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AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV) EMPREGADO PARA A DESINFECÇÃO DE ÁGUA DE POÇOS DE COMUNIDADES RURAIS DA CIDADE DE IRATI. Ana Claudia Wendling, Jeanette Beber de Souza (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Engenharia Ambiental/Irati, PR. Engenharias - Tratamento de Águas de Abastecimento e Residuárias. Palavras-chave: Saneamento básico, poço artesiano, desinfecção, radiação ultravioleta. Resumo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficiência da radiação ultravioleta (UV), em diferentes tempos, para a inativação de microrganismos potencialmente poluidores presentes em águas usadas para consumo humano provenientes de poços artesianos de comunidades rurais na região de Irati, PR. Os microrganismos indicadores empregados foram coliformes totais (CT) e Escherichia coli. A eficiência de desinfecção se deu com a eliminação dos microrganismos indicadores de contaminação fecal, verificou-se que o tempo de 60 s de exposição à radiação UV foi adequado para o atendimento da água ao padrão brasileiro de potabilidade. Introdução A deficiência de saneamento básico em várias regiões brasileiras, em especial, o acesso à água segura para o consumo humano e o esgotamento sanitário, impõe a um grande número de pessoas riscos inaceitáveis de exposição às doenças infecciosas causadas pelos organismos patogênicos excretados por indivíduos infectados no meio ambiente. Esse quadro de deficiência da barreira sanitária tem forte influência nos indicadores de saúde, muito abaixo dos padrões mínimos da dignidade humana em várias regiões brasileiras (Gonçalves, 2003). Em regiões rurais, sem acesso aos serviços públicos de saneamento, são utilizadas soluções alternativas tanto para o esgotamento sanitário quanto para o abastecimento de água, sendo muito comum no caso da água, o uso de poços artesianos. Entretanto, muitas vezes a localização dos poços próximos às fossas, não respeitando as distâncias mínimas de segurança, representa um fator de risco à saúde dessas populações. Juntamente com estes aspectos, os hábitos higiênicos precários e a Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358

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AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV)EMPREGADO PARA A DESINFECÇÃO DE ÁGUA DE POÇOS DE

COMUNIDADES RURAIS DA CIDADE DE IRATI.

Ana Claudia Wendling, Jeanette Beber de Souza (Orientadora), e-mail:[email protected]

Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de EngenhariaAmbiental/Irati, PR.

Engenharias - Tratamento de Águas de Abastecimento e Residuárias.

Palavras-chave: Saneamento básico, poço artesiano, desinfecção, radiaçãoultravioleta.

Resumo:O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficiência da radiação ultravioleta (UV), emdiferentes tempos, para a inativação de microrganismos potencialmente poluidorespresentes em águas usadas para consumo humano provenientes de poçosartesianos de comunidades rurais na região de Irati, PR. Os microrganismosindicadores empregados foram coliformes totais (CT) e Escherichia coli. A eficiênciade desinfecção se deu com a eliminação dos microrganismos indicadores decontaminação fecal, verificou-se que o tempo de 60 s de exposição à radiação UVfoi adequado para o atendimento da água ao padrão brasileiro de potabilidade. IntroduçãoA deficiência de saneamento básico em várias regiões brasileiras, emespecial, o acesso à água segura para o consumo humano e o esgotamentosanitário, impõe a um grande número de pessoas riscos inaceitáveis deexposição às doenças infecciosas causadas pelos organismos patogênicosexcretados por indivíduos infectados no meio ambiente. Esse quadro dedeficiência da barreira sanitária tem forte influência nos indicadores desaúde, muito abaixo dos padrões mínimos da dignidade humana em váriasregiões brasileiras (Gonçalves, 2003).

Em regiões rurais, sem acesso aos serviços públicos de saneamento,são utilizadas soluções alternativas tanto para o esgotamento sanitárioquanto para o abastecimento de água, sendo muito comum no caso daágua, o uso de poços artesianos. Entretanto, muitas vezes a localização dospoços próximos às fossas, não respeitando as distâncias mínimas desegurança, representa um fator de risco à saúde dessas populações.Juntamente com estes aspectos, os hábitos higiênicos precários e a

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ausência da prática da desinfecção da água são responsáveis, em geral,pelo alto índice de prevalência de diarreia entre os habitantes dessascomunidades.

Dentre as alternativas de desinfecção da água o cloro é o agentedesinfetante mais comumente empregado, e de fato, sua eficácia bactericidaé comprovada. Entretanto, algumas desvantagens da cloração são: apossibilidade de formação de subprodutos com potencial cancerígeno, ostrihalometanos (THMs) e a baixa aceitação do sabor do cloro na água,muitas comunidades deixam de realizar a cloração, mesmo quando recebemo cloro gratuitamente das Vigilâncias Sanitárias Municipais.

A radiação UV, emitida por lâmpadas germicidas especiais, é ummecanismo físico de desinfecção, no qual a inativação microbiana ocorrepela absorção da luz que promove uma reação fotoquímica capaz de alterarcomponentes moleculares essenciais para as funções celulares, causandodanos nos ácidos nucleicos (DNA e RNA) dos microrganismos, inativando-os(USEPA, 1999).

A radiação UV apresenta como principais vantagens: a simplicidadeoperacional, o requisito mínimo de área para implementação, o custorelativamente baixo, a pouca exigência de operação e manutenção, oscurtos tempos de contato (da ordem de 20 a 30 segundos), a elevadaeficácia de inativação para grande variedade de microrganismos, a ausênciado uso de produtos químicos e da geração de subprodutos tóxicos na água,sendo que, as poucas alterações que ocorrem na matéria orgânica pelaação da radiação UV não são prejudiciais à saúde humana nem ao meioambiente (USEPA, 1999).

Na presente pesquisa foi empregada a radiação UV para a desinfecçãode águas provenientes de poços de famílias da região rural de Irati queapresentavam problemas (detectados em estudos anteriores) decontaminação dessas fontes alternativas de abastecimento.

Materiais e métodosOs ensaios de desinfecção foram realizados em um reator UV de bancadade laboratório confeccionado em aço inox e cúpula removível em alumínioutilizando três lâmpadas de baixa pressão de vapor de mercúrio, com 15 Wde potência cada uma, com as seguintes dimensões: 45 x 40 x 15 cm. Oesquema do reator está representado na figura 1.

Figura 1 - Reator UV de bancada empregado na pesquisaFonte: Bilotta; Daniel, 2007.

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De acordo com a Portaria Nº 2914 de 2011 do Ministério da Saúde(Brasil, 2011) que estabelece os padrões microbiológicos da água paraconsumo humano, na saída do tratamento a água deve apresentar totalausência dos microrganismos E. coli e CT. Nesse sentido, verificou-se que otempo de exposição de 60 segundos (dose média de 143,28 mW.s.cm-2) foiadequado para o completo atendimento à Portaria MS 2914/2011.

ConclusõesA radiação UV é um excelente método para a desinfecção de águas depoços, atendendo os padrões de potabilidate estabelecido pelo Ministério daSaúde, especialmente pelo fato dessas águas apresentarem característicasde cor e turbidez baixas, podendo, inclusive, ser uma técnica de fácilaplicação e de baixo custo. Entretanto, salienta-se que a radiação UV nãodeixa residual desinfetante à água, o que deve ser adequadamente avaliado.

AgradecimentosAgradeço a minha orientadora Jeanette Beber de Souza pela atenção, paci-ência e contribuições. A técnica Ana Maria Charnei, Raphael Pedroso, Pris-cila L. Biesdorf, Thaís Kovalski e Odimeia pelo auxílio no laboratório. Ao Car-los Henrique B. Nauiack, Juliano Gil, Renê Siman e a Mariângela Borba pelaajuda na coleta das amostras de água.

ReferênciasAMERICAN PUBLIC HEATH ASSOCIATION. Standart methods for theexamination of water and wastewater. 19. ed. Washington: American PublicHealth Association, 1998.

BILOTTA, Patrícia; DANIEL, Luiz Antonio. Ozônio e radiação UV nainativação de indicadores patogênicos em esgoto sanitário: uma análisecomparativa. Revista Minerva Ciência & Tecnologia, São Carlos, v. 3, p. 199-207, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2914, de 12/12/2011. Dispõe sobreos procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água paraconsumo humano e seu padrão de potabilidade.

GONÇALVES, R. F. (Coord.). Desinfecção de efluentes sanitários. Rio deJaneiro: RiMa, 2003.

UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. USEPA.Guidance manual: alternative desinfectants and oxidants. Washington:USEPA, 1999. Report n.815-R-99-014.

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