avaliaÇÃo de eficiÊncia de produtores de leite utilizando anÁlise envoltÓria de ... ·...

123
DE RONDÔNIA NUCLEO DE CIÊNCIAS FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PPGMAD MARCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA. PORTO VELHO

Upload: hoangkiet

Post on 21-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DE RONDÔNIA

NUCLEO DE CIÊNCIAS

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

PPGMAD

MARCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE

UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO

MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.

PORTO VELHO

2

2010

MARCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE

UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO

MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.

Dissertação apresentada como requisito do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração – PPGMAD, da Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do titulo de Mestre em Administração.

Orientadora: Dra. Mariluce Paes de Souza

PORTO VELHO

2010

FICHA CATALOGRÁFICABIBLIOTECA CENTRAL PROF. ROBERTO DUARTE PIRES

Bibliotecária Responsável: Eliane Gemaque / CRB 11-549

Rodrigues, Márcio Heleno de Souza.R696a

Avaliação de eficiência de produtores de leite utilizando análise envoltória de dados: o caso do município de Rolim de Moura no Estado de Rondônia. / Márcio Heleno de Souza Rodrigues. Porto Velho, Rondônia, 2010.

120f.: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Núcleo de Ciências Sociais (NUCS), Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGMAD), Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, Rondônia, 2010.

Orientadora: Profa. Dra. Mariluce Paes de Souza.

1. Análise Envoltória de Dados. 2. Medidas de Eficiência. 3. Produção de Leite. I. Título.

CDU: 658:637(811.1)

MÁRCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PRODUTORES DE LEITE

UTILIZANDO ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS: O CASO DO

MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA NO ESTADO DE RONDÔNIA.

Esta dissertação foi julgada adequada para a

obtenção do Título de Mestre em

Administração, e aprovada em sua forma final

pelo Programa de Pós-Graduação: Mestrado em

Administração (PPGMAD) da Fundação

Universidade Federal de Rondônia (UNIR), em

28 de maio de 2010.

Prof. Osmar Siena, Dr.

Coordenador do Programa PPGMAD/UNIR

Comissão Examinadora:

Profª. Mariluce Paes de Souza, Dra.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Orientadora

Profª. Iracy soares de Aguiar, Dra.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Rolim de Moura

Membro Externo

Prof. Tomas Daniel Menendez Rodriguez, Dr.Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Membro

Dedico esta Dissertação a

minha esposa Viviani e a minha filha Carolina.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus, seguido por todos os que me apoiaram

nos momentos de aflição e que foram fundamentais para que se concretizasse este trabalho.

Também agradeço à professora Mariluce Paes de Souza, em especial, pela incansável

orientação, pelo profissionalismo e como pessoa, incentivando-me no transcorrer desta

dissertação, a qual foi à peça-chave para a conquista desta vitoria.

À Viviani, esposa e companheira, também a minha filha Carolina, ambas por terem

suportado minhas inquietudes e lamentações, tornando possíveis muitos momentos de alegria.

Aos professores Theophilo Alves de Souza Filho, pela acessibilidade e as oportunas

sugestões; Carlos André da Silva Muller, pela atenção e valiosos conselhos durante as etapas

do trabalho; Tomas Daniel Menendez Rodriguez, pela valiosa ajuda na resolução de

problemas com métodos quantitativos; e Rosiane Maria Lima Gonçalves, pela receptividade,

respeito e comentários adequados.

À Universidade Federal de Rondônia, pela acolhida, no curso de Mestrado.

Ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de

Rondônia, pela oportunidade de realização do mestrado.

Aos professores do PPGMAD da Universidade Federal de Rondônia pelo apoio e

sabedoria em conduzir o programa.

A todos os companheiros da Pós-Graduação, pela amizade e pelos momentos de

descontração, e em especial ao André que foi mais que um amigo nesse período, mas sim um

irmão que não mediu esforços em me ajudar. Quero deixar meu muito obrigado e o sentimento de

eterna gratidão.

Aos amigos Fernando e Fabiano, pela amizade e o fundamental apoio em todas as

horas.

Aos meus Pais, Pedro Rodrigues de Lima e Maria Aparecida de Souza Rodrigues. Aos

meus irmãos, Eder, Elder e Mateus pelo apoio durante a realização desse trabalho e durante

toda minha vida.

Ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária na pessoa do Senhor Francisco José

Nascimento, pelo apoio dado e pela amizade dispensada.

A todos os produtores rurais da região de Rolim de Moura no Estado de Rondônia e

todos os colegas do CEDSA que contribuíram de alguma forma, para o levantamento de

informações.

RODRIGUES, Márcio Heleno de Souza . Avaliação de Eficiência de Produtores de Leite Utilizando Análise Envoltòria de Dados: O Caso do Municipio de Rolim de Moura no Estado de Rondônia. Dissertação, Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração (PPGMAD), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), 125p. Porto Velho , 2010.

RESUMO

No Estado de Rondônia, a importância da Cadeia Agroindustrial do Leite pode ser constatada, pelo número de propriedades ocupadas com a pecuária de leite e pela capacidade de gerar empregos, contribuindo para o desenvolvimento local. Nos últimos anos, o Estado de Rondônia foi o que apresentou o maior crescimento percentual da produção de leite entre os estados brasileiros. De 1998 a 2008, a produção de leite passou de 372.000 mil litros para 723.000 mil litros dia, aumento de 94% no período, correspondente à taxa média anual de crescimento de 8,54%. Diante da importância da atividade na economia do Estado e o crescente ganho de produtividade, este trabalho objetiva identificar o grau de eficiência dos produtores de leite e apontar os meios para a redução das ineficiências, indicando suas possíveis causas, através da identificação do perfil dos produtores eficientes e ineficientes. Utilizou-se a Análise Envoltória de Dados (DEA) para o cálculo da eficiência, com orientação para os insumos, em uma amostra de 77 produtores do Município de Rolim de Moura, Rondônia, os quais foram divididos de acordo com a medida de eficiência obtida. Foram utilizados dados primários, obtidos através da aplicação de questionário em visitas às propriedades. Observou-se que apenas oito produtores obtiveram eficiência máxima, e 69 obtiveram medida de eficiência inferior a um, sendo que destes, 56 operam na faixa de retornos crescentes e 13 na faixa de retornos decrescentes. O grupo eficiente, que alcançou nível de eficiência superior a 90%, é formado por 13 produtores, enquanto o grupo ineficiente possui 64 produtores, que obtiveram medida de eficiência inferior a 90%. A comparação destes grupos, segundo algumas características socioculturais e tecnológicas e quanto a indicadores de desempenho técnico e econômico, demonstrou positivamente a influência da participação familiar na administração da propriedade e do nível de escolaridade. A residência do produtor na propriedade mostrou-se, favorável ao aumento de eficiência, o que pode ser explicado pela maior socialização do produtor, levando a uma maior participação em entidades classistas, recebimento de assistência técnica e maior uso de tecnologia, tudo isso demonstrando-se favorável a produtores eficientes, levando-os a obter melhores desempenhos técnico e econômico. No momento seguinte procedeu-se à análise dos produtores ineficientes através de alguns estudos de caso e análise do grupo ineficiente como um todo, considerando-se as possíveis reduções médias percentuais no uso dos insumos, com referência aos benchmarks. A análise de alguns produtores ineficientes demonstrou, através dos estratos de eficiência, que à medida em que o nível de eficiência técnica aumenta, os indicadores de desempenhos técnico e econômico se mostram melhores. Os resultados demonstraram a possibilidade de uma redução média de 53,05% no custo operacional total e de 45,8% no capital investido na produção do leite, através das reduções proporcionais e eliminação das folgas, de forma que a produção se manteria no mesmo nível e os produtores passariam a obter eficiência máxima.

Palavras-Chave: Análise Envoltória de Dados, medidas de eficiência, produção de leite.

RODRIGUES, Márcio Heleno de Souza . Efficiency Evaluation of Milk Producers Using Data Envelopment Analysis: The Case of the Municipality of Rolim de Moura, Rondônia State. Dissertation (Master in Business Administration). Program Graduate - Masters in Business Administration (PPGMAD) of the Federal University of Rondônia (UNIR). 125 p. Porto Velho, 2010.

ABSTRACT

In the state of Rondonia, the importance of Agroindustrial Chain Milk can be verified by the number of properties occupied by the dairy and the ability to generate jobs, contributing to local development. In recent years, the state of Rondonia was the one with the largest percentage increase in milk production among the states. From 1998 to 2008, milk production increased from 372 million liters to 723 million liters daily, 94% increase in the period, corresponding to annual average growth of 8.54%. Given the importance of activity in the state's economy and increasing productivity gains, this paper aims to identify how efficient milk producers and point out ways to reduce inefficiencies, indicating its possible causes, by identifying the profile of efficient producers and inefficient. We used the Data Envelopment Analysis (DEA) to calculate the efficiency with input orientation in a sample of 77 producers in the municipality of Rolim de Moura, Rondonia, which were divided according to the measure of efficiency obtained . We used primary data obtained through the questionnaire for visits to properties. It was observed that only eight producers had maximum efficiency, and 69 had efficiency measure less than one, of these, 56 operate in the range of increasing returns and 13 in the range of diminishing returns. The effective group, which achieved efficiencies above 90%, consists of 13 producers, while the inefficient group has 64 farmers have gained a measure of efficiency below 90%. The comparison of these groups, according to some socio-cultural and technological characteristics as indicators of economic and technical performance, demonstrated the positive influence of family participation in the administration of property and educational level. The producer's residence on the property proved to be conducive to increased efficiency, which can be explained by the greater socialization of production, leading to greater participation in class entities, receiving technical assistance and increased use of technology, all demonstrating is conducive to efficient producers, leading them to get better technical and economic performance. The next moment we performed the analysis of inefficient producers through some case studies and analysis of the ineffective group as a whole, considering the possible average percentage reductions in the use of inputs, with reference to benchmarks. The analysis of some inefficient producers demonstrated through the strata of efficiency, that to the extent that the level of technical efficiency increases, the indicators of technical and economic performance look better. The results demonstrated the possibility of an average reduction of 53.05% in total operating expenses and 45.8% on capital invested in production of milk, through proportional reductions and elimination of gaps, so that production would remain the same level and the producers would get the maximum efficiency.

Keywords: Data Envelopment Analysis, efficiency measures, production of milk.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fatores que afetam o desempenho do empreendimento agropecuário............19Figura 2 - Centros de custos de produção de leite...............................................................25Figura 3 - Visão sistêmica da empresa..................................................................................29Figura 4 - Tipos de Eficiência................................................................................................30Figura 5 - Mapa Isocustos......................................................................................................32Figura 6 - Ponto de Eficiência Alocativa...............................................................................33 Figura 7 - Fronteira Eficiente de Produção.........................................................................36Figura 8 - Fronteira de eficiência de DMUs com um input e dois outputs........................36Figura 9 - Comparação entre o cálculo da eficiência Total e Técnica...............................37Figura 10 - Produtividade de DMUs que operam em escalas diferentes...........................38Figura 11 - Comparação entre modelo de eficiência relativa e o de análise de regressão....................................................................................................................................................39 Figura 12 - Fronteira de produção para os modelos BCC e CCR....................................42Figura 13 - Indicadores de eficiência.....................................................................................42 Figura 14 – Mapa do Estado de Rondônia..........................................................................58Figura 15 - Fluxo de implementação do DEA......................................................................64

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo dos Tipos de Eficiência de uma DMU.................................................34Quadro 2 - Formulações matemáticas dos modelos CCR e BCC ......................................41

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação percentual anual da produção de leite no Brasil e no Estado de Rondônia – 1998 a 2008..........................................................................................................52Gráfico 2 - Variação da produção de leite entre os estados da região norte – 1998 a 2008...................................................................................................................................................53 Gráfico 3 - Produtividade do setor leiteiro do Brasil e do Estado de Rondônia..............55Gráfico 4 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA............................................................73Gráfico 5 - A eficiência de escala dos produtores de leite de Rolim de Moura.................74

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produção mundial de leite de vaca e taxa de variação, por continentes - 1997 a 2008...........................................................................................................................................46Tabela 2 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite no ano de 2008...................................................................................................................................................47Tabela 3 - Médias para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade no período de 1980 a 2008, Brasil.............................................................................................................49Tabela 4 - Produção de Leite, Vacas Ordenhadas e Produtividade Animal em Rolim de Moura, no período de 1998-2008...........................................................................................59Tabela 5 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica e de escala, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA.........................................71

Tabela 6 - Produção diária, tamanho do rebanho leiteiro, área destinada ao gado e medida de eficiência técnica dos produtores da amostra, separados por escala de produção, Rolim de Moura, 2008..........................................................................................75Tabela 7 - Redução percentual média na utilização de insumos para que os produtores se tornem eficientes.................................................................................................................76Tabela 8 - Distribuição dos produtores segundo o nível de eficiência................................77Tabela 9 - Área disponível, rebanho total de vacas e vacas em lactação dos produtores do Município de Rolim de Moura, Rondônia.......................................................................78Tabela 10 - Participação dos produtores em associações e atendidos por assistência técnica.......................................................................................................................................80Tabela 11 - Nível de escolaridade da amostra, considerando os grupos eficientes e ineficientes................................................................................................................................81Tabela 12 - Forma de administração da propriedade dos produtores de leite.................82Tabela 13 - Tipo e número de ordenhas, resfriamento do leite e utilização de inseminação artificial pelos produtores................................................................................83Tabela 14 - Utilização de pastagem e manejo alimentar.....................................................84Tabela 15 - Comercialização, produção de derivados e utilização de metas de produção, produtividade, receita e despesas produção pelos produtores de leite...............................86Tabela 16 - Desempenho Produtivo dos Produtores de Leite no Município de Rolim de Moura, Rondônia....................................................................................................................88Tabela 17 - Indicadores de desempenho produtivo e econômico dos produtores ineficientes selecionados e reduções percentuais possíveis na utilização de insumos em relação ao benchmark.............................................................................................................91Tabela 18 - Valores médios e projetados da produção e utilização de insumos, de acordo com as reduções percentuais encontrados na DEA para as DMUS (33, 30, 56)................94

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 1.1 Contextualização do Problema ........................................................................................ 15 1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 16 1.3 Objetivos ......................................................................................................................... 17

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17 1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 18 2.1 Gestão do Agronegócio .................................................................................................. 18

2.1.1 Administração Rural ................................................................................................ 21 2.2 Conceitos Básicos de Análise de Eficiência .................................................................. 28

2.2.1 Eficiência ................................................................................................................. 28 2.2.2 Tipos de Eficiência de Unidades de Tomada de Decisão (DMUs) ......................... 30

2.3 Fronteira de Eficiência .................................................................................................... 35 2.4 Métodos de Determinação da Fronteira Eficiente ........................................................... 38 2.5 Análise Envoltória de Dados (DEA) ............................................................................... 40

2.5.1 Características e Limitações da DEA ....................................................................... 43 2.5.2 Aplicações da DEA na avaliação da eficiência da Cadeia Produtiva do Leite ........ 43

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE ................................................. 46 3.1 Produção de Leite Mundial ............................................................................................ 46 3.2 Produção de Leite Brasileira ........................................................................................... 47 3.3 Produção de Leite na Região Norte do Brasil ................................................................. 50 3.4 Produção de Leite em Rondônia .................................................................................... 52 3.5 Produção de Leite em Rolim de Moura ......................................................................... 57

4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 60 4.1 Delineamento da Pesquisa .............................................................................................. 60 4.2 Local do Estudo .............................................................................................................. 61 4.3 Fonte dos dados ............................................................................................................... 62 4.4 Instrumentos e Procedimentos para Coleta dos Dados ................................................... 62 4.5 Métodos de Análise ......................................................................................................... 63

4.5.1 Descrição das Etapas de Implementação da DEA ................................................... 63 4.5.2 Descrição das variáveis ........................................................................................... 65 4.5.3 Comparação dos Produtores ..................................................................................... 66 4.5.4 Caracterização dos Produtores ................................................................................. 67 4.5.5 Análise dos Produtores Ineficientes ......................................................................... 68

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 70 5.1 Eficiência Técnica e de Escala dos Produtores ............................................................... 70 5.2 Identificação dos Grupos Eficiente e Ineficiente ............................................................ 77

5.2.1 Perfil dos Produtores Eficientes e Ineficientes ........................................................ 78 5.2.2 Indicadores de Desempenho .................................................................................... 86

5.3 Análise dos Produtores Ineficientes ................................................................................ 89 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 95 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97 Apêndice A – Questionário quanti-qualitativo ................................................................. 107 Apêndice B - Ordenamento dos produtores de leite de acordo grau de eficiência ....... 121

INTRODUÇÃO

As transformações econômicas, tecnológicas, políticas, sociais e culturais que vêm

ocorrendo nas últimas décadas têm proporcionado um ambiente de instabilidade para as

organizações. Consolidar alianças estratégicas é o caminho para a sobrevivência frente às

tendências de globalização dos mercados.

Diante desta nova conjuntura que se apresenta, surge uma série de demandas, riscos e

oportunidades, estabelecendo a necessidade das organizações realizarem uma ampla

reformulação nas suas estruturas e estratégias a fim de se manterem competitivas.

Como não poderia deixar de ser, o setor agroindustrial brasileiro também vem sendo

bastante influenciado por todas essas mudanças. A cadeia produtiva do leite, como parte

integrante do setor agroindustrial, tem sido uma das mais afetadas pelas constantes

transformações da economia.

A partir dos anos de 1990, uma série de alterações ocorreu na cadeia produtiva do

leite. A forte interferência do governo federal cedeu lugar à desregulamentação do setor que,

amparada por uma abertura do mercado à internacionalização, fez impulsionar o aumento dos

investimentos proveniente de diversas empresas multinacionais, e abrir, portanto, espaço para

a entrada de produtos estrangeiros.

O modelo vigente até o ano de 1990 tinha como característica, ser formado, na grande

maioria, por pequenos e médios produtores com baixo nível de especialização, organização e

qualidade, isso começou a se modificar. Níveis de produção, qualidade e eficiência passaram

a ser exigidos, obrigando os produtores a reverem sua forma de produção e gestão.

Com relação à produção, as tecnologias vêm buscando: i) aprimorar a qualidade da

nutrição-necessidade; ii) melhorar a genética dos animais por meio da inseminação artificial e

da transferência de embriões; iii) controlar as doenças que afetam o rebanho; iv) adotar a

mecanização da ordenha; v) ajustar o manejo e as instalações às novas demandas, e vi)

contratar profissionais qualificados, dentre outras medidas.

No âmbito da gestão, tem-se buscado: i) contratar colaboradores mais qualificados

e/ou promover a qualificação dos já existentes nas propriedades; ii) controlar os custos de

produção por meio da otimização dos recursos alocados; iii) padronização de processos; iv)

estabelecer o fluxo de produção de acordo com as épocas de maior retorno provável, e v)

ampliar a participação nos órgãos e entidades que defendam os interesses do produtor.

14

O produtor de leite brasileiro além das melhorias na atividade produtiva e de gestão

tem sido estimulado a adequar-se à nova legislação, o que contempla as normas técnicas sobre

a produção, identidade e qualidade, que foram implantadas por meio do Programa Nacional

de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL).

Após varias discussões envolvendo o conjunto dos atores do setor, definiu-se uma

nova normatização, publicada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/DAS), que foi aprovada por meio da

Instrução Normativa (IN) nº 51, de 18/09/02 e veio substituir a legislação que estava em vigor

desde 1953.

De acordo com o texto do Programa de Modernização do Setor Lácteo no Brasil

(MAPA, 2002), contemplado na IN nº 51, foram estabelecidos parâmetros mais rígidos para

contagem bacteriana, para detecção de resíduos de antibióticos e de células somáticas. O

programa estabelece normas para resfriamento e para a coleta a granel que, de forma geral,

contribuem para a melhoria da qualidade do produto comercializado no país.

A partir de julho de 2005, ficou estabelecido que, os estados das regiões Sul, Sudeste e

Centro-Oeste deveriam estar plenamente adequados a esses novos parâmetros do PNMQL.

Para os demais estados, o prazo limite estabelecido foi o ano de 2007.

Com a aprovação da IN nº. 51, houve um aumento das especulações sobre os possíveis

impactos que esta regulamentação poderia causar ao setor, bem como, propiciou a discussão

sobre a viabilidade dos pequenos produtores se enquadrarem no novo contexto.

Apesar de todos os esforços dos produtores para se profissionalizarem, as exigências

da cadeia leiteira no Brasil têm sido cada vez maiores, tanto nos aspectos técnicos e de gestão,

quanto nos normativos.

Destacam-se, ainda, as imposições feitas pelas grandes indústrias e também as de

natureza legal. Diante desse quadro, os produtores têm sido forçados a buscar novas

tecnologias para viabilizar a sua competitividade.

O cenário aponta enormes dificuldades de permanência de pequenos produtores,

especialmente aqueles que adotam tecnologias pouco produtivas. O problema agrava-se

quando se inclui na análise a necessidade de investimentos para mudança tecnológica, com

escassos recursos de crédito rural, e além disso, com taxas de juros elevadas, como é o caso

do Brasil, nos últimos anos. (REVISTA BALDE BRANCO, 2002).

Acredita-se que, os produtores que não dispuserem de terra suficiente, recursos

financeiros, acesso à tecnologia e capacidade de gerenciamento, que são fatores essenciais

para crescer e ser competitivo, serão excluídos da atividade.

1.1Contextualização do Problema

Nos últimos anos, o estado de Rondônia foi o que apresentou o maior crescimento

percentual da produção de leite entre os estados brasileiros. De 1998 a 2008, a produção de

leite passou de 372 milhões de litros para 723 milhões de litros, aumento de 94% no período,

correspondente à taxa média anual de crescimento em 8,54% (IBGE, 2008).

O governo estadual por meio de instituições vem subsidiando a cadeia produtiva do

leite, podem-se destacar ações do Pró-leite (Projeto de desenvolvimento da pecuária leiteira

no estado de Rondônia), coordenado pela SEAPES (Secretaria de Estado da Agricultura,

Produção, Desenvolvimento Econômico e Social), tendo como principais ações o

melhoramento do manejo alimentar, melhoramento do manejo sanitário, higiene da ordenha e

melhoramento do manejo reprodutivo.

Outra ação que podemos destacar, são os convênios que a SUFRAMA

(Superintendência da Zona Franca de Manaus) vem firmando com os municípios do Estado

de Rondônia, com objetivo de instalar unidades de resfriamento nas propriedades, para

granelização do leite. Atualmente são vinte e quatro municípios do Estado de Rondônia

beneficiados por esta política. Esta ação envolve as associações de produtores que recebem os

equipamentos e coordena sua instalação.

Entre os municípios atendidos no Estado de Rondônia estão: Colorado do Oeste,

Cabixi, Curumbiara, Cacoal, Pimenta Bueno, Ministro Andreazza, Primavera de Rondônia,

Rolim de Moura, Alta Floresta D’Oeste, São Felipe D’Oeste, Novo Horizonte do Oeste, Santa

Luzia D’Oeste, Ouro Preto do Oeste, Mirante da Serra, Vale do Paraíso, Urupá, Alvorada

D’Oeste, Ariquemes, Theobroma, Machadinho D’Oeste, Costa Marques, Seringueiras, São

Miguel do Guaporé e Ji- Paraná.

Tendo em vista esses investimentos aplicados na cadeia produtiva do leite no Estado,

em especial no município de Rolim de Moura, que proporcionalmente foi o que recebeu a

maior parte do volume de investimentos do Estado na atividade leiteira, por parte dos

governos federal e estadual, torna-se importante analisar a eficiência e a situação

socioeconômica dos produtores por meio de avaliação do ganho de produtividade e aumento

da renda. Posto que, apesar das ações já citadas, quando os dados de produtividade são

comparados com a média nacional, observa-se que ainda encontram-se bem abaixo da média

nacional e com reduzida participação na produção estadual. Diante deste cenário, os critérios

para a escolha do município foram: i) possuir o maior número de associações beneficiadas

16

com recurso e taques de resfriamento comunitário, e ii) o fato de o município possuir uma

participação na bacia leiteira de apenas de 3,02% (nível estadual) e ser o 8º (oitavo) no

ranking de maior produção dentro do estado (IBGE-2008).

Neste sentido, é fundamental identificar a caracterização dos diferentes propriedades

rurais e seus produtores quanto ao grau de eficiência técnica e de escala, sendo relevante etapa

no processo de levantamento das limitações da produtividade. Para conhecer os fatores de

produção que possam contribuir para tornar um ou outro produtor mais eficiente, pode-se, a

partir daí, inferir a necessidade de formular programas ou ações para melhorar a

produtividade.

1.2Justificativa

A pecuária de leite representa um importante segmento do agronegócio na economia

brasileira. A investigação sobre sua eficiência técnica e de escala, torna-se importante no

sentido de contribuir com o aumento da produtividade.

A assimetria de oportunidades na agropecuária tem levado regiões brasileiras a

apresentar um nível de renda no setor rural muito inferior ao de outras consideradas eficientes,

implicando uma baixa remuneração dos fatores de produção, entre os quais a mão-de-obra.

Essa ineficiência está alicerçada, dentre outros fatores, na política agrícola discriminatória,

que contribuiu para que algumas regiões sobressaíam em detrimento de outras.

Torna-se, assim, necessário desenvolver um estudo que venha determinar qual é a

eficiência técnica e de escala do agronegócio do leite no Estado de Rondônia, através da

análise dos produtores de leite do município de Rolim de Moura, a fim de que se possa obter

informações mais detalhadas do perfil dos produtores de leite da região, bem como

discriminar os condicionantes dessa eficiência, agregando esses resultados também

regionalmente.

Busca-se, através dos resultados, subsidiar projetos não só de políticas publicas, mas

também de programas de fomento agrícola e técnico aplicados ao meio rural que tenham o

intuito de pleitear recursos destinados ao desenvolvimento regional, seja na busca de

aumento, seja na conservação da infra-estrutura existente, no fornecimento de crédito, apoio

na intensificação da mecanização ou nas diversas formas de orientação técnica e

mercadológica voltadas para os produtores.

17

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Avaliar os fatores de eficiência dos produtores de leite do município de Rolim de

Moura no Estado de Rondônia, utilizando a análise envoltória de dados.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Identificar e descrever o que determina a eficiência dos produtores;

• Mensurar a eficiência dos produtores rurais das associações do município de

Rolim de Moura;

• Avaliar o perfil dos produtores e identificar aqueles que podem ser utilizados

como benchmarking para os demais;

• Comparar as características dos produtores conforme o grau de eficiência

identificado pelos fatores.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Gestão do Agronegócio

As mudanças ocorridas no agronegócio, a partir dos anos de 1990, geraram a

necessidade do uso de ferramentas de gestão pelos produtores rurais, fazendo com que o

conhecimento ganhasse importância como fator gerador do diferencial competitivo. Segundo

Pudell (2006) entende-se por gestão todo processo sistemático de obtenção de resultados a

partir do esforço de outros, aglutinados por uma meta comum. A gestão é na realidade um

grande processo de controle que tem por objetivo assegurar a eficácia empresarial no processo

de tomada de decisão.

De acordo com Silva (2005), a gestão do negócio tem como função principal a de

determinar qual é o nível ótimo de homogeneização dos produtos, de maneira a criar as

condições para o aproveitamento de economias de escala, e concomitantemente, atender às

necessidades específicas dos mercados. No entanto, a realidade no meio rural possui

particularidades que necessitam ser exploradas pela ciência da administração.

Por se trata de um vasto e complexo campo de pesquisa e teorização, este ainda carece

de estudos e metodologias próprias. Segundo Almeida et al. (2000) sua identidade e

investigação estão ainda muito ligadas à administração urbano-industrial, que transfere seu

conhecimento científico na tentativa de elucidar os elementos existentes no arranjo rural.

Buscou-se, portanto, na literatura, àqueles trabalhos que tiveram contato com o universo rural,

analisando-os sob o aspecto da gestão.

De acordo Batalha et al. (2004), a gestão do empreendimento rural, compreende um

processo de coleta de dados, geração de informações, tomada de decisões, e ações que

derivam destas decisões, não são tratadas de forma satisfatória na literatura nacional e

internacional. Os trabalhos existentes nesta área estão quase sempre restritos aos aspectos

financeiros e econômicos da gestão do empreendimento rural, geralmente relacionados a

custos, finanças e contabilidade.

Segundo Buainaim et al. (2007) a gestão dos empreendimentos rurais geralmente são

focalizados em aspectos técnicos. Os autores constataram que a gestão rural no Brasil ainda se

desenvolve dentro de critérios tradicionais, com baixa performance operacional e econômica.

É importante observar que esta condição não se restringe ao caso das propriedades rurais

ligadas à agricultura familiar, apesar de, nestes casos, elas sejam mais críticas. A literatura

19

sobre gestão de negócios não aborda adequadamente as organizações agroindustriais

(BATALHA, et al. 2005).

No entanto, Batalha et al. (2004) diz que isso se dá devido à inadequação de grande

parte dos instrumentos contemporâneos de gestão que são desenvolvidos para outras áreas. O

setor agroindustrial possui especificidades que particularizam os sistemas agroindustriais de

produção, nos quais se encontra inserida a agricultura familiar.

Sendo assim, faz-se necessário observar que gestão da propriedade rural possui

especificidades que são influenciadas pelas incertezas relacionadas ao ambiente em que se

encontra, o que direciona a maior parte das decisões. A performance de um empreendimento

agropecuário é determinada por um amplo conjunto de variáveis, sejam decorrentes das

especificidades locais e regionais, sejam políticas públicas e da conjuntura macroeconômica

(LOURENZANI, 2006).

Neste sentido, o processo de tomada de decisão sobre o que produzir, assim como a

seleção da tecnologia a ser aplicada, o procedimento de compra de insumos a comercialização

de produtos, e o acesso aos mercados, dentre outros, são o que compõe um conjunto de

fatores que afetam expressivamente a performance dos empreendimentos rurais. Conforme

apresentado na Figura 01, a estrutura que representa o funcionamento de um empreendimento

rural que possui uma complexidade pela composição de diversas variáveis interdependentes.

Fonte: Lourezani, 2003, p. 3.

No ambiente externo, fatores como relevo, clima, ambiente institucional, políticas

governamentais, mercado e tecnologia escapam do controle da unidade de produção. Ainda

que influenciem expressivamente a performance do empreendimento rural, esses fatores não

Figura 1 - Fatores que afetam o desempenho do empreendimento agropecuário.

20

são controlados por seus gestores. Nesse sentido, resta ao gestor adotar ações de reação e

adequação diante das condições ambientais impostas pelo mercado, além de climáticas,

tecnológicas e institucionais. Ações coletivas através de órgãos de representação podem

influenciar a política governamental do setor, mas não controlá-la.

Na esfera da unidade produtiva, o modelo “insumo – transformação – produto”

caracteriza o sistema de produção comum de um empreendimento rural. Esse modelo

apresenta os fatores de influência do ambiente interno para a performance do

empreendimento. De acordo com Lourenzani et al. (2008), tais fatores estão mais diretamente

vinculados ao controle do administrador rural. Assim, cabe ao administrador decidir, a partir

das informações disponíveis, como os recursos (insumos, capital, tecnologia e humano) serão

utilizados para serem transformados em produtos finais.

Decisões como: quanto produzir, como produzir, o que produzir e para quem produzir

devem ser tomadas, levando-se em conta os fatores restritivos como a tecnologia disponível, o

tamanho da propriedade e a saúde financeira do empreendimento. A relação entre as decisões

produtivas e os recursos disponíveis é que vai definir o custo de produção dos produtos.

Segundo Lourenzani et al. (2006) as relações familiares, a organização, a delegação de

responsabilidades e o comando, bem como a maneira como as atividades são realizadas,

também influenciam todo o processo produtivo do empreendimento. Por fim, os resultados

financeiros, as informações e a satisfação, obtidos ao final de um ciclo produtivo, é que vão

subsidiar, aperfeiçoar ou, até mesmo, inibir novas atividades.

Neste sentido, Oliveira (2007) destaca a importância que o processo de tomada de

decisão tem na gestão das propriedades rurais. Para melhor compreensão sobre o processo de

tomada de decisão, Bateman e Snell (1998) enumeraram três funções fundamentais, a saber:

planejamento, implementação e controle. A primeira função está baseada em informações

organizadas que levam a diferentes formas de decisão e a encontrar soluções possíveis para o

empreendimento. Para isso, torna-se necessária uma contínua avaliação e análise de

alternativas possíveis. Um bom planejamento permite a implementação mais segura, para isso

o produtor deve adquirir e organizar os recursos necessários e utilizá-los no momento e local

apropriados.

Outra forma de entender questões envolvidas no processo de tomada de decisão foram

abordadas por Ohlmer et al. (1998). Segundo estes autores, o processo pode ser visto como

uma combinação de quatro fases: identificação do problema, definição, análise/escolha e

implementação, com quatro subprocessos: pesquisa, planejamento, avaliação, escolha e

21

averiguação da escolha. Esses estágios deveriam ser analisados, no ambiente administrativo,

de forma interdependente.

2.1.1 Administração Rural

A literatura sobre administração rural tem apresentado distintas abordagens para

auxiliar os produtores no processo de tomada de decisão. A mensuração de eficiência é uma

das abordagens utilizadas em vários trabalhos (SILVA 2007; GOMES, 2006; ROBERTS et

al. 2004; RODRIGUES et al. 2009), como forma de analisar a gestão de propriedades rurais.

A busca pela medida de eficiência e desempenho dos processos produtivos é uma

tendência cada vez maior nas empresas, e como não poderia ser diferente nas propriedades

rurais. O estudo de performance é um problema clássico nos mais diversos tipos de

negócios,em que o seu emprego tem como objetivo avaliar a condição de eficiência de uma

determinada organização ou instituição, e, a partir daí, efetuar um plano de ações para a sua

melhoria (CARVALHO, 2002). Mesmo quando uma operação produtiva é delineada, e suas

atividades projetadas e controladas, o trabalho do gestor não está acabado, pois todas as

operações são passíveis de melhorias em sua performance (SLACK et al. 2009).

Segundo Salomon (2004), o gestor tem como função, além da busca por uma medida

de desempenho, tomar decisões a respeito dos processos, pois para o funcionamento de um

empreendimento existem diversos tipos de decisões gerenciais que necessitam ser tomadas.

Em razão da carência de fontes de informações confiáveis, existe a necessidade de se

aumentar o nível da eficiência técnico-econômica dos sistemas de produção, que devem ser

sustentáveis e competitivos. Para que isso aconteça, os produtores necessitam ter uma nova

visão de gestão de suas propriedades (FERNANDES ; NOGUEIRA, 2005).

A utilização de ferramentas de gestão torna-se imprescindível para se medir a

eficiência dos sistemas de produção. Para tal, alguns estudos vêm utilizando índices

produtivos das propriedades rurais.

No caso da atividade leiteira, pode ser avaliada através de vários índices, da relação

entre eles e também pela análise econômica. Tem-se utilizado como índices: i) idade do

primeiro parto; ii) intervalo entre partos; iii) mão-de-obra por litro de leite produzido, iv) taxa

de natalidade; v) produção média por vaca em lactação/dia; vi) produção média diária pelo

total de vacas do rebanho; vii) litros de leite por quilo de concentrado fornecido; e viii)

produção de leite por hectare/ano; ( GOMES, 2006; OLIVEIRA et al., 2001; SILVA 2007).

Através destes índices é possível determinar a análise da performance econômica da

propriedade e o retorno sobre o investimento.

22

Outra ferramenta gerencial utilizada para mensuração da eficiência das propriedades

rurais é o comportamento dos custos de produção. Neste caso, considera-se período de tempo

longo o bastante para que todos os recursos sejam passíveis de alterações. Embora a produção

se dê no curto prazo, o longo prazo relaciona-se ao planejamento e às escolhas futuras de

alternativas de produção, inclusive quanto ao tamanho do empreendimento (LOPES et al.

2006) .

O custo de produção de leite é o detalhamento de todas as despesas diretas e indiretas

que necessitam ser controladas para que se possa alcançar, com exatidão, o quanto se está

investindo e gastando para produzir (GOMES, 2007). Este compõe um elemento acessório na

gestão de qualquer empreendimento, sendo normalmente conceituado como o conjunto dos

valores de todos os insumos e serviços utilizados na produção de um determinado bem

(YAMAGUCHI et al., 2002).

O termo custo, para fins de apreciação econômica, expressa a compensação que os

proprietários dos fatores de produção, utilizados por um empreendimento para produzir

determinado bem, necessitam receber para que eles permaneçam fornecendo esses fatores ao

mercado (HOFFMANN et al,.1992). Em outras palavras, o custo de produção constitui o

valor mínimo que o produtor precisa receber para poder sobreviver na atividade produtiva

desenvolvida.

Ao examinar como os recursos estão sendo aplicados no processo produtivo e se estão

sendo remunerados, possibilitando, ainda, verificar como se comporta a rentabilidade da

atividade, comparada a alternativas de investimentos. Analisar os custos de produção de um

empreendimento agrícola é tarefa essencial para uma boa administração. Pelo estudo

sistemático dos custos incorridos na produção do leite, pode o produtor fixar diretrizes e

corrigir distorções, permitindo a sobrevivência do sistema de produção de leite em um

mercado cada vez mais competitivo e exigente, (LOPES et al., 2008).

Estudos sobre custos de produção têm sido utilizados para muitas finalidades tais

como: analisar a rentabilidade da atividade leiteira, reduzir os custos controláveis, determinar

o preço de venda compatível com o mercado em que atua, planejar e controlar as operações

do sistema de produção do leite, identificar e determinar a rentabilidade do produto,

identificar o ponto de equilíbrio do sistema de produção de leite, além de ser uma ferramenta

útil para auxiliar o produtor no processo de tomada de decisões corretas e seguras.

No entanto, a determinação e a avaliação dos custos são cercadas de muitas

dificuldades, além de apresentarem elevado grau de subjetividade (LOPES et al., 2006).

Segundo Gomes (1999) a correta apropriação do custo de produção é complexa em razão de

23

algumas características da pecuária de leite, tais como: a) produção conjunta, isto é, produção

simultânea de leite e de animais; b) elevada participação da mão-de-obra familiar, cuja

apropriação dos custos é sempre muito subjetiva; c) produção contínua, que é arbitrariamente

segmentada para o período em análise, podendo ser anual ou semestral; d) altos investimentos

em terras, benfeitorias, máquinas e animais, cuja apropriação dos custos tem elevada dose de

subjetividade; e) falta de informações e/ou contraditórias.

Gomes et al. (2005) separa as razões para tais diferenças em três classes. A primeira

refere-se aos critérios metodológicos utilizados, tais como inclusão ou não de juros no valor

da terra, utilização de centros de custos ou preço de mercado em todos os insumos e serviços

que sejam produzidos ou não na própria empresa. A segunda diz respeito ao sistema de

produção que serve de base para fornecer os coeficientes técnicos. A terceira diz respeito à

coleta, à interpretação e ao ajuste dos dados empregados no cálculo do custo de produção do

leite.

Em se tratando de sistema de produção de leite, sua performance deve ser quantificada

por meio do registro de indicadores econômicos, físicos e zootécnicos, para se determinar os

custos e receitas, o que possibilita o melhor planejamento da atividade (GOMES et al., 2005).

É necessário, também, a análise financeira da atividade para se observar a lucratividade, a

liquidez e o retorno sobre o capital. Muitas vezes, o custo de produção pode ser baixo, mas

pode deixar pouco retorno sobre o capital investido na atividade (BUENO et al., 2004).

Quanto à classificação do custo de produção, de acordo com Yamaguchi et.al (2002),

os procedimentos metodológicos para cálculo de custo seguem duas vertentes analíticas: custo

total de produção e custo operacional de produção, esta última sugerida pelo Instituto de

Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura de São Paulo (MATSUNAGA et al., 1976).

De acordo com Lopes e Carvalho (2000), o custo de produção deve ser apurado a

posteriori, ou seja, ao final do período estudado, com as quantidades de insumos e serviços

que verdadeiramente foram empregados. Embora sua apuração tem-se constituído em tema de

ampla controvérsia entre os estudiosos do tema, assim como os diversos conceitos e

procedimentos metodológicos adotados na apuração do custo de produção, conforme (LOPES

e CARVALHO, 2000; YAMAGUCHI et al.,2002; GOMES, 2006; LOPES et al.,2006); que

apresentam a estrutura de custo total da atividade leiteira, e Matsunaga et al. (1976), que

apresentam a estrutura de custo operacional efetivo, total e custo total de produção de leite.

Em relação à estrutura de custo total de produção Lopes e Carvalho (2000) consideram

que a clássica divisão dos custos em variáveis e fixos, muitas vezes, é arbitrária, além de,

difícil de ser operacionalizada, visto que, um fator de produção pode ser classificado como

24

fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode ser fixo no curto

prazo e variável no longo prazo, existem outros critérios para se classificarem os custos, que

se ajustam melhor às necessidades do produtor, tais como custos diretos e indiretos e custos

operacionais.

Segundo Gomes (2007) os custos variáveis são aqueles que podem ser aumentados ou

reduzidos pela ação do administrador ou em função da variação da produção. Já os custos

fixos são aqueles que permanecem inalteráveis durante um período de tempo (curto prazo) e

são independentes do nível de produção. Estes custos ocorrem mesmo que o recurso não seja

utilizado.

De acordo com o mesmo autor, os custos diretos são identificados com precisão na

produção por meio de um sistema capaz de ser diretamente apropriado, sem haver

necessidade de nenhum tipo de rateio dos valores, tais como: mão-de-obra contratada,

alimentação, medicamentos, energia e combustível, manutenção, reparos. Os indiretos são

aqueles que, mesmo necessários à produção, quase sempre não são registrados pela

contabilidade por não constituírem despesas pagas em dinheiro durante o processo produtivo.

Geralmente são provenientes de mais de uma atividade, mas alocáveis arbitrariamente por

meio de um sistema de rateio, estimativa e outros meios, como a depreciação dos bens

duráveis.

Os custos operacionais são formados por todos os itens que compõem os custos diretos

e de uma parte dos custos indiretos, representados pela depreciação dos bens duráveis

utilizados no processo produtivo. De acordo com Gomes (2007), essa estrutura tem os

seguintes custos: a) custo operacional efetivo − representa os custos efetivamente realizados

na condução da atividade; b) custo operacional total − representa o custo operacional efetivo

mais os custos correspondentes aos serviços executados pela mão-de-obra familiar (pró-

labore) e a depreciação do capital imobilizado em instalações, benfeitorias, equipamentos,

animais e capineiras; c) a partir da estrutura do custo operacional, considera-se ainda o custo

total como sendo o somatório do custo operacional efetivo mais o custo operacional total e a

remuneração do capital investido. Da renda bruta da atividade, deduzindo-se o custo total,

tem-se o lucro disponível para remunerar o produtor.

Em principio, um sistema de produção pode ser avaliado como algo ainda

desconhecido, em que os insumos e os produtos são conhecidos e mensuráveis, embora o

processo de transformação dos insumos em produtos seja uma incógnita (YAMAGUCHI et

al., 2002). Entretanto, de acordo com Gastal (1980), através de uma análise realizada através

do processo de segmentação do sistema global é possível desvendar alguns dos subsistemas

25

que compõem o processo de produção, em que cada um corresponde a uma parte do processo

de transformação. Neste sentido, Tupy et al. (2000) propõe uma metodologia de custos que

leva em consideração o uso da segmentação da produção de leite em subsistemas integrados

entre si, aqui denominados de “centros de custos” como, por exemplo, a produção de leite, a

produção de animais para reposição, a produção de alimentos, dentre outros, conforme

exemplifica a Figura 2.

Fonte: Lopes et.al , 2006, p.4.

Conforme os trabalhos de Tupy et al. (2000) e Lopes et al. (2006) a distribuição destes

subsistemas se daria da seguinte forma:.

No subsistema de custo de mão-de-obra, incluem-se as despesas com ordenhador e com o trabalho de manejo (salário, 13º salário e encargos sociais), bem como o salário do administrador. Nos subsistemas de produção de cana-de-açúcar, pastagens, silagens de milho e de capim são considerados os custos devido à manutenção, colheita e distribuição, benfeitorias e instalações, equipamentos, administração, consultorias e outras despesas, além de remuneração e depreciação. Nos subsistemas de custos de instalações, máquinas e equipamentos têm-se os dispêndios relacionados às salas de ordenha e de leite, curral de espera e de manejo, rede hidráulica, reservatórios de água, tanque de resfriamento, balança de pesagem de animais, galpão e armazém, escritório, botijão de sêmen etc. O subsistema de fêmeas de reposição possibilita estimar o custo total de manutenção anual do rebanho de fêmeas de reposição e o custo por novilha de reposição até o parto. Assim, neste subsistema, consideram-se as despesas com insumos, como leite para bezerro, concentrados, silagem, sal mineral, medicamentos, mão-de-obra, instalações, maquinário, despesas de manutenção, energia elétrica, combustíveis etc. Finalmente, o subsistema utilizado para o custo de produção de leite leva em conta, como principais itens, as despesas de mão-de-obra, incluindo o trabalho familiar, despesas com alimentação, reprodução, produtos veterinários, dispêndios com

Figura 2 - Centros de custos de produção de leite

26

instalações, máquinas e equipamentos, animais de produção, pastagens e despesas gerais (LOPES et al, 2006. p.4).

Diante deste cenário, para produzir leite a baixos custos, e também com qualidade, é

necessário possuir uma gestão eficiente do negócio, implicando na adoção de controles dos

índices econômicos, técnicos e zootécnicos. Sendo assim, através da mensuração da

performance da pecuária leiteira é possível identificar determinados entraves ao seu

crescimento e falhas na administração, fornecendo subsídios ao processo de tomada de

decisões por parte do produtor (FASSIO et al., 2005).

As informações apuradas através dos custos de produção têm sido utilizadas para

diferentes finalidades, tais como: redução dos custos controláveis; estudo da rentabilidade da

atividade leiteira; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;

identificação do ponto de equilíbrio; identificação e determinação da rentabilidade do

produto; e instrumento de apoio ao produtor no processo de tomada de decisões seguras e

corretas (LOPES ; CARVALHO, 2000; SILVA, 2007). As informações geradas através dos

custos de produção têm sido utilizadas também para cálculo dos valores econômicos para

características de gado de leite (MADALENA, 2000; MARTINS et al., 2003; BUENO et al.,

2004), bem como para quantificar ineficiências (ROBERTS et al., 2004; GOMES, 2006;

RODRIGUES et al., 2009 ; TUPY e YAMAGUCHI, 2002). Segundo Tupy et al (2003a), uma

vez mensurada a ineficiência, seus fatores determinantes poderão ser identificados, e muitas

perdas evitadas. Por não conseguir controlar o preço do produto que vende, o produtor

necessita administrar as variáveis que estão sob o seu controle. Trata-se de uma estratégia

para tornar seu produto mais competitivo, alcançando menores custos de produção. O seu

resultado econômico em um mercado que é marcado pela concorrência depende do

gerenciamento dos custos de produção da pecuária de leite e dos ganhos de escala (REIS et

al., 2001).

Vários pesquisadores têm se preocupado em estimar o custo de produção e estudar a

viabilidade econômica da produção de leite. Entretanto, de acordo com Lopes et al. (2008)

poucos mostram quais componentes exerceram maior influência, não identificaram o ponto de

equilíbrio dos sistemas de produção do leite e nem mesmo verificaram a influência de fatores

sobre o custo de produção do leite. Nesse sentido, a mensuração da performance relativa das

unidades produtivas tem se apresentado como importante ferramenta tanto para fins

estratégicos, quanto para questões mais operacionais. A mensuração da eficiência relativa é

uma das mais importantes formas de verificar a performance ou comportamento de uma

empresa.

27

Segundo Macedo (2004) o processo de mensurar o desempenho organizacional, como

todos os aspectos de gestão, é um processo contínuo e periódico, no qual a assiduidade das

medições depende da atividade a ser medida. As medições de desempenho possuem várias

razões, as quais as mais importantes são monitorar o progresso da empresa rural e corrigir

eventuais erros. No entanto, além disso, o administrador pode, através da avaliação da

eficiência da empresa rural, se preparar para enfrentar as mudanças ambientais, sobretudo no

que se referir a natureza mutável da concorrência e a criação de valor para o cliente. É

essencial, portanto, que esta avaliação seja feita em caráter relativo, ou seja, mensurando a

eficiência da organização em relação a seu ambiente competitivo.

Ao auxiliar o gestor a preparar-se para as variações competitivas, o processo de

mensuração de desempenho o ajudará a gerenciar as ameaças e oportunidades do ambiente e

as forças e fraquezas da própria empresa. Um sistema de avaliação de performance

empresarial implica em múltiplas etapas, aplicando diversos tipos de ferramentas de

mensuração de desempenho. Para isso, a organização necessita identificar quais os itens a

analisar, ou seja, aqueles que melhor representam o desempenho desta, e quais ferramentas

serão utilizados, tendo estes itens como parâmetros, na busca pela identificação do grau de

eficiência que a organização possui.

Cada fator considerado no processo de mensuração de eficiência precisa ser de tal

ordem que o sucesso empresarial tenha este como de fundamental importância. Estes seriam

os fatores críticos ou pontos críticos do sucesso organizacional, que carecem ser monitorados

e, por conta disso, precisam-se ter dados seguros a respeito do comportamento dos mesmos.

(MACEDO, 2004)

Logo, avaliar se uma organização é eficiente ou ineficiente e poder identificar alguns

dos motivos para este desempenho contribuem de forma expressiva para a definição de quais

estratégias seriam apropriadas. A melhoria contínua é buscada, assim sendo, no intuito de

corrigir as razões da baixa performance na transformação de seus recursos/insumos em

produtos.

Esta performance pode ser medida unidimensionalmente ou multidimensionalmente,

por meio da comparação entre os valores observados na unidade sob exame e os valores

ótimos, no que tange seus outputs - produtos ou indicadores a serem maximizados e inputs -

recursos ou insumos, ou ainda, indicadores a serem minimizados. Estas comparações geram

fronteiras de máxima produção ou de mínimo custo, utilizando-se de modelos econométricos

(fronteiras paramétricas) ou de programação matemática (fronteiras não paramétricas)

(STEFFANELLO, 2009).

28

De forma geral, a eficiência é calculada pela razão entre a produção observada e o

potencial de produção desejável ou realizada por alguma outra unidade, de acordo com os

recursos disponíveis. Ou pela razão entre a quantidade mínima necessária de recursos

desejável ou praticada por alguma outra unidade e a quantidade efetivamente empregada,

dada à quantidade de produtos gerados. No entanto, para que seja possível compreender

melhor, a seguir vamos abordar os conceitos utilizados sobre eficiência.

2.2Conceitos Básicos de Análise de Eficiência

Entre as definições mais importantes, que devem ser conhecidas pelo usuário das

técnicas de análise de eficiência, estão os conceitos de: (a) eficiência, (b) tipos de eficiência,

(c) fronteira de eficiência e (d) métodos de determinação da fronteira eficiente. É importante

lembrar, também, que o conceito de eficiência é muito amplo e, dependendo da área do

conhecimento e do sistema a que ele estiver se referindo, terá um significado completamente

diferente. Neste item, apresentam e diferenciam-se estes conceitos, principalmente no campo

das ciências sociais aplicadas.

2.2.1 Eficiência

Proveniente do latim efficientia, está relacionada à ação, força ou virtude para se

produzir um dado resultado. Eficiência é a virtude ou característica que pode ser atribuída a uma

pessoa, máquina, técnica ou empreendimento para conseguir o melhor rendimento com o mínimo

de erros, dispêndio de energia, tempo, dinheiro ou meios (HOUAISS, 2001). O conceito de

eficiência está ligado com a relação existente entre os resultados obtidos, os recursos empregados

e as características do meio ambiente (MARTINS e LAUGENI, 2005).

Na ciência da administração, a eficiência é vista, como uma medida de rendimento

global de um sistema. Advém daí o fato de, na administração da produção, ramo da ciência da

administração, a eficiência técnica ser chamada de eficiência produtiva ou medida de

produtividade global, no entanto a definição de eficiência na administração, não diverge

muito do conceito utilizado nas demais ciências sociais aplicadas. Segundo Drucker (1996)

eficiência é fazer certo as coisas, ou poder-se-ia entender também como fazer certo um

processo qualquer.

De acordo com Ferreira (2005), nas ciências administrativas as organizações com e

sem fins lucrativos são vistas como um sistema aberto, por influenciarem e sofrerem

influência do meio, bem como por admitirem os mesmos componentes dos demais sistemas,

quais sejam: entradas, processo de transformação e saídas, conforme mostrado pela Figura 3.

29

Figura 3 - Visão sistêmica da empresa.Fonte: Ferreira, 2005, p.31.

Em uma empresa, os inputs são os insumos representados pelos fatores de produção; o

processamento se dá pela tecnologia empregada; e os outputs representam os bens e serviços

provenientes do esforço produtivo. Deste modo, a eficiência está nas condições de

operacionalização do sistema, ou seja, em utilizar-se melhor das entradas para elevar ao

máximo as saídas, considerando a tecnologia disponível. Nesse contexto, pode-se definir

eficiência como a otimização dos recursos empregados para alcance de resultados planejados.

Entende-se, nessa ótica, que a empresa como sistema está inserida em sistemas mais

complexos, como macrossistemas de mercado, econômico, político e produtivo entre outros.

Desta forma em todos os casos, a eficiência estará sujeita aos fatores internos, que

administram o empreendimento produtivo, bem como aos fatores externos, que condicionam

a performance e a competitividade da empresa (FERREIRA, 2005).

De acordo com mesmo autor, isso ocorre, porque em uma economia capitalista e

competitiva, a carga tributária, os preços dos insumos, as normas de controle ambiental, entre

outros fatores, são definidos por leis subjetivas (definidas pela atuação dos agentes no

mercado) ou por leis e normativas externas definidas por órgãos públicos.

Já nas ciências econômicas, a eficiência refere-se à otimização de recursos e à

ausência de desperdício. Assim, a eficiência se dá pelo emprego máximo dos recursos

existentes para atender às necessidades e aos anseios de indivíduos e organizações

(PINDYCK ; RUBINFELD,1994). Dessa maneira, eficiência é, em geral, a habilidade, ou até

30

mesmo a capacidade, de utilizar, de forma mais adequada do que se tem à disposição a fim de

alcançar um resultado desejado.

2.2.2 Tipos de Eficiência de Unidades de Tomada de Decisão (DMUs)

A eficiência pode possuir diversos significados dependendo da área de conhecimento

em que esse conceito está sendo utilizado. Além da eficiência técnica, produtiva e de escala

que utilizamos nesta pesquisa, existem outros tipos de eficiência, sendo que alguns desses

tipos também se referem à DMUs, apesar de utilizarem outros indicadores de desempenho,

possuindo, assim, ligação direta e indireta com estas eficiências. São elas: (a) a eficiência

econômica, (b) a eficiência alocativa. A Figura 4 representa uma hierarquia entre esses tipos

de eficiência.

Fonte: Mariano, 2008, p.40.

De acordo com Silva (2007), a eficiência econômica é o tipo mais amplo de eficiência

de uma DMU e pode ser subdividida em duas componentes: a eficiência produtiva e a

eficiência alocativa. A eficiência produtiva, por sua vez, também pode ser subdividida em

duas componentes, sendo que essas duas componentes serão muito importantes nas técnicas

de análise de eficiência, sendo elas: a eficiência técnica e a eficiência de escala.

Esses tipos de eficiência serão descritos e comparados entre si sendo que, a primeira, a

ser apresentada é a eficiência econômica e; no segundo momento será apresentada eficiência

alocativa; por fim, serão apresentados e comparados os três componentes da eficiência

produtiva ou total, técnica e escala.

Figura 4 - Tipos de Eficiência

31

A eficiência econômica é medida com a comparação de custos, receitas e lucros

observados, em relação a padrões ótimos. Assim, enquanto a eficiência produtiva utilizar

como indicador de desempenho valores físicos de entradas e saídas, a eficiência econômica

utilizar-se-á de indicadores econômicos como: custos, receitas, lucro obtido, taxa de retorno e

outros. Segundo Miller (1981) uma firma será economicamente eficiente se conseguir ao

mesmo tempo maximizar seu lucro, minimizar seus custos e maximizar a satisfação dos

consumidores. De acordo com Kalirajan (1990), a eficiência econômica é um estado de

ocorrências em que nenhuma reorganização concebível na economia plenamente empregada

poderá produzir diminuição da escassez ou aumento da satisfação das necessidades humanas.

Sendo assim, um produtor que faz um produto que ninguém deseja, usando o mínimo de

recursos possíveis, estará operando com eficiência produtiva, mas não com eficiência

econômica, pois com os mesmos recursos ele poderia fazer um produto que aumentasse a

satisfação das necessidades humanas.

De acordo Azambuja (2002), a eficiência alocativa está ligada à habilidade de alocar,

da melhor maneira possível, os recursos econômicos disponíveis no processo produtivo. Em

outras palavras, a eficiência alocativa é a componente da eficiência econômica que mede se

um dado recurso está sendo utilizado, economicamente, de maneira ótima. Assim, essa

eficiência pode indicar, por exemplo, que o produtor está gastando muitos recursos para

produzir um produto que rende pouco ou que a DMU está utilizando uma combinação de

insumos muito custosas para produzir um determinado nível de produtos. Uma DMU só

apresentará eficiência econômica se for produtivamente eficiente, isto é, se produzir sem

desperdícios, e se, conseguir alocar seus recursos de maneira a minimizar os seus custos totais

ou maximizar o seu lucro obtido.

Segundo o mesmo autor, isolar o componente de eficiência alocativa é tarefa bastante

complicada, visto que ela depende de diversos fatores como: (a) economias de escala, (b)

economias de escopo, (c) economias de densidade de tráfego, (d) economias de utilização de

estoque de capital, (e) economias de rede e (f) economias de tempo de usuário; sendo que

cada um desses fatores pode dar origem a tipo diferente de eficiência que comporão a

eficiência alocativa.

De acordo com Silva (2007), apesar das dificuldades envolvidas existem alguns

procedimentos e técnicas que podem auxiliar na determinação da eficiência alocativa. Na área

de pesquisa operacional, por exemplo, existem técnicas de otimização da alocação dos

recursos, que permitem obter a combinação ótima de outputs que uma DMU deve produzir,

dadas às quantidades de inputs, com o objetivo de maximizar sua eficiência alocativa. Essas

32

técnicas são baseadas em programação linear (PL) e utilizam como função objetivo (FO) ou a

função custo que deve ser minimizada ou a função lucro que deve ser maximizada.

Segundo Mattos (2008), na área de microeconomia, uma alternativa possível para se

achar o mix de insumos que minimiza o custo total dada uma quantidade de produtos, é

utilizar o ponto de encontro da curva de Isoquanta que representa as várias combinações de

fatores de produção terra, capital e trabalho que resultam na mesma quantidade de produção

(output), com a curva de Isocusto são curvas que delimitam os mesmos custos, delimita as

mesmas quantidades. A relação que pode existir é a de custo/quantidade, ou seja, a um

determinado custo à quantidade que a tangencia e delimitam os mesmos custos. Porém, esse

procedimento só é válido no caso de DMUs com dois insumos e um produto. A Figura 5

apresenta um mapa de Isocustos.

Figura 5 - Mapa IsocustosFonte: Mariano, 2008, p.44.

Uma curva de Isocusto é uma curva bidimensional que mostra as diferentes

combinações de dois insumos de uma dada DMU, que geram o mesmo gasto para empresa.

Assim como as Isoquantas, as curvas de Isocusto também podem ser representadas por um

mapa, sendo que quanto mais afastado da origem, maior o custo. O ponto de encontro da

Isoquanta com a curva de Isocusto que a tangencia, será o ponto em que, para uma dada

quantidade de produto, a combinação dos insumos 1 e 2 custará menos, como ilustrado na

Figura 6.

33

Figura 6 - Ponto de Eficiência AlocativaFonte: Mariano, 2008, p.44. Adaptado de Berechman (1993).

Na Figura 6, os pontos “E” e “F” são os pontos de mínimo custo para dois níveis

diferentes de produtos, sendo que cada um desses níveis é representado por uma Isoquanta.

Tendo-se o custo ou o lucro do ponto ótimo de alocação de recursos, a eficiência alocativa.

De acordo com Mattos (2008), para uma DMU não conseguir ser produtivamente

eficiente podem existir duas causas. Essas causas podem ser problemas de ordem puramente

técnica ou problemas de escala de produção. Essas duas causas dão origem às componentes:

(a) Eficiência técnica e (b) Eficiência de escala.

A ineficiência técnica é causada por problemas típicos de engenharia como, por

exemplo: problemas relacionados à falta de treinamento ou qualificação dos funcionários,

problemas com o maquinário utilizado na produção, problemas com a qualidade do material

utilizado entre outros.

A eficiência técnica é uma medida da forma como a combinação ótima dos recursos é utilizada na produção, na busca do produto máximo. A eficiência técnica trata da relação entre produtos e insumos, ou seja, está preocupada com o aspecto físico da produção. (SILVA, 2007).

Por outro lado, a ineficiência de escala está relacionada com problemas de economia

ou deseconomia de escala. Assim, a eficiência de escala está ligada ao fato da empresa estar

ou não produzindo em sua escala de ótima de produção, ou seja, é relacionada ao conceito de

função produção. Abel (2000) conceitua a função produção como sendo a relação que indica

quanto se pode obter de um ou mais outputs, a partir de uma dada quantidade de inputs, para

uma empresa saber o quanto da eficiência apresentada se deve aos fatores técnicos e o quanto

se deve aos fatores de escala, pois isso poderá representar uma diretriz na identificação de

possibilidades de melhoria.

34

Farrel (1957) definiu três tipos de eficiência produtiva: a) eficiência produtiva também

chamada de eficiência total que mede a capacidade de uma DMU transformar inputs em

outputs em proporções adequadas e de maneira produtiva; b) eficiência técnica é um índice

que representa o quanto da eficiência total de uma empresa pode ser relacionada a fatores

técnicos ou de engenharia; c) eficiência de escala é um índice que representa o quanto da

eficiência total de uma empresa pode ser relacionada a fatores econômicos ou de escala ou,

em outras palavras, é um índice que está relacionado ao fato da empresa estar operando

abaixo ou acima de sua escala ótima de produção.

A eficiência total ou produtiva pode ser definida como um índice combinado das

eficiências técnicas e de escala. A equação que correlaciona esses três tipos de eficiência está

apresentada na seguinte expressão: (Eficiência Produtiva = Eficiência Técnica * Eficiência de

Escala), (ANJOS, 2005). O Quadro 01 apresenta um resumo dos tipos de eficiência de uma

DMU

Tipo de eficiência

Característica

Econômica Capacidade de uma DMU de evitar a escassez e ao mesmo tempo maximizar a satisfação humana

Alocativa Capacidade de uma DMU de alocar os seus recursos econômicos da melhor maneira possível

Produtiva ou Total

Capacidade de uma DMU transformar inputs em outputs em proporções adequadas evitando desperdícios

Técnica Parcela da eficiência produtiva relacionada a fatores de ordem técnica ou de engenharia

Escala Parcela da eficiência produtiva relacionada ao fato da DMU estar ou não operando em sua escala ótima

Quadro 1 - Resumo dos Tipos de Eficiência de uma DMU.Fonte: Elaborado pelo autor

Os conceitos de eficiência econômica e de eficiência alocativa não são tão abrangentes

quanto o conceito de eficiência produtiva. Por exemplo, caso se deseje estudar um problema

em que as DMUs representem indivíduos, não terá sentido referir-se à eficiência econômica

ou à eficiência alocativa; apenas a eficiência produtiva fará sentido. É sempre bom lembrar,

também, que com exceção das eficiências técnica e de escala, que são componentes da

eficiência produtiva, nenhuma das técnicas de análise de eficiência apresentadas neste

trabalho lida com os outros tipos de eficiência de DMUs (eficiência econômica e alocativa).

35

É recomendável ao afirmar se uma DMU é ou não eficiente, a correta especificação do

tipo de eficiência ao qual se está referindo, pois quando uma DMU está operando com

eficiência técnica, por exemplo, pode não está operando com eficiência econômica, alocativa,

escala ou produtiva.

2.3 Fronteira de Eficiência

Segundo Mariano et al. (2006), uma fronteira de eficiência pode ser definida como

sendo o lugar geométrico ocupado por todas as DMUs, de um determinado conjunto,

consideradas eficientes. A construção da fronteira de eficiência é um requisito básico para as

técnicas não-paramétricas de análise de eficiência. Kassai (2005) define a fronteira de

eficiência como sendo uma curva de máxima produtividade, considerando a relação ótima

entre inputs e outputs, no qual se localizarão todas as DMUs consideradas eficientes,

enquanto as ineficientes se localizarão abaixo dela. Desse modo, o termo fronteira de

eficiência denomina quais pontos limitam a produtividade sobre os quais uma unidade

produtiva hipotética é eficiente.

Segundo Kassai (2002) uma fronteira de eficiência é sempre definida pelo conjunto de

DMUs que está sendo comparado sendo que, uma DMU só poderá ser dita eficiente para

aquele conjunto a partir do qual a fronteira de eficiência foi construída. Caso mude o conjunto

considerado, também deverá mudar a fronteira de eficiência, pois quanto mais produtivas

forem as DMUs do conjunto comparado, maior a produtividade necessária para que uma

DMU seja considerada eficiente.

A fronteira de eficiência é apresentada, através da representação gráfica em que todas

as DMUs são representadas por meio de pontos. No eixo y desse gráfico se encontram os

valores do output virtual e no eixo x se encontram os valores do input virtual de cada DMU

analisada (SILVA, 2007). A Figura 7 apresenta um exemplo de uma fronteira de eficiência.

As DMUs que se encontram sobre a linha, que é a fronteira propriamente dita, são todas

eficientes, enquanto as DMUs que se encontram abaixo dessa linha são todas ineficientes. As

DMUs representadas pelos pontos A e B são eficientes, pois ambas se encontram no limite

máximo da produtividade que podem alcançar quando comparadas com suas concorrentes.

36

Figura 7 - Fronteira Eficiente de Produção Fonte: Mariano, 2008, p.28.

Segundo Pena (2008) existem outras formas de se representar uma fronteira de

eficiência, porém essas formas só valem para casos muito específicos como, por exemplo,

para DMUs com dois outputs e um input ou para DMUs com dois inputs e um output.

Conforme exemplo da Figura 8.

Figura 8 - Fronteira de eficiência de DMUs com um input e dois outputsFonte: Fonte: Mariano, 2008, p.29

Para o caso de dois outputs e um input, a fronteira pode ser representada em um

gráfico, onde o eixo x apresenta o valor do output 1 dividido pelo input e o eixo y o valor do

output 2 dividido também pelo input. No caso de dois inputs e um único output basta seguir o

37

mesmo raciocínio que será obtida uma fronteira com formato semelhante ao representado na

Figura 8.

De acordo com Vasconcellos (2006), dependendo da orientação escolhida, o valor da

eficiência encontrada mudará, uma vez que alterará o valor da produtividade máxima. O

ponto de projeção de uma DMU ineficiente na fronteira nada mais é do que uma meta para

que a DMU ineficiente se torne eficiente. Da mesma forma que a eficiência pode ser

calculada a partir da projeção de uma DMU, a projeção de uma DMU também poderá ser

calculada a partir do valor de sua eficiência e da distância dessa DMU até um ponto fixo.

Nas técnicas de análise de eficiência produtiva, a eficiência total é obtida comparando-

se uma DMU com todas as suas concorrentes, indiscriminadamente; já a eficiência técnica é

obtida comparando-se uma DMU apenas com aquelas que operem em escala semelhante a

sua. Na prática, o cálculo das eficiências total e técnica se diferenciam apenas com relação ao

formato da fronteira de eficiência utilizado. A fronteira para calcular a eficiência total é uma

reta com inclinação de 45° que sai da origem e intercepta a DMU mais produtiva, fazendo

com que todas as DMUs sejam comparadas a ela; já a fronteira para calcular a eficiência

técnica possui o formato de uma função produção característica, com suas variações de escala

consideradas. A Figura 9 elucida essas duas fronteiras.

Figura 9 - Comparação entre o cálculo da eficiência Total e TécnicaFonte: Mariano, 2008, p.49.

Após o cálculo da eficiência técnica e da eficiência total, pode-se calcular a eficiência

de escala diretamente a partir da manipulação algébrica da expressão a seguir: (Eficiência de

Escala = Eficiência Produtiva/ Eficiência Técnica). Nas DMUs que apresentam retornos

38

constantes a escala, não faz sentido falar em eficiência de escala e eficiência técnica, sendo

calculada apenas a eficiência total.

Por meio de uma fronteira de eficiência técnica, é possível perceber como uma DMU

pode aumentar sua produtividade, e consequentemente sua eficiência total, simplesmente

aumentando ou diminuindo sua escala de produção, sem precisar alterar seu processo

produtivo. A Figura 10 exemplifica esse fato:

Figura 10 - Produtividade de DMUs que operam em escalas diferentesFonte: Mariano, 2008, p.49.

Na Figura 10, as DMUs “A”, “B” e “C” são todas tecnicamente eficientes, pois estão

sobre a fronteira de eficiência técnica (função produção). Porém, a produtividade da DMU

“B”, que é a tangente da reta que liga a origem a essa DMU, é maior que produtividade das

demais já que o ângulo da reta que liga essa DMU à origem é maior que o das demais. Isso

ocorre porque B opera na sua escala ótima de produção retorno crescente à escala, enquanto

as DMUs “A” e “C” operam, respectivamente, abaixo e acima de suas escalas ótimas

respectivamente retornos crescentes e decrescentes à escala.

2.4Métodos de Determinação da Fronteira Eficiente

O estudo da eficiência com que operam unidades de produção significou a principal

motivação para o estudo das fronteiras. A ideia de medição da eficiência foi originalmente

desenvolvida por Farrell (1957) que usou o método não-paramétrico de fronteira para medir a

eficiência relativa. Dentre as técnicas mais empregadas para determinar as fronteiras

eficientes e os níveis de eficiência de unidades produtivas homogêneas encontram-se os

métodos paramétricos e os não-paramétricos.

39

De acordo com Coelli e Rao (2005), os métodos paramétricos utilizam-se geralmente

da econometria, especificamente, na estimação das funções de produção e fronteira de

produção estocástica. Esta abordagem requer que sejam especificadas formas funcionais que

relacionam os insumos e os produtos e utiliza medidas de tendência central para analisar a

eficiência das unidades de produção em relação à unidade "média". A não-paramétrica utiliza

a programação matemática, especificamente, na programação linear. A partir dos dados

disponíveis sobre as unidades de produção, é construída uma fronteira linear por partes e,

utilizando-se medidas radiais e de função de distância, analisa-se a eficiência das unidades de

produção em relação à distância da fronteira construída com as "melhores" unidades de

produção (as mais eficientes). Na Figura 11, pode-se visualizar melhor as diferenças entre

ambos os métodos, utilizando como exemplo a metodologia DEA e um método de analise de

regressão:

Fonte: Niederauer, 2002, p.63

Segundo Onusic (2007) análise de Regressão resulta em uma função que determina a

reta que minimiza a soma dos erros quadrados ou reta dos mínimos quadrados. É, portanto,

uma reta de comportamento médio que não representa necessariamente o desempenho de

nenhuma das unidades analisadas. Essa comparação pode ser demonstrada pela figura 11. As

observações individualmente estão representadas pelos pontos no gráfico. A reta traçada na

ilustração é obtida da função resultante da Análise de Regressão Linear. Pode-se notar que

apenas algumas observações posicionam-se próximas à reta de regressão.

Figura 11 - Comparação entre modelo de eficiência relativa e o de análise de regressão.

40

No caso da Análise por Envoltória de Dados define a curva de eficiência ou de

máxima produtividade, considerando a relação ótima insumo/produto. Assim, são

identificadas as unidades que obtiveram a alocação ótima entre insumos e produtos, que são,

então, chamadas de eficientes e estão posicionadas na curva de máxima eficiência relativa. É

importante notar que as demais unidades, não eficientes, estão posicionadas abaixo da curva,

“envolvidas” pelo desempenho das unidades eficientes (KASSAI, 2002). O método define

então unidades de referências para cada observação, o que permite calcular os aumentos de

produtos ou diminuição de insumos necessários para que a atuação seja otimizada.

2.5 Análise Envoltória de Dados (DEA)

A Análise Envoltória de Dados (DEA), por ser uma ferramenta analítica e quantitativa

que possibilita medir e avaliar a eficiência. Ela pode ser conceituada como uma técnica de

pesquisa operacional de unidades de produção. Foi desenvolvida inicialmente por Charnes,

Cooper e Rhodes (1978) com o objetivo de determinar a eficiência econômica relativa das

empresas excluindo o aspecto financeiro, e que trabalhassem com múltiplos insumos e

produtos.

Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), a análise envoltória de dados envolve o uso

de programação linear para construir uma fronteira não-paramétrica sobre os dados, em que

medidas de eficiência são calculadas em relação à fronteira.

Segundo Zhu (2000), a DEA representa uma das mais adequadas ferramentas para

avaliar a eficiência, em comparação com ferramentas convencionais, visto seus resultados

serem mais detalhados do que os obtidos por meio de outras técnicas, pois ela serve melhor ao

embasamento e recomendações de natureza gerencial. As vantagens da DEA em relação a

outras técnicas de análise de eficiência se justificam pelas suas características, descritas

abaixo:

a) caracteriza cada DMU como eficiente ou ineficiente através de uma única medida resumo de eficiência;b) não faz julgamentos a priori sobre os valores das ponderações de inputs e outputs que levariam as DMUs ao melhor nível de eficiência possível;c) pode prescindir (mas não rejeita) de sistemas de preços;d) dispensa (mas pode acatar) pré-especificações de funções de produção subjacentes;e) pode considerar sistemas de preferências de avaliadores e de gestores;f) baseia-se em observações individuais e não em valores médios;g) permite incorporação, na análise, de insumos e de produtos avaliados em unidades de medidas diferentes;h) possibilita a verificação de valores ótimos de produção e de consumo rejeitando restrições de factibilidade;i) permite a observação de unidades eficientes de referência para aquelas que forem assinaladas como ineficientes; e

41

j) produz resultados alocativos eficientes no sentido de Pareto.(MARINHO, 2001, p.6)

Para Macedo (2004), a resposta mais importante da metodologia DEA é a

caracterização de uma medida de eficiência, que faz com que a decisão fique orientada por

um único indicador construído a partir de várias abordagens de desempenho diferentes. Vale

ressaltar que isso facilita muito o processo decisório, pois, ao invés de considerar vários

índices para concluir a respeito do desempenho da empresa ou da unidade sob análise, o

gestor se utiliza apenas da medida de eficiência da DEA. Além disso, existem outras

informações oriundas desta metodologia que podem ser utilizadas para auxiliar a empresa na

busca pela excelência.

A metodologia DEA possui dois clássicos sendo eles o CCR (Charnes, Cooper e

Rhodes) e o BCC (Banker, Charnes, Cooper), ambos os termos derivam das inicias de seus

autores. O primeiro pressupõe tecnologias com retornos constantes à escala, enquanto o

segundo pressupõe retornos variáveis à escala. Tanto o modelo CCR como o modelo BCC

podem ter orientação insumo ou produto, conforme Kassai (2002). Nesse estudo utilizou

ambos com orientação para insumo, isto é, dando ênfase à redução de insumos sem, no

entanto, comprometer o nível de produção. Por meio dos modelos CCR e BCC é possível

encontrar os valores de eficiência de escala para cada unidade analisada. Assim, segundo

Coelli e Rao (2005), se os valores de eficiência técnica encontrados nos dois modelos (CCR e

BCC) forem diferentes, para uma dada DMU, significa que ela possui ineficiência de escala.

Ao contrário, se forem iguais, significa que a DMU está operando na escala ótima.

Observando a formulação matemática do Quadro 1, os modelos CCR e BCC com orientação

para insumo, percebe-se que modelo BCC orientado insumo foi colocada uma variável (uk),

que representa os retornos variáveis de escala, sendo que ela pode ser negativa ou positiva.

Quadro 2 - Formulações matemáticas dos modelos CCR e BCC Fonte: Adaptado Kassai 2002.

CCR orientação insumo BCC orientação insumo

42

As diferenças fundamentais entre os modelos estão relacionadas à: superfície de envelopamento (tipos de combinação e suposições sobre o retorno de escala); e tipo de projeção do plano ineficiente à fronteira. Os modelos CCR e BCC trabalham com diferentes tipos de tecnologias e, conseqüentemente geram fronteiras de eficiência diferentes e medidas de eficiência diferentes. No que diz respeito à orientação, cada um desses dois modelos pode ser escrito sob duas formas de projetar os planos ineficientes na fronteira: uma voltada para os produtos e outra voltada para os insumos. Na primeira orientação, as projeções dos planos observados sobre a fronteira buscam o máximo aumento equiproporcional de produção dado o consumo observado e, na segunda orientação, a maior redução equiproporcional do consumo para a produção observada (PAIVA, 2000, p.42).

Figura 12 apresenta uma comparação entre os dois tipos de fronteira do BCC e do CCR.

Fonte: Mariano et al., 2006, p.5.

De acordo com Belloni (2000) o indicador de eficiência do Modelo BCC, corresponde

a uma medida de eficiência técnica (ET), uma vez que está depurado dos efeitos de escala de

produção. Indicador de eficiência do Modelo CCR: indica uma medida de produtividade

global, denominada de indicador de eficiência produtiva (EP). Relacionando os indicadores,

calculados considerando-se orientação ao produto, obtém-se o indicador de eficiência de

escala (EEs), conforme demonstrado na Figura 13.

Fonte: Elaborado pelo autor

Eficiência total ou produtiva

Eficiência Total (CCR)/Eficiência Técnica (BCC)

Eficiência técnica

Eficiência escala

MODELO BCC

MODELO CCR

Figura 12 - Fronteira de produção para os modelos BCC e CCR

Figura 13 - Indicadores de eficiência

43

2.5.1 Características e Limitações da DEA

Segundo Guedes (2002), a DEA, por ser um método de avaliação não paramétrico,

tem algumas características diferenciadas em relação a outros métodos. Contrastando com

métodos paramétricos, no qual o objetivo é otimizar um plano de regressão simples, a DEA

otimiza individualmente cada uma das observações, uma em relação às demais, para assim,

determinar a fronteira de eficiência. A análise paramétrica tradicional aplica a mesma função

de produção a cada uma das observações. Portanto, o foco da DEA está nas otimizações, em

contrapartida às estimações de parâmetros das aproximações estatísticas utilizadas por outros

métodos.

Quanto à aplicação é necessário que algumas condições sejam satisfeitas: i) as

organizações que estão sob análise devem ser homogêneas, isto é, realizar as mesmas tarefas e

possuírem objetivos semelhantes; ii) as organizações devem atuar sob as mesmas condições

de mercado; e iii) as variáveis (insumos e produtos) devem ser as mesmas, apresentando

variações apenas quanto à intensidade ou magnitude. (GOLANY; ROLL, 1998)

A metodologia apresenta algumas características positivas que a torna útil para a

mensuração da eficiência. Segundo Charnes et al (1996), são as seguintes características: i)

opera com múltiplos insumos e produtos; ii) não é necessário estipular a forma funcional; iii)

gera um único escore de desempenho relativo às outras unidades; iv) diferencia as unidades

eficientes das ineficientes; v) define os recursos e calcula o nível de ineficiência das unidades

ineficientes; e vi) consegue detectar deficiências específicas, que não podem ser detectadas

por outras técnicas.

No entanto, apesar de apresentar muitas características positivas, a DEA possui

algumas limitações. De acordo com Niederauer (2002), por ser uma técnica de ponto extremo,

a análise é sensível a ruídos, tais como erros de medição ou valores extremos; a medida que

cresce o número de variáveis aumenta também a chance de mais unidades alcançarem o

desempenho máximo; sendo DEA uma técnica não paramétrica, torna-se difícil formular

hipóteses estatísticas; e, por último, estima bem o desempenho “relativo”, mas converge

muito vagarosamente para o desempenho “absoluto” porque está baseado em dados

observados e não no ótimo ou no desejável.

2.5.2 Aplicações da DEA na avaliação da eficiência da Cadeia Produtiva do Leite

Os modelos de estimação de fronteira têm sido uma importante área de estudos

econômicos nas duas últimas décadas. No Brasil, existem vários estudos que estimam a

44

eficiência da pecuária de leite utilizando a metodologia de Análise Envoltória de Dados,

podemos citar alguns destes estudos:

• Gomes (1999) estudou os impactos das transformações da produção de leite no

número de produtores e requerimentos de mão-de-obra e capital, utilizando-se no

cálculo da eficiência relativa. Fez a comparação dos grupos de produtores através de

alguns indicadores de desempenho técnico e econômico, caracterizando a produção

eficiente, de forma a servir de base para estimação de uma função de produção para os

produtores eficientes da amostra, a qual permitiu analisar a intensidade no uso dos

fatores de produção em cada estrato.

• Gomes e Alves (1999) quantificaram a ineficiência no uso dos insumos na atividade

leiteira, utilizando a Análise Envoltória de Dados (DEA) em uma amostra de

produtores, os quais foram agrupados de acordo com a medida de eficiência técnica

alcançada. O modelo permitiu identificar as quantidades de insumos que podiam ser

reduzidas, sem comprometer a produção.

• Gomes e Alves (2000) examinaram se a tendência de concentração da produção está

melhorando a eficiência produtiva, utilizando-se de uma técnica não paramétrica de

análise de dados, conhecida como Análise Envoltória de Dados, para medir a

eficiência técnica de uma amostra de 241 produtores de leite.

• Gomes e Dias (2001) utilizaram uma abordagem não paramétrica de programação

matemática, baseada na Análise Envoltória de Dados (DEA), combinada com o índice

de Malmquist, alternativamente aos métodos estatísticos convencionais, para calcular

a produtividade total dos fatores na agropecuária brasileira (PTF), por possibilitar sua

decomposição em um índice de mudança na eficiência técnica e um índice de

mudança tecnológica.

• Em estudo recente realizado por Gomes (2008) demonstrou que houve uma rápida

evolução da modelagem DEA, tanto em seus aspectos teóricos quanto em sua

aplicação a casos de estudos reais, isso pode ser comprovado pela grande quantidade

de artigos publicados. Uma das aplicações de destaque é na agricultura. Entre os

trabalhos que podemos citar temos os no estado de São Paulo, quatro sobre fazendas,

com análise da agropecuária (GOMES ; MANGABEIRA, 2004; GOMES et al., 2005

e 2006) e da pecuária de leite (TUPY et al., 2003b), um sobre cooperativas de leite

(TUPY et al., 2003a). Os demais estudos referiram-se à avaliação de eficiência de

agricultores que praticavam pecuária de leite no estado de Minas Gerais (TUPY;

45

YAMAGUCHI, 2002; SANTOS et al., 2004), pecuária de corte no Mato Grosso do

Sul (ABREU et al., 2006), cultura do camarão no estado do Ceará (SOUSA JÚNIOR

et al., 2005), de fazendas irrigadas em Pernambuco (SILVA ; SAMPAIO, 2002).

Com relação ao quantitativo de dissertações de mestrado e teses de doutorado

nacionais que versam sobre a aplicação da DEA, em consulta ao banco de teses da CAPES

defendidos entre os anos 1987 e 2008, foram encontradas cerca de 150 teses e dissertações

que fizeram uso de modelos DEA em seu desenvolvimento. Destas, 25 empregaram-no a

estudos agrícolas brasileiros. Os resumos das teses e dissertações encontrados mostraram que

estas foram apresentadas entre 1998 e 2008. Versaram sobre os seguintes temas: aquicultura,

arroz, cooperativas de crédito rural, pecuária de corte (1 trabalho cada); agricultura (6);

agropecuária (7); pecuária de leite (8). Os trabalhos cobriram diferentes extensões e

localizações geográficas, como os estados da Bahia, Mato Grosso do Sul e região Nordeste (1

trabalho cada); Ceará, Pernambuco, Rondônia, São Paulo (2); Santa Catarina (3); Minas

Gerais, Paraná e Brasil como um todo (4). Notou-se, ainda, uma diversidade em relação ao

tipo de DMU considerado: assentamentos rurais, cooperativas de crédito rural, cooperativas e

sociedades de capital, empresas agrícolas, estados, vilas rurais (1 trabalho cada); municípios

(2); microrregiões (3); fazendas/produtores rurais (11).

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE

3.1 Produção de Leite Mundial

Entre 1997 e 2008, a produção mundial de leite cresceu, em torno de 47,9%. Este

crescimento não aconteceu de modo simétrico entre os países produtores, tendo ocorrido

maior participação das economias menos desenvolvidas.

Como se pode observar na Tabela 1, à exceção do Continente Europeu, todos os

demais apresentaram taxa de crescimento positiva, notadamente a Ásia, com 189,8%, e a

África, com 103,9 %. A participação europeia, embora tenha sido alvo de retração de 1,7%

em termo de volume produzido, ao longo do período, concentrou 30,9% da produção mundial

em 2008, enquanto o Continente Americano deteve 24,3%, mostrando que a produção

mundial se encontra bastante concentrada em poucos países.

Tabela 1 - Produção mundial de leite de vaca e taxa de variação, por continentes - 1997 a 2008.

ContinenteProdução de Leite (mil t) Variação (%)

2008/97Participação

20081997 2002 2008Ásia 85.123 102.282 246.700 189,8 35,8Europa 213.784 212.441 213.400 (1,7) 30,9América 132.977 145.984 167.488 25,9 24,3Oceânia 20.443 24.260 26.259 28,4 3,8África 17.615 22.797 35.933 103,9 5,2T O T A L 468.942 507.764 689.780 47,9 100Fonte: FAO (Perspectivas Alimentárias - Jun/09).

De acordo Zoccal e Carneiro (2008), o crescimento da produção de países como a

China (517,50%), o Paquistão (144,66%), a Nova Zelândia (143,26%) e a Índia (144,67%)

fez com que fossem alteradas importantes posições na lista dos maiores produtores mundiais.

Se, em 1997, China e Paquistão não figuravam dentre os grandes produtores mundiais, em

2008 assumiram, respectivamente, a 4ª e 5ª posições.

A diminuição da participação no volume produzido pela Ucrânia (-10,1), Itália (-

6,8%), Suécia (-9,82%), Rússia (-5,9%) e Alemanha (-2,9%), associada ao crescimento da

produção de outros continentes, faz com que a Europa perca parcela importante na produção

mundial.

O recuo na oferta européia pode ser parcialmente atribuído às reformas políticas, que culminaram em redução gradativa de subsídios, e também por serem países com menor competitividade em custos de produção. Além disso, os países europeus estão entre os que apresentam os maiores níveis de produtividade média do rebanho,

47

indicando um alto grau de incorporação de tecnologia e dificuldade de expansão marginal da oferta (CARVALHO et al., 2008).

Atualmente os dez maiores produtores são responsáveis por cerca de 75,7% do volume

produzido, sendo o principal produtor a União Europeia , que detêm 22,03% da produção

mundial, seguido pela Índia, com 15,4%, menos da metade da produção norte-americana .

Tabela 2 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite no ano de 2008

Posição PaísesProdução de Leite (mil t)

2008Percentual do

Total Acumulado

1º União Européia 151,5 22,03 22,03

2º Índia 105,8 15,4 37,43

3º EUA 86,2 12,54 49,97

4º China 41,9 6,09 56,06

5º Paquistão 35,2 5,11 61,17

6º Federação Russa 32,7 4,75 65,92

7º Brasil 28,1 4,08 70,00

8º Nova Zelândia 15,3 2,22 72,22

9º Turquia 12,2 1,77 73,99

10º Ucrânia 11,8 1,71 75,7

11º Outros países 167,0 24,3 100,00

TOTAL 687,7 100Fonte: Adaptado FAO (Perspectivas Alimentárias - Jun/09).

A Rússia foi o país que mais contribuiu para a queda da participação europeia, com

produção recuando de 47,01 milhões de toneladas em 1992 para 32,7 milhões de toneladas em

2008, ou seja, queda de 14,31 milhões de toneladas. Segundo Carvalho et al. (2008), com o

término do regime comunista na antiga União Soviética, o setor lácteo na Rússia atravessou

um processo de reorganização e competição capitalista. Todas as ineficiências antes

encobertadas pelo regime comunista apareceram, estabelecendo a necessidade do setor

privado de melhorias de qualidade, investimento em equipamentos e máquinas, qualificação

de mão-de-obra, entre outros fatores. O reflexo imediato foi redução significativa do rebanho

e queda da produção de leite. O mesmo movimento ocorreu na Ucrânia, que também

contribuiu para a perda de participação européia na oferta global.

3.2 Produção de Leite Brasileira

As mudanças expressivas pelas quais a produção leiteira no Brasil passou durante a

década de 1990, refletem de forma determinante nas práticas adotadas atualmente.

Importantes mudanças ocorreram no segmento da produção, como a redução do número de

48

produtores e concentração da produção (GOMES; FERREIRA, 2007). Este novo cenário teve

sua origem com a abertura da economia, que ocasionou o fim do tabelamento do preço do

leite pago ao produtor e que ganhou maior velocidade depois da abertura comercial para

países do Mercosul e da estabilização da economia devido à implantação do Plano Real

(GOMES et al., 2002; GOMES ; DIAS, 2001; PONCHIO ; SPOLADOR, 2005). De acordo

com Melo (2007), em consequência desse processo, os produtores brasileiros foram

estimulados a se tornarem mais eficientes e competitivos.

Como reflexo destas mudanças, a produção nacional experimentou evolução

expressiva entre 1980 e 2008, aumentando o volume produzido de 11.162 para 28.100 bilhões

de litros de leite em 2008, posicionando o Brasil, entre os sete maiores produtores mundiais.

Este desempenho equivale a uma variação da produção em torno dos 151%, com uma taxa

geométrica média de crescimento da ordem de 5,2% ao ano, superior, portanto, à taxa anual

de crescimento da população brasileira, que ficou em torno de 2,01 %, possibilitando que a

produção nacional obtivesse elevação de sua produção per capita.

Para entender como ocorreu esse crescimento, é importante que se analise os fatores

que contribuíram para o bom desempenho da pecuária de leite no Brasil. Para Gomes (2006),

a produção pode crescer em razão dos ganhos de produtividade, melhorias do uso dos fatores,

melhoria tecnológica e por crescimento do rebanho. Diante da dificuldade de se mensurar o

crescimento de todos os fatores de produção, pode-se usar como proxy a produtividade das

vacas, medida em litros de leite por vacas/ano. Para o autor, a utilização dessa proxy se

explica pelo equilíbrio nos sistemas de produção, ou seja, a baixa produção por vaca está, em

geral, associada à baixa produção por mão-de-obra, terra e capital. Para esse autor, a

separação das fontes de crescimento é muito útil, uma vez que esta indica a forma como a

produção se desenvolve ao longo do tempo.

Ao longo dos anos, de 1980 a 2008, pode-se analisar que o número médio de vacas

ordenhadas, que era de 16,94 milhões de cabeças, passou para 21,28 milhões, proporcionando

uma taxa de crescimento média no período de 25,62, enquanto a produtividade cresceu à taxa

média de 60% no período. Estas taxas indicam que o crescimento da produção leiteira no

Brasil decorreu tanto do crescimento numérico do rebanho leiteiro quanto de ganhos reais de

produtividade, Sendo o crescimento da produção média a principal fonte de crescimento da

atividade no período conforme demonstrado Tabela 3.

49

Tabela 3 - Médias para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade no período de 1980 a 2008, Brasil

Fonte: R. Zocal- Embrapa Gado de Leite/dezembro 2008Elaborada pelo autor

Pode-se, contudo, examinar na Tabela 3 que houve mudanças importantes na natureza

do crescimento da produção, dependendo das condições econômicas de cada período.

Analisando-se a evolução da produtividade, no último período, constata-se que, mesmo com

pequenos incrementos, seu crescimento apresentou taxas crescentes e constantes. No entanto,

para Brandão (2001), esses adicionais de produtividade são muito baixos, e a essas taxas, o

País precisaria de sessenta anos para atingir o nível de produtividade dos maiores produtores.

Por outro lado, Nogueira Netto e Gomes (2005) assinalam que o agronegócio do leite

no Brasil vivencia um novo ciclo desde 2001. Esta nova fase caracteriza-se pelo

equacionamento dos principais problemas advindos das importações desleais, resolvidos por

meio de medidas antidumping, e pelo foco nas exportações como alternativa real de negócio.

Ainda, segundo esses autores, as exportações poderão amenizar a instabilidade entre a oferta e

a demanda no mercado interno, com benefícios para toda a cadeia produtiva.

Ressaltando as melhorias ocorridas no setor, Ponchio e Spolador (2005) reconhecem

que, a partir de 2001, alterações expressivas na produção e no parque industrial foram

atingidas, principalmente com relação à qualidade do leite. Essas mudanças tiveram

importância expressiva fazendo com que a cadeia produtiva brasileira em 2004, pela primeira

vez em sua história, fez o País sair da qualidade de importador para a de exportador mundial,

obtendo, segundo Ponchio e Spolador (2006), ganhos em produtividade e em competitividade

no comércio internacional, apesar da valorização da moeda nacional.

Avaliando os efeitos adversos do crescimento do setor, Gomes (2003) ressalta que o

papel exercido pelo ajustamento da escala de produção, fruto do processo de especialização,

compensou a redução do número total de produtores e permitiu o incremento da captação da

indústria. Para os pequenos produtores, no entanto, essas mudanças apresentam consequências

perversas, em virtude da dificuldade de organização, pequena participação na produção e

baixo nível de escolaridade (MAGALHÃES ; CAMPOS, 2006).

Características Período

1980-1990 1991-2000 2001-2008Produção de leite (milhões litros/ano) 12,45 17,35 23,89Vacas Ordenhadas (milhões cabeças) 16,94 19,13 21,28Produtividade (litros/vaca/ano) 717,55 940,8 1.187,6

50

De acordo com esses autores, a profissionalização dos administradores e

modernização do setor é uma questão crucial, considerando-se que os negócios agropecuários

se revestem de elevada complexidade e dinâmica. Dürr (2005) também considera importante a

profissionalização, entretanto, acredita que a necessidade mais imediata é a melhoria da

qualidade do leite. Estas mudanças tendem a acirrar ainda mais com a aplicação da Instrução

Normativa nº. 51, de 18/09/02, a qual estabelece novos padrões de qualidade para os

diferentes tipos de leite comercializados no país, compreendendo todo o sistema, do produtor

ao laticínio, definindo parâmetros de qualidade, mundialmente aceito.

De modo sumário, pode-se afirmar que, nos últimos anos, ocorreram importantes

mudanças, tais como: significativa redução do número de produtores, aumento da

concorrência, melhoria da produtividade do rebanho, deslocamento da produção para outras

regiões não tradicionais, melhoria da qualidade do leite brasileiro e a transformação do Brasil

de importador a exportador de lácteos. Segundo Nogueira Netto e Gomes (2005), dos setores

da cadeia produtiva a pecuária de leite foi a que passou pela mais profunda mudança. Para

esses autores, a produção e a produtividade do rebanho brasileiro estão diretamente ligadas à

especialização do pecuarista. Somam-se a esses avanços a melhoria na qualidade do leite e a

introdução de tecnologias adequadas à realidade brasileira, o bom gerenciamento da

propriedade e a utilização de forrageiras tropicais, modificando o perfil da produção nas

diversas regiões do País.

3.3Produção de Leite na Região Norte do Brasil

A produção leiteira na região norte é relativamente pequena. Em 2008, a região

respondeu por apenas 6,03% da produção nacional. Mas por outro lado a produção leiteira na

região foi a que obteve um dos maiores índices de crescimento de todo país, com um aumento

de 84,3% da produtividade no período de 1998 a 2008, incremento consequente da expansão

horizontal do rebanho da região.

No entanto, segundo Raiol et al. (2009), quando é efetuada a comparação dos índices

produtivos da região norte com o restante do país, verifica-se que estes são inferiores, fato

consequente da criação extensiva, em que poucos recursos tecnológicos, sócio-econômicos e

institucionais estão presentes, caracterizando o sistema como possuidor de vasta restrição para

alcance da produção racional, já que existem limitações quanto ao padrão genético dos

animais, manejo nutricional e sanitário e pouco investimento na qualificação da mão-de-obra

atuante. (MARTINS, et al., 2008).

51

No entanto dentre as regiões brasileiras, a região norte é que apresenta as maiores

condições de produção, decorrentes, em particular, do clima quente e úmido apropriado para a

produção de forragens. Apesar da inexistência de tratos culturais do pasto, há grande potencial

da produção de leite no pasto (GOMES, 2006). Eventuais problemas relativos ao conforto dos

animais, provocados pelo clima, podem ser contornados pelo manejo adequado do rebanho,

como já foi demonstrado em pesquisas realizadas pela EMBRAPA, nos sistemas de produção

instalados na região. Estas características demonstram, pois, o grande potencial de

crescimento desta região e o elevado poder de competição com outras regiões do país.

Estes fatos levam a compreender os percentuais de crescimento da região serem

superiores às demais regiões do país por possuir diferenciais competitivos das novas

fronteiras agrícolas. Segundo Santos et al. (2008), os sistemas de produção na região norte

podem assim suportar um menor preço do leite para sua sobrevivência e também são menos

vulneráveis às crises do mercado de lácteos, em razão da maior flexibilidade para serem

conduzidos, com forte predominância para o gado mestiço e utilização de pasto como

alimento principal.

Quanto às perspectivas de mercado, a produção de leite e de derivados, nesta região,

além do mercado local, existe possibilidade de alcançar o mercado de outras regiões do país

bem como a exportação para os países andinos e para outros países por meio do Oceano

Pacífico.

Segundo Carvalho et al. (2006), no âmbito da cadeia produtiva do leite, estas

modificações da distribuição espacial do rebanho bovino, se deslocando para a região norte,

principalmente para os Estados do Pará e Rondônia, sendo estes responsáveis em por (80,5%)

da produção de leite na região (IBGE, 2008). Pode ser explicada pela abertura de novas áreas

ao norte do Brasil, por uma população que inclui jovens produtores originários de famílias do

Centro-Oeste e Sul do Brasil, com experiência na produção de leite.

No entanto, é importante salientar que somente através de ganhos de produção e de

produtividade, é que se pode contribuir para o crescimento mais sustentável da atividade na

região. No ano de 2008, em relação à produtividade, a região possuía uma média de

produtividade 616 (litros/vaca/ano) muito abaixo da média nacional que era 1276

(litros/vaca/ano), demonstrando a necessidade de melhoria na produtividade.

52

3.4Produção de Leite em Rondônia

Em 2008, o Estado do Rondônia produziu 723 milhões de litros de leite,

correspondendo a 43,42% da produção regional, ficando em primeiro lugar na produção de

leite na região Norte, dado que vem alternando com o Estado do Pará na primeira colocação

ao longo dos anos. Entre os de 1998 a 2008, enquanto a produção de leite do Brasil cresceu à

taxa media de 4,2% ao ano, no Estado de Rondônia a produção cresceu 8,54% ao ano,

conforme demonstrado no Gráfico 1, no qual somente em 2000 e 2008 o percentual de

crescimento da produção foi menor que a média nacional.

Fonte: elaborado pelo autor, com base nos dados do IBGE/EMBRAPA

De acordo com Paes-de-Souza (2007) esta performance é explicada pelos baixos

custos de produção prevalecentes, acompanhados de fatores como a abundância de chuvas,

pouca utilização de mão-de-obra, mercado direcionado para a industrialização e

principalmente a baixa ou nenhum emprego de insumos, sendo uma atividade eminentemente

voltada à agricultura familiar. No entanto, a ausência de logística e uma infra-estrutura que

deveriam ser fornecidas pelo Estado, bem como a assistência técnica, impedem que o setor da

produção primária da cadeia produtiva do leite consiga atender aos requisitos de qualidade

dos laticínios que se multiplicam e se especializam cada vez mais e delimitam o arranjo

produtivo de Leite no Estado.

Ainda segundo Paes-de-Souza (2007) essa situação provoca incerteza, fragilidade e

perda de competitividade no arranjo, comprometendo diretamente o segmento da

Gráfico 1 - Variação percentual anual da produção de leite no Brasil e no Estado de

53

industrialização que sendo representada pelos laticínios sofrem fiscalização sistemática e as

punições decorrentes da falta de qualidade.

Com relação à produção no período entre 1998 a 2008, a maioria dos estados da região

norte apresentou taxas positivas de crescimento da produção (GRÁFICO 2). Dentre os

estados que obtiveram taxas positivas, o Estado de Rondônia foi o que mais cresceu saindo de

produção de 372 milhões de litros de leite em 1998 e chegando aos 723 milhões de litros em

2008 um Crescimento de mais de 94% no período.

Fonte: elaborado pelo autor com base dos IBGE/EMBRAPA (2010)

Com o desafio de desenvolver a pecuária de leite no Estado de Rondônia, o poder

publico vem desenvolvendo ações que possam possibilitar tanto a melhoria de produção,

produtividade e qualidade do leite, quanto tenta equacionar a falta de articulação da cadeia

produtiva. Entre as ações que podemos citar: Programa de Desenvolvimento da Pecuária

Leiteira do Estado de Rondônia – (Pró Leite), a criação da Câmara Setorial do Leite e os

convênios firmados com Superintendência da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA. Para

podermos compreender melhor estas ações iremos abordar um pouco sobre o objetivo de cada

uma delas:

Pró Leite – É um programa voltado ao aumento da produção e produtividade do

rebanho leiteiro do Estado, através de compartilhamentos institucionais disponibiliza

especialistas, extensionistas e técnicos para atuar nas localidades, levando conhecimentos,

técnicas e tecnologias necessárias a essa melhoria contínua no processo produtivo do leite,

Gráfico 2 - Variação da produção de leite entre os estados da região norte – 1998 a 2008

54

voltados ao melhoramento do manejo alimentar, reprodutivo, sanitário dos animais e a adoção

de práticas higiênicas na produção do leite.

Já a Câmara Setorial do Leite é responsável por administrar o recurso do Fundo PRÓ-

LEITE, sendo este um órgão deliberativo, composto por 17 membros que compõem os

seguimentos da Cadeia Produtiva do Leite no Estado. Entre os órgãos que fazem parte temos:

EMATER-RO, EMBRAPA, CEPLAC, IDARON, DFA, Prefeituras Municipais, Indústrias de

laticínios. A Câmara é um importante fórum de debates sobre a melhoria da competitividade e

do desempenho do setor. (PAES-DE-SOUZA, 2007).

E por fim, podemos destacar os convênios que a SUFRAMA firmou com vários

municípios viabilizando a instalação de tanques de resfriamento de leite, possibilitando

pasteurizar, armazenar e transportar o leite seguindo padrões exigidos pelo Ministério da

Agricultura (Instrução Normativa n.º 51/2002), que exige o armazenamento do leite in natura

em tanques refrigerados com temperatura abaixo de sete graus e a coleta realizada pelos

laticínios em 48 horas, em caminhões tanques, o que vem permitindo um maior

aproveitamento da produção local que antes estava sendo desperdiçada pela falta de condições

ideais para comercialização.

De acordo com Paes-de-Souza (2007) pode-se dizer que o setor leiteiro em Rondônia

vem se estruturando desde a década de 1970, porém somente no final da década de 1990 é que

iniciaram ações para o desenvolvimento da pecuária de leite com criação do Proleite, que foi

formalizado pelo Decreto Estadual n. 8.812 de 30.07.1999, oficializando a parceria do

Governo do Estado com os demais atores do agronegócio leite.

No entanto, de acordo com Rodrigues et al. (2009) apesar das ações já citadas quando

analisamos o Estado de Rondônia em relação à produtividade comparando com média

nacional podemos observar que mesma ainda encontra-se abaixo da média brasileira

Em termos de produtividade média no ano de 2008, enquanto a média nacional

alcançou 1276 litros/vaca/ano, Rondônia, no mesmo período, obteve média de 714

litros/vaca/ano, correspondendo a apenas 56 % da média brasileira. Conforme pode ser visto

no Gráfico 3.

55

Gráfico 3 - Produtividade do setor leiteiro do Brasil e do Estado de Rondônia Fonte: elaborado pelo autor com base dos IBGE/EMBRAPA

De acordo Gomes (2006) a baixa produtividade pode ser decorrente de combinações

inadequadas no uso de fatores produtivos, o que causaria elevação de custos e,

consequentemente, a redução da competitividade seja relativamente aos custos de

oportunidade em relação a outras atividades, ou quanto à capacidade de competir com

produtos lácteos de outras regiões ou países.

No entanto, segundo Rodrigues et al., (2009), a tendência neste setor é aumentar a

escala, melhorar a produtividade e a qualidade do produto. Aos produtores que não se

adequarem aos novos protocolos de produção e às novas regras de mercado, a exclusão parece

ser inevitável. A modernização deverá acarretar um aumento da produtividade, fazendo o

Brasil aproximar-se ao padrão mundial e, como consequência, deverá haver uma redução do

número de produtores. A reestruturação da produção leiteira não se dará sem grave custo

social, pressupondo-se, assim, que o desafio será o de desenvolver programas oficiais de

reconversão destes produtores buscando sua permanência na atividade, ou pelo menos, no

campo, (MAGALHÃES; CAMPOS, 2006)

Para Soares et al. (2008), de forma genérica, uma firma é mais produtiva que outra

porque tomou decisões que lhe permitem aproveitar melhor os recursos. Essas decisões

podem ser o uso de uma tecnologia mais avançada, a contratação de mão-de-obra mais

qualificada, melhores técnicas gerenciais, ou outras. O importante é que a maior

produtividade é, via de regra, decorrente de alguma decisão tomada.

No âmbito microeconômico a produtividade é utilizada como um indicador de desempenho de uma firma. Do ponto de vista agregado, a produtividade pode ser

56

apresentada como indicador de um segmento produtivo ou de um país. As unidades produtivas utilizando à mesma tecnologia podem apresentar diferenças de produtividade, o que pode vir a torná-las menos eficientes em relação a seus pares. A medição da produtividade e a busca de seus condicionantes permitem elaborar hipóteses sobre as causas de ineficiência e de suas diferenças. De uma forma geral, o aumento e as diferenças na produtividade estão relacionados às mudanças de eficiência do processo produtivo (ou eficiência produtiva), as mudanças tecnológicas e as diferenças no ambiente econômico. (ANJOS, 2005)

Mas, Gomes et al. (2007), em análise realizada sobre os produtores de leite do Estado

de Rondônia, constatou que existem grandes dificuldades na identificação dos fatores que

tornam os produtores mais ou menos eficientes. No entanto, utilizando o modelo de fronteiras

eficientes e um conjunto de insumos pôde-se notar pelos autores que os produtores

ineficientes podem diminuir a qualidade de insumos utilizados com o objetivo de reduzir a

ineficiência.

Os autores mostram que as variáveis que condicionam a eficiência do produtor podem

variar em relação à região estudada. No estado de Rondônia, notou-se que as variáveis

discriminantes foram: percentual do capital investido em terra; gastos com mão de obra

contratada; gastos com transporte do leite e impostos; preço do leite recebido pelo produtor;

custo operacional total e capital investido na propriedade.

Roberts (2003), analisando produtores de leite do Estado de Rondônia, constatou

elevada participação da mão-de-obra familiar em todos os sistemas de produção, o que reflete

o quanto a atividade de ocupação do trabalho familiar é importante. Os autores mostram que

os produtores com produção diária de até 50 litros estavam trabalhando na faixa de economia

de escala, sinalizando a possibilidade de crescimento de pequenas propriedades. Entretanto,

constatou-se também que existem relações negativas entre a eficiência de escala e as

variáveis: número de vacas, mão de obra e gastos operacionais totais. Em síntese, embora a

eficiência técnica dos pequenos produtores não seja significativamente diferente dos demais,

há o problema da ineficiência de escala.

Rodrigues et al. (2009), em análise sobre a eficiência na produção de leite das

pequenas propriedades do município de Jaru no Estado de Rondônia, constataram a

necessidade de se buscar, de forma imediata, o aumento da eficiência como alternativa para

permanência dos produtores na atividade, em um horizonte de curto a médio prazo. Os

autores apontam para o fato de a permanência dos produtores ineficientes na atividade,

provavelmente é em função do alto custo de saída, dada à existência de uma estrutura

composta em investimentos ativos fixos, o que dificulta ou inviabiliza a mudança de atividade

57

pelos produtores, e a não apropriação dos custos de produção como elemento fundamental na

tomada de decisões.

Ferreira Junior e Cunha (2004) também observaram que os fatores referentes à escala

e ao custo total médio têm influência significativa sobre o grau de eficiência dos produtores

desse sistema e permitem evidenciar que a profissionalização da atividade e a eficiência

econômica apresentam íntima relação com a eficiência técnica. Os autores chamam atenção

para o fato de o aumento da produtividade, sem alterar, no curto prazo, o nível tecnológico ou

o sistema de produção por meio da melhor utilização dos fatores terra, trabalho e capital, será

possível apenas se houver melhoria na qualidade da gerência do produtor. Nesse sentido, o

acesso à informação e aos serviços de extensão pública ou privada podem contribuir para

aumentar a eficiência e a produção já no curto prazo, além de favorecer a redução da

heterogeneidade entre os produtores.

Fatores qualitativos foram ainda confirmados por Pochio et al. (2004) que, analisando

a produção em cinco estados brasileiros, observou que variáveis como idade do chefe da

família, uso de computadores no estabelecimento, gerenciamento da propriedade e

treinamentos realizados em cooperativas ou outras instituições de extensão são fatores que

influenciam diretamente no volume de produção do estabelecimento.

Segundo Paes-de-Souza (2007) A pecuária de leite tem grande importância na

agricultura familiar de Rondônia. Através de estimativas realizadas pela autora, das 85.907

propriedades rurais no Estado, 35.000 exploram a atividade leiteira. Além de gerar renda, a

produção de leite tem importante papel social na geração de emprego.

Dada a importância sócio-econômica da atividade leiteira, neste estado, a avaliação da

eficiência da produção de leite, dos produtores e suas respectivas associações, bem como a

análise dos fatores que a determinam, são de fundamental importância. Estes indicadores

podem ser fundamentais à formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento da

pecuária de leite no estado de Rondônia. Além disso, permite analisar as possibilidades de

sobrevivência dos produtores, dada à restrição de recursos que caracteriza a pequena

propriedade e sua dependência da atividade leiteira como fonte de renda.

3.5 Produção de Leite em Rolim de Moura

O município encontra-se em um importante polo regional, sendo a cidade mais

populosa e economicamente ativa do que chamam zona da mata rondoniense, com uma

população de 50.249 habitantes (IBGE, 2008) e área de 1.458 km², com uma região de

influência que abrange os municípios de São Filipe D'Oeste, Alto Alegre dos Parecis , Floresta

58

d'Oeste, Castanheiras, Nova Brasilândia D'Oeste, Novo Horizonte D’ Oeste, Parecis e Santa

Luzia D'Oeste e, totalizando uma área de 19.664 km² e uma população de cerca de 151.000

habitantes . O município de Rolim de Moura teve sua origem com o projeto de colonização

Rolim de Moura implantado na área pelo INCRA, iniciou-se no final de dezembro de 1975, o

processo oficial de distribuição dos lotes rurais aos futuros agricultores da região, e, em 13 de

julho de 1977, eram escolhido e delimitado o local onde abrigaria a sede do núcleo urbano

com a finalidade de prestar apoio logístico aos projetos de colonização em implantação. O

nome da cidade foi dado em homenagem ao Visconde de Azambuja. Dom Antônio Rolim de

Moura Tavares, segundo governador da capitania de Mato Grosso, pelos relevantes serviços

prestados à região do vale do Guaporé. Rolim de Moura foi elevada a categoria de município

através do Decreto Lei Estadual n.º 071, de 5 de agosto de 1983, desmembrado da área de

Cacoal.

Fonte: Adaptado SEDAM (2009)

As principais fontes de recursos da microrregião são a agropecuária e a indústria

madeireira, as lavouras de relevância como arroz, café, milho e feijão, a pecuária extensiva

ocupa grande espaço geográfico que abriga 1.572.113 cabeças de gado, onde crescimento do

rebanho microrregional está estagnado pela superlotação das pastagens, existindo um forte

movimento de migração do rebanho de corte para o leiteiro devido à instalação de novas

Figura 14 – Mapa do Estado de Rondônia

59

indústrias de processamento de leite. Com relação à pecuária no município houve uma

expansão no período de 1998 a 2008, no número de bovinos, no município, saindo 147.236

cabeças para 217.633. O município possui 19º rebanho do Estado de Rondônia, (IBGE, 2008).

Com relação à produção de leite, entre os anos de 1998 e 2008 houve um aumento de

produção de 98,10%, e de 109,98% no número de vacas ordenhadas. Os dados apresentados

na ilustração 23, no entanto, quando analisamos a produtividade no mesmo período

detectamos uma redução da mesma de 5,66%, demonstrando que apesar do aumento da

produção e do rebanho, os mesmos não refletiram no aumento da produtividade. Na média, a

produtividade das propriedades leiteiras do município é ainda muito baixa quando comparada

às de outras regiões do país, no entanto, quando comparada com média da região norte e do

Estado de Rondônia ela é superior.

Tabela 4 - Produção de Leite, Vacas Ordenhadas e Produtividade Animal em Rolim de Moura, no período de 1998-2008.

Ano Produção de leite(mil litros/ano)

Vacas Ordenhadas (mil

cabeças)

Produtividade

(litros/vaca/ano)

1998 9.675 10.902 8871999 11.749 15.394 7632000 12.770 16.731 7632001 7.513 9.844 7632002 16.005 20.971 7632003 12.682 20.138 6302004 12.986 20.613 6302005 13.412 21.289 6302006 13.373 21.227 6302007 14.467 20.093 7202008 15.045 20.896 719Fonte: IBGE/PPM-(2009)

No entanto, o município de Rolim de Moura, proporcionalmente, é o município no

Estado de Rondônia que vem recebendo o maior número de recursos dos órgãos públicos para

desenvolvimento da pecuária de leite.

4 METODOLOGIA

Marconi e Lakatos (2003) destacam que a finalidade da atividade científica é a

obtenção da verdade, por meio da comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes

entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade. O método é o

conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,

permite alcançar o objetivo.

Assim, é apresentado o encadeamento metodológico da pesquisa, descrevendo o

delineamento da pesquisa, fonte dos dados, variáveis, modelo analítico, características e

limitações do método, aplicações do método, descrição das etapas de implementação da

análise envoltória de dados.

4.1Delineamento da Pesquisa

O tipo de pesquisa realizado neste trabalho é a descritiva. Segundo Vergara (1998), a

pesquisa descritiva expõe características de determinado fenômeno ou determinada

população. A atual pesquisa caracteriza-se como descritiva relacional, do tipo levantamento, de

natureza quantitativa e com corte seccional. De acordo com Martins (1994), a pesquisa

descritiva “tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou

fenômeno, bem como o estabelecimento de relações entre variáveis e fatos”. Cooper e

Schindler (2003) acrescentam que, nesse tipo de pesquisa, o pesquisador busca delinear ou

definir um assunto, normalmente construindo um perfil de um grupo de pessoas, eventos ou

problemas. Na pesquisa de levantamento, basicamente procede-se à solicitação de

informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema, para, em seguida,

mediante análise quantitativa, obterem-se conclusões correspondentes aos dados coletados

(GIL, 2002).

O trabalho também possui um enfoque quantitativo na medida em que busca analisar

as relações entre as variáveis. Richardson (1999, p.70) explica que o método quantitativo:

[...] caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informação, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas. Desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.

A utilização do método quantitativo “representa, em princípio, a intenção de garantir a

precisão dos resultados, evitarem distorções de análise e interpretação, possibilitando,

61

conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências” (RICHARDSON, 1999). A

pesquisa quantitativa privilegia mais frequentemente a explicação, o que significa que ela tem

por objetivo colocar em evidência os elos existentes entre os diversos aspectos de um

fenômeno observado. Como a análise quantitativa é um processo interrelacionado e não

apenas uma análise de dados (como regressões, análise fatorial, entre outras), temas como

escolha da amostra, elaboração de questionário, escalas e testes estatísticos são essenciais para

o sucesso de um trabalho de pesquisa (CHURCHILL; IACOBUCCI, 2002).

Especificamente em relação à avaliação de eficiência, tema principal desta dissertação,

há várias formas de medi-la (McLAUGHLIN; COFFEY, 1990). As mais comuns são razões

quantitativas de medidas de saídas quantidades produzidas por medidas de entradas matéria

prima ou trabalho, métodos de medidas de trabalho, métodos comparativos desagregados

(estudos de qualidade e variações de prática), e novos métodos de comparações agregadas

(comparações estatísticas e modelos determinísticos). No método estatístico ou econométrico,

a função de produção a ser assumida é conhecida ou estimada estatisticamente. Entretanto, em

muitos casos, não existe forma funcional previamente conhecida para a função de produção,

como é o caso deste trabalho.

Os métodos determinísticos para a medida de desempenho costumam envolver

modelos de programação matemática não parametrizada, incluindo a DEA (Data

Envelopment Analysis), no qual não se assume a forma da função de produção. Uma função

de “melhores práticas” é construída empiricamente de observações de entradas e saídas. Em

contraste com os modelos parametrizados, o objetivo não é comparar cada unidade com

alguma média não especificada, mas estabelecer normas de “melhores práticas” a que essas

unidades que fogem da média podem aspirar (NORMAN; STOCKER, 1991; FRIED et al.,

1993).

Esse é o método principal utilizado neste trabalho para a identificação da relação entre

os fatores de produção e a eficiência dos produtores de leite descrito nos objetivos.

4.2 Local do Estudo

Este estudo foi desenvolvido no Município de Rolim de Moura, situado na região da

Zona da Mata do Estado de Rondônia que é constituída por oito municípios: Alta Floresta

D'Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Castanheiras, Nova Brasilândia D'Oeste, Novo Horizonte

do Oeste, Parecis, Santa Luzia D'Oeste e São Filipe D'Oeste, totalizando uma população de

cerca de 151.000 habitantes e área de 19.664 km².

62

A escolha do Município de Rolim de Moura como objeto de estudo deu-se a partir da

observação de um considerável volume de investimentos realizado na atividade leiteira, por

parte dos governos federal e estadual.

4.3Fonte dos dados

Os dados primários são referentes ao ano produtivo de 2008 e coletados em 2009, os

quais foram coletados e inseridos no banco de dados desenvolvido na plataforma MsAccess,

versão 2003 do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da

Amazônia-CEDSA, como parte do projeto de assessoria no acompanhamento das ações dos

municípios e junto às comunidades rurais, as quais detém tanque de resfriamento de leite

financiado pela projeto SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus) que

subsidia o APL Leite em Rondônia.

4.4 Instrumentos e Procedimentos para Coleta dos Dados

Para a caracterização do perfil socioeconômico dos produtores em estudo utilizaram-se

as informações constantes do banco de dados do CEDSA, e obtidas através de um formulário

aplicado por este pesquisador e outros que compõem a equipe do CEDSA.

Para coleta de informações necessárias à avaliação da eficiência para esta pesquisa

foram entrevistados 108 produtores, para coleta de dados qualitativos e quantitativos, dos

quais 31 produtores foram excluídos por falta de consistência de informações consideradas

essenciais na análise. A pesquisa contou com 77 produtores em estudo, onde se aplicaram

formulários previamente testados e elaborados para esta finalidade.

4.4.1 Pré-teste e aplicação do instrumento

Realizou-se um pré-teste do instrumento de coleta de dados com o objetivo de

encontrar falhas, tais como complexidade das questões, imperfeições na redação, falta de

clareza e objetividade, repetição de questões, falta de consistência do instrumento como um

todo, além da falta de adequação ao objetivo do estudo, consistência da linguagem com o

público-alvo (GIL, 2002).

O pré-teste do instrumento foi realizado junto a 13 produtores de leite do município de

Jaru-RO, o qual obteve resultado satisfatório. Diante dos resultados do pré-teste do

instrumento de pesquisa observou adequação do mesmo. A partir daí, procurou-se

inicialmente o auxílio de uma ferramenta de análise e de construção de instrumentos de

63

pesquisa, a qual foi obtida através de contatos com outros pesquisadores que trabalham com

análise de eficiência de produtores rurais. Definida esta etapa, qual seja de buscar uma

ferramenta capaz de auxiliar em todo processo de construção e aplicação do instrumento, a

ferramenta escolhida foi metodologia de Análise Envoltória de Dados (DEA).

4.5 Métodos de Análise

A análise dos resultados foi desenvolvida em diferentes etapas. Na primeira etapa

foram determinadas as medidas de eficiência para cada DMU através da análise envoltória de

dados (DEA), utilizando o software DEA-SAED v. 1.0, desenvolvido por Surco (2004). Na

etapa seguinte, os produtores foram separados de acordo com o grau de eficiência técnica e

comparados segundo algumas variáveis socioeconômicas, e alguns indicadores financeiros e

técnicos, com a finalidade de determinar o perfil dos eficientes e ineficientes, identificando as

melhores práticas, como também aquelas que devem ser redirecionadas. Por fim, os

produtores ineficientes foram analisados através de estudo de caso, e quanto ao grupo como

um todo, considerando-se as possíveis reduções no uso de insumos e, a partir daí, comparados

quanto aos benchmarks, recalculando-se os indicadores de desempenho depois de eliminadas

as ineficiências.

4.5.1 Descrição das Etapas de Implementação da DEA

Segundo Golany e Roll (1998), em um estudo de eficiência utilizando o método DEA,

devem ser executadas três etapas:

a) Seleção criterial: Primeiramente é necessário um exame na área na qual atuam as

Unidades de Tomada de Decisão (DMUs). Dado que a lista inicial de fatores reunida

normalmente é grande, alguns fatores possivelmente estarão repetindo virtualmente

informações semelhantes, outros podem não estar sendo considerados relevantes, enquanto

outros podem parecer discrepantes ou confusos;

b) Análises quantitativas não-DEA: O Primeiro passo é atribuir valores numéricos aos

fatores. O segundo passo é descrever as relações de produção que governam as Unidades de

Tomada de Decisão (DMUs) a serem analisadas e classificar os fatores em insumos e

produtos;

c) Analise Envoltória de Dados (DEA): para estimar as fronteiras de produção e determinar

as medidas de eficiência.

64

Após a aplicação da Análise Envoltória de Dados (DEA), os produtores foram

separados em eficientes e ineficientes, de acordo com os valores das medidas de eficiência

técnica. Os produtores foram comparados com base em indicadores de desempenho técnico

econômico. O objetivo foi avaliar as diferenças existentes entre os produtores e qualificar as

ineficiências na utilização dos insumos por parte dos produtores ineficientes. Na Figura 15

são apresentadas as diferentes fases de aplicação do método DEA.

Figura 15 - Fluxo de implementação do DEAFonte: Adaptado Golany, B.; Roll, Y. (1998)

65

4.5.2 Descrição das variáveis

Nesta seção serão descritas as variáveis utilizadas na metodologia DEA

Para executar o modelo, foi necessário construir duas matrizes de dados, uma

contendo os insumos utilizados pelos produtores e outra relacionada com os produtos. A

matriz X de insumos, de ordem (k x n), é composta por k insumos, utilizados por n

produtores. Já a matriz Y de produtos, de ordem (m x n), é composta por m produtos,

produzido n produtores.. Neste trabalho, foram utilizados cinco variáveis, correspondentes aos

insumos (k =4), e uma relacionada com produtos (m=1). São Elas:

• Y1-Produção anual de leite, em litros.

• X1-Área destinada ao gado, medida em hectares, obtida somando-se as

áreas com pastagens (natural e formada), cana-de-açúcar, capineira e

silagem. Esse fator é importante tanto na influência que exerce na

produção de matéria verde quanto na alta participação do valor da terra no

capital total da empresa.

• X2-Quantidade total de vacas, considerando-se tanto as em lactação

quanto as falhadas. Essa é uma variável importante, uma vez que vários

trabalhos relacionados à produção leiteira consideram a produtividade das

vacas como uma medida de desempenho da atividade.

• X3-Custo operacional efetivo, obtido somando-se os gastos com mão de

obra contratada, concentrados, minerais, manutenção de forragens verdes,

silagem, medicamentos, hormônios, reparos de maquinas e benfeitorias,

transporte de leite, impostos, aleitamento artificial, materiais de ordenha,

energia e combustível.

• X4-Capital investido em benfeitorias, maquinas e animais.

Essas variáveis foram também utilizadas por Silva et al. (2001) , Arzubi e Berbel

(2002), Gomes et al. (2003), Roberts (2003) e Rodrigues et al. (2009).

Após a organização das matrizes de dados, aplicou-se os modelos utilizando-se, em

todos, a orientação insumo para a obtenção das medidas de eficiência, visto que se pretende

encontrar a redução proporcional no uso de insumos pelos produtores, sem, no entanto,

comprometer a produção.

Para obter as medidas de eficiência técnica para cada produtor da amostra formulou-

se, primeiramente, o problema de programação linear, pressupondo retornos constantes à

66

escala. Em seguida, essa medida de eficiência técnica foi decomposta em uma medida de pura

eficiência e uma medida de eficiência de escala, através da formulação de uma nova

formulação de programação linear, pressupondo-se retornos variáveis, quando, então é

identificada as faixas de retornos de escala em que os produtores estão operando.

Visto que:

em que EE é a medida de eficiência de escala; ETRC é a medida de eficiência técnica no

modelo com retornos constantes, e ETRV é a medida de eficiência técnica no modelo com

retornos variáveis. As ineficiências de escala ocorrem quando os produtores operam nas

faixas de retornos crescentes ou decrescentes, ou seja, fora da escala de produção correta.

Naqueles que operam fora da escala ótima foi identificado em que faixa de retornos à

escala estão situados, a fim de determinar o movimento a ser adotado no dimensionamento da

produção para se reduzir a ineficiência.

Para a identificação da faixa de rendimentos responsável pela ineficiência de escala

formula-se um problema de programação linear com restrição de retornos não crescentes à

escala.

4.5.3 Comparação dos Produtores

A comparação dos produtores em grupos foi feita de acordo com as medidas de

eficiência técnica obtidas no modelo com retornos constantes à escala, visto que esse modelo

engloba a pura eficiência técnica e a eficiência de escala, o que significa que, ao ser eficiente

no modelo com retornos constantes, o produtor também será eficiente em qualquer outro tipo

de retorno, além de ter eficiência na escala de produção.

O primeiro grupo é formado pelos produtores eficientes, sendo assim considerado

aqueles produtores com medida de eficiência entre 0,9 e 1, considerando-se que os dados

podem estar sujeitos a erros na sua coleta; daí, esses produtores são considerados como não

tendo violado a hipótese de eficiência. Procedimento que também foi utilizado em trabalhos já

realizados anteriormente por Gomes, (2006), Roberts (2003) e Silva (2007). O grupo

denominado de produtores ineficientes é composto por aqueles que têm medidas de eficiência

técnica inferiores a 0,9.

Depois de formados os grupos com base na eficiência, foram identificadas as

características administrativas e socioculturais predominantes. Em seguida a comparação dos

67

mesmos segundo alguns indicadores de desempenho técnico e econômico, sendo que todas as

variáveis utilizadas se encontram descritas a seguir:

4.5.4 Caracterização dos Produtores

4.5.4.1 Perfil dos Produtores

Os produtores foram comparados segundo variáveis socioculturais, tecnológicas e

gerenciais a fim de traçar seus perfis e identificar as possíveis influências destes em eficiência

e resultados econômicos; para isso considera-se o local de moradia do produtor, administração

da propriedade, nível de escolaridade formal, nível de utilização da mão-de-obra dos filhos,

participação em organizações representativas de classe, assistência técnica, ordenha e

conservação do leite, manejo reprodutivo, manejo das pastagens, manejo alimentar,

comercialização e controle de custos.

4.5.4.2 Indicadores de Desempenho Técnico e Econômico

Os indicadores utilizados para comparação são:

1. Volume de Produção Anual (VPA), expresso em litros/ano; que é definido pela quantidade

anual de leite vendida ou autoconsumida na forma fluida ou na forma de derivados, somada às

demais receitas da atividade leiteira convertidas em equivalente-leite;

2. Produtividade das vacas (PV): é a relação entre a produção leite anual e o número de vacas

(litros/vaca);

3. Produtividade da terra, que representa a relação entre a produção de leite por ano e hectares

utilizados para o gado (litros/hectare/ano);

4. Produtividade do capital investido, medida em litros de leite por real (R$), e imobilizado

em benfeitorias, máquinas e animais (litros/R$);

5. Produtividade da mão-de-obra, medida em litros de leite/mão-de-obra (R$), incluindo a

mão-de-obra familiar e contratada (litros/R$);

6. Produtividade do custo operacional total, medida pela relação entre produção anual total e o

custo operacional total (litros/R$);

7. Renda Bruta, composta por venda e autoconsumo de leite, derivados e animais, além da

variação do inventário animal de um ano para o outro, expresso em R$/ano;

8. Custo operacional total, medido em R$/ano, que é a somatória do custo operacional efetivo

mais a depreciação de máquinas e benfeitorias e a mão-de-obra familiar;

68

09. Participação da renda leite, medida em %; representa a relação da renda proveniente da

atividade leiteira em relação à receita total da propriedade;

10. Custo unitário de produção, (R$), obtido pela relação entre custo operacional total e

volume de produção anual;

4.5.5 Análise dos Produtores Ineficientes

Primeiramente foi realizado estudos de casos, analisando os produtores ineficientes em

relação ao seu principal benchmark . Este representa o produtor eficiente que mais influencia

a projeção do produtor ineficiente sobre a fronteira de eficiência máxima. Considerando-se o

primeiro estrato com eficiência menor que 0,3, o segundo com eficiência de 0,3 e menor que

0,6, e o terceiro com eficiência de 0,6 a menos que 0,9, visto que os produtores com medida

de eficiência a partir de 0,9 são considerados eficientes.

O respectivo benchmark foi escolhido de acordo com o maior peso na projeção do

produtor ineficiente para a fronteira eficiente, apresentando os maiores l no conjunto de

soluções, como também pela maior quantidade de vezes que tenha sido considerado

benchmark.

Tais produtores são identificados por meio da numeração previamente atribuída no

momento da tabulação dos dados, fazendo com que o produtor ineficiente, representante do

menor estrato de eficiência, seja chamado 33. Em ordem crescente de eficiência, o estrato

seguinte foi representado pelo produtor ineficiente 30, e o estrato de maior eficiência dentre

os ineficientes, representado pelo produtor 56. O produtor 46 foi selecionado como

benchmark para os três produtores ineficientes, sendo apontado como par eficiente nos três

casos e tendo-se apresentado como benchmark para o maior número de produtores.

Comparou então o benchmark com cada um dos produtores dos três estratos quanto às

medidas de eficiência média, produção anual, redução proporcional de insumos, número de

vacas em lactação, produtividade vacas em lactação, área disponível, produtividade capital

investido em máquinas, benfeitorias e animais, número total de vacas, produtividade custo

operacional, produtividade do trabalho, renda bruta e preço de venda/ custo unitário. Por fim,

foram analisadas as reduções médias no uso de insumos projetado através das DMUs

eficientes que servem como referência, chamada benchmark, ou seja, as reduções

correspondentes à projeção dos produtores ineficientes sobre a fronteira eficiente calculada,

considerando-se a existência de folgas.

As possíveis reduções no uso de insumos pelos produtores ineficientes foram

calculadas com na combinação de produtores que utilizam mais eficientemente os insumos,

69

produzindo, pelo menos, a mesma quantidade de produto, chamados benchmarks. Assim, o

método de avaliação da eficiência DEA também se prestou como orientação para os

produtores ineficientes na busca pela eliminação destas ineficiências, através dos respectivos

produtores eficientes de referência, benchmarks.

Em seguida foi realizada uma análise geral para todo o grupo de produtores

ineficientes, considerando-se as possíveis reduções proporcionais médias no uso de insumos.

Após este processo, foram recalculados os indicadores econômicos, depois de eliminadas as

folgas, estimando-se os possíveis ganhos depois de eliminadas as ineficiências. A análise do

conjunto de produtores ineficientes permitiu conhecer as reduções percentuais médias dos

insumos utilizados para todo o grupo e, a partir daí, projetar cada produtor para um ponto

ótimo através da comparação com os eficientes. A eliminação da ineficiência foi obtida pelas

reduções proporcionais e eliminação das folgas dos insumos, apresentadas na DEA, assim

como a agregação das folgas de produto no montante produzido.

Assim, uma nova aplicação da DEA sobre os dados, após estes ajustes, apresentará

medida de eficiência técnica máxima para todos os produtores.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para atender aos objetivos propostos inicialmente, através de programação linear, e

pressupondo retornos constantes à escala, obtiveram-se as medidas de eficiência técnica de

cada produtor. Em seguida, a pressuposição de retornos constantes à escala foi retirada,

adicionando-se uma restrição de convexidade, a qual possibilitou a obtenção das medidas de

eficiência no paradigma de retornos variáveis (VRS). Posteriormente, foram calculadas as

medidas de eficiência de escala (SCALE) para cada produtor, que equivalem à razão entre as

medidas de eficiência técnica com retornos constantes e retornos variáveis.

Na segunda etapa, os produtores foram classificados em dois grupos – eficientes e

ineficientes – e então caracterizados quanto aos perfis sociocultural e tecnológico; daí são

comparados segundo alguns indicadores de desempenho a fim de identificar as principais

causas de ineficiência dos produtores. Na etapa seguinte, os produtores ineficientes são

analisados, procedendo-se alguns estudos de caso e, em seguida, a análise é feita para todo o

grupo de produtores ineficientes, projetando-se as possíveis reduções percentuais no uso de

insumos, com referência aos seus benchmarks, comparando-os quanto a alguns indicadores de

desempenho. Por fim, são recalculados os indicadores depois de eliminadas as ineficiências

para estimar o ganho gerado com o aumento da eficiência.

5.1 Eficiência Técnica e de Escala dos Produtores

Os resultados das medidas de eficiência técnica com retornos constantes e variáveis e

as medidas de eficiência de escala são apresentados (Tabela 5). Na média, os produtores

tiveram uma eficiência de 0,57 sob a pressuposição de retornos constantes, ou seja, os

produtores poderiam reduzir seus gastos com insumos em até 43% e, ainda, produzir o mesmo

nível de produto.

Comparou-se o nível médio de eficiência obtido neste experimento com os resultados

apresentados por Roberts (2003), que analisou a eficiência da pequena produção de leite no

Estado de Rondônia, e obteve um valor médio de eficiência de 61%, variando entre 11% a

100%, com um desvio padrão de 20%, bem próximo ao obtido neste estudo. Por outro lado,

Silva (2007), analisando eficiência técnica e da rentabilidade econômica dos produtores de

leite do Estado do Ceará, utilizando a aplicação de fronteiras estocásticas de produção, obteve

uma eficiência técnica média de 80,17% e com desvio padrão em torno dos 12%, ficando

desse modo, mais distante do grau de variabilidade encontrado nesta pesquisa.

71

Tabela 5 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica e de escala, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA

Nível de eficiência(E)

Eficiência técnica Eficiência de escala (nº. de produtores)Nº. Produtores

Retornos Constantes

Retornos Variáveis

E=1,0 08 15 080,9 ≤ E< 1,0 05 06 400,8 ≤ E< 0,9 06 08 090,7 ≤ E< 0,8 06 06 060,6 ≤ E< 0,7 11 12 080,5 ≤ E< 0,6 06 04 020,4 ≤ E< 0,5 13 08 02E < 0,4 22 18 02TOTAL 77 77 77

Medidas de EficiênciaMédia 0,57 0,66 0,86Desvio-Padrão 0,26 0,27 0,17Mínima 0,17 0,19 0,28Máxima 1,00 1,00 1,00

Fonte: Dados da pesquisa

As medidas individuais mostraram que, dos 77 produtores, oito estão operando com

eficiência igual a um, ou seja, só 10,38 % dos produtores atingem a máxima eficiência

técnica. A máxima eficiência técnica implica que não existe outro produtor mais eficiente

produzindo o mesmo nível de produto, usando a mesma combinação de insumos. Acima da

média de eficiência de 0,7 pode-se constatar que 25 produtores (ou 32,5% da amostra) e 35

produtores, ou 45,5%, se encontram com medida de eficiência inferior a 0,5.

Diferentemente da presente pesquisa, na qual se encontrou 10,38% produtores

plenamente eficientes, Roberts (2003) analisando os produtores de leite do Estado de

Rondônia, utilizando a metodologia de análise envoltória de dados (insumo-orientada), as

medidas individuais mostraram que, dos 112 produtores, apenas cinco estavam operando com

eficiência igual a um, ou seja, só 4,5% dos produtores atingem a máxima eficiência.

Magalhães e Campos (2006), também utilizando a análise envoltória de dados em uma

amostra de produtores de leite no Município de Sobral, Ceará, estimaram uma eficiência

técnica média da ordem de 70,6%, e considerando retornos constantes de escala, encontraram

10 produtores plenamente eficientes de uma amostra de 40, correspondendo a 25% da

amostra.

72

Para captar o efeito da escala de produção no grau de eficiência técnica, relaxou-se a

pressuposição de retornos constantes e obtiveram-se os modelos com retornos variáveis à

escala, através da adição da restrição de convexidade nos modelos com retornos constantes à

escala. Ao considerar esses retornos variáveis, o número de produtores eficientes subiu de 08

para 15. Como visto anteriormente, uma condição para que o produtor apresente máxima

eficiência técnica, com retornos constantes à escala, é que sua eficiência técnica, quando se

consideram retornos variáveis, seja também máxima. Isso significa que, dos 15 produtores

com eficiência técnica igual a um no modelo com retornos variáveis, oito deles são

igualmente eficientes no modelo com retornos constantes.

O desvio-padrão da média, no modelo com retornos variáveis, foi superior àquele

calculado no modelo com retornos constantes. Isso indica maior concentração de produtores

nos estratos de maiores medidas de eficiência, o que pode ser observado (Gráfico 4).

Enquanto com retornos constantes o número de produtores com média de eficiência técnica

superior a 0,7 foi de 25, no caso de retornos variáveis esse número subiu para 35, ou

aproximadamente 40%. No outro extremo, o número de produtores com eficiência técnica

abaixo de 0,5 passou de 35 (retornos constantes) para 26 (retornos variáveis).

Verificou-se, também, que a média de eficiência técnica com retornos variáveis foi

maior do que a média com retornos constantes. Esses resultados melhor encontrados devem-

se ao fato de o modelo com retornos variáveis não levar em consideração a existência de

ineficiência de escala. A medida de eficiência de escala é obtida pela razão entre as medidas

de eficiência técnica, nos modelos com retornos constantes e com retornos variáveis. Se essa

razão for igual a um, o produtor estará operando na escala ótima. Caso contrário, o produtor

será tecnicamente ineficiente, pois não estará operando na escala ótima e poderá estar

operando com retornos crescentes ou decrescentes à escala. Deve-se notar que a escala ótima

para a técnica DEA refere-se operar com retornos constantes à escala e não, necessariamente,

no ponto de mínimo custo médio na curva de longo prazo.

73

Gráfico 4 - Distribuição dos produtores segundo intervalos de medidas de eficiência técnica, obtidas nos modelos que utilizaram a DEA.Fonte: Dados da Pesquisa

Em média, os produtores de leite possuem eficiência de escala igual a 0,84. Isso

significa que 20% da medida de ineficiência técnica se devem à ineficiência de escala

(0,09/0,43). 08 produtores não têm problemas de escala, o que representa aproximadamente

10,4% da amostra. Roberts (2003) em estudo realizado com os produtores de leite do Estado

de Rondônia encontrou 04 produtores que não possuía problema de escala correspondendo a

4% da amostra.

Pode-se notar que, todos os oito produtores estão na fronteira de retornos constantes

(CRS), ou seja, estão operando na escala ótima, e os 69 restantes, que não atingiram eficiência

de escala máxima, estão operando fora da escala ótima. Um produtor com ineficiência de

escala pode estar operando na faixa de retornos crescentes ou decrescentes de escala. Para

encontrar essa informação, adiciona-se uma restrição de retornos não-crescentes à escala, ao

modelo de programação linear com retornos variáveis. Se o resultado de eficiência dos dois

modelos for igual, o produtor está na faixa de retornos decrescentes à escala (DRS); caso

contrário, ele está na faixa de retornos crescentes à escala (IRS). Estar na faixa de escala de

retornos decrescentes ou “supra-ótima” significa que o produtor está operando acima da

escala ótima de produção. Na faixa de retornos crescente ou “subótima”, o produtor opera

abaixo da escala ótima.

Conforme se pode verificar no Gráfico 5, dos 77 produtores na amostra, 56 estão na

faixa de retornos crescentes, o que representa cerca de 73 % da amostra. Isso implica que

esses produtores podem aumentar sua eficiência técnica mediante o aumento do tamanho da

74

sua produção. Por outro lado, treze produtores estão operando na faixa de retornos

decrescentes, o que representa 17% da amostra. Estes produtores poderiam aumentar sua

eficiência técnica, caso reduzissem o tamanho da produção.

10%

17%

73%

RETORNOCONSTANTE

RETORNODECRESCENTE

RETORNOCRESCENTE

Gráfico 5 - A eficiência de escala dos produtores de leite de Rolim de Moura.Fonte: Dados da pesquisa

Após separar os produtores por escala de produção, analisaram-se algumas variáveis

relacionadas com o tamanho da atividade. Os dados da Tabela 6 referem-se à média dessas

variáveis, para os produtores separados segundo a escala de produção.

Os resultados (Tabela 6) indicam que 56 produtores estão operando abaixo da escala

ótima, ou seja, poderiam aumentar a produção a custos decrescentes. Esses produtores

produzem, em média, 59 litros de leite por dia utilizando 37 vacas, 19 destas em lactação, e

23,6 hectares de área destinada ao gado. Caso esses produtores aumentassem o tamanho da

produção, até obterem escala ótima, poderiam aumentar a eficiência técnica, passando de 0,51

para 0,62, em média. Isso representa um aumento médio de 11 pontos percentuais na medida

de eficiência técnica.

Por outro lado, 13 produtores estão operando em escala acima da ótima, isto é, estão

gastando muito naquilo que produzem. Eles produzem, em média, 107 litros, utilizando 53

vacas, 24 destas em lactação, e 93,28 hectares de área destinada ao gado. A redução da

produção pode levá-los a aumentar a eficiência técnica, que passaria de 0,59 para 0,61, em

média. Caso os produtores passassem a operar em escala ótima, verificar-se-ia aumento de

dois pontos percentuais na medida de eficiência técnica.

75

Tabela 6 - Produção diária, tamanho do rebanho leiteiro, área destinada ao gado e medida de eficiência técnica dos produtores da amostra, separados por escala de produção, Rolim de Moura, 2008

EspecificaçãoÓtima “Subótima” “Supraótima”

(Constante) (Crescente) (Decrescente)1- Nº de produtores 8 56 132- Produção (litro/dia)

Média 143 59 107 Mínima 39,5 13 56

Máxima 298 150 2563- Nº Total de Vacas (cab.) Média 43 37 53 Mínima 12 3 31 Máxima 89 146 1204- Nº vacas em lactação (cab.) Média 26 19 24 Mínima 4 2 11 Máxima 62 140 415- Área para o gado (ha) Média 17,25 59 93,28 Mínima 8,39 13 33,59 Máxima 57 150 162,136. Eficiência técnica Retornos constantes 1 0,51 0,59 Retornos variáveis 1 0,62 0,61

Fonte: Dados da pesquisa.

É interessante observar que, mesmo operando fora da escala ótima, a média de

eficiência técnica dos maiores produtores (supra-ótima) é significativamente maior que a dos

pequenos (subótima).

De acordo com Jaforullah e Whiteman (1998), citados por GOMES (1999), é

importante salientar que a DEA constrói um único padrão de referência ótimo para cada

produtor ineficiente da amostra. Entretanto, a escala ótima de produção difere para cada

produtor, em virtude de sua configuração particular de insumos e produtos. Assim, os dados

apresentados (Tabela 6) devem ser interpretados com cautela, uma vez que representam a

média das variáveis. Os resultados sugerem que a produção de leite média dos produtores que

estão operando em escala ótima seja de 143 litros diários; contudo, deve-se também observar

a grande amplitude entre o mínimo e o máximo observados.

De acordo dados constantes (Tabela 7) mostra quanto dos produtores de leite, em

média, poderiam reduzir a utilização de insumos caso se tornem eficientes. Os produtores que

não têm problema de ineficiência técnica podem ainda assim reduzir seu custo marginal caso

76

adotem uma escala de produção ótima. Já os produtores com ineficiência técnica, precisam

reduzir a utilização dos insumos para alcançar a máxima eficiência, ou seja, o problema de

escala pode ser resolvido adotando a escala ótima de produção.

Tabela 7 - Redução percentual média na utilização de insumos para que os produtores se tornem eficientes.

Retornos Constantes em Escala (RCE)

Retornos Variáveis em Escala (RVE)

Prod. Eficientes

Prod. Ineficientes

Média Geral

Prod. Eficientes

Prod. Ineficientes

Média Geral

Área destinada ao gado -9,55% -54,76% -43,13% -1,04% -45,94% -38,36%Quantidade total de vacas -7,65% -51,86% -44,39% -5,88% -42,79% -36,56%Custo operacional efetivo -25,29% -73,20% -65,11% -0,42% -56,36% -46,92%

Capital investido -10,74% -63,84% -54,88% -0,42% -55,01% -45,05%Produção anual de leite - - - - 10,33% 8,56%

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com Rodrigues et al. (2009), o modelo de retornos constantes de escala é

somente apropriado quando todas as DMUs estão operando numa escala ótima. Todavia,

imperfeições de mercado e restrições financeiras devem induzir uma DMU a não operar na

escala ótima. Sendo assim, este modelo, exige uma melhor utilização dos insumos como

demonstrando acima na tabela. Pois quando algumas DMUs não operam na escala ótima,

resultará em medidas de eficiência técnica as quais são confundidas pelas eficiências de

escala.

Segundo o mesmo autor, quanto ao modelo retornos variáveis de escala. O modelo

determina uma fronteira que considera retornos crescentes ou decrescentes de escala na

fronteira eficiente. Considera que um acréscimo no insumo poderá promover um acréscimo

no produto, não necessariamente proporcional, ou até mesmo um decréscimo, admite que a

produtividade máxima varie em função da escala de produção. O modelo permite, portanto, a

utilização de unidades de portes distintos, sendo neste modelo possível ajustar a quantidade

produzida ou quantidade de insumos utilizados.

Por sua vez, a fronteira com retornos constantes – modelo CCR – caracteriza a

eficiência produtiva. Assim sendo, as unidades (DMUs) situadas entre essa fronteira e a

fronteira de retornos variáveis, possuem o que é chamado de ineficiência de escala. Isto quer

dizer que, mudanças na sua escala de operações, tornariam essa unidade com eficiência

produtiva. Essas unidades possuem eficiência técnica.

77

5.2 Identificação dos Grupos Eficiente e Ineficiente

A classificação dos produtores eficientes e ineficientes foi feita de acordo com as

medidas obtidas pela pressuposição de retornos constantes. Conforme definido na seção

5.5.4.2, foram considerados eficientes os produtores que obtiveram escores de eficiência

superior a 0,9, e ineficientes aqueles com medidas de eficiência inferior a essa medida.

Seguindo estas definições foram identificados 13 produtores eficientes, equivalente a 16,88%

da amostra, sendo que, destes, cinco apresentaram medida de eficiência inferior à unidade.

Por outro lado, o grupo dos ineficientes representa 83,12% da amostra, equivalente a 64

produtores (Tabela 8).

Tabela 8 - Distribuição dos produtores segundo o nível de eficiência

Eficientes IneficientesNº Produtores 13 64

% amostra 16,88% 83,12%Eficiência média 0,98 0,48Fonte: Dados da Pesquisa

Observa-se que a eficiência técnica média é de 0,98 para os produtores eficientes,

visto que estão incluídos neste grupo produtores com medidas de eficiência entre 0,9 e 1,0,

para que não haja violação da hipótese de eficiência, conforme descrito anteriormente. Para os

produtores ineficientes constata-se que a eficiência média é de 0,48, o que indica a

possibilidade de redução na utilização dos insumos em 52%, mantendo-se o mesmo nível de

produção.

Roberts (2003) em análise realizada dos produtores de leite de Rondônia obteve média

de eficiência inferior ao estudo atual, o grupo dos ineficientes apresentou medida de eficiência

técnica de 0,39, o que indica que a utilização de insumos pode ser reduzida em até 61%,

embora continuem a produzir a mesma quantidade. Para o grupo eficiente a média calculada

para a eficiência técnica foi de 0,91, significando que a utilização de insumos pode ser

reduzida em até 9%. No entanto, Silva (2007) ao analisar os produtores de leite do Estado do

Ceará percebeu que a eficiência técnica média do conjunto de produtores foi de 80,16%,

sendo que o grupo de menor eficiência obteve 51,95% e o de maior eficiência 95 %,

significando que pode ser reduzido em 5% o volume de insumos.

Para Gomes (2005), um nível de eficiência acima de 70% não pode ser considerado

baixo, entretanto evidencia que ainda existe espaço para aumentos da produtividade por meio

do incremento da eficiência

78

5.2.1 Perfil dos Produtores Eficientes e Ineficientes

Separados os grupos eficientes e ineficientes, de acordo com os resultados obtidos no

modelo DEA, eles são agora caracterizados segundo os recursos disponíveis e fatores

socioculturais e tecnológicos para a identificação de possíveis causas da ineficiência. Foram

selecionadas variáveis consideradas relevantes e que exercem influência nos resultados da

atividade e/ou refletem o nível tecnológico praticado na unidade de produção.

A média do número de vacas dos produtores eficientes é praticamente igual a dos

produtores ineficientes que é de 40,77 contra 40,88 cabeças (Tabela 09). Já considerando as

vacas em lactação, existe uma diferença maior para os produtores eficientes, com uma

diferença percentual de 33%, equivalente a 24 e 18 cabeças. A área média disponível para os

produtores eficientes é de 28,85 hectares, 52% inferior à área dos produtores ineficientes, que

dispõem, em média, de 55,19 hectares, o que indica que os produtores eficientes têm uma

exploração mais intensiva.

Tabela 9 - Área disponível, rebanho total de vacas e vacas em lactação dos produtores

do Município de Rolim de Moura, Rondônia.

Recursos Disponíveis Unidade Eficientes IneficientesEficiente/Ineficiente

(%)

Área Hectare 28,85 55,19 52%

Nº total de vacas Ud 40,77 40,88 0,26%

Nº vacas lactação Ud 24 18 33,00% Fonte: Dados da Pesquisa

De acordo com Gomes (2006) em pesquisa no Estado de Rondônia, a área destinada

para o gado de leite é, em média, de 48 hectares, variando de 27 a 161 hectares. Em relação à

área total da propriedade (69,75 ha), a de gado de leite (48,45 ha) representa 69,5%, o que dá

uma boa dimensão da importância da pecuária de leite nas propriedades. A área média do

produtor de Rondônia é menos da metade da área do produtor de Minas Gerais, que é de 111

ha. Essa reduzida área sinaliza a necessidade de aumento da produtividade da terra como

forma de aumentar a produção de leite. O atual modelo de produção extensiva em Rondônia

tem como fator limitante à sua expansão, a disponibilidade de terra.

De acordo com Gomes (2006), a baixa produtividade no Estado de Rondônia conduz,

naturalmente, à pequena escala de produção, visto que a área disponível para o gado também

não é muito grande, o que não permite a expansão de um modelo extensivo. A baixa escala de

79

produção gera lucros anuais reduzidos, embora a margem bruta por litro seja elevada. Por essa

razão, aumentos dos lucros anuais só poderão ocorrer com mudanças nos sistemas de

produção, de modo que se eleve a produtividade.

No entanto, de acordo com Silva (2007), este seria um indicativo da principal

característica da natureza da produção de leite, qual seja, de que a produção leiteira é uma

atividade fundamentalmente associada à pequena propriedade familiar. Gomes (1999)

encontrou valores médios que variam de 73,27 a 87,27 ha para todos os estratos de

produtividade do rebanho. Para esse autor, por ser uma produção que necessita de intenso

manejo, os grandes proprietários não se interessam pela atividade, daí não se ter uma

tendência muito expressiva da existência de escala de produção relativa ao uso da terra.

Acredita-se que a mesma ideia deva também estar relacionada ao tamanho do rebanho, ou

seja, que um rebanho de maior proporção também precisaria de maior extensão de terras e

maior manejo.

Consoante com Gomes (1999), em diversos países, a produção está concentrada em

pequenas e médias propriedades, fortemente capitalizadas e conduzidas pela mão-de-obra

familiar. Assim, se ainda existe atraso na condução desta atividade pela empresa familiar no

Brasil, este decorre tanto dos baixos salários no campo, como das dificuldades para o

financiamento da produção.

Por outro lado, quando se observa o valor médio da eficiência técnica com o volume

médio de produção de cada estrato, resta clara a correlação positiva, indicando haver um

efeito-escala na produção, estabelecendo-se que, quanto maior for o grau de eficiência técnica

da produção, maior a quantidade média de leite produzida.

Em relação ao local de moradia constata-se que 100% dos produtores da amostra

moram na propriedade. Esse resultado é compatível com a pesquisa realizada por Roberts

(2003), com 112 produtores do Estado de Rondônia, que detectou a freqüência de 96,2% dos

produtores residindo na propriedade.

A relação entre o número médio de vacas em lactação no grupo de produtores

eficientes, é de 60,46% e entre ineficientes 44,03%. Roberts (2003) encontrou uma

percentagem de vacas em lactação entre os produtores eficientes 58% e entre os ineficientes

48%, valores próximos aos encontrados nesta pesquisa. Gomes (2006) em estudo realizado no

Estado de Rondônia encontrou percentuais médios de 52% de vacas em lactação.

Gomes et al. (2005) entende que apenas para a proporção de vacas em lactação

superior a 75%, este é considerado um bom índice de eficiência reprodutiva. Com base nesse

valor, pode-se garantir que todos os estratos estão utilizando inapropriadamente esse insumo,

80

seja por motivo de manejo inadequado, seja em virtude da qualidade e aptidão do rebanho

para a produção leiteira, indicando que o sistema funciona com baixa taxa de reprodução

animal, fator que contribui para que o Estado apresente um nível de produtividade do rebanho

inferior à média nacional.

Quanto à participação dos produtores em associações, observa-se maior participação

dos produtores eficientes nessas entidades, 76,93% declararam ativos quanto à participação

em alguma associação, e apenas três produtores (23,07%) declararam parcialmente ativos,

enquanto os produtores ineficientes (3 produtores) não estão associado a nenhuma entidade, o

que equivale a 4,68% do grupo, (13 produtores) declararam participar parcialmente, o que

equivale a 20,32% e (48 produtores) declaram participar ativamente, o que equivale a 75%,

conforme (Tabela 10).

Tabela 10 - Participação dos produtores em associações e atendidos por assistência técnica

Variáveis

Amostra Produtores Eficientes

Produtores Ineficientes

Nº produtores

% Nº produtores

% Nº produtores

%

Participação em associação 74 96% 13 100% 64 95%

Assistência Técnica 45 58,45%

11 84,60% 34 53,20%

Fonte: Dados da Pesquisa

O que podemos observar que o associativismo está bem presente entre os produtores,

em geral, é reduzido o número de produtores que não estão de alguma forma participando de

associações.

De acordo com estes dados, tal cenário demonstra que existe um número grande de

produtores participando de associações, no entanto, é importante ressaltar que uma das pré-

condições para que os produtores pudessem utilizar os tanques de resfriamento financiados

pela SUFRAMA era que os mesmos estivessem ligados a uma associação. Quanto à prestação

de assistência técnica encontra-se em estágio incipiente na região, o que é ratificado quando

se verifica que 41,55% dos produtores da amostra não receberam assistência técnica,

principalmente se for levado em consideração que este valor ainda pode estar subestimado,

visto que, alguns produtores que declararam receber assistência técnica recebem-na

eventualmente ou não a recebem efetivamente. Ainda assim, a tendência encontrada entre os

grupos eficientes e ineficientes mostra-se coerente, pois a maioria dos produtores eficientes,

81

11 produtores ou 84,6%%, declararam receber assistência, enquanto entre os produtores

ineficientes este valor é reduzido para 54,2%, o que equivale a 34 produtores.

Quanto ao nível de escolaridade (Tabela 11), observa-se que, da amostra, 66,2 % não

chegaram a concluir o ensino fundamental e 20,8 % dos produtores são analfabetos, ao passo

que apenas 13% têm nível médio completo.

Tabela 11 - Nível de escolaridade da amostra, considerando os grupos eficientes e ineficientes.

Nível de Escolaridade

Amostra Total Produtores Eficientes

Produtores Ineficientes

Nº prod.

% Nº prod.

% Nº prod.

%

Analfabeto 16 20.2% 1 7,70% 15 23,50%Ensino Fundamental incompleto

51 66.4% 10 76,90%

41 64,00%

Ensino Fundamental Completo

- - - - - -

Ensino Médio incompleto - - - - - -Ensino Médio completo 10 13% 2 15,40

%8 12,50%

Total 77 100% 13 100% 64 100% Fonte: Dados da Pesquisa

Ao se analisar os grupos separadamente, percebe-se que o grupo dos produtores

eficientes apresenta a mesma tendência da amostra global, visto que o maior percentual de

produtores tem o ensino fundamental incompleto; no entanto, neste grupo nota-se uma maior

distribuição dentro das faixas de escolaridade mais elevadas. Assim, observa-se, entre os

produtores eficientes, 1 produtor analfabeto e 2 produtores com nível médio completo; os

demais 10 produtores estão com ensino fundamental incompleto.

Entre os produtores ineficientes observa-se que a maioria, 41 produtores, o equivalente

a 64%, não concluíram o ensino fundamental, além disso, este grupo apresenta o maior

percentual de analfabetismo, 23,5%, equivalente a 15 produtores, contra apenas 08 produtores

(12,5%) com nível médio completo ou incompleto.

Sabe-se que existem diferenças importantes no nível de conhecimento entre os

produtores eficientes e ineficientes. Em outras palavras, pode-se dizer que há diferenças na

qualidade do capital humano. Segundo Gomes (2004), o pequeno produtor, para sair da

armadilha da pobreza, depende de uma série de fatores, porém a melhoria da qualidade do

capital humano ocupa posição de destaque. Aliás, pouco adianta remover outros

condicionantes da pobreza, se não for alterada a qualidade do capital humano, ou seja, o nível

de conhecimento do produtor.

82

A administração da propriedade é exercida individualmente por cerca de 53,2% dos

produtores da amostra total, enquanto 44% dos produtores o fazem em conjunto com a família

e apenas 2,8% administram juntamente com mão-de-obra extra familiar no papel de gerente.

Os produtores eficientes apresentaram a mesma tendência da amostra total, visto que 5

produtores administram individualmente, 6 o fazem com a família e 2 em conjunto com

administrador externo; enquanto dos 64 produtores ineficientes, 36 administram

individualmente, 28 fazem-no juntamente com a família (Tabela 12). Assim percebe-se que a

participação da família tem influência positiva nos níveis de eficiência das propriedades.

Tabela 12 - Forma de administração da propriedade dos produtores de leite

Variáveis Eficientes Ineficientes Nº produt. % Nº produt. %

Administração da propriedade

Proprietário individual 5 38,50% 36 56,20%

Proprietário e a família 6 46% 28 43,80%

Administrador - - - -

Proprietário e administrador 2 15,50% - -

Família e administrador - - - - Fonte: Dados da Pesquisa

Este cenário da participação da família, também foi constatado por Gomes (2006), que

observou que a mão-de-obra utilizada na produção de leite em Rondônia é, tipicamente,

familiar, sendo o trabalho executado pelo homem, 85% (128,74 dias homem/ano) é de mão-

de-obra familiar e 15% (23,12 dias homem), contratada. Todo o trabalho executado pela

mulher e pela criança é de origem familiar.

De acordo com o mesmo autor, em razão do baixo custo de oportunidade da mão-de-

obra familiar que reside no meio rural, o custo da produção de leite fica, naturalmente, muito

reduzido, o que implica em baixo preço de sobrevivência e elevado poder de competição do

produtor em Rondônia.

Quanto ao nível tecnológico observa-se que a ordenha manual é praticada por 70

produtores 90,9% da amostra, apenas 07 produtores o que correspondente a 9,1% da amostra

utilizam ordenha mecânica, sendo que 98,7% o fazem apenas 1 vez por dia, enquanto apenas

1 produtor faz duas ordenhas por diárias. (Tabela 13). Portanto, não se verifica grandes

diferenças quanto ao tipo de ordenha entre os eficientes e ineficientes, enquanto o único

registro de uso de duas ordenhas pertence ao grupo eficiente.

83

Tabela 13 - Tipo e número de ordenhas, resfriamento do leite e utilização de inseminação artificial pelos produtores

Manejo utilizado

Amostra Total Produtores Eficientes Produtores Ineficientes

N° produtores

% N° produtores

% N° produtores

%

Ordenha Mecânica 7 9,10% 1 7,60% 6 9,30%Ordenha Manual 70 90,90% 12 92,40% 58 90,70%N° de ordenhas

1 76 98,70% 12 92,40% 64 100%2 1 1,30% 1 7,6 - -

Inseminação artificial 5 6,5 5 38,4 - -Fonte: Dados da Pesquisa

Em estudo realizado por Gomes (2006) também havia um predomínio de ordenha

entre 99% dos produtores, sendo esta manual para 97% deles e apenas 1,17% faziam duas

ordenhas diárias. O número de ordenhas está diretamente relacionado à produtividade das

vacas. Em outras palavras, o número de ordenhas é outro bom indicador da modernização dos

sistemas de produção. A baixa produtividade das vacas e o pequeno volume de produção total

contribuíram para que a maioria dos entrevistados realizasse apenas uma ordenha diária.

O baixo nível tecnológico no manejo reprodutivo também é percebido ao se observar

que somente 6,5% de toda a amostra utilizam inseminação artificial, 93,5% adotam monta

natural a campo e 90% dispõem de reprodutores mestiços. Quanto à análise dos grupos

constata-se que um produtor entre os eficientes e cinco entre os ineficientes utilizam

inseminação artificial, mas a ocorrência de utilização de reprodutor mestiço foi maior entre os

produtores ineficientes, 56 produtores, ou 87,5%, do que entre os produtores eficientes, 09

produtores, ou 76,9%. Considerando-se o tipo de monta, foi visto que a 12 ocorrências de

utilização de monta controlada fora registrada, 23% no grupo dos produtores eficientes e

15,6% no grupo dos ineficientes. Provavelmente, esse descompasso se deve à recente

implantação dos tanques de resfriamento. Segundo Gomes (2006) um dos principais

problemas da pecuária leiteira em Rondônia está relacionado a pouca especialização do

rebanho para produção de leite. Observando-se a composição racial das vacas, notou que 59%

não tinham padrão racial definido e 27% tinham menos de ½ sangue holandês (Hz), ou seja,

pelo menos 86% das vacas dos entrevistados em Rondônia não eram especializadas na

produção de leite

O baixo nível tecnológico pode ser observado ainda quanto à pastagem, pois é

formada, em área anteriormente ocupada por floresta. São pouco significativas as áreas em

média com cana-de açúcar (0,55 ha), capineira (0,03 ha) e milho para silagem (0,05 ha), o que

84

indica que, praticamente, não se efetua a prática de alimentação volumosa suplementar do

rebanho.

Quanto ao manejo alimentar 97,4% dos produtores da amostra não adota reserva

estratégica de alimentos para o período seco seja feno ou silagem. Apenas 10% fornecem

ração balanceada. No entanto, 70,1% suplementam o rebanho com sal mineral e também

77,92 % utilizam sal comum. Entre os produtores eficientes apenas um produtor utiliza

silagem que representa (7,6%), sendo que todos têm pastagem formada. No grupo de

produtores ineficientes, apenas um também utiliza silagem representando (1,6%) do grupo de

ineficientes. No entanto, quanto ao uso de sal mineral o percentual no grupo eficiente é

superior, 76,9 % dos produtores utilizam sal mineral contra 68,75% no grupo ineficiente.

Dessa forma, a produção de massa verde fica bastante comprometida no período seco,

visto que, sem irrigação, a simples utilização apenas da pastagem não garante o suprimento de

forragem, aumentando a necessidade do fornecimento de ração balanceada, que é um dos

principais itens do custo de produção. Por outro lado, a mineralização do rebanho, que

representa um custo relativamente baixo no custo de produção, tem importância fundamental

para o desempenho produtivo e reprodutivo. Daí constata-se que a reserva alimentar e a

mineralização do rebanho têm influência positiva na eficiência dos produtores.

Tabela 14 - Utilização de pastagem e manejo alimentar

Manejo AdotadoAmostra Total Prod. Eficientes Prod. IneficientesN°

produtores% N°

produtores% N°

produtores%

Pastagem Natural 3 3,89% - - 3 4,68%Pastagem Formada Branquiaria 63 81,80% 10 76,92% 53 82,80% Brizantha 2 2,60% 1 7,70% 1 1,60% Mendicula 8 10,40% 2 15,40% 6 9,40% Tanzano 1 1,30% - 1 1,60%Cana-de-açúcar 36 46,70% 5 38,50% 31 48,40%Capineira 5 6,50% 2 15,40% 3 4,70%Silagem 2 2,60% 1 7,69% 1 1,60%Mineralização do Rebanho

Sal Mineral 54 70,10% 10 76% 44 68,75% Sal Comum 60 77,92% 11 84,60% 49 76,60%

Não faz 17 22,08% 2 15,40% 15 23,40%Fonte: Dados da Pesquisa

Em estudo realizado por Gomes (2006), no Estado de Rondônia, a suplementação com

a cana-de-açúcar era feita por 19% dos entrevistados, durante o período de 74 dias/ano e a

frequência de utilização de capineira foi ainda menor comparada à de cana-de-açúcar, visto

85

que apenas 6% dos entrevistados adotaram essa tecnologia, em 70 dias/ano. Uma tecnologia

que não foi adotada por nenhum dos produtores entrevistados em Rondônia, foi a silagem.

Segundo o mesmo autor, apesar da abundância de chuvas, que ocorre na maior parte do ano,

não se deve afirmar que essa tecnologia seja dispensável, visto que há sazonalidade de

produção em torno de 52%, indicando a necessidade de suplementação do rebanho

Com base na presente pesquisa e de Gomes (2006), os resultados permitem chegar a

duas conclusões: 1) De um modo geral, foi baixa a frequência de produtores que forneciam

cana-de-açúcar ao rebanho, o que, certamente, tem a ver com a disponibilidade de pastagem

na maior parte do ano; 2) A utilização dessa tecnologia aumenta à medida que aumenta a

escala de produção.

Em resumo, praticamente não era dada suplementação alimentar ao rebanho, volumosa

e concentrada, segundo os entrevistados, razão pela qual o produtor de leite está mais próximo

de ser um extrator do que um profissional da atividade leiteira. O baixo uso de práticas de

suplementação alimentar não significa que elas não sejam necessárias, já que a elevada

sazonalidade de produção atesta a necessidade dessa tecnologia

Antes do exame do desempenho econômico da atividade leiteira, alguns comentários

são necessários acerca de certos indicadores técnicos. Para Gomes (1999), produtores com

bons índices técnicos são também aqueles que apresentam os melhores indicadores

econômicos. Deste modo, procurou-se observar algumas variáveis, como a produtividade da

terra e do rebanho e a participação da renda da atividade leiteira na renda total, para se captar

a influência destes indicadores no desempenho dos produtores eficientes e ineficientes, os

quais são apresentados (Tabela 15).

Quanto aos aspectos operacionais e comerciais, observa-se que a pecuária leiteira, em

média, é responsável por 50,6% da renda do produtor, no entanto apenas 2,6% da amostra

total produzem algum tipo de derivado, o restante do leite é comercializado com

intermediários por 97,4% deles (Tabela 15). Ademais, na amostra total de produtores 61,1%

deles não fazem nenhum controle de despesas de produção e recebem, em média, R$ 0,46

pelo litro de leite.

Para os produtores eficientes verifica-se que a pecuária leiteira é responsável por

75,1% da renda do produtor, em média, sendo que 7,7%, o equivalente a um produtor, produz

algum derivado do leite, e 92,3% comercializa o leite com intermediários. Neste grupo, 6

produtores (46,2%) utilizam como meta despesas de produção, e o valor médio da venda do

litro de leite é de R$ 0,47.

86

Por outro lado, a pecuária leiteira é responsável, em média, por 53,3% da renda entre

os produtores ineficientes, sendo que 02 deles (2,6%) produzem algum tipo de derivado, e a

comercialização do leite é feita com intermediários por 96,9% dos produtores ineficientes.

Dos produtores ineficientes 64 % dizem possuir meta de produção, 50% meta de

produtividade e receita e, apenas 37,5% diz possuir meta de despesa, e o preço médio da

venda do litro de leite são de R$ 0,46.

Tabela 15 - Comercialização, produção de derivados e utilização de metas de produção, produtividade, receita e despesas produção pelos produtores de leite.

VariávelAmostra Total

Produtores Eficientes

Produtores Ineficientes

n° % n° % n° %Produtores Produtores Produtores

Comercialização do leite

Laticínios 74 96,10% 12 92,30% 62 96,90%

Direto ao consumidor

3 3,90% 1 7,70% 2 3,10%

Produção de derivado 2 2,60% - - 2 3,20%

Participação da renda da atividade leiteira na renda total

57,40% 75,10% 53,30%

Metas Produção 49 63,60% 8 61,50% 41 64% Produtividade 39 50,60% 7 53,80% 32 50% Receita 39 50,60% 7 53,80% 32 50% Despesas 30 38,90% 6 46,20% 24 37,50%

Fonte: Dados da Pesquisa

O maior preço de venda observado para os eficientes pode ser explicado por uma

maior produção média por parte desses produtores que comercializam com intermediários, e a

maior participação da atividade leiteira na composição da renda indica maior especialização

da atividade. Apesar de não produzir derivados, o que poderia contribui para o melhor

aproveitamento da produção e maior agregação de valor ao produto, o que deve compensar o

menor preço de venda ao intermediário.

5.2.2 Indicadores de Desempenho

Nota-se que praticamente todas as medidas foram favoráveis aos produtores eficientes,

os quais apresentam produção média anual de 40.748,8 litros, considerando-se o conjunto de

87

produtos da atividade convertidos em equivalente leite, enquanto os produtores ineficientes

têm produção anual de 25.020,02 litros, diferença de 63% (Tabela 16). A relação entre vacas

em lactação e número total de vacas, também apresentou diferença entre os produtores

eficientes e ineficientes, 59% e 45%, respectivamente.

Os produtores eficientes obtiveram produtividade das vacas em lactação de 6,1 litros

para os produtores eficientes e 4,2 litros/vaca lactação/dia para os produtores ineficientes,

considerando-se uma lactação de 300 dias. Se considerarmos o número total de vacas do

rebanho, observa-se que a produtividade das vacas é de 3,3 litros para os eficientes e 2,1

litros/vaca/dia para os ineficientes. A produtividade das vacas em lactação é 45% superior

para os produtores eficientes, de forma que são produzidos 6,1 litros, contra 4,2 litros

produzidos pelos produtores ineficientes.

Para Gomes (1999), a produção por total de vacas é um índice de melhor qualidade

para medir a produtividade do rebanho do que a produção por vacas em lactação, pois, além

do potencial na produção de leite, este índice incorpora a eficiência reprodutiva do rebanho.

Deste modo, ao se observar a produtividade do rebanho, percebe-se que, quanto maior é a

produtividade medida para este indicador, melhor é o grau de eficiência das firmas, chegando

os produtores de melhor nível de eficiência a produzir, em média, 10,57 l/vaca/dia,

considerando-se um período de lactação de 300 dias.

Roberts (2003) encontrou uma produtividade de 4,68 l/vaca/dia para os eficientes e de

apenas 3,35 l/v/dia para os ineficientes. Já Gomes (2006) analisando os produtores de leite do

Estado de Rondônia, a produção total média foi de 77,23 litros/dia; a produção/vaca em

lactação foi de 3,75 litros/dia e a da produção/total de vacas, 1,93 litro/dia.

Quanto à produtividade da terra verifica-se que quanto os produtores ineficientes

produzem 453,33 litros/hectare/ano, os produtores eficientes produzem 1.412,32

litros/hectare/ano, o que corresponde a uma produtividade por parte dos eficientes de 211%

superior aos ineficientes. Em relação à produtividade da terra, os produtores eficientes

apresentaram resultados superiores 211% sobre aos ineficientes, o que deve ser explicado pela

menor área disponível para os primeiros.

Segundo Gomes (1999) é também bom indicador do desempenho do sistema de

produção utilizado, o qual sintetiza a produtividade da terra.

88

Tabela 16 - Desempenho Produtivo dos Produtores de Leite no Município de Rolim de Moura, Rondônia.Indicadores de Desempenho

Unidade Eficientes IneficientesEficiente/Ineficiente

(%)Volume da produção anual (média) Litros 40.748,80 25.020,02 62.86Vacas em lactação/total de vacas % 59% 45% 31%Produção por lactação

Litros/vaca lactação 1.832,99 924,52 98,26%

Produtividade vacas lactação

Litros/vaca lactação/dia1 6,1 4,2 45%

Produtividade total de vacas do rebanho

Litros/vaca/dia1

3,3 2,1 57%Produtividade da terra

Litros/hectare/ano1.412,32 453,33 211%

Produtividade da mão-de-obra

Litro/R$2,14 1,45 -47%

Produtividade do capital investido

Litro/R$0,52 1,38 165%

Produtividade custo operacional (COT)

Litro/R$

0,19 1,24 552%Produt. Inversa capital imobilizado

R$/Litro0,52 1,38 -165%

Fonte: Dados da pesquisa *Considerando lactação de 300 dias

Em estudo realizado por Roberts (2003) no Estado de Rondônia o grupo de produtores

eficientes obteve média 911,95 litros/hectare/ano e os ineficientes apenas 282,79

litros/hectare/ano expressando um resultado ainda mais baixo do que os valores encontrados

neste trabalho, indicando que os produtores da região usam esse recurso de modo ainda mais

extensivo do que para o conjunto de produtores do município de Rolim de Moura.

Com relação ao custo operacional, a diferença é ainda maior, enquanto que para cada

litro de leite produzido pelos eficientes tem um custo operacional de R$ 0,19, para os

produtores ineficientes tem custo operacional R$ 1,24, por litro de leite, gerando uma

diferença de 552% a maior para os ineficientes.

Em relação capital investido averiguou-se que para cada litro de leite produzido os

eficientes imobilizam R$ 0,52, contra R$ 1,38 observado para os ineficientes, representando

um desempenho 165% superior. Por outro lado, percebe-se que os produtores eficientes têm

maior custo relativo com mão-de-obra familiar, pois a diferença média entre a produtividade e

89

da mão-de-obra total é 47% superior para os produtores eficientes. No entanto, estes

apresentam melhor uso dos fatores de produção.

5.3 Análise dos Produtores Ineficientes

Foram selecionados, para a análise, os produtores com maior ineficiência técnica

dentro dos estratos de eficiência obtidos na DEA, considerando-se o primeiro estrato com

eficiência menor que 0,3, o segundo com eficiência de 0,3 e menor que 0,6, e o terceiro com

eficiência de 0,6 a menos que 0,9, visto que os produtores com medida de eficiência a partir

de 0,9 são considerados eficientes.

Por outro lado, os respectivos benchmarks foram escolhidos de acordo com o maior

peso na projeção do produtor ineficiente para a fronteira eficiente, apresentando os maiores l

no conjunto de soluções, como também pela maior quantidade de vezes que tenha sido

considerado benchmark.

Tais produtores são identificados por meio da numeração previamente atribuída no

momento da tabulação dos dados, fazendo com que o produtor ineficiente, representante do

menor estrato de eficiência, seja chamado 33. Em ordem crescente de eficiência, o estrato

seguinte foi representado pelo produtor ineficiente 30, e o estrato de maior eficiência dentre

os ineficientes, representado pelo produtor 56. O produtor 46 foi selecionado como

benchmark para os três produtores ineficientes, sendo apontado como par eficiente nos três

casos e tendo-se apresentado como benchmark para o maior número de produtores.

Ao representar o estrato de menor eficiência, o produtor 33 apresenta evidentemente a

menor medida de eficiência da amostra. Pode-se observar na Ilustração 39 que este produtor

poderá reduzir proporcionalmente 81,08% a utilização dos insumos considerados e continuar

produzindo a mesma quantidade de produto, e ainda restará margem para redução área

destinada ao gado, quantidade total de vacas, no custo operacional (obtido somando-se os

gastos com mão de obra contratada, concentrados, minerais, manutenção de forragens verdes,

silagem, medicamentos, hormônios, reparos de maquinas e benfeitorias, transporte de leite,

impostos, aleitamento artificial, materiais de ordenha, energia e combustível) e Capital

investido em benfeitorias, maquinas e animais, de forma que as reduções totais seriam de

72,46; 72,46, 90,78 e 88,62%, respectivamente. Estas reduções decorrem da existência de

folgas, ou excedentes, após a retração proporcional para todos os insumos. Percebe-se que a

maior redução total ocorreu custo operacional, seguida pelo capital investido e depois

quantidade de vacas e área para o gado.

90

Para o produtor 33, existem 2 produtores eficientes pares que servem de referência,

sendo que dentre estes o produtor 46 se apresenta como benchmark para outros 41 produtores,

o que faz deste a principal referência na projeção para a fronteira eficiente. Ao se comparar

estes produtores, segundo alguns indicadores de desempenho, verifica-se que a produtividade

da terra para o produtor 33 é 552% menor que seu par eficiente, enquanto a produtividade das

vacas em lactação é 190% menor. Magalhães e Campos (2006) em estudo sobre os produtores

de leite do município de Sobral (CE), ao analisar produtividade das vacas em lactação,

encontrou diferença entre o produtor do menor extrato com seu benchmark de 70,7%, e com

relação à produtividade da terra, o resultado foi de apenas 5,25% superior. Apresentando uma

diferença bem menor do que apresentada no estudo atual.

Quanto à produtividade do capital investido, constata-se que o produtor 33 investe R$

4,30 para cada litro de leite produzido, enquanto o produtor 46 investe apenas R$ 0,47 para

cada litro de leite produzido. Os valores obtidos pelo produtor 33 para a produtividade capital

investido foi 211% inferior à média dos produtores ineficientes, respectivamente. O par

eficiente 46, por outro lado, teve valor 8,2% maior que a média dos produtores eficientes para

a produtividade do capital investido.

Através da diferença entre as produtividades do capital circulante e do capital

operacional total pode-se dizer que o produtor 46 tem menores custos com mão-de-obra

familiar e/ou tem menor gasto com depreciação de máquinas e benfeitorias que seu par

eficiente 33.

A análise da sensibilidade às oscilações do mercado indica que o produtor 33 opera

com uma defasagem de 1.248% do seu preço de venda em relação ao seu custo unitário de

produção, visto que o litro de leite comercializado a R$ 0,41 custa R$ 5.53 para ser

produzido, o que sugere a existência de outras razões além da rentabilidade, como a

inobservância e/ou o próprio desconhecimento do custo de produção para a permanência na

atividade; esta situação negativa certamente implicará na desistência da atividade em curto

prazo. Por outro lado, o produtor 46 suportaria uma redução no preço do leite de até 92%,

mantendo a capacidade de cobrir todos os custos operacionais.

Quanto ao produtor 30, que está na faixa de eficiência entre 0,3 e menor que 0,6,

verificou-se que existe, para este, a possibilidade de redução proporcional, de 48,19% no uso

dos insumos sem que a quantidade produzida se altere. Feita essa redução proporcional com

área destinada ao gado, quantidade de vacas, custo operacional e capital investido ainda

poderão ser reduzidos, chegando-se a uma redução total de 44,72, 44, 72, 58,62, 44,72% para

estes, respectivamente.

91

Tabela 17 - Indicadores de desempenho produtivo e econômico dos produtores ineficientes selecionados e reduções percentuais possíveis na utilização de insumos em relação ao benchmark.

Especificação Und.

Estratos de eficiência/Produtores selecionados

E < 0,3 0,3 • E < 0,6

0,6 • E < 0,9

Benchmark

Produtores 33 30 56 46Medida de eficiência técnica

-0, 275 0, 552 0, 890 1

Redução proporcional dos insumos

%81,08% 48,19% 12,75% -

Produção anual Litros 12.000 31.000 46.280 109.500

Área Hectares 24,2 47 18 40

N° vacas em lactação Ud 9 15 28 43

Produtividade da terra Litros/hectare/ano 495,86 659 2.571 2.737,50Produtividade vacas em lactação

Litros/vaca lactação/dia 3,65 5,6 4,5 6,97

Produtividade capital investido R$/Litro 4,3 0,68 0,71 0,47Produtividade do trabalho Litro/R$ 2,58 1,74 2,7 5

Renda Bruta R$R$

6.000,00

R$46.680,00

R$ 33.454,0

0

R$ 72.265,00

Preço venda/custo unitário

Ud0,2 1,04 1,21 1,78

Fonte: Dados da pesquisa*Considerando lactação de 300 dias

Comparando-se o desempenho entre os produtores 30 e 46, ineficiente e benchmark,

respectivamente, observa-se que praticamente todos os indicadores são melhores para o

produtor eficiente. O volume anual de leite produzido pelo produtor 30 é 812,5% menor que

seu par eficiente, o qual apresenta produtividade da terra 451,66% maior. Quanto à

produtividade das vacas em lactação, o produtor 30 obteve um desempenho 90,95% inferior,

o que pode ser explicado pela menor quantidade de vacas em lactação.

As produtividades do trabalho e do capital investido mostram que o produtor 30 obtém

2,58 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e capital investido R$ 4,30 para cada

litro de leite produzido, o que, em relação ao produtor de referência, significa produtividade

da mão-de-obra 3,2% menor e valor do capital investido 814% maior.

92

A renda bruta do produtor 30 é 1.100% menor que a de seu par eficiente. Estes valores

se traduzem na incapacidade de cobrir os desembolsos necessários para a produção e

remunerar os fatores de produção, levando a uma descapitalização gradual, que inviabiliza a

permanência na atividade, mesmo a curto prazo. Esta situação também pode ser percebida

pela relação entre o preço de venda e o custo unitário de produção, em que se observa uma

defasagem de 167% para o produtor 30, que deve buscar a redução dos custos para se manter

na atividade a curto prazo e buscar a reduzir o custo de produção com maior rapidez possível,

como única alternativa para viabilizar a atividade.

No estrato de maior eficiência, dentre os ineficientes, o produtor 56 apresentou medida

de eficiência igual a 0, 890, representando a possibilidade de redução proporcional de 12,75%

no uso de insumos. Além dessa redução proporcional ainda há margem para redução na área

destinada ao gado, quantidade de vacas, custo operacional e capital investido ainda poderão

ser reduzidos, chegando-se a uma redução total para estes da ordem de 10,92%, 17,09%,

10,92% e 12,07%, respectivamente. Da mesma forma dos casos anteriores, todos os

indicadores de desempenho são melhores para o par eficiente apontado como referência. No

entanto, nota-se uma menor disparidade à medida em que a eficiência se eleva. O produtor 56

obteve um volume de produção anual equivalente a 46.280 litros, o que corresponde a uma

produção 136,6% menor que o produtor 46, e inferior, também, à produção do estrato

anterior. A produtividade da terra é de 2.571 litros /hectare/ano para o produtor ineficiente, e a

produtividade de vacas em lactação de 4,5 litros/vaca em lactação/dia, respectivamente,

menores em 6,5 e 54,88% que o produtor 46.

Com relação às produtividades dos fatores trabalho e capital verifica-se que o produtor

56 obtém 2,7 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e investe R$ 0,71 para cada

litro de leite produzido, significando um rendimento da mão-de-obra 85,2% menor e capital

investido 51,6% superior para o produtor ineficiente. Desempenho semelhante ocorre com a

diferença entre as produtividades do custo operacional e da produtividade da terra,

demonstrando que o produtor ineficiente 56 apresentou maiores gastos proporcionais com

mão-de-obra familiar e/ou depreciações com benfeitorias e máquinas, superando o seu

benchmark. No entanto, foi o único entre os produtores analisados que apresentou relação

positiva entre o preço de venda e o custo de produção, indicando a capacidade de absorver

redução de até 5,2% no preço do leite, mantendo a capacidade de cobrir todos os custos

operacionais. Esta margem, embora seja 90% menor que a apresentada pelo produtor 46,

demonstra a rentabilidade e a possibilidade de permanência na atividade.

93

Analisando-se os produtores dos três estratos de eficiência entre si, percebe-se o

melhor desempenho em praticamente todos os indicadores na mesma direção do crescimento

da eficiência. Os volumes produzidos dos produtores 33, 30 e 56 foram 12.000, 31.000 e

46.280 litros, nessa ordem demonstrando um crescimento de 158% do segundo para o

primeiro estrato e um aumento de 49,2% do terceiro para o segundo estrato. A maior

produtividade da terra foi obtida pelo produtor do maior estrato de eficiência, de forma que

foram registrados 495,86; 659 e 2.571 litros/hectare/ano em ordem crescente dos estratos de

eficiência. A produtividade de vacas em lactação mostra um crescimento de 53,4% do

segundo para o primeiro estrato. No entanto, o terceiro estrato apresentou uma redução de

24,4% em relação ao anterior. Por outro lado, as produtividades do trabalho e do capital

investido também mantêm alguma variação, mas seguem a tendência esperada, ou seja, o

desempenho se mostra melhor de acordo com o aumento da eficiência, exceto a produtividade

do trabalho do segundo extrato para o primeiro. Assim, verifica-se que o número de litros

produzidos para cada real gasto com mão-de-obra é 48% inferior do segundo para o primeiro

e 55,17% maior do terceiro para o segundo. O resultado da produtividade do capital investido

tem comportamento inverso ao valor obtido, ou seja, quanto menor o capital investido, melhor

o desempenho, onde se observa crescimento no sentido da maior eficiência, com investimento

de R$ 4,30, R$ 0,68 e R$ 0,71 por litro de leite produzido, para os produtores 33, 30 e 56,

respectivamente. Demonstrando neste quesito um melhor desempenho por parte do produtor

30 do segundo extrato.

Quanto à renda bruta observa-se um considerável aumento de 680% do segundo para o

primeiro estrato, enquanto para o estrato seguinte ocorreu uma redução de cerca de 39,89%.

A vulnerabilidade às oscilações do mercado segue esta tendência, tendo em vista que o

produtor do primeiro estrato não possui nenhuma capacidade para absorver reduções no preço

do leite, operando com uma defasagem de 553% em relação ao custo de produção; para o

segundo estrato a situação é semelhante, mas a defasagem apresentada e bem menor é de

9,5%, enquanto o produtor 56, do terceiro estrato, demonstra situação bem diferente,

auferindo uma margem positiva de 5% do preço de venda frente ao custo de produção, sendo

o único dentre os três estratos com desempenho que permite a permanência na atividade.

Realizada a projeção das reduções percentuais possíveis, os indicadores médios foram

recalculados, apresentando, conseqüentemente, resultados significativamente melhores.

Verifica-se a possibilidade de aumentos na receita pela produção de leite em 6,6%, ao mesmo

tempo em que o custo operacional seria reduzido em 53,05% e o capital investido teria uma

redução de 45,80%, fazendo com que tais reduções representem significativo impacto no

94

processo de produção. Por outro lado, a área dedicada a pecuária de leite, em média, seria

reduzido em 38,03%. (Tabela 18).

O número de vacas do rebanho poderia ser reduzido em 37,25%, projetando-se os

produtores para uma situação eficiente, através dos respectivos aumentos e reduções na

produção e uso de insumos, nota-se um aumento médio de 6,6% no volume produzido e de

2,68 na renda bruta.

Tabela 18 - Valores médios e projetados da produção e utilização de insumos, de acordo com as reduções percentuais encontrados na DEA para as DMUS (33, 30, 56)

VariáveisAumento/Redução Valor médio Valor médio

Percentual Observado Projetado

Produção de leite y1 6,60% 29.760 30.560

Área destinada ao gado x1 -38,03% 29,73 17,13

Quantidade de vacas x2 -37,25% 35,67 23,63

Custo Operacional x3 -53,05% R$ 33.306,67 R$ 14.137,22

Capital Investido x4 -45,80% R$ 19.731,95 R$ 9.460,27 Fonte: Dados da pesquisa

A relação entre renda bruta e custo operacional total passaria, com estes ajustes, de

0,44 para 1,08, um aumento de 145%, indicando a geração de R$ 1,08 para cada real gasto, o

que resultará na existência de renda líquida para remunerar a terra, o capital e a capacidade

empresarial do proprietário, após o pagamento de todos os custos operacionais (Tabela 18).

Tal fato pode ser observado também através da margem líquida, que passaria de

negativos R$ 18.426,70 para positivos R$ 1.142,78, indicando a viabilidade, rentabilidade e

permanência do produtor na atividade.

As produtividades da terra e do capital investido aumentariam em 78 e 114%,

respectivamente, visto que o primeiro resulta do aumento projetado da produção e diminuição

da área de produção, considerada nos problemas de programação linear, enquanto para o

segundo, além deste, contribui também a redução do capital investido e aumento na produção.

Pelo mesmo raciocínio entende-se que a produtividade do custo operacional total

aumentaria, em média, 156.45, fazendo com que haja uma redução de 52% no custo unitário

do leite.

6 CONCLUSÕES

A pecuária de leite representa um importante segmento do agronegócio na economia

brasileira. A investigação sobre sua eficiência torna-se importante, no sentido de contribuir

com o aumento da produtividade e também a fim de determinar os possíveis condicionantes

da ineficiência e indicar os meios para o aumento da eficiência, como a apresentação dos

perfis socioculturais e tecnológicos dos produtores eficientes e ineficientes, indicando as

práticas que influenciam positivamente os produtores eficientes. Assim, espera-se que os

resultados também reflitam a situação do município e das regiões semelhantes, dada a

pequena variabilidade na estrutura produtiva apresentada por estes.

A caracterização dos diferentes propriedades rurais e seus produtores quanto ao grau

de eficiência é uma relevante etapa no processo de levantamento das limitações da

produtividade. Conhecidos os fatores de produção que contribuem para tornar um ou outro

produtor mais eficiente, pode-se inferir a necessidade de formular programas ou ações para a

retomada da produtividade.

Neste estudo, conforme caracterizado anteriormente, procurou-se conhecer os

produtores de leite no que diz respeito à sua eficiência, bem como os condicionantes que

influenciaram na variação dos índices de eficiência. As análises demonstram que os

produtores possuem distintas vantagens competitivas entre os fatores de produção: área

destinada, quantidade de vacas, capital investido, custo operacional.

Tal situação acentua-se ainda mais se comparado um produtor com outro. O principal

fator de produção que contribuiu para a ineficiência dos produtores foi os gastos operacionais.

Confirmada pela desvantajosa relação entre preço de venda e custo médio de produção. Com

esta constatação, os produtores de leite considerados ineficientes tecnicamente deverão

minimizar a utilização dos inputs (insumos) espelhando-se nos seus benchmarks, pois há

margem suficiente para suportar as reduções indicadas no estudo apresentado.

A permanência dos produtores ineficientes na atividade possivelmente é em função do

alto custo de saída, dada a existência de uma estrutura produtiva, composta por ativos fixos, o

que dificulta ou inviabiliza a mudança de atividade pelos produtores e da não apropriação dos

custos de produção como elemento fundamental para a tomada de decisões. A diminuição, ou

mesmo eliminação da ineficiência dos produtores ineficientes não exige investimentos de

recursos, senão o oposto, pois esta poderá ser alcançada pela redução dos custos, através da

diminuição e otimização do uso dos insumos

96

A residência do produtor na propriedade, explicada pela maior socialização dos

produtores, levando a maior nível de escolaridade, maior participação em organizações de

classe, acesso à informação e capacitação, e recebimento de assistência técnica, que também

mostraram influenciar o maior nível de eficiência.

No entanto, algumas variáveis, como escolaridade e adoção de tecnologias, nem

sempre podem ser alcançadas na atual geração de produtores, devendo-se investir no

envolvimento de filho (as) e até mesmo netos (as), dada a idade avançada dos atuais

produtores e a pouca participação dos familiares nas atividades não administrativas, o que

pode comprometer a continuidade da atividade.

Desta forma, o elemento fundamental para a obtenção da eficiência constitui-se no

conhecimento individual do custo de produção, em conjunto com a otimização no uso dos

recursos produtivos e a adoção de tecnologia adequada, visto que a geração da ineficiência

parte dos gastos desnecessariamente excessivos, efetuados no processo produtivo.

Determinaram-se inúmeros melhoramentos para que a pecuária de leite no município

de Rolim de Moura possa ser mais eficiente na utilização dos insumos, destacando-se o

aumento do nível tecnológico, como exemplo a assistência técnica, que leva ao produtor leite

técnica de como melhor utilizar os fatores de produção disponíveis.

Em suma, os objetivos propostos foram atingidos, trazendo contribuições ao tema,

tanto para o meio acadêmico quanto para os produtores, que detém de ferramenta de auxílio à

decisão.

REFERÊNCIAS

ABEL, L. Avaliação cruzada da produtividade dos departamentos acadêmicos da UFSC utilizando DEA (Data Envelopment Analysis). Dissertação de (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, 2000. 106 p.

ABREU, U.G.P.; SANTOS, H.N.; LOPES, P.S.; TORRES, R.A.; BAPTISTA, A.J.M.S. Avaliação da introdução de tecnologias no sistema de produção de gado de corte no Pantanal: análise de eficiência. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 5, p. 1242-1250, 2006.

ALMEIDA, L. F.; CARVALHO, F.A.; LIMA, J. B.. Formulação de estratégias em unidades de produção de leite: um estudo comparativo entre Canadá e Brasil. In: 24. Encontro Nacional da ANPAD, 2000, Florianópolis. Anais, 24 Encontro Anual da ANPAD. Rio de Janeiro: ANPAD, 2000, v. p. 1-15.

ANJOS, M. A. dos. Aplicação da analise envoltória de dados (DEA) no estudo da eficiência econômica da indústria têxtil brasileira nos anos 90. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas) – Programa de Pós- Graduação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. 239 p.

ARZUBI, A., BERBEL, J. Determinación de índices de eficiência mediante DEA em explotaciones lecheras de Buenos Aires. Investigación Agrária, v. 17, n. 1, p.103-123, 2002.

AZAMBUJA, A.M.V. Análise de eficiência na gestão do transporte urbano por ônibus em municípios brasileiro. Florianópolis: UFSC, Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2002. 385 p

BATALHA, M. O. (Org.); SILVA, A. L. (Org.); SOUZA FILHO, H.M.; (Org.); TOLEDO, J. C. (Org.); NANTES, J. F. D. (Org.) ; COSTA, M. A. B. (Org.) ; ALCANTARA, R. L. C. (Org.) ; SCARPELLI, M. (Org.) . Gestão do agronegócio: textos selecionados. 1. Ed. São Carlos: EDUFSCAR, 2005. V. 1. 647 p.

BATALHA, M. O., SOUZA FILHO, H. M.; BUAINAIM, A. M. . Tecnologia de gestão e agricultura familiar In: Dinâmicas Setoriais e desenvolvimento regional, 2004, Cuiabá, MT. XLII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural Cuiabá, MT. Templo Gráfica e Editora. CD. ROM.

BATEMAN, T. S; SNELL, S.A. ADMINISTRAÇÃO; Construindo Vantagem Competitiva “Tradução por” Celso A. Rimoli ; Rev. José Ernesto Lima Gonçalves, Patrícia da Cunha Tavares. São Paulo: Atlas, 1998. p. 539 .

BELLONI, J. A.. Uma Metodologia de avaliação da eficiência produtiva de Universidade Federais Brasileiras. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianápolis: UFSC, 2000.

BERECHMAN, J. (1993) Public transit economics and deregulation policy. Amsterdam: North-Holland.

BRANDÃO, A. S. P. Aspectos econômicos e institucionais da produção de leite no Brasil. In: VILELA, D.; BRESSAN, M.; CUNHA, A. S. Cadeia de lácteos no Brasil: restrições ao seu desenvolvimento. Brasília, MCT/CNPq; Juiz de Fora: Embrapa, 2001 p. 39-72.

BUAINAIM, A. M.; BATALHA, M. O. ; SOUZA FILHO, H. M.; SALLES, F, S.; SILVEIRA, J. M.; GUANZIROLLI, C. Agricultura familiar e inovação tecnológica. 1. ed. Campinas SP: Editora da UNICAMP, 2007. v. 1. 257 p.

BUENO, P. R. B. de; RORATO, P. R. N.; DÜRR, J. W.; KRUG, E. N. B. Valor econômico para componentes do leite no estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 33, n. 6, p. 2256-2265, 2004. Suplemento 3.

CARVALHO, A. G. de. Governança corporativa no Brasil em perspectiva. Revista de Administração, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 19-32, jul./set. 2002.

CARVALHO, G. R.; VIEIRA, S. B. K. ; DUARTE, M. M.; GUIMARÃES, T. F. A.. Concentração da produção mundial de leite. Leite e Derivados, v. 17, p. 85-87, 2008.CARVALHO, G.R.; HOTT, M.C.; OLIVEIRA, A. F. de Análise espacial da concentração da produção de leite e potencialidades geotecnológicas para o setor. Boletim de conjuntura agropecuária. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, dezembro de 2006. 34 p. disponível em <http://www.cnpm.embrapa.br/conjuntura/0612_Concentracao_Leite.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2007.

CHARNES, A.; COOPER, W.W. & RHODES, E. Measuring the efficiency of decision making units. European Journal of Operational Research, v.2, n.6, 429-444, 1978.

CHARNES, A., COOPER, W. W., RHODES, E. Data Envelopment Analysis: theory, methodology and applications. 2 ed. Norvell: Kluwer Academic Press, 1996

CHURCHILL, G.; IACOBUCCI, D. Marketing research: Methodological foundations. 8. ed. Orlando: Harcourt College Publishers, 2002.

COELLI, T. J.; RAO, D. S. P. Total factor productivity growth in agriculture: A Malmquist index analysis of 93 countries, 1980-2000. Agricultural Economics, v. 32, p. 115-134, 2005

COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. 7.ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.

DRUCKER, P. F. Sociedade pós-capitalista. 5.ed. são Paulo: Pioneira, 1996

DÜRR, J. W. Estratégias para a melhoria da qualidade do leite. In: CARVALHO, L. A.; ZOCCAL, R.; MARTINS, P. C.; ARCURI, P. B.; MOREIRA, M. S. P. Tecnologia e gestão na atividade leiteira. Juiz de Fora-MG: Embrapa Gado de Leite, 2005. p. 89-97.

FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT database, 2008. Disponível em <http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 05 fevereiro 2009.

FARREL, M.J.. The mearurement of productive efficiency. Journal of Royal Statistical Society, A 120, 1957.

FASSIO, L. H.; REIS, R.P.; YAMAGUCHI, L. C. T; REIS, A. J. Custos e shut-down point da atividade leiteira em Minas Gerais. Revista Economia Sociologia Rural [online]. 2005, vol.43, n.4, pp. 759-777.

FERNANDES, E.N.; NOGUEIRA, M.C.P.Y. Sistemas de apoio à decisão na gestão ambiental de propriedades leiteiras. Tecnologia e gestão na atividade leiteira. Juiz de Fora: Embrapa Gado de leite, 2005, 323 p.

FERREIRA JUNIOR, S.; CUNHA, N.R.S. Eficiência técnica na atividade leiteira de Minas Gerais: um estudo a partir de três sistemas de produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 42., 2004, Cuiabá. Anais... Brasília: SOBER, 2004.1 CD-ROM.

FERREIRA, M.A.M Eficiência técnica e de escala de cooperativas e sociedades de capital na indústria de laticínios do Brasil, Tese de doutorado. Programa de Pós Graduação do Departamento de Economia Rural. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2005.p. 186

FITZSIMMONS, J.A. e FITZSIMMONS, M.J. Administração de Serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. Porto Alegre: 2a ed., Bookman, RS. (2000)

FRIED, H. O.; LOVELL, C. A. K.; SCHMIDT, S. S. (Eds.). The measurement of productive efficiency: technique and applications. New York: Oxford University Press, 1993.

GASTAL, E. Enfoque de sistemas na programação da pesquisa agropecuária. Rio de Janeiro: IICA, 1980. 207p.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GOLANY, B.; ROLL, Y. Application procedure for DEA. Omega – The International Journal of Management Science, vol. 17, n. 3, p. 237-250, 1998.

GOMES, A. P., BAPTISTA, A. J. M. S., WENDLING, L. L. Fatores discriminantes do desempenho regional da produção de leite. In: Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 43, 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto, USP, 2005.

GOMES, A.P.; ALVES, E. Eficiência de escala na produção de leite: uma abordagem não-paramétrica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 38. Brasília, SOBER. Anais... v.1, Rio de Janeiro-RJ, 2000 (CD-ROM).

________________________Utilizando a análise envoltória de dados para identificar ineficiências na produção leiteira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 39. Brasília, SOBER. Anais... v.1,Foz do Iguaçu-PR, 1999 (CD-ROM).

GOMES, A.P.; DIAS, R.S. Medidas de produtividade na agropecuária brasileira: 1985-1995. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 39. Brasília, SOBER. Anais... v.1, Recife-PE, 2001 (CD-ROM).

GOMES, A.P. Impactos das transformações da produção de leite no numero de produtores e requerimento de mão-de-obra e capital. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1999.161 p.

GOMES, A.T.; LEITE, J.L.B.; ADAM, B.D. As condicionantes do mercado e o futuro dos sistemas de produção de leite no Brasil, 2002

GOMES, A.T. O agronegócio do leite. Belo Horizonte: SEBRAE - MG, 2003. 99 p.

GOMES, A.L. Indicadores de eficiência e economias de escala na produção de leite: um estudo de caso para produtores dos estados Rondônia, Tocantins e Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006, 97p.

GOMES, A.L e FERREIRA FILHO, J. B.S. Economias de escala na produção de leite: uma análise dos estados de Rondônia, Tocantins e Rio de Janeiro. Rev. Econ. Sociol. Rural [online]. 2007, vol.45, n.3, pp. 591-619. ISSN 0103-2003

GOMES, E.G.; MANGABEIRA, J.A.C. Uso de análise de envoltória de dados em agricultura: o caso de Holambra. Engevista, v. 6, n. 1, p. 19-27, 2004.

GOMES, E.G.; MANGABEIRA, J.A.C.; SOARES DE MELLO, J.C.C.B. Análise de envoltória de dados para avaliação de eficiência, caracterização de tipologias em agricultura: um estudo de caso. Revista de Economia, Sociologia Rural, v. 43, n. 4, p. 607-631, 2005.

GOMES, E.G.; SOARES DE MELLO, J.C.C.B.; MANGABEIRA, J.A.C. Fronteira DEA difusa na avaliação de eficiência em agricultura. Investigação Operacional, v. 26, p. 65-88, 2006.

GOMES, J.T. Análise econômica de duas unidades de produção de leite bovino do agreste potiguar – Areia, PB: CCA/UFPB, Dissertação (Mestrado em Zootecnia) pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, UFPB. 2007.104 p.

GOMES; E.G. Uso de modelos DEA em Agricultura Revisão da Literatura, ENGEVISTA, v. 10, n. 1, p. 27-51, junho 2008, Disponível em http://www.uff.br/engevista/1_10Engevista3.pdf, Acesso em: 02 mar. 2009.

GUEDES, L. E. M. Uma análise da eficiência na formação de alunos dos cursos de engenharia civil das instituições de ensino superior brasileiras. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 2002.130 p.

HOFFMANN, R.; ENGLER, J. J. C.; SERRANO. O; THAME, A. C. M.; NEVES, E. M. Administração da empresa agrícola. 7. ed. São Paulo/SP: Pioneira, 1992. v. 1. 325 p

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001.

IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, Pesquisa Pecuária Municipal 2008. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/.> Acesso em: maio. 2009.

KALIRAJAN, K. “On measuring Economic Efficiency”. Journal of Applied Econometrics. 5: 75-85. 1990.

KASSAI, S. Utilização da Análise por Envoltória de Dados (DEA) na Análise de Demonstrações Contábeis. Tese de doutorado. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, São Paulo,2002.350 p.

LOPES, M. A.; CARVALHO F. M; CARDOSO M. G; DIAS, A S; Resultados econômicos de sistemas de produção de leite com diferentes níveis tecnológicos na região de Lavras MG nos anos 2004 e 2005. In: 44º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2008, Rio Branco. Economia e Gestão do Agronegócio. Brasília. SOBER, 2008.

LOPES, M. A.; CARVALHO, F. de M. Custo de produção do leite. Lavras: UFLA, 2000.42 p. (Boletim Agropecuário, 32).

LOPES, P. F.; REIS, R. P.; YAMACHUCHI, L. C. T.; LOPES, C. F.. Metodologia de custos de produção na pecuária leiteira: um estudo nos principais estados produtores do Brasil.. In: 44º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2006, Fortaleza. Questões Agrárias, Educação no Campo e Desenvolvimento. Brasília. : SOBER, 2006. v. 1. p. 1-14.

LORENZANI, W. L.; QUEIROZ, T.; SOUZA FILHO, H. M.. Scorecard sistêmico: modelo de gestão para empreendimentos rurais familiares. Organizações Rurais e Agroindustriais, v. 10, p. 123-136, 2008.

LOURENZANI, W. L.; BÀNKUTI, F. I. ; SOUZA FILHO, H. M.. Management of the rural firm: a systemic approach. In: IV International Conference on Agrifood Chain. Networks Economics and Management, 2003, Ribeirão Preto.. Proccedings of IV International Conference on Agrifood Chain. Networks Economics and Management. Ribeirão Preto, 2003.

LOURENZANI, W. L.; PINTO, L. B.; CARVALHO, E. C. A.; CARMO, S. M. A qualificação em gestão da agricultura familiar. Anais In: VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, 2006, Quito.

MACEDO, M. A. S. A Utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA) na Consolidação de Medidas de Desempenho Organizacional. Anais do XI Congresso Brasileiro de Custos. Porto Seguro: ABC, 2004.

MADALENA, F. E. Valores econômicos para a seleção de gordura e proteína do leite. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 29, n. 3, p. 678-684, 2000.

MAGALHAES, K. A.; CAMPOS, R. T. Eficiência técnica e desempenho econômico de produtores de leite no Estado do Ceará, Brasil. Revista Economia Sociologia Rural [online]. 2006, vol.44, n.4, pp. 695-711. ISSN 0103-2003.

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº51-Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel, em conformidade com os Anexos. Diário Oficial da União, n. 183-Seção I, 18 set 2002.

MARCONI, M. A., LAKATOS, E. M.. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARIANO; E.; Sistematização e comparação de técnicas, modelos e perspectivas não-paramétricas de análise de eficiência produtiva. São Paulo,301p. Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção) Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Universidade de São Paulo-USP. 2008.

MARIANO, E; ALMEIDA, M. R.; REBELATTO, D. A. N.. Peculiaridades da Análise por Envoltória de Dados. In: XII Simposio de Engenharia de Produção, SIMPEP, 2006, Bauru. Anais, 2006.

MARINHO, A. Estudo de eficiência em alguns hospitais públicos e privados com a geração de rankings. Texto para discussão n. 794. Rio de Janeiro: IPEA, 2001.

MARTINS, G. A.; MADALENA, F. H.; BRUSCHI, J. H.; COSTA, J. L.; MONTEIRO, J. B. N. Objetivos econômicos de seleção de bovinos de leite para fazenda demonstrativa na Zona da Mata de Minas Gerais. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 32, n. 2, p. 304-314, 2003.

MARTINS, G. C. C; REBELLO, F. K; SANTANA, A. C. Mercado e dinâmica espacial da cadeia produtiva do leite na região Norte. Belém: Banco da Amazônia, 2008. 67p. (Estudos Setoriais, 6 ).

MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 1994

MARTINS, P.G.; LAUGENI, F.P. (2005). Administração da produção. São Paulo: Saraiva 2005.

MATTOS, E. H. C.. Testando a eficiência alocativa dos municípios paulistas. Estudos Econômicos. Instituto de Pesquisas Econômicas, v. 38, p. 397-417, 2008.

MATSUNAGA, M., BEMELMANS, P.F., TOLEDO, P.E.N. 1976. Metodologia de custo de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São Paulo, 23(1): 123-139

MCLAUGHLIN, C. P.; COFFEY, S.. Measuring productivity in services. International Journal of Service Industry Management. v. 1, n. 1, p. 46-64, 1990.

MELO A. D. S.; REIS, R. P. Tanques de expansão e resfriamento de leite como alternativa de desenvolvimento regional para produtores familiares Organizações Rurais & Agroindustriais, 2007/vol. 9, número 001 Universidade Federal de Lavras. Lavras, Brasil (2007)

MILLER, R.L. Microeconomia: teoria, questões e aplicação. São Paulo: McGraw-Hill, 1981.

NIEDERAUER, C. A. P. Ethos: Um modelo para medir a produtividade de pesquisadores baseado na análise por envoltória de dados. Florianópolis, 2002. 159p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.

NOGUEIRA NETTO, V.; GOMES, A.T. Políticas para o agronegócio do leite (2005). Disponível em www.agencia.cnptia.embrapa.br/agencia8/AG0131217200392358.html Acesso em 22 out.2009

NORMAN, M.; STOCKER, B. Data envelopment analysis the assessment of performance. Chichester, England: John Wiley & Sons, 1991.

OHLMÉR, B.; OLSON, K.; BREHMER, B. Understanding farmers’ decision making processes and improving managerial assistance. Agricultural Economics, v. 18, n. 3, p. 273-290, 1998.

OLIVEIRA, L.M. A informação como instrumento para tomada de decisão do agricultor de Giruá no Estado do Rio Grande do Sul – Brasil. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios. Programa de Pós-Graduação em Agronegócios-Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2007.p. 114

OLIVEIRA, T. B. A.; FIGUEIREDO, R. S.; OLIVEIRA, M. W. Índices técnicos e rentabilidade da pecuária leiteira. Sci. Agric. , Piracicaba, v.58, n. 4, 2001.

ONUSIC, L. M.; CASA NOVA, S. P. C.; ALMEIDA, F. C. Modelos de previsão de insolvência utilizando a análise por envoltória de dados: aplicação a empresas brasileiras. Rev. Administração contemporânea [online]. 2007, vol.11, n.spe2, pp. 77-97. ISSN 1982-7849

PAES-DE-SOUZA, M. Governança no Agronegócio - Enfoque na Cadeia Produtiva do Leite. 1. ed. Porto Velho: Edufro, 2007. v. 200. 180 p

PAIVA, F. C. Eficiência produtiva de programas de ensino de pós-graduação em engenharias: uma aplicação do método Análise Envoltória de Dados – DEA. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC. 2000.

PENA, C. R. Um modelo de avaliação da eficiência da administração pública através do método análise envoltória de dados (DEA). Rev. adm. contemp. [online]. 2008, vol.12, n.1, pp. 83-106.

PINDYCK, R. S., RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Makron Books, 1994.

POCHIO, L.A.; ALMEIDA, A.N.; GIMENES, R.M. Fatores socioeconômicos que interferem na produção de leite nos cinco maiores produtores do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 42. 2004, Cuiabá. Anais... Brasília: SOBER, 2004. 1 CD-ROM

PONCHIO, L. A.; SPOLADOR, H. F. S. Exportação de lácteos, uma solução para os produtores ou um problema para os consumidores? Boletim do Leite, v. 11, n. 132, abr. 2005.

PONCHIO, L. A.; SPOLADOR, H. F. S.. Setor lácteo: de importador a exportador competitivo. Boletim do Leite, v. 12, n. 141, mar. 2006.

PUDELL, V. Analise da gestão da pequena propriedade rural: O caso dos produtores de leite da região da grande Santa Rosa-RS. 99 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)-Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006.

RAIOL, L. C. B.; SANTOS, M. A. S.; REBELLO, F. K. Fontes de crescimento da pecuária leiteira no Nordeste Paraense no período de 1990 a 2007. In: XLVII Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2009, Porto Alegre - RS. Desenvolvimento Rural e Sistemas Agroalimentares: os agronegócios no contexto de integração das nações. Porto Alegre: SOBER, 2009. p. 1-20

REIS, R. P.; MEDEIROS, A. L.; MONTEIRO, L. A. Custos de produção da atividade leiteira na região sul de Minas Gerais. Organizações Rurais e Agroindustriais, Lavras, v. 3, n. 2, jul./dez. 2001.

REVISTA BALDE BRANCO. Novas bacias leiteiras. São Paulo, 2002. p.54-60

RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. 334p.

ROBERTS, D.B. Eficiência da Pequena produção de leite no estado de Rondônia, Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação do Departamento de Economia Rural. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2003.p. 94

ROBERTS, D.B.; GOMES, A.P. Eficiência da pequena produção de leite no estado de Rondônia In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL 42., 2004, Cuiabá. Anais... Brasília: SOBER, 2004. 1 CD-ROM

RODRIGUES, M. H. S.; PAES-DE-SOUZA, M; MULLER, C. A. S.. Eficiência na Produção de Leite das Pequenas Propriedades do Município de Jaru - RO. In: XLI SBPO - Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, 2009, Porto Seguro. XLI SBPO - Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, 2009.

ROMEIRO, V. M. B. Gestão da pequena unidade de produção familiar de citros: uma análise dos fatores influentes no sucesso do empreendimento do ponto de vista do produtor de Bebedouro (SP). 2002. 241 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade de São Paulo, São Carlos.

ROUSSEAU, R.R. Distance Functions in Consumer and Producer Theory. Kluwer Academic Publisher, Boston/London/Dordrecht, 1998.

SALOMON, V. A. P. Desempenho da modelagem do auxílio à decisão por múltiplos critérios na análise do planejamento e controle da produção, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.p.122

SANTOS, J.A.; VIEIRA, W.C.; BAPTISTA, A.J.M.S. Eficiência técnica na produção de leite em pequenas propriedades da microrregião de Viçosa-MG. Revista de Economia e Agronegócio, v. 2, n. 2, p. 261-290, 2004.

SANTOS, M. V.; RENNÓ, F. P; SILVA, L. F. P.; FONSECA, L. F. L. Cadeia produtiva da bovinocultura leiteira no Brasil. Revista Conselho Federal de Medicina Veterinária, Brasília/DF, Ano XIV, n. 44, p.9-15, Mai/Jun/Jul/Ago. 2008.

SEDAM (Porto Velho-RO). Zoneamento Agrícola 2008. Disponível: site IBGE (2009). URL: http://www.sedam.ro.gov.br/zoneamento/acervo_tecnico_zoneamento.html. Consultado em setembro de 2009

SILVA, E.S., BERBEL, J., ARZUBI, A. Análisis no paramétrico de eficiência em lãs explotaciones lecheras de Lãs Azores a partir de datos RICA-A. In: IV CONGRESO DE LA ASOCIACIÓN ESPAÑOLA DE ECONOMÍA AGRARIA, 2001, Pamplona. Economía agraria y recursos naturales: nuevos enfoques y perspectivas. Madrid: AEEA, 2001. 17 p.

SILVA, F.D.V Determinação da Eficiência Técnica e da rentabilidade econômica dos produtores de leite do Ceará: Uma aplicação de fronteiras estocásticas de produção. Dissertação (mestrado), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2007.

SILVA, J.L.M.; SAMPAIO, Y.S.B. A eficiência técnica dos colonos nos perímetros irrigados em Petrolina, Juazeiro: uma análise de modelos de fronteiras de produção. Revista Econômica do Nordeste, v. 33, n. 2, p. 159-179, 2002.

SILVA; E. A.; OLIVEIRA. J. F.; PRADO; J. Gestão de Negócios, São Paulo. Saraiva (2005). . 310 p.

SLACK, Nigel, et. al. Administração da produção. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SOARES, J. P. G.; TOWNSEND, C. R. ; DIAS, J. ; OLIVEIRA, A. D. Transição agroecológica em unidades de produção familiar com atividade leiteira na Amazônia Ocidental. Soropédica, RJ: Embrapa Agrobiologia, 2008 (Comunicado Técnico, 111).

SOUSA JÚNIOR, J.P.; KHAN, A.S.; LIMA, P.V.P.S.; MADRID, R.M.M. Produção de camarão marinho em cativeiro: uma análise de eficiência técnica, alocativa, de custos. Revista de Economia Aplicada, v. 9, n. 2, p. 205-224, 2005.

SURCO, D. F. Avaliação da eficiência técnica baseada em DEA. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Paraná: 2004.

STEFFANELLO, M. ; MACEDO, M. A. S. ; ALYRIO, R. D. . Eficiência Produtiva de Unidades Agropecuárias: uma aplicação do método não-paramétrico Análise Envoltória de Dados (DEA). Organizações Rurais e Agroindustriais (UFLA), v. 11, p. 40-56, 2009

TUPY, O. ; YAMAGUCHI, L.C.T. Data envelopment analysis aplicada à produção de leite. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 40. Brasília, SOBER. Anais... v.1, Passo Fundo-RS, 2002 (CD-ROM).

TUPY, O.; ALVES, E. R. de A.; ESTEVES, S. N.; SCHIFFLER, E. A. Método para controle e análise de custo de produção de leite. São Carlos: EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE, 2000. 35p. (Circular Técnica, 26)

TUPY, O.; ESTEVES, S.N.; VIEIRA, M.C. Eficiência produtiva de cooperativas de laticínios do estado de São Paulo. Informações Econômicas, v. 33, n. 7, p. 38-46, 2003a

TUPY, O.; FREITAS, A. R. de; ESTEVES, S. N.; SCHIFFER, E. A.; VIEIRA, M. C. Eficiência econômica na produção de leite tipo B no estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 33, n. 2, fev. 2003b.

TUPY, O.; YAMAGUCHI, L. C. T. Identificando benchmarks de leite. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 40, n. 1, p. 81-96, 2002.

VASCONCELLOS, V. A.; CANEN, A. G.; LINS, M. P. E. Identificando as melhores práticas operacionais através da associação Benchmarking-Dea: o caso das refinarias de petróleo. Pesquisa Operacional. [online]. 2006, vol.26, n.1, pp. 51-67. ISSN 0101-7438.

VERGARA, S. C. Projeto e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1998.

YAMAGUCHI, L. C. T.; MARTINS, P. C.; CARNEIRO, A. V.; MACHADO, A. D. C. Custo de produção do leite: abrindo a caixa preta. Curvelo: Cooperativa Agropecuária de Curvelo. EMBRAPA/CNPGL, 2002. 72p.

YAMAGUCHI, L. C. T.; MARTINS, P. C; CARNEIRO, A. V. Produção de leite no Brasil nas três últimas décadas. In: GOMES, A. T.; LEITE, J. L. B.; CARNEIRO, A. V. O agronegócio do leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. p. 33-48.

ZHU, J. Multi-factor performance measure model with application to Fortune 500 Companies. European Journal of Operational Research, n. 123, p.105-124, 2000.

ZOCCAL, R.; CARNEIRO, A. V. Conjuntura atual do leite brasileiro. Balde Branco, São Paulo, p. 94 - 95, out.,2008.

Apêndice A – Questionário quanti-qualitativo

Nº __________Nome do entrevistador: _______________________________________________Coordenador de campo: _______________________________________________Data ____/____/____

DIAGNÓSTICO DA PRODUÇÃO DE LEITE DE RONDÔNIA- QUESTIONÁRIO QUANTI-QUALITATIVO

(CONFIDENCIAL)Nome do produtor:___________________________________________________Município____________________ Propriedade___________________________Linha: _________ Lote:_____________ Km__________ Gleba____________ Referência local:_____________________________________________Tamanho da Propriedade (ha) _______ Tempo na propriedade (anos)__________Tempo que é produtor(a) de leite ________ anosDistância da propriedade a sede do município: ________ Km Telefone:______________________________ E-Mail: ______________________Residência do produtor: (Mais de 70% do tempo) ( ) Propriedade Rural ( ) CidadeEndereço Cidade:_____________________________ Associação:_____________Produção média do último ano: - nas águas ______L/dia – nº meses:_______

- na seca ______L/dia – nº meses:_______- Média ano ______L/dia

1. PERFIL DO PRODUTOR(A) E DE SUA FAMÍLIA

1.1 Local e Data de nascimento ____________________________________________

1.2 Origem do produtor(a) (marque com X)( ) próprio Município( ) outro Município da Região. Especificar: ______________________( ) outro Estado. Especificar: __________________________________

1.3 Escolaridade do produtor(a): ___________________________________________

1.4 Mão-de-obra familiar:

Especificação Homem Mulher

Nº de filhos até 13 anos

Nº de filhos acima de 13 anos

Nº de filhos trabalhando na propriedade

Nº de filhos trabalhando na cidade

1.5 Esposa executa algum trabalho na produção de leite? ( ) Sim ( ) NãoTipo de trabalho:_____________________________________________________

1.6 Opinião do produtor sobre a sucessão do trabalho com gado de leite em sua propriedade (herdeiros):( ) Filhos Continuarão com o gado de leite( ) Filhos trocarão de atividade rural( ) Filhos deixarão o meio rural( ) Vender a propriedade( ) Não tem filhos

1.7 Caso mude de atividade econômica, que tipo de exploração tem a sua preferência:1. _________________________ 2. _________________________

2. ADMINISTRAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL

2.1. Quem faz a administração da propriedade (marque só 1 alternativa)( ) Apenas o proprietário(a)( ) O proprietário e a família( ) Administrador contratado( ) Administrador e proprietário

2.2. Distribuição do tempo do proprietárioHoras/dia pecuária de leiteHoras/ dia outras atividades na propriedade Especificar:___________________Horas outras atividades Especificar:_________________________TOTAL

2.3. Mão-de-obra permanente contratada na propriedade ( ) Sim ( ) Não Quant. Tem carteira assinada

Quant. Tem contrato de trabalho Quant. Informal (recibado ou verbal) Quant. Destinado para gado de leite

2.3.1. Mão-de-obra ocupada no último ano

Especificação Manejo do Rebanho UnidadeQuantidade

no anoPreço Unitário

(R$ 1,00)Familiar – homem d.h

Familiar – mulher d.m

Familiar – menor d.c

Não familiar – homem d.h

Não Familiar – mulher d.m

Não Familiar – menor d.c

2.4. No último ano, o empregado que trabalha na propriedade participou de algum treinamento? ( )Sim, Qual?_____________________ ( )Não ( ) Não tem Empregado

2.5. Realiza controles: ( ) Sim ( ) NãoSe sim, de que forma: ( ) Manual ( ) MicrocomputadorTipo de controles:Data de cobertura ( ) Sim ( ) NãoData de nascimento de bezerro ( ) Sim ( ) NãoControle leiteiro ( ) Sim ( ) NãoAnotações de despesas e receitas com o gado de leite ( ) Sim ( ) NãoOutras atividades controladas: _________________________________________

2.6.Estabelece metas para a propriedade? ( ) Sim ( ) NãoSe sim, qual é o tipo de meta:Produção de Leite ( ) Sim ( ) NãoOutras Produções ( ) Sim ( ) NãoProdutividade ( ) Sim ( ) NãoReceitas ( ) Sim ( ) NãoDespesas ( ) Sim ( ) Não3. INVENTÁRIO DA PROPRIEDADE3.1. Uso da terra

Especificação Área (ha)Custo de

Formação(R$/ha)

Vida Útil(Anos)

Pastagem natural

Pastagem formada: Braquiária

Pastagem formada:

Pastagem formada:

Cana-de-açúcar para o gado

Capineira

Silagem

Outros usos para gado de leite

ÁREA TOTAL PARA O GADO DE LEITEOutros usos (Especificar)- Consumo Próprio (casa, horta, suínos)- Culturas Perenes- Culturas Temporárias- Criações

ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE

Preço médio da terra nua: ___________ R$/haÁrea arrendada de outros para pecuária: ___________ haValor de arrendamento na região: ___________ R$/ha/mês

3.2. Despesas com a propriedade

Especificação Área (ha) Despesas /há (R$/ano)

Manutenção de forrageiras – não anuaisPastagem natural

Pastagem formada: Braquiária

Pastagem formada:

Pastagem formada:

Cana-de-açúcar para o gado

Capineira

Outras Despesas (Especificar)

3.3. Benfeitorias utilizadas na propriedadeEspecificação Valor Atual(R$) Valor Novo(R$) Vida Útil (Anos)

Gado de LeiteCurralSala de ordenhaEstábuloCoberta para manejoTroncoSiloBezerreiroSala de máquinas/BarracãoCercas perimetraisCercas internasCoxoOutros Outros Usos (Especificar)

TOTAL

3.4. Máquinas e equipamentos utilizados na propriedade

Especificação Valor Atual (R$) Valor Novo (R$)Vida Útil (Anos)

Gado de leitePicadeira de forragemPulverizadorResfriador de leiteBotijão de sêmenCarroçaOrdenhadeira mecânicaEnsilhadeiraTratorAradoGradeBalançaUtensílios (balde, latões, seringa)Motocicleta: NºOutros 1Outros 2Outros Usos (Especificar)TOTAL

4. RECEITAS E DESPESAS DA PROPRIEDADE

4.1. Renda bruta do último ano

Especificação UnidadeQuantidade

Do ano

PreçoUnitário – R$

Leite Produzido Litro ÁguasVendido Litro Seca:

Queijo Produzido Quilo Águas:Vendido Quilo Seca:

Outros Lácteos - Produzido Quilo Águas:Especificar Vendido Quilo Seca:

Animais 1Vendido Cabeça

Bovino CabeçaAnimais 2 Vendido Cabeça

CabeçaAnimais 3 Vendido Cabeça

CabeçaOutras rendas do último ano (Especificar)- Serviço Prestado- Aposentadoria- Bolsas do Gov Federal

R$

4.2. Despesas com medicamentos

Especificação Unidade Quantidade Preço UnitárioVermífugos L

Carrapaticida L

Bernicida L

Vacinas - aftosa dose - brucelose dose - carbúnculo dose - paratifo dose - raiva dose - outras vacinas dose Antitóxicos ml Antibióticos ml Complexo vitamínico ml Deficiência de cálcio ml Mata bicheira ml Modificador orgânico ml Outros

4.3. Despesas com energia e combustívelEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Óleo diesel L Óleo lubrificante L Gasolina L Graxa KG Energia elétrica KWA Outros (Especificar) R$

4.4. Despesas com impostos e taxasEspecificação Unidade Quantidade de

BenefíciosPreço Unitário

(R$ 1,00)FUNRURAL R$ Contribuições a associações R$ ITR R$ IPVA R$ Taxa de seguros R$ Contador R$ Assistência técnica R$ Outros (Especificar) R$

4.5. Despesas com reparos de benfeitorias e máquinasEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

Reparos de benfeitorias R$

Reparos de máquinas R$

4.6. Outras despesas de custeio, no último anoEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário – R$

5. INFORMAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL5.1. Número de vezes que o técnico visitou sua propriedade para orientá-lo sobre GADO DE LEITE, no último ano (marque apenas 1 alternativa da Ass. pública e 1 da Ass. privada)

Assistência Pública Assistência Privada( ) ( ) não foi visitado no último ano ( ) ( ) de 1 a 2 visitas no ano ( ) ( ) de 3 a 6 visitas no ano ( ) ( ) mais de 6 visitas no ano

5.2. Número de vezes que o técnico visitou sua propriedade para orientá-lo sobre OUTRAS ATIVIDADES, no último ano (marque apenas 1 alternativa da Ass. pública e 1 da Ass. privada).

Assistência Pública Assistência Privada( ) ( ) não foi visitado no último ano ( ) ( ) de 1 a 2 visitas no ano ( ) ( ) de 3 a 6 visitas no ano ( ) ( ) mais de 6 visitas no ano

5.3. Informação que o produtor tem mais carência. (Marque 1, 2 e 3, sendo zero sem carência, 1 a de MENOR e 3 a de MAIOR carência):

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Planejamento da empresa rural0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Cálculo do custo de produção0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Comercialização0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Alimentação do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Sanidade do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Manejo do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Melhoramento genético

5.4. Informação sobre a produção de leite, que mais recebe. (Marque 0, 1, 2 e 3, sendo 0 a que NÃO recebe, 1 a que MENOS recebe e 3 a que MAIS recebe):

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) alimentação do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) sanidade do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) manejo do rebanho0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) melhoramento genético0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) gerenciamento da produção0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) produção de leite e meio ambiente

5.5. Três principais fontes de informações (marque APENAS TRÊS alternativas).( ) Vizinho( ) técnico do laticínio( ) técnico da EMATER-RO( ) leitura de jornais agropecuários( ) leitura de revistas agropecuárias( ) programas de TV( ) treinamento (curso, palestra). Especificar:___________________________

5.6. Freqüência que utiliza as seguintes fontes de informações a sua atividade rural (pode ser mais de uma alternativa)

NÃO utiliza SIM, nº de vezes/mêsJornais agropecuáriosRevistas agropecuáriasPrograma de rádioGlobo Rural (TV)Outros programas de TVInternet

5.7. Qual seu julgamento sobre a qualidade das informações que recebe (marque apenas uma alternativa).( ) Muito boas( ) Boas( ) Regular( ) Ruim( ) Péssimas

5.8. Já ouviu falar em SENAR? ( ) Sim ( ) NãoParticipou de algum treinamento promovido pelo SENAR, no último ano?( ) Sim ( ) Não

5.9. Já ouviu falar em SEBRAE? ( ) Sim ( ) NãoParticipou de algum treinamento promovido pelo SEBRAE, no último ano?( ) Sim ( ) Não

6. CONHECIMENTO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE

As informações apresentadas, a seguir, algumas são verdadeiras e outras são falsas. Marque com um ( X ) a sua escolha:Não Sabe

Verdade Falsa Questões

O corte da capineira deve ser sempre baixo, rente ao soloMuito sal provoca aborto das vacasOs carrapatos devem ser completamente erradicados dos animaisNão se deve dar cana com uréia para vacas em gestaçãoPasto, em solo de elevada fertilidade, reduz o consumo de sais mineraisMamite pode ser transmitida pela mão do ordenhadorA vacina contra brucelose deve ser aplicada em todo o rebanhoO sal mineral, deve ser fornecido aos animais apenas na época da secaA filha de uma vaca ½ holandês-zebu com um touro puro holandês é 5/8 holandês-zebu?A mistura de cana com uréia é feita assim: Para 100 kg de cana mistura 10 kg de uréia

7. FATORES QUE INFLUÊNCIAM A PRODUÇÃO DE LEITE

7.1. Alimentação do rebanho7.1.1. Adota rotação de pastagem para vacas em lactação? ( ) Sim ( ) Não_______ número médio de dias de pastejo _______ número médio de dias de descanso7.1.2. Freqüência de uso do concentrado para vacas em lactação( ) Ano todo ( ) Período da seca ( ) Não usa

7.1.2.1 Despesas, com concentrado GadoEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Concentrado comercial Gado Kg Fubá de milho KgFarelos (trigo, arroz, soja, algodão, sorgo) KgUréia KgMelaço KgOutrosOutros

7.1.3. Quando usa concentrado ele é distribuído de acordo com a produção da vaca: ( ) Sim ( ) Não

7.1.4. Suplementação volumosa no período seco:Cana-de-açúcar ( ) Não ( ) Sim __________ dias/anoCapineira ( ) Não ( ) Sim __________ dias/anoSilagem ( ) Não ( ) Sim __________ dias/ano

7.1.4.1 Despesas com silagemEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Despesa de Mão-de-obra d.h. Despesa Silagem: Adubo, calcário, herbicida, inseticida, fungicida.

kg

Despesa Ensilagem: Lona, serviços mecânicos, aditivo

7.1.4.2. Despesas com mineraisEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Sal comum KgConcentrado mineral KgSal mineral KgMistura preparada na fazenda KgOutros Kg

7.2. Manejo do rebanho

7.2.1. Número de ordenhas ( ) uma ( ) duas

7.2.2. Tipo de ordenha ( ) manual ( ) mecânica

7.2.2.1. Despesas com material de ordenhaEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

Material de ordenha R$ Material de limpeza de desinfecção R$ Higienização ordenhadeira/tanque R$ Outros R$

7.2.3. Qual a Matriz Racial?__________

7.2.3.1. Composição racial (quantidade de animais)

Especificação ReprodutorVacas

(lact.+ falhada)De ½ a ¾ HZ - AzebuadoDe 3/4 HZ a puro holandêsOutras Raças Européias

Outras Raças indianas

Sem padrão definidoTOTAL

7.2.3.2. Rebanho

EspecificaçãoQuantidade(Cabeças)

Valor Unitário(R$/Cab)

BovinoReprodutorVaca em lactaçãoVaca falhada (seca)Novilha em reproduçãoNovilha em recriaBezerra em aleitamentoBezerro em aleitamentoMacho em recriaMacho em engordaRufiãoSUBTOTALEqüinos e muaresOutros (Especificar)

SUBTOTALTOTAL

7.2.3.3. Qual é o sistema de reprodução?( ) inseminação artificial( ) natural controlada( ) natural não controlada

7.2.3.4. Despesas com inseminação artificialEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Sêmen DOSE

Nitrogênio líquido L

Luvas ud

Pipetas ud

Bainhas ud

Inseminador contratado R$

Outros (Especificar) R$

7.2.3.5. Despesas com hormôniosEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

Hormônios (Ciosin, profertil, ocitocina, somatotropina, GNRH, estrógeno

R$

Outros

7.2.4. Tipo de aleitamento: ( ) artificial ( ) natural

7.2.4.1. Despesas com aleitamento artificialEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$ 1,00)Leite L

Sucedâneo do leite Kg

Outros (Especificar)

Outros (Especificar)

7.2.5. Critério para primeira cobertura:idade das novilhaspeso das novilhasnão tem critério definido

7.2.6. Idade média das novilhas no primeiro parto: _______ meses

8. INDICADORES DE MERCADO

8.1. Distribuição da produção de leite no último anoLitro/mês vendida para laticínio (leite fluído)Litro/mês vendida diretamente para consumidor (leite fluído)Litro/mês vendida na forma de derivados (queijos, requeijão etc...)TOTAL

8.2. Quanto ao sistema de pagamento do leite diferenciado, em leite-cota e leite-excesso( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece 8.2.1. Se concorda, por quê? (Marque de 1 a 5 em ordem de importância, sendo 1 menor importância e 5 maior importância)1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) favorece o produtor especializado1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) estimula a modernização da pecuária1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) estabiliza a renda do produtor1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) paga mais quando o custo é maior1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) aumenta a renda do produtor

8.2.2. Se não concorda, por quê? (Marque de 1 a 3 em ordem de importância, sendo 1 de menor importância e 3 de maior importância)1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) prejudica o pequeno produtor

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) só favorece a indústria1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) reduz a renda do produtor

8.3. Quanto ao sistema de preço-base do leite, mais bonificação por VOLUME( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece

8.4. Quanto ao sistema de preço-base do leite, mais bonificação por QUALIDADE( ) concorda ( ) não concorda ( ) desconhece

9. A - PRONAF9.1. Você possui financiamento do PRONAF? ( ) Sim ( )Não9.2. Se SIM, qual?__________________ Valor?__________________

9. B - QUALIDADE DO LEITE

9.1. Possui tanque:( ) Tanque da Associação na minha propriedade( ) Tanque da Ass. em outra propriedade. Local e Distância:______________________( ) Tanque Particular( ) Ainda não tenho tanque

9.2. Freqüência de entrega do leite ao tanque ao diaUma vez ( ) na seca ( ) nas águas ( ) ano todoDuas vezes ( ) na seca ( ) nas águas ( ) ano todo

9.2.1 Quais os Laticínio que entrega o leite

Nome do LaticínioDistância entre a Propriedade e o Laticínio

9.3. Tempo gasto entre o final da ordenha e o leite chegar ao tanque( ) até 1 hora( ) de 1 a 2 horas( ) de 2 a 3 horas( ) de 3 a 4 horas( ) mais de 4 horas

9.4. O leite é enviado ao laticínio:( ) todos os dias( ) de 2 em 2 dias( ) mais de 2 dias

9.4.1. Despesas com transporte do leite pago pelo produtorEspecificação Unidade Quantidade Preço Unitário

Frete Litros

Outro

9.5. Como era feito o resfriamento do leite na propriedade rural:( ) tanque de expansão. Onde:____________________________( ) tanque de imersão. Onde:____________________________( ) resfriado no riacho( ) não era resfriado

9.6. A propriedade possui energia elétrica que permite a instalação do tanque de expansão? ( ) Sim ( ) Não

9.7. A estrada que dá acesso a propriedade permite a passagem do caminhão com o tanque de leite? ( ) ano todo ( ) parte do ano ( ) não permite

9.8. Usa caneca telada ou de fundo preto para identificar mamite? ( ) Sim ( ) Não

9.9. Antes da colocação do leite no tanque é feito o teste de qualidade?( ) Sim ( ) Não

10. AVALIAÇÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE

10.1. Por que produz leite? (Marque as razões por ordem de importância, sendo 1 a de MAIOR importância e 3 de MENOR importância).1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) É um negócio lucrativo1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tem renda mensal1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Combina com outras explorações da propriedade1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tem mercado garantido1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Não sabe fazer outra coisa1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Emprega a família1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Gosta da atividade

10.2. Para os próximos anos, o que pretende com a produção de leite? (Apenas 1 alternativa)( ) continuar como está( ) melhorar a tecnologia e aumentar a produção( ) reduzir a produção( ) abandonar a atividade

10.3. Excluindo o preço do leite, que normalmente é citado como um fator que dificulta o desenvolvimento da produção, cite os dois principais problemas que influenciam na sua produção de leite:1:_________________________________________________________________ 2:_________________________________________________________________

11. ASSOCIAÇÃO E COOPERAÇÃO

11.1 Pertence a alguma Associação/Cooperativa ou Grupo? ( )Sim ( ) Não

11.2 Nome da Organização: __________________________________________________________________

11.3 Como avalia a atuação? ( ) Ativa ( ) Parcialmente Ativa ( )Inativa

11.4 Como você avalia a contribuição em relação as atividade abaixo relacionadas. (Marque de 0 a 3, sendo zero nulo, 1 de BAIXA importância e 3 de ALTA importância) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Tipo de Contribuição.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Disponibilizarão de informações sobre matérias-primas,

equipamentos, assistência técnica, consultoria, etc.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Identificação de fontes e formas de financiamentos.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Promoção de ações cooperativas.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Apresentação de reivindicações comuns.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Criação de fóruns e ambientes para discussão.1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Organização de eventos técnicos e comerciais .

11.5 Como você avalia as atividades desenvolvidas pela organização:( ) Ruim( ) Regular( ) Boa( ) Ótima

11.6 Qual Motivo:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Apêndice B - Ordenamento dos produtores de leite de acordo grau de eficiência

Rolim de Moura 77 4 1 Ordenamento das DMUs (Retorno Crescente em Escala-CCR)

ORDEM DMU SCORE1 DMU46 1.000001 DMU21 1.000001 DMU7 1.000001 DMU70 1.000001 DMU75 1.000001 DMU29 1.000001 DMU39 1.000001 DMU63 1.000002 DMU40 0.969233 DMU57 0.966844 DMU74 0.959715 DMU2 0.952816 DMU35 0.912057 DMU56 0.890828 DMU42 0.862509 DMU52 0.8435910 DMU48 0.8434311 DMU47 0.8300512 DMU5 0.8275813 DMU62 0.7699014 DMU25 0.7649815 DMU65 0.7335516 DMU24 0.7284017 DMU71 0.7262318 DMU26 0.7246319 DMU69 0.6866020 DMU18 0.6732121 DMU68 0.6461522 DMU31 0.6349223 DMU44 0.6322624 DMU38 0.6219225 DMU9 0.6215126 DMU77 0.6212227 DMU60 0.6161028 DMU13 0.6112829 DMU16 0.6081630 DMU23 0.5647431 DMU30 0.5527632 DMU27 0.53036

CONT. Anexo B

Rolim de Moura 77 4 1 Ordenamento das DMUs(Retorno Variaveis a Escala-BCC)

ORDEM DMU SCORE1 DMU46 1.000001 DMU75 1.000001 DMU7 1.000001 DMU21 1.000001 DMU74 1.000001 DMU57 1.000001 DMU39 1.000001 DMU70 1.000001 DMU29 1.000001 DMU38 1.000001 DMU63 1.000001 DMU40 1.000001 DMU43 1.000001 DMU69 1.000001 DMU2 1.000002 DMU55 0.975913 DMU47 0.975054 DMU35 0.945635 DMU56 0.924716 DMU53 0.918287 DMU52 0.901788 DMU10 0.885959 DMU68 0.8788510 DMU5 0.8710711 DMU17 0.8631112 DMU42 0.8628813 DMU48 0.8489314 DMU71 0.8312715 DMU25 0.8259116 DMU62 0.7720917 DMU4 0.7656218 DMU11 0.7493419 DMU24 0.7451920 DMU65 0.7341421 DMU26 0.7262922 DMU16 0.6888323 DMU18 0.6824224 DMU13 0.6744125 DMU27 0.6728626 DMU34 0.66078

33 DMU59 0.5043234 DMU55 0.5010335 DMU41 0.5005036 DMU64 0.4941337 DMU3 0.4874738 DMU53 0.4863639 DMU4 0.4832340 DMU43 0.4786341 DMU51 0.4736042 DMU11 0.4625043 DMU34 0.4598944 DMU76 0.4473445 DMU45 0.4118346 DMU32 0.4102547 DMU66 0.4084348 DMU50 0.4076049 DMU49 0.3681950 DMU54 0.3443851 DMU72 0.3254152 DMU1 0.3245753 DMU37 0.3153254 DMU19 0.3143855 DMU10 0.3039056 DMU61 0.2838657 DMU33 0.2754158 DMU6 0.2657259 DMU12 0.2604560 DMU8 0.2599461 DMU17 0.2450962 DMU14 0.2282063 DMU28 0.2272264 DMU22 0.2183865 DMU36 0.2136366 DMU20 0.2027867 DMU73 0.1985268 DMU67 0.1965969 DMU58 0.1929870 DMU15 0.17732

27 DMU60 0.6580628 DMU9 0.6560229 DMU31 0.6355730 DMU44 0.6328831 DMU77 0.6314932 DMU76 0.6118833 DMU41 0.6028834 DMU23 0.5858135 DMU64 0.5723836 DMU30 0.5565337 DMU59 0.5046638 DMU3 0.4976639 DMU51 0.4929540 DMU66 0.4398741 DMU45 0.4287542 DMU73 0.4262243 DMU32 0.4252344 DMU50 0.4145845 DMU33 0.4013346 DMU49 0.3966647 DMU54 0.3935648 DMU19 0.3605849 DMU61 0.3554650 DMU1 0.3533951 DMU72 0.3269552 DMU37 0.3265553 DMU22 0.3220454 DMU8 0.3110955 DMU14 0.3072856 DMU58 0.2816657 DMU6 0.2804258 DMU20 0.2753659 DMU12 0.2642860 DMU36 0.2295961 DMU28 0.2278262 DMU15 0.2176663 DMU67 0.19929

Fonte: Dados da pesquisa processados pelo software DEA-SAED