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_____________ 1Pós graduada em Orientação, Supervisão e Administração Escolar pela UNOPAR, graduada em

Pedagogia pela FAFIPA, atua como pedagoga no Colégio Estadual Paraíso do Norte. 2Ms em Fundamentos da Educação, Universidade Estadual de Maringá-UEM, pós graduado em

História do Mundo Moderno e Contemporâneo pela UNIPAR, graduado em História pela UNIPAR –graduado em Estudos Sociais pela FAFIPA. UNESPAR - Campus Paranavaí.

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: uma breve reflexão

Autora: Ledacy Paiva Ribeiro1

Orientador: Jorge Alberto Figueiredo2

Resumo

Pretende-se com este artigo apresentar um trabalho sobre a Avaliação Escolar. O estudo de pesquisa e as dinâmicas sobre o tema foram desenvolvidos junto ao corpo docente do Estabelecimento de Ensino Colégio Estadual de Paraíso do Norte. A proposta de nosso trabalho é a promoção, reflexão e dinamização com o objetivo de incentivar mudanças necessárias para o bom andamento do processo de ensino e aprendizagem, visto que estamos inseridos em uma sociedade predominante capitalista o que nos faz grandes desafios. Verificando-se que persistem nos meios escolares as práticas avaliativas autoritárias e conservadoras, não adaptada às realidades do mundo globalizado vimos necessidade e importância de estudo sobre as dinâmicas avaliativas para o século XXI. Através do trabalho de pesquisa realizado verificou-se o fortalecimento das reflexões pedagógicas e o comprometimento de adequação e pratica da avaliação diagnóstica. Tendo uma perspectiva positiva sobre a avaliação diagnóstica, cremos que através dela haverá uma contribuição para a democratização do ensino. A avaliação deve ser utilizada como um instrumento para compreender em que estágio de aprendizagem o discente se encontra, tomando assim decisões satisfatórias para sua aprendizagem. Nesse sentido, pela aplicação da avaliação diagnóstica será possível detectar a apropriação do conhecimento pelo discente, cumprindo assim a função de instrumento auxiliador e não de uma ação repreensiva.

Palavras-chave: avaliação; reflexão; diagnóstico; aprendizagem.

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1 Introdução

Observamos que o tema avaliação é complexo e dinâmico e encontra-se

implícito no processo educacional. Discute-se, escreve-se sobre esse tema a muito,

mas foi com a dinâmica global, que se viu sua importância no âmbito educacional.

Vivemos em um mundo em transformação, transformação esta, dinâmica

rápida e abrangente a todos os setores da sociedade global. A educação é o fator

predominante e mais importante nessa transformação é através dela que

observamos como esta o movimento das classes sociais, ou seja, que caminho se

está trilhando. Nesse amarfanhado de múltiplas culturas, problemas das mais

variadas ordens nos levam os vários questionamentos, tais como: O que avaliar?

Quando Avaliar? Questões essas que nos levou a desenvolver um projeto de estudo

no programa PDE para melhor entendermos essa questão que se faz urgente e

necessária na Educação.

O tema Avaliação foi escolhido em razão das nossas observações no dia a

dia escolar, verificou-se que a maioria dos alunos onde trabalhamos possui uma

ideia pré-concebida em relação ao processo avaliativo, onde este é somente um

instrumento para se alcançar a nota desejada e assim obter a aprovação.

Identificamos que desse modo não se consegue atingir o verdadeiro valor da

aprendizagem e as transformações benéficas para o seu desenvolvimento. Assim

nos esclarece Vasconcellos:

Todos nós sabemos a dificuldade que a avaliação escolar apresenta e as conseqüências drásticas que pode trazer para a educação: de um modo geral, podemos dizer que praticamente houve uma inversão na sua lógica, ou seja, a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da escola; é o famoso “estudar para passar” (VASCONCELLOS, 2005, p. 32).

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Como trabalhar a avaliação de forma que esta contribua para a qualidade

democratização do ensino? Esta entre outras questões é que norteiam as

preocupações dos educadores, tornando o tema polêmico e com muita necessidade

de ampliar sua discussão, pois a avaliação deve garantir a eficácia do trabalho como

um todo, diagnosticando as dificuldades do aluno no sentido de ajudá-lo a superá-

las e vencê-las.

Pouco discutido, mas muito importante, é o uso das informações obtidas por

meio dos instrumentos avaliativos. Os alunos estão sendo orientados com

procedimentos de melhoria ao receber as informações? O professor está

repensando sua prática educativa com base no que está sendo desvelado? A escola

está tentando organizar as condições necessárias para que isto aconteça?

Podemos dizer que a prática atual da avaliação promove um processo de

democratização do ensino, mas contribui para um processo cada vez menos

democrático na qualidade quanto na expansão do ensino. Partindo para uma

perspectiva de uma avaliação diagnóstica contribuiremos para que a avaliação sirva

à democratização do ensino, modificando a utilização de classificatória para

diagnóstica. Neste sentido nos ensina Luckesi:

Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, consideramos que ela deve estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista de produção. A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de uma forma solta e isolada. É condição de sua existência a articulação com uma concepção pedagógica progressista (LUCKESI, 2005, p.82).

Observa-se que a prática atual da avaliação promove um processo de

democratização do ensino, por outro lado contribui para um processo cada vez

menos democrático na qualidade quanto na expansão do ensino. É necessário

desenvolver-se novas formas de organizar e realizar a práxis docente, novos

pensamentos novos modelos avaliativos possibilitando aos docentes os exercícios e

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ações pedagógicas que corresponda eficazmente necessidades e exigências

educacionais. A mediação do professor durante todo o processo é a garantia de

uma aprendizagem com qualidade, indispensável no fazer pedagógico.

Assim, para que este trabalho seja alcançado, necessário é a prática de

leituras de estudos constantes para ampliar conhecimentos teóricos metodológicos e

o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, subsidiando na reflexão e

divulgação de encaminhamentos necessários para a efetivação da práxis na

avaliação.

A discussão em torno de uma nova forma de se avaliar na escola abrange

questões teóricas e históricas da prática educativa, questões que refletem aspectos

da sociedade em que se organiza a escola e que têm influenciado as práticas

pedagógicas e em especial a avaliação educacional.

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2 Analisando o Problema

Tem-se observado que muitos educadores utilizam a avaliação para o

fracasso dos seus discentes, agindo assim de uma forma oposta ao que diz a lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei nº 9394/96, avaliar é uma forma

de subsidiar a aprendizagem satisfatória do aluno, por meio de acompanhamento

frequente, com vistas ao seu desenvolvimento. É a partir do diagnóstico realizado

que se pode decidir a favor da melhoria da aprendizagem, como observamos no

artigo 24:

[...] a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.

Observa-se que a Lei determina que a avaliação deve ser contínua e, no

entanto, encontramos educadores persistentes que utilizam o processo avaliativo

como um faz de conta, pois não houve uma investigação prévia e a avaliação acaba

sendo o objetivo final do processo educacional e não, como deveria ser, um

acompanhamento desse processo.

A avaliação diagnóstica é parte de um conjunto de avaliações no processo

de ensino-aprendizagem e possui uma importância vital para sua qualidade, permite

que todos (docente, discente e sistema de ensino) possam se auto compreender,

diagnosticando deficiências e capacidades e direcionando ações corretivas.

É importante que os docentes tenham clara a definição de avaliação

diagnóstica, que esta é o princípio da avaliação da aprendizagem dos alunos, que

através dela serão diagnosticado dificuldades e posteriormente, sanar dificuldade e

promover o desenvolvimento dos discentes, oferecendo recursos para reorientá-los

a uma aprendizagem satisfatória, como nos esclarece Luckesi:

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Contudo, nesse contexto mais técnico, o elemento essencial, para que se dê à avaliação educacional escolar um rumo diverso do que vem sendo exercitado, é o resgate da sua função diagnóstica. Para não ser autoritária e conservadora, a avaliação terá de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos. A avaliação educacional escolar como instrumento de classificação, como já vimos nesta discussão, não serve em nada para a transformação: contudo, é extremamente eficiente para a conservação da sociedade, pela domesticação dos educandos. (LUCKESI, 2005, p.43)

Pergunta-se: como acontecerá esse resgate da função diagnóstica? Isso

dependerá de cada professor dentro de sua sala de aula, se ele permitir ser

companheiro de jornada de seus alunos, então a avaliação diagnóstica será um

instrumento que auxiliará o educando no seu processo de crescimento para a

autonomia.

É necessária uma reflexão sobre a prática avaliativa, sugerem-se as leituras

de Vasconcellos e Luckesi sobre a temática da avaliação para se ter um

entendimento das práticas avaliativas existentes nas escolas, redefinindo as práticas

habituais, que se caracterizam como, classificatória, punitiva e limitadora do

processo ensino e aprendizagem.

Tratando-se de um assunto polêmico, as reflexões que serão apresentadas

servirão como um encaminhamento de leituras e um maior aprofundamento teórico

para que os docentes venham compreender este assunto e contribuir com uma

melhoria significativa no processo ensino e aprendizagem.

Muitas vezes o sistema educacional tem se apoiado na avaliação

classificatória pretendendo verificar a aprendizagem através de medidas,

pressupondo que com esse tipo de avaliação as pessoas aprendem no mesmo

momento e do mesmo modo. Dessa forma, a avaliação não tem a finalidade de

auxiliar na reflexão sobre a prática e retornar a ela, mas sim como meio de

classificar e julgar a prática. Não se trata de desmerecer o trabalho do professor,

mas sim contribuir para despertá-lo partindo de reflexões em torno do processo

ensino/aprendizagem. E, desse modo, mudar a prática educativa começando com a

mudança do processo avaliativo ao compreender a avaliação como uma atividade

contínua, com função diagnóstica, cujos resultados são empregados em favor do

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discente. Serve para orientar o docente quanto às intervenções que deve realizar

para indicar-lhe em que estágio de aprendizagem está o educando e para permitir-

lhe adequar as estratégias e objetivos de ensino às necessidades de seus alunos.

Uma vez que na escola a aprendizagem sempre está conjugada ao ensino,

o objetivo de avaliar os discentes é conhecer o que eles sabem, quanto sabem e a

que distância está do objetivo proposto pela falta de conhecimento e habilidades de

muitos docentes. Geralmente não se percebe a importância da avaliação dentro do

processo de ensino/aprendizagem, e nem se dão conta que a postura avaliativa

reflete um modelo de pedagógico e de sociedade, pois à medida que formulamos

questões revelamos uma intenção e uma relação com o aluno, como também o

entendimento que o aluno tem sobre o assunto, sua compreensão e possibilidades.

Avanços em relação à avaliação foram alcançados, a própria Lei 9394/96

indica a avaliação da aprendizagem como meio de diagnosticar o desempenho e de

promover novos conhecimentos, mas não se atingiu o patamar desejado, é preciso

muito trabalho e estudo para que os objetivos sejam alcançados a fim de consolidar

conceitos básicos a respeito da aprendizagem.

2.1 Em Busca de Algumas Alternativas

A prática avaliativa exige constante reflexão crítica acerca do que

realizamos. Repensar o trabalho, as ações efetivas e fundamentar-se, é a forma

mais comprometida com o ensino/aprendizagem e, para que isso aconteça existem

desafios a ser superado, torna-se necessário o estudo e a reflexão dos processos

que possibilitem adaptar as condições de aprendizagem às dificuldades próprias do

aluno. Luckesi comenta:

Enquanto o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na verificação de como estamos construindo o nosso projeto. [...] A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso, contribui em todo o percurso da ação planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social, como também na

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seleção de meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista a sua construção. Ou seja, a avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação. A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor forma possível. (LUCKESI, 2005, p.118)

Para que se efetive uma mudança é necessário romper com posturas

conservadoras que impedem o diálogo e a reflexão. Ao iniciar uma ação coletiva

com leituras para a busca de soluções é importante que não se perca de vista o

papel da escola, que além de transmitir conhecimentos acumulados historicamente

pela humanidade, é também facilitar o processo de elaboração dos conteúdos pelo

aluno.

Se quisermos mudar a prática avaliativa, é necessário mudar a prática da

avaliação, mudar sua finalidade, o que e como se avalia, sabendo-se que uma

avaliação justa deve estar a serviço de uma pedagogia diferenciada capaz de dar

respostas aos interesses e dificuldades da cada aluno. Há, portanto, necessidade de

reconstruir conceitos, idéias, valores, atitudes e concepções acerca desse processo.

Ensina-Nos Vasconcellos (2005, p.66):

Algumas mudanças dependem de instâncias superiores ao professor ou à escola: nestes casos, a luta é mais longa e exigente. Mas muitas mudanças estão, muito objetivamente, ao alcance do professor e da escola (ex: fazer uma avaliação mais reflexiva ou decorativa deve ser feito se queremos construir algo novo). Coloca-se, assim, para quem quiser se engajar, o desafio da transformação. O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a partir de uma autocrítica. - Abrir mão do uso autoritário da avaliação que os sistemas lhe facultam, lhe autoriza. - Rever a metodologia de trabalho em sala de aula:- Redimensionar o uso da avaliação (tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo); - Alterar a postura diante dos resultados da avaliação; - Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais. (VASCONCELLOS, 2005)

Sabemos que precisamos não somente uma nova relação de ideias, mas

que assumamos essas ideias para que aconteça realmente uma mudança efetiva

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com a prática, e isso não acontece de uma vez, mas aos poucos através da ação-

reflexão-ação. A falta de ação-reflexão-ação proporciona uma educação na base da

transmissão de conhecimentos, percebe-se daí a necessidade de uma educação

continuada, pois os problemas vão aparecendo na prática e é neste momento que

necessitará construir uma resposta para tal.

A garantia da aprendizagem é um direito de todos os alunos, e a garantia

desse direito requer condições objetivas para que a escola venha cumprir sua

função de ensinar conhecimentos sistematizados e reconhecidos como importantes

para a sociedade. É necessário então, que a escola abra cada vez mais espaços

para estudos, onde todo o coletivo escolar encontre caminhos para oferecer uma

formação a partir de melhores condições pedagógicas e estratégias significativas

para que os alunos se desenvolvam dentro de uma dinâmica social.

Ao definir a avaliação, Luckesi (2005), afirma ser um ato amoroso porque é

acolhedor, integrativo e inclusivo. O professor propõe uma situação e lhe dá

qualidade e apoio necessário para que os entendimentos e mudanças sejam

compreendidos como um ato diagnóstico que permite saber quem está precisando

de ajuda para que o professor possa criar condições de aprendizado, para então

incluir o aluno na construção do conhecimento, relacionando suas experiências de

vida com as diversas aulas e assim oferecer-lhes condições de aprender o que

ainda não sabe, este autor escreve:

Defino a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir avaliação de julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo. (LUCKESI, 2005, p.172)

Luckesi traz a ideia de avaliação como um ato amoroso, contribuindo para

humanizar e promover, comprometendo-se com a superação de uma escola que

exclui, mas sim democrática que favoreça o desenvolvimento da capacidade do

aluno de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais, culturais e tecnológicos.

A avaliação permite julgar e classificar, mas essa não é a sua função

verdadeira e sim a de diagnosticar para saber o que o aluno aprende, para tomar

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decisões de como melhorar o ensino, modificar a prática para que os alunos

alcancem os conhecimentos e os resultados esperados.

Uma reflexão ampla sobre avaliação do rendimento escolar ligada à

aprendizagem construída, identificando a interação professor/aluno, é um aspecto

fundamental da organização da situação didática tendo em vista alcançar os

objetivos do processo de ensino dentro dos fatores cognoscitivos, sócio-emocional e

afetivo. Numa concepção diagnóstica, a avaliação é compreendida como o contínuo

acompanhamento do desempenho escolar do aluno, a fim de detectar seus avanços

e suas dificuldades.

Ao resgatar o significado de avaliação diagnóstica, deve-se realizar um

encaminhamento que ultrapasse o autoritarismo, e para ser diagnóstica, ao contrário

do que muitos pensam, a avaliação deverá ser rigorosa dentro de um

encaminhamento político e decisório que favoreça a capacidade de todos os alunos

para a efetiva participação democrática da vida social.

2.2 Proposição de um encaminhamento: a avaliação diagnóstica.

É necessário mudar a concepção que a nota é mais importante que a

aprendizagem. A avaliação tem a função de diagnosticar os pontos em que os

alunos precisam melhorar e deve ocorrer durante o processo ensino/aprendizagem e

não como vem ocorrendo, ao término do bimestre/trimestre/semestre. O diagnóstico

do desempenho do aluno contribui para que o professor reconheça níveis de

conhecimento em que o aluno se encontra e se os objetivos foram ou não

apreendidos. É muito importante que tenhamos outra visão sobre o aluno, como um

ser político, social, capaz, dotado de senso crítico e sujeito do seu próprio

conhecimento.

A forma como avaliar, segundo Luckesi (2005), é imprescindível para que o

projeto educacional seja concretizado. É ela que mostra aos discentes o que é

priorizada pelos docentes e pela escola, que a avaliação é parte integrante do

processo e por isso requer preparo e capacidade de observação por parte dos

profissionais envolvidos. Segundo Luckesi:

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Em primeiro lugar, há que partir para a perspectiva de uma avaliação diagnóstica. Com isso, queremos dizer que a primeira coisa a ser feita, para que a avaliação sirva à democratização do ensino, é modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem. Se for importante aprender aquilo que se ensina na escola, a função da avaliação será possibilitar ao educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista trabalhar com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em termos dos conhecimentos necessários. (LUCKESI, 2005, p. 81)

Utilizando o recurso da avaliação diagnóstica será possível fazer uma

análise da situação e realizar melhores encaminhamentos para que o aluno aprenda

e não manter uma situação de reprova pode-se assim ajudá-lo a reverter a situação

problema. Os docentes situam-se na mesma posição de um médico ao realizar uma

consulta, dar o diagnóstico e não tratar o problema, indicar qual o remédio para cada

paciente. Essa consulta surtiria efeito? De forma alguma! Teria que receitar o

medicamento correto para cada paciente e não uma única receita para todos

pacientes, pois cada diagnóstico é diferente. Assim também é no processo

educativo, cada discente é um ser único, cada um tem suas dificuldades individuais

e devem ser atendidos individualmente para que ocorra a aprendizagem

propriamente dita. Na avaliação diagnóstica, esta deverá estar comprometida com a

transformação da realidade e não com a sua conservação. Ela acompanha a ação

pedagógica e pode ser realizada antes como um referencial ao professor, indicando

o nível do aluno, oportunizando ao professor perceber avanços ou dificuldades,

buscando, assim, alternativas para superação. Luckesi (2005, p. 43) coloca que a

avaliação, para não ser autoritária e conservadora, deverá ser diagnóstica, um

instrumento de avanço e mostrar novos rumos, e também terá de ser um

instrumento de reconhecimento de um caminho a ser percorrido. Através das

reflexões e do diagnóstico feito nesses momentos, serão direcionados ou

redirecionados os novos desafios dos processos de ensino e de aprendizagem. O

docente, em lugar de apenas avaliar por meio de provas, deve usar a observação

diária e instrumentos variados, escolhidos de acordo com os conteúdos trabalhados.

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Ao se interar das questões do seu tempo, o professor respeitará as

diferenças e irá provocar uma ação pedagógica de qualidade a todos os discentes

para que se estabeleçam relações sociais que não sejam excludentes.

A avaliação, por ser contínua e diagnóstica, deve apontar as dificuldades em

que os discentes se encontram, permitindo que a intervenção pedagógica ocorra o

tempo todo, informando ao docente acerca do ponto em que encontram contribuindo

com a busca de estratégias para que os alunos aprendam e participem cada vez

mais das aulas.

Considerando que a avaliação deve acontecer ao longo do processo ensino

e aprendizagem, tendo como base encaminhamentos metodológicos que possibilite

interpretações e discussões, levando em consideração a relação, o sentido e a

apreensão do aluno para com o conteúdo trabalhado, é necessário estabelecer

critérios claros de avaliação para que os resultados sirvam de intervenções no

processo ensino e aprendizagem.

Assim, a finalidade da avaliação é, além de permitir ao docente refletir sobre

seu próprio trabalho, como também proporcionar aos alunos novas oportunidades

para aprender e fornecer dados sobre as dificuldades de cada um. É muito

importante que o docente faça uso da observação sistemática para diagnosticar as

dificuldades dos discentes e adequar as oportunidades para que possam expressar

seus conhecimentos. Ao reconhecer a importância da educação para a formação do

indivíduo histórico, político, social, ativo no meio em que vive, é importante empregar

na escola esforços que promovam esse desenvolvimento de maneira qualitativa.

Apesar de estar garantida no Projeto Pedagógico da Escola, uma avaliação

diagnóstica, processual e inclusiva, que seja um meio para o aprendizado e não

apenas um fim em si mesma, percebemos uma prática contraditória que nada mais é

do que um procedimento classificatório e excludente, conforme nos relata

Vasconcellos:

Enquanto instituição, o papel que se espera da escola é que possa colaborar na formação do cidadão (objetivo de que participam outras instâncias sociais) pela mediação do conhecimento científico, estético, filosófico (especificidade). O conhecimento não tem sentido em si mesmo: deve ajudar a compreender o mundo, e a nele intervir. Assim sendo, entendemos que a principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a formação integral do sujeito

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pela mediação da efetiva construção do conhecimento, a aprendizagem por parte de todos os alunos. (VASCONCELLOS, 2005, p. 57)

Então, como podemos garantir uma avaliação que se realize de forma a se

contemplar o que está posto teoricamente como ideal, a diagnóstica, processual,

qualitativa e inclusiva, cedendo à função seletiva e classificatória que provoca a

exclusão? Na condição de educadores nos preocupamos com a avaliação, com

procedimentos avaliativos e também com os instrumentos que a tornam possível,

pois muitas vezes nos deparamos com instrumentos avaliativos que não dão

prioridade ao ato de avaliar em sua essência pedagógica, mas revelam verificações,

notas e auxiliam nas seleções.

Mesmo reduzindo-se a ênfase dada à nota, é necessário continuar existindo

critérios de avaliação para que o discente possa ser atendido nas suas

necessidades individuais, quanto aos conteúdos fundamentais do currículo, pois

quando não são atendidos, os docentes estarão contribuindo para que os discentes

fiquem à margem do processo de conhecimento, expulsão da escola, evasão, e

repetência.

Portanto, a avaliação enquanto prática pedagógica não deve estar

desvinculada do projeto educacional em sua forma mais ampla. Ao contrário, deve

subsidiá-lo, orientando o planejamento de práticas alternativas, possibilitando

diagnosticar o processo de construção do conhecimento.

Tendo como objetivo refletir com educadores a respeito da avaliação

diagnóstica enquanto recurso pedagógico e prática intencionalizada capaz de

contribuir para que a escola cumpra seu papel na realização de uma educação que

tenha como finalidade a formação da condição de cidadania, começamos o trabalho

de pesquisa com alguns profissionais da rede pública, pedagogos e docentes de

várias áreas do conhecimento.

Por meio de grupo de estudos foram constituídos espaços para

fundamentação teórica. Para subsidiar a discussão/reflexão sobre o tema em

questão, iniciaram-se os estudos, e discussões através da leitura do livro do

Professor Dr. Celso dos S. Vasconcellos (2005) cujo título é Avaliação- Concepção

Dialética- Libertadora do Processo de Avaliação Escolar (15ª edição), e também o

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capítulo IV do livro do professor Dr. Cipriano C. Luckesi (2005), Avaliação da

Aprendizagem Escolar (17ª edição). Foi realizados debates e reflexões acerca de

experiências do cotidiano à luz de referenciais teóricos, estudos orientados e troca

de experiências de forma dialética que possibilitasse a introspecção das práticas

encontradas, com o intuito de que todos pudessem compreender a questão da

avaliação para em seguida, contribuir com uma melhoria significativa no processo

ensino e aprendizagem de nossos alunos.

Percebeu-se através das discussões que teoricamente, o grupo entendeu a

avaliação diagnóstica como parte do processo, no entanto, superar a dicotomia entre

a teoria e a prática requer muito esforço do docente e será necessária formação

teórica para que seus objetivos não fiquem no plano ideal, mas se tornem reais, para

acontecer uma efetiva mudança da prática avaliativa.

Ao constatar o nível do conhecimento dos alunos, se prende apenas no

limite da verificação, não havendo preocupação com o caminho da construção do

resultado da aprendizagem do aluno. Neste caso, a avaliação está comprometida

apenas com o resultado, se resumindo na apresentação quantitativa do saber

configurado em uma nota. Desse modo, o descompromisso em auxiliar o aluno que

apresenta dificuldades é a principal característica da função classificatória da

avaliação e também colabora em reforçar aquilo que é frágil nos alunos.

Considerando que a finalidade dos instrumentos de avaliação é levantar

dados realísticos e através destes será feita a análise e os encaminhamentos,

requerendo do docente toda uma solicitude na confecção dos instrumentos.

A avaliação acontece sem um sentido real para o aluno e, às vezes, até para

o professor que está realizando a ação, sem objetivos realmente definidos e até

mesmo desconhecendo a especificidade da teoria educacional que está abordando.

Dessa forma, a avaliação torna-se sem finalidade, podendo contribuir sim, com a

exclusão e seleção de alunos. A obtenção da nota em si, não significa o alcance dos

objetivos, mas meramente a realização de uma atividade avaliativa, ocorrendo, na

maioria das vezes, na classificação do aluno. Torna-se relevante que, para cada

momento específico de avaliar, se busque uma diversidade de instrumentos

avaliativos correspondentes aos objetivos a que a avaliação se destina, inseridos

numa sistemática, numa metodologia. O empenho direcionado à diversificação dos

instrumentos avaliativos remete a uma melhor compreensão do objeto avaliado, com

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a finalidade precípua de melhorar sua qualidade ao invés de classificá-lo, de

diagnosticar e intervir ao invés de selecionar e excluir. Para que a avaliação ocorra

desse modo, é preciso que objetivos e critérios prováveis sejam construídos visando

o diagnóstico, a intervenção e a melhoria da qualidade. Esses objetivos e critérios

estão expressos no Projeto Político Pedagógico da escola, entretanto, nem sempre

orientam as ações docentes na prática avaliativa.

Há um obstáculo a ser superado, obstáculo este desencadeado por vários

fatores internos e externos ao ambiente escolar, que segundo nosso entendimento,

ainda concebe no interior das escolas, uma avaliação classificatória, excludente e

punitiva.

Para promover uma mudança de postura essa deverá ocorrer no âmbito

escolar através de diálogos, da organização coletiva do trabalho pedagógico, a fim

de que se fortaleça a reflexão das práticas docentes para a garantia da qualidade do

aprendizado.

Nossa preocupação, enquanto educadora, é que a escola encontra-se em

um estágio longínquo para atingir a avaliação diagnóstica, a que os alunos têm

direito. São raros os momentos dedicados às reflexões que embasam a avaliação

educativa e a falta de empenho docente em adotar práticas inovadoras, bem como

as dificuldades impostas direta e indiretamente pelo sistema educacional vigente

acarretam na reprodução de uma avaliação medíocre, que continua classificando,

excluindo, punindo e retendo alunos. Por acreditar e concordar com os diversos

teóricos que defendem uma avaliação pautada na formação do indivíduo e na

promoção da qualidade da aprendizagem, é que nos propusemos a desenvolver um

trabalho voltado para essa questão.

Motivada pelo propósito de contribuir para tornar a avaliação diagnóstica um

processo mais esclarecido, foi realizado o estudo sobre o papel da avaliação

diagnóstica dentro da escola, intencionando esclarecer que o docente deve estar

continuamente investigando as melhores situações de avaliação, atentando para as

mais eficientes formas de coleta e sistematização de dados para sua compreensão e

utilização. A intenção ao propor uma intervenção que busque superar a contradição

existente entre a teoria e prática, no processo pedagógico da escola, ocorreu por

considerarmos a importância da avaliação diagnóstica como meio causador da

aprendizagem significativa, onde se estabeleça o exercício de analisar, refletir e

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retomar, orientando e reorientando caminhos percorridos pelo educando num

processo de acompanhamento dos avanços e dificuldades.

A avaliação diagnóstica (aprender a conhecer) contínua permite a

verificação do conhecimento prévio do aluno, favorecendo ao professor uma

investigação quanto ao caminho que se deve percorrer para promover a

aprendizagem. Essa avaliação faz-se necessária para saber quem é esse aluno e o

que ele sabe e suas necessidades, para depois adotar estratégias e intervenções

pedagógicas adequadas para cada um dos problemas detectados. Neste momento,

a avaliação diagnóstica oportuniza ao aluno conhecer suas dificuldades e avanços

em determinadas áreas do saber, saberes que ele possui ou conhecimentos que

precisam ser aprendidos, então o professor faz a intervenção com mudança de

metodologias. O professor assume a função de investigar quais as dificuldades

enfrentadas pelos alunos, o porquê dessas dificuldades e os meios para superá-las,

pois quando se utiliza a informação adquirida para criar novas situações de

intervenção é que a avaliação pode ser considerada um instrumento de

aprendizagem.

Para ter sucesso no ensino é preciso que o docente estabeleça claramente

os objetivos ao preparar suas aulas, considerando se os conteúdos propostos são

relevantes para o contexto de seus alunos. A ação do docente deve estar voltada

para a promoção da aprendizagem dos alunos, garantindo a todos um bom

desempenho em todas as atividades. Para tanto, é necessário que o docente reveja

as diretrizes, o seu plano de trabalho docente, as estratégias, e os materiais

didáticos até que consiga os resultados esperados. Seguindo por esse caminho, a

auto-avaliação de sua prática pedagógica e da capacidade de lidar com a

diversidade dos alunos em situações adversas exigem um equilíbrio emocional e

atitudes que provoquem a aprendizagem. A sala de aula é um laboratório particular

para a prática pedagógica e a aprendizagem do educador, pois é no seu fazer

pedagógico que poderá intensificar a relação com os alunos, possibilitando que

estabeleçam uma aprendizagem significativa, como um novo ponto de partida para

seu trabalho, e assim entender e usufruir do verdadeiro sentido da avaliação escolar.

A avaliação é fundamental para o discente e para o docente, pois interpreta

o desempenho do discente com relação ao desenvolvimento da aprendizagem,

procurando superar suas dificuldades e limites, de forma interativa e integrada com o

contexto educacional. Nesse contexto, a avaliação seria para auxiliar o aluno usando

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meios para que ele avance e prossiga na aquisição de conhecimentos sendo que

isso é importante nesse processo do aprendiz: “A avaliação é uma ferramenta da

qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é

necessário que seja usada da melhor forma possível”. (LUCKESI, 2005, p. 118-119)

A avaliação contribuirá para o desenvolvimento da aprendizagem quando

transformada em uma ferramenta pedagógica usada para a melhoria da qualidade

do ensino que estabeleça um diagnóstico para cada aluno, identificando prováveis

causas de suas dificuldades, primando por uma maior qualificação da

aprendizagem.

Na avaliação diagnóstica implica que os dados coletados por meio de

instrumentos sejam lidos com rigor, tendo por finalidade uma compreensão

apropriada do processo de aprendizagem do aluno. Leiamos Luckesi:

O resgate do significado diagnóstico da avaliação, que aqui propomos como um encaminhamento para a ultrapassagem do autoritarismo, de forma alguma quer significar menos rigor na prática da avaliação. Ao contrário, para ser diagnóstica, a avaliação deverá ter o máximo possível de rigor no seu encaminhamento. Pois que o rigor técnico e científico no exercício da avaliação garantirão ao professor, no caso, um instrumento mais objetivo de tomada de decisão. Em função disso, sua ação poderá ser mais adequada e mais eficiente na perspectiva da transformação. (Luckesi, 2005, p.44)

Temos consciência que muito há que ser feito, muitas reflexões sobre a

problemática da avaliação da aprendizagem, bem como sua relação e função quanto

à democratização do ensino. Ressaltamos que nessa perspectiva da avaliação

diagnóstica apontada por Luckesi não para por aqui. Essa discussão tão complexa e

muitas vezes parecendo ser confusa é na realidade um caminho de reflexão e de

novas diretrizes pedagógicas, as quais devem ser práticas racionais e bem definidas

para que possamos construir uma sociedade com participação ativa de seus

membros dentro de um contexto realmente democrático.

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3 Conclusão

Não se pretende com esse trabalho de pesquisa, encerrar o assunto, mas

sim procurar estender momentos de reflexão em torno da avaliação da

aprendizagem com possibilidades de novos estudos coletivos envolvendo a

avaliação em toda a sua amplitude.

Observou-se que as reações e manifestações dos docentes sobre a

avaliação diagnóstica foi de bom agrado e identificou-se a necessidade de se rever

os procedimentos de avaliação. Consideraram a avaliação como o aspecto mais

discutível da prática pedagógica e da relação docente/discente visto que a avaliação

diagnóstica não é compreendida na sua íntegra, e esta sendo manuseada apenas

com o resultado e não com o processo ensino e aprendizagem.

A maneira de avaliar, o entendimento do que seja avaliação deve ser

amplamente estudado para que novas práticas avaliativas condizentes com um

ensino democrático sejam produzidas e também para ter mais clareza da relação

entre avaliação e ensino aprendizagem, do porque se avalia, envolvendo uma

compreensão diferenciada do seu significado. Para que ocorra uma mudança da

prática pedagógica mudando uma concepção de avaliação autoritária, seletiva,

excludente, que decide sobre os destinos dos alunos, para uma concepção

democrática, emancipadora, que se preocupa com a função fundamental da escola

que e a socialização do saber sistematizado, envolvida com a aprendizagem do

aluno, auxiliando-o no seu desenvolvimento e autonomia.

Desse modo podemos entender a proposta da avaliação diagnóstica como

um passo a ser dado para que se possa vencer o atual sistema avaliativo. Sabemos

que há muito para ser refletido sobre o difícil ato de avaliar, bem como seu papel

quanto à democratização do ensino, posto que o ato de avaliar seja muito mais

exigente que o ato de examinar, avaliar exige qualidade de aprendizagem para o

maior número de estudantes ou de todos.

A avaliação diagnóstica é um desafio que demanda mudanças por parte do

educador. Mudança requer muito estudo, reflexão e ação. Por isso, solicita do

educador a busca pela inovação, exige uma transformação na postura deste

docente tanto em relação à avaliação propriamente dita, à educação e a sociedade

que o limita.

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Muitas mudanças dependem de instâncias superiores, mas algumas

mudanças estão ao alcance do docente e da escola como, por exemplo, fazer uma

avaliação mais reflexiva e não preparar rituais especiais para avaliação. Isso só

será possível a partir de uma reflexão sobre si mesmo e suas ações, pois a

avaliação da prática leva a descobrir falhas e possibilidades de melhoria.

Para Luckesi, a avaliação é um juízo de qualidade sobre os dados

relevantes para uma tomada de decisão, não há avaliação se ela não trouxer um

diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem, assim, ao final do

processo, que pode ser somente um início, pode-se afirmar que os objetivos foram

parcialmente alcançados. Afirmação esta que se fundamenta ser possível constatar

algumas modificações quanto à postura pedagógica e avaliativa por parte de alguns

educadores fato que inicialmente pode parecer pouco significativo, mas que a nosso

ver são sinais do começo de uma práxis transformadora.

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