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AVALIAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA Renato Ramos Coelho Organização: Conteúdo:

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AVALIAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Renato Ramos Coelho

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INTRODUÇÃOEmbora a avaliação de um trainee que, eventualmente, sofreu uma lesão ortopédica ou acidente, não seja uma prerrogativa do profissional de Educação Física, muitas academias não contam com um Fisioterapeuta presente constantemente. Assim, este texto apresenta alguns princípios básicos para que você possa avaliar o seu trainee em situações cotidianas ou de emergência dentro do salão de musculação ou em aulas coletivas.

O diagnóstico correto é apenas uma questão de aplicação dos conhecimentos de anatomia funcional, sendo atingido a partir da escuta do histórico do trainee, observação de eventuais alterações morfológicas e de exames detalhados (CYRIAX; CYRIAX, 1996). Assim, é fundamental que o Profissional de Educação Física revise os seus estudos de Anatomia e Fisiologia óssea, articular e muscular, de forma a montar o escopo de conhecimento necessário para a realização de uma avaliação musculoesquelética assertiva. Magee (2010) considera que a avaliação, em geral, é comparativa, entre o lado supostamente normal e o acometido. Para isso, o examinador deve compreender e conhecer a ampla variabilidade do que é considerado normal. Assim, fique atento às possibilidades de variações anatômicas e dismorfias, elas podem indicar uma maior probabilidade de ocorrência de problemas ortopédicos específicos.

Organização:Conteúdo:

Os tópicos da avaliação musculoesquelética incluem:

1. Histórico; 2. Observação; 3. Exame do movimento; 4. Testes especiais; 5. Reflexos e distribuição cutânea; 6. Jogo articular; 7. Palpação; 8. Exames complementares

(MAGEE, 2001).

Dentre estes tópicos, qualquer profissional da área de saúde deve ser apto a colher o histórico, fazer as observações pertinentes do trainee estático e exames de movimento, saber distinguir os diferentes tipos de dor e relacioná-los com a distribuição cutânea e ter alguma habilidade palpatória. O que não faz parte da grade curricular do curso de Educação Física, como os testes especiais, jogo articular e análise de exames complementares, tem de ser discutido juntamente com Fisioterapeutas ou Médicos.

Tópicos de avaliação

Organização:Conteúdo:

Histórico

Câncer Dor noturna persistente e/ou em qualquer lugar do corpo; perda inexplicável de peso e/ou de apetite; nódulos e fadiga injustificada

CardiovascularesDispnéia; tontura; dor ou peso no tórax; dor pulsátil no corpo; dor constante na panturrilha ou braço; alteração de cor nas extremidades; edema

Gastrintestinais e genitourinários

Dor abdominal, azia ou indigestão, Alterações vesicais e/ou no ciclo menstrual

Diversos Febre e sudorese noturna; perturbações emocionais; sinais flogísticos sem trauma; gravidez

Neurológicos Alterações de audição, equilíbrio e visão; Cefaléia; dificuldade de deglutição; desmaios; fraqueza

Quadro 1: Bandeiras Vermelhas

O histórico envolve ouvir o seu trainee! É importante que se dê ênfase a aspectos de maior relevância clínica, evitando com que ele fale coisas de pouca relevância para a identificação de seu problema. A história pregressa é fundamental para que se localize a possibilidade de doenças com componente crônico e o histórico familiar ajuda a localizar problemas com componente genético. O processo de escuta também é importante para ajudar o Profissional a localizar que tipo

de pessoa é o seu trainee, uma vez que ele pode ser poliqueixoso ou pode ser do tipo que negligencia os seus próprios sintomas. Por fim, é fundamental que o Profissional se atente às possibilidades de Bandeiras Vermelhas (Quadro 1), indicativas de situações mais graves e que necessitam de avaliação médica imediata, ou de Bandeiras Amarelas, que são indicativas de que o avaliado tem um benefício secundário no estar doente.

Organização:Conteúdo:

Histórico

• Idade: Do avaliado e a idade que ele tinha à época do primeiro episódio, caso este não seja o primeiro

• Ocupação: Para buscar uma relação de causa/efeito, então, é importante saber a postura no trabalho, se há repetitividade ou estresse excessivo no ambiente de trabalho

• Queixa principal: Muito importante, inclusive para valorizar o seu serviço, uma vez que o seu trainee só verá efetividade na intervenção que você propor caso esta queixa seja sanada

• Início e evolução dos sintomas: Este foi o primeiro episódio? O início foi insidioso ou súbito? O mecanismo de lesão envolve trauma? A quanto tempo os sintomas estão evoluindo? Pioraram?

• Localização dos sintomas: Qual a localização inicial dos sintomas? Esta localização se alterou?

• Movimentos e atividades que causam ou aliviam a dor: Esta análise é muito importante quando se faz a abordagem de coluna vertebral dentro do conceito de McKenzie (McKENZIE, 1997; McKENZIE, 1998)

A bandeira amarela, por sua vez, é identificada de maneira mais subjetiva. Normalmente envolve o trainee/paciente que obtém alguma vantagem de sua situação atual, seja apoio ou atenção dos familiares ou do Profissional que o assiste. Assim, uma característica básica é a não melhora ou a não evolução, mesmo comparecendo rotineiramente aos treinos/tratamento (MAGEE, 2010). Cyriax; Cyriax (1996) também elaboraram uma série de perguntas que ajudam a identificar as possibilidades de causas para eventuais dores. Tais perguntas envolvem:

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Histórico

• Qualidade e intensidade da dor: Pergunte sobre uma palavra que descreva a dor! Dor lancinante pode estar associada a traumas teciduais, dor em queimação a radiculopatias e dor persistente que piora com o movimento a tendinites. Peça uma descrição do local da dor, dor distal muito localizada pode envolver radiculopatias, dor difusa tende a ser referida.

• Horário do dia em que os sintomas pioram e melhoram: Lesões crônica inflamatórias tendem a ser pior pela manhã, melhorando ao longo do dia

• Presença de bloqueio ou instabilidade articular: O bloqueio pode estar associado à degeneração de estruturas intra-articulares ou a presença de corpos estranhos quando não há trauma associado. A instabilidade normalmente não é foco de dor, mas acelera processos degenerativos articulares.

• Sintomas bilaterais: caracterizam bandeira vermelha!

• Alterações de cor do membro

• Já fez algum exame complementar? Está fazendo ou fez algum tratamento, incluindo medicamentos, cirurgias ou Fisioterapia.

• Histórico familiar, principalmente de doença crônica ou crônico-degenerativa de qualquer natureza

• A partir destas respostas, o bom profissional já deve ter um diagnóstico preliminar, que deve ser confirmado ou refutado de acordo com as demais partes da avaliação.

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Observação

Ao observar o seu trainee, a primeira coisa é procurar por defeitos visíveis, lembrando que você deve relacionar estes defeitos à queixa ou ao seu objetivo principal com a atividade física. Também deve excluir a possibilidade de variações anatômicas congênitas (SALTER, 2001) e, o principal, propor um treinamento que será mais valorado pelo seu trainee, por atender à suas expectativas (BELTRÃO et al, 2002). Um olhar mais apurado poderá ajudar na localização de déficits funcionais, desalinhamentos em membros e coluna

vertebral, cicatrizes e sinais flogísticos, que envolvem dor, calor, rubor e edema locais. A expressão do trainee pode ajudar a quantificar a dor. A avaliação estática com a análise postural de vista anterior, laterais e posterior é importante devido à grande possibilidade de desalinhamentos e posições antálgicas que podem estar relacionados a desequilíbrios musculares pré-existentes, que podem vir a causar problemas ou ser a origem do problema apresentado durante a avaliação (MAGEE, 2010).

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O exame do movimento visa confirmar ou refutar as suspeitas diagnósticas, assim, independentemente de a queixa envolver os membros superiores (MMSS) ou os inferiores (MMII) este exame inicia-se com a avaliação da marcha. Durante ela, o Profissional deve atentar para a ocorrência de crepitações, estalos ou ruídos anormais ao movimento (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Os Quadros 2 e 3 apresentam um resumo das fases de apoio e de oscilação da marcha com as respectivas amplitudes de movimento (ADM) por articulação e ações musculares (MAGEE, 2010).

Exames de Movimento

Quadro 2: Fases de apoio da marcha

Legenda: GM (Glúteo Máximo); ITB (Isquiotibiais); GMed (Glúteo Médio).

Quadril Posição Ação Muscular

Choque d/ calcanhar 30o de flexão GM e ITB

Reação ao peso 25º de flexãoGM e ITB trazem o quadril para

extensão

Apoio médio NeutroIliopsoas resiste extensão. GMed

estabiliza pelve

Elevação d/ calcanhar 20º de extensão Íliopsoas

Impulsão Neutro Íliopsoas

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Joelho Posição Ação Muscular

Choque d/ calcanhar Extensão total Quadríceps

Reação ao peso 15o de flexãoQuadríceps traz fêmur sobre tíbia,

sóleo controla tíbia

Apoio médio 5o de flexão Gastrocnêmio evita recurvatum

Elevação d/ calcanhar Extensão total Gastrocnêmio flexiona o joelho

Impulsão 40o de flexão Quadríceps

Tornozelo Posição Ação Muscular

Choque d/ calcanhar Neutro Dorsiflexores

Reação ao peso 15º de flexão plantar Dorsiflexores

Apoio médio 10o de dorsiflexão Flexores plantares

Elevação d/ calcanhar Neutro Flexores plantares

Impulsão 20o de flexão plantar Flexores plantares

Exames de Movimento

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Pé Posição Ação Muscular

Choque d/ calcanhar Supinação Inversores

Reação ao peso Pronação Inversores excentricamente e eversores

Apoio médio Neutro Inversores e eversores

Elevação d/ calcanhar Supinação Inversores

Impulsão Supinação Inversores

MTF Posição

Choque d/ calcanhar 0º

Reação ao peso 0º

Apoio médio 0º

Elevação d/ calcanhar 30º de extensão

Impulsão 60º de extensão

Exames de Movimento

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Exames de Movimento

AceleraçãoOscilação

mediaDesaceleração

Quadril

Posição 20o de flexão 30o de flexão 30o de flexão

Ação muscular

Flexores de quadril, GMed

estabiliza pelve contralateral

GM controla flexão de quadril

GM e ITBs controlam flexão de quadril

Joelho

Posição 60o de flexão 30o de flexão Extensão total

Ação muscular

ITB

Quadríceps (concêntrico)

e ITB (excêntrico)

Quadríceps

Tornozelo

Posição20o de flexão

plantarNeutro Neutro

Ação muscular

Dorsiflexores Dorsiflexores Dorsiflexores

PosiçãoDiscreta pronação

Discreta supinação

Retro-pé → pronado Ante-pé → supinado

Ação muscular

Fibulares Inversores Inversores

Quadro 3: Fases de oscilação da marcha

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Alteração em qualquer uma destas fases pode causar problemas em qualquer uma das articulações de MMII, ou até mesmo na coluna (BARWICK et al, 2012). Adutores e abdutores, embora não estejam relacionados diretamente à marcha, podem causar componentes rotacionais e assimetrias no ciclo da marcha, daí a importância de também serem avaliados (CHUTER, DE LONGE, 2012). Feita a avaliação da marcha, parte-se para a avaliação da articulação foco do sintoma. Esta avaliação é muito importante, uma vez que as articulações próximas ao foco da lesão podem se encontrar com sua mobilidade diminuída (hipomóveis) ou aumentada (hipermóveis). Frisa-se que próximo a uma articulação hipomóvel, sempre haverá uma hipermóvel compensatória (MAGEE, 2010). Esta avaliação envolve movimentos ativos da articulação alvo, em que deve se observar quando e onde ocorrem os sintomas, se é ela quem causa a dor, se ela se encontra hipomóvel seja por

restrição ou limitação de sua ADM e quais são seus padrões e qualidade de movimento (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Assim, devem ser seguidos os princípios propostos por Magee (2010):

• Movimentos bilaterais, dolorosos por último, de forma a verificar se há alteração de ADM ou da qualidade do movimento

• Movimentos ativos primeiramente, seguido de movimentação passiva daquelas articulações que não perfizeram sua ADM esperada.

No âmbito da avaliação ortopédica fisioterapêutica ou médica a movimentação passiva também dá informação referente à sensação de final de movimento. Como esta avaliação pode levar à piora do quadro do avaliado, recomenda-se que caso o trainee apresente uma grande restrição de movimentação ativa, ele seja prontamente encaminhado para um Fisioterapeuta ou Ortopedista para que estes profissionais executem a movimentação passiva

Exames de Movimento

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Os movimentos isométricos resistidos podem ser executados em articulações que não apresentam a ADM ativa completa, desde que seja avaliada dentro da ADM disponível no momento da avaliação. Para a investigação de miótomos, que é o conjunto de músculos inervados por uma mesma raiz nervosa (SALTER, 2001), esta contração isométrica deve ser mantida por pelo menos 5 segundos. Cyriax; Cyriax (1996) sugerem a exploração ou triagem para a confirmação de lesões ortopédicas de início insidioso. Tal procedimento é composto por: • Ausência de histórico de trauma • Sinais radiculares, ou seja, que envolvem raízes nervosas

• Alterações de sensibilidade e motoras • Dor psicogênica • Em caso de sintomas em MMSS, a avaliação deve começar pela coluna cervical

• Em caso de sintomas em MMII, a avaliação deve começar pela coluna lombar

• Utilização de movimentos que sabidamente exacerbam os sintomas

• Avaliação de dermátomos, que é a distribuição sensitiva de cada raiz nervosa (SALTER, 2001) e de miótomos pode indicar se a dor é referida ou radicular.

A dor referida caracteriza-se por dor em local diferente daquele lesionado, tendo maior intensidade proximal do que distal e sem seguir um dermátomo específico. A dor radicular, por sua vez, tem origem em uma raiz nervosa, tendo maior intensidade distal, sendo qualificada com em queimação e seguindo um dermátomo bem definido.

Exames de Movimento

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Situações em que há acometimento de raízes nervosas, tem a dor radicular como sintoma, mas podem estar associados a lesões de nervos periféricos, com perda sensitiva combinada com perda motora. Estas lesões podem comprometer apenas um nervo (mononeuropatias) ou vários (polineuropatias) e possuem etiologia diversa que envolve traumas mecânicos, diabetes, uso abusivo de fumo ou álcool (MAGEE, 2010). Dentro da realidade do Profissional de Educação Física, a lesão que pode surgir em algum trainee é a neuropraxia, caracterizada como um bloqueio fisiológico transitório do nervo sem degeneração walleriana, causando dor, fraqueza muscular, entorpecimento, déficit proprioceptivo. Um exemplo de neuropraxia é o choque causado por um trauma mecânico sobre o canal do nervo ulnar no cotovelo. Pessoas com histórico de lombalgia ou cervicalgia severa, e com síndromes compressivas de raízes nervosas, como a síndrome do túnel do carpo,

podem estar em recuperação de axonotmese, caracterizada como lesão neuronal em que sua arquitetura se encontra preservada, com axônios danificados e degeneração walleriana. Os sintomas envolvem dor, atrofia muscular, perda de função motora, sensitiva e simpática. De acordo com a magnitude da lesão, a recuperação pode durar vários meses. A neurotmese implica na destruição da estrutura do nervo, com anestesia, ausência de função motora, sensitiva e simpática. A recuperação, neste caso, é através da reconstrução cirúrgica do nervo (SALTER, 2001). O exame dos movimentos se completa com a avaliação funcional. Esta avaliação tem o objetivo de identificar a se há restrição instalada ou se há possibilidade de o trainee vir a desenvolver um problema que o impeça de realizar suas atividades diárias ou atividade esportiva (MAGEE, 2010). Desta forma, a avaliação funcional é prerrogativa do Profissional de Educação Física!

Exames de Movimento

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Para isto, o Profissional deve ter um indicativo diagnóstico bastante preciso. Este indicativo, associado às atividades que o trainee não consegue executar, serão o guia para a prescrição da musculação profilática e/ou terapêutica. A opção pela musculação como meio de profilaxia e tratamento decorre de sua complexidade, que permite o desenvolvimento de qualidades físicas básicas essenciais para a prevenção e tratamento de lesões ortopédicas, como força, resistência e flexibilidade muscular, além de seu efeito sobre a resistência cardiovascular.

No caso de um trainee sem histórico prévio de lesões, a avaliação funcional deve envolver os membros e a coluna vertebral. A avaliação funcional de MMII já foi abordada, uma vez que a sua função primordial é a marcha. Como a função primordial dos MMSS é posicionar a mão no espaço (DÂNGELO; FATTINI, 2007), a avaliação funcional deste membro envolve a análise do ritmo escapuloumeral (Quadro 4).

Exames de Movimento

Fase 1 Fase 2 Fase 3

Úmero 30o abdução 40o abdução60º abdução 90º rotação

externa

Escápula Movimento mínimo 20o rotação 30o rotação

Clavícula 0 a 15o elevação 30 a 36o elevação 30 a 50o rotação posterior 30º elevação

Ação muscular

Neutro Deltoide médio e

supraespinhoso

Deltoide médio, adutores e elevador de escápula,

trapézio superior

Deltoide médio, adutores e elevador de escápula,

trapézio superior e rotadores externos de

ombro

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A identificação de alterações neste ritmo deve levar a exploração dos músculos envolvidos na fase em que houve a alteração. Assim, recomenda-se a execução de contrações musculares isométricas de cada um dos possivelmente envolvidos por um tempo mínimo de 5 segundos, sempre comparando o MS alterado com o contralateral (MAGEE, 2010). A avaliação funcional da coluna vertebral envolve testes de movimentos provocativos. De um modo geral, considera-se que sintomas acima do ângulo inferior da escápula envolvem a coluna cervical e, os abaixo, a coluna lombar. Dificilmente a coluna torácica é foco de dor, devido à sua grande estabilidade e pouca mobilidade (McKENZIE, 1997). No entanto, a torácica pode ser foco em indivíduos com escoliose torácica ou hipercifose torácica, havendo necessidade de sua avaliação caso estas alterações tenham sido identificadas durante a observação Para a coluna cervical, executa-se, na ordem: Movimentos rotacionais,flexão, extensão, retração, retração repetida e, caso necessário, protrusão e protrusão

repetida. A posição preferencial para a execução destes movimentos é assentada, com as costas apoiadas. Caso a dor seja muito incapacitante, a avaliação inicia-se com o avaliado em decúbito ventral, com a cervical mantida em extensão, apoiada sobre as mãos ou travesseiros. O teste de força isométrico dos músculos flexores profundos da coluna cervical também poderá ser executado para a avaliação da estabilidade desta região. Para a coluna lombar, executa-se na ordem: flexão, extensão, extensão repetida. Havendo necessidade de exploração de componente lateral, faz-se o deslocamento lateral do quadril. Havendo necessidade de exploração de componente anterior, faz-se a flexão repetida. A posição inicial desejável é em pé. Caso o avaliado apresente muita dor, faz-se a avaliação da flexão com ele em decúbito dorsal e, da extensão, em decúbito ventral. O teste de força para a coluna lombar inclui os músculos abdominais e a avaliação isométrica dos multífidos.

Exames de Movimento

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Os testes especiais têm a função de confirmar o suposto diagnóstico, fazer diagnóstico diferencial e, eventualmente, esclarecer eventos associados ao problema (SALTER, 2001). De um modo geral, eles são executados por Ortopedistas e Fisioterapeutas, com o intuito de verificar a integridade de estruturas articulares, ósseas e musculares ou de provocar os sintomas, de forma a identificar qual a sua origem. No âmbito do Profissional de Educação Física, sua maior relevância é trazer a informação de onde se encontra a lesão que causa a dor do seu trainee. Desta forma, na dúvida da origem do problema, encaminhe o seu trainee a um profissional habilitado para a execução destes testes.

Reflexos e distribuição cutânea

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A avaliação dos reflexos e distribuição cutânea busca verifica a integridade de nervos e raízes nervosas. Desta forma, eles são aplicáveis quando se verifica a presença de alterações de origem radicular. Estas alterações envolvem dor radicular e perda de sensibilidade e de força muscular em dermátomos e miótomos bem delimitados (MAGEE, 2010).

Assim, a avaliação de dor que tenha estas características pode prescindir de Ortopedista e, também, Neurologista. A necessidade deste último decorre da possibilidade de neuropatias periféricas, que podem ter início insidioso mimetizando uma radiculopatia.

Testes Especiais

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A avaliação do jogo articular envolve os movimentos acessórios das articulações. Esta avaliação é feita pelo Fisioterapeuta e visa estabelecer se a perda da ADM de uma articulação deve-se à perda de flexibilidade muscular ou de mobilidade articular (MAGEEE, 2010). O conceito básico desta avaliação envolve técnicas de mobilização articular, em que o os movimentos artrocinemáticos são executados de forma passiva em articulações que se encontram hipomóveis (MAKOFSKY; TARANTO, 2006). Assim, para que o Profissional de Educação Física entenda qual a fisiologia deste método de avaliação, é fundamental que ele entenda o conceito de movimento artrocinemático. Tal conceito é definido pela regra côncavo-convexo, derivada da mecânica das alavancas. Quando uma superfície convexa se move sobre uma superfície côncava ocorre uma translação contrária ao do movimento osteocinemático (Figura 1a). Por outro lado, quando a superfície côncava se move sobre a superfície convexa ocorre uma translação no mesmo sentido que o movimento osteocinemático (Figura 1b). A implicação clínica deste fato é que as articulações não possuem um eixo articular fixo (KALTENBORN, 2006).

Testes Especiais

Figura 1: Movimento artrocinemático e osteocinemático quando: a) Osso móvel é convexo; b) Osso móvel é côncavo.

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A palpação da região dolorosa, assim como os testes especiais, visa a confirmação diagnóstica. Nela, devem ser procurados a presença de nódulos, contraturas, sinais flogísticos (dor, calor, rubor e edema), diferenças de textura e tensão e alterações de sensibilidade. O fato da palpação ser executada apenas ao final do processo de avaliação visa evitar que ela direcione a suspeita diagnóstica (MAGEE, 2010).

Para a execução desta técnica de avaliação é fundamental que o avaliador tenha conhecimento de anatomia de superfície, de forma que possa diferenciar pelo tato o anatômico do anormal (CHAITOW, 2001).

Palpação

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Os exames complementares são aqueles necessários para a avaliação do status fisiológico, incluindo, mas não se limitando, exames de sangue, urina, fezes, líquor. Estes exames são solicitados de acordo com a percepção do médico em relação ao que pode ter originado, fisiologicamente, os sintomas do avaliado.

Além destes, os exames complementares também incluem os recursos imagenológicos necessários para que se confirme o diagnóstico do avaliado. Tais exames incluem: radiografia convencional ou associadas a técnicas especiais de preparação, contraste, ampliação ou intensificação de imagem; tomografia computadorizada; ressonância magnética; ultrassom; cintilografia; densitometria óssea. Em casos extremos, endoscopias, artroscopias e outros exames baseados em vídeos também podem ser requisitados (MAGEE, 2010)

Exames Complementares

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Referências

• BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V. The relationship between foot motion and lumbopelvic–hip function: A review of the literature. The Foot, v. 22, p. 224-231, 2012.BELTRÃO, F. B. el al. Produção em Ciência da Motricidade Humana, 2. ed. Shape, 2002

• CHAITOW, L. Técnicas de Palpação – Avaliação e diagnóstico pelo toque. Manole, 2001

• CHUTER, V. H. DE JONGE, X. A. K. J. Proximal and distal contributions to lower extremity injury: A review of the literature. Gait and Posture, v. 36, p. 7-15, 2012.

• CYRIAX, J. H. CYRIAX, P. J. Cyriax’s Illustrated Manual of Othopaedic Medicine, 3. ed. Butterworth-Heinemann, 1996.

• NORKIN, C. C. LEVANGIE, P. K. Articulação Estrutura e Função: Uma Abordagem Prática e Abrangente, 2. ed. Revinter, 2001.

• DÂNGELO, J. G. FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar, 3 ed. Atheneu, 2007.

• KALTENBORN, F. M. Manual Mobilization of the Joints: The Kaltenborn Method of Joint Examination and Treatment, 6. ed., Oslo, Norway, Norli, 2006.

• LIMA, E. Bases Organizacionais da Preparação Esportiva: Metodologia da Musculação. Personafit, 2017

• MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética, 5. ed. Manole, 2010.

• McKENZIE, R. W. Lumbar Spine, 7. ed. Spine, 1997.

• McKENZIE, R. W. Cervical Spine, 5. ed. Spine, 1998.

• SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético 3. ed. Medsi, 2001.

Organização:Conteúdo:

Renato Ramos CoelhoMestrado em Motricidade Humana e

Especialista em Fisioterapia Esportiva

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