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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ANDRESSA FÁTIMA ALVES
GIULIA CRISTINE QUINT SERONATO BISCOUTO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE POLIPROPILENO
MOÍDO EM ARGAMASSAS COMO SUBSTITUIÇÃO PARCIAL À AREIA
CURITIBA
2017
ANDRESSA FÁTIMA ALVES
GIULIA CRISTINE QUINT SERONATO BISCOUTO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE POLIPROPILENO
MOÍDO EM ARGAMASSAS COMO SUBSTITUIÇÃO PARCIAL À AREIA
Trabalho final de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de graduação em Engenharia Civil, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª.Laila Valduga Artigas
CURITIBA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
ANDRESSA FÁTIMA ALVES GIULIA CRISTINE QUINT SERONATO BISCOUTO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE POLIPROPILENO
MOÍDO EM ARGAMASSAS COMO SUBSTITUIÇÃO PARCIAL À AREIA
Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial à conclusão do curso
de graduação em Engenharia Civil do Setor de Tecnologia da Universidade
Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:
Prof.ª Dr.ª Laila Valduga Artigas
Orientadora – Departamento de Construção Civil, UFPR
Prof.ª Mestre Heloísa Fuganti Campos
Departamento de Construção Civil, UFPR
Prof. Dr. Ronaldo Alves de Medeiros Junior
Departamento de Construção Civil, UFPR
Curitiba, 20 de novembro de 2017.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, por sempre iluminar os nossos
passos durante toda caminhada.
A nossa Professora Orientadora Dra. Laila Valduga Artigas, pela
orientação, paciência e confiança atribuídas a nós.
As nossas mães, Rosane e Marilei, e a todos os nossos familiares que nos
acompanharam durante esta caminhada, incentivando e acreditando no nosso
potencial.
Ao Fernando Schreiber Jr. pelo apoio e por motivar o início desse estudo.
Ao Ricardo, do Laboratório de Materiais e Estruturas da Universidade
Federal do Paraná, por toda a ajuda prestada a nós durante este trabalho.
Ao Pedro Guimarães, da GR Plásticos, que disponibilizou o material
reciclado, sem o qual não seria possível a elaboração desse trabalho.
Ao Conte Materiais de Construção e CSC Engenharia Ltda pela ajuda
prestada na obtenção de certos materiais e produtos utilizados nesse estudo.
A Karuana, Polyana e Tatiane pela ajuda em momentos de dúvidas, além
do companheirismo durante todo o curso.
Agradecemos uma à outra, por todos os momentos bons e difíceis que
passamos juntas, pela paciência e pelo crescimento da amizade durante esta
experiência.
“Uma paixão forte por qualquer objeto
assegurará o sucesso, porque o desejo
pelo objetivo mostrará os meios.”
(William Hazlitt)
RESUMO
A preocupação com a redução de custos na Construção Civil aliado à importância
em se preservar recursos naturais traz à tona a necessidade em se buscar novas
tecnologias para área de Engenharia Civil. Tendo isso em vista, buscou-se nesse
trabalho analisar a viabilidade em substituir parte da areia de argamassas por
polipropileno (PP) moído, sendo este refugo de indústria de reciclagem plástica.
Primeiramente foi estabelecido um traço em volume de 1:2:9, três teores de PP na
mistura (2,5 %; 5,0 % e 7,5 %) e relação a/m.s. igual a 0,19. Após ensaios de
granulometria e de massa unitária do polipropileno, de tração na flexão e
compressão, de módulo de elasticidade dinâmico e de consistência para as
argamassas, chegou-se num teor ótimo de polipropileno que tornasse viável à
substituição por parte da areia. O teor encontrado foi de 35 % PP e 65 % areia,
com relação a/m.s. igual a 0,32. Então se prosseguiu para ensaios de módulo de
elasticidade dinâmico, de desempenho acústico e comparativo de custos. Nos
ensaios de resistência mecânica obteve-se os melhores resultados para o traço de
15 % PP. Em relação ao Módulo de Elasticidade, houve decréscimo ao se
aumentar o teor de PP, com exceção do traço 15 % PP. No desempenho acústico,
o traço com PP obteve melhores resultados. E na análise de custos, houve redução
de 17,83 % no valor da argamassa quando utilizado o traço 35 % PP (a/m.s. igual a
0,32). A análise dos resultados obtidos nos permite concluir que a substituição da
areia natural por polipropileno moído é viável para a produção de argamassas.
Palavras-chave: Polipropileno, Resíduos, Argamassas, Propriedades Mecânicas.
ABSTRACT
The concern with cost reduction in the Construction Industry associated to the
importance of preserving natural resources brings up the need of researching for
new technologies for the Civil Engineering area. In view of that, it has been
searched in this work sheet analyzing the viability of replacing sand part of mortar
for ground polypropylene (PP), as it is waste of a plastic recycling industry. First of
all, it has been established a volume ratio of 1:2:9, three contents of PP into the
blend (2.5 %; 5.0 % and 7.5 %) and w/d.m relation of 0.19. After tests of
polypropylene’s granulometry and unit mass, tension in bending stress and
compression, dynamic elastic module and of consistency for the mortars, it was
reached a great value of polypropylene that would make viable the replacement for
a part of sand. The content found was of 35 % of PP and 65 % of sand, by the
w/d.m of 0.32. After that, it has been continued to the Dynamic Elastic Module test,
acoustic performance and costs comparative. In the mechanical resistance tests, it
was found the best result for the content of 15 % of PP. In the elastic module
relation, it has been occurred a decrease when increasing the content of PP, with
exception of 15 % of PP. In the acoustic performance, the content of PP obtained
the best results. And considering the costs analysis, there was a reduction of
17.83 % into the mortar value when using the content of 35 % of PP (w/d.m as of
0.32). The analysis of the obtained results makes us conclude that the replacement
of natural sand for ground polypropylene is viable for the mortar production.
Key-words: Polypropylene, Waste, Mortar, Mechanical Properties.
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
°C – Graus Celsius
µm – Micrômetro
μ – Coeficiente de Poisson dinâmico
ρ – Densidade
a/m.s. – Relação água/materiais secos
dB – Decibéis
DMC – Diâmetro Máximo Característico
E – Módulo de Elasticidade Dinâmico
Ev – Índice de Vazios
g – Grama
GPa – Giga Pascal
GRAP – Grãos Reciclados Aglutinados de Polipropileno
Kg – Quilograma
MF – Módulo de Finura
mol – Quantidade de Substância
MPa – Mega Pascal
n° - número
Pa – Pascal
PCH – Pequena Central Hidrelétrica
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PEBD – Polietileno de Baixa Densidade
9
PET – Politereftalato de Etileno
PP – Polipropileno
PS – Poliestireno
PU – Poliuretano
PVC – Policloreto de Polivinila
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
Tf – Temperatura de Fusão
Tg – Temperatura de Transição Vítrea
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ESQUEMA DA REFINAÇÃO DO PETRÓLEO. ................................... 28
FIGURA 2 – POLIMERIZAÇÃO DO PROPILENO EM PP. ..................................... 28
FIGURA 3 - RANKING DE RECICLAGEM DE PLÁSTICO NO MUNDO. ............... 33
FIGURA 4 - ESQUEMATIZAÇÃO DA INCINERAÇÃO DE LIXO. ........................... 34
FIGURA 5 - METODOLOGIA UTILIZADA NO ESTUDO......................................... 36
FIGURA 6 - PP PASSANDO POR MOINHO DE FACAS. ....................................... 37
FIGURA 7 - SEPARAÇÃO DO POLIPROPILENO POR FUNIL .............................. 37
FIGURA 8 - PROCESSO DE EXTRUSÃO DE PP. ................................................. 38
FIGURA 9 - INSTRUMENTO DE ULTRASSOM. .................................................... 40
FIGURA 10 - OBTENÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE ATRAVÉS DE
ULTRASSOM. ......................................................................................................... 40
FIGURA 11 - MOLDAGEM DE PLACAS DE ARGAMASSA ................................... 41
FIGURA 12 - CUBOS DE PLACAS DE ARGAMASSA PARA ENSAIO
ACÚSTICO.... .......................................................................................................... 41
FIGURA 13 - ENSAIO DE DESEMPENHO ACÚSTICO. ........................................ 42
FIGURA 14 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DO MATERIAL PULVERULENTO. . 43
FIGURA 15 - COLOCAÇÃO DE PENEIRAS NO AGITADOR MECÂNICO............. 44
FIGURA 16 - CONSISTÊNCIA DO TRAÇO 35 % PP. ............................................ 52
FIGURA 17 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO. ............................... 53
FIGURA 18 - ENSAIO DE TRAÇÃO NA FLEXÃO. ................................................. 56
FIGURA 19 - ENSAIO ACÚSTICO AO SOM CONSTANTE. .................................. 60
FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO A BATIDAS COM HASTE METÁLICA. ............ 61
11
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - CURVA GRANULOMÉTRICA DA AREIA UTILIZADA. ..................... 45
GRÁFICO 2 - CURVA GRANULOMÉTRICA DO POLIPROPILENO. ..................... 47
GRÁFICO 3 - CURVA GRANULOMÉTRICA DA MISTURA ÓTIMA. ...................... 49
GRÁFICO 4 - RESISTÊNCIA MÉDIA À COMPRESSÃO DA ARGAMASSA. ......... 55
GRÁFICO 5 - RESISTÊNCIA MÉDIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO DA ARGAMASSA.
................................................................................................................................ 57
GRÁFICO 6 - MÓDULO DE ELASTICIDADE. ........................................................ 58
GRÁFICO 7 - COMPARATIVO ENTRE CUSTOS POR METRO CÚBICO. ............ 63
GRÁFICO 8 - COMPARATIVO DE REDUÇÃO DE CUSTOS POR METRO
CÚBICO. ................................................................................................................. 63
GRÁFICO 9 – CUSTOS POR MPA. ........................................................................ 65
12
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - USOS, FUNÇÕES E PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE
ASSENTAMENTO. .................................................................................................. 20
TABELA 2 - TIPOS DE CIMENTO. ......................................................................... 21
TABELA 3 - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA CAL. ....................... 22
TABELA 4 - INFLUÊNCIA DA FORMA DO AGREGADO NAS PROPRIEDADES DA
ARGAMASSA. ......................................................................................................... 23
TABELA 5 - MASSA ESPECÍFICA DE ALGUNS MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO....... ................................................................................................ 27
TABELA 6 - PROPRIEDADES DO PP. ................................................................... 28
TABELA 7 - RESULTADOS DO ENSAIO DE MATERIAL PULVERULENTO. ........ 43
TABELA 8 - COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DA AREIA UTILIZADA. ........... 45
TABELA 9 - COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO POLIPROPILENO. ............ 46
TABELA 10 - MASSA UNITÁRIA DO PP MOÍDO. .................................................. 48
TABELA 11 - GRANULOMETRIA MISTURA ÓTIMA. ............................................. 49
TABELA 12 - TRAÇOS INICIAIS. ............................................................................ 50
TABELA 13 - ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA............................................................. 51
TABELA 14 - RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO. ............................ 54
TABELA 15 - RESULTADO DOS ENSAIOS À FLEXÃO. ....................................... 56
TABELA 16 - MÓDULO DE ELASTICIDADE MÉDIO DAS ARGAMASSAS. .......... 58
TABELA 17 - DENSIDADE DOS CORPOS-DE-PROVA. ....................................... 59
TABELA 18 - DESEMPENHO ACÚSTICO DAS ARGAMASSAS. .......................... 60
TABELA 19 - CUSTO DOS COMPONENTES DA ARGAMASSA. .......................... 62
TABELA 20 - CUSTO DAS ARGAMASSAS. ........................................................... 62
TABELA 21 - CÁLCULO DOS CUSTOS POR MPA. .............................................. 64
TABELA 22 - RESUMO COMPARATIVO DA ARGAMASSA REF. COM A
INCORPORAÇÃO DE PP. ...................................................................................... 66
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15
1.1 JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 17
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 19
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 20
2.1 ARGAMASSAS........................................................................................... 20
2.2 POLIPROPILENO ....................................................................................... 25
2.2.1 Aplicação no Setor de Embalagens ..................................................... 29
2.2.2 Aplicação na Construção Civil ............................................................. 29
2.2.3 Descarte e Reciclagem dos Resíduos Plásticos ................................. 30
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 35
3.1 MATERIAIS ................................................................................................ 35
3.2 MÉTODOS ................................................................................................. 35
3.2.1 ETAPA 1 - Caracterização dos Materiais ............................................ 36
3.2.2 ETAPA 2 - Desenvolvimento dos Traços de Argamassa e Busca dos
Teores Ótimos de Substituição ......................................................................... 39
3.2.3 ETAPA 3 - Ensaios Realizados Com Argamassas e Análise de
Custos.. ............................................................................................................. 39
4 RESULTADOS ................................................................................................. 43
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ...................................................... 43
4.1.1 Material Pulverulento ........................................................................... 43
4.1.2 Granulometria ...................................................................................... 44
4.1.3 Determinação da Massa Unitária do PP .............................................. 47
4.2 DESENVOLVIMENTO DOS TRAÇOS DE ARGAMASSA E BUSCA DE
TEORES ÓTIMOS DE SUBSTITUIÇÃO .............................................................. 48
14
4.2.1 Definição dos Teores de Substituição ................................................. 48
4.2.2 Índice de Consistência ......................................................................... 50
4.2.3 Resistências à Compressão e à Tração na Flexão ............................. 52
4.3 ENSAIOS REALIZADOS COM ARGAMASSAS E ANÁLISE DE CUSTOS 57
4.3.1 Módulo de Elasticidade Dinâmico ........................................................ 57
4.3.2 Densidade no Estado Endurecido ....................................................... 59
4.3.3 Desempenho Acústico ......................................................................... 60
4.3.4 Análise de Custos ................................................................................ 61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 68
ANEXO I – Propriedades do cimento CP II-F-32 ..................................................... 75
ANEXO II – Granulometrias Teóricas da Mistura Areia + PP. ................................. 76
ANEXO III – Cálculo do Módulo de Elasticidade Dinâmico ..................................... 79
15
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2017), um terço do lixo
doméstico é composto por embalagens plásticas, das quais 80 % são descartadas
logo após serem utilizadas apenas uma única vez.
O mundo de hoje não existiria na forma que conhecemos sem a grande
variedade de materiais plásticos: policloreto de polivinila (PVC), poliestireno (PS),
polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD),
polipropileno (PP) e politereftalato de etileno (PET), entre outros.
A utilização do plástico beneficia diversos setores, como de embalagens,
automotivo, eletroeletrônicos, têxtil, saúde, agrícola e construção civil. Por ser um
material leve, durável e barato, a sua produção e utilização cresce continuamente.
A indústria da Construção Civil é a maior consumidora de plásticos no
Brasil, utilizando 25,7 % de todo material produzido (ABIPLAST, 2015). Sendo
assim, novas tecnologias que visem atrelar e aprimorar o uso de polímeros às
construções são de fundamental importância para o desenvolvimento do país.
Por outro lado, as características dos plásticos os expõem mais, quando
não há uma gestão adequada dos resíduos sólidos, uma vez que facilitam sua
dispersão no meio ambiente e demoram mais tempo para degradar (BRASKEM,
2012).
Segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem –
CEMPRE (2017), cerca de 21,7 % dos plásticos foram reciclados no Brasil em
2011, representando aproximadamente 953 mil toneladas por ano.
A reciclagem reduz o uso de recursos naturais, como a água e a matéria-
prima virgem, economiza energia e reduz emissões de gases do efeito estufa.
Desde modo, além dos ganhos ambientais e sociais, há a redução de custos
(CEMPRE, 2013).
As principais resinas termoplásticas consumidas no Brasil, em 2016, foram
o PP (22,3 %), o PEAD (17,4 %) e o PVC (15,6 %) (ABIPLAST, 2016).
16
O polipropileno (PP), objeto deste estudo, tem uma ampla variedade de
aplicações, sendo o setor de embalagens responsável pela metade do consumo
mundial deste polímero. Como é um dos plásticos mais utilizados no mundo e pode
ser moldado novamente por simples aquecimento, a sua reciclagem torna-se muito
importante, não apenas do ponto de vista econômico, como ambiental (RESO,
2015).
Com isso exposto, seria vantajoso encontrar novas formas de reutilização
do plástico descartado, visto que é um material que faz volume, ocupando nos
aterros um espaço que seria mais útil para resíduos que não podem ser
reaproveitados. Além disso, o plástico é um material leve e durável, que pode ser
transportado pelo vento sendo por isso uma grande contribuição no lixo marinho.
17
1.1 JUSTIFICATIVA
O descarte de milhões de toneladas de materiais manufaturados, como
plásticos, vidros e papel, em lixões e aterros sanitários, ou até mesmo rios e
mangues, cresce continuamente. São matérias-primas que poderiam ser
reutilizadas e recicladas, a fim de serem transformadas em produtos, agregando
um novo valor a elas.
Em vista do crescente aumento da utilização do plástico e da sua
reciclagem ainda não alcançar uma porcentagem significativa, é importante pensar
em novos meios de reutilizar e reciclar o material que iria para o aterro, resultando
em ganhos ambientais e econômicos.
Segundo Plastivida (2015), os plásticos que mais geram resíduos são
aqueles com aplicações de duração curta, como em embalagens: polietileno, o
PET e o PP. Plásticos como o PVC, geram pouco resíduo devido às suas
aplicações, como tubos e conexões, possuírem longa vida útil.
Pensando na questão de matéria-prima, outra justificativa desse estudo é o
fato da areia, material amplamente utilizado na Construção Civil, ser um recurso
natural cuja extração, em geral, tem provocado diversos impactos no meio
ambiente (NOGUEIRA, 2016).
Conforme o Sumário Mineral – Agregados para Construção Civil (2013) do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), como substituição da areia
natural, além da areia artificial, pode-se citar o emprego de: reciclados de entulho
de demolição, rejeitos de produtos siderúrgicos (escórias de alto-forno ou aciaria,
porém a quantidade disponível é bem limitada), resíduos da indústria de plástico,
resíduos de pneus triturados e a areia de brita.
Há diversas pesquisas e estudos realizados sobre a utilização de resíduos
de plásticos como substituição da areia nas argamassas. Canellas (2005) realizou
estudo do uso de PET granulado (pós-consumo), visando a substituição de
agregado miúdo em argamassas; e considerou melhor o percentual de 30 % de
substituição, dentre os analisados, devido a não ter apresentado perdas
significativas de plasticidade e de resistência mecânica.
18
Mello, Carvalho e Silva (2012) analisaram o uso de PEAD reciclado e
moído como substituição do agregado miúdo em argamassas de revestimento. A
pesquisa mostrou que apesar da redução da consistência e de resistência
mecânica, houve aumento da ductilidade – característica importante em aplicações
de argamassa que requeiram grande capacidade de deformação.
Há também um grande número de pesquisas sobre a substituição de
agregados, no concreto, por resíduos. Correa (2015) comparou a substituição
parcial da areia natural por flocos de PET e PP (ambos pós-consumo), objetivando
a produção de concreto estrutural com agregados leves. O percentual de 10 % de
substituição garantiu um bom desempenho mecânico e obteve os melhores
resultados como barreira à penetração dos íons cloreto.
Coelho (2005) analisou a aplicação de grãos reciclados aglutinados de
polipropileno (GRAP) pós-consumo, em substituição aos agregados do concreto.
Obteve resultados satisfatórios, permitindo o desenvolvimento de concretos
adequados para a produção de: elementos pré-fabricados e elementos para
drenagens e enchimento de lajes, painéis e blocos de concreto. O concreto obtido
se mostrou extremamente dúctil e com redução superior a 30 % no seu peso final.
Estas diversas pesquisas concluíram que é viável o uso de concreto e
argamassas com substituição parcial dos agregados por resíduos plásticos.
No que se refere ao polipropileno, as pesquisas, estudos e ensaios se
concentram na adição de fibras sintéticas desse plástico para criação de concretos
especiais ou argamassas.
Desse modo, a escolha do uso de polipropileno neste estudo se deu por
ser um plástico amplamente utilizado no Brasil, sem reciclagem em níveis
adequados e pelo número insuficiente de pesquisas do uso de polipropileno
reciclado em argamassas.
Aliado a isto, tem-se o fato do PP possuir características interessantes
como: baixa densidade, resistências elétrica e mecânica à altas temperaturas;
baixa absorção de umidade e isolamento térmico.
19
1.2 OBJETIVOS
O objetivo desde trabalho é estudar e analisar o comportamento mecânico
e o desempenho de uma argamassa com a utilização de polipropileno moído em
substituição parcial à areia.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Este trabalho tem como objetivos específicos:
• Utilizar PP moído, proveniente de refugo de reciclagem, em
substituição parcial à areia em argamassas;
• Avaliar as propriedades de resistência à compressão e à tração na
flexão;
• Determinar o módulo de elasticidade;
• Determinar as melhores porcentagens de substituição, em massa;
• Determinar o desempenho acústico;
• Calcular e avaliar o impacto gerado no orçamento da produção da
argamassa com PP.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo aborda uma revisão dos principais assuntos envolvidos neste
estudo. Primeiramente será feita uma revisão sobre as propriedades e
características da argamassa e de seus materiais.
Em seguida, será explanado sobre o polímero polipropileno (PP), seus
usos e aplicações no mercado, e sobre seu descarte e reciclagem.
2.1 ARGAMASSAS
Segundo Carasek (2007), argamassas são materiais de construção, com
propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da mistura
homogênea de um ou mais aglomerantes (cal, cimento), agregado miúdo (areia) e
água, podendo ainda conter aditivos e adições minerais. São utilizadas na
construção civil em: revestimentos de paredes, tetos e pisos; em revestimentos
cerâmicos e em recuperação de estruturas.
Martinelli e Helene (1991) organizam as características desejáveis às
argamassas conforme a função a que serão utilizadas (Tabela 1).
TABELA 1 - USOS, FUNÇÕES E PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO.
FONTE: Martinelli e Helene (1991).
Usos Funções/Exigências Propriedades
Assentamento
estrutural
Resistir a esforçoes mecânicos.
Unir os elementos da alvenaria.
Vedar juntas.
Trabalhabilidade; retenção de água; resistência
mecânica inicial; resistência mecânica final;
estabilidade volumétrica; capacidade de absorver
deformações.
Assentamento
convencionalUnir os elementos da alvenaria.
Vedar juntas.
Trabalhabilidade; retenção de água; resistência
mecânica inicial; estabilidade volumétrica;
capacidade de absorver deformações.
Assentamento de
acabamento
Unir elementos de acabamento
ao substrato.
Trabalhabilidade; retenção de água; aderência;
estabilidade volumétrica; capacidade de absorver
deformações.
ChapiscoUnir camadas de revestimento
ao substrato.Trabalhabilidade; aderência.
Emboço
Vedar alvenaria.
Regularizar superfície.
Proteger o ambiente de
intempéries.
Trabalhabilidade; retenção de água; aderência;
estanqueidade; estabilidade volumétrica.
21
Podem-se resumir as propriedades desejáveis às argamassas em geral
como sendo: trabalhabilidade, retenção de água, resistência mecânica, estabilidade
volumétrica e capacidade de absorver deformações.
Dentre os componentes da argamassa está o Cimento Portland. Segundo
Mehta e Monteiro (2008), o cimento é um pó fino, produzido a partir da moagem de
um clínquer com uma pequena quantidade de sulfato de cálcio, além da presença
de outros compostos, como: óxido de cálcio (CaO) e sílica, alumina e óxido de
ferro.
O Cimento Portland tem ação aglomerante e confere resistência mecânica
e durabilidade à argamassa. Pelo fato de endurecer sob ação da água, é chamado
de aglomerante hidráulico (ABCP, 2017).
Além disso, segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP
(2017), suas finas partículas contribuem para a retenção de água e plasticidade da
argamassa. A Tabela 2 apresenta a classificação dos cimentos.
TABELA 2 - TIPOS DE CIMENTO.
FONTE: ABCP (2017).
A cal, em argamassas onde não há presença de cimento, age como
aglomerante da mistura, endurecendo devido o contato com ar, sendo chamada de
aglomerante aéreo (MARTINS, 2013).
Já em argamassas mistas de cal e cimento, de acordo com ABCP (2017):
Devido a finura da cal há retenção de água em volta de suas partículas e consequentemente maior retenção de água na argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além de contribuir
Denominação do Cimento SiglaClassificação pela
Norma ABNT
Portland comum CP I NBR 5732
Portland composto com escória CP II-E NBR 11578
Portland composto com pozolana CP II-Z NBR 11578
Portland composto com filler CP II-F NBR 11578
Portland de alto forno CP III NBR 5735
Portland pozolânico CP IV NBR 5736
Portland de alta resistência inicial CP V-ARI NBR 5733
22
significativamente para a trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações.
A cal pode ser virgem ou hidratada. A cal virgem é obtida pela queima – em
temperaturas próximas a 1000 ºC – da pedra calcária, resultando em óxido de
cálcio (CaO) (TANCAL, 2017). A cal hidratada é mais usualmente empregada e
pode ser classificada em três tipos: CH-I, CH-II e CH-III, onde a diferença entre
estes tipos é o seu grau de pureza. A NBR 7175: Cal hidratada para argamassas –
Requisitos (ABNT, 2003a) estabelece as características físicas e químicas da cal,
como mostra a Tabela 3.
TABELA 3 - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA CAL.
FONTE: ABNT (2003a).
A água, outro componente da argamassa, confere continuidade à mistura,
permitindo a ocorrência das reações entre os diversos componentes da
argamassa, sobretudo com o cimento (ABCP, 2017).
De acordo com Roman (1991, apud Holsbach, 2004), a água é
fundamental para a obtenção de boa trabalhabilidade, devendo ser dosada
adequadamente para evitar a segregação dos constituintes da argamassa.
A NBR 7211: Agregados para concreto – Especificação (ABNT, 2009)
define o agregado miúdo ou areia como agregado cujos grãos passam pela peneira
com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de
malha de 0,15 mm. O agregado deve ser composto por grãos de minerais duros,
compactos, estáveis, duráveis e limpos, e não devem conter substâncias
deletérias.
CH-I CH-II CH-III
na fábrica ≤ 5 % ≤ 5 % ≤ 13 %
no depósito ≤ 7 % ≤ 7 % ≤ 15 %
Óxido de cálcio e magnésio não hidratado calculado (CaO+MgO) ≤ 10 % ≤ 15 % ≤ 15 %
Óxidos totais na base de não-voláteis (CaOt + MgOt) ≥ 90 % ≥ 88 % ≥ 88 %
peneira 0,6 mm ≤ 0,5 % ≤ 0,5 % ≤ 0,5 %
peneira 0,075 mm ≤ 10 % ≤ 15 % ≤ 15 %
≥ 75 % ≥ 75 % ≥ 70 %
≥ 3,0 % ≥ 2,5 % ≥ 2,2 %
Ausência de cavidades ou protuberâncias
≥ 110 ≥ 110 ≥ 110
Retenção de água
Incorporação de areia
Estabilidade
Plasticidade
Exigências químicas
CompostosLimites
Anidrido carbônico (CO2)
Exigências físicas
Finura (% retida acumulada)
23
A granulometria da areia influencia as proporções de aglomerante e água
da mistura. Assim quando há deficiência na curva granulométrica ou excesso de
finos, ocorre maior consumo de água, reduzindo a resistência mecânica e
causando maior retração por secagem na argamassa (ABCP, 2017). Por isso é de
grande importância uma curva granulométrica contínua do agregado.
A Tabela 4 resume a influência da granulometria do agregado nas
propriedades da argamassa.
TABELA 4 - INFLUÊNCIA DA FORMA DO AGREGADO NAS PROPRIEDADES DA ARGAMASSA.
FONTE: Adaptado de ABCP (2017).
A areia utilizada na preparação de argamassas pode vir de rios, cavas ou
britagem (areia artificial, areia de brita). A exploração e extração prolongada das
areias naturais tem resultado no esgotamento das jazidas próximas aos grandes
centros urbanos, além de gerar danos no meio ambiente (GUACELLI, 2009).
Dentre os principais impactos ambientais que a extração da areia natural
causa, Santos, Saad e Stevaux (2015) citam:
• A exposição do solo, com maiores condições à erosão;
• Retirada da mata ciliar para a entrada de caminhões e tratores;
• Ruídos produzidos pelos veículos automotores;
• Emissões de gases de efeito estufa pelos veículos automotores;
• Contaminação da água do rio por graxa, óleo combustível e
Presença de finosDescontinuidade da
curva granulométrica
Teor de grãos
angulosos
Trabalhabilidade Melhor Pior Pior
Retenção de água Melhor - Melhor
Retração na secagem Aumenta Aumenta -
Porosidade - Aumenta -
Aderência Pior Pior Melhor
Resistência mecânica - Pior -
Permeabilidade Pior Pior -
Quanto maior
Propriedade
24
lubrificante;
• Compactação do solo;
• Lixiviação;
• Perda de vegetação;
• Alteração da paisagem.
A necessidade da utilização da areia artificial vem crescendo, visto que as
restrições ambientais à utilização de várzeas e leitos de rios limitam a extração de
areia, associado ao fato das grandes distâncias de transporte aumentarem os
custos do produto.
Países como a Holanda, Dinamarca e Bélgica são exemplo de países que
têm substituído agregados naturais por resíduos de construção e demolição (RCD)
(VASCONCELOS, 2010). No Brasil, várias prefeituras já trabalham com o uso de
RCD na produção de artefatos de concreto e na pavimentação.
Tanaka et al. (2010) avaliou a utilização de agregados reciclados
provenientes de RCD em argamassas, concluindo que o aumento de materiais
cimentícios nesses resíduos diminui a permeabilidade e melhoras as propriedades
mecânicas da argamassa.
Outros materiais também vêm sendo utilizados, como o vidro. A Austrália é
um país que utiliza vidro moído proveniente de reciclagem como agregado no
concreto (RIGHI et al. 2012). No Brasil esse material é usado no asfalto, mas
raramente no concreto ou argamassa. Righi et al. (2012) concluiu que a
substituição da areia por vidro moído na produção de concreto no teor de 20 %
seria a mais adequada, devido a apresentar comportamento similar ao concreto
sem substituição. Também salienta a possibilidade de desenvolvimento de reação
entre os álcalis do cimento com a sílica do vidro, que em presença de umidade
pode gerar um gel expansivo prejudicial ao concreto.
Pedro, Brito e Veiga (2012) avaliaram argamassas com agregados miúdos
provenientes da trituração de pneus, chegando a resultados que mostram que esse
material tem influência positiva na resistência ao impacto, sendo viável a aplicação
dessas argamassas como rebocos ou estuques (massa à base de cal, gesso,
areia, cimento e água) em paredes.
25
Correa e Santana (2014a, 2014b) analisaram a influência da substituição
parcial da areia por polipropileno moído provindo de embalagens alimentícias nas
propriedades do concreto leve, nas idades de 7 e 21 dias. O concreto com PP
apresentou menores densidade e índice de absorção, com redução de resistência
à compressão em porcentagem não significante para interferir na sua aplicação.
2.2 POLIPROPILENO
A palavra “polímero” (do Grego “poly” + “mer” – muitas partes) designa
compostos de pesos moleculares múltiplos (MANO; MENDES, 2004). São
macromoléculas que possuem longas cadeias, estrutura química e interações intra
e intermoleculares (CORREA, 2015). São unidas por ligações covalentes, repetidas
regularmente ao longo da cadeia, denominadas meros (MANO; MENDES, 2004).
Monômeros são micromoléculas, compostos químicos suscetíveis de reagir
para formar polímeros. A reação química que conduz à formação de polímeros é a
polimerização (MANO; MENDES, 2004).
Conforme Correa (2015), “as características químicas dos polímeros
determinam suas propriedades e aplicações. As propriedades variam conforme a
estrutura dos monômeros (grupos funcionais, cadeira carbônica, estado físico,
etc.)”. A principal matéria prima para produzir os polímeros é o petróleo.
De acordo com Mano e Mendes (2004), para a obtenção de um polímero
com as propriedades mecânicas, químicas e físicas desejadas, deve ser
determinado o processamento adequado, levando em conta as características
como: temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de fusão (Tf), entre outras.
Os polímeros podem ser divididos em: termoplásticos, termofixos
(termorrígidos) e elastômeros.
Termoplásticos são moldáveis a quente, possuem baixa densidade, são
bons isolantes térmicos e elétricos, tenazes e de baixo custo (CORREA, 2015).
Fundem por aquecimento e solidificam por resfriamento, em um processo
reversível e também podem ser dissolvidos em solventes adequados (MANO;
MENDES, 2004). Assim, tornam-se materiais fáceis de serem reciclados.
26
Exemplos de polímeros termoplásticos são: polipropileno (PP), polietileno
de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD), Politereftalato
de etileno (PET), poliestireno (PS) e poliuretano (PU).
Entretanto, esses materiais têm durabilidade limitada, definida pelos seus
processos de degradação. Paoli (2008) cita que a degradação de um polímero é
resultante de reações químicas (intra ou intermoleculares), como por exemplo: um
processo de despolimerização, de oxidação ou de reticulação de ligações
químicas.
Os termoplásticos podem ser processados por: termoformagem, moldagem
por compressão, calandragem, extrusão e sopro, injeção, injeção seguida de sopro
e rotomoldagem (PAOLI, 2008).
De acordo com Paoli (2008), os termoplásticos estão sujeitos a
aquecimento, pressão e cisalhamento durante o seu processamento. Isto pode
desencadear o início de reações de degradação ou gerar grupos químicos que irão
iniciar ou acelerar os processos de degradação.
Segundo Mano e Mendes (2004), termofixos são moldáveis por
aquecimento ou outra forma de tratamento, sendo infusíveis, o que torna difícil sua
reciclagem. Resinas fenólicas, epóxi e poliuretano (PU) são exemplos de
termofixos (COELHO, 2005). O poliuretano é um material versátil, que dependendo
dos monômeros e catalisador, pode ser termoplástico ou termorrígido (MANO;
MENDES, 2004).
Conforme Mano e Mendes (2004), elastômero (ou borracha) é um material
macromolecular que exibe elasticidade – capacidade de permitir grande
deformação seguida instantaneamente de retração, sem perda significativa de
forma e dimensões. Como exemplo de borrachas, pode-se citar: borracha natural,
policloropreno (neoprene), polibutadieno, silicone e polissulfato.
O polipropileno é um polímero termoplástico, ou seja, pode ser moldado
por aquecimento por diversas vezes. Entretanto, este processamento não pode ser
repetido infinitamente, devido aos processos de degradação, citados anteriormente.
Apresenta baixa densidade, 0,9 g/cm³ (BRASKEM, 2015), visto que
27
apresenta 90 % da densidade da água e é mais leve que outros plásticos e
materiais utilizados na construção civil. A Tabela 5 apresenta a massa específica
de alguns materiais a fim de comparação.
TABELA 5 - MASSA ESPECÍFICA DE ALGUNS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO.
FONTE: PRODETEC (2017) e ROSSI ET AL. (2005).
O PP pertence ao grupo das poliolefinas, ou seja, é um polímero
constituído de monômeros olefínicos. É obtido através da polimerização do
monômero propileno (propeno), um subproduto gasoso da refinaria do petróleo
(LIMER-CART, 2015).
Através da Figura 1 é possível visualizar a esquematização do processo de
refinação do petróleo e a obtenção do propileno.
MaterialPeso Específico
(g/cm³)
PP 0,9
Areia Seca 1,3 - 1,6
Areia Úmida 1,7 - 2,3
Cal Virgem 1,4 - 1,6
Cimento em Sacos 1,2
Argamassa Cimento/Cal/Areia 1,9
Estuque de Argamassa de Cimento 2,0
Aço 7,8
Vidro 2,4 - 2,6
Porcelanas 2,2
Borracha para Juntas 1,7
PVC 1,19 - 1,35
PET 1,38 - 1,39
PS 1,05 - 1,07
28
FIGURA 1 - ESQUEMA DA REFINAÇÃO DO PETRÓLEO.
FONTE: LIMER-CART (2015).
O polipropileno possui cadeias sem ramificações, formando uma cadeia
linear, com arranjos moleculares ordenados, o que justifica a sua baixa densidade
(CORREA, 2015). A Figura 2 esquematiza o processo de polimerização do
propileno em polipropileno.
FIGURA 2 – POLIMERIZAÇÃO DO PROPILENO EM PP.
FONTE: LIMER-CART (2015).
Devido ao polipropileno ser um polímero de alta cristalinidade, em torno de
60 a 70 %, apresenta alta resistência mecânica e dureza (SANTOS, 2006). Na
Tabela 6 encontram-se características do PP.
TABELA 6 - PROPRIEDADES DO PP.
FONTE: HIPERMETAL (2017).
Densidade
(g/cm³)
Massa Molar
(g/mol)
Módulo de
Elasticidade
(GPa)
Resistência
à Tração
(MPa)
Absorção
de Água
Alongamento
até Ruptura
(%)
Tg
(°C)
Tf
(°C)
0,9 80x10³ - 500x10³ 13 35 0,03 600 -18 165
29
O polipropileno se destaca, nas suas características ópticas, por ser um
polímero branco e opaco naturalmente, podendo ser adicionados pigmentos no seu
processamento (CORREA, 2015).
Santos (2006) comenta que o polipropileno é um material muito utilizado na
indústria devido às suas qualidades: facilidade de produção, boas características
mecânicas devidas, em grande parte, a sua natureza semicristalina, e a sua inércia
química, sendo possível a sua aplicação mesmo em meios corrosivos.
2.2.1 Aplicação no Setor de Embalagens
Nos últimos 50 anos, a indústria de plásticos vem crescendo
continuamente. De 1950 a 2012, a produção mundial passou de 1,5 milhão para
288 milhões de toneladas – um crescimento aproximado de 9 % ao ano
(BRASKEM, 2012).
No Brasil, a produção nacional aumentou cerca de 33 % em 9 anos (2000 a
2009), acompanhada de um aumento de 35 % no consumo (BRASKEM, 2012). A
Associação Brasileira da Indústria do Plástico – ABIPLAST (2015) informa que em
2014, o Brasil foi responsável por 2,4 % da produção mundial de resinas
termoplásticas – cerca de 6,24 milhões de toneladas. Os plásticos mais
consumidos são os polietilenos, o polipropileno e o PVC.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim
(2017), o polipropileno é utilizado em embalagens para alimentos, produtos têxteis
e cosméticos, tampas de refrigerante, potes para freezer, garrafões de água
mineral, entre outros. Ele conserva o aroma e é resistente a mudanças de
temperatura. Entre todas as suas aplicações, o PP é mais utilizado no setor
alimentício.
2.2.2 Aplicação na Construção Civil
De acordo com a Câmera Brasileira da Indústria da Construção – CBIC
(2012), o desenvolvimento de produtos cada vez mais leves e resistentes está
estimulando o surgimento de novas cadeias de materiais no país. Em diversos
processos produtivos, insumos derivados de plásticos especiais, polímeros e
alumínio ganham espaço como substitutos de materiais convencionais - como
30
madeira, borracha e ferro fundido.
Conforme Figueiredo, Tanesi e Nince (2002), nos últimos anos tem
crescido o uso de fibras poliméricas, principalmente por combater a fissuração por
retração de compósitos cimentícios, como é normalmente denominado o conjunto
formado por fibras e pela matriz de cimento que integra o concreto ou argamassa.
As principais aplicações das fibras são em lajes, ruas, calçadas, elementos
pré-moldados, pisos, pavimentos, concreto projetado, estuque, estruturas de
concreto em túneis e tubos de concreto (NTC BRASIL, 2016).
O polipropileno também é utilizado em tubos reticulados para água quente,
tubos para produtos químicos, sifões, dutos, apoios, máscaras de proteção,
tanques, caixas baixas de descarga, filmes, cabos e revestimentos para
ferramentas manuais, carpetes, espumas estruturais e sacarias.
2.2.3 Descarte e Reciclagem dos Resíduos Plásticos
No Brasil, aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens
plásticas. São 25 mil toneladas de embalagens depositadas nos aterros a céu
aberto todos os dias (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2017).
De acordo com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem –
CEMPRE (2013), o Brasil tem uma geração de resíduos sólidos estimada em
193.642 ton/dia, sendo que apenas 169.300 ton/dia são coletados, o que resulta
numa cobertura de coleta de 87,4 %.
Cerca de 40 % do lixo coletado acaba em aterros sanitários sem os
devidos cuidados ambientais necessários (CEMPRE, 2013). O país tem potencial
para reciclar 30 % do lixo produzido, mas apenas 3 % é reciclado, segundo
Nishimoto (2017).
A reciclagem do plástico pode ser classificada como: primária, secundária,
terciária e quaternária.
Segundo Spinacé e Paoli (2005), a reciclagem primária consiste na
31
conversão, por processos padrão, dos resíduos poliméricos industriais em produtos
com características semelhantes às resinas virgens.
Na reciclagem secundária, o plástico, proveniente de resíduos sólidos
urbanos, é convertido por um processo ou uma combinação de processos em
produtos com propriedades inferiores à resina virgem (ZANIN; MANCINI, 2015).
A reciclagem terciária é aquela onde ocorre um processo tecnológico de
produção de insumos químicos ou combustíveis a partir de resíduos poliméricos.
Também é chamada de reciclagem química (SPINACÉ; PAOLI, 2005).
Na reciclagem quaternária ocorre incineração controlada do plástico,
visando o aproveitamento de seu conteúdo energético (ZANIN; MANCINI, 2015). É
conhecida também como reciclagem energética.
Spinacé e Paoli (2005) comentam que a reciclagem primária e a
secundária são conhecidas como reciclagem mecânica, diferenciando-se uma da
outra pelo resíduo polimérico utilizado (pós-industrial e pós-consumo,
respectivamente).
Segundo Plastivida (2017), na reciclagem mecânica ocorre:
• A fragmentação em moinho de facas.
• Lavagem e separação, onde os fragmentos (comumente chamados
de flakes) são lavados com água e a separação é feita pela
diferença de densidades, ou seja, os materiais mais densos
afundam e os menos densos ficam na superfície da água.
• Secagem dos fragmentos separados.
• Extrusão, na qual o material plástico fragmentado é aquecido e
fragmentado novamente em novos flocos de plástico (flakes).
De acordo com Oliveira (2012), o método de reciclagem mecânica é o
mais utilizado, tem custos reduzidos de implementação e operação, além de
consumir menos energia, em comparação com outros métodos. Entretanto, só
pode ser utilizado em produtos que contenham apenas um tipo de resina. Assim,
32
quanto mais contaminado ou misturado for o resíduo, mais difícil será de reciclá-lo
mecanicamente.
Isto ocorre devido à existência de vários tipos de resinas plásticas, com
propriedades diferentes, incompatíveis entre si. Desde modo, a mistura de plásticos
diferentes leva a fabricação de um produto com propriedades mecânicas inferiores
(ZANIN; MANCINI, 2015).
Na reciclagem química ocorre a despolimerização, ou seja, a cadeia
orgânica é quebrada para dar origem a novos compostos. Essa reciclagem permite
tratar mistura de plásticos, reduzindo custos de pré-tratamento, custos de coleta e
seleção (CAVALIERE, 2017).
Na reciclagem energética ocorre a combustão do material plástico a fim de
gerar calor, vapor ou energia. Segundo Cavaliere (2017), esse tipo de reciclagem já
é utilizado em muitos países, sendo inclusive recomendada pelo IPCC - Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU como solução para a
destinação do lixo urbano não reciclável. Porém, no Brasil, ainda não é empregada,
e muitas vezes é confundida com a simples incineração dos resíduos.
Por maiores que sejam as possibilidades para a reciclagem do material
plástico, o potencial de sua reciclagem não é totalmente aproveitado. No Brasil
tem-se que o índice de reciclagem mecânica, que é o método de reciclagem usual,
é de 22 % (ABIPLAST 2015).
O Brasil recicla aproximadamente a mesma quantidade que países
desenvolvidos, como Reino Unido e Suíça (Figura 3). De acordo com Plastivida
(2015) este índice tem a possibilidade de crescer mais, pois o país ainda está em
fase de estruturação do real gerenciamento de seus resíduos através da Política
Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.
33
FIGURA 3 - RANKING DE RECICLAGEM DE PLÁSTICO NO MUNDO.
FONTE: Plastivida (2011).
O que impede o Brasil de estar entre os maiores recicladores de plástico é
a forma com que a reciclagem desse material é percebida pela população e
incentivada pelos municípios, visto que 83 % das cidades brasileiras não
apresentam programas de coleta seletiva (CEMPRE, 2015) e nas que apresentam
tais programas, ainda ocorrem inúmeras falhas. Por exemplo, no município de
Curitiba, 30 % do material enviado para coleta seletiva é rejeitado devido à maneira
inadequada como os cidadãos separam o lixo (PMC, 2014).
Na Suécia, país que lidera o ranking de reciclagem, há programas
governamentais como o Waste to Energy (Resíduo para Energia), no qual maior
parte da energia de cada tonelada de lixo é recuperada em plantas de incineração
(Figura 4) e convertida em energia elétrica.
34
FIGURA 4 - ESQUEMATIZAÇÃO DA INCINERAÇÃO DE LIXO.
FONTE: Delta Way Energy (2017).
Estas usinas têm capacidade de 65 a 85 %, que é superior à maioria das
PCH´s (45 a 60 %), à solar/fotovoltaica (16 a 18 %) e à eólica (32 a 40 %)
(CITVARAS, 2015). A reciclagem de lixo é tão eficiente que não há material o
bastante no país para ser incinerado. Atualmente a Suécia tem a Noruega como
maior importador de lixo para fins de incineração (ECYCLE, 2017).
Apesar da existência da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº
12.305/10 que institui a responsabilidade compartilhada pela gestão dos Resíduos
Sólidos Urbanos com a implementação da Logística Reversa por meio de Acordos
Setoriais) desde 2010, de acordo com Plastivida (2012) a reciclagem ainda
enfrenta certos entraves, como: o aumento do preço do material reciclado e
consequente queda na competitividade em relação a resina virgem, a má
separação dos resíduos fornecidos e a pouca confiabilidade no resíduo por parte
dos transformadores e do consumidor final.
Com isso exposto, obter novas utilizações para um material que iria para
aterro sanitário, principalmente como substituição de um recurso natural limitado
como a areia, vem se tornando essencial e de grande importância na Construção
Civil.
35
3 METODOLOGIA
Para este estudo foram desenvolvidas diversas argamassas e nelas
executados ensaios, os quais serão descritos a seguir.
3.1 MATERIAIS
Para a confecção das argamassas desenvolvidas neste estudo foram
empregados os seguintes materiais:
• Cimento CP II-F-32, cuja composição química se encontra no Anexo
I (ITAMBÉ, 2017);
• Cal hidratada CH-III;
• Areia Fina Natural;
• Polipropileno moído.
O cimento e a areia natural foram escolhidos para representar materiais
comumente empregados na região de Curitiba, onde este trabalho se desenvolveu,
para emprego em argamassas. A areia foi obtida seca e não foi lavada antes da
produção das argamassas. O polipropileno moído foi o objeto central deste estudo.
3.2 MÉTODOS
Este trabalho se desenvolveu em 3 etapas sequenciais, esquematizadas
na Figura 5.
36
FIGURA 5 - METODOLOGIA UTILIZADA NO ESTUDO.
FONTE: As Autoras (2017).
As etapas aqui resumidas e os ensaios realizados em cada uma delas
serão descritos na sequência.
3.2.1 ETAPA 1 - Caracterização dos Materiais
O polipropileno empregado neste trabalho foi obtido como refugo da
indústria de reciclagem de plástico, sendo, portanto, material sem reuso, com
destinação final em aterro sanitário.
Quando os materiais constituídos de PP, como copos de requeijão e potes
de sorvete chegam à central de reciclagem, passam primeiramente por um moinho
de facas, o qual irá reduzi-los a frações menores, em forma de lascas (Figura 6).
37
FIGURA 6 - PP PASSANDO POR MOINHO DE FACAS.
FONTE: As Autoras (2017).
As frações menores vão para um funil de separação (Figura 7), o qual
descarta material mais fino que o filtro, pois o mesmo pode queimar durante o
processo de regranulação por extrusão. Esse material fino descartado foi utilizado
nesse trabalho como substituição parcial a areia.
FIGURA 7 - SEPARAÇÃO DO POLIPROPILENO POR FUNIL
FONTE: As Autoras (2017).
Já a fração mais grossa do material moído, segue para o processo de
aglutinação, no qual o material se aglomera, e então passa pelo processo de
extrusão, adquirindo forma de longos filetes (Figura 8). Depois são cortados em
38
forma de grãos, ensacados e seguem para indústrias que os utilizam como matéria
prima.
FIGURA 8 - PROCESSO DE EXTRUSÃO DE PP.
FONTE: As Autoras (2017).
O PP moído e a areia natural foram caracterizados através de ensaios de
granulometria e material pulverulento. O PP moído também passou por ensaio de
massa unitária, dado útil se necessária a conversão de massa para volume, e vice-
versa, em um traço de concreto ou argamassa.
O ensaio de material pulverulento foi realizado de acordo com a NBR NM
46: Agregados – Determinação do material fino que passa através da peneira
75 µm, por lavagem (ABNT, 2003c).
A granulometria foi realizada com base na NBR NM 248: Agregados –
Determinação da composição granulométrica (ABNT, 2003b).
Para a obtenção da massa unitária do PP foi realizado ensaio conforme
NBR NM 45: Agregados – Determinação da massa unitária e do volume de vazios
(ABNT, 2006).
39
3.2.2 ETAPA 2 - Desenvolvimento dos Traços de Argamassa e Busca dos Teores
Ótimos de Substituição
A preparação da argamassa e a posterior determinação do índice de
consistência foram feitos com base na NBR 13276: Argamassa para assentamento
e revestimento de paredes e teto – Preparo da mistura e determinação do índice de
consistência (ABNT, 2002).
Traços iniciais de 1:2:9 (cimento:cal:areia, em volume) com teores de
substituição de 2,5 %, 5 % e 7,5 % (em massa), sendo 3 corpos-de-prova de 4 x 4
x 16 cm³ para cada traço, armazenados em câmara seca por 28 dias (MATTAR;
VIANA, 2012; CORREA, 2015).
A resistência foi definida com base na NBR 13279: Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e teto – Determinação da resistência à
tração na flexão e à compressão (ABNT, 2005a). Foi realizado adensamento
manual das camadas, com 20 golpes de soquete para cada camada.
3.2.3 ETAPA 3 - Ensaios Realizados Com Argamassas e Análise de Custos
O ensaio para a determinação do Módulo de Elasticidade Dinâmico (E) foi
realizado de acordo a NBR 15630: Argamassa para assentamento e revestimento
de paredes e teto – Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da
propagação de onda ultra-sônica (ABNT, 2008).
Os corpos-de-prova foram ensaiados com a utilização do aparelho Pundit
Lab+® (Figura 9) por meio de leitura direta com frequência de 250 Hz, o qual
forneceu o tempo necessário para as ondas de ultrassom atravessarem os corpos-
de-prova prismáticos.
40
FIGURA 9 - INSTRUMENTO DE ULTRASSOM.
FONTE: As Autoras (2017).
Inicialmente, os corpos-de-prova foram testados no sentido longitudinal por
meio de leitura direta (Figura 10). Em meios muito porosos, a onda pode não
conseguir se propagar adequadamente, e o sinal fraco não é percebido pelo
aparelho. Nestes casos, as leituras foram realizadas no sentido transversal dos
corpos-de-prova.
FIGURA 10 - OBTENÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE ATRAVÉS DE ULTRASSOM.
FONTE: As Autoras (2017).
Para avaliar o desempenho acústico das argamassas foram
confeccionados cubos com 5 faces. Para tal, foram moldadas placas de argamassa
medindo 15 cm x 15 cm x 2,54 cm, sendo o molde utilizado revestido internamente
com filme plástico para facilitar a retirada das placas (Figura 11).
41
FIGURA 11 - MOLDAGEM DE PLACAS DE ARGAMASSA
FONTE: As Autoras (2017).
As placas foram armazenadas por 7 dias em câmara seca no Laboratório
de Materiais e Estruturas da UFPR. Decorrido esse período, seguiu-se para
montagem do cubo utilizando as placas moldadas, as quais foram unidas por meio
de espuma expansiva à base de poliuretano (Figura 12). Durante o manuseio das
placas, algumas sofreram fraturas, tendo sido unidas também com poliuretano. Os
excessos de espuma foram aparados com estilete.
FIGURA 12 - CUBOS DE PLACAS DE ARGAMASSA PARA ENSAIO ACÚSTICO.
FONTE: As Autoras (2017).
42
Finalizada a montagem do cubo, foi colocado um decibilímetro Instrutherm
DEC-500®, em seu interior e medido o nível de som em decibéis para um toque de
celular e depois de batidas constantes no fundo do mesmo com auxílio de haste
metálica (Figura 13). A medição do equipamento foi realizada com todas as janelas
e portas do laboratório fechadas, a fim de evitar possíveis interferências com ruídos
externos. Cabe salientar que este procedimento não é normatizado, tendo sido
realizado devido à limitação de prazo e recursos disponíveis (instrumentação
limitada ao decibilímetro).
FIGURA 13 - ENSAIO DE DESEMPENHO ACÚSTICO.
FONTE: As Autoras (2017).
Para a análise de custos entre a argamassa de areia e argamassa com PP
foi utilizada a tabela de Insumos SINAPI/PR da Caixa Econômica Federal, Não
Desonerado, de setembro de 2017, como base para o levantamento dos custos
dos componentes cimento, areia e cal.
Para o custo da água tomou-se como base o valor da taxa mínima igual a
R$ 32,90, para 5 m³ de água (SANEPAR, 2017). Quanto ao polipropileno moído,
por se tratar de refugo, o custo por quilograma foi desconsiderado.
Para fins de cálculo, os valores originais dos preços foram convertidos em
R$/kg e/ou R$/m³, uma vez que foi utilizado o quantitativo de materiais, em massa
(g), para fabricar 1 litro de argamassa como base para o orçamento. Também se
realizou o cálculo do custo por resistência mecânica (R$/MPa).
43
4 RESULTADOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
4.1.1 Material Pulverulento
Foi realizado o ensaio de determinação do material pulverulento para se
conhecer o teor deste material nos agregados utilizados, como ilustra a Figura 14.
FIGURA 14 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DO MATERIAL PULVERULENTO.
FONTE: As Autoras (2017).
A Tabela 7 mostra os resultados obtidos no Ensaio de Material
Pulverulento para a areia e polipropileno moído. Assim, determinou-se que a
porcentagem de material pulverulento do PP é de 0,98 % e da areia de 8,63 %.
TABELA 7 - RESULTADOS DO ENSAIO DE MATERIAL PULVERULENTO.
FONTE: As Autoras (2017).
Amostra Mi (g) Mf (g)Material
Pulverulento (g)
Material
PulverulentoVariação Média
P1 100,72 99,77 0,95 0,94%
P2 100,15 99,13 1,02 1,02%
A1 100,71 92,02 8,69 8,63%
A2 100,26 91,61 8,65 8,63%
PP 0,08% 0,98%
Areia 0,00% 8,63%
44
4.1.2 Granulometria
Também foi realizado o ensaio de granulometria para determinação do
tamanho das partículas do agregado miúdo. A Figura 15 mostra as peneiras no
agitador mecânico para realizar o peneiramento.
FIGURA 15 - COLOCAÇÃO DE PENEIRAS NO AGITADOR MECÂNICO.
FONTE: As Autoras (2017).
Na Tabela 8, encontram-se os resultados do ensaio de granulometria para
a areia que foi utilizada no presente estudo.
45
TABELA 8 - COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DA AREIA UTILIZADA.
FONTE: As Autoras (2017).
Para o uso em concreto, a NBR 7211 (ABNT, 2009) estabelece que a curva
granulométrica se desenvolva entre os limites inferior e superior e que de
preferência esteja dentro da zona ótima. No Gráfico 1 é possível observar a curva
granulométrica da areia.
GRÁFICO 1 - CURVA GRANULOMÉTRICA DA AREIA UTILIZADA.
FONTE: As Autoras (2017).
Com base nos dados do Gráfico 1, percebe-se que a amostra da areia
utilizada situa-se ligeiramente abaixo da curva do limite utilizável inferior.
m retida (g) % retida % ret. ac m retida (g) % retida % ret. ac % ret. média %ret. ac. média
4,8 0,81 0,16% 0,16% 0,79 0,15% 0,15% 0,16% 0,16%
2,4 2,83 0,55% 0,71% 2,81 0,55% 0,71% 0,55% 0,71%
1,2 10,09 1,97% 2,68% 9,56 1,87% 2,58% 1,92% 2,63%
0,6 55,40 10,82% 13,50% 55,28 10,83% 13,41% 10,83% 13,46%
0,3 161,49 31,53% 45,03% 161,22 31,60% 45,01% 31,57% 45,02%
0,15 215,23 42,03% 87,06% 214,88 42,11% 87,13% 42,07% 87,09%
Fundo 66,28 12,94% 100,00% 65,69 12,87% 100,00% 12,91% 100,00%
DMC: 1,20 mm
MF: 1,49
AGREGADO MIÚDO: AREIA
Abertura das
peneiras
(mm)
Areia Amostra 1(M1 inicial=513,06g) Areia Amostra 2(M2 inicial=510,6g)
M final(g) 512,13 510,23
Valores médios
46
Sendo a substituição parcial da areia por polipropileno a motivação desse
estudo, os mesmos procedimentos do ensaio de granulometria da areia foram
realizados para o polipropileno. Na Tabela 9 seguem os resultados do ensaio.
TABELA 9 - COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO POLIPROPILENO.
FONTE: As Autoras (2017).
Com base nos dados obtidos da Tabela 9, foi elaborado o gráfico com a
curva granulométrica do PP (Gráfico 2). Observa-se que a curva se encontra fora
dos limites utilizáveis. A NBR 7211 (ABNT, 2009) permite a utilização de agregados
fora dos limites utilizáveis desde que sejam realizados estudos prévios de dosagem
que comprovem sua aplicabilidade.
m retida (g) % retida % ret. ac m retida (g) % retida % ret. ac % ret. média %ret. ac. média
4,8 18,23 3,64% 3,64% 18,01 3,61% 3,61% 3,63% 3,63%
2,4 141,62 28,31% 31,95% 141,38 28,32% 31,93% 28,31% 31,94%
1,2 175,98 35,18% 67,13% 175,77 35,21% 67,14% 35,19% 67,13%
0,6 112,43 22,47% 89,60% 112,30 22,49% 89,63% 22,48% 89,62%
0,3 36,57 7,31% 96,91% 36,47 7,31% 96,94% 7,31% 96,92%
0,15 11,92 2,38% 99,29% 11,79 2,36% 99,30% 2,37% 99,30%
Fundo 3,53 0,71% 100,00% 3,51 0,70% 100,00% 0,70% 100,00%
DMC: 4,80 mm
MF: 3,89
AGREGADO MIÚDO: POLIPROPILENO
Abertura das
peneiras
(mm)
PP Amostra 1 (m inicial=500,68g) PP Amostra 2 (m inicial = 500,11g) Valores médios
m final(g) 500,28 499,23
47
GRÁFICO 2 - CURVA GRANULOMÉTRICA DO POLIPROPILENO.
FONTE: As Autoras (2017).
Entretanto tem-se que o PP apresenta módulo de finura maior (3,89) que o
da areia (1,49), ou seja, é um material com partículas maiores que a areia e de
curva granulométrica (Gráfico 2) em formato contínuo e bem graduado. Em
contrapartida, a areia apresenta módulo de finura menor, ou seja, é material mais
fino e curva granulométrica descontínua (Gráfico 1). Como o PP possui maior
continuidade dos grãos, apesar de poucos finos comparado à areia, pode ser que a
trabalhabilidade não seja comprometida.
4.1.3 Determinação da Massa Unitária do PP
Como não foram encontrados dados tabelados de massa unitária do
polipropileno moído, realizou-se o ensaio para determinação dela e também do
índice de vazios.
Após a calibração do recipiente e sendo a densidade do PP igual a 900
kg/m³, obteve-se a massa unitária do PP moído igual a 348 kg/m³ e um índice de
vazios (Ev) igual a 61,33 %. Nota-se que a massa unitária do PP é de cerca de ¼
da areia (1450 kg/m³), fato que foi possível perceber pela diferença de volume
produzido de argamassa com e sem PP. Os resultados desse ensaio encontram-se
na Tabela 10.
48
TABELA 10 - MASSA UNITÁRIA DO PP MOÍDO.
FONTE: As Autoras (2017).
4.2 DESENVOLVIMENTO DOS TRAÇOS DE ARGAMASSA E BUSCA DE
TEORES ÓTIMOS DE SUBSTITUIÇÃO
4.2.1 Definição dos Teores de Substituição
Com base nos estudos de Mattar e Viana (2012) e Correa (2015),
inicialmente foram estabelecidos traços com teores de substituição de 2,5 %, 5,0 %
e 7,5 % de polipropileno moído. Entretanto, com a posterior realização dos demais
ensaios, viu-se que estes traços acabaram não resultam em grandes alterações
nas propriedades das argamassas.
Então, com base nos ensaios granulométricos da areia e do PP, pensou-se
em criar uma mistura de ambos os agregados, de modo que esta mistura ficasse
dentro da curva de zona ótima.
Com proporções estipuladas de areia e de PP (em massa) para a mistura,
multiplicou-se cada proporção pela sua respectiva massa retida obtida nos ensaios
de granulometria da areia e do PP. Este procedimento foi realizado para as
porcentagens de areia – PP de: 75 % – 25 %, 65 % – 35 %, 60 % – 40 % e 50 % –
50 %.
A mistura com 65 % de areia e 35 % de PP (em massa) encontrou-se
dentro da zona ótima de utilização, sendo a escolhida como porcentagem de
substituição desejável. A Tabela 11 apresenta os resultados obtidos.
Recipiente Recipiente+PP PP
1 3,82 5,89 2,07 350,85 0,81%
2 3,82 5,86 2,04 345,76 0,65%
3 3,82 5,87 2,05 347,46 0,16%
Massa Unitária PP (kg/m³) = 348
Ev (%) = 61,33
Variação
(%)
Determinação da Massa Unitária - NM 45/2006
Massa Unitária
Amostra (kg/m³)
Massa (kg)Amostra
49
TABELA 11 - GRANULOMETRIA MISTURA ÓTIMA.
FONTE: As Autoras (2017)
O Gráfico 3 mostra como esta mistura com 65 % de areia e 35 % de PP
encaixou-se dentro da zona ótima de utilização. Vale ressaltar que esta curva é
teórica, não tendo sido realizado o ensaio de granulometria para sua obtenção. As
tabelas e curvas com as demais porcentagens testadas se encontram no Anexo II.
GRÁFICO 3 - CURVA GRANULOMÉTRICA DA MISTURA ÓTIMA.
FONTE: As Autoras (2017).
Deste modo, estipularam-se os traços de argamassa que seriam feitos
inicialmente nesse estudo, como mostra a Tabela 12. O traço 1:2:9 foi escolhido
50
por ser um traço comum para argamassas de revestimento.
TABELA 12 - TRAÇOS INICIAIS.
FONTE: As Autoras (2017).
4.2.2 Índice de Consistência
Para a produção de todos os traços das argamassas, com ou sem
substituição de PP, adicionou-se a mesma quantidade de água a fim de se avaliar
as diferenças no índice de consistência e plasticidade delas.
Considerou-se como índice de consistência desejável o valor de
240 ± 10 mm, por se tratar de uma boa faixa de valores para argamassas de
revestimento. Para isto, foi necessário adicionar água num traço de 15,0 % PP e no
35,0 % PP para obter esse intervalo de índice de consistência.
A Tabela 13 reúne o resultado do ensaio (Flow Table) de índice de
consistência das argamassas utilizadas.
1 : 2 : 9
1 : 1,6 : 13,1
TraçoCimento
(g)Cal (g)
Areia
(g)PP (g) Água (g) a / m.s.
REF. (Referência) 108 172,80 1409,40 0 321,14 0,19
2,5 % PP 108 172,80 1374,17 35,24 321,14 0,19
5,0 % PP 108 172,80 1338,93 70,47 321,14 0,19
7,5 % PP 108 172,80 1303,70 105,71 321,14 0,19
15 % PP 108 172,80 1197,99 211,41 321,14 0,19
30 % PP 108 172,80 986,58 422,82 321,14 0,19
35 % PP 108 172,80 916,11 493,29 321,14 0,19
Traço (Cimento : Cal : Areia, em massa):
Traço (Cimento : Cal : Areia, em volume):
51
TABELA 13 - ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA.
FONTE: As Autoras (2017).
A partir dos resultados obtidos, pode-se observar que ocorreu perda
gradativa do índice de consistência das argamassas com substituição de parte da
areia por PP moído nas dosagens de 2,5 % e 5,0 % em relação ao traço sem
adição, voltando a aumentar para o teor de 7,5 %. Devido a este fato, para eliminar
possíveis erros de leitura dos diâmetros destes traços, se realizou novamente a
produção dos traços de 5,0 % e 7,5 % de PP.
É importante observar que a areia possui grãos mais arredondados,
diferentemente do PP que visualmente apresenta grãos mais angulosos, que
acabaram gerando maior travamento das partículas na pasta.
Traço Diâmetro (mm)Média
(mm)
Índice de
Consistência
(mm)
240,00
240,40
243,10
228,45
217,35
213,65
212,00
209,50
207,55
236,00
245,00
234,00
232,45
239,20
238,90
230,00
215,00
220,00
238,00
201,20
224,90
235,00
238,00
234,00
291,00
281,00
253,00
235,00
277,00
245,00
(1) a/m.s.=0,19 (2) a/m.s.=0,25 (3) a/m.s.=0,32
35,0 % PP (3) 252,33 252
30,0 % PP (1) 275,00 275
15,0 % PP
(2) 235,67 236
7,5 % PP (1)
Repetição221,67 222
15,0 % PP
(1) 221,37 221
5,0 % PP (1) 209,68 210
7,5 % PP (1) 236,85 237
5,0 % PP (1)
Repetição238,33 238
Índice de Consistência - ABNT NBR 13276/2002
REF. (1) 241,17 241
2,5 % PP (1) 219,82 220
52
Vale observar que esse ensaio não serve para definir completamente a
trabalhabilidade, pois, por exemplo, pode haver duas argamassas com índices de
consistência iguais, onde uma apresenta boa trabalhabilidade e a outra pode não
ser aplicável.
Este pode ser o caso do traço de 35 % PP, que apresentou consistência de
252 mm, dentro do estipulado, entretanto estava com uma consistência mais seca
(Figura 16).
FIGURA 16 - CONSISTÊNCIA DO TRAÇO 35 % PP.
FONTE: As Autoras (2017).
4.2.3 Resistências à Compressão e à Tração na Flexão
Após a moldagem de três corpos-de-prova para cada traço realizado, eles
foram armazenados em câmara seca por 28 dias para posterior rompimento e
definição das resistências mecânicas. Na figura 17 é possível ver a realização do
ensaio. A classe foi definida de acordo com a NBR 13281: Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos (ABNT, 2005b).
53
FIGURA 17 - ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO.
FONTE: As Autoras (2017).
Os dados obtidos no ensaio de resistência à compressão dos corpos-de-
prova de argamassa estão expostos na Tabela 14, a qual traz a média dos
resultados do ensaio.
54
TABELA 14 - RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO.
FONTE: As Autoras (2017).
O resumo destas resistências e o desvio-padrão (calculado com três
valores de resistência por traço) podem ser vistos no Gráfico 4.
TraçoResistência média à
Compressão (MPa)Desvio-Padrão
Classe
(ABNT NBR 13281)
(1) a/m.s.=0,19; (2) a/m.s.=0,25; (3) a/m.s.=0,32
0,08
0,09
0,25
0,12
5,0 % PP (1)
Repetição2,41
7,5 % PP (1)
Repetição2,46
REF. (1) 2,42
2,5 % PP (1) 2,55
0,15
7,5 % PP (1) 2,54 0,12
35,0 % PP (3) 1,65 0,07
5,0 % PP (1) 2,50
15,0 % PP (2) 0,57 0,05
30,0 % PP (1) 0,76 0,07
15,0 % PP (1) 3,26 0,51
P2
P2
P2
P2
P2
P2
P3
P1
P1
P1
55
GRÁFICO 4 - RESISTÊNCIA MÉDIA À COMPRESSÃO DA ARGAMASSA.
FONTE: As Autoras (2017).
Verifica-se que a resistência média à compressão praticamente não se
alterou nos traços de 2,5 % a 7,5 % de PP, em relação ao traço REF. Já no traço
15 % houve aumento da resistência.
Entretanto, esse valor decaiu muito no traço de 30 % PP, o que talvez
possa ser creditado à maior dificuldade de moldagem devido à consistência mais
seca. Nos traços com maior relação água/materiais secos a resistência diminuiu, o
que era esperado já que a mistura possuía maior quantidade de água. A maior
necessidade de água se deu por
Em vista a esses resultados, tem-se que o melhor desempenho à
compressão ocorreu para o teor de 15 % de PP, que teve um ganho de 35 % em
relação ao traço referência.
A Figura 18 ilustra o ensaio de resistência à tração na flexão.
56
FIGURA 18 - ENSAIO DE TRAÇÃO NA FLEXÃO.
FONTE: As Autoras (2017).
A Tabela 15 traz a média dos resultados do ensaio de rompimento à tração
na flexão dos corpos-de-prova de argamassa utilizados nesse trabalho. A definição
da classe foi feita com base na NBR 13281 (ABNT, 2005b).
TABELA 15 - RESULTADO DOS ENSAIOS À FLEXÃO.
FONTE: As Autoras (2017).
TraçoResistência média
à Flexão (MPa)Desvio-Padrão
Classe
(ABNT NBR 13281)
(1) a/m.s.=0,19; (2) a/m.s.=0,25; (3) a/m.s.=0,32
15,0 % PP
(2)0,20 0,02 R1
35,0 % PP
(3)0,50 0,02 R1
15,0 % PP
(1)1,05 0,18 R1
30,0 % PP
(1)0,24 0,03 R1
7,5 % PP (1) 0,79 0,05 R1
7,5 % PP (1)
Repetição0,79 0,09 R1
5,0 % PP (1) 0,68 0,06 R1
5,0 % PP (1)
Repetição0,73 0,06 R1
REF. (1) 0,56 0,02 R1
2,5 % PP (1) 0,66 0,07 R1
57
O Gráfico 5 mostra os resultados desse ensaio de resistência e o seu
desvio-padrão (calculado com três valores de resistência por traço).
GRÁFICO 5 - RESISTÊNCIA MÉDIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO DA ARGAMASSA.
FONTE: As Autoras (2017).
Neste ensaio notou-se que as resistências aumentaram até o traço de
15 % (a/m.s.=0,19), onde este traço teve quase o dobro da resistência do traço
REF. Entretanto, com a adição de água nos outros traço, a resistência caiu.
O traço de 35 % PP, apesar de apresentar maior relação água/materiais
secos, teve uma resistência muito parecida com o traço REF.
O incremento de polipropileno na argamassa resultou em maiores efeitos
na resistência à tração na flexão devido ao PP ser um material com boa resistência
à tração (35 MPa).
4.3 ENSAIOS REALIZADOS COM ARGAMASSAS E ANÁLISE DE CUSTOS
4.3.1 Módulo de Elasticidade Dinâmico
Na Etapa 3 deste trabalho foram realizados ensaios a fim de definir, nas
argamassas, o Módulo de Elasticidade Dinâmico e realizar uma análise preliminar
da acústica. Posteriormente foi feito o comparativo de custos.
58
A Tabela 16 apresenta o Módulo de Elasticidade Dinâmico (E) médio das
argamassas. As tabelas com todos os valores de Módulo de Elasticidade Dinâmico
calculados para cada grupo de 3 corpos-de-prova do mesmo traço se encontram
no Anexo III. As leituras foram realizadas no sentido longitudinal (distância de
leitura igual a 0,16 m) ou transversal (distância de leitura igual a 0,04 m).
TABELA 16 - MÓDULO DE ELASTICIDADE MÉDIO DAS ARGAMASSAS.
FONTE: As Autoras (2017).
O Gráfico 6 mostra os resultados obtidos neste ensaio, com os seus
desvios-padrão.
GRÁFICO 6 - MÓDULO DE ELASTICIDADE.
FONTE: As Autoras (2017).
Nota-se que as argamassas tiveram diminuição no valor do Módulo de
% PP a/m.s.Módulo de Elasticidade
Médio (GPa)Desvio-Padrão
Coeficiente de
Variação
5,0 0,19 4,23 0,23 5,44%
7,5 0,19 3,75 0,07 1,86%
15,0 0,19 3,78 0,84 22,20%
30,0 0,19 1,20 0,10 8,34%
15,0 0,25 2,14 0,05 2,34%
35,0 0,32 0,91 0,14 15,38%
59
Elasticidade Dinâmico à medida que foi crescendo a substituição da areia por PP.
Exceção feita para a argamassa 15 % PP, a qual sofreu pequeno acréscimo no
Módulo de Elasticidade ao aumentar a relação a/m.s.. Pela análise do coeficiente
de variação, podemos ver que os resultados foram homogêneos.
Assim vemos que o incremento de PP em porcentagens a partir de 30 %
resulta em argamassas com maior capacidade de deformação, característica
considerada ideal para argamassas de assentamento por exemplo.
4.3.2 Densidade no Estado Endurecido
Para avaliar a redução da densidade que poderia ocorrer com a
substituição da areia por PP moído, foi realizada a determinação da massa
específica no estado endurecido, com o uso do volume nominal dos corpos-de-
prova (4 x 4 x 16 cm³). Os resultados estão resumidos na Tabela 17.
TABELA 17 - DENSIDADE DOS CORPOS-DE-PROVA.
Fonte: As Autoras (2017).
Como já era de se esperar, pelo fato do polipropileno ser mais leve que a
Traço ρ (g/cm³) ρ (kg/m³)Coeficiente de
Variação
(1) (a/m.s.=0,19) (2) a/m.s.=0,25 (3) a/m.s.=0,32
35 % PP
(3)
5 % PP (1)
7,5 % PP
(1)
15 % PP
(1)
15 % PP
(2)
30 % PP
(1)
1,44
1672
1664
1352
927
955
1442
1,67
1,66
1,35
0,93
0,95
1,29%
1,45%
1,49%
6,79%
6,03%
0,57%
60
areia, a massa específica diminuiu ao se aumentar a porcentagem de PP.
Entretanto, no traço de 35 % PP, a diminuição de densidade não foi tão grande
devido ao aumento de água na mistura e também pelo fechamento dos vazios
devido à otimização da curva granulométrica. Os valores baixos do coeficiente de
variação mostram que os dados têm baixa dispersão em torno da média.
4.3.3 Desempenho Acústico
A análise de desempenho acústico foi realizada com o traço REF. (a/m.s.
igual a 0,19) e com o traço 35 % PP (a/m.s. igual a 0,32). Os resultados estão
apresentados na Tabela 18.
TABELA 18 - DESEMPENHO ACÚSTICO DAS ARGAMASSAS.
FONTE: As Autoras (2017).
Percebeu-se melhora no nível de ruído para o cubo moldado com
polipropileno, tanto para o ensaio ao som constante (Figura 19) quanto para
batidas na face externa dos fundos do cubo (Figura 20).
FIGURA 19 - ENSAIO ACÚSTICO AO SOM CONSTANTE.
FONTE: As Autoras (2017).
Traço Som constante (dB)Redução som
constante
Batidas com haste
metálica (dB)
Redução batidas
com haste metálica
REF (a/m.s=0,19) 68,2 108,2
35% PP (a/m.s=0,32) 65 91,84,7% 15,2%
61
FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO A BATIDAS COM HASTE METÁLICA.
FONTE: As Autoras (2017).
Cabe ressaltar que os níveis sonoros obtidos foram somente para
argamassa utilizada de forma isolada. Em um ambiente construído ainda haveria
de ser levado em conta o isolamento acústico por parte de blocos cerâmicos ou de
concreto, drywall, laje ou forro.
De acordo com manual do fabricante, o poliuretano (PU) utilizado para
selar as placas constituintes dos cubos atua como isolante térmico e acústico
(WEBER, 2017).
Uma vez que ambos os cubos foram confeccionados com quantidades
semelhantes de espuma expansiva, pode-se concluir que não houve interferência
acústica entre as argamassas ensaiadas acarretada pela presença de PU nas
amostras.
4.3.4 Análise de Custos
Durante a determinação dos custos, percebeu-se que na tabela SINAPI/PR
(CAIXA, 2017) o custo da areia por quilograma não considerava o transporte da
jazida ao fornecedor. Como o custo deste frete pode superar o custo do material,
acabou-se por orçar a areia em uma loja de materiais de construção (Balaroti,
62
2017). Neste preço não está incluso o frete do fornecedor até o local da obra.
Deste modo, foram utilizados os preços dos materiais que se encontram na
Tabela 19. É importante observar que seria necessário considerar o valor do frete
do PP da recicladora à obra, entretanto, não há como estipular este valor no
momento.
TABELA 19 - CUSTO DOS COMPONENTES DA ARGAMASSA.
FONTE: Adaptado de SINAPI, GR Plásticos, SANEPAR e Balaroti (2017).
A Tabela 20 mostra o custo dos materiais constituintes da argamassa, por
litro e por kg, conforme os traços adotados.
TABELA 20 - CUSTO DAS ARGAMASSAS.
FONTE: As Autoras (2017).
Para melhor comparação entre custos dos traços adotados, foi inserido
resumo do orçamento nos Gráficos 7 e 8.
MaterialDensidade
(Kg/m³)Custo/Kg Custo/m³
Cimento 3110 0,430000R$ -
Cal 1400 0,330000R$ -
Água 1000 0,006580R$ 6,58R$
MaterialMassa Unitária
(Kg/m³) Custo/Kg Custo/m³
Areia 1450 0,082690R$ 119,90R$
PP 348 -R$ -R$
Argamassa Cimento (g) Cal (g) Areia (g) PP (g) Água (g)Custo
(para 1 litro)Custo (por m3)
% de
Redução no
Custo
REF. (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 1409,40 0 321,14 0,222R$ 222,12R$ -
2,5% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 1374,17 35,24 321,14 0,219R$ 219,21R$ 1,31
5,0% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 1338,93 70,47 321,14 0,216R$ 216,29R$ 2,62
7,5% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 1303,70 105,71 321,14 0,213R$ 213,38R$ 3,94
15% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 1197,99 211,41 321,14 0,205R$ 204,64R$ 7,87
15% PP (a/m.s=0,25) 108,00 172,80 1197,99 211,41 400,00 0,205R$ 205,16R$ 7,64
30% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 986,58 422,82 321,14 0,187R$ 187,16R$ 15,74
35% PP (a/m.s=0,19) 108,00 172,80 916,11 493,29 321,14 0,181R$ 181,33R$ 18,36
35% PP (a/m.s=0,32) 108,00 172,80 916,11 493,29 501,56 0,183R$ 182,52R$ 17,83
63
GRÁFICO 7 - COMPARATIVO ENTRE CUSTOS POR METRO CÚBICO.
FONTE: As Autoras (2017).
GRÁFICO 8 - COMPARATIVO DE REDUÇÃO DE CUSTOS POR METRO CÚBICO.
FONTE: As Autoras (2017).
64
Nota-se que as maiores reduções em custo ocorrem, em ordem crescente,
para os traços: 30 % PP (a/m.s. = 0,19), 35 % PP (a/m.s. = 0,32) e 35 % PP
(a/m.s. = 0,19). Percebe-se ainda que quando se utiliza pouco percentual de PP na
argamassa, esta não sofre alterações significativas de custo.
Entende-se que quando é utilizado o mesmo traço, ao diminuir a relação
a/m.s., tem-se diminuição do custo. Apesar disto, não foi considerado viável a
produção de argamassa no traço 35 % PP com relação a/m.s. igual a 0,19 devido à
consistência mais seca.
O custo por metro cúbico de argamassa diminuiu, como esperado, visto
que este PP não tem custo. Logo, pensou-se em analisar o custo da argamassa
por resistência à compressão e à tração na flexão, ou seja, o custo por MPa.
Dividindo-se o custo por metro cúbico da argamassa pela resistência à
compressão e à tração na flexão foi possível calcular o custo por MPa de cada
traço realizado, como pode ser visto na Tabela 21 e no Gráfico 9.
TABELA 21 - CÁLCULO DOS CUSTOS POR MPA.
FONTE: As Autoras (2017).
Resistência
(MPa)
Custo
(por MPa)
Diferença
no Custo
(%)
Resistência
(MPa)
Custo
(por MPa)
Diferença
no Custo
(%)
REF. (1) R$ 222,12 2,42 R$ 91,79 - 0,56 R$ 396,64 -
2,5% PP (1) R$ 219,21 2,55 R$ 85,96 -6,34% 0,66 R$ 332,13 -16,26%
5,0% PP (1) R$ 216,29 2,50 R$ 86,52 -5,74% 0,68 R$ 318,08 -19,81%
5,0% PP (1) Repetição R$ 216,29 2,41 R$ 89,75 -2,22% 0,73 R$ 296,29 -25,30%
7,5% PP (1) R$ 213,38 2,54 R$ 84,01 -8,47% 0,79 R$ 270,10 -31,90%
7,5% PP (1) Repetição R$ 213,38 2,46 R$ 86,74 -5,50% 0,79 R$ 270,10 -31,90%
15% PP (1) R$ 204,64 3,26 R$ 62,77 -31,61% 1,05 R$ 194,89 -50,86%
15% PP (2) R$ 205,16 0,57 R$ 359,93 292,14% 0,20 R$ 1.025,79 158,62%
30% PP (1) R$ 187,16 0,76 R$ 246,26 168,30% 0,24 R$ 779,82 96,61%
35% PP (3) R$ 182,52 1,65 R$ 110,62 20,52% 0,50 R$ 365,03 -7,97%
(1) a/m.s.=0,19 (2) a/m.s.=0,25 (3) a/m.s.=0,32
Compressão Tração na Flexão
ArgamassaCusto
(por m3)
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GRÁFICO 9 – CUSTOS POR MPA.
FONTE: As Autoras (2017).
No custo por metro cúbico, as maiores reduções dos em relação ao traço
REF. foram nos traços com maiores porcentagens de PP: 15,74 % no 30 % PP
(a/m.s. = 0,19) e 17,83 % no 35 % PP (a/m.s. = 0,32). Já nos custos por MPa,
estes traços tiveram aumento de 96,61 % e 20,52 % (compressão),
respectivamente; aumento de 96,61 % e redução de 7,97 % (tração na flexão),
respectivamente.
É simples de perceber que nos traços onde as resistências foram inferiores
ao traço REF., o que ocorreu nos traços 15 % (a/m.s.=0,25), 30 % e 35 %, o custo
aumentou. Também se percebe que as maiores reduções de custo por MPa foram
nos valores referentes a resistência à tração na flexão. A maior redução de custo
por MPa foi no traço 15 % (a/m.s.=0,19).
66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Tabela 22 encontra-se um resumo comparativo dos resultados dos
diferentes traços de substituição de polipropileno com o traço referência (sem
substituição).
TABELA 22 - RESUMO COMPARATIVO DA ARGAMASSA REF. COM A INCORPORAÇÃO DE PP.
FONTE: As Autoras (2017).
Pode-se perceber que o índice de consistência, em geral, diminui com o
aumento da incorporação de PP. Já para uma mesma relação de água/materiais
secos, nota-se o aumento da resistência à tração na flexão com o crescimento da
porcentagem de PP no traço. Em geral, a resistência à compressão é maior, para
uma mesma relação água/matérias secos, quanto maior for a porcentagem de PP.
Os resultados desse estudo mostram que houve melhora, de um modo
geral, no desempenho de argamassa com PP quando comparado à argamassa
comum de cimento, cal e areia. É notável a alteração nas propriedades da
argamassa ao se incorporar o polipropileno, visto que suas características, como
massa específica e unitária e resistência, diferem da areia.
Como um dos objetivos principais desse estudo foi buscar o teor ótimo de
PP moído que poderia ser utilizado em substituição à areia na argamassa. Um
estudo considerado essencial foi o de avaliação da curva granulométrica desse
plástico. Notou-se que a mistura de 65 % areia e 35 % PP foi a que melhor se
encaixou na zona ótima de utilização do agregado.
% PP a/m.s.
Índice de
Consistência
(mm)
Resistência
Média à Tração
na Flexão (MPa)
Resistência Média
à Compressão
(MPa)
2,5 0,19 8,7% 17,9% 5,4%
5,0 0,19 12,9% 21,4% 3,3%
7,5 0,19 1,7% 41,1% 5,0%
5,0 0,19 1,2% 30,4% 0,4%
7,5 0,19 7,9% 41,1% 1,7%
15,0 0,19 8,3% 87,5% 34,7%
30,0 0,19 14,1% 57,1% 69,0%
15,0 0,25 2,1% 64,3% 76,4%
35,0 0,32 4,6% 10,7% 31,8%
67
Quanto à capacidade de deformação, foi onde se obtiveram os melhores
resultados, com o Módulo de Elasticidade Dinâmico diminuindo ao se aumentar a
porcentagem de PP na argamassa.
No quesito desempenho acústico, a argamassa com polipropileno mostrou-
se 15,2 % mais eficiente ao isolamento de ruídos quando testada para batidas com
haste metálica e 4,7 % mais eficiente quando testada em presença de som
constante.
Também foi percebida diminuição no custo, com redução de 17,83 % por
metro cúbico de argamassa (redução encontrada para a substituição de 35 % e
relação água/materiais secos de 0,32). Já no custo por MPa a melhor redução
ocorreu no traço 15 %, com redução média de 41,24 % (relação água/materiais
secos de 0,19), já que foi o traço que apresentou melhores resultados de
resistência. Esse valor é referente à argamassa isoladamente, entretanto, visto que
ela é responsável por cerca de 20 % do custo de uma obra, essa diminuição é
vantajosa no orçamento final.
Como nesse estudo foi encontrado um teor ótimo de substituição de areia
por PP, no qual a argamassa não apresentou uma trabalhabilidade adequada, seria
interessante trabalhar com maiores relações água/materiais secos, pois o aumento
de água poderia melhorar a trabalhabilidade e com isso o adensamento do
material.
Por fim, como sugestões a trabalhos futuros, citamos a elaboração de mais
ensaios sobre a utilização de PP como substituição parcial à areia em argamassas,
como por exemplo: ensaio de permeabilidade, densidade aparente, de durabilidade
(envelhecimento natural e acelerado), resistência à penetração de íons cloreto e de
resistência potencial de aderência na tração.
68
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de Construção Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1991. apud HOLSBACH, T. S. Avaliação da Substituição da Areia Natural por Areia Artificial em Argamassa de Cimento Cal e Areia para Assentamento. Departamento de Tecnologia, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2004. Disponível em: <http://www.projetos.unijui.edu.br/petegc/wp-content/uploads/tccs/tcc-titulos/2004/Avaliacao_da_Substituicao_da_Areia_Natural_Por_Areia_Artificial_em_Argamassa_de_Cimento_Cal_e_Areia_Para_Assentamento.pdf>.Acesso em: 04 nov. 2017.
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74
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76
ANEXO II – Granulometrias Teóricas da Mistura Areia + PP.
m retida (g) % retida % ret. ac m retida (g) % retida % ret. ac % ret. média %ret. ac. média
4,8 5,17 1,01% 1,01% 5,10 1,00% 1,00% 1,01% 1,01%
2,4 37,53 7,37% 8,38% 37,45 7,38% 8,38% 7,38% 8,38%
1,2 51,56 10,13% 18,51% 51,11 10,07% 18,46% 10,10% 18,48%
0,6 69,66 13,68% 32,19% 69,54 13,70% 32,16% 13,69% 32,18%
0,3 130,26 25,58% 57,78% 130,03 25,62% 57,78% 25,60% 57,78%
0,15 164,40 32,29% 90,06% 164,11 32,34% 90,12% 32,31% 90,09%
Fundo 50,59 9,94% 100,00% 50,15 9,88% 100,00% 9,91% 100,00%
DMC: 4,8 mm
MF: 2,08m final(g) 509,17 507,48
AGREGADO MIÚDO: MISTURA 75 % AREIA + 25 % PP
Abertura das
peneiras
(mm)
Mistura Amostra 1 Mistura Amostra 2 Valores médios
77
m retida (g) % retida % ret. ac m retida (g) % retida % ret. ac % ret. média %ret. ac. média
4,8 7,78 1,53% 1,53% 7,68 1,52% 1,52% 1,53% 1,53%
2,4 58,35 11,50% 13,03% 58,24 11,51% 13,03% 11,51% 13,03%
1,2 76,45 15,07% 28,10% 76,04 15,03% 28,06% 15,05% 28,08%
0,6 78,21 15,41% 43,51% 78,09 15,44% 43,50% 15,43% 43,51%
0,3 111,52 21,98% 65,49% 111,32 22,01% 65,51% 21,99% 65,50%
0,15 133,91 26,39% 91,88% 133,64 26,42% 91,93% 26,41% 91,91%
Fundo 41,18 8,12% 100,00% 40,82 8,07% 100,00% 8,09% 100,00%
DMC: 4,8 mm
MF: 2,44m final(g) 507,39 505,83
AGREGADO MIÚDO: MISTURA 60 % AREIA + 40 % PP
Abertura das
peneiras
(mm)
Mistura Amostra 1 Mistura Amostra 2 Valores médios
78
m retida (g) % retida % ret. ac m retida (g) % retida % ret. ac % ret. média %ret. ac. média
4,8 9,52 1,88% 1,88% 9,40 1,86% 1,86% 1,87% 1,87%
2,4 72,23 14,27% 16,15% 72,10 14,28% 16,15% 14,28% 16,15%
1,2 93,04 18,38% 34,53% 92,67 18,36% 34,51% 18,37% 34,52%
0,6 83,92 16,58% 51,10% 83,79 16,60% 51,11% 16,59% 51,11%
0,3 99,03 19,56% 70,67% 98,85 19,58% 70,69% 19,57% 70,68%
0,15 113,58 22,44% 93,10% 113,34 22,45% 93,14% 22,45% 93,12%
Fundo 34,91 6,90% 100,00% 34,60 6,86% 100,00% 6,88% 100,00%
DMC: 4,8 mm
MF: 2,67m final(g) 506,21 504,73
AGREGADO MIÚDO: MISTURA 50 % AREIA + 50 % PP
Abertura das
peneiras
(mm)
Mistura Amostra 1 Mistura Amostra 2 Valores médios
79
ANEXO III – Cálculo do Módulo de Elasticidade Dinâmico
Traço Massa (g) ρ (g/cm³) ρ (kg/m³)Dist.
leitura (m)
Tempo
(μs)v (m/s) E (Pa) E (GPa)
5 % PP (1) 433,59 1,69 1.693,71 0,16 95,40 1.677,15 4.287.706.183 4,29
5 % PP (1) 428,91 1,68 1.675,43 0,16 93,40 1.713,06 4.425.016.851 4,43
5 % PP (1) 421,33 1,65 1.645,82 0,16 97,70 1.637,67 3.972.608.480 3,97
7,5 % PP (1) 432,78 1,69 1.690,55 0,16 102,90 1.554,91 3.678.569.304 3,68
7,5 % PP (1) 420,29 1,64 1.641,76 0,16 99,40 1.609,66 3.828.413.135 3,83
7,5 % PP (1) 424,58 1,66 1.658,52 0,16 100,90 1.585,73 3.753.355.578 3,75
15 % PP (1) 331,31 1,29 1.294,18 0,04 22,90 1.746,72 3.553.743.731 3,55
15 % PP (1) 333,87 1,30 1.304,18 0,16 98,70 1.621,07 3.084.505.871 3,08
15 % PP (1) 373,23 1,46 1.457,93 0,16 84,40 1.895,73 4.715.569.619 4,72
30 % PP (1) 252,53 0,99 986,45 0,04 33,20 1.204,82 1.288.722.284 1,29
30 % PP (1) 235,1 0,92 918,36 0,04 34,90 1.146,13 1.085.736.160 1,09
30 % PP (1) 224,18 0,88 875,70 0,04 32,10 1.246,11 1.223.796.838 1,22
15 % PP (2) 370,52 1,45 1.447,34 0,16 124,10 1.289,28 2.165.262.736 2,17
15 % PP (2) 363,72 1,42 1.420,78 0,16 125,40 1.275,92 2.081.683.112 2,08
15 % PP (2) 372,92 1,46 1.456,72 0,16 124,60 1.284,11 2.161.832.793 2,16
35 % PP (3) 245,94 0,96 960,70 0,04 40,70 982,80 835.146.907 0,84
35 % PP (3) 243,86 0,95 952,58 0,04 35,70 1.120,45 1.076.283.455 1,08
35 % PP (3) 243,27 0,95 950,27 0,04 40,90 978,00 818.021.025 0,82
(1) (a/m.s.=0,19) (2) a/m.s.=0,25 (3) a/m.s.=0,32
Instrumento Utilizado: Transitor 250 Hz Pundit Lab+®