avaliação de ruído em pedreira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO AVALIAÇÃO DE RUÍDO EM PEDREIRA NADINE LESSA FIGUEREDO CAMPOS PROF.ª DR.ª MARTA CRISTINA DE JESUS ALBUQUERQUE NOGUEIRA Cuiabá, MT Setembro/2012

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Page 1: Avaliação de Ruído em Pedreira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO

TRABALHO

AVALIAÇÃO DE RUÍDO EM PEDREIRA

NADINE LESSA FIGUEREDO CAMPOS

PROF.ª DR.ª MARTA CRISTINA DE JESUS ALBUQUERQUE NOGUEIRA

Cuiabá, MT Setembro/2012

Page 2: Avaliação de Ruído em Pedreira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO

TRABALHO

AVALIAÇÃO DE RUÍDO EM PEDREIRA

NADINE LESSA FIGUEREDO CAMPOS

Monografia submetida à Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trablho.

PROF.ª DR.ª MARTA CRISTINA DE JESUS

ALBUQUERQUE NOGUEIRA

Cuiabá, MT Setembro/2012

Page 3: Avaliação de Ruído em Pedreira
Page 4: Avaliação de Ruído em Pedreira

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Anibal e Aparecida e ao meu irmão, Gabriel.

Page 5: Avaliação de Ruído em Pedreira

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, pois sem Ele, nada disto seria possível;

À profª. Drª Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira pela orientação e auxílio durante todo o curso. Aos professores da Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pelos ensinamentos, discussões e incentivo durante o curso; Às professoras Drª. Luciane Cleonice Durante e Msc. Flávia Maria de Moura Santos, membros da banca avaliadora por terem aceitado ao convite e pelas contribuições para o desenvolvimento deste; Aos colegas do curso pelo companheirismo e por dividirem comigo estes dois anos de trabalhos, provas, artigos e estudos. Especialmente o amigo Flávio Nunes de Sousa, que sempre esteve mais próximo e muito me ajudou no desenvolvimento deste e de outros trabalhos; Aos técnicos em segurança de trabalho do SESI: Kevilson Teles e Márcia Janaína Souza pelo fornecimento das medições. Especialmente à Márcia, que sempre se mostrou presente e solícita para sanar dúvidas e auxiliar com as análises dos dados. Aos meus pais que suportaram a distância e me ajudaram financeiramente para que eu pudesse continuar meus estudos e sempre me incentivando a continuar; Ao meu irmão pelo apoio, incentivo e companhia sempre; A toda minha família pelo apoio e incentivo ofertados; Aos meus amigos de longe e de perto, por compreenderem a ausência, pelo apoio, pela companhia e pelos tão necessários momentos de descontração; A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 6: Avaliação de Ruído em Pedreira

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................... i

LISTA DE TABELAS ................................................................................... ii

RESUMO ............................................................................................................. iii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 PROBLEMÁTICA ....................................................................................... 1

1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 2

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 4

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 4

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 5

2.1 MINERAÇÃO DE ROCHAS ................................................................... 5

2.1.1 Explosivos utilizados na extração de rochas............................................ 6

2.2 RISCOS NO SETOR DE MINERAÇÃO DE ROCHAS ................... 8

2.2.1 Medidas de Prevenção das Doenças ....................................................... 11

2.2.2 Medidas de Controle dos Riscos ............................................................. 12

2.3 ACÚSTICA .................................................................................................. 16

2.3.1 O Som: Aspectos Acústicos e Psicoacústicos ......................................... 16

2.3.2 Ondas Sonoras ......................................................................................... 17

2.3.3 Faixa de Audição Humana ...................................................................... 18

2.3.4 Anatomofisiologia e Acústica da Audição ............................................. 20

2.4 RUÍDO .......................................................................................................... 22

2.4.1 Avaliação dos Níveis de Ruído ................................................................ 26

2.4.2 Fatores de Risco ....................................................................................... 29

2.4.3 Efeitos do Ruído no Organismo .............................................................. 30

2.4.4 Protetores Auriculares ............................................................................ 36

2.4.5 Programa de Conservação auditiva (PCA) ........................................... 39

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Page 7: Avaliação de Ruído em Pedreira

2.5 RUÍDO EM PEDREIRAS........................................................................ 40

3 MATERIAL E MÉTODO .................................................................... 44

3.1 LOCAL DE ESTUDO............................................................................... 44

3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS .... 48

3.3 MÉTODO ..................................................................................................... 49

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .... 51

4.1 MARTELETEIRO ..................................................................................... 51

4.2 OPERADOR DE BRITADOR PRIMÁRIO ....................................... 52

4.3 OPERADOR DE BRITADOR SECUNDÁRIO ................................ 53

4.4 ENCARREGADO DE MANUTENÇÃO ............................................ 55

4.5 OPERADOR DE PÁ CARREGADEIRA ............................................ 56

4.6 MOTORISTA .............................................................................................. 57

5 CONCLUSÃO .............................................................................................. 59

6 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 60

ANEXO 1 ............................................................................................................ 65

Page 8: Avaliação de Ruído em Pedreira

i

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma do processo produtivo. ............................................................. 8

Figura 2: Sensação da audição das frequências do som. ............................................ 18

Figura 3: Sensação da audição das frequências do som. ............................................ 19

Figura 4: Estrutura do aparelho auditivo humano. ..................................................... 20

Figura 6: Protetor auricular de inserção ..................................................................... 37

Figura 7: Protetor auricular moldável descartável de espuma. .................................. 37

Figura 8: Exemplo de modelagem de protetor descartável de espuma. ..................... 37

Figura 9: Protetor auricular tipo concha..................................................................... 38

Figura 10: Fenômenos que contribuem para o ruído gerado na explosão de rochas . 41

Figura 11: Localização do município de Presidente Médici no estado de Rondônia 44

Figura 12: Localização da pedreira estudada ............................................................. 44

Figura 13: Vista aérea da pedreira estudada. ............................................................. 45

Figura 14: Jazida com matacos a serem fogacheados e martelete hidráulico posicionado para perfuração. ..................................................................................... 46

Figura 15: Britador primário (marroeiro) e pilha pulmão abaixo. ............................. 46

Figura 16: Britador Secundário (peneiramento) e pilhas com diferentes granulometrias de brita. .............................................................................................. 47

Figura 17: Fluxograma do processo de funcionamento da pedreira. ......................... 48

Figura 18: Dosímetro CR110A da marca Cirrus. ...................................................... 49

Figura 19: Exemplo de utilização do Dosímetro CR110A ........................................ 49

Figura 20: Medições de Ruído: Marteleteiro ............................................................. 51

Figura 21: Medições de ruído: operador de britador primário ................................... 52

Figura 22: Medições de Ruído: Operador de Britador secundário ............................ 54

Figura 23: Medições de Ruído: Encarregado de Manutenção ................................... 55

Figura 24: Medições de Ruído: Operador de Pá-Carregadeira .................................. 56

Figura 25: Medições de Ruído: Motorista de caminhão no pátio .............................. 57

Page 9: Avaliação de Ruído em Pedreira

ii

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Níveis de Prevenção Segundo a OMS, Intervenções Sugeridas e

Legislação Brasileira Aplicada............................................................................... 12

Tabela 02: Quantidade de Acidentes do Trabalho Registrados por CID................ 13

Tabela 03: Quantidade de Acidentes do Trabalho Registrados por CNAE 14109

– Extração de Pedra, Areia e Argila........................................................................ 14

Tabela 04: Intensidades médias de sons do ambiente............................................. 23

Tabela 05: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente................... 26

Tabela 06: Considerações Técnicas e Atuação recomendada conforme dose diária e NEN............................................................................................................ 28 Tabela 07: Comparação de Protetores Auriculares................................................. 38

Page 10: Avaliação de Ruído em Pedreira

iii

RESUMO

CAMPOS, N. L. F. Avaliação de ruído em pedreira. 72f. 2012. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.

O setor de mineração de pedra britada registrou o maior número de acidentes entre as indústrias extrativas, evidenciando a relevância da preocupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores e a importância do controle dos riscos ocupacionais. Um dos riscos ocupacionais com maior ocorrência neste setor é o ruído, presente em quase todas as atividades dentro de uma pedreira. O ouvido humano é extremamente sensível e vulnerável ao ruído, sua exposição prolongada pode levar ao esgotamento físico e às alterações químicas, metabólicas e mecânicas do órgão sensorial auditivo. Consequentemente, ocorrendo estresse e/ou perturbação no rumo biológico, resultando em distúrbios do sono e da saúde, passando a ser um agente provedor de doenças. Tais efeitos podem ser atenuados com elaboração de programas educativos e de medidas preventivas para a fiscalização dos níveis de ruído ambiental. Tendo em vista a importância do setor minerador para o desenvolvimento do país, este trabalho tem como objetivo geral analisar o ruído em uma mineradora de rochas britadas, localizada em Presidente Médici – RO. Para tanto, fez-se uma revisão bibliográfica acerca do tema de pedreiras e seus riscos ocupacionais, efeito do ruído no organismo humano e equipamentos de proteção, analisou-se as dosimetrias de ruído realizadas pelo SESI-RO (Serviço Social da Indústria de Rondônia) e foram propostas medidas para amenizar o ruído nos postos de trabalho ou equipamentos de proteção adequados. As medições foram feitas em seis trabalhadores, representando os grupos homogêneos de trabalho dos setores da pedreira. Os valores encontrados ficaram muito acima do estipulado pela NR-15 (anexo 1) e NHO-01 (Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro), para redução destes níveis de ruído propôs-se a utilização de protetores auriculares e alterações nos equipamentos de trabalho, quando possível. Com este trabalho espera-se que as condições de trabalho dos operadores possa ser melhorada, especialmente no quesito ruído.

Palavras- Chave: Riscos ocupacionais, mineração de pedra britada, Equipamento de

Proteção Individual (E.P.I.).

Page 11: Avaliação de Ruído em Pedreira

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMÁTICA

O consumo de agregados constitui-se em um importante indicador da situação

econômica e social de uma nação. Enquanto os EUA consomem, anualmente, cerca

de 7,5 t por habitante de agregados e a Europa Ocidental, de 5 a 8t por habitante/ano,

no Brasil, o consumo está pouco acima de 2 t por habitante/ano. Mesmo dentro do

país, os níveis de consumo de agregados têm diferenças significativas. O consumo no

Estado de São Paulo chega a 4,5 t/hab/ano, enquanto que, em Fortaleza e

Salvador,não atinge 2 t/hab/ano (VALVERDE, 2001).

Segundo Brasil (2008), o número de acidentes ocorridos no setor de extração

de pedra, areia e argila ficou em torno de 1.000/ano entre 2000 e 2006. Além disso,

esse setor registrou o maior número de acidentes entre as indústrias extrativas,

evidenciando a relevância da preocupação com a saúde e com a segurança dos

trabalhadores e a importância do controle dos riscos ocupacionais. Entre 2000 e

2006, verificou-se um crescimento de 35% no número de acidentes (de 944 para

1.273), dos quais 26% se deram após 2003.

Dos acidentes ocorridos, aproximadamente, 90% caracteriza-se como

acidente típico, ou seja, ocorrido no ambiente de trabalho. Apesar de o número de

acidentes ter uma tendência de alta, justificada não pelo agravamento da situação,

mas pelo maior numero de registros oficiais, proporcionalmente, esses acidentes

típicos vêm diminuindo.

A mineração apresenta risco grau 4, segundo classificação da Norma

Regulamentadora 4 (MTE, 2008), o que se reflete em uma maior exposição do

trabalhador ao risco e na ocorrência de acidentes. Os principais riscos aos quais os

trabalhadores estão expostos em uma mineração de pedra britada são:

a) Poeira de sílica: pode provocar a silicose, principal doença pulmonar e uma

das maiores preocupações ocupacionais (GRUENZNER, 2006; GABAS,

2008).

b) Ruído: a exposição a níveis elevados sem devida proteção pode causar perdas

auditivas irreversíveis (SCHRAGE, 2005).

Page 12: Avaliação de Ruído em Pedreira

2

c) Incêndios e explosões: associados a lubrificantes, explosivos e outros

materiais combustíveis têm, como consequências, perdas materiais e morte de

um ou mais trabalhadores (IRAMINA, 1996).

d) Instabilidade do talude: blocos de rocha podem se desprender dos taludes e

atingir veículos e trabalhadores no local.

e) Quedas: o trabalho em bancadas com alturas de 10 a 20 metros expõe o

trabalhador a possíveis quedas durante sua atividade.

f) Acidentes gerais: podem acontecer com os trabalhadores ao lidarem com

movimentação de máquinas, elementos móveis (correias), pisos escorregadios

e/ou irregulares, produtos e ferramentas durante todo o período de trabalho

(MENDES, 2001). Cortes e esmagamento de membros também podem

ocorrer em determinadas atividades. Inclui contato com produtos químicos,

principalmente na pele e olhos, podendo causar queimaduras e cegueira.

Fragmentos de rocha podem atingir os trabalhadores (ZEA HUALLANCA,

2004).

g) Calor: a exposição do trabalhador ao sol pode levar a estresse térmico,

queimaduras, desidratação, dentre outros. (MORAN et al, 2004).

h) Ergonômicos: presentes na maioria das atividades. As lesões são causadas por

má postura e repetição de movimentos, além de esforços excessivos no uso de

equipamentos pesados (MASCIA, 1997).

i) Vibração mecânica: a exposição prolongada pode provocar problemas

vasculares, neurológicos, musculares e articulares (CUNHA, 2006).

1.2 JUSTIFICATIVA

Uma pedreira tem importância vital na economia de uma região. Há certas

zonas rurais onde a pedreira, outras empresas que a fornecem ou são por elas

contratadas, praticamente dão trabalho a toda a população. Este efeito de "cascata"

pode mesmo ser observado em zonas onde o número de pessoas diretamente

empregadas numa pedreira é mais limitado em termos relativos. Há inúmeras

indústrias que dependem dos minerais para a sua sobrevivência, há locais cujas

populações dependem inteiramente das pedreiras (BRODKOM, 2000). A construção

civil costumar ditar o ritmo de crescimento de um país. A indústria de brita

Page 13: Avaliação de Ruído em Pedreira

3

acompanha esse ritmo. Se a construção civil está em alta é necessária uma maior

produção de brita, o que leva a uma oferta de empregos diretos e indiretos e a um

aumento da arrecadação tributária (MECHI, 1999).

A preocupação com a saúde e a segurança do trabalhador no setor de extração

mineral tem crescido em função da conscientização de empregadores e empregados,

que vêm buscando respeitar às novas legislações, implementando mudanças

comportamentais.

A segurança e higiene no trabalho nas pedreiras deve ser tida em conta e alvo

da política da empresa, no sentido de uma melhoria nas condições de trabalho e

consequente diminuição doa acidentes e das doenças profissionais. Isso leva a um

menor nível de absentismo, a um incremento da produtividade e uma diminuição nos

gastos do país para tratamento e apoio destes casos.

A mineração de rochas (britadas) e de cascalho movimentou, em 2005, mais

de 1,7 bilhões de reais, segundo dados do Departamento Nacional de Produção

Mineral (DNPM, 2006), tendo sido a terceira atividade de maior faturamento dentro

do setor mineral brasileiro.

Em virtude da maior conscientização e preocupação das empresas e

empregados, o panorama da segurança do trabalho no Brasil tem se alterado, de

modo que o que antes era considerado custo, hoje, é visto como investimento. Mas

apesar desta tendência geral, continuam a verificar- se situações de não

conformidade com a lei, algumas delas preocupantes.

Para prevenir estas situações e os riscos existentes no trabalho, devem ser

cumpridas as exigências legais em vários níveis, desde a sinalização, passando pelas

medidas de prevenção coletiva e individual, pela formação e informação dos

trabalhadores, e pelos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho.

Paralelamente, a legislação específica para mineração está se atualizando e a

fiscalização está cada vez mais atuante e rigorosa. Tais fatores contribuem para uma

melhoria nas condições de saúde, higiene e segurança no setor.

A partir de 2002, a Norma Regulamentadora 22 (NR-22: Segurança e Saúde

Ocupacional na Mineração) tornou obrigatória a elaboração do Programa de

Gerenciamento de Risco (PGR), elaborado a partir da identificação e controle dos

riscos. Os resultados obtidos foram decisivos para a determinação das medidas de

Page 14: Avaliação de Ruído em Pedreira

4

controle adequadas para a melhoria das condições de saúde e segurança dos

trabalhadores.

Uma política de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) contribui para o

estabelecimento das mudanças e melhorias propostas, já que promove um maior

comprometimento da gerência da empresa (LIMA, 2002). A Norma

Regulamentadora 22 determina a elaboração do Programa de Gerenciamento de

Risco (PGR), obrigando as empresas do setor de mineração a agirem de modo

preventivo, garantindo, assim, a saúde e a segurança dos trabalhadores

(BARREIROS, 2002). Dessa forma, a identificação e o controle dos riscos são

imprescindíveis para a prevenção e para o PGR.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é avaliar o ruído a que estão expostos os

trabalhadores em uma mineradora de rochas britadas, localizada em Presidente

Médici – RO.

1.3.2 Objetivos Específicos

Para que se alcançar o objetivo geral, os objetivos específicos são:

a) Descrever o processo de trabalho em uma pedreira;

b) Apresentar o resultado de dosimetrias de ruído;

c) Avaliar a exposição ocupacional ao ruído dos trabalhadores da pedreira

d) Propor medidas para amenizar o ruído nos postos de trabalho ou euqipamentos de

proteção adequados.

Page 15: Avaliação de Ruído em Pedreira

5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 MINERAÇÃO DE ROCHAS

A atividade industrial das pedreiras resume-se no desmonte de rocha e seu

posterior beneficiamento produzindo brita e pó de pedra, dentro de uma faixa

granulométrica. O mercado consumidor básico é constituído pelas obras de

construção civil e pavimentação.

Uma empresa de mineração de rochas para uso imediato na construção civil

opera retirando do subsolo o bem mineral necessário para a utilização in natura,

trabalhando de forma simples para atender às especificações de granulometria

exigidas pelas aplicações e a demanda do mercado. Assim, as aplicações dos

produtos resultantes do processo de beneficiamento do material minerado, variam de

acordo com sua granulometria.

Segundo Yoshida (2005) as principais etapas de exploração de pedreiras são:

a) Decapeamento: é onde ocorre a remoção da camada de solo que está acima da

rocha a ser explorada. Após a limpeza do terreno este material estéril é

depositado em locais onde inexistem rochas aproveitáveis, chamados “bota

fora”;

b) Desmonte: Ocorre em dois estágios, no primeiro a rocha intacta é fraturada

pela onda de choque do explosivo detonado e o segundo envolve a extensão

destes e de outras fraturas pelos gases da expansão.

c) Fragmentação secundária: pode ser realizada por detonações de menor

potência ou por meios mecânicos com a finalidade de reduzir o tamanho dos

blocos de rocha, facilitando o seu transporte e introdução no britador;

d) Transporte: os blocos podem ser transportados até o britador primário por

meio de caminhões, britadores móveis, correias transportadoras ou caçambas

teleféricas;

e) Britagem primária e secundária: é onde ocorre a redução do tamanho da

rocha até obter fragmentos com dimensões ideais para a utilização na

construção civil. Geralmente são utilizados britadores primários e

secundários;

f) Peneiramento: é um processo onde ocorre a separação granulométrica da

rocha em dimensões ideais para cada tipo de aplicação;

Page 16: Avaliação de Ruído em Pedreira

6

g) Lavagem: é um processo de limpeza onde são eliminados os materiais finos

(argilas ou pó de pedra);

h) Estocagem: onde a brita é estocada e aguarda posterior transporte para o local

onde será utilizada;

i) Fechamento da mina: é a etapa que raramente é planejada ou executada.

Mineração a céu aberto refere-se ao método de extração de rochas ou

minerais da terra por sua remoção de um poço aberto ou de uma escavação em

empréstimo. O termo é usado para diferenciar esta forma de mineração dos métodos

extrativos que requerem perfuração de túneis na terra - mineração subterrânea. A

mineração a céu aberto é usada quando depósitos de minerais ou rochas

comercialmente úteis são encontrados perto da superfície; isto é, onde a espessura do

terreno de cobertura é relativamente pequena ou o material de interesse é

estruturalmente impróprio para a abertura de túneis. As minas a céu aberto são

ampliadas tipicamente até que o recurso mineral se esgote.

2.1.1 Explosivos utilizados na extração de rochas

Explosivos são substâncias químicas que devidamente iniciadas reagem

liberando uma grande quantidade de energia num curto espaço de tempo. Segundo

Araújo Neto (2006), os explosivos podem ser divididos basicamente em duas

categorias:

a) Baixo explosivo – pólvora negra (nitrato de potássio e nitrato de sódio),

dentre outros;

b) Alto explosivo – dinamite (base nitroglicerina).

Enquanto a característica de decomposição do baixo explosivo é a

deflagração ou queima, a do alto explosivo é a detonação. Os dois tipos de

decomposição podem diferir em mecanismo, porém a grande diferença está na

velocidade. A pólvora negra queima progressivamente em contraste com o alto

explosivo cuja decomposição é quase instantânea. Na combustão pode-se observar

uma reação de oxidação geralmente por conta do oxigênio do ar o que leva a uma

baixa velocidade de reação, já na detonação ocorre uma reação com a participação

Page 17: Avaliação de Ruído em Pedreira

7

exclusiva do oxigênio intrínseco da substância explosiva elevando a velocidade de

reação em função da quantidade de energia envolvida no processo, que sempre está

acompanhada de uma onda de choque também conhecida como onda de detonação,

conferindo através da elevada pressão dinâmica um enorme poder de ruptura

(ARAÚJO NETO, 2006).

Os explosivos industriais são substâncias que quando excitadas por algum

agente externo, são capazes de decompor-se quimicamente gerando considerável

volume de gases a altas temperaturas. Existem várias espécies de dinamites em uso e

cada uma delas é subdividida em outros tipos diferenciados.

A detonação de altos explosivos envolve uma decomposição extremamente

rápida das moléculas do explosivo. Isto se dá numa zona de reação gerando uma

onda detonante cuja velocidade de propagação varia entre 1500 a 8500 m/seg.

Em trabalhos de pedreira normalmente são necessários acessórios de

detonação, que se constituem em dispositivos ou produtos para iniciar cargas

explosivas, fornecer chama para iniciar explosão ou propagar uma onda detonante de

ponto a ponto. Existem inúmeros acessórios, tais como estopim de segurança,

acendedores, dentre outros. Os detonadores variam desde espoletas simples a

espoletas elétricas de espera e cordel detonante.

O cordel detonante tem como função isolar o núcleo de abrasões ou outros

danos físicos e reduzir a possibilidade de penetração de água ou umidade. Ele não

transmite chama a um explosivo, como no caso do estopim, apenas inicia as cargas

de altos explosivos através da detonação de seu núcleo. A explosão do núcleo precisa

ser iniciada por uma espoleta ou outro produto similar.

A quantidade de explosivos necessária para o desmonte de um metro

cúbico de rocha chama-se “razão de carregamento” do furo. Conhecida ou arbitrada a

razão de carregamento e obtido o volume de rocha deslocado por cada furo,

determina-se a carga de explosivo por furo. Sabendo-se o número de furos detonados

em um fogo, chegamos a carga de explosivos por fogo ou detonação (ARAÚJO

NETO, 2006).

É necessário ainda o uso de reforçadores para romper a base da bancada,

como também é importante a utilização de retardos que possibilitam um desmonte

mais controlado e eficiente.

Page 18: Avaliação de Ruído em Pedreira

8

Algumas das principais propriedades dos explosivos são: força; densidade;

sensibilidade; velocidade; resistência à água e produção de gases. Parte dessa energia

é utilizada para desagregar a rocha, fragmentando-a e lançando-a a uma certa

distância de sua posição original, junto à praça de produção, formando pilhas que

podem ser trabalhadas por equipamentos de carregamento.

2.2 RISCOS NO SETOR DE MINERAÇÃO DE ROCHAS

O processo produtivo dentro de uma mineradora de rochas funciona conforme

pode ser visto na Figura 01.

Figura 1: Fluxograma do processo produtivo. Fonte: IRAMINA et al. (2009)

Os trabalhadores que desenvolvem suas atividades em instalações de

britagem ficam expostos a riscos, incluindo tanto acidentes de trabalho quanto

doenças ocupacionais. As doenças ocupacionais advêm do ruído intenso provocado

pela soma dos diversos ruídos gerados pelos equipamentos e aliados à geração, com

consequente emissão de particulados no ar. Estes se apresentam na maioria das

instalações de britagem brasileiras e têm grande incidência de sílica livre devido à

composição mineralógica das rochas existentes e as vibrações decorrentes do

funcionamento dos britadores e correias transportadoras (BEM, 2006).

Page 19: Avaliação de Ruído em Pedreira

9

Consideram-se como possíveis doenças ocupacionais aquelas relacionadas

com o exercício da atividade: em se tratando de ruído, a perda Auditiva Induzida

pelo Ruído (PAIR) ou Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional (PAIRO),

quanto à sílica livre, o surgimento de pneumoconiose (doença pulmonar obstrutiva)

causada pelo acúmulo de poeira nos pulmões, reduzindo a capacidade respiratória,

podendo ocasionar a morte e ainda quanto às vibrações, pelo uso de veículos de

grande porte e de ferramentas manuais vibrantes, problemas músculo esquelético.

Os trabalhadores que atuam no setor de britagem e peneiramento, seja em

manutenções preventivas ou preditivas, reparos, trocas de peças, mudanças no

processo, ou que circulam pela área, estão expostos aos riscos assinalados no Quadro

1. Nesses casos, acidentes com parte móveis, como polias, também podem ocorrer.

QUADRO 01: Riscos Avaliados por atividade

Fonte: IRAMINA et al. (2009)

O processo de perfuração de bancadas expõe o trabalhador a todos os tipos de

riscos, principalmente material particulado da rocha e o ruído da perfuratriz, devido à

proximidade com que o operador deve trabalhar da fonte geradora de poeira e de

ruído. Os riscos ergonômicos e de vibração estão presentes, principalmente, na

preparação para o desmonte secundário, com o uso de marteletes pneumáticos. Há

risco de incêndios ou mesmo explosões, dada a possibilidade da presença de

explosivos remanescentes não detonados no desmonte. Cortes e esmagamentos

podem ocorrer durante o manuseio das hastes de perfuração.

Riscos avaliados por atividade

Poe

ira

Ruí

do

Que

das

Aci

dent

e

Cal

or

Erg

onom

ia

Vib

raçã

o

Incê

ndio

Perfuração de Bancada x x x x x x x x

Carregamento de explosivos e detonação

x x x x x x

Carregamento e transporte de Rocha x x x x x x

Britagem e peneiramento x x x x x x

Page 20: Avaliação de Ruído em Pedreira

10

O carregamento de explosivos, normalmente, é realizado em bancadas

isoladas, afastados da perfuração ou do carregamento e transporte de materiais.

Assim, o ruído não é um problema que afeta os trabalhadores. O risco de incêndio e

de acidentes em geral está, principalmente, ligado à manipulação de produtos

químicos e explosivos. A detonação, apesar de gerar ruído, não afeta as pessoas, já

que é exigida, por medidas de segurança, a permanência a grandes distâncias do

ponto de detonação.

No carregamento e transporte de rocha, o ruído e a poeira de sílica estariam

dentro dos níveis aceitáveis, se os motoristas dos caminhões mantivessem as janelas

fechadas. Essa prática é impossível de ser mantida, principalmente, em função do

desconforto térmico, dada a ausência de sistemas condicionadores de ar, o que

acarreta exposição dos trabalhadores a esses riscos. A vibração no interior desses

veículos é intensa, causando grande desconforto ao motorista e possibilidades de

grandes problemas ergonômicos. Quedas de fragmentos de rocha de taludes instáveis

ou mesmo atropelamentos podem ocorrer durante a jornada de trabalho.

Bem (2006) afirma ainda que, em se tratando de saúde do trabalhador, deve-

se analisar não somente as doenças do trabalho, mas também os aspectos

comportamentais, psicossociais e as condições de trabalho destas dos trabalhadores

envolvidos. Salienta também que grande parte dos trabalhadores envolvidos em

instalações de britagem permanecem alojados, pelo fato destas instalações

localizarem-se distantes dos centros urbanos e, consequentemente, de suas famílias.

Goffman (2005) menciona em seus estudos sobre pessoas deslocadas de suas

famílias em função do trabalho que, a vida familiar é às vezes contrastada com a vida

solitária, mas, na realidade, um contraste mais adequado poderia ser feito com a vida

em grupo, pois aqueles que comem e dormem no trabalho, com um grupo de

companheiros de serviço, dificilmente podem manter uma existência doméstica

significativa.

Um empregado não deixa de lado sua cultura e suas preferências de estilo de

vida quando passa a trabalhar para uma empresa. Agora são as empresas que deverão

ser ajustadas para receber os diversos grupos de pessoas, respeitando e valorizando

as suas diferenças (SALOMÃO, 2000). Sabe-se que se as pessoas envolvidas numa

tarefa estiverem suficientemente motivadas, elas conseguirão superar quaisquer tipos

Page 21: Avaliação de Ruído em Pedreira

11

e graus de dificuldades. O ditado “Uma empresa é feita por suas pessoas” expressa a

mais pura realidade, embora muitos executivos ainda não acreditem (BUENO, 2002).

2.2.1 Medidas de Prevenção das Doenças

A prevenção das doenças relacionadas ao trabalho é, conforme Pereira

(2005), uma ação antecipada que procura prever os riscos potenciais para a saúde

provenientes dos processos de trabalho, máquinas, ferramentas, materiais (incluindo

estudos da higiene ocupacional, toxicologia) e tomar as medidas necessárias para

preveni-los, ainda nas etapas de planejamento, desenho ou de seleção. Para este

autor, uma segunda fase, a do reconhecimento, procura identificar os agentes e

fatores perigosos, reais ou potenciais, nos locais de trabalho, assim como os possíveis

efeitos adversos que podem causar na população trabalhadora exposta. Por este

motivo, é necessário realizar, entre outros, estudos sobre os processos industriais e as

matérias-primas que se usam, realizar visitas às empresas, bem como obter

informação por parte dos trabalhadores e gerentes sobre os possíveis riscos

existentes.

A Tabela 01 apresenta os níveis de prevenção baseados na proposta da OMS

(Organização Mundial de Saúde), as intervenções ambientais ou individuais

sugeridas como medidas preventivas e sua vinculação com as Normas

Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho

e Emprego e com a legislação da Previdência Social no Brasil (Lei Nº 8.213/91).

A contribuição da ergonomia, segundo Guérin (2001, p.23), “é

fundamentalmente a de transformar o trabalho, finalidade primeira da ação

ergonômica.” Para o ergonomista, essa transformação deve ser realizada de forma a

contribuir para a concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos

operadores e nas quais estes possam exercer suas competências, ao mesmo tempo em

um plano individual e coletivo, e encontrar possibilidades de valorização de suas

capacidades.

Page 22: Avaliação de Ruído em Pedreira

12

TABELA 01: Níveis de Prevenção Segundo a OMS, Intervenções Sugeridas e

Legislação Brasileira Aplicada.

Nível de Prevenção - OMS

Intervenções Sugeridas Legislação Aplicada

Prevenção primordial Eliminação da condição ou fator de risco

NR 2 – inspeção prévia (raramente incentivada) NR 9 – PPRA Fase de antecipação (raramente incentivada)

Prevenção primária Monitorização ambiental do fator de risco. Redução do fator de risco (Proteção coletiva). Redução da exposição (proteção individual). Educação em Saúde.

NR 9 – PPRA Fases de reconhecimento, de avaliação e de controle de riscos ambientais. NR 15 - Anexo 13 A NR 16 – EPI NR 5 – CIPA NR 7 - PCMSO

Prevenção secundária Rastreamento, monitorização biológica, exames complementares.

NR 7 - PCMSO

Prevenção terciária Vigilância da saúde. Emissão da CAT. Habilitação e reabilitação profissional.

NR 7 – PCMSO NR 15 - Anexo 13 à IN n.2 Lei n. 8.213/91, art. 22 Lei n. 8.213/91, arts. 89, 90, 91, 92 93.

Fonte: PEREIRA (2005, p. 62-63)

2.2.2 Medidas de Controle dos Riscos

Cada vez mais a exposição do trabalhador a agentes insalubres em troca de

remuneração extra ou de aposentadoria mais rápida, tem sido combatida. As

contribuições à Previdência, por parte dos empregadores, tornaram-se maiores para

as aposentadorias mais rápidas. Diante desse motivo de ordem econômica, as

empresas têm buscado a melhoria na higiene dos ambientes e na segurança no

trabalho, eliminando as aposentadorias especiais.

A tecnologia também contribui: Os equipamentos emitem menos ruído. Os

combustíveis fósseis, geradores de gases poluentes, são substituídos por energia

limpa. Os filtros dos motores de combustão são mais eficientes. A sísmica fecha,

cada vez mais, a malha de monitoramento de eventos. Os EPIs são mais cômodos e

eficientes. Operam-se equipamentos dentro de cabines refrigeradas com isolamento

termo acústico ou com controle remoto. Aspersores para combate a poeiras são

Page 23: Avaliação de Ruído em Pedreira

13

melhores. Desenvolvem-se plantas para refrigerar o ar que entra nas minas de

subsolo, etc (GERMANI, 2002).

Para Iramina et al. (2009), algumas medidas de controle são comuns a todas

as atividades e devem ser adotadas nos processos envolvidos na produção de pedra

britada. A saber:

a) Procedimentos operacionais claros e bem definidos: com tais procedimentos,

os trabalhadores têm um padrão elaborado pela gerência, fato que garante

uma maior segurança na execução de sua atividade.

b) Substituição dos equipamentos e tecnologias por equivalentes mais modernos

e seguros: com essa medida, os trabalhadores podem manter-se isolados das

fontes emissoras, evitando exposição desnecessária e, consequentemente,

ficam protegidos dos perigos presentes.

A Tabela 02 apresenta dados brasileiros no período de 1999 a 2003, sobre o

número registrado de casos de pneuconioses e perda auditiva induzida pelo ruído,

conforme estatísticas da Previdência Social (BRASIL, 2000), segundo a

Classificação Internacional de Doenças – CID. Cabe salientar que os números

apresentados são ilustrativos da situação geral, não sendo na sua totalidade

relacionados a trabalhos em instalações de britagem.

TABELA 02 : Quantidade de Acidentes do Trabalho Registrados por CID

Doenças do Trabalho Ano

1999 2000 2001 2002 2003 Total

Pneumoconiose devido à poeira que

contém sílica

2 1 39 - 1 43

Perda auditiva induzida por ruído 7 9 1.565 9 3 1.593

Fonte: Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2000)

A Tabela 03 mostra a evolução da ocorrência de acidentes do trabalho pela

Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), atividade 14109 –

extração de pedra, areia e argila, segundo estatísticas do Ministério da Previdência

Social.

Page 24: Avaliação de Ruído em Pedreira

14

TABELA 03: Quantidade de Acidentes do Trabalho Registrados por CNAE

– 14109 – Extração de Pedra, Areia e Argila

Ano 1999 2000 2001 2002 2003 Total

N° de acidentes 1.082 944 960 922 666 4.574

Fonte: Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2005)

Cabe ao engenheiro de segurança e aos demais membros do SESMT (Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) o

gerenciamento de todos os riscos presentes nas diversas atividades de mineração,

para que se garanta ao trabalhador um ambiente seguro e saudável.

Em muitos casos, o custo é o maior obstáculo para implantação das medidas

de controle e investimentos na área de segurança e saúde do trabalhador. Entretanto,

com a conscientização dos trabalhadores em relação aos riscos, e o envolvimento da

gerência, tais questões podem ser solucionadas a custos relativamente baixos, se

comparados às consequências de um acidente de trabalho.

Os investimentos numa política de Segurança e Saúde do Trabalho que

elevem a segurança dos trabalhadores e reduzam os riscos à sua saúde são realizados

pelas pedreiras, mas, ainda, há um longo caminho a ser percorrido para que os riscos

ocupacionais alcancem níveis satisfatórios.

2.2.2.1 Medidas de Controle de Poeira em Sílica

Algumas medidas de controle da poeira de sílica em pedreiras, conforme

Iramina et al. (2009):

a) Instalação de coletores de poeira nas perfuratrizes;

b) Umidificação dos processos;

c) Enclausuramento das fontes emissoras de material particulado; e

d) Uso de protetor respiratório.

2.2.2.2 Medidas de Controle de Riscos de Queda

Algumas medidas de controle do risco de quedas em pedreiras, conforme

Iramina et al. (2009):

Page 25: Avaliação de Ruído em Pedreira

15

a) Construção de muretas ou obstáculos que evitem a aproximação das beiras

das bancadas;

b) Uso de cinto de segurança ou talabarte em trabalhos de carregamento de

explosivos onde haja risco de quedas.

2.2.2.3 Medidas de Controle de Acidentes

Algumas medidas de controle de acidentes em pedreiras, conforme Iramina et

al. (2009):

a) Uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) como luvas, botas,

capacetes, óculos e cinto de segurança para evitar cortes, esmagamentos,

acidente com produtos químicos;

b) Automação de processos;

c) Terceirização de processos como fabricação, transporte, armazenamento e

manuseio de explosivos;

d) Isolamento ou proteção de partes rodantes como polias, roletes e correias;

e) Ter programas de manutenção preventiva e preditiva de veículos e

equipamentos;

f) Instalação de câmeras de vídeo em locais estratégicos para controle dos

processos; e

g) Substituição de produtos similares por mais seguros.

2.2.2.4 Medidas de Controle de Calor

Algumas medidas de controle de calor em pedreiras, conforme Iramina et al.

(2009):

a) Uso de roupas adequadas e mais leves;

b) Uso de máquinas com cabines aclimatadas;

c) Utilização de guarda-sol/chuva; e

d) Descanso em ambientes com temperaturas mais amenas.

2.2.2.5 Medidas de Ergonomia

Algumas medidas de ergonomia em pedreiras, conforme Iramina et al.

(2009):

Page 26: Avaliação de Ruído em Pedreira

16

a) Mudanças nos procedimentos evitando más posturas;

b) Pausas durante a jornada para alongamentos e mudanças na posição sentada.

2.2.2.6 Medidas de Controle de Vibração

Algumas medidas de controle de vibração em pedreiras, conforme Iramina et

al. (2009):

a) Diminuição do tempo de exposição;

b) Mudança ou adaptações nos veículos;

c) Melhor manutenção das pistas; e

d) Não utilização de marteletes pneumáticos.

2.2.2.7 Medidas de Controle de Incêndio

Algumas medidas de controle de incêndio em pedreiras, conforme Iramina et

al. (2009):

a) Sistemas de combate a incêndio; e

b) Terceirização no manuseio e operação de explosivos.

2.3 ACÚSTICA

2.3.1 O Som: Aspectos Acústicos e Psicoacústicos

A acústica é uma área de relevância de estudo, principalmente por

caracterizar o ruído quanto o nível de pressão sonora, em determinar a faixa de

frequência percebida pela orelha humana, classificação dos tipos de ruído,

permitindo conhecimentos úteis relativos aos efeitos dos fenômenos sonoros sobre a

audição.

Do ponto de vista audiológico, a acústica pode ser estudada em dois aspectos:

acústica física e acústica fisiológica ou psicoacústica.

Menegotto & Couto (1998) definem a acústica física como sendo a geração,

transmissão e recepção de uma energia na forma de ondas vibracionais na matéria. O

fenômeno mais familiar é a sensação do som, sendo este considerado como uma

vibração que se propaga pelo ar em forma de ondas e que é percebida pela orelha

humana. Um distúrbio vibracional é interpretado como som quando sua frequência

Page 27: Avaliação de Ruído em Pedreira

17

atinge uma faixa de 20 a 20.000 Hz em uma intensidade capaz de produzir uma

sensação auditiva.

Em Russo (1999) vê-se que a Psicoacústica ou Acústica Fisiológica diz

respeito aos atributos da sensação do indivíduo para frequência (“pitch”), para

intensidade (“loudness”) e, ainda, com os julgamentos ou impressões individuais, em

relação a ruído, sons musicais, vozes humanas, entre outros. Portanto, está

relacionada com a habilidade dos ouvintes em distinguir diferenças entre os

estímulos e não diretamente com os mecanismos fisiológicos dos sons. Sendo assim,

a diferença básica entre Audiologia e Psicoacústica encontra-se na metodologia

empregada. A primeira está empenhada em pequenas diferenças e efeitos sutis, e a

segunda dirige-se para a aplicação de testes simples e rápidos a fim de determinar a

natureza do distúrbio e local da lesão. Porém, não se pode dissociá-las, pois em

conjunto fornecem informações preciosas para a integridade do Sistema Auditivo.

Os testes audiométricos subjetivos utilizados na audiologia para medir a

acuidade auditiva do indivíduo são chamados de testes psicométricos ou

psicoacústicos, os quais, além de outros aspectos, determinam a área de sensibilidade

do ouvido humano, constituindo-se, como dito, uma a base da outra.

2.3.2 Ondas Sonoras

São considerados os estímulos da audição.

As ondas sonoras transportam energia de um ponto para outro no espaço,

através de oscilações de vibrações que se propagam em um meio elástico, seja,

líquido, gasoso ou sólido, sem, contudo haver transporte simultâneo de matéria. Suas

dimensões físicas estão associadas à altura e intensidade, sendo que, na altura os sons

são classificados em graves ou agudos, ou seja, relacionam-se com a frequência.

Quanto à intensidade, a classificação se faz em forte ou fraco e encontram-se

relacionados com a amplitude, portanto, maior amplitude, energia e pressão, mais

forte é o som.

Para Menegotto & Couto (1998) a intensidade do som pode ser analisada sob

o ponto de vista da intensidade sonora (energia contida no movimento vibratório, em

W/cm²) ou da pressão (pressão que as moléculas exercem, BAR = 1 dina/cm²).

Page 28: Avaliação de Ruído em Pedreira

18

Segundo Fernandes (1994), como valor de referência para medições, fixou-se

a menor intensidade sonora audível. Esse valor, obtido da média da população, foi

de: 10-16 W/cm² para energia e de 2 x 10– 4 BAR para pressão. Do ponto de vista

físico, a energia contida num fenômeno sonoro é desprezível. Conforme se aumenta

a intensidade sonora o ouvido fica cada vez menos sensível, ou ainda, é preciso

aumentar a intensidade de maneira exponencial para que o ouvido "sinta" o som de

maneira linear.

A audiologia utiliza uma escala logarítmica para descrever os níveis sonoros

da percepção humana, frente aos eventos físicos, relativos ao nível de intensidade

sonora (NIS) e o nível de pressão sonora (NPS), que é o decibel.

Clifford (1973) observa que essa escala é útil não somente para a engenharia

do som como para compreender mecanismos de audição. Uma escala logarítmica,

naturalmente, é constituída de acordo com os expoentes de um número básico, que é,

em geral, 10. Por conseguinte, um som, que é 10 vezes, teria um valor 2; um que

fosse 1.000 vezes, o valor 3, e assim por diante. A unidade da escala logarítmica da

intensidade do som chama-se bel. O bel é o logaritmo de uma razão de 10, sendo

dividido em dez partes chamadas decibels. O decibel é um décimo do bel.

Fernandes (1994) afirma que a intensidade sonora medida em decibéis é

definida como Nível de Intensidade Sonora (NIS) ou Sound Intesity Level (SIL):

Intensidade Sonora – W/cm² e Nível de Intensidade Sonora – NIS – decibéis (dB).

Menegotto & Coutto (1998) acrescentam que há outros tipos de escalas de

decibels, como dBNA, dBA, dBNS, dBC e outros. Os exames audiológicos são

normalmente relacionados numa escala chamada de dBNA.

2.3.3 Faixa de Audição Humana

A faixa de audição humana compreende a área de frequências de 20 a 20.000

Hz, incluindo o limiar mínimo de detecção ou audibilidade (Figura 02).

Figura 2: Sensação da audição das frequências do som.

Page 29: Avaliação de Ruído em Pedreira

19

Os ossos da cabeça também transmitem som, sendo que a orelha é muito

sensível aos sons transmitidos por condução aérea do que condução óssea.

Considera-se por audição a percepção dos sons que os indivíduos têm, através

do mecanismo da orelha. Os estímulos sonoros atingem a orelha e, no cérebro, a área

correspondente interpreta esses estímulos, os quais tornam- se conscientes pela

percepção.

Dentro da faixa audível, verifica-se que o ouvido percebe as frequências de

uma maneira não linear. Experiências demonstram que o ouvido humano obedece a

Lei de Weber de estímulo/sensação, ou seja, as sensações como cor, som, odor, dor,

etc., variam como o logaritmo dos estímulos que as produzem (FERNANDES, 2000)

(Figura 03).

Figura 3: Sensação da audição das frequências do som.

Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200Hz, 200 e 400Hz, 400 e

800Hz parecerão iguais ao nosso ouvido. Portanto, pela Lei de Weber, conclui-se que

o intervalo entre frequências não se mede pela diferença de frequências, mas pela

relação entre elas. Desta maneira, se define uma oitava como sendo o intervalo entre

frequências cuja relação seja igual a dois (HOHLENWERGER, 2009). Em qualquer

representação gráfica (figuras ou gráficos) coloca-se a frequência em escala

logarítmica, por ser a forma que mais se aproxima da sensação do nosso ouvido

(FERNANDES, 1994).

Atualmente, usa-se como frequência de referência, padronizada pelo Sistema

Internacional (SI), o valor de 1000Hz, ficando as oitavas com frequência central em

500, 250, 125, 62, 5, 31, 25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000Hz (FERNANDES,

1994).

Page 30: Avaliação de Ruído em Pedreira

20

2.3.4 Anatomofisiologia e Acústica da Audição

A audição é um órgão sensorial importante à vida; constitui a base da

comunicação humana. Além dos aspectos acústicos, é imprescindível conhecer a

anatomia e a fisiologia da audição para a compreensão dos efeitos auditivos

decorrentes da exposição ao ruído.

Morata & Santos (1994) afirmam que a orelha está contida no osso temporal e

tem como funções principais o equilíbrio e a audição.

Do ponto de vista didático, pode-se dividir a orelha em três partes: orelha

externa, orelha média e orelha interna (Figura 04).

Figura 4: Estrutura do aparelho auditivo humano. Fonte: http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2010/06/audicao.html

2.3.4.1 Orelha Externa

Constituída pelo pavilhão auricular, conduto auditivo externo (CAE) e

membrana timpânica (MT), localizada na porção final do CAE, separando orelha

externa da média.

Oliveira (1997) coloca que a finalidade do pavilhão auricular é coletar as

ondas sonoras e dirigi-las para o CAE. Morata & Santos (1994) completam,

dependendo da posição do ouvinte em relação à fonte sonora, pode também ser

responsável por um acréscimo de 01 a 10 dB na faixa de frequência de 2.000 a 5.000

Hz. Contribuindo, ainda, para a localização da fonte sonora e proteção para a orelha

média e interna.

Page 31: Avaliação de Ruído em Pedreira

21

O conduto auditivo externo (CAE) tem 2,5 cm de comprimento e conduz as

ondas sonoras à membrana timpânica (MT). É recoberto por pele, possui pelos e

glândulas que produzem cera, com função de proteger a MT contra a ação de corpos

estranhos. O seu formato também contribui na amplificação e ressonância,

destacando a sensitividade para determinados sons. Pode-se dizer que essa

amplificação varia de 10 a 20 dB para frequências entre 2.000 e 4.000 Hz.

2.3.4.2 Orelha Média

Conhecida também por cavidade timpânica ou caixa do tímpano.

É uma cavidade preenchida de ar, escavada no osso temporal e tem de 1 a 2

cm³. Possui três recessos: Epitimpânico ou Ático, contendo a cabeça do martelo,

corpo e ramo curto da bigorna; o Mesotimpânico, área coberta pela membrana

timpânica e o recesso Hipotimpânico ou Hipotímpano, situado na parte anterior.

Menegotto & Couto (1998) registram que a função da orelha média é fazer

uma “ponte” entre a orelha externa e a orelha interna, ou precisamente, entre o meio

aéreo da orelha externa e o meio líquido da orelha interna.

A membrana do tímpano (MT) é uma estrutura da orelha média, transparente,

com aparência circular, com pequena concavidade. É constituída por três camadas de

tecido de origem diversa.

A cadeia ossicular é composta por três ossículos: martelo, bigorna e estribo,

articulados entre si, situados no interior da cavidade timpânica. Encontram-se

suspensos por ligamentos e músculos que em conjunto e o formato característico dos

ossículos lhes permite um padrão próprio de movimentação. O martelo tem uma das

suas extremidades ligada à porção mais central da MT e a outra ligada à outra

bigorna que, por sua vez, articula-se com o estribo, que tem sua base inserida na

janela oval.

A orelha média tem como função principal facilitar a transmissão das ondas

sonoras do ar para os fluídos da orelha interna; considerando que o ar tem baixa

impedância, enquanto os fluídos cocleares apresentam uma alta impedância, portanto

é necessário o casamento entre as impedâncias por meio da ação transformadora da

cadeia ossicular (RUSSO, 1999).

Page 32: Avaliação de Ruído em Pedreira

22

2.3.4.3 Orelha Interna

Em Hungria (1995) vê-se que a orelha interna ou labirinto encontra-se

escavado na parte petrosa do osso temporal (rochedo), formado por estruturas

imprescindíveis à audição humana. Anatomicamente possui duas partes: a primeira,

anterior ou labirinto ósseo, que compreende a cóclea, o vestíbulo e os canais

semicirculares, envolvidos em perilinfa.

Segundo Bonaldi et al. (1998) às estruturas do labirinto membranoso

correspondem órgãos receptores responsáveis pela transdução do estímulo mecânico

em impulso nervoso: o órgão de Corti, relacionado à audição, e as máculas do sáculo

e do utrículo e as cristas ampulares, relacionadas aos reflexos estatotônicos e

estatocinéticos (reflexos vestibulares do equilíbrio), responsáveis pela manutenção

do equilíbrio e controle reflexo da posição da cabeça e dos olhos.

Para Russo (1997), a cóclea atua como um microfone, reproduzindo a forma

da onda sonora original traduzida em sua correspondente eletronervosa e esse é o

chamado microfonismo coclear.

2.4 RUÍDO

A preocupação com os níveis de ruído em relação ao meio ambiente e à saúde

data desde os primórdios do tempo, constituindo um problema de 2.500 anos atrás.

Cruz & Costa (1994) afirmam que o interesse dos sons ambientais sobre as pessoas

existe desde a antiga Roma, quando veículos puxados por animais andando pelas

primeiras vias pavimentadas, incomodavam as pessoas dentro de suas casas durante

conversas informais e o sono. O ruído é um incômodo, Costa & Cruz (1994)

completam que, em grande quantidade e de forma constante, torna-se mais que um

incômodo, passando a ser agente causador de doenças.

O ruído pode ser definido como um conjunto de sons desagradáveis e

frequentemente irritantes. Para além de um determinado nível torna-se incômodo,

sendo obstáculo à comunicação e contribui para o aumento da fadiga, podendo

provocar alterações no sistema nervoso e mesmo traumatismos auditivos. O fato de

que os níveis de ruídos, em alguns ambientes de trabalho, geralmente são maiores

que os níveis encontrados fora deles, comprovam que a maior parte dos casos de

perdas auditivas decorre da exposição ocupacional.

Page 33: Avaliação de Ruído em Pedreira

23

O ruído, do ponto de vista da Higiene do Trabalho, segundo Saliba (2001), “é

o fenômeno físico vibratório com características indefinidas de variações de pressão

em função da frequência, isto é, para uma dada frequência podem existir, em forma

aleatória através do tempo, variações de diferentes pressões”. Mas a Portaria n°

3.214, de 8 de junho de 1978, NR 15 (2011), Anexo 2, define como ruído de impacto

aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo,

a intervalos superiores a 1 (um) segundo.

No ruído podem-se distinguir dois fatores principais. O primeiro diz respeito

à frequência, que consiste no número de vibrações por segundo emitidas pela fonte

sonora, medida em Hz, atribuindo aos ruídos a seguinte classificação: de baixa

frequência (graves) entre 20 a 300 Hz; frequências médias de 30 a 6.000 Hz; altas

frequências (agudas) os de 6.000 a 20.000 Hz. Os sons abaixo de 20 Hz são

denominados de infrassons e acima de 20.000 Hz, de ultrassons. Os sons de alta

frequência são mais nocivos à orelha humana e os ruídos de baixa frequência, mesmo

sendo suportáveis pela orelha, produzem efeitos orgânicos mais acentuados. O

segundo fator ligado ao ruído é a intensidade, medida em decibel (dB), considerando

que os ruídos inferiores a 40 dB são apenas desagradáveis, enquanto os ruídos entre

40 - 90 dB são capazes de favorecer distúrbios nervosos, e, os superiores a 90 dB

agem de forma traumatizante na orelha (CARMO, 1999).

Segundo Garcia (2002) e Heneine (1999) a intensidade sonora (Tabela 04) é a

qualidade que permite a um som ser percebido a uma maior ou menor distância da

fonte sonora.

TABELA 4: Intensidades médias de sons do ambiente.

Tipo de Som Intensidade (Db)

Limiar da audição 0

Som Ambiental médio 40

Conversação Normal 60

Limiar de desconforto 120

Limiar da dor 140

Lesão do tímpano 160 Fonte: Adaptado de Heneine (1999) e Garcia (2002)

Page 34: Avaliação de Ruído em Pedreira

24

De acordo com a Norma - ISO 2204/1973 (INTERNATIONAL STANDARD

ORGANIZATION), os ruídos podem ser classificados segundo a variação de seu

nível de intensidade com o tempo, como:

a) Contínuo: as variações de nível são desprezíveis (aproximadamente 3 dB),

apresentando maior duração durante o período de observação. São ruídos

característicos de bombas de líquidos, motores elétricos, engrenagens, etc.

Exemplos: chuva, geladeiras, compressores, ventiladores;

b) Intermitente ou Flutuante: apresenta uma variação contínua de um valor

aplicável (aproximadamente 3 dB) no período de observação. São geradores

desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de ferramentas, soldagem, o

trânsito de veículos, etc. São os ruídos mais comuns nos sons diários;

c) De impacto ou impulso: seus picos de energia acústica de duração são

inferiores a um segundo. Russo (1999) caracteriza-o como um fenômeno

acústico associado a explosões e é considerado um dos ruídos mais nocivos à

audição, com intensidades que variam de 100 dB - ruído de impacto - e acima

de 140 dB - ruído impulsivo. São ruídos característicos de rebitadeiras,

britadeiras, prensas, dentre outros.

Com o intuito de diferenciar as perdas auditivas relacionadas ao trabalho, o

Comitê de Ruído e Conservação de Audição do American College of Occupational

Medicine (1989) definiu a perda auditiva induzida pelo ruído como: Uma perda

auditiva geralmente bilateral, permanente, de desenvolvimento lento e progressivo ao

longo de muitos anos, como resultado de exposições a ruído forte, contínuo ou

intermitente.

Já em 1994, o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, com o

objetivo de apresentar o posicionamento da comunidade científica brasileira sobre o

assunto, definiu a perda auditiva induzida pelo ruído relacionada ao trabalho como

“uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a

níveis elevados de ruído” (MENDES, 1995, p. 377).

De acordo com Guidelines for Comunity Noise (2002), estudos

epidemiológicos não mostraram danos físicos de audição, para valores menores que

70 dB(A), mesmo produzidos por tiro, motocicletas, fogos de artifício e

Page 35: Avaliação de Ruído em Pedreira

25

equipamentos. Porém, algumas experiências com animais e casos estatísticos

indicam que:

a) A níveis de pressão sonora instantâneos muito altos pode ocorrer dano

mecânico ao ouvido;

b) O limiar de dor para ruído em adultos e crianças é 110 e 120 dB,

respectivamente;

c) O ruído impulsivo com mais de 80 dB produz mudança temporária de limiar

de audição;

d) Quando a exposição ao ruído é combinada com vibrações e com uso de

determinados medicamentos, a perda auditiva é maior;

e) Ruídos impulsivos podem agir produzindo distração no desempenho de

tarefas, porém deterioram o desempenho cognitivo.

A exposição contínua a ruídos acima de 85 dB (A) pode provocar perdas

auditivas permanentes e, com aumento de apenas 5 dB, representa uma redução do

tempo de exposição ao ruído pela metade. (Tabela 05). Os sons lesivos são mais

intensos que da conversação, variam de 60 – 75 dB SPL. O som lesivo tem por volta

de 85 dB, com exposição de 8 horas por dia. Segundo Costa (1994/1995), a energia

sonora aumenta em 3 dB conforme a duração de exposição sonora é dobrada. Por

outro lado, se o nível de ruído geral é aumentado em 3dB, a duração teria que ser

reduzida em metade do tempo de exposição para manter o mesmo nível de perigo

(SAMPAIO, 2005).

O ruído atua cumulativamente, produzindo efeitos psicológicos e,

posteriormente, fisiológicos. É, na maioria das vezes, irreversível e por isso, quando

a intensidade do mesmo for prejudicial deve-se fazer o possível para eliminá-lo ou

reduzi-lo por meio de um controle preciso da fonte ou do meio.

O ser humano possui uma alta capacidade de adaptação a ambientes diversos;

o desenvolvimento de um estado de fadiga e fuga de energia pode acontecer sem que

possa perceber, esgotando os limites de sua resistência.

O barulho inesperado ou de fonte desconhecida pode provocar várias formas

de reações reflexas. Em exposição temporária, o organismo retorna ao normal,

Page 36: Avaliação de Ruído em Pedreira

26

correspondendo à reação primária. Se a fonte geradora de ruído é mantida ou

alternada podem ocorrer mudanças persistentes.

TABELA 05 : Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Nível de Ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 95 2 horas e 15 minutos 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

Fonte: PIMENTEL – SOUZA (1997)

2.4.1 Avaliação dos Níveis de Ruído

A avaliação de ruído deve ser feita de forma a caracterizar a exposição de

todos os trabalhadores considerados no estudo. No caso de grupos homogêneos de

características de exposição, as avaliações podem ser feitas cobrindo um ou mais

trabalhadores cuja situação corresponda à exposição típica de cada grupo

considerado. Os procedimentos de avaliação devem interferir o mínimo possível nas

condições ambientais e operacionais características da condição de trabalho em

estudo (FUNDACENTRO, 2001).

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis

(dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de

compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas

Page 37: Avaliação de Ruído em Pedreira

27

próximas ao ouvido do trabalhador e o limite de tolerância para ruído de impacto

será de 130dB (linear) (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2006).

A Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO 01) da Fundacentro (2001)

especifica que a avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou

intermitente deve ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído (dose

referente à jornada diária de trabalho) ou do nível de exposição (nível médio

representativo da exposição ocupacional diária). Esses parâmetros são totalmente

equivalentes, sendo possível, a partir de um obter-se outro, mediante as expressões

matemáticas 01 e 02:

�� = 10��� 480 � � �100� + 85��������çã�01

� = �480 �100�2

����� ! "�%�����çã�02

Onde:

NE=nível de exposição

D= Dose diária de ruído em porcentagem

TE= Tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho

Para comparação com o limite de exposição, pode-se utilizar também para a

avaliação de exposição ao ruído ocupacional o nível de exposição normalizado

(NEN), que trata- se do mesmo nível de exposição, mas agora o valor é convertido

para uma jornada padrão de 8 (oito) horas diárias.

A determinação da dose de exposição ao ruído deve ser feita,

preferencialmente, por meio de medidores integrados de uso pessoal (dosímetros de

ruído). Neste caso o limite de exposição ocupacional diário ao ruído contínuo ou

intermitente corresponde a dose diária igual a 100%. Já o nível de ação para

exposição ocupacional ao ruído é de dose diária igual a 50% (FUNDACENTRO,

2001).

Sempre que a dose diária de exposição a ruído determinada for superior a

100%, o limite de exposição estará excedido e exigirá a adoção imediata de medidas

de controle. Se a dose diária estiver entre 50% e 100% a exposição deve ser

considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas preventivas de

Page 38: Avaliação de Ruído em Pedreira

28

forma a minimizar a probabilidade de que as exposições aos ruídos causem prejuízos

à audição do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado.

Não é permitida, em nenhum momento da jornada de trabalho, exposição a

níveis de ruído contínuo ou intermitente acima de 115 dB (A) para indivíduos que

não estejam protegidos, independentemente dos valores obtidos para dose diária ou

para o nível de exposição.

Sempre que o nível de exposição normalizado (NEN) for superior a 85

dB(A), o limite de exposição estará excedido e exigirá a adoção imediata de medidas

de controle. Se o NEN estiver entre 82 dB (A) e 85 dB (A) a exposição deve ser

considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas preventivas a fim

de minimizar a probabilidade de que as exposições causem prejuízos à audição do

trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado.

Não é permitida, em nenhum momento da jornada de trabalho, exposição a

níveis de ruído contínuo ou intermitente acima de 115 dB (A) para indivíduos que

não estejam adequadamente protegidos, independentemente dos valores obtidos para

dose diária ou para o nível de exposição.

As considerações técnicas e a situação recomendada em função da dose diária

ou do nível de exposição normalizado encontrados na condição de exposição

avaliada podem ser vistos na TABELA 06.

TABELA 06: Considerações Técnicas e Atuação recomendada conforme dose diária e NEN.

Dose Diária

(%)

NEN

dB(a) Consideração

Técnica Atuação Recomendada

0 a 50 Até 82 Aceitável No mínimo manutenção da condição existente

50 a 80 82 a 84 Acima do nível

de ação Adoção de medidas preventivas

80 a 100 84 a 85 Região de incerteza

Adoção de medidas preventivas e corretivas visando a redução da dose diária

Acima de 100

>85 Acima do limite

de exposição Adoção imediata de medidas corretivas

Fonte: FUNDACENTRO (2001)

Page 39: Avaliação de Ruído em Pedreira

29

Quanto ao ruído de impacto, sempre que o nível de pico ultrapassar o nível

máximo permitido (NP), calculado para o número de impactos a que o trabalhador

está exposto em sua jornada diária de trabalho, o limite de exposição estará excedido

e exigirá a adoção imediata de medidas de controle. Não é permitida exposição a

ruídos de impacto ou impulsivos com níveis de pico superiores a 140 dB para

indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. Se o nível de pico estiver

entre (NP – 3) e NP a exposição deve ser considerada acima do nível de ação,

devendo ser adotadas medidas preventivas para minimizar a probabilidade de que as

exposições ao ruído ultrapassem o limite de exposição.

Para que as medições sejam representativas da exposição de toda a jornada de

trabalho é importante que o período de amostragem seja adequadamente escolhido.

Se forem identificados ciclos de exposição repetitivos durante a jornada, a

amostragem deverá cobrir um número maior de ciclos, caso estes não sejam

regulares ou apresentem níveis com grandes variações de valores

(FUNDACENTRO, 2001).

2.4.2 Fatores de Risco

Sun et al. (1991) afirmam que a deficiência de ferro no organismo facilitava

as lesões cocleares. Oliveira (1997) afirma que o ouvido esquerdo seria mais

suscetível à lesão por ruído, devido ao fator de lateralidade, consideram que as

perdas auditivas monoaurais podem ser reduzidas por estímulos acústicos

simultâneos.

Outros fatores, como: a duração, a influência e a continuidade e

descontinuidade do ruído são de grande importância. A duração diz respeito ao

tempo em que o indivíduo encontra-se exposto ao ruído. A influência está

relacionada à susceptibilidade, que é muito variável entre os indivíduos e aos ruídos

que causam alterações auditivas. A continuidade e descontinuidade, encontra- se na

frequência do ruído e a sensibilidade do som audível.

Page 40: Avaliação de Ruído em Pedreira

30

2.4.3 Efeitos do Ruído no Organismo

O ruído afeta o organismo humano de várias maneiras, causa prejuízos não só

ao funcionamento do sistema auditivo como o comprometimento da atividade física,

fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto.

Quanto à classificação dos efeitos nocivos do ruído sobre o organismo

humano pode ser realizada de duas maneiras. A primeira produz efeitos fisiológicos,

fisiopatológicos ou auditivos. A segunda são os efeitos gerais ou não auditivos,

resultando numa ação geral sobre várias funções orgânicas.

2.4.3.1 Efeitos Auditivos

Frente à exposição a ruídos em geral, as orelhas são dotadas de mecanismos

protetores que alteram a sensibilidade auditiva durante e após a estimulação acústica.

O primeiro mecanismo protetor é o mascaramento, quando a percepção de um só é

diminuída em presença de um ruído de intensidade que encubra esse som. O segundo

é a adaptação auditiva, ou seja, a sensibilidade auditiva é reduzida durante a

apresentação de um estímulo sonoro intenso e duradouro. O terceiro diz respeito à

fadiga auditiva, que ocorre após a cessação dos estímulos, podendo ser também

chamada por mudança temporária. Consequentemente, há diferença entre adaptação

e fadiga auditiva (CARMO, 1999).

Conforme Seligman (1997), os sintomas auditivos relacionados ao ruído

assinalam em primeiro lugar à perda auditiva, dificuldades no entendimento da fala.

Quanto à perda auditiva, verifica-se que a orelha humana é extremamente sensível à

ação do ruído. As lesões da orelha interna resultantes da exposição a ruídos levam ao

esgotamento físico e a alterações químicas, metabólicas e mecânicas do órgão

sensorial auditivo, refletindo na lesão das células sensoriais (externas e internas),

com lesão parcial ou total do órgão de Corti e consequentemente a deficiência

auditiva, podendo o ruído atuar sob a forma de dois mecanismos:

a) Por exposição aguda: Trauma Sonoro e Mudança Temporária no Limiar

(TTS) - “Temporary Threshold Shift”). Conforme Melnick (1999), trata- se

de uma alteração temporária dos limiares auditivos logo após a exposição a

ruído intenso que ocorre em curto prazo, e tende a regredir espontaneamente

após minutos, horas, ou às vezes, até dias. Devido ao fato de que o ruído

Page 41: Avaliação de Ruído em Pedreira

31

produz uma mudança transitória do limiar, ela tem sido mais especificamente

conhecida como mudança transitória do limiar induzida por ruído (MTLIR).

Logo, os exames audiométricos que subsidiam o diagnóstico de uma possível

perda auditiva ocupacional devem ser realizados em repouso auditivo de no

mínimo quatorze horas para a confirmação da existência ou não de alteração

auditiva (BERNARDI; SALDANHA JÚNIOR, 2003a).

b) Por exposição Crônica: Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) ou

Mudança Permanente no Limiar (PTS - “Permanente Threshold Shift”).

Trata-se de alterações na audição decorrentes de repetidas exposições a níveis

elevados de pressão sonora, que têm como características a irreversibilidade e

a progressão gradual com o tempo de exposição persistindo através da vida

do indivíduo afetado (BERNARDI e SALDANHA JÚNIOR, 2003b).

2.4.3.2 Trauma Acústico

Oliveira (1997) atribui ao trauma acústico o som explosivo instantâneo com

pico de pressão sonora que excede 140 dB SPL. Os níveis sonoros alcançam as

estruturas da orelha interna, excedendo os limites de elasticidade dos tecidos,

produzindo a ruptura do órgão de Corti, sendo este desligado da membrana basilar

que, por sua vez, é destruída e substituída por tecido epitelial escamoso,

restabelecendo a integridade do comportamento do fluído da escala média (MB) e

órgão de Corti. Estas lesões são essencialmente mecânicas. Acrescenta o mesmo

autor, como decorrência do trauma acústico, há as alterações anatomopatológicas,

como: ruptura da membrana timpânica e sangramento das orelhas médias e internas,

subluxação dos ossículos da orelha média; desintegração das células ciliadas que

desacoplam dos cílios da membrana tectorial, causando sua ruptura, promovendo a

separação da membrana basilar; mistura da endolinfa e perilinfa e ausência do padrão

das células ciliadas em mosaico. O maior grau de lesão encontra-se na espira basal,

com a perda completa de células ciliadas externas e nas células de suporte, enquanto

que nas espiras superiores, o grau de lesão é menor.

Em março de 1997, foi publicado, no Diário Oficial da União, o Decreto Nº

2.172 da Previdência Social, que regulamenta os acidentes de qualquer natureza e do

trabalho, relacionando as situações que dão direito ao auxílio-acidente (BRASIL,

Page 42: Avaliação de Ruído em Pedreira

32

2009). Com relação ao aparelho auditivo, este decreto cita como Trauma Acústico

(TA): a perda da audição no ouvido acidentado; a redução da audição, em grau

médio ou superior, em ambos ouvidos, quando os dois estiverem acidentados;

redução da audição, em grau médio ou superior, no ouvido acidentado, quando a

audição do outro estiver também reduzida em grau médio ou superior (BERNARDI;

SALDANHA JÚNIOR, 2003b).

2.4.3.3 Mudança Temporária no Limiar (TTS – “Temporary Threshold Shift”) ou

Fadiga Auditiva

Refere-se à diminuição gradual da sensibilidade auditiva com o tempo de

exposição a um ruído contínuo e intenso. Para Russo (1997) corresponde a um

fenômeno temporário, em que o limiar auditivo retorna ao normal após um período

de repouso auditivo.

Merluzzi (1981) completa, a maior parte da TTS tende-se a recuperar nas

primeiras duas ou três horas, após cessada a estimulação sonora. Durante os desvios

temporários dos limiares auditivos (TTS) ocorrem alterações discretas nas células

ciliadas, edema das terminações nervosas auditivas, alterações vasculares, exaustão

metabólica, modificações intracelulares, diminuição dos estereocílios, alteração no

acoplamento entre os cílios e membrana tectorial. Estas alterações são reversíveis,

podendo haver recuperação do limiar, mesmo com presença de células lesadas.

2.4.3.4 Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) ou Mudança Permanente no

Limiar (PTS – “Permanent Threshould Shift”)

A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é, juntamente com as Lesões

por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho

(LER/DORT) são as doenças mais comuns dentro do ambiente de trabalho (SESI,

2009).

Russo (1999) considera a PAIR decorrente de um acúmulo de exposições a

ruído, normalmente diárias, repetidas constantemente, por período de muitos anos.

A exposição crônica ao ruído produz no ser humano uma deterioração

auditiva lentamente progressiva, com características neurosensoriais, não muito

profundas, quase sempre bilaterais e absolutamente irreversíveis. As alterações

Page 43: Avaliação de Ruído em Pedreira

33

podem ser mecânicas e metabólicas. Os indivíduos afetados apresentam dificuldades

para perceber sons agudos. A deficiência passa a abranger a área do campo

audiométrico, comprometendo frequências da zona de conversação, afetando o

reconhecimento da fala.

O segundo sintoma encontra-se nas dificuldades no entendimento da fala.

Seligman (1997) diz que é a queixa que envolve a habilidade de diferenciar os sons

da fala. O ruído produz um efeito mascarante sobre a palavra e outros sinais sonoros

úteis, em especial os sinais de alarme, dando origem a acidentes profissionais e

ocasionando graves prejuízos sociais.

Outros sintomas são observados, como: algiacusia (aumento desproporcional

da sensação sonora frente a um som intenso), plenitude auricular (sensação de ouvido

tapado ou cheio), sensação de audição abafada e dificuldades de localização sonora.

A PAIR está entre as doenças do trabalho de maior prevalência, com

agravante de tratar-se de uma doença irreversível e as suas principais características,

segundo o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva – CONARCA (2009)

são:

a) Uma vez instalada, a PAIR é irreversível e quase sempre similar

bilateralmente;

b) Raramente leva à perda auditiva profunda, pois, geralmente, não ultrapassa

os 40 dB nas baixas frequências e os 75 dB nas frequências altas;

c) Manifesta-se, primeiro e predominantemente, nas frequências de 6,4 ou 3

kHz e, com o agravamento da lesão, estende-se às frequências de 8, 2, 1, 5 e

0,25Khz, as quais levam mais tempo para serem comprometidas;

d) Tratando-se de uma patologia coclear, o portador da PAIR pode apresentar

intolerância a sons intensos e zumbidos, além de ter comprometimento da

inteligibilidade da fala, em prejuízo do processo de comunicação;

e) Não deverá haver progresso da PAIR uma vez cessada a exposição ao

ruído intenso;

f) A instalação da PAIR é, principalmente, influenciada pelas características

físicas do ruído (tipo, espectro e nível de pressão sonora), tempo de exposição e

susceptibilidade individual;

Page 44: Avaliação de Ruído em Pedreira

34

g) A PAIR não torna o ouvido mais sensível a futuras exposições a ruídos

intensos. A medida que os limiares auditivos aumentam, a progressão da perda torna-

se mais lenta;

h) A PAIR geralmente atinge o seu nível máximo para as frequências de 3, 4

e 6khz, nos primeiros 10 a 15 anos de exposição sob condições estáveis de ruído;

i) O diagnóstico da PAIR só pode ser estabelecido por meio de um conjunto

de procedimentos que envolva anamnese clínica, história ocupacional, avaliação do

exame físico e, se necessários, testes complementares.

A perda auditiva atinge sua maior gravidade dos 5 aos 7 anos de exposição ao

ruído. Após 15 anos de exposição, a progressão da PAIR pode ocorrer mais

lentamente, tendendo à estabilização, desde que não haja nenhuma intercorrência

(GLORIG, 1980).

2.4.3.5 Efeitos Não- Auditivos

Além dos Sintomas Auditivos, o ruído exerce ação geral sobre várias funções

orgânicas, apresentando reações distintas, com características comuns, mas com

diferentes significados, como: Reações de alarme, que consistem em resposta rápida

de curta duração sob a ação de um ruído repentino. Essa atitude reflexa se manifesta

através do ato de fechar os olhos, há aumento da frequência cardíaca e respiratória,

aumento da pressão arterial e secreção salivar, dilatação pupilar, contração brusca da

musculatura e aumento da secreção dos hormônios e Reações neurovegetativas, em

que a ação geral do ruído exerce uma resposta lenta com variações durante a

estimulação auditiva, influenciando e promovendo transtornos considerados como

verdadeiras doenças de adaptação de instabilidade do sistema neurovegetativo; como

por exemplo, o aumento do tônus muscular, hiperreflexia, redução do peristaltismo

intestinal, distúrbios digestivos, angústia, inquietação, variações na dinâmica

circulatória e aumento da amplitude respiratória (CARMO, 1999).

Seligman (1997) relata que alguns autores não consideram seguros os dados

referentes às manifestações não auditivas do ruído, mas deve-se considerar que

atualmente existem estudos que foram revistos na literatura científica dos últimos 20

anos e que comprovam que o indivíduo urbano encontra-se dia-a-dia em exposição

Page 45: Avaliação de Ruído em Pedreira

35

ao ruído, seja de forma direta ou indireta e, consequentemente, há a promoção de

estresse ou perturbação do ritmo biológico, gerando transtornos, tais como:

a) Transtornos da Habilidade de executar atividades: Em provas de habilidade

foi demonstrado que com a exposição ao ruído contínuo, existe a diminuição

do rendimento e eficiência, elevando o número de erros, e um provável

aumento de acidentes por consequência da redução da habilidade.

b) Transtornos Neurológicos: Especialistas nesta área citam como alterações o

aparecimento de tremores nas mãos, diminuição da reação aos estímulos

visuais, dilatação pupilar, motilidade e tremores dos olhos, mudança na

percepção visual das cores de desencadeamento ou piora de crises de

epilepsia.

c) Transtornos Vestibulares: Durante a exposição do ruído ou mesmo após,

muitos indivíduos apresentam alterações tipicamente vestibulares, descritas

como vertigens, que podem ou não ser acompanhadas de náuseas, vômitos e

suores frios, dificultando o equilíbrio e a marcha, desmaios e dilatação das

pupilas.

d) Transtornos Digestivos: conforme Seligman (1997), pode- se encontrar

diminuição do peristaltismo e da secreção gástrica, com aumento da acidez,

seguidos de enjoos, vômitos, perda do apetite, dores epigástricas, gastrites e

úlceras e alterações que resultam em diarreia ou mesmo prisões de ventre.

e) Transtornos Cardiovasculares: Indivíduos submetidos a elevados níveis de

ruído (acima de 70 dB) podem sofrer constrição dos pequenos vasos

sanguíneos, reduzindo o volume de sangue e consequente alteração em seu

fluxo, causando taquicardia e variações na pressão arterial.

f) Transtornos Hormonais: A produção dos “Hormônios de Estresse” é alterada

quando o indivíduo é submetido à tensão em ambientes com níveis elevados

de ruído, existindo um aumento dos índices de adrenalina e cortizol

plasmático, com possibilidades de desencadeamento de diabetes e aumento

de prolactina, com reflexo na esfera sexual.

g) Transtorno do Sono: O ruído pode dificultar o adormecer e causar sérios

danos ao longo do período de sono profundo proporcionando inesperado

despertar. Níveis de ruído associados aos simples eventos podem criar

Page 46: Avaliação de Ruído em Pedreira

36

distúrbios momentâneos dos padrões naturais do sono, por causar mudanças

do estágio leve e profundo do mesmo e a pessoa pode sentir-se tensa e

nervosa devido às horas não dormidas (DURÁN, 2003).

h) Transtornos Comportamentais: O ruído gera alterações neuropsíquicas, com

mudanças na conduta e no humor, falta de atenção e de concentração,

cansaço, insônia e inapetência, cefaleia, redução da potência sexual,

ansiedade, depressão e estresse.

2.4.4 Protetores Auriculares

O controle do ruído do ambiente de trabalho, através de abafadores ou

barreiras de proteção, mostra-se o mais efetivo meio de prevenção da perda auditiva

(DURANTE, 2011).

Sempre que possível, deve-se evitar exposições acima de 100 dB (A). Deve-

se usar protetor auditivo quando ocorrer exposição a níveis acima de 85 dB (A),

especialmente quando a mesma for prolongada, pois o dano na audição devido à

exposição permanente em ambientes ruidosos é cumulativo e irreversível

(FERNANDES, 2002).

Quando todos os métodos de controle falharem ou não forem viáveis, o

último dos recursos é adotar a proteção auricular. Existem no mercado três tipos de

protetores, sendo eles: o de inserção, os moldáveis descartáveis e o circum-

auriculares.

Segundo Araújo (2010), os canais auditivos diferem largamente no tamanho,

de indivíduo para indivíduo, e até entre orelhas de uma mesma pessoa. Portanto, os

protetores de inserção devem ser escolhidos de forma a se adaptarem a uma larga

variedade de configurações de canais da orelha.

A maioria dos canais da orelha tem formato elíptico, mas alguns são redondos

e muitos apresentam somente uma fenda estreita. Alguns canais da orelha são em

linha reta, direcionados para o centro da cabeça, mas a maioria apresenta curvas

diversas e é direcionada para a face. Em muitos casos, existe somente um pequeno

espaço para acomodação de um protetor de inserção, mas quase todas as entradas dos

canais da orelha podem ser abertas e colocadas em linha reta pela ação de puxar a

orelha externa para cima, permitindo um seguro posicionamento do protetor. Para

Page 47: Avaliação de Ruído em Pedreira

37

maior conforto e retenção do protetor de inserção, os canais devem retornar o mais

próximo possível de suas configurações normais após a colocação do equipamento.

O protetor de inserção (Figura 06) tem forma definitiva, sendo macio e

flexível, permitindo melhor ajuste ao ouvido. Apresenta-se em tamanhos,

caracterizados, geralmente, por três abas a serem ajustadas de acordo com o tamanho

do canal auditivo, o que proporciona grande eficácia na atenuação do ruído. A guarda

do protetor deve ser feita em caixas adequadas, que os mantenham limpos, em boas

condições e prontos paras o uso.

Figura 5: Protetor auricular de inserção

Fonte: cidadesaopaulo.olx.com.br/protetor-auricular-tipo-plug-iid-86239368

O protetor moldável descartável é de espuma moldável (Figuras 07 e 08),

sendo moldado entre os dedos polegar e indicador e inserido no canal auditivo de

forma a adaptar-se ao formato do canal e se manter na posição. As mãos de quem

está moldando o protetor devem estar limpas, uma vez que qualquer sujeira ou objeto

estranho inserido na orelha poderá causar irritação ou infecção. Estes protetores têm

vantagem sobre os de inserção, por serem adaptáveis a quaisquer tamanhos de canais

auditivos, mas, por outro lado, por serem descartáveis, tornam o uso mais caro.

Figura 6: Protetor auricular moldável descartável de espuma.

Fonte: http://www.artesana.com.br/ protetor-auricular-descartavel.aspx

Figura 7: Exemplo de modelagem de protetor descartável de espuma.

Fonte: http:// rodrigotst.blogspot.com/2009/03/epi-como-utilizar-o-protetor-auricular.html

Page 48: Avaliação de Ruído em Pedreira

38

O protetor de concha ou circum- auricular (Figura 09) conta com duas

conchas, de forma elíptica ou ligeiramente triangular, presas por uma haste. As

conchas devem ter diâmetro pequeno de modo que a vedação acústica ocorra sobre

as partes menos irregulares do contorno da cabeça. O interior da concha deve ser

revestido com material que absorva ruídos ressonantes de alta frequência e que não

esteja em contato com a orelha externa, evitando, assim, desconforto ao usuário. Os

materiais de vedação acústica usados nas conchas proporcionam a máxima proteção

quando colocados sobre superfícies relativamente macias e lisas, portanto, menor

proteção deve ser esperada quando as conchas são colocadas sobre cabelos longos,

costeletas longas, ou óculos (ARAÚJO, 2010).

Figura 8: Protetor auricular tipo concha Fonte: http://www.centerlonas.com.br/interna.php?id=153

A Tabela 07 foi desenvolvido pela ACGIH – American Conference of

Governamental Industrial Higyenists:

TABELA 07 : Comparação de Protetores Auriculares

Protetores de concha ou Circum- Auriculares

Protetores de Inserção

- Simples colocação; - São grandes e observáveis de longe; - Interferem com óculos pessoais; - Podem ser ajustados com luvas; - Acarretam problemas de espaço em locais pequenos e confinados; - Confortáveis em ambientes frios e desconfortáveis em ambientes quentes; - Sua limpeza deve ser feita em locais apropriados; - Podem ser usados por qualquer pessoa com orelhas sãs ou enfermas; - O custo inicial é alto e a vida útil, longa.

- Devem ser adequados a cada canal; - Fáceis de carregar e de serem perdidos; - Compatíveis com óculos pessoais; - Deve- se tirar luvas para ajustar; - Não produzem problemas por limitação de espaço; - Não são afetados pela temperatura ambiente; - Devem ser esterilizados frequentemente; - Podem ser inseridos somente em orelhas sãs; - O custo inicial é baixo e a vida útil, curta.

Page 49: Avaliação de Ruído em Pedreira

39

A NR 9 (item 5.3.5.5) diz que o EPI deve ser adequado ao risco,

considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição e o conforto

além de destacar a importância do treinamento para sua correta utilização e

limitações de proteção oferecidos pelos diversos tipos existentes. Outro ponto

importante diz respeito às recomendações para o seu uso, guarda, higienização e

reposição.

2.4.5 Programa de Conservação auditiva (PCA)

O PCA, também denominado PPPA (Programa de Prevenção de Perda

Auditiva), sugerido pela NR 9 (Programa de Prevenção de riscos ambientais –

PPRA), mediante os riscos discriminados na NR 15, que limita a tolerância ao nível

de pressão sonora em relação ao tempo de trabalho para todos efetivamente

empregados e contratados por serviços terceirizados (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO

ATLAS, 2006).

As empresas que possuem em seu ambiente de trabalho o risco físico de ruído

(nível de pressão sonora elevada - NPSE), conforme identificado no PPRA

(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), deverão implementar um PCA

(Programa de Conservação Auditiva), com o objetivo de preservação da saúde

auditiva dos funcionários, e consequentemente de resguardar a empresa de eventuais

ações indenizatórias futuras (SESI, 2009).

A NR 7, de 1996, (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –

PCMSO) estabelece diretrizes para a avaliação e acompanhamento da audição dos

trabalhadores através da realização de exames audiológicos (audiometrias em cabines

acústicas), cabendo às empresas a adoção de programas que visem a conservação da

saúde auditiva dos trabalhadores (SESI, 2009).

O PCA envolve a atuação de uma equipe multiprofissional, pois são

necessárias medidas de engenharia, medicina, segurança do trabalho, fonoaudiologia,

treinamento e administração (CONARCA, 2009).

O PCA deve conter as etapas de: avaliações ambientais (Laudo Técnico das

Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT); controle de engenharia e

administrativos; controle audiométrico; seleção de Equipamentos de Proteção

Page 50: Avaliação de Ruído em Pedreira

40

Individual adequados; educação e motivação; conservação de registros e avaliação da

eficácia do programa (SESI, 2009).

O Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva (CONARCA, 2009)

enfatiza que deverão ser observadas as peculiaridades de cada instituição na

elaboração de um PCA. Estas recomendações podem ser revistas, de acordo com os

avanços técnico-científicos, de cada empresa ou ramo de atividade envolvida, e, com

colaboração mútua dos trabalhadores de cada setor na definição de diretrizes a serem

tomadas.

Para execução do programa de conservação auditiva (PCA), deve- se seguir

os princípios:

a) Escolher, individualmente, o protetor adequado, utilizando, para os plugs, o

método denominado reat (real ear attenuation at threshold) e, para conchas,

o mire (microphone in real ear), já que ambos consideram a real exposição

do empregado, tanto quantitativamente, preferencialmente medida através da

audiometria, como qualitativamente, analisada pelo medidor de nível de

pressão sonora por banda de freqüência;

b) Treinar e motivar o empregado para a utilização do EPI;

c) Documentar estas atividades, bem como a entrega, utilização e reposição de

cada EPI;

d) Acompanhar a evolução audiométrica do empregado, através de testes

realizados com critério e analisados sob metodologia científica, que, entre

outros aspectos, confirmam a validade dos audiogramas e mostram a

evolução da audição dos empregados, mensurando, de forma epidemiológica,

agravamentos auditivos e verificando a eficiência das medidas de proteção

coletivas e/ou individuais.

2.5 RUÍDO EM PEDREIRAS

A exploração de pedreiras e de minas a céu aberto nas suas diferentes fases,

desde as operações preparatórias, como sejam o desmatamento e decapagem,

passando pelas atividades de desmonte, carregamento e transporte, até à expedição

dos minérios, envolve um conjunto de trabalhos e equipamentos que geram níveis

elevados de ruído.

Page 51: Avaliação de Ruído em Pedreira

41

A laboração de pedreiras e minas, nomeadamente o uso de equipamentos

móveis como sejam as perfuradoras, pás carregadoras, dumpers e escavadoras

giratórias e de equipamentos fixos como as unidades de tratamento de minério

(centrais de britagem, lavagem, entre outras) geram níveis de ruído consideráveis.

O uso de explosivos é também uma fonte importante de ruído, ainda que a duração

deste tipo de ruído seja extremamente reduzida. Nestas situações, o ruído é gerado,

principalmente, pela libertação de gases da detonação, pelo uso de cordão detonante

e/ou pela colisão de blocos projetados entre si e o piso (Figura 10).

Figura 9: Fenômenos que contribuem para o ruído gerado na explosão de rochas Fonte: GAYUBAS, 1998

Para Araújo Neto (2006), a geração de sopro de ar ou sobrepressão é

resultante de uma explosão e se propaga na atmosfera como uma onda sonora sendo

influenciada pelas condições atmosféricas, características do terreno e vegetação. A

sobrepressão é uma série de impulsos produzidos após a detonação e tem como causa

os seguintes fatores:

Page 52: Avaliação de Ruído em Pedreira

42

a) Rápida expansão dos gases para a atmosfera, quando a detonação não é

convenientemente confinada, a exemplo da altura insuficiente do

tamponamento dos furos;

b) Liberação de gases provenientes da queima na atmosfera do cordel detonante;

c) Vibrações transmitidas ao ar pela ação do movimento ao longo do

tamponamento dos furos e através das fraturas desenvolvidas no maciço

rochoso, pela ação de choque que precedem a expansão gasosa.

As Variáveis que influenciam a propagação do som no ar são:

a) Distância do ponto de fogo às áreas residenciais;

b) Efeito de barreiras naturais e ou artificiais; O revestimento do solo também

pode acentuar ou atenuar o efeito produzido por obstáculos (naturais ou

artificiais) durante a propagação do ruído, pois a quantidade de energia

sonora presente na onda refletida depende das características da superfície.

c) Efeito direcional que pode ser produzido pela face da bancada;

d) Velocidade e direção dos ventos: O vento atua decisivamente na propagação

do som, pois pode modificar a direção da onda ruidosa levando esta a uma

área possivelmente considerada protegida.

e) Variação da temperatura e velocidade dos ventos com a altitude: Com a

diminuição da umidade, a absorção sonora aumenta, e com o aumento da

temperatura (10 a 20 ºC) dependendo da frequência do ruído a absorção é

maior, porém para temperaturas acima de 25ºC a absorção diminui. A

absorção sonora é maior para frequências maiores.

Há uma diferença entre ruído permanente e ruído intermitente, suas origens

são diferentes e por isso geram tipos diferentes de perturbação.

Exemplos de ruídos típicos permanentes são os produzidos pelo trânsito dos

veículos pesados nas grandes cidades ou nas estradas principais. O ruído

normalmente produzido pelas pedreiras e o tratamento dos minerais raramente entra

nesta categoria, sendo este, na sua maioria ruído intermitente ou mesmo esporádico.

Poderá, contudo, existir algum ruído permanente, por exemplo, o de uma escavadora

em funcionamento, de um extrator de poeiras ou de uma correia de transporte. As

Page 53: Avaliação de Ruído em Pedreira

43

oficinas de tratamento geram também algum ruído deste tipo. Como este ruído baixo

permanente constitui apenas uma parte do ruído de fundo existente (a 50m de um

fragmentador numa oficina fechada, o nível de ruído é equivalente ao ruído normal

de um escritório), é relativamente insignificante e bem tolerado.

O ruído intermitente é produzido por operações específicas, principalmente

pelas explosões, mas também pelo arrancar matinal dos motores, o carregamento das

rochas para os "dumpers", o descarregamento para as caleiras de entrada dos

fragmentadores primários, dentre outros. Quando não segue um ciclo periódico, ou

quando este período é curto, pode mesmo ser considerado ruído esporádico. Para

evitar ou abafar este ruído, as pedreiras têm tomado medidas como colocação de

barreiras acústicas, escolha de motores de arranque especiais de baixo ruído,

montagem de forras de borracha nos "dumpers" e nas caleiras de entrada, cobertura

das correias de transporte, cobertura das instalações abertas, dentre outros.

Page 54: Avaliação de Ruído em Pedreira

3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 LOCAL DE ESTUDO

A pedreira analisada localiza

de Rondônia (Figura 11)

latitude 11º10'33" sul e a uma longitude 61º54'03" oeste, estando a uma altitude de

185 metros. Sua população estimada

A pedreira localiza-se

Figura 10: Localização do município de Presidente Médici no estado de Rondônia

Figura

MATERIAL E MÉTODO

DE ESTUDO

A pedreira analisada localiza-se no município de Presidente Médici,

(Figura 11). O município possui área de 1.758 km², l

latitude 11º10'33" sul e a uma longitude 61º54'03" oeste, estando a uma altitude de

85 metros. Sua população estimada pelo IBGE, em 2010 era de 22.319 habitantes.

se próximo à rodovia BR 364 (Figuras 12 e 13

Localização do município de Presidente Médici no estado de RondôniaFonte: Rondonia_MesoMicroMunicip.svg

Figura 11: Localização da pedreira estudada Fonte: Google Earth (2012)

44

se no município de Presidente Médici, no estado

, localiza- se a uma

latitude 11º10'33" sul e a uma longitude 61º54'03" oeste, estando a uma altitude de

era de 22.319 habitantes.

3).

Localização do município de Presidente Médici no estado de Rondônia

Page 55: Avaliação de Ruído em Pedreira

45

Figura 12: Vista aérea da pedreira estudada.

Fonte: Google Earth (2012)

A rocha predominante na área é o granito, conforme consta na licença de

operação.

A extração na jazida é realizada por meio de explosivos locados conforme

“plano de fogo” elaborado para cada fogo, levando-se em conta: a altura da bancada,

a profundidade, a direção para a qual o fogo será posicionado. Este plano é base para

a quantificação de explosivos (dinamite encartuchado e a granel) e acessórios

(iniciadores e retardadores) a serem utilizados. Determinado o plano de fogo, vem a

etapa de perfuração da rocha com perfuratriz hidráulica, os furos variam em diâmetro

e profundidade. Então é feito o carregamento dos furos com explosivos previamente

selecionados e dentro de especificações técnicas condizentes com o melhor

desempenho e segurança. Carregados, os furos são ligados por cordéis detonantes e

ou acessórios de iniciação pontual e, posteriormente iniciados e detonados. Após a

detonação, as pedras maiores (matacos) são perfuradas novamente com martelete

hidráulico (Figura 14), fazendo-se nova detonação (fogacho) para deixá-las em

tamanho compatível com a abertura do britador primário (marroeiro).

Page 56: Avaliação de Ruído em Pedreira

46

Figura 13: Jazida com matacos a serem fogacheados e martelete hidráulico posicionado para perfuração.

O carregamento é feito por máquinas carregadeiras que fazem o enchimento

dos caminhões fora- de- estrada para que o material seja levado até a planta de

beneficiamento, onde é basculado no britador primário de mandíbulas, o marroeiro

(Figura 15). Este britador realiza uma primeira redução dimensional dos blocos, que

são levados via correias transportadoras até a pilha pulmão, onde podem ser

destinadas a venda ou seguem para a rebritagem no britador secundário.

Figura 14: Britador primário (marroeiro) e pilha pulmão abaixo.

Page 57: Avaliação de Ruído em Pedreira

47

Após a rebritagem do material, um sistema de peneiras vibratórias e

classificatórias passa a operar no sentido de separar as diversas faixas

granulométricas acondicionando-as em pilhas a céu aberto (Figura 16). Com relação

ao transporte de cada ciclo, estes são feitos através de correias transportadoras, tanto

para o peneiramento quanto para a realimentação do sistema ou encaminhamento à

pilha.

Figura 15: Britador Secundário (peneiramento) e pilhas com diferentes granulometrias de brita.

A última etapa consiste na estocagem e comercialização dos produtos, feita

pelo enchimento dos caminhões de entrega pelas pás-carregadeiras. Os caminhões

próprios ou de terceiros, realizam o transporte final do produto até o cliente de

acordo com as especificações solicitadas. Para uma melhor compreensão das

operações e atividades desenvolvidas na pedreira estudada (Figura 17).

Page 58: Avaliação de Ruído em Pedreira

48

Figura 16: Fluxograma do processo de funcionamento da pedreira.

3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS

O equipamento utilizado pela equipe do Sesi –RO (Serviço Social da

Indústria) para as medições de ruído foi o Dosímetro de Ruído modelo CR110A

(Figuras 18 e 19), da marca Cirrus, com calibrador interno.

Para as medições in loco foram utilizados seis dosímetros, todos com

certificado de calibração válidos até dezembro de 2012 (Anexo 1).

Page 59: Avaliação de Ruído em Pedreira

49

Figura 17: Dosímetro CR110A da marca Cirrus. Fonte: http://www.cirrusresearch.es/productos/dosimetro-de-ruido-dosebadge/

Figura 18: Exemplo de utilização do Dosímetro CR110A Fonte: http://www.cirrusresearch.es/productos/dosimetro-de-ruido-dosebadge/

3.3 MÉTODO

A coleta de dados foi feita, conforme especificado no anexo 01 da NR -15,

utilizando-se para as medições taxa de troca de 5, apresentando-se os valores em

LAeq e da NHO – 01 (Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO),

utilizando-se taxa de troca de 3 e apresentando os valores em LAvg. Esta coleta foi

feita por técnicos em segurança no trabalho do SESI - RO (Serviço Social da

Indústria de Rondônia) nos dias 26 e 28 de abril de 2012.

Para fins de caracterização de risco de surdez ocupacional a melhor técnica é

a dosimetria de ruído, pois é de caráter individual, acompanha o trabalhador em todo

Page 60: Avaliação de Ruído em Pedreira

50

o seu trajeto e movimentos, representando com fidelidade o tempo e a exposição

ocupacional deste ao ruído decorrente de suas tarefas.

Para as medições, o trabalho na empresa foi setorizado, fazendo coleta de

dados durante 8 (oito) horas em um representante de cada grupo homogêneo, sendo

estes: 1 marteleteiro do grupo de quatro marteleteiros; 1 operador de britador

marroeiro, sendo o único nesta função; 1 operador de britador secundário, também o

único a exercer a função; 1 mecânico, o único a exercer a função; 1 motorista de

caminhão dentro do pátio, do grupo de quatro motoristas e 1 operador de pá

carregadeira, representante do grupo de 3 operadores. Sendo estas as funções onde a

situação de ruído é mais crítica.

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente foram medidos em decibéis (dB)

com o dosímetro operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta

lenta (SLOW). As leituras foram feitas próximas ao ouvido de cada trabalhador

durante as 8 (oito) horas de expediente, inclusive nas 2 (duas) horas de almoço, onde

optou-se por continuar a medição para análise do ruído no refeitório.

Como já mencionado, o equipamento faz duas leituras simultâneas, com taxa

de troca de 5 (conforme NR 15) e 3 (conforme NHO-01). O equipamento fez

também leitura no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação "C"

para medição do ruído de impacto.

O valor inferior de integração utilizado foi de 80 dB, conforme especificado

pela NHO-01. Como as medições durante o horário de almoço no refeitório ficaram

abaixo de 70 dB, não foram computados na dose diária.

Page 61: Avaliação de Ruído em Pedreira

51

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 MARTELETEIRO

Trata-se do profissional que opera o martelete, equipamento vibratório

pneumático equipado por uma ponteira de aço, usado para perfurar as pedras

(matacos) que serão fogacheadas. Seu posto de trabalho é na jazida. Na pedreira

analisada o grupo de marteleteiros é composto por quatro funcionários. As medições

foram realizadas no dia 26 de abril de 2012 durante as 8 (oito) horas de expediente

(Figura 20).

Figura 19: Medições de Ruído: Marteleteiro

Para as medições de ruído contínuo as médias coincidiram, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 101,6 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

102, 6 dB(A). Estes valores encontram-se acima da média estipulada pela NR 15 –

Anexo 3, de 85 dB (A) para exposição máxima diária de 8 (oito) horas. A Dose

calculada pelo próprio equipamento foi de 5828%, valor que excede muito a dose

máxima estipulada pela NHO-01, de 100%. Somente durante o horário de almoço

(12h00minh às 14h00minh) que o ruído ficou abaixo de 70 dB (A), pois o refeitório

encontra-se em local mais afastado do pátio e dos britadores.

Com relação ao ruído de impacto (Peak), este oferece risco grave eminente,

conforme NR-15, pois foi superior a 130 dB(C), no caso, 143,7dB(C), apresentando

33 picos acima de 135dB (C) durante todo o período de medição.

Page 62: Avaliação de Ruído em Pedreira

52

Para reduzir a exposição do trabalhador aos ruídos provenientes do trabalho é

imprescindível o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), no caso, sugere-

se o uso de protetor tipo concha em conjunto com o protetor de inserção, para que os

níveis de ruído possam ser reduzidos efetivamente, visto que estão muito acima do

máximo previsto pela Norma. O uso destes equipamentos de proteção já ocorre neste

posto de trabalho.

O equipamento, martelete, já é com sistema hidráulico, tendo uma emissão de

ruído reduzida. Não há como isolar a fonte de ruído, pois trata-se de equipamento de

trabalho manual do trabalhador.

A redução da exposição ao ruído durante a jornada de trabalho não adiantaria,

visto que, independente do tempo de exposição, a NR 15 estabelece que para ruídos

acima de 115 dB(A) não é permitida a exposição de trabalhadores sem proteção

auricular.

4.2 OPERADOR DE BRITADOR PRIMÁRIO

O operador de britador marroeiro trabalha acompanhando a britagem desta etapa, junto ao britador. Há apenas um operador de marroeiro na pedreira analisada. As medições deste posto de trabalho foram realizadas durante as 8 (oito) horas de expediente no dia 28 de abril de 2012 (Figura 21).

Figura 20: Medições de ruído: operador de britador primário

Page 63: Avaliação de Ruído em Pedreira

53

Para as medições de ruído contínuo as médias coincidiram, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 104,5 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

103,3 dB(A). Estes valores encontram-se acima da média estipulada pela NR 15, de

85 dB(A) para exposição contínua por 8 horas. A dose de 100% da NHO-01 foi

ultrapassada, atingindo 9058% para o período de medição. Como o refeitório é o

mesmo para todos os trabalhadores, novamente o nível de ruído ficou abaixo de 70

dB (A) no horário de almoço (das 12h00min às 14h00min).

O ruído de impacto (Peak) medido foi de 142,3 dB(C), excedendo os 130dB

(C) estipulados pela Norma, que aponta a situação como de risco grave iminente. Ao

todo foram 96 picos acima de 135 dB (C) nas 8 horas de medição.

Para reduzir a exposição do trabalhador aos ruídos provenientes do trabalho é

necessário o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), no caso, sugere-se o

uso de protetor auricular de inserção em uso conjunto com o protetor tipo concha,

pois os níveis de ruído medido ultrapassam muito o estipulado por norma. Já é feito o

uso de protetores auriculares pelo funcionário. A fonte de ruído não tem como ser

isolada, pois o operador deve ficar andando próximo ao marroeiro, para verificar o

andamento do processo e o equipamento produz ruído devido à moagem das pedras,

não havendo como modificar a superfície de contato.

A exposição diária máxima permitida pela NR 15 para o nível de ruído

medido é de apenas 35 minutos.

4.3 OPERADOR DE BRITADOR SECUNDÁRIO

O operador do britador secundário acompanha o processo de re- britagem, seu

posto de trabalho é próximo a esta etapa de trabalho, observando todo o processo.

Nesta função apenas este operador medido trabalha. As medições deste funcionário

foram realizadas no dia 26 de abril de 2012 durante as 8 (oito) horas de expediente

(Figura 22).

Page 64: Avaliação de Ruído em Pedreira

54

Figura 21: Medições de Ruído: Operador de Britador secundário

Para as medições de ruído contínuo as médias coincidiram, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 85,7 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

84,7 dB(A). Estes valores encontram-se dentro do estipulado pela NR 15 – Anexo 3,

de 85 dB (A) para exposição máxima diária de 8 (oito) horas. Mas a Dose calculada

pelo equipamento foi de 117%, excedendo a dose máxima estipulada pela NHO-01,

de até 100%. No princípio da manhã, antes do britador ser ligado (às 8h45min) e

durante o horário de almoço (12h00minh às 14h00minh) o ruído medido ficou abaixo

de 70 dB (A).

O ruído de impacto (Peak) oferece risco grave eminente, conforme NR-15,

pois foi superior a 130 dB(C), no caso, 141,7dB(C), apresentando 10 picos acima de

135dB (C) durante o período de medição.

O nível médio de ruído ficou dentro do permitido para exposição máxima

diária conforme NR 15, mas a dose diária ultrapassou os 100% estipulados pela

NHO-01, logo, é necessário uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI). No

caso, sugere-se o uso de protetor tipo concha, pois o ambiente de trabalho possui

muita poeira, podendo sujar os protetores de inserção e causar problemas no ouvido

do trabalhador. A fonte de ruído não tem como ser isolada, pois, assim como no

marroeiro, o operador deve ficar andando próximo ao britador, para verificar o

Page 65: Avaliação de Ruído em Pedreira

55

andamento do processo e o equipamento produz ruído devido à moagem das pedras,

não havendo como modificar a superfície de contato.

4.4 ENCARREGADO DE MANUTENÇÃO

O encarregado de manutenção (apenas um nesta pedreira) tem como posto de

trabalho a oficina mecânica da pedreira, sendo responsável pela manutenção e reparo

das máquinas, equipamentos e ferramentas utilizadas nas instalações da pedreira. As

medições deste funcionário foram realizadas no dia 26 de abril de 2012 durante as 8

(oito) horas de expediente (Figura 23).

Figura 22: Medições de Ruído: Encarregado de Manutenção

Para as medições de ruído contínuo as médias coincidiram, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 80 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

79,2 dB(A). Estes valores encontram-se abaixo do máximo estipulado pela NR-15

para exposição de 8 horas diárias, de 85 dB(A). A dose diária também não

ultrapassou o estipulado de 100% da NHO-01, ficando em 32% para o período de

medição.

Page 66: Avaliação de Ruído em Pedreira

56

O ruído de pico (Peak) excedeu os 130 dB(C) estipulados pela NR 15,

alcançando 142,2 dB (C), com apenas 2 picos acima de 137dB para o período de

medição.

Como os níveis de ruído e dose medidos ficaram abaixo dos níveis

estipulados por Norma não há necessidade do uso de equipamento de proteção

auricular.

4.5 OPERADOR DE PÁ CARREGADEIRA

O operador de pá carregadeira possui como posto de trabalho a cabine da pá

carregadeira, que é fechada com sistema de condicionador de ar. Este trabalha tanto

na jazida no carregamento dos caminhões internos para o marroeiro, quanto no pátio

para carregamento dos caminhões de entrega. Ao todo são 3 operadores de pá-

carregadeira na pedreira analisada.

As medições neste operador foram realizadas no dia 26 de abril de 2012

durante as 8 (oito) horas de expediente, incluindo horário de almoço (Figura 24).

Figura 23: Medições de Ruído: Operador de Pá-Carregadeira

Para as medições de ruído contínuo as médias coincidiram, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 80,7 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

Page 67: Avaliação de Ruído em Pedreira

57

79,8 dB(A). Estes valores encontram-se dentro do máximo estipulado pela NR-15, de

85 dB(A) para as 8 (oito) horas de exposição diária. A dose também ficou abaixo do

máximo estipulado pela NHO-01, de 100%, sendo 37%. Das 12h00min às 14h00min,

os níveis de ruído foram menores que 70 dB(A), pois o refeitório encontra-se

afastado do pátio.

O nível de pico (Peak) ultrapassou o máximo de 130 dB(C) estipulado pela

NR15, atingindo 135,8 dB(C), com apenas 3 picos acima de 135dB.

Como os níveis de ruído e dose medidos ficaram abaixo dos níveis

estipulados por Norma não há necessidade do uso de equipamento de proteção

auricular.

4.6 MOTORISTA

O motorista estudado foi o de caminhão de circulação apenas interna, que é

utilizado para transportar as pedras da jazida e bascular (descarregar) diretamente no

britador primário (marroeiro). Os caminhões utilizados não possuem sistema de

condicionador de ar, logo, os vidros da cabine ficam abertos. A pedreira analisada

possui 4 motoristas de caminhão de circulação interna.

As medições de ruído do motorista de caminhão interno foram realizadas no

dia 28 de abril de 2012, durante as 8 (oito) horas de expediente (Figura 25).

Figura 24: Medições de Ruído: Motorista de caminhão no pátio

Page 68: Avaliação de Ruído em Pedreira

58

Para as medições de ruído contínuo as médias foram próximas, sendo que:

conforme NHO-01 (Lavg), com taxa de troca 3, a média foi de 85,5 dB(A), já as

medições conforme NR-15 (LAeq), com taxa de troca 5, apresentaram uma média de

84,10 dB(A). Estes valores encontram-se dentro do estipulado pela NR 15 – Anexo

3, de 85 dB (A) para exposição máxima de 8 (oito) horas diárias. Mas a Dose

calculada pelo equipamento foi de 111%, excedendo a dose máxima estipulada pela

NHO-01, de até 100%. Durante o horário de almoço (12h00minh às 14h00minh) o

ruído medido ficou abaixo de 70 dB (A), devido à localização do refeitório.

O ruído de impacto (Peak) oferece risco grave eminente, conforme NR-15,

pois foi superior a 130 dB(C), no caso, 131,6dB(C), mas não apresentou picos acima

de 135dB (C) durante todo o período de medição.

O nível médio de ruído ficou dentro do permitido para exposição máxima

diária conforme NR 15, mas a dose diária ultrapassou os 100% estipulados pela

NHO-01. O ruído pode ser amenizado pela utilização de sistema de condicionador de

ar nos caminhões, desta forma, o motorista poderá trabalhar com os vidros fechados,

isolando-se das fontes de ruído, tanto o motor do caminhão quanto os ruídos externos

do pátio da pedreira, o ruído medido então seria semelhante ao da pá-carregadeira,

que já possui cabine isolada.

Page 69: Avaliação de Ruído em Pedreira

59

5 CONCLUSÃO

As medições de ruído apresentaram valores acima do ruído máximo

permitido pela NR 15 e NHO-01, especialmente nos postos de trabalho do

marteleteiro e do operador do britador marroeiro. Apenas o operador de pá

carregadeira e o encarregado de manutenção apresentaram níveis de ruído dentro do

máximo estipulado por normas. Para amenizar o ruído sugeriu-se basicamente o uso

de protetor auricular tipo concha, devido à sujeira do ambiente de trabalho, que pode

vir a provocar danos no sistema auditivo dos trabalhadores no caso de uso de

protetores auriculares de inserção.

Mas os protetores não devem ser apenas disponibilizados aos funcionários, é

necessário fazer treinamentos explicando a forma correta de utilização e

conscientizando-os da necessidade de uso destes equipamentos de proteção.

Os funcionários, conforme a norma, deveriam receber adicional de

insalubridade, devido aos níveis medidos de ruído, mas por se tratar de uma atividade

perigosa, que lida com explosivos, já recebem adicional de periculosidade.

Em muitos casos, o custo é o maior obstáculo para implantação das medidas

de controle e investimentos na área de segurança e saúde do trabalhador. Entretanto,

com a conscientização dos trabalhadores em relação aos riscos, e o envolvimento da

gerência, tais questões podem ser solucionadas a custos relativamente baixos, se

comparados às consequências de um acidente de trabalho.

Os investimentos numa política de Segurança e Saúde do Trabalho que

elevem a segurança dos trabalhadores e reduzam os riscos à sua saúde são realizados

pelas pedreiras, mas, ainda, há um longo caminho a ser percorrido para que os riscos

ocupacionais alcancem níveis satisfatórios.

Page 70: Avaliação de Ruído em Pedreira

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6 BIBLIOGRAFIA

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