avaliaÇÃo de eficiÊncia de produtores de leite utilizando anÁlise envoltÓria de ... ·...
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DE RONDÔNIA
NUCLEO DE CIÊNCIAS
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
PPGMAD
MARCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES
AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE
UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO
MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.
PORTO VELHO
MARCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES
AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE
UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO
MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.
Dissertação apresentada como requisito do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração – PPGMAD, da Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do titulo de Mestre em Administração.
Orientadora: Dra. Mariluce Paes de Souza
PORTO VELHO
2010
FICHA CATALOGRÁFICABIBLIOTECA CENTRAL PROF. ROBERTO DUARTE PIRES
Bibliotecária Responsável: Eliane Gemaque / CRB 11-549
Rodrigues, Márcio Heleno de Souza.R696a
Avaliação de eficiência de produtores de leite utilizando análise envoltória de dados: o caso do município de Rolim de Moura no Estado de Rondônia. / Márcio Heleno de Souza Rodrigues. Porto Velho, Rondônia, 2010.
120f.: il.
Dissertação (Mestrado em Administração) – Núcleo de Ciências Sociais (NUCS), Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGMAD), Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, Rondônia, 2010.
Orientadora: Profa. Dra. Mariluce Paes de Souza.
1. Análise Envoltória de Dados. 2. Medidas de Eficiência. 3. Produção de Leite. I. Título.
CDU: 658:637(811.1)
MÁRCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES
AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE
UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO
MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.
Esta dissertação foi julgada adequada para a
obtenção do Título de Mestre em
Administração, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-Graduação: Mestrado em
Administração (PPGMAD) da Fundação
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), em
28 de maio de 2010.
Prof. Osmar Siena, Dr.
Coordenador do Programa PPGMAD/UNIR
Comissão Examinadora:
Profª. Mariluce Paes de Souza, Dra.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Orientadora
Profª. Iracy soares de Aguiar, Dra.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura
Membro Externo
Prof. Tomas Daniel Menendez Rodriguez, Dr.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Membro
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus, seguido por todos os que me apoiaram
nos momentos de aflição e que foram fundamentais para que se concretizasse este trabalho.
Também agradeço à professora Mariluce Paes de Souza, em especial, pela incansável
orientação, pelo profissionalismo e como pessoa, incentivando-me no transcorrer desta
dissertação, a qual foi à peça-chave para a conquista desta vitoria.
À Viviani, esposa e companheira, também a minha filha Carolina, ambas por terem
suportado minhas inquietudes e lamentações, tornando possíveis muitos momentos de alegria.
Aos professores Theophilo Alves de Souza Filho, pela acessibilidade e as oportunas
sugestões; Carlos André da Silva Muller, pela atenção e valiosos conselhos durante as etapas
do trabalho; Tomas Daniel Menendez Rodriguez, pela valiosa ajuda na resolução de
problemas com métodos quantitativos; e Rosiane Maria Lima Gonçalves, pela receptividade,
respeito e comentários adequados.
À Universidade Federal de Rondônia, pela acolhida, no curso de Mestrado.
Ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de
Rondônia, pela oportunidade de realização do mestrado.
Aos professores do PPGMAD da Universidade Federal de Rondônia pelo apoio e
sabedoria em conduzir o programa.
A todos os companheiros da Pós-Graduação, pela amizade e pelos momentos de
descontração, e em especial ao André que foi mais que um amigo nesse período, mas sim um
irmão que não mediu esforços em me ajudar. Quero deixar meu muito obrigado e o sentimento de
eterna gratidão.
Aos amigos Fernando e Fabiano, pela amizade e o fundamental apoio em todas as
horas.
Aos meus Pais, Pedro Rodrigues de Lima e Maria Aparecida de Souza Rodrigues. Aos
meus irmãos, Eder, Elder e Mateus pelo apoio durante a realização desse trabalho e durante
toda minha vida.
Ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária na pessoa do Senhor Francisco José
Nascimento, pelo apoio dado e pela amizade dispensada.
A todos os produtores rurais da região de Rolim de Moura no Estado de Rondônia e
todos os colegas do CEDSA que contribuíram de alguma forma, para o levantamento de
informações.
RODRIGUES, Márcio Heleno de Souza . Avaliação de Eficiência de Produtores de Leite Utilizando Análise Envoltòria de Dados: O Caso do Municipio de Rolim de Moura no Estado de Rondônia. Dissertação, Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração (PPGMAD), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), 125p. Porto Velho , 2010.
RESUMO
No Estado de Rondônia, a importância da Cadeia Agroindustrial do Leite pode ser constatada, pelo número de propriedades ocupadas com a pecuária de leite e pela capacidade de gerar empregos, contribuindo para o desenvolvimento local. Nos últimos anos, o Estado de Rondônia foi o que apresentou o maior crescimento percentual da produção de leite entre os estados brasileiros. De 1998 a 2008, a produção de leite passou de 372.000 mil litros para 723.000 mil litros dia, aumento de 94% no período, correspondente à taxa média anual de crescimento de 8,54%. Diante da importância da atividade na economia do Estado e o crescente ganho de produtividade, este trabalho objetiva identificar o grau de eficiência dos produtores de leite e apontar os meios para a redução das ineficiências, indicando suas possíveis causas, através da identificação do perfil dos produtores eficientes e ineficientes. Utilizou-se a Análise Envoltória de Dados (DEA) para o cálculo da eficiência, com orientação para os insumos, em uma amostra de 77 produtores do Município de Rolim de Moura, Rondônia, os quais foram divididos de acordo com a medida de eficiência obtida. Foram utilizados dados primários, obtidos através da aplicação de questionário em visitas às propriedades. Observou-se que apenas oito produtores obtiveram eficiência máxima, e 69 obtiveram medida de eficiência inferior a um, sendo que destes, 56 operam na faixa de retornos crescentes e 13 na faixa de retornos decrescentes. O grupo eficiente, que alcançou nível de eficiência superior a 90%, é formado por 13 produtores, enquanto o grupo ineficiente possui 64 produtores, que obtiveram medida de eficiência inferior a 90%. A comparação destes grupos, segundo algumas características socioculturais e tecnológicas e quanto a indicadores de desempenho técnico e econômico, demonstrou positivamente a influência da participação familiar na administração da propriedade e do nível de escolaridade. A residência do produtor na propriedade mostrou-se, favorável ao aumento de eficiência, o que pode ser explicado pela maior socialização do produtor, levando a uma maior participação em entidades classistas, recebimento de assistência técnica e maior uso de tecnologia, tudo isso demonstrando-se favorável a produtores eficientes, levando-os a obter melhores desempenhos técnico e econômico. No momento seguinte procedeu-se à análise dos produtores ineficientes através de alguns estudos de caso e análise do grupo ineficiente como um todo, considerando-se as possíveis reduções médias percentuais no uso dos insumos, com referência aos benchmarks. A análise de alguns produtores ineficientes demonstrou, através dos estratos de eficiência, que à medida em que o nível de eficiência técnica aumenta, os indicadores de desempenhos técnico e econômico se mostram melhores. Os resultados demonstraram a possibilidade de uma redução média de 53,05% no custo operacional total e de 45,8% no capital investido na produção do leite, através das reduções proporcionais e eliminação das folgas, de forma que a produção se manteria no mesmo nível e os produtores passariam a obter eficiência máxima.
Palavras-Chave: Análise Envoltória de Dados, medidas de eficiência, produção de leite.
RODRIGUES, Márcio Heleno de Souza . Efficiency Evaluation of Milk Producers Using Data Envelopment Analysis: The Case of the Municipality of Rolim de Moura, Rondônia State. Dissertation (Master in Business Administration). Program Graduate - Masters in Business Administration (PPGMAD) of the Federal University of Rondônia (UNIR). 125 p. Porto Velho, 2010.
ABSTRACT
In the state of Rondonia, the importance of Agroindustrial Chain Milk can be verified by the number of properties occupied by the dairy and the ability to generate jobs, contributing to local development. In recent years, the state of Rondonia was the one with the largest percentage increase in milk production among the states. From 1998 to 2008, milk production increased from 372 million liters to 723 million liters daily, 94% increase in the period, corresponding to annual average growth of 8.54%. Given the importance of activity in the state's economy and increasing productivity gains, this paper aims to identify how efficient milk producers and point out ways to reduce inefficiencies, indicating its possible causes, by identifying the profile of efficient producers and inefficient. We used the Data Envelopment Analysis (DEA) to calculate the efficiency with input orientation in a sample of 77 producers in the municipality of Rolim de Moura, Rondonia, which were divided according to the measure of efficiency obtained . We used primary data obtained through the questionnaire for visits to properties. It was observed that only eight producers had maximum efficiency, and 69 had efficiency measure less than one, of these, 56 operate in the range of increasing returns and 13 in the range of diminishing returns. The effective group, which achieved efficiencies above 90%, consists of 13 producers, while the inefficient group has 64 farmers have gained a measure of efficiency below 90%. The comparison of these groups, according to some socio-cultural and technological characteristics as indicators of economic and technical performance, demonstrated the positive influence of family participation in the administration of property and educational level. The producer's residence on the property proved to be conducive to increased efficiency, which can be explained by the greater socialization of production, leading to greater participation in class entities, receiving technical assistance and increased use of technology, all demonstrating is conducive to efficient producers, leading them to get better technical and economic performance. The next moment we performed the analysis of inefficient producers through some case studies and analysis of the ineffective group as a whole, considering the possible average percentage reductions in the use of inputs, with reference to benchmarks. The analysis of some inefficient producers demonstrated through the strata of efficiency, that to the extent that the level of technical efficiency increases, the indicators of technical and economic performance look better. The results demonstrated the possibility of an average reduction of 53.05% in total operating expenses and 45.8% on capital invested in production of milk, through proportional reductions and elimination of gaps, so that production would remain the same level and the producers would get the maximum efficiency.
Keywords: Data Envelopment Analysis, efficiency measures, production of milk.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fatores que afetam o desempenho do empreendimento agropecuário............19Figura 2 - Centros de custos de produção de leite...............................................................25Figura 3 - Visão sistêmica da empresa..................................................................................29Figura 4 - Tipos de Eficiência................................................................................................30Figura 5 - Mapa Isocustos......................................................................................................32Figura 6 - Ponto de Eficiência Alocativa...............................................................................33 Figura 7 - Fronteira Eficiente de Produção.........................................................................36Figura 8 - Fronteira de eficiência de DMUs com um input e dois outputs........................36Figura 9 - Comparação entre o cálculo da eficiência Total e Técnica...............................37Figura 10 - Produtividade de DMUs que operam em escalas diferentes...........................38Figura 11 - Comparação entre modelo de eficiência relativa e o de análise de regressão....................................................................................................................................................39 Figura 12 - Fronteira de produção para os modelos BCC e CCR....................................42Figura 13 - Indicadores de eficiência.....................................................................................42 Figura 14 – Mapa do Estado de Rondônia..........................................................................58Figura 15 - Fluxo de implementação do DEA......................................................................64
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resumo dos Tipos de Eficiência de uma DMU.................................................34Quadro 2 - Formulações matemáticas dos modelos CCR e BCC ......................................41
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Variação percentual anual da produção de leite no Brasil e no Estado de Rondônia – 1998 a 2008..........................................................................................................52Gráfico 2 - Variação da produção de leite entre os estados da região norte – 1998 a 2008...................................................................................................................................................53 Gráfico 3 - Produtividade do setor leiteiro do Brasil e do Estado de Rondônia..............55Gráfico 4 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA............................................................73Gráfico 5 - A eficiência de escala dos produtores de leite de Rolim de Moura.................74
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Produção mundial de leite de vaca e taxa de variação, por continentes - 1997 a 2008...........................................................................................................................................46Tabela 2 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite no ano de 2008...................................................................................................................................................47Tabela 3 - Médias para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade no período de 1980 a 2008, Brasil.............................................................................................................49Tabela 4 - Produção de Leite, Vacas Ordenhadas e Produtividade Animal em Rolim de Moura, no período de 1998-2008...........................................................................................59Tabela 5 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica e de escala, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA.........................................71
Tabela 6 - Produção diária, tamanho do rebanho leiteiro, área destinada ao gado e medida de eficiência técnica dos produtores da amostra, separados por escala de produção, Rolim de Moura, 2008..........................................................................................75Tabela 7 - Redução percentual média na utilização de insumos para que os produtores se tornem eficientes.................................................................................................................76Tabela 8 - Distribuição dos produtores segundo o nível de eficiência................................77Tabela 9 - Área disponível, rebanho total de vacas e vacas em lactação dos produtores do Município de Rolim de Moura, Rondônia.......................................................................78Tabela 10 - Participação dos produtores em associações e atendidos por assistência técnica.......................................................................................................................................80Tabela 11 - Nível de escolaridade da amostra, considerando os grupos eficientes e ineficientes................................................................................................................................81Tabela 12 - Forma de administração da propriedade dos produtores de leite.................82Tabela 13 - Tipo e número de ordenhas, resfriamento do leite e utilização de inseminação artificial pelos produtores................................................................................83Tabela 14 - Utilização de pastagem e manejo alimentar.....................................................84Tabela 15 - Comercialização, produção de derivados e utilização de metas de produção, produtividade, receita e despesas produção pelos produtores de leite...............................86Tabela 16 - Desempenho Produtivo dos Produtores de Leite no Município de Rolim de Moura, Rondônia....................................................................................................................88Tabela 17 - Indicadores de desempenho produtivo e econômico dos produtores ineficientes selecionados e reduções percentuais possíveis na utilização de insumos em relação ao benchmark.............................................................................................................91Tabela 18 - Valores médios e projetados da produção e utilização de insumos, de acordo com as reduções percentuais encontrados na DEA para as DMUS (33, 30, 56)................94
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 1.1 Contextualização do Problema ........................................................................................ 15 1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 16 1.3 Objetivos ......................................................................................................................... 17
1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17 1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 18 2.1 Gestão do Agronegócio .................................................................................................. 18
2.1.1 Administração Rural ................................................................................................ 21 2.2 Conceitos Básicos de Análise de Eficiência .................................................................. 28
2.2.1 Eficiência ................................................................................................................. 28 2.2.2 Tipos de Eficiência de Unidades de Tomada de Decisão (DMUs) ......................... 30
2.3 Fronteira de Eficiência .................................................................................................... 35 2.4 Métodos de Determinação da Fronteira Eficiente ........................................................... 38 2.5 Análise Envoltória de Dados (DEA) ............................................................................... 40
2.5.1 Características e Limitações da DEA ....................................................................... 43 2.5.2 Aplicações da DEA na avaliação da eficiência da Cadeia Produtiva do Leite ........ 43
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE ................................................. 46 3.1 Produção de Leite Mundial ............................................................................................ 46 3.2 Produção de Leite Brasileira ........................................................................................... 47 3.3 Produção de Leite na Região Norte do Brasil ................................................................. 50 3.4 Produção de Leite em Rondônia .................................................................................... 52 3.5 Produção de Leite em Rolim de Moura ......................................................................... 57
4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 60 4.1 Delineamento da Pesquisa .............................................................................................. 60 4.2 Local do Estudo .............................................................................................................. 61 4.3 Fonte dos dados ............................................................................................................... 62 4.4 Instrumentos e Procedimentos para Coleta dos Dados ................................................... 62 4.5 Métodos de Análise ......................................................................................................... 63
4.5.1 Descrição das Etapas de Implementação da DEA ................................................... 63 4.5.2 Descrição das variáveis ........................................................................................... 65 4.5.3 Comparação dos Produtores ..................................................................................... 66 4.5.4 Caracterização dos Produtores ................................................................................. 67 4.5.5 Análise dos Produtores Ineficientes ......................................................................... 68
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 70 5.1 Eficiência Técnica e de Escala dos Produtores ............................................................... 70 5.2 Identificação dos Grupos Eficiente e Ineficiente ............................................................ 77
5.2.1 Perfil dos Produtores Eficientes e Ineficientes ........................................................ 78 5.2.2 Indicadores de Desempenho .................................................................................... 86
5.3 Análise dos Produtores Ineficientes ................................................................................ 89 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 95 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97 Apêndice A – Questionário quanti-qualitativo ................................................................. 107 Apêndice B - Ordenamento dos produtores de leite de acordo grau de eficiência ....... 121
INTRODUÇÃO
As transformações econômicas, tecnológicas, políticas, sociais e culturais que vêm
ocorrendo nas últimas décadas têm proporcionado um ambiente de instabilidade para as
organizações. Consolidar alianças estratégicas é o caminho para a sobrevivência frente às
tendências de globalização dos mercados.
Diante desta nova conjuntura que se apresenta, surge uma série de demandas, riscos e
oportunidades, estabelecendo a necessidade das organizações realizarem uma ampla
reformulação nas suas estruturas e estratégias a fim de se manterem competitivas.
Como não poderia deixar de ser, o setor agroindustrial brasileiro também vem sendo
bastante influenciado por todas essas mudanças. A cadeia produtiva do leite, como parte
integrante do setor agroindustrial, tem sido uma das mais afetadas pelas constantes
transformações da economia.
A partir dos anos de 1990, uma série de alterações ocorreu na cadeia produtiva do
leite. A forte interferência do governo federal cedeu lugar à desregulamentação do setor que,
amparada por uma abertura do mercado à internacionalização, fez impulsionar o aumento dos
investimentos proveniente de diversas empresas multinacionais, e abrir, portanto, espaço para
a entrada de produtos estrangeiros.
O modelo vigente até o ano de 1990 tinha como característica, ser formado, na grande
maioria, por pequenos e médios produtores com baixo nível de especialização, organização e
qualidade, isso começou a se modificar. Níveis de produção, qualidade e eficiência passaram
a ser exigidos, obrigando os produtores a reverem sua forma de produção e gestão.
Com relação à produção, as tecnologias vêm buscando: i) aprimorar a qualidade da
nutrição-necessidade; ii) melhorar a genética dos animais por meio da inseminação artificial e
da transferência de embriões; iii) controlar as doenças que afetam o rebanho; iv) adotar a
mecanização da ordenha; v) ajustar o manejo e as instalações às novas demandas, e vi)
contratar profissionais qualificados, dentre outras medidas.
No âmbito da gestão, tem-se buscado: i) contratar colaboradores mais qualificados
e/ou promover a qualificação dos já existentes nas propriedades; ii) controlar os custos de
produção por meio da otimização dos recursos alocados; iii) padronização de processos; iv)
estabelecer o fluxo de produção de acordo com as épocas de maior retorno provável, e v)
ampliar a participação nos órgãos e entidades que defendam os interesses do produtor.
14
O produtor de leite brasileiro além das melhorias na atividade produtiva e de gestão
tem sido estimulado a adequar-se à nova legislação, o que contempla as normas técnicas sobre
a produção, identidade e qualidade, que foram implantadas por meio do Programa Nacional
de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL).
Após varias discussões envolvendo o conjunto dos atores do setor, definiu-se uma
nova normatização, publicada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/DAS), que foi aprovada por meio da
Instrução Normativa (IN) nº 51, de 18/09/02 e veio substituir a legislação que estava em vigor
desde 1953.
De acordo com o texto do Programa de Modernização do Setor Lácteo no Brasil
(MAPA, 2002), contemplado na IN nº 51, foram estabelecidos parâmetros mais rígidos para
contagem bacteriana, para detecção de resíduos de antibióticos e de células somáticas. O
programa estabelece normas para resfriamento e para a coleta a granel que, de forma geral,
contribuem para a melhoria da qualidade do produto comercializado no país.
A partir de julho de 2005, ficou estabelecido que, os estados das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste deveriam estar plenamente adequados a esses novos parâmetros do PNMQL.
Para os demais estados, o prazo limite estabelecido foi o ano de 2007.
Com a aprovação da IN nº. 51, houve um aumento das especulações sobre os possíveis
impactos que esta regulamentação poderia causar ao setor, bem como, propiciou a discussão
sobre a viabilidade dos pequenos produtores se enquadrarem no novo contexto.
Apesar de todos os esforços dos produtores para se profissionalizarem, as exigências
da cadeia leiteira no Brasil têm sido cada vez maiores, tanto nos aspectos técnicos e de gestão,
quanto nos normativos.
Destacam-se, ainda, as imposições feitas pelas grandes indústrias e também as de
natureza legal. Diante desse quadro, os produtores têm sido forçados a buscar novas
tecnologias para viabilizar a sua competitividade.
O cenário aponta enormes dificuldades de permanência de pequenos produtores,
especialmente aqueles que adotam tecnologias pouco produtivas. O problema agrava-se
quando se inclui na análise a necessidade de investimentos para mudança tecnológica, com
escassos recursos de crédito rural, e além disso, com taxas de juros elevadas, como é o caso
do Brasil, nos últimos anos. (REVISTA BALDE BRANCO, 2002).
Acredita-se que, os produtores que não dispuserem de terra suficiente, recursos
financeiros, acesso à tecnologia e capacidade de gerenciamento, que são fatores essenciais
para crescer e ser competitivo, serão excluídos da atividade.
1.1Contextualização do Problema
Nos últimos anos, o estado de Rondônia foi o que apresentou o maior crescimento
percentual da produção de leite entre os estados brasileiros. De 1998 a 2008, a produção de
leite passou de 372 milhões de litros para 723 milhões de litros, aumento de 94% no período,
correspondente à taxa média anual de crescimento em 8,54% (IBGE, 2008).
O governo estadual por meio de instituições vem subsidiando a cadeia produtiva do
leite, podem-se destacar ações do Pró-leite (Projeto de desenvolvimento da pecuária leiteira
no estado de Rondônia), coordenado pela SEAPES (Secretaria de Estado da Agricultura,
Produção, Desenvolvimento Econômico e Social), tendo como principais ações o
melhoramento do manejo alimentar, melhoramento do manejo sanitário, higiene da ordenha e
melhoramento do manejo reprodutivo.
Outra ação que podemos destacar, são os convênios que a SUFRAMA
(Superintendência da Zona Franca de Manaus) vem firmando com os municípios do Estado
de Rondônia, com objetivo de instalar unidades de resfriamento nas propriedades, para
granelização do leite. Atualmente são vinte e quatro municípios do Estado de Rondônia
beneficiados por esta política. Esta ação envolve as associações de produtores que recebem os
equipamentos e coordena sua instalação.
Entre os municípios atendidos no Estado de Rondônia estão: Colorado do Oeste,
Cabixi, Curumbiara, Cacoal, Pimenta Bueno, Ministro Andreazza, Primavera de Rondônia,
Rolim de Moura, Alta Floresta D’Oeste, São Felipe D’Oeste, Novo Horizonte do Oeste, Santa
Luzia D’Oeste, Ouro Preto do Oeste, Mirante da Serra, Vale do Paraíso, Urupá, Alvorada
D’Oeste, Ariquemes, Theobroma, Machadinho D’Oeste, Costa Marques, Seringueiras, São
Miguel do Guaporé e Ji- Paraná.
Tendo em vista esses investimentos aplicados na cadeia produtiva do leite no Estado,
em especial no município de Rolim de Moura, que proporcionalmente foi o que recebeu a
maior parte do volume de investimentos do Estado na atividade leiteira, por parte dos
governos federal e estadual, torna-se importante analisar a eficiência e a situação
socioeconômica dos produtores por meio de avaliação do ganho de produtividade e aumento
da renda. Posto que, apesar das ações já citadas, quando os dados de produtividade são
comparados com a média nacional, observa-se que ainda encontram-se bem abaixo da média
nacional e com reduzida participação na produção estadual. Diante deste cenário, os critérios
para a escolha do município foram: i) possuir o maior número de associações beneficiadas
16
com recurso e taques de resfriamento comunitário, e ii) o fato de o município possuir uma
participação na bacia leiteira de apenas de 3,02% (nível estadual) e ser o 8º (oitavo) no
ranking de maior produção dentro do estado (IBGE-2008).
Neste sentido, é fundamental identificar a caracterização dos diferentes propriedades
rurais e seus produtores quanto ao grau de eficiência técnica e de escala, sendo relevante etapa
no processo de levantamento das limitações da produtividade. Para conhecer os fatores de
produção que possam contribuir para tornar um ou outro produtor mais eficiente, pode-se, a
partir daí, inferir a necessidade de formular programas ou ações para melhorar a
produtividade.
1.2Justificativa
A pecuária de leite representa um importante segmento do agronegócio na economia
brasileira. A investigação sobre sua eficiência técnica e de escala, torna-se importante no
sentido de contribuir com o aumento da produtividade.
A assimetria de oportunidades na agropecuária tem levado regiões brasileiras a
apresentar um nível de renda no setor rural muito inferior ao de outras consideradas eficientes,
implicando uma baixa remuneração dos fatores de produção, entre os quais a mão-de-obra.
Essa ineficiência está alicerçada, dentre outros fatores, na política agrícola discriminatória,
que contribuiu para que algumas regiões sobressaíam em detrimento de outras.
Torna-se, assim, necessário desenvolver um estudo que venha determinar qual é a
eficiência técnica e de escala do agronegócio do leite no Estado de Rondônia, através da
análise dos produtores de leite do município de Rolim de Moura, a fim de que se possa obter
informações mais detalhadas do perfil dos produtores de leite da região, bem como
discriminar os condicionantes dessa eficiência, agregando esses resultados também
regionalmente.
Busca-se, através dos resultados, subsidiar projetos não só de políticas publicas, mas
também de programas de fomento agrícola e técnico aplicados ao meio rural que tenham o
intuito de pleitear recursos destinados ao desenvolvimento regional, seja na busca de
aumento, seja na conservação da infra-estrutura existente, no fornecimento de crédito, apoio
na intensificação da mecanização ou nas diversas formas de orientação técnica e
mercadológica voltadas para os produtores.
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1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Avaliar os fatores de eficiência dos produtores de leite do município de Rolim de
Moura no Estado de Rondônia, utilizando a análise envoltória de dados.
1.3.2 Objetivos Específicos
• Identificar e descrever o que determina a eficiência dos produtores;
• Mensurar a eficiência dos produtores rurais das associações do município de
Rolim de Moura;
• Avaliar o perfil dos produtores e identificar aqueles que podem ser utilizados
como benchmarking para os demais;
• Comparar as características dos produtores conforme o grau de eficiência
identificado pelos fatores.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gestão do Agronegócio
As mudanças ocorridas no agronegócio, a partir dos anos de 1990, geraram a
necessidade do uso de ferramentas de gestão pelos produtores rurais, fazendo com que o
conhecimento ganhasse importância como fator gerador do diferencial competitivo. Segundo
Pudell (2006) entende-se por gestão todo processo sistemático de obtenção de resultados a
partir do esforço de outros, aglutinados por uma meta comum. A gestão é na realidade um
grande processo de controle que tem por objetivo assegurar a eficácia empresarial no processo
de tomada de decisão.
De acordo com Silva (2005), a gestão do negócio tem como função principal a de
determinar qual é o nível ótimo de homogeneização dos produtos, de maneira a criar as
condições para o aproveitamento de economias de escala, e concomitantemente, atender às
necessidades específicas dos mercados. No entanto, a realidade no meio rural possui
particularidades que necessitam ser exploradas pela ciência da administração.
Por se trata de um vasto e complexo campo de pesquisa e teorização, este ainda carece
de estudos e metodologias próprias. Segundo Almeida et al. (2000) sua identidade e
investigação estão ainda muito ligadas à administração urbano-industrial, que transfere seu
conhecimento científico na tentativa de elucidar os elementos existentes no arranjo rural.
Buscou-se, portanto, na literatura, àqueles trabalhos que tiveram contato com o universo rural,
analisando-os sob o aspecto da gestão.
De acordo Batalha et al. (2004), a gestão do empreendimento rural, compreende um
processo de coleta de dados, geração de informações, tomada de decisões, e ações que
derivam destas decisões, não são tratadas de forma satisfatória na literatura nacional e
internacional. Os trabalhos existentes nesta área estão quase sempre restritos aos aspectos
financeiros e econômicos da gestão do empreendimento rural, geralmente relacionados a
custos, finanças e contabilidade.
Segundo Buainaim et al. (2007) a gestão dos empreendimentos rurais geralmente são
focalizados em aspectos técnicos. Os autores constataram que a gestão rural no Brasil ainda se
desenvolve dentro de critérios tradicionais, com baixa performance operacional e econômica.
É importante observar que esta condição não se restringe ao caso das propriedades rurais
ligadas à agricultura familiar, apesar de, nestes casos, elas sejam mais críticas. A literatura
19
sobre gestão de negócios não aborda adequadamente as organizações agroindustriais
(BATALHA, et al. 2005).
No entanto, Batalha et al. (2004) diz que isso se dá devido à inadequação de grande
parte dos instrumentos contemporâneos de gestão que são desenvolvidos para outras áreas. O
setor agroindustrial possui especificidades que particularizam os sistemas agroindustriais de
produção, nos quais se encontra inserida a agricultura familiar.
Sendo assim, faz-se necessário observar que gestão da propriedade rural possui
especificidades que são influenciadas pelas incertezas relacionadas ao ambiente em que se
encontra, o que direciona a maior parte das decisões. A performance de um empreendimento
agropecuário é determinada por um amplo conjunto de variáveis, sejam decorrentes das
especificidades locais e regionais, sejam políticas públicas e da conjuntura macroeconômica
(LOURENZANI, 2006).
Neste sentido, o processo de tomada de decisão sobre o que produzir, assim como a
seleção da tecnologia a ser aplicada, o procedimento de compra de insumos a comercialização
de produtos, e o acesso aos mercados, dentre outros, são o que compõe um conjunto de
fatores que afetam expressivamente a performance dos empreendimentos rurais. Conforme
apresentado na Figura 01, a estrutura que representa o funcionamento de um empreendimento
rural que possui uma complexidade pela composição de diversas variáveis interdependentes.
Fonte: Lourezani, 2003, p. 3.
No ambiente externo, fatores como relevo, clima, ambiente institucional, políticas
governamentais, mercado e tecnologia escapam do controle da unidade de produção. Ainda
que influenciem expressivamente a performance do empreendimento rural, esses fatores não
Figura 1 - Fatores que afetam o desempenho do empreendimento agropecuário.
20
são controlados por seus gestores. Nesse sentido, resta ao gestor adotar ações de reação e
adequação diante das condições ambientais impostas pelo mercado, além de climáticas,
tecnológicas e institucionais. Ações coletivas através de órgãos de representação podem
influenciar a política governamental do setor, mas não controlá-la.
Na esfera da unidade produtiva, o modelo “insumo – transformação – produto”
caracteriza o sistema de produção comum de um empreendimento rural. Esse modelo
apresenta os fatores de influência do ambiente interno para a performance do
empreendimento. De acordo com Lourenzani et al. (2008), tais fatores estão mais diretamente
vinculados ao controle do administrador rural. Assim, cabe ao administrador decidir, a partir
das informações disponíveis, como os recursos (insumos, capital, tecnologia e humano) serão
utilizados para serem transformados em produtos finais.
Decisões como: quanto produzir, como produzir, o que produzir e para quem produzir
devem ser tomadas, levando-se em conta os fatores restritivos como a tecnologia disponível, o
tamanho da propriedade e a saúde financeira do empreendimento. A relação entre as decisões
produtivas e os recursos disponíveis é que vai definir o custo de produção dos produtos.
Segundo Lourenzani et al. (2006) as relações familiares, a organização, a delegação de
responsabilidades e o comando, bem como a maneira como as atividades são realizadas,
também influenciam todo o processo produtivo do empreendimento. Por fim, os resultados
financeiros, as informações e a satisfação, obtidos ao final de um ciclo produtivo, é que vão
subsidiar, aperfeiçoar ou, até mesmo, inibir novas atividades.
Neste sentido, Oliveira (2007) destaca a importância que o processo de tomada de
decisão tem na gestão das propriedades rurais. Para melhor compreensão sobre o processo de
tomada de decisão, Bateman e Snell (1998) enumeraram três funções fundamentais, a saber:
planejamento, implementação e controle. A primeira função está baseada em informações
organizadas que levam a diferentes formas de decisão e a encontrar soluções possíveis para o
empreendimento. Para isso, torna-se necessária uma contínua avaliação e análise de
alternativas possíveis. Um bom planejamento permite a implementação mais segura, para isso
o produtor deve adquirir e organizar os recursos necessários e utilizá-los no momento e local
apropriados.
Outra forma de entender questões envolvidas no processo de tomada de decisão foram
abordadas por Ohlmer et al. (1998). Segundo estes autores, o processo pode ser visto como
uma combinação de quatro fases: identificação do problema, definição, análise/escolha e
implementação, com quatro subprocessos: pesquisa, planejamento, avaliação, escolha e
21
averiguação da escolha. Esses estágios deveriam ser analisados, no ambiente administrativo,
de forma interdependente.
2.1.1 Administração Rural
A literatura sobre administração rural tem apresentado distintas abordagens para
auxiliar os produtores no processo de tomada de decisão. A mensuração de eficiência é uma
das abordagens utilizadas em vários trabalhos (SILVA 2007; GOMES, 2006; ROBERTS et
al. 2004; RODRIGUES et al. 2009), como forma de analisar a gestão de propriedades rurais.
A busca pela medida de eficiência e desempenho dos processos produtivos é uma
tendência cada vez maior nas empresas, e como não poderia ser diferente nas propriedades
rurais. O estudo de performance é um problema clássico nos mais diversos tipos de
negócios,em que o seu emprego tem como objetivo avaliar a condição de eficiência de uma
determinada organização ou instituição, e, a partir daí, efetuar um plano de ações para a sua
melhoria (CARVALHO, 2002). Mesmo quando uma operação produtiva é delineada, e suas
atividades projetadas e controladas, o trabalho do gestor não está acabado, pois todas as
operações são passíveis de melhorias em sua performance (SLACK et al. 2009).
Segundo Salomon (2004), o gestor tem como função, além da busca por uma medida
de desempenho, tomar decisões a respeito dos processos, pois para o funcionamento de um
empreendimento existem diversos tipos de decisões gerenciais que necessitam ser tomadas.
Em razão da carência de fontes de informações confiáveis, existe a necessidade de se
aumentar o nível da eficiência técnico-econômica dos sistemas de produção, que devem ser
sustentáveis e competitivos. Para que isso aconteça, os produtores necessitam ter uma nova
visão de gestão de suas propriedades (FERNANDES ; NOGUEIRA, 2005).
A utilização de ferramentas de gestão torna-se imprescindível para se medir a
eficiência dos sistemas de produção. Para tal, alguns estudos vêm utilizando índices
produtivos das propriedades rurais.
No caso da atividade leiteira, pode ser avaliada através de vários índices, da relação
entre eles e também pela análise econômica. Tem-se utilizado como índices: i) idade do
primeiro parto; ii) intervalo entre partos; iii) mão-de-obra por litro de leite produzido, iv) taxa
de natalidade; v) produção média por vaca em lactação/dia; vi) produção média diária pelo
total de vacas do rebanho; vii) litros de leite por quilo de concentrado fornecido; e viii)
produção de leite por hectare/ano; ( GOMES, 2006; OLIVEIRA et al., 2001; SILVA 2007).
Através destes índices é possível determinar a análise da performance econômica da
propriedade e o retorno sobre o investimento.
22
Outra ferramenta gerencial utilizada para mensuração da eficiência das propriedades
rurais é o comportamento dos custos de produção. Neste caso, considera-se período de tempo
longo o bastante para que todos os recursos sejam passíveis de alterações. Embora a produção
se dê no curto prazo, o longo prazo relaciona-se ao planejamento e às escolhas futuras de
alternativas de produção, inclusive quanto ao tamanho do empreendimento (LOPES et al.
2006) .
O custo de produção de leite é o detalhamento de todas as despesas diretas e indiretas
que necessitam ser controladas para que se possa alcançar, com exatidão, o quanto se está
investindo e gastando para produzir (GOMES, 2007). Este compõe um elemento acessório na
gestão de qualquer empreendimento, sendo normalmente conceituado como o conjunto dos
valores de todos os insumos e serviços utilizados na produção de um determinado bem
(YAMAGUCHI et al., 2002).
O termo custo, para fins de apreciação econômica, expressa a compensação que os
proprietários dos fatores de produção, utilizados por um empreendimento para produzir
determinado bem, necessitam receber para que eles permaneçam fornecendo esses fatores ao
mercado (HOFFMANN et al,.1992). Em outras palavras, o custo de produção constitui o
valor mínimo que o produtor precisa receber para poder sobreviver na atividade produtiva
desenvolvida.
Ao examinar como os recursos estão sendo aplicados no processo produtivo e se estão
sendo remunerados, possibilitando, ainda, verificar como se comporta a rentabilidade da
atividade, comparada a alternativas de investimentos. Analisar os custos de produção de um
empreendimento agrícola é tarefa essencial para uma boa administração. Pelo estudo
sistemático dos custos incorridos na produção do leite, pode o produtor fixar diretrizes e
corrigir distorções, permitindo a sobrevivência do sistema de produção de leite em um
mercado cada vez mais competitivo e exigente, (LOPES et al., 2008).
Estudos sobre custos de produção têm sido utilizados para muitas finalidades tais
como: analisar a rentabilidade da atividade leiteira, reduzir os custos controláveis, determinar
o preço de venda compatível com o mercado em que atua, planejar e controlar as operações
do sistema de produção do leite, identificar e determinar a rentabilidade do produto,
identificar o ponto de equilíbrio do sistema de produção de leite, além de ser uma ferramenta
útil para auxiliar o produtor no processo de tomada de decisões corretas e seguras.
No entanto, a determinação e a avaliação dos custos são cercadas de muitas
dificuldades, além de apresentarem elevado grau de subjetividade (LOPES et al., 2006).
Segundo Gomes (1999) a correta apropriação do custo de produção é complexa em razão de
23
algumas características da pecuária de leite, tais como: a) produção conjunta, isto é, produção
simultânea de leite e de animais; b) elevada participação da mão-de-obra familiar, cuja
apropriação dos custos é sempre muito subjetiva; c) produção contínua, que é arbitrariamente
segmentada para o período em análise, podendo ser anual ou semestral; d) altos investimentos
em terras, benfeitorias, máquinas e animais, cuja apropriação dos custos tem elevada dose de
subjetividade; e) falta de informações e/ou contraditórias.
Gomes et al. (2005) separa as razões para tais diferenças em três classes. A primeira
refere-se aos critérios metodológicos utilizados, tais como inclusão ou não de juros no valor
da terra, utilização de centros de custos ou preço de mercado em todos os insumos e serviços
que sejam produzidos ou não na própria empresa. A segunda diz respeito ao sistema de
produção que serve de base para fornecer os coeficientes técnicos. A terceira diz respeito à
coleta, à interpretação e ao ajuste dos dados empregados no cálculo do custo de produção do
leite.
Em se tratando de sistema de produção de leite, sua performance deve ser quantificada
por meio do registro de indicadores econômicos, físicos e zootécnicos, para se determinar os
custos e receitas, o que possibilita o melhor planejamento da atividade (GOMES et al., 2005).
É necessário, também, a análise financeira da atividade para se observar a lucratividade, a
liquidez e o retorno sobre o capital. Muitas vezes, o custo de produção pode ser baixo, mas
pode deixar pouco retorno sobre o capital investido na atividade (BUENO et al., 2004).
Quanto à classificação do custo de produção, de acordo com Yamaguchi et.al (2002),
os procedimentos metodológicos para cálculo de custo seguem duas vertentes analíticas: custo
total de produção e custo operacional de produção, esta última sugerida pelo Instituto de
Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura de São Paulo (MATSUNAGA et al., 1976).
De acordo com Lopes e Carvalho (2000), o custo de produção deve ser apurado a
posteriori, ou seja, ao final do período estudado, com as quantidades de insumos e serviços
que verdadeiramente foram empregados. Embora sua apuração tem-se constituído em tema de
ampla controvérsia entre os estudiosos do tema, assim como os diversos conceitos e
procedimentos metodológicos adotados na apuração do custo de produção, conforme (LOPES
e CARVALHO, 2000; YAMAGUCHI et al.,2002; GOMES, 2006; LOPES et al.,2006); que
apresentam a estrutura de custo total da atividade leiteira, e Matsunaga et al. (1976), que
apresentam a estrutura de custo operacional efetivo, total e custo total de produção de leite.
Em relação à estrutura de custo total de produção Lopes e Carvalho (2000) consideram
que a clássica divisão dos custos em variáveis e fixos, muitas vezes, é arbitrária, além de,
difícil de ser operacionalizada, visto que, um fator de produção pode ser classificado como
24
fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode ser fixo no curto
prazo e variável no longo prazo, existem outros critérios para se classificarem os custos, que
se ajustam melhor às necessidades do produtor, tais como custos diretos e indiretos e custos
operacionais.
Segundo Gomes (2007) os custos variáveis são aqueles que podem ser aumentados ou
reduzidos pela ação do administrador ou em função da variação da produção. Já os custos
fixos são aqueles que permanecem inalteráveis durante um período de tempo (curto prazo) e
são independentes do nível de produção. Estes custos ocorrem mesmo que o recurso não seja
utilizado.
De acordo com o mesmo autor, os custos diretos são identificados com precisão na
produção por meio de um sistema capaz de ser diretamente apropriado, sem haver
necessidade de nenhum tipo de rateio dos valores, tais como: mão-de-obra contratada,
alimentação, medicamentos, energia e combustível, manutenção, reparos. Os indiretos são
aqueles que, mesmo necessários à produção, quase sempre não são registrados pela
contabilidade por não constituírem despesas pagas em dinheiro durante o processo produtivo.
Geralmente são provenientes de mais de uma atividade, mas alocáveis arbitrariamente por
meio de um sistema de rateio, estimativa e outros meios, como a depreciação dos bens
duráveis.
Os custos operacionais são formados por todos os itens que compõem os custos diretos
e de uma parte dos custos indiretos, representados pela depreciação dos bens duráveis
utilizados no processo produtivo. De acordo com Gomes (2007), essa estrutura tem os
seguintes custos: a) custo operacional efetivo − representa os custos efetivamente realizados
na condução da atividade; b) custo operacional total − representa o custo operacional efetivo
mais os custos correspondentes aos serviços executados pela mão-de-obra familiar (pró-
labore) e a depreciação do capital imobilizado em instalações, benfeitorias, equipamentos,
animais e capineiras; c) a partir da estrutura do custo operacional, considera-se ainda o custo
total como sendo o somatório do custo operacional efetivo mais o custo operacional total e a
remuneração do capital investido. Da renda bruta da atividade, deduzindo-se o custo total,
tem-se o lucro disponível para remunerar o produtor.
Em principio, um sistema de produção pode ser avaliado como algo ainda
desconhecido, em que os insumos e os produtos são conhecidos e mensuráveis, embora o
processo de transformação dos insumos em produtos seja uma incógnita (YAMAGUCHI et
al., 2002). Entretanto, de acordo com Gastal (1980), através de uma análise realizada através
do processo de segmentação do sistema global é possível desvendar alguns dos subsistemas
25
que compõem o processo de produção, em que cada um corresponde a uma parte do processo
de transformação. Neste sentido, Tupy et al. (2000) propõe uma metodologia de custos que
leva em consideração o uso da segmentação da produção de leite em subsistemas integrados
entre si, aqui denominados de “centros de custos” como, por exemplo, a produção de leite, a
produção de animais para reposição, a produção de alimentos, dentre outros, conforme
exemplifica a Figura 2.
Fonte: Lopes et.al , 2006, p.4.
Conforme os trabalhos de Tupy et al. (2000) e Lopes et al. (2006) a distribuição destes
subsistemas se daria da seguinte forma:.
No subsistema de custo de mão-de-obra, incluem-se as despesas com ordenhador e com o trabalho de manejo (salário, 13º salário e encargos sociais), bem como o salário do administrador. Nos subsistemas de produção de cana-de-açúcar, pastagens, silagens de milho e de capim são considerados os custos devido à manutenção, colheita e distribuição, benfeitorias e instalações, equipamentos, administração, consultorias e outras despesas, além de remuneração e depreciação. Nos subsistemas de custos de instalações, máquinas e equipamentos têm-se os dispêndios relacionados às salas de ordenha e de leite, curral de espera e de manejo, rede hidráulica, reservatórios de água, tanque de resfriamento, balança de pesagem de animais, galpão e armazém, escritório, botijão de sêmen etc. O subsistema de fêmeas de reposição possibilita estimar o custo total de manutenção anual do rebanho de fêmeas de reposição e o custo por novilha de reposição até o parto. Assim, neste subsistema, consideram-se as despesas com insumos, como leite para bezerro, concentrados, silagem, sal mineral, medicamentos, mão-de-obra, instalações, maquinário, despesas de manutenção, energia elétrica, combustíveis etc. Finalmente, o subsistema utilizado para o custo de produção de leite leva em conta, como principais itens, as despesas de mão-de-obra, incluindo o trabalho familiar, despesas com alimentação, reprodução, produtos veterinários, dispêndios com
Figura 2 - Centros de custos de produção de leite
26
instalações, máquinas e equipamentos, animais de produção, pastagens e despesas gerais (LOPES et al, 2006. p.4).
Diante deste cenário, para produzir leite a baixos custos, e também com qualidade, é
necessário possuir uma gestão eficiente do negócio, implicando na adoção de controles dos
índices econômicos, técnicos e zootécnicos. Sendo assim, através da mensuração da
performance da pecuária leiteira é possível identificar determinados entraves ao seu
crescimento e falhas na administração, fornecendo subsídios ao processo de tomada de
decisões por parte do produtor (FASSIO et al., 2005).
As informações apuradas através dos custos de produção têm sido utilizadas para
diferentes finalidades, tais como: redução dos custos controláveis; estudo da rentabilidade da
atividade leiteira; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;
identificação do ponto de equilíbrio; identificação e determinação da rentabilidade do
produto; e instrumento de apoio ao produtor no processo de tomada de decisões seguras e
corretas (LOPES ; CARVALHO, 2000; SILVA, 2007). As informações geradas através dos
custos de produção têm sido utilizadas também para cálculo dos valores econômicos para
características de gado de leite (MADALENA, 2000; MARTINS et al., 2003; BUENO et al.,
2004), bem como para quantificar ineficiências (ROBERTS et al., 2004; GOMES, 2006;
RODRIGUES et al., 2009 ; TUPY e YAMAGUCHI, 2002). Segundo Tupy et al (2003a), uma
vez mensurada a ineficiência, seus fatores determinantes poderão ser identificados, e muitas
perdas evitadas. Por não conseguir controlar o preço do produto que vende, o produtor
necessita administrar as variáveis que estão sob o seu controle. Trata-se de uma estratégia
para tornar seu produto mais competitivo, alcançando menores custos de produção. O seu
resultado econômico em um mercado que é marcado pela concorrência depende do
gerenciamento dos custos de produção da pecuária de leite e dos ganhos de escala (REIS et
al., 2001).
Vários pesquisadores têm se preocupado em estimar o custo de produção e estudar a
viabilidade econômica da produção de leite. Entretanto, de acordo com Lopes et al. (2008)
poucos mostram quais componentes exerceram maior influência, não identificaram o ponto de
equilíbrio dos sistemas de produção do leite e nem mesmo verificaram a influência de fatores
sobre o custo de produção do leite. Nesse sentido, a mensuração da performance relativa das
unidades produtivas tem se apresentado como importante ferramenta tanto para fins
estratégicos, quanto para questões mais operacionais. A mensuração da eficiência relativa é
uma das mais importantes formas de verificar a performance ou comportamento de uma
empresa.
27
Segundo Macedo (2004) o processo de mensurar o desempenho organizacional, como
todos os aspectos de gestão, é um processo contínuo e periódico, no qual a assiduidade das
medições depende da atividade a ser medida. As medições de desempenho possuem várias
razões, as quais as mais importantes são monitorar o progresso da empresa rural e corrigir
eventuais erros. No entanto, além disso, o administrador pode, através da avaliação da
eficiência da empresa rural, se preparar para enfrentar as mudanças ambientais, sobretudo no
que se referir a natureza mutável da concorrência e a criação de valor para o cliente. É
essencial, portanto, que esta avaliação seja feita em caráter relativo, ou seja, mensurando a
eficiência da organização em relação a seu ambiente competitivo.
Ao auxiliar o gestor a preparar-se para as variações competitivas, o processo de
mensuração de desempenho o ajudará a gerenciar as ameaças e oportunidades do ambiente e
as forças e fraquezas da própria empresa. Um sistema de avaliação de performance
empresarial implica em múltiplas etapas, aplicando diversos tipos de ferramentas de
mensuração de desempenho. Para isso, a organização necessita identificar quais os itens a
analisar, ou seja, aqueles que melhor representam o desempenho desta, e quais ferramentas
serão utilizados, tendo estes itens como parâmetros, na busca pela identificação do grau de
eficiência que a organização possui.
Cada fator considerado no processo de mensuração de eficiência precisa ser de tal
ordem que o sucesso empresarial tenha este como de fundamental importância. Estes seriam
os fatores críticos ou pontos críticos do sucesso organizacional, que carecem ser monitorados
e, por conta disso, precisam-se ter dados seguros a respeito do comportamento dos mesmos.
(MACEDO, 2004)
Logo, avaliar se uma organização é eficiente ou ineficiente e poder identificar alguns
dos motivos para este desempenho contribuem de forma expressiva para a definição de quais
estratégias seriam apropriadas. A melhoria contínua é buscada, assim sendo, no intuito de
corrigir as razões da baixa performance na transformação de seus recursos/insumos em
produtos.
Esta performance pode ser medida unidimensionalmente ou multidimensionalmente,
por meio da comparação entre os valores observados na unidade sob exame e os valores
ótimos, no que tange seus outputs - produtos ou indicadores a serem maximizados e inputs -
recursos ou insumos, ou ainda, indicadores a serem minimizados. Estas comparações geram
fronteiras de máxima produção ou de mínimo custo, utilizando-se de modelos econométricos
(fronteiras paramétricas) ou de programação matemática (fronteiras não paramétricas)
(STEFFANELLO, 2009).
28
De forma geral, a eficiência é calculada pela razão entre a produção observada e o
potencial de produção desejável ou realizada por alguma outra unidade, de acordo com os
recursos disponíveis. Ou pela razão entre a quantidade mínima necessária de recursos
desejável ou praticada por alguma outra unidade e a quantidade efetivamente empregada,
dada à quantidade de produtos gerados. No entanto, para que seja possível compreender
melhor, a seguir vamos abordar os conceitos utilizados sobre eficiência.
2.2Conceitos Básicos de Análise de Eficiência
Entre as definições mais importantes, que devem ser conhecidas pelo usuário das
técnicas de análise de eficiência, estão os conceitos de: (a) eficiência, (b) tipos de eficiência,
(c) fronteira de eficiência e (d) métodos de determinação da fronteira eficiente. É importante
lembrar, também, que o conceito de eficiência é muito amplo e, dependendo da área do
conhecimento e do sistema a que ele estiver se referindo, terá um significado completamente
diferente. Neste item, apresentam e diferenciam-se estes conceitos, principalmente no campo
das ciências sociais aplicadas.
2.2.1 Eficiência
Proveniente do latim efficientia, está relacionada à ação, força ou virtude para se
produzir um dado resultado. Eficiência é a virtude ou característica que pode ser atribuída a uma
pessoa, máquina, técnica ou empreendimento para conseguir o melhor rendimento com o mínimo
de erros, dispêndio de energia, tempo, dinheiro ou meios (HOUAISS, 2001). O conceito de
eficiência está ligado com a relação existente entre os resultados obtidos, os recursos empregados
e as características do meio ambiente (MARTINS e LAUGENI, 2005).
Na ciência da administração, a eficiência é vista, como uma medida de rendimento
global de um sistema. Advém daí o fato de, na administração da produção, ramo da ciência da
administração, a eficiência técnica ser chamada de eficiência produtiva ou medida de
produtividade global, no entanto a definição de eficiência na administração, não diverge
muito do conceito utilizado nas demais ciências sociais aplicadas. Segundo Drucker (1996)
eficiência é fazer certo as coisas, ou poder-se-ia entender também como fazer certo um
processo qualquer.
De acordo com Ferreira (2005), nas ciências administrativas as organizações com e
sem fins lucrativos são vistas como um sistema aberto, por influenciarem e sofrerem
influência do meio, bem como por admitirem os mesmos componentes dos demais sistemas,
quais sejam: entradas, processo de transformação e saídas, conforme mostrado pela Figura 3.
29
Figura 3 - Visão sistêmica da empresa.Fonte: Ferreira, 2005, p.31.
Em uma empresa, os inputs são os insumos representados pelos fatores de produção; o
processamento se dá pela tecnologia empregada; e os outputs representam os bens e serviços
provenientes do esforço produtivo. Deste modo, a eficiência está nas condições de
operacionalização do sistema, ou seja, em utilizar-se melhor das entradas para elevar ao
máximo as saídas, considerando a tecnologia disponível. Nesse contexto, pode-se definir
eficiência como a otimização dos recursos empregados para alcance de resultados planejados.
Entende-se, nessa ótica, que a empresa como sistema está inserida em sistemas mais
complexos, como macrossistemas de mercado, econômico, político e produtivo entre outros.
Desta forma em todos os casos, a eficiência estará sujeita aos fatores internos, que
administram o empreendimento produtivo, bem como aos fatores externos, que condicionam
a performance e a competitividade da empresa (FERREIRA, 2005).
De acordo com mesmo autor, isso ocorre, porque em uma economia capitalista e
competitiva, a carga tributária, os preços dos insumos, as normas de controle ambiental, entre
outros fatores, são definidos por leis subjetivas (definidas pela atuação dos agentes no
mercado) ou por leis e normativas externas definidas por órgãos públicos.
Já nas ciências econômicas, a eficiência refere-se à otimização de recursos e à
ausência de desperdício. Assim, a eficiência se dá pelo emprego máximo dos recursos
existentes para atender às necessidades e aos anseios de indivíduos e organizações
(PINDYCK ; RUBINFELD,1994). Dessa maneira, eficiência é, em geral, a habilidade, ou até
30
mesmo a capacidade, de utilizar, de forma mais adequada do que se tem à disposição a fim de
alcançar um resultado desejado.
2.2.2 Tipos de Eficiência de Unidades de Tomada de Decisão (DMUs)
A eficiência pode possuir diversos significados dependendo da área de conhecimento
em que esse conceito está sendo utilizado. Além da eficiência técnica, produtiva e de escala
que utilizamos nesta pesquisa, existem outros tipos de eficiência, sendo que alguns desses
tipos também se referem à DMUs, apesar de utilizarem outros indicadores de desempenho,
possuindo, assim, ligação direta e indireta com estas eficiências. São elas: (a) a eficiência
econômica, (b) a eficiência alocativa. A Figura 4 representa uma hierarquia entre esses tipos
de eficiência.
Fonte: Mariano, 2008, p.40.
De acordo com Silva (2007), a eficiência econômica é o tipo mais amplo de eficiência
de uma DMU e pode ser subdividida em duas componentes: a eficiência produtiva e a
eficiência alocativa. A eficiência produtiva, por sua vez, também pode ser subdividida em
duas componentes, sendo que essas duas componentes serão muito importantes nas técnicas
de análise de eficiência, sendo elas: a eficiência técnica e a eficiência de escala.
Esses tipos de eficiência serão descritos e comparados entre si sendo que, a primeira, a
ser apresentada é a eficiência econômica e; no segundo momento será apresentada eficiência
alocativa; por fim, serão apresentados e comparados os três componentes da eficiência
produtiva ou total, técnica e escala.
Figura 4 - Tipos de Eficiência
31
A eficiência econômica é medida com a comparação de custos, receitas e lucros
observados, em relação a padrões ótimos. Assim, enquanto a eficiência produtiva utilizar
como indicador de desempenho valores físicos de entradas e saídas, a eficiência econômica
utilizar-se-á de indicadores econômicos como: custos, receitas, lucro obtido, taxa de retorno e
outros. Segundo Miller (1981) uma firma será economicamente eficiente se conseguir ao
mesmo tempo maximizar seu lucro, minimizar seus custos e maximizar a satisfação dos
consumidores. De acordo com Kalirajan (1990), a eficiência econômica é um estado de
ocorrências em que nenhuma reorganização concebível na economia plenamente empregada
poderá produzir diminuição da escassez ou aumento da satisfação das necessidades humanas.
Sendo assim, um produtor que faz um produto que ninguém deseja, usando o mínimo de
recursos possíveis, estará operando com eficiência produtiva, mas não com eficiência
econômica, pois com os mesmos recursos ele poderia fazer um produto que aumentasse a
satisfação das necessidades humanas.
De acordo Azambuja (2002), a eficiência alocativa está ligada à habilidade de alocar,
da melhor maneira possível, os recursos econômicos disponíveis no processo produtivo. Em
outras palavras, a eficiência alocativa é a componente da eficiência econômica que mede se
um dado recurso está sendo utilizado, economicamente, de maneira ótima. Assim, essa
eficiência pode indicar, por exemplo, que o produtor está gastando muitos recursos para
produzir um produto que rende pouco ou que a DMU está utilizando uma combinação de
insumos muito custosas para produzir um determinado nível de produtos. Uma DMU só
apresentará eficiência econômica se for produtivamente eficiente, isto é, se produzir sem
desperdícios, e se, conseguir alocar seus recursos de maneira a minimizar os seus custos totais
ou maximizar o seu lucro obtido.
Segundo o mesmo autor, isolar o componente de eficiência alocativa é tarefa bastante
complicada, visto que ela depende de diversos fatores como: (a) economias de escala, (b)
economias de escopo, (c) economias de densidade de tráfego, (d) economias de utilização de
estoque de capital, (e) economias de rede e (f) economias de tempo de usuário; sendo que
cada um desses fatores pode dar origem a tipo diferente de eficiência que comporão a
eficiência alocativa.
De acordo com Silva (2007), apesar das dificuldades envolvidas existem alguns
procedimentos e técnicas que podem auxiliar na determinação da eficiência alocativa. Na área
de pesquisa operacional, por exemplo, existem técnicas de otimização da alocação dos
recursos, que permitem obter a combinação ótima de outputs que uma DMU deve produzir,
dadas às quantidades de inputs, com o objetivo de maximizar sua eficiência alocativa. Essas
32
técnicas são baseadas em programação linear (PL) e utilizam como função objetivo (FO) ou a
função custo que deve ser minimizada ou a função lucro que deve ser maximizada.
Segundo Mattos (2008), na área de microeconomia, uma alternativa possível para se
achar o mix de insumos que minimiza o custo total dada uma quantidade de produtos, é
utilizar o ponto de encontro da curva de Isoquanta que representa as várias combinações de
fatores de produção terra, capital e trabalho que resultam na mesma quantidade de produção
(output), com a curva de Isocusto são curvas que delimitam os mesmos custos, delimita as
mesmas quantidades. A relação que pode existir é a de custo/quantidade, ou seja, a um
determinado custo à quantidade que a tangencia e delimitam os mesmos custos. Porém, esse
procedimento só é válido no caso de DMUs com dois insumos e um produto. A Figura 5
apresenta um mapa de Isocustos.
Figura 5 - Mapa IsocustosFonte: Mariano, 2008, p.44.
Uma curva de Isocusto é uma curva bidimensional que mostra as diferentes
combinações de dois insumos de uma dada DMU, que geram o mesmo gasto para empresa.
Assim como as Isoquantas, as curvas de Isocusto também podem ser representadas por um
mapa, sendo que quanto mais afastado da origem, maior o custo. O ponto de encontro da
Isoquanta com a curva de Isocusto que a tangencia, será o ponto em que, para uma dada
quantidade de produto, a combinação dos insumos 1 e 2 custará menos, como ilustrado na
Figura 6.
33
Figura 6 - Ponto de Eficiência AlocativaFonte: Mariano, 2008, p.44. Adaptado de Berechman (1993).
Na Figura 6, os pontos “E” e “F” são os pontos de mínimo custo para dois níveis
diferentes de produtos, sendo que cada um desses níveis é representado por uma Isoquanta.
Tendo-se o custo ou o lucro do ponto ótimo de alocação de recursos, a eficiência alocativa.
De acordo com Mattos (2008), para uma DMU não conseguir ser produtivamente
eficiente podem existir duas causas. Essas causas podem ser problemas de ordem puramente
técnica ou problemas de escala de produção. Essas duas causas dão origem às componentes:
(a) Eficiência técnica e (b) Eficiência de escala.
A ineficiência técnica é causada por problemas típicos de engenharia como, por
exemplo: problemas relacionados à falta de treinamento ou qualificação dos funcionários,
problemas com o maquinário utilizado na produção, problemas com a qualidade do material
utilizado entre outros.
A eficiência técnica é uma medida da forma como a combinação ótima dos recursos é utilizada na produção, na busca do produto máximo. A eficiência técnica trata da relação entre produtos e insumos, ou seja, está preocupada com o aspecto físico da produção. (SILVA, 2007).
Por outro lado, a ineficiência de escala está relacionada com problemas de economia
ou deseconomia de escala. Assim, a eficiência de escala está ligada ao fato da empresa estar
ou não produzindo em sua escala de ótima de produção, ou seja, é relacionada ao conceito de
função produção. Abel (2000) conceitua a função produção como sendo a relação que indica
quanto se pode obter de um ou mais outputs, a partir de uma dada quantidade de inputs, para
uma empresa saber o quanto da eficiência apresentada se deve aos fatores técnicos e o quanto
se deve aos fatores de escala, pois isso poderá representar uma diretriz na identificação de
possibilidades de melhoria.
34
Farrel (1957) definiu três tipos de eficiência produtiva: a) eficiência produtiva também
chamada de eficiência total que mede a capacidade de uma DMU transformar inputs em
outputs em proporções adequadas e de maneira produtiva; b) eficiência técnica é um índice
que representa o quanto da eficiência total de uma empresa pode ser relacionada a fatores
técnicos ou de engenharia; c) eficiência de escala é um índice que representa o quanto da
eficiência total de uma empresa pode ser relacionada a fatores econômicos ou de escala ou,
em outras palavras, é um índice que está relacionado ao fato da empresa estar operando
abaixo ou acima de sua escala ótima de produção.
A eficiência total ou produtiva pode ser definida como um índice combinado das
eficiências técnicas e de escala. A equação que correlaciona esses três tipos de eficiência está
apresentada na seguinte expressão: (Eficiência Produtiva = Eficiência Técnica * Eficiência de
Escala), (ANJOS, 2005). O Quadro 01 apresenta um resumo dos tipos de eficiência de uma
DMU
Tipo de eficiência
Característica
Econômica Capacidade de uma DMU de evitar a escassez e ao mesmo tempo maximizar a satisfação humana
Alocativa Capacidade de uma DMU de alocar os seus recursos econômicos da melhor maneira possível
Produtiva ou Total
Capacidade de uma DMU transformar inputs em outputs em proporções adequadas evitando desperdícios
Técnica Parcela da eficiência produtiva relacionada a fatores de ordem técnica ou de engenharia
Escala Parcela da eficiência produtiva relacionada ao fato da DMU estar ou não operando em sua escala ótima
Quadro 1 - Resumo dos Tipos de Eficiência de uma DMU.Fonte: Elaborado pelo autor
Os conceitos de eficiência econômica e de eficiência alocativa não são tão abrangentes
quanto o conceito de eficiência produtiva. Por exemplo, caso se deseje estudar um problema
em que as DMUs representem indivíduos, não terá sentido referir-se à eficiência econômica
ou à eficiência alocativa; apenas a eficiência produtiva fará sentido. É sempre bom lembrar,
também, que com exceção das eficiências técnica e de escala, que são componentes da
eficiência produtiva, nenhuma das técnicas de análise de eficiência apresentadas neste
trabalho lida com os outros tipos de eficiência de DMUs (eficiência econômica e alocativa).
35
É recomendável ao afirmar se uma DMU é ou não eficiente, a correta especificação do
tipo de eficiência ao qual se está referindo, pois quando uma DMU está operando com
eficiência técnica, por exemplo, pode não está operando com eficiência econômica, alocativa,
escala ou produtiva.
2.3 Fronteira de Eficiência
Segundo Mariano et al. (2006), uma fronteira de eficiência pode ser definida como
sendo o lugar geométrico ocupado por todas as DMUs, de um determinado conjunto,
consideradas eficientes. A construção da fronteira de eficiência é um requisito básico para as
técnicas não-paramétricas de análise de eficiência. Kassai (2005) define a fronteira de
eficiência como sendo uma curva de máxima produtividade, considerando a relação ótima
entre inputs e outputs, no qual se localizarão todas as DMUs consideradas eficientes,
enquanto as ineficientes se localizarão abaixo dela. Desse modo, o termo fronteira de
eficiência denomina quais pontos limitam a produtividade sobre os quais uma unidade
produtiva hipotética é eficiente.
Segundo Kassai (2002) uma fronteira de eficiência é sempre definida pelo conjunto de
DMUs que está sendo comparado sendo que, uma DMU só poderá ser dita eficiente para
aquele conjunto a partir do qual a fronteira de eficiência foi construída. Caso mude o conjunto
considerado, também deverá mudar a fronteira de eficiência, pois quanto mais produtivas
forem as DMUs do conjunto comparado, maior a produtividade necessária para que uma
DMU seja considerada eficiente.
A fronteira de eficiência é apresentada, através da representação gráfica em que todas
as DMUs são representadas por meio de pontos. No eixo y desse gráfico se encontram os
valores do output virtual e no eixo x se encontram os valores do input virtual de cada DMU
analisada (SILVA, 2007). A Figura 7 apresenta um exemplo de uma fronteira de eficiência.
As DMUs que se encontram sobre a linha, que é a fronteira propriamente dita, são todas
eficientes, enquanto as DMUs que se encontram abaixo dessa linha são todas ineficientes. As
DMUs representadas pelos pontos A e B são eficientes, pois ambas se encontram no limite
máximo da produtividade que podem alcançar quando comparadas com suas concorrentes.
36
Figura 7 - Fronteira Eficiente de Produção Fonte: Mariano, 2008, p.28.
Segundo Pena (2008) existem outras formas de se representar uma fronteira de
eficiência, porém essas formas só valem para casos muito específicos como, por exemplo,
para DMUs com dois outputs e um input ou para DMUs com dois inputs e um output.
Conforme exemplo da Figura 8.
Figura 8 - Fronteira de eficiência de DMUs com um input e dois outputsFonte: Fonte: Mariano, 2008, p.29
Para o caso de dois outputs e um input, a fronteira pode ser representada em um
gráfico, onde o eixo x apresenta o valor do output 1 dividido pelo input e o eixo y o valor do
output 2 dividido também pelo input. No caso de dois inputs e um único output basta seguir o
37
mesmo raciocínio que será obtida uma fronteira com formato semelhante ao representado na
Figura 8.
De acordo com Vasconcellos (2006), dependendo da orientação escolhida, o valor da
eficiência encontrada mudará, uma vez que alterará o valor da produtividade máxima. O
ponto de projeção de uma DMU ineficiente na fronteira nada mais é do que uma meta para
que a DMU ineficiente se torne eficiente. Da mesma forma que a eficiência pode ser
calculada a partir da projeção de uma DMU, a projeção de uma DMU também poderá ser
calculada a partir do valor de sua eficiência e da distância dessa DMU até um ponto fixo.
Nas técnicas de análise de eficiência produtiva, a eficiência total é obtida comparando-
se uma DMU com todas as suas concorrentes, indiscriminadamente; já a eficiência técnica é
obtida comparando-se uma DMU apenas com aquelas que operem em escala semelhante a
sua. Na prática, o cálculo das eficiências total e técnica se diferenciam apenas com relação ao
formato da fronteira de eficiência utilizado. A fronteira para calcular a eficiência total é uma
reta com inclinação de 45° que sai da origem e intercepta a DMU mais produtiva, fazendo
com que todas as DMUs sejam comparadas a ela; já a fronteira para calcular a eficiência
técnica possui o formato de uma função produção característica, com suas variações de escala
consideradas. A Figura 9 elucida essas duas fronteiras.
Figura 9 - Comparação entre o cálculo da eficiência Total e TécnicaFonte: Mariano, 2008, p.49.
Após o cálculo da eficiência técnica e da eficiência total, pode-se calcular a eficiência
de escala diretamente a partir da manipulação algébrica da expressão a seguir: (Eficiência de
Escala = Eficiência Produtiva/ Eficiência Técnica). Nas DMUs que apresentam retornos
38
constantes a escala, não faz sentido falar em eficiência de escala e eficiência técnica, sendo
calculada apenas a eficiência total.
Por meio de uma fronteira de eficiência técnica, é possível perceber como uma DMU
pode aumentar sua produtividade, e consequentemente sua eficiência total, simplesmente
aumentando ou diminuindo sua escala de produção, sem precisar alterar seu processo
produtivo. A Figura 10 exemplifica esse fato:
Figura 10 - Produtividade de DMUs que operam em escalas diferentesFonte: Mariano, 2008, p.49.
Na Figura 10, as DMUs “A”, “B” e “C” são todas tecnicamente eficientes, pois estão
sobre a fronteira de eficiência técnica (função produção). Porém, a produtividade da DMU
“B”, que é a tangente da reta que liga a origem a essa DMU, é maior que produtividade das
demais já que o ângulo da reta que liga essa DMU à origem é maior que o das demais. Isso
ocorre porque B opera na sua escala ótima de produção retorno crescente à escala, enquanto
as DMUs “A” e “C” operam, respectivamente, abaixo e acima de suas escalas ótimas
respectivamente retornos crescentes e decrescentes à escala.
2.4Métodos de Determinação da Fronteira Eficiente
O estudo da eficiência com que operam unidades de produção significou a principal
motivação para o estudo das fronteiras. A ideia de medição da eficiência foi originalmente
desenvolvida por Farrell (1957) que usou o método não-paramétrico de fronteira para medir a
eficiência relativa. Dentre as técnicas mais empregadas para determinar as fronteiras
eficientes e os níveis de eficiência de unidades produtivas homogêneas encontram-se os
métodos paramétricos e os não-paramétricos.
39
De acordo com Coelli e Rao (2005), os métodos paramétricos utilizam-se geralmente
da econometria, especificamente, na estimação das funções de produção e fronteira de
produção estocástica. Esta abordagem requer que sejam especificadas formas funcionais que
relacionam os insumos e os produtos e utiliza medidas de tendência central para analisar a
eficiência das unidades de produção em relação à unidade "média". A não-paramétrica utiliza
a programação matemática, especificamente, na programação linear. A partir dos dados
disponíveis sobre as unidades de produção, é construída uma fronteira linear por partes e,
utilizando-se medidas radiais e de função de distância, analisa-se a eficiência das unidades de
produção em relação à distância da fronteira construída com as "melhores" unidades de
produção (as mais eficientes). Na Figura 11, pode-se visualizar melhor as diferenças entre
ambos os métodos, utilizando como exemplo a metodologia DEA e um método de analise de
regressão:
Fonte: Niederauer, 2002, p.63
Segundo Onusic (2007) análise de Regressão resulta em uma função que determina a
reta que minimiza a soma dos erros quadrados ou reta dos mínimos quadrados. É, portanto,
uma reta de comportamento médio que não representa necessariamente o desempenho de
nenhuma das unidades analisadas. Essa comparação pode ser demonstrada pela figura 11. As
observações individualmente estão representadas pelos pontos no gráfico. A reta traçada na
ilustração é obtida da função resultante da Análise de Regressão Linear. Pode-se notar que
apenas algumas observações posicionam-se próximas à reta de regressão.
Figura 11 - Comparação entre modelo de eficiência relativa e o de análise de regressão.
40
No caso da Análise por Envoltória de Dados define a curva de eficiência ou de
máxima produtividade, considerando a relação ótima insumo/produto. Assim, são
identificadas as unidades que obtiveram a alocação ótima entre insumos e produtos, que são,
então, chamadas de eficientes e estão posicionadas na curva de máxima eficiência relativa. É
importante notar que as demais unidades, não eficientes, estão posicionadas abaixo da curva,
“envolvidas” pelo desempenho das unidades eficientes (KASSAI, 2002). O método define
então unidades de referências para cada observação, o que permite calcular os aumentos de
produtos ou diminuição de insumos necessários para que a atuação seja otimizada.
2.5 Análise Envoltória de Dados (DEA)
A Análise Envoltória de Dados (DEA), por ser uma ferramenta analítica e quantitativa
que possibilita medir e avaliar a eficiência. Ela pode ser conceituada como uma técnica de
pesquisa operacional de unidades de produção. Foi desenvolvida inicialmente por Charnes,
Cooper e Rhodes (1978) com o objetivo de determinar a eficiência econômica relativa das
empresas excluindo o aspecto financeiro, e que trabalhassem com múltiplos insumos e
produtos.
Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), a análise envoltória de dados envolve o uso
de programação linear para construir uma fronteira não-paramétrica sobre os dados, em que
medidas de eficiência são calculadas em relação à fronteira.
Segundo Zhu (2000), a DEA representa uma das mais adequadas ferramentas para
avaliar a eficiência, em comparação com ferramentas convencionais, visto seus resultados
serem mais detalhados do que os obtidos por meio de outras técnicas, pois ela serve melhor ao
embasamento e recomendações de natureza gerencial. As vantagens da DEA em relação a
outras técnicas de análise de eficiência se justificam pelas suas características, descritas
abaixo:
a) caracteriza cada DMU como eficiente ou ineficiente através de uma única medida resumo de eficiência;b) não faz julgamentos a priori sobre os valores das ponderações de inputs e outputs que levariam as DMUs ao melhor nível de eficiência possível;c) pode prescindir (mas não rejeita) de sistemas de preços;d) dispensa (mas pode acatar) pré-especificações de funções de produção subjacentes;e) pode considerar sistemas de preferências de avaliadores e de gestores;f) baseia-se em observações individuais e não em valores médios;g) permite incorporação, na análise, de insumos e de produtos avaliados em unidades de medidas diferentes;h) possibilita a verificação de valores ótimos de produção e de consumo rejeitando restrições de factibilidade;i) permite a observação de unidades eficientes de referência para aquelas que forem assinaladas como ineficientes; e
41
j) produz resultados alocativos eficientes no sentido de Pareto.(MARINHO, 2001, p.6)
Para Macedo (2004), a resposta mais importante da metodologia DEA é a
caracterização de uma medida de eficiência, que faz com que a decisão fique orientada por
um único indicador construído a partir de várias abordagens de desempenho diferentes. Vale
ressaltar que isso facilita muito o processo decisório, pois, ao invés de considerar vários
índices para concluir a respeito do desempenho da empresa ou da unidade sob análise, o
gestor se utiliza apenas da medida de eficiência da DEA. Além disso, existem outras
informações oriundas desta metodologia que podem ser utilizadas para auxiliar a empresa na
busca pela excelência.
A metodologia DEA possui dois clássicos sendo eles o CCR (Charnes, Cooper e
Rhodes) e o BCC (Banker, Charnes, Cooper), ambos os termos derivam das inicias de seus
autores. O primeiro pressupõe tecnologias com retornos constantes à escala, enquanto o
segundo pressupõe retornos variáveis à escala. Tanto o modelo CCR como o modelo BCC
podem ter orientação insumo ou produto, conforme Kassai (2002). Nesse estudo utilizou
ambos com orientação para insumo, isto é, dando ênfase à redução de insumos sem, no
entanto, comprometer o nível de produção. Por meio dos modelos CCR e BCC é possível
encontrar os valores de eficiência de escala para cada unidade analisada. Assim, segundo
Coelli e Rao (2005), se os valores de eficiência técnica encontrados nos dois modelos (CCR e
BCC) forem diferentes, para uma dada DMU, significa que ela possui ineficiência de escala.
Ao contrário, se forem iguais, significa que a DMU está operando na escala ótima.
Observando a formulação matemática do Quadro 1, os modelos CCR e BCC com orientação
para insumo, percebe-se que modelo BCC orientado insumo foi colocada uma variável (uk),
que representa os retornos variáveis de escala, sendo que ela pode ser negativa ou positiva.
Quadro 2 - Formulações matemáticas dos modelos CCR e BCC Fonte: Adaptado Kassai 2002.
CCR orientação insumo BCC orientação insumo
42
As diferenças fundamentais entre os modelos estão relacionadas à: superfície de envelopamento (tipos de combinação e suposições sobre o retorno de escala); e tipo de projeção do plano ineficiente à fronteira. Os modelos CCR e BCC trabalham com diferentes tipos de tecnologias e, conseqüentemente geram fronteiras de eficiência diferentes e medidas de eficiência diferentes. No que diz respeito à orientação, cada um desses dois modelos pode ser escrito sob duas formas de projetar os planos ineficientes na fronteira: uma voltada para os produtos e outra voltada para os insumos. Na primeira orientação, as projeções dos planos observados sobre a fronteira buscam o máximo aumento equiproporcional de produção dado o consumo observado e, na segunda orientação, a maior redução equiproporcional do consumo para a produção observada (PAIVA, 2000, p.42).
Figura 12 apresenta uma comparação entre os dois tipos de fronteira do BCC e do CCR.
Fonte: Mariano et al., 2006, p.5.
De acordo com Belloni (2000) o indicador de eficiência do Modelo BCC, corresponde
a uma medida de eficiência técnica (ET), uma vez que está depurado dos efeitos de escala de
produção. Indicador de eficiência do Modelo CCR: indica uma medida de produtividade
global, denominada de indicador de eficiência produtiva (EP). Relacionando os indicadores,
calculados considerando-se orientação ao produto, obtém-se o indicador de eficiência de
escala (EEs), conforme demonstrado na Figura 13.
Fonte: Elaborado pelo autor
Eficiência total ou produtiva
Eficiência Total (CCR)/Eficiência Técnica (BCC)
Eficiência técnica
Eficiência escala
MODELO BCC
MODELO CCR
Figura 12 - Fronteira de produção para os modelos BCC e CCR
Figura 13 - Indicadores de eficiência
43
2.5.1 Características e Limitações da DEA
Segundo Guedes (2002), a DEA, por ser um método de avaliação não paramétrico,
tem algumas características diferenciadas em relação a outros métodos. Contrastando com
métodos paramétricos, no qual o objetivo é otimizar um plano de regressão simples, a DEA
otimiza individualmente cada uma das observações, uma em relação às demais, para assim,
determinar a fronteira de eficiência. A análise paramétrica tradicional aplica a mesma função
de produção a cada uma das observações. Portanto, o foco da DEA está nas otimizações, em
contrapartida às estimações de parâmetros das aproximações estatísticas utilizadas por outros
métodos.
Quanto à aplicação é necessário que algumas condições sejam satisfeitas: i) as
organizações que estão sob análise devem ser homogêneas, isto é, realizar as mesmas tarefas e
possuírem objetivos semelhantes; ii) as organizações devem atuar sob as mesmas condições
de mercado; e iii) as variáveis (insumos e produtos) devem ser as mesmas, apresentando
variações apenas quanto à intensidade ou magnitude. (GOLANY; ROLL, 1998)
A metodologia apresenta algumas características positivas que a torna útil para a
mensuração da eficiência. Segundo Charnes et al (1996), são as seguintes características: i)
opera com múltiplos insumos e produtos; ii) não é necessário estipular a forma funcional; iii)
gera um único escore de desempenho relativo às outras unidades; iv) diferencia as unidades
eficientes das ineficientes; v) define os recursos e calcula o nível de ineficiência das unidades
ineficientes; e vi) consegue detectar deficiências específicas, que não podem ser detectadas
por outras técnicas.
No entanto, apesar de apresentar muitas características positivas, a DEA possui
algumas limitações. De acordo com Niederauer (2002), por ser uma técnica de ponto extremo,
a análise é sensível a ruídos, tais como erros de medição ou valores extremos; a medida que
cresce o número de variáveis aumenta também a chance de mais unidades alcançarem o
desempenho máximo; sendo DEA uma técnica não paramétrica, torna-se difícil formular
hipóteses estatísticas; e, por último, estima bem o desempenho “relativo”, mas converge
muito vagarosamente para o desempenho “absoluto” porque está baseado em dados
observados e não no ótimo ou no desejável.
2.5.2 Aplicações da DEA na avaliação da eficiência da Cadeia Produtiva do Leite
Os modelos de estimação de fronteira têm sido uma importante área de estudos
econômicos nas duas últimas décadas. No Brasil, existem vários estudos que estimam a
44
eficiência da pecuária de leite utilizando a metodologia de Análise Envoltória de Dados,
podemos citar alguns destes estudos:
• Gomes (1999) estudou os impactos das transformações da produção de leite no
número de produtores e requerimentos de mão-de-obra e capital, utilizando-se no
cálculo da eficiência relativa. Fez a comparação dos grupos de produtores através de
alguns indicadores de desempenho técnico e econômico, caracterizando a produção
eficiente, de forma a servir de base para estimação de uma função de produção para os
produtores eficientes da amostra, a qual permitiu analisar a intensidade no uso dos
fatores de produção em cada estrato.
• Gomes e Alves (1999) quantificaram a ineficiência no uso dos insumos na atividade
leiteira, utilizando a Análise Envoltória de Dados (DEA) em uma amostra de
produtores, os quais foram agrupados de acordo com a medida de eficiência técnica
alcançada. O modelo permitiu identificar as quantidades de insumos que podiam ser
reduzidas, sem comprometer a produção.
• Gomes e Alves (2000) examinaram se a tendência de concentração da produção está
melhorando a eficiência produtiva, utilizando-se de uma técnica não paramétrica de
análise de dados, conhecida como Análise Envoltória de Dados, para medir a
eficiência técnica de uma amostra de 241 produtores de leite.
• Gomes e Dias (2001) utilizaram uma abordagem não paramétrica de programação
matemática, baseada na Análise Envoltória de Dados (DEA), combinada com o índice
de Malmquist, alternativamente aos métodos estatísticos convencionais, para calcular
a produtividade total dos fatores na agropecuária brasileira (PTF), por possibilitar sua
decomposição em um índice de mudança na eficiência técnica e um índice de
mudança tecnológica.
• Em estudo recente realizado por Gomes (2008) demonstrou que houve uma rápida
evolução da modelagem DEA, tanto em seus aspectos teóricos quanto em sua
aplicação a casos de estudos reais, isso pode ser comprovado pela grande quantidade
de artigos publicados. Uma das aplicações de destaque é na agricultura. Entre os
trabalhos que podemos citar temos os no estado de São Paulo, quatro sobre fazendas,
com análise da agropecuária (GOMES ; MANGABEIRA, 2004; GOMES et al., 2005
e 2006) e da pecuária de leite (TUPY et al., 2003b), um sobre cooperativas de leite
(TUPY et al., 2003a). Os demais estudos referiram-se à avaliação de eficiência de
agricultores que praticavam pecuária de leite no estado de Minas Gerais (TUPY;
45
YAMAGUCHI, 2002; SANTOS et al., 2004), pecuária de corte no Mato Grosso do
Sul (ABREU et al., 2006), cultura do camarão no estado do Ceará (SOUSA JÚNIOR
et al., 2005), de fazendas irrigadas em Pernambuco (SILVA ; SAMPAIO, 2002).
Com relação ao quantitativo de dissertações de mestrado e teses de doutorado
nacionais que versam sobre a aplicação da DEA, em consulta ao banco de teses da CAPES
defendidos entre os anos 1987 e 2008, foram encontradas cerca de 150 teses e dissertações
que fizeram uso de modelos DEA em seu desenvolvimento. Destas, 25 empregaram-no a
estudos agrícolas brasileiros. Os resumos das teses e dissertações encontrados mostraram que
estas foram apresentadas entre 1998 e 2008. Versaram sobre os seguintes temas: aquicultura,
arroz, cooperativas de crédito rural, pecuária de corte (1 trabalho cada); agricultura (6);
agropecuária (7); pecuária de leite (8). Os trabalhos cobriram diferentes extensões e
localizações geográficas, como os estados da Bahia, Mato Grosso do Sul e região Nordeste (1
trabalho cada); Ceará, Pernambuco, Rondônia, São Paulo (2); Santa Catarina (3); Minas
Gerais, Paraná e Brasil como um todo (4). Notou-se, ainda, uma diversidade em relação ao
tipo de DMU considerado: assentamentos rurais, cooperativas de crédito rural, cooperativas e
sociedades de capital, empresas agrícolas, estados, vilas rurais (1 trabalho cada); municípios
(2); microrregiões (3); fazendas/produtores rurais (11).
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE
3.1 Produção de Leite Mundial
Entre 1997 e 2008, a produção mundial de leite cresceu, em torno de 47,9%. Este
crescimento não aconteceu de modo simétrico entre os países produtores, tendo ocorrido
maior participação das economias menos desenvolvidas.
Como se pode observar na Tabela 1, à exceção do Continente Europeu, todos os
demais apresentaram taxa de crescimento positiva, notadamente a Ásia, com 189,8%, e a
África, com 103,9 %. A participação europeia, embora tenha sido alvo de retração de 1,7%
em termo de volume produzido, ao longo do período, concentrou 30,9% da produção mundial
em 2008, enquanto o Continente Americano deteve 24,3%, mostrando que a produção
mundial se encontra bastante concentrada em poucos países.
Tabela 1 - Produção mundial de leite de vaca e taxa de variação, por continentes - 1997 a 2008.
ContinenteProdução de Leite (mil t) Variação (%)
2008/97Participação
20081997 2002 2008Ásia 85.123 102.282 246.700 189,8 35,8Europa 213.784 212.441 213.400 (1,7) 30,9América 132.977 145.984 167.488 25,9 24,3Oceânia 20.443 24.260 26.259 28,4 3,8África 17.615 22.797 35.933 103,9 5,2T O T A L 468.942 507.764 689.780 47,9 100Fonte: FAO (Perspectivas Alimentárias - Jun/09).
De acordo Zoccal e Carneiro (2008), o crescimento da produção de países como a
China (517,50%), o Paquistão (144,66%), a Nova Zelândia (143,26%) e a Índia (144,67%)
fez com que fossem alteradas importantes posições na lista dos maiores produtores mundiais.
Se, em 1997, China e Paquistão não figuravam dentre os grandes produtores mundiais, em
2008 assumiram, respectivamente, a 4ª e 5ª posições.
A diminuição da participação no volume produzido pela Ucrânia (-10,1), Itália (-
6,8%), Suécia (-9,82%), Rússia (-5,9%) e Alemanha (-2,9%), associada ao crescimento da
produção de outros continentes, faz com que a Europa perca parcela importante na produção
mundial.
O recuo na oferta européia pode ser parcialmente atribuído às reformas políticas, que culminaram em redução gradativa de subsídios, e também por serem países com menor competitividade em custos de produção. Além disso, os países europeus estão entre os que apresentam os maiores níveis de produtividade média do rebanho,
47
indicando um alto grau de incorporação de tecnologia e dificuldade de expansão marginal da oferta (CARVALHO et al., 2008).
Atualmente os dez maiores produtores são responsáveis por cerca de 75,7% do volume
produzido, sendo o principal produtor a União Europeia , que detêm 22,03% da produção
mundial, seguido pela Índia, com 15,4%, menos da metade da produção norte-americana .
Tabela 2 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite no ano de 2008
Posição PaísesProdução de Leite (mil t)
2008Percentual do
Total Acumulado
1º União Européia 151,5 22,03 22,03
2º Índia 105,8 15,4 37,43
3º EUA 86,2 12,54 49,97
4º China 41,9 6,09 56,06
5º Paquistão 35,2 5,11 61,17
6º Federação Russa 32,7 4,75 65,92
7º Brasil 28,1 4,08 70,00
8º Nova Zelândia 15,3 2,22 72,22
9º Turquia 12,2 1,77 73,99
10º Ucrânia 11,8 1,71 75,7
11º Outros países 167,0 24,3 100,00
TOTAL 687,7 100Fonte: Adaptado FAO (Perspectivas Alimentárias - Jun/09).
A Rússia foi o país que mais contribuiu para a queda da participação europeia, com
produção recuando de 47,01 milhões de toneladas em 1992 para 32,7 milhões de toneladas em
2008, ou seja, queda de 14,31 milhões de toneladas. Segundo Carvalho et al. (2008), com o
término do regime comunista na antiga União Soviética, o setor lácteo na Rússia atravessou
um processo de reorganização e competição capitalista. Todas as ineficiências antes
encobertadas pelo regime comunista apareceram, estabelecendo a necessidade do setor
privado de melhorias de qualidade, investimento em equipamentos e máquinas, qualificação
de mão-de-obra, entre outros fatores. O reflexo imediato foi redução significativa do rebanho
e queda da produção de leite. O mesmo movimento ocorreu na Ucrânia, que também
contribuiu para a perda de participação européia na oferta global.
3.2 Produção de Leite Brasileira
As mudanças expressivas pelas quais a produção leiteira no Brasil passou durante a
década de 1990, refletem de forma determinante nas práticas adotadas atualmente.
Importantes mudanças ocorreram no segmento da produção, como a redução do número de
48
produtores e concentração da produção (GOMES; FERREIRA, 2007). Este novo cenário teve
sua origem com a abertura da economia, que ocasionou o fim do tabelamento do preço do
leite pago ao produtor e que ganhou maior velocidade depois da abertura comercial para
países do Mercosul e da estabilização da economia devido à implantação do Plano Real
(GOMES et al., 2002; GOMES ; DIAS, 2001; PONCHIO ; SPOLADOR, 2005). De acordo
com Melo (2007), em consequência desse processo, os produtores brasileiros foram
estimulados a se tornarem mais eficientes e competitivos.
Como reflexo destas mudanças, a produção nacional experimentou evolução
expressiva entre 1980 e 2008, aumentando o volume produzido de 11.162 para 28.100 bilhões
de litros de leite em 2008, posicionando o Brasil, entre os sete maiores produtores mundiais.
Este desempenho equivale a uma variação da produção em torno dos 151%, com uma taxa
geométrica média de crescimento da ordem de 5,2% ao ano, superior, portanto, à taxa anual
de crescimento da população brasileira, que ficou em torno de 2,01 %, possibilitando que a
produção nacional obtivesse elevação de sua produção per capita.
Para entender como ocorreu esse crescimento, é importante que se analise os fatores
que contribuíram para o bom desempenho da pecuária de leite no Brasil. Para Gomes (2006),
a produção pode crescer em razão dos ganhos de produtividade, melhorias do uso dos fatores,
melhoria tecnológica e por crescimento do rebanho. Diante da dificuldade de se mensurar o
crescimento de todos os fatores de produção, pode-se usar como proxy a produtividade das
vacas, medida em litros de leite por vacas/ano. Para o autor, a utilização dessa proxy se
explica pelo equilíbrio nos sistemas de produção, ou seja, a baixa produção por vaca está, em
geral, associada à baixa produção por mão-de-obra, terra e capital. Para esse autor, a
separação das fontes de crescimento é muito útil, uma vez que esta indica a forma como a
produção se desenvolve ao longo do tempo.
Ao longo dos anos, de 1980 a 2008, pode-se analisar que o número médio de vacas
ordenhadas, que era de 16,94 milhões de cabeças, passou para 21,28 milhões, proporcionando
uma taxa de crescimento média no período de 25,62, enquanto a produtividade cresceu à taxa
média de 60% no período. Estas taxas indicam que o crescimento da produção leiteira no
Brasil decorreu tanto do crescimento numérico do rebanho leiteiro quanto de ganhos reais de
produtividade, Sendo o crescimento da produção média a principal fonte de crescimento da
atividade no período conforme demonstrado Tabela 3.
49
Tabela 3 - Médias para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade no período de 1980 a 2008, Brasil
Fonte: R. Zocal- Embrapa Gado de Leite/dezembro 2008Elaborada pelo autor
Pode-se, contudo, examinar na Tabela 3 que houve mudanças importantes na natureza
do crescimento da produção, dependendo das condições econômicas de cada período.
Analisando-se a evolução da produtividade, no último período, constata-se que, mesmo com
pequenos incrementos, seu crescimento apresentou taxas crescentes e constantes. No entanto,
para Brandão (2001), esses adicionais de produtividade são muito baixos, e a essas taxas, o
País precisaria de sessenta anos para atingir o nível de produtividade dos maiores produtores.
Por outro lado, Nogueira Netto e Gomes (2005) assinalam que o agronegócio do leite
no Brasil vivencia um novo ciclo desde 2001. Esta nova fase caracteriza-se pelo
equacionamento dos principais problemas advindos das importações desleais, resolvidos por
meio de medidas antidumping, e pelo foco nas exportações como alternativa real de negócio.
Ainda, segundo esses autores, as exportações poderão amenizar a instabilidade entre a oferta e
a demanda no mercado interno, com benefícios para toda a cadeia produtiva.
Ressaltando as melhorias ocorridas no setor, Ponchio e Spolador (2005) reconhecem
que, a partir de 2001, alterações expressivas na produção e no parque industrial foram
atingidas, principalmente com relação à qualidade do leite. Essas mudanças tiveram
importância expressiva fazendo com que a cadeia produtiva brasileira em 2004, pela primeira
vez em sua história, fez o País sair da qualidade de importador para a de exportador mundial,
obtendo, segundo Ponchio e Spolador (2006), ganhos em produtividade e em competitividade
no comércio internacional, apesar da valorização da moeda nacional.
Avaliando os efeitos adversos do crescimento do setor, Gomes (2003) ressalta que o
papel exercido pelo ajustamento da escala de produção, fruto do processo de especialização,
compensou a redução do número total de produtores e permitiu o incremento da captação da
indústria. Para os pequenos produtores, no entanto, essas mudanças apresentam consequências
perversas, em virtude da dificuldade de organização, pequena participação na produção e
baixo nível de escolaridade (MAGALHÃES ; CAMPOS, 2006).
Características Período
1980-1990 1991-2000 2001-2008Produção de leite (milhões litros/ano) 12,45 17,35 23,89Vacas Ordenhadas (milhões cabeças) 16,94 19,13 21,28Produtividade (litros/vaca/ano) 717,55 940,8 1.187,6
50
De acordo com esses autores, a profissionalização dos administradores e
modernização do setor é uma questão crucial, considerando-se que os negócios agropecuários
se revestem de elevada complexidade e dinâmica. Dürr (2005) também considera importante a
profissionalização, entretanto, acredita que a necessidade mais imediata é a melhoria da
qualidade do leite. Estas mudanças tendem a acirrar ainda mais com a aplicação da Instrução
Normativa nº. 51, de 18/09/02, a qual estabelece novos padrões de qualidade para os
diferentes tipos de leite comercializados no país, compreendendo todo o sistema, do produtor
ao laticínio, definindo parâmetros de qualidade, mundialmente aceito.
De modo sumário, pode-se afirmar que, nos últimos anos, ocorreram importantes
mudanças, tais como: significativa redução do número de produtores, aumento da
concorrência, melhoria da produtividade do rebanho, deslocamento da produção para outras
regiões não tradicionais, melhoria da qualidade do leite brasileiro e a transformação do Brasil
de importador a exportador de lácteos. Segundo Nogueira Netto e Gomes (2005), dos setores
da cadeia produtiva a pecuária de leite foi a que passou pela mais profunda mudança. Para
esses autores, a produção e a produtividade do rebanho brasileiro estão diretamente ligadas à
especialização do pecuarista. Somam-se a esses avanços a melhoria na qualidade do leite e a
introdução de tecnologias adequadas à realidade brasileira, o bom gerenciamento da
propriedade e a utilização de forrageiras tropicais, modificando o perfil da produção nas
diversas regiões do País.
3.3Produção de Leite na Região Norte do Brasil
A produção leiteira na região norte é relativamente pequena. Em 2008, a região
respondeu por apenas 6,03% da produção nacional. Mas por outro lado a produção leiteira na
região foi a que obteve um dos maiores índices de crescimento de todo país, com um aumento
de 84,3% da produtividade no período de 1998 a 2008, incremento consequente da expansão
horizontal do rebanho da região.
No entanto, segundo Raiol et al. (2009), quando é efetuada a comparação dos índices
produtivos da região norte com o restante do país, verifica-se que estes são inferiores, fato
consequente da criação extensiva, em que poucos recursos tecnológicos, sócio-econômicos e
institucionais estão presentes, caracterizando o sistema como possuidor de vasta restrição para
alcance da produção racional, já que existem limitações quanto ao padrão genético dos
animais, manejo nutricional e sanitário e pouco investimento na qualificação da mão-de-obra
atuante. (MARTINS, et al., 2008).
51
No entanto dentre as regiões brasileiras, a região norte é que apresenta as maiores
condições de produção, decorrentes, em particular, do clima quente e úmido apropriado para a
produção de forragens. Apesar da inexistência de tratos culturais do pasto, há grande potencial
da produção de leite no pasto (GOMES, 2006). Eventuais problemas relativos ao conforto dos
animais, provocados pelo clima, podem ser contornados pelo manejo adequado do rebanho,
como já foi demonstrado em pesquisas realizadas pela EMBRAPA, nos sistemas de produção
instalados na região. Estas características demonstram, pois, o grande potencial de
crescimento desta região e o elevado poder de competição com outras regiões do país.
Estes fatos levam a compreender os percentuais de crescimento da região serem
superiores às demais regiões do país por possuir diferenciais competitivos das novas
fronteiras agrícolas. Segundo Santos et al. (2008), os sistemas de produção na região norte
podem assim suportar um menor preço do leite para sua sobrevivência e também são menos
vulneráveis às crises do mercado de lácteos, em razão da maior flexibilidade para serem
conduzidos, com forte predominância para o gado mestiço e utilização de pasto como
alimento principal.
Quanto às perspectivas de mercado, a produção de leite e de derivados, nesta região,
além do mercado local, existe possibilidade de alcançar o mercado de outras regiões do país
bem como a exportação para os países andinos e para outros países por meio do Oceano
Pacífico.
Segundo Carvalho et al. (2006), no âmbito da cadeia produtiva do leite, estas
modificações da distribuição espacial do rebanho bovino, se deslocando para a região norte,
principalmente para os Estados do Pará e Rondônia, sendo estes responsáveis em por (80,5%)
da produção de leite na região (IBGE, 2008). Pode ser explicada pela abertura de novas áreas
ao norte do Brasil, por uma população que inclui jovens produtores originários de famílias do
Centro-Oeste e Sul do Brasil, com experiência na produção de leite.
No entanto, é importante salientar que somente através de ganhos de produção e de
produtividade, é que se pode contribuir para o crescimento mais sustentável da atividade na
região. No ano de 2008, em relação à produtividade, a região possuía uma média de
produtividade 616 (litros/vaca/ano) muito abaixo da média nacional que era 1276
(litros/vaca/ano), demonstrando a necessidade de melhoria na produtividade.
52
3.4Produção de Leite em Rondônia
Em 2008, o Estado do Rondônia produziu 723 milhões de litros de leite,
correspondendo a 43,42% da produção regional, ficando em primeiro lugar na produção de
leite na região Norte, dado que vem alternando com o Estado do Pará na primeira colocação
ao longo dos anos. Entre os de 1998 a 2008, enquanto a produção de leite do Brasil cresceu à
taxa media de 4,2% ao ano, no Estado de Rondônia a produção cresceu 8,54% ao ano,
conforme demonstrado no Gráfico 1, no qual somente em 2000 e 2008 o percentual de
crescimento da produção foi menor que a média nacional.
Fonte: elaborado pelo autor, com base nos dados do IBGE/EMBRAPA
De acordo com Paes-de-Souza (2007) esta performance é explicada pelos baixos
custos de produção prevalecentes, acompanhados de fatores como a abundância de chuvas,
pouca utilização de mão-de-obra, mercado direcionado para a industrialização e
principalmente a baixa ou nenhum emprego de insumos, sendo uma atividade eminentemente
voltada à agricultura familiar. No entanto, a ausência de logística e uma infra-estrutura que
deveriam ser fornecidas pelo Estado, bem como a assistência técnica, impedem que o setor da
produção primária da cadeia produtiva do leite consiga atender aos requisitos de qualidade
dos laticínios que se multiplicam e se especializam cada vez mais e delimitam o arranjo
produtivo de Leite no Estado.
Ainda segundo Paes-de-Souza (2007) essa situação provoca incerteza, fragilidade e
perda de competitividade no arranjo, comprometendo diretamente o segmento da
Gráfico 1 - Variação percentual anual da produção de leite no Brasil e no Estado de
53
industrialização que sendo representada pelos laticínios sofrem fiscalização sistemática e as
punições decorrentes da falta de qualidade.
Com relação à produção no período entre 1998 a 2008, a maioria dos estados da região
norte apresentou taxas positivas de crescimento da produção (GRÁFICO 2). Dentre os
estados que obtiveram taxas positivas, o Estado de Rondônia foi o que mais cresceu saindo de
produção de 372 milhões de litros de leite em 1998 e chegando aos 723 milhões de litros em
2008 um Crescimento de mais de 94% no período.
Fonte: elaborado pelo autor com base dos IBGE/EMBRAPA (2010)
Com o desafio de desenvolver a pecuária de leite no Estado de Rondônia, o poder
publico vem desenvolvendo ações que possam possibilitar tanto a melhoria de produção,
produtividade e qualidade do leite, quanto tenta equacionar a falta de articulação da cadeia
produtiva. Entre as ações que podemos citar: Programa de Desenvolvimento da Pecuária
Leiteira do Estado de Rondônia – (Pró Leite), a criação da Câmara Setorial do Leite e os
convênios firmados com Superintendência da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA. Para
podermos compreender melhor estas ações iremos abordar um pouco sobre o objetivo de cada
uma delas:
Pró Leite – É um programa voltado ao aumento da produção e produtividade do
rebanho leiteiro do Estado, através de compartilhamentos institucionais disponibiliza
especialistas, extensionistas e técnicos para atuar nas localidades, levando conhecimentos,
técnicas e tecnologias necessárias a essa melhoria contínua no processo produtivo do leite,
Gráfico 2 - Variação da produção de leite entre os estados da região norte – 1998 a 2008
54
voltados ao melhoramento do manejo alimentar, reprodutivo, sanitário dos animais e a adoção
de práticas higiênicas na produção do leite.
Já a Câmara Setorial do Leite é responsável por administrar o recurso do Fundo PRÓ-
LEITE, sendo este um órgão deliberativo, composto por 17 membros que compõem os
seguimentos da Cadeia Produtiva do Leite no Estado. Entre os órgãos que fazem parte temos:
EMATER-RO, EMBRAPA, CEPLAC, IDARON, DFA, Prefeituras Municipais, Indústrias de
laticínios. A Câmara é um importante fórum de debates sobre a melhoria da competitividade e
do desempenho do setor. (PAES-DE-SOUZA, 2007).
E por fim, podemos destacar os convênios que a SUFRAMA firmou com vários
municípios viabilizando a instalação de tanques de resfriamento de leite, possibilitando
pasteurizar, armazenar e transportar o leite seguindo padrões exigidos pelo Ministério da
Agricultura (Instrução Normativa n.º 51/2002), que exige o armazenamento do leite in natura
em tanques refrigerados com temperatura abaixo de sete graus e a coleta realizada pelos
laticínios em 48 horas, em caminhões tanques, o que vem permitindo um maior
aproveitamento da produção local que antes estava sendo desperdiçada pela falta de condições
ideais para comercialização.
De acordo com Paes-de-Souza (2007) pode-se dizer que o setor leiteiro em Rondônia
vem se estruturando desde a década de 1970, porém somente no final da década de 1990 é que
iniciaram ações para o desenvolvimento da pecuária de leite com criação do Proleite, que foi
formalizado pelo Decreto Estadual n. 8.812 de 30.07.1999, oficializando a parceria do
Governo do Estado com os demais atores do agronegócio leite.
No entanto, de acordo com Rodrigues et al. (2009) apesar das ações já citadas quando
analisamos o Estado de Rondônia em relação à produtividade comparando com média
nacional podemos observar que mesma ainda encontra-se abaixo da média brasileira
Em termos de produtividade média no ano de 2008, enquanto a média nacional
alcançou 1276 litros/vaca/ano, Rondônia, no mesmo período, obteve média de 714
litros/vaca/ano, correspondendo a apenas 56 % da média brasileira. Conforme pode ser visto
no Gráfico 3.
55
Gráfico 3 - Produtividade do setor leiteiro do Brasil e do Estado de Rondônia Fonte: elaborado pelo autor com base dos IBGE/EMBRAPA
De acordo Gomes (2006) a baixa produtividade pode ser decorrente de combinações
inadequadas no uso de fatores produtivos, o que causaria elevação de custos e,
consequentemente, a redução da competitividade seja relativamente aos custos de
oportunidade em relação a outras atividades, ou quanto à capacidade de competir com
produtos lácteos de outras regiões ou países.
No entanto, segundo Rodrigues et al., (2009), a tendência neste setor é aumentar a
escala, melhorar a produtividade e a qualidade do produto. Aos produtores que não se
adequarem aos novos protocolos de produção e às novas regras de mercado, a exclusão parece
ser inevitável. A modernização deverá acarretar um aumento da produtividade, fazendo o
Brasil aproximar-se ao padrão mundial e, como consequência, deverá haver uma redução do
número de produtores. A reestruturação da produção leiteira não se dará sem grave custo
social, pressupondo-se, assim, que o desafio será o de desenvolver programas oficiais de
reconversão destes produtores buscando sua permanência na atividade, ou pelo menos, no
campo, (MAGALHÃES; CAMPOS, 2006)
Para Soares et al. (2008), de forma genérica, uma firma é mais produtiva que outra
porque tomou decisões que lhe permitem aproveitar melhor os recursos. Essas decisões
podem ser o uso de uma tecnologia mais avançada, a contratação de mão-de-obra mais
qualificada, melhores técnicas gerenciais, ou outras. O importante é que a maior
produtividade é, via de regra, decorrente de alguma decisão tomada.
No âmbito microeconômico a produtividade é utilizada como um indicador de desempenho de uma firma. Do ponto de vista agregado, a produtividade pode ser
56
apresentada como indicador de um segmento produtivo ou de um país. As unidades produtivas utilizando à mesma tecnologia podem apresentar diferenças de produtividade, o que pode vir a torná-las menos eficientes em relação a seus pares. A medição da produtividade e a busca de seus condicionantes permitem elaborar hipóteses sobre as causas de ineficiência e de suas diferenças. De uma forma geral, o aumento e as diferenças na produtividade estão relacionados às mudanças de eficiência do processo produtivo (ou eficiência produtiva), as mudanças tecnológicas e as diferenças no ambiente econômico. (ANJOS, 2005)
Mas, Gomes et al. (2007), em análise realizada sobre os produtores de leite do Estado
de Rondônia, constatou que existem grandes dificuldades na identificação dos fatores que
tornam os produtores mais ou menos eficientes. No entanto, utilizando o modelo de fronteiras
eficientes e um conjunto de insumos pôde-se notar pelos autores que os produtores
ineficientes podem diminuir a qualidade de insumos utilizados com o objetivo de reduzir a
ineficiência.
Os autores mostram que as variáveis que condicionam a eficiência do produtor podem
variar em relação à região estudada. No estado de Rondônia, notou-se que as variáveis
discriminantes foram: percentual do capital investido em terra; gastos com mão de obra
contratada; gastos com transporte do leite e impostos; preço do leite recebido pelo produtor;
custo operacional total e capital investido na propriedade.
Roberts (2003), analisando produtores de leite do Estado de Rondônia, constatou
elevada participação da mão-de-obra familiar em todos os sistemas de produção, o que reflete
o quanto a atividade de ocupação do trabalho familiar é importante. Os autores mostram que
os produtores com produção diária de até 50 litros estavam trabalhando na faixa de economia
de escala, sinalizando a possibilidade de crescimento de pequenas propriedades. Entretanto,
constatou-se também que existem relações negativas entre a eficiência de escala e as
variáveis: número de vacas, mão de obra e gastos operacionais totais. Em síntese, embora a
eficiência técnica dos pequenos produtores não seja significativamente diferente dos demais,
há o problema da ineficiência de escala.
Rodrigues et al. (2009), em análise sobre a eficiência na produção de leite das
pequenas propriedades do município de Jaru no Estado de Rondônia, constataram a
necessidade de se buscar, de forma imediata, o aumento da eficiência como alternativa para
permanência dos produtores na atividade, em um horizonte de curto a médio prazo. Os
autores apontam para o fato de a permanência dos produtores ineficientes na atividade,
provavelmente é em função do alto custo de saída, dada à existência de uma estrutura
composta em investimentos ativos fixos, o que dificulta ou inviabiliza a mudança de atividade
57
pelos produtores, e a não apropriação dos custos de produção como elemento fundamental na
tomada de decisões.
Ferreira Junior e Cunha (2004) também observaram que os fatores referentes à escala
e ao custo total médio têm influência significativa sobre o grau de eficiência dos produtores
desse sistema e permitem evidenciar que a profissionalização da atividade e a eficiência
econômica apresentam íntima relação com a eficiência técnica. Os autores chamam atenção
para o fato de o aumento da produtividade, sem alterar, no curto prazo, o nível tecnológico ou
o sistema de produção por meio da melhor utilização dos fatores terra, trabalho e capital, será
possível apenas se houver melhoria na qualidade da gerência do produtor. Nesse sentido, o
acesso à informação e aos serviços de extensão pública ou privada podem contribuir para
aumentar a eficiência e a produção já no curto prazo, além de favorecer a redução da
heterogeneidade entre os produtores.
Fatores qualitativos foram ainda confirmados por Pochio et al. (2004) que, analisando
a produção em cinco estados brasileiros, observou que variáveis como idade do chefe da
família, uso de computadores no estabelecimento, gerenciamento da propriedade e
treinamentos realizados em cooperativas ou outras instituições de extensão são fatores que
influenciam diretamente no volume de produção do estabelecimento.
Segundo Paes-de-Souza (2007) A pecuária de leite tem grande importância na
agricultura familiar de Rondônia. Através de estimativas realizadas pela autora, das 85.907
propriedades rurais no Estado, 35.000 exploram a atividade leiteira. Além de gerar renda, a
produção de leite tem importante papel social na geração de emprego.
Dada a importância sócio-econômica da atividade leiteira, neste estado, a avaliação da
eficiência da produção de leite, dos produtores e suas respectivas associações, bem como a
análise dos fatores que a determinam, são de fundamental importância. Estes indicadores
podem ser fundamentais à formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento da
pecuária de leite no estado de Rondônia. Além disso, permite analisar as possibilidades de
sobrevivência dos produtores, dada à restrição de recursos que caracteriza a pequena
propriedade e sua dependência da atividade leiteira como fonte de renda.
3.5 Produção de Leite em Rolim de Moura
O município encontra-se em um importante polo regional, sendo a cidade mais
populosa e economicamente ativa do que chamam zona da mata rondoniense, com uma
população de 50.249 habitantes (IBGE, 2008) e área de 1.458 km², com uma região de
influência que abrange os municípios de São Filipe D'Oeste, Alto Alegre dos Parecis , Floresta
58
d'Oeste, Castanheiras, Nova Brasilândia D'Oeste, Novo Horizonte D’ Oeste, Parecis e Santa
Luzia D'Oeste e, totalizando uma área de 19.664 km² e uma população de cerca de 151.000
habitantes . O município de Rolim de Moura teve sua origem com o projeto de colonização
Rolim de Moura implantado na área pelo INCRA, iniciou-se no final de dezembro de 1975, o
processo oficial de distribuição dos lotes rurais aos futuros agricultores da região, e, em 13 de
julho de 1977, eram escolhido e delimitado o local onde abrigaria a sede do núcleo urbano
com a finalidade de prestar apoio logístico aos projetos de colonização em implantação. O
nome da cidade foi dado em homenagem ao Visconde de Azambuja. Dom Antônio Rolim de
Moura Tavares, segundo governador da capitania de Mato Grosso, pelos relevantes serviços
prestados à região do vale do Guaporé. Rolim de Moura foi elevada a categoria de município
através do Decreto Lei Estadual n.º 071, de 5 de agosto de 1983, desmembrado da área de
Cacoal.
Fonte: Adaptado SEDAM (2009)
As principais fontes de recursos da microrregião são a agropecuária e a indústria
madeireira, as lavouras de relevância como arroz, café, milho e feijão, a pecuária extensiva
ocupa grande espaço geográfico que abriga 1.572.113 cabeças de gado, onde crescimento do
rebanho microrregional está estagnado pela superlotação das pastagens, existindo um forte
movimento de migração do rebanho de corte para o leiteiro devido à instalação de novas
Figura 14 – Mapa do Estado de Rondônia
59
indústrias de processamento de leite. Com relação à pecuária no município houve uma
expansão no período de 1998 a 2008, no número de bovinos, no município, saindo 147.236
cabeças para 217.633. O município possui 19º rebanho do Estado de Rondônia, (IBGE, 2008).
Com relação à produção de leite, entre os anos de 1998 e 2008 houve um aumento de
produção de 98,10%, e de 109,98% no número de vacas ordenhadas. Os dados apresentados
na ilustração 23, no entanto, quando analisamos a produtividade no mesmo período
detectamos uma redução da mesma de 5,66%, demonstrando que apesar do aumento da
produção e do rebanho, os mesmos não refletiram no aumento da produtividade. Na média, a
produtividade das propriedades leiteiras do município é ainda muito baixa quando comparada
às de outras regiões do país, no entanto, quando comparada com média da região norte e do
Estado de Rondônia ela é superior.
Tabela 4 - Produção de Leite, Vacas Ordenhadas e Produtividade Animal em Rolim de Moura, no período de 1998-2008.
Ano Produção de leite(mil litros/ano)
Vacas Ordenhadas (mil
cabeças)
Produtividade
(litros/vaca/ano)
1998 9.675 10.902 8871999 11.749 15.394 7632000 12.770 16.731 7632001 7.513 9.844 7632002 16.005 20.971 7632003 12.682 20.138 6302004 12.986 20.613 6302005 13.412 21.289 6302006 13.373 21.227 6302007 14.467 20.093 7202008 15.045 20.896 719Fonte: IBGE/PPM-(2009)
No entanto, o município de Rolim de Moura, proporcionalmente, é o município no
Estado de Rondônia que vem recebendo o maior número de recursos dos órgãos públicos para
desenvolvimento da pecuária de leite.
4 METODOLOGIA
Marconi e Lakatos (2003) destacam que a finalidade da atividade científica é a
obtenção da verdade, por meio da comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes
entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade. O método é o
conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,
permite alcançar o objetivo.
Assim, é apresentado o encadeamento metodológico da pesquisa, descrevendo o
delineamento da pesquisa, fonte dos dados, variáveis, modelo analítico, características e
limitações do método, aplicações do método, descrição das etapas de implementação da
análise envoltória de dados.
4.1Delineamento da Pesquisa
O tipo de pesquisa realizado neste trabalho é a descritiva. Segundo Vergara (1998), a
pesquisa descritiva expõe características de determinado fenômeno ou determinada
população. A atual pesquisa caracteriza-se como descritiva relacional, do tipo levantamento, de
natureza quantitativa e com corte seccional. De acordo com Martins (1994), a pesquisa
descritiva “tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou
fenômeno, bem como o estabelecimento de relações entre variáveis e fatos”. Cooper e
Schindler (2003) acrescentam que, nesse tipo de pesquisa, o pesquisador busca delinear ou
definir um assunto, normalmente construindo um perfil de um grupo de pessoas, eventos ou
problemas. Na pesquisa de levantamento, basicamente procede-se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema, para, em seguida,
mediante análise quantitativa, obterem-se conclusões correspondentes aos dados coletados
(GIL, 2002).
O trabalho também possui um enfoque quantitativo na medida em que busca analisar
as relações entre as variáveis. Richardson (1999, p.70) explica que o método quantitativo:
[...] caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informação, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas. Desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.
A utilização do método quantitativo “representa, em princípio, a intenção de garantir a
precisão dos resultados, evitarem distorções de análise e interpretação, possibilitando,
61
conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências” (RICHARDSON, 1999). A
pesquisa quantitativa privilegia mais frequentemente a explicação, o que significa que ela tem
por objetivo colocar em evidência os elos existentes entre os diversos aspectos de um
fenômeno observado. Como a análise quantitativa é um processo interrelacionado e não
apenas uma análise de dados (como regressões, análise fatorial, entre outras), temas como
escolha da amostra, elaboração de questionário, escalas e testes estatísticos são essenciais para
o sucesso de um trabalho de pesquisa (CHURCHILL; IACOBUCCI, 2002).
Especificamente em relação à avaliação de eficiência, tema principal desta dissertação,
há várias formas de medi-la (McLAUGHLIN; COFFEY, 1990). As mais comuns são razões
quantitativas de medidas de saídas quantidades produzidas por medidas de entradas matéria
prima ou trabalho, métodos de medidas de trabalho, métodos comparativos desagregados
(estudos de qualidade e variações de prática), e novos métodos de comparações agregadas
(comparações estatísticas e modelos determinísticos). No método estatístico ou econométrico,
a função de produção a ser assumida é conhecida ou estimada estatisticamente. Entretanto, em
muitos casos, não existe forma funcional previamente conhecida para a função de produção,
como é o caso deste trabalho.
Os métodos determinísticos para a medida de desempenho costumam envolver
modelos de programação matemática não parametrizada, incluindo a DEA (Data
Envelopment Analysis), no qual não se assume a forma da função de produção. Uma função
de “melhores práticas” é construída empiricamente de observações de entradas e saídas. Em
contraste com os modelos parametrizados, o objetivo não é comparar cada unidade com
alguma média não especificada, mas estabelecer normas de “melhores práticas” a que essas
unidades que fogem da média podem aspirar (NORMAN; STOCKER, 1991; FRIED et al.,
1993).
Esse é o método principal utilizado neste trabalho para a identificação da relação entre
os fatores de produção e a eficiência dos produtores de leite descrito nos objetivos.
4.2 Local do Estudo
Este estudo foi desenvolvido no Município de Rolim de Moura, situado na região da
Zona da Mata do Estado de Rondônia que é constituída por oito municípios: Alta Floresta
D'Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Castanheiras, Nova Brasilândia D'Oeste, Novo Horizonte
do Oeste, Parecis, Santa Luzia D'Oeste e São Filipe D'Oeste, totalizando uma população de
cerca de 151.000 habitantes e área de 19.664 km².
62
A escolha do Município de Rolim de Moura como objeto de estudo deu-se a partir da
observação de um considerável volume de investimentos realizado na atividade leiteira, por
parte dos governos federal e estadual.
4.3Fonte dos dados
Os dados primários são referentes ao ano produtivo de 2008 e coletados em 2009, os
quais foram coletados e inseridos no banco de dados desenvolvido na plataforma MsAccess,
versão 2003 do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia-CEDSA, como parte do projeto de assessoria no acompanhamento das ações dos
municípios e junto às comunidades rurais, as quais detém tanque de resfriamento de leite
financiado pela projeto SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus) que
subsidia o APL Leite em Rondônia.
4.4 Instrumentos e Procedimentos para Coleta dos Dados
Para a caracterização do perfil socioeconômico dos produtores em estudo utilizaram-se
as informações constantes do banco de dados do CEDSA, e obtidas através de um formulário
aplicado por este pesquisador e outros que compõem a equipe do CEDSA.
Para coleta de informações necessárias à avaliação da eficiência para esta pesquisa
foram entrevistados 108 produtores, para coleta de dados qualitativos e quantitativos, dos
quais 31 produtores foram excluídos por falta de consistência de informações consideradas
essenciais na análise. A pesquisa contou com 77 produtores em estudo, onde se aplicaram
formulários previamente testados e elaborados para esta finalidade.
4.4.1 Pré-teste e aplicação do instrumento
Realizou-se um pré-teste do instrumento de coleta de dados com o objetivo de
encontrar falhas, tais como complexidade das questões, imperfeições na redação, falta de
clareza e objetividade, repetição de questões, falta de consistência do instrumento como um
todo, além da falta de adequação ao objetivo do estudo, consistência da linguagem com o
público-alvo (GIL, 2002).
O pré-teste do instrumento foi realizado junto a 13 produtores de leite do município de
Jaru-RO, o qual obteve resultado satisfatório. Diante dos resultados do pré-teste do
instrumento de pesquisa observou adequação do mesmo. A partir daí, procurou-se
inicialmente o auxílio de uma ferramenta de análise e de construção de instrumentos de
63
pesquisa, a qual foi obtida através de contatos com outros pesquisadores que trabalham com
análise de eficiência de produtores rurais. Definida esta etapa, qual seja de buscar uma
ferramenta capaz de auxiliar em todo processo de construção e aplicação do instrumento, a
ferramenta escolhida foi metodologia de Análise Envoltória de Dados (DEA).
4.5 Métodos de Análise
A análise dos resultados foi desenvolvida em diferentes etapas. Na primeira etapa
foram determinadas as medidas de eficiência para cada DMU através da análise envoltória de
dados (DEA), utilizando o software DEA-SAED v. 1.0, desenvolvido por Surco (2004). Na
etapa seguinte, os produtores foram separados de acordo com o grau de eficiência técnica e
comparados segundo algumas variáveis socioeconômicas, e alguns indicadores financeiros e
técnicos, com a finalidade de determinar o perfil dos eficientes e ineficientes, identificando as
melhores práticas, como também aquelas que devem ser redirecionadas. Por fim, os
produtores ineficientes foram analisados através de estudo de caso, e quanto ao grupo como
um todo, considerando-se as possíveis reduções no uso de insumos e, a partir daí, comparados
quanto aos benchmarks, recalculando-se os indicadores de desempenho depois de eliminadas
as ineficiências.
4.5.1 Descrição das Etapas de Implementação da DEA
Segundo Golany e Roll (1998), em um estudo de eficiência utilizando o método DEA,
devem ser executadas três etapas:
a) Seleção criterial: Primeiramente é necessário um exame na área na qual atuam as
Unidades de Tomada de Decisão (DMUs). Dado que a lista inicial de fatores reunida
normalmente é grande, alguns fatores possivelmente estarão repetindo virtualmente
informações semelhantes, outros podem não estar sendo considerados relevantes, enquanto
outros podem parecer discrepantes ou confusos;
b) Análises quantitativas não-DEA: O Primeiro passo é atribuir valores numéricos aos
fatores. O segundo passo é descrever as relações de produção que governam as Unidades de
Tomada de Decisão (DMUs) a serem analisadas e classificar os fatores em insumos e
produtos;
c) Analise Envoltória de Dados (DEA): para estimar as fronteiras de produção e determinar
as medidas de eficiência.
64
Após a aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), os produtores foram
separados em eficientes e ineficientes, de acordo com os valores das medidas de eficiência
técnica. Os produtores foram comparados com base em indicadores de desempenho técnico
econômico. O objetivo foi avaliar as diferenças existentes entre os produtores e qualificar as
ineficiências na utilização dos insumos por parte dos produtores ineficientes. Na Figura 15
são apresentadas as diferentes fases de aplicação do método DEA.
Figura 15 - Fluxo de implementação do DEAFonte: Adaptado Golany, B.; Roll, Y. (1998)
65
4.5.2 Descrição das variáveis
Nesta seção serão descritas as variáveis utilizadas na metodologia DEA
Para executar o modelo, foi necessário construir duas matrizes de dados, uma
contendo os insumos utilizados pelos produtores e outra relacionada com os produtos. A
matriz X de insumos, de ordem (k x n), é composta por k insumos, utilizados por n
produtores. Já a matriz Y de produtos, de ordem (m x n), é composta por m produtos,
produzido n produtores.. Neste trabalho, foram utilizados cinco variáveis, correspondentes aos
insumos (k =4), e uma relacionada com produtos (m=1). São Elas:
• Y1-Produção anual de leite, em litros.
• X1-Área destinada ao gado, medida em hectares, obtida somando-se as
áreas com pastagens (natural e formada), cana-de-açúcar, capineira e
silagem. Esse fator é importante tanto na influência que exerce na
produção de matéria verde quanto na alta participação do valor da terra no
capital total da empresa.
• X2-Quantidade total de vacas, considerando-se tanto as em lactação
quanto as falhadas. Essa é uma variável importante, uma vez que vários
trabalhos relacionados à produção leiteira consideram a produtividade das
vacas como uma medida de desempenho da atividade.
• X3-Custo operacional efetivo, obtido somando-se os gastos com mão de
obra contratada, concentrados, minerais, manutenção de forragens verdes,
silagem, medicamentos, hormônios, reparos de maquinas e benfeitorias,
transporte de leite, impostos, aleitamento artificial, materiais de ordenha,
energia e combustível.
• X4-Capital investido em benfeitorias, maquinas e animais.
Essas variáveis foram também utilizadas por Silva et al. (2001) , Arzubi e Berbel
(2002), Gomes et al. (2003), Roberts (2003) e Rodrigues et al. (2009).
Após a organização das matrizes de dados, aplicou-se os modelos utilizando-se, em
todos, a orientação insumo para a obtenção das medidas de eficiência, visto que se pretende
encontrar a redução proporcional no uso de insumos pelos produtores, sem, no entanto,
comprometer a produção.
Para obter as medidas de eficiência técnica para cada produtor da amostra formulou-
se, primeiramente, o problema de programação linear, pressupondo retornos constantes à
66
escala. Em seguida, essa medida de eficiência técnica foi decomposta em uma medida de pura
eficiência e uma medida de eficiência de escala, através da formulação de uma nova
formulação de programação linear, pressupondo-se retornos variáveis, quando, então é
identificada as faixas de retornos de escala em que os produtores estão operando.
Visto que:
em que EE é a medida de eficiência de escala; ETRC é a medida de eficiência técnica no
modelo com retornos constantes, e ETRV é a medida de eficiência técnica no modelo com
retornos variáveis. As ineficiências de escala ocorrem quando os produtores operam nas
faixas de retornos crescentes ou decrescentes, ou seja, fora da escala de produção correta.
Naqueles que operam fora da escala ótima foi identificado em que faixa de retornos à
escala estão situados, a fim de determinar o movimento a ser adotado no dimensionamento da
produção para se reduzir a ineficiência.
Para a identificação da faixa de rendimentos responsável pela ineficiência de escala
formula-se um problema de programação linear com restrição de retornos não crescentes à
escala.
4.5.3 Comparação dos Produtores
A comparação dos produtores em grupos foi feita de acordo com as medidas de
eficiência técnica obtidas no modelo com retornos constantes à escala, visto que esse modelo
engloba a pura eficiência técnica e a eficiência de escala, o que significa que, ao ser eficiente
no modelo com retornos constantes, o produtor também será eficiente em qualquer outro tipo
de retorno, além de ter eficiência na escala de produção.
O primeiro grupo é formado pelos produtores eficientes, sendo assim considerado
aqueles produtores com medida de eficiência entre 0,9 e 1, considerando-se que os dados
podem estar sujeitos a erros na sua coleta; daí, esses produtores são considerados como não
tendo violado a hipótese de eficiência. Procedimento que também foi utilizado em trabalhos já
realizados anteriormente por Gomes, (2006), Roberts (2003) e Silva (2007). O grupo
denominado de produtores ineficientes é composto por aqueles que têm medidas de eficiência
técnica inferiores a 0,9.
Depois de formados os grupos com base na eficiência, foram identificadas as
características administrativas e socioculturais predominantes. Em seguida a comparação dos
67
mesmos segundo alguns indicadores de desempenho técnico e econômico, sendo que todas as
variáveis utilizadas se encontram descritas a seguir:
4.5.4 Caracterização dos Produtores
4.5.4.1 Perfil dos Produtores
Os produtores foram comparados segundo variáveis socioculturais, tecnológicas e
gerenciais a fim de traçar seus perfis e identificar as possíveis influências destes em eficiência
e resultados econômicos; para isso considera-se o local de moradia do produtor, administração
da propriedade, nível de escolaridade formal, nível de utilização da mão-de-obra dos filhos,
participação em organizações representativas de classe, assistência técnica, ordenha e
conservação do leite, manejo reprodutivo, manejo das pastagens, manejo alimentar,
comercialização e controle de custos.
4.5.4.2 Indicadores de Desempenho Técnico e Econômico
Os indicadores utilizados para comparação são:
1. Volume de Produção Anual (VPA), expresso em litros/ano; que é definido pela quantidade
anual de leite vendida ou autoconsumida na forma fluida ou na forma de derivados, somada às
demais receitas da atividade leiteira convertidas em equivalente-leite;
2. Produtividade das vacas (PV): é a relação entre a produção leite anual e o número de vacas
(litros/vaca);
3. Produtividade da terra, que representa a relação entre a produção de leite por ano e hectares
utilizados para o gado (litros/hectare/ano);
4. Produtividade do capital investido, medida em litros de leite por real (R$), e imobilizado
em benfeitorias, máquinas e animais (litros/R$);
5. Produtividade da mão-de-obra, medida em litros de leite/mão-de-obra (R$), incluindo a
mão-de-obra familiar e contratada (litros/R$);
6. Produtividade do custo operacional total, medida pela relação entre produção anual total e o
custo operacional total (litros/R$);
7. Renda Bruta, composta por venda e autoconsumo de leite, derivados e animais, além da
variação do inventário animal de um ano para o outro, expresso em R$/ano;
8. Custo operacional total, medido em R$/ano, que é a somatória do custo operacional efetivo
mais a depreciação de máquinas e benfeitorias e a mão-de-obra familiar;
68
09. Participação da renda leite, medida em %; representa a relação da renda proveniente da
atividade leiteira em relação à receita total da propriedade;
10. Custo unitário de produção, (R$), obtido pela relação entre custo operacional total e
volume de produção anual;
4.5.5 Análise dos Produtores Ineficientes
Primeiramente foi realizado estudos de casos, analisando os produtores ineficientes em
relação ao seu principal benchmark . Este representa o produtor eficiente que mais influencia
a projeção do produtor ineficiente sobre a fronteira de eficiência máxima. Considerando-se o
primeiro estrato com eficiência menor que 0,3, o segundo com eficiência de 0,3 e menor que
0,6, e o terceiro com eficiência de 0,6 a menos que 0,9, visto que os produtores com medida
de eficiência a partir de 0,9 são considerados eficientes.
O respectivo benchmark foi escolhido de acordo com o maior peso na projeção do
produtor ineficiente para a fronteira eficiente, apresentando os maiores l no conjunto de
soluções, como também pela maior quantidade de vezes que tenha sido considerado
benchmark.
Tais produtores são identificados por meio da numeração previamente atribuída no
momento da tabulação dos dados, fazendo com que o produtor ineficiente, representante do
menor estrato de eficiência, seja chamado 33. Em ordem crescente de eficiência, o estrato
seguinte foi representado pelo produtor ineficiente 30, e o estrato de maior eficiência dentre
os ineficientes, representado pelo produtor 56. O produtor 46 foi selecionado como
benchmark para os três produtores ineficientes, sendo apontado como par eficiente nos três
casos e tendo-se apresentado como benchmark para o maior número de produtores.
Comparou então o benchmark com cada um dos produtores dos três estratos quanto às
medidas de eficiência média, produção anual, redução proporcional de insumos, número de
vacas em lactação, produtividade vacas em lactação, área disponível, produtividade capital
investido em máquinas, benfeitorias e animais, número total de vacas, produtividade custo
operacional, produtividade do trabalho, renda bruta e preço de venda/ custo unitário. Por fim,
foram analisadas as reduções médias no uso de insumos projetado através das DMUs
eficientes que servem como referência, chamada benchmark, ou seja, as reduções
correspondentes à projeção dos produtores ineficientes sobre a fronteira eficiente calculada,
considerando-se a existência de folgas.
As possíveis reduções no uso de insumos pelos produtores ineficientes foram
calculadas com na combinação de produtores que utilizam mais eficientemente os insumos,
69
produzindo, pelo menos, a mesma quantidade de produto, chamados benchmarks. Assim, o
método de avaliação da eficiência DEA também se prestou como orientação para os
produtores ineficientes na busca pela eliminação destas ineficiências, através dos respectivos
produtores eficientes de referência, benchmarks.
Em seguida foi realizada uma análise geral para todo o grupo de produtores
ineficientes, considerando-se as possíveis reduções proporcionais médias no uso de insumos.
Após este processo, foram recalculados os indicadores econômicos, depois de eliminadas as
folgas, estimando-se os possíveis ganhos depois de eliminadas as ineficiências. A análise do
conjunto de produtores ineficientes permitiu conhecer as reduções percentuais médias dos
insumos utilizados para todo o grupo e, a partir daí, projetar cada produtor para um ponto
ótimo através da comparação com os eficientes. A eliminação da ineficiência foi obtida pelas
reduções proporcionais e eliminação das folgas dos insumos, apresentadas na DEA, assim
como a agregação das folgas de produto no montante produzido.
Assim, uma nova aplicação da DEA sobre os dados, após estes ajustes, apresentará
medida de eficiência técnica máxima para todos os produtores.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para atender aos objetivos propostos inicialmente, através de programação linear, e
pressupondo retornos constantes à escala, obtiveram-se as medidas de eficiência técnica de
cada produtor. Em seguida, a pressuposição de retornos constantes à escala foi retirada,
adicionando-se uma restrição de convexidade, a qual possibilitou a obtenção das medidas de
eficiência no paradigma de retornos variáveis (VRS). Posteriormente, foram calculadas as
medidas de eficiência de escala (SCALE) para cada produtor, que equivalem à razão entre as
medidas de eficiência técnica com retornos constantes e retornos variáveis.
Na segunda etapa, os produtores foram classificados em dois grupos – eficientes e
ineficientes – e então caracterizados quanto aos perfis sociocultural e tecnológico; daí são
comparados segundo alguns indicadores de desempenho a fim de identificar as principais
causas de ineficiência dos produtores. Na etapa seguinte, os produtores ineficientes são
analisados, procedendo-se alguns estudos de caso e, em seguida, a análise é feita para todo o
grupo de produtores ineficientes, projetando-se as possíveis reduções percentuais no uso de
insumos, com referência aos seus benchmarks, comparando-os quanto a alguns indicadores de
desempenho. Por fim, são recalculados os indicadores depois de eliminadas as ineficiências
para estimar o ganho gerado com o aumento da eficiência.
5.1 Eficiência Técnica e de Escala dos Produtores
Os resultados das medidas de eficiência técnica com retornos constantes e variáveis e
as medidas de eficiência de escala são apresentados (Tabela 5). Na média, os produtores
tiveram uma eficiência de 0,57 sob a pressuposição de retornos constantes, ou seja, os
produtores poderiam reduzir seus gastos com insumos em até 43% e, ainda, produzir o mesmo
nível de produto.
Comparou-se o nível médio de eficiência obtido neste experimento com os resultados
apresentados por Roberts (2003), que analisou a eficiência da pequena produção de leite no
Estado de Rondônia, e obteve um valor médio de eficiência de 61%, variando entre 11% a
100%, com um desvio padrão de 20%, bem próximo ao obtido neste estudo. Por outro lado,
Silva (2007), analisando eficiência técnica e da rentabilidade econômica dos produtores de
leite do Estado do Ceará, utilizando a aplicação de fronteiras estocásticas de produção, obteve
uma eficiência técnica média de 80,17% e com desvio padrão em torno dos 12%, ficando
desse modo, mais distante do grau de variabilidade encontrado nesta pesquisa.
71
Tabela 5 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica e de escala, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA
Nível de eficiência(E)
Eficiência técnica Eficiência de escala (nº. de produtores)Nº. Produtores
Retornos Constantes
Retornos Variáveis
E=1,0 08 15 080,9 ≤ E< 1,0 05 06 400,8 ≤ E< 0,9 06 08 090,7 ≤ E< 0,8 06 06 060,6 ≤ E< 0,7 11 12 080,5 ≤ E< 0,6 06 04 020,4 ≤ E< 0,5 13 08 02E < 0,4 22 18 02TOTAL 77 77 77
Medidas de EficiênciaMédia 0,57 0,66 0,86Desvio-Padrão 0,26 0,27 0,17Mínima 0,17 0,19 0,28Máxima 1,00 1,00 1,00
Fonte: Dados da pesquisa
As medidas individuais mostraram que, dos 77 produtores, oito estão operando com
eficiência igual a um, ou seja, só 10,38 % dos produtores atingem a máxima eficiência
técnica. A máxima eficiência técnica implica que não existe outro produtor mais eficiente
produzindo o mesmo nível de produto, usando a mesma combinação de insumos. Acima da
média de eficiência de 0,7 pode-se constatar que 25 produtores (ou 32,5% da amostra) e 35
produtores, ou 45,5%, se encontram com medida de eficiência inferior a 0,5.
Diferentemente da presente pesquisa, na qual se encontrou 10,38% produtores
plenamente eficientes, Roberts (2003) analisando os produtores de leite do Estado de
Rondônia, utilizando a metodologia de análise envoltória de dados (insumo-orientada), as
medidas individuais mostraram que, dos 112 produtores, apenas cinco estavam operando com
eficiência igual a um, ou seja, só 4,5% dos produtores atingem a máxima eficiência.
Magalhães e Campos (2006), também utilizando a análise envoltória de dados em uma
amostra de produtores de leite no Município de Sobral, Ceará, estimaram uma eficiência
técnica média da ordem de 70,6%, e considerando retornos constantes de escala, encontraram
10 produtores plenamente eficientes de uma amostra de 40, correspondendo a 25% da
amostra.
72
Para captar o efeito da escala de produção no grau de eficiência técnica, relaxou-se a
pressuposição de retornos constantes e obtiveram-se os modelos com retornos variáveis à
escala, através da adição da restrição de convexidade nos modelos com retornos constantes à
escala. Ao considerar esses retornos variáveis, o número de produtores eficientes subiu de 08
para 15. Como visto anteriormente, uma condição para que o produtor apresente máxima
eficiência técnica, com retornos constantes à escala, é que sua eficiência técnica, quando se
consideram retornos variáveis, seja também máxima. Isso significa que, dos 15 produtores
com eficiência técnica igual a um no modelo com retornos variáveis, oito deles são
igualmente eficientes no modelo com retornos constantes.
O desvio-padrão da média, no modelo com retornos variáveis, foi superior àquele
calculado no modelo com retornos constantes. Isso indica maior concentração de produtores
nos estratos de maiores medidas de eficiência, o que pode ser observado (Gráfico 4).
Enquanto com retornos constantes o número de produtores com média de eficiência técnica
superior a 0,7 foi de 25, no caso de retornos variáveis esse número subiu para 35, ou
aproximadamente 40%. No outro extremo, o número de produtores com eficiência técnica
abaixo de 0,5 passou de 35 (retornos constantes) para 26 (retornos variáveis).
Verificou-se, também, que a média de eficiência técnica com retornos variáveis foi
maior do que a média com retornos constantes. Esses resultados melhor encontrados devem-
se ao fato de o modelo com retornos variáveis não levar em consideração a existência de
ineficiência de escala. A medida de eficiência de escala é obtida pela razão entre as medidas
de eficiência técnica, nos modelos com retornos constantes e com retornos variáveis. Se essa
razão for igual a um, o produtor estará operando na escala ótima. Caso contrário, o produtor
será tecnicamente ineficiente, pois não estará operando na escala ótima e poderá estar
operando com retornos crescentes ou decrescentes à escala. Deve-se notar que a escala ótima
para a técnica DEA refere-se operar com retornos constantes à escala e não, necessariamente,
no ponto de mínimo custo médio na curva de longo prazo.
73
Gráfico 4 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA.Fonte: Dados da Pesquisa
Em média, os produtores de leite possuem eficiência de escala igual a 0,84. Isso
significa que 20% da medida de ineficiência técnica se devem à ineficiência de escala
(0,09/0,43). 08 produtores não têm problemas de escala, o que representa aproximadamente
10,4% da amostra. Roberts (2003) em estudo realizado com os produtores de leite do Estado
de Rondônia encontrou 04 produtores que não possuía problema de escala correspondendo a
4% da amostra.
Pode-se notar que, todos os oito produtores estão na fronteira de retornos constantes
(CRS), ou seja, estão operando na escala ótima, e os 69 restantes, que não atingiram eficiência
de escala máxima, estão operando fora da escala ótima. Um produtor com ineficiência de
escala pode estar operando na faixa de retornos crescentes ou decrescentes de escala. Para
encontrar essa informação, adiciona-se uma restrição de retornos não-crescentes à escala, ao
modelo de programação linear com retornos variáveis. Se o resultado de eficiência dos dois
modelos for igual, o produtor está na faixa de retornos decrescentes à escala (DRS); caso
contrário, ele está na faixa de retornos crescentes à escala (IRS). Estar na faixa de escala de
retornos decrescentes ou “supra-ótima” significa que o produtor está operando acima da
escala ótima de produção. Na faixa de retornos crescente ou “subótima”, o produtor opera
abaixo da escala ótima.
Conforme se pode verificar no Gráfico 5, dos 77 produtores na amostra, 56 estão na
faixa de retornos crescentes, o que representa cerca de 73 % da amostra. Isso implica que
esses produtores podem aumentar sua eficiência técnica mediante o aumento do tamanho da
74
sua produção. Por outro lado, treze produtores estão operando na faixa de retornos
decrescentes, o que representa 17% da amostra. Estes produtores poderiam aumentar sua
eficiência técnica, caso reduzissem o tamanho da produção.
10%
17%
73%
RETORNOCONSTANTE
RETORNODECRESCENTE
RETORNOCRESCENTE
Gráfico 5 - A eficiência de escala dos produtores de leite de Rolim de Moura.Fonte: Dados da pesquisa
Após separar os produtores por escala de produção, analisaram-se algumas variáveis
relacionadas com o tamanho da atividade. Os dados da Tabela 6 referem-se à média dessas
variáveis, para os produtores separados segundo a escala de produção.
Os resultados (Tabela 6) indicam que 56 produtores estão operando abaixo da escala
ótima, ou seja, poderiam aumentar a produção a custos decrescentes. Esses produtores
produzem, em média, 59 litros de leite por dia utilizando 37 vacas, 19 destas em lactação, e
23,6 hectares de área destinada ao gado. Caso esses produtores aumentassem o tamanho da
produção, até obterem escala ótima, poderiam aumentar a eficiência técnica, passando de 0,51
para 0,62, em média. Isso representa um aumento médio de 11 pontos percentuais na medida
de eficiência técnica.
Por outro lado, 13 produtores estão operando em escala acima da ótima, isto é, estão
gastando muito naquilo que produzem. Eles produzem, em média, 107 litros, utilizando 53
vacas, 24 destas em lactação, e 93,28 hectares de área destinada ao gado. A redução da
produção pode levá-los a aumentar a eficiência técnica, que passaria de 0,59 para 0,61, em
média. Caso os produtores passassem a operar em escala ótima, verificar-se-ia aumento de
dois pontos percentuais na medida de eficiência técnica.
75
Tabela 6 - Produção diária, tamanho do rebanho leiteiro, área destinada ao gado e medida de eficiência técnica dos produtores da amostra, separados por escala de produção, Rolim de Moura, 2008
EspecificaçãoÓtima “Subótima” “Supraótima”
(Constante) (Crescente) (Decrescente)1- Nº de produtores 8 56 132- Produção (litro/dia)
Média 143 59 107 Mínima 39,5 13 56
Máxima 298 150 2563- Nº Total de Vacas (cab.) Média 43 37 53 Mínima 12 3 31 Máxima 89 146 1204- Nº vacas em lactação (cab.) Média 26 19 24 Mínima 4 2 11 Máxima 62 140 415- Área para o gado (ha) Média 17,25 59 93,28 Mínima 8,39 13 33,59 Máxima 57 150 162,136. Eficiência técnica Retornos constantes 1 0,51 0,59 Retornos variáveis 1 0,62 0,61
Fonte: Dados da pesquisa.
É interessante observar que, mesmo operando fora da escala ótima, a média de
eficiência técnica dos maiores produtores (supra-ótima) é significativamente maior que a dos
pequenos (subótima).
De acordo com Jaforullah e Whiteman (1998), citados por GOMES (1999), é
importante salientar que a DEA constrói um único padrão de referência ótimo para cada
produtor ineficiente da amostra. Entretanto, a escala ótima de produção difere para cada
produtor, em virtude de sua configuração particular de insumos e produtos. Assim, os dados
apresentados (Tabela 6) devem ser interpretados com cautela, uma vez que representam a
média das variáveis. Os resultados sugerem que a produção de leite média dos produtores que
estão operando em escala ótima seja de 143 litros diários; contudo, deve-se também observar
a grande amplitude entre o mínimo e o máximo observados.
De acordo dados constantes (Tabela 7) mostra quanto dos produtores de leite, em
média, poderiam reduzir a utilização de insumos caso se tornem eficientes. Os produtores que
não têm problema de ineficiência técnica podem ainda assim reduzir seu custo marginal caso
76
adotem uma escala de produção ótima. Já os produtores com ineficiência técnica, precisam
reduzir a utilização dos insumos para alcançar a máxima eficiência, ou seja, o problema de
escala pode ser resolvido adotando a escala ótima de produção.
Tabela 7 - Redução percentual média na utilização de insumos para que os produtores se tornem eficientes.
Retornos Constantes em Escala (RCE)
Retornos Variáveis em Escala (RVE)
Prod. Eficientes
Prod. Ineficientes
Média Geral
Prod. Eficientes
Prod. Ineficientes
Média Geral
Área destinada ao gado -9,55% -54,76% -43,13% -1,04% -45,94% -38,36%Quantidade total de vacas -7,65% -51,86% -44,39% -5,88% -42,79% -36,56%Custo operacional efetivo -25,29% -73,20% -65,11% -0,42% -56,36% -46,92%
Capital investido -10,74% -63,84% -54,88% -0,42% -55,01% -45,05%Produção anual de leite - - - - 10,33% 8,56%
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com Rodrigues et al. (2009), o modelo de retornos constantes de escala é
somente apropriado quando todas as DMUs estão operando numa escala ótima. Todavia,
imperfeições de mercado e restrições financeiras devem induzir uma DMU a não operar na
escala ótima. Sendo assim, este modelo, exige uma melhor utilização dos insumos como
demonstrando acima na tabela. Pois quando algumas DMUs não operam na escala ótima,
resultará em medidas de eficiência técnica as quais são confundidas pelas eficiências de
escala.
Segundo o mesmo autor, quanto ao modelo retornos variáveis de escala. O modelo
determina uma fronteira que considera retornos crescentes ou decrescentes de escala na
fronteira eficiente. Considera que um acréscimo no insumo poderá promover um acréscimo
no produto, não necessariamente proporcional, ou até mesmo um decréscimo, admite que a
produtividade máxima varie em função da escala de produção. O modelo permite, portanto, a
utilização de unidades de portes distintos, sendo neste modelo possível ajustar a quantidade
produzida ou quantidade de insumos utilizados.
Por sua vez, a fronteira com retornos constantes – modelo CCR – caracteriza a
eficiência produtiva. Assim sendo, as unidades (DMUs) situadas entre essa fronteira e a
fronteira de retornos variáveis, possuem o que é chamado de ineficiência de escala. Isto quer
dizer que, mudanças na sua escala de operações, tornariam essa unidade com eficiência
produtiva. Essas unidades possuem eficiência técnica.
77
5.2 Identificação dos Grupos Eficiente e Ineficiente
A classificação dos produtores eficientes e ineficientes foi feita de acordo com as
medidas obtidas pela pressuposição de retornos constantes. Conforme definido na seção
5.5.4.2, foram considerados eficientes os produtores que obtiveram escores de eficiência
superior a 0,9, e ineficientes aqueles com medidas de eficiência inferior a essa medida.
Seguindo estas definições foram identificados 13 produtores eficientes, equivalente a 16,88%
da amostra, sendo que, destes, cinco apresentaram medida de eficiência inferior à unidade.
Por outro lado, o grupo dos ineficientes representa 83,12% da amostra, equivalente a 64
produtores (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição dos produtores segundo o nível de eficiência
Eficientes IneficientesNº Produtores 13 64
% amostra 16,88% 83,12%Eficiência média 0,98 0,48Fonte: Dados da Pesquisa
Observa-se que a eficiência técnica média é de 0,98 para os produtores eficientes,
visto que estão incluídos neste grupo produtores com medidas de eficiência entre 0,9 e 1,0,
para que não haja violação da hipótese de eficiência, conforme descrito anteriormente. Para os
produtores ineficientes constata-se que a eficiência média é de 0,48, o que indica a
possibilidade de redução na utilização dos insumos em 52%, mantendo-se o mesmo nível de
produção.
Roberts (2003) em análise realizada dos produtores de leite de Rondônia obteve média
de eficiência inferior ao estudo atual, o grupo dos ineficientes apresentou medida de eficiência
técnica de 0,39, o que indica que a utilização de insumos pode ser reduzida em até 61%,
embora continuem a produzir a mesma quantidade. Para o grupo eficiente a média calculada
para a eficiência técnica foi de 0,91, significando que a utilização de insumos pode ser
reduzida em até 9%. No entanto, Silva (2007) ao analisar os produtores de leite do Estado do
Ceará percebeu que a eficiência técnica média do conjunto de produtores foi de 80,16%,
sendo que o grupo de menor eficiência obteve 51,95% e o de maior eficiência 95 %,
significando que pode ser reduzido em 5% o volume de insumos.
Para Gomes (2005), um nível de eficiência acima de 70% não pode ser considerado
baixo, entretanto evidencia que ainda existe espaço para aumentos da produtividade por meio
do incremento da eficiência
78
5.2.1 Perfil dos Produtores Eficientes e Ineficientes
Separados os grupos eficientes e ineficientes, de acordo com os resultados obtidos no
modelo DEA, eles são agora caracterizados segundo os recursos disponíveis e fatores
socioculturais e tecnológicos para a identificação de possíveis causas da ineficiência. Foram
selecionadas variáveis consideradas relevantes e que exercem influência nos resultados da
atividade e/ou refletem o nível tecnológico praticado na unidade de produção.
A média do número de vacas dos produtores eficientes é praticamente igual a dos
produtores ineficientes que é de 40,77 contra 40,88 cabeças (Tabela 09). Já considerando as
vacas em lactação, existe uma diferença maior para os produtores eficientes, com uma
diferença percentual de 33%, equivalente a 24 e 18 cabeças. A área média disponível para os
produtores eficientes é de 28,85 hectares, 52% inferior à área dos produtores ineficientes, que
dispõem, em média, de 55,19 hectares, o que indica que os produtores eficientes têm uma
exploração mais intensiva.
Tabela 9 - Área disponível, rebanho total de vacas e vacas em lactação dos produtores
do Município de Rolim de Moura, Rondônia.
Recursos Disponíveis Unidade Eficientes IneficientesEficiente/Ineficiente
(%)
Área Hectare 28,85 55,19 52%
Nº total de vacas Ud 40,77 40,88 0,26%
Nº vacas lactação Ud 24 18 33,00% Fonte: Dados da Pesquisa
De acordo com Gomes (2006) em pesquisa no Estado de Rondônia, a área destinada
para o gado de leite é, em média, de 48 hectares, variando de 27 a 161 hectares. Em relação à
área total da propriedade (69,75 ha), a de gado de leite (48,45 ha) representa 69,5%, o que dá
uma boa dimensão da importância da pecuária de leite nas propriedades. A área média do
produtor de Rondônia é menos da metade da área do produtor de Minas Gerais, que é de 111
ha. Essa reduzida área sinaliza a necessidade de aumento da produtividade da terra como
forma de aumentar a produção de leite. O atual modelo de produção extensiva em Rondônia
tem como fator limitante à sua expansão, a disponibilidade de terra.
De acordo com Gomes (2006), a baixa produtividade no Estado de Rondônia conduz,
naturalmente, à pequena escala de produção, visto que a área disponível para o gado também
não é muito grande, o que não permite a expansão de um modelo extensivo. A baixa escala de
79
produção gera lucros anuais reduzidos, embora a margem bruta por litro seja elevada. Por essa
razão, aumentos dos lucros anuais só poderão ocorrer com mudanças nos sistemas de
produção, de modo que se eleve a produtividade.
No entanto, de acordo com Silva (2007), este seria um indicativo da principal
característica da natureza da produção de leite, qual seja, de que a produção leiteira é uma
atividade fundamentalmente associada à pequena propriedade familiar. Gomes (1999)
encontrou valores médios que variam de 73,27 a 87,27 ha para todos os estratos de
produtividade do rebanho. Para esse autor, por ser uma produção que necessita de intenso
manejo, os grandes proprietários não se interessam pela atividade, daí não se ter uma
tendência muito expressiva da existência de escala de produção relativa ao uso da terra.
Acredita-se que a mesma ideia deva também estar relacionada ao tamanho do rebanho, ou
seja, que um rebanho de maior proporção também precisaria de maior extensão de terras e
maior manejo.
Consoante com Gomes (1999), em diversos países, a produção está concentrada em
pequenas e médias propriedades, fortemente capitalizadas e conduzidas pela mão-de-obra
familiar. Assim, se ainda existe atraso na condução desta atividade pela empresa familiar no
Brasil, este decorre tanto dos baixos salários no campo, como das dificuldades para o
financiamento da produção.
Por outro lado, quando se observa o valor médio da eficiência técnica com o volume
médio de produção de cada estrato, resta clara a correlação positiva, indicando haver um
efeito-escala na produção, estabelecendo-se que, quanto maior for o grau de eficiência técnica
da produção, maior a quantidade média de leite produzida.
Em relação ao local de moradia constata-se que 100% dos produtores da amostra
moram na propriedade. Esse resultado é compatível com a pesquisa realizada por Roberts
(2003), com 112 produtores do Estado de Rondônia, que detectou a freqüência de 96,2% dos
produtores residindo na propriedade.
A relação entre o número médio de vacas em lactação no grupo de produtores
eficientes, é de 60,46% e entre ineficientes 44,03%. Roberts (2003) encontrou uma
percentagem de vacas em lactação entre os produtores eficientes 58% e entre os ineficientes
48%, valores próximos aos encontrados nesta pesquisa. Gomes (2006) em estudo realizado no
Estado de Rondônia encontrou percentuais médios de 52% de vacas em lactação.
Gomes et al. (2005) entende que apenas para a proporção de vacas em lactação
superior a 75%, este é considerado um bom índice de eficiência reprodutiva. Com base nesse
valor, pode-se garantir que todos os estratos estão utilizando inapropriadamente esse insumo,
80
seja por motivo de manejo inadequado, seja em virtude da qualidade e aptidão do rebanho
para a produção leiteira, indicando que o sistema funciona com baixa taxa de reprodução
animal, fator que contribui para que o Estado apresente um nível de produtividade do rebanho
inferior à média nacional.
Quanto à participação dos produtores em associações, observa-se maior participação
dos produtores eficientes nessas entidades, 76,93% declararam ativos quanto à participação
em alguma associação, e apenas três produtores (23,07%) declararam parcialmente ativos,
enquanto os produtores ineficientes (3 produtores) não estão associado a nenhuma entidade, o
que equivale a 4,68% do grupo, (13 produtores) declararam participar parcialmente, o que
equivale a 20,32% e (48 produtores) declaram participar ativamente, o que equivale a 75%,
conforme (Tabela 10).
Tabela 10 - Participação dos produtores em associações e atendidos por assistência técnica
Variáveis
Amostra Produtores Eficientes
Produtores Ineficientes
Nº produtores
% Nº produtores
% Nº produtores
%
Participação em associação 74 96% 13 100% 64 95%
Assistência Técnica 45 58,45%
11 84,60% 34 53,20%
Fonte: Dados da Pesquisa
O que podemos observar que o associativismo está bem presente entre os produtores,
em geral, é reduzido o número de produtores que não estão de alguma forma participando de
associações.
De acordo com estes dados, tal cenário demonstra que existe um número grande de
produtores participando de associações, no entanto, é importante ressaltar que uma das pré-
condições para que os produtores pudessem utilizar os tanques de resfriamento financiados
pela SUFRAMA era que os mesmos estivessem ligados a uma associação. Quanto à prestação
de assistência técnica encontra-se em estágio incipiente na região, o que é ratificado quando
se verifica que 41,55% dos produtores da amostra não receberam assistência técnica,
principalmente se for levado em consideração que este valor ainda pode estar subestimado,
visto que, alguns produtores que declararam receber assistência técnica recebem-na
eventualmente ou não a recebem efetivamente. Ainda assim, a tendência encontrada entre os
grupos eficientes e ineficientes mostra-se coerente, pois a maioria dos produtores eficientes,
81
11 produtores ou 84,6%%, declararam receber assistência, enquanto entre os produtores
ineficientes este valor é reduzido para 54,2%, o que equivale a 34 produtores.
Quanto ao nível de escolaridade (Tabela 11), observa-se que, da amostra, 66,2 % não
chegaram a concluir o ensino fundamental e 20,8 % dos produtores são analfabetos, ao passo
que apenas 13% têm nível médio completo.
Tabela 11 - Nível de escolaridade da amostra, considerando os grupos eficientes e ineficientes.
Nível de Escolaridade
Amostra Total Produtores Eficientes
Produtores Ineficientes
Nº prod.
% Nº prod.
% Nº prod.
%
Analfabeto 16 20.2% 1 7,70% 15 23,50%Ensino Fundamental incompleto
51 66.4% 10 76,90%
41 64,00%
Ensino Fundamental Completo
- - - - - -
Ensino Médio incompleto - - - - - -Ensino Médio completo 10 13% 2 15,40
%8 12,50%
Total 77 100% 13 100% 64 100% Fonte: Dados da Pesquisa
Ao se analisar os grupos separadamente, percebe-se que o grupo dos produtores
eficientes apresenta a mesma tendência da amostra global, visto que o maior percentual de
produtores tem o ensino fundamental incompleto; no entanto, neste grupo nota-se uma maior
distribuição dentro das faixas de escolaridade mais elevadas. Assim, observa-se, entre os
produtores eficientes, 1 produtor analfabeto e 2 produtores com nível médio completo; os
demais 10 produtores estão com ensino fundamental incompleto.
Entre os produtores ineficientes observa-se que a maioria, 41 produtores, o equivalente
a 64%, não concluíram o ensino fundamental, além disso, este grupo apresenta o maior
percentual de analfabetismo, 23,5%, equivalente a 15 produtores, contra apenas 08 produtores
(12,5%) com nível médio completo ou incompleto.
Sabe-se que existem diferenças importantes no nível de conhecimento entre os
produtores eficientes e ineficientes. Em outras palavras, pode-se dizer que há diferenças na
qualidade do capital humano. Segundo Gomes (2004), o pequeno produtor, para sair da
armadilha da pobreza, depende de uma série de fatores, porém a melhoria da qualidade do
capital humano ocupa posição de destaque. Aliás, pouco adianta remover outros
condicionantes da pobreza, se não for alterada a qualidade do capital humano, ou seja, o nível
de conhecimento do produtor.
82
A administração da propriedade é exercida individualmente por cerca de 53,2% dos
produtores da amostra total, enquanto 44% dos produtores o fazem em conjunto com a família
e apenas 2,8% administram juntamente com mão-de-obra extra familiar no papel de gerente.
Os produtores eficientes apresentaram a mesma tendência da amostra total, visto que 5
produtores administram individualmente, 6 o fazem com a família e 2 em conjunto com
administrador externo; enquanto dos 64 produtores ineficientes, 36 administram
individualmente, 28 fazem-no juntamente com a família (Tabela 12). Assim percebe-se que a
participação da família tem influência positiva nos níveis de eficiência das propriedades.
Tabela 12 - Forma de administração da propriedade dos produtores de leite
Variáveis Eficientes Ineficientes Nº produt. % Nº produt. %
Administração da propriedade
Proprietário individual 5 38,50% 36 56,20%
Proprietário e a família 6 46% 28 43,80%
Administrador - - - -
Proprietário e administrador 2 15,50% - -
Família e administrador - - - - Fonte: Dados da Pesquisa
Este cenário da participação da família, também foi constatado por Gomes (2006), que
observou que a mão-de-obra utilizada na produção de leite em Rondônia é, tipicamente,
familiar, sendo o trabalho executado pelo homem, 85% (128,74 dias homem/ano) é de mão-
de-obra familiar e 15% (23,12 dias homem), contratada. Todo o trabalho executado pela
mulher e pela criança é de origem familiar.
De acordo com o mesmo autor, em razão do baixo custo de oportunidade da mão-de-
obra familiar que reside no meio rural, o custo da produção de leite fica, naturalmente, muito
reduzido, o que implica em baixo preço de sobrevivência e elevado poder de competição do
produtor em Rondônia.
Quanto ao nível tecnológico observa-se que a ordenha manual é praticada por 70
produtores 90,9% da amostra, apenas 07 produtores o que correspondente a 9,1% da amostra
utilizam ordenha mecânica, sendo que 98,7% o fazem apenas 1 vez por dia, enquanto apenas
1 produtor faz duas ordenhas por diárias. (Tabela 13). Portanto, não se verifica grandes
diferenças quanto ao tipo de ordenha entre os eficientes e ineficientes, enquanto o único
registro de uso de duas ordenhas pertence ao grupo eficiente.
83
Tabela 13 - Tipo e número de ordenhas, resfriamento do leite e utilização de inseminação artificial pelos produtores
Manejo utilizado
Amostra Total Produtores Eficientes Produtores Ineficientes
N° produtores
% N° produtores
% N° produtores
%
Ordenha Mecânica 7 9,10% 1 7,60% 6 9,30%Ordenha Manual 70 90,90% 12 92,40% 58 90,70%N° de ordenhas
1 76 98,70% 12 92,40% 64 100%2 1 1,30% 1 7,6 - -
Inseminação artificial 5 6,5 5 38,4 - -Fonte: Dados da Pesquisa
Em estudo realizado por Gomes (2006) também havia um predomínio de ordenha
entre 99% dos produtores, sendo esta manual para 97% deles e apenas 1,17% faziam duas
ordenhas diárias. O número de ordenhas está diretamente relacionado à produtividade das
vacas. Em outras palavras, o número de ordenhas é outro bom indicador da modernização dos
sistemas de produção. A baixa produtividade das vacas e o pequeno volume de produção total
contribuíram para que a maioria dos entrevistados realizasse apenas uma ordenha diária.
O baixo nível tecnológico no manejo reprodutivo também é percebido ao se observar
que somente 6,5% de toda a amostra utilizam inseminação artificial, 93,5% adotam monta
natural a campo e 90% dispõem de reprodutores mestiços. Quanto à análise dos grupos
constata-se que um produtor entre os eficientes e cinco entre os ineficientes utilizam
inseminação artificial, mas a ocorrência de utilização de reprodutor mestiço foi maior entre os
produtores ineficientes, 56 produtores, ou 87,5%, do que entre os produtores eficientes, 09
produtores, ou 76,9%. Considerando-se o tipo de monta, foi visto que a 12 ocorrências de
utilização de monta controlada fora registrada, 23% no grupo dos produtores eficientes e
15,6% no grupo dos ineficientes. Provavelmente, esse descompasso se deve à recente
implantação dos tanques de resfriamento. Segundo Gomes (2006) um dos principais
problemas da pecuária leiteira em Rondônia está relacionado a pouca especialização do
rebanho para produção de leite. Observando-se a composição racial das vacas, notou que 59%
não tinham padrão racial definido e 27% tinham menos de ½ sangue holandês (Hz), ou seja,
pelo menos 86% das vacas dos entrevistados em Rondônia não eram especializadas na
produção de leite
O baixo nível tecnológico pode ser observado ainda quanto à pastagem, pois é
formada, em área anteriormente ocupada por floresta. São pouco significativas as áreas em
média com cana-de açúcar (0,55 ha), capineira (0,03 ha) e milho para silagem (0,05 ha), o que
84
indica que, praticamente, não se efetua a prática de alimentação volumosa suplementar do
rebanho.
Quanto ao manejo alimentar 97,4% dos produtores da amostra não adota reserva
estratégica de alimentos para o período seco seja feno ou silagem. Apenas 10% fornecem
ração balanceada. No entanto, 70,1% suplementam o rebanho com sal mineral e também
77,92 % utilizam sal comum. Entre os produtores eficientes apenas um produtor utiliza
silagem que representa (7,6%), sendo que todos têm pastagem formada. No grupo de
produtores ineficientes, apenas um também utiliza silagem representando (1,6%) do grupo de
ineficientes. No entanto, quanto ao uso de sal mineral o percentual no grupo eficiente é
superior, 76,9 % dos produtores utilizam sal mineral contra 68,75% no grupo ineficiente.
Dessa forma, a produção de massa verde fica bastante comprometida no período seco,
visto que, sem irrigação, a simples utilização apenas da pastagem não garante o suprimento de
forragem, aumentando a necessidade do fornecimento de ração balanceada, que é um dos
principais itens do custo de produção. Por outro lado, a mineralização do rebanho, que
representa um custo relativamente baixo no custo de produção, tem importância fundamental
para o desempenho produtivo e reprodutivo. Daí constata-se que a reserva alimentar e a
mineralização do rebanho têm influência positiva na eficiência dos produtores.
Tabela 14 - Utilização de pastagem e manejo alimentar
Manejo AdotadoAmostra Total Prod. Eficientes Prod. IneficientesN°
produtores% N°
produtores% N°
produtores%
Pastagem Natural 3 3,89% - - 3 4,68%Pastagem Formada Branquiaria 63 81,80% 10 76,92% 53 82,80% Brizantha 2 2,60% 1 7,70% 1 1,60% Mendicula 8 10,40% 2 15,40% 6 9,40% Tanzano 1 1,30% - 1 1,60%Cana-de-açúcar 36 46,70% 5 38,50% 31 48,40%Capineira 5 6,50% 2 15,40% 3 4,70%Silagem 2 2,60% 1 7,69% 1 1,60%Mineralização do Rebanho
Sal Mineral 54 70,10% 10 76% 44 68,75% Sal Comum 60 77,92% 11 84,60% 49 76,60%
Não faz 17 22,08% 2 15,40% 15 23,40%Fonte: Dados da Pesquisa
Em estudo realizado por Gomes (2006), no Estado de Rondônia, a suplementação com
a cana-de-açúcar era feita por 19% dos entrevistados, durante o período de 74 dias/ano e a
frequência de utilização de capineira foi ainda menor comparada à de cana-de-açúcar, visto
85
que apenas 6% dos entrevistados adotaram essa tecnologia, em 70 dias/ano. Uma tecnologia
que não foi adotada por nenhum dos produtores entrevistados em Rondônia, foi a silagem.
Segundo o mesmo autor, apesar da abundância de chuvas, que ocorre na maior parte do ano,
não se deve afirmar que essa tecnologia seja dispensável, visto que há sazonalidade de
produção em torno de 52%, indicando a necessidade de suplementação do rebanho
Com base na presente pesquisa e de Gomes (2006), os resultados permitem chegar a
duas conclusões: 1) De um modo geral, foi baixa a frequência de produtores que forneciam
cana-de-açúcar ao rebanho, o que, certamente, tem a ver com a disponibilidade de pastagem
na maior parte do ano; 2) A utilização dessa tecnologia aumenta à medida que aumenta a
escala de produção.
Em resumo, praticamente não era dada suplementação alimentar ao rebanho, volumosa
e concentrada, segundo os entrevistados, razão pela qual o produtor de leite está mais próximo
de ser um extrator do que um profissional da atividade leiteira. O baixo uso de práticas de
suplementação alimentar não significa que elas não sejam necessárias, já que a elevada
sazonalidade de produção atesta a necessidade dessa tecnologia
Antes do exame do desempenho econômico da atividade leiteira, alguns comentários
são necessários acerca de certos indicadores técnicos. Para Gomes (1999), produtores com
bons índices técnicos são também aqueles que apresentam os melhores indicadores
econômicos. Deste modo, procurou-se observar algumas variáveis, como a produtividade da
terra e do rebanho e a participação da renda da atividade leiteira na renda total, para se captar
a influência destes indicadores no desempenho dos produtores eficientes e ineficientes, os
quais são apresentados (Tabela 15).
Quanto aos aspectos operacionais e comerciais, observa-se que a pecuária leiteira, em
média, é responsável por 50,6% da renda do produtor, no entanto apenas 2,6% da amostra
total produzem algum tipo de derivado, o restante do leite é comercializado com
intermediários por 97,4% deles (Tabela 15). Ademais, na amostra total de produtores 61,1%
deles não fazem nenhum controle de despesas de produção e recebem, em média, R$ 0,46
pelo litro de leite.
Para os produtores eficientes verifica-se que a pecuária leiteira é responsável por
75,1% da renda do produtor, em média, sendo que 7,7%, o equivalente a um produtor, produz
algum derivado do leite, e 92,3% comercializa o leite com intermediários. Neste grupo, 6
produtores (46,2%) utilizam como meta despesas de produção, e o valor médio da venda do
litro de leite é de R$ 0,47.
86
Por outro lado, a pecuária leiteira é responsável, em média, por 53,3% da renda entre
os produtores ineficientes, sendo que 02 deles (2,6%) produzem algum tipo de derivado, e a
comercialização do leite é feita com intermediários por 96,9% dos produtores ineficientes.
Dos produtores ineficientes 64 % dizem possuir meta de produção, 50% meta de
produtividade e receita e, apenas 37,5% diz possuir meta de despesa, e o preço médio da
venda do litro de leite são de R$ 0,46.
Tabela 15 - Comercialização, produção de derivados e utilização de metas de produção, produtividade, receita e despesas produção pelos produtores de leite.
VariávelAmostra Total
Produtores Eficientes
Produtores Ineficientes
n° % n° % n° %Produtores Produtores Produtores
Comercialização do leite
Laticínios 74 96,10% 12 92,30% 62 96,90%
Direto ao consumidor
3 3,90% 1 7,70% 2 3,10%
Produção de derivado 2 2,60% - - 2 3,20%
Participação da renda da atividade leiteira na renda total
57,40% 75,10% 53,30%
Metas Produção 49 63,60% 8 61,50% 41 64% Produtividade 39 50,60% 7 53,80% 32 50% Receita 39 50,60% 7 53,80% 32 50% Despesas 30 38,90% 6 46,20% 24 37,50%
Fonte: Dados da Pesquisa
O maior preço de venda observado para os eficientes pode ser explicado por uma
maior produção média por parte desses produtores que comercializam com intermediários, e a
maior participação da atividade leiteira na composição da renda indica maior especialização
da atividade. Apesar de não produzir derivados, o que poderia contribui para o melhor
aproveitamento da produção e maior agregação de valor ao produto, o que deve compensar o
menor preço de venda ao intermediário.
5.2.2 Indicadores de Desempenho
Nota-se que praticamente todas as medidas foram favoráveis aos produtores eficientes,
os quais apresentam produção média anual de 40.748,8 litros, considerando-se o conjunto de
87
produtos da atividade convertidos em equivalente leite, enquanto os produtores ineficientes
têm produção anual de 25.020,02 litros, diferença de 63% (Tabela 16). A relação entre vacas
em lactação e número total de vacas, também apresentou diferença entre os produtores
eficientes e ineficientes, 59% e 45%, respectivamente.
Os produtores eficientes obtiveram produtividade das vacas em lactação de 6,1 litros
para os produtores eficientes e 4,2 litros/vaca lactação/dia para os produtores ineficientes,
considerando-se uma lactação de 300 dias. Se considerarmos o número total de vacas do
rebanho, observa-se que a produtividade das vacas é de 3,3 litros para os eficientes e 2,1
litros/vaca/dia para os ineficientes. A produtividade das vacas em lactação é 45% superior
para os produtores eficientes, de forma que são produzidos 6,1 litros, contra 4,2 litros
produzidos pelos produtores ineficientes.
Para Gomes (1999), a produção por total de vacas é um índice de melhor qualidade
para medir a produtividade do rebanho do que a produção por vacas em lactação, pois, além
do potencial na produção de leite, este índice incorpora a eficiência reprodutiva do rebanho.
Deste modo, ao se observar a produtividade do rebanho, percebe-se que, quanto maior é a
produtividade medida para este indicador, melhor é o grau de eficiência das firmas, chegando
os produtores de melhor nível de eficiência a produzir, em média, 10,57 l/vaca/dia,
considerando-se um período de lactação de 300 dias.
Roberts (2003) encontrou uma produtividade de 4,68 l/vaca/dia para os eficientes e de
apenas 3,35 l/v/dia para os ineficientes. Já Gomes (2006) analisando os produtores de leite do
Estado de Rondônia, a produção total média foi de 77,23 litros/dia; a produção/vaca em
lactação foi de 3,75 litros/dia e a da produção/total de vacas, 1,93 litro/dia.
Quanto à produtividade da terra verifica-se que quanto os produtores ineficientes
produzem 453,33 litros/hectare/ano, os produtores eficientes produzem 1.412,32
litros/hectare/ano, o que corresponde a uma produtividade por parte dos eficientes de 211%
superior aos ineficientes. Em relação à produtividade da terra, os produtores eficientes
apresentaram resultados superiores 211% sobre aos ineficientes, o que deve ser explicado pela
menor área disponível para os primeiros.
Segundo Gomes (1999) é também bom indicador do desempenho do sistema de
produção utilizado, o qual sintetiza a produtividade da terra.
88
Tabela 16 - Desempenho Produtivo dos Produtores de Leite no Município de Rolim de Moura, Rondônia.Indicadores de Desempenho
Unidade Eficientes IneficientesEficiente/Ineficiente
(%)Volume da produção anual (média) Litros 40.748,80 25.020,02 62.86Vacas em lactação/total de vacas % 59% 45% 31%Produção por lactação
Litros/vaca lactação 1.832,99 924,52 98,26%
Produtividade vacas lactação
Litros/vaca lactação/dia1 6,1 4,2 45%
Produtividade total de vacas do rebanho
Litros/vaca/dia1
3,3 2,1 57%Produtividade da terra
Litros/hectare/ano1.412,32 453,33 211%
Produtividade da mão-de-obra
Litro/R$2,14 1,45 -47%
Produtividade do capital investido
Litro/R$0,52 1,38 165%
Produtividade custo operacional (COT)
Litro/R$
0,19 1,24 552%Produt. Inversa capital imobilizado
R$/Litro0,52 1,38 -165%
Fonte: Dados da pesquisa *Considerando lactação de 300 dias
Em estudo realizado por Roberts (2003) no Estado de Rondônia o grupo de produtores
eficientes obteve média 911,95 litros/hectare/ano e os ineficientes apenas 282,79
litros/hectare/ano expressando um resultado ainda mais baixo do que os valores encontrados
neste trabalho, indicando que os produtores da região usam esse recurso de modo ainda mais
extensivo do que para o conjunto de produtores do município de Rolim de Moura.
Com relação ao custo operacional, a diferença é ainda maior, enquanto que para cada
litro de leite produzido pelos eficientes tem um custo operacional de R$ 0,19, para os
produtores ineficientes tem custo operacional R$ 1,24, por litro de leite, gerando uma
diferença de 552% a maior para os ineficientes.
Em relação capital investido averiguou-se que para cada litro de leite produzido os
eficientes imobilizam R$ 0,52, contra R$ 1,38 observado para os ineficientes, representando
um desempenho 165% superior. Por outro lado, percebe-se que os produtores eficientes têm
maior custo relativo com mão-de-obra familiar, pois a diferença média entre a produtividade e
89
da mão-de-obra total é 47% superior para os produtores eficientes. No entanto, estes
apresentam melhor uso dos fatores de produção.
5.3 Análise dos Produtores Ineficientes
Foram selecionados, para a análise, os produtores com maior ineficiência técnica
dentro dos estratos de eficiência obtidos na DEA, considerando-se o primeiro estrato com
eficiência menor que 0,3, o segundo com eficiência de 0,3 e menor que 0,6, e o terceiro com
eficiência de 0,6 a menos que 0,9, visto que os produtores com medida de eficiência a partir
de 0,9 são considerados eficientes.
Por outro lado, os respectivos benchmarks foram escolhidos de acordo com o maior
peso na projeção do produtor ineficiente para a fronteira eficiente, apresentando os maiores l
no conjunto de soluções, como também pela maior quantidade de vezes que tenha sido
considerado benchmark.
Tais produtores são identificados por meio da numeração previamente atribuída no
momento da tabulação dos dados, fazendo com que o produtor ineficiente, representante do
menor estrato de eficiência, seja chamado 33. Em ordem crescente de eficiência, o estrato
seguinte foi representado pelo produtor ineficiente 30, e o estrato de maior eficiência dentre
os ineficientes, representado pelo produtor 56. O produtor 46 foi selecionado como
benchmark para os três produtores ineficientes, sendo apontado como par eficiente nos três
casos e tendo-se apresentado como benchmark para o maior número de produtores.
Ao representar o estrato de menor eficiência, o produtor 33 apresenta evidentemente a
menor medida de eficiência da amostra. Pode-se observar na Ilustração 39 que este produtor
poderá reduzir proporcionalmente 81,08% a utilização dos insumos considerados e continuar
produzindo a mesma quantidade de produto, e ainda restará margem para redução área
destinada ao gado, quantidade total de vacas, no custo operacional (obtido somando-se os
gastos com mão de obra contratada, concentrados, minerais, manutenção de forragens verdes,
silagem, medicamentos, hormônios, reparos de maquinas e benfeitorias, transporte de leite,
impostos, aleitamento artificial, materiais de ordenha, energia e combustível) e Capital
investido em benfeitorias, maquinas e animais, de forma que as reduções totais seriam de
72,46; 72,46, 90,78 e 88,62%, respectivamente. Estas reduções decorrem da existência de
folgas, ou excedentes, após a retração proporcional para todos os insumos. Percebe-se que a
maior redução total ocorreu custo operacional, seguida pelo capital investido e depois
quantidade de vacas e área para o gado.
90
Para o produtor 33, existem 2 produtores eficientes pares que servem de referência,
sendo que dentre estes o produtor 46 se apresenta como benchmark para outros 41 produtores,
o que faz deste a principal referência na projeção para a fronteira eficiente. Ao se comparar
estes produtores, segundo alguns indicadores de desempenho, verifica-se que a produtividade
da terra para o produtor 33 é 552% menor que seu par eficiente, enquanto a produtividade das
vacas em lactação é 190% menor. Magalhães e Campos (2006) em estudo sobre os produtores
de leite do município de Sobral (CE), ao analisar produtividade das vacas em lactação,
encontrou diferença entre o produtor do menor extrato com seu benchmark de 70,7%, e com
relação à produtividade da terra, o resultado foi de apenas 5,25% superior. Apresentando uma
diferença bem menor do que apresentada no estudo atual.
Quanto à produtividade do capital investido, constata-se que o produtor 33 investe R$
4,30 para cada litro de leite produzido, enquanto o produtor 46 investe apenas R$ 0,47 para
cada litro de leite produzido. Os valores obtidos pelo produtor 33 para a produtividade capital
investido foi 211% inferior à média dos produtores ineficientes, respectivamente. O par
eficiente 46, por outro lado, teve valor 8,2% maior que a média dos produtores eficientes para
a produtividade do capital investido.
Através da diferença entre as produtividades do capital circulante e do capital
operacional total pode-se dizer que o produtor 46 tem menores custos com mão-de-obra
familiar e/ou tem menor gasto com depreciação de máquinas e benfeitorias que seu par
eficiente 33.
A análise da sensibilidade às oscilações do mercado indica que o produtor 33 opera
com uma defasagem de 1.248% do seu preço de venda em relação ao seu custo unitário de
produção, visto que o litro de leite comercializado a R$ 0,41 custa R$ 5.53 para ser
produzido, o que sugere a existência de outras razões além da rentabilidade, como a
inobservância e/ou o próprio desconhecimento do custo de produção para a permanência na
atividade; esta situação negativa certamente implicará na desistência da atividade em curto
prazo. Por outro lado, o produtor 46 suportaria uma redução no preço do leite de até 92%,
mantendo a capacidade de cobrir todos os custos operacionais.
Quanto ao produtor 30, que está na faixa de eficiência entre 0,3 e menor que 0,6,
verificou-se que existe, para este, a possibilidade de redução proporcional, de 48,19% no uso
dos insumos sem que a quantidade produzida se altere. Feita essa redução proporcional com
área destinada ao gado, quantidade de vacas, custo operacional e capital investido ainda
poderão ser reduzidos, chegando-se a uma redução total de 44,72, 44, 72, 58,62, 44,72% para
estes, respectivamente.
91
Tabela 17 - Indicadores de desempenho produtivo e econômico dos produtores ineficientes selecionados e reduções percentuais possíveis na utilização de insumos em relação ao benchmark.
Especificação Und.
Estratos de eficiência/Produtores selecionados
E < 0,3 0,3 • E < 0,6
0,6 • E < 0,9
Benchmark
Produtores 33 30 56 46Medida de eficiência técnica
-0, 275 0, 552 0, 890 1
Redução proporcional dos insumos
%81,08% 48,19% 12,75% -
Produção anual Litros 12.000 31.000 46.280 109.500
Área Hectares 24,2 47 18 40
N° vacas em lactação Ud 9 15 28 43
Produtividade da terra Litros/hectare/ano 495,86 659 2.571 2.737,50Produtividade vacas em lactação
Litros/vaca lactação/dia 3,65 5,6 4,5 6,97
Produtividade capital investido R$/Litro 4,3 0,68 0,71 0,47Produtividade do trabalho Litro/R$ 2,58 1,74 2,7 5
Renda Bruta R$R$
6.000,00
R$46.680,00
R$ 33.454,0
0
R$ 72.265,00
Preço venda/custo unitário
Ud0,2 1,04 1,21 1,78
Fonte: Dados da pesquisa*Considerando lactação de 300 dias
Comparando-se o desempenho entre os produtores 30 e 46, ineficiente e benchmark,
respectivamente, observa-se que praticamente todos os indicadores são melhores para o
produtor eficiente. O volume anual de leite produzido pelo produtor 30 é 812,5% menor que
seu par eficiente, o qual apresenta produtividade da terra 451,66% maior. Quanto à
produtividade das vacas em lactação, o produtor 30 obteve um desempenho 90,95% inferior,
o que pode ser explicado pela menor quantidade de vacas em lactação.
As produtividades do trabalho e do capital investido mostram que o produtor 30 obtém
2,58 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e capital investido R$ 4,30 para cada
litro de leite produzido, o que, em relação ao produtor de referência, significa produtividade
da mão-de-obra 3,2% menor e valor do capital investido 814% maior.
92
A renda bruta do produtor 30 é 1.100% menor que a de seu par eficiente. Estes valores
se traduzem na incapacidade de cobrir os desembolsos necessários para a produção e
remunerar os fatores de produção, levando a uma descapitalização gradual, que inviabiliza a
permanência na atividade, mesmo a curto prazo. Esta situação também pode ser percebida
pela relação entre o preço de venda e o custo unitário de produção, em que se observa uma
defasagem de 167% para o produtor 30, que deve buscar a redução dos custos para se manter
na atividade a curto prazo e buscar a reduzir o custo de produção com maior rapidez possível,
como única alternativa para viabilizar a atividade.
No estrato de maior eficiência, dentre os ineficientes, o produtor 56 apresentou medida
de eficiência igual a 0, 890, representando a possibilidade de redução proporcional de 12,75%
no uso de insumos. Além dessa redução proporcional ainda há margem para redução na área
destinada ao gado, quantidade de vacas, custo operacional e capital investido ainda poderão
ser reduzidos, chegando-se a uma redução total para estes da ordem de 10,92%, 17,09%,
10,92% e 12,07%, respectivamente. Da mesma forma dos casos anteriores, todos os
indicadores de desempenho são melhores para o par eficiente apontado como referência. No
entanto, nota-se uma menor disparidade à medida em que a eficiência se eleva. O produtor 56
obteve um volume de produção anual equivalente a 46.280 litros, o que corresponde a uma
produção 136,6% menor que o produtor 46, e inferior, também, à produção do estrato
anterior. A produtividade da terra é de 2.571 litros /hectare/ano para o produtor ineficiente, e a
produtividade de vacas em lactação de 4,5 litros/vaca em lactação/dia, respectivamente,
menores em 6,5 e 54,88% que o produtor 46.
Com relação às produtividades dos fatores trabalho e capital verifica-se que o produtor
56 obtém 2,7 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e investe R$ 0,71 para cada
litro de leite produzido, significando um rendimento da mão-de-obra 85,2% menor e capital
investido 51,6% superior para o produtor ineficiente. Desempenho semelhante ocorre com a
diferença entre as produtividades do custo operacional e da produtividade da terra,
demonstrando que o produtor ineficiente 56 apresentou maiores gastos proporcionais com
mão-de-obra familiar e/ou depreciações com benfeitorias e máquinas, superando o seu
benchmark. No entanto, foi o único entre os produtores analisados que apresentou relação
positiva entre o preço de venda e o custo de produção, indicando a capacidade de absorver
redução de até 5,2% no preço do leite, mantendo a capacidade de cobrir todos os custos
operacionais. Esta margem, embora seja 90% menor que a apresentada pelo produtor 46,
demonstra a rentabilidade e a possibilidade de permanência na atividade.
93
Analisando-se os produtores dos três estratos de eficiência entre si, percebe-se o
melhor desempenho em praticamente todos os indicadores na mesma direção do crescimento
da eficiência. Os volumes produzidos dos produtores 33, 30 e 56 foram 12.000, 31.000 e
46.280 litros, nessa ordem demonstrando um crescimento de 158% do segundo para o
primeiro estrato e um aumento de 49,2% do terceiro para o segundo estrato. A maior
produtividade da terra foi obtida pelo produtor do maior estrato de eficiência, de forma que
foram registrados 495,86; 659 e 2.571 litros/hectare/ano em ordem crescente dos estratos de
eficiência. A produtividade de vacas em lactação mostra um crescimento de 53,4% do
segundo para o primeiro estrato. No entanto, o terceiro estrato apresentou uma redução de
24,4% em relação ao anterior. Por outro lado, as produtividades do trabalho e do capital
investido também mantêm alguma variação, mas seguem a tendência esperada, ou seja, o
desempenho se mostra melhor de acordo com o aumento da eficiência, exceto a produtividade
do trabalho do segundo extrato para o primeiro. Assim, verifica-se que o número de litros
produzidos para cada real gasto com mão-de-obra é 48% inferior do segundo para o primeiro
e 55,17% maior do terceiro para o segundo. O resultado da produtividade do capital investido
tem comportamento inverso ao valor obtido, ou seja, quanto menor o capital investido, melhor
o desempenho, onde se observa crescimento no sentido da maior eficiência, com investimento
de R$ 4,30, R$ 0,68 e R$ 0,71 por litro de leite produzido, para os produtores 33, 30 e 56,
respectivamente. Demonstrando neste quesito um melhor desempenho por parte do produtor
30 do segundo extrato.
Quanto à renda bruta observa-se um considerável aumento de 680% do segundo para o
primeiro estrato, enquanto para o estrato seguinte ocorreu uma redução de cerca de 39,89%.
A vulnerabilidade às oscilações do mercado segue esta tendência, tendo em vista que o
produtor do primeiro estrato não possui nenhuma capacidade para absorver reduções no preço
do leite, operando com uma defasagem de 553% em relação ao custo de produção; para o
segundo estrato a situação é semelhante, mas a defasagem apresentada e bem menor é de
9,5%, enquanto o produtor 56, do terceiro estrato, demonstra situação bem diferente,
auferindo uma margem positiva de 5% do preço de venda frente ao custo de produção, sendo
o único dentre os três estratos com desempenho que permite a permanência na atividade.
Realizada a projeção das reduções percentuais possíveis, os indicadores médios foram
recalculados, apresentando, conseqüentemente, resultados significativamente melhores.
Verifica-se a possibilidade de aumentos na receita pela produção de leite em 6,6%, ao mesmo
tempo em que o custo operacional seria reduzido em 53,05% e o capital investido teria uma
redução de 45,80%, fazendo com que tais reduções representem significativo impacto no
94
processo de produção. Por outro lado, a área dedicada a pecuária de leite, em média, seria
reduzido em 38,03%. (Tabela 18).
O número de vacas do rebanho poderia ser reduzido em 37,25%, projetando-se os
produtores para uma situação eficiente, através dos respectivos aumentos e reduções na
produção e uso de insumos, nota-se um aumento médio de 6,6% no volume produzido e de
2,68 na renda bruta.
Tabela 18 - Valores médios e projetados da produção e utilização de insumos, de acordo com as reduções percentuais encontrados na DEA para as DMUS (33, 30, 56)
VariáveisAumento/Redução Valor médio Valor médio
Percentual Observado Projetado
Produção de leite y1 6,60% 29.760 30.560
Área destinada ao gado x1 -38,03% 29,73 17,13
Quantidade de vacas x2 -37,25% 35,67 23,63
Custo Operacional x3 -53,05% R$ 33.306,67 R$ 14.137,22
Capital Investido x4 -45,80% R$ 19.731,95 R$ 9.460,27 Fonte: Dados da pesquisa
A relação entre renda bruta e custo operacional total passaria, com estes ajustes, de
0,44 para 1,08, um aumento de 145%, indicando a geração de R$ 1,08 para cada real gasto, o
que resultará na existência de renda líquida para remunerar a terra, o capital e a capacidade
empresarial do proprietário, após o pagamento de todos os custos operacionais (Tabela 18).
Tal fato pode ser observado também através da margem líquida, que passaria de
negativos R$ 18.426,70 para positivos R$ 1.142,78, indicando a viabilidade, rentabilidade e
permanência do produtor na atividade.
As produtividades da terra e do capital investido aumentariam em 78 e 114%,
respectivamente, visto que o primeiro resulta do aumento projetado da produção e diminuição
da área de produção, considerada nos problemas de programação linear, enquanto para o
segundo, além deste, contribui também a redução do capital investido e aumento na produção.
Pelo mesmo raciocínio entende-se que a produtividade do custo operacional total
aumentaria, em média, 156.45, fazendo com que haja uma redução de 52% no custo unitário
do leite.
6 CONCLUSÕES
A pecuária de leite representa um importante segmento do agronegócio na economia
brasileira. A investigação sobre sua eficiência torna-se importante, no sentido de contribuir
com o aumento da produtividade e também a fim de determinar os possíveis condicionantes
da ineficiência e indicar os meios para o aumento da eficiência, como a apresentação dos
perfis socioculturais e tecnológicos dos produtores eficientes e ineficientes, indicando as
práticas que influenciam positivamente os produtores eficientes. Assim, espera-se que os
resultados também reflitam a situação do município e das regiões semelhantes, dada a
pequena variabilidade na estrutura produtiva apresentada por estes.
A caracterização dos diferentes propriedades rurais e seus produtores quanto ao grau
de eficiência é uma relevante etapa no processo de levantamento das limitações da
produtividade. Conhecidos os fatores de produção que contribuem para tornar um ou outro
produtor mais eficiente, pode-se inferir a necessidade de formular programas ou ações para a
retomada da produtividade.
Neste estudo, conforme caracterizado anteriormente, procurou-se conhecer os
produtores de leite no que diz respeito à sua eficiência, bem como os condicionantes que
influenciaram na variação dos índices de eficiência. As análises demonstram que os
produtores possuem distintas vantagens competitivas entre os fatores de produção: área
destinada, quantidade de vacas, capital investido, custo operacional.
Tal situação acentua-se ainda mais se comparado um produtor com outro. O principal
fator de produção que contribuiu para a ineficiência dos produtores foi os gastos operacionais.
Confirmada pela desvantajosa relação entre preço de venda e custo médio de produção. Com
esta constatação, os produtores de leite considerados ineficientes tecnicamente deverão
minimizar a utilização dos inputs (insumos) espelhando-se nos seus benchmarks, pois há
margem suficiente para suportar as reduções indicadas no estudo apresentado.
A permanência dos produtores ineficientes na atividade possivelmente é em função do
alto custo de saída, dada a existência de uma estrutura produtiva, composta por ativos fixos, o
que dificulta ou inviabiliza a mudança de atividade pelos produtores e da não apropriação dos
custos de produção como elemento fundamental para a tomada de decisões. A diminuição, ou
mesmo eliminação da ineficiência dos produtores ineficientes não exige investimentos de
recursos, senão o oposto, pois esta poderá ser alcançada pela redução dos custos, através da
diminuição e otimização do uso dos insumos
96
A residência do produtor na propriedade, explicada pela maior socialização dos
produtores, levando a maior nível de escolaridade, maior participação em organizações de
classe, acesso à informação e capacitação, e recebimento de assistência técnica, que também
mostraram influenciar o maior nível de eficiência.
No entanto, algumas variáveis, como escolaridade e adoção de tecnologias, nem
sempre podem ser alcançadas na atual geração de produtores, devendo-se investir no
envolvimento de filho (as) e até mesmo netos (as), dada a idade avançada dos atuais
produtores e a pouca participação dos familiares nas atividades não administrativas, o que
pode comprometer a continuidade da atividade.
Desta forma, o elemento fundamental para a obtenção da eficiência constitui-se no
conhecimento individual do custo de produção, em conjunto com a otimização no uso dos
recursos produtivos e a adoção de tecnologia adequada, visto que a geração da ineficiência
parte dos gastos desnecessariamente excessivos, efetuados no processo produtivo.
Determinaram-se inúmeros melhoramentos para que a pecuária de leite no município
de Rolim de Moura possa ser mais eficiente na utilização dos insumos, destacando-se o
aumento do nível tecnológico, como exemplo a assistência técnica, que leva ao produtor leite
técnica de como melhor utilizar os fatores de produção disponíveis.
Em suma, os objetivos propostos foram atingidos, trazendo contribuições ao tema,
tanto para o meio acadêmico quanto para os produtores, que detém de ferramenta de auxílio à
decisão.
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Apêndice A – Questionário quanti-qualitativo
Nº __________Nome do entrevistador: _______________________________________________Coordenador de campo: _______________________________________________Data ____/____/____
DIAGNÓSTICO DA PRODUÇÃO DE LEITE DE RONDÔNIA- QUESTIONÁRIO QUANTI-QUALITATIVO
(CONFIDENCIAL)Nome do produtor:___________________________________________________Município____________________ Propriedade___________________________Linha: _________ Lote:_____________ Km__________ Gleba____________ Referência local:_____________________________________________Tamanho da Propriedade (ha) _______ Tempo na propriedade (anos)__________Tempo que é produtor(a) de leite ________ anosDistância da propriedade a sede do município: ________ Km Telefone:______________________________ E-Mail: ______________________Residência do produtor: (Mais de 70% do tempo) ( ) Propriedade Rural ( ) CidadeEndereço Cidade:_____________________________ Associação:_____________Produção média do último ano: - nas águas ______L/dia – nº meses:_______
- na seca ______L/dia – nº meses:_______- Média ano ______L/dia
1. PERFIL DO PRODUTOR(A) E DE SUA FAMÍLIA
1.1 Local e Data de nascimento ____________________________________________
1.2 Origem do produtor(a) (marque com X)( ) próprio Município( ) outro Município da Região. Especificar: ______________________( ) outro Estado. Especificar: __________________________________
1.3 Escolaridade do produtor(a): ___________________________________________
1.4 Mão-de-obra familiar:
Especificação Homem Mulher
Nº de filhos até 13 anos
Nº de filhos acima de 13 anos
Nº de filhos trabalhando na propriedade
Nº de filhos trabalhando na cidade
1.5 Esposa executa algum trabalho na produção de leite? ( ) Sim ( ) NãoTipo de trabalho:_____________________________________________________
1.6 Opinião do produtor sobre a sucessão do trabalho com gado de leite em sua propriedade (herdeiros):( ) Filhos Continuarão com o gado de leite( ) Filhos trocarão de atividade rural( ) Filhos deixarão o meio rural( ) Vender a propriedade( ) Não tem filhos
1.7 Caso mude de atividade econômica, que tipo de exploração tem a sua preferência:1. _________________________ 2. _________________________
2. ADMINISTRAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL
2.1. Quem faz a administração da propriedade (marque só 1 alternativa)( ) Apenas o proprietário(a)( ) O proprietário e a família( ) Administrador contratado( ) Administrador e proprietário
2.2. Distribuição do tempo do proprietárioHoras/dia pecuária de leiteHoras/ dia outras atividades na propriedade Especificar:___________________Horas outras atividades Especificar:_________________________TOTAL
2.3. Mão-de-obra permanente contratada na propriedade ( ) Sim ( ) Não Quant. Tem carteira assinada
Quant. Tem contrato de trabalho Quant. Informal (recibado ou verbal) Quant. Destinado para gado de leite
2.3.1. Mão-de-obra ocupada no último ano
Especificação Manejo do Rebanho UnidadeQuantidade
no anoPreço Unitário
(R$ 1,00)Familiar – homem d.h
Familiar – mulher d.m
Familiar – menor d.c
Não familiar – homem d.h
Não Familiar – mulher d.m
Não Familiar – menor d.c
2.4. No último ano, o empregado que trabalha na propriedade participou de algum treinamento? ( )Sim, Qual?_____________________ ( )Não ( ) Não tem Empregado
2.5. Realiza controles: ( ) Sim ( ) NãoSe sim, de que forma: ( ) Manual ( ) MicrocomputadorTipo de controles:Data de cobertura ( ) Sim ( ) NãoData de nascimento de bezerro ( ) Sim ( ) NãoControle leiteiro ( ) Sim ( ) NãoAnotações de despesas e receitas com o gado de leite ( ) Sim ( ) NãoOutras atividades controladas: _________________________________________
2.6.Estabelece metas para a propriedade? ( ) Sim ( ) NãoSe sim, qual é o tipo de meta:Produção de Leite ( ) Sim ( ) NãoOutras Produções ( ) Sim ( ) NãoProdutividade ( ) Sim ( ) NãoReceitas ( ) Sim ( ) NãoDespesas ( ) Sim ( ) Não3. INVENTÁRIO DA PROPRIEDADE3.1. Uso da terra
Especificação Área (ha)Custo de
Formação(R$/ha)
Vida Útil(Anos)
Pastagem natural
Pastagem formada: Braquiária
Pastagem formada:
Pastagem formada:
Cana-de-açúcar para o gado
Capineira
Silagem
Outros usos para gado de leite
ÁREA TOTAL PARA O GADO DE LEITEOutros usos (Especificar)- Consumo Próprio (casa, horta, suínos)- Culturas Perenes- Culturas Temporárias- Criações
ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE
Preço médio da terra nua: ___________ R$/haÁrea arrendada de outros para pecuária: ___________ haValor de arrendamento na região: ___________ R$/ha/mês
3.2. Despesas com a propriedade
Especificação Área (ha) Despesas /há (R$/ano)
Manutenção de forrageiras – não anuaisPastagem natural
Pastagem formada: Braquiária
Pastagem formada:
Pastagem formada:
Cana-de-açúcar para o gado
Capineira
Outras Despesas (Especificar)
3.3. Benfeitorias utilizadas na propriedadeEspecificação Valor Atual(R$) Valor Novo(R$) Vida Útil (Anos)
Gado de LeiteCurralSala de ordenhaEstábuloCoberta para manejoTroncoSiloBezerreiroSala de máquinas/BarracãoCercas perimetraisCercas internasCoxoOutros Outros Usos (Especificar)
TOTAL
3.4. Máquinas e equipamentos utilizados na propriedade
Especificação Valor Atual (R$) Valor Novo (R$)Vida Útil (Anos)
Gado de leitePicadeira de forragemPulverizadorResfriador de leiteBotijão de sêmenCarroçaOrdenhadeira mecânicaEnsilhadeiraTratorAradoGradeBalançaUtensílios (balde, latões, seringa)Motocicleta: NºOutros 1Outros 2Outros Usos (Especificar)TOTAL
4. RECEITAS E DESPESAS DA PROPRIEDADE
4.1. Renda bruta do último ano
Especificação UnidadeQuantidade
Do ano
PreçoUnitário – R$
Leite Produzido Litro ÁguasVendido Litro Seca:
Queijo Produzido Quilo Águas:Vendido Quilo Seca:
Outros Lácteos - Produzido Quilo Águas:Especificar Vendido Quilo Seca:
Animais 1Vendido Cabeça
Bovino CabeçaAnimais 2 Vendido Cabeça
CabeçaAnimais 3 Vendido Cabeça
CabeçaOutras rendas do último ano (Especificar)- Serviço Prestado- Aposentadoria- Bolsas do Gov Federal
R$
4.2. Despesas com medicamentos
Especificação Unidade Quantidade Preço UnitárioVermífugos L
Carrapaticida L
Bernicida L
Vacinas - aftosa dose - brucelose dose - carbúnculo dose - paratifo dose - raiva dose - outras vacinas dose Antitóxicos ml Antibióticos ml Complexo vitamínico ml Deficiência de cálcio ml Mata bicheira ml Modificador orgânico ml Outros
4.3. Despesas com energia e combustívelEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Óleo diesel L Óleo lubrificante L Gasolina L Graxa KG Energia elétrica KWA Outros (Especificar) R$
4.4. Despesas com impostos e taxasEspecificação Unidade Quantidade de
BenefíciosPreço Unitário
(R$ 1,00)FUNRURAL R$ Contribuições a associações R$ ITR R$ IPVA R$ Taxa de seguros R$ Contador R$ Assistência técnica R$ Outros (Especificar) R$
4.5. Despesas com reparos de benfeitorias e máquinasEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
Reparos de benfeitorias R$
Reparos de máquinas R$
4.6. Outras despesas de custeio, no último anoEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário – R$
5. INFORMAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL5.1. Número de vezes que o técnico visitou sua propriedade para orientá-lo sobre GADO DE LEITE, no último ano (marque apenas 1 alternativa da Ass. pública e 1 da Ass. privada)
Assistência Pública Assistência Privada( ) ( ) não foi visitado no último ano ( ) ( ) de 1 a 2 visitas no ano ( ) ( ) de 3 a 6 visitas no ano ( ) ( ) mais de 6 visitas no ano
5.2. Número de vezes que o técnico visitou sua propriedade para orientá-lo sobre OUTRAS ATIVIDADES, no último ano (marque apenas 1 alternativa da Ass. pública e 1 da Ass. privada).
Assistência Pública Assistência Privada( ) ( ) não foi visitado no último ano ( ) ( ) de 1 a 2 visitas no ano ( ) ( ) de 3 a 6 visitas no ano ( ) ( ) mais de 6 visitas no ano
5.3. Informação que o produtor tem mais carência. (Marque 1, 2 e 3, sendo zero sem carência, 1 a de MENOR e 3 a de MAIOR carência):
0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Planejamento da empresa rural0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Cálculo do custo de produção0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Comercialização0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Alimentação do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Sanidade do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Manejo do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Melhoramento genético
5.4. Informação sobre a produção de leite, que mais recebe. (Marque 0, 1, 2 e 3, sendo 0 a que NÃO recebe, 1 a que MENOS recebe e 3 a que MAIS recebe):
0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) alimentação do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) sanidade do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) manejo do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) melhoramento genético0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) gerenciamento da produção0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) produção de leite e meio ambiente
5.5. Três principais fontes de informações (marque APENAS TRÊS alternativas).( ) Vizinho( ) técnico do laticínio( ) técnico da EMATER-RO( ) leitura de jornais agropecuários( ) leitura de revistas agropecuárias( ) programas de TV( ) treinamento (curso, palestra). Especificar:___________________________
5.6. Freqüência que utiliza as seguintes fontes de informações a sua atividade rural (pode ser mais de uma alternativa)
NÃO utiliza SIM, nº de vezes/mêsJornais agropecuáriosRevistas agropecuáriasPrograma de rádioGlobo Rural (TV)Outros programas de TVInternet
5.7. Qual seu julgamento sobre a qualidade das informações que recebe (marque apenas uma alternativa).( ) Muito boas( ) Boas( ) Regular( ) Ruim( ) Péssimas
5.8. Já ouviu falar em SENAR? ( ) Sim ( ) NãoParticipou de algum treinamento promovido pelo SENAR, no último ano?( ) Sim ( ) Não
5.9. Já ouviu falar em SEBRAE? ( ) Sim ( ) NãoParticipou de algum treinamento promovido pelo SEBRAE, no último ano?( ) Sim ( ) Não
6. CONHECIMENTO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE
As informações apresentadas, a seguir, algumas são verdadeiras e outras são falsas. Marque com um ( X ) a sua escolha:Não Sabe
Verdade Falsa Questões
O corte da capineira deve ser sempre baixo, rente ao soloMuito sal provoca aborto das vacasOs carrapatos devem ser completamente erradicados dos animaisNão se deve dar cana com uréia para vacas em gestaçãoPasto, em solo de elevada fertilidade, reduz o consumo de sais mineraisMamite pode ser transmitida pela mão do ordenhadorA vacina contra brucelose deve ser aplicada em todo o rebanhoO sal mineral, deve ser fornecido aos animais apenas na época da secaA filha de uma vaca ½ holandês-zebu com um touro puro holandês é 5/8 holandês-zebu?A mistura de cana com uréia é feita assim: Para 100 kg de cana mistura 10 kg de uréia
7. FATORES QUE INFLUÊNCIAM A PRODUÇÃO DE LEITE
7.1. Alimentação do rebanho7.1.1. Adota rotação de pastagem para vacas em lactação? ( ) Sim ( ) Não_______ número médio de dias de pastejo _______ número médio de dias de descanso7.1.2. Freqüência de uso do concentrado para vacas em lactação( ) Ano todo ( ) Período da seca ( ) Não usa
7.1.2.1 Despesas, com concentrado GadoEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Concentrado comercial Gado Kg Fubá de milho KgFarelos (trigo, arroz, soja, algodão, sorgo) KgUréia KgMelaço KgOutrosOutros
7.1.3. Quando usa concentrado ele é distribuído de acordo com a produção da vaca: ( ) Sim ( ) Não
7.1.4. Suplementação volumosa no período seco:Cana-de-açúcar ( ) Não ( ) Sim __________ dias/anoCapineira ( ) Não ( ) Sim __________ dias/anoSilagem ( ) Não ( ) Sim __________ dias/ano
7.1.4.1 Despesas com silagemEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Despesa de Mão-de-obra d.h. Despesa Silagem: Adubo, calcário, herbicida, inseticida, fungicida.
kg
Despesa Ensilagem: Lona, serviços mecânicos, aditivo
7.1.4.2. Despesas com mineraisEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Sal comum KgConcentrado mineral KgSal mineral KgMistura preparada na fazenda KgOutros Kg
7.2. Manejo do rebanho
7.2.1. Número de ordenhas ( ) uma ( ) duas
7.2.2. Tipo de ordenha ( ) manual ( ) mecânica
7.2.2.1. Despesas com material de ordenhaEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
Material de ordenha R$ Material de limpeza de desinfecção R$ Higienização ordenhadeira/tanque R$ Outros R$
7.2.3. Qual a Matriz Racial?__________
7.2.3.1. Composição racial (quantidade de animais)
Especificação ReprodutorVacas
(lact.+ falhada)De ½ a ¾ HZ - AzebuadoDe 3/4 HZ a puro holandêsOutras Raças Européias
Outras Raças indianas
Sem padrão definidoTOTAL
7.2.3.2. Rebanho
EspecificaçãoQuantidade(Cabeças)
Valor Unitário(R$/Cab)
BovinoReprodutorVaca em lactaçãoVaca falhada (seca)Novilha em reproduçãoNovilha em recriaBezerra em aleitamentoBezerro em aleitamentoMacho em recriaMacho em engordaRufiãoSUBTOTALEqüinos e muaresOutros (Especificar)
SUBTOTALTOTAL
7.2.3.3. Qual é o sistema de reprodução?( ) inseminação artificial( ) natural controlada( ) natural não controlada
7.2.3.4. Despesas com inseminação artificialEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Sêmen DOSE
Nitrogênio líquido L
Luvas ud
Pipetas ud
Bainhas ud
Inseminador contratado R$
Outros (Especificar) R$
7.2.3.5. Despesas com hormôniosEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
Hormônios (Ciosin, profertil, ocitocina, somatotropina, GNRH, estrógeno
R$
Outros
7.2.4. Tipo de aleitamento: ( ) artificial ( ) natural
7.2.4.1. Despesas com aleitamento artificialEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
(R$ 1,00)Leite L
Sucedâneo do leite Kg
Outros (Especificar)
Outros (Especificar)
7.2.5. Critério para primeira cobertura:idade das novilhaspeso das novilhasnão tem critério definido
7.2.6. Idade média das novilhas no primeiro parto: _______ meses
8. INDICADORES DE MERCADO
8.1. Distribuição da produção de leite no último anoLitro/mês vendida para laticínio (leite fluído)Litro/mês vendida diretamente para consumidor (leite fluído)Litro/mês vendida na forma de derivados (queijos, requeijão etc...)TOTAL
8.2. Quanto ao sistema de pagamento do leite diferenciado, em leite-cota e leite-excesso( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece 8.2.1. Se concorda, por quê? (Marque de 1 a 5 em ordem de importância, sendo 1 menor importância e 5 maior importância)1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) favorece o produtor especializado1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) estimula a modernização da pecuária1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) estabiliza a renda do produtor1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) paga mais quando o custo é maior1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) aumenta a renda do produtor
8.2.2. Se não concorda, por quê? (Marque de 1 a 3 em ordem de importância, sendo 1 de menor importância e 3 de maior importância)1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) prejudica o pequeno produtor
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) só favorece a indústria1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) reduz a renda do produtor
8.3. Quanto ao sistema de preço-base do leite, mais bonificação por VOLUME( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece
8.4. Quanto ao sistema de preço-base do leite, mais bonificação por QUALIDADE( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece
9. A - PRONAF9.1. Você possui financiamento do PRONAF? ( ) Sim ( )Não9.2. Se SIM, qual?__________________ Valor?__________________
9. B - QUALIDADE DO LEITE
9.1. Possui tanque:( ) Tanque da Associação na minha propriedade( ) Tanque da Ass. em outra propriedade. Local e Distância:______________________( ) Tanque Particular( ) Ainda não tenho tanque
9.2. Freqüência de entrega do leite ao tanque ao diaUma vez ( ) na seca ( ) nas águas ( ) ano todoDuas vezes ( ) na seca ( ) nas águas ( ) ano todo
9.2.1 Quais os Laticínio que entrega o leite
Nome do LaticínioDistância entre a Propriedade e o Laticínio
9.3. Tempo gasto entre o final da ordenha e o leite chegar ao tanque( ) até 1 hora( ) de 1 a 2 horas( ) de 2 a 3 horas( ) de 3 a 4 horas( ) mais de 4 horas
9.4. O leite é enviado ao laticínio:( ) todos os dias( ) de 2 em 2 dias( ) mais de 2 dias
9.4.1. Despesas com transporte do leite pago pelo produtorEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário
Frete Litros
Outro
9.5. Como era feito o resfriamento do leite na propriedade rural:( ) tanque de expansão. Onde:____________________________( ) tanque de imersão. Onde:____________________________( ) resfriado no riacho( ) não era resfriado
9.6. A propriedade possui energia elétrica que permite a instalação do tanque de expansão? ( ) Sim ( ) Não
9.7. A estrada que dá acesso a propriedade permite a passagem do caminhão com o tanque de leite? ( ) ano todo ( ) parte do ano ( ) não permite
9.8. Usa caneca telada ou de fundo preto para identificar mamite? ( ) Sim ( ) Não
9.9. Antes da colocação do leite no tanque é feito o teste de qualidade?( ) Sim ( ) Não
10. AVALIAÇÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE
10.1. Por que produz leite? (Marque as razões por ordem de importância, sendo 1 a de MAIOR importância e 3 de MENOR importância).1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) É um negócio lucrativo1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tem renda mensal1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Combina com outras explorações da propriedade1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tem mercado garantido1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Não sabe fazer outra coisa1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Emprega a família1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Gosta da atividade
10.2. Para os próximos anos, o que pretende com a produção de leite? (Apenas 1 alternativa)( ) continuar como está( ) melhorar a tecnologia e aumentar a produção( ) reduzir a produção( ) abandonar a atividade
10.3. Excluindo o preço do leite, que normalmente é citado como um fator que dificulta o desenvolvimento da produção, cite os dois principais problemas que influenciam na sua produção de leite:1:_________________________________________________________________ 2:_________________________________________________________________
11. ASSOCIAÇÃO E COOPERAÇÃO
11.1 Pertence a alguma Associação/Cooperativa ou Grupo? ( )Sim ( ) Não
11.2 Nome da Organização: __________________________________________________________________
11.3 Como avalia a atuação? ( ) Ativa ( ) Parcialmente Ativa ( )Inativa
11.4 Como você avalia a contribuição em relação as atividade abaixo relacionadas. (Marque de 0 a 3, sendo zero nulo, 1 de BAIXA importância e 3 de ALTA importância) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tipo de Contribuição.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Disponibilizarão de informações sobre matérias-primas,
equipamentos, assistência técnica, consultoria, etc.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Identificação de fontes e formas de financiamentos.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Promoção de ações cooperativas.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Apresentação de reivindicações comuns.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Criação de fóruns e ambientes para discussão.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Organização de eventos técnicos e comerciais .
11.5 Como você avalia as atividades desenvolvidas pela organização:( ) Ruim( ) Regular( ) Boa( ) Ótima
11.6 Qual Motivo:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Apêndice B - Ordenamento dos produtores de leite de acordo grau de eficiência
Rolim de Moura 77 4 1 Ordenamento das DMUs (Retorno Crescente em Escala-CCR)
ORDEM DMU SCORE1 DMU46 1.000001 DMU21 1.000001 DMU7 1.000001 DMU70 1.000001 DMU75 1.000001 DMU29 1.000001 DMU39 1.000001 DMU63 1.000002 DMU40 0.969233 DMU57 0.966844 DMU74 0.959715 DMU2 0.952816 DMU35 0.912057 DMU56 0.890828 DMU42 0.862509 DMU52 0.8435910 DMU48 0.8434311 DMU47 0.8300512 DMU5 0.8275813 DMU62 0.7699014 DMU25 0.7649815 DMU65 0.7335516 DMU24 0.7284017 DMU71 0.7262318 DMU26 0.7246319 DMU69 0.6866020 DMU18 0.6732121 DMU68 0.6461522 DMU31 0.6349223 DMU44 0.6322624 DMU38 0.6219225 DMU9 0.6215126 DMU77 0.6212227 DMU60 0.6161028 DMU13 0.6112829 DMU16 0.6081630 DMU23 0.5647431 DMU30 0.5527632 DMU27 0.53036
CONT. Anexo B
Rolim de Moura 77 4 1 Ordenamento das DMUs(Retorno Variaveis a Escala-BCC)
ORDEM DMU SCORE1 DMU46 1.000001 DMU75 1.000001 DMU7 1.000001 DMU21 1.000001 DMU74 1.000001 DMU57 1.000001 DMU39 1.000001 DMU70 1.000001 DMU29 1.000001 DMU38 1.000001 DMU63 1.000001 DMU40 1.000001 DMU43 1.000001 DMU69 1.000001 DMU2 1.000002 DMU55 0.975913 DMU47 0.975054 DMU35 0.945635 DMU56 0.924716 DMU53 0.918287 DMU52 0.901788 DMU10 0.885959 DMU68 0.8788510 DMU5 0.8710711 DMU17 0.8631112 DMU42 0.8628813 DMU48 0.8489314 DMU71 0.8312715 DMU25 0.8259116 DMU62 0.7720917 DMU4 0.7656218 DMU11 0.7493419 DMU24 0.7451920 DMU65 0.7341421 DMU26 0.7262922 DMU16 0.6888323 DMU18 0.6824224 DMU13 0.6744125 DMU27 0.6728626 DMU34 0.66078
33 DMU59 0.5043234 DMU55 0.5010335 DMU41 0.5005036 DMU64 0.4941337 DMU3 0.4874738 DMU53 0.4863639 DMU4 0.4832340 DMU43 0.4786341 DMU51 0.4736042 DMU11 0.4625043 DMU34 0.4598944 DMU76 0.4473445 DMU45 0.4118346 DMU32 0.4102547 DMU66 0.4084348 DMU50 0.4076049 DMU49 0.3681950 DMU54 0.3443851 DMU72 0.3254152 DMU1 0.3245753 DMU37 0.3153254 DMU19 0.3143855 DMU10 0.3039056 DMU61 0.2838657 DMU33 0.2754158 DMU6 0.2657259 DMU12 0.2604560 DMU8 0.2599461 DMU17 0.2450962 DMU14 0.2282063 DMU28 0.2272264 DMU22 0.2183865 DMU36 0.2136366 DMU20 0.2027867 DMU73 0.1985268 DMU67 0.1965969 DMU58 0.1929870 DMU15 0.17732
27 DMU60 0.6580628 DMU9 0.6560229 DMU31 0.6355730 DMU44 0.6328831 DMU77 0.6314932 DMU76 0.6118833 DMU41 0.6028834 DMU23 0.5858135 DMU64 0.5723836 DMU30 0.5565337 DMU59 0.5046638 DMU3 0.4976639 DMU51 0.4929540 DMU66 0.4398741 DMU45 0.4287542 DMU73 0.4262243 DMU32 0.4252344 DMU50 0.4145845 DMU33 0.4013346 DMU49 0.3966647 DMU54 0.3935648 DMU19 0.3605849 DMU61 0.3554650 DMU1 0.3533951 DMU72 0.3269552 DMU37 0.3265553 DMU22 0.3220454 DMU8 0.3110955 DMU14 0.3072856 DMU58 0.2816657 DMU6 0.2804258 DMU20 0.2753659 DMU12 0.2642860 DMU36 0.2295961 DMU28 0.2278262 DMU15 0.2176663 DMU67 0.19929
Fonte: Dados da pesquisa processados pelo software DEA-SAED