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AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA COMPONENTE CURRICULAR DE PROJETO INTEGRADOR NO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS Fabio de Brito Gontijo (UNIPAM) [email protected] Felipe Frederico Oliveira Silva (UNIPAM) [email protected] Kassiana Luiza Pedralli (UNIPAM) [email protected] Renato Bernardes Dias (UNIPAM) [email protected] Wender Daniel Silva (UNIPAM) [email protected] O presente artigo baseia-se com a concepção de que o homem e a ciência se constroem mediante relações formativas intencionais, integradoras e criticamente curiosas. Formar profissionais é, antes de tudo, formar pessoas capazes de atender as demanda do mercado atual. Buscando essa direção, o Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM) adotou o componente curricular denominado Projeto Integrador (PI) em sua matriz curricular. A utilização do PI sinaliza para a construção de competências pelo aluno, a partir da XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA

COMPONENTE CURRICULAR DE

PROJETO INTEGRADOR NO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS

DE MINAS

Fabio de Brito Gontijo (UNIPAM)

[email protected]

Felipe Frederico Oliveira Silva (UNIPAM)

[email protected]

Kassiana Luiza Pedralli (UNIPAM)

[email protected]

Renato Bernardes Dias (UNIPAM)

[email protected]

Wender Daniel Silva (UNIPAM)

[email protected]

O presente artigo baseia-se com a concepção de que o homem e a

ciência se constroem mediante relações formativas intencionais,

integradoras e criticamente curiosas. Formar profissionais é, antes de

tudo, formar pessoas capazes de atender as demanda do mercado

atual. Buscando essa direção, o Centro Universitário de Patos de

Minas (UNIPAM) adotou o componente curricular denominado

Projeto Integrador (PI) em sua matriz curricular. A utilização do PI

sinaliza para a construção de competências pelo aluno, a partir da

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realização conjunta do trabalho em equipe, da pesquisa sintetizada, do

envolvimento do corpo docente, da adoção de escrita normatizada, de

estratégia de apresentação oral dos trabalhos interdisciplinares no

semestre letivo que compõe o curso. O objetivo dessa pesquisa é

analisar o PI, de forma qualitativa por meio de questionário aplicado

ao aluno do curso de Engenharia de Produção nessa instituição de

ensino. Portanto, os dados mostram uma satisfação dos alunos

avaliados referentes às praticas e fatores adotados, tornando possível

identificar o envolvimento dos grupos e docentes, passando a assumir

responsabilidade com os projetos desenvolvidos nas empresas.

Palavras-chave: Avaliação Qualitativa; Componente Curricular;

Engenharia de Produção; Projeto Integrador.

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1. Introdução

A eficiência dos cursos de graduação nas áreas de engenharia é um diferencial para as

instituições de ensino, embora muitas vezes não contemple, nas ementas curriculares, uma

proposta de atuação com recursos pedagógicos voltados para a prática. Os conhecimentos

construídos nas universidades são socializados com as comunidades, no sentido de suprir as

necessidades, adquirir conhecimentos, atender demandas, em função dos problemas gerados

pela necessidade de capital (PORTES et al., 2011). Paralelamente à busca pelas empresas por

novos métodos para se desenvolverem em todos os setores, os quais são necessários para seu

fortalecimento diante do mercado atual, há as necessidades de os alunos adquirirem

conhecimentos práticos para melhorarem suas habilidades, passando a fazer parte deste

contexto.

Dentre os diferentes métodos para suprir essa necessidade de proporcionar o conhecimento

através da prática, é realizada uma mudança na ementa curricular do curso de Engenharia de

Produção da UNIPAM (Centro Universitário de Patos de Minas), inserindo o componente

curricular denominado Projeto Integrador – PI (componente curricular didático pedagógica,

onde os alunos realizam trabalho em grupo, onde este é viabilizado pelas empresas que

propõem seus problemas, a partir de então desenvolve-se um projeto prático coordenado e

avaliado pelo professor).

É valido destacar a carência de experiências práticas durante a formação acadêmica do curso

de Engenharia de Produção. O PI surge como uma estratégia de estudo, do conteúdo do

componente curricular, em que propõem situações de ensino baseada na prática. Portanto,

pode-se citar como casos de sucessos na implantação do PI, o fato de que os alunos do

terceiro período do curso de Engenharia de Produção da UNIPAM, tiveram os artigos

aprovados no Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENGEP, referente ao ano de

2014, intitulados como “Melhoria no Esterilizador de um Frigorifico”, “Aplicação do Método

Delphi no Auxílio do Processo de Desenvolvimento de Produtos de uma Empresa de

Caldeiras Agrícola e Industriais” e “Eficiência Energética na Prefeitura de Patos de Minas”.

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Ressalta-se que, tais projetos desenvolvidos foram realizados através de uma parceria

informal entre empresas, faculdades, professores e discentes.

Nesse sentido, a aplicação do PI tem o papel da multidisciplinariedade, bem como

impulsionar, através das pesquisas, o envolvimento entre empresas, assim como discentes e

docentes, sendo este último, o elemento principal no desenvolvimento do PI, exigindo ações

as quais visam melhorias, por parte empresarial, e aprendizado, por parte dos alunos.

O objetivo dessa pesquisa é analisar o PI, de forma qualitativa por meio de questionário

aplicado aos alunos do curso de Engenharia de Produção da UNIPAM no que se refere ao

aprendizado e à formação dos alunos pela instituição, relacionada à construção dos alicerces

da concepção, da estruturação, da implantação e do acompanhamento da prática pedagógica.

O PI propõe novas alternativas para suprir a necessidade dos estudantes na busca por maior

experiência e posição profissional.

Nesse sentido, o PI está diretamente relacionado com as habilidades e competências descritas

para o curso de Engenharia de Produção pela Resolução CNE/CES 11, a qual institui as

Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia a serem observadas

na organização curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País. Além das

habilidades e competências, contribui com a formação autônoma e participativa do discente e

a dedicação do corpo docente na construção de conhecimento.

2. Projeto Integrador

Em um novo cenário em que se buscam soluções para preservação da vida e a transformação

social baseada na ética, o uso nacional de políticas voltadas para uma educação que promova

uma maior eficiência é de fundamental valor. A sociedade e as instituições de ensino devem e

podem contribuir com a busca por uma melhor qualidade da educação, para que possam se

adequar aos impactos causados por uma crescente demanda de consumo.

Conceber o ensino e a aprendizagem como processos humanos e participativos implica ver os

professores e os alunos como atores sociais, políticos e culturais. A aprendizagem é

construída mediante a interação e a prática que favorecem a dúvida, a problematização, a

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iniciativa à pesquisa e a titularidade do percurso de formação, por meio de novos caminhos na

produção do saber (MIRANDA NETO, 2015, p. 2).

Com o intuito de colaborar para a adoção de novas metodologias educativas, em meados do

ano de 2010 na UNIPAM, por meio de assessoria prestada pela empresa Hoper, foi realizada

uma reestruturação administrativa e acadêmica, segundo Miranda Neto (2015, p. 1). A

reestruturação acadêmica, que se iniciou pela revisão das matrizes curriculares de todos os

cursos de graduação da instituição, implicou uma implantação de um novo modelo

pedagógico, do qual inseriu o componente curricular denominado de PI, que, por sua vez, faz

parte de todos os cursos da instituição. Segundo o guia acadêmico do aluno (UNIPAM 2014,

p. 25):

Entende-se como Projeto integrador o componente curricular pautado por um espaço

de interdisciplinaridade na formação do educando, tendo como objetivos oferecer ao

aluno a oportunidade de:

I - Buscar o rompimento de um percurso de fragmentação, por meio da

incrementação de uma visão de conjunto do saber instituído;

II - Desenvolver a capacidade de integração de competências ligadas à prática, às

teorias estudadas e aos saberes adquiridos fora do ambiente escolar;

III - Entender as relações entre os diversos conteúdos estudados em cada período

letivo e durante todos os períodos do curso;

IV - Desenvolver habilidades de relações interpessoais e competências ligadas à

colaboração, à liderança, à comunicação, ao respeito, ao ato de ouvir e ser ouvido;

V - Adquirir uma atitude interdisciplinar, a fim de descobrir o sentido dos conteúdos

estudados, sendo capaz de buscar soluções para problemas concernentes a sua área

de atuação e influência enquanto pessoa, profissional e cidadão;

VI - Desenvolver a capacidade para a pesquisa, para a aprendizagem autônoma e

para o exercício profissional competente e cooperativo.

É valido ressaltar que o PI inicialmente era enxergado como uma componente curricular para

reforçar o conteúdo ministrado em sala de aula, sendo destinado à resolução de listas de

exercícios e de atividades disponibilizadas pelos docentes. Entretanto, logo o PI foi

identificado como uma nova proposta de aprendizado, onde os professores responsáveis pela

componente curricular, juntamente com a coordenação do curso, buscaram uma

reestruturação do PI para um melhor aproveitamento pelos alunos do método de aprendizado,

sendo definido então que o projeto poderia sofrer alterações no desenvolvimento das

atividades, para que atendesse às flutuações do mercado. Ressaltando que tal projeto adotado

se refere ao curso de Engenharia de Produção, presente no primeiro ao oitavo período que

compõem o componente curricular, conforme é demonstrado no Anexo A.

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Portanto, é notório observar a concepção de que o homem e a ciência se constroem mediante

relações formativas intencionais, integradoras, criticamente curiosas (MIRANDA NETO,

2015, p. 3). Formar profissionais é, antes de tudo, formar pessoas de modo dinâmico e

dialético, o que marca a possibilidade de interação e o reconhecimento da diversidade, sendo

perceptível que as práticas desenvolvidas no PI e adotadas pelas empresas sinalizam para a

construção de fatores positivos para ambos envolvidos.

É relevante salientar que as mudanças advindas com a implementação do PI interferiram de

forma efetiva no novo modelo pedagógico adotado pelo UNIPAM. A utilização do PI sinaliza

para o desenvolvimento de competências pelos alunos, a partir da realização de trabalhos em

equipe, da pesquisa sistematizada, do envolvimento do corpo docente, da adoção de escrita

normatizada e de estratégias de apresentação oral de trabalhos, o que proporciona uma prática

interdisciplinar.

Inicialmente o projeto é delineado pelo professor abordando o tema do semestre, onde

propõem para as empresas parceiras o tema a ser desenvolvido, em seguida, é realizada uma

pesquisa e aprofundamento do contexto analisado para desenvolver o projeto. Posteriormente,

faz-se um estudo do processo produtivo na empresa, reunindo então informações necessárias

para o desenvolvimento e aprimoração do mesmo. Para um controle, a frequência de tal

acompanhamento é definida pela empresa e, esta, deve estar em comum acordo com os alunos

que a representa, em que, ao final do semestre, é obrigatório o desenvolvimento de um artigo

científico a respeito do projeto desenvolvido.

Para Ronqui (2009), as aulas práticas têm seu valor reconhecido, elas estimulam a curiosidade

e o interesse dos alunos, permitindo que se envolvam em investigações científicas, ampliem a

capacidade de resolver problemas, compreender conceitos básicos e desenvolver habilidades.

Além disso, quando o aluno se depara com resultados não previstos, esses resultados desafiam

sua imaginação e seu raciocínio. As atividades experimentais, quando bem planejadas, são

recursos importantíssimos no ensino.

A seguir, apresentam-se algumas estratégias usadas pelo componente curricular para

desenvolver as habilidades nos alunos.

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2.1. Aprendizagem do aluno com o PI

O principal foco do componente curricular sempre será a aprendizagem, independentemente

de qual forma ela seja alcançada. Uma dessas formas é a aprendizagem que parte da

experimentação, ou seja, da aplicação prática. A experimentação possibilita ao estudante

pensar sobre o mundo de forma científica, ampliando seu aprendizado sobre a natureza e

estimulando habilidades, como a observação, a obtenção e a organização de dados, bem como

a reflexão e a discussão (VIVIANI; COSTA, 2010, p. 50-51).

Em se tratando do PI, o aluno tem a possibilidade de produzir conhecimento a partir de ações,

e não apenas através de aulas expositivas, tornando-o um sujeito da aprendizagem. A

experimentação que ocorre no PI é através da interação direta entre os alunos e o mercado de

trabalho, possibilitando a vivência prática das teorias abordadas em sala.

2.2. Importância da prática

Praticar para assimilar o conteúdo estudado pode ser uma das melhores maneiras de se

adquirir conhecimento através da extensão universitária.

Entende-se que, através da extensão, os universitários têm oportunidade de

participar do desenvolvimento do país. Todos os cidadãos são chamados a participar

desse processo, mas a responsabilidade dos universitários é maior por serem capazes

de identificar com mais clareza os problemas da comunidade e de oferecer soluções

mais adequadas (TOALDO, 1999, p. 23).

Esse tipo de aprendizagem pressupõe que, efetivamente é aprendido algo quando é entende-se

o porquê, o para que serve e o como utilizar esse conhecimento. Dessa forma, o docente deve

sempre primar por exemplos que conectem a teoria à prática, tornando essa teoria “viva”,

sendo compreendida e lembrada, sempre que necessário. Portanto, um processo ativo, tendo

em vista que os alunos, através do trabalho desenvolvido, passam a conhecer os processos

produtivos da empresa em que se empenham, possibilitando também que se inteirem das

dificuldades enfrentadas pelas empresas e, através do conhecimento adquirido em aulas

teóricas, possam ajudar na resolução dos problemas. O componente curricular denominado de

PI, por ser realizado com foco em situações reais, vividas pelas empresas, imprime bem esse

conceito.

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2.3. Capacidade de identificação e resolução de problemas

Uma das competências mais importantes para os profissionais que ocupam cargos de

liderança nas organizações é ter condições de identificar, de analisar e de agir efetivamente

sobre os problemas e suas causas, desenvolvendo assim um diferencial competitivo para

ocupar funções de comando em qualquer tipo de empresa. Os alunos do curso de Engenharia

de Produção que objetivam ocupar esses cargos de destaque devem desenvolver tais

habilidades antes mesmo de entrar no mercado de trabalho.

A solução de problemas baseia-se na apresentação de situações abertas e sugestivas

que exijam dos alunos uma atitude ativa ou um esforço para buscar suas próprias

respostas, seu próprio conhecimento. “O ensino baseado na solução de problemas

pressupõe promover nos alunos o domínio de procedimentos, assim como a

utilização dos conhecimentos disponíveis, para dar resposta a situações variáveis e

diferentes” (POZO e ECHEVERRÍA, 1988, p. 9).

Pensando dessa forma o PI desafia essa metodologia de ensino, vinculando de forma direta os

alunos às empresas, embora, na maioria das empresas exista um desconhecimento dos

problemas enfrentados pelas mesmas.

2.4. Direcionamentos à pesquisa científica

O PI no curso de Engenharia de Produção do UNIPAM propõe o desafio em desenvolver uma

pesquisa científica, escrevê-la em forma de artigo e submeter para a aprovação em

congressos. Demo (2011, p. 72) salienta que a base da educação escolar é a pesquisa e, por

meio dela, é possível desenvolver no aluno o questionamento sistêmico e reconstrutivo da

realidade. Dessa forma, o aluno inclui a sua própria interpretação, formulação pessoal,

aprende a aprender e a pensar.

Ainda segundo Demo (2011, p. 74), o ambiente de pesquisa é importante para executar o

trabalho de maneira sistemática e metódica de conhecimento, buscando combinar pesquisa e

tecnologia e trazendo aprendizado para os alunos. Neste sentido, o PI propõe o

desenvolvimento e aplicação da pesquisa, através de orientações propostas pelo professor nas

empresas, por grupo de alunos subdivididos pelo mesmo.

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2.5. Trabalho em equipe

A aprendizagem colaborativa ou cooperativa ocorre quando os estudantes são estimulados,

por meio de atividades, a estabelecerem uma interdependência positiva entre eles. Na

aprendizagem colaborativa, estimula-se a cooperação por meio dos grupos de aprendizagem,

nos quais o estudante tem o compromisso de aprender e, ao mesmo tempo, de procurar que

todos os seus colegas também aprendam. Para Coll (2002, p. 90 apud ABRAHÃO, 2010, p.

7),

“As aprendizagens advindas de experiências cooperativas favorecem o

estabelecimento de interações entre os alunos muito mais positivas, resultando num

rendimento e uma produtividade superiores de construção de conceitos e resolução

de problemas, quando comparadas com experiências individuais ou competitivas”

O PI propõe a realização da pesquisa em grupos, buscando aperfeiçoar as diversas variáveis

que influenciam no processo para solucionar os problemas das empresas, utilizando-se da

diversidade de habilidades e capacidades que o grupo oferece.

3. Metodologia

Como o PI baseia-se no pressuposto de que o aprendizado está vinculado à prática

incorporada ao conhecimento, foi realizada uma pesquisa aplicada, exploratória e descritiva,

por meio do método indutivo que, do ponto de vista da abordagem do problema, caracteriza-

se como qualitativo. O procedimento técnico utilizado foi o levantamento de dados e a coleta

foi realizada por meio de questionário.

Para melhor definir este estudo, foram elaboradas perguntas que buscam extrair em sua

essência o grau de satisfação dos alunos, em seguida aplicado o questionário no terceiro,

quinto e sétimo período, àqueles alunos matriculados no componente curricular de PI. Os

questionários foram formulados, conforme apresentado no Quadro 1, por temas subscritos no

referencial teórico desse artigo. A análise dos dados colhidos foi realizada com base no

método descrito por Hill (2005, p. 99) em seu livro “Investigação por questionário”.

Quadro 1 – Fatores avaliados no questionário sobre o Projeto Integrador (PI) no curso de Engenharia de

Produção

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Considerando o direcionamento elaborado no Quadro 1, as questões foram formuladas com o

objetivo de avaliar de forma qualitativa o PI. Portanto, as perguntas foram divididas em cinco

práticas e valores diferentes, como aprendizagem do aluno com PI, importância da prática,

capacidade de identificação e resolução de problema.

Segundo Parasuraman (1991, p. 120), um questionário é tão somente um conjunto de questões

para se atingir os objetivos do projeto. Embora afirma que nem todos os projetos de pesquisa

utilizam essa forma de instrumento de coleta de dados, o questionário é muito importante na

pesquisa científica, especialmente nas ciências sociais.

De acordo com Hill (2005, p. 99), as perguntas de um questionário para medir opinião,

atitudes ou satisfações devem apresentar uma conotação neutra, ou seja, não devem ter uma

forma que convide a uma só resposta positiva ou negativa. Quase todas as opiniões, atitudes e

satisfações são variáveis bipolares, então as perguntas para medir tecnicamente a chamada

variável “bipolar” têm um polo positivo (satisfação), um polo negativo (insatisfação) e, entre

os dois, um polo neutro (mediamente satisfeito), remetendo assim um equilíbrio de coesão.

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4. Resultados e Discussões

A partir dos resultados obtidos por meio dos questionários aplicados aos alunos, os dados

foram apurados através de uma planilha do Microsoft Office Excel. O cálculo se deu pela

soma dos pontos atribuídos a cada um dos itens que integram o fator, e sua divisão atribuída

pelo número de perguntas que o compõem. Assim, para a efetivação desse princípio, ao

assinalar no questionário as escalas 3, 5, 4, 3 respectivamente às perguntas 5, 10, 15, 20, que

integram o item “Trabalho em equipe”, somando os números atribuídos pelo aluno a cada

resposta e dividi-los pelo total da quantidade de perguntas correspondentes, obtém-se então

um fator igual a 3,75 (3+5+4+3) /4. Os resultados deste fator são somados um a um de cada

questionário, indicando a percepção acerca do grau de satisfação do tema “Trabalho em

equipe”.

Em seguida é necessário calcular a média dos resultados atribuída a cada fator de todos os

alunos submetidos à avaliação, assim chega-se aos resultados obtidos pela pesquisa no curso

de Engenharia de Produção como um todo. Desse modo, se seis pessoas avaliam o fator

“Trabalho em equipe”, é atribuído a este as escalas 3,68; 3,75; 4,08; 3,74; 3,81; 4,28;

somando os valores encontrados por cada aluno e dividir pelo somatório deles, logo o

resultado alcançado pelo curso neste fator seria igual a 3, 89 (3,68 + 3,75 + 4,08 + 3,74 +

3,81 + 4,28) /6. Dessa forma, o resultado encontrado “3,89” conforme o Apêndice A,

significa que os alunos estão aproximadamente satisfeitos com o PI quanto ao aspecto

“Trabalho em equipe”.

Ao final, os resultados de todos os fatores podem variar de 1 a 5, sendo que, quanto maior o

resultado, maior o grau de satisfação, em que o valor ou prática do “Trabalho em equipe”

mensurada encontra-se presente na instituição de ensino. Portanto, é possível identificar, de

forma clara e objetiva através da Figura 1, os fatores avaliativos do estudo.

Figura 1 – Resultados Obtidos Através dos Questionários Avaliativos sobre o Projeto Integrador (PI)

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Para a efetivação desses fatores avaliativos, torna-se necessário comentar os resultados

obtidos e apresentados na figura. Entre os fatores, nota-se uma maior satisfação dos alunos

avaliados quanto à “Importância da Prática” e o “Trabalho em Equipe”. Entende-se que,

através da extensão do estudo, todos são chamados a participar desses processos avaliados,

pressupõe-se que efetivamente se aprende algo quando se torna a teoria “viva”,

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principalmente quando trabalhada em cooperação por meio de grupos. É possível, portanto,

identificar a preferência dos alunos, o que vem ao encontro dos pensamentos de Toaldo

(1999, p. 23) e Coll apud Eduardo (2002, p. 90), evidenciando a importância desses fatores na

formação de pessoas capazes de promover mudanças em benefício do desenvolvimento do

país.

Outro fator que merece considerações é o “Direcionamento à Pesquisa Cientifica” avaliado

expressivamente pelos alunos e trabalhado pelos docentes, incentivando a pesquisa e

desenvolvendo o questionário sistêmico e reconstrutivo da realidade. É notório destacar a

comprovação desse trabalho, através da aprovação de alguns artigos escritos pelos alunos do

3º Período do curso de Engenharia de Produção no Congresso Nacional de Engenharia de

Produção (ENEGEP), em Curitiba-PR, realizado no período de 7 a 10 de outubro de 2014.

Entre eles, podem-se citar os artigos intitulados “Melhoria no Esterilizador em um

Frigorifico”, “Aplicação do Método Delphi no Auxílio do Processo de Desenvolvimento de

Produtos de uma Empresa de Caldeiras Agrícola e Industriais” e “Eficiência Energética na

Prefeitura de Patos de Minas”, que foram méritos alcançados pelos esforços conjuntos do

docente, discente e a parceria com as empresas no trabalho realizado no PI.

Embora não menos importante que o fator anterior, avaliado como satisfeito pelos alunos, o

fator “A Capacidade de Identificar e Resolver Problemas” talvez seja o mais intangível de

todos e seja o de maior dificuldade de ser visualizado ou encontrado no ambiente empresarial.

Miranda Neto (2015, p. 9) salienta que é importante lembrar que, quando se considera que os

mecanismos cerebrais da aprendizagem, o ato de “aprender” se efetiva quando, por meio de

impulsos físico-químicos, os neurônios fazem ligações sinápticas. Para que essas ligações

ocorram, é fundamental que o sujeito aprendente desperte suas emoções e se envolva com ela,

passando a assumir responsabilidades para ter condições de identificar, analisar e agir sobre o

problema.

Por último, o fator “Aprendizagem do Aluno com o PI”, avaliado como satisfeito pelos

alunos, deve-se considerar como grande desafio, em construir uma formação do profissional e

sua capacitação até sua graduação. Pode-se afirmar que para concretização deste aprendizado

é necessário o envolvimento do corpo docente, pois o perfil do educador precisa ser

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diferenciado, ou mesmo proativo, engajado e dedicado à causa de “formar profissionais

qualificados”.

5. Conclusões

Cabe ressaltar que, na busca por uma maior eficiência na graduação dos cursos ministrados

pela instituição UNIPAM, o modelo pedagógico adotado pelo PI tem seus alicerces na

concepção de uma educação multidimensional, que valoriza a aprendizagem, levando o aluno

a realizar o esforço próprio na conquista de seu saber. Ao mesmo tempo, a aprendizagem

cresce com o esforço do aluno, mas exige envolvimento do corpo docente, com presente

orientação, acompanhamento e avaliação. Muitas foram às iniciativas nesse sentido, desde o

aperfeiçoamento das práticas adotadas pelo PI, as reestruturações administrativas e

acadêmicas, para que se tenha um melhor aproveitamento do componente curricular no curso

de Engenharia de Produção.

Portanto, esse processo é capaz de fazer com que docentes e discentes se percebam como

sujeitos inconclusos e inquietos, por isso apto a intervir nos processos de conhecimento e na

sociedade. Assim, supera-se a perspectiva de um ensino mecanicista, no qual o aluno apenas

recebe o conhecimento, memorizando-o, e assume-se uma postura dialógica e curiosa na

produção da aprendizagem.

Em sintonia com esse princípio, a educação é entendida como uma prática sócio-política que

se faz efetiva no âmbito das relações sócio-histórico-culturais. Com o intuito de promover a

formação de pessoas tecnicamente competentes, mais humanizadas, éticas, críticas e

comprometidas com a qualidade de vida dos cidadãos, podendo refletir e pensar o mundo, o

contexto social e o seu papel na emergência de uma sociedade em transformação (MIRANDA

NETO, 2015, p. 2).

Diante dos resultados, pode-se concluir que os fatores “Aprendizagem do Aluno com PI”,

“Importância da Prática”, “Capacidade de Identificar e Resolução de Problemas”,

“Direcionamento à Pesquisa Cientifica”, “Trabalho em Equipe”, referentes ao PI, adotado

pela instituição de ensino UNIPAM são relevantes para a vida acadêmica, como também um

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marco na busca da excelência na formação profissional, tendo como missão transformar

pessoas e sociedade, criando oportunidades de desenvolver talentos.

REFERÊNCIAS

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TOALDO, Olindo Antônio. Extensão universitária: a dimensão humana da universidade: fundamentos e

estratégias. Santa Maria: Imprensa Universitária, 1999. Cap. 2, seção 5, 73-75: Extensão universitária.

UNIPAM, Centro Universitário de Patos de Minas. GUIA ACADEMICO 2014 DE UMA INSTITUIÇÃO DE

ENSINO SUPERIOR. (Documento interno). Patos de Minas/ MG, 2015.

VIVIANI, Daniela; COSTA, Arlindo. Práticas de Ensino de Ciências Biológicas. Centro Universitário

Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Apêndice A - Questionário Avaliativo sobre o componente curricular denominado de

Projeto Integrador (PI) no curso de Engenharia de Produção.

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Anexo A - Trabalho desenvolvido com o Projeto Integrador – PI da Engenharia de

Produção de acordo com a grade curricular de cada período.

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