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AVALIAÇÃO DE ISCAS CONTENDO INGREDIENTES ATIVOS DE AÇÕES RAPIDAS E LENTAS PARA O CONTROLE DE Monomorium pharaonis ITAMAR CRISTINA REISS Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro - UNESP como requisito para obtenção do título de Especialista, do Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática. RIO CLARO Estado de São Paulo 2008

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AVALIAÇÃO DE ISCAS CONTENDO INGREDIENTES ATIVOS DE AÇÕES

RAPIDAS E LENTAS PARA O CONTROLE DE Monomorium pharaonis

ITAMAR CRISTINA REISS

Monografia apresentada ao

Instituto de Biociências de

Rio Claro - UNESP como

requisito para obtenção do

título de Especialista, do

Curso de Entomologia

Urbana: Teoria e Prática.

RIO CLARO

Estado de São Paulo

2008

AVALIAÇÃO DE ISCAS CONTENDO INGREDIENTES ATIVOS DE AÇÕES

RAPIDAS E LENTAS PARA O CONTROLE DE Monomorium pharaonis

ITAMAR CRISTINA REISS

Orientador: Prof. Dr. Odair Correa Bueno

Monografia apresentada ao

Instituto de Biociências de

Rio Claro - UNESP como

requisito para obtenção do

título de Especialista, do

Curso de Entomologia

Urbana: Teoria e Pratica.

RIO CLARO

Estado de São Paulo

2008

Índice

1. RESUMO 1

2. ABSTRAT 2

3. INTRODUÇÃO 3

4. REVISÃO DE LITERATURA 5

4.1 Ingredientes ativos 6

5. MATERIAL E METODO 8

5.1 Manutenção das colônias 8

5.2 Preparação das iscas 9

5.3 Bioensaio 9

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 12

6.1 Nitenpyram 12

6.2 Hidrametilona 12

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 18

8. CONCLUSÃO 21

9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 22

Agradeço primeiramente a Deus pela vida. Ao amigo, Professor Odair Correa Bueno, pela orientação, pela paciência e confiança que sempre depositou em mim.

Ao Professor Osmar Malaspina por sempre me incentivar. A Fabiana Correa Bueno pela ajuda.

Novamente ao Odair Correa Bueno, Osmar Malaspina e Fabiana Correa Bueno pela oportunidade de realizar esse curso.

Aos amigos do laboratório: meninas e meninos em especial a Marcela Ceccato pela dedicação nas avaliações em minha ausência.

A Sandra Verza da Silva e Eduardo Diniz pelos últimos detalhes da monografia. A Maria Fernanda Zarzuela pela ajuda na apresentação do meu projeto.

A Olívia Maria Costa de Souza e Silva por escutar meus lamentos e você Necis Miranda de Lima “minha secretária predileta” que sempre me

incentivou a concluir o curso e me mostrar o quanto ele era importante para mim, nos meus momentos fracos e a grande ajuda para concluir a manografia, ,Obrigada.

Aos colegas de sala pelo companheirismo no decorrer do curso. Ao Helio de Mello Sobrinho (moadin), pela paciência, hospedagem, proteção e carinho. A minha Mãe Maria da Graça por tudo e pela compreensão em todos os momentos.

A minha família: meu pai, meus irmãos, meus primos, meu sobrinho e meus amigos pela companhia e compreensão..

Obrigada!

Aos amigos e colegas do CEIS que fazem e fizeram parte de mim, pelo apoio, pelo incentivo e pelo carinho, dedico.

1

1.RESUMO

As formigas Monomorium pharaonis são comuns em áreas urbanas e são difíceis de

ser controladas, pois são altamente dominantes sobre outras espécies e realizam

crescimento rápido da colônia. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a

toxicidade de dois ingredientes ativos nitenpyram e hidrametilnona incorporada em

iscas no controle de M. pharaonis. Os bioensaios foram realizados em laboratório,

com duração de 9 semanas e 13 semanas, respectivamente. Durante o teste cada

ninho passava por uma avaliação geral, uma vez por semana, sendo analisados nove

itens, e três vezes por semana foram feitas avaliações de atratividade da isca após

duas horas e quarenta e oito horas do oferecimento. O ingrediente ativo que

apresentou eficiência no controle de M. phaaonis foi hidrametilnona. A isca

contendo o ingrediente ativo nitenpyram apresentou uma atratividade baixa e as

avaliações gerais feitas nas colônias durante nove semanas não apresentaram redução

significativa quando comparada com o controle.

2

2. ABSTRACT

The ants Monomorium pharaonis, are common in urban areas, are difficult to be

controlled because it is highly dominant on other species and perform rapid growth

of colony. This study aimed to test two active ingredients nitenpyram and

hidrametilnona incorporated into baits attractive in control of M. pharaonis.

Bioassays were conducted in the laboratory, with duration of 9 weeks and 13 weeks,

respectively. During the test each nest was through a general assessment once a

week, nine items being evaluated, and three times a week was made assessments of

attractiveness of bait after two hours and forty-eight hours of the offer. The active

ingredient which made efficiency in control of M. phaaonis was hidrametilnona. The

active ingredient nitenpyram presented a low attractiveness and the general

assessments made during nine weeks in the colony showed no significant reduction

when compared with the control.

3

3. INTRODUÇÃO

Por muito tempo vem sendo constatado que as formigas causam incômodos

na sociedade urbana. Elas são insetos sociais e estão distribuídas por quase todo o

ambiente terrestre. O comportamento social desses insetos favorece na busca de

alimentos, na defesa contra predadores, cuidado com a prole e fundação de novas

colônias. Uma colônia de formigas é formada de indivíduos adultos e crias: ovo,

larvas e pupas. Todos os adultos permanentes são fêmeas, sendo ou rainhas ou

operárias e pelo menos uma vez por ano aparecem as formas aladas correspondem

aos sexuais rainhas e machos. As colônias também podem ser monogínica ou

poligínica (BUENO & CAMPOS FARINHA 1998).

Alguns fatores favorecem as formigas se tornarem pragas, como as alterações

que o próprio homem provoca no meio ambiente, com o excesso de urbanização,

tráfico de mercadorias e o uso freqüente de inseticidas.

Dentre as formigas urbanas uma que se destaca é a Monomorium pharaonis,

espécie exótica de origem na África tropical. Sua coloração é marrom claro, seu

corpo é todo finamente pontuado com exceção do gaster e fazem ninhos em diversos

locais, podendo infestar aparelho eletrônico. É a mais importante praga na Europa.

(SANTOS et al., 2003).

Devido as infestações serem constantes, a dificuldades na localização dos

ninhos, a presença de vários ninhos em uma mesma área, a obtenção de resultados

satisfatórios no seu controle necessita da combinação de estratégias de controle,

porém deve-se limitar ao máximo o tratamento com inseticidas (BUENO, 1997).

A forma de controle de formigas mais indicada é o uso de iscas tóxicas, que

devem apresentar as seguintes características: ser atrativa para varias espécies de

formigas, ter ação lenta, ser distribuída amplamente pela colônia, apresentar baixa

toxidade, permanecer ativa em condições adversas e conter um ingrediente ativo

biodegradável (ETHERIDGE e PHILIPS, 1976; FORTI et al, 1993; BUENO e

CAMPOS FARINHA, 1999).

4

Vários ingredientes ativos têm sido utilizados na confecção de iscas para o

controle de formigas urbanas. Entre eles alguns são altamente tóxicos e também são

usados para controle de outros insetos, outros são de ação lenta, como por exemplo,

se destacam Nitenpyram e Hidrametilnona.

O Nitenpyram tem sido utilizado no controle de pulgas. Ele age nos

neurotransmissores do sistema nervoso, atuando no bloqueio dos receptores

nicotínicos da acetilcolina, provocando paralisia e morte, não interferindo com a

acetiolinesterase (BALDANI et al., 1999).

A Hidrametilnona inibe o consumo de oxigênio dos insetos atuando no

transporte de elétrons no interior das mitocôndrias. É altamente tóxico para espécies

de insetos cujo modo de ação seja resultante de ingestão, mas são relativamente não

tóxico para insetos com outros modos de alimentação ou onde a exposição esta

limitada ao contato cuticular (HOLLINGSHAUS, 1978).

Segundo JACOB (1999) embora a metodologia proposta por STRINGER et

al. (1964) permita realizar avaliação de um grande número de substâncias químicas

com potencial de ação retardada para grupos isolados de operárias, condição

importante para a tecnologia de isca, os resultados obtidos para colônias de M.

pharaonis evidenciam a necessidade da análise de outras características direcionadas

à colônia como um todo. Assim, também é importante avaliar a repelência do

ingrediente ativo, tanto por odores que causem esse efeito como pela alta mortalidade

inicial de operárias. Deve ser levada em consideração a toxicidade das substâncias

para as formas jovens, principalmente para as larvas, uma vez que esses indivíduos

são fundamentais na manutenção da colônia, participando ativamente do seu ciclo

alimentar. Também é importante avaliar o veículo utilizado para incorporação do

ingrediente ativo nos demais componentes da isca.

Desta forma, objetivou-se no presente trabalho analisar a atratividade e

toxidade dos ingredientes ativos Nitenpyram e Hidrametilnona no controle de

colônias M. pharaonis em condições laboratoriais.

5

4. REVISÃO DE LITERATURA

As formigas são insetos sociais pertencentes a Família Formicidae da Ordem

Hymenoptera e ocorrem em quase todas as regiões do mundo e de maneira geral tem

sua importância por tornar a Terra mais habitável para o homem (HERRICK, 1926).

Elas são benéficas porque agem como importantes agentes revolvedores de

solo, na decomposição de substâncias orgânicas e algumas espécies são predadoras

úteis na agricultura, ao utilizar como fonte de alimento outros insetos prejudiciais às

plantações. Certas espécies infestam residências ou apartamentos, atacam alimento,

podem danificar roupas, remover proteção de cabos telefônicos e fios elétricos,

gerando assim um grande incomodo ao homem são um perigo na saúde publica, pois

suas picadas e mordidas podem provocar choque anafilático ao homem dependendo

do grau de alergia da pessoa que foi atacada e por terem a capacidade de transportar

microorganismo patogênicos (BUENO et al. 1994).

Suas colônias podem ser formadas por milhares de indivíduos adultos, as

formas aladas que podem ser fêmeas, que poderão ou não transformar em rainhas e

os machos, as formas ápteras operarias são fêmeas estéreis. A cria, pupas, larvas e

ovos, também são indivíduos importantes da colônia. A maioria dos ninhos está

localizada no chão, tanto superficial como subterrâneo. Eles podem ser

monodômicos, cuja colônia se instala num ninho compacto ou polidômicos, quando

vários ninhos são interligados, cada um com uma ou mais rainhas, podem ser

também unicoloniais quando não apresentam agressividade entre indivíduos de

diferentes ninhos (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999).

As formigas podem coletar alimentos sólidos ou líquidos para manutenção da

colônia. Quando sólidos, são transportado pelas operarias, armazenados no interior

do ninho ou oferecido para as larvas que possuem enzimas especiais para digeri-lo.

Uma vez digerido, ele se torna liquido e é devolvido às operarias que ingerem ou

passam para outras operarias ou rainhas. Quando líquido ele é ingerido pelas

operarias e armazenado no papo. Ao chegar no interior do ninho, elas regurgitam o

6

alimento líquido para as outras operarias, para as larvas e rainhas (BUENO &

BUENO, 2007)·.

A espécie Monomorium pharaonis é considerada o inseto de maior

importância sanitária na Europa Central, podendo atuar como vetor de infecções

hospitalares (EICHLER, 1978). Suas operarias são monomórficas, com cores

variando do amarelado ao marrom claro, medindo de 1,2 a 2,0 mm. Ela foi

introduzida em varias regiões do mundo através do transporte se tornando uma

espécie importante nos centros urbanos. Sua preferência alimentar é por alimentos

ricos em gordura e também substâncias doces (CAMPOS-FARINHA et al, 1997).

Os métodos de controle de inseto em geral, quando utilizado nas formigas,

têm apresentado resultados parciais ou temporários. A forma com maior

probabilidade de controlar as complexas colônias das formigas é através de iscas

(YAMANE, 2007).

4.1 Ingredientes ativos

Nitenpyram

Grupo químico: neonicotinóides

Formula molecular: C11H15CIN4O2

Formula estrutural

Modo de ação: age nos neurotransmissores do sistema nervoso atuando no bloqueio

dos receptores nicotínicos da acetilcolina, provocando sua paralisia e morte.

7

Hidrametilnona

Nome químico: 5,5-dimethylperhydropyrimidin-2-one4-trifluoromethyl-α-(4-

trifluoromethylstyryl)

Grupo químico: Amidinohidrazona

Fórmula molecular: C25H24F6N4

Fórmula estrutural

Modo de ação: O inseticida hidrametilnona inibe o consumo de oxigênio dos insetos

atuando no transporte de elétrons no interior das mitocôndrias. É altamente tóxico

para espécies de insetos cujo modo de ação seja resultante de ingestão, mas são

relativamente não tóxico para insetos com outros modos de alimentação ou onde a

exposição esta limitada ao contato cuticular. Nenhum sintoma de intoxicação é

observado dentro de 24 horas após a ingestão mas, depois disso uma diminuição na

alimentação e letergia geral torna-se evidentes. A maioria dos insetos afetados fica

moribundo dentro de 72 a 96 horas, mas a morte só acontece alguns dias depois

(HOLLINGSHAUS, 1978). Ele é um inibidor de elétrons do sitio II, um dos passos

que participam da formação do ATP, do complexo do citocromo b-c1 (PERRY et

al,1997). A inibição do sistema de transporte de elétrons bloqueia a produção no

consumo de oxigênio pelas mitocôndrias. A interrupção do metabolismo de energia e

subseqüente perda de ATP resultam em uma toxidade lenta, e os efeitos causados por

este composto incluem inatividade, paralisia e finalmente a morte (BLOOMQUIST,

2000).

8

5. OBJETIVOS

O objetivo do trabalho foi analisar a atratividade e toxidade de diferentes

ingredientes ativos, um de ação rapida nitenpyram e outro de ação lenta

hidrametilnona no controle de colônias de Monomorium pharaonis .

9

6. MATERIAL E MÉTODOS

6.1. Manutenção das colônias

As colônias de M. pharaonis foram coletadas em prédios urbanos,

transferidas para ninhos artificiais e mantidas em condições de laboratório no Centro

de Estudo de Insetos Sociais do Instituto de Biociências da UNESP de Rio Claro.

Uma unidade de criação era constituída de dois azulejos sobrepostos (5cm de

diâmetro e 1 cm de profundidade). O azulejo inferior tinha uma área de formato

retangular delimitada com palitos de madeira, para o estabelecimento da colônia

(Figura 1 a).

As unidades de criação estavam repletas de operárias adultas (2 a 3 mil),

rainhas (aproximadamente 25 por colônias) e crias (ovos, larvas e pupas). Elas foram

depositadas em estantes de ferro, composta por 5 andares isolados uns dos outros por

uma mistura de vaselina sólida e óleo infantil na proporção de 3: 1. (Figura 1 b). Esse

procedimento delimitou a área de forrageamento de cada nível, evitando assim, que

as operárias de um tratamento invadissem o outro.

Esse conjunto foi mantido em sala climatizada com temperatura entre 25º e

28º C e abastecidas três vezes por semana com larvas de Tenebrio molitor

(Coleóptera: Tenebrionidae), solução de mel 70% e água.

10

Figura1. A Unidade de criação, B Estante com unidades de criação, cada prateleira representava um tratamento.

6.2 Preparação das iscas

Para haver boa aceitação das iscas pelas formigas, os ingredientes ativos

foram incorporados em substratos atrativos. O Nitnpyram foi incorporado em uma

mistura de mel e água por apresentar solubilidade em água. O segundo

Hidrametilnona foi incorporado em um substrato sólido composto de carboidratos e

farinha animal, pois o ativo não apresenta solubilidade em água.

O ingrediente ativo Nitenpyram foi incorporado nas concentrações de 0,1%,

0,5% e 1% e num segundo ensaio nas concentrações de 0,0001%, 0,001% e 0,01%.

A Hidrametilnona foi analisada nas concentrações 0,25%, 0,5% e 0,75%.

O ensaio Nitenpyram teve como controle a solução mel e água sem o ativo

mais Tenebrio molitor durante todo experimento, enquanto o outro tratamento tinha

como controle a isca sólida sem ativo mais uma solução de mel e água durante uma

semana, depois passou a receber alimentação normal todo experimento.

6.3 Bioensaios

Foram utilizadas 20 colônias para cada ingrediente ativo. O primeiro

ingrediente ativo a ser utilizado foi o Nitenpyram com 4 tratamentos: I controle- isca

sem ativo, tratamento II isca 0,1%, tratamento III isca 0,5% e tratamento IV isca 1%.

Como a atratividade foi extremamente baixa as concentrações foram reduzidas para:

0,0001%, 0,001% e 0,01%.

11

Todos os tratamentos receberam além da isca o Tenebrio molitor, até o final

do experimento.

No bioensaio com a Hidrametilnona, também foram realizados 4

tratamentos: I controle isca sem ativo, tratamento II isca com 0,25%, tratamento III

isca com 0,50% e tratamento IV isca com 0,75%. Além da isca todos os tratamentos

receberam solução 70% de mel.

O oferecimento de iscas foi realizado somente na primeira semana de teste e

após isso voltou alimentação normal com T. molitor até o final do experimento.

Nas 48 horas que antecederam o inicio do teste, as colônias ficaram sem

receber qualquer alimento, exceto água. Após esse período, as iscas foram oferecidas

em igual quantidade mais ou menos 0,5g para todos os grupos, no horário de grande

atividade de forrageio das operárias, ou seja, próximo às 14 horas.

Na primeira semana de tratamento as iscas foram renovadas três vezes, a

atratividade da isca foi avaliada sempre entre duas a três horas após seu

oferecimento, utilizando a seguinte quantificação:

0 – quando não houver nenhuma formiga na isca;

1 – quando houver até 10 formigas na isca;

2 – quando houver de 11 a 50 formigas na isca;

3 – quando houver mais de 50 formigas na isca;

4 – quando as formigas tiverem levado toda isca.

Alem da atratividade da isca, também foram avaliados, semanalmente,

quantidade de cria (ovo, larva e pupa), o aparecimento de formas aladas, o numero de

rainhas mortas e as condições gerais da colônia.

Para analise da quantidade de cria foi utilizada a seguinte escala de

quantificação:

0 – ausência de cria;

1 – pouca cria;

2 – quantidade regular de cria;

3 – muita cria.

O aparecimento de formas aladas foi quantificado por: 1 – presença de formas

aladas e 2 – ausência de formas aladas.

O tamanho da colônia foi avaliado através de observações do conjunto de

atividade para sua manutenção e comparado com o controle, utilizando-se a seguinte

escala de quantificação:

12

3 – colônias em condições normais

2 – inicio de redução do tamanho quando comparada com o controle;

1 – redução acentuada do tamanho.

0 – extinção da colônia.

A presença de formas imaturas, embora esteja relacionada com a quantidade

de crias, foi avaliada separadamente uma vez que é importante obter informações

sobre a ausência de ovos, larvas e pupas, para melhor caracterizar os efeitos do

ingrediente ativo utilizado.

Os itens observados foram analisados para determinar o grau de

desenvolvimento das colônias e para tal, os dados das 4 repetições foram acumulados

e submetidos à analises gráficos com auxilio do software Excel.

13

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 Nitenpyram

O primeiro bioensaio com o Nitenpyram nas concentrações 0,1%, 0,5% e 1%

revelou que a atratividade inicial da isca foi baixa e depois as formigas não

retornaram na isca. Isto foi observado por 2 semanas e o tratamento foi interrompido.

No segundo bioensaio foi realizado o tratamento com concentrações de 0,0001%,

0,001% e 0,01% de nitenpyram. Da mesma forma que a anterior, a atratividade

também foi baixa e sem retorno das formigas. Após 9 semanas de observação o teste

foi interrompido (Figura 2).

Em ambos bioensaios as condições gerais dos formigueiros foram observadas

por 9 semanas e não revelaram qualquer alteração no seu tamanho quando

comparado com controle. Consequentemente, não foi possível realizar analise gráfica

dos dados.

Figura 2. Micrografia das iscas: controle A e tratamento contendo nitenpyram B

7.2 Hidrametilnona

O bioensaio contendo Hidrametilnona nas concentrações 0,25%, 0,50% e

0,75%, revelou que todas as concentrações apresentam ótima atratividade nas

primeiras 24 horas, chegando levar toda isca (Figura 3). No segundo dia de

tratamento a isca foi renovada, porém, a presença de formigas diminuiu muito e no

terceiro dia não houve retorno das formigas. A partir da segunda semana foi

A B

14

oferecida alimentação normal e a partir desse momento, passou-se a avaliar o

forrageamento.

Para verificar a hipótese de que as colônias pudessem se recuperar, as

observações se prolongaram por 12 semanas. Observou-se que a regressão das

colônias foi continua, sem possibilidade de recuperação, restando após a segunda

semana, algumas operarias e um pouco de cria.

Figura 3. Micrografia das iscas: controle A e tratamento com hidrametilnona B

A atratividade das iscas contendo hidrametilnona no primeiro dia de

experimento foi muito boa, porém, com redução no segundo e ausência no terceiro

dia. O controle sempre apresentou atratividade alta (Figuras 5 e 6), após isso foi

encerrado o tratamento de hidrametilnona, voltando a oferecer para todas as colônias

alimentação normal. Assim na segunda semana o forrageamento das formigas no

alimento tornou a aumentar ficando entre 70 a100% depois voltou a diminuir devido

a intoxicação que a colônia sofreu na primeira semana de tratamento (Figura 4).

Na primeira semana, foram observados os sintomas de intoxicação das

operarias, tais como tremores e a realização de movimentos lentos nas colônias

exposta a todas as concentrações, também ocorreu alta mortalidade de operarias no

interior e fora dos ninhos, elas isolaram a cria dessa alta mortalidade de operarias,

deixando bem evidente que as operarias entraram em contato com todas as

concentrações utilizadas.

A eliminação de rainhas foi rápida, ocorrendo total redução na quinta semana,

em todas as colônias submetidas às iscas contendo hidrametilnona, comparada ao

controle (Figura 7).

15

Com relação à avaliação da cria, analisada através da quantidade, não foi

eliminada tão rápido e também nessa ordem comparada ao trabalho JACOB (1999), a

concentração 0,25% apresentou redução total na 9◦ semana, a concentração 0,50%

na 10◦ semana e a concentração 0,75% na 11◦ semana (Figuras 8), isso pode ter

ocorrido pelo fato das concentrações 0,50% e 0,75%, terem apresentado formas

aladas mesmo na ausência de rainhas nas colônias em uma tentativa de tentar se

recuperar, mas não ocorreu.

No interior dos ninhos, observou-se separação de formigas mortas (adultas e

crias) das restantes vivas e foram observadas tentativas de migração. A produção de

formas sexuais foi pequena nas concentrações 0,50% e 0,75%, produziram cria de

alados após terem reduzido o tamanho de sua colônia. Entretanto essa cria chegou

atingir o estagio adulto, mas logo morreu (Figura 9).

A figura 10 mostra que as colônias regrediram com índices muito próximos e

a extinção total ocorreu na 12ª. semana. Isso pode ser devido a eficiência do

ingrediente ativo em todas as concentrações utilizadas.

Figura 4. Forrageamento das colônias de Monomorium pharaonis submetidas ao tratamento com iscas contendo hidrametilona em diferentes concentrações (valores acumulados de 4 colônias).

0

20

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1 2 3 4 5 6 7

Semanas

Porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

16

Figura 5. Carregamento de iscas contendo hidrametilnona após 2 horas no controle de Monomorium. pharaonis na primeira semana e a partir da segunda o forrageamento na alimentação normal(valores acumulados de 4 colônias). Figura 6. Carregamento de iscas contendo hidrametilnona após 48 horas no controle de Monomorium. pharaonis na primeira semana e a partir da segunda o forrageamento na alimentação normal(valores acumulados de 4 colônias).

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1 2 3 4 5 6 7

Semanas

porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

0

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120

1 2 3 4 5 6 7

Semanas

porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

17

Figura 7. Mortalidade de rainhas de Monomorium pharaonis exposta a iscas contendo hidrametilnona em varias concentrações (valores acumulados de 4 colônias). Figura 8. Quantidade de cria nas colônias de Monomorium pharaonis submetidas a iscas contendo hidrametilona, ema varias concentrações (valores acumulados de 4 colônias).

0

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40

60

80

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Semanas

Porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

0

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100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Semanas

Porcentagem

Contrle 0,25% 0,50% 0,75%

18

Figura 9. Surgimento de cria aladas em colônias de Monomorium pharaonis submetidas a iscas

contendo hidrametilnona em varias concentrações (valores acumulados de 4 colônias). Figura 10. Condições gerais das colônias de Monomorium pharaonis submetidas a iscas contendo

hidrametilnona em varias concentrações (valores acumulados de 4 colônias).

0

10

20

30

40

50

60

70

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Semanas

Porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

semanas

porcentagem

Controle 0,25% 0,50% 0,75%

19

8. DISCUÇÃO Os ingredientes ativos que causam a eliminação rápida dos insetos podem

não ser desejados para todos os grupos, como por exemplo, para as formigas. Os

tratamentos tradicionais de combate raramente resultam na erradicação completa das

colônias uma vez que somente 5 a 10% (máximo 30%) dos indivíduos saem ao

mesmo tempo para forragear. Os inseticidas com efeito residual, geralmente, não

afetam o interior do ninho e, diante da existência de reservas de alimentos, as

colônias podem sobreviver por períodos longos de tempo sem necessidade de

forragear e induzir migração (EDWARDS, 1986; BUENO; CAMPOS-FARINHA,

1999). As formas de controle devem ser explorar os próprios comportamentos das

formigas, através do uso de iscas atrativas (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999).

Uma isca eficiente deve conter um ingrediente ativo de ação lenta ou

retardada, para que as operárias vivam o suficiente para distribuí-lo às outras

formigas, inclusive para as rainhas e larvas. O conceito de toxicidade retardada foi

proposto por STRINGER et al. (1964) para a realização de uma rápida seleção de

compostos tóxicos para as formigas lava-pés e, posteriormente adaptado por

NAGAMOTO (1998) para formigas cortadeiras e JACOB (1999) para as formigas

urbanas. Resumindo, devem ser selecionados ingredientes ativos que causem baixa

mortalidade de formigas nas primeiras 24 horas após a aplicação (menor que 15%) e

alta no final do teste (acima de 89%). Esse modelo pode ser representado

graficamente através da mortalidade das operarias ao longo do tempo. As curvas que

melhor representam os conceitos de mortalidade retardada e de mortalidade rápida

estão representadas na Figura 11, segundo JACOB (1999) e modificada de

NAGAMOTO (1998).

20

—— Ação retardada —— Ação intermediaria —— Ação rápida

Figura 11. Curvas de mortalidade hipotéticas de três ingredientes ativos: dois de ação rápida

e um de ação retardada

Além do conceito de STRIGER et al.(1964), na realização dos testes de

toxicidade dos diferentes ingredientes ativos incorporados em iscas atrativas para M.

pharaonis, vários critérios foram considerados, destacando a extinção de indivíduos:

operárias, rainhas e cria. O número total de operárias das colônias pode ser

determinado somente no final do teste e se as colônias foram eliminadas, ao contrário

do que ocorreu com as rainhas, cujo índice de mortalidade absoluta pode ser

determinado desde o início.

Teste preliminar realizado na SUCEM Mogi-Guaçu, SP, onde foi utilizada a

isca contendo hidrametilnona para o controle de várias espécies de formigas. Esse

ativo se mostrou eficiente e a redução foi significativa até a 5ª. semana de tratamento,

porém, ocorreu um aumento na atividade de formigas na 8ª. semana. Isso pode ter

ocorrido por dois fatores: pelo tipo de atividades desenvolvida no local com grande

disponibilidade de alimento e água, ou pode ter ocorrido uma alta concentração de

ingrediente ativo, na isca no inicio do tratamento (Maria Claudia Guidetti,

informação pessoal).

Alguns trabalhos citam os reguladores de crescimento como piriproxifen

incorporado em isca para controle de M. floricola (YAMANE, 2007) e para M.

pharaonis, ambos em laboratório (REISS e ZARZUELA, 2004).

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Vail e Willians (1994), trabalhando com iscas a base de reguladores de

crescimento de insetos, verificaram redução na quantidade de operarias após 12

semanas de tratamento. Na tentativa de reduzir esse tempo, aumentaram a

concentração de ingrediente ativo, porém, as iscas se tornaram repelentes para as

formigas.

JACOB, (2001) realizou extenso trabalho de seleção de ingredientes ativos

para controle de formigas urbanas, envolvendo os princípios básicos para a

metodologia de iscas, segundo o modelo proposto por STRINGER et al (1964) e

NAGAMOTO (1998), cujos parâmetros básicos também foram estabelecidos por

SGRILLO (1982). Verificou que os ingredientes ativos cujo modo de ação é na

regulação de crescimento são eficientes para o controle de formigas, porém, o tempo

de extinção da colônia foi muito alto. Outro grupo também eficiente foi aquele com

ação sobre a respiração celular, destacando a sulfluramida e a hidrametilnona.

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9. CONCLUSÃO A metodologia proposta foi eficiente na avaliação dos ingredientes ativos

para o controle de formigas urbanas.

Particularmente para M. pharaonis, os resultados obtidos permitem concluir

que o ingrediente ativo nitenpyram, mesmo em baixíssima concentração, não foi

eficiente no controle da colônia.

Diferentemente, a hidrametilnona que foi eficiente no controle da colônia e

torna-se promissora para estudo de campo.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, F. C. Seleção de ingredientes ativos para o uso em iscas no controle de formigas cortadeiras (Hymenoptera: Formicidae). Rio Claro, SP. 2005. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, 98 p. BUENO, O. C. Formigas urbanas: identificação e controle. O Biológico, v. 59, n. 2, p. 17 – 19, 1997. BUENO, O. C.; BUENO, F. C. Controle de formigas em áreas urbanas. Manejo de pragas urbanas, PINTO, A. S.; ROSSI, M. M.; SALMERON, E. cap. 6, p. 67-77, Piracicaba, 2007. BUENO, O. C.; CAMPOS FARINHA, A. E. As formigas domesticas. Insetos e outros invasores de residências, MARICONI, F. A. M. cap. 6, p. 135 – 179, 1999. BUENO, O. C.; CAMPOS FARINHA, A. E. Comportamento das espécies que invadem as cidades brasileiras. Vetores e Pragas, n. 1, p. 13 – 6. 1999. BUENO, O. C.; CAMPOS FARINHA, A. E. Formigas urbanas: Estratégia de controle. Vetores e Pragas, Ano II, n. 5, p. 5-7, 1999. BALDANI, L. A.; SOUZA, R. V.; GUELHOTO, A. M. Farmacologia dos principais antiparasitoides de uso na medicina veterinária. Ministério da Educação e do Desporto Universidade Federal de Lavras departamento de Medicina Veterinária, Lavras, p. 1 – 40, 1999. CAMPOS FARINHA, A.E.C.; JUSTI JR, J.; BERGMAN, E.C.; ZARZENON, F.J.; NETTO, S.M.R. Formigas urbanas. Boletim Técnico do Intituto Biológico, v.8, p.1-120.1997. CAMPOS, M. C. G. Comportamentos de competição entre formigas urbanas frente a uma fonte de alimento. Rio Claro, SP. 2004. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, 101p. FORTI, L.C.; BOARETTO, M.A.C. Formigas cortadeiras: biologia, ecologia, danos e controle. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 1997, 61p. HERRICK, G. W. Insects injurious to the household and annoying to man. New York : Macmillan, 1926.

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JACOB, L. Seleção de ingredientes ativos para controle de formigas urbanas. Rio Claro, SP. 2001. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, 146p. OLIVEIRA, M. F. Formigas urbanas do município de Maringá – PR. Rio Claro, SP. 2004. Monografia (Curso de Especialização em Entomologia Urbana). Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, 62p. SANTOS, M. F. S.; DELLA LUCIA, T. M. C.; DELABIE, J. H. C. Formigas caseiras: problema e combate. Boletim de Extensão, v. 46, p. 12, 2003 ZARZUELA, M. F.M. Controle químico de Monomorium floricola (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) por meio de produtos microencapsulados. Rio Claro, SP. 2005. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, 49p. MULLINS, J.W. A new nitroguanidine insecticide. Acs. Sym. Ser. v. 524. p. 183 – 98. 1993. NAGAMOTO, N.S. Metodologia para seleção de inseticidas visando confecção de iscas tóxicas para formigas cortadeiras (Hymenoptera, Formicidae). 94f. Dissertação (Mestrado em Proteção de Plantas) – Faculdade de Ciências Agrária de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1998. STRINGER, C.E.; LOFGREN, C.S.; BARTELETT, F.J. Imported fire ant toxic bait studies: evaluation of toxicants. J. Econ. Entomol. v.57, n.6, p.941-5, 1964. YAMANE, E.S. Produtos alternativos no controle de formigas urbanas. Rio Claro, SP. 2007. Conclusão de curso, Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista. 55p.