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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE: UMA ANÁLISE SOBRE A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DIAGONAL SEMESTRAL NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO PARANÁ Rosemary Tasso Hilka Vier Machado [email protected] Resumo Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate sobre a avaliação de desempenho docente do estado do Paraná, apresentando um estudo à respeito da Avaliação Institucional utilizando uma ferramenta, instrumento (formulário) de Avaliação Docente Diagonal Semestral. Busca-se analisar, por meio de referencial teórico a necessidade de avaliar o desempenho docente e da aprendizagem por meio de ferramentas que comprovam o desempenho dos professores e dos alunos da rede básica de ensino, através da avaliação institucional. A discussão contempla os meios e procedimentos que através dos resultados alcançados pela pesquisa, fundamenta o trabalho. Nele busca mostrar como é praticada (realizada) a Avaliação Diagonal Semestral no Estado do Paraná. O trabalho sugere uma reavaliação do processo buscando o aperfeiçoamento do sistema atual. Palavras-chave: Avaliação Institucional, desempenho docente, educação básica 1. INTRODUÇÃO Ao longo dos últimos anos do século XX, a formação dos professores foi um dos campos do conhecimento educacional, mais discutidos nas práticas institucionais. Notadamente isto trouxe influências carregadas de vícios, sendo que a formação docente era impregnada de conceitos tecnicistas, que fizeram do professor meramente um “dador” de aulas. Este, por hora, encarregado de decretar os rumos de seus alunos como apenas num acerto de contas, tem como objetivo o de aprovar ou reprovar seus alunos, mas antes tinha também a responsabilidade de gerir mecanismos de transmissão de conhecimentos relacionados à formação integral do aluno. Contudo, pode-se perceber que o profissional docente deste novo século é enfocado com maior intensidade na formação continuada, principalmente na educação básica,

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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE: UMA ANÁLISE SOBRE A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

DIAGONAL SEMESTRAL NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO PARANÁ

Rosemary Tasso Hilka Vier Machado

[email protected]

Resumo

Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate sobre a avaliação de desempenho docente do estado do Paraná, apresentando um estudo à respeito da Avaliação Institucional utilizando uma ferramenta, instrumento (formulário) de Avaliação Docente Diagonal Semestral. Busca-se analisar, por meio de referencial teórico a necessidade de avaliar o desempenho docente e da aprendizagem por meio de ferramentas que comprovam o desempenho dos professores e dos alunos da rede básica de ensino, através da avaliação institucional. A discussão contempla os meios e procedimentos que através dos resultados alcançados pela pesquisa, fundamenta o trabalho. Nele busca mostrar como é praticada (realizada) a Avaliação Diagonal Semestral no Estado do Paraná. O trabalho sugere uma reavaliação do processo buscando o aperfeiçoamento do sistema atual.

Palavras-chave: Avaliação Institucional, desempenho docente, educação básica

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos anos do século XX, a formação dos professores foi

um dos campos do conhecimento educacional, mais discutidos nas práticas institucionais.

Notadamente isto trouxe influências carregadas de vícios, sendo que a

formação docente era impregnada de conceitos tecnicistas, que fizeram do professor

meramente um “dador” de aulas. Este, por hora, encarregado de decretar os rumos de seus

alunos como apenas num acerto de contas, tem como objetivo o de aprovar ou reprovar seus

alunos, mas antes tinha também a responsabilidade de gerir mecanismos de transmissão de

conhecimentos relacionados à formação integral do aluno.

Contudo, pode-se perceber que o profissional docente deste novo século é

enfocado com maior intensidade na formação continuada, principalmente na educação básica,

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que é o exercício de sua função. Essa formação reflete na sua atividade prática que é

estabelecida entre o teórico e o prático. E que suas ações efetivas são concretizadas no interior

da sala de aula, no qual se consuma o papel da educação escolar.

Segundo Levy (2000, apud SANDOVAL & ROMAGNANI, 2005), o

espaço da sala de aula tradicionalmente batizado de ”transmissor do saber”, se estende muito

além, abrangendo também os ciberespaços.

Nesta temática pode-se afirmar que a formação permanente do perfil do

professor brasileiro, ganha notoriedade para poder discutir enquanto intercâmbio de

experiências, possibilidades práticas de formação docente.

Neste sentido, pensar em avaliação de desempenho sem analisar o processo

de formação docente é erroneamente ditar as regras que se confundem ao longo dos tempos

com o novo perfil do professor que almeja.

O caminho da avaliação enquanto uma concepção a ser adotada,

independente do profissional em qualquer âmbito de sua vida, pressupõe entender a dinâmica

da complexidade na qual se está inserido.

Entende-se assim, que para o professor aprender, é preciso tentar um novo

modo de proceder, de resolver um problema, ou seja, aprender é explorar um novo caminho é

abandonar o antigo, que já não dá resultados, ou simplesmente aventurar-se, ensaiar e errar,

em um problema inteiramente novo. Segundo Dutra (2000), “diz que não se aprende primeiro,

para depois investigar, ao contrário, aprende-se investigando”.

Nesta relação de investigação, a formação básica do professor é prolongada

por toda a vida produtiva, enquanto ator social desta engrenagem chamada “Educação”.

Sabe-se que o contexto de educação que atualmente é vigente repercute nos

meio políticos com extrema urgência para obter resultados satisfatórios, onde poderão servir

de cunho eleitoreiro para políticos que se apoderam destes mecanismos.

Partir de uma proposta aberta e autônoma, que qualifica os professores,

organiza seus trabalhos, valoriza o conhecimento, e mais do que isso, compreenda os

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problemas do mundo contemporâneo, poderá instituir uma avaliação onde todos os

envolvidos no processo interagem e discutem a complexidade do sistema que é exigido para

esse novo docente.

Desta forma o objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre as

ferramentas de trabalho dos profissionais de educação como a Avaliação de Desempenho

Diagonal Semestral dos professores da Educação Básica do Estado do Paraná, de forma que

possa trazer melhorias, adaptando-se as novas exigências da educação contemporânea.

Para atingir o objetivo proposto, este trabalho foi estruturado em duas

partes. A primeira em cima de um referencial teórico contendo a finalidade de avaliar e suas

especificidades. A segunda mostra como acontece a Avaliação Diagonal Semestral nas

escolas de educação básica através da tabulação de dados e parecer descritivo.

2. POR QUE AVALIAR?

Avaliar é preciso e continuamente, ainda mais quando a avaliação é

encarada como um compromisso formal e uma prática informal. Se no Brasil existe

experiência de avaliação há mais de quatrocentos anos principalmente por iniciativa dos

Padres Jesuítas, sinais mais remotos de avaliação vêm dos chineses (2.000 a.C.), quando

realizavam exames para obtenção a classificação de serviços no âmbito governamental.

Também Sócrates e seus discípulos, no século V a.C.; empregavam métodos

e técnicas especificas no desenvolvimento do ensino junto a pequenos grupos de alunos.

Portanto, para Penna Firme (1998, p.37), “avaliar é um momento inevitável de qualquer

atividade humana”. E ainda, segundo a autora, “(...) se a falta de avaliação é grave,

igualmente prejudicial é a sua inadequação”.

Realmente, sem avaliação não há aprendizagem condizente, assim como

avaliar inadequadamente pode propiciar desequilíbrio qualitativo entre ensino e

aprendizagem. Assim a avaliação é entendida como (a verificação dos objetivos). Tyler (1966,

apud PENNA FIRME, 1998), diz que certamente, verificação no presente contexto, possui

conotação de avaliação, como forma dinâmica e construtiva de acompanhamento global o

qual gera a tomada de decisão, por parte dos dirigentes.

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De acordo com Lira (2003), “refletir sobre avaliação coloca diante da

questão do poder na educação, em várias instâncias; dos órgãos governamentais com as

instituições escolares; da sociedade e da família e com as políticas educacionais; dos

dirigentes educacionais com os docentes e do pessoal de apoio técnico e administrativo; dos

docentes com os discentes”.

Nota-se que várias concepções de avaliação se confrontam, e que o modelo

governamental adotado, centrado na quantificação e na verificação dos produtos finais do

sistema educacional, é bastante contestado.

De um lado, por segmentos acadêmicos que advogam uma concepção de

avaliação processual, qualitativa, participativa e de outro por segmentos representativos da

categoria dos docentes que resistem à política de ampliação das tarefas docentes, sem

ampliação da exploração de sua força de trabalho e desmonte dos serviços públicos

educacionais. Na realidade os autores mais modernos sobre avaliação não dicotomizam os

aspectos quantitativos dos qualitativos no processo de avaliação:

“... a posição mais contemporaneamente defendida pelos estudiosos de avaliação, com relação ás dimensões qualitativas e quantitativas vai no sentido de que não há razões para conflito entre umas e outras. Os estudos avaliativos tendem a explorar a multiplicidade de abordagem e, por conseguinte, dependendo do foco de interesse ou tipo de indagação. O importante é ser responsivo. Às preocupações e necessidades dos interessados. No seu sentido mais amplo, a avaliação precisa ser mais impregnada, não só de ciência, mais das artes para ser mais flexível e tornar a pratica mais responsiva aos vários contextos de mudança”. (PENNA FIRME 1998, p.62).

Penna Firme (1998), “ao examinar a evolução do conceito de avaliação

educacional, desde as primeiras décadas do século XX, distingue as seguintes fases”:

a) da avaliação reduzida á medida, onde a preocupação estava nos

instrumentos e testes de verificação do rendimento escolar;

b) descritiva, onde a avaliação preocupava-se em apenas descrever os

objetivos inicialmente propostos haviam sido alcançados;

c) de formulação de juízo de valor, onde além de medir e descrever, a

avaliação deveria também julgar tanto o mérito como a relevância;

d) responsiva é a mais nova, iniciada nos anos 90, incorporando a

negociação no processo avaliativo, onde os critérios procedimentos e

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recomendações são discutidos pelos interessados no processo, buscando-

se consensos e respeitando-se as divergências.

Sendo assim, atualmente segundo Penna Firme (1998, p.21), a avaliação “é

o surgimento de uma postura substancialmente mais democrática em que não só a negociação

entre os participantes do processo avaliativo, impulsionando a autodeterminação e a busca de

auto-aperfeiçoamento”.

3. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

Segundo Macedo (2001), “uma visão do todo só poderá ser efetivada pela

análise das múltiplas relações que constituem qualquer fato, processo ou fenômeno”. Sendo

assim, a avaliação institucional requer a compreensão do todo da instituição podendo

visualizar vários seguimentos como o pedagógico e o estrutural.

Para Werthein (1997, apud MACEDO, 2001 p. 26), “quando se discute a

avaliação na atualidade está referência a algo bem diferente do que significava a avaliação há

quinze ou vinte anos atrás”. Nessa época a avaliação, estava imbricada com os grandes nomes

que atuavam no campo, Coleman, Scriven, entre outros. A conotação dada abrangia grandes

avaliações realizadas por grandes figuras. Mas, eram avaliações que aconteciam de forma

esporádica, quando as circunstâncias e as possibilidades o permitiam (...) nossas referências,

hoje, são grandes sistemas de avaliação (...). Passamos do esporádico e circunstancial da

avaliação à consolidação de grandes sistemas, com todos os ganhos, mas também com as

grandes dificuldades que isto origina.

Assim, de acordo com Macedo (2001), “todo processo de avaliação, ao ser

concebido, deve responder, antes de mais nada, a quatro indagações fundamentais”:

a) o que avaliar?;

b) por que avaliar?;

c) como avaliar?;

d) para quem avaliar?.

A primeira pergunta é óbvia, mas apenas aparentemente. Nesta realidade,

ela deve ser respondida por partes. Num momento inicial, sua resposta define o objeto

“aparente” da Avaliação, seus contornos são mais gerais.

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O restante da resposta, isto é, os contornos mais precisos do objeto, assim

como seu conteúdo específico e a verticalidade com que será considerado, só serão possíveis

delimitar após a resposta as três questões subseqüentes. Segunda pergunta, embora não

aparente, é talvez a mais óbvia.

Toda iniciativa implementada, toda ação construída pelo homem necessita

de ser avaliada, de modo mais ou menos sistemático, a fim de que se verifique sua coerência

com a intenção para a qual foi originalmente concebida.

Na verdade, a razão para avaliar passa a existir a partir do momento em que

uma ação humana começa a ser desenvolvida, desde a mais simples e individual até a mais

coletiva. Não se concebe, pois, que só se avaliam iniciativas quando problemas se colocam;

ao contrário, a Avaliação é inerente ao processo de construção histórica da sociedade e das

instituições.

A terceira pergunta, voltada para os objetivos da avaliação, é aquela cuja

resposta é crucial para a delimitação dos contornos específicos do objeto a ser avaliado, para a

definição do processo e Avaliação, sua metodologia e usos de seus resultados. É aqui que se

explicita o caráter da avaliação e os graus de sua adequação ao objeto.

Na medida em que toda avaliação se constitui numa intervenção na

realidade do objeto avaliado, a escolha da metodologia adequada é fundamental. A resposta à

última indagação deve obedecer a alguns itens, dos quais o mais importante é o de que a

avaliação seja útil para quem avalia e para quem é avaliado.

Neste sentido ela deve ser pedagógica (ensinando ao avaliador e ao avaliado

a conhecerem a realidade do objeto analisado) e transformadora (apresentando as alternativas

que permitam gerar mudanças, seja de aperfeiçoamento o que já se faz, seja de alteração

radical de rumos e estratégias, redefinição ou reconstrução do próprio objeto avaliado).

A obediência a este item só é possível se ambas as partes estiverem de

acordo com a relação de pertinência com a avaliação. Enfim, Macedo (2001) diz que além de

útil, pedagógica e transformadora ela deve ser pertinente, fidedigna, abrangente, seletiva,

relevante, transparente, consistente, legítima, coerente, explicativa, interativa e conseqüente.

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Entretanto, para Patton (1990, apud MACEDO, 2001, p.28), o modelo de

avaliação em uso nos últimos vinte anos tem procurado responder aos seguintes

questionamentos: Quem faz? Para que serve? Como fazê-la? Com que amplitude? Estas

indagações, envolvendo itens, indicadores e parâmetros, têm contribuído para avanços na área

da avaliação, mas não o suficiente para superar as dicotomias entre abordagens quantitativas e

qualitativas, entre teorias e modelos e que, efetivamente, acontece na prática avaliativa das

instituições.

3.1 Técnicas Avaliativas do Ensino nos Diferentes Níveis

O Sistema Nacional de Avaliação de Educação Básica - SAEB – efetua

exames com alunos do ensino fundamental, criando uma escala nacional de proficiência por

área de estudo. De acordo com Lira1 (2003), “complementa com o senso escolar, que copila

inúmeros dados estatísticos, inclusive sobre as condições de funcionamento das unidades

escolares, sobre o perfil dos alunos e dos professores, criando também, escalas comparativas

nacionais”. A Prova Brasil foi criada com o propósito de redefinir a avaliação da Educação

Básica, feita pelo Ministério da Educação desde a década de 1990.

De acordo com Didonê et. al. (2007), “o Sistema de Avaliação do Ensino

Básico (Saeb) passou a ser composto de duas provas nacionais: Avaliação Nacional da

Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc)”. A

primeira é o próprio Saeb, um teste realizado por amostragem nas redes de ensino, com foco

na gestão dos sistemas educacionais. A segunda é a Prova Brasil, uma avaliação de caráter

universal que pretende atingir todas as escolas.

_________________________ 1 LIRA, S. L.S. Avaliação do desempenho docente: Por onde começar? Universidade Federal de Alagoas. Monografia, Maceió, 2003.

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É preciso reconhecer que a existência do teste é um dado auspicioso, pois

ajuda a fixar a importância de avaliar o desempenho dos estudantes (o que eles aprenderam,

de fato, dos conteúdos curriculares previstos para sua idade e série) como principal

mecanismo de controle da qualidade do que é ensinado dentro das salas de aula. Em outras

palavras, não basta à escola dizer que ensina se ninguém aprende, assim como os anos de

estudo tampouco significam mais nada.

Para Demo (1995, apud DIDONÊ et. al., 2007, p.33): professor de Políticas

Sociais e Metodologia Científica da Universidade de Brasília, “o primeiro movimento diante

de números como os da Prova Brasil é crucificar a escola e, em particular, os professores, mas

não podemos adotar a política do avestruz e achar que a culpa é só do aluno ou do governo,

que investe pouco em Educação”.

Ainda, Didonê et. al. (2007), “apontam os dados da Unesco, sobre o Brasil

que gasta em torno de 4,3% do Produto Interno Bruto com Educação, porcentagem bastante

semelhante à de muitos países desenvolvidos”.

Pessoa (apud DIDONÊ et. al., 2007, p.33), é mais incisivo. Ele aponta que o

tipo de contrato de trabalho que se estabelece entre o setor público e os profissionais da

Educação, gerou um corporativismo na categoria impensável entre outros tipos de

trabalhadores: “Se o professor falta, não é punido no bolso e poucos têm coragem de discutir a

culpa dele quando o aluno fracassa. Tudo é responsabilidade do sistema e ficamos por isso

mesmo”, ataca.

De acordo com a LDB 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), os

profissionais da educação são aqueles (as) graduados (as) em licenciaturas, exercendo a

docência, ou os (as) que cursarem administração, planejamento, inspeção, supervisão e

orientação educacional, na ocupação de cargos administrativos.

Entretanto, por mais que o trabalho coletivo integre os diferentes

atores/atrizes educativos (as), o foco da presente análise está no (a) docente, ainda mais

quando, nesse momento histórico, tal profissional passa pelo desprestígio social, condições de

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trabalho insatisfatórias muitas vezes e um salário que não é compatível com toda a carga que

envolve sua atividade. Sandoval e Romagnani (2005) constatam por inúmeras pesquisas que a

profissão de professor (a) não atrai mais a juventude e muitas escolas e diferentes áreas de

conhecimento já sentem a falta desse profissional.

Sendo assim, o papel dos líderes de Estado é garantir a eficácia dos seus

projetos, em torno de uma educação, justa e equânime, onde os atores desta engrenagem

possam provocar mudanças substânciais em torno da Gestão Democrática. Também o exame

Nacional do Ensino Médio - ENEM - que testa os concluintes do ensino médio, criando

escalas nacionais comparativas, a partir de competências, habilidades e conteúdos

previamente definidos.

Atualmente a avaliação no Ensino Superior é coordenado por meio do (

Exame Nacional de Cursos é mais conhecido como “SINAES” (Sistema Nacional de

Avaliação da educação Superior), que testa alunos concluintes de diversos cursos de

graduação superior, a partir de critérios definidos por comissões técnicas, gerando escalas

comparativas nacionais, tem como compromisso a promoção dos valores democráticos, do

respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade nacional.

Complementado, no “Provão”, há Verificação das Condições de Oferta dos

Cursos de Graduação, com eventuais visitas de comissões de especialistas às IES, onde são

focalizados o currículo do curso, a infra-estrutura de salas de aulas, laboratórios e biblioteca

das instituições, e a qualificação/titulação de seu corpo docente. Geralmente é realizada após

o “Provão”, e também, classifica as IES a partir de critérios e padrões definidos por comissões

nacionais de especialistas por área/curso, instituídas pelo MEC.

Alguns autores como Lira (2003); Macedo (2001) mencionam que o

Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB – consistia em

um processo de auto-avaliação global da instituição externa por especialista que atualmente é

elaborado por meio do SINAES.

Por esta descrição evidencia-se a ênfase nos produtos do sistema

educacional cuja forma de aferição na maioria dos procedimentos adotados – testes com os

concluintes sobre os conhecimentos que demonstram adquirir, construindo-se a partir daí,

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escalas comparativas nacionais – que indicam uma opção conceitual e política no campo da

avaliação, que como já refere, esta opção vincula-se aos interesses políticos, econômicos do

capital.

Finalizando, segundo Lira (2003), “a avaliação da Pós-Graduação, é

composta por eventuais visitas de comissões de especialistas e verificação de inúmeros

padrões quantitativos de produtividade acadêmica que são coletados pela CAPES”. Seus

mecanismos são mais antigos em termos de avaliação educacional no país, e servem para

credenciar e classificar as IES e seus programas.

Desta forma, para a autora, as ações no plano legal e administrativo na

década de 1990 caminharam no sentido da construção de uma nova sociabilidade nas massas

trabalhadoras, adequadas às novas exigências de formação da força de trabalho.

Apesar disso, os padrões que a avaliação nacional traz pretendem modificar

o interior do processo educativo, desde a gestão escolar ao fazer pedagógico docente. No

entanto coerente com os requerimentos desta nova sociabilidade, o processo deve se dar com

a anuência dos que nele estão envolvidos, extraindo não apenas as horas de trabalho, mas o

envolvimento intelectual e afetivo de professores, alunos, funcionários das escolas e pais.

3.2 Avaliação Institucional no Estado do Paraná

Segundo dados coletados pela Auto-Avaliação Institucional na SEED

(2005), o Programa de Avaliação Institucional da Educação Básica na Rede Pública Estadual

do Paraná iniciou em 2004, com um processo de discussão e construção coletiva envolvendo

profissionais que atuam nas três instâncias: Sede da Secretaria de Estado da Educação, Núcleo

Regional de Educação e Escola.

A primeira fase do Programa, demonstrada na Figura 01, de outubro de

2005 a abril de 2006, foi iniciada pelas instâncias central (Sede, Centro de Excelência e

Tecnologia Educacional do Paraná-CETEPAR) e regional (NRE) e, na seqüência, foi

realizada na instância local (Escola).

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A Comissão que procedeu a Avaliação Institucional em 2005 através de

dimensões e escalas como: Organização do Trabalho, Condições Físicas e Materiais,

Profissionais da Educação e Prática Pedagógica. A análise dos resultados nas três instâncias

(Central, Regional e Local) indicaram a necessidade de se propor ações, no sentido de superar

as fragilidades e reforçar as positividades, considerando as políticas públicas estabelecidas

pela atual gestão.

Sendo assim, segue os registros relevantes, identificados como:

a) POSITIVIDADES: Princípios Educacionais, Resultados Educacionais,

Plano de Carreira, Proposta Curricular, Concurso Público, Hora-

Atividade, Capacitação, Salas de Apoio á Aprendizagem, Salas de

Recursos, Bibliotecas/Livro Didático, Programa FICA, Projeto FERA e

Educação Com Ciência, Portal Educacional e Órgãos colegiados;

b) FRAGILIDADES: Planejamento de Ações, Capacitação, Comunicação,

Estrutura Física, Projetos de Apoio Pedagógico, Recursos Humanos e

META-AVALIAÇÃO.(Estado do Paraná, Cadernos

Temáticos,Avaliação Institucional,2005).

Dentre as proposições apresentadas pela comissão foram registradas

solicitações para que o Programa de Avaliação Institucional tenha continuidade, com

aprofundamento das discussões, que haja ampla divulgação dos resultados e que os mesmos

sejam considerados na elaboração de um plano de ação. Também sugeriram que o dia da

Auto-avaliação Institucional seja previsto no calendário escolar.

Outro dado importante que a comissão apresentou foi através da

necessidade de instaurar Comissões de Estudos Intersecretarial para discutir e propor um

Plano de Carreira para funcionários, técnicos administrativos da Sede da SEED, NRE’s e

Escolas; elaborar nova proposta para avaliação de desempenho dos professores do quadro

próprio do magistério da rede pública estadual de educação básica; implantar, na rede pública

estadual de educação básica, um processo de acompanhamento da Gestão Escolar.

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Figura 1 – Avaliação Institucional

3.3 Avaliação de Desempenho Docente

Uma das conclusões que estudos sobre avaliação trazem é de que a

avaliação do desempenho docente é parte de um processo mais amplo – a avaliação

institucional.

Com isso, não se pode pensar em isolar o docente do contexto institucional

em que está inserido, que por sua vez, deve ser visto em seus múltiplos aspectos: políticos,

culturais, legais, organizacionais, sócio-econômicos, infra-estruturais, relações com a

comunidade, processo de gestão, etc.

Outro aspecto relevante sobre a avaliação de docentes é destacado por Lira

(2003, p.9), “a avaliação da qualidade da instrução sofre muito com a falta de consenso entre

os docentes sobre o que constitui ensino de qualidade”.

Acrescentaríamos que esse fazer tão distinto está impregnado das

concepções subjacentes sobre o conhecimento e aprendizagem, concepções estas que podem

não estar explícitas para o próprio docente, porque ele nunca considerou importante

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aprofundar-se nesta área, ou por que aqueles que entendem que para o bom docente basta

dominar bem os conteúdos específicos.

Para ilustrar isso encontra-se em Paulo Freire uma proposição sobre os

saberes necessários à prática educativa-crítica, a partir de um ética pedagógica e de uma visão

de mundo, onde ensinar exige:

"[...] rigorosidade metódica; respeito aos saberes dos educandos; criticidade; estética e ética; corporificação das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação ;reflexão crítica sobre a prática; reconhecimento e assunção da identidade cultural; consciência do inacabamento; reconhecimento do ser condicionado; autonomia do ser do educando; bom senso; humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; apreensão da realidade; alegria e esperança; convicção de que a mudança é possível; curiosidade; segurança, competência profissional e generosidade; compreender a educação como forma de intervenção no mundo: liberdade e autoridade; tomada de consciência de decisões; saber escutar, reconhecer que a educação é ideológica; disponibilidade para o diálogo, querer bem aos educandos”. (FREIRE 1997, apud, PENNA FIRME 1998, p.29).

A partir disso passa-se a enfrentar a questão crucial da avaliação: avaliar a

partir de qual referencial e qualidade? Qual concepção de docente? De escola? De cidadão

que se quer formar? De mundo? Isto é a avaliação diz muito mais ao projeto político

pedagógico do que meramente às técnicas e, mais, as técnicas serão informadas a partir deste

referencial, e a ele serão adequadas.

Vale ressaltar que a normatização legal da educação brasileira: a LDB Lei

de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 e as Diretrizes Curriculares Nacionais que

enfatizam tanto a autonomia das Universidades como das Escolas de Educação Básica, que

serão orientadas por princípios, fundamentos e definições doutrinárias e não por um currículo

único remetendo às escolas, através de sua Proposta Pedagógica possibilidade de definirem

junto com sua comunidade mais que seus objetivos e metas, a sua missão institucional.

De acordo com Lira (2003) a avaliação de desempenho docente é regulada

por legislação: a LDB que definiu como atribuições dos sistemas de ensino a valorização do

magistério público e entre outros critérios, a “progressão funcional baseada na titulação ou

habilitação, e na avaliação de desempenho”. (Art.67. IV lei 9.394/96).

Nota-se que a avaliação é um processo abrangente, que interliga a avaliação

institucional e a do docente ou, no caso no estado do Paraná, a avaliação diagonal. Além

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disso, há também uma relação entre a avaliação e a qualificação profissional. Está última,

precisa de um caráter permanente para assegurar a qualidade de ensino na educação básica.

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Partindo do referencial teórico, dada a necessidade de construir novas

abordagens e ferramentas de aferição para orientar a Avaliação de desempenho Semestral no

Estado do Paraná através do formulário demonstrado no (Anexo 01), é que esta pesquisa toma

um caráter eminentemente exploratório, qualitativo e empírico. Para Yin (1989, apud,

Pesquisa Qualitativa (Tipos Fundamentais), 1995, v. 35, n°03, p. 25), esta “... é uma forma de

se fazer pesquisa empírica que investiga fenômenos contemporâneos dentro de seu contexto

de vida real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente estabelecidas, onde se utiliza múltiplas fontes de evidência”.

A metodologia utilizada neste trabalho, parte de uma análise comparativa de

dados, num estudo de caso, cujo propósito é analisar intensivamente os meios e instrumentos

pelas quais se da a avaliação diagonal semestral e o trabalho da escola, enquanto formadora

de profissionais, e a eficiência do trabalho do educando na vida prática.

O foco está em como pessoas, grupos e organizações fazem as coisas, ao

invés de o porquê eles fazem. Com seu uso foi possível traçar estratégias de aplicação que

pudessem fornecer riqueza de detalhes, subsídios para delinear o perfil dos envolvidos. As

referências ao instrumento são em função de orientar os entrevistados que trata de uma

avaliação que está amparada pela Lei Complementar Provisória Nº 103/04 Resolução Nº

5.270, de 27/11/85 que estabelece sobre o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de

Educação Básica do Paraná, publicada no Diário oficial em 15 de março de 2004.

A técnica utilizada através de questionário semi-estruturado (Anexo 2) com

questões abertas e fechadas facilitou o levantamento das hipóteses e a possibilidade em

verificar a amplitude que a avaliação tem nas escolas de educação básica do estado. O

questionário composto por 04 questões tem por objetivo coletar dados sobre a eficiência da

Avaliação de Desempenho do corpo docente e foi aplicado no mês de novembro de 2007. Um

modelo do instrumento pode ser visualizado no (anexo1) do trabalho.

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A escolha das escolas num total de (oito) e dos municípios (três) se deram

em função das proximidades que uma tem em relação à outra, visto que são circunvizinhas,

assim nominadas: Jandaia do Sul, Cambira e Bom Sucesso, sendo que num total de 05 escolas

são de Jandaia do Sul,02 no município de Cambira, uma em Bom Sucesso. Vale lembrar que

é uma avaliação Semestral, e professores que estão em estágio probatório, também

participam.

Participaram da pesquisa, Gestores das escolas e Especialistas em Educação

pela facilidade em fazer contato com estes profissionais, pois os mesmos não estão em sala de

aula, o que poderia prejudicar o andamento da escola e da própria pesquisa, assim, dados

relevantes foram fornecidos e o compromisso de tabular os dados e dar um feedback às

escolas ficou estabelecido durante as entrevistas.

Foram respondidos questionários (entrevista), que num total de 20

subdividiram-se entre 07 Gestores e 13 Especialistas da Educação. Procurou-se preservar o

anonimato das escolas e dos envolvidos, em virtude da pesquisa ter caráter ético e

compromisso com a neutralidade.

Os dados foram analisados com base na estatística descritiva e na seleção

dos conteúdos por categorias para questões abertas. Assim, o perfil dos professores e gestores,

a maioria com cursos de especialização na área, contribuiu para elaborar as análises que se

fizerem necessárias.

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Percebe-se que através da pesquisa foi possível ter uma visão da totalidade

da Avaliação sob diversos aspectos: primeiramente buscou-se conhecer a realidade de cada

uma procurando na diversidade compreender os fatores que interferem no objeto de estudo

como o perfil dos professores e do alunado, localização da escola, envolvimento com a

comunidade, gestão democrática e avaliação institucional de cada uma.

A síntese dos dados está na tabela 1.

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Tabela 1 - Percepção sobre Avaliação de Desempenho Diagonal Semestral

Fonte: Dados da pesquisa.

Constatou-se que os motivos que levaram os entrevistados as escolhas são

em razão de:

a) apontarem que a avaliação é insatisfatória com (50%): Além disso, a

postura Ética de cada professor dentro do colegiado, quando atribui

nota/menção que não condiz com a realidade, cria-se um clima de

arbitrariedade, descontentamento para com o avaliado;

b) dos que acharam Ruim com (15%) atribuíram ao fato da avaliação estar

atrelada apenas ao aumento do salário que o professor recebe;

c) também referem à falta de objetivos propostos, claros bem definidos,

pois, ninguém quer prejudicar ninguém;

d) com (20%) mencionam que devido a acomodação e apatia o professor

torna as aulas rotineiras e sem motivação;

e) apenas (15%) dos entrevistados acham que é boa, permite tornar o

professor mais responsável nos aspectos pedagógicos, postura integra

com bons exemplos e participação no projeto pedagógico da escola e da

comunidade em geral.

Sendo assim, fica evidente a necessidade de propor uma reavaliação do

instrumento partindo inicialmente das escolas, até instâncias a nível de Setores de Recursos

Humanos da SEED recomendando uma ação de revitalize o processo.

Atribuição Percentual Gestores / Especialistas

Boa 15% 03

Ótima 00% 00

Regular 20% 04

Ruim 15% 03

Insatisfatória 50% 10

Total 100% 20

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Outro ponto que foi analisado, refere-se a relação da avaliação com a

qualidade de ensino que está enfatizada na tabela 2.

Tabela 2 – Relação da Avaliação com a Qualidade de Ensino

Fonte: Dados da pesquisa

As evidências nos percentuais trazem uma interpretação preocupante em

função:

a) da comunidade educativa não acreditar que ela possa trazer benefícios

para escola;

b) falta de parâmetros, critérios e procedimentos metodológicos no

processo ensino-aprendizagem;

c) pela falta de compromisso que o servidor tem, garantindo-se na

estabilidade;

d) influência eleitoreira por parte do gestor, que utiliza-se de artifícios não

convencionais para obter privilégios, maquiando resultados.

Diante dos fatos apresentados, faz-se necessário repensar a Avaliação de

Desempenho, visto que, na forma como hoje é realizada não traz contribuição para melhoria

da qualidade de ensino. É preciso fazer uma conscientização por parte da gestão do papel que

o professor exerce nas escolas, visto como exemplo, respeito, ética, mediador do

conhecimento, respeita a diversidade, transformador de opiniões, ou melhor, ensina.

Nesta perspectiva, é necessário para que o instrumento tenha características

próprias, implementar políticas públicas que minimizarão as fragilidades do sistema é de

extrema urgência.. Assim, propor uma avaliação institucional semestral quem sabe poderá

minimizar o problema. A indignação passa pela fala de uma especialista quando entrevistada

que menciona: “esta avaliação é uma verdadeira enganação”.

Melhorar a Qualidade do Ensino Percentual Gestores / Especialistas

Sim 15% 03

Não 85% 17

Total 100% 20

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Em seguida, buscou-se a percepção dos participantes da pesquisa sobre as

formas de avaliar na escola dos entrevistados, apresentados na tabela 3.

Tabela 3 – Formas de Avaliar

Fonte: Dados da pesquisa

Os apontamentos feitos nesta dimensão fazem refletir sobre a efetividade da

avaliação, que em razão da forma como é realizada deixa lacunas. Neste entendimento ela não

é vista como auto-avaliação. Destacam-se pelos entrevistados fatores que são questionados

em função:

a) da avaliação não ser realizada pelo colegiado, mas quando acontece em

algumas escolas é transparente;

b) a maioria diz que só vêem o diretor e a secretária preencherem

formulários, depois todos assinam a ata;

c) que é apenas uma formalidade, por isso, ninguém questiona a maneira

como é realizada.

Desta forma, fica evidente que é preciso traçar novas estratégias procurando

refletir sobre os dados acima sabendo-se que a responsabilidade neste aspecto repercute sobre

o papel do gestor em gerenciar com transparência,as ações dentro da escola sendo

fundamental para efetividade do processo. Assim a avaliação toma outra dimensão: Política,

Ética, Democrática e Participativa.

Para identificar as razões pelas quais os professores atribuem notas/menções

iguais, veja na tabela 4.

Forma/Maneira Percentual Gestores / Especialistas

Reunião Profº e Colegiado 35% 07

Reunião com Profº e Especialista 05% 01

Apenas com o Diretor e Secretário (a) 05% 01

Só preenche formulário 45% 09

Não Sei 10% 02

Total 100% 20

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Tabela 4 - Atribuição de Notas/Menções Iguais

* Nesta atribuição os percentuais se dão em virtude dos entrevistados optarem por mais de uma

modalidade.

Fonte: Dados da pesquisa

Observou-se que, nesta tabela os dados são atribuídos pelos entrevistados

por mais de um fator:

a) com (20%) atribuem a Empatia dizendo que é necessário o colega

colocar-se no lugar do outro, procurando ajudar o colega que poderá ser

prejudicado no financeiro;

b) dos que acham que a avaliação tem caráter voltado para o

Companheirismo (65%) referem-se à solidariedade, fraternidade,

generosidade com que cada colega tem com o outro. Muitos destacam

este item sendo único diferencial que pode contribuir para uma categoria

conquistar benefícios em favor de uma causa própria;

c) também citam a necessidade dos professores participarem de

movimentos em favor da classe do magistério através da (APP)

Sindicatos, Associações, Conselhos, Ong’s etc;

d) finalidades Eleitoreiras aparece com (20%);

e) por Medo de Represália com (40%);

f) referem-se com (10%) a outros fatores tais como: Apadrinhamento,

Favorecimento Intimidação, Retaliação, etc.

O que a pesquisa revelou nas tabelas mostra que a metade dos

entrevistados acham que o instrumento de avaliação é insatisfatório, com 50%. Pela falta de

critérios adotados, clareza e transparência.

Função Percentual * Gestores / Especialistas*

Empatia 20% 04 Companheirismo 65% 13

Amizade 15% 03

Fins eleitoreiros 20% 04

Medo de Represália 40% 08

Outros 10% 02

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Que as evidências, devido não contribuir para melhoria da qualidade de

ensino apontam com 85%.

Pela forma como é realizada mais da metade indicam-na com 65%. Desta

maneira, a pesquisa aponta a necessidade de reavaliar a forma/maneira como é realizada a

avaliação Diagonal Semestral nas escolas de educação básica no Estado do Paraná.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho era fazer uma análise do instrumento de Avaliação

Diagonal Semestral das escolas públicas do Estado do Paraná. De acordo com o proposto, ele

foi atingido na sua totalidade, visto que, o propósito é despertar nos dirigentes da Educação a

necessidade de repensar a avaliação docente e dar continuidade no processo de avaliação

institucional nas escolas semestral. Sabe-se que este por sua vez é completo. Com este artigo

pretendeu-se apresentar uma reflexão de avaliação de desempenho docente por meio do

instrumento de Avaliação Diagonal Semestral e o resultado deste estudo condiz com a

necessidade de repensar a avaliação de modo que possa trazer mudanças significativas para a

categoria de forma institucionalizada, que atenda as necessidades da comunidade educativa.

Verificam-se no referencial teórico, que é papel dos dirigentes

implementarem políticas públicas que poderão reverter o quadro do baixo rendimento dos

alunos da educação básica, que são demonstrados pelos veículos da comunicação, mas

garantir a eficiência e eficácia do processo, não depende somente da ação governamental.

Trabalhar na coletividade é preciso ser responsivo, mais do que isso, é partir

de um pressuposto, traçar estratégias para minimizar aquela defasagem, que por hora

apresenta naquela comunidade local. Os históricos da Educação trazem no seu bojo a

formação docente como fator preponderante quando falamos de qualidade de ensino nas

escolas, isto tende a melhorar substancialmente as políticas educacionais que vem de encontro

com os anseios do povo, que busca nas escolas públicas o diferencial para compreender o

mundo letrado e fazer dela uma alternativa para mudar suas vidas e de seus familiares.

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É na escola que se dá o verdadeiro encontro com a busca de perspectiva de

ascensão política, social, moral, e ética dos cidadãos. É na diversidade que se apropria dos

bens tangíveis e intangíveis.

Hoje, mais do que nunca, o cenário das políticas educacionais demonstra

preocupação em dar aos professores uma formação permanente, criando espaços de discussão

sobre os mais diversos assuntos que possam contribuir para melhoria da qualidade do ensino.

Em se tratando da pesquisa, ela revela as Positividades e Fragilidades do

sistema e a partir daí traça um plano de ação complementando o projeto das reais

necessidades das instituições. Um dado importante demonstrado na pesquisa é o fator da

conformidade que o professor tem em relação ao assunto abordado.

Fala-se de atitudes responsivas do aluno, mas, quando faz referências ao

professor o enfoque muda. Ainda se reproduz modelos através da memorização e repetição, e

assim, o professor se respalda nas antigas teorias. Sabe-se que alguém deve sempre dar o

primeiro passo rumo, as mudanças que por hora virão.

Neste sentido, programas de incentivo a melhoria da educação no Paraná,

sutilmente começam revelar pela maneira como vem sido conduzida em alguns setores como:

capacitação dos professores pelo PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional)

Prófuncionário para os Técnicos Administrativos e Pós-Graduação em nível de especialização

pela Escola de Governo.

Em síntese esses resultados indicaram uma preocupação em relação ao tipo

de avaliação que se pretende. É possível fazer uma avaliação que tenha participação

igualitária de todos através da avaliação institucional semestral, que não fique no formalismo,

ela pode alterar a estrutura educacional da escola, não é só responsabilizar o sistema. Apesar

do número pequeno de cidades (03) e questionários (20), observou-se na tendência dos

pesquisados que a pesquisa merece olhares mais atentos para avaliação

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REFERÊNCIAS

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ESTADO do Paraná. Programa de Avaliação Institucional da Educação Básica – Cadernos Temáticos ,Curitiba (2005)

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Ed. Paz e Terra, São Paulo, 1997.

GODOY, Arilda S. – Pesquisa Qualitativa – Tipos Fundamentais. Revista RAE de Administração de empresas.v. 35, n. 3 – maio/junho de 1995, p.25.

LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: 9394/96. Editora Vozes, Brasília, 1996.

LIRA, S. L.S. Avaliação do desempenho docente: Por onde começar? Universidade Federal de Alagoas. Monografia, Maceió, 2003.

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PENNA FIRME, Thereza. Avaliação: resposta, responsabilidade, integração. In: Brasil. Secretaria da Educação Superior. Coletânea de Textos. Brasília: MEC. Uberlandia: UFU. 1998.

_______________. Avaliação do Professor. In: A Formação de Educador: Desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: PUC, 1981.

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REVISTA Nova Escola. Artigo: O papel da Avaliação. Jan. 2007. p. 30-33.

SANDOVAL Beatriz Maria; ROMAGNANI, Patrícia. A Formação em Serviço: uma abordagem da formação continuada como necessidade do profissional da educação. Positivo. Curitiba, 2005.

SEED. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Cadernos Temáticos: Avaliação Institucional. Curitiba, 2005.

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ANEXOS

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ANEXO A – TABELA ESTADO DO PARANÁ

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ANEXO B – ESCOLA DE GOVERNO

UEM – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CURSO - Pós- Graduação em Gestão de Políticas Públicas

Aluno (a): Rosemary Tasso

Trabalho de Conclusão de Curso Assunto: Avaliação Docente da Educação Básica no Estado do Paraná Um questionamento sobre a Avaliação do Desempenho ENTREVISTA - Gestor das Escolas Públicas do Paraná Especialistas em Educação / Professores 1 - O que você acha da Avaliação de Desempenho (Avaliação Diagonal Semestral) dos Professores da Educação Básica no Paraná? ( ) Boa ( ) Ótima ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Insatisfatória Por quê? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 - Você acha que através da Avaliação de Desempenho (Avaliação Diagonal Semestral) que hoje é praticada nas escolas, é possível melhorar a Qualidade de Ensino? Comente --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 - Como é feita a Avaliação de Desempenho na sua Escola? ( ) Reunião com os Professores e Colegiado ( ) Reunião somente com os Professores e Especialistas da Educação ( ) Apenas com o Diretor e Secretário (a) ( ) Só preenche formulário. Quem? --------------------------------------- ( ) Não Sei 4 – Você entende que nas Escolas Estaduais de Educação Básica no Paraná, quando da a Avaliação Diagonal Semestral os professores se avaliam atribuindo notas iguais para todos, em função do quê ? ( ) empatia ( ) amizade ( ) medo de represália ( ) companheirismo ( ) fins eleitoreiros ( )outros _____________________________________ OBS; Sua colaboração ajudará imensamente a produzir um bom Trabalho, pois, a intenção do Artigo é provocar uma Discussão nos órgãos responsáveis pela Educação Básica no Paraná, um olhar sobre o Profissional da Educação com intuito de desenvolver Políticas Públicas que possam melhorar a Qualidade do Ensino sem responsabilizar apenas os Docentes, mas produzir ferramentas reais de aferição e que não seja apenas mais um documento burocrático que cabe somente a escola realizar.

Obrigada.