avaliação do conforto térmico em tratores agrícolas thermal

4

Click here to load reader

Upload: vuongkien

Post on 03-Jan-2017

214 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Avaliação do Conforto Térmico em Tratores Agrícolas Thermal

1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas

Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário

21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016

63

Avaliação do Conforto Térmico em Tratores Agrícolas

Thermal Comfort Evaluation of Agricultural Tractors

LUIS EDUARDO PONTES STEFANELLI*¹; PAULO ROBERTO ARBEX SILVA²;

ANDERSON RAVANNY DE ANDRADE GOMES³, JOSÉ LUCAS TAVARES LEITE

MORENO4; HUMBERTO LUÍS PAULUCCI PREVIERO 5

¹ Engenheiro Agrônomo ; ² Prof. Dr. Departamento de Engenharia Rural.- UNESP –

Botucatu ³ Estudante do Curso de Doutorado do Departamento Energia na Agricultura

UNESP- Botucatu 4 Estudante do Curso de Mestrado do Departamento de Agricultura

UNESP- Botucatu 5 Aluno de graduação do Curso de Agronomia –UNESP- Botucatu

*Email: [email protected]

INTRODUÇÃO

Atualmente a demanda para a produção de alimentos e a otimização dos recursos

utilizados principalmente no setor do Agronegócio, faz com que muitas vezes os resultados no

campo sejam obtidos há qualquer preço.

Dentre os recursos utilizados no campo para o aumento da produção podemos citar a

mecanização agrícola que acaba utilizando menor mão de obra e proporciona menor tempo

gasto nas operações.

Muitas vezes as máquinas utilizadas nas atividades do campo podem ser muito

eficientes do ponto de vista de rendimento de operações, no entanto produtividade e

capacidade operacional não abordam o impacto desses equipamentos na saúde do trabalhador.

Assim, é interessante que as condições ambientais extremas sejam minimizadas,

partindo dessa ideologia foram desenvolvidos tecnologias capazes de bloquear parcialmente a

incidência de radiação solar no corpo do operador, são eles as capotas e os sistemas de cabina

climatizada reduzindo assim os níveis de ruído, vibração, substâncias presentes no ar e

principalmente a temperatura do ar (DEBIASE, 2004). No entanto, a agricultura brasileira, em

geral, não tem condições de absorver o custo das cabines, resultando numa baixa utilização

deste dispositivo, (SCHLOSSER, 2001) limitando o operador a trabalhar nas condições de

temperaturas extremas.

Page 2: Avaliação do Conforto Térmico em Tratores Agrícolas Thermal

1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas

Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário

21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016

64

Baseado então nas condições econômicas e climáticas faz-se necessário um

diagnóstico do conforto térmico e da insalubridade à exposição ao calor dos operadores de

tratores agrícolas, na intenção de analisar as condições do sistema operador-ambiente, bem

como justificar a importância do uso de cabines climatizadas nas atividades. O presente

trabalho visou identificar os horários críticos e as condições de trabalho que os tratores

oferecem.

MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaios foram conduzidos na Fazenda Experimental Lageado, pertencente à

UNESP, Câmpus de Botucatu. As coordenadas geográficas da área experimental são 22 º51’

S e 48º 25’ W e a altitude do local é de 770 metros.

Os tratores utilizados foram de marcas Massey Fergunson e New Holland, onde todos

os tratores são da FEPE ( Fazendas de Ensino, Pesquisa e Extensão) da UNESP. Com as

seguintes características conforme a Tabela 1.

Tabela 1: Características dos tratores avaliados.

Trator Marca Presença de capota e

cabine Modelo

Potência

(cv)

1 Massey Ferguson sem capota MF 235 50

2 New Holland com capota TL 75E 75

3 Massey Ferguson com cabine MF 296 120

Para medir a temperatura foi utilizado o Termo-Higrômetro, com os valores de

temperatura do bulbo seco e do bulbo úmido, foi possível com o auxílio de a carta

psicrométrica determinar os valores de Umidade Relativa (UR). A coleta de Temperatura foi

realizada com 4 repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados coletados os tratores apresentaram as seguintes condições de UR

(%) observadas na Figura1.

Page 3: Avaliação do Conforto Térmico em Tratores Agrícolas Thermal

1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas

Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário

21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016

65

Figura 1. Dados da Umidade Relativa (%).

Observou-se que o trator MF 235 apresentou as piores condições de umidade ao

longo do dia, isso pode ser explicado, pois não apresentava cabine, nem capota, neste caso o

operador ficou mais exposto as condições ambientais. O trator TL 75E, já apresentava capota

o que favoreceu muito a manutenção da Umidade Relativa durante o período de avaliação.

Para MF 296, notou-se uma grande estabilidade de valores, devido à presença de cabine e ar

condicionado. Os resultados encontrados também são apoiados por outros estudos, conforme

observado, ainda que a temperatura e a umidade relativa se comportaram de forma inversa ao

longo do dia, porém com amplitudes semelhantes. Nota-se que a alteração da umidade

relativa do ar pode advir exclusivamente de alteração na temperatura ambiente, ou seja, a

umidade é dependente da temperatura (VAREJÃO-SILVA, 2005).

Na Figura 2, abaixo, é demonstrada a variação da temperatura ao longo do dia.

Figura 2. Dados da Temperatura. Legenda das linhas: Azul - MF 235; Vermelho - TL

75E; e Verde - MF 296.

Notou-se uma diferença no comportamento da temperatura comparando-se as três

máquinas. Sendo o MF 235, aquele que apresenta as piores condições no posto do operador,

0

50

100U

mid

ade

Rel

ativ

a (%

)

Horas do dia

Umidade Relativa x Horas do dia

MF 235 TL 75 MF 296

0

10

20

30

40

50

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Horas do dia

Temperatura no posto do operador

Page 4: Avaliação do Conforto Térmico em Tratores Agrícolas Thermal

1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas

Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário

21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016

66

com temperaturas atingindo valores próximos a 50 ºC, o pico de temperatura ocorreu às

13h30min.

Verificou-se em níveis de estresse térmico que o trator sem cabine apresentou maiores

valores, o trator TL 75E com capota apresentou uma condição intermediária e o trator com

cabine MF 296 menores níveis.

As condições ambientais desfavoráveis de trabalho como elevadas temperaturas

causam desconforto, aumentam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis à

saúde dos trabalhadores. A umidade muito baixa pode causar problemas respiratórios nos

trabalhadores, nos níveis menores que 40% é aconselhável que as atividades até sejam

suspensas.

CONCLUSÃO

Os horários críticos encontrados foram no período entre às 13:00h e 15:00h. O trator

cabinado ofereceu as melhores condições de trabalho ao operador.

REFERÊNCIAS

CAMPANA, C. L. Insalubridade residual por ruído em tratores cabinados. Revista Brasileira

de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.12, n.47, p.50-3, 1984.

DEBIASE, H; SCHLOSSER, J. F.; PINHEIRO, E. D. Características ergonômicas dos

tratores agrícolas utilizados na região central do Rio Grande do Sul. Ciência Rural. v.34, n.6,

p. 1807-1811, 2004.

FROTA, A. B. Manual de Conforto Térmico: Arquitetura/Urbanismo. 2ª ed. São Paulo:

Stúdio Nobel, 1995.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. Atividades e operações insalubres

(115.000-6): NR- 15

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE – OPAS. Doenças relacionadas ao

trabalho: manual de procedimentos para o sistema de saúde. MS. Brasília. 2001. 580 p.

SCHLOSSER, J.F. Tratores agrícolas. Santa Maria : UFSM, Departamento de Engenharia

Rural, 2001. 63p.

VAREJÃO-SILVA, M.A. Meteorologia e climatologia. Versão digital. Recife, 2005.