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Page 1: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES … · comportamento inicial de espécies florestais, desde o plantio até o seu estabelecimento, contribui de forma significativa

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES PIONEIRAS EM REFLORESTAMENTO MISTO NO SUL DO

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Cíntia da Silva Alves 1 , Marcela Brite Alfaiate 2, Ana Beatriz Vargas de Oliveira 3, João Batista Pavesi Simão 4

1Graduando em Ciências Biológicas/Ifes- Campus de Alegre ([email protected]); 2Graduando em Ciências Biológicas/Ifes- Campus de Alegre ([email protected]); 3 Graduando em Ciências

Biológicas/Ifes- Campus de Alegre ([email protected]), 4 Professor Doutor / Ifes- Campus de Alegre ([email protected]);

Apresentado no II Congresso Brasileiro de Reflorestamento Ambiental – 23 a 26 de outubro de2012 – SESC Centro de Turismo de Guarapari, Guarapari – ES.

Resumo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desenvolvimento inicial de mudas de espécies pioneiras nativas e exóticas em reflorestamento misto, como base para a escolha de espécies florestais em ambiente tropical . Foram realizadas medições trimestrais de diâmetro e altura a partir dos 9 meses após o plantio. As espécies que apresentaram melhor desenvolvimento foram Acacia auriculiformis e Senna siamea. As espécies Centrolobium tomentosum, Hymenaea courbaril, Pterigota brasiliensis, Chrysophyllum cainit, tiveram os menores rendimentos.

Palavras-chave: recuperação de áreas degradadas, reflorestamento espécies florestais pioneiras.

Introdução O reflorestamento é uma opção para recuperar áreas degradadas, sendo que o sucesso do estabelecimento de florestas nessas áreas depende das características do terreno e do clima, além das estratégias de implantação, considerando-se aí o número e frequência das espécies florestais e o manejo a ser adotado (FARIA et al., 1997). O entendimento do comportamento inicial de espécies florestais, desde o plantio até o seu estabelecimento, contribui de forma significativa para o sucesso do reflorestamento. Para Botelho (1996), a presença das espécies pioneiras é essencial para o sucesso do plantio, visto que pelo o rápido desenvolvimento fornece proteção ao solo e condições microclimáticas necessárias. Portanto, saber o comportamento dessas espécies é essencial, já que outras espécies dependem dela para o desenvolvimento. A escolha dessas espécies é fundamental para instalação de qualquer reflorestamento (DAVIDE et al. 1996).

Uma estratégia para ampliar o conhecimento a respeito das características das espécies florestais consiste em testá-las em ensaios puros e mistos, avaliando desde o desenvolvimento inicial até o estabelecimento da floresta (RÊGO, 2002). Alguns trabalhos têm demonstrado que o desenvolvimento inicial de espécies florestais é diverso, sobretudo em reflorestamentos mistos (FIGUEIREDO, 2009). Nesse contexto, foi proposta a pesquisa, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial de mudas de espécies pioneiras, nativas e exóticas em reflorestamento misto, como base para a escolha de espécies florestais em ambiente tropical em solo classificado como latossolo vermelho-amarelo distrófico no sul do Espírito Santo.

Material e Métodos

O experimento foi instalado no Ifes - campus de Alegre, nas coordenadas UTM 24K 243825, 7702438 (datum WGS84), em uma topossequência que varia de um latossolo vermelho-amarelo distrófico nas cotas mais elevadas para um neossolo flúvico eutrófico. As espécies florestais avaliadas foram: Samanea tubulosa, Pterigota brasiliensis, Melia azedarach, Khaya ivorensis, Inga edulis, Hymenaea courbaril, Chrysophyllum cainito, Centrolobium tomentosum, Bauhinia forficata, Azadirachta indica e Acácia auriculiformis.

Em novembro de 2009, foi feito o plantio das espécies florestais constando de espécies nativas pertencentes à Mata Atlântica e também algumas exóticas. Os plantios foram feitos em covas de 30cm x 30cm x 30cm, em espaçamento de 3m x 2m, não tendo sido observado o estádio sucessional das espécies por ocasião da distribuição das mudas, sendo assim distribuídas ao acaso. As covas receberam 150g de superfosfato simples e 100g de calcário dolomítico. Não ocorreram adubações de cobertura, tendo-se preocupado em manter o controle do mato, com roçadas e coroamentos, e o controle de formigas.

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Após 9 meses de idade, começaram as avaliações das plantas em intervalos de 3 meses, até 18 meses. Foram medidos a altura das plantas (ALT) e o diâmetro do caule a 20cm do solo (DAS), utilizando haste de madeira e suta, respectivamente. As informações coletadas foram tabuladas em planilha eletrônica, permitindo as análises e construção de gráficos a respeito da altura, diâmetro do caule e taxa de crescimento.

Resultados e discussões

As espécies florestais que apresentaram maior dsenvolvimento, medido pelo crescimento foram a Acacia auriculiformis e Senna siamea, que aos 18 meses de plantio encontrava-se com 4,65m e 3,69m respectivamente (Figura 1).

Dentre as espécies que demonstraram ter crescimento menor ou igual a 2m no período de 18 meses destacaram-se: Centrolobium tomentosum, Hymenaea courbaril, Pterigota brasiliensis, Chrysophyllum cainito. É importante salientar que, embora sejam consideradas espécies pioneiras, o crescimento dessas árvores foi muito menor, quando comparado às outras espécies avaliadas.

Figura 1. Altura de indivíduos das espécies florestais estudadas, em intervalos trimestrais, do 9° ao 18° mês

As espécies que apresentaram maior desenvolvimento inicial na variável diâmetro, aos 18 meses após o plantio, foram: Senna siamea, Acacia auriculiformis e Inga edulis com 5,87cm, 5,79cm e 4,79cm respectivamente. Exceto esta última, as demais são as mesmas que mais se destacaram na variável altura. Dentre as que apresentaram menor diâmetro (abaixo 3 cm), destacaram-se: Hmenaea courbaril (2,13cm), Pterigota brasiliensis (2,51cm), Melia azedarach (2,64cm) (Figura 2).

Figura 2. Diâmetro de indivíduos das espécies florestais estudadas, em intervalos trimestrais, do 9° ao 18° mês

Quando avaliadas quanto à taxa de crescimento, no intervalo de tempo entre o 9º e o 18º mês após o plantio, as plantas apresentaram comportamento variável: Acacia auriculiformis e Senna siamea, apresentaram crescimento superior a

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2,50m nesse período, demonstrando grande aptidão para povoamentos em que se busca rápida instalação. Por outro lado, Hymenaea courbaril, Chrysophyllum cainito, Pterigota brasiliensis e Centrolobium tomentosum não chegaram a crescer 1,5m, comportando-se de maneira mais próxima às espécies secundárias (Figura 3).

Figura 3. Crescimento médio de indivíduos das espécies florestais estudadas, no intervalo entre o 9° e o 18° mês

Conclusão

Parte das espécies florestais estudadas se comportaram como pioneiras, a exemplo de Acacia auriculiformis e Senna siamea, com crescimento médio elevado. Outras espécies, citadas como pioneiras, como Centrolobium tomentosum, Hymenaea courbaril, Pterigota brasiliensis e Chrysophyllum cainito, apresentam crescimento mais lento no período de análise.

Referências

FARIA, J. M. R.; DAVIDE, A. C.; BOTELHO, S. A. Comportamento de espécies florestais em área degradada com duas adubações de plantio. Cerne, Lavras, v. 3, n. 1, p. 25-44, 1997.

BOTELHO, S.A., DAVIDE, A.C. & FARIA, J.M.R. 1996. Desenvolvimento inicial de seis espécies florestais nativas em dois sítios na região sul de Minas Gerais. Cerne, 2(1):43-52.

LEITÃO FILHO, HF 1993. Ecologia da mata atlântica los Cubatão. UNESP; UNICAMP, São Paulo.

MARTINS SV, RODRIGUES, RR, 1999. Produção de serapilheira los clareiras de floresta estacional semidecidual UMA nenhum município de Campinas, SP. Rev. Bras. Bot. 22 (3) :405-412.

DAVIDE, A. C. et al. Comportamento de espécies florestais de mata ciliar em área de depleção do reservatório da Usina Hidrelétrica de Camargos – Itutinga, MG. Cerne, Lavras, v. 2, n. 1, p. 20-40, jan./jun.1996.

FIGUEIREDO, R. A. et al. Reproductive ecology of the exotic tree Muntingia calabura L. (Muntingiaceae) in southeastern Brazil. Revista Árvore, v.32, n.6, p.993-999, 2008.

LORENZI, H. Árvores exóticas no Brasil madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa. SP, 2000. v.1.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP, 2002. v.1.RÊGO, G. M. Ecofisiologia do jequitibá-rosa e do jacarandá-da-bahia: morfogênese, germinação e crescimento inicial. Scientia Agraria, v. 3, n. 1-2, p. 113-132, 2002.