadro 2 são

apresentados os termos e seus respectivos conceitos:

Quadro 2: Definição de conceitos sobre a temática desastres.

Termo Definição

Risco (Risk)

Uma medida da probabilidade e severidade de um efeito

adverso para a saúde, propriedade ou ambiente. Risco é

geralmente estimado pelo produto entre a probabilidade e as

consequências. Entretanto, a interpretação mais genérica de

risco envolve a comparação da probabilidade e consequências

não utilizando o produto matemático entre estes dois termos

para expressar os níveis de risco.

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Perigo (Hazard)

Uma condição com potencial de causar uma consequência

desagradável. Alternadamente, o perigo é a probabilidade de

um fenômeno particular ocorrer num dado período de tempo.

Elementos sob risco

(elements at risk)

Refere-se à população, às edificações e às obras de

engenharia, às atividades econômicas, aos serviços públicos e

à infraestrutura na área potencialmente afetada pelos processos

considerados.

Vulnerabilidade

(vulnerability)

O grau de perda para um dado elemento ou grupo de

elementos dentro de uma área afetada pelo processo

considerado. Ela é expressa em uma escala de 0 (sem perda) a

1 (perda total). Para propriedades, a perda será o valor da

edificação; para pessoas, ela será a probabilidade de que uma

vida seja perdida, em um determinado grupo humano que

pode ser afetado pelo processo considerado.

Análise de risco

(risk analysis)

O uso da informação disponível para estimar o risco para

indivíduos ou populações, propriedades ou o ambiente. A

análise de risco, geralmente, contém as seguintes etapas:

definição do escopo, identificação do perigo e determinação

do risco.

Fonte: Adaptado de Augusto Filho (2001), baseado na International Union of Geological

Sciences - IUGS Working Group - Committee on Risk Assessment (1997).

Para se considerar desastre, segundo Amaral e Gutjahr (2015), é necessário que o

perigo siga alguns critérios, conforme se observa na figura 3:

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Figura 3: Critérios para considerar Desastre.

Fonte: Adaptado de Amaral e Gutjahr (2015).

Conforme afirma Almeida (2012), um clima de severa incerteza e insegurança, as

sucessivas crises e mudanças ambientais têm suscitado a onipresença do medo e da incerteza

do futuro. Tal condição traz a noção de que estamos cada vez mais vulneráveis ao risco,

inclusive aos relacionados à natureza.

Esse tipo de informação conduz os pesquisadores Londe et al., (2014), Almeida e

Pascoalino (2009), Marcelino (2008) a concluir que, no Brasil, há muitos desastres naturais,

sendo a inundação a primeira colocada no ranking, devido às perdas econômicas, sociais e

ambientais ocasionadas por esse evento as quais são potencializadas pela ação antrópica

indevida, muitas vezes, pela forma do uso e ocupação do solo em uma determinada região,

gerando, assim, uma situação de perigo que contribuirá para o aumento do risco de uma

população que já se encontra, muitas vezes, vulnerável, seja do ponto de vista social, seja do

ponto de vista ambiental.

Os fatores acima descritos, na perspectiva da Ciência Geográfica, visam mitigar essas

perdas, oferecendo subsídios para um bom planejamento municipal emergencial, pois,

segundo o IBGE (2017), dos 5.570 municípios brasileiros, mais da metade (59,4%) não

contava com instrumentos de planejamento e gerenciamento de riscos em 2017. Desses,

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apenas 25% possuem um Plano Diretor - PD que busca contemplar em seu município

obras/medidas estruturantes e estruturais para buscar a prevenção de enchentes e enxurradas e

desses apenas 23% declararam ter Lei de Uso e Ocupação do Solo prevendo essas situações.

De acordo com o divulgado em julho de 2018 pelo IBGE (2017) (Figura 4), a

proporção de municípios afetados pelos desastres naturais é mais alta nas áreas urbanas,

devido à construção de moradias, rodovias e outras obras que interferem na dinâmica natural

dos rios. Também com obras de drenagem que não levam em consideração aspectos naturais

da região no que tange à drenagem da água das chuvas e aos processos erosivos. Contudo,

segundo os dados do IBGE (2017), 93% dos municípios com mais de 500 mil habitantes

foram atingidos por alagamentos e 62% por deslizamentos.

Figura 4: Dados do perfil dos municípios brasileiros.

Fonte: IBGE, 2017.

Uma situação de desastre envolve cenários de risco diferentes e interligados. É

necessário abordar a gestão de riscos de maneira integrada para lidar com esta complexidade,

contemplando atividades nas etapas de prevenção, mitigação, preparação, resposta e

recuperação. Prevenção e mitigação devem ser destacadas como as atividades de minimização

dos riscos e de promoção da resiliência em sistemas vulneráveis, reduzindo perdas humanas e

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materiais (LONDE et al., 2014). Nesta perspectiva, busca-se discutir no próximo item a

variabilidade dentro deste viés.

3.4 Enchentes, inundações, alagamentos e enxurradas

Para um melhor entendimento conceitual sobre os termos utilizados frequentemente

após um evento de precipitação e que podem desencadear tanto eventos naturais como

problemas sociais, faz-se necessário conceituar cada uma dessas terminologias. Essas

terminologias (inundação, enchente, alagamento e enxurrada), muitas vezes utilizadas como

sinônimas, até mesmo por falta de conhecimento, apresentam características, causas e

problemas de ordens diferentes.

De maneira didática, elencamos a ilustração (Figura 5) para esquematizar como

acontece cada evento acima citado e, logo em seguida, estabelecemos o conceito de cada

evento. O único que não apresentará ilustração será a enxurrada, devido ao seu alto teor de

energia de transporte de sedimentos, o que necessitaria de recurso em vídeo para melhor

ilustrar.

Figura 5: Ilustração dos eventos de inundação.

Fonte: Clip-art Microsoft Word (2007). Organizado pela

autora, 2020.

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Enchentes

Para Amaral e Gutjahr (2015), as enchentes são definidas pela elevação do nível da

água do rio, devido ao aumento da vazão de modo que atinja seu limite sem extravasar. É o

que afirma Moura (2014):

As ocupações desordenadas às margens dos rios configuram, nos períodos de

enchentes, um cenário de calamidade pública, marcado por ocorrências de

desabamentos de moradias. Isso ocasiona um aumento do número de desabrigados,

acúmulo de lixo e entulhos, além do aumento de casos de doenças de veiculação

hídrica, enfim, fatores agravantes para a sociedade de um modo geral (MOURA,

2014, p. 2).

Inundações

Segundo Costa (2012), as inundações são eventos que ocorrem constantemente em

diversas partes do planeta, as quais fazem parte da dinâmica natural da Terra e acontecem

frequentemente deflagrados por chuvas rápidas e excessivas ou intensas de longa duração.

A inundação ocorre quando as águas dos rios, riachos, galerias pluviais saem do seu

leito menor de escoamento e escoa através do leito maior que foi ocupado pela

população para moradia, transporte (ruas, rodovias e passeios) recreação, comércio,

indústria, entre outros. Isto ocorre quando a precipitação é intensa e o solo não tem

capacidade de infiltrar, parte do volume escoa para o sistema de drenagem,

superando a capacidade do leito menor. (TUCCI, 2007, p.125)

No entanto, nas últimas décadas, a humanidade, diante da problemática ocasionada

pela ocupação desordenada e, frequentemente, irregular do solo, vem sofrendo cada vez mais

com os efeitos desse fenômeno que, apesar de fazer parte da dinâmica natural da Terra, resulta

em transtornos e, muitas vezes, em perdas, devido à falta de ordenamento territorial nas

cidades.

Para Amaral e Gutjahr (2015), inundação representa o transbordamento das águas

atingindo a planície de inundação. Nesse contexto, para Sausen e Lacruz (2015), as

inundações se tratam de um evento natural e recorrente para um rio, tendo como fatores

contribuintes os seguintes aspectos: a intensidade e duração das precipitações, os

desmatamentos, as práticas inadequadas de uso do solo, a sedimentação de leitos e a

obstrução de canais de rios.

Segundo Brochi (2005), as inundações são fenômenos que ocorrem quando o volume

de água do rio transborda do seu canal natural, em virtude do excesso de chuvas ou por

obstrução.

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Consequentemente, esse fenômeno é intensificado pelas intervenções antrópicas, que

se acentuam mais em zonas urbanas, uma vez que ocorrem os seguintes fatores: redução do

escoamento dos canais, devido ao aterramento/assoreamento de cursos d’água; ineficácia dos

sistemas de controle do uso e ocupação do solo; inexistência de legislação adequada para as

áreas suscetíveis; e ausência de apoio técnico para as populações que ocupam terrenos

marginais aos cursos d’água, em geral, habitados por populações de baixa renda.

Alagamento

O alagamento é o acúmulo momentâneo de águas em determinados locais, por

deficiência no sistema de drenagem urbana, como bueiros entupidos ou cursos d´água com

acúmulo de lixo e entulho (AMARAL e GUTJAHR, 2015, p.40).

Enxurrada

É o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou

não estar associado a cursos d´água. Nas áreas urbanas pode ocorrer em avenidas com

córregos canalizados, pois são, em sua origem, áreas de várzea que continuam recebendo água

do entorno pela sua posição “mais baixa” no relevo. (AMARAL e GUTJAHR, 2015, p.40).

Várias são as consequências após um evento de precipitação podendo gerar sérios

problemas sociais. Faz-se necessário, portanto, explicitar as consequências mais comuns no

quadro 3 para os itens elencados.

Quadro 3: Consequências mais comuns em eventos de veiculação hídrica.

Evento Consequências

Enchentes Segundo Souza e Gonçalves (2018), todo o

processo de veiculação hídrica (enchentes,

inundações, alagamentos e enxurradas) promove

a destruição da infraestrutura das cidades,

perdas agrícolas, propagação de doenças

(leptospirose, cisticercose, cólera, disenteria,

febre tifoide, filariose, giardíase, leishmaniose,

peste bubônica, salmonelose, toxoplasmose,

tracoma, triquinose) além de gerar desabrigados,

feridos e mortos. Essas inundações podem ser

desencadeadas em áreas ribeirinhas, em

consequência do mau planejamento urbano,

além de inundações localizadas.

Inundações

Alagamentos

Enxurradas

Fonte: Souza e Gonçalves (2018) adaptado pela autora (2020).

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3.5 Risco e Susceptibilidade ao Perigo em Áreas Urbanas

Inicialmente se faz necessário explicitar o grau de risco de um determinado fenômeno,

uma vez que, segundo Almeida (2012), não existe risco zero com a presença humana. O que

irá variar apenas são o tempo e o espaço, além da capacidade de resposta de determinada

população a esse fenômeno. O autor supracitado ainda reforça que, desde o momento que é

concebida a vida humana, estamos expostos ao risco, desde as mais simples às mais

complexas atividades. “As noções de risco, de ameaça e de vulnerabilidade vêm sendo

utilizadas em diversos campos disciplinares, o que dificulta o consenso quanto às ideias que

possam representar”. (SOUZA e ZANELLA, 2009, p.11).

Para Tucci (2007), em ambientes urbanos, o risco torna-se alto dentre uma série de

fatores relacionados com a oferta dos recursos naturais, bem como a ocupação de áreas de

risco. Para Marandola Jr e Hogan (2005), o risco é a probabilidade de atenção para o perigo.

Ainda nessa perspectiva, perigo, para os autores, seria um determinado evento provocar

danos, estando tanto relacionado ao risco como à vulnerabilidade. Portanto, será conceituado

e discutido cada termo.

Para Castro et al., (2005), o risco relaciona-se com a probabilidade de ocorrência de

um evento não constante e não determinado e que venha a atingir, de forma direta ou indireta,

a vida humana. “Para que exista o risco, é necessária a existência de um grupo social com

certo grau de vulnerabilidade. Sendo assim, o risco como categoria de análise é uma

construção humana” (OLIVEIRA e ROBAINA, 2015, p.367).

Desde que vulnerabilidade, risco e perigo se tornaram termos fundamentais para

compreender e discutir as transformações na sociedade contemporânea, tem havido

uma busca tanto por uma melhor compreensão teórica acerca dos processos e

significados que conformam situações de risco, quanto por métodos de medida e

avaliação dos recursos que permitem diminuir ou aumentar a vulnerabilidade de

diferentes grupos (MARANDOLA Jr e HOGAN, 2009, p.162).

Nessa linha de raciocínio, segundo Costa (2009), populações socialmente vulneráveis

possuem limitações para se proteger de perigos ambientais.

Assim, a vulnerabilidade social encontra-se diretamente relacionada com grupos

vulneráveis, ou seja, populações que por determinadas contingências, são menos

propensas a uma resposta positiva quando da ocorrência de algum evento adverso.

Nesses termos, a noção de risco torna-se fundamental para o desenvolvimento da

vulnerabilidade (ZANELLA et al., 2009, p. 193-194).

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Destacamos que, segundo Souza e Zanella (2009), as noções de risco e de

vulnerabilidade vêm sendo discutidas em diversas áreas, o que dificulta um denominador

comum quanto aos conceitos.

Partindo desse pressuposto, apresenta-se no esquema (Figura 6) uma proposta de

classificação dos riscos, modificada de Augusto Filho (2001). Dentre seus diversos tipos,

foram explicitados os tipos de riscos que irão ser discutidos neste trabalho.

Figura 6: Principais conceitos utilizados na análise de risco conforme a IUGS.

Fonte: Modificado de Augusto Filho (2001), baseado em International Union of Geological

Sciences - IUGS Working Group - Committee on Risk Assessment (1997).

Dentre os tipos de riscos esquematizados acima, irão ser trabalhados os riscos naturais

de natureza física, na perspectiva hidrológica, e que se encontram em destaque azul: as

inundações.

O risco, objeto social, define-se como a percepção do perigo, da catástrofe possível.

Ele existe apenas em relação a um indivíduo e a um grupo social ou profissional, uma

comunidade, uma sociedade que o apreende por meio de representações mentais e com ele

convive por meio de práticas específicas. “O risco é uma construção social. A percepção que

os atores têm de algo que representa um perigo para eles próprios, para os outros e seus bens,

contribui para construir o risco que não depende unicamente de fatos ou processos objetivos”.

(VEYRET, 2007, p. 23). “Risco (risk) é utilizado pelos geógrafos como uma situação, que

está no futuro e que traz a incerteza e a segurança” (MARANDOLA JR e HOGAN, 2004, p.

100).

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Em termos conceituais, o conhecimento das ameaças está intimamente relacionado

com a avaliação da susceptibilidade, ou seja, as condições presentes em um território que

favorecem a ocorrência de fenômenos com potencial para gerar danos a um sistema, como

deslizamentos e inundações [...]. O sensoriamento remoto contribui para obtenção de

informações sobre as ocorrências anteriores de processos que resultaram em desastres

(inventários espacializados das ocorrências), com aplicação em análises estatísticas de

susceptibilidade e risco (GREGORIO et al, 2015) bem como uma análise de risco, conforme

enfatizam os autores Monteiro et al., (2007, p. 213): “Em uma análise de risco, é possível

elaborar medidas preventivas, planificar as situações de emergência, estabelecer ações

conjuntas entre a comunidade e o poder público, com o intuito de promover a defesa

permanente contra os desastres naturais”.

3.6 Drenagem urbana

A drenagem na fonte é definida pelo escoamento que ocorre no lote, condomínio ou

empreendimento individualizado (como lote), estacionamentos, área comercial, parques e

passeios (DEP/IPH, 2005, p. 15). A inexistência ou até mesmo a insuficiência de um sistema

de drenagem de águas pluviais traz sérios transtornos para o ambiente e para a população.

Segundo Tucci (2007), o escoamento pluvial contribui para a ocorrência dos alagamentos,

tanto pelas inundações naturais, decorrentes da vazão do rio para o seu leito maior, quanto

pelos alagamentos decorrentes da expansão urbana, devido à impermeabilização do solo.

Alagamentos, danos materiais, destruição da pavimentação são problemas ocasionados

pela ausência ou limitação desse sistema. Por tais razões, a expansão urbana, segundo Bezerra

et al., (2016), traz a necessidade de investimentos em infraestrutura na drenagem dessas águas

pluviais para a prevenção dos alagamentos, em virtude de, segundo Brochi (2005), a

drenagem contribuir para a retirada do excesso de água superficial ou subterrânea. Podemos

exemplificar sistemas estruturantes que auxiliam na drenagem dessas águas, tais como: Boca

de lobo, Sarjeta, Galeria e Bueiro.

Através desses conceitos aplicados na área urbana, trata-se a Boca de lobo como uma

caixa padronizada para captação de águas pluviais por abertura na guia, chamada guia-

chapéu. (JOINVILLE, 2011. p.5). De acordo com a norma técnica do DNIT 018/2004, define-

se sarjeta como um dispositivo de drenagem urbana longitudinal, construído lateralmente as

pistas de rolamento e plataformas de escalonamento, destinadas a interceptar os deflúvios,

que, escoando pelo talude, podem comprometer a estabilidade dos taludes, a integridade dos

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pavimentos e a segurança do tráfego, e geralmente têm, por razões de segurança, a forma

triangular ou retangular.

Portanto, conforme a aplicação da norma técnica DNIT 030/2004 a-ES, classificam-se

como galerias os dispositivos destinados à condução dos deflúvios, que se desenvolvem na

plataforma rodoviária para os coletores de drenagem, através de canalizações subterrâneas

integrando o sistema de drenagem da rodovia ao sistema urbano, de modo a permitir a livre

circulação de veículos e os bueiros são dispositivos destinados a conduzir para locais de

deságue seguro as águas captadas pelas caixas coletoras (BRASIL, 2006, p. 184). Sendo

assim, observaremos como está configurado o PD e o modo como se encontra a realidade da

área de estudo, mediante situação avaliada, podendo auxiliar, através deste estudo, medidas de

planejamento urbano que forneçam subsídios à gestão dessas águas a ser vista no próximo

capítulo.

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4 METODOLOGIA

Neste capítulo de aplicação de metodologia científica, buscou-se enriquecer o

arcabouço teórico, conceitual e metodológico, utilizando-se os procedimentos técnico-

metodológicos. Esses foram subdivididos em três etapas necessárias para a sua

finalização, destacando-se as seguintes: pré-campo – trabalhos de gabinete na etapa de

levantamento acerca do referencial bibliográfico e documental e organização de base

cartográfica da área de estudo; visitação de campo nos ambientes de risco a inundação –

aquisição, organização dos dados; e integração, análise e correlação dos dados

quantificados tabulados. As etapas são descritas e organizadas no Quadro 4.

Quadro 4: Esboço Organização da Aplicação de Procedimentos Técnico-Operacionais.

PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS

AQUISIÇÃO E SELEÇÃO DE DADOS

TRABALHOS DE GABINETE:

• Pesquisa bibliográfica, documental e cartográfica;

• Obtenção de materiais geocartográficos (imagens de satélite e

fotografias aéreas);

• Produção cartográfica preliminar;

• Mapa de localização geográfica do ambiente urbano;

• Mapa preliminar de uso e ocupação do solo na área de estudo.

VISITAÇÃO DE CAMPO

TRABALHOS DE CAMPO

• Reconhecimento e identificação do ambiente urbano;

• Caracterização ambiental e social do ambiente urbano;

• Identificação e avaliação da organização e da estruturação urbana e os

equipamentos;

• Registros de imagens fotográficas do ambiente de estudo;

• Aplicação de ficha de elementos expostos estratégicos, vitais e sensíveis 3a

inundação;

• Setorização de áreas de risco a inundação.

ANÁLISE E CORRELAÇÃO DOS DADOS

• Elaboração e análise de mapas de risco a inundação;

• Uso e ocupação do solo do ambiente urbano;

• Confecção de tabelas, quadros e mapas;

• Elaboração da cartografia de alagamentos;

3 Ver ficha em anexos “A”.

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• Elaboração da cartografia de risco a inundação do ambiente urbano.

• Elaboração da cartografia do uso e ocupação do solo;

• Elaboração da cartografia de elementos expostos estratégicos, vitais ou sensíveis;

• Mapa de riscos a inundações;

- Análise dos processos e interações entre condicionantes ambientais e as ações

antrópicas;

- Análise da ocupação do solo na área de estudo;

- Análise de campo e correções da cartografia do ambiente urbano;

- Finalização da dissertação de mestrado.

Fonte: Organizado pela autora (2020).

4.1 Roteiro teórico-metodológico

A metodologia aplicada baseia-se nos trabalhos realizados por Julião et al.,

(2009). Quanto às referências conceituais de risco, perigo, inundação, vulnerabilidade

social e ambiental, seguiram-se as reflexões e discussões empreendidas por Tucci (2007),

Veyret (2007); Souza e Zanella (2009) e Almeida (2012). Para a definição do risco

ambiental a inundação no ambiente urbano, apresentam-se os autores Almeida e

Pascolino (2009) e Julião et al., (2009), no intuito de identificar e compreender as feições

geomorfológicas do meio ambiente. Em relação à aplicação da identificação e avaliação

dos riscos ambientais e de inundações, usou-se como base as metodologias de Julião et

al., (2009), CPRM (2013), IPT (2015) e, principalmente, Tominaga (2009), no que

concerne à determinação, identificação e avaliação de critérios de classificação do grau

de riscos a inundação no ambiente urbano.

4.2 Levantamento bibliográfico e documental

A etapa metodológica do levantamento bibliográfico procurou trabalhos sobre os

assuntos relacionados ao desenvolvimento da pesquisa. Esse levantamento teve como

foco os trabalhos realizados sobre risco a inundação no ambiente e planejamento urbano,

utilizando-se de livros, teses, dissertações, artigos científicos e documentos como, por

exemplo, o relatório de risco a inundação e o PD.

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45

4.3 Seleção de coleta de dados, documental e cartográfica

A elaboração da coleta de dados utilizou de fontes oficiais de órgãos públicos

ambientais na aquisição de documentos e geocartográficos no ambiente urbano. Os

órgãos e materiais coletados são descritos e organizados no Quadro 5.

Quadro 5: Órgãos consultados e materiais coletados.

Órgão Material coletado

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-

IBGE

Censo demográfico, dados socioeconômicos e

ambientais.

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e

Meio Ambiente- IDEMA

Dados espaciais do Estado e perfil

socioeconômico do município.

Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio

Grande do Norte - EMPARN

Dados diários totais de precipitação do

ambiente urbano.

Prefeitura Municipal de Assú- PMA e suas

secretarias de Meio Ambiente, Obras, Defesa

Civil.

PD, fornecimento da delimitação do perímetro

urbano dos bairros com avenidas e os

arruamentos em formato vetorial (AutoCAD);

informações sobre o Plano Municipal de

Contingência de Desastre Ambiental.

Núcleo Temático da Seca e do Semiárido-

NUT-Seca

Acervo de materiais com notícias de jornais e

reportagens sobre inundações na região do

Vale do Açu- RN. (Figura 7 A e B)

Fonte: Organizado pela autora (2020).

E tendo também como apoio para a elaboração cartográfica dos mapas o Núcleo

de Estudos Socioambientais e Territoriais (NESAT), da Universidade Estadual do Rio

Grande do Norte (UERN).

Figura 7: (A) e (B) - Visualização documental do acervo de risco de inundação do município

de Assú no NUT-Seca.

Fonte: Acervo da autora, 2019.

A B

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46

4.4 Etapa de levantamento de campo

A etapa de levantamento foi realizada com a visitação de campo (Figura 8 A e

B), auxiliada pelos instrumentos de apoio GPS e ficha de campo (Anexo A), com a

finalidade de coletar dados primários e verificar os dados do mapeamento das áreas, com

o objetivo de identificar, registrar e avaliar espaços de risco a inundação e os elementos

espaciais expostos no ambiente urbano. Isso corresponde, inicialmente, à identificação,

verificação e avaliação dos elementos conflitantes, explicitando a relação entre a

sociedade e a natureza nas análises das perturbações e ameaças constantes ao meio

ambiente urbano para a classificação do risco a inundação, ao evidenciar o uso e

ocupação do solo e as suas implicações socioespaciais no ambiente urbano, com registros

de imagens fotográficas da área em questão.

Figura 8: (A) e (B) - Visualização do levantamento de campo no ambiente urbano de Assú -

RN.

Fonte: Acervo da autora, 2019.

Efetuou-se a escolha da setorização de áreas de risco a inundação, delimitando

espacialmente os ambientes de coleta de ocupação vulnerável e os diferentes cenários no

ambiente urbano; identificação e avaliação da classificação dos elementos expostos

estratégicos, vitais e sensíveis no entendimento do planejamento urbano-territorial pelo

adensamento urbano, com a utilização de GPS na marcação dos pontos. Efetivou-se a

caracterização do uso e ocupação do solo, sendo aplicada a ficha de caracterização de

campo na identificação e avaliação da ocupação urbana no padrão construtivo das

residências. O mesmo ocorreu quanto aos elementos naturais, intervenções e

A B

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infraestrutura urbana, condições de vias (pavimentação) e sistema de drenagem urbana

(Figura 9 A e B).

Figura 9: (A) e (B) - Visualização da setorização de risco a inundação na área urbana de

Assú- RN.

Fonte: Acervo da autora, 2019.

Os dados levantados na fase de campo foram anotados e, posteriormente,

organizados em forma de tabelas para a análise da problemática de adensamento urbano e

da relação com a política de ocupação urbana no Plano Diretor Municipal, na Política de

Parcelamento e Uso do Solo Urbano na setorização do risco a inundação. Tais ações

foram auxiliadas pelo grupo de pesquisa científica do Núcleo de Estudos Socioambientais

e Territoriais – NESAT, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).

4.5 Aplicação da susceptibilidade natural

A aplicação de susceptibilidade natural representa a incidência espacial e a

localização dos perigos ou ameaças a inundação no ambiente urbano (Figura 10). Nesse

sentido, identificar e classificar as áreas susceptíveis de serem afetadas por um

determinado risco a inundação (Figura 11) em tempo indeterminado. A avaliação da

susceptibilidade de uma área a determinado perigo ou ameaça efetua-se através dos

fatores de predisposição para a ocorrência dos processos ou ações perigosas, de forma

qualitativa.

A B

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Figura 10: Zonas de localização de risco a inundação.

Fonte: Adaptação do Guia Metodológico para a Produção de

Cartografia Municipal de Risco e Sistemas de Informação Geográfica

(SIG), (2009).

Figura 11: Articulação dos conceitos fundamentais.

Fonte: Guia Metodológico para a Produção de Cartografia

Municipal de Risco e Sistemas de Informação Geográfica (SIG),

(2009).

Na susceptibilidade natural de risco no cenário tecnológico são representados os

seus elementos indutores. No caso particular das definições de cheias e inundações por

ruptura de barragens, para além da representação dos elementos indutores, o conceito de

susceptibilidade incorpora a delimitação da área atingida pelo fenômeno, cuja informação

é da responsabilidade do operador da barragem. Esses fatores podem ser identificados

conforme o mapeamento de uso e ocupação do solo do ambiente (FERREIRA; ROSSINI-

PENTEADO e GUEDES, 2013) e pelo IBGE (2015). Sendo assim, a partir da interação

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entre a aplicação de conceitual de áreas susceptíveis ambientalmente com imagens e

fotografias da área de estudo, foi possível identificar as áreas de inundações, os elementos

expostos estratégicos, vitais e sensíveis, bem como o uso e ocupação do solo. Assim,

permitiu-se a identificação das áreas de perigo, que são os elementos expostos ao risco,

validando-se por trabalhos de campo e registros fotográficos.

4.6 Identificação de elementos expostos

A identificação de elementos expostos é uma agregação georreferenciada de três

aplicações de blocos de informação no ambiente urbano, destacando-se: 1 - Elementos

estratégicos, vitais ou sensíveis; 2 - Elementos indiferenciados e 3 - Elementos humanos.

Essas informações evidenciam os elementos construídos, as situações de ocupação

humana e os sistemas produtivos que são mais afetados pelos riscos identificados no

território municipal.

Neste aspecto, esses elementos expostos na área de estudo têm particular

relevância nesta análise, uma vez que se pode identificar e espacializar no município.

Dessa forma, adaptou-se a metodologia e se identificou os elementos estratégicos, vitais e

sensíveis que são fundamentais para a resposta à emergência, salientando-se os

equipamentos urbanos, tais como: hospital, escolas, autoridades civis e militares, e

sistemas de suporte básico às populações, a saber, o abastecimento de água, rede elétrica,

centrais e retransmissores de telecomunicações.

Portanto, com base nessa informação de campo, é possível ponderar,

nomeadamente, medidas dirigidas às condições de desempenho dos elementos expostos

estratégicos, vitais ou sensíveis em um modelo de organização espacial do território

municipal e na classificação e qualificação do uso e ocupação solo.

4.7 Mapeamento de uso e ocupação do solo

Ao alcançar o objetivo desse levantamento, será utilizado como base

metodológica uma adaptação do Sistema de Classificação de Unidades de Cobertura da

Terra e do Uso e Padrão da Ocupação Urbana, compreendido como um sistema de

classificação multinível e hierarquizado do uso das terras e revestimento do solo, que,

relacionados a um banco de dados, permite criar diferentes tipos de mapas (FERREIRA;

ROSSINI-PENTEADO e GUEDES, 2013), conforme pode ser observado no Quadro 6.

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Quadro 6: Nível hierárquico do sistema de classificação e seus atributos.

NÍVEIS DE COMPARTIMENTAÇÃO (ATRIBUTOS FÍSICOS)

Nível II

TIPOLOGIA DE USO URBANO - (USO OCUPAÇÃO)

Residencial R253– G113–B113

Comercial R244– G036–B147

Serviços R152– G125–B183

Grande Equipamento R249– G233–B055

Loteamento R230– G164–B082

Área Desocupada/vazio urbano R178– G178–B178

Espaço Verde Urbano R021– G180–B009

Fonte: Adaptado de Ferreira, Rossini-Penteado e Guerra (2012) e IBGE (2016).

4.8 Mapeamento de risco a inundação

Para aplicação da metodologia de mapeamento de áreas de risco a inundação,

apropriamo-nos do estudo feito pela CPRM (2013), no qual se fez um levantamento

histórico acerca das ruas que foram afetadas pela inundação cruzando com as vias que

alagam e chegando-se ao mapa de risco.

Nesse sentido, as ações antrópicas e os elementos expostos são marcados na

superfície terrestre, com o cenário de eventos de risco a inundação induzidos por

intervenções ou ocupação vulnerável, de forma impactante e danosa à população na

margem do rio na setorização de risco. Dessa maneira, modifica-se a sua dinâmica da

superfície terrestre cujas ocorrências se encontram em áreas próximas do leito do rio na

planície fluvial. Sob tal prisma, o processo hidrológico com a ocorrência do evento

extremo possui uma dinâmica natural, proporcionada por diárias de precipitação de

chuvas, como também pelas ações antrópicas, em virtude da ocupação em áreas

vulneráveis de forma não planejada com assentamentos habitacionais, modificando a

susceptibilidade natural na superfície terrestre.

A concretização do mapeamento de risco a inundação é de fundamental

importância para a definição da setorização dos riscos, o zoneamento territorial urbano na

perspectiva e revisão do PD, no qual se apresentam informações de classificação de grau

de risco e critérios de uso e ocupação do solo, também uso e padrão construtivo. A

setorização desses espaços determina a existência de uma classificação da magnitude do

risco.

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51

4.9 Mapeamento de setorização de risco a inundação

Para a elaboração da setorização, do mapeamento das áreas de risco de inundação

e da vulnerabilidade da ocupação urbana, aplicou-se o conceito de susceptibilidade

natural e ocupação do solo, tendo como finalidade identificar e avaliar os ambientes

susceptíveis a exposição de fenômenos naturais e antrópicos e apresentando como base a

aplicação da metodologia proposta por Julião et al., (2009), CPRM (2013), IPT (2015) e,

principalmente, Tominaga (2009), no que tange à determinação da classificação do grau

de risco, à inundação de magnitude e aos impactos ambientais na susceptibilidade natural

de eventos e de vulnerabilidade a ocupação urbana.

A aplicação da setorização de classificação e mapeamento de risco a inundação na

área em questão realiza-se com o entendimento do ambiente urbano, tendo como suporte

a observação empírica do ambiente em sua identificação e avaliação e de ações

antrópicas. Nesta mesma etapa da definição de níveis de classificação de grau de risco a

inundação, apresentam-se os critérios de análises de risco na área de estudo (MENEZES,

2014), descritos no Quadro 7.

Quadro 7: Classificação da setorização de risco a inundação na área urbana de Assú - RN.

GRAU DE

PROBABILIDADE

DE RISCO

DESCRIÇÃO

R1

Baixo

Drenagem ou compartimentação do ambiente sujeitos e/ou expostos

com um baixo potencial de impacto ou de causar danos,

principalmente de caráter social, frequência baixa (não se apresenta

registro de inundações ou alagamentos significativos nos últimos 5

anos). Enquadram-se os bairros de edificações estruturáveis, ruas

pavimentadas e com medidas estruturais de drenagem.

R2

Médio

Drenagem ou compartimentação do ambiente sujeitos e/ou expostos

com um médio potencial de impacto ou de causar danos,

principalmente de caráter social, frequência média (Registro de 1

ocorrência significativa de alagamento nos últimos 10 anos).

Enquadram-se os bairros que apresentam alguma edificação com

estrutura comprometida, com ruas pavimentadas e que possuem

algum sistema estrutural de drenagem.

R3

Alto

Drenagem ou compartimentação do ambiente sujeitos e/ou

expostos com um alto potencial de impacto ou de causar danos,

principalmente de caráter social, frequência média (Registro de 2

ocorrências significativas de inundação e/ou alagamento nos

últimos 10 anos), com alto nível de vulnerabilidade a ocupação

urbana. Enquadram-se os bairros que apresentam edificações com

estrutura comprometida (precisando de reforma), com ruas

pavimentadas e que não possuem um sistema de drenagem e/ou

saneamento.

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R4

Muito Alto

Drenagem ou compartimentação do ambiente sujeitos e/ou expostos,

muito alto potencial de impacto ou de causar danos, principalmente

de caráter social, frequência alta de ocorrência (3 ou mais eventos

significativos de inundação e alagamento nos últimos 5 anos),

enquadram-se os bairros que apresentam edificações em áreas de

inundação afetadas por alagamentos e não possuem nenhum tipo de

sistema estrutural de drenagem.

Fonte: Adaptado de Menezes (2014).

4.10 Avaliação de mapeamento de risco a inundação

Para a avaliação de mapeamento de risco a inundação na área, foram constituídos

dois componentes de fundamental importância. Primeiro, a aplicação do componente

natural que é constituída pela susceptibilidade natural a inundação, atribuída a fenômenos

naturais, com diferente tempo de ocorrência no local. Segundo, o risco a inundação

associado às ações antrópicas, resultante da interação dos riscos relativos à ocupação

antrópica do solo, constituindo as variáveis das atividades humanas, de forma agravante

no ambiente urbano. Sendo assim, a avaliação dos riscos foi elaborada com a definição de

uso e ocupação do solo, a proporção dos elementos estratégicos, sensíveis ou vitais

expostos, a frequência de inundação e alagamentos.

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5 RESULTADOS

Este capítulo discute os levantamentos e análises realizados pertinentes para a

área de estudo, assim como apresenta informações oriundas que sintetizaram as áreas de

risco de inundações na área urbana de Assú. Iniciando-se pela análise do PD,

posteriormente, faz-se um aparato histórico do processo de desenvolvimento da ocupação

da cidade. Em seguida, realiza-se um levantamento histórico das inundações ocorridas no

período de 1875 a 2009 através de um quadro e, na sequência, os estudos e mapeamentos

de uso e ocupação, perigo, risco de inundação, alagamentos e elementos expostos em que

são discutidas questões pertinentes aos elementos, dinâmicas e processos que

caracterizam e diferenciam essas áreas quanto à hierarquização de risco.

5.1 Análises do Plano Diretor Municipal de Assú

Este ponto descreve no quadro 8 a situação do PD Municipal de Assú, como se

encontra, quais potencialidades e fragilidades são encontradas no município, sugestões do

que é necessário manter e do que é necessário retirar e/ou reformular, despertando a

atenção dos gestores e apontando àquilo que precisa ser modificado mediante as

necessidades encontradas de forma a auxiliar na reformulação do plano.

Quadro 8: Observações sobre o Plano Diretor Municipal de Assú quanto à realidade analisada.

O que orienta a Lei 10.257 para o Plano

Diretor.

Análises feitas na realidade encontrada

No seu inciso 3º, a lei assegura a

obrigatoriedade da revisão do PD, pelo

menos, a cada dez anos.

Dentro das verificações feitas, o prazo de

criação foi um ponto de destaque pelo fato

de o PD do município de Assú se encontrar,

até o presente momento, com atraso de treze

anos. Embora se leve em consideração o

prazo de “tolerância” de dez anos que os

autores atribuem, permanece um saldo de

três anos de atraso.

Municípios incluídos em áreas susceptíveis

a inundações deverão conter o mapeamento

das áreas susceptíveis, planejamento de

ações de intervenção preventiva e realocação

de população de áreas de risco de desastre,

medidas necessárias de drenagem urbana,

prevenção e mitigação de impactos e

desastres, regularização para assentamentos

urbanos irregulares, preservação das áreas

Conforme análises feitas com a realidade

encontrada no município no que se refere às

áreas inundáveis, há um mapeamento feito

pela CPRM (2013) que demonstra as áreas

susceptíveis à inundação, juntamente com

um relatório, mas não existe um

planejamento de ação que trabalhe na

prevenção de maiores danos pessoais e

materiais na ocorrência de uma inundação.

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verdes com vistas à impermeabilização das

cidades.

No tocante à rede de drenagem, a que se

possui é deficitária para o volume de água

recebido, o que resulta em alagamentos nas

chuvas de 40 mm em alguns pontos da

cidade causando transtornos e danos

materiais.

Fonte: Elaborado pela Autora, 2020.

Uma Lei complementar de nº 015, de 28 de dezembro de 2006, a qual atende ao

disposto no art. 182 do inciso 1º da Constituição Federal dispõe em seus objetivos gerais

que o Plano Diretor tem como objetivo geral: orientar, promover e direcionar o

desenvolvimento do município, preservando suas características naturais, segundo um

projeto sustentável, dando prioridade à função social da propriedade e atendendo ao

conjunto de normas e princípios inseridos na lei orgânica do município de Assú, às

determinações da Constituição Federal, bem como ao Estatuto da Cidade, Lei Federal

10.257, de 10 de Julho de 2001. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ASSÚ, 2006).

Com base na ferramenta de gestão municipal, que é o PD de Assú, orientar-se-ão

quais medidas serão realizadas para uma política de planejamento para eventos naturais,

como ressalta Oliveira (2006), abordando a realidade de Assú. No Brasil, o evento

extremo mais recorrente é a inundação (LORDE et al., 2014; ALMEIDA e

PASCOALINO, 2009; MARCELINO, 2008), representando cerca de 60% dos eventos

ocorridos no século XX. Por essas e outras razões, há de se fazer presente nos lugares

urbanizados (cidades) uma organização/preparação para o que há de acontecer, tomando

como exemplo o que aconteceu. Não há como prever eventos naturais nem o grau de sua

magnitude, tampouco o dia em que irão ocorrer. Entretanto, com medidas protetivas

podemos evitar maiores danos.

Planejar baseado na dinâmica dos pós-eventos quais políticas de planejamento

configuram-se melhor é uma das ferramentas que auxiliam na organização das cidades,

no caso, o PD. É através dele que os gestores dos diversos âmbitos dentro do seu órgão

público norteiam o que pode ser feito e como. Com isso, vão surgindo novos códigos e

leis que, somados ao PD, subsidiarão uma melhor organização urbana.

A essa exemplificação destacamos as seguintes leis: Lei complementar de nº 23,

de 18 de janeiro de 2008, que dispõe sobre o Código de Obras do Município de Assú e dá

outras providências; a Lei orgânica Municipal; e, por fim, a lei de nº 656, de 08 de maio

de 2019 que apresenta disposições sobre a Política Municipal de Saneamento Básico do

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município de Assú, que aprova o Plano Municipal de Saneamento Básico, criando o

Conselho Municipal de Saneamento e o Fundo Municipal de Saneamento.

Dispondo dessa gama de ferramentas legislativas as quais integram a

regularização para o planejamento do município, cabe aos gestores articular ações que as

relacionem. Para o caso de Assú, segundo a resolução 34 do Conselho Nacional das

Cidades, que considera áreas sujeitas a inundações apreciando o interesse local, a cidade

deverá ser uma área demarcada a fim de que se possa ocorrer um planejamento para

assegurar a vida humana nessas áreas.

Como podemos verificar na delimitação dos bairros no PD de Assú (Figura 1),

segundo a Secretaria de Obras do município, Assú está em processo de expansão urbana

com o surgimento de diversos conjuntos habitacionais, os quais não possuem uma

estrutura de bairro.

Antes de continuar nossas discussões, iremos compreender o que é um bairro e

seus elementos estruturantes. Para Pacheco (2001), o senso comum popularizou o

conceito de bairro como uma simples divisão física da cidade e que, de acordo com os

grupos, passaria a ser chamado daquilo que era conveniente. No dicionário Aurélio, a

palavra “bairro” possui a seguinte definição: “Cada uma das partes em que se usa dividir

uma cidade ou vila” (HOLANDA-FERREIRA, 2000). Para Halley (2014), bairros são os

espaços vividos e sentidos pelos seus moradores com variadas relações interpessoais,

normalmente exercitadas nos pontos de encontro mais significativos da população (igreja,

praça, escola etc.). Nesse contexto, esses pontos significativos a que o autor faz referência

são um dos elementos estruturantes para compor um bairro. Com isso, Pacheco (2001)

reitera a constituição de um bairro:

Considerando-se que o bairro se constitui como um lugar normalmente

residencial e segregado e, por extensão, voltado ao atendimento imediato das

necessidades urbanas das suas comunidades, é geograficamente representativo

da cidade, pois é a principal forma de reprodução do espaço urbano total, de

vez que o espaço urbano é segmentado e desigual, porém, articulado

(PACHECO, 2001, p.90).

Conforme afirma Oliveira e Biasotto (2011), é esperada, em função do processo

de urbanização, a alteração desses limites, a sua ampliação bem como a densidade

populacional, a estrutura, a dinâmica em cada bairro. Tudo isso são fatores que, ao longo

do tempo, transformarão esta partícula dentro da área urbana de forma cíclica em um

espaço tão expressivo de pertencimento valorativo e afetivo. O bairro é, como

compartimento, uma caixa que possui características, culturas, etnias diversificadas que,

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em sua totalidade, na retirada dessas caixas, toda essa diversidade se mistura e forma o

que chamamos de cidade, ou melhor, área urbana. E para administrar cada “pedacinho”

desse, faz-se necessária uma política de planejamento discutida anteriormente.

Outro ponto frisado por Oliveira e Biasotto (2011) é a instalação de parques

lineares ao longo das faixas marginais de cursos d’água que, de maneira geral, aparecem

nos Planos Diretores como formas de evitar a ocupação irregular dessas áreas.

Trazendo para a realidade da nossa área de estudo, observou-se a ocupação

irregular às margens de córregos, em virtude de a área urbana de Assú ser cortada por

quatro córregos naturais. Com isso, no PD, faz-se referência aos córregos na seção III do

art. 78, inciso 2º do capítulo IX que discorre sobre uma prevenção de erosão e poluição, o

que não é verificado na realidade. Para recuperar tais áreas ocupadas irregularmente, os

autores orientam a recomendação acima feita.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN)

registrou, no pluviômetro instalado na cidade de Assú, no dia 27de fevereiro de 2017,

uma chuva de 49 mm que ocasionou transtornos em alguns pontos da cidade. O

município possui um histórico dessas situações de inundações, alagamentos e enxurradas,

discutidas nos próximos capítulos, verificando-se a inexistência de um sistema de

drenagem, mas, ao analisarmos o PD, a subseção II no art.37 dispõe que:

Os serviços urbanos de drenagem de águas pluviais deverão ser implementados

por meio de sistema natural ou construído, permitindo o escoamento das águas

pluviais nas áreas onde ocorre este fenômeno, de modo a propiciar segurança e

conforto aos seus ocupantes e às edificações existentes. (PREFEITURA

MUNICIPAL DE ASSÚ, 2006, p.22).

Com isso, já nos é evidente uma problemática que se perpassa desde a criação do

PD. Uma área que se expandiu e continua a expandir e, junto dela, esse problema que

tende a se agravar, embora nos incisos do Plano Diretor seja tratado como prioritário.

Discute-se a questão da drenagem em outro capítulo. Neste faremos uma interpretação no

tocante ao que rege as Leis Municipais.

Outro ponto que requer destaque é o Saneamento Ambiental, correlacionado com

a drenagem urbana. Brito (2011) reafirma a importância dos PD´s para a política de

planejamento urbano e traz uma discussão sobre o acesso desse serviço à população,

reconhecendo a política de saneamento como de desenvolvimento urbano e enfatizando a

Lei 11.445 de 2007, a qual teve sua redação alterada recentemente para a lei de nº 13 308,

de 6 de julho de 2016. Inicialmente, a lei de nº 11.445 foi aprovada após a

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obrigatoriedade dos municípios com mais de 20 mil habitantes possuírem PD. Esse

instrumento trouxe uma série de avanços para a ampliação do acesso aos serviços de

saneamento ambiental, como a obrigatoriedade de um PMSB (2019) que seja elaborado

pelo titular e compatibilidade dos planos de investimentos e projetos com o citado Plano,

sendo essas as condições para a validade dos contratos de concessão ou de programa.

Assú possui um PMSB criado recentemente que contou com a participação de toda a

comunidade local.

No PMSB (2019), capítulo II art. 2º, do cap.VI, definem-se as seguintes

contribuições no plano: prestação de serviço público de saneamento básico – atividade,

acompanhada ou não de execução de obra, com o objetivo de permitir aos usuários acesso

ao serviço público de saneamento básico com características e padrões de qualidade

determinados pela legislação, planejamento ou regulação (PREFEITURA MUNICIPAL

DE ASSÚ, 2019).

Em fase de ajustes finais, o PMSB de Assú auxiliará no planejamento da cidade

para que se possa obter uma melhor qualidade de vida e avanços urbanos, bem como nas

ações de saneamento ambiental. Mas, reiterando, Brito (2011) afirma que, para que esta

articulação de fato se concretize, é necessário um levantamento das infraestruturas

existentes no município para que, assim, possa-se construir um diagnóstico dos serviços,

avaliando em que medida os serviços e infraestruturas existentes atuam como limitadores

do desenvolvimento urbano e propondo programas e ações para enfrentar esse problema.

Por fim, Brito (2011) destaca a importância da discussão desse tema nos PD´s,

quando ela faz a seguinte citação:

Um tratamento adequado desses temas é essencial para que os Planos Diretores

municipais tornem-se instrumentos capazes de reverter o quadro de

precariedade da infraestrutura urbana, da falta de moradia e das formas

segregadas de ocupação e uso do solo urbano em que se encontram a grande

maioria das cidades brasileiras (BRITO, 2011, p.130).

O que a autora ressalta é uma realidade recorrente nas áreas urbanas. O que

encontramos é a ocupação inadequada dos solos urbanos transformados em verdadeiros

espaços segregados, uma parcela da área, digamos, mais estruturada e as demais sem as

mínimas condições básicas de infraestrutura e planejamento. O que mais adiante a autora

nos traz é uma situação da região Nordeste em que domicílios não possuem acesso à rede

geral de água, sendo a situação do esgotamento a mais precária.

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5.2 Processo de ocupação e ocorrências de inundações e alagamentos em Assú

Segundo Cascudo (1999), por volta de 1695, o então governador da Capitania do

Rio Grande do Norte, Bernardo Vieira de Melo, funda o Arraial de Nossa Senhora dos

Prazeres do Açu e inicia a colonização da região. Diante disso, os colonizadores que

chegavam iam construindo suas casas próximas ao rio, o que se observa na figura 12. O

processo de ocupação data de 1852, confirmando as primeiras ocupações às margens do

leito maior do Rio Piranhas-Açu.

Figura 12: Configuração urbana de Assú em 1852.

Fonte: Teixeira, 2002.

Com isso, evidencia-se que, ao longo dos anos, esse processo de expansão

urbana proporcionou a instalação de residências em locais que correspondem a uma área

do leito maior do rio Piranhas-Açu. Tal área abrange um quadrilátero que compreende as

principais ruas da cidade no fim do século XIX e início do século XX. Envolve, portanto,

toda a Praça da Matriz e, a partir desse centro, distribui-se nos sentidos norte, sul, leste e

oeste (MEDEIROS, 2005), o que hoje corresponde à área do centro da cidade.

Esse registro confirma que Assú não foi diferente das demais cidades que

edificaram suas ocupações a partir das margens de um rio, o qual orientou todo o

processo de povoamento em virtude do interesse pela água. A seguir, o quadro 9 faz um

aparato de todas as inundações ocorridas apresentando os detalhes de cada uma delas.

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Quadro 9: Levantamento histórico das inundações ocorridas entre os períodos de 1875- 2009.

ANO DETALHES CONSEQUÊNCIAS

1875 Sem situação de emergência Sem informações

1924 Sem situação de emergência Sem informações

1947 1 óbito registrado, 20 mil desabrigados Sem informações

1960 Sem situação de emergência Sem informações

1964 Sem situação de emergência Sem informações

1974 Sem situação de emergência Sem informações

1985 Maior ocorrência registrada

(desabrigados)

Famílias desabrigadas e perdas na

lavoura

1986 Sem situação de emergência Sem informações

1987 Sem situação de emergência Sem informações

1989 Sem situação de emergência Sem informações

2004 Sem situação de emergência Sem ocorrência de danos

2008 Situação de emergência Famílias desabrigadas e perdas na

lavoura

2009 Situação de emergência Famílias desabrigadas e perdas na

lavoura

Fonte: Petrone (1961), FEMURN (2009) Medeiros (2018). Adaptado pela autora, 2020.

Considerando o detalhamento das informações disponíveis a partir dos registros

de inundação entre os anos de 1875 a 2009, foram obtidos registros fotográficos a partir

de 1947 (Figura 13). Em consonância com os levantamentos do campo, com o contato

com a população afetada e com os órgãos municipais, foram verificados problemas de

inundação nos mesmos bairros presentes no levantamento histórico, com o acrescimento

de pontos de alagamentos recorrentes nos últimos quatro anos, que serão apresentados em

seguida. Contudo, seguem abaixo os registros de inundação em diversos pontos do

Centro, o único bairro do qual se obteve o registro de fotografias históricas, em que será

destacado o ano de ocorrência das inundações. Para os demais bairros, foram levantados

registros dos anos de 2008 e 2009.

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Figura 13: Inundações ocorridas no Centro de 1947 a 1974.

Fonte: Fanpage Açu ontem Assú Hoje, 2018.

O fato é que os registros fotográficos mencionados anteriormente ocorreram antes

da construção da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves (Figura 14), com

exceção do registro de 1985, posterior à construção. Vale salientar que, segundo Nóbrega

(2005), pelos problemas das enchentes no Rio Piranhas-Açu, o poder público federal e

estadual estudava a possibilidade de represar o rio a fim de evitar inundações às margens

das cidades, não obtendo êxito. Como se menciona, a barragem foi inaugurada em 1983,

mas, após dois anos, ocorreu uma das maiores inundações já registradas, a de 1985.

1947 1964

1974

7 1985

7

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Figura 14: Construção da Barragem em 1981.

Fonte: Fanpage Açu Ontem Assú Hoje, 2019.

Após 23 anos da maior inundação, os mesmos bairros anteriormente citados

novamente registram o evento, de modo que as últimas inundações ocorreram nos anos

de 2008, na Rua Aureliano Lobo (Figura 15- A), e 2009, nos bairros Centro (Figura 15-

B), Bela Vista (Figura 15- C) e São João (Figura 15-D)4. Ressalta-se ainda 2004,

conforme destacado o quadro 9 de inundações para os anos de 1989, mas em escala de

menor proporção se comparada as últimas ocorridas. O que o poder público federal e

estadual na época da construção da barragem estudou sobre a possibilidade de represar o

rio para evitar a inundação às margens das cidades não foi um sucesso, fazendo com que

fossem necessários novos estudos na área.

4 As imagens seguem com esta marca d´água com o ano de 2009, segundo informações repassadas pelo

proprietário do blog, uma vez que pessoas estariam compartilhando as imagens nas redes sociais para

alarmar a população de que as imagens de 2009 seriam de 2019.

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Figura 15: (A), (B), (C) e (D) - Últimas inundações registradas.

Fonte: Figura- A: Blog do Campelo, 2018. Figura- B; C e D: Blog Assutododia, 2019.

Comparando-se ao primeiro bloco de inundações ocorridas, observa-se a

permanência da ocorrência nas mesmas ruas (Figura 15-B) e uma população

completamente ilhada em 2009. O acesso que cruza os bairros Bela Vista e Casa Forte

(Figura 15-C) ficou completamente obstruído. Para encerrar este bloco de registro

histórico de inundação, apresenta-se o bairro São João em que a população ficou

desabrigada e precisou ser realocada (Figura 15-D) para pontos de apoio, permanecendo

por três meses até que as águas baixassem a um ponto seguro e elas pudessem voltar para

suas residências.

Após esse inventário histórico de fotografias das inundações ocorridas, observou-

se que 5 (cinco) bairros da cidade ( Figura 16) são os que mais sofrem com as inundações

do leito maior do rio Piranhas-Açú, apresentando evidências de que os mesmos sofrem

nos períodos de inundação com um intervalo considerável de ocorrência entre uma e

outra. Neste estudo, a área em questão foi ocupada segundo suas potencialidades naturais

(água em abundância, terras férteis) assim como a proximidade do rio atraiu a ocupação

humana nessas áreas do leito maior, que se tornou um ambiente de risco.

A B

C D

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Figura 16: Mapa dos bairros que sofreram com inundações com base nos dados históricos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

Somado a isso, os registros pluviométricos das inundações (Tabela 5) ocorridas na

região do Vale do Açu, em específico na cidade de Assú, mostram-se uma etapa

fundamental para o trabalho por mostrar informações espaço-temporais das inundações.

Utilizou-se de um inventário realizado por Medeiros (2018) em que se apresentam

registros que compreendem o período de 1963 a 2009, sendo este o ano em que ocorreu a

última inundação. Na tabela, observam-se em azul as inundações registradas e se

destacam em laranja a maior inundação registrada para o período, com a quantidade de

precipitação anual, mês mais chuvoso, acumulado do mês mais chuvoso, dia e

precipitação do mês mais chuvoso.

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Tabela 5: Anos com precipitações pluviométricas acima da média na Estação de Florânia

(RN).

Ano Precipitação

(mm)

Mês

mais

chuvoso

Acumulado do

mês mais chuvoso

(mm)

Dia mais

chuvoso

Precipitação do dia

mais chuvoso (mm)

1963 1.026,1 Março 342,1 14/11 64,7

1964 1.387,0 Abril 308,6 05/05 80,4

1965 1.046,6 Abril 448,1 01/04 159

1967 986,3 Abril 338,6 05/04 65,1

1968 950,4 Março 581,5 11/03 97,6

1974 1.297,9 Março 332,8 26/03 66,7

1975 912,4 Março 242,6 18/05 59,2

1977 1.014,7 Abril 248,7 23/02 74,4

1984 943,1 Abril 379,0 15/04 89,7

1985 1.525,8 Abril 413,0 09/04 73,5

2008 1.026,4 Março 349,5 20/03 58,1

2009 1.350,9 Março 410,2 02/03 115,5

Fonte: Adaptado de Medeiros (2018).

Conforme se observa nos registros fotográficos e na tabela 3, o ano de 1985

confirma-se como um dos períodos mais chuvosos já registrados.

Outro fator que tem ocorrido nos últimos anos e vem causando transtornos na

cidade e danos materiais são os alagamentos. A recorrência em alguns bairros, os quais já

apresentam registro de inundações, resulta em um perigo maior se comparado aos outros

dois eventos, o que, de fato, foi apurado nos trabalhos de campo e nos registros

fotográficos. Os transtornos, dessa forma, serão bem maiores na ocorrência dos dois

eventos, principalmente em bairros que já apresentam a problemática da inundação.

Nos principais blogs da cidade mostram-se os transtornos ocorridos nos bairros

que já possuem histórico de inundação e outros que somente ocorre o fenômeno de

alagamento. A cena repete-se sempre que chove no Bairro São João (Figura 17 A-B) e o

primeiro registro é do ano de 2016 (Figura 17- A), em que se observam carros submersos

na água acumulada. Ainda na mesma rua, João Celso Filho, no ano de 2017 (Figura 17-

B), segundo matéria veiculada no blog Assutododia, um carro foi arrastado pelas águas e

os ocupantes foram resgatados pelos moradores.

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Figura 17: (A) e (B) - Alagamento no bairro São João.

Fonte: Blog Afolhapatuense, 2018. Fonte: Assutododia, 2018.

O bueiro existente não supriu a demanda de água e acabou obstruído devido ao

carreamento de resíduos sólidos pelas águas (Figura 18 A e B). Por essa razão, faz-se

necessário um trabalho de conscientização da população para o descarte correto dos

resíduos, evitando-se o descarte em vias públicas, haja vista que o número de estruturas

de drenagem na cidade é baixo e situações como essa tendem a contribuir com maiores

transtornos.

Figura 18: (A) e (B) - Infraestrutura de águas pluviais obstruída.

Fonte: Acervo da Autora, 2019.

No bairro Centro, dez ruas ficam completamente alagadas, apresentando-se como

uma das áreas mais caóticas o cruzamento da Rua Ulisses Caldas com a Rua Moisés

Soares (Figura 19-A), conforme o registro para o ano de 2018 (Figura 19- B) e para o ano

de 2019. É um bairro muito importante da cidade de Assú por conter elementos expostos

A B

A B

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estratégicos, vitais ou sensíveis para o funcionamento da mesma e que, na ocorrência do

alagamento, por exemplo, o acesso às vias fica totalmente comprometido.

Figura 19: (A) e (B) - Alagamento no Centro.

Fonte: Blog do VT, 2018. Fonte: Assutododia, 2019.

Antes, a via exibida na figura citada acima era pavimentada com material de

paralelepípedo. Dessa forma, segundo relatos da população do referido bairro, a

concentração do volume de água era menor assim como o tempo de drenagem no local se

comparado com o período posterior à pavimentação asfáltica, a qual colaborou para o

aumento da energia das águas pluviais e a concentração maior em razão da

impermeabilização. O sistema de drenagem é insuficiente o que contribui para que toda a

água que escoa pela cidade se concentre neste bairro, o que resulta em grandes

transtornos na área.

Esse tipo de ocorrência se origina com chuvas a partir de 40-45mm. Além dos

bairros São João e Centro, outros são afetados, como Feliz Assú e Novo Horizonte

(Figura 20) em que se observam residências em área irregular, já que ali existe um

córrego, que nos períodos de chuva causa o isolamento da população local.

A B

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Figura 20: Alagamento entre Novo Horizonte e Feliz Assú em 2016.

Fonte: Assutododia, 2018.

No bairro Dom Elizeu registrou-se um caso de danos materiais, devido aos

alagamentos. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres

Naturais (CEMADEN), choveu 105 milímetros em 19 de janeiro de 2018, o que gerou o

grande volume de água que ficou concentrado na frente de uma casa e ocasionou a queda

de sua fachada, conforme se observa na figura 21. A Defesa Civil do Município esteve no

local do ocorrido evacuando as pessoas para locais seguros e famílias tiveram seus

imóveis comprometidos.

Figura 21: Desabamento de duas residências, 2018.

Fonte: Blog Assutododia, 2018.

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Diante do ocorrido, a gestão municipal desenvolve, através da lei de nº 614, de 05

de março de 2018, uma política pública que cria um mecanismo de suporte a essas

famílias, oferecendo a prestação de benefício de aluguel de residência àquelas que

ficaram desabrigadas temporariamente em virtude da destruição total ou parcial do seu

imóvel.

Para o valor do aluguel de residência para família em situação de desabrigamento

temporário, através do decreto de nº 013, de 06 de março de 2018, definiu-se o valor

mensal de até R$ 300,00 (trezentos reais), por um período de até 12 (doze) meses por

família beneficiada, enquadrada nos critérios definidos em lei.

Após a criação dessa lei, famílias vêm sendo beneficiadas após passarem por

prejuízos causados por eventos de natureza hidrológica e/ou meteorológica, ou seja,

residências que ficaram comprometidas ou desabaram na área urbana, conforme se

observa na tabela 6.

Tabela 6: Famílias atendidas pelo aluguel social.

Famílias atendidas Bairros

2018 02 Dom Elizeu

01 Vertentes

2019 01 Dom Elizeu

01 Frutilândia

Fonte: Secretaria de Assistência Social do Município (2019). Organizado pela autora (2020).

No entanto, de acordo com os registros fotográficos dos alagamentos e com a

análise feita em campo, foram observadas diversas áreas de risco de alagamento com

residências próximas aos canais de drenagem (Figura 22).

Como se pode observar na figura 23, há várias vias de alagamento na cidade. Com

isso, verifica-se um alto risco para a população, devido à ausência de medidas estruturais

no sistema de drenagem da cidade. Constata-se o maior número de vias que alagam no

Centro da cidade, ou seja, onze vias longitudinais e latitudinais, uma vez que o bairro

possui perfil histórico de inundações, somando-se mais uma problemática urbana. No

decorrer dos trabalhos de campo, foram verificados poucos sistemas estruturantes que, no

momento da precipitação, possam drenar aquela água a fim de que se evitem

alagamentos. É o que confirma o relato dos moradores no tocante aos dias de chuvas e

transtornos decorrentes: residências e acessos alagados, e população exposta a resíduos

carreados em quantidade pelas enxurradas, gerando outro risco em razão da veiculação

hídrica, que são as doenças ocasionadas pelo contato com a água contaminada.

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Figura 22: Residência próxima ao córrego do Dom Elizeu.

Fonte: Autoria própria, 2019.

Figura 23: Mapa das áreas de alagamentos da malha urbana de Assú-RN.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

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Segundo Pereira (2017), o gerenciamento de toda a água pluvial reduz os custos

gerados no que tange à solução de problemas relacionados com a água, uma vez que,

após a ocorrência das precipitações, os órgãos gestores precisam fazer reparos em

algumas vias obstruídas pela velocidade energética da água. Uma cidade sustentável e

planejada incorpora os cursos d’água à paisagem urbana, preserva o leito maior do rio,

restabelece o quanto possível a retenção natural e conserva as áreas de inundação ainda

existentes. Como consequência, o sistema de drenagem com o manejo de águas pluviais

traz importantes benefícios, como melhores condições de tráfego de pessoas e veículos,

principalmente em dias de chuva, o favorecimento à saúde e ao meio ambiente, redução

de custo de manutenção das vias etc.

Ao sobrepor o mapa de alagamento e inundação da área de estudo (Figura 24),

apresentam-se informações de quais bairros possuem o maior número de ruas alagadas e

se há registro de inundação. Somados esses dois dados, pode-se trazer uma contribuição

ao setor de planejamento da cidade, remanejar as residências que estão localizadas dentro

dos córregos, bem como elaborar medidas estruturantes e estruturais que drenem a água

que se acumula nas vias destacadas no mapa, pois são as áreas mais críticas da cidade.

Figura 24: Mapa demonstrando a sobreposição entre as áreas de inundações e as áreas de

alagamentos na malha urbana de Assú-RN.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

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Analisando o cruzamento das informações obtidas do mapa de inundação e de

alagamento com o reconhecimento das vias que constantemente inundam e com o mapa

hipsométrico (Figura 25), a partir de uma aplicação de estilo categorizado nas curvas de

níveis intervaladas a cada metro, pode-se utilizar a falsa cor, do verde para o vermelho,

sendo o verde para cotas mais baixas e o vermelho para cotas mais altas.

No entanto, seria possível inverter as cores citadas para se associar o vermelho ao

perigo, contudo, normalmente, na literatura, o verde é que denota as cotas mais baixas. É

notável a presença das cores dos extremos, tanto do verde escuro, que representa as cotas

baixas, como também do vermelho, que representa as cotas mais altas. Para os bairros em

que não ocorre nenhum evento (inundação ou alagamento), essas declividades favorecem

os escoamentos das águas pluviais para os bairros de áreas planas, sendo um dos

indutores de alagamento.

A área urbana está situada, em grande parte, nas cotas dos 30 metros. As altitudes

que ultrapassam os 60 metros estão restritas a altitudes superiores na porção oeste. Isso

explica, analisando-se de forma isolada, as altas velocidades de escoamento superficial e

justifica toda a concentração das águas pluviais abranger o Centro e os bairros São João,

Bela Vista, Casa Forte e Farol, devido a serem localizados na área de cotas baixas da

cidade, locais em que, sequencialmente, ocorrem inundações.

Verificada no mapa de drenagem a quantidade de microbacias que são formadas

dentro da área urbana do município de Assú, elas se apresentam como importantes fatores

desencadeadores de cenas de alagamentos. A ocupação urbana mal planejada aliada a

grande quantidade de pavimentação asfáltica realizada no ano de 2016, sem nenhuma

medida estruturante de drenagem nessas vias de circulação, vindo a impermeabilizar

excessivamente o solo, contribuiu para o aumento dos alagamentos em algumas vias que

antes não alagavam.

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Figura 25: Mapa demonstrando a sobreposição das áreas de alagamento e inundação sobre a

hipsometria da malha urbana de Assú-RN.

Fonte: Elaborado por Frutuoso e Barbosa, 2020.

No entanto, essas áreas de relevo plano são, segundo se apresenta no mapa de uso

e ocupação do solo (Figura 26), de diversos usos e inclui o principal bairro da cidade, o

Centro, que oferece a maior diversidade de atividades, de comércio a serviços. Tal

localidade se encontra muito próxima ao leito maior do rio e se classifica como área

verde no mapa, contendo vegetação de característica de mata ciliar. O Centro, por

concentrar o maior número de serviços, como, por exemplo, os serviços bancários,

agrupa um grande número de pessoas não só da cidade como da circunvizinhança, já que

Assú é a principal cidade da Microrregião e serve de local de busca para variados

atendimentos, assim como pela maior variedade de comércio.

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Figura 26: Mapa de uso e ocupação do solo da área urbana de Assú-RN.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

De maneira geral, os dados obtidos evidenciam para o ano de 2020, conforme se

observa no mapa e na tabela 7, uma área de predominância residencial equivalente a

34,43%; em decorrência do processo de ocupação da área. Em relação à área desocupada,

ou seja, que se encontra em processo de expansão, ela corresponde a 33,51%,

evidenciando-se uma possível formação de futuros empreendimento. Para a formação de

novos conjuntos de bairros, os valores são de 8,39% e denotam a evolução deste

processo, o que demonstra que um planejamento para essas áreas que estão em processo

de expansão precisa ser maior, para que não ocorram os transtornos relativos a medidas

estruturais de drenagem presentes nos demais bairros. A área comercial equivale a 2,74%,

um espaço vital para o funcionamento da cidade por conter elementos expostos

estratégicos, vitais ou sensíveis (banco, lojas, farmácias, rede de supermercado) e que

concentra um total elevado de pessoas em virtude dos serviços da rede bancária e

comercial. O espaço verde urbano equivale a 16,44% e é a área na qual as inundações

acontecem, ou seja, corresponde ao leito maior do rio Piranhas-Açu e, por isso, precisa

ser conservada.

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Tabela 7: Classes de mapeamento do uso e ocupação do solo na área urbana de Assú-RN.

Uso Hectare % da área total

Espaço verde urbano 345,2 16,44%

Residencial 723,02 34,43%

Comercial 57,64 2,74%

Grandes equipamentos 90,36 4,30%

Área desocupada/ Vazio

Urbano 703,74 33,51%

Loteamento 176,19 8,39%

Serviços 3,77 0,18%

TOTAL 2099,92 100,00%

Fonte: Elaborada pela autora, 2020.

Dessa forma, a observação mais detalhada na tabela dessas áreas permite ressaltar

elementos estratégicos, vitais ou sensíveis que as diferenciam hierarquicamente quanto ao

risco. Assim, quanto maior o número de elementos maior é o risco do bairro. A análise de

cada bairro possibilitou uma melhor compreensão e análise do risco de inundação na área

urbana de Assú. Com base nos resultados obtidos através do mapa de elementos expostos

(Figura 27), o Centro apresentou o maior quantitativo ultrapassando 70 elementos

expostos a alagamentos e inundação; seguido dos bairros Dom Elizeu, Novo Horizonte e

Parati com mais de 30 elementos expostos. Os bairros que apresentam menor número de

elementos são os bairros São João e Lagoa do Ferreiro.

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Figura 27: Mapa de elementos expostos estratégicos vitais ou sensíveis.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

Na ocorrência do evento e no tocante às justificativas de planejamento urbano,

dentre todos os bairros, o Centro é o principal deles, em razão do número de elementos

expostos (Figura 28 A, B, C e D) e de sua importância para a dinâmica de funcionamento

dos demais bairros, da cidade de Assú e até das cidades vizinhas. Portanto, uma vez que

esses elementos são afetados, todo o serviço do Centro é comprometido. Os demais

bairros – Dom Elizeu, Novo Horizonte e Parati – servem de ponto de apoio para o Centro

na ocorrência do evento para realocar os desabrigados devido à distância que possuem do

leito do rio, contudo, pela quantidade de elementos expostos, são bairros de risco. Os

bairros Alto de São Francisco (que contém de 10 a 19 elementos) e Janduís (que contém

de 20 a 29 elementos) apresentam-se, em razão da quantidade de elementos expostos ser

menor, como bairros de apoio à cidade por se localizarem no relevo mais elevado do

município. O bairro Feliz Assú não entra como bairro de apoio, embora tenha baixa

quantidade de elementos expostos, devido a sua característica hipsométrica, a quantidade

de drenagens que cruzam o bairro e a ocorrência de alagamentos na área, não se

configurando, portanto, como seguro para a realocação de famílias na ocorrência do

evento de inundação.

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Figura 28: (A), (B), (C) e (D) - Elementos expostos estratégicos vitais ou sensíveis.

Fonte: Acervo da autora, 2019.

Ainda conforme Menezes (2014), a espacialização do risco não ocorre de forma

aleatória, visto que segue uma lógica de fatores que determina sua distribuição. A

ocupação nas margens de rios e córregos, o aterramento dos córregos para edificações, no

caso dos alagamentos, são condicionados a determinados processos que resultam na sua

espacialização.

Para o caso de Assú, pode-se confirmar, mediante os mapas elaborados, que a

razão pela qual ocorrem inundações e recorrentes alagamentos deriva do fato de que toda

a drenagem urbana escoa para a área plana da cidade, por inexistir um sistema de

drenagem suficiente para a demanda, com uma declividade que contribui para que esse

escoamento se concentre nos bairros que já possuem um longo histórico de inundações.

Acrescidas a isso, as ocupações próximas ao leito maior do rio principal.

Conforme o explicitado na tabela 8, 16% da área urbana se configuram como

risco baixo, ou seja, 344,2 hectares. Entretanto, a parcela restante se classifica como risco

alto a muito alto, isto é, o quantitativo, hoje, da área de alto a muito alto risco equivale a,

A B

C D

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respectivamente, 42% e 15%, necessitando, por isso, de políticas que reduzam essas áreas

de risco a uma taxa de 15%, para que, assim, a cidade esteja preparada estruturalmente à

ocorrência dos eventos citados.

Tabela 8: Classes de mapeamento de risco de inundação na área urbana de Assú-RN.

Risco Hectares Porcentagem

Muito alto 313,1 15 %

Alto 868,8 42 %

Médio 566,0 27 %

Baixo 344,2 16 %

Total 2092,2 100 %

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

O grau de risco estabelecido no mapa (Figura 29) apresenta quatro classes de risco

que vão desde muito alto risco a baixo risco, associados a diversos fatores que são: a

ausência de medidas estruturais e estruturantes, ocupações no leito maior do Rio

Piranhas-Açu, a quantidade de elementos expostos em cada bairro, a quantidade de

córregos que cruzam a cidade, a ausência de um zoneamento urbano dessas áreas de risco

no PD, bairros que não possuem um sistema de drenagem. Apesar de o PD ter sido

regulamentado em 2006 e ocorrerem inundações desde 1875, espera-se que com a revisão

do PD essas áreas sejam gerenciadas dentro do plano. Ainda nessa perspectiva, observou-

se que no documento se exige uma área de cobertura permeável de, no mínimo, 30%

dentro dos lotes, no entanto o que foi apurado em campo é uma vasta impermeabilização

no Centro.

Mesmo os bairros que estão às margens do leito maior do rio (Farol, São João,

Bela Vista, Casa Forte) não se enquadram em um grau de risco tão alto quanto o Centro,

que possui os seguintes fatores: maior número de elementos expostos, mais de 70

elementos, maior número de vias alagadas, histórico de inundação, localização em relevo

plano e por toda a drenagem se concentrar no bairro em questão. Dessa forma, ao

momento da ocorrência do evento de inundação, a assistência deve ser priorizada a esse

bairro. Para a implementação de medidas estruturais, o Centro é o primeiro da lista, pois

possui um grande número de vias que alagam assim como os maiores transtornos em dias

de chuva, também a maior concentração de pessoas localiza-se nessa área, o que constitui

uma grande perigosidade.

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Para as demais áreas, as aplicações de medidas de planejamento estruturais devem

se estabelecer para que não ocorra a transferência de problemas, como, por exemplo,

aquilo que era problema maior no Centro se estenda para outro bairro que antes não

apresentava nenhum tipo de transtorno, ou seja, uma localidade passar de risco baixo para

risco médio. A efetivação dessas medidas na área resulta em uma cidade planejada, ao

prevenir que vidas e bens sejam perdidos ou comprometidos, contribuindo para a redução

de risco de desastre.

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Figura 29: Mapa de risco de inundação da área urbana de Assú.

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

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Algumas informações, no entanto, são importantes para a classificação do grau

de risco, como, por exemplo, permanecer o risco muito alto em parte da área dos

bairros, já existindo um estudo e classificação feitos pela CPRM (2013) (APÊNDICE-

A), trabalho que resultou na seleção de quatro áreas no município de Assú consideradas

de risco alto, em função de sua ocupação e de fenômenos naturais que ocorrem nos

bairros São João, Centro, Bela Vista e Lagoinha5. Com isso, fez-se uma adaptação com

o acréscimo de dois bairros que estão próximos a margem do rio, Casa Forte e o Farol,

constituindo-se um total de 5 (cinco) bairros com suas áreas parcialmente configuradas

como risco muito alto de inundação enquanto as demais áreas dos bairros se apresentam

como de risco alto e médio, conforme metodologia aplicada em relação ao número de

elementos expostos ao risco: quantitativo de vias que alagam, relevo. O que apresentou

exceção foi o Centro, com abrangência de toda a área classificada como de risco muito

alto. Para o risco médio, são categorizados os bairros cuja ocorrência dos eventos trata-

se de alagamentos e o número de elementos expostos ser menor que trinta. Para risco

baixo, são qualificados os bairros de declividade elevada em que não há ocorrência de

nenhum dos eventos e oferece o menor número de elementos expostos, o que os

classifica como bairros que, em caso de ocorrência de inundações, servirão de ponto de

apoio.

A segunda área utilizada (APÊNDICE - B) configura um trecho do bairro Dom

Elizeu, que corresponde às proximidades de um córrego, cuja nascente encontra-se a

oeste da cidade, em área de relevo elevado. Na porção abaixo do córrego, existem

alguns conglomerados subnormais (Figura 30) em razão da resistência de pessoas que

permanecem naquela área mesmo após um trabalho de realocação dessas famílias. Nos

demais casos apresenta-se a formação de novas famílias que, pelas condições

financeiras, ocupam essas áreas. Com isso, fez-se a extensão para os demais bairros que

possuem córregos. Tal trecho se enquadra como risco alto não apenas pelo número de

ocupações próximas ou pela existência do córrego como pelo número de elementos

expostos aos alagamentos e enxurradas na área citada. Foram identificadas nos demais

bairros, como, por exemplo, entre o Feliz Assú e o Novo Horizonte, ocupações

irregulares no entorno dos córregos. Quanto aos demais córregos verificados no trabalho

5 A citada divisão de bairros não existe conforme o Plano Diretor Municipal, que é a base deste trabalho.

Lagoinha foi uma alcunha dada a uma gleba de terra dentro do bairro Centro. Portanto, conforme este

estudo, leia-se Lagoinha enquanto Centro. O estudo feito pela CPRM (2013) estudou três bairros e não

quatro.

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de campo, ressalta-se a importância de um trabalho de recuperação e conservação

desses para minimizar os transtornos causados em dias de chuva, devido a suas

dinâmicas terem sofrido transformações ao longo dos anos em decorrência da

retificação nos cursos dos córregos pela expansão urbana. Outro trabalho que precisa ser

desenvolvido nessas áreas é o de fiscalização, para que famílias não venham a ocupar

essas áreas já que outras precisaram ser realocadas para áreas seguras. Ações conjuntas

precisam desenvolvidas entre o poder público e a população, objetivando recuperar

nascentes, margens e a própria água dos córregos a partir de um reflorestamento de suas

margens.

Figura 30: Conglomerados Subnormais Bairro Dom Elizeu.

Fonte: Autoria própria, 2019.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O produto gerado por esta pesquisa se constituiu de uma metodologia simples

capaz de espacializar as áreas com risco de inundações e alagamentos em Assú, ao

identificar o quantitativo de elementos expostos estratégicos vitais e sensíveis ao risco

de cada bairro, estabelecido conforme a metodologia proposta e configurando-se como

um elemento fundamental para identificação dos bairros expostos a inundações e

alagamentos com possibilidade de causar prejuízos de ordem social e econômica para a

cidade e, principalmente, para a população afetada.

Ao poder público, oferta-se um material de imensa importância para auxiliar na

tomada de decisões, permitindo subsidiar o planejamento urbano, uma maior interação

entre a sociedade e a preservação do meio ambiente e minimizar dos riscos. Identificam-

se, portanto, os bairros em que as medidas precisam ser tomadas de forma urgente e os

que necessitam de forma secundária.

No entanto, os resultados para bairros mais críticos é que se faz necessária, por

parte dos órgãos gestores, maior atenção no que concerne ao planejamento e gestão

urbana, embora os demais bairros também sejam importantes. Contudo, o Centro, tanto

pela vitalidade urbana que abarca como por ser o bairro que possui o maior número de

elementos expostos estratégicos vitais ou sensíveis, inspira maiores cuidados para que,

no momento do evento extremo, o funcionamento da cidade não seja comprometido;

muito menos as áreas residenciais, as áreas comerciais e de serviços, que já apresentam

uma expressiva ocorrência de inundações e alagamentos, tanto no Centro quanto nos

demais bairros, como: São João, Bela Vista, Casa Forte e Farol.

Da mesma forma, o mapeamento das áreas apresenta-se como uma medida não

estrutural muito importante no planejamento, pois, a partir do conhecimento das áreas

sujeitas a processos de extravasamento das drenagens, podem-se direcionar usos

adequados a esta condição periódica, ou ainda projetar medidas que mitiguem o

processo. O mapeamento dessas áreas de ocorrência a esses processos é de total

importância para o reconhecimento das áreas já ocupadas, como também para promover

a recuperação ou o melhor aproveitamento de tais áreas, evitando que novos

aglomerados de risco se formem.

Dessa maneira, os resultados apontaram para uma cidade que serve de palco para

cenários de risco estabelecidos em seu território, em que há uma inexistência de

zoneamento dessas áreas em seu Plano Diretor, o que caracteriza necessidade de

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inserção dessas zonas na revisão do Plano Diretor de forma urgente, uma vez que o

zoneamento das áreas de inundação é um importante instrumento para mitigar os efeitos

danosos desse fenômeno, eliminando riscos humanos e ambientais previamente e

evitando a exposição desnecessária de elementos socioeconômicos de importância.

A presente dissertação se apoia sobre o conceito de risco de inundação

concentrando-se numa abordagem de apoio ao planejamento urbano, que deve ser

matéria básica e preliminar para o planejamento e gestão de cidades. Reforça-se a

importância do planejamento urbano para melhorar ou revitalizar uma área urbana,

proporcionando qualidade de vida à população. Assim, uma continuidade deste trabalho

seria o mapeamento dos dispositivos de drenagem existentes, a fim de associar a

eficácia desses dispositivos e sugerir novos dispositivos de drenagem mediante a

eficiência das medidas estruturais que a cidade possui, ou retificação dos dispositivos

existentes, facilitando, assim, a gestão da drenagem de águas da cidade e evitando o

surgimento de alagamentos em bairros que se caracterizam como de baixo risco.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A- Mapeamento de risco feito pela CPRM (2013) na favela Belo Horizonte, bairro Dom Elizeu.

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APÊNDICE B- Ma peamento de risco feito pela CPRM (2013) na favela Belo Horizonte, bairro Dom Elizeu.

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ANEXOS

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ANEXO A- Ficha de campo para levantamento de elementos expostos estratégicos vitais

ou sensíveis.

FICHA DE CAMPO

Data: _____/_____ /_______ Cidade: Assú-RN Ficha nº: _______

Nome do Bairro:__________________________________________________________

10- Elementos expostos estratégicos:

Grp 1

( ) Qtd [ ] Câmara Municipal

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Grp 2

( ) Abastecimento de água

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Resíduos sólidos urbanos

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Rede elétrica ( ) Telecomunicações

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Grp 3

( ) Qtd [ ] Equipamento de saúde

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Hospitais

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Centros de saúde

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Equipamentos de educação

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Creche

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Escolas primárias

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Escolas EB e Secundária

Coordenadas: S_____________________ W__________________

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Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Universidade

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Faculdade

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Politécnicos

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Equipamento de cultura

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Cinema e Teatro

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Piscinas coletivas

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Igrejas

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd[ ] Prisão

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Lar de deficientes

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Instalações militares

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Grp 4

( ) Qtd [ ] Estradas regionais

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Rede viária urbana

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Grp 8

( ) Qtd [ ]Antenas de recepção e retransmissão (rádio, TV/imagem, telefones e internet)

Coordenadas: S_____________________W_____________________

Coordenadas: S_____________________ W____________________

Coordenadas: S______________________W_____________________

Coordenadas: S_____________________ W_____________________

Grp 9

( ) Qtd [ ] Redes de alta e muito alta tensão

Coordenadas: S___________________W___________________

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Coordenadas: S____________________W___________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Subestação

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Grp 12

( ) Qtd [ ] Patrimônio cultural

Coordenadas: S_____________________ W_____________________

Coordenadas: S______________________W____________________

Coordenadas: S______________________W____________________

Grp 99

( ) Qtd [ ] Centro histórico

Coordenadas: S_____________________ W__________________

Coordenadas: S_____________________W___________________

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Centros comerciais

Coordenadas: S_____________________ W__________________

( ) Qtd [ ] Estabelecimentos hoteleiros

Coordenadas: S_________________W__________________

Pesquisadora:_______________________________________________________________________

Equipe:____________________________________________________________________________