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0 UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM ORTODONTIA CARINA ZIOLKOWSKI TAMES AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DO DISCO DA ATM ATRAVÉS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: FATORES ANATÔMICOS E CLÍNICOS SÃO PAULO 2012

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ORTODONTIA

CARINA ZIOLKOWSKI TAMES

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DO DISCO DA ATM

ATRAVÉS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:

FATORES ANATÔMICOS E CLÍNICOS

SÃO PAULO

2012

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CARINA ZIOLKOWSKI TAMES

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DO DISCO DA ATM

ATRAVÉS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:

FATORES ANATÔMICOS E CLÍNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre em Ortodontia, sob a orientação do Prof. Dr. André Luiz Ferreira Costa

SÃO PAULO 2012

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CARINA ZIOLKOWSKI TAMES

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DO DISCO DA ATM ATRAVÉS

DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: FATORES ANATÔMICOS

E CLÍNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre em Ortodontia.

Área de concentração: Odontologia

Data de defesa:

Resultado: _________________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________ ________________________________

_______________________________

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Dedicatória

À Deus, por ter permitido que eu superasse qualquer obstáculo nessa

jornada e aos meus amados pais, Jaime Tames Reinaga e Rosmari Ziolkowski

Tames, que sempre me apoiaram e incentivaram em tudo, principalmente em meus

estudos, e que sem eles, NADA seria possível.

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Agradecimentos

Aos meus pais, Jaime Tames Reinaga e Rosmari Ziolkowski Tames e

irmãos, Erik e Victor pelo amor e incentivo.

A toda equipe de professores do Mestrado em Ortodontia da UNICID,

que nos receberam de forma tão acolhedora e nos deram toda atenção e carinho

durantes os anos de ensinamento. Aos funcionários, Sheila, Cláudia e D. Linda que

fizeram parte dessa luta junto com a nossa turma e que de uma forma ou de outra,

sempre nos recebiam de forma carinhosa.

Aos meus colegas de turma, agradeço todos os momentos que estivemos

juntos nessa experiência.

Ao professor Danilo Furquim, minha enorme gratidão pela dedicação e

carinho que a mim foi prestado.

Em especial, ao meu orientador, Dr. André Luiz Ferreira Costa, fico sem

palavras para agradecer toda atenção, e seu incansável esforço e estímulo para que

eu superasse os momentos de “desespero”, e com sua calma me mostrava a melhor

forma de conduzirmos nossa pesquisa. Agradeço de coração.

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Resumo .

A disfunção temporomandibular (DTM) é uma patologia que engloba problemas clínicos musculares e articulares na área orofacial, abrangem as alterações das estruturas e funções do sistema estomatognático, entre eles da musculatura mastigatória e do complexo côndilo-disco. Neste estudo, busca-se avaliar a morfologia do disco da articulação temporomandibular, considerando os fatores anatômicos e clínicos. A imagem de ressonância magnética tem grande acuidade no diagnóstico das alterações patológicas da posição e anatomia do disco articular. Na sua configuração considerada normal, o disco se dispõe na forma de uma lente bicôncava, semelhante a uma gravata borboleta, com sua banda posterior levemente mais espessa que a banda anterior ou intermediária. A deformação propriamente dita e o grau dessa deformação do disco articular ocorrem após o deslocamento do mesmo. O grau desta deformação aumenta de acordo com o grau do deslocamento, assumindo formatos diversos. Sinais e sintomas clínicos variam e não permitem identificar o tipo de deslocamento do disco ou a sua morfologia. Palavras chave: imagem por ressonância magnética; articulação temporomandibular; disfunção temporomandibular.

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Abstract

The temporomandibular disorder (TMD) is a condition that involves muscle

and joint problems in clinical orofacial area, covering changes in the structure and functions of the stomatognathic system, including the masticatory muscles and the condyle-disc complex. This study seeks to evaluate the morphology of the temporomandibular joint disc, considering the anatomical and clinical. A magnetic resonance imaging has great accuracy in the diagnosis of pathological changes of position and anatomy of the articular disc. In its configuration as normal, the disc is available in the form of a biconcave lens, like a bow tie, with his band later slightly thicker than the previous banda or intermediate. The deformation itself and the extent of deformation of the articular disc displacement occurring after the same. The degree of deformation increases with the degree of displacement, assuming various shapes. Clinical signs and symptoms vary and do not identify the type of disc displacement or its morphology.

Keywords: magnetic resonance imaging, temporomandibular joint, temporomandibular dysfunction

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Lista de Figuras

Figura 1: disco com deslocamento anterior e deformado .................................... 11

Figura 2: disco em forma de “gravata borboleta” ................................................. 12

Figura 3: Escala da intensidade de sinal em RM. .............................................. 16

Figura 4: Esquema com as representações da classificação para morfologia

do disco articular, segundo Orhan et al. 2006 ...................................................... 21

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Sumário

RESUMO.............................................................................................................. 05

ABSTRACT .......................................................................................................... 06

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 11

3 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 24

4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 27

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1 INTRODUÇÃO

A terminologia “disfunção temporomandibular (DTM) engloba alguns

problemas clínicos relacionados à musculatura mastigatória, articulação

temporomandibular (ATM) ou ambas (PORTERO et al, 2009).

As DTMs são muito freqüentes na atualidade, em especial devido ao

estresse da vida moderna, combinado também pelo acentuado grau de maloclusão

decorrente da evolução do ser humano, que não possuem uma dieta adequada,

recorrendo muitas vezes a alimentos pastosos, o que impossibilita o

desenvolvimento adequado do Sistema Estomatognático (MATOS, 2008),

aumentando sua susceptibilidade a alterações patológicas (LOPES et al, 2012).

As desordens temporomandibulares (DTM) constituem uma síndrome que

envolve a articulação temporomandibular e/ou os músculos da mastigação (COSTA et

al. 2008). Os sinais e sintomas dessas desordens incluem ruídos articulares,

movimentos anormais da mandíbula e dor. Além do deslocamento do disco articular

na ATM, várias alterações podem envolver a cabeça da mandíbula e/ou o próprio

disco. O diagnóstico dessas desordens é um dos focos na clínica odontológica (YANG

et al, 2002).

Autores como Yang et al (2002) alegam que nas últimas décadas, o

diagnóstico por imagens da ATM tem se desenvolvido com extraordinária rapidez.

Estes avanços abrangeram a artrografia, a tomografia computadorizada, a

tomografia cone beam e as imagens por ressonância magnética (RM).

A RM é utilizada para estudo e avaliação da ATM desde o início da década

de 1980. Desde então, grande avanço tecnológico tem ocorrido neste campo,

permitindo a obtenção de imagens de melhor qualidade diagnóstica. A RM se baseia

na propriedade dos prótons de hidrogênio se comportarem como magnetos num

campo magnético influenciado por ondas de radiofrequência. É um exame não-

invasivo, sem uso de radiação ionizante e, além disso, proporciona imagens

multiplanares de alta precisão dos tecidos duros e moles (PELLIZONI et al, 2006).

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A RM da ATM fornece informações essenciais sobre a posição do disco.

Quanto mais intenso for o sinal emitido pelo tecido, o que é denominado hipersinal,

mais clara fica a imagem (LIEBERMAN, 1996). Ainda fornece informações sobre a

estrutura do disco articular, a quantidade de fluido sinovial, a condição do tecido

ósseo cortical, medular e do tecido retrodiscal (SENER et al, 2004).

Assim, a RM é considerada o exame padrão ouro no diagnóstico das

alterações do disco articular, seu posicionamento e avaliação das condições dos

tecidos musculares e ligamentos deste complexo articular (LARHEIM et al, 2005).

O objetivo desse trabalho é descrever a morfologia do disco articular, em

imagens por RM, e a influência dos desarranjos internos sobre sua anatomia.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A RM é o método de eleição para avaliar a forma do disco. A forma

bicôncava (formato semelhante ao de uma “gravata borboleta”), na qual a banda

posterior é mais espessa que a anterior é considerada normal. O aumento da banda

posterior, as formas bicôncava reversa, biplanar e biconvexa são todas

consideradas deformações (Fig. 1). A deformação mais comum é o espessamento

da banda posterior, que também tem sido considerada sinal de disfunção em estágio

inicial (MILANO et al, 2000). O deslocamento e/ou deformação do disco são os

maiores parâmetros que determinam a conduta terapêutica (KATZBERG;

WESTENSSON, 1993).

Figura 1: disco com deslocamento anterior e deformado

Fonte: Costa (2008).

Katzberg et al (1985) realizaram exame por ressonância magnética em dois

pacientes assintomáticos e descreveram as características das imagens das

articulações utilizando imagens ponderadas em T1, que pode-se observar água e

gordura. Em condições normais, o disco fibrocartilaginoso apresenta a forma de uma

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lente bicôncava com as bandas anterior e posterior espessas e uma porção central

delgada. A banda posterior encontra-se na posição de doze horas em relação à

cabeça do côndilo. O limite entre a banda posterior e a zona bilaminar é claramente

visto. Segundo os autores tal demarcação deve-se em parte ao conteúdo de gordura

e água existente na zona bilaminar.

Figura 2: disco em forma de “gravata borboleta”

Fonte: Costa (2008).

Schellhas et al, em 1988, relatam que a RM é o melhor método não invasivo

de estudo da ATM, determinando o reconhecimento anatômico normal, bem como,

de líquidos, tecido inflamatório intra e extra-articular e anormalidades morfológicas

dos disco articular.

Hasso et al (1990) descrevem que as imagens em T1 são as mais

recomendadas para a demonstração da anatomia da ATM. Nestas imagens a

cortical óssea mostra-se como uma imagem bem escura, o osso medular bem como

o tecido gorduroso apresenta-se quase brancos. O disco articular mostra-se também

escuro, porém em tom de cinza. Os músculos aparecem cinza, mais claro que o tom

de cinza emitido pelo disco. Segundo os autores, o fato destes apresentarem sinal

intermediário de intensidade, permite que possam ser diferenciados da imagem

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apresentada pelo disco articular, uma vez que este produz baixo sinal de

intensidade.

Drace et al, em 1990, fizeram um trabalho utilizando imagens por RM para

identificação do disco articular e da zona bilaminar. Foram realizados cortes sagitais

de seis espécimes em aparelho de 1,5 T e utilizadas várias combinações de

protocolos de TR e TE. As imagens adquiridas foram, então, comparadas com os

respectivos cortes histológicos para identificação das características teciduais e da

estrutura anatômica. As imagens foram ainda comparadas com as imagens in vivo

de 100 ATMs. O estudo comparativo revelou expressiva correlação entre as

imagens in vitro e in vivo de modo que verificaram que a linha vertical de baixo sinal

vista anteriormente ás duas lâminas da zona bilaminar provavelmente corresponde à

demarcação da junção da banda posterior do disco com a zona bilaminar. Em 53

casos, a banda posterior do disco apresentou sinal de moderado a intenso,

enquanto que os 47 casos remanescentes a banda posterior mostrou sinal de baixo

a moderado. Foi possível visualizar em algumas imagens de ATMs anormais a

distinção entre a margem posterior da banda posterior e a imagem brilhante de sua

porção central, mesmo quando o limite entre a margem posterior da banda posterior

e a zona bilaminar não estava claro. Os autores explicam que a falta de

diferenciação entre as estruturas acima citadas deve-se à diminuição do sinal

emitido pela parte anterior da zona bilaminar. Os autores mencionam para o fato de

que as imagens de baixo sinal produzidas pelas margens superior e inferior da

banda posterior do disco podem ser facilmente confundidas com a continuação

anterior das duas lâminas retrodiscais que também produzem baixo sinal de

intensidade.

Milbauer, em 1991, propôs uma classificação para a configuração do disco.

De acordo com os pesquisadores, nos deslocamentos de disco sem redução, o

mesmo flexiona-se a partir da porção intermediária do disco, com o vértice da

curvatura voltada para cima. A correlação desta configuração com a ausência de

redução do disco foi feita em função da associação de tal configuração com alguns

sinais e sintomas clínicos como ausência de emissão de sons, presença de dor,

restrição de abertura bucal e aumento da extensão do deslocamento anterior do

disco, característicos da fase inicial do deslocamento do disco sem redução.

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Para demonstrar a posição do disco e sua morfologia, Dijkgraaf (1992)

avaliou reconstruções tridimensionais seccionais que foram feitas em 20 espécimes.

O único critério de inclusão para seleção foi a presença de uma oclusão distinta.

Posição normal do disco foi encontrada em 13 articulações, posição anterior parcial

do disco foi achado em 5 e posição completa anterior foi vista em 2 articulações.

Sobre a morfologia, foram encontradas em 15 articulações a forma bicôncava e 5

discos com formato deformado.

As alterações de sinais nas ressonâncias magnéticas são perceptíveis e

identificadas como alterações vasculares por inflamação, edema intra-articular ou

degenerações de disco. A presença de sinais nos espaços articulares foi descrita

quando havia pelo menos uma área de hiper-sinal (WESTENSSON et al, 1992).

Murakami et al, em 1993, avaliaram por meio da RM, o posicionamento do

disco articular e sua morfologia num total de 546 ATMs, estudadas em um grupo

com 273 pacientes com idades entre 10 e 72 anos com diagnóstico clínico para

DTM. Os formatos dos discos foram caracterizados como bicôncavos; biplanares;

hemiconvexos; biconvexos; dobrados. Os autores demonstraram que havia grande

porcentagem de discos (90-97%) com deslocamento anterior com redução e que

havia 70% de deslocamento de disco sem redução; também se encontrou severas

distorções nas formas do disco, mostrando que as deformações ocorrem após o

deslocamento do disco.

Katzberg; Westensson (1993) descrevem que o disco apresenta a

configuração de uma "gravata borboleta" quando da máxima abertura bucal. A

inserção posterior do disco mostra um sinal hiperintenso em decorrência da rica

composição de tecido gorduroso. O autor também cita a existência de uma pequena

região de sinal hiperintenso na banda posterior do disco cuja imagem é referida

como sendo em decorrência da deposição de mucina nessa região.

De Leeuw et al (1995) avaliaram ATMs, após trinta anos a configuração do

disco articular e seu deslocamento. Foram adquiridas imagens em TI no plano

sagital de 55 articulações. Os resultados da pesquisa demonstraram que nos

deslocamentos com redução o disco não mostrou alteração de forma, ou seja,

apresentaram a forma bicôncava com a abertura bucal. Em apenas cinco

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articulações, o disco desviou-se da forma bicôncava nas imagens sagitais de boca

fechada, embora nas imagens sagitais de boca aberta o disco retomou a

configuração normal de "gravata borboleta". Além disso, concluíram que o grau de

deformação do disco está relacionado com o grau de deslocamento anterior do

disco.

Tasaki et al, em 1996, propuseram um sistema de classificação para o

deslocamento do disco articular em pacientes com DTM e em voluntários normais.

Foram incluídos ao estudo 243 indivíduos com DTM e 57 indivíduos normais,

portanto foram analisadas 600 ATM. A idade do grupo com DTM variou dos 10 aos

81 anos, com idade média de 31 anos. O grupo controle apresentou indivíduos dos

19 aos 46 anos, com idade média de 26,5 anos. Foram avaliadas ATM de cadáveres

dos 55 aos 96 anos, com idade média de 80 anos. Além disso, a forma do disco foi

analisada, sendo subdividida em: espessamento da banda posterior, forma

bicôncava reversa, forma biplanar e biconvexa. Notou-se que a distribuição dos

deslocamentos de disco unilaterais e bilaterais foi significantemente mais prevalente

nos pacientes com DTM do que nos indivíduos normais. Foi encontrado que, em 57

indivíduos normais 40 (70,2%) apresentavam posição normal; 10 (17,5%) com

deslocamento unilateral; do disco, e 7 (12,3%) com deslocamento bilateral. O

deslocamento de disco para anterolateral foi o tipo mais frequente no grupo normal.

Observaram que, no grupo com DTM de 234 pacientes, 44 (18,1%) apresentavam

posição normal do disco; 58 (23,9%) com deslocamento unilateral e 141 (58,0%)

com deslocamento bilateral. O deslocamento de disco para anterolateral e para

anterior foram os tipos mais frequentes no grupo com DTM. A deformação mais

frequente do disco era a forma biplanar, sendo a menos frequente o espessamento

da banda posterior do mesmo.

As alterações nos tons de cinza da imagem por ressonância magnética são

descritas em termos de intensidade do sinal. Tecidos que possui um pequeno

conteúdo de água e/ou gordura, aparecerá como áreas mais escuras ou

hipointensas ou com baixa intensidade de sinal (ex. cortical óssea). Tecidos ricos em

água e/ou gordura (ex. medula óssea) aparecerão com um sinal intenso ou

hipersinal, ou seja, mais esbranquiçados ou brilhantes (Fig. 3) (RIBEIRO, 1996).

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Figura 3: Escala da intensidade de sinal em RM. As alterações nos tons de cinzas da imagem por RM são descritas em termos de intensidade de sinal. Os tecidos que possuem pouca água e/ou gordura, irão aparecer como áreas mais escuras ou hipointensas ou com baixa intensidade de sinal (ex. cortical óssea). Tecidos ricos em água e/ou gordura (ex. medula óssea) aparecerão com um sinal intenso ou hipersinal, mais esbranquiçados ou brilhantes.

Fonte: Costa (2008).

Cholitgul et al (1997), estudaram os achados clínicos e por imagens de RM

de oitenta e oito articulações em 51 pacientes que apresentavam deslocamento de

disco articular. Foram analisadas as condições clínicas sugestivas de deslocamento

unilateral e/ou bilateral dos discos com ênfase para a sintomatologia de dor articular;

dor muscular e intercorrências oclusais. Verificou-se a associação com as imagens

definido o tipo de deslocamento e sua forma. As articulações são avaliadas

unilateralmente, as quais podem ser classificadas com formatos de discos diferentes

uma de cada lado.

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Os autores encontraram uma maior ocorrência de deslocamento anterior do

disco com 70 casos, tendo somente 13 casos de deslocamento rotacional e apenas

5 articulações com deslocamento lateral de disco. Foram encontrados

deslocamentos com redução nas seguintes formas 36 discos bicôncavos; 3

deformados; 33 arredondados. Com deslocamento sem redução foram encontrados:

19 bicôncavos; 12 deformados; 20 arredondados. Westensson et al (1998)

realizaram um estudo para descrever as características das imagens por

ressonância magnética de 35 ATMs que apresentavam deslocamento posterior do

disco. Foram analisadas imagens sagitais e coronais oblíquas com boca fechada e

imagens sagitais oblíquas com boca aberta em imagens ponderadas em T2 e por

densidade de prótons. Os resultados mostraram que no deslocamento posterior do

disco, o mesmo ou a maior parte desse situava-se posteriormente à proeminência

superior do côndilo. Foram observadas três categorias de deslocamento posterior do

disco. Na primeira categoria relatada, 26 ATMs mostravam o disco como uma

delgada faixa de tecido achatada, no topo do côndilo, que se estendia

posteriormente entre a superfície posterior do côndilo e a fossa glenóide. Em

associação à este tipo de deslocamento foi observado um componente medial com

maior freqüência. Na segunda categoria relatada, três ATMs mostravam o

deslocamento de todo o disco posteriormente ao côndilo nas imagens de boca

fechada. Na abertura bucal foi observada uma faixa de tecido conectando o disco

posteriormente deslocado à cápsula articular anterior. Segundo os autores, tal tecido

representa o ligamento anterior do disco que possivelmente sofreu mudanças

fibróticas. Nestas imagens foi também observada uma depressão na parede

posterior do côndilo que caracterizava a natureza crônica do deslocamento do disco.

Na terceira e última categoria, três ATMs mostraram uma perfuração central do

disco, sendo que a porção maior do disco segmentado estava localizada atrás do

côndilo e a porção menor à frente do côndilo.

Sato et al em 1999, estudaram através da RM, as ATMS de 21 pacientes

com deslocamento de disco sem redução sem receber tratamento por 12 meses.

Identificaram em um intervalo de 12 a 80 meses, por meio de RM, que os discos não

foram recapturados sem algum tipo de intervenção, mas continuaram com seu

processo natural de deformação, todavia, os sinais e sintomas clínicos foram

aliviados. Em geral, o primeiro estágio de deformação, é o espessamento da banda

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posterior do disco. A próxima etapa é quando a banda posterior também aumenta

em comprimento ântero-posterior, originando uma forma biconvexa.

Yoshida et al, em 2000, pesquisaram a correlação entre a deformação do

disco articular durante a abertura de boca com os sinais e os sintomas clínicos em

pacientes com deslocamento anterior do disco, assim como com outros achados nas

imagens por ressonância magnética, como a extensão do deslocamento anterior e a

presença de redução do disco. A pesquisa, por meio de RM pseudodinâmicas,

demonstrou que o disco ficou comprimido entre o músculo temporal e o côndilo

quando do movimento de translação condilar, resultando em dois tipos de flexão do

disco a partir da zona intermediária em direção à banda posterior do disco - flexão

cujo vértice está dirigido para cima e flexão cujo vértice está dirigido para baixo.

Em 2001, Emshoff et al investigaram em pacientes com dor na ATM, se essa

variável poderia estar ligada a achados por imagem de ressonância magnética em

desarranjos internos. O estudo foi feito com 163 pacientes com dor

temporomandibular. O critério de inclusão era a dor na ATM e presença de dor uni

ou bilateral durante a palpação, durante função e/ou durante abertura ou não

abertura da boca. As imagens foram avaliadas em cortes sagitais e coronais que

foram obtidas para estabelecer uma prevalência de tipos de desarranjos internos na

ATM. As analises das informações revelaram a presença de dor na ATM

significativamente maior com diagnostico de desarranjo interno do que ausência de

desarranjo e deslocamento de disco sem redução do que com redução.

Taskaya-Yilmaz et. al, em 2001, estudaram 72 pacientes com desarranjo

interno de ATM, através de exame clínico e por imagem de RM. Das ATMs

analisadas, 41.35% dos discos não tinham nenhuma alteração na forma do disco;

18% eram dobrados; 19.55% eram alongados; 9.77% arredondados; 7.51%

biconvexos e 3.75% tinham a banda posterior espessa. Os autores concluíram que

as mudanças degenerativas do disco são influenciadas pelo grau e tipo de

deslocamento de disco. Quanto mais avançado o deslocamento de disco, mais

deteriorado a configuração do disco.

Pellizoni et al (2006) avaliaram a posição e a forma do disco articular da

ATM em jovens que apresentavam mordida cruzada unilateral (MCU), por meio de

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RM. Os jovens estavam na fase da dentadura mista e tinham de 6 a 12 anos de

idade. O grupo de pacientes apresentava 9 meninas e 6 meninos com idade média

de 9,3 anos e todos foram diagnosticados com presença de MCU (7 direita e 8

esquerda), entretanto, os pacientes não foram divididos em grupos quanto à má

oclusão. O grupo controle (GC) apresentava 16 jovens com oclusão normal. Todos

os jovens passaram por exames intrabucal, extrabucal e funcional. O exame

intrabucal e a análise de modelos determinaram a morfologia oclusal e a mordida

cruzada. Para a investigação da presença de DTM, foi usado o “Critério de

Diagnóstico em Pesquisa” (Research Diagnostic Criteria - RDC/TMD), descrito por

Dworkin e LeResche (1992). Todos os jovens obtiveram exames das ATM direita e

esquerda com vista frontal e sagital com boca fechada e aberta no sistema de

imagem 1.5T Signa LX 9.1 (General Electric, Medical Systems, Milwaukee, Wisc).

Os parâmetros das imagens sagitais obtidas por densidade de prótons foram: TR:

300 ms; TE: 12.1 ms; NEX: 2; FOV: 14 cm. Houve um tempo de escaneamento das

imagens de 47 segundos para boca fechada e aberta. Localizadores iniciais (TR:

300 ms; TE: 8 ms; NEX: 1; FOV: 24 cm; matriz: 256 x 128 pixels) foram usados para

as imagens no plano sagital. Os discos articulares foram examinados em relação à

posição anteroposterior, lateromedial e à sua configuração. As imagens foram

avaliadas por três examinadores. O diagnóstico foi realizado quando havia

concordância entre 2 examinadores. Quando este não acontecia, havia um

consenso entre eles. A classificação da posição anterosuperior do disco articular em

relação à cabeça da mandíbula usada seguiu os critérios de Murakami et al (1993).

Em relação à classificação da forma do disco, foi considerada normal a morfologia

bicôncava. As outras foram determinadas como alteradas. Oito pacientes

apresentaram mordidas cruzadas do lado esquerdo e sete do lado direito. Não foram

achados aspectos no disco articular, estatisticamente significantes, em relação à

normalidade ou anormalidade ou quanto ao lado direito ou esquerdo relacionado ao

lado da mordida cruzada presente. Um total de 30 ATM foi analisado no grupo dos

pacientes. Foi observado que: 28 discos (93,3%) apresentavam sua banda posterior

no compartimento A (posição normal) no exame de boca fechada; 1 disco (3,3%)

estava no compartimento C (parcialmente deslocado para anterior); 1 disco (3,3%)

no compartimento D (totalmente deslocado, na ATM do mesmo lado da presença da

mordida cruzada). Em relação ao exame feito com abertura de boca, todos os discos

que haviam sido diagnosticados nos compartimentos A e C (96,7%) apresentaram

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posição SR (posição normal). Somente 1 disco (3,3%) apresentou deslocamento

total na região WO (posição alterada) indicando a não redução do disco para a

posição normal. Em relação à forma, 24 discos (80%), apresentaram forma

bicôncava (normal), 4 discos (13,3%) biplanar e 1 disco hemicôncavo. Foram

examinadas, no GC, 32 ATM. Foram observados 31 discos (96,9%) funcionalmente

normais, no compartimento A (boca fechada) e em SR boca aberta). Apenas 26

discos (81,3 %) apresentavam forma bicôncava. Foi encontrado 1 disco (3,1%) com

deslocamento anterior, 5 discos biplanares (15,6%) e 1 disco (3,1%) hemicôncavo.

Em relação à vista frontal, houve apenas 1 caso.

Ohnuki et al (2006) avaliaram as mudanças na posição do disco, mobilidade

e morfologia em pacientes com desordens temporomandibulares em resposta a

quatro diferentes tratamentos como tratamento ortodôntico, tratamento por pumping

manipulation, artrocentese e cirurgia artroscópica usando ressonância magnética.

Obtiveram como resultado que todos os discos que mostraram um deslocamento

anterior sem redução antes do tratamento, somente 10% das articulações passaram

para deslocamento anterior com redução, apos tratamento e as demais ficaram com

deslocamento anterior sem redução apesar do tratamento. Discos tratados com

cirurgia artroscópica foram localizados mais anteriormente comparados com a sua

posição anterior ao tratamento. No pré tratamento, a média de disco com travamento

aumentou conforme o tratamento avançou. No pós tratamento, todas as articulações

temporomandibulares tiveram movimentos de disco. A deformidade do disco

avançou apos a artrocentese e cirurgia artroscópica.

Orhan et al (2006) analisaram a correção da intensidade do sinal das

variações da sensibilidade da RM no disco articular da ATM para comparar as

alterações nas mudanças do sinal na banda anterior e posterior do disco articular e

avaliaram a relação da intensidade do sinal, em relação à posição alterada do disco

e à sua morfologia. Foram incluídos ao estudo, 45 pacientes adultos, com queixa de

dor próximo às ATM, com alteração na função mandibular, limitação ou desvio, e

com presença de sons articulares. Os critérios da exclusão foram doenças

sistêmicas, deformidades dentofaciais, trauma na maxila, cirurgia precedente nas

ATM e injeção de corticóide precedente nas ATM. Realizaram-se imagens nos

planos axial, coronal e sagital em boca fechada, parcialmente aberta e em abertura

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máxima. Foram encontradas 37 ATM normais, 12 com DDCR, 32 com deslocamento

de disco sem redução (DDSR) e 9 com deslocamento parcial de disco com redução

(DPDCR). Os resultados demonstraram que a intensidade do sinal foi maior na

banda posterior quando comparada com a anterior. Também foi possível analisar

que a intensidade do sinal aumentou significantemente na seguinte ordem: normal,

DPDCR, DDCR, DDSR. Entretanto, não houve diferença significante entre as

bandas anterior e posterior. A forma bicôncava foi a mais encontrada nas ATM

normais. Foi demonstrado que a intensidade da banda posterior aumentou com o

progresso do desarranjo interno da ATM. Esta porção também apresentou

intensidade de sinal maior que a banda anterior. Isto aparenta que a degeneração

do disco articular se inicia na banda posterior do disco.

Figura 4: Esquema com as representações da classificação para morfologia do disco articular, segundo Orhan et al (2006).

a. Bicôncavo b. Alongado

c. Biconvexo d. Redondo

e. Dobrado f. Banda posterior espessa

Fonte: Orhan et al (2006).

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Com o objetivo de avaliar a morfologia da eminência e a configuração e a

posição do disco da articulação ATM, Hirata et al., em 2007, investigaram pacientes

com deslocamento de disco. Foram analisadas imagens por ressonância magnética

da ATM de 14 pacientes com deslocamento de disco bilateral, sem redução

unilateral. A morfologia da eminência articular foi caracterizada como caixa,

sigmóide, aplainada e deformada. A configuração do disco articular foi dividida em

bicôncava, biplanar, biconvexa, hemiconvexa e dobrada e a sua posição em "a"

(superior), "b" (ântero-superior), "c" (anterior) e "d" (ântero-inferior). As imagens

foram divididas e comparadas entre o lado com deslocamento de disco com redução

(DDCR) e o lado sem redução (DDSR). Quanto à forma da eminência articular, a

forma sigmóide foi a mais incidente, seguida da caixa, no lado com DDCR, embora

esta diferença não tenha sido estatisticamente significante. No lado com DDSR, a

forma aplainada foi a mais freqüente (p = 0,041). Na configuração do disco, a forma

bicôncava foi observada em 79% dos casos de DDCR (p = 0,001) e a dobrada em

43% dos casos de DDSR (p = 0,008). Em relação à posição do disco, a posição "b"

(ântero-superior) foi a mais freqüente no lado com DDCR (p = 0,001), enquanto que

no lado com DDSR, foi a "d" (ântero-inferior) (p = 0,001). O lado do paciente com

alteração na configuração do disco e uma forma menor da eminência articular da

ATM parece ter mais chance de desenvolver o deslocamento do disco sem redução

quando comparado ao outro lado.

Em um estudo retrospectivo, Arslan et al (2009), examinaram 504 ATMs de

252 pacientes sintomáticos que haviam sido submetidos ao exame bilateral da ATM

pela RM em quatro diferentes faculdades de odontologia. A análise de imagem

incluiu a avaliação da posição do disco e morfologia, e recapturado nos planos

coronal e sagital nas posições de boca fechada e aberta. Deslocamento de disco e

com morfologia anormal foram detectados em 69,5% da ATM sintomática dos

pacientes. Quanto ao tipo de morfologia do disco, o alargamento na posterior banda

foi a mais comumente encontrado e observada em 152 ATMs.

Cai et al (2011), quantificaram as mudanças na posição do disco em relação

ao côndilo, comprimento do disco e altura condilar através de ressonância

magnética em pacientes com desvio anterior de disco que não receberam

tratamento para poder fornecer informações mais fidedignas. A idade media desses

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pacientes na primeira visita foi de 30.4 anos. O intervalo foi de 10.9 meses. Trinta e

nove articulações foram avaliadas como tendo deslocamento de disco com redução

na visita inicial. Dessas articulações, 27 mudaram para deslocamento de disco sem

redução apos seguimento. A posição media do disco relativa ao côndilo mudou de

5.28mm para 6.73mm. Enquanto que o comprimento médio do disco mudou de 8.31

para 6.91mm e a altura media condilar de 5.21 para 4.65mm. As diferenças foram

estatisticamente significativas. O disco articular tornou-se progressivamente

deformado.

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3 DISCUSSÃO

Segundo Hasso et al (1990) e Milbauer (1991), o disco da ATM aparece em

imagens ponderadas em TI, como sendo uma estrutura uniformemente hipointensa,

ou seja, que emite um sinal de baixa intensidade e que assim sendo, mostra-se

como uma imagem escura. Em 1990, Drace et al. ao analisarem as imagens do

disco obtidas em TI, descrevem a porção central da banda posterior como sendo

uma região de sinal hiperintenso, definida pelas margens superior, inferior e

posterior hipointensas. A banda anterior e a zona intermediária do disco revelam-se

como áreas hipointensas. Os autores também fizeram aquisição de imagens

ponderadas em T2 e ao contrário das imagens ponderadas em TI, a banda posterior

mostrou-se uniformemente hipointensa, sem qualquer contraste entre a porção

central da banda posterior com as suas margens e demais partes do disco articular.

Katzberg & Westensson (1993) citam que, com a boca fechada, a média de

volume existente entre a superfície condilar, disco e fossa mandibular dificulta a

localização da banda posterior. Ainda os autores acreditam que o grau de

deformação do disco está associado com o grau de deslocamento anterior, e assim

que o disco retornar a sua posição ântero-superior sobre a cabeça do côndilo na

abertura bucal, não haverá deformação na forma do disco mesmo que essa situação

perdure por mais de trinta anos

Conforme Leeuw et al (1995), nos deslocamentos com redução, a maioria

dos discos apresentou a configuração normal com um formato semelhante ao de

uma gravata borboleta nos cortes sagitais com a boca aberta, sendo que alguns

discos mostraram alteração de forma com a boca fechada, mas depois adquiriram a

forma normal bicôncava quando da abertura bucal. Assim, os autores relataram que

as alterações na morfologia do disco seriam mais bem ressaltadas nas imagens

sagitais de boca aberta. Cholitgul et al. em 1997 também notaram que a forma do

disco se relacionava com o tipo de deslocamento, mas não souberam determinar a

influência do desarranjo interno no grau da deformação discal.

Westensson et al (1998), Sato et al em 1999, Westensson et al (1998)

observaram que a deformação do disco articular continua nas ATMs que possuem

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deslocamento do disco sem redução e desaparece naquelas com deslocamento do

disco com redução.

Carter (2001) concorda com os trabalhos anteriores, ressaltando que

estudos clínicos e por imagem devem ser realizados para avaliar quanto tempo leva

para o deslocamento deformar o disco.

Pertes & Attanasio (1991) acrescenta que a não redução resulta de uma

deformação constante do disco em combinação com o estiramento dos ligamentos

discais e a perda da tensão da inserção posterior do disco. Afirmação confirmada

por Taskaya-Yilmaz et al, em 2001.

Pellizoni et al (2006), percebem que o deslocamento do disco e sua

deformação estavam relacionados com o tipo de mordida cruzada em adolescentes,

levantando a influência da maloclusão na disfunção da ATM. Em 2006, também,

Ohnuki et al estudando pacientes submetidos a diferentes tratamentos ortodônticos

notaram que a deformação do disco variava conforme o tratamento, concordando

com a mesma hipótese.

Emshoff e colaboradores (2001) confirmaram o conceito biológico da relação

disco-côndilo como diagnóstico próximo em pacientes com sinais e sintomas de dor

na articulação temporomandibular, sugerindo que a variável clinica de dor e imagem

diagnostica pode ter um efeito significativo na prevalência de imagem diagnostica

por RM no desarranjo interno e indicando a necessidade de uma classificação da

forma dos disco.

Assim, em 2006, Orhan et al elaboram uma classificação da forma

anatômica do disco articular avaliando o grau de deslocamento do disco.

Correlacionando com emissão de sons, presença de dor, restrição de abertura bucal

e aumento da extensão do deslocamento anterior do disco, característicos da fase

inicial do deslocamento do disco sem redução.

Cai (2011) concluiu que é ainda necessário um estudo de longa duração

avaliando se gênero, idade e doença influenciam a progressão da deformidade do

disco.

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4 CONCLUSÃO

De acordo com a revisão da literatura e a discussão, podemos concluir que o

disco articular produz um sinal hipointenso, mostrando-se nas imagens por

ressonância magnética, como uma região escura, com a tonalidade cinza escuro.

Dependendo da resolução espacial das imagens, a porção central da banda

posterior pode emitir um sinal mais intenso, revelando-se como uma região mais

clara, num tom de cinza claro.

No tocante à configuração normal do disco articular, considera-se normal

quando o disco mostra a forma de uma lente bicôncava, semelhante a uma gravata

borboleta, de modo que a banda posterior mostre-se mais espessa que a banda

anterior e a porção intermediária apresente-se fina.

Há alguns sinais clínicos que caracterizam a fase inicial do deslocamento de

disco sem redução, como restrição da abertura bucal, presença de dor, aumento da

extensão do deslocamento anterior do disco e ausência de emissão de sons pela

articulação.

A deformação do disco articular ocorre após o deslocamento do disco, e o

grau dessa deformação aumenta conforme o grau do deslocamento.

Os sinais e sintomas clínicos não permitem identificar previamente o tipo de

deslocamento de disco ou sua morfologia, porém muitos estudos mostram que a

maior alteração de disco ocorre nos deslocamentos de disco sem redução.

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