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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015
AVALIAÇÃO DO USO DAS TERRAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
BODOCONGÓ.
ADEMIR MONTES FERREIRA
1,
(*) JOÃO MIGUEL DE MORAES NETO
2, MARIA DE FÁTIMA
FERNANDES3, KEVIANE PEREIRA ARAGÃO
4, MIGUEL JOSÉ DA SILVA
5
1Dr. Prof. Eng. Civil. UFCG. Campina Grande-PB; Fone: (83) 3335.1850. [email protected] 2Dr. Prof. Eng. Agricola. UFCG. Campina Grande-PB; Fone: (83) 2101.1045. [email protected]
3Dr
a. Eng. Área. UFCG. Campina Grande-PB; Fone: (83) 2101.1190. [email protected]
4Engenharia Agricola, UFCG. Campina Grande-PB; Fone: (83) 2101.1045. [email protected]
5MSc. Eng. Área. UFCG. Campina Grande-PB; Fone: (83) 2101.1159. [email protected]
Universidade Federal de Campina Grande
Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58109-970, Campina Grande-PB
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo estudar o uso das terras na bacia hidrográfica do rio
Bodocongó cuja área engloba total ou parcialmente os municípios de Campina Grande, Puxinanã e
Montadas. Para o estudo foram utilizadas técnicas de geoprocessamento e processamento digital de
imagens de satélite, tendo como recorte o período de 1989, 2007 e 2014. A análise comparativa das
classes de uso das terras aponta que ocorreu um incremento de 1,29 km2 para a classe de vegetação
densa e para as áreas de solo exposto de 4,92 km2.
PALAVRAS-CHAVE: Uso das terras, bacia hidrográfica, processamento digital.
USE OF EVALUATION OF LAND OF THE RIVER BASIN OF RIO BODOCONGÓ.
ABSTRACT: This work aimed to study land use in the hydrographic basin of the river Bodocongó
whose area includes all or part of the municipalities of Campina Grande, Puxinanã and Mounted. For
the study we used GIS techniques and digital processing of satellite images, with the clipping from
1989, 2007 and 2014. The comparative analysis of land use classes shows that there was an increase of
1.29 km2 for the class dense foliage and the soil exposed areas of 4.92 km
2.
KEYWORDS: Land use, hydrographic basin, digital processing.
INTRODUÇÃO: A Lei 12.651, promulgada em 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa, estabelecendo "normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação
Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios
florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos" (BRASIL,
2012). O sistema de Leis que forma o conjunto normativo é apontado pelos especialistas como sendo
bastante eficiente e atualizado no que tange à conservação e proteção ambiental, havendo, entretanto,
críticas quanto à sua implementação e quanto à fiscalização de seu cumprimento.
Segundo Brito (2011), o riacho Bodocongó corta o município de Campina Grande no sentido
norte/sul, com suas nascentes nas proximidades do município de Montadas a uma altitude, em torno,
de 750 metros, estando represado a uma altitude de 650 metros nas proximidades do bairro da
Catingueira na confluência com o Riacho do Prado, apresentando um desnível de 150 metros da
nascente até a confluência com o riacho do Prado no Bairro da Catingueira, depois de desenvolver
uma trajetória, em torno, de 25 km, percorridos em áreas rurais e urbanas.
A ANA (2013) aponta que o desmatamento interfere no ciclo hidrológico, tendo em vista que a
ausência da cobertura vegetal provoca redução da infiltração da água no solo, aumentando o
escoamento superficial, afetando assim a dinâmica fluvial, ocorrendo também uma redução do
abastecimento dos lençóis freáticos. Destaca ainda, que a perda do solo, em função do desmatamento,
aumenta a probabilidade de ocorrência de eventos extremos como inundações, queda de barreiras e
provoca o assoreamento dos rios em função do carreamento de sedimentos.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido usando imagens TM/Landsat-5, com datas
de passagens em: 08 de agosto de 1989 e 18 de agosto de 2007 e Landsat-8, com passagem em 26 de
abril de 2014, órbita 214, ponto 64. Durante a geração dos mapas de Uso das Terras, foram aplicados
os seguintes procedimentos às imagens: Pré-processamento, Técnicas de Realce, Classificação de
imagens, Operações aritméticas - razão entre bandas - IVDN (Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada), Composição multiespectral ajustada (CMA - (b3 + IVDN + b1), Operação
Segmentação de imagem, Classificação de padrões das imagens IVDN e, por último a Editoração dos
mapas temáticos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: O mapa digital das Classes de uso das terras da bacia hidrográfica
do rio Bodocongó foi elaborado a partir de imagens TM-Landsat 5 e Landsat-8, processadas no
SPRING 5.1.5., e, com o auxilio dos dados obtidos, no trabalho de campo, permitiu avaliar o
incremento positivo e/ou negativo das classes de uso das terras entre os anos de 1989, 2007 e
2014(Figura 1. A, B e C).
Figura 1 - Mapa Digital das Classes de Uso das Terras. Bacia Hidrográfica do rio Bodocongó: A)
1987, B) 2007 e C) 2014.
A análise das classes de uso das terras, entre os anos de 1989 e 2007, aponta um aumento para
a classe de vegetação densa de 1,2 km2, entretanto, entre os anos de 2007 e 2014, ocorreu diminuição
de 1,9 km2, a classe de uso classificada como semidensa apresentou um crescimento considerável
entre os anos de 1989 e 2007 com uma drástica redução para o ano de 2014. As áreas ocupadas por
culturas agrícolas apresentam uma diminuição ao longo dos anos considerados, ocorrendo uma
inversão de algumas áreas antes destinadas à agricultura sendo, atualmente transformadas em áreas de
pastagens. Importante observar o incremento positivo ocorrido para as áreas de solos expostos.
As áreas classificadas como pertencentes à classe de vegetação densa (Figura 2) situam-se na
região sudoeste, acompanhando os vales, regiões de relevo mais acidentado, dificultando assim o
acesso à exploração agrícola, favorecendo a regeneração e, consequentemente, a preservação da
vegetação. As classes de uso das terras consideradas como vegetação semidensa ocorrem em uma
pequena parcela nas proximidades das nascentes do riacho no município de Montadas-PB. Ao sul
deste município, identifica-se uma pequena área de reserva, caracterizada pela vegetação semidensa
com elementos arbóreos, intercalada com áreas exploradas com cajueiro e mangueira. No município
de Puxinanã é possível observar a presença de vegetação de porte arbóreo, com muitos pássaros e
diversos ninhos em construção, presença de cipós e muitas gramíneas que têm protegido o solo da
ocorrência de erosão laminar. Apesar de constituir uma área reduzida, nela pode-se observar a fauna e
a flora nativas em bom estado de preservação.
Figura 2 - Área representada pela vegetação densa e semidensa. Municípios de Montadas e Puxinanã
A classe de uso das terras representada pela vegetação semidensa foi observada em trechos nas
proximidades da ponte ferroviária, sobre o riacho Bodocongó (Figura 3).
Figura 3. Área com vegetação próxima à ponte da RFFSA sobre o rio Bodocongó.
Para as classes de uso das terras representadas pela vegetação rala, observou-se um aumento
de 9,91 km2 entre os anos de 1989 e 2014, entretanto estas áreas se encontram intercaladas com
vegetação de caatinga aberta, porte baixo e densidade variável, outros trechos sendo explorada com
capim, palma forrageira e pecuária extensiva sempre de forma intercalada (Figura 4).
Figura 4. Áreas representadas pela vegetação rala intercalada com capim, palma forrageira e pecuária.
No sítio Montadas, são encontradas áreas exploradas com culturas de: batata inglesa,
mandioca, batata-doce, milho, capim elefante e baquearia, erva-doce e fumo (Figura 5), entretanto,
predomina a pecuária extensiva de bovinos e ovinos, destaca-se ainda a expansão da avicultura.
Figura 5. Vista parcial das áreas exploradas com as culturas de mandioca e erva-doce. Montadas-PB.
Predomina, na bacia hidrográfica do rio Bodocongó, compreendendo, principalmente, os
municípios de Montadas e Puxinanã, os solos Neosssolos Regolíticos Distróficos, situados em relevo
plano e suave ondulado e, em alguns trechos, com a presença de muitos afloramentos de rocha,
explorados geralmente, com as culturas de mandioca e palma forrageira, sempre intercaladas com
pastagem e alguns elementos da caatinga de porte arbóreo, dispostos de forma esparsados (Figura 6).
Figura 6. Área explorada com a cultura de mandioca e palma forrageira.
Os resultados apontam que os municípios que compreendem a bacia hidráulica do açude têm,
ao logo de décadas, proporcionado uma mudança na paisagem local, com a devastação da vegetação
natural, onde não foram observadas práticas de conservação dos solos em função da textura arenosa e
da declividade dos terrenos que apresentam erosão laminar ligeira e, em alguns trechos, a ocorrência
de erosão em sulcos rasos (Figura 7).
Figura 7. Aspectos de mudança da paisagem que cedeu lugar a exploração agrícola e pecuária.
CONCLUSÃO. A análise da cobertura vegetal, ano de 1989, indica que, nas áreas mais próximas às
nascentes, houve grande desmatamento, com pouquíssimas áreas de vegetação remanescente,
comprometendo as nascentes do rio Bodocongó. Comparando-se o ano de 2014 verifica-se que
ocorreu um aumento do desmatamento, agravando ainda mais a degradação na bacia hidrográfica. A
análise comparativa das classes de uso das terras entre os anos de 1989, 2007 e 2014, aponta que
ocorreu uma diminuição de 1,90 km2 para a classe de vegetação densa. Para a classe de vegetação
semidensa houve uma diminuição de 21,59 km2. Para as áreas de vegetação rala o incremento foi de
10,93 km2; para as áreas, com predomínio de culturas agrícolas, houve diminuição de 8,19 km
2e as
áreas, com predomínio de pasto, aumentaram 14,74 km2, também um aumento das áreas de solo
exposto de 6,17 km2. Identifica-se que as mudanças ocorridas, nos municípios de Montadas e
Puxinanã, estão correlacionadas ao novo modelo de produção agroindustrial implantado na região.
REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas (Brasil). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: 2013/Agência
Nacional de Águas. Brasília: ANA, 2013. 432 p.: li. ISBN 978-85-882100-15-8.
BRASIL. LEI Nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 24/11/2013.
BRITO, A. S. Impactos ambientais urbanos na vila dos Teimosos [manuscrito]: médio curso do
Riacho Bodocongó, Campina Grande-PB. Campina Grande, 2011. 49 p. Monografia (Especialização
em Geoambiência e Recursos Hídricos do Semiárido). Universidade Estadual
da Paraíba. Centro de Educação.