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Grupo Temático 3: Análise de Políticas Públicas ALVES, J.; MELLO, S. P. T.; SOUZA, E. M. S. 477 AVALIAÇÃO DO IMPACTO FINANCEIRO PARA OS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM UM MUNICÍPIO NA REGIÃO SUL DO BRASIL Janice Alves 1 Simone Portella Teixeira de Mello 2 Eliane M. Sá de Souza 3 RESUMO A situação habitacional no Brasil representa um problema social histórico, principalmente no que se refere à população de baixa renda. Em 2009, o Governo Federal lançou o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), tendo como principal objetivo proporcionar moradia digna para a população brasileira mais carente. Analisa-se a efetividade do programa no que se refere à situação financeira dos beneficiários - Recursos FAR Faixa I do Programa, assim como a diminuição do déficit habitacional na Cidade. Para o desenvolvimento do trabalho utilizaram-se questionários e entrevistas com mutuários de 5 empreendimentos do Programa. Os resultados revelam que os mutuários conseguem honrar com os pagamentos e o impacto financeiro da concessão do financiamento deu- se de forma positiva. Contudo, o Programa não está sendo eficiente em sanar, definitivamente, o problema do déficit habitacional no município. Palavras-chave: Política Habitacional Social. Déficit Habitacional. Programa Minha Casa Minha Vida. 1 Prefeitura de Capão do Leão / RS. 2 Universidade Federal de Pelotas (UFPel). 3 Universidade Federal de Goiás (UFG).

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Page 1: AVALIAÇÃO DO IMPACTO FINANCEIRO PARA OS BENEFICIÁRIOS …€¦ · 2.1 O Programa Minha Casa Minha Vida na Cidade de Pelotas – RS Conforme a Portaria n°168 do Ministério das

Grupo Temático 3: Análise de Políticas Públicas ALVES, J.; MELLO, S. P. T.; SOUZA, E. M. S.

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AVALIAÇÃO DO IMPACTO FINANCEIRO PARA OS

BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA

VIDA EM UM MUNICÍPIO NA REGIÃO SUL DO BRASIL

Janice Alves1 Simone Portella Teixeira de Mello2

Eliane M. Sá de Souza3

RESUMO A situação habitacional no Brasil representa um problema social histórico, principalmente no que se refere à população de baixa renda. Em 2009, o Governo Federal lançou o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), tendo como principal objetivo proporcionar moradia digna para a população brasileira mais carente. Analisa-se a efetividade do programa no que se refere à situação financeira dos beneficiários - Recursos FAR – Faixa I do Programa, assim como a diminuição do déficit habitacional na Cidade. Para o desenvolvimento do trabalho utilizaram-se questionários e entrevistas com mutuários de 5 empreendimentos do Programa. Os resultados revelam que os mutuários conseguem honrar com os pagamentos e o impacto financeiro da concessão do financiamento deu-se de forma positiva. Contudo, o Programa não está sendo eficiente em sanar, definitivamente, o problema do déficit habitacional no município. Palavras-chave: Política Habitacional Social. Déficit Habitacional. Programa Minha Casa Minha Vida.

1 Prefeitura de Capão do Leão / RS.

2 Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

3 Universidade Federal de Goiás (UFG).

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1 INTRODUÇÃO

A situação habitacional no Brasil representa um problema social histórico. A

criação da Casa Popular, em 1946, indica a primeira iniciativa adotada pelo Estado

em busca de equacionar o problema habitacional, num período em que a

precariedade da habitação já era notável na população mais pobre (AZEVEDO;

ANDRADE, 2011). Desde então, o Governo Federal procura alternativas para sanar

a questão do déficit no país, na medida em que compreende tanto moradias sem

condições de serem habitadas, quanto à necessidade da construção de novas

unidades, em virtude da coabitação familiar ou de moradias em locais inapropriados

(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2011).

Como alternativa para enfrentar esse déficit e a fim de conceder maior

enfoque à questão habitacional, o governo brasileiro instituiu, em 2005, o Sistema

Nacional de Habitação e Interesse Social (SNHIS), com o objetivo de viabilizar para

a população de menor renda o acesso a terra urbanizada e à habitação sustentável.

Diante de uma preocupação social com moradia popular, em 2009 o Governo

federal lançou o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), levando em conta a

demanda por melhores condições de habitação e tendo, como meta inicial, a

destinação de 40% das unidades habitacionais a serem construídas para a

população economicamente carente. O Programa visa à requalificação de imóveis

urbanos e a produção ou reforma de habitações rurais para a população com renda

bruta mensal de até R$ 5.000,00. A divisão dos recursos do Programa para as

famílias de menor renda foi feita com base no cálculo do déficit habitacional do ano

2000, estabelecendo-se, assim, a meta a ser realizada em cada município (SILVA;

ALVES, 2014).

Diante do exposto, o presente artigo objetiva analisar o impacto financeiro

para os beneficiários do PMCMV, Recursos FAR, Faixa 1, na cidade de Pelotas, Rio

Grande do Sul. Para tanto, o artigo está constituído das seguintes seções: o

PMCMV; o Programa no contexto de Pelotas – RS; a metodologia desenvolvida; os

resultados que descrevem os seguintes aspectos: caracterização dos mutuáriose do

grupo familiar no que tange à renda e condições de moradia, grau de inadimplência

dos beneficiários e impacto financeiro da concessão do financiamento habitacional.

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Ao final, resumem-se os resultados da pesquisa, estabelecem-se recomendações e

finaliza-se com as referências consultadas.

2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

O PMCMV parte da premissa de que a aquisição de moradia regular é

condição básica para que as famílias de baixa renda possam superar suas

vulnerabilidades sociais e alcançar sua efetiva inclusão na sociedade brasileira, e

que o acesso ao financiamento habitacional para estas famílias, que não têm

capacidade de poupança, exige condições especiais e subsidiadas (SHIMIZU,

2010). Derivado do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das

propostas de atuação era a criação de uma linha de crédito específica, para permitir

acesso à moradia própria à população enquadrada nesta faixa (SILVA; ALVES,

2014).

O PMCMV foi lançado em 2009, sob a responsabilidade do Ministério das

Cidades e gestão da CEF. Ainda que em menor escala, o financiamento habitacional

no PMCMV também pode ser feito através do Banco do Brasil, criando-se

mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais,

bem como a requalificação de imóveis urbanos ou rurais para famílias com renda de

até R$ 4.650,00 mensais. Atualmente, o Programa atende famílias com renda de até

R$ 5.000,00 mensais (BRASIL, 2009; BRASIL, 2011; BANCO DO BRASIL, 2014).

O PMCMV é composto por dois subprogramas: o Programa Nacional de

Habitação Urbana (PNHU) que objetiva promover a produção ou aquisição de novas

unidades habitacionais, ou a requalificação de imóveis urbanos; e o Programa

Nacional de Habitação Rural (PNHR) que tem como finalidade subsidiar a produção

ou reforma de imóveis aos agricultores familiares e trabalhadores rurais cuja renda

familiar anual bruta não ultrapasse sessenta mil reais (BRASIL, 2009; BRASIL,

2011).

2.1 O Programa Minha Casa Minha Vida na Cidade de Pelotas – RS

Conforme a Portaria n°168 do Ministério das Cidades (2013), Pelotas faz

parte da relação de municípios da área de atuação do PMCMV. O município aderiu

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ao Programa em 22 de abril de 2009, decorrente da Lei n°. 5.603 desse mesmo ano,

tendo a doação por parte do poder executivo de algumas áreas em locais de

desenvolvimento urbano para construção de unidades habitacionais. Com a

estratégia de viabilizar a construção do maiornúmero possível de habitações

populares dentro do Programa, foi instituído, em 3 de agosto de 2009, o Programa

Habitacional de Interesse Social “Pelotas Habitação Digna” (PELOTAS, 2009).

A Lei estabeleceu a classificação dos empreendimentos em quatro estratos:

1) Estrato 1: famílias com renda de até 3 salários mínimos;

2) Estrato 2: famílias com renda de 3 até 6 salários mínimos;

3) Estrato 3: famílias com renda de 6 até 10 salários mínimos;

4) Estrato 4: empreendimentos para moradores estudantis.

De acordo com o art. 3º dessa legislação, a seleção dos beneficiários dos

empreendimentos do Estrato 1 fica ao encargo do município, através da Secretaria

de Habitação, estabelecendo, como preferência, a implantação dos

empreendimentos para Habitações de Interesse Social (HIS), ou seja, para famílias

residentes em áreas de risco e áreas em que a remoção seja condição necessária

para a implantação de obras e/ou equipamentos públicos ou, ainda, para o

atendimento de acordos ou decisões judiciais.

No art. 4º, o poder Executivo é autorizado a doar ao Fundo de Arrendamento

Residencial – FAR terrenos para a construção de habitações para o Estrato 1,

conforme a política habitacional do município, esclarecendo que a descrição dos

respectivos imóveis dar-se-á através de edital específico. Cabe destacar que a Lei

5.603 teve vigência até 31 de dezembro de 2013. Contudo, foi prorrogada pela nova

Lei n°6.105, com vigência até 31 de dezembro de 2017 (PELOTAS, 2014).

Com a instituição do Programa Pelotas Habitação Digna, o município deu

início à construção dos empreendimentos. Pelotas, em 2011, contava com três

residenciais do PMCMV, entregando, em maio do mesmo ano, o quarto residencial,

composto por 420 unidades, que configurou como o primeiro residencial do Rio

Grande do Sul dotado de equipamento de aquecimento solar (MEIRELLES, 2011).

Observa-se que a cidade possui 113 mil residências cadastradas para fins de

imposto predial e territorial urbano (IPTU), tendo déficit habitacional de 11,93%,

índice considerado alto em comparação às cidades do mesmo porte e que

apresentam em média 6% de carência. Isso é evidenciado no Plano Local de

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Habitação de Interesse Social PLHIS, destacando ainda que em 2013, o número de

empreendimentos MCMV chegou a quinze na cidade, sendo cinco na Faixa I do

Programa (ALALAM, 2013).

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi realizada em Pelotas (RS), com população estimada em

343.651 habitantes, sendo a área da unidade territorial de 1.610,084 km² e a

densidade demográfica de 203,89 habitantes por km², de acordo com dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A população possui o valor de R$

570,00 como rendimento nominal mediano mensal per capita dos domicílios

particulares permanentes na área urbana (IBGE, 2016).

Tomando por base a quantidade de beneficiários do PMCMV (Faixa 1) em

Pelotas, obteve-se a amostra desta pesquisa através da aplicação de fórmula

amostral, através de pacote estatístico com erro amostral de 10%, e nível de

confiança de 90%, chegando ao quantitativo de 66 entrevistados de um universo de

1.775 beneficiários. A amostra, então, foi aleatória simples, em que todos os

elementos têm a mesma probabilidade de serem selecionados (SANTOS, 2011).

Com a amostra definida, e a partir de relatório da Caixa Econômica Federal

(CEF) à Prefeitura de Pelotas contendo o nome dos beneficiários, realizou-se o

sorteio a fim de definir quais moradores seriam entrevistados em cada conjunto

habitacional. Foram consideradas elegíveis para a inclusão do estudo todas as

famílias de baixa renda, ou seja, com renda bruta mensal de até R$ 1.600,00,

beneficiárias do Programa.

Elaborou-se o questionário com base em pesquisas realizadas por órgãos do

Governo, como a CEF, Fundação João Pinheiro e IPEA. Levou-se em consideração

que o questionário deveria conter questões compatíveis com os objetivos da

pesquisa e que suas respostas conduzissem à elucidação do problema proposto. O

questionário foi composto de 22 questões, abordando características

socioeconômicas e demais questionamentos inerentes ao tema.

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4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A seguir apresentam-se os resultados da pesquisa, descrevendo inicialmente

o perfil dos mutuários e após a caracterização do grupo familiar quanto à renda e

condições de moradia. Após trata-se do grau de inadimplência dos beneficiários. E

por fim, apresentam-se os resultados quanto ao impacto financeiro da concessão do

financiamento habitacional.

4.1 Caracterização dos mutuários

A pesquisa revela que, na modalidade do PMCMV avaliada, o gênero

feminino é detentor de grande parte dos financiamentos, apresentando um

percentual de 95,45% comparado aos 4,55% do gênero masculino. A diferença na

variável gênero explica-se pelo próprio regulamento do PMCMV, que diz: famílias

com mulheres responsáveis pela unidade familiar recebem prioridade no

atendimento (BRASIL, 2009).

Na variável idade, percebe-se uma distribuição mais equilibrada do percentual

total do que na variável gênero, sendo que a opção de 18 a 20 anos não foi

escolhida por nenhum mutuário. Mais da metade dos entrevistados assinalou a

segunda e a terceira opção da variável, ou seja, 65,15% dos respondentes possuem

de21 a 45 anos.

Quanto ao estado civil e a ocupação, observa-se a predominância de pessoas

solteiras assalariadas. Conforme sítio da CEF (2014b), o financiamento do PMCMV

não exige vínculo empregatício em Carteira de Trabalho e Previdência Social

(CTPS), não exigindo, também, que o mutuário possua renda. Neste caso, o valor

da parcela mensal do financiamento é de R$ 25,00. Caso o mutuário possua renda,

o valor do financiamento é 5% da renda, nunca inferior a R$ 25,00. A exigência

principal do Programa, nesta faixa, é que os beneficiários estejam cadastrados no

Programa Bolsa Família. Vale salientar que, das 66 pessoas entrevistadas, apenas 3

estavam desempregadas na data da pesquisa. Mas, ao se analisar a predominância

de mães solteiras no Programa, que compreende 59,09% dos casos, e de baixa

renda, esse dado encontra respaldo na afirmação de Shimizu (2010), quando

destaca a fragilidade social e econômica dessa população. Logo, o PMCMV, ao

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facilitar a obtenção da moradia própria e adequada, está contribuindo para minimizar

tal fragilidade social e econômica, proporcionando, assim, um ambiente mais

propício para um melhor desenvolvimento (PEREIRA, 2007).

4.2 Caracterização do grupo familiar quanto à renda e condições de moradia

Na variável total de residentes no imóvel, a maior quantidade encontrada foi

de 3 a 5 pessoas, com um percentual de 53,03%, o que corresponde a mais da

metade dos entrevistados. As casas com até dois moradores representam 34,85%,

enquanto que as casas com até oito moradores representam 12,12% dos

entrevistados. Não foi encontrado nenhum caso em que residissem 10 ou mais

pessoas no mesmo imóvel.

Os empreendimentos dispõem de área útil mínima, compreendendo a área

interna sem contar as paredes, que regulam entre 36,00m² e 39,00m², de acordo

com cada tipologia, tais como: apartamento, sobrado, casa ou casa sobreposta

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2014).

Quanto à variável “condição anterior de moradia da família”, constatou-se que

mais da metade das famílias, antes de se mudarem para o empreendimento

financiado através do PMCMV, residiam em imóveis de aluguel. A opção foi

escolhida como resposta por 60,61% dos entrevistados, correspondendo a 40

pessoas de um total de 66. O comprometimento da renda das famílias mais pobres

com aluguel tem sido um fator preocupante no país. De acordo com pesquisa

realizada pelo IPEA (2010), enquanto 10% das famílias mais ricas do país

comprometem apenas 5% a 7% de sua renda mensal com aluguel, este gasto

compromete de 15% a 20% da renda familiar de um quarto da população mais

pobre.

4.3 Grau de inadimplência dos beneficiários

A abordagem da inadimplência é relevante para esse estudo, uma vez que

ela pode representar tanto a fragilidade financeira do devedor, quanto a insatisfação

do mesmo com o que está comprometido (SEHN;CARLINI, 2007). No contexto desta

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pesquisa, entende-se que a insatisfação é aquela sentida pelo mutuário em relação

ao financiamento do PMCMV.

Em relação à prestação do financiamento, 63,64% dos entrevistados

relataram não ter deixado de pagar a parcela em nenhum mês. No que se refere à

situação atual, 81,82% dos entrevistados informaram estar com a prestação em dia.

Para a maioria dos beneficiários inadimplentes, o número de parcelas em atraso é

igual a 1. Tal situação foi relatada por 10,61% dos beneficiários, num total de

entrevistados. Encontrou-se, também, a ocorrência de 2 e 3 parcelas em atraso,

com um percentual de 3,03% e de 3 e 4 parcelas em atraso, com um percentual de

4,55%. A opção de 5 ou mais parcelas em atraso não foi apontada por nenhum

usuário.

Quanto ao condomínio, 53,03% dos entrevistados relataram nunca ter

atrasado o pagamento. Os demais, 46,97%, dividiram-se entre a opção „sim‟,

alcançando um percentual de 33,33 %, e a opção „não‟ há condomínio com um

percentual de 13,64%.

Para 62,12% dos beneficiários o pagamento do condomínio está em dia. Os

37,89% restantes escolheram entre a opção 1 mensalidade (12,12%), 2 e 3

mensalidades (7,58%), 4 e 5 mensalidades (1,52%), 5 ou mais mensalidades

(3,03%), e não há condomínio (13,64%).A tabulação das variáveis relacionadas à

inadimplência demonstra que, para os beneficiários do PMCMV/FAR/Faixa 1, o

pagamento da parcela do condomíniofaz-se importante, assim como o pagamento

mensal da parcela do financiamento.

As taxas do Programa enquadram-se bem à situação financeira dos

mutuários, diferentemente, por exemplo, da política habitacional popular das

décadas de 1970 e 1980, período em que cerca de 60% dos mutuários

apresentavam atraso em suas prestações, e, aproximadamente, 30% encontravam-

se em situação de insolvência, apresentando mais de três prestações em atraso

(AZEVEDO; ANDRADE, 2011).

4.4 Impacto financeiro da concessão do financiamento habitacional

O impacto financeiro, para fins desse estudo, é aquele causado pelas

implicações e/ou efeitos de algo na situação financeira de alguém.Em comparação a

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vida anterior ao PMCMV, 71,21% dos entrevistados assinalou gastos mensais

menores, em comparação com situações anteriores. Essa diminuição justifica-se,

uma vez que o gasto com a parcela do financiamento é de 5% da renda familiar,

enquanto o gasto com aluguel era, geralmente, superior. Conforme estudos da

Fundação João Pinheiro (2014), o gasto com aluguel por famílias de baixa renda

gira em torno de 30% da renda familiar.

Ao analisar o impacto da prestação do financiamento na renda mensal dos

usuários, foram feitas duas perguntas: Possui empréstimos contraídos após o

financiamento da casa? Caso tenha contraído novos empréstimos, acha que esse

endividamento relaciona-se com a prestação da casa?Dos 66 beneficiários

entrevistados, apenas 6 precisaram contrair novos empréstimos em razão da

parcela do financiamento. Mais uma vez, constatou-se que a parcela do

financiamento habitacional enquadra-se bem à situação financeira dos mutuários.

Ainda em comparação com a vida anterior ao PMCMV, foram feitas mais três

perguntas sobre a capacidade de investimento em:

- Vestuário e sapatos: 50% dos entrevistados relataramque a

capacidade de investimento aumentou, enquanto que para 40,91% essa capacidade

manteve-se e, somente para 9,09% a mesma diminuiu.

- Móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos: para 82% dos

entrevistados, a capacidade de investimentos aumentou. Um fator que contribuiu

para o maior poder aquisitivo foi o uso do cartão Minha Casa Melhor, que é ofertado

pela CEF para beneficiários do PMCMV e disponibiliza até R$ 5.000,00 de crédito

para o investimento na compra de móveis e eletrodomésticos (CEF, 2014).

- Esporte e lazer: neste quesito, o destaque foi para a opção “manteve-

se”, a qual recebeu 56,06% das escolhas dos entrevistados. Os percentuais obtidos

na variável esporte e lazer foram justificados pelos entrevistados como sendo

consequência da necessidade de escolha entre entretenimento e aquisição de bens,

uma vez que, em razão da baixa remuneração mensal recebida, não lhes é possível

investir em ambos.

Questionou-se, também, sobre a aquisição de veículo automotor. Vinte das 66

famílias entrevistadas possuem algum tipo de veículo desta modalidade, e 11 delas

obtiveram seu veículo após a aquisição da casa financiada pelo PMCMV.

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Foi constatado que para 53,03% dos entrevistados, a situação financeira atual

está melhor do que a anterior ao ingresso no PMCMV.Constatou - se, inclusive, que

a situação financeira está tão favorável para alguns beneficiários, que estes, em

torno de 27% dos entrevistados,avaliaram sua realidade como muito melhor.

Embora não tenha sido questionado, cabe-nos salientar que variáveis como

gastos com alimentação, transporte e habitação correspondem a 61,3% da despesa

total das famílias, conforme dados do IBGE (2010). Como a construção de moradias

populares segue um padrão de localização periférico e precário, isso faz com que os

beneficiários tenham mais despesas com transporte para chegarem aos seus locais

de trabalho (ROLNIK, 2009).

No entanto, para os beneficiários do PMCMV, em Pelotas, o contexto é

diferente. Os residenciais construídos estão em locais de fácil acesso, onde há

ônibus circulando, que os levam ao centro da cidade ou os deixam próximos aos

locais de trabalho. Isso foi evidenciado in loco. Já a alimentação é a despesa de

maior participação nos gastos de consumo. Conforme dados do IBGE (2010), esta

representa 19,8%.

Cabe-nos ressaltar que a política habitacional, em curso no ano de 2009,

visava atender a duas necessidades especiais: a primeira, de melhoria da renda da

população; a segunda, de amenizar os efeitos da crise econômica internacional no

país (SANTOS et al., 2014). Diante desse contexto, ratifica-se a percepção que o

Estado já possuía na década de 1970, ou seja, de que a aquisição da casa própria

tem a particular atração de criar o estímulo à poupança que, de outra forma, não

existiria. Sendo assim, a poupança contribui muito mais para a estabilidade social e

financeira do que a situação de um imóvel de aluguel (AZEVEDO; ANDRADE,

2011).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve por objetivo principal conhecer o impacto financeiro

que a concessão do financiamento habitacional trouxe aos mutuários do Programa

Minha Casa Minha Vida/Recursos FAR/Faixa 1, no município de Pelotas, Rio

Grande do Sul. Em outras palavras, este estudo buscou analisar o retrospecto

financeiro familiar para os beneficiários do Programa.

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Foi constatado que os beneficiários do Programa não estão tendo problemas

ou encontrando dificuldades em honrar com os pagamentos do financiamento

habitacional, inclusive no que se refere ao pagamento mensal do condomínio. Para

essas pessoas, o impacto financeiro da concessão do financiamento habitacional

deu-se de forma positiva, proporcionando-lhes maior, dignidade, poder aquisitivo,

melhores condições de moradia e menores gastos mensais com habitação.

Há de se supor que em 2013, quatro anos após a implantação do Programa,

o déficit habitacional ainda era considerado um problema difícil para o município. Em

2010, o déficit habitacional de Pelotas era de 9.983 domicílios (Fundação João

Pinheiro, 2013). Porém, em 2013, contrariando as expectativas do Programa, o

déficit habitacional do município já chegava aumentado para 13.598 moradias. Além

disso, em comparação com municípios do mesmo porte, muitos dos quais sequer

dispõem do PMCMV, a cidade de Pelotas possui a maior quantidade de

coabitações, de pessoas que comprometem mais de 30% de sua renda em aluguéis,

e mais de 150 loteamentos considerados em situação precária. Estes dados revelam

que o PMCMV está encontrando dificuldades em suprir as demandas.

Percebe-se que o PMCMV ainda está longe de causar efetiva melhora para a

população de baixa renda como um todo. Por isso, cabe-nos propor a reflexão

acerca de uma política habitacional mais abrangente, a qual atenda a todas as

pessoas em condições de vulnerabilidade social e econômica.

REFERÊNCIAS ALALAM, J. Relatório aponta déficit habitacional de Pelotas em 11,93%. Prefeitura Pelotas. 11 jun. 2013. Disponível em: <http://www.pelotas.rs.gov.br/noticias/detalhe.php?controle=MjAxMy0wNi0xNQ==&codnoticia=34439#>. Acesso em: 5 jan.2017. AZEVEDO, S. D.; ANDRADE, L. A. G. D. Habitação e poder: da Fundação da Casa Popular ao Banco Nacional de Habitação. Rio de Janeiro: Biblioteca Virtual do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2011. Disponível em: <http: //www.bvce.org>. Acesso em: 10 jan. 2017. BANCO DO BRASIL. Minha Casa Minha Vida. Disponível em: <http://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/credito/credito-para-financiar-imoveis/programa-minha-casa-minha-vida#/>. Acesso em: 10 jan. 2017.

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BRASIL. Lei n°11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm>. Acesso em: 22 dez. 2016. BRASIL, Decreto n. 7.499, de 16 de junho de 2011. Regulamenta dispositivos da Lei

no 11.977, de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, e dá outras providências.

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