avaliação de propostas para estimativa de parâmetros de
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AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES
Fernando da Silva Oliveira
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Civil.
Orientadores: Ian Schumann Marques Martins
Leonardo de Bona Becker
Rio de Janeiro
Setembro de 2011
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES
Fernando da Silva Oliveira
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
_______________________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Ss.
________________________________________________
Prof. Leonardo de Bona Becker, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
SETEMBRO DE 2011
iii
Oliveira, Fernando da Silva
Avaliação de Propostas para Estimativa de Parâmetros
de Compressibilidade de Argilas Moles/ Fernando da
Silva Oliveira. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2011.
IX, 107p.: il.; 29,7cm.
Orientadores: Ian Schumann Marques Martins,
Leonardo de Bona Becker.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Civil, 2011.
Referências Bibliográficas: p. 106-107.
1. Argila Mole
2. Amolgamento
3. Índice de compressão
4. Curva de compressão edométrica
I. Martins et al., Ian Schumann Marques. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Civil. III. Título.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos Professores Leonardo Becker e Ana Paula Fonseca, pela orientação ao
longo de praticamente todo o curso, pela importância e dedicação dadas às atividades de
iniciação científica, graças às quais optei pela ênfase em Mecânica dos Solos, e pelas
oportunidades que tive durante este período.
Ao Professor Ian Schumann, pela disposição e interesse em orientar este
trabalho.
Ao Vitor Aguiar e a todos da Mecasolo Engenharia, pela excelente recepção e
atenção que tive na Mecasolo Engenharia durante o período de estágio.
Aos Professores Fernando Danziger e Marcos Barreto, pela disposição em
avaliar este trabalho.
Ao Maurício Andrade, pela disponibilização de seus dados de ensaio.
Aos colegas de turma, todos os professores, funcionários e aqueles que mantém
a UFRJ.
E à família.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS MOLES
Fernando da Silva Oliveira
Setembro/2011
Orientadores: Ian Schumann Marques Martins
Leonardo de Bona Becker
Curso: Engenharia Civil
Este trabalho apresenta uma avaliação da aplicabilidade às argilas moles de
Santos/SP e do Sarapuí/RJ do método proposto por Schmertmann (1955) para
estimativa da curva de compressão edométrica de uma argila no estado indeformado a
partir da curva obtida do ensaio edométrico realizado na mesma argila com algum grau
de amolgamento.
Para estas argilas também são avaliadas as propostas de Almeida et al. (2008) e
de Martins et al. (2009) para estimativa do índice de compressão da argila no estado
“indeformado” (Cc) a partir do teor de umidade (w), e a proposta de Atkinson e Bransby
(1978) para estimativa do índice de compressão da argila remoldada (Cc,remold) a partir
de seu índice de plasticidade (IP).
Palavras-chave: argila mole, amolgamento, índice de compressão, parâmetros
de compressibilidade, curva de compressão edométrica.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to Escola Politécnica/ UFRJ as a partial
fulfillment of the requeriments for the degree of Civil Engineer.
EVALUATION OF PROPOSALS TO ESTIMATE COMPRESSIBILITY
PARAMETERS OF SOFT CLAYS
Fernando da Silva Oliveira
September/2011
Advisors: Ian Schumann Marques Martins
Leonardo de Bona Becker
Course: Civil Engineering
This work presents the applicability evaluation to Santos/SP and Sarapuí/RJ soft
clays of the method proposed by Schmertmann (1955) to estimate the “undisturbed”
oedometric compression curve by means of oedometric compression tests carried out in
disturbed samples.
To the same clays also are evaluated the proposals of Almeida et al. (2008) and
of Martins et al. (2009) to estimation of the compression index in the “undisturbed”
state (Cc) by means of the water content (w), and the proposal of Atkinson and Bransby
(1978) to estimate the compression index of the remolded clay (Cc,remold) by means of its
the plastic index (PI).
Keywords: soft clay, sample disturbing, compression index, compressibility
parameters, oedometric compression curve.
vii
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 1
1.2 Objetivos ............................................................................................................... 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 4
2.1 Compressibilidade dos solos ................................................................................. 4
2.2 Compressão unidimensional ................................................................................. 4
2.2.1 Considerações iniciais ................................................................................... 4
2.2.2 Ensaio de compressão edométrica ................................................................ 5
2.3 Amolgamento ........................................................................................................ 7
2.3.1 Considreações iniciais ................................................................................... 7
2.3.2 Causas do amolgamento ................................................................................ 8
2.3.3 Efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica .................... 11
2.4 O método de Schmertmann (1955) para estimativa da curva de compressão
edométrica “indeformada” a partir de ensaios realizados em amostras amolgadas .. 12
2.4.1 Considerações iniciais ................................................................................. 12
2.4.2 Desenvolvimento do método ....................................................................... 13
2.4.2.1 Comportamento básico de uma argila sob compressão ....................... 13
2.4.2.2 Efeitos da perturbação da amostra em suas características de
compressibilidae e padrões observados ........................................................... 15
2.4.3 Procedimento para estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”
............................................................................................................................... 20
viii
2.4.4 Observações sobre o método ....................................................................... 23
2.5 Estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada (Cc,remold) a partir
de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G) ................ 24
2.6 Propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade
natural (w) de argilas moles indeformadas ............................................................... 30
3 ENSAIOS ESTUDADOS ......................................................................................... 33
3.1 Considerações iniciais ......................................................................................... 33
3.2 Ensaios realizados com a argila de Santos/SP .................................................... 34
3.2.1 Extração das amostras ................................................................................. 34
3.2.2 Ensaios de caracterização ............................................................................ 38
3.2.3 Ensaios de compressão edométrica ............................................................. 43
3.3 Ensaios realizados com a argila do Sarapuí/RJ ................................................... 51
3.3.1 Extração das amostras ................................................................................. 51
3.3.2 Parâmetros de caracterização ...................................................................... 52
3.3.3 Ensaios de compressão edométrica ............................................................. 53
4 RESULTADOS ......................................................................................................... 60
4.1 Avaliação da qualidade dos corpos de prova e efeitos do amolgamento
.................................................................................................................................... 60
4.2 Verificação do método de estimativa da curva de compressibilidade
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955)
.................................................................................................................................... 66
4.2.1 Considerações iniciais ................................................................................. 66
4.2.2 Argila de Santos .......................................................................................... 66
4.2.3 Argila do Sarapuí ........................................................................................ 83
4.2.4 Conclusões sobre a avaliação do método de Schmertmann (1955) ............ 94
4.3 Avaliação da estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada
(Cc,remold) a partir de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos
(G) ............................................................................................................................. 96
4.4 Verificação das propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o
teor de umidade natural (w) de argilas moles ......................................................... 101
ix
5 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 105
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 106
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
Em diferentes situações o engenheiro civil se depara com a necessidade de
prever os recalques sofridos pelo terreno onde suas obras serão implantadas, seja por
razões funcionais, de segurança estrutural, ou apenas estéticas.
A previsão ou estimativa das deformações que o solo sofre ao ser carregado ou
descarregado é um dos principais objetos de estudo da Mecânica dos Solos.
Uma teoria que abrangesse o caso geral de deformação do solo sob um estado
geral de tensões seria muito complexa. Entretanto, existem casos particulares em que as
deformações dos solos podem ser previstas ou estimadas com relativa facilidade. Um
destes casos é o que ocorre quando o solo está submetido a um estado de tensões
geostáticas e o carregamento imposto faz com que haja deformações apenas na direção
vertical. Nestes casos tem-se uma compressão unidimensional ou compressão
edométrica.
Cada solo apresenta uma curva de compressão edométrica própria. Tais curvas,
em geral, dão a relação entre o índice de vazios (e) e a tensão vertical efetiva (σ’v)
plotada em escala logarítimica. As curvas de compressão edométrica podem ser
caracterizadas por 3 parâmetros: o índice de recompressão Cr, o índice de compressão
Cc e a tensão de pré-adensamento σ’vm, conforme esquematizado na figura 1.1.
1
Cc
1Cr
σ'vm
tensão vertical efetiva, σ'v (log)
índi
ce d
e va
zios
, e
Figura 1.1 Representação esquemática dos parâmetros de compressibilidade que definem a curva de compressão edométrica.
2
Os parâmetros de compressibilidade são obtidos através da extração de amostras
indeformadas no campo e realização de ensaios de compressão edométrica em
laboratório.
Entende-se por amostra indeformada aquela que preserva ao máximo a estrutura
que o solo apresenta em campo, de tal forma que a inevitável alteração sofrida por sua
estrutura durante a amostragem seja pequena a ponto de não modificar suas
propriedades mecânicas.
O amolgamento do solo pode ser entendido como a alteração de sua estrutura, ou
seja, da forma como seus grãos se dispõem e interagem entre si. No caso de ensaios de
compressão edométrica, o amolgamento da amostra altera drasticamente a curva de
compressão e, consequentemente, os valores dos parâmetros de compressibilidade
encontrados.
A consequência prática mais evidente do amolgamento de amostras utilizadas
em ensaios de compressão edométrica é a previsão errada de recalques, pois os mesmos
serão calculados com base em parâmetros de compressibilidade errados.
A obtenção de amostras indeformadas de solos é uma tarefa que exige uma série
de cuidados. Infelizmente, são poucos os casos em que as recomendações para evitar o
amolgamento das amostras de solos, desde a sua amostragem até a moldagem do corpo
de prova, são seguidas adequadamente, resultando em parâmetros de compressibilidade
não representativos do comportamento que o material apresenta em campo.
Diante desta realidade, Schmertmann (1955) sugeriu um método de estimativa
da curva de compressão edométrica “indeformada” a partir da curva de compressão
edométrica obtida em ensaios realizados em amostras amolgadas. Desta maneira
poderiam ser obtidos parâmetros de compressibilidade mais próximos dos reais.
Atkinson e Bransby (1978), baseados nos resultados de Skempton e Northey
(1953), apresentaram uma proposta de correlação entre o índice de compressão do solo
remoldado (chamado neste trabalho de Cc,remold para diferenciar do Cc do solo
indeformado) a partir de seu índice de plasticidade (IP). Desta forma, ficaria
estabelecido um limite inferior para o valor do índice de compressão do solo, pois
quanto mais amolgada a amostra se encontra menor é o indice de compressão obtido, e
o máximo amolgamento que a amostra pode sofrer é quando a mesma é remoldada. Um
limite como este apresenta importância prática no sentido de possibilitar, junto a alguns
outros critérios, avaliar o grau de perturbação de uma amostra pela análise de seu índice
de compressão.
3
Existem tentativas de se realizar uma estimativa da compressibilidade de um
solo com base em propriedades mais simples de serem determinadas. Uma destas
propostas é a de relacionar o índice de compressão (Cc) de argilas moles com seu teor
de umidade (w), como as apresentadas por Almeida et al. (2008) e por Martins et al.
(2009). Correlações deste tipo podem ser úteis em estimativas preliminares de recalques
por adensamento ou então para balizar os resultados obtidos em ensaios de compressão
edométrica.
Este trabalho apresenta verificações das propostas apresentadas acima através da
aplicação das mesmas a algumas argilas moles brasileiras e da comparação dos valores
estimados com os valores obtidos de ensaios realizados em amostras de boa qualidade
destes solos.
Os dados experimentais utilizados neste trabalho são relativos a ensaios de
compressão edométrica e de caracterização realizados por Aguiar (2008) e por Andrade
(2009) em argilas moles de Santos/SP, e por Coutinho (1976) na argila mole do
Sarapuí/RJ.
1.2 Objetivos
Tendo como objeto de estudo as argilas moles de Santos/SP e do Sarapuí/RJ,
este trabalho tem os seguintes objetivos:
a) Verificar a aplicabilidade do método de estimativa da curva de compressão
edométrica “indeformada” proposto por Schmertmann (1955) a amostras com algum
grau de amolgamento ou a amostras totalmente remoldadas das argilas estudadas.
b) Verificar a validade da correlação entre o índice de plasticidade (IP) e o índice de
compressão (Cc) encontrada em Atkinson e Bransby (1978) obtida com base nos
resultados de Skempton e Northey (1953).
c) Verificar se existe alguma relação entre a sensibilidade do Cc da amostra ao
amolgamento, quantificada pela razão remoldc
c
CC
,
, e o índice de plasticidade (IP).
d) Verificar as propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de
umidade natural (w) apresentadas por Almeida et al. (2008) e por Martins et al. (2009).
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Compressibilidade dos solos
O solo pode ser visualizado como um esqueleto sólido formado por grãos entre
os quais existem vazios que podem estar ocupados por água ou ar. A deformação
volumétrica sofrida pelo solo quando se altera seu estado de tensões efetivas é devida às
deformações dos grãos individualmente e às variações do volume de vazios. Em
Mecânica dos Solos admite-se que os grãos do solo são incompressíveis e que, portanto,
a deformação volumétrica do solo se deve exclusivamente à variação de seu volume de
vazios. No caso de argilas moles sedimentares em geral, os vazios se encontram
totalmente preenchidos por água (solo saturado). Como a água também é considerada
incompressível, as deformações volumétricas num solo saturado só podem ocorrer pela
saída ou entrada de água em seus vazios.
Ao processo de deformação volumétrica dos solos saturados ao longo do tempo
pela saída de água de seus vazios provocada por um excesso de poropressão dá-se o
nome geral de adensamento.
Quando um solo saturado é submetido a uma variação em seu estado de tensões
totais, a água recebe parte desta variação e a manifesta por meio de um aumento ou
excesso de poropressão. Esse excesso de poropressão faz com que a água flua para fora
dos vazios do solo fazendo também com que o excesso de poropressão se dissipe no
tempo até que seja atingido um estado de tensões efetivas estável (onde o excesso de
poropressão seja nulo).
De uma forma genérica, a compressibilidade de um solo é definida pela relação
existente entre a variação da deformação volumétrica e a correspondente variação do
estado de tensões efetivas.
2.2 Compressão unidimensional
2.2.1 Considerações iniciais
A compressão unidimensional ou edométrica é um caso particular de
deformação dos solos em que as deformações horizontais são nulas, existindo apenas as
deformações verticais. Nestes casos os planos horizontais e verticais são planos
5
principais, e à relação entre as tensões efetivas horizontal e (σ’h) e vertical (σ’v) dá-se o
nome de coeficiente de empuxo no repouso (K0).
v
hK''
0 σσ
= (2.1)
Na compressão edométrica a compressibilidade de um solo pode ser
quantificada pelo coeficiente de compressibilidade volumétrica (mv) definido por
v
vvm
'σε
ΔΔ
= (2.2)
onde:
Δεv é a variação da deformação volumétrica sofrida pelo solo,
Δσ’v é a variação da tensão vertical efetiva do solo.
Outros parâmetros utilizados para quantificar a compressibilidade volumétrica
de um solo em termos de índice de vazios serão vistos mais adiante.
Uma situação prática onde o mecanismo de deformação pode ser aproximado ao
de compressão edométrica é o caso das compressões sofridas pela região central do
terreno de fundação de um extenso aterro de espessura uniforme.
2.2.2 Ensaio de compressão edométrica
O ensaio de compressão edométrica consiste no carregamento e
acompanhamento das deformações verticais sofridas por um cilindro de solo confinado
lateralmente por um anel métalico que impede deformações laterais e drenagem radial.
O corpos de prova apresentam diâmetros variando entre 5cm e 12cm e altura de
cerca de um terço do diâmetro. No topo e na base do corpo de prova são dispostas
pedras porosas para permitir a drenagem. Como o corpo de prova é envolvido
lateralmente pelo anel metálico, a drenagem é exclusivamente vertical.
O corpo de prova de solo é disposto na célula de adensamento e o carregamento
é aplicado através de uma prensa. O carregamento é aplicado em estágios. Para cada
6
incremento de carga são acompanhadas as variações de altura do corpo de prova ao
longo do tempo. Quando as deformações praticamente cessam aplica-se o incremento de
carga seguinte, em geral, o dobro da carga anterior. Ao final do ensaio de compressão o
solo é descarregado, também em estágios, registrando-se as correspondentes
deformações de estabilização.
Os resultados do ensaio de compressão edométrica são representados por:
a) curvas “deformação volumétrica x tempo” correspondentes a cada incremento
de carga.
b) uma curva “deformação volumétrica x tensão vertical efetiva”, relacionando
as deformações finais de cada estágio com a tensão vertical efetiva de cada incremento
de carga. Esta plotagem recebe o nome de curva de compressão edométrica e também é
comum ser expressa pela relação “índice de vazios x tensão vertical efetiva”.
Na figura 2.1 é apresentado o formato típico da curva de compressão de um
ensaio edométrico.
1
Tensão vertical efetiva (kPa)´σv( )
Índi
ce d
e va
zios
(e)
2,70
2,50
2,30
2,10
1,90
1,70
1,50
1,30
10 100 1000
C1r
1
cC
e0
´σvm
Ce1
Trecho de recompressão
Trecho de compressão virgem
Trecho de expansão
Figura 2.1 Típica curva de compressão edométrica ou unidimensional de um solo com a representação gráfica de seus parâmetros de compressibilidade.
7
Quando as tensões verticais efetivas são plotadas em escala logarítimica,
distinguem-se três trechos de comportamento distintos do solo: o trecho de
recompressão, o trecho de compressão virgem e o trecho de expansão.
O trecho de recompressão é caracterizado pelo comportamento menos
compressível do solo, indicado pela pequena inclinação da curva de compressão.
Quando a tensão vertical efetiva atinge o valor da tensão de pré-adensamento (σ’vm), há
um aumento abrupto da compressibilidade do solo, dando-se início ao trecho de
compressão virgem. O trecho de expansão é aquele correspondente à fase de
descarregamento do ensaio edométrico.
O comportamento do solo sob condição edométrica é representado por estes
trechos da curva de compressão unidimensional que, por sua vez, são definidos pelos
seus parâmetros de compressibilidade, a saber: tensão de pré-adensamento (σ’vm), índice
de recompressão (Cr), índice de compressão (Cc) e índice de expansão (Ce).
A tensão de pré-adensamento (σ’vm) é o máximo valor de tensão vertical efetiva
a que o solo esteve submetido durante a sua história. Dentre os diferentes métodos
existentes para sua determinação, os mais utlizados no Brasil são o método de
Casagrande (1936) e o método de Pacheco Silva (1970). Na figura 2.1 é representado
graficamente o método de Pacheco Silva para determinação de σ’vm.
Os índices de recompressão (Cr), compressão (Cc) e expansão (Ce) são as
inclinações da curva de compressão nos trechos correspondentes, dados pela razão
v
e'logσΔ
Δ− . Na figura 2.1 os parâmetros Cr, Cc e Ce estão representados graficamente.
2.3 Amolgamento
2.3.1 Considerações iniciais
O amolgamento de um solo é a destruição parcial ou total de sua estrutura
original, ou seja, é a alteração da disposição e da interação que os grãos do solo
mantinham entre si em seu estado natural.
8
2.3.2 Causas do amolgamento
Os procedimentos de amostragem, transporte, armazenamento e moldagem de
corpos de prova inevitavelmente alteram o estado de tensões a que o solo estava
submetido em campo. Muitas vezes estes procedimentos, quando realizados de forma
inadequada, sujeitam a amostra a deformações de tal ordem que alteram a estrutura do
solo, alterando as suas propriedades, notadamente a sua compressibilidade e a sua
resistência não-drenada.
As operações mais críticas quanto ao amolgamento das amostras são as de
extração no campo e de transporte, em geral pelo desconhecimento dos efeitos
prejudiciais que o amolgamento traz à amostra e pelo não cumprimento da norma
brasileira que regulamenta estes procedimentos (NBR-9820/97 – Coleta de amostras
indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem).
No caso de argilas moles saturadas o amolgamento se dá de forma não-drenada,
ou seja, sem variação de volume, significando que a destruição da estrutura do solo
ocorre devido apenas às deformações cisalhantes. O solo amostrado sofre distorções nas
seguintes ocasiões:
a) Distorção por extensão devida ao alívio de tensão vertical total pela abertura
do furo para amostragem (figura 2.2).
Figura 2.2 Distorção da amostra por alívio da tensão vertical total (Martins (2011) a partir de Ladd e DeGroot (2003)).
9
Uma forma de minimizar este efeito é realizar todo o procedimento de execução
do furo e amostragem com o mesmo cheio de lama bentonítica, mantendo o tubo de
revestimento acima do nível do terreno e com o nível de lama o mais alto possível
(figura 2.3).
Figura 2.3 Procedimento para minimizar a distorção da amostra por alívio da tensão vertical total (Martins (2011) a partir de Ladd e DeGroot (2003)).
b) Distorção dos elementos do solo amostrado junto à parede interna do
amostrador durante sua cravação (figura 2.4).
Figura 2.4 Distorção da amostra junto às paredes do amostrador durante a cravação (Martins (2011) baseado em Ladd e DeGroot (2003)).
10
Este efeito é minimizado utilizando um amostrador com diâmetro do bico
ligeiramente inferior ao do corpo. Quanto maior o diâmetro do amostrador e mais fina a
sua parede menor é a perturbação da amostra, devendo-se lembrar que a região central
da amostra é a menos afetada pelo amolgamento.
c) Distorção dos elementos do solo junto à parede interna do amostrador durante
a extração da amostra (figura 2.5).
Figura 2.5 Distorção da amostra junto à parede do amostrador durante a extração Martins (2011).
Para evitar mais esta perturbação, Ladd e DeGroot (2003) recomendam cortar o
tubo amostrador em segmentos e com um fio de aço, introduzido com o auxílio de uma
agulha, destacar a amostra do segmento de tubo já cortado.
Aguiar (2008) apresenta detalhadamente as especificações técnicas para coleta
de amostras indeformadas e o procedimento de moldagem dos corpos de prova seguidos
para realização dos ensaios de adensamento de seu trabalho, cujos resultados indicaram
tratar-se de corpos de prova de boa qualidade.
11
2.3.3 Efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica
O amolgamento da amostra afeta os resultados do ensaio de compressão
edométrica. A figura 2.6 apresenta as curvas de compressão edométrica obtidas de
ensaios realizados por Coutinho (1976) com amostras de argila do Sarapuí com
diferentes graus de perturbação.
Figura 2.6 Efeitos do amolgamento da amostra nas curvas de compressão edométrica (Coutinho, 1976).
Comparando-se as curvas da figura anterior pode-se observar os seguintes
efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica listados por Martins e
Lacerda (1994):
a) Para a mesma tensão vertical efetiva (σ’v) o índice de vazios (e) é tão menor
quanto pior for a qualidade da amostra.
b) A transição entre os trechos de recompressão e de compressão virgem na
curva “e x σ’v(log)” se torna menos acentuada dificultando a determinação da tensão de
pré-adensamento (σ’vm).
12
c) Redução do valor estimado da tensão de pré-adensamento.
d) Aumento da compressibilidade na região de recompressão.
e) Diminuição da compressibilidade no trecho de compressão virgem.
f) Eliminação da concavidade da curva “e x σ’v(log)” no trecho virgem
resultando em uma linha aproximadamente reta.
2.4 O método de Schmertmann (1955) para estimativa da curva de compressão
edométrica “indeformada” a partir de ensaios realizados em amostras amolgadas
2.4.1 Considerações iniciais
Schmertmann (1955) propõe um procedimento para estimativa da curva de
compressibilidade “indeformada” de um solo a partir de ensaios de compressão
edométrica em laboratório realizados em amostras com algum grau de perturbação
(amolgamento).
O desenvolvimento deste procedimento seguiu o seguinte roteiro:
1. Exame do comportamento básico de uma argila sob compressão.
2. Observação da maneira como este comportamento é alterado pela perturbação
da amostra.
3. Investigação do padrão destas alterações.
4. O uso destes padrões como base para estimativa, por extrapolação, da
condição completamente não-perturbada (indeformada).
Vale ressaltar de início que os diagramas “e x σ’v(log)” apresentados no trabalho
de Schmertmann foram calculados ajustando todas as compressões por incremento de
carga para um único intervalo de tempo padrão de laboratório, sendo este tempo aquele
em que todos os incrementos estivessem em compressão secundária.
13
2.4.2 Desenvolvimento do método
2.4.2.1 Comportamento básico de uma argila sob compressão
Inicialmente são apresentados resultados típicos de ensaios de compressão
edométrica em amostras indeformadas cujas curvas de compressibilidade são mostradas
nas figuras 2.7a e 2.7b a seguir.
(a)
14
(b)
Figura 2.7 Resultados típicos de ensaios de compressão edométrica em laboratório (Schmertmann, 1955).
Nas figura 2.7a e 2.7b observa-se que as curvas de compressibilidade podem ser
representadas por três trechos característicos, que são representados de forma
esquemática na figura 2.8:
a) Por uma linha de índice de vazios aproximadamente constante durante o
intervalo de carregamento no qual a expansão do corpo de prova foi impedida, ou seja,
até o ponto correspondente à tensão geostática (σ’v0) e ao índice de vazios de campo
(e0), que aqui convencionou-se chamar de ponto E.
b) Depois por uma curva de recompressão nítida, começando no ponto E e indo
até o ponto P de pré-adensamento (σ’vm, evm).
c) Finalmente, começando no ponto P, tem-se a curva de compressão virgem,
que distingue-se por sua inclinação bem superior à dos demais trechos.
15
índi
ce d
e va
zios
, e
tensão vertical efetiva, σ'v (log)
EP
σ'vm
, evm
σ'v0
, e0
Cr1
1Ce
Cc
1
Figura 2.8 Representação esquemática dos trechos característicos da curva de compressão edométrica com a nomenclatura utilizada por Schmertmann (1955).
Ainda nas figuras 2.7a e 2.7b, observa-se que as curvas de recompressão são
aproximadamente paralelas às curvas de descompressão.
Assumindo esta hipótese, conhecendo-se apenas o trecho de descompressão da
curva de compressibilidade de uma amostra indeformada, poderia-se estimar a
inclinação de seu trecho de recompressão (Cr) considerando-o igual ao índice de
descompressão (Ce).
Como será exposto no item seguinte, as curvas de descompressão não parecem
ser alteradas significativamente pela perturbação da amostra, ou seja, o Ce da amostra
indeformada é aproximadamente igual ao Ce da amostra amolgada. Desta forma, seria
possível estimar o Cr da amostra indeformada a partir Ce da amostra amolgada.
2.4.2.2 Efeitos da perturbação da amostra em suas caracteríticas de
compressibilidade e padrões observados
Para o desenvolvimento deste assunto são apresentadas as curvas de compressão
edométrica de ensaios realizados em amostras com diferentes graus de perturbação.
Estes resultados são mostrados na figura 2.9.
16
Figura 2.9 Comparação entre curvas de compressibilidade obtidas de ensaios realizados com amostras “indeformadas” e com diferentes graus de amolgamento (Schmertmann, 1955).
17
Além dos efeitos do amolgamento na curva de compressão edométrica citados
no item 2.3.3, os padrões dos resultados apresentados na figura 2.9 permitiram a
Schmertmann realizar algumas observações adicionais. Nos itens a, b e c a seguir, são
apresentadas estas observações e a maneira como estes padrões podem ajudar na
estimativa da curva de compressibilidade “indeformada”.
a) Curva de descompressão
Pode-se observar nos ensaios da figura 2.9 que a inclinação da curva de
descompressão não é alterada significativamente pela perturbação da amostra.
Esta observação em conjunto do padrão exposto no item anterior (paralelismo
entre os trechos de recompressão e de descompressão ao final do ensaio edométrico de
uma amostra indeformada), possibilita estimar o Cr da amostra indeformada assumindo
que o mesmo é igual ao Ce da amostra amolgada.
Desta forma, estimando-se também o índice de vazios e a tensão vertical efetiva
de campo (ponto E), pode-se estimar a posição do trecho de recompressão
“indeformado”, conforme apresentado na figura 2.10.
Ce,amolg1
1Cr
σ'v0
, e0
E
tensão vertical efetiva, σ'v (log)
índi
ce d
e va
zios
, e
trecho dedescompressão"amolgado"
trecho de recompressão"indeformado" estimado
Figura 2.10 Estimativa do trecho de recompressão “indeformado”.
18
b) Ponto de interseção das retas iniciais de compressão virgem
O termo “reta inicial de compressão virgem” é definido no artigo como a linha
reta desenhada passando pelos dois pontos de ensaio que se situam no princípio do
trecho de compressão virgem do diagrama “e x σ’v(log)”. Observou-se que a extensão
das retas iniciais de compressão virgem de ensaios de compressão edométrica em
amostras com variados graus de perturbação interceptam-se em uma estreita faixa de
valores de índice de vazios.
Com base nos dados de ensaio apresentados na figura 2.9 e em outros similares,
Schmertmann propõe que, para a maioria das argilas, uma boa estimativa do ponto de
interseção das retas iniciais de compressão virgem seria no valor de índice de vazios de
42% de e0. Convencionou-se chamar este ponto de i.
Desta maneira ficaria estabelecido um ponto característico comum às curvas de
compressão edométrica “amolgada” e “indeformada”. Ou seja, com o resultado de um
ensaio edométrico de uma amostra amolgada e seu índice de vazios inicial (que não
deve diferir significativamente do da amostra indeformada), é possível determinar o
ponto i pelo qual a reta inicial de compressão virgem “indeformada” deve passar,
conforme esquematizado na figura 2.11.
índi
ce d
e va
zios
, e
tensão vertical efetiva, σ'v (log)
E
σ'v0
, e0
e0
0,42e0
trecho de recompressão"indeformado" estimado
i
possíveis retas iniciaisde compressão virgem"indeformadas"
reta inicial decompressão virgem"amolgada"
possíveis pontos depré-adensamento, P
Figura 2.11 Ponto de interseção das retas iniciais de compressão virgem.
19
Na figura 2.11 observa-se que, caso fosse possível conhecer a tensão de pré-
adensamento da amostra ideformada, assumindo as outras duas hipóteses apresentadas
até agora (Ce,amolg = Cr e existência do ponto i), seria possível estimar a parte superior do
trecho de compressão virgem “indeformado”.
A determinação da tensão de pré-adensamento é um dos pontos críticos para
utilização do método proposto por Schmertmann. Infelizmente, como já foi comentado
no item relativo aos efeitos do amolgamento na curva edométrica, a determinação da
tensão de pré-adensamento fica bastante prejudicada pela perturbação da amostra. A
aplicação do método gráfico de Casagrande torna-se difícil e, geralmente, leva à
determinação de tensões de pré-adensamento inferiores à real.
Diante disso Schmertmann propõe um método de estimativa da tensão de pré-
adensamento a partir de um ensaio edométrico em amostra amolgada utilizando o
chamado “padrão de redução do índice de vazios” por ele observado, que é apresentado
a seguir.
c) Padrão de redução do índice de vazios
Para cada conjunto de ensaios de compressão edométrica comparativos de um
mesmo solo apresentados na figura 2.9 foi plotado um “padrão de redução do índice de
vazios”. Este termo é utilizado para descrever a curva que exibe a diferença entre o
índice vazios da amostra indeformada em relação ao índice de vazios da amostra
amolgada para os diferentes valores de tensão vertical efetiva. Os padrões de redução do
índice de vazios começam com um pequeno valor a baixas tensões até atingir um valor
máximo na tensão de pré-adensameto ou próximo à ela, e depois decrescem ao longo do
trecho de compressão virgem, apresentando um formato simétrico em relação à tensão
de pré-adensamento.
Schmertmann sugere que os padrões de redução do índice de vazios podem ser
utilizados na determinação de σ’vm através da escolha de vários valores de tensão de
pré-adensamento possíveis, construindo o diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”
estimado para cada valor arbitrado. A tensão de pré-adensamento seria o maior valor
arbitrado que fornecesse um padrão de redução do índice de vazios simétrico em relação
ao mesmo.
20
Estas foram as evidências utilizadas por Schmertman para justificar o método
por ele proposto para estimar a curva edométrica “indeformada” a partir da curva
“amolgada”.
No item a seguir todo esse desenvolvimento é resumido num procedimento para
aplicação do método.
2.4.3 Procedimento para estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado”
O procedimento para a estimativa da curva de compressão edométrica
“indeformada” deve ser acompanhado pela figura 2.12.
Figura 2.12 Estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” (Schmertmann, 1955).
21
1. Plota-se o ponto E, que representa a tensão vertical efetiva e o índice de
vazios existentes no campo na posição de amostragem. A tensão vertical efetiva é
geralmente a tensão geostática calculada. Se a expansão da amostra for impedida
durante o armazenamento, o índice de vazios de campo é igual ao índice de vazios
saturado inicial (e0) do corpo de prova do ensaio de compressão edométrica.
2. Como o ponto E representa as condições iniciais de compressão em campo,
uma perfeita transferência de tensões do campo para o amostrador, e do amostrador para
o equipamento de compressão edométrica deve resultar em um início de ensaio com
uma linha de e0 constante até o ponto E.
3. Depois se arbitra um valor para σ’vm. No valor de tensão de pré-adensamento
escolhido traça-se uma linha de tensão constante, x–x.
4. A reta que liga os pontos incial e final da curva de recompressão é desenhada
paralelamente à curva de descompressão “amolgada”, começando no ponto E e
prosseguindo até interceptar a linha x–x no ponto de pré-adensamento P.
5. A reta inicial de compressão virgem “amolgada” é prolongada até atingir o
valor de índice de vazios igual a 42% de e0, no ponto i. Em seguida traça-se a linha i–P;
esta linha representa a posição e a inclinação do trecho superior da curva de compressão
virgem “indeformada” estimada.
6. Estima-se uma curva de recompressão correspondente à linha de
recompressão E–P. Esta curva provavelmente se une à reta de compressão virgem
inicial “indeformada” estimada de tal forma que a construção gráfica no ponto de menor
raio de curvatura irá recair no ponto de pré-adensamento P.
Observação: Neste trabalho a etapa 6 não foi seguida pois, frente às incertezas
do método, julgou-se não haver acurácia o suficente que exigisse a precisão de suavizar
a curva no ponto de pré-adensamento. Os três trechos foram aproximados por
segmentos de reta.
22
A linha tracejada grossa na figura 2.12 representa a construção do diagrama
“e x σ’v(log)” “indeformado” para determinada tensão de pré-adensamento arbitrada.
7. Constrói-se o “padrão de redução do índice de vazios” correspondente à
tensão de pré-adensamento arbitrada.
O procedimento é repetido da etapa 3 à 7 para diferentes valores de σ’vm. O
diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” estimado é o correspondente ao maior valor de
σ’vm arbitrado que conduz na etapa 7 a um padrão de redução de índice de vazios
simétrico em relação à tensão de pré-adensamento.
Na figura 2.13 é apresentado um exemplo da aplicação deste procedimento.
Figura 2.13 Exemplo de aplicação do procedimento de estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” (Schmertmann, 1955).
23
2.4.4 Observações sobre o método
O método de estimativa do diagrama “e x σ’v(log)” “indeformado” proposto por
Schmertmann está baseado em uma série de hipóteses que foram formuladas a partir da
experiência de trabalho do autor. Estas hipóteses são listadas abaixo:
1. O índice de descompressão não é afetado pela perturbação da amostra
(Ce = Ce,amolg),
2. O índice de recompressão é igual ao índice de descompressão obtido do
descarregamento ao final do ensaio de compressão edométrica (Cr = Ce),
3. As retas que ligam os dois primeiros pontos de ensaio do trecho de
compressão virgem (reta inicial de compressão virgem) de amostras de uma mesma
argila com qualquer grau de perturbação se interceptam num índice de vazios igual 42%
de e0.
4. Curvas de compressibilidade de amostras com variados graus de perturbação
apresentam um “padrão de redução do índice de vazios” aproximadamente simétrico em
relação à tensão de pré-adensamento da amostra indeformada.
Após a discussão do artigo realizada por Crisp (1955), Schmertmann propõe
mudanças que substituem o item 2 anterior, pelos seguintes:
2a. Para um ciclo de descarregamento e recarregamento er CC ×= 15,1 ,
2b. Para determinado solo o índice de descompressão a diferentes índices de
vazios no início da descompressão obedece à relação 1
1log5,2log
1,
2,
2,
1,
++
×=e
e
e
e
ee
CC
Caso todas as hipóteses listadas acima sejam válidas para determinado solo ao
qual se deseja aplicar o método, o mesmo levará a resultados corretos. Caso haja
discordância entre os resultados estimados e os verdadeiros, esta diferença se deve ao
não atendimento a uma ou mais, em maior ou menor grau, das hipóteses expostas acima
assumidas por Schmertmann.
24
2.5 Estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada (Ccremold) a partir
de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G)
Atkinson e Bransby (1978) propõem uma forma de estimar o índice de
compressão de uma argila remoldada (Cc,remold) a partir de seus valores de índice de
plasticidade (IP) e densidade dos grãos (G). Esta proposta é baseada em dados
experimentais apresentados por Skempton e Northey (1953).
Na intepretação de Atkinson e Bransby (1978), os ensaios para determinação dos
limites de Atterberg consistem basicamente em se ajustar o teor de umidade, e
consequentemente o índice de vazios, a um valor no qual o solo remoldado apresente
uma resistência ao cisalhamento não-drenada (su) fixa, definda pelas condições
específicas de cada ensaio.
No caso do ensaio de determinação do limite de liquidez (LL), o valor fixo de
resistência não drenada (su,LL) seria aquele correspondente à ruptura de um pequeno
talude de solo remoldado por uma superfície como a AB (figura 2.14) quando a concha
é deixada cair 25 vezes de 1cm de altura sobre uma base de borracha.
Figura 2.14 Interpretação do ensaio determinação do limite de liquidez (LL) por Atkinson e Bransby (1978).
No ensaio de determinação do limite de plasticidade (LP), o valor fixo de
resistência não-drenada (su,LP) seria aquele correpondente à ruptura do solo por tração,
devido às poropressões negativas desenvolvidas pela água em seus vazios, resultando na
formação de fissuras na superfície do cilindro de solo ensaiado.
De acordo com esta interpretação, qualquer solo remoldado com um teor de
umidade igual ao seu limite de liquidez (LL) deveria apresentar a mesma resistência
25
não-drenada su,LL. Analogamente, qualquer solo remoldado com teor de umidade igual
ao LP deveria apresentar a mesma resistência não-drenada su,LP.
Skempton e Northey (1953) apresentam os resultados de um estudo no qual
algumas argilas remoldadas com diferentes teores de umidade foram ensaiadas para
determinação de sua resistência ao cisalhamento não-drenada. Na figura 2.15 é
reproduzido o resultado destes experimentos, onde é plotada a resistência não drenada
(su) da argila remoldada contra o índice de liquidez (IL) correspondente. O índice de
liquidez é definido pela expressão
IPLPw
LPLLLPwIL −
=−−
= (2.3)
onde:
w = teor de umidade,
LP = limite de plasticidade,
LL = limite de liquidez,
IP = índice de plasticidade.
Desta forma, uma argila com teor de umidade igual ao seu limite de liquidez
(LL) tem valor de IL igual a 1, enquanto se a mesma estiver em uma umidade igual ao
seu índice de plasticidade (IP), possuirá IL igual a 0.
26
Figura 2.15 Relação entre índice de liquidez (IL) e resistência ao cisalhamento não-drenada (su) de argilas remoldadas (Skempton e Northey, 1953).
Na figura 2.15 observa-se que, tanto no limite de liquidez quanto no limite de
plasticidade, as argilas apresentam valores de resistência não-drenada semelhantes.
Além disso, a argila remoldada com teor de umidade igual ao seu limite de liquidez tem
uma resistência não drenada (su,LL) cerca de cem vezes inferior à que a mesma apresenta
quando encontra-se com a umidade igual ao seu limite de plasticidade (su,LP). Esta
observação leva à expressão aproximada
LLuLPu ss ,, 100 ⋅= (2.4)
27
Assumindo que a argila encontra-se saturada, o teor de umidade (w) que a
amostra apresenta está relacionado diretamente ao seu índice de vazios (e) pela
expressão
wGe ⋅= (2.5)
onde G é a densidade dos grãos do solo.
Com isso, no gráfico apresentado na figura 2.15, ao invés de se ter o índice de
liquidez (IL) no eixo das ordenadas, poderia se utilizar o índice de vazios
correspondente, que é dado pela expressão abaixo, obtida substituindo o w da equação
2.3 pela razão Ge dada pela equação 2.5
ILIPGLPGe ⋅⋅+⋅= (2.6)
Como para uma mesma argila os termos (G . LP) e (G . IP) são constantes,
reescreve-se
ILctectee ⋅+= 21 (2.7)
Portanto, como o índice de vazios (e) e o índice de liquidez (IL) guardam entre si
uma relação linear (equação 2.7), cada curva “su (log) x IL” referente a uma argila,
como apresentado na figura 2.15, mantém o mesmo formato que a respectiva curva
“su (log) x e”, desde que se utilize a escala adequada. Na figura 2.16, são apresentadas
as curvas “su (log) x e” referentes às curvas “su (log) x IL” apresentadas por Skempton e
Northey (1953) na figura 2.15, assumindo-se uma densidade dos grãos (G) igual a 2,60
para as 4 amostras.
28
resistência ao cisalhamento não-drenada, su (lb/pol²)
índi
ce d
e va
zios
(e)
,01 ,02 ,05 ,1 ,2 ,5 1 2 5 10 20 50 1000,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Horten
London
Shellhaven
eLL=2,08
eLL=1,89
eLL=0,78
su,L
L=0,
2
su,L
P=1
8,6
su,L
L=0,
2
su,L
P=1
7,4
su,L
L=0,
1su
,LL=
0,1
su,L
P=1
2,5
eLP=0,84
eLP=0,65
eLP=0,42
eLL=2,52
Gosport
Figura 2.16 Representação dos resultados da figura 2.15 em termos de “su (log) x e” admitindo G = 2,60.
Sabe-se também que, para uma mesma argila, a razão v
us'σ é aproximadamente
constante, podendo-se realizar o seguinte desenvolvimento
uv
uv
uvv
u
scte
scte
sctectes
log'log
loglog'log
''
+=
∴+=
∴×=∴=
σ
σ
σσ
Desta maneira, se no gráfico da figura 2.16 forem plotados os valores de tensão
vertical efetiva (σ’v) correspondentes aos valores da resistência não-drenada (su) obtidos
para os diferentes valores de índice de vazios (e=G.w), serão obtidas curvas paralelas às
29
apresentadas, conforme o esquema da figura 2.17, onde uma curva “su (log) x e”
hipotética foi aproximada por uma reta (linha tracejada) e a curva “σ’v (log) x e”
correspondente é representada por uma reta paralela (linha contínua).
v u
su,LP
eLL=G.wLL Limite de Liquidez
eLP=G.wLP Limite de Plasticidade
G.(wLL-wLP)=
G.IP
índi
ce d
e va
zios
(e)
log su,LP -log su,LL= 2
Cc,remold = G.IP2
1
Curva de compressibilidade"remoldada" estimada
Aproximação dacurva "su x e"
su,LL
Figura 2.17 Estimativa da curva de compressibilidade “remoldada” e do respectivo índice de compressão (Cc,remold).
A curva “σ’v (log) x e” obtida pode ser encarada como uma estimativa da curva
de compressibilidade oriunda de um ensaio de compressão edométrica realizado com
um corpo de prova de argila remoldada. Desta forma, pode-se estimar o índice de
compressão da argila remoldada (Cc,remold) pela inclinação da curva obtida, que é dada
pela expressão
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛×
=−×
=Δ
Δ=
LLu
LPuLLuLPuvremoldc
ss
IPGss
IPGeC
,
,,,,
logloglog'logσ
(2.8)
30
Lançando-se mão da razão aproximada entre os valores de resistência não
drenada da argila no limite de plasticidade (su,LP) e no limite de liquidez (su,LL) igual a
100 (equação 2.4) e substituindo na equação 2.8, obtém-se
2,IPGC remoldc
×= (2.9)
Com a equação 2.9 é possível estimar o Cc,remold de uma argila a partir de seus
valores de densidade dos grãos (G) e índice de plasticidade (IP), que são dois
parâmetros obtidos de ensaios de caracterização largamente efetuados.
Como foi visto no item 2.3.3 deste trabalho, quanto maior o grau de
amolgamento da amostra, menor o índice de compressão (Cc) obtido. Uma amostra de
argila remoldada encontra-se no estado mais amolgado que a mesma pode atingir. Desta
forma, o Cc,remold é um limite inferior para o índice de compressão da argila, possuindo
importância prática no sentido de auxiliar na avaliação da qualidade da amostra e no
balizamento dos resultados obtidos.
2.6 Propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade
natural (w) de argilas moles indeformadas
A seguir são apresentadas duas propostas de correlação entre o índice de
compressão (Cc) de uma argila mole e o seu teor de umidade natural (w).
Na figura 2.18 é reproduzida a plotagem “Cc x w” apresentada por
Almeida et al. (2008) correspondente a sete argilas da cidade do Rio de Janeiro e
adjacências.
31
Figura 2.18 Correlação entre o índice de compressão (Cc) e o teor de umidade (w) de argilas moles da cidade do Rio Janeiro e adjacências (Almeida et al., 2008).
A correlação linear encontrada por Almeida et al. (2008) a partir dos dados
apresentados na figura 2.18 foi
wCc ⋅= 3,1 (2.10)
Martins et al. (2009) na discussão do artigo de Almeida et al. (2008) deduzem a
equação 2.11 reproduzida abaixo, na qual Cc e w podem ser relacionados.
( )OCRCwGC rc
c log1434,0
⋅−⋅+⊄
≅ (2.11)
onde:
c⊄ = inclinação do trecho virgem da curva de compressibilidade plotada em temos de
“(1+e) (log) x σ’v (log)” e
OCR = razão de pré-adensamento = v
vm
''
σσ .
32
Das sete argilas apresentadas por Almeida et al. (2008), as de Juturnaíba,
Sarapuí e Uruguaiana tiveram o valor de c⊄ determinado pelos autores da discussão.
Para estas argilas foram encontrados os seguintes valores médios: c⊄ =0,21, ≅G 2,57,
8c
rCC ≅ e 7,1≅OCR .
A substituição destes valores médios na equação 2.11 leva a
wCc ⋅+= 23,148,0 (2.12)
que é similar à equação 2.10 apresentada por Almeida et al. (2008).
Na figura 2.19 as duas propostas de correlação são apresentadas no gráfico “Cc x w”.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 100 200 300 400 500
índi
ce d
e co
npre
ssão
,Cc
teor de umidade natural da amostra, w (%)
Almeida et al. (2008)
Martins et al. (2008)
Cc = 1,3.wCc = 0,48 + 1,23.w
Figura 2.19 Comparação entre as propostas de correlação entre Cc e w apresentadas por Almeida et al.(2008) e Martins et al.(2009).
Pelas próprias equações das duas propostas, observa-se que a diferença relativa
entre as elas é mais acentuada para teores de umidade baixos, diminuindo com o
aumento da umidade.
33
3 ENSAIOS ESTUDADOS
3.1 Considerações iniciais
Neste trabalho foram estudados os ensaios de compressão edométrica realizados
com amostras das argilas de Santos/SP e do Sarapuí/RJ. Estes ensaios foram escolhidos
porque os mesmos apresentaram boa qualidade (os corpos de prova sofreram pouco
amolgamento) além de terem sido realizados ensaios de compressão edométrica com
corpos de prova remoldados (completamente amolgado) destas mesmas amostras.
Estas duas características destes conjuntos de ensaios permitiram a avaliação das
três propostas apresentadas no item 1.2 deste trabalho.
Os ensaios de compressão edométrica e os ensaios de caracterização realizados
com a argila de Santos/SP e estudados neste trabalho foram executados por Aguiar
(2008) e por Andrade (2009), enquanto os ensaios realizados com a argila do
Sarapuí/RJ foram executados por Coutinho (1976).
34
3.2 Ensaios realizados com a argila de Santos/SP
3.2.1 Extração das amostras
As amostras indeformadas utilizadas nos trabalhos de Aguiar (2008) e de
Andrade (2009) foram extraídas do mesmo furo de amostragem na área do aterro piloto
do Novo Terminal Portuário da Embraport. Este terminal localiza-se nas proximidades
da Ilha Barnabé, no canal do Porto de Santos, no litoral do estado de São Paulo.
Na figura 3.1 é apresentada a localização do aterro piloto no canal do Porto de
Santos.
Figura 3.1 Vista aérea da região de onde foram retiradas as amostras indeformadas (Aguiar, 2008).
35
Na figura 3.2 é apresentada a localização das amostras indeformadas no furo de
amostragem projetadas sobre o perfil do subsolo obtido de uma sondagem a percussão
executada junto ao furo de amostragem.
N
SPM203
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
0/153
6
5
3
3
0/49
1/17
1/20
2
2
2
2/31
2
3
4
2/28
2/25
2/29
2/31
0.87
VÃO DA BALSA 0.45
LÂMINA D'ÁGUA1.92
ARGILA MUITO SILTOSA, COM AREIA FINA, CINZA ESCURO, MUITO MOLE
3.50
AREIA FINA, MUITO SILTOSA, CINZA, POUCO COMPACTA
6.83
ARGILA SILTOSA, COM AREIA FINA, CINZA, MUITO MOLE
12.00
ARGILA POUCO SILTOSA, CINZA ESCURO, MUITO MOLE
21.60
FOFA
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
2/32
2/35
2
2/35
2
2/27
2/28
2/31
3/28
2
2
4
3/32
3/27
3/32
4
4
6
18
17
20/2
21.60
ARGILA ARENOSA (AREIA FINA), CINZA, MUITO MOLE
24.00
AREIA FINA, MUITO ARGILOSA, CINZA ESCURO, FOFA
26.00
ARGILA SILTOSA, COM AREIA FINA, CINZA ESCURO, MUITO MOLE 27.00
ARGILA MUITO ARENOSA (AREIA FINA), CINZA ESCURO, MUITO MOLE
33.65
ARGILA POUCO SILTOSA, CINZA ESCURO, MOLE
40.55
AREIA MÉDIA, POUCO ARGILOSA, CINZA, MEDIANAMENTE COMPACTA
43.22
MOLE
MOLE
MÉDIA
RIJA
MUITO COMPACTA
Impenetrável à lavagem
12
MO
LE
SRA203(2) 6,00 a 6,60m
SRA203(3) 7,00 a 7,60m
SRA203(4) 8,00 a 8,60m
SRA203(5) 9,00 a 9,60m
SRA203(6) 10,00 a 10,60m
SRA203(7) 11,00 a 11,60m
SRA203(8) 12,00 a 12,60m
SRA203(9) 14,00 a 14,60m
SRA203(10) 16,00 a 16,60m
SRA203(11) 18,00 a 18,60m
SRA204(12) 23,45 a 24,05m
SRA203(1) 5,10 a 5,70m
MO
LE
Figura 3.2 Localização das amostras indeformadas extraídas no boletim de sondagem a percussão executada junto ao furo de amostragem (Aguiar, 2008).
As amostras foram extraídas seguindo as recomendações da norma
ABNT NBR-9820/1997 - “Coleta de amostras indeformadas de solos de baixa
consistência em furos de sondagens”, além de exigências complementares descritas no
trabalho de Aguiar (2008).
Nas figuras 3.3a e 3.3b são apresentadas as localizações de cada corpo de prova
de ensaio edométrico no respectivo tubo amostrador.
36
Prof. = 5,100m
CP1A, CP1BCP1C e CP1D
Material descartado e = 5cm
CP2A e CP2B
CP3B e CP3D
CP2C e CP2D
CP3A e CP3C
SRA 203(1) SRA 203(2)
SRA 203(3)
Material descartado e = 5cm
Material descartado e = 20,5cm
CP4B e CP4D
CP4A e CP4C
SRA 203(4)
Material descartado e = 7cm
CP5D
CP5B e CP5C
SRA 203(5)
Material descartado e = 7,5cm
CP6A
CP6B,CP6C e CP6D
SRA 203(6)
Material descartado e = 5cm
CP5ACPH
CP6F
CP6E
CP6G
Material descartado e = 5cm
CP3FCP3ECP3G
CP3H
CP4FCP4ECP4G
CP4H
CP5FCP5ECP5G
CP5H
Prof. = 5,550m
Prof. = 5,650mProf. = 5,700m
Prof. = 6,000m
Prof. = 6,400m
Prof. = 6,475m
Prof. = 6,550mProf. = 6,600m
Prof. = 7,000m
Prof. = 7,600m
Prof. = 7,100mProf. = 7,130mProf. = 7,160mProf. = 7,190m
Prof. = 7,245m
Prof. = 7,320m
Prof. = 7,395m
Prof. = 8,000m
Prof. = 8,600m
Prof. = 8,200mProf. = 8,240mProf. = 8,280mProf. = 8,320m
Prof. = 8,380m
Prof. = 8,455m
Prof. = 8,530m
Prof. = 9,000m
Prof. = 9,600m
Prof. = 9,170mProf. = 9,200mProf. = 9,240mProf. = 9,280m
Prof. = 9,335mProf. = 9,385m
Prof. = 9,450m
Prof. = 9,525m
Prof. = 10,000m
Prof. = 10,600m
Prof. = 10,220mProf. = 10,250mProf. = 10,280mProf. = 10,310mProf. = 10,360m
Prof. = 10,425m
Prof. = 10,500mProf. = 10,550m
Figura 3.3a Posição dos corpos de prova nos tubos amostradores – amostras SRA-203(1) a SRA-203(6) (Andrade, 2009).
37
CP7B
Material descartado e = 11cm
CP8A
CP8B
SRA 203(7) SRA 203(8)
SRA 203(9)
Material descartado e = 10cm
Material descartado e = 10cm
SRA 203(10)
Material descartado e = 5cm
SRA 203(11)
Material descartado e = 5cm
SRA 203(12)
Material descartado e = 10cm
CP7A
CP7C e CP7D
CP9B
CP9A
CP10A
CP10B
CP11B
CP11A CP12B
CP12A
Prof. = 11,000m
Prof. = 11,600m
Prof. = 11,140mProf. = 11,180mProf. = 11,220mProf. = 11,260mProf. = 11,300m
Prof. = 11,360mProf. = 11,390mProf. = 11,420m
Prof. = 11,490m
CP7HCP7FCP7E
CP7GMaterial descartado e = 4cm
Prof. = 12,000m
Prof. = 12,600m
Prof. = 12,400mProf. = 12,450mProf. = 12,500m
Prof. = 12,240mProf. = 12,270mProf. = 12,300mProf. = 12,330mProf. = 12,360m
CP8DCP8CCP8E
CP8FMaterial descartado e = 4cm
Prof. = 14,000m
Prof. = 14,600m
Prof. = 14,400mProf. = 14,450mProf. = 14,500m
Prof. = 14,290mProf. = 14,320mProf. = 14,350mProf. = 14,380m
CP9FCP9DCP9CCP9E
Prof. = 16,000m
Prof. = 16,600m
Prof. = 16,450mProf. = 16,500mProf. = 16,550m
Prof. = 16,290mProf. = 16,325mProf. = 16,360mProf. = 16,390mProf. = 16,420m
CP10FCP10D
Material descartado e = 3cm
CP10CCP10E
Prof. = 18,000m
Prof. = 18,600m
Prof. = 18,450mProf. = 18,500mProf. = 18,550m
Prof. = 23,450m
Prof. = 24,050m
Prof. = 23,850mProf. = 23,900mProf. = 23,950m
Figura 3.3b Posição dos corpos de prova nos tubos amostradores – amostras SRA-203(7) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).
38
3.2.2 Ensaios de caracterização
Os ensaios de caracterização foram realizados seguindo as respectivas normas da
ABNT com o solo restante da moldagem dos corpos de prova dos ensaios de
compressão edométrica.
Nas tabelas 3.1a a 3.1c, reproduzidas do trabalho de Andrade (2009), são
apresentados os valores dos parâmetros de caracterização dos corpos de prova dos
ensaios de compressão edométrica.
Na figura 3.4, também reproduzida de Andrade (2009), são apresentados os
perfis destes parâmetros de caracterização.
39
Tabela 3.1a Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(01) a SRA-203(04) (Andrade, 2009).
Amostra Corpo de prova
Profundidade do corpo de prova (m)
Umidade, w (%)
Densi-dade dos grãos, G
Grau de satu-ração, S
(%)
Índice de
vazios inicial,
e0
Peso especí-
fico natural,
γ (kN/m³)
Limites de Atterberg Granulometria Teor de
matéria orgâ-
nica (%) LL (%)
LP (%)
IP (%)
% de
areia
% de
silte
% de
argi-la
SRA-203(1)
CP1A* 5,55 - 5,65 48,5
2,64
99 1,30 17,1
51 21 31 42 38 20 2,4 CP1B* 5,55 - 5,65 50,8 99 1,35 16,9 CP1C* 5,55 - 5,65 51,3 99 1,37 16,8 CP1D* 5,55 - 5,65 51,3 94 1,44 16,3
SRA-203(2)
CP2A* 6,48 - 6,55 39,2
2,65
93 1,11 17,5
34 13 21 69 19 12 0,7 CP2B* 6,48 - 6,55 40,0 95 1,11 17,5 CP2C* 6,40 - 6,48 36,3 90 1,07 17,4 CP2D* 6,40 - 6,48 36,6 97 1,00 18,1
SRA-203(3)
CP3A* 7,25 - 7,32 57,1
2,64
97 1,55 16,3
71 26 45 44 25 31
2,8
CP3B* 7,32 - 7,40 65,1 100 1,69 16,2CP3C* 7,25 - 7,32 59,5 100 1,52 16,7CP3D* 7,32 - 7,40 66,5 96 1,83 15,6CP3E 7,13 - 7,16 54,6
2,63
97 1,49 16,5
60 15 45 50 23 27 CP3F 7,16 - 7,19 54,8 98 1,47 16,6CP3G 7,10 - 7,13 53,9 100 1,42 16,8CP3H 7,19 - 7,25 51,4 95 1,44 16,5
SRA-203(4)
CP4A* 8,38 - 8,46 85,8
2,60
100 2,24 14,9
104 35 69 13 34 53
5,5
CP4B* 8,46 - 8,53 87,7 100 2,26 15,0CP4C* 8,38 - 8,46 83,3 100 2,17 15,0CP4D* 8,46 - 8,53 86,6 97 2,31 14,6CP4E 8,24 - 8,28 85,5
2,60
99 2,25 14,9
108 38 70 16 37 47 CP4F 8,28 - 8,32 83,1 100 2,17 15,0CP4G 8,20 - 8,24 82,6 100 2,12 15,3CP4H 8,32 - 8,38 86,2 100 2,19 15,2
* Os ensaios neste corpo de prova foram realizados por Aguiar (2008).
40
Tabela 3.1b Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(05) a SRA-203(07) (Andrade, 2009).
Amostra Corpo de prova
Profundidade do corpo de prova (m)
Umidade, w (%)
Densi-dade dos grãos, G
Grau de satu-ração, S
(%)
Índice de
vazios inicial,
e0
Peso especí-
fico natural,
γ (kN/m³)
Limites de Atterberg Granulometria Teor de
matéria orgâ-
nica (%) LL (%)
LP (%)
IP (%)
% de
areia
% de
silte
% de
argi-la
SRA-203(5)
CP5A* 9,34 - 9,39 77,7
2,62
100 1,97 15,7
110 33 77 15 36 49
4,0
CP5B* 9,39 - 9,45 78,6 100 2,02 15,5CP5C* 9,39 - 9,45 80,2 98 2,14 15,0CP5D* 9,45 - 9,53 - - - -CP5E 9,20 - 9,24 82,8
2,65
97 2,26 14,9
113 32 81 18 33 49 CP5F 9,24 - 9,28 82,2 100 2,18 15,2CP5G 9,17 - 9,20 84,9 100 2,25 15,1CP5H 9,28 - 9,34 81,0 100 2,14 15,3
SRA-203(6)
CP6A* 10,50 - 10,55 100,1
2,53
100 2,53 14,3
128 46 82 3 38 59 5,7
CP6B* 10,43 - 10,50 101,5 100 2,57 14,3CP6C* 10,43 - 10,50 105,9 100 2,60 14,5CP6D* 10,43 - 10,50 100,7 99 2,58 14,2CP6E 10,25 - 10,28 95,6
2,53
100 2,43 14,5CP6F 10,28 - 10,31 97,9 100 2,40 14,7CP6G 10,22 - 10,25 93,0 100 2,34 14,7CP6H 10,36 - 10,43 98,0 100 2,41 14,7
SRA-203(7)
CP7A 11,39 - 11,42 90,6
2,55
98 2,35 14,5
117 37 80 8 39 53
5,7
CP7B 11,36 - 11,39 95,8 100 2,43 14,5CP7C 11,42 - 11,49 84,1 97 2,21 14,6CP7D 11,42 - 11,49 84,2 98 2,18 14,8CP7E 11,22 - 11,26 100,0
2,55
100 2,53 14,4
119 39 80 2 40 58 CP7F 11,26 - 11,30 95,7 100 2,42 14,6CP7G 11,14 - 11,18 96,5 100 2,41 14,6CP7H 11,30 - 11,36 99,6 100 2,49 14,6
* Os ensaios neste corpo de prova foram realizados por Aguiar (2008).
41
Tabela 3.1c Parâmetros de caracterização das amostras SRA-203(08) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).
Amostra Corpo de prova
Profundidade do corpo de prova (m)
Umidade, w (%)
Densi-dade dos grãos, G
Grau de satu-ração, S
(%)
Índice de
vazios inicial,
e0
Peso especí-
fico natural,
γ (kN/m³)
Limites de Atterberg Granulometria Teor de
matéria orgâ-
nica (%) LL (%)
LP (%)
IP (%)
% de
areia
% de
silte
% de
argi-la
SRA-203(8)
CP8A 12,45 - 12,50 83,5 2,62 97 2,22 14,8
103 32 71 18 38 44 5,8
CP8B 12,40 - 12,45 84,1 102 2,14 15,2CP8C 12,27 - 12,30 79,5
2,59
96 2,18 14,8CP8D 12,30 - 12,33 82,7 99 2,19 15,0CP8E 12,24 - 12,27 81,2 99 2,15 15,1CP8F 12,33 - 12,36 83,4 100 2,19 15,1
SRA-203(9)
CP9A 14,40 - 14,45 74,4 2,58 100 1,90 15,5
109 35 74 15 35 50 4,8
CP9B 14,45 - 14,50 77,2 100 1,93 15,6CP9C 14,32 - 14,35 76,8
2,63
97 2,09 15,1CP9D 14,35 - 14,38 75,5 100 1,98 15,5CP9E 14,29 - 14,32 75,8 100 1,99 15,5CP9F 14,38 - 14,40 74,9 100 1,96 15,6
SRA-203(10)
CP10A 16,50 - 16,55 70,4 2,60 98 1,87 15,5
96 29 67 21 34 45 5,0
CP10B 16,45 - 16,50 74,7 100 1,93 15,5CP10C 16,33 - 16,36 79,8
2,64
99 2,13 15,2CP10D 16,39 - 16,42 75,1 100 1,98 15,5CP10E 16,29 - 16,33 74,6 100 1,97 15,5CP10F 16,42 - 16,45 72,7 100 1,91 15,7
SRA-203(11) CP11A 18,45 - 18,50 36,4 2,63 98 0,98 18,1 36 14 22 74 11 15 1,4 CP11B 18,50 - 18,55 36,7 100 0,96 18,4
SRA-203(12) CP12A 23,85 - 23,90 27,2 2,66 99 0,73 19,6 32 12 20 78 10 12 1,7 CP12B 23,90 - 23,95 26,0 99 0,70 19,7
42
UMIDADE NATURAL (W),LIMITE DE LIQUIDEZ (LL),
LIMITE DE PLASTICIDADE (LP)E ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP)
(%)
50 60 70 8040
GRANULOMETRIA
(%)
3020100
55
10
15
10
10
15
20
25
20
25
14 15 16
PESO ESPECÍFICO
NATURAL (γ)(kN/m³)
0,5
ÍNDICE DE VAZIOS
INICIAL (e )
1,0 1,5
DENSIDADE DOS
GRÃOS (G )
5
10
15
5
10
15
94
GRAU DE SATURAÇÃO (S)(%)
5
90 92
10
15
0
20 20 20
25 25 25
5 64
TEOR DE MATÉRIAORGÂNICA
(%)
3210
5
17 18 19 20 2,0 2,5 2,8 1009896 102
10
15
20
25
2,82,4
5
10
15
20
25
2,6
PERFIS DOS PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO
AREIA
SILTE
ARGILA LLIPLP
Presente trabalho
Presente trabalho(Aguiar, 2008)
Areia{Presente trabalho(Aguiar, 2008)
Silte{Presente trabalho(Aguiar, 2008)Argila{
Presente trabalho(Aguiar, 2008)
(Aguiar, 2008)Presente trabalho(Aguiar, 2008)
Presente trabalho(Aguiar, 2008)
Presente trabalho
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100105110115120125130
Presente trabalho(Aguiar, 2008)LL{Presente trabalho(Aguiar, 2008){Presente trabalho(Aguiar, 2008){
LP
IP
Presente trabalho(Aguiar, 2008){W
W
NSPM-203
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
0/153
6
5
3
3
0/49
1/17
1/20
2
2
2
2/31
2
3
0.87 m (cota)
VÃO DA BALSA 0.45
LÂMINA D'ÁGUA
1.92
ARGILA MUITO SILTOSA, COMAREIA FINA, CINZA ESCURO,MUITO MOLE
3.50
AREIA FINA, MUITO SILTOSA,CINZA, POUCO COMPACTA
6.83
ARGILA SILTOSA,COM AREIA FINA,CINZA, MUITO MOLE
12.00
1
2
3
4
5
6
0
5
10
15
Pro
fund
idad
e (m
)
ARGILA POUCOSILTOSA,CINZA ESCURO,MUITO MOLE
5,10 a 5,70m
6,00 a 6,60m
7,00 a 7,60m
8,00 a 8,60m
9,00 a 9,60m
10,0 a 10,60m
SRA203(1)
SRA203(2)
SRA203(3)
SRA203(4)
SRA203(5)
SRA203(6)
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
4
2/28
2/25
2/29
2/31
2/32
2/35
2
2/35
2
21.60
ARGILA ARENOSA (AREIAFINA), CINZA, MUITO MOLE
24.00
AREIA FINA, MUITOARGILOSA, CINZAESCURO, FOFA26.00
ARGILA SILTOSA, COM AREIA FINA,CINZA ESCURO, MUITO MOLE 27.00
7
8
9
10
11
12
20
25
11,0 a 11,60mSRA203(7)
12,0 a 12,60mSRA203(8)
14,0 a 14,60mSRA203(9)
16,0 a 16,60mSRA203(10)
18,0 a 18,60mSRA203(11)
23,45 a 24,05mSRA203(12)
Figura 3.4 Perfis dos parâmetros de caracterização do solo (Andrade, 2009).
43
3.2.3 Ensaios de compressão edométrica
Os corpos de prova de ensaio possuíam diâmetro de aproximadamente 7cm,
altura de 2cm e a drenagem era permitida no topo e na base.
Os critérios de carregamento de cada ensaio variaram conforme as
peculiaridades dos estudos de Aguiar (2008) e Andrade (2009), mas no geral foram
utilizados os seguintes critérios:
- foi utilizado o procedimento padrão de dobrar a carga aplicada a cada incremento,
sendo realizados adicionalmente alguns incrementos de carga intermediários com o
objetivo de melhor definir a tensão de pré-adensamento e o início do trecho de
compressão virgem,
- a duração de cada estágio de carga foi de 24h ou baseada na velocidade de deformação
específica (ε& ) do corpo de prova dada pela expressão
tH
H
Δ
Δ=ε& (3.1)
onde,
ΔH = variação da altura do corpo de prova entre duas leituras consecutivas do
extensômetro (leituras i-1 e i),
H = altura do corpo de prova correspondente à leitura i-1,
Δt = intervalo de tempo entre as leituras i-1 e i.
Por este critério um novo incremento de carga era aplicado quando no
incremento corrente o corpo de prova atingia a velocidade de deformação específica (ε& )
igual a 10-6 s-1. De acordo com Aguiar (2008), pela experiência do Grupo de Reologia
da COPPE em trabalhos anteriores com a argila de Santos, este valor de deformação
específica corresponde à primeira potência inteira de 10 após o “fim” do adensamento
primário, calculado tanto pelo Método de Taylor quanto pelo Método de Casagrande,
para corpos de prova cuja distância de drenagem é menor ou igual a 1cm.
Para cada uma das amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) foram realizados 7
ensaios com corpos de prova indeformados e 1 ensaio com o corpo de prova totalmente
remoldado.
44
Para as demais amostras foram realizados apenas ensaios com corpos de prova
indeformados.
Neste trabalho foram utilizados resultados dos ensaios de compressão
edométrica realizados com todos as amostras, exceto a SRA-203(2) e a SRA-203(12).
Para verificação do método de estimativa da curva de compressão
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann só puderam ser
utilizados os ensaios realizados com as amostras SRA-203(3) a SRA-203(7), uma vez
que estas foram as únicas amostras para as quais foram realizados ensaios com corpos
de prova amolgados.
Da mesma forma, a verificação da proposta de estimativa do Cc do corpo de
prova amolgado (Cc,remold) a partir de seu índice de plasticidade (IP) depende da
realização de ensaios em corpos de prova amolgados, portanto, também foram
utilizados apenas os ensaios realizados com as amostras SRA-203(3) a SRA-203(7).
Já a verificação das correlações entre a umidade natural e o Cc do corpo de prova
indeformado puderam ser realizadas com as amostras SRA-203(1) e SRA-203(3) a
SRA-203(11).
Da figura 3.5 à figura 3.9 é apresentado para cada uma das amostras SRA-203(3)
à SRA-203(7) o conjunto das curvas de compressiblidade obtidas em ensaios
edométricos realizados com corpos de prova delas extraídos. As curvas de
compressibilidade são apresentadas em termos de índice de vazios, sendo plotados os
pontos correspondentes à velocidade de deformação específica (ε& ) igual a 10-6 s-1 para
cada incremento de carga.
Nas tabelas 3.2a a 3.2c são apresentados os parâmetros de compressibilidade
obtidos para todos os ensaios de compressão edométrica com a argila de Santos/SP
realizados e utilizados neste trabalho.
45
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,801 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 3A
ensaio 3B
ensaio 3C
ensaio 3D (corpo deprova remoldado)ensaio 3E
ensaio 3F
ensaio 3G
ensaio 3H
Figura 3.5 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a
amostra SRA-203(3), para velocidade de deformação específica (•
ε ) igual a 10-6 s-1.
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,401 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 4A
ensaio 4B
ensaio 4C
ensaio 4D (corpo deprova remoldado)ensaio 4E
ensaio 4F
ensaio 4G
ensaio 4H
Figura 3.6 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a
amostra SRA-203(4), para velocidade de deformação específica (•
ε ) igual a 10-6 s-1.
46
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,301 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 5A
ensaio 5B
ensaio 5C
ensaio 5D (corpo deprova remoldado)ensaio 5E
ensaio 5F
ensaio 5G
ensaio 5H
Figura 3.7 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a
amostra SRA-203(5), para velocidade de deformação específica (•
ε ) igual a 10-6 s-1.
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,601 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 6A
ensaio 6B
ensaio 6C
ensaio 6D (corpo deprova remoldado)ensaio 6E
ensaio 6F
ensaio 6G
ensaio 6H
Figura 3.8 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a
amostra SRA-203(6), para velocidade de deformação específica (•
ε ) igual a 10-6 s-1.
47
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
2,701 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 7A
ensaio 7B
ensaio 7C
ensaio 7D (corpo deprova remoldado)ensaio 7E
ensaio 7F
ensaio 7G
ensaio 7H
Figura 3.9 Curvas de compressibilidade (e vs. σ’v) dos ensaios realizados com a
amostra SRA-203(7), para velocidade de deformação específica (•
ε ) igual a 10-6 s-1.
48
Tabela 3.2a Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(1) a SRA-203(4) (Andrade, 2009).
Amostra Profundidade
da amostra (m)Ensaio
Corpo
de prova
Profundidade do
corpo de prova (m) e0
σ’vm
(kPa) Cc
Cc/
(1+e0)Cr Ce
SRA-203(1) 5,10 - 5,70 1A CP1A 5,55 - 5,65 1,30 100 0,48 0,21 0,08 0,021B CP1B 5,55 - 5,65 1,35 100 0,46 0,20 0,09 0,02 1C CP1C 5,55 - 5,65 1,37 92 0,51 0,22 0,09 0,02 1D CP1D 5,55 - 5,65 1,44 90 0,57 0,23 0,10 0,02
SRA-203(2) 6,00 - 6,60 2A CP2A 6,48 - 6,55 1,11 - - - - -2B CP2B 6,48 - 6,55 1,11 - - - - - 2C CP2C 6,40 - 6,48 1,07 - - - - -
2D* CP2D 6,40 - 6,48 1,00 - - - - -
SRA-203(3) 7,00 - 7,60
3A CP3A 7,25 - 7,32 1,55 105 0,80 0,31 0,10 0,063B CP3B 7,32 - 7,40 1,69 100 0,86 0,32 0,10 0,06 3C CP3C 7,25 - 7,32 1,52 120 0,66 0,26 0,11 0,05
3D* CP3D 7,32 - 7,40 1,83 35 0,67 0,23 - 0,06 3E CP3E 7,13 - 7,16 1,49 110 0,78 0,31 0,12 - 3F CP3F 7,16 - 7,19 1,47 119 0,72 0,29 0,15 - 3G CP3G 7,10 - 7,13 1,42 120 0,77 0,32 0,11 - 3H CP3H 7,19 - 7,25 1,44 105 0,69 0,28 0,16 -
SRA-203(4) 8,00 – 8,60
4A CP4A 8,38 - 8,46 2,24 170 1,91 0,59 0,14 0,154B CP4B 8,46 - 8,53 2,26 165 1,73 0,53 0,19 0,15 4C CP4C 8,38 - 8,46 2,17 170 1,89 0,60 0,19 0,13
4D* CP4D 8,46 - 8,53 2,31 70 0,90 0,27 0,47 0,15 4E CP4E 8,24 - 8,28 2,25 139 1,72 0,53 0,16 - 4F CP4F 8,28 - 8,32 2,17 140 1,69 0,53 0,16 - 4G CP4G 8,20 - 8,24 2,12 132 1,69 0,54 0,19 - 4H CP4H 8,32 - 8,38 2,19 152 1,86 0,58 0,12 -
* Ensaio realizado com corpo de prova remoldado.
49
Tabela 3.2b Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(5) a SRA-203(7) (Andrade, 2009).
Amostra Profundidade
da amostra (m)Ensaio
Corpo
de prova
Profundidade do
corpo de prova (m) e0
σ’vm
(kPa) Cc
Cc/
(1+e0)Cr Ce
SRA-203(5) 9,00 - 9,60
5A CP5A 9,34 - 9,39 1,97 170 1,56 0,53 0,17 0,105B CP5B 9,39 - 9,45 2,02 165 1,53 0,51 0,20 0,11 5C CP5C 9,39 - 9,45 2,14 155 1,42 0,45 0,18 0,11
5D* CP5D 9,45 - 9,53 - 65 0,66 - 0,50 0,11 5E CP5E 9,20 - 9,24 2,26 149 1,64 0,50 0,17 - 5F CP5F 9,24 - 9,28 2,18 156 1,56 0,49 0,17 - 5G CP5G 9,17 - 9,20 2,25 108 1,28 0,39 0,41 - 5H CP5H 9,28 - 9,34 2,14 145 1,44 0,46 0,14 -
SRA-203(6) 10,00 - 10,60
6A CP6A 10,50 - 10,55 2,53 175 2,22 0,63 0,15 0,166B CP6B 10,43 - 10,50 2,57 175 2,18 0,61 0,20 0,14 6C CP6C 10,43 - 10,50 2,60 180 2,37 0,66 0,21 0,17
6D* CP6D 10,43 - 10,50 2,58 80 1,17 0,33 - 0,10 6E CP6E 10,25 - 10,28 2,43 185 2,23 0,65 0,21 - 6F CP6F 10,28 - 10,31 2,40 181 2,35 0,69 0,19 - 6G CP6G 10,22 - 10,25 2,34 176 1,93 0,58 0,22 - 6H CP6H 10,36 - 10,43 2,41 182 2,44 0,72 0,16 -
SRA-203(7) 11,00 - 11,60
7A CP7A 11,39 - 11,42 2,35 160 2,06 0,58 0,23 0,117B CP7B 11,36 - 11,39 2,43 150 1,96 0,54 0,30 0,12 7C CP7C 11,42 - 11,49 2,21 155 1,73 0,51 0,27 0,12
7D* CP7D 11,42 - 11,49 2,18 55 0,95 0,28 0,45 0,13 7E CP7E 11,22 - 11,26 2,53 151 2,29 0,65 0,22 - 7F CP7F 11,26 - 11,30 2,42 155 2,24 0,65 0,25 - 7G CP7G 11,14 - 11,18 2,41 153 2,27 0,67 0,21 - 7H CP7H 11,30 - 11,36 2,49 148 2,39 0,68 0,22 -
* Ensaio realizado com corpo de prova remoldado.
50
Tabela 3.2c Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com as amostras SRA-203(8) a SRA-203(12) (Andrade, 2009).
Amostra Profundidade
da amostra (m)Ensaio
Corpo
de prova
Profundidade do
corpo de prova (m) e0
σ’vm
(kPa) Cc
Cc/
(1+e0)Cr Ce
SRA-203(8) 12,00 - 12,60
8A CP8A 12,45 - 12,50 2,22 145 1,67 0,52 0,22 0,128B CP8B 12,40 - 12,45 2,14 130 1,54 0,49 0,24 0,11 8C CP8C 12,27 - 12,30 2,18 157 1,76 0,55 0,22 - 8D CP8D 12,30 - 12,33 2,19 147 1,76 0,55 0,23 - 8E CP8E 12,24 - 12,27 2,15 173 1,82 0,58 0,18 - 8F CP8F 12,33 - 12,36 2,19 148 1,85 0,58 0,24 -
SRA-203(9) 14,00 - 14,60
9A CP9A 14,40 - 14,45 1,90 200 1,41 0,49 0,24 0,129B CP9B 14,45 - 14,50 1,93 200 1,46 0,50 0,16 0,12 9C CP9C 14,32 - 14,35 2,09 184 1,46 0,47 0,13 - 9D CP9D 14,35 - 14,38 1,98 200 1,50 0,50 0,18 - 9E CP9E 14,29 - 14,32 1,99 184 1,63 0,55 0,15 - 9F CP9F 14,38 - 14,40 1,96 174 1,41 0,48 0,20 -
SRA-203(10) 16,00 - 16,60
10A CP10A 16,50 - 16,55 1,87 200 1,80 0,63 0,17 0,1310B CP10B 16,45 - 16,50 1,93 190 1,86 0,63 0,33 0,12 10C CP10C 16,33 - 16,36 2,13 179 1,87 0,60 0,21 - 10D CP10D 16,39 - 16,42 1,98 174 1,61 0,54 0,26 - 10E CP10E 16,29 - 16,33 1,97 184 1,60 0,54 0,16 - 10F CP10F 16,42 - 16,45 1,91 174 1,70 0,58 0,16 -
SRA-203(11) 18,00 - 18,60 11A CP11A 18,45 - 18,50 0,98 150 0,30 0,15 0,09 0,0211B CP11B 18,50 - 18,55 0,96 160 0,31 0,16 0,07 0,02
SRA-203(12) 23,45 - 24,05 12A CP12A 23,85 - 23,90 0,73 - - - - -12B CP12B 23,90 - 23,95 0,70 - - - - -
51
3.3 Ensaios realizados com a argila do Sarapuí/RJ
3.3.1 Extração das amostras
As amostras foram extraídas de uma região da Baixada Fluminense onde seriam
construídos aterros experimentais pelo IPR. O local se situa no município de Duque de
Caxias/RJ, do lado esquerdo da rodovia BR-040/RJ (sentido Rio-Belo Horizonte) no
km 7,5, ao lado do Rio Sarapuí.
Na figura 3.10 é apresentado um croquis com a locação dos aterros
experimentais bem como dos furos de amostragem.
Figura 3.10 Croquis de locação dos aterros experimentais e dos furos de amostragem (Coutinho, 1976).
De acordo com Coutinho (1976) as amostras indeformadas foram extraídas de
um depósito com espessura média de 12m de argila mole cinza, com matéria orgânica e
eventuais conchas e raízes. O mesmo provavelmente tem origem na deposição flúvio-
marinha e apresenta-se bastante uniforme (sem veios de areia ou silte).
Na figura 3.11 é apresentado o croquis do perfil de sondagem do depósito com a
localização da região de extração de amostras indeformadas.
52
Figura 3.11 Croquis do perfil do depósito e localização da região de extração de amostras (Coutinho, 1976).
Foram extraídas amostras de 3 profundidades, a saber: 5,5m a 6,0m, 6,5m a
7,0m e 7,5m a 8,0m.
Em seu trabalho Coutinho (1976) descreve os procedimentos de amostragem
utilizados bem como os cuidados tomados para evitar a perturbação das amostras.
3.3.2 Parâmetros de caracterização
Coutinho (1976) apresenta os seguintes dados de caracterização da argila
estudada:
- seus limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP) estão em torno de 145% e
55%, respectivamente, resultando num índice de plasticidade (IP) de aproximadamente
90%.
- a umidade natural é próxima ao limite de liquidez (a umidade natural dos
corpos de prova analisados é apresentada na tabela 4.12 do presente trabalho).
53
- 100% do solo passa na peneira nº 200 (diâmetro=0,074mm) e possui de 60% a
70% em massa de fração argila (diâmetro menor que 0,002mm).
- densidade real dos grãos (G) de 2,51, baseado em resultados de Ortigão (1975)
e de Coutinho (1976).
3.3.3 Ensaios de compressão edométrica
Os corpos de prova do ensaio de compressão edométrica possuíam diâmetros de
50,5mm e 100,9mm, e alturas de 20mm e 30mm, respectivamente. A drenagem era
permitida no topo e na base dos corpos de prova.
Na maioria dos ensaios foi utilizado o procedimento padrão de dobrar a carga
vertical a cada incremento, sendo que também foram dados incrementos intermediários
com o objetivo de melhor definir a tensão de pré-adensamento.
A duração de cada estágio de carga foi de 24h ou 48h, procurando-se definir na
curva “deformação x tempo (log)” o trecho retilíneo inicial de compressão secundária.
Para as amostras retiradas das profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m
foram realizados os seguintes ensaios de compressão edométrica:
- 4 ensaios com corpos de prova “indeformados” de boa qualidade.
- 2 ensaios com corpos de prova “indeformados” de má qualidade, ou seja, com
algum grau de amolgamento, extraídos da parte superior do tubo amostrador.
- 2 ensaios com corpos de prova remoldados (completamente amolgados).
Para a amostra extraída da profundidade de 7,5m a 8,0m foram realizados 3
ensaios de compressão edométrica com corpos de prova “indeformados” de boa
qualidade.
Na tabela 3.3 é apresentado um resumo dos ensaios de compressão edométrica
realizados.
54
Tabela 3.3 Resumo dos ensaios de compressão edométrica realizados (Coutinho, 1976).
Estado dos corpos de prova
Profundidade da amostra Ensaio
“Indeformados” de boa qualidade
5,5m a 6,0m
AV2-10 AV3-5 AV11-5 AV12-10
6,5m a 7,0m
AV5-10 AV8-5 AV9-5
AV10-10
7,5m a 8,0m AV17-5 AV18-5 AV19-5
“Indeformados” de má qualidade (amolgados)
5,5m a 6,0m AV1-5 AV4-10
6,5m a 7,0m AV6-10 AV7-5
Remoldados (completamente
amolgados)
5,5m a 6,0m AV14-5 AV16-5
6,5m a 7,0m AV13-5 AV15-5
Neste trabalho foram utilizados os resultados de todos os ensaios de compressão
edométrica apresentados na tabela 3.3.
Para verificação do método de estimativa da curva de compressão
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955) só
puderam ser utilizados os ensaios realizados com as amostras extraídas das
profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m, uma vez que para estas amostras
foram realizados ensaios tanto em corpos de prova amolgados quanto em corpos de
prova indeformados.
Da mesma forma, a verificação da proposta de estimativa do Cc do corpo de
prova amolgado a partir de seu índice de plasticidade (IP) depende da realização de
ensaios em corpos de prova amolgados, portanto, também foram utilizados apenas os
ensaios realizados com as amostras extraídas das profundidades de 5,5m a 6,0m e de
6,5m a 7,0m.
Já a verificação das correlações entre a umidade natural e o Cc do corpo de prova
indeformado pôde ser realizada com as amostras das três profundidades.
55
Nas figuras 3.12 e 3.13 são apresentados para as amostras extraídas das
profundidades de 5,5 a 6,0m e de 6,5 a 7,0m, respectivamente, o conjunto das curvas de
compressiblidade obtidas em ensaios edométricos realizados com os corpos de prova
delas extraídos. As curvas de compressibilidade são apresentadas em termos de índice
de vazios, sendo plotados os pontos correspondentes ao fim do adensamento primário
determinado pelo método de Casagrande para cada incremento de carga.
56
Figura 3.12 Curvas de compressibilidade “e x σ’v (log)” dos ensaios realizados com a amostra extraída da profundidade de 5,5 a 6,0m, para o fim do adensamento primário determinado pelo método de Casagrande (Coutinho, 1976).
57
Figura 3.13 Curvas de compressibilidade “e x σ’v (log)” dos ensaios realizados com a amostra extraída da profundidade de 6,5m a 7,0m, para o fim do adensamento primário determinado pelo método de Casagrande (Coutinho, 1976).
58
Na tabela 3.4 são apresentados os parâmetros de compressibilidade obtidos para
todos os ensaios de compressão edométrica realizados com a argila do Sarapuí e
utilizados neste trabalho.
Para se ter um critério único neste trabalho no cálculo dos parâmetros de
compressibilidade, os índices de compressão (Cc) tiveram que ser recalculados a partir
das curvas de compressibilidade apresentadas nas figuras 3.12 e 3.13 utilizando o
critério apresentado na revisão bibliográfica deste trabalho (item 2.2.2), no qual o Cc é
calculado como a inclinação do trecho de compressão virgem logo em sua parte inicial.
Pelo mesmo motivo os índices de recompressão (Cr) e descompressão (Ce)
também foram recalculados.
Portanto, os valores de Cc, Cr e Ce da tabela 3.4 são diferentes daqueles
apresentados por Coutinho (1976), que calculou estes parâmetros para incrementos
fixos de tensões.
As tensões de pré-adensamento (σ’vm) também foram recalculadas pelo método
de Pacheco Silva.
59
Tabela 3.4 Parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados com a argila do Sarapuí/RJ.
Profun-didade da amostra
(m)
Estado dos corpos de
prova Ensaio e0
σ’vm* (kPa) Cc*
Cc/ (1+e0)
* Cr* Ce*
5,5 a 6,0
“Indeformados” de boa qualidade
AV2-10 3,71 28 2,36 0,50 0,23 0,28AV3-5 3,66 29 2,50 0,54 0,17 0,25
AV11-5 3,38 37 2,36 0,54 0,15 0,29
AV12-10 3,67 28 2,36 0,51 0,23 0,31“Indeformados” de má qualidade
(amolgados)
AV1-5 3,66 12 1,49 0,32 - 0,22
AV4-10 3,58 12 1,33 0,29 0,45 0,24Remoldados
(completamente amolgados)
AV14-5 3,55 7 1,07 0,24 0,61 0,27
AV16-5 3,57 8 1,16 0,25 0,63 0,26
6,5 a 7,0
“Indeformados” de boa qualidade
AV5-10 3,54 32 2,26 0,50 0,12 0,25AV8-5 3,22 40 2,40 0,57 0,10 0,22
AV9-5 3,30 38 2,40 0,56 0,12 0,22
AV10-10 3,43 33 2,40 0,54 0,09 0,25“Indeformados” de má qualidade
(amolgados)
AV6-10 3,51 8 1,17 0,26 0,68 0,21
AV7-5 3,27 9 1,15 0,27 0,47 0,21Remoldados
(completamente amolgados)
AV13-5 3,20 7 0,96 0,23 0,53 0,23
AV15-5 3,20 8 1,07 0,25 0,47 0,33
7,5 a 8,0 “Indeformados” de boa qualidade
AV17-5 3,34 35 2,39 0,55 0,16 0,27AV18-5 3,27 41 2,75 0,64 0,14 0,27
AV19-5 3,29 40 2,47 0,58 0,09 0,27* Valores recalculados de acordo com os critérios definidos no item 2.2.2 e representados graficamente na figura 2.1 deste trabalho.
60
4 RESULTADOS
4.1 Avaliação da qualidade dos corpos de prova e efeitos do amolgamento
Os conjuntos de ensaios de compressão edométrica apresentados no capítulo 3
foram utilizados neste trabalho devido à boa qualidade dos corpos de prova obtidos,
permitindo assim a verificação das propostas de estimativa de parâmetros de
compressibilidade e da curva de compressão edométrica.
Para avaliação da qualidade dos corpos de prova foi utilizada a proposta de
classificação de Coutinho (2007) apresentada a seguir.
Inicialmente calcula-se a razão
( )0
00
0
'eee
ee vσ−
=Δ (4.1)
onde:
e0 = índice de vazios inicial do corpo de prova,
e (σ’v0) = índice de vazios correspondente à tensão vertical efetiva de campo estimada
(obtido na curva de compressão edométrica).
Com o valor de 0e
eΔ obtido verifica-se em qual das classificações de qualidade
o corpo de prova se enquadra, de acordo com a tabela 4.1.
Tabela 4.1 Classificação da qualidade do corpo de prova (Coutinho, 2007).
OCR 0e
eΔ
Muito boa a
Excelente
Boa a Regular Pobre Muito
pobre
1,0 - 2,5 < 0,05 0,05 - 0,08 0,08 - 0,14 > 0,14
Nas tabelas 4.2 e 4.3 são apresentadas as classificações de qualidade recebidas
pelos corpos de prova das argilas de Santos e do Sarapuí.
61
Tabela 4.2a Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Santos.
Estado do
corpo de prova
Amostra Ensaio σ’v0 (kPa) e0
e (σ’v0) 0e
eΔ Qualidade do corpo de prova (Coutinho, 2007)
“Ind
efor
mad
os”
SRA-203(1)
1A
40
1,30 1,25 0,037 Muito boa a Excelente 1B 1,35 1,30 0,038 Muito boa a Excelente 1C 1,37 1,31 0,048 Muito boa a Excelente 1D 1,44 1,37 0,050 Muito boa a Excelente
SRA-203(3)
3A
54
1,55 1,46 0,058 Boa a Regular 3B 1,69 1,63 0,036 Muito boa a Excelente 3C 1,52 1,46 0,039 Muito boa a Excelente 3E 1,49 1,39 0,067 Boa a Regular 3F 1,47 1,39 0,054 Boa a Regular 3G 1,42 1,33 0,063 Boa a Regular 3H 1,44 1,34 0,069 Boa a Regular
SRA-203(4)
4A
61
2,24 2,18 0,027 Muito boa a Excelente 4B 2,26 2,15 0,049 Muito boa a Excelente 4C 2,17 2,08 0,041 Muito boa a Excelente 4E 2,25 2,17 0,036 Muito boa a Excelente 4F 2,17 2,07 0,046 Muito boa a Excelente 4G 2,12 2,01 0,052 Boa a Regular 4H 2,19 2,11 0,037 Muito boa a Excelente
SRA-203(5)
5A
66
1,97 1,88 0,046 Muito boa a Excelente 5B 2,02 1,92 0,050 Muito boa a Excelente 5C 2,14 1,99 0,070 Boa a Regular 5E 2,26 2,14 0,053 Boa a Regular 5F 2,18 2,08 0,046 Muito boa a Excelente 5G 2,25 2,05 0,089 Pobre 5H 2,14 2,03 0,051 Boa a Regular
SRA-203(6)
6A
71
2,53 2,44 0,036 Muito boa a Excelente 6B 2,57 2,42 0,058 Boa a Regular 6C 2,60 2,48 0,046 Muito boa a Excelente 6E 2,43 2,29 0,058 Boa a Regular 6F 2,40 2,29 0,046 Muito boa a Excelente 6G 2,34 2,20 0,060 Boa a Regular 6H 2,41 2,32 0,037 Muito boa a Excelente
SRA-203(7)
7A
75
2,55 2,39 0,063 Boa a Regular 7B 2,63 2,46 0,065 Boa a Regular 7C 2,39 2,23 0,067 Boa a Regular 7E 2,53 2,38 0,059 Boa a Regular 7F 2,42 2,29 0,054 Boa a Regular 7G 2,41 2,28 0,054 Boa a Regular 7H 2,49 2,35 0,056 Boa a Regular
62
Tabela 4.2b Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Santos.
Estado do
corpo de prova
Amostra Ensaio σ’v0 (kPa) e0
e (σ’v0) 0e
eΔ Qualidade do corpo de prova (Coutinho, 2007)
“Ind
efor
mad
os”
SRA-203(8)
8A
80
-* -* -* -* 8B -* -* -* -* 8C 2,18 2,07 0,050 Muito boa a Excelente 8D 2,19 2,07 0,055 Boa a Regular 8E 2,15 2,00 0,070 Boa a Regular 8F 2,19 2,06 0,059 Boa a Regular
SRA-203(9)
9A
91
-* -* -* -* 9B -* -* -* -* 9C 2,09 1,96 0,062 Boa a Regular 9D 1,98 1,87 0,056 Boa a Regular 9E 1,99 1,87 0,060 Boa a Regular 9F 1,96 1,86 0,051 Boa a Regular
SRA-203(10)
10A
102
-* -* -* -* 10B -* -* -* -* 10C 2,13 2,02 0,052 Boa a Regular 10D 1,98 1,82 0,081 Pobre 10E 1,97 1,84 0,066 Boa a Regular 10F 1,91 1,72 0,099 Pobre
SRA-203(11) 11A -* -* -* -* -* 11B -* -* -* -*
Rem
olda
dos SRA-203(3) 3D 54 1,83 1,50 0,180 Muito pobre
SRA-203(4) 4D 61 - - - - SRA-203(5) 5D 66 2,13 1,86 0,127 Pobre SRA-203(6) 6D 71 2,58 2,24 0,132 Pobre SRA-203(7) 7D 75 2,39 1,94 0,188 Muito pobre
* De acordo com Andrade (2009), para avaliação da qualidade dos corpos de prova “foram utilizados apenas os ensaios de adensamento convencionais cujos estágios tiveram duração de 24h. Isto foi feito, porque nos critérios de avaliação é levado em conta o valor do OCR, parâmetro este que é determinado pela tensão de sobreadensamento, que por sua vez é influenciada pela duração do estágio de carregamento.”.
63
Tabela 4.3 Avaliação da qualidade dos corpos de prova da argila de Sarapuí.
Estado dos
corpos de
prova
Profun-didade
da amostra
(m)
Ensaio σ’v0 (kPa) e0
e (σ’v0) 0e
eΔ Qualidade do corpo de prova (Coutinho, 2007)
“Ind
efor
mad
os”
de b
oa q
ualid
ade 5,5 a 6,0
AV2-10
22
3,71 3,46 0,068 Boa a Regular AV3-5 3,66 3,49 0,048 Muito boa a Excelente
AV11-5 3,38 3,23 0,044 Muito boa a Excelente AV12-10 3,67 3,46 0,057 Boa a Regular
6,5 a 7,0
AV5-10
25
3,54 3,35 0,053 Boa a Regular AV8-5 3,22 3,10 0,039 Muito boa a Excelente AV9-5 3,30 3,15 0,046 Muito boa a Excelente
AV10-10 3,43 3,27 0,047 Muito boa a Excelente
7,5 a 8,0 AV17-5
28 3,34 3,16 0,053 Boa a Regular
AV18-5 3,27 3,15 0,037 Muito boa a Excelente AV19-5 3,29 3,15 0,043 Muito boa a Excelente
“Ind
efor
-m
ados
” de
má
qual
idad
e 5,5 a 6,0 AV1-5 22 3,66 2,91 0,205 Muito pobre AV4-10 3,58 2,95 0,174 Muito pobre
6,5 a 7,0 AV6-10
25 3,51 2,70 0,230 Muito pobre AV7-5 3,27 2,52 0,227 Muito pobre
Rem
olda
dos
(com
plet
a-m
ente
am
olga
dos)
5,5 a 6,0 AV14-5 22 3,55 2,51 0,292 Muito pobre AV16-5 3,57 2,56 0,282 Muito pobre
6,5 a 7,0 AV13-5
25 3,20 2,16 0,327 Muito pobre AV15-15 3,20 2,16 0,286 Muito pobre
Observa-se que dos corpos de prova considerados a princípio como
“indeformados” de boa qualidade:
- 43% são de qualidade “Muito boa a Excelente”,
- 52% são de qualidade “Boa a Regular” e
- 5% são de qualidade “Pobre”.
Desta forma, nas verificações realizadas neste trabalho, foram considerados
como ensaios de referência (indeformados) apenas aqueles cujos corpos de prova foram
classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente”.
64
Como era de se esperar, os demais corpos de prova (remoldados e
“indeformados” de má qualidade”) foram classificados como de qualidade “Pobre” a
“Muito pobre”.
Os efeitos da má qualidade dos corpos de prova nas curvas de compressão
edométrica podem ser observados claramente nas figuras 3.5 a 3.9, 3.12 e 3.13. Nas
tabelas 4.4 e 4.5 pode-se avaliar quantitativamente os efeitos do amolgamento nos
parâmetros de compressibilidade obtidos.
Tabela 4.4 Valores médios dos parâmetros de compressibilidade obtidos com corpos de prova indeformados e remoldados da argila de Santos.
Amostra Cc Cr Ce σ’vm (kPa)
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
SRA-203(3) 0,75 0,67 0,12 - 0,05 0,06 111 35
SRA-203(4) 1,78 0,90 0,16 0,47 0,14 0,15 153 70
SRA-203(5) 1,53 0,66 0,17 0,50 0,11 0,11 157 65
SRA-203(6) 2,27 1,17 0,19 - 0,16 0,10 179 80
SRA-203(7) 2,13 0,95 0,24 0,45 0,12 0,13 153 55
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.2). (2) Ensaios com corpos de prova remoldados (totalmente amolgados).
Tabela 4.5 Valores médios dos parâmetros de compressibilidade obtidos com corpos de prova “indeformados” de boa qualidade, “indeformados” de má qualidade e remoldados da argila do Sarapuí.
Profun-
didade da
amostra
(m)
Cc Cr Ce σ’vm (kPa)
(1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3) (1) (2) (3)
5,5 a 6,0 2,40 1,41 1,12 0,20 0,45 0,62 0,28 0,23 0,26 31 12 7 6,5 a 7,0 2,37 1,16 1,02 0,11 0,57 0,50 0,23 0,21 0,28 36 9 7
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3). (2) Ensaios com corpos de prova “indeformados” de má qualidade. (3) Ensaios com corpos de prova remoldados (totalmente amolgados).
65
A seguir são verificados os efeitos do amolgamento na curva de
compressibilidade enumerados por Martins e Lacerda (1994).
a) Para a mesma tensão vertical efetiva (σ’v) o índice de vazios (e) é tão menor
quanto pior for a qualidade da amostra.
Para argila do Sarapuí foi observado exatamente este efeito.
Para a argila de Santos este efeito foi mais observado no trecho de compressão
virgem das curvas edométricas. No trecho de recompressão boa parte dos corpos de
prova indeformados apresentaram índice de vazios inferiores aos dos corpos de prova
remoldados.
b) A transição entre os trechos de recompressão e de compressão virgem na
curva e x σ’v(log) se torna menos acentuada dificultando a determinação da tensão de
pré-adensamento (σ’vm).
Este efeito é observado nas curvas de compressão edométrica de todas as
amostras.
c) Redução do valor estimado da tensão de pré-adensamento.
A análise dos valores médios de σ’vm estimados apresentados nas tabelas 4.4 e
4.5 permite observar claramente este efeito.
d) Aumento da compressibilidade na região de recompressão.
A análise dos valores médios de Cr apresentados nas tabelas 4.4 e 4.5 e das
curvas de compressibilidade permitem observar este efeito para a grande maioria das
amostras.
e) Diminuição da compressibilidade no trecho de compressão virgem.
A análise dos valores médios de Cc apresentados nas tabelas 4.4 e 4.5 e das
curvas de compressibilidade permitem observar este efeito para todas as amostras.
f) Eliminação da concavidade da curva ‘e x σ’v(log)’ no trecho virgem
resultando em uma linha aproximadamente reta.
66
Para os ensaios edométricos com a argila do Sarapuí esta observação aplica-se
perfeitamente.
Para os ensaios realizados com a argila de Santos também é observada uma
grande redução da concavidade do trecho de compressão virgem das amostras
remoldadas, entretanto, os mesmos ainda apresentam uma leve concavidade.
4.2 Verificação do método de estimativa da curva de compressibilidade
“indeformada” a partir da curva “amolgada” proposto por Schmertmann (1955)
4.2.1 Considerações iniciais
A verificação do método de Schmertmann (1955) iniciou-se com os ensaios
realizados com a argila de Santos. No item 4.2.2, a seguir, é descrito o procedimento
seguido, as dificuldades encontradas e as soluções utilizadas para tentar contorná-las.
Posteriormente, no item 4.2.3, é apresentada a verificação do método para a argila do
Sarapuí, já com as modificações oriundas da tentativa de aplicação do método à argila
de Santos.
4.2.2 Argila de Santos
A estratégia imaginada inicialmente para verificação da proposta de
Schmertmann (1955) consistia na aplicação do procedimento descrito na revisão
bibliográfica (item 2.4.3) para estimativa da curva de compressibilidade “indeformada”
a partir das curvas obtidas dos ensaios realizados com os corpos de prova totalmente
remoldados. As curvas de compressibilidade estimadas obtidas para cada amostra
seriam comparadas com aquelas resultantes dos ensaios realizados com os corpos de
prova indeformados desta mesma amostra, cujos resultados indicaram tratar-se de
corpos de prova de qualidade “Regular” a “Excelente”, segundo a classificação de
Coutinho (2007) (ver tabela 4.2).
Entretanto, nas primeiras tentativas de aplicação do método surgiram
dificuldades na etapa de definição da tensão de pré-adensamento através da observação
do “padrão de redução do índice de vazios”, conforme definido no item 2.4.2.2 (figura
2.9).
67
Recapitulando o procedimento, devem ser arbitrados diferentes valores de tensão
de pré-adensamento, cada qual dando origem a uma curva de compressibilidade
estimada, cujas diferenças de ordenadas (índice de vazios) em relação à curva
“amolgada” ao longo do eixo das tensões verticais efetivas fornecem o “padrão de
redução de e”. A tensão de pré-adensamento seria o maior valor arbitrado que
fornecesse um padrão de redução de índice de vazios simétrico em relação à mesma.
Na figura 4.1 é apresentada como exemplo a tentativa de estimativa da curva
“indeformada” da amostra SRA-203(5). Foram arbitrados três valores de tensão de pré-
adensamento, a saber: 80, 110 e 150kPa, para os quais foram construídas as curvas
estimadas e os padrões de redução de e.
E(σ'v0=55kPa)
i
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,001 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 3D)
Figura 4.1 Tentativa inicial de estimativa da curva de compressibilidade “indeformada” da amostra SRA-203(5).
Como pode ser observado na figura 4.1, a dificuldade reside na determinação do
“padrão de redução do índice de vazios” simétrico dentre os diferentes valores de σ’vm
arbitrados, uma vez que:
1) na maioria dos casos não foi possível obter uma padrão simétrico para
nenhum valor de σ’vm.
68
2) a determinação do padrão mais simétrico também foi dificultada pelo fato de
num mesmo “padrão de redução do e”, dependendo da faixa de tensões abrangida em
torno da tensão de pré-adensamento arbitrada, ter-se um trecho mais simétrico que
outro, e não se saber qual destes trechos deveria ser considerado: se apenas numa faixa
de tensões mais estreita em torno da tensão de pré-adensamento arbitrada, ou para faixas
de tensões maiores, encarando a curva de uma maneira mais global.
3) a simetria do “padrão de redução de e” não se mostrou sensível a uma faixa
relativamente ampla dos valores de σ’vm arbitrados, o que conduz a uma dificuldade na
seleção de um padrão mais simétrico apenas de forma visual.
Para contornar a terceira dificuldade supracitada, resolveu-se criar uma maneira
de quantificar a simetria do “padrão de redução do índice de vazios”. Isso foi feito
seguindo o procedimento descrito a seguir e ilustrado nas figuras 4.2 a 4.4.
1 10 100 1000
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0,70
tensão vertical efetiva (σ'v)
Δe
σ'v,médiaσ'v,menor,i σ'v,maior,i
Δemáx
Δei σ'v,média,ilog σ'v,maior,iσ'v,média,ilog σ'v,menor,i
PADRÃO DE REDUÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS
Figura 4.2 Representação gráfica das variáveis utilizadas na quantificação da simetria do “padrão de redução do índice de vazios”.
69
a) Determinou-se a tensão do suposto eixo de simetria, σ’v,média. Este valor foi
considerado igual à σ’vm arbitrada.
b) Para diferentes valores de redução de índice de vazios (Δei) obtiveram-se os
dois valores de tensão vertical efetiva correspondentes: σ’v,menor,i e σ’v,maior,i.
c) Para cada valor de redução de índice de vazios (Δei) calculou-se a razão
imenorv
imédiav
imédiav
imaiorv
imenorvimédiav
imédiavimaiorviR
,,
,,
,,
,,
,,,,
,,,,
''
log
''
log
'log'log'log'log
σσσσ
σσσσ
=−−
= (4.1)
A razão Ri reflete a simetria do “padrão de redução do índice vazios”: quanto
mais os valores de Ri se aproximam de 1, mais simétrico é o padrão.
d) A simetria do “padrão de redução do índice de vazios” como um todo é
avaliada pela plotagem dos valores de Ri para os diferentes valores de Δei (representados
pela expressão: máx
i
ee
ΔΔ
−1 ), que neste trabalho convecionou-se chamar de “curva de
simetria”, conforme é apresentado na figura 4.3.
70
Δei
Δemáx
e
tensão vertical efetiva (σ'v)
0,70
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
1000100101
R
ΔeΔe
máx
1-0
1
10
simetria perfeita
padrão desim
etriaobservado
σ'v,menor,ilog σ'v,média,i σ'v,maior,i
σ'v,média,ilog
Ri
CURVA DE SIMETRIA
PADRÃO DE REDUÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS
Figura 4.3 Obtenção da “curva de simetria” a partir do “padrão de redução do índice de vazios” para um dado valor arbitrado de σ’vm.
71
Na figura 4.4 é apresentado um exemplo de “curva de simetria”, onde pode-se
visualizar que um “padrão de redução do índice de vazios” perfeitamente simétrico teria
como “curva de simetria” uma linha horizontal de ordenada R=1.
padrão desimetriaobservado
simetria perfeita
0
1
101-
máx
Δe
R
CURVA DE SIMETRIA
Figura 4.4 Exemplo esquemático de “curva de simetria” para um dado valor arbitrado de σ’vm.
Desta forma, a “curva de simetria” permite avaliar de uma maneira mais precisa
a simetria do “padrão de redução do índice de vazios” do que uma avaliação apenas
visual do mesmo.
Nas figuras 4.5, 4.7, 4.9, 4.11 e 4.13 são apresentados para cada uma das
amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) as curvas de compressibilidade estimadas para
valores arbitados de tensão de pré-adensamento, bem como os respectivos “padrões de
redução de índice de vazios”.
Nas figuras 4.6, 4.8, 4.10, 4.12 e 4.14 são apresentados para cada uma das
amostras SRA-203(3) a SRA-203(7) as “curvas de simetria” correspondentes aos
“padrões de redução do índice de vazios” apresentados nas figuras mencionadas no
parágrafo anterior, além de “curvas de simetria” para valores de σ’vm intermediários.
72
E(σ'v0=55kPa)
i
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,001 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 3D)
Figura 4.5 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra SRA-203(3) para valores arbitrados de σ’vm.
σ'vm=60kPa
σ'vm=80kPa
σ'vm=100kPa
σ'vm=110kPaσ'vm=120kPa
σ'vm=150kPa
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 111kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.6 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(3) para valores arbitrados de σ’vm.
73
E(σ'v0=62kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,601 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 4D)
Figura 4.7 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra SRA-203(4) para valores arbitrados de σ’vm.
σ'vm=100kPa
σ'vm=140kPaσ'vm=150kPaσ'vm=160kPaσ'vm=180kPa
σ'vm=210kPa0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 153kPaValor médio obtido dos ensaios de qualidade "regular " a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.8 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(4) para valores arbitrados de σ’vm.
74
E(σ'v0=67kPa)
i0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,201 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 5D)
Figura 4.9 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra SRA-203(5) para valores arbitrados de σ’vm.
σ'vm=120kPa
σ'vm=150kPaσ'vm=160kPaσ'vm=170kPaσ'vm=190kPaσ'vm=210kPa
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 157kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.10 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(5) para valores arbitrados de σ’vm.
75
E(σ'v0=72kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,801 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 6D)
Figura 4.11 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra SRA-203(6) para valores arbitrados de σ’vm.
σ'vm=120kPa
σ'vm=150kPaσ'vm=170kPaσ'vm=180kPaσ'vm=190kPaσ'vm=210kPa
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 179kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.12 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(6) para valores arbitrados de σ’vm.
76
E(σ'v0=76kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,601 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"(ensaio 7D)
Figura 4.13 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra SRA-203(7) para valores arbitrados de σ’vm.
σ'vm=110kPa
σ'vm=140kPaσ'vm=150kPaσ'vm=160kPa
σ'vm=180kPa
σ'vm=210kPa0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 153kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.14 “Curvas de simetria” da amostra SRA-203(7) para valores arbitrados de σ’vm.
77
Analisando as “curvas de simetria” apresentadas observa-se que, apesar do grau
de simetria do “padrão de redução do índice de vazios” poder ser visualizado de forma
mais fácil, persiste a dificuldade apresentada anteriormente relativa à determinação do
padrão mais simétrico, pois dependendo da faixa de tensões avaliada o valor de tensão
de pré-adensamento correspondente ao padrão mais simétrico pode variar bastante.
Com isso, abandonou-se a estratégia inicial que consistia em aplicar o método de
Schmertmann às curvas de compressibilidade “amolgadas” e comparar a curva estimada
com as “indeformadas”, pois falta um critério para determinar o “padrão de redução do
índice de vazios” mais simétrico e, consequentemente, a tensão de pré-adensamento.
A partir daí o que se procurou fazer foi tentar criar justamente este critério
através da análise das “curvas de simetria” apresentadas e do conhecimento do valor
médio de tensão de pré-adensamento de cada amostra obtido dos ensaios com corpos de
prova indeformados. No cálculo do valor médio de σ’vm foram considerados apenas os
ensaios de qualidade “Regular” a “Execelente” de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
A análise das “curvas de simetria” em conjunto das tensões de pré-adensamento
obtidos nos ensaios realizados com a argila de Santos e apresentados nas figuras 4.6,
4.8, 4.10, 4.12 e 4.14 permitiram observar o seguinte padrão de comportamento:
1) Para valores arbitrados de tensão de pré-adensamento baixos em relação ao
valor real as “curvas de simetria” apresentam-se parcialmente ou totalmente ascendentes
(o valor de R aumenta com o aumento de “1-Δe/Δemáx”). Por exemplo, para cada uma
das amostras, o valor mais baixo de σ’vm arbitrado apresentou uma “curva de simetria”
com este comportamento.
2) Aumentando-se o valor arbitrado de tensão de pré-adensamento as “curvas de
simetria” vão diminuindo sua declividade e passam a apresentar alguns trechos
descendentes (o valor de R diminui com o aumento de “1-Δe/Δemáx”).
3) Continuando o aumento da tensão de pré-adensamento arbitrada atinge-se um
valor a partir do qual as “curvas de simetria” apresentam-se totalmente descendentes e
valores arbitrados de σ’vm maiores que este geram “curvas de simetria”
aproximadamente paralelas e com valores de R cada vez menores.
78
4) Observa-se que a “curva de simetria” correspondente ao valor da tensão de
pré-adensamento real é a primeiro que, no processo de aumento dos valores arbitrados
de σ’vm, apresenta-se totalmente descendente, ou seja, sem nenhum trecho ascendente
ou horizontal, salvo pequenas oscilações entre pontos próximos da curva.
A análise das “curvas de simetria” apresentadas mostra que, para o caso
estudado, este foi um critério que apresentou boa repetibilidade. Entretanto, é
importante ressaltar que este resultado foi obtido a partir de corpos de prova totalmente
remoldados e oriundos de amostras da argila de Santos, não sendo necessariamente o
comportamento que será apresentado por amostras parcialmente perturbadas e/ou de
origens distintas, como poderá ser observado em seguida para os ensaios realizados com
a argila do Sarapuí.
Nas figuras 4.15 a 4.19 a seguir são apresentados num mesmo gráfico para cada
amostra:
a) as curvas de compressibilidade dos ensaios de qualidade “Regular” a
“Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007),
b) a curva de compressibilidade do corpo de prova remoldado e
c) a curva estimada pelo método de Schmertmann a partir do conhecimento do
valor da tensão de pré-adensamento real.
79
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,901 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 3A
ensaio 3B
ensaio 3C
ensaio 3D (corpo deprova remoldado)ensaio 3E
ensaio 3F
ensaio 3G
ensaio 3H
curva estimada
σ'vm = 111kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.15 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(3).
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,401 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 4A
ensaio 4B
ensaio 4C
ensaio 4D (corpo deprova remoldado)ensaio 4E
ensaio 4F
ensaio 4G
ensaio 4H
curva estimada
σ'vm = 153kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.16 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(4).
80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,301 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 5A
ensaio 5B
ensaio 5C
ensaio 5D (corpo deprova remoldado)ensaio 5E
ensaio 5F
ensaio 5H
curva estimada
σ'vm = 157kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.17 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(5).
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,801 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 6A
ensaio 6B
ensaio 6C
ensaio 6D (corpo deprova remoldado)ensaio 6E
ensaio 6F
ensaio 6G
ensaio 6H
curva estimada
σ'vm = 179kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.18 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(6).
81
0,90
1,10
1,30
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,701 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio 7A
ensaio 7B
ensaio 7C
ensaio 7D (corpo deprova remoldado)ensaio 7E
ensaio 7F
ensaio 7G
ensaio 7H
curva estimada
σ'vm = 153kPaValor médio obtido dos ensaios de
qualidade "regular" a "excelente" de acordo com a classificação de
Coutinho (2007).
Figura 4.19 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada conhecendo o valor real de σ’vm, para a amostra SRA-203(7).
Ao realizar as comparações das curvas de compressibilidade “estimadas” com as
curvas “indeformadas” apresentadas nas figuras 4.15 a 4.19, deve-se ter em mente que
mais importante que a coincidência das curvas no espaço “σ’v x e”, é que as mesmas
sejam tais que para um mesmo incremento de tensão vertical efetiva obtenha-se uma
variação de índice de vazios semelhante, visto que no cálculo de recalques o que
importa são variações e não valores absolutos. Também se deve lembrar que na curva
estimada o trecho de compressão virgem é o que Schmertmann (1955) chamou de “reta
inicial de compressão virgem”, que tem a inclinação correspondente às tensões logo
superiores à de pré-adensamento.
Isso significa que, para fins práticos, a comparação dos resultados pode ser
realizada em termos de valores de σ’vm, Cr, Cc e Ce. No caso deste trabalho, em que a
curva de compressibilidade foi estimada já com base no valor conhecido de σ’vm, o
mesmo não entra na comparação, conforme é realizado na tabela 4.6 para todas as
amostras.
82
Tabela 4.6 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas “indeformadas” com os da curva estimada com σ’vm conhecida.
Amostra Cc Cr Ce
(1) (2) Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual
SRA-203(3) 0,75 1,25 +66% 0,12 0,06 -54% 0,05 0,06 +3% SRA-203(4) 1,78 1,81 +1% 0,16 0,15 -7% 0,14 0,15 +8% SRA-203(5) 1,53 1,62 +6% 0,17 0,11 -37% 0,11 0,11 0% SRA-203(6) 2,27 2,37 +4% 0,19 0,10 -47% 0,16 0,10 -35% SRA-203(7) 2,13 1,80 -16% 0,24 0,13 -45% 0,12 0,13 +14% (1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.2). (2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva “amolgada” pelo método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-adensamento das amostras indeformadas.
A análise dos dados da tabela 4.6, que podem ser visualizados nas figuras 4.15 a
4.19 já apresentadas, permite as seguintes conclusões:
1) A hipótese assumida por Schmertmann (1955) de que o índice de
descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela perturbação da mesma é
confirmada, uma vez que, para quatro das cinco amostras, os valores de Ce (obtidos dos
ensaios com corpos de prova indeformados) e Ce,amolg (obtidos dos ensaios com corpos
de prova remoldados) são praticamente iguais, e para a amostra SRA-203(6) a diferença
entre eles é de 35%.
2) A hipótese de que o índice de recompressão (Cr) e o índice de descompressão
(Ce) da amostra indeformada são praticamente iguais não se adequou tão bem aos
ensaios realizados. Para todas as amostras o Cr obtido foi superior ao Ce, sendo que em
duas amostras o Cr chega a ser o dobro do Ce. Mas é importante ressaltar que neste
trabalho o Ce foi obtido a partir de um trecho de descompressão relativamente curto
(descarregamento de 800 a 200kPa) enquanto nos ensaios apresentados por
Schmertmann este trecho é mais longo, o que certamente é uma das causas da diferença
encontrada.
Entretanto, deve-se ter em mente que devido ao Cr ter um valor pequeno em
relação ao Cc ( rc CC 10≅ ), pela ordem de grandeza dos erros encontrados nos valores
83
estimados de Cr, os mesmos tem pequena influência na aplicação do método de
Schmertmann (1955) e na própria prática da engenharia.
3) Com exceção da amostra SRA-203(3), o índice de compressão (Cc) das
amostras indeformadas apresentou uma boa concordância com os valores de Cc das
curvas estimadas (lembrando que a curva foi estimada com o valor de tensão de pré-
adensamento conhecido).
Pode-se concluir, para os ensaios apresentados, que o grande empecilho à
utilização do método proposto por Schmertmann (1955) consiste na determinação da
tensão de pré-adensamento a partir da curva “amolgada”, visto que, uma vez
determinado este valor, as curvas estimadas concordaram bem com as curvas
“indeformadas”.
4.2.3 Argila do Sarapuí
No caso da argila do Sarapuí se dispõe de duas amostras (extraídas das
profundidades de 5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m) para as quais foram realizados, além
dos ensaios edométricos com corpos de prova indeformados, dois ensaios com corpos
de prova remoldados (completamente amolgados) e outros dois ensaios com corpos de
prova “indeformados” de má qualidade (amolgados).
Com isso, para cada amostra, poderia-se aplicar o metódo de Schmertmann
(1955) aos dois ensaios com corpos de prova remoldados e aos dois ensaios com corpos
de prova de má qualidade. Entretanto, como pode ser observado nas figuras 3.12 e 3.13,
as curvas de compressibilidade dos seguintes pares de ensaios apresentam-se
razoalvemente semelhantes entre si: AV14-5 e AV16-5, AV13-5 e AV15-5, AV4-10 e
AV1-5, AV7-5 e AV6-10. Portanto, a aplicação do método de Schmertmann (1955) às
duas curvas de cada par seria desnecessária, não trazendo informações adicionais. Por
isso optou-se por aplicar o método apenas ao primeiro ensaio de cada um dos pares
apresentados acima.
Primeiramente são apresentados os resultados das estimativas da curva
indeformada a partir dos ensaios com corpos de prova remoldados, a saber: ensaio
AV14-5 para a amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m e ensaio AV13-5 para a amostra
da profundidade de 6,5 a 7,0m.
84
Nas figuras 4.20 e 4.22, para cada uma das duas amostras são apresentadas as
curvas de compressibilidade estimadas para valores arbitados de tensão de pré-
adensamento, bem como os respectivos “padrões de redução de índice de vazios”.
Nas figuras 4.21 e 4.23 são apresentados para cada uma das duas amostras as
“curvas de simetria” correspondentes aos “padrões de redução do índice de vazios”
apresentados nas figuras mencionadas no parágrafo anterior, além de “curvas de
simetria” para valores de σ’vm intermediários.
85
E(σ'v0=22kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,801 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"
(ensaio AV14-5)
Figura 4.20 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV14-5).
σ'vm=22kPa
σ'vm=30kPa
σ'vm=35kPa
σ'vm=40kPa
σ'vm=50kPa
σ'vm=60kPa
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 31kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
Figura 4.21 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV14-5).
86
E(σ'v0=25kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,401 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"
(ensaio AV13-5)
Figura 4.22 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV13-5).
σ'vm=25kPa
σ'vm=30kPa
σ'vm=35kPa
σ'vm=40kPa
σ'vm=50kPa
σ'vm=60kPa0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 36kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
Figura 4.23 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova completamente remoldado AV13-5).
87
E(σ'v0=22kPa)
i
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,801 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"
(ensaio AV4-10)
Figura 4.24 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV4-10).
σ'vm=25kPa
σ'vm=30kPa
σ'vm=35kPa
σ'vm=40kPa
σ'vm=50kPa
σ'vm=60kPa
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 31kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
Figura 4.25 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 5,5 a 6,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV4-10).
88
E(σ'v0=25kPa)
i
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,401 10 100 1000
índi
ce d
e va
zios
(e)
tensão vertical efetiva (σ'v)
PADRÃO DE REDUÇÃO DE e
curva"amolgada"
(ensaio AV7-5)
Figura 4.26 Curvas de compressibilidade estimadas e respectivos “padrões de redução do índice de vazios” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV7-5).
σ'vm=25kPa
σ'vm=30kPa
σ'vm=35kPa
σ'vm=40kPa
σ'vm=50kPa
σ'vm=60kPa
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
R
1 − Δe/Δemáx
σ'vm = 36kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados
Figura 4.27 “Curvas de simetria” da amostra da profundidade de 6,5 a 7,0m para diferentes valores arbitrados de σ’vm (estimativa a partir do corpo de prova “indeformado” de má qualidade AV7-5).
89
A análise das “curvas de simetria” obtidas a partir dos corpos de prova
completamente remoldados (AV14-5 e AV13-5) e dos corpos de prova “indeformados”
de má qualidade (AV4-10 e AV7-5) em conjunto dos valores das tensões de pré-
adensamento obtidas nos ensaios “indeformados” realizados com a argila de Sarapuí
permitem as seguintes observações:
1) Tanto para os corpos de prova totalmente remoldados quanto para os
“indeformados” de má qualidade as “curvas de simetria” não apresentaram o padrão de
comportamento observado para a argila de Santos ao se variar os valores arbitrados de
tensão de pré-adensamento.
2) Tanto para os corpos de prova totalmente remoldados quanto para os
“indeformados” de má qualidade não foi distinguido nenhum comportamento
característico das “curvas de simetria” para valores arbitrados de σ’vm próximos ao valor
real.
Apesar de no ensaio de má qualidade AV7-5 a “curva de simetria” para o valor
arbitrado de σ’vm próximo ao real (36kPa) ter apresentado valores de R próximos de 1
(simetria), para o ensaio AV4-10 a “curva de simetria” com valores de R próximos a 1
corresponde ao valor arbitrado de 40kPa para σ’vm, enquanto o valor real (média dos
ensaios “indeformados”) é de 31kPa.
3) Para as estimativas a partir dos corpos de prova “indeformados” de má
qualidade obtiveram-se “curvas de simetria” com valores de R maiores (chegando a
serem superiores a 1) e com menor variação que no caso dos corpos de prova totalmente
remoldados.
Esta análise mostra que para a argila do Sarapuí não foi possível propor um
critério de avaliação das “curvas de simetria” para estimativa da tensão de pré-
adensamento.
Talvez, para os ensaios “indeformados” de má qualidade, uma estimativa
razoável da tensão de pré-adensamento possa ser o valor arbitrado que no padrão de
simetria fornece valores de R próximos a 1, visto que este critério levou ao valor de σ’vm
correto para o ensaio AV7-5, e para o ensaio AV4-10 obteve-se um valor estimado de
90
σ’vm que, frente às incertezas envolvidas, não apresenta uma diferença tão grande em
relação ao valor real.
Nas figuras 4.28 a 4.31 a seguir são apresentados num mesmo gráfico para cada
um dos ensaios analisados:
a) as curvas de compressibilidade de ensaios com corpos de prova
“indeformados”,
b) a curva do corpo de prova a partir da qual foi realizada a estimativa e
c) a curva estimada pelo método de Schmertmann (1955) a partir do
conhecimento do valor da tensão de pré-adensamento real.
0,90
1,10
1,30
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
3,10
3,30
3,50
3,70
1 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio AV3-5
ensaio AV11-5
ensaio AV14-5(remoldado)
curva estimada
σ'vm = 31kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
Figura 4.28 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada a partir do ensaio “remoldado” (AV14-5), para a amostra de 5,5m a 6,0m de profundidade.
91
0,90
1,10
1,30
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
3,10
3,30
3,50
3,70
1 10 100 1000Ín
dice
de
vazi
os (e
)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio AV3-5
ensaio AV11-5
ensaio AV4-10(má qualidade)
curva estimada
σ'vm = 31kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
Figura 4.29 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “de má qualidade” e estimada a partir do ensaio “de má qualidade” (AV4-10), para a amostra de 5,5m a 6,0m de profundidade.
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,601 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio AV8-5
ensaio AV9-5
ensaio AV10-10
ensaio AV13-5(remoldado)curva estimada
σ'vm = 36kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
Figura 4.30 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “amolgada” e estimada a partir do ensaio “remoldado” (AV13-5), para a amostra de 6,5m a 7,0m de profundidade.
92
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,601 10 100 1000
Índi
ce d
e va
zios
(e)
Tensão vertical efetiva (σ'v) (kPa)
ensaio AV8-5
ensaio AV9-5
ensaio AV10-10
ensaio AV7-5 (máqualidade)curva estimada
σ'vm = 36kPaValor médio obtido dos ensaios com
corpos de prova indeformados.
Figura 4.31 Comparação entre as curvas de compressibilidade “indeformadas”, “de má qualidade” e estimada a partir do ensaio “de má qualidade” (AV7-5), para a amostra de 6,5m a 7,0m de profundidade.
Tabela 4.7 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas “indeformadas” com os da curva estimada a partir do ensaio com corpo de prova remoldado. Profun-
didade da
amostra
(m)
Cc Cr Ce
(1) (2) Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual
5,5 a 6,0 2,40 2,56 +7% 0,20 0,26 +33% 0,28 0,26 -7% 6,5 a 7,0 2,37 2,70 +14% 0,11 0,28 +160% 0,23 0,28 +22% 7,5 a 8,0 2,54 - - 0,13 - - 0,27 - -
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3). (2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva do ensaio com corpo de prova remoldado pelo método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-adensamento das amostras indeformadas.
93
Tabela 4.8 Comparação dos parâmetros de compressibilidade médios das curvas “indeformadas” com os da curva estimada a partir do ensaio com corpo de prova de má qualidade. Profun-
didade da
amostra
(m)
Cc Cr Ce
(1) (2) Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual (1) (2)
Diferença
percentual
5,5 a 6,0 2,40 2,13 -11% 0,20 0,23 +18% 0,28 0,23 -18% 6,5 a 7,0 2,37 2,13 -10% 0,11 0,21 +95% 0,23 0,21 -9% 7,5 a 8,0 2,54 - - 0,13 - - 0,27 - -
(1) Média dos ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” segundo a classificação de Coutinho (2007) (ver tabela 4.3). (2) Obtidos a partir da estimativa da curva “indeformada” a partir da curva do ensaio com corpo de prova de má qualidade pelo método de Schmertmann (1955), conhecida a tensão de pré-adensamento das amostras indeformadas.
A análise dos dados das tabelas 4.7 e 4.8, que podem ser visualizados nas figuras
4.28 a 4.31 já apresentadas, permite as seguintes conclusões:
1) Assim como para a argila de Santos, a hipótese assumida por Schmertmann
(1955) de que o índice de descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela
perturbação da mesma é confirmada, uma vez que, tanto para os ensaios “remoldados”
quanto para os de “má qualidade”, os valores de Ce (dos corpos de prova indeformados)
e Ce,amolg (dos corpos de prova amolgados) são praticamente os mesmos.
2) Assim como para a argila de Santos, a hipótese de que os índices de
recompressão (Cr) e descompressão (Ce) da amostra indeformada são praticamente
iguais não se adequou tão bem aos ensaios realizados. Mas diferentemente da argila de
Santos, para todas as três amostras do Sarapuí o Ce obtido foi superior ao Cr, sendo que
em duas amostras o Ce chega a ser o dobro do Cr.
3) O índice de compressão (Cc) das amostras indeformadas apresentaram uma
diferença em relação aos valores de Cc das curvas estimadas inferior a 15%, sendo que
os valores de Cc estimados a partir da amostra remoldada foram superiores aos da
94
amostra indeformada, e os estimados a partir da amostra de má qualidade foram
inferiores a estes últimos.
Na figura 4.32, a seguir, é apresentada uma comparação entre os valores
estimados de Cc (conhecido o valor de σ’vm) e os valores obtidos dos respectivos ensaios
“indeformados”, tanto para a argila do Sarapuí quanto para a de Santos.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Cc
estim
ado
Cc "indeformado"
Argila de SantosArgila do Sarapuí (amostras "remoldadas")Argila do Sarapuí (amostras de má qualidade)
Figura 4.32 Comparação entre os valores de Cc “indeformados” e estimados (conhecido o valor de σ’vm).
4.2.4 Conclusões sobre a avaliação do método de Schmertmann (1955)
A análise das tentativas de estimativa das curvas de compressibilidade
“indeformadas” a partir das “amolgadas” para as argilas de Santos e do Sarapuí
utilizando o método proposto por Schmertmann (1955) permitem as seguintes
conclusões gerais:
1) Encontrou-se dificuldade em estimar a tensão de pré-adensamento pela
análise da simetria do “padrão de redução do índice de vazios” devido à dificuldade de
95
avaliação da simetria de tal gráfico apenas de forma visual, o que impediu de se
continuar com a estratégia imaginada inicialmente de estimar as curvas de
compressibilidade a partir de ensaios amolgados e de compará-las com as curvas
“indeformadas”.
2) Criou-se a “curva de simetria” para tentar contornar a dificuldade exposta
acima de avaliação da simetria do “padrão de redução de índice de vazios”, e as mesmas
foram construídas a partir do conhecimento de σ’vm (obtidos dos ensaios com os corpos
de prova indeformados) para tentar observar algum padrão, de forma que se pudesse
estabelecer um critério para estimar σ’vm pela análise da “curva de simetria”.
3) Para a argila de Santos conseguiu-se estabelecer um critério do tipo
supracitado com boa repetibilidade.
4) Para a argila do Sarapuí o critério obtido para a argila de Santos não se
aplicou.
5) Para as estimativas a partir das amostras “indeformadas” de má qualidade do
Sarapuí, uma “curva de simetria” com valores de R próximos a 1 levou a valores
razoavelmente próximos de σ’vm.
6) A hipótese assumida por Schmertmann (1955) de que o índice de
descompressão (Ce) da amostra é pouco influenciado pela perturbação da mesma foi
confirmada tanto para a argila de Santos quanto para a de Sarapuí.
7) Para fins práticos, a hipótese de que os índices de recompressão (Cr) e
descompressão (Ce) da amostra indeformada são praticamente iguais aplicou-se
razoavelmente bem tanto para a argila de Santos quanto para a de Sarapuí.
8) As curvas estimadas a partir do valor conhecido de σ’vm apresentaram valores
de Cc próximos aos das amostras indeformadas, conforme pode ser visto na figura 4.32
e nas tabelas 4.6, 4.7 e 4.8. Então, uma vez estimado um valor de σ’vm próximo ao real,
a curva de compressão edométrica estimada apresenta bons resultados. Portanto, a
96
estimativa da tensão de pré-adensamento foi a principal dificuldade encontrada para
aplicação do método de Schmertmann (1955).
4.3 Avaliação da estimativa do índice de compressão de uma argila remoldada
(Cc, remold) a partir de seus valores de índice de plasticidade (IP) e densidade dos
grãos (G)
A proposta de Atikson & Bransby (1978) de estimativa do Cc de uma amostra
remoldada (Cc,remold) a partir de seu índice de plasticidade (IP) e da densidade de seus
grãos (G) é avalida neste trabalho para as argilas de Santos e do Sarapuí. O valor de Cc,remold de cada amostra é estimado a partir de seu IP e de G pela
equação 2.9, reproduzida abaixo, e o resultado é comparado com o Cc obtido do ensaio
de compressão edométrica realizado com o corpo de prova remoldado da mesma
amostra.
2,IPGC remoldc
⋅=
Para a argila de Santos foram realizados ensaios edométricos com corpos de
prova remoldados apenas das amostras SRA-203(3) a SRA-203(7). Para a argila do
Sarapuí estes ensaios foram realizados apenas com as amostras das profundidades de
5,5m a 6,0m e de 6,5m a 7,0m.
A tabela 4.9 e o gráfico da figura 4.33 resumem os resultados encontrados.
97
Tabela 4.9 Comparação entre os valores do Cc,remold estimados pela proposta de Atikson & Bransby (1978) e obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados.
Origem da
amostra Amostra IP
(%) G Ensaio
com corpo de prova
remoldado
Cc,remold Obtido do ensaio com
corpo de prova
remoldado
Esti-mado a
partir de IP e de G
Dife-rença
percen-tual
Santos
SRA-203(3) 45 2,64 3D 0,67 0,59 -11% 45 2,63 0,59 -12%
SRA-203(4) 69 2,60 4D 0,90 0,90 0% 70 2,60 0,91 +1%
SRA-203(5) 77 2,62 5D 0,66 1,01 +53% 81 2,65 1,07 +63%
SRA-203(6) 82 2,53 6D 1,17 1,04 -11% SRA-203(7) 80 2,55 7D 0,95 1,02 +7%
Sarapuí
prof. 5,5m a 6,0m
90 2,51
AV14-5 1,07
1,13
+6% AV16-5 1,16 -3%
prof. 6,5m a 7,0m
AV13-5 0,96 +18% AV15-5 1,07 +6%
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
IP.G
/ 2
Cc,remold
SANTOS
SARAPUÍ
Figura 4.33 Comparação entre os valores do Cc,remold estimados pela proposta de Atikson & Bransby (1978) e obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados.
98
Pode-se observar que os valores de Cc,remold estimados pela proposta de Atikson
& Bransby apresentaram uma notável concordância com os valores obtidos dos ensaios
de compressão edométrica com corpos de prova remoldados. Embora o número de
amostras avalidas seja pequeno, os resultados encontrados chamam a atenção.
Uma estimativa do Cc,remold de uma amostra a partir de seu IP e de G, parâmetros
obtidos de ensaios amplamente realizados, seria útil na avaliação da qualidade de
amostras de argila mole, uma vez que quanto mais amolgada for a amostra, mais o seu
Cc se aproximará do Cc,remold. Com este intuito foi realizada uma verificação da relação
entre a sensibilidade do índice de compressão (Cc) ao amolgamento da amostra e seu
índice de plasticidade (IP). A sensibilidade do índice de compressão ao amolgamento é
quantificada pela razão entre o Cc da amostra indeformada e o Cc da amostra remoldada
(Cc,remold), ou seja, quanto maior for esta razão mais o índice de compressão da amostra
é influenciado pelo seu amolgamento.
Espera-se que o índice de compressão da amostra remoldada (Cc,remold) seja o
menor valor de Cc que a amostra pode apresentar, pois este é o estado mais perturbado
(amolgado) em que a mesma pode se encontrar. Desta forma, espera-se que o valor
mínimo da razão Cc/Cc,remold seja igual a 1.
Na tabela 4.10 são apresentados os valores e na figura 4.34 é apresentada a
plotagem “IP x Cc/Cc,remold” para os ensaios de compressão edométrica realizados com
as argilas de Santos e do Sarapuí, sendo que foram utilizados apenas os valores de Cc
obtidos em ensaios classificados como de qualidade “Regular” a “Excelente” de acordo
a classificação de Coutinho (2007) (ver tabelas 4.2 e 4.3).
99
Tabela 4.10 Relação entre a sensibilidade do Cc da argila ao amolgamento e seu IP. Origem
da amostra
Amostra IP (%)
Ensaios com corpos de prova indeformados
Ensaios com corpos de prova remoldados
remoldc
c
CC
,
Ensaio Cc
Corpo de prova Cc,remold
Santos
SRA-203(3)
45 3A 0,80
3D 0,67
1,193B 0,86 1,283C 0,66 0,99
45
3E 0,78 1,163F 0,72 1,073G 0,77 1,153H 0,69 1,03
SRA-203(4)
69 4A 1,91
4D 0,90
2,124B 1,73 1,924C 1,89 2,10
70
4E 1,72 1,914F 1,69 1,884G 1,69 1,884H 1,86 2,07
SRA-203(5)
77 5A 1,56
5D 0,66
2,365B 1,53 2,325C 1,42 2,15
81 5F 1,56 2,365G 1,28 1,945H 1,44 2,18
SRA-203(6) 82
6A 2,22
6D 1,17
1,906B 2,18 1,866C 2,37 2,036E 2,23 1,916F 2,35 2,016G 1,93 1,656H 2,44 2,09
SRA-203(7)
80 7A 2,06
7D 0,95
2,177B 1,96 2,067C 1,73 1,82
80
7E 2,29 2,417F 2,24 2,367G 2,27 2,397H 2,39 2,52
Sarapuí
prof. 5,5m a 6,0m
90
AV2-10 2,36 AV14-5 1,07 2,21AV16-5 1,16 2,03
AV3-5 2,50 AV14-5 1,07 2,34AV16-5 1,16 2,16
AV11-5 2,36 AV14-5 1,07 2,21AV16-5 1,16 2,03
AV12-10 2,36 AV14-5 1,07 2,21AV16-5 1,16 2,03
prof. 6,5m a 7,0m
AV5-10 2,26 AV13-5 0,96 2,35AV15-5 1,07 2,11
AV8-5 2,40 AV13-5 0,96 2,50AV15-5 1,07 2,24
AV9-5 2,40 AV13-5 0,96 2,50AV15-5 1,07 2,24
AV10-10 2,40 AV13-5 0,96 2,50AV15-5 1,07 2,24
100
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Cc
/ Cc,
rem
old
IP (%)
SANTOSSARAPUÍ
Limite inferior para razão Cc/Cc,remold
Figura 4.34 Relação entre a sensibilidade do índice de compressão (Cc) ao amolgamento da amostra e seu índice de plasticidade (IP).
No gráfico da figura 4.34 observa-se uma clara tendência de aumento da razão
Cc/Cc,remold da amostra com o aumento de seu índice de plasticidade (IP).
Este resultado pode ser interpretado pela relação existente entre a estruturação de
uma argila e seus valores de IP e Cc.
O índice de plasticidade (IP) é influenciado pelo nível de estruturação da argila.
Quanto mais estruturada é uma argila, mais ampla é a faixa de teores de umidade para a
qual a mesma tem capacidade de se encontrar em estado plástico, ou seja, maior é o seu
índice de plasticidade (IP).
Uma argila mais estruturada tende a apresentar maior compressibilidade,
resultando num maior valor de Cc.
Quando a amostra é remoldada ela perde a sua estrutura. Portanto, esta perda é
tão mais acentuada quanto maior for a estruturação que a amostra apresenta quando
indeformada e, consequentemente, quanto maior for o seu IP.
101
4.4 Verificação das propostas de correlação entre o índice de compressão (Cc) e o
teor de umidade natural (w) de argilas moles
Nas tabela 4.11 e 4.12 são apresentados os valores e no gráfico da figura 4.35 é
apresentada a plotagem “Cc vs. w” para os ensaios de compressão edométrica realizados
tanto com amostras “indeformadas” quanto com amostras remoldadas das argilas de
Santos e do Sarapuí.
No mesmo gráfico são apresentadas as retas que representam as correlações
propostas por Almeida et al. (2008) e Martins et al. (2009).
Tabela 4.11a Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da argila de Santos.
Qualidade do corpo de prova Ensaio Cc w (%)
“Indeformados” de qualidade “Excelente” a
“Regular”
1A 0,48 48,51B 0,46 50,8 1C 0,51 51,3 1D 0,57 51,3 3A 0,80 57,13B 0,86 65,1 3C 0,66 59,5 3E 0,78 54,6 3F 0,72 54,8 3G 0,77 53,9 3H 0,69 51,4 4A 1,91 85,84B 1,73 87,7 4C 1,89 83,3 4E 1,72 85,5 4F 1,69 83,1 4G 1,69 82,6 4H 1,86 86,2 5A 1,56 77,75B 1,53 78,6 5C 1,42 80,2 5E 1,64 82,8 5F 1,56 82,2 5H 1,44 81,0 6A 2,22 100,16B 2,18 101,5 6C 2,37 105,9 6E 2,23 95,6 6F 2,35 97,9 6G 1,93 93,0 6H 2,44 98,0
102
Tabela 4.11b Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da argila de Santos.
Qualidade do corpo de prova Ensaio Cc w (%)
“Indeformados” de qualidade “Excelente” a
“Regular”
7A 2,06 90,67B 1,96 95,87C 1,73 84,1 7E 2,29 100,07F 2,24 95,77G 2,27 96,5 7H 2,39 99,68A 1,67 83,58B 1,54 84,1 8C 1,76 79,58D 1,76 82,78E 1,82 81,2 8F 1,85 83,49A 1,41 74,49B 1,46 77,2 9C 1,46 76,89D 1,50 75,59E 1,63 75,8 9F 1,41 74,9
10A 1,80 70,410B 1,86 74,7 10C 1,87 79,810E 1,60 74,6
“Indeformados”
de qualidade
“Pobre”
5G 1,28 84,910D 1,61 75,110F 1,70 72,7 11A 0,30 36,411B 0,31 36,7
Remoldados
(completamente
amolgados)
3D 0,67 66,54D 0,90 86,6 5D 0,66 79,4* 6D 1,17 100,7 7D 0,95 84,2
* Tomada como a média das umidades dos corpos de prova dos ensaios 5B e 5C.
103
Tabela 4.12 Índice de compressão (Cc) e teor de umidade (w) dos corpos de prova da argila de Sarapuí.
Qualidade do corpo de prova Ensaio Cc w (%)
“Indeformados” de boa
qualidade
AV2-10 2,36 149,3AV3-5 2,50 148,4AV11-5 2,36 138,5AV12-10 2,36 148,9AV5-10 2,26 137,0AV8-5 2,40 129,2AV9-5 2,40 131,5
AV10-10 2,40 137,4AV17-5 2,39 131,6AV18-5 2,75 132,1AV19-5 2,47 131,0
“Indeformados” de má
qualidade (amolgados)
AV1-5 1,49 149,6AV4-10 1,33 144,5AV6-10 1,17 143,7AV7-5 1,15 133,7
Remoldados (completamente
amolgados)
AV14-5 1,07 142,8AV16-5 1,16 144,7AV13-5 0,96 133,5AV15-5 1,07 134,6
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
0 50 100 150 200
Índi
ce d
e co
mpr
essã
o, C
c
Teor de umidade natural , w (%)
SANTOS - Amostras indeformadasSANTOS - Amostras de má qualidadeSANTOS - Amostras remoldadasSARAPUÍ - Amostras indeformadasSARAPUÍ - Amostras de má qualidadeSARAPUÍ - Amostras remoldadasAlmeida et al. (2008)Martins et al. (2008)
Figura 4.35 Gráfico “Cc x w” para as argilas de Santos e do Sarapuí, e propostas de Almeida et al. (2008) e Martins et al. (2009).
104
Vale ressaltar que as duas propostas apresentadas no item 2.6 da revisão
bibliográfica e na figura 4.35 são para estimativa do Cc da amostra indeformada. Os
resultados dos ensaios edométricos realizados com amostras remoldadas e
“indeformadas” de má qualidade foram apresentados apenas com o intuito de mostrar a
influência que o amolgamento das amostras poderia acarretar nesta correlação.
A análise dos resultados apresentados permite as seguintes conclusões:
1) Pelas próprias equações das duas propostas, observa-se que a diferença
relativa entre as duas é mais acentuada para teores de umidade baixos, diminuindo com
o aumento da umidade. Para a faixa de valores de umidade analisada neste trabalho
(entre 35% e 150%) essa diferença varia de 100% a 20% entre os valores de Cc
estimados pelas duas equações.
2) Para as amostras com menor teor de umidade (menor que 70%),
correspondente às amostras mais arenosas, a proposta de Almeida et al. (2008) se
adapta melhor aos resultados.
3) Para as amostras com teor de umidade superior a 70% a proposta de Martins
et al. (2009) se adapta melhor aos resultados, sendo que a grande maioria dos valores de
Cc obtidos experimentalmente são superiores aos valores estimados
4) Os resultados dos ensaios realizados com amostras remoldadas e
“indeformadas” de má qualidade da argila de Santos se aproximaram mais da correlação
proposta por Almeita et al. (2008).
105
5 CONCLUSÕES
1) Encontrou-se dificuldade na aplicação do método de Schmertmann (1955) na
etapa de estimativa da tensão de pré-adensamento da amostra. Quando o método foi
aplicado com a tensão de pré-adensamento conhecida, os demais parâmetros de
compressibilidade obtidos pelo mesmo se ajustaram bem aos obtidos em ensaios com
corpos de prova indeformados. Portanto, o entrave à aplicação do método residiu na
estimativa da tensão de pré-adensamento a partir do ensaio “amolgado”.
Para estimativa de σ’vm pela avaliação da simetria do “padrão de redução do
índice de vazios”, foi proposta a utilização da “curva de simetria”. Para as amostras
remoldadas da argila de Santos a “curva de simetria” apresentou um comportamento
característico para valores arbitrados de σ’vm próximos ao real. Para as amostras de má-
qualidade da argila do Sarapuí observou-se outro comportamento da “curva de
simetria”, diferente daquele observado nas amostras remoldadas da argila de Santos. Já
para as amostras remoldadas da argila do Sarapuí não se observou corportamento
característico algum.
2) A aplicação da proposta de Atkinson & Bransby (1978) para estimativa do
índice de compressão da amostra remoldada (Cc,remold) a partir de seu índice de
plasticidade (IP) e da densidade dos grãos (G), resultou em valores próximos aos
obtidos de ensaios com corpos de prova remoldados das amostras analisadas.
3) A correlação obtida entre a razão remoldc
c
CC
,
e o IP das amostras analisadas
mostrou uma clara tendência de aumento da sensibilidade do Cc ao amolgamento com o
aumento do índice de plasticidade da amostra.
4) Na estimativa do Cc a partir do teor de umidade natural (w) das amostras, a
correlação proposta por Almeida et al. (2008) se adaptou melhor às amostras mais
arenosas (com teor de umidade inferior a 70%), enquanto a correlação proposta por
Martins et al. (2009) se adaptou melhor às amostras mais argilosas (com teor de
umidade superior a 70%). Para as amostras mais argilosas, a maioria dos valores de Cc
encontrados foram, em geral, superiores aos que seriam obtidos pela correlação de
Martins et al.
106
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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