avaliações tuberculostática e citotóxica de ciclometalados ... · cisplatina frente às...
TRANSCRIPT
Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
36a
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Avaliações Tuberculostática e Citotóxica de Ciclometalados
Heterometálicos Contendo Pd(II) e Fe(II)
Antonio C. Moro1 (PQ)*, Rodrigo A. de Souza
1 (PG), Paula C. de Souza
2 (PG), Fernando R. Pavan
2
(PQ), Clarice Q. F. Leite2 (PQ), Iracilda Z. Carlos
3 (PQ), Adelino V. G. Netto
1 (PQ), Antonio E. Mauro
1
(PQ)
1 Instituto de Química de Araraquara,UNESP, Araraquara-SP.
2 Departamento de Ciências Biológicas, FCFar, UNESP, Araraquara-SP.
3 Departamento de Análises Clínicas, FCFar, UNESP, Araraquara-SP.
Palavras Chave: Paládio, anti-TB, Citotoxicidade
Introdução
As potencialidades dos ciclopaladados como agentes antineoplásicos são amplamente relatadas na literatura
1. Alguns paladociclos contendo tiouréia
(tu) exibem ação antiproliferativa comparável à cisplatina frente às células tumorais de mama
1. Os
ciclopaladados mostram-se também como agentes promissores frente às doenças negligenciadas como doença de Chagas, leishmaniose e tuberculose (TB)
1,2.
A quimioterapia é a principal estratégia para o controle da disseminação da TB. A resistência micobacteriana aos fármacos utilizados na terapêutica é a principal causa da reincidência da TB. Além disso, a convergência das epidemias de tuberculose e AIDS é um dos maiores desafios da saúde pública global
1-3. Assim, o desenvolvimento
de novos e seletivos fármacos anti-TB se faz urgente e necessário. Diante destas premissas, este trabalho descreve
dois novos ciclopaladados heterometálicos [{Pd(dmba)(L)}2{µ-Fe(CN)5NO}] (Hdmba = N,N-dimetilbenzilamina; L = H2O (1) e tu (2)), cujas ações anti-TB e citotóxica foram avaliadas utilizando-se o Mycobacterium tuberculosis e a linhagem LM3, respectivamente.
Resultados e Discussão
O complexo 1 foi preparado via reação entre
[Pd(dmba)Cl]2, AgNO3 e Na2[Fe(CN)5NO]·2H2O na
razão molar 1:2:1. A preparação de 2, ocorreu
segundo a reação de 1 com tu na proporção de 1:2.
As análises elementares dos complexos 1 e 2
confirmam as fórmulas propostas. A presença dos ligantes dmba em 1 e 2 foi
confirmada pela espectroscopia no IV. Nos complexos 1 e 2, as coordenações em ponte e terminal dos grupos cianos foram evidenciadas pelas bandas em 2184-2173 cm
-1 e 2149-2145 cm
-1,
respectivamente. No que concerne à presença do NO nos paladociclos, as bandas em 1928 cm
-1 (1) e
1918 cm-1
(2), NO, encontram-se deslocadas, para freqüências menores, com relação ao Na2[Fe(CN)5(NO)]·2H2O, o que indica uma maior
retrodoação do centro metálico para orbitais * do ligante nitrosil e consequente abaixamento na
frequência NO. No espectro no IV de 2, a coordenação da tiouréia (tu) é confirmada pelas bandas em 3420-3191 cm
-1 e 1619 cm
-1 referentes
aos modos vibracionais NH e NH2, respectivamente. Ensaios antiproliferativos frente à micobactéria M.
tuberculosis e à linhagem celular tumoral mamária de murinos LM3, foram realizados (Tabela 1). Desses ensaios, obtiveram-se as concentrações inibitórias mínimas (CIM) e os índices de citotoxicidade (IC50) segundo protocolos presentes na literatura
1,2.
Tabela 1. Atividades anti-TB e citotóxica dos paladociclos [{Pd(dmba)(H2O)}2{µ-Fe(CN)5NO}] (1) e [{Pd(dmba)(tu)}2{µ-Fe(CN)5NO}] (2).
O ciclopaladado 1 foi o mais eficaz frentre ao bacilo causador da tuberculose, sendo comparável ou melhor que alguns fármacos anti-TB como o ciprofloxacino (CIM = 2,00 μg/mL) e o etambutol (CIM = 0,94–1,88 μg/mL)
3. Relativamente às
atividades de 1 e 2 frente às células LM3, infere-se que ambos complexos são menos ativos que a cisplatina (IC50 = 9,08 ± 1,1 µg/mL).
Conclusões
As atividades biológicas dos complexos 1 e 2
mostraram-se bastante satisfatórias. Vale frisar a
potencialidade de 1 como agente tuberculostático.
Espera-se, em breve, avaliar a seletividade e o perfil
de segurança do ciclopaladado 1, os quais
constituem etapas importantes para as aplicações
de 1 como metalofármaco anti-TB3.
Agradecimentos
À FAPESP, CNPq e Capes pelo suporte financeiro.
____________________ 1 Moro, A. C.; et al., Eur. J. Med. Chem. 2009, 44, 4611–4615. 2
de Souza, R. A.; et al., Eur. J. Med. Chem. 2010, 45, 4863–4868. 3 Pavan, F. R.; et al., Eur. J. Med. Chem. 2010, 45, 1898–1905.