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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical AVALIAÇÃO DAS CURVAS ESPECTRAIS DE DOIS SOLOS EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS NA REGIÃO DE JACIARA-MT KEROLLEN LANGNER DA SILVA CUIABÁ MT 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

AVALIAÇÃO DAS CURVAS ESPECTRAIS DE DOIS

SOLOS EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE ATRIBUTOS

FÍSICOS E QUÍMICOS NA REGIÃO DE JACIARA-MT

KEROLLEN LANGNER DA SILVA

CUIABÁ – MT

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

AVALIAÇÃO DAS CURVAS ESPECTRAIS DE DOIS

SOLOS EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE ATRIBUTOS

FÍSICOS E QUÍMICOS NA REGIÃO DE JACIARA-MT

KEROLLEN LANGNER DA SILVA

Engenheira Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO

Coorientador: Prof. Dr. RICARDO SANTOS SILVA AMORIM

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso,

para obtenção do título de Mestre em

Agricultura Tropical.

CUIABÁ – MT

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

S586a Silva, Kerollen Langner da. Avaliação das curvas espectrais de dois solos em função da variação de

atributos físicos e químicos na região de Jaciara-MT / Kerollen Langner da

Silva. – 2013.

41 f. : il, color.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto. Co-orientador: Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade

de Agronomia e Medicina Veterinária, Pós-Graduação em Agricultura Tropical, 2013.

Bibliografia: f. 37-41.

1. Solo – Curvas espectrais – Avaliação. 2. Solo – Atributos físicos. 3. Solo –

Atributos químicos. 4. Solo – Sensoriamento espectral. I. Título.

CDU – 631.412

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO:

AVALIAÇÃO DAS CURVAS ESPECTRAIS DE DOIS SOLOS EM FUNÇÃO

DA VARIAÇÃO DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS NA REGIÃO DE

JACIARA-MT.

Autora:Kerollen Langner da Silva

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto

Coorientador: Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim

Aprovada em 13 de março de 2013.

Cuiabá, 15 de maio de 2013.

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Dedico

A Deus,

que rege todo o universo.

Aos meus pais José Roberto e Beatriz,

pessoas íntegras e verdadeiros

exemplos de caráter, a quem devo

minha vida, minha formação moral

e minhas conquistas.

Ao meu noivo Arthur,

companheiro para toda a vida,

sem o qual este caminho seria bem

mais difícil.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso pai, que me acompanhou em todas as minhas escolhas e

agora me guia pelo caminho pelo qual eu sigo;

À minha família, pelo apoio e amor incondicional;

Ao meu noivo Arthur, por sua paciência, amor, carinho e apoio em todos as

fases desta caminhada;

Ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, que me acolheu

como aluna e me concedeu diversas oportunidades de aprendizado;

Ao Professor Dr. Eduardo Guimarães Couto, por partilhar seus

conhecimentos e orientação nesta dissertação;

Ao Professor Dr. Ricardo Santos Silva Amorim, por sua orientação e

ensinamentos de pesquisa;

À Suzana Souza dos Santos, secretária do PELD, pela ajuda em todos os

momentos;

Aos meus colegas do PPGAT, em especial aos colegas Norka Albernaz e

Valdeir Soares, por estarem juntos em todos os momentos de trabalho

neste projeto;

A todos os estagiários que nos ajudaram nas análises de solo e nos

trabalhos em campo; e

A todos os professores do PPGAT /UFMT, pelos conhecimentos e

ensinamentos passados.

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SUMÁRIO

RESUMO: ................................................................................................................. 6

ABSTRACT: ............................................................................................................. 7

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 9

2.1 A técnica da Espectrofotometria de reflectância para avaliar a

radiação eletromagnética do solo .......................................................................... 9

2.2 Espectroscopia na predição de atributos do solo .................................. 13

2.2.1 Sensoriamento espectral de solos ..................................................... 13

2.2.2 Predição da textura por meio da espectroscopia ............................... 14

2.2.3 Espectroscopia e umidade do solo .................................................... 15

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 16

3.1 Área experimental ................................................................................. 16

3.2 Amostragem e caracterização das amostras do solo ............................ 16

3.3 Avaliação Espectral da Áreas Estudadas .............................................. 17

3.4 Tratamento dos dados e análise estatística .......................................... 18

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 19

4.1 Análise descritiva das variáveis analisadas ........................................... 19

4.2 Boxplot e análise de simetria dos dados ............................................... 21

4.3 Curvas Espectrais dos solos ................................................................. 27

5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 36

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 37

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Avaliação das curvas espectrais de dois solos em função da variação

de atributos físicos e químicos na região de Jaciara-MT.

RESUMO: A espectroscopia, como ferramenta na caracterização da

variabilidade do solo e na predição de seus componentes, tem sido cada vez

mais utilizada na agricultura de precisão. Uma nova linha de sensores com

base na técnica da espectroscopia do infravermelho próximo (NIR) e visível

(VIS) vem sendo utilizada para caracterizar a variabilidade do solo.

Objetivou-se com este trabalho avaliar as curvas espectrais obtidas pela

utilização de um sensor em dois solos, em função da variação de atributos

físicos e químicos, usando um sensor de espectrofotometria VIS-NIR,

denominado Veris Spectophotometer. Foi feita coleta de amostras de solos

em duas áreas, uma de textura arenosa e uma de textura muito argilosa. Em

seguida, foi feita a determinação do teor de argila, umidade, fósforo, potássio

e da matéria orgânica. Com o uso de sensor, foram feitas leituras espectrais

em campo e em bancada com solo seco, com posterior elaboração de

curvas espectrais. Em solo arenoso, o aumento no teor de argila e da

umidade resultou no aumento da absorbância. A absorbância diminuiu com

o aumento do teor de fósforo, tanto em leituras de campo como de bancada.

Com o aumento de potássio, a absorbância diminuiu nas leituras de campo e

aumentou nas leituras de bancada. Além disso, a absorbância aumentou

com o incremento do teor de matéria orgânica nas leituras de bancada e

com o aumento da umidade do solo, na leitura de campo. No solo argiloso,

observou-se diminuição da absorbância com aumento do teor de matéria

orgânica e da umidade do solo, nas leituras de campo.

Palavras-chave: sensor espectral, espectrofotometria, análise de solo.

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Spectral curves evaluation of two soils due physical and chemical

attributes variation at the region of Jaciara-MT

ABSTRACT: Spectroscopy as a tool in the characterization of soil variability

and prediction of its components, has been used increasingly in precision

agriculture. New sensors based on the technique of visible and near infrared

spectroscopy has been used to characterize soil variability. This paper

aimed to evaluate spectral curves obtained by a sensor used in two soils,

due to the variation of physical and chemical attributes, using a

spectrophotometer sensor VIS-NIR, called Veris Spectophotometer. Samples

of soil was collected in two areas with sandy texture and clayey texture.

Then it was determined the moisture, phosphorus, potassium, clay and

organic matter content. With the use of sensor, spectral readings were taken

in field and on bench, with subsequent elaboration of spectral curves. In

sandy soil, the increase in clay content and moisture resulted in an increase

of absorbance. Absorbance has decreased with phosphorus content

increasing, both in field and bench readings. With potassium increasing,

absorbance decreased in field readings and increased in bench readings.

Besides, absorbance has increased with the organic matter content

increasing, in bench readings, and with soil moisture increasing, in field

readings. In clay soil, it was observed a decrease in absorbance with organic

matter content increasing and soil moisture increasing, in field readings.

Keywords: spectral sensor, spectrophotometry, soil analysis.

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1. INTRODUÇÃO

O uso adequado do solo influencia diretamente na quantidade e

qualidade da produção agrícola, e sem uma análise das suas características,

não é possível aproveitar todo o seu potencial produtivo. Pensando nisso, a

adoção da agricultura de precisão tem como um dos seus objetivos o uso

eficiente de seus insumos, e para que isso seja possível é necessário que se

faça a caracterização da variabilidade do solo.

Essa variabilidade pode ser avaliada por meio de vários métodos,

entre eles, a espectroscopia, técnica de sensoriamento remoto que registra o

fluxo de radiação eletromagnética refletida pelo solo. A espectroscopia

consiste de um instrumento equipado com sensores que permitem avaliar

alguns atributos do solo importantes para as práticas de seu manejo, como a

subsolagem do solo, a necessidade de calcário, a adubação do solo. Esses

sensores têm maior cobertura espacial quando comparados com as técnicas

convencionais.

A disponibilidade de sensores que possibilitem o levantamento da

variabilidade espacial dos atributos do solo in situ de maneira precisa vem

crescendo, sugerindo uma nova realidade em programas de agricultura de

precisão. O uso desses sensores possibilita reduzir os custos com

amostragem do solo, pois aumenta a densidade de pontos de informações, o

que melhora a qualidade dos mapas de atributos do solo usados para

recomendação de aplicação de insumos no solo.

Uma nova linha de sensores com base na técnica da espectroscopia

do infravermelho próximo (NIR) e visível (VIS) vem sendo utilizada para

caracterizar a variabilidade do solo. Para que isso ocorra, é importante

correlacionar os atributos químicos e físicos com as respostas dos sensores

de campo.

Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar as curvas espectrais

obtidas pela utilização de um sensor em dois solos, em função da variação

de atributos físicos e químicos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A técnica da Espectrofotometria de reflectância para avaliar a

radiação eletromagnética do solo

A espectrorradiometria de reflectância é uma técnica de

sensoriamento que registra o fluxo de radiação eletromagnética refletida por

objetos, no caso, o solo (DALMOLIN et al., 2005). A maioria dos estudos que

relacionam e quantificam os atributos do solo com dados espectrais

considera a faixa de comprimento de onda entre 300 nm e 2500 nm como

referência (BARNES et al., 2003).

Novas tecnologias têm sido utilizadas na agricultura de precisão

envolvendo a espectroscopia como ferramenta na caracterização da

variabilidade do solo e na predição de seus componentes. As respostas

espectrais, principalmente nas faixas de comprimento de onda do visível

(VIS) e do infravermelho próximo (NIR), têm se mostrado eficientes no

prognóstico de diferentes componentes do solo (HE et al., 2005; DALMOLIN

et al., 2005; MUNÕZ e KRAVCHENKO, 2011).

Medidas espectrais com NIR e VIS permitem obter resultados

promissores para estimar alguns atributos do solo como pH, teores de

matéria orgânica, carbono, fósforo, potássio, cálcio e magnésio (CHRISTY,

2008), de modo a determinar rápida e precisamente sua fertilidade

(VISCARRA ROSSEL et al., 2010).

Buscando avaliar a eficiência da resposta espectral, He et al. (2005)

testaram um espectrômetro de laboratório na predição de nitrogênio e de

matéria orgânica e obtiveram coeficientes de regressão e erro padrão do

nitrogênio e da matéria orgânica de 0,92 e 0,93 e 3,28 e 0,06,

respectivamente, verificando o potencial do uso da espectroscopia no

diagnóstico de nutrientes do solo.

Desenvolvimentos recentes de sensores terrestres fornecem novos

métodos para o mapeamento de algumas propriedades do solo, atribuindo

uma relação mais precisa entre os dados do sensor e tais propriedades,

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produzindo mapas com maior acurácia (BARNES et al., 2003),

principalmente por ter maior cobertura espacial (CHRISTY, 2008).

Os espectrômetros são capazes de medir a reflectância do solo,

podendo esta reflectância ser usada na construção de curvas espectrais.

Essas curvas espectrais, que abrangem a região do espectro

eletromagnético de 400 a 2500 nm, por isso chamado de espectro óptico,

apresentam feições típicas ou bandas de absorção, devido à interação entre

átomos ou moléculas dos diferentes constituintes do solo e a radiação

eletromagnética em comprimentos de ondas específicos (DALMOLIN et al.,

2005). Segundo Christy (2008), a absorção predominante na faixa NIR são

os grupos funcionais C–H, N–H e O–H, sendo ideal para a quantificação de

carbono, nitrogênio e água, respectivamente.

Diante disso, o valor potencial de informações agronômicas e

econômicas é previsto com a utilização de sensores para avaliar a

variabilidade espacial do solo no campo para a agricultura de precisão

(ADAMCHUK et al., 2004).

Nos últimos anos, o desenvolvimento de tecnologias com

equipamentos de detecção em conjunto com o uso de computadores

eficientes e métodos estatísticos avançados multiplicaram as pesquisas com

dados espectrais (DELWICHE e REEVES, 2010). As predições dos atributos

dos solos com utilização da técnica de espectroscopia podem ser afetadas

pela escolha de metodologia e procedimento estatístico para utilização na

calibração (VASQUEZ et al., 2008).

Viscarra Rossel et al. (2006) fizeram um levantamento de estudos

utilizando respostas espectrais, Tabela 1, e constataram que diversos

autores têm trabalhado com diferentes técnicas estatísticas em estudos de

previsões de atributos químicos e físicos do solo.

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Tabela 1.Comparação das previsões quantitativas de alguns atributos do

solo, usando técnicas estatísticas multivariadas e resposta espectral nas

regiões do ultravioleta (UV), visível (VIS), infravermelho próximo (NIR) e

infravermelho médio (MIR) do espectro eletromagnético. [Adaptado de

Viscarra Rossel et al., (2006)].

Atributo do solo Região

Espectral Intervalo

Espectral (nm) Método

Multivariada R² Autores

K; g/kg VIS–NIR 400–2500 modified PLSR 0,72 Cozzolino and Moron

(2003)

K; mmol(+)/kg UV–VIS–NIR 250–2500 PCR 0 Islam et al. (2003)

K (exch.); mg/kg MIR 2500-5600 PLSR 0,33 Janik et al. (1998)

K (avail.); mg/kg VIS–NIR 400–1100 NN 0,8 Daniel et al. (2003)

K (exch.); cmol/kg VIS–NIR 400–2498 PCR 0,55 Chang et al. (2001)

P (avail.); mg/kg MIR 2500-5600 PLSR 0,07 Janik et al. (1998)

P (avail.); mg/kg VIS–NIR 400–1100 NN 0,81 Daniel et al. (2003)

Argila; % MIR 2500-5600 PLSR 0,87 Janik and Skjemstad

(1995)

Argila; % MIR 2500-5600 PLSR 0,79 Janik et al. (1998)

Argila; % NIR 1000–2500 MRA (63 bands) 0,56 Ben-Dor and Banin (1995)

Argila; % NIR 700–2500 PCR 0,75 Islam et al. (2003)

Argila; % VIS–NIR 400–2498 PCR 0,67 Chang et al. (2001)

Argila; g/kg VIS–NIR 350–2500 MARS 0,78 Shepherd and Walsh

(2002)

Argila; % VIS–NIR 400–2500 modified PLSR 0,86 Cozzolino and Moron

(2003)

Argila; % UV-VIS–NIR 250–2450 PCR Walvoort and McBratney

(2001)

Argila; % UV-VIS–NIR 250–2500 PLSR 0,72 Islam et al. (2003)

Areia; % MIR 2500-5600 PLSR 0,94 Janik et al. (1998)

Areia; % VIS–NIR 400–2498 PCR 0,82 Chang et al. (2001)

Areia; % VIS–NIR 400–2500 modified PLSR 0,7 Cozzolino and Moron

(2003)

Areia; g/kg VIS–NIR 350–2500 MARS 0,76 Shepherd and Walsh

(2002)

Areia; % UV–VIS–NIR 250–2500 PCR 0,53 Islam et al. (2003)

Silte; % MIR 2500-5600 PLSR 0,84 Janik et al. (1998)

Silte; % VIS–NIR 400–2498 PCR 0,84 Chang et al. (2001)

Silte; % VIS–NIR 400–2500 modified PLSR 0,8 Cozzolino and Moron

(2003)

Silte; g/kg VIS–NIR 350–2500 MARS 0,67 Shepherd and Walsh

(2002)

Silte; % UV–VIS–NIR 250–2500 PCR 0,05 Islam et al. (2003)

PCR: Regressão dos componentes principais; PLSR: Regressão dos mínimos quadrados parciais; MRA: Análise de regressão múltipla; SMLR: Regressão múltipla linear stepwise. MARS: multivariate adaptive regression splines.

Segundo Delwiche e Reeves (2010), na análise de regressão

multivariada de informações espectrais, o pré-processamento dos dados é

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frequentemente utilizado para reduzir os dados indesejados, mas equações

de calibração mal adaptadas podem ser aceitas para as amostras não

utilizadas na elaboração das equações. Nesse estudo foi desenvolvido um

método gráfico para analisar o efeito da regressão de quadrados mínimos

parciais sobre a calibração do espectro de reflexão do infravermelho

próximo.

Na viabilização da aplicação do uso das bandas do visível e do

infravermelho, He et al. (2005) investigaram o conteúdo de nitrogênio e de

matéria orgânica pelas técnicas de multivariada e observaram resultados

satisfatórios para a confecção de mapas das variáveis estudadas,

principalmente se combinada com sistemas de informações de localização

geográfica.

Vasquez et al. (2008) buscaram estimar o teor de carbono, na faixa

de 350 a 2500 nm, usando 554 amostras de solo, sendo 400 amostras para

calibração e 154 para validação, coletadas na profundidade de 0 a 180 cm,

comparando cinco técnicas estatísticas de regressão e trinta técnicas de pré-

processamento de dados, com o objetivo de definir o melhor procedimento

estatístico para estimar o carbono no solo. O coeficiente de determinação

(R2), a raiz quadrada do erro médio (RMSE) e o desvio de previsão residual

(RPD) foram utilizados pelos autores para definir o melhor modelo.

Considerando os resultados das análises multivariadas, a regressão de

quadrados mínimos parciais teve o melhor desempenho. O RPD dos

modelos mais precisos foi maior que 2,5, sugerindo que esses modelos

podem ser aplicados em solos semelhantes.

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2.2 Espectroscopia na predição de atributos do solo

2.2.1 Sensoriamento espectral de solos

Para determinar as características físicas, químicas e mineralógicas

do solo, são comumente usadas técnicas de análise convencionais, que

podem ser complexas, demoradas e pouco representativas (CHANG et al.,

2001), uma vez que um pequeno número de amostras é usado para

representar uma grande área territorial.

Em consequência, aumentou-se a busca por técnicas de obtenção

de dados que sejam rápidas e prognósticas (FERNANDES et al., 2010),

capazes de caracterizar melhor os tipos de solos (BELLINASO et al., 2010).

Por essa razão, técnicas que usam sensores na avaliação das

características do solo têm sido consideradas uma alternativa complementar

nas análises químicas e físicas do solo (FERNANDES et al., 2010).

Várias frentes de pesquisa têm surgido com diferentes pontos de

vista para tratar a agricultura de precisão, principalmente técnicas que

permitem avaliar química e fisicamente o solo, com maior rapidez, menos

onerosas e com menor risco ambiental (DEMATTÊ et al., 2003; SANTOS et

al., 2010). Diante disso, a agricultura de precisão tem explorado a resposta

das culturas como função da variabilidade espacial das características

físicas e químicas do solo (DEMATTÊ et al., 2000).

A quantidade de fluxo radiante refletido é função do comprimento de

onda incidente, do tipo e da quantidade de constituintes orgânicos e

minerais, da forma e da densidade dos minerais, do grau de compactação

mineral e da quantidade de umidade presente no solo (FREIXO et al., 2002;

DEMATTÊ et al., 2003; DALMOLIN et al., 2005; MOUAZEN et al., 2006;

DIAS et al., 2009). Portanto, a absorção de energia pelo solo ocorre em

função dos materiais que o compõem, que refletem a energia de forma

diferente e em diferentes comprimentos de onda. Dessa forma, alguns

sensores podem captar a resposta espectral do solo em diferentes bandas,

tornando possível predizer os vários atributos do solo (SHEPHERD e

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WALSH, 2002).

A faixa espectral entre 0,4 µm e 2,5 µm, compreendendo os

comprimentos de onda desde o Visível (VIS) até o Infravermelho Médio

(MIR), é atualmente a mais utilizada em sensoriamento de solo. Viscarra

Rossel et al. (2006) mostraram isso em levantamento bibliográfico sobre

diferentes trabalhos, usando a espectroscopia na estimativa de atributos do

solo (Tabela 1).

2.2.2 Predição da textura por meio da espectroscopia

A textura é um dos componentes físicos do solo que apresentam alta

estabilidade, é dependente do material originário e dos agentes naturais de

formação do solo, sendo pouco alterada pela produção agrícola ou outras

práticas de manejo do solo (VIEIRA et al., 2007).

Em um estudo com três tipos de solos, um solo orgânico, outro com

alto teor de argila e outro com alto teor de areia, Stenberg et al. (2010)

encontraram maior absorbância nas faixas 1600 a 1800 nm para o solo

orgânico e de 2000 a 2300 nm para o solo argiloso, tendo sido o solo com

alto teor de areia o que apresentou os mais baixos valores de absorbância

em toda a faixa espectral.

Bricklemyer e Brown (2010) verificaram o potencial de mapeamento

da textura em solos de clima temperado com variação do conteúdo de argila

entre 55 and 483 g kg−1 utilizando técnicas de espectroscopia nas bandas do

NIR e do VIS. Os autores concluíram pela necessidade de calibração do

sensor para melhorar a predição do teor da argila, uma vez que outros

fatores podem influenciar na resposta espectral.

Avaliando a capacidade de predição da espectroscopia de

reflectância no infravermelho próximo (NIR), Chang et al. (2001)

encontraram valores de R² para os modelos de predição de argila, silte e

areia de 0,67; 0,84 e 0,82, respectivamente.

O aprimoramento dos dados espectrais na caracterização do

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conteúdo de argila no solo, segundo concluíram Sankey et al. (2008), vai

depender da otimização das calibrações de dados globais e locais. Isso

possibilita extrapolar medidas de uma área para outros locais não

amostrados.

2.2.3 Espectroscopia e umidade do solo

A variabilidade espacial do teor de água no solo é consequência do

manejo adotado e das próprias características de origem dos solos (GREGO

e VIEIRA, 2005) entre as quais, variações na sua textura e estrutura e

topografia e posição no relevo (LIN et al., 2006).

Vieira et al. (2010) analisaram a variabilidade espacial do teor de

água do solo, ao longo do tempo, em duas condições distintas de uso -

Cerrado e solo sob cultivos anuais. Os autores verificaram que o manejo e a

cobertura do solo afetam a dependência espacial e quanto maior o teor de

água menor a dependência espacial. O espaçamento entre as amostragens

de 1 m foi insuficiente para caracterizar a umidade em solos sob cultivo

anual. Santos et al. (2012), após as análises exploratória e geoestatística da

variabilidade espacial de atributos físicos de um Latossolo Vermelho

distroférrico típico após a colheita da soja, verificaram que a umidade do solo

teve dependência espacial moderada.

Os métodos de medidas da umidade do solo, geralmente ocorrem

em profundidades preestabelecida ao invés de diretamente sobre a

superfície do solo. A espectroscopia de reflectância difusa fornece uma

maneira de analisar a umidade do solo considerando a sua superfície.

Medidas diretas do teor de água na superfície do solo podem melhorar a

compreensão e a precisão de modelagem de processos da dinâmica da

água de superfície (ZHU et al., 2010).

Zhu et al. (2010) verificaram que aumento do teor de água no solo

diminui sua reflectância, tendo concluído ainda que dados espectrais da

umidade do solo e sua modelagem com base em algumas de suas

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propriedades, como textura ou cor, são capazes de predizer com precisão

sua umidade superficial a partir das medidas de reflectância.

Utilizando a faixa do infravermelho médio, Trander et al. (2008)

verificaram que na correlação com a estrutura do solo os resultados não

foram satisfatórios, mas quando relacionaram a retenção de água com o

tamanho da partícula e carbono orgânico essa tecnologia se mostrou

promissora.

Objetivou-se com este trabalho avaliar as curvas espectrais obtidas

pela utilização de um sensor em duas áreas em função da variação de

atributos físicos e químicos.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área experimental

O experimento foi conduzido em duas áreas, de diferentes classes

texturais, cultivadas com cana-de-açúcar, de aproximadamente 20 ha cada,

pertencente a uma usina de produção de açúcar e álcool, localizada no

município de Jaciara, estado de Mato Grosso. O clima da região é do tipo

tropical quente e subúmido, segundo a classificação de Köppen, com

temperatura média anual em torno de 22 ºC e precipitação média anual de

2.200 mm.

3.2 Amostragem e caracterização das amostras do solo

As coletas das amostras do solo foram feitas na profundidade de 0 a

20 cm numa malha amostral de 50 m x 50 m. Os pontos de amostragem do

solo foram georreferenciados em UTM, por meio de um aparelho receptor de

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Sistema de Posicionamento Global (GPS). A digitalização dos pontos

amostrais foi feita no software ArcGis, que permitiu que se construísse uma

base digital da área estudada.

As análises físicas e químicas dos atributos do solo seguiram a

metodologia da Embrapa (1997), e a análise granulométrica foi feita pelo

método da pipeta (teores de argila, areia e silte). A determinação dos teores

de fósforo e potássio foi feita pelo Extrator de Mehlich-1, e a matéria

orgânica, pelo método Walkley Black.

3.3 Avaliação Espectral da Áreas Estudadas

As respostas espectrais das áreas estudadas foram medidas nas

faixas de comprimento de onda do Visível (VIS), Infravermelho Próximo

(NIR), pelo sensor de caminhamento contínuo, denominado Veris

Espectrophotometer VIS-NIR. Esse espectrofotômetro é equipado com

sensor óptico capaz de coletar a resposta espectral do solo em função dos

seus componentes, além de medir a condutividade elétrica em superfície e

em profundidade.

As bandas espectrais abrangidas pelo sensor variam entre 342,86 e

2223 nm, com intervalo entre elas de 6,03 nm, resultando em 384 bandas

espectrais. A velocidade média de passada foi de 8,0 km/h, seguindo a linha

de plantio utilizando espaçamento de 12,5 metros. Os dados coletados são

apresentados em valores de absorbância para cada ponto e cada banda

espectral.

Em laboratório, utilizando as amostras coletadas em campo após

secagem, foi realizada a leitura resposta espectral do solo em bancada,

usando o mesmo aparelho usado em campo, Veris Espectrophotometer VIS-

NIR.

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18

3.4 Tratamento dos dados e análise estatística

Com base nos pontos amostrais georreferenciados das áreas e nos

resultados espectrais, foram determinadas as respostas espectrais medidas

no campo, correspondentes aos pontos de amostragem, usando o software

ArcGis.

Após a seleção das respostas espectrais correspondentes a cada

amostra coletada, foi feito o pré-tratamento dos dados para retirada de

outliers.

Os dados passaram por análise descritiva (média, mediana, moda,

máximo, mínimo, variância, desvio padrão, coeficiente de variação,

coeficiente de assimetria e de curtose) para argila, umidade, matéria

orgânica, fósforo, potássio, condutividade elétrica e absorbância.

Os resultados das amostras analisadas foram divididos em três

classes (baixo, médio e alto) para cada atributo do solo, no intuito de

estratificar os valores dos atributos estudados.

Foram feitos gráficos boxpot para cada variável em relação aos

valores de absorbância encontrados pelo sensor e gráficos de dispersão,

relacionando a variação da absorbância ao longo dos comprimentos de onda

para os três níveis de cada atributo avaliado.

Todas as análises estatísticas foram feitas usando o software

estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise descritiva das variáveis analisadas

As áreas usadas no experimento apresentaram textura arenosa,

Solo 1, e textura muito argilosa (Solo 2). A Tabela 2 mostra os dados das

análises descritivas das variáveis avaliadas para ambas as áreas.

TABELA 2.Análise descritiva dos atributos do solo, argila, umidade, fósforo

(P), potássio (K), matéria orgânica (M.O) e condutividade elétrica em

superfície (CE.S) e em profundidade (CE.P).

Argila Umidade P K M.O CE.S CE.P

---------- (%) -------- ---- (mg/dm³) ---- (g/dm³) ------ (mS/m)* ------

Solo 1 Média 12,95 9,02 2,16 16,25 16,37 0,77 738,62

Mediana 12,12 8,71 1,60 15,00 16,00 0,71 576,58

Moda 8,40 6,52 1,60 15,00 17,00 120,02

Dp 3,45 1,43 1,57 3,69 2,49 0,28 561,30

Variância 11,91 2,04 2,47 13,66 6,18 0,08 315056,37

C.V 26,64 15,85 72,69 22,71 15,21 36,82 75,99

Mínimo 8,40 6,52 0,80 11,00 13,00 0,28 4,57

Máximo 20,00 12,52 11,40 37,00 23,00 1,51 2400,30

G 0,67 0,23 3,78 2,73 0,85 0,70 1,06

C -0,85 -0,79 18,19 12,78 0,48 -0,14 0,66

Solo 2 Média 67,95 28,99 3,48 48,33 33,74 6,03 785,97

Mediana 69,15 29,26 1,35 46,00 33,50 5,85 179,23

Moda 57,68 29,59 1,00 29,00 33,00

Dp 4,05 2,02 4,99 17,64 3,15 1,84 1348,50

Variância 16,38 4,08 24,86 311,01 9,94 3,39 1818457,24

C.V 5,96 6,97 143,39 36,50 9,34 30,53 171,57

Mínimo 57,68 22,45 0,60 24,00 24,00 3,18 46,16

Máximo 74,31 33,62 25,20 101,00 44,00 11,56 7040,88

G -0,74 -0,78 2,76 0,81 -0,05 0,69 2,92

C -0,43 1,05 7,95 0,07 1,54 0,13 9,54

Dp: Desvio padrão; C.V: coeficiente de variação; G: coeficiente de assimetria; C: coeficiente de curtose. *miliSiemens por metro.

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Em ambos os solos, o fósforo apresentou grande variação nas

análises químicas, evidenciado pelos altos valores do coeficiente de

variação (CV) deste elemento (Tabela 2). O potássio também apresentou

alto CV para o Solo 2.

Já a condutividade elétrica, principalmente em profundidade (CE.P),

teve as maiores variações em seus dados, com CV extremamente alto, não

trazendo confiabilidade ao dado. Os altos valores de condutividade elétrica

neste caso podem estar relacionados a problemas de leitura em campo, uma

vez que a presença de superfície irregular pode retirar um dos discos de

leitura de CE do contato com o solo, interrompendo a correta leitura do

aparelho.

TABELA 3. Análise descritiva da absorbância do solo no Visível (VIS) e

Infravermelho Próximo (NIR1 e NIR2).

Absorbância

Campo Bancada

Solo 1 Faixa espectral VIS NIR1 NIR2 VIS NIR1 NIR2

Média 1,71 1,40 1,24 1,18 0,53 0,37

Mediana 1,74 1,39 1,24 1,21 0,49 0,37

Moda 1,63 1,46 1,20 0,37

Desvio padrão 0,31 0,25 0,21 0,20 0,15 0,06

Variância 0,10 0,06 0,04 0,04 0,02 0,00

Coeficiente de variação 18,33 17,88 16,72 17,28 27,72 15,42

Mínimo 0,28 0,70 0,66 0,76 0,28 0,24

Máximo 3,58 2,26 1,85 1,63 0,91 0,56

Coeficiente de assimetria 0,53 0,04 -0,33 0,07 0,49 0,25

Coeficiente de curtose 5,12 -0,02 -0,20 -0,98 -0,95 -0,33

Solo 2 Faixa espectral VIS NIR1 NIR2 VIS NIR1 NIR2

Média 1,82 1,45 1,28 1,29 0,70 0,58

Mediana 1,82 1,44 1,26 1,40 0,66 0,58

Moda 1,15 1,25 0,83 0,63

Desvio padrão 0,37 0,21 0,21 0,27 0,09 0,03

Variância 0,13 0,05 0,05 0,07 0,01 0,00

Coeficiente de variação 20,23 14,61 16,58 20,83 13,33 5,18

Mínimo 0,77 1,10 0,56 0,80 0,52 0,48

Máximo 3,97 1,98 1,67 1,63 0,94 0,68

Coeficiente de assimetria 1,15 0,33 -0,48 -0,30 0,42 -0,16

Coeficiente de curtose 3,89 -0,76 0,11 -1,62 -1,25 0,03

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Houve pouca variação da absorbância dentro de uma mesma faixa

espectral, representada pelos baixos valores de CV nas três faixas

espectrais (VIS, NIR1 e NIR2), tanto os de leitura em campo como os de

leitura em bancada (Tabela 3). Em ambos os solos, os valores médios de

absorbância mais altos ocorreram na faixa do infravermelho próximo (VIS),

sendo que, para todas as faixas espectrais, as leituras de bancada tiveram

os valores de absorbância bem mais baixos que os obtidos nas leituras de

campo. Esta diferença está relacionada à ausência de umidade nas

amostras de bancada e de possíveis fatores externos, como luz solar,

resíduos vegetais e compostos dos solo mais grosseiros, como cascalhos.

4.2 Boxplot e análise de simetria dos dados

Todas as variáveis tiveram assimetria dos dados em ambas as

áreas, observada na distribuição desigual da absorbância entre os espaços

abaixo e acima da mediana para todos os níveis de cada atributo, tanto os

de leitura em campo como os de leitura em bancada (Figuras 1 a 5). De

forma geral, a absorbância não foi diferente para os diferentes níveis dos

atributos para uma mesma área. E pela presença de possíveis outliers na

área argilosa, a comparação entre as duas áreas ficou comprometida.

Na área de textura arenosa, Solo 1, as máximas de absorbância

ocorreram nos teores mais altos de argila, Figura 1, mesmo assim os valores

de absorbância para os três níveis de argila foram próximos entre si. O

mesmo ocorreu para as leituras em bancada, que apresentaram valores de

absorbância mais baixos que as leituras de campo.

Já na área de textura argilosa, Solo 2, as máximas de absorbância

ocorreram para os valores mais baixos de argila, Figura 1, no mesmo solo,

além de apresentar muitos valores fora da absorbância máxima e mínima,

que podem ser suspeitos de serem outliers. Não houve diferença de

absorbância entre os três níveis nas leituras de bancada, que foram mais

baixas que os valores encontrados em campo (Figura 1, Solo 2).

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FIGURA 1. Boxplot entre a variável argila (%) e a absorbância para as leituras de campo e de bancada, em três níveis

de argila, para Solo 1 e Solo 2.

22

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FIGURA 2. Boxplot entre a variável fósforo (mg/dm³) e a absorbância para as leituras de campo e de bancada, em três

níveis de fósforo, para Solo 1 e Solo 2.

23

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24

FIGURA 3. Boxplot entre a variável potássio (mg/dm³) e a absorbância para as leituras de campo e de bancada, em três

níveis de potássio, para Solo 1 e Solo 2.

24

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FIGURA 4. Boxplot entre a variável matéria orgânica (g/dm³) e a absorbância para as leituras de campo e de bancada,

em três níveis de matéria orgânica, para Solo 1 e Solo 2.

25

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FIGURA 5. Boxplot entre a variável Umidade (%) e a absorbância para as leituras de campo e de bancada, em três níveis

de umidade, para Solo 1 e Solo 2.

26

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A amplitude entre os valores de absorbância para a variável fósforo

é evidente na Figura 2, perceptível pelo alto coeficiente de variação

apresentado anteriormente (Tabela 2). Apesar de os valores estarem muito

próximos, em ambas as áreas observa-se diminuição da absorbância com

o aumento nos teores de fósforo, mais evidente nas leituras de campo que

de bancada, que não tiveram grande diferença entre si (Figura 2).

Nos Solos 1 e 2, houve diminuição na absorbância com o aumento

dos teores de potássio para as leituras de campo, já nas leituras de

bancada, quase não houve diferença (Figura 3).

Para a matéria orgânica, Figura 4, os valores de absorbância em

bancada não apresentaram variação, enquanto para os dados de campo a

absorbância foi maior no valor mediano de matéria orgânica para o Solo 1

(16-19 g/dm³). No Solo 2, a absorbância teve diminuição com o aumento dos

teores de matéria orgânica.

No solo de textura arenosa, Solo 1, a absorbância para os diferentes

níveis de umidade foi muito próxima, sendo que para o solo seco os valores

foram muito mais baixos em ambos os solos (Figura 5). Já no solo de

textura muito argilosa, Solo 2, as absorbâncias mais altas ocorreram no

nível de umidade mais baixo do solo (22,4 – 26,2 %), diferentemente do que

se esperava, uma vez que a umidade tende a escurecer o solo, o que

aumentaria sua absorbância.

4.3 Curvas Espectrais dos solos

A Figura 6 mostra as curvas espetrais para o teor de argila,

comparando as leituras espectrais am campo (C) e em Bancada (B) para os

dois solos estudados. As maiores absorbâncias ocorreram para as curvas

com dados de campo para todos os níveis de argila, evidenciando uma

possível influência da umidade ou de fatores externos sobre os valores de

absorbância.

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FIGURA 6.Espectro de absorbância para quatro teores de argila (Solo 1: 0-

35; e Solo 2: 35-60+), com coleta de dados em bancada

(representado por B) e em campo (representado por C).

As curvas das respostas de absorbância dos dados de bancada

praticamente não se diferenciaram entre sim, sendo que a curva para os

níveis de argila 0-15 % foi a que apresentou os menores valores de

absorbância em bancada (Figura 6). Mesmo assim, pode-se ver a diferença

de absorbância entre o níveis de argila muito baixos e muito altos.

Os maiores valores de absorbância são encontrados na curva para

os níveis de argila de 35 - 60 %, com leitura em campo, obtendo

absorbâncias maiores que a curva dos teores de argila maiores que 60%,

evidenciando uma possível influência de outros fatores além da argila, uma

vez que as leituras em bancada para o mesmo nível de argila (35 - 60%)

também tiveram seus valores de absorbância mais elevados que a

absorbância em bancada para o nível de argila maior que 60%, descartando

uma possível influência da umidade, na medida em que foi utilizado solo

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29

seco em bancada. Segundo Ferraresi et al. (2012), a composição e o tipo

de argilominerais do solo podem influenciar suas respostas espectrais.

As Figuras 7 a 11 mostram as curvas de absorbância para cada

atributo do solo, com leituras de campo e de bancada para ambos os solos.

FIGURA 7. Curvas de absorbância para os solos: Solo 1 em campo (a) e em

bancada (c) e Solo 2 em campo (b) e em bancada (d), com três

níveis de argila (%).

(B)

(B)

(a) (b)

(c) (d)

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30

No talhão arenoso, Figura 7.a, os valores de absorbância foram

maiores para os maiores teores de argila no solo, sendo esta diferença

evidenciada também nas leituras de bancada do mesmo solo (Figura 7.c). Já

o talhão argiloso, Figura 7.b, teve comportamento diferente, tendo os

valores de absorbância sido maiores para os teores mais baixos de argila,

mostrando que o sensor não conseguiu obter respostas espectrais

diferenciadas em uma área com elevado teor de argila. Não foi possível

observar este comportamento nas leituras de bancada, Figura 7.d, visto as

curvas não terem se diferenciado entre si para os três níveis de argila.

As três curvas dos diferentes teores de argila apresentaram

variações significativas entre os comprimentos de onda de 1300 e 1500 nm

e entre 1800 e 200 nm. Estes picos de leitura também ocorreram no solo

argiloso, Figura 7.b, porém com menor variação. Estes picos ocorreram em

um mesmo ponto para todas as curvas encontradas com as leituras de

campo (Figuras 7 a 11). Tal comportamento pode ser indicativo de alguma

influência externa sobre qualquer destas variáveis observadas, já que nas

leituras de bancada, em que há maior controle dos fatores externos, estes

picos foram menores.

De acordo com Stenberg et al. (2010), o grande desafio do uso da

espectrofotometria em campo é trabalhar com a influência dos fatores

ambientais, como a luz ambiente, o teor de umidade do solo, a estrutura, a

poeira, entre outros fatores que ocorrem conjuntamente com os fatores que

se pretende avaliar. O material de origem exerce grande influência sobre as

leituras de absorbância (LOPES, 2009), influenciando diretamente as

respostas obtidas pelos sensores, assim com os óxidos de ferro e os

argilominerais, que se correlacionam mais diretamente com as respostas

espectrais no VIS e NIR que os valores de argila, por exemplo (VISCARRA

ROSSEL, 2011).

(B)

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FIGURA 8. Curvas de absorbância para os solos: Solo 1 em campo (a) e em

bancada (c) e Solo 2 em campo (b) e em bancada (d), com três

níveis de fósforo (mg/dm³).

Para a variável fósforo, a curva com maior absorbância foi a que

apresentou os níveis mais baixos de argila em ambos os solos (Figuras 8.a e

8.b). Para os níveis mais elevados de fósforo, as curvas tiveram pouca

diferença entre si, tendo a curva de absorbância mais baixa ocorrido para o

nível mais elevado do elemento. Nas leituras de bancada, Figuras 8.c e 8.d,

o comportamento foi semelhante, porém com as curvas mais próximas entre

si e com valores de absorbância mais baixos no segundo nível de fósforo e

não no nível mais alto, como ocorreu nas leituras de campo.

(B) (b) (a)

(c) (d)

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FIGURA 9. Curvas de absorbância para os solos: Solo 1 em campo (a) e em

bancada (c) e Solo 2 em campo (b) e em bancada (d), com três

níveis de potássio (mg/dm³).

Para as leituras de campo em ambos os solos em relação aos níveis

de potássio (g/dm³), ocorreu maior absorbância para os níveis mais baixos,

Figuras 9.a e 9.b, tendo sido a diferença maior no Solo 2 (Figura 9.b). Esta

maior diferenciação no talhão argiloso pode ter ocorrido também pela

maior diferença entre os três níveis de potássio nesta área.

Já nas leituras de bancada, a absorbância aumentou com o aumento

no teor de potássio para o Solo 1, Figura 9.c, mas este fator não pôde ser

(b) (a)

(c) (d)

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observado no Solo 2, pois as curvas ficaram muitos próximas (Figura 9.d).

Esta diferença entre os dados de campo e bancada é um indicativo da

influência de outro fator, sem ser o potássio, na leitura de campo, uma vez

que a tendência é que a absorbância aumente com o aumento do potássio

no solo. De acordo com Viscarra Rossel (2011), o potássio apresenta maior

correlação com comprimentos de onda no infravermelho médio (MIR) do

que no infravermelho próximo (NIR).

FIGURA 10. Curvas de absorbância para os solos: Solo 1 em campo (a) e

em bancada (c) e Solo 2 em campo (b) e em bancada (d), com

três níveis de matéria orgânica (g/dm³).

No caso da matéria orgânica, o comportamento espectral de campo

(b) (a)

(c) (d)

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34

foi diferente para o Solo 1 e 2, Figuras 10.a e 10.b, respectivamente. No

Solo 1, a curva com maior absorbância foi para o nível intermediário de

matéria orgânica, seguido pelo nível mais baixo do elemento, e o nível com o

teor mais elevado de matéria orgânica foi o que apresentou menor

absorbância. Já no Solo 2, a absorbância foi maior no nível mais baixo do

atributo.

A presença de matéria orgânica influencia na diminuição da

reflectância, aumento da absorbância, devido à sua influência na cor do

solo, deixando-o, geralmente, mais escuro (LOPES, 2009). Sendo assim,

quanto maior o teor de matéria orgânica de um solo, maior seria sua

absorbância, fato que não ocorreu nas leituras de campo dos solos

avaliados (Figuras 10.a e 10.b)

Para as leituras de bancada do Solo 1, Figura 10.c, foi possível

observar uma pequena diferença entre as curvas espectrais, sendo que,

com o aumento da matéria orgânica, ocorreu pequeno aumento da

absorbância em um mesmo solo. No Solo 2, Figura 10.d, as curvas não se

diferenciaram entre sim, sendo possível observar que suas absorbâncias

foram maiores que no Solo 1.

FIGURA 10. Curvas de absorbância para os solos: Solo 1 em campo (a) e

em bancada (c) e Solo 2 em campo (b) e em bancada (d), com

três níveis de potássio (g/dm³).

(a) (b)

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A Figura 11 mostra as curvas espectrais para os níveis de umidade

no solo de textura arenosa, Solo 1, e no solo de textura muito argilosa (Solo

2). No talhão arenoso, a absorbância foi maior nos valores de umidade

mais elevados, Figura 11.a; já para o talhão argiloso, o comportamento foi

semelhante ao da variável argila, com valores de absorbância maiores para

os valores mais baixos de umidade (Figura 11.b).

O aumento do teor de água de um solo geralmente resulta no seu

escurecimento, havendo diminuição da sua reflectância, ou seja, aumento

dos valores de absorção. Porém este comportamento pode não ocorrer da

mesma forma para todos os solos, podendo variar de solo para solo

(EPINHANIO et al., 1992).

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5. CONCLUSÕES

A influência da argila e da umidade na resposta espectral do solo

ficou mais evidente no solo de textura arenosa, em que o aumento destes

atributos resultou no aumento da absorbância.

Em ambos os solos, a absorbância diminuiu com o aumento no teor

de fósforo, tanto em leituras de campo como de bancada.

Para as leituras de campo, a absorbância diminuiu com o aumento

do teor de potássio. Já para as leituras de bancada do solo de textura

arenosa, a absorbância aumentou com o aumento do teor do elemento.

No solo de textura muito argilosa, o aumento da matéria orgânica

diminuiu a absorbância para as leituras de campo, não variando nas leituras

de bancada. No solo de textura arenosa, a absorbância aumentou com o

aumento da matéria orgânica nas leituras de bancada.

A absorbância aumentou com o aumento da umidade no solo de

textura arenosa. No solo de textura muito argilosa, a absorbância diminuiu

com o aumento da umidade.

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