avaliação do risco cardiovascular e da atividade física...

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35 35 35 35 35 Escola de Educação Física e Esporte da USP e Parque Fernando Costa Correspondência: Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz - Av. Prof. Mello Moraes, 65 05508-900 - São Paulo, SP – E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 31/5/01 Aceito em 15/8/01 Objetivo - A prática de exercícios físicos ajuda a pre- venir acometimentos cardiovasculares. Campanhas de in- centivo ao exercício têm levado muitas pessoas aos par- ques da cidade. O exercício mais adequado para a preven- ção cardiovascular é aeróbio, uma vez que exercícios ina- dequados aumentam agudamente o risco cardiovascular, sobretudo em indivíduos de alto risco. Assim, torna-se in- teressante avaliar o risco dos freqüentadores e a atividade física praticada nos parques. Métodos - Desenvolvemos, no Parque Fernando Cos- ta, o projeto “Exercício e Coração”, que atendeu 226 pes- soas. A avaliação do risco cardiovascular e da atividade física praticada foi feita por questionário e a pressão arte- rial, o peso, a estatura e o índice cintura-quadril foram me- didos. Foi dada aula sobre os benefícios do exercício e como executá-lo corretamente e cada participante rece- beu uma prescrição individualizada de exercício. Resultados - Quanto ao risco, verificamos que 43% das pessoas apresentavam problemas de saúde e 7% dos saudáveis tinham sintomas que podem ser atribuídos ao co- ração. A pressão arterial elevada foi constatada em grande parte da população. Quanto à adequação da atividade físi- ca, as pessoas praticavam atividades adequadas. O projeto foi bem aceito, visto que as pessoas relataram ter apreciado a iniciativa e modificado sua prática após a participação. Conclusão - Os dados obtidos indicam a necessidade de um maior cuidado em avaliar a saúde dos freqüenta- dores de parques, sugerindo que os parques da cidade te- nham um setor de avaliação e orientação à prática de ati- vidades físicas. Palavras-chave: risco cardiovascular, exercício, parque público Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 1), 35-42, 2002 Cláudia L. M. Forjaz, Taís Tinucci, Teresa Bartholomeu, Tiago E. M. Fernandes, Vivian Casagrande, José Geraldo Massucato São Paulo, SP Avaliação do Risco Cardiovascular e da Atividade Física dos Freqüentadores de um Parque da Cidade de São Paulo Artigo Original Os problemas cardiovasculares são a principal causa de morte da população adulta em nosso país 1 . De fato, as populações, principalmente acometidas por essas doenças, são as que residem nos principais centros urbanos, como São Paulo. Devido à grande relevância dessas doenças, es- forços têm sido empreendidos no sentido de evitá-las, o que se reflete na determinação e controle dos fatores de risco cardiovascular, como o sedentarismo. Atualmente, já está bem estabelecido que a prática re- gular de exercícios físicos ajuda na prevenção e reabilitação de doenças cardíacas 2-4 . Indivíduos sedentários que se tor- nam um pouco ativos reduzem expressivamente seu risco cardiovascular 2,4 , devido aos efeitos benéficos do exercício sobre o sistema cardiovascular 5,6 e sobre o controle dos demais fatores de risco 6-8 . Entretanto, cabe ressaltar que existem exercícios mais efetivos que outros para a saúde cardiovascular. Atualmen- te, têm-se demonstrado que os exercícios resistidos podem produzir efeitos cardiovasculares benéficos, porém os bene- fícios obtidos pelo exercício aeróbio são mais expressivos. Nesse sentido, os exercícios aeróbios, ou seja, as atividades realizadas com grandes grupos musculares movimentados de forma cíclica com baixa a moderada intensidade e longa duração, feitas de três a cinco vezes por semana, são as mais recomendadas para a prevenção cardiovascular primá- ria e secundária 9 . Apesar dos benefícios comprovados da atividade físi- ca, grande parte da população de São Paulo, cerca de 69% dos adultos 10 , é sedentária. Assim, entidades ligadas à saúde têm proposto campanhas 11 , como o Agita São Paulo, para incentivar a população a se tornar mais ativa, o que tem resultado num grande número de pessoas freqüentando os parques da cidade para realizar atividades físicas. No entan- to, cabe ressaltar que o exercício físico inadequado pode re- presentar um aumento imediato de risco cardiovascular, visto que o risco de infarto do miocárdio em um indivíduo sedentário é seis vezes maior durante o exercício intenso do que em repouso 12 . Além disso, a maioria dos parques não possui uma estrutura para avaliação e orientação de ativida- des físicas para seus usuários.

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Forjaz e colsRisco cardiovascular e atividade física

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Escola de Educação Física e Esporte da USP e Parque Fernando CostaCorrespondência: Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz - Av. Prof. Mello Moraes, 6505508-900 - São Paulo, SP – E-mail: [email protected] para publicação em 31/5/01Aceito em 15/8/01

Objetivo - A prática de exercícios físicos ajuda a pre-venir acometimentos cardiovasculares. Campanhas de in-centivo ao exercício têm levado muitas pessoas aos par-ques da cidade. O exercício mais adequado para a preven-ção cardiovascular é aeróbio, uma vez que exercícios ina-dequados aumentam agudamente o risco cardiovascular,sobretudo em indivíduos de alto risco. Assim, torna-se in-teressante avaliar o risco dos freqüentadores e a atividadefísica praticada nos parques.

Métodos - Desenvolvemos, no Parque Fernando Cos-ta, o projeto “Exercício e Coração”, que atendeu 226 pes-soas. A avaliação do risco cardiovascular e da atividadefísica praticada foi feita por questionário e a pressão arte-rial, o peso, a estatura e o índice cintura-quadril foram me-didos. Foi dada aula sobre os benefícios do exercício ecomo executá-lo corretamente e cada participante rece-beu uma prescrição individualizada de exercício.

Resultados - Quanto ao risco, verificamos que 43%das pessoas apresentavam problemas de saúde e 7% dossaudáveis tinham sintomas que podem ser atribuídos ao co-ração. A pressão arterial elevada foi constatada em grandeparte da população. Quanto à adequação da atividade físi-ca, as pessoas praticavam atividades adequadas. O projetofoi bem aceito, visto que as pessoas relataram ter apreciadoa iniciativa e modificado sua prática após a participação.

Conclusão - Os dados obtidos indicam a necessidadede um maior cuidado em avaliar a saúde dos freqüenta-dores de parques, sugerindo que os parques da cidade te-nham um setor de avaliação e orientação à prática de ati-vidades físicas.

Palavras-chave: risco cardiovascular, exercício, parquepúblico

Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 1), 35-42, 2002

Cláudia L. M. Forjaz, Taís Tinucci, Teresa Bartholomeu, Tiago E. M. Fernandes,Vivian Casagrande, José Geraldo Massucato

São Paulo, SP

Avaliação do Risco Cardiovascular e da Atividade Física dosFreqüentadores de um Parque da Cidade de São Paulo

Artigo Original

Os problemas cardiovasculares são a principal causade morte da população adulta em nosso país 1. De fato, aspopulações, principalmente acometidas por essas doenças,são as que residem nos principais centros urbanos, comoSão Paulo. Devido à grande relevância dessas doenças, es-forços têm sido empreendidos no sentido de evitá-las, o quese reflete na determinação e controle dos fatores de riscocardiovascular, como o sedentarismo.

Atualmente, já está bem estabelecido que a prática re-gular de exercícios físicos ajuda na prevenção e reabilitaçãode doenças cardíacas 2-4. Indivíduos sedentários que se tor-nam um pouco ativos reduzem expressivamente seu riscocardiovascular 2,4, devido aos efeitos benéficos do exercíciosobre o sistema cardiovascular 5,6 e sobre o controle dosdemais fatores de risco 6-8.

Entretanto, cabe ressaltar que existem exercícios maisefetivos que outros para a saúde cardiovascular. Atualmen-te, têm-se demonstrado que os exercícios resistidos podemproduzir efeitos cardiovasculares benéficos, porém os bene-fícios obtidos pelo exercício aeróbio são mais expressivos.Nesse sentido, os exercícios aeróbios, ou seja, as atividadesrealizadas com grandes grupos musculares movimentadosde forma cíclica com baixa a moderada intensidade e longaduração, feitas de três a cinco vezes por semana, são asmais recomendadas para a prevenção cardiovascular primá-ria e secundária 9.

Apesar dos benefícios comprovados da atividade físi-ca, grande parte da população de São Paulo, cerca de 69%dos adultos 10, é sedentária. Assim, entidades ligadas àsaúde têm proposto campanhas 11, como o Agita São Paulo,para incentivar a população a se tornar mais ativa, o que temresultado num grande número de pessoas freqüentando osparques da cidade para realizar atividades físicas. No entan-to, cabe ressaltar que o exercício físico inadequado pode re-presentar um aumento imediato de risco cardiovascular,visto que o risco de infarto do miocárdio em um indivíduosedentário é seis vezes maior durante o exercício intenso doque em repouso 12. Além disso, a maioria dos parques nãopossui uma estrutura para avaliação e orientação de ativida-des físicas para seus usuários.

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Diante do exposto, embora a iniciativa de aumentar aatividade física seja ótima e necessária do ponto de vistade saúde pública, é preciso avaliar se a população que temfreqüentado os parques da cidade para praticar exercíciospossui um risco compatível com a prática sem supervisão ese a atividade que está sendo realizada é adequada.

Dessa forma, esse projeto teve por objetivo avaliar o ris-co cardiovascular (verificando a presença de doenças, fatoresde risco e sintomas cardiovasculares) e a prática de atividadesfísicas dos usuários do Parque Fernando Costa (Parque daÁgua Branca). Além disso, este projeto também visou ter umefeito educativo, informando aos usuários do parque aspotencialidades dos exercícios na prevenção cardiovasculare a forma correta de executá-los. Para finalizar, tentamos ava-liar a efetividade dessa proposta educativa.

Métodos

O projeto “Exercício e Coração” foi realizado em quatrofinais de semana, entre outubro e novembro de 2000 no Par-que Fernando Costa em São Paulo, SP. Este parque que secaracteriza por ser eminentemente urbano, localizado próximoà região central de São Paulo, que oferece à população local,espaço para caminhadas/corridas e atividades relacionadas àcriação de animais e plantação. Neste projeto, em cada final desemana, foram realizadas 10 sessões, com a possibilidade deatender seis pessoas em cada uma, totalizando 240 vagas.Cada sessão era acompanhada por cinco monitores, a partici-pação era gratuita e as vagas abertas a todos os freqüen-tadores do parque que foram convocados a partir de faixasespalhadas pelo parque e pelo contato verbal direto.

O projeto possuiu basicamente quatro objetivos: 1)avaliar a presença de fatores de risco na população que fre-qüenta o parque; 2) analisar a atividade física que vinha sen-do realizada por essa população; 3) divulgar conhecimentossobre a prática correta de exercícios físicos para a saúde, ve-rificando posteriormente, a efetividade dessa ação educati-va; e 4) avaliar a receptividade dos usuários do parque emrelação ao projeto.

Dessa forma, as sessões foram elaboradas em três par-tes. Nos primeiros 20 a 25min foi feita a avaliação de fatores derisco e problemas de saúde. Em seguida, foi ministrada umaaula de 20 a 25min sobre os benefícios do exercício para a saúdee a forma correta de realizá-los, e nos últimos 10 a 20min foifeita uma prescrição individualizada de atividade física.

A avaliação dos fatores de risco e problemas de saúdefoi feita por meio de um questionário, montado com base nodo American College of Sports Medicine - ACSM e pelaAmerican Heart Association - AHA 13 e preenchido pelosparticipantes com o auxílio de um dos monitores. As ques-tões iniciais diziam respeito à presença de problemas desaúde, uso de medicamentos e presença de sintomas quepudessem refletir problemas cardiovasculares, como dor nopeito, falta de ar e tontura/desmaios. Na segunda parte doquestionário, foram levantadas questões sobre a presençade fatores de risco como sexo, idade, hereditariedade, diabe-tes e fumo e indagado também se os indivíduos conheciamsuas taxas de glicemia e colesterol.

Para avaliar a presença de obesidade, o peso e a estatu-ra foram medidos em uma balança Filizola. As circunferênci-as da cintura e do quadril também foram medidas com umafita métrica.

A pressão arterial foi aferida, com um esfigmomanô-metro aneróide, uma única vez após 5min de repouso naposição sentada com o braço posicionado na altura do ven-trículo esquerdo e realizada por monitores treinados. As fa-ses I e V de Korotkoff foram empregadas para determinaras pressões arteriais sistólica e diastólica, respectivamente.Os esfigmomanômetros foram constantemente aferidoscontra a coluna de mercúrio durante o projeto. Para evitarmedidas falsamente reduzidas pela execução de atividadefísica antes da avaliação, foi indagado aos voluntários seeles haviam feito exercício antes da sessão.

As questões relacionadas à prática de atividades físi-cas incluíam perguntas sobre: que atividades eram realiza-das, quantas vezes por semana, por quanto tempo e umaavaliação da intensidade, que era classificada em leve, mo-derada ou intensa, considerando-se leve se o indivíduo nãosentisse grandes modificações após a atividade, moderadaquando o indivíduo se sentisse suado e cansado após a ati-vidade e intensa se ele normalmente se sentisse ofeganteao final da atividade. A última questão dizia respeito à per-missão para a utilização dos dados em publicações. Os ques-tionários foram datados e assinados pelos participantes.

As aulas foram ministradas pelos monitores treinadosanteriormente. Nessas aulas foram empregados cartazes.Cada aula abordava cinco temas teóricos: 1) importância dadoença cardíaca; 2) definição da doença coronariana; 3) fa-tores de risco da doença cardíaca; 4) benefícios do exercícioe 5) atividade física mais adequada, e um tema prático, abor-dando a medida da freqüência cardíaca pela palpação dopulso radial e a utilização desse valor para aferir a intensida-de do exercício.

Com base nos dados do questionário foram transmiti-dos a cada participante uma avaliação de seu risco cardio-vascular, utilizando-se a tabela americana e uma prescriçãoindividualizada de caminhada/corrida para sua saúde. Aprescrição continha a freqüência semanal adequada da ca-minhada/corrida, a duração adequada da atividade e, princi-palmente, a faixa de freqüência cardíaca que deveria sermantida durante a atividade. Para a prescrição utilizamos osoftware do CD-ROM do livro Risco Cardiovascular Global14, desenvolvido por um dos autores. A determinação dessafaixa foi feita com base na idade nos indivíduos saudáveisque não possuíam teste ergométrico recente. Nos indivíduosque apresentavam cardiopatias ou tomavam medicamentosque interferiam na freqüência cardíaca, a prescrição só foi fei-ta para os que apresentaram teste ergométrico. Os indivíduosque possuíam muitos fatores de risco ou sintomas foram ins-truídos a procurarem um médico, assim como aqueles queapresentaram níveis pressóricos elevados.

Além disso, os indivíduos recebiam instruções e umfolheto sobre os cuidados necessários para a prática segurade exercícios, como vestimenta, alimentação, locais e horá-rios, aquecimento e volta à calma.

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Entre um e três meses após o projeto, entramos emcontato por telefone com os participantes para avaliar: o queeles recordavam do projeto, se o projeto havia tido algumresultado e qual era a avaliação deles sobre o projeto. Quan-to às atividades dadas, perguntamos o que eles lembravamda sessão e as respostas foram agrupadas em oito tópicos:1) doença cardíaca como causa de morte; 2) problemacoronariano; 3) fatores de risco; 4) benefícios do exercício;5) atividade mais adequada; 6) recomendações de cuidados;7) como medir a freqüência cardíaca e 8) sua freqüência detreino ou avaliação de risco. Quanto à efetividade do pro-grama, os participantes foram questionados se haviam mo-dificado seus hábitos de atividade física após o projeto e,quando sim, o que mudaram; se haviam tentado medir suafreqüência cardíaca e se estavam conseguindo fazê-lo; sehaviam passado as informações recebidas para outras pes-soas e se pretendiam continuar seguindo as recomenda-ções feitas. Em relação à avaliação sobre o projeto, foi ques-tionado: o que os participantes acharam do projeto e se gos-tariam de repetir a avaliação no futuro.

Os resultados foram apresentados apenas de formadescritiva, com as porcentagens sendo calculadas em fun-ção do número de respostas dadas para cada item, visto quealgumas pessoas não responderam a todos os itens doquestionário.

Resultados

Foram atendidas 227 pessoas, correspondendo a 95%do total de vagas existentes. Dessas, apenas uma não permi-tiu que suas respostas fossem utilizadas para fins de pes-quisa, de modo que os dados apresentados correspondema 226 participantes.

A amostra final foi composta de 126 (56%) mulheres e100 (44%) homens (fig. 1), com idade média de 54,5±13,8anos, a maioria com 40 anos ou mais. Desses, 17 possuíamproblemas cardíacos, 72 apresentavam outros problemasde saúde e 137 não tinham nenhum tipo de problema de saú-de. É interessante notar que, dos 137 indivíduos que relata-ram não possuir nenhum problema de saúde, nove tomavammedicamentos, sendo que em três os medicamentos eramespecíficos para problemas cardíacos e em seis eram anti-hipertensivos. Dessa forma, o número total de cardiopatasfoi 20 (9%) e de pessoas com problemas de saúde 78 (34%).Além disso, das 128 (57%) pessoas restantes, que não apre-sentavam problemas de saúde nem tomavam medicamen-tos, 21 (16%) apresentavam freqüentemente sintomas comofalta de ar, dor no peito ou tonturas e desmaios. Assim, ape-nas 107 pessoas (47% do total) não tinham problemas desaúde nem apresentavam sintomas, podendo ser conside-radas aparentemente saudáveis.

Em relação à presença de fatores de risco, consideran-do-se o grupo todo (fig. 1), 52% das pessoas possuíam pa-rentes próximos com doenças cardíacas, 10% eram fuman-tes e 29% ex-fumantes, e 10% eram sedentárias. Em relaçãoà glicemia, 12 pessoas (6%) eram diabéticas, 95 não sabiamsua glicemia e das 112 que sabiam, apenas uma relatou ter

glicemia alta. Em relação ao colesterol, 74 pessoas (34%) nãosabiam seu valor e 33 (15%) disseram ter colesterol alto. Emrelação à pressão arterial, 22 pessoas se declararam hiper-tensas e seis, apesar de não se considerarem hipertensas,tomavam anti-hipertensivos. Dessa forma, a taxa total de hi-pertensão foi de 12%. Entretanto, cabe ressaltar que das 89

Fig. 1 - Características de sexo, presença de doenças e fatores de risco dos freqüenta-dores do Parque Fernando Costa.

Amostra Total - 226 pessoas

Mulheres

Homens

Cardíaco

Outros ProblemasSem Problemas

Hereditariedade

Fumo

Sedentarismo

Diabetes

Colesterol Alto

Hipertensão

Obesidade

44%

56%

34%

9 %

57%

52

10 106

1512

102030405060

0

(%)

1 0%

90%

Ativas

Inativas

20

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pessoas que não eram hipertensas e não fizeram exercíciosantes da sessão, 31 (35%) apresentaram valores elevadosna medida da pressão arterial. Quanto à obesidade, 20%apresentaram índice de massa corporal igual ou superior a30kg/m2 e sete homens e 47 mulheres apresentaram índicecintura quadril superior a 1 e 0,85, respectivamente.

Considerando-se a prática de atividades físicas, 193pessoas (90%) se disseram ativas (fig. 1), sendo que a cami-nhada foi o tipo de atividade mais praticada, e relatada em77% das vezes. Além disso, a maior parte das pessoas prati-cava atividade física três ou mais vezes por semana (66%),com uma duração entre 30 e 60min (86%) e consideravamessa atividade moderada (63%).

Analisando-se apenas os dados referentes aos 20 in-divíduos cardiopatas, sete não relataram qual o problemapossuíam, quatro apresentavam doenças valvares, três do-ença da artéria coronária, dois arritmias, um doença de Cha-gas e três tomavam medicamentos compatíveis com doen-

ças cardíacas. Quatro (20%) desses indivíduos relataramsintomas de tontura, angina e falta de ar freqüentemente. Ogrupo total apresentou uma idade média de 60,9±13,7 anos.

Quanto à prática de atividades físicas, 5 (25%) dessespacientes haviam recebido instrução médica para fazer exer-cícios, sendo recomendada a caminhada em quatro casos.Dezoito pacientes (95% dos que responderam) relatarampraticar atividades físicas, sendo a caminhada a principalatividade (89%). Além disso, o exercício era executado trêsou mais vezes por semana (76%), com duração de 30 e 60minpor sessão (88%) e intensidade leve (35%) a moderada(65%) (fig. 2).

A hipertensão foi o problema de saúde mais prevalente(12%), atingindo 17 mulheres e 11 homens. A faixa etáriamédia dos hipertensos foi 60,2±9,3 anos, e todos tinham 40anos ou mais. Desses hipertensos, somente 15 (54%) esta-vam em uso de medicamentos. Dezessete hipertensos nãohaviam feito exercício antes da sessão e, desses, 10 (59%)apresentaram pressão arterial elevada, sendo que em 5, tan-to a pressão arterial sistólica quanto a diastólica estavamelevadas (fig. 3). Considerando todos os indivíduos, mesmoaqueles que fizeram exercício antes, 18 (64%) apresentarampressão elevada na medida feita na sessão experimental.

Quanto à prática de atividades físicas, 23 (85%) paci-entes relataram se exercitar regularmente, e a caminhadaera praticada por 20 (87%) deles (fig. 4). Além disso, essaatividade era praticada três ou mais vezes por semana

Tipo

Freqüência

Duração

Intensidade

Cardiopatas

Fig. 2 - Características da atividade física praticada pelos cardiopatas freqüentado-res do Parque Fernando Costa.

Caminhada

Natação

11%

89%

<3x/sem

24%

76%

< 30 min30-60

> 60

6 % 6 %

88%

Leve

Moderada

35%

65%

Hipertensos

Fig. 3 - Controle pressórico dos hipertensos freqüentadores do Parque Fernando Costa.

Medicamento

Sem medicamento

PA normalPAS ≥≥≥≥≥ 140 mmHgPAD≥≥≥≥≥ 90 mmHgPAS ≥≥≥≥≥ 140 e PAD ≥≥≥≥≥ 90 mmHg

29%

24%

41%

6 %

54%

46%

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(70%), por um período de 30 a 60min (83%) em intensidademoderada (68%).

Como mencionado, 107 indivíduos não apresentavamproblemas de saúde conhecidos, não apresentavam sinto-mas e não tomavam medicamentos, e foram consideradoscomo aparentemente saudáveis.

Desses 107 indivíduos (fig. 5), 51 eram homens e 56eram mulheres. A idade média do grupo foi de 51,5±14,1 anos,e apenas um indivíduo tinha menos de 20 anos, 24 pessoas ti-nham entre 20 e 40 anos de idade, 48 apresentavam-se na faixaetária de 40 a 60 anos e 34 tinham mais de 60 anos.

Quanto aos fatores de risco, 49% possuíam parentespróximos com doença cardiovascular, 15% eram fumantes e24% eram ex-fumantes; além disso, 8% eram sedentários.Quanto à glicemia, 50 pessoas (49%) não sabiam seu valor e52 (51%) disseram que ela era normal. Quanto ao colesterol, 40(40%) pessoas não sabiam seu valor, 52 (51%) tinhamcolesterol normal e nove (9%) tinham colesterol alto. Em rela-ção à pressão arterial, 52 pessoas não haviam feito exercícioantes da avaliação; dessas, 17 (33%) apresentaram pressão

arterial elevada, sendo que em oito (15%) pessoas as duaspressões estavam elevadas. Quanto à obesidade, 14% dosindivíduos apresentaram índice de massa corporal maior que30kg/m2 e três homens e 18 mulheres apresentaram índicecintura/quadril maior ou igual a 1 e 0,85, respectivamente.

Em relação à prática de atividades físicas (fig. 6), 92%das pessoas relataram fazer exercícios regularmente, sendo

Tipo

Freqüência

Duração

Intensidade

Hipertensos

Fig. 4 - Características da atividade física praticada pelos hipertensos freqüentado-res do Parque Fernando Costa.

13%

61%26%

CaminhadaCam + outrasOutras

< 3x/sem> 3x/sem

30%

70%

< 30 min

30 - 60> 60

17% 0%

83%

27 %

68 %

5 %

Leve

ModeradaIntensa

Saudáveis

Fig. 5 - Características da população aparentemente saudável que freqüenta o Par-que Fernando Costa.

> 20 anos20 a 40 anos40 a 60 anos> 60 anos

1 % 22%

45%

32%

49

158

14

605040302010

0

Fumo

Hereditariedade

Sedentarismo

Obesidade

Não SabeNormalAlta

60

50

40

30

20

10

0

Glicemia Colesterol

PA normalPAS ≥≥≥≥≥ 140 nnHgPAS ≥ ≥ ≥ ≥ ≥ 90 nnHgPAS ≥ ≥ ≥ ≥ ≥ 140 e PAD ≥≥≥≥≥ 90 mmHg

15%

14%

67%4 %

Saudáveis

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a caminhada a atividade predominante (73%). A atividadefísica era executada três ou mais vezes por semana (69%),tinha uma duração entre 30 e 60min (75%) e intensidademoderada (70%).

Das 226 pessoas incluídas no estudo, apenas 65(29%) puderam ser contatadas por telefone após o projeto.Dessas, todas alegaram lembrar de pelo menos um tópico daaula teórica ministrada, sendo que os tópicos mais lembra-dos foram os fatores de risco cardiovascular (26%) e os be-nefícios do exercício (26%). Além disso, nove e quatro pes-soas, respectivamente, lembravam de dois e três tópicosabordados na aula. Vinte e cinco (39%) pessoas alegaramque a experiência no parque modificou sua prática de exercí-cios, sendo que três iniciaram a prática, sete mudaram a du-ração do exercício, sete mudaram a freqüência, sete muda-ram a intensidade e três somaram outra atividade à que vi-nham fazendo. Após a experiência no parque, 58% das pes-soas disseram conseguir, 17% disseram não conseguir e25% não tentaram medir a freqüência cardíaca no exercício.Além disso, 71% pessoas disseram ter informado outras

pessoas sobre o que aprenderam no parque e quase todas(95%) disseram pretender seguir o que lhes foi passado. Deforma geral, 27 pessoas consideraram o projeto ótimo, 29muito bom, 8 bom e 1 regular. Além disso, 88% das pessoasrelataram que estariam interessadas em repetir a avaliaçãono futuro.

Discussão

O primeiro objetivo do projeto “Exercício e Coração”foi observar o risco cardiovascular das pessoas que prati-cam exercícios sem supervisão nos parques da cidade. Nes-se sentido, pudemos observar que 43% das pessoas quefreqüentavam o parque apresentavam problemas de saúde(9% cardiopatias e 34% outros problemas). Além disso, tor-na-se evidente que muitas pessoas não conhecem sua realcondição de saúde, visto que 7% das pessoas que disseramnão ter problemas de saúde tomavam medicamentos rela-cionados ao coração e, além disso, 16% dos indivíduos quese consideravam saudáveis e não tomavam medicamentosapresentavam sintomas freqüentes. De fato, a presença desintomas como tontura, dor no peito e fadiga podem indicara presença de problemas cardíacos 9,13, aumentando o riscode acometimentos cardiovasculares, principalmente duranteo exercício 9,12. Esses dados sugerem a necessidade de seconscientizar a população sobre sua saúde e, principalmente,sobre os sinais do organismo, da necessidade de procurarum médico.

Quando consideramos a população cardiopata, pude-mos verificar que, apesar do exercício físico ter comprova-damente grande valia na reabilitação cardiovascular 6, ape-nas 29% dos pacientes haviam tido a recomendação do mé-dico para essa prática. Cabe ressaltar que a forte recomenda-ção do médico parece ser um fator fundamental para a ade-são do paciente à prática de atividades físicas 15. Além dis-so, os que receberam essa recomendação relataram que omédico havia apenas recomendado que eles caminhassem.Entretanto, a prática de exercícios moderados em cardiopa-tas deveria ser, pelo menos inicialmente, feita com base emuma avaliação ergométrica e sob supervisão, de acordocom as recomendações da ACSM/AHA 13. Cabe tambémenfatizar que 20% dos cardiopatas relataram sintomas du-rante o exercício, o que sugere que esses pacientes podiamestar se exercitando em isquemia e, portanto, em risco de ar-ritmias e parada cardíaca 9. Os dados apresentados apontampara a necessidade de uma maior conscientização médica emrelação à recomendação de exercícios para cardiopatas, mastambém para a necessidade de se fazer essa recomendaçãode forma adequada, de modo que os pacientes saibam comofazê-lo com menor risco. De fato, o risco do exercício emcardiopatas é menor em programas supervisionados 16.

Com relação à presença de fatores de risco, pudemosverificar diferenças entre os dados observados na popula-ção geral do município de São Paulo 10 e os dados obtidosno parque. Além das diferenças metodológicas de medição,a própria característica das pessoas que se propõem a fre-qüentar um parque podem explicar essas diferenças. Por

Tipo

Freqüência

Duração

Intensidade

Saudáveis

Fig. 6 - Características da atividade física praticada pelos freqüentadores aparente-mente saudáveis do Parque Fernando Costa.

16%

11%

23%

50%

CaminhadaCam + outras

Corrida

Outras

Irregular

< 3x/sem

> 3x/sem1 %

30 %

69 %

21%

75%

4 %

< 30 min30 60> 60

Leve

Moderada

Intensa

28%

70%

2 %

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exemplo, as pessoas que vão ao parque, normalmente o fa-zem para praticar exercícios; desse modo, a presença dosedentarismo em nossa população foi de 10%, muito aquémdos 69% encontrados no município de São Paulo. Um outrofator interessante é a menor taxa de fumantes, 10% no par-que e 38% no município de São Paulo. Embora não haja ne-nhuma evidência de um efeito direto do exercício no contro-le do fumo, as pessoas que se exercitam tendem a fumar me-nos. De fato, o índice de ex-fumantes (29%) era bastante altoem nossa população. Neste estudo, encontramos uma pre-valência de 20% de obesidade, utilizando como corte o índi-ce de massa corporal maior ou igual a 30kg/m2 17, enquantoRego e cols. 10 encontraram uma prevalência semelhantecom um índice de corte menor, o que sugere que em nossapopulação a obesidade era maior. Essa diferença pode estarrelacionada ao fato das pessoas obesas estarem sendo ins-truídas a fazerem exercícios e, por isso, serem mais encontra-das no parque. Esses dados sugerem que as pessoas quevão ao parque o fazem para se exercitar, o que pode estar as-sociado com outras condutas de saúde como parar de fumare tentar perder peso.

Considerando-se a pressão arterial, verificamos que12% das pessoas eram hipertensas. Porém, dentre esses in-divíduos, aproximadamente, 60% apresentaram níveis pres-sóricos elevados, sugerindo que a pressão não estava con-trolada, apesar de vários estarem tomando medicamentosanti-hipertensivos. Além disso, 33% da população aparen-temente saudável também apresentaram níveis pressóricosaltos. Assim, esses dados sugerem que tanto o controlepressórico quanto a detecção de hipertensos são aspectosque precisam ser mais enfatizados.

Um segundo objetivo desse estudo foi avaliar a ade-quação da atividade física que está sendo praticada espon-taneamente pela população nos parques da cidade. Pude-mos constatar que a atividade mais comum é a caminhada, oque pode estar sendo influenciado pelo tipo de parque queavaliamos, visto que o Parque Fernando Costa não possuiinstalações para outras práticas esportivas, mas tambémpode estar sendo influenciado pelo fato de que esse tipo deexercício é o de mais fácil execução 18. Quanto à freqüência,duração e intensidade, pudemos verificar que em todos osgrupos, a maior parte dos indivíduos praticava três ou maisvezes por semana, com uma duração entre 30 e 60min e numaintensidade moderada. De fato, segundo o AmericanCollege of Sports Medicine 9, essa é a recomendação maisadequada de atividade física para a melhora da saúde. Des-sa forma, esses dados mostram que a maior parte da popula-ção do parque está se exercitando de forma correta, o queimplica num baixo risco durante a execução da atividade físi-ca e na possibilidade de se obter os benefícios cardiovascu-lares do exercício. Apesar dessa adequação, pudemos veri-ficar que o controle de intensidade do exercício era feito deforma subjetiva, visto que a maior parte das pessoas nãosabia medir seu pulso.

Os demais objetivos deste projeto foram avaliar, pos-teriormente, seu efeito educativo e sua aceitabilidade sobrea população atendida. Neste sentido, pudemos verificar que

o projeto teve boa aceitação, sendo considerado entre bome ótimo por quase toda a população, e sua grande parte gos-taria de repeti-lo futuramente. Com relação à efetividade doprojeto, pudemos verificar que todos os entrevistados lem-bravam de algum assunto da aula dada, sendo que os tópi-cos mais lembrados, fatores de risco e benefícios do exercí-cio, são importantes de serem sensibilizados na populaçãopara aumentar a adesão 15,19. O projeto apresentou tambémresultados objetivos, visto que 40% das pessoas modifica-ram seu hábito de exercício em função da aula ministrada e58% estavam conseguindo medir sua freqüência cardíaca.Além disso, 71% das pessoas relataram ter transmitido as in-formações a outras pessoas.

Concluindo, pelos dados levantados parece-nos claroque as pessoas que freqüentam o Parque Fernando Costa ofazem, em sua maioria, para se exercitar. Parte dessas pesso-as pode estar realizando sua atividade física sem grandesriscos para a saúde, porém algumas delas (cardiopatas semcontrole, aquelas que apresentam sintomas, as que estãocom a pressão elevada sem saber) podem estar com um riscoaumentado durante o exercício, merecendo ser encaminha-das a uma avaliação médica.

De modo geral, a atividade praticada por essas pessoasestá correta e deve trazer os benefícios desejados para a saú-de, com baixo risco cardiovascular imediato, porém, um maiorcontrole da intensidade é desejável. Apesar do conhecimen-to dessas pessoas quanto ao exercício, pudemos notar umdesconhecimento em relação à sua saúde (tomar remédio semsaber porquê, apresentar sintomas durante exercício, não sa-ber alguns fatores de risco, glicemia, colesterol, etc.), sugerin-do a necessidade de campanhas nesse sentido.

A partir do exposto, consideramos que experiênciascomo a relatada neste projeto, que se preocupam em avaliar orisco dos freqüentadores de espaços públicos para a práticade exercícios e em fornecer diretrizes para a execução corretae controlada da atividade física, devem ser estimuladas. Defato, cada parque deveria ter um setor preocupado com essaproblemática. Assim, a população poderia obter todos osbenefícios do exercício físico sem grandes riscos, o que rever-teria certamente em melhor qualidade de vida para a popula-ção e na diminuição de custos com a saúde populacional.

A ausência desse setor, no entanto, não deve impedir aprática de exercício em locais públicos, visto que do ponto devista populacional, os possíveis riscos são suplantados emmuito pelos benefícios inerentes da prática regular de exer-cícios físicos. No entanto, do ponto de vista individual, pessoascom cardiopatias ou que apresentam sintomas durante oexercício deveriam ser avaliadas antes de iniciarem a prática.

Agradecimentos

À administração do Parque Fernando Costa por permi-tir a execução deste projeto e aos profs. Cláudio ChaimRezk, Crivaldo G. Cardoso Jr., Danilo F. Santaella, Marcele A.Coelho, Márcio O. Souza e Vanessa F. Bisquolo pela colabo-ração recebida.

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