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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA INSTITUTO DE GENTICA E BIOQUMICA

    PS-GRADUAO EM GENTICA E BIOQUMICA

    Avaliao de derivados sintticos da testosterona pelo teste de mutao e recombinao somtica (SMART) em

    Drosophila melanogaster

    Aluno: Bruno Lassmar Bueno Valadares

    Orientador: Prof. Dr. Mrio Antnio Span

    Uberlndia MG 2007

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA INSTITUTO DE GENTICA E BIOQUMICA

    PS-GRADUAO EM GENTICA E BIOQUMICA

    Avaliao de derivados sintticos da testosterona pelo teste de mutao e recombinao somtica (SMART) em

    Drosophila melanogaster

    Aluno: Bruno Lassmar Bueno Valadares

    Orientador: Prof. Dr. Mrio Antnio Span

    Tese apresentada Universidade Federal de Uberlndia, como parte dos requisitos para obteno do Ttulo de Doutor em Gentica e Bioqumica (rea: Gentica).

    Uberlndia MG 2007

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    V136a

    Valadares, Bruno Lassmar Bueno, 1977-

    Avaliao de derivados sintticos da testosterona pelo teste de muta-

    o e recombinao somtica (SMART) em Drosophila melanogaster /

    Bruno Lassmar Bueno Valadares. - 2007.

    113 f. : il.

    Orientador: Mrio Antnio Span.

    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Uberlndia, Programa de

    Ps-Graduao em Gentica e Bioqumica.

    Inclui bibliografia.

    1. Mutagnese - Teses. I. Span, Mrio Antnio. II. Universidade

    Federal de Uberlndia. Programa de Ps-Graduao em Gentica e

    Bioqumica. II. Ttulo.

    CDU: 575.224.4

    Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogao e Classificao

    Palavras chave: Teste de Mutao e Recombinao Somtica (SMART); esterides

    andrognicos anablicos; derivados sintticos de testosterona; Deca Durabolin;

    Durateston; Hemogenin; Winstrol Depot; citocromo P450; Uretano.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA INSTITUTO DE GENTICA E BIOQUMICA

    PS-GRADUAO EM GENTICA E BIOQUMICA

    Avaliao de derivados sintticos da testosterona pelo teste de mutao e recombinao somtica (SMART) em

    Drosophila melanogaster

    Aluno: Bruno Lassmar Bueno Valadares

    COMISSO EXAMINADORA

    Presidente: Prof. Dr. Mrio Antnio Span (Orientador)

    Examinadores: Prof. Dr. Lusnia Maria Greggi Antunes

    Prof. Dr. Sandra Morelli

    Prof. Dr. Edson Jos Fragiorge

    Prof. Dr. Francis de Morais Franco Nunes

    Data da Defesa: 23 de outubro de 2007

    As sugestes da Comisso Examinadora e as Normas da PGGB para o formato da Tese foram contempladas

    ______________________________ Prof. Dr. Mrio Antnio Span

    Orientador

  • 5

    Aos meus pais, Geraldo Antnio Valadares e Emilia Maria Lassmar Bueno Valadares, dedico este trabalho e

    meu empenho em concluir mais esta etapa.

  • 6

    Agradecimentos

    Ao Prof. Dr. Mrio Antnio Span, pelos ensinamentos, conselhos, pacincia, compreenso, dedicao e ateno nesses mais de dez anos de orientao (desde maro de 1997, quando vim pedir meu primeiro estgio na graduao, a outubro 2007, quando encerro meu curso de doutorado); pelo exemplo de pessoa e profissional que pretendo seguir, e com quem espero manter os laos na carreira cientfica.

    Ao Prof. Dr. Ulrich Graf, do Physiology and Animal Husbandry, Institute of Animal Sciences, ETH Zrich, Switzerland, pelo fornecimento das linhagens de Drosophila melanogaster e material necessrio para a realizao do Teste de Mutao e Recombinao Somtica.

    Aos membros da Comisso Examinadora, Profa. Dra. Lusnia Maria Greggi Antunes, Prof. Dr. Edson Jos Fragiorge, Profa. Dra. Sandra Morelli e Prof. Dr. Francis de Morais Franco Nunes, pela disponibilidade e ateno para oferecer suas valiosas sugestes a este trabalho.

    Aos companheiros de trabalho do Laboratrio de Mutagnese: Prof. Dr. Edson Jos Fragiorge; Profa Dra Silma Maria Alves de Melo; Profa Dra Silmara de Moraes Pantaleo; Profa Dra Wanderlene Blanco Nunes; MSc. Denise Gonalves Pereira; MSc. Zaira da Rosa Guterres e Alexandre Azenha Alves de Rezende, pelo convvio, amizade e cooperao. Em especial MSc Neila Coelho de Sousa, pela importante colaborao em momentos decisivos para a concluso deste trabalho.

    Ao Sr. Paulo Roberto Moderno e Sr. Maria Aparecida Vilela, auxiliares tcnicos do Laboratrio de Mutagnese (INGEB-UFU), pela dedicao e colaborao na realizao dos nossos trabalhos, alm da amizade e grande carinho com todos do laboratrio.

    Prof Dra. Nora Ney Santos Barcelos, Prof MSc. Eleusa Gallo Rosenburg e ao Sr. Anselmo de Oliveira (Instituto de Biologia UFU), pela amizade, incentivo, exemplo profissional e humano.

    Aos coordenadores de cursos do Centro Universitrio de Caratinga (UNEC): MSc. Lamara Laguardia Valente Rocha (Cincias Biolgicas), MSc. Paulo Czar Tostes Jnior (Farmcia), MSc. Thelma Regina Alexandre Sales Ferreira (Nutrio), MSc. Marco Antnio Gomes (Psicologia) e MSc. Daniela Fonseca Genelhu (Medicina) pelo apoio e credibilidade.

    Ao Sr. Joo Batista de Andrade, gerente administrativo da Unidade II da UNEC, pela confiana e permisso de utilizao de equipamentos de microscopia, em momentos necessrios, fora das dependncias da UNEC e ao

  • 7

    tcnico, Sr. Jesus Ferreira de Sousa pela constante presteza no Centro de Estudos de Biologia (CEB UNEC), que muito colaboraram para a concluso da anlise do material deste trabalho.

    Aos colegas de trabalho, professores do Centro Universitrio de Caratinga, MSc. Claudinelli Galvo, MSc. Patrcia Silva Santos, MSc. Mrcio Luiz da Gama Lisboa, Dra Marciane Oliveira e Dr. Slvio Dolabella, pelo incentivo, amizade e apoio.

    Aos meus ex-alunos, Thiago Mafra Batista e Gleidson Teixeira, hoje mestrandos (UFOP e UNICAMP, respectivamente), pelo auxilio com material bibliogrfico on-line, pela considerao e amizade.

    Aos meus alunos e orientados do Centro Universitrio de Caratinga (UNEC), pelo especial carinho e incentivo.

    Aos personal-trainers Prof. Felipe Zago (Uberlndia) e Prof. Diego Andrade (Caratinga) pela amizade, incentivo, pacincia e importantes informaes sobre o objeto de estudo deste trabalho.

    Ao grande companheiro, Danilo Cunha Nascimento, pela compreenso e pacincia exercitadas nesse perodo e pelas incontveis vezes que colaborou de forma simples, mas com ajudas decisivas para que este trabalho acontecesse.

    Aos amigos: Rone Cardoso, Alessandra Cristina da Silveira, Hlica Macedo, Marley Garcia Silva, Daniel Maziero, Wilson Ru Jnior, Bruno Pueyo do Amaral, Fabiana Loureiro Pueyo do Amaral, Jupyracyara Jandira Carvalho Barros, Graziela Ribeiro de Oliveira e Paolla Barcelar Cardoso e minha prima, Anna Elisa Saad Campos, que estiveram presente e me acompanharam nessa trajetria, colaborando com grande incentivo.

    minha tia Therezinha Lassmar, que sempre me incentivou o gosto pelo estudo e acompanhou, de perto ou de longe, toda minha trajetria.

    Aos meus pais, Geraldo Antnio Valadares e Emlia Maria Lassmar Bueno Valadares, pelo empenho em me amparar em todos os momentos de dificuldades desse perodo, ao meu irmo, Victor Saad Bueno Valadares; aos meus avs, tios e primos, pelo grande apoio e incentivo, sem o qual no alcanaria meus objetivos.

    A todos que, de forma direta ou indireta, contriburam com a realizao deste trabalho e com minha formao.

    MMuuiittoo OObbrriiggaaddoo..

  • 8

    Apoio Financeiro

    Este trabalho foi realizado no Laboratrio de Mutagnese do Instituto de

    Gentica e Bioqumica da Universidade Federal de Uberlndia (Uberlndia-

    MG) com apoio financeiro das seguintes Agncias de Fomento e Instituies:

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES);

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq);

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG);

    Universidade Federal de Uberlndia (UFU);

    Centro Universitrio de Caratinga (UNEC).

  • 9

    Eu no vou me importar com a maldade de quem nada sabe

    E se algum interessa saber

    Sou bem feliz assim

    Muito mais do que quem j falou ou vai falar de mim.

    (Maysa)

  • 10

    Lista de Figuras

    Figura 1.1 Estrutura comum maioria dos esterides derivados sintticos da testosterona, com indicao das posies na molcula onde se encontram os tipos de variaes (A, B e C) das diferentes classes de esterides anabolizantes (adaptado de Mottram e George, 2000).

    15

    Figura 1.2 Estruturas qumicas dos esterides anablico-andrognicos (EAA) Estanozolol (Winstrol Depot WIN) (A); Oximetolona (Hemogenin HEM) (B); Decanoato de nandrolona (Deca Durabolin DEC) (C).

    18

    Figura 1.3 Estruturas qumicas dos esterides anablico-andrognicos (EAA) constituintes do Durateston (DUR): Propionato de testosterona (A); Fenilpropionato de testosterona (B); Isocaproato de testosterona (C); Decanoato de testosterona (D).

    19

    Figura 1.4 Representao esquemtica do cruzamento padro (ST): fmeas virgens da linhagem flr3 (+TM3,BdS/+flr3) so cruzadas com machos mwh (mwh + / mwh +), originando descendentes trans-heterozigotos marcados MH (+flr3/mwh+) e descendentes heterozigotos balanceados BH (+TM3,BdS/mwh+).

    29

    Figura 1.5 Pares de asas de D. melanogaster: A Asas com bordas lisas; caracterstica dos indivduos da linhagem mwh, herdada pelos descendentes trans-heterozigotos marcados (MH); B Asas com bordas recortadas (serate); caracterstica dos indivduos das linhagens flr3 e ORR; flr3, herdada pelos descendentes heterozigotos balanceados (BH).

    30

    Figura 1.6 Representao esquemtica de cromossomos de clulas dos discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em diviso mittica normal (adaptado de Graf et al., 1984).

    31

  • 11

    Figura 1.7 Representaes esquemticas de cromossomos de clulas dos discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em diviso mittica, com ocorrncia de deleo (A), e de mutao de ponto (B) levando formao de manchas mutantes simples do tipo mwh (adaptado de Graf et al., 1984).

    32

    Figura 1.8 Representaes esquemticas de cromossomos de clulas dos discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em diviso mittica, com ocorrncia de recombinao entre os loci flr3 e mwh (A), com formao de mancha simples; e recombinao entre o centrmero e o locus flr3 (B), com a conseqente formao de mancha gmea (adaptado de Graf et al., 1984).

    33

    Figura 1.9 Fotografias de plos de asa de D. melanogaster, ao microscpio ptico de luz (aumento de 400x), mostrando: A - mancha simples (contornada pela linha) com plos mltiplos (mwh) e B - mancha gmea (contornada pela linha) com plos em forma de chama (flr3), indicados pela seta branca; e plos mltiplos (mwh), indicados pela seta preta.

    34

    Figura 2.1 Distribuio das freqncias de manchas por classes (nmero de clulas/mancha) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de Drosophila melanogaster dos cruzamentos: A - padro (ST) e B - de alta capacidade de bioativao metablica (HB), obtidas por meio do teste para deteco de mutao e recombinao somtica, tratadas com as diferentes concentraes de Hemogenin (HEM) (0,625; 1,25 e 2,5mg/mL) e seus respectivos controles positivo (URE 0,891 mg/mL) e negativo (gua destilada estril).

    77

  • 12

    Figura 2.2 Distribuio das freqncias de manchas por classes (nmero de clulas/mancha) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de Drosophila melanogaster dos cruzamentos: A - padro (ST) e B - de alta capacidade de bioativao metablica (HB), obtidas por meio do teste para deteco de mutao e recombinao somtica, tratadas com as diferentes concentraes de Deca Durabolin (DEC) (0,15625; 0,3125; 0,625; 1,25 e 2,5mg/mL) e seus respectivos controles positivo (URE 0,891 mg/mL) e negativo (1% Tween-80 + 3% etanol em gua).

    79

    Figura 2.3 Distribuio das freqncias de manchas por classes (nmero de clulas/mancha) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de Drosophila melanogaster dos cruzamentos: A - padro (ST) e B - de alta capacidade de bioativao metablica (HB), obtidas por meio do teste para deteco de mutao e recombinao somtica, tratadas com as diferentes concentraes de Durateston (DUR) (0,195; 0,39; 0,78; 1,56 e 3,125mg/mL)e seus respectivos controles positivo (URE 0,891 mg/mL) e negativo (1% Tween-80 + 3% etanol em gua).

    81

    Figura 3.1 Frmulas estruturais dos compostos: A Winstrol Depot (WIN), estanozolol (Disponvel on-line: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estanozolol. Acesso em 03 outubro 2007); B Etilcarbamato (uretano URE) (Disponvel on-line: http://es.wikipedia.org/wiki/Uretano. Acesso em 03 outubro 2007).

    104

    Figura 3.2 Regresso linear obtida pela correlao direta de dose dependncia no percentual de inibio pelas diferentes concentraes (0,625; 1,25 e 2,5 mg/mL) de estanozolol (WIN) nas freqncias totais de manchas mutantes por indivduos, induzidas pelo uretano (URE 0,891 mg/mL) em clulas de asas de descendentes trans-heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster dos cruzamentos padro (ST) e de alta capacidade de ativao metablica (HB) em co-tratamentos de aproximadamente 48 horas.

    108

  • 13

    Figura 3.3 Distribuio das freqncias de manchas por classes (nmero de clulas/mancha) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de Drosophila melanogaster dos cruzamentos: A - padro (ST) e B - de alta capacidade de bioativao metablica (HB), obtidas por meio do teste para deteco de mutao e recombinao somtica, tratadas com as diferentes concentraes de Winstrol (WIN) (0,625; 1,25 e 2,5mg/mL) e seus respectivos controles positivo (URE 0,891 mg/mL) e negativo (gua destilada estril).

    110

    Figura 3.4 Distribuio das freqncias de manchas por classes (nmero de clulas/mancha) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de Drosophila melanogaster dos cruzamentos: A - padro (ST) e B - de alta capacidade de bioativao metablica (HB), obtidas por meio do teste para deteco de mutao e recombinao somtica, tratadas com as diferentes concentraes de Winstrol (WIN) (0,625; 1,25 e 2,5mg/mL) associado a uretano (URE) (0,891 mg/mL) e seus respectivos controles positivo (URE 0,891 mg/mL) e negativo (gua destilada estril).

    112

  • 14

    Lista de Tabelas

    Tabela 2.1 Esterides anablico-andrognicos derivados de testosterona utilizados nos tratamentos de larvas de Drosophila melanogaster para o teste de deteco de mutao e recombinao somtica

    71

    Tabela 2.2 Freqncias de manchas mutantes observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster dos cruzamentos padro (ST) e de alta capacidade de bioativao metablica (HB), aps tratamento crnico (~ 48h) com diferentes concentraes (0,625; 1,25 e 2,5 mg/mL) do anabolizante Hemogenin (HEM), e seus respectivos controles negativo (gua destilada estril) e positivo (URE 0,891 mg/mL)

    72

    Tabela 2.3 Freqncias de manchas mutantes observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster dos cruzamentos padro (ST) e de alta capacidade de bioativao metablica (HB), aps tratamento crnico (~ 48h) com diferentes concentraes (0,15625; 0,3125; 0,625; 1,25 e 2,5 mg/mL) do anabolizante Deca Durabolin (DEC), e seus respectivos controles negativo (1% Tween-80 + 3% etanol em gua) e positivo (URE 0,891 mg/mL)

    73

    Tabela 2.4 Freqncias de manchas mutantes observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster dos cruzamentos padro (ST) e de alta capacidade de bioativao metablica (HB), aps tratamento crnico (~ 48h) com diferentes concentraes (0,195; 0,39; 0,79; 1,56 e 3,125 mg/mL) do anabolizante Durateston (DUR), e seus respectivos controles negativo (1% Tween-80 + 3% etanol em gua) e positivo (URE 0,891 mg/mL)

    75

  • 15

    Tabela 3.1 Freqncias de manchas mutantes simples pequenas (MSP), simples grandes (MSG) e gmeas (MG) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster do cruzamento padro (ST), obtidas por meio do teste de mutao e recombinao somtica, aps tratamento crnico (~ 48h) com diferentes concentraes (0,625; 1,25 e 2,5 mg/mL) do anabolizante estanozolol (WIN), isoladamente, e associado ao uretano (URE) 10Mm, e seus respectivos controles negativo (gua destilada estril) e positivo (URE 0,891 mg/mL)

    106

    Tabela 3.2 Freqncias de manchas mutantes simples pequenas (MSP), simples grandes (MSG) e gmeas (MG) observadas em asas de descendentes heterozigotos marcados (MH) de D. melanogaster do cruzamento de alta capacidade de ativao metablica (HB), obtidas por meio do teste de mutao e recombinao somtica, aps tratamento crnico (~ 48h) com diferentes concentraes (0,625; 1,25 e 2,5 mg/mL) do anabolizante estanozolol (WIN), isoladamente, e associado ao uretano (URE) 10Mm, e seus respectivos controles negativo (gua destilada estril) e positivo (URE 0,891 mg/mL)

    107

  • 16

    Lista de Abreviaturas

    BH Heterozigoto balanceado

    CAS Chemical Abstracts Service

    DEC Decadurabolin (decanoato de nandrolona)

    DUR Durateston (associao de propionato de testosterona,

    fenilpropionato de testosterona, isocaproato de testosterona e

    decanoato de testosterona)

    EAA Esterides andrognicos anablicos

    flr3 flare3

    HB Cruzamento de alta bioativao

    HEM Hemogenin (oximetolona)

    MH Heterozigoto marcado

    mwh multiple wing hairs

    ORR;flr3 Oregon R, flare3

    SMART Teste de Mutao e Recombinao Somtica

    ST Cruzamento padro

    URE Uretano (etilcarbamato)

    WIN Winstrol Depot (estanozolol)

  • 17

    Sumrio

    Apresentao 1

    Captulo I

    Fundamentao terica

    6

    Corpo, sexualidade e o uso de esterides pelo gnero masculino 6

    Testosterona e seus derivados sintticos 12

    O citocromo P450 e o metabolismo de agentes xenobiticos 22

    Alteraes genticas e a carcinognese 24

    Teste para deteco de mutao e recombinao somtica (SMART) 26

    Referncias Bibliogrficas

    35

    Captulo II

    Avaliao genotxica de esterides andrognicos anablicos (EAA) sintticos derivados da testosterona em clulas somticas de Drosophila melanogaster

    47

    Resumo 50

    Abstract 52

    Introduo 53

    Material e mtodos

    Agentes qumicos

    Obteno das larvas e tratamentos

    Preparao das lminas e anlise do material

    Tratamento estatstico dos dados

    56

    56

    56

    57

    58

    Resultados e discusso 59

    Referncias bibliogrficas 64

  • 18

    Captulo III

    Efeitos inibidores do estanozolol sobre ao genotxica do etilcarbamato em clulas somticas de Drosophila melanogaster

    84

    Resumo 87

    Abstract 89

    Introduo 90

    Material e mtodos

    Agentes qumicos

    Linhagens de moscas, cruzamentos e tratamentos

    Preparao das lminas e anlise do material

    Anlise estatstica

    93

    93

    93

    94

    95

    Resultados e discusso 96

    Referncias bibliogrficas 100

  • 19

    APRESENTAO

  • 1

    Apresentao

    Mais do que a simples utilizao de esterides anabolizantes, ou seus

    possveis efeitos genotxicos e metablicos, as questes subjetivas

    relacionadas ao gnero masculino, pouco exploradas, e muitas vezes

    subestimadas pela nossa cultura, foram as razes da idealizao deste

    trabalho. Os motivos pelos quais um indivduo encontra nos anabolizantes a

    soluo para os anseios de atender a padres sociais de esttica e virilidade

    so suficientes para tornar o universo dessa classe de substncias digno de

    maior ateno no meio cientfico.

    O desenvolvimento de um estudo para avaliar os efeitos genotxicos

    (mutegnicos e recombinognicos) de esterides andrognicos anablicos

    (EAA), derivados sintticos da testosterona, visa preencher uma importante

    lacuna existente entre as poucas informaes a respeito dessas substncias, o

    indcio dos EAA terem efeitos carcinognicos, sendo que estes apresentam

    resultados negativos em testes convencionais de genotoxicidade.

    Questes como estas levam discusso de hipteses, como a

    possibilidade de uma ao carcinognica epigentica e no-mutagnica dos

    EAA; a ineficincia dos testes empregados para detectar tipos especficos de

    alteraes do material gentico, como a recombinao gnica; e at mesmo de

    falhas amostrais nos estudos epidemiolgicos, que relacionam a utilizao de

    EAA com a incidncia de cncer nos usurios.

    Os EAA Winstrol Depot, Hemogenin, Deca Durabolin e

    Durateston, utilizados na realizao desse trabalho, foram escolhidos

    levando-se em considerao: informaes obtidas em academias de

    musculao, com profissionais da rea de educao fsica; informaes

    mdicas; dados de literatura; possibilidade de aquisio de EAA em farmcias

    e academias de fisiculturismo; realizao de experimentos que permitem

    avaliar comparativamente o potencial genotxico dos mesmos; possibilidade de

    correlacionar a estrutura qumica com a atividade genotxica.

    A escolha do teste para deteco de mutao e recombinao somtica

    (SMART) em clulas de asas de Drosophila melanogaster, como mtodo

  • 2

    investigativo, foi devida, alm de todas as suas vantagens de baixo custo,

    rapidez e confiabilidade de resultados, possibilidade da deteco de

    recombinaes gnicas somticas. Testes tradicionais j empregados para

    avaliao de esterides no detectaram efeitos genotxicos, mas os mesmos

    tm a recombinao gnica como um ponto cego, no detectando esse tipo

    especial de alterao gentica de grande importncia na carcinognese.

    Assim, um efeito positivo, recombinognico, detectado pelo SMART,

    responderia questo da relao de efeitos carcinognicos de uma substncia

    qumica, com esse tipo especfico de alterao gentica, assim como um efeito

    negativo, reforaria a idia de causas epigenticas e no-mutagnicas.

    Outra razo que favoreceu a escolha do SMART, como meio de

    investigao, foi a possibilidade de avaliar a ativao metablica dos esterides

    pelo sistema enzimtico citocromo P450, responsvel pelo metabolismo de

    agentes xenobiticos, presente na D. melanogaster.

    No caso especial de uma das substncias avaliadas, o Winstrol Depot

    (WIN), a informao prvia de que seu constituinte, estanozolol, apresenta

    interao com o citocromo P450, motivou a realizao de um teste

    complementar onde foi verificada a interferncia dessa interao na ativao

    metablica do uretano (URE - etilcarbamida), um agente com propriedades

    mutagnicas comprovadas, que tem sua ao potencializada pela presena do

    citocromo P450. A deteco dessa interao inibitria do citocromo P450

    refora a possibilidade de ao epigentica e no-mutagnica dessa

    substncia qumica na carcinognese, pois, a inibio do citocromo P450,

    possibilitaria a ao de eventuais xenobiticos carcinognicos, no

    metabolizados.

    O estudo de EAA sintticos da testosterona entra em um campo, onde

    h muito a ser explorado, e que desperta interesse em diversas reas, com

    relaes cientficas multidisciplinares, pois, no sero descobertas de

    mecanismos de ao genotxica, ou efeitos epigenticos de alteraes

    metablicas indesejveis, e at mesmo a confirmao de efeitos

    carcinognicos, que faro reduzir o grande nmero de indivduos que aderem,

    a cada dia, ao uso dos anabolizantes, pois as razes pelas quais essas

  • 3

    substncias so utilizadas envolvem relaes complexas de auto-imagem e

    questes culturais que superam o medo e o risco de sua utilizao.

    Este trabalho, enquanto pesquisa bsica, espera contribuir como

    alicerce para outras descobertas sobre os anabolizantes, que ofeream formas

    para minimizar seus efeitos indesejveis e tornar seu uso mais seguro, ou

    ento, argumentos para reforar o controle da sua comercializao e o

    investimento em campanhas educativas para conscientizar usurios, efetivos

    ou em potencial, sobre seus riscos, uma vez que fcil julgar o que certo ou

    errado quando se olha algo apenas por um nico ngulo, cartesiano e traado

    sobre verdades absolutas, inquestionveis e imutveis. Mas, a realidade que

    se vive um momento de crise e mudana de paradigmas, quando chegamos

    necessidade de refletir e repensar razes, atitudes e escolhas.

    Para a apresentao deste trabalho, o mesmo foi dividido em trs

    captulos:

    Captulo 1 - Apresenta uma reviso geral da literatura, com informaes sobre:

    o corpo, a sexualidade, e o uso de esterides pelo gnero masculino; as

    caractersticas fsico-qumicas e efeitos biolgicos dos EAA sintticos derivados

    da testosterona, Winstrol (WIN estanozolol); Hemogenin (HEM

    oximetolona); Deca Durabolin (DEC decanoato de nandrolona); e

    Durateston (DUR associao de propionato de testosterona, fenilpropionato

    de testosterona, isocaproato de testosterona e decanoato de testosterona); os

    sistemas enzimticos responsveis pelo metabolismo de agentes xenobiticos;

    assim como sobre a D. melanogaster e o teste para deteco de mutao e

    recombinao somtica.

    Captulo 2 - Apresenta o manuscrito denominado Avaliao genotxica de

    esterides andrognicos anablicos (EAA) sintticos derivados da testosterona

    em clulas somticas de Drosophila melanogaster, a ser enviado para

    publicao na revista cientfica Environmental and Molecular Mutagenesis, no

    qual, foram avaliados os EAA Hemogenin (HEM - oximetolona); Deca

    Durabolin (DEC - decanoato de nandrolona); e Durateston (DUR -

    associao de propionato de testosterona, fenilppropionato de testosterona,

  • 4

    isocaproato de testosterona e decanoato de testosterona), por meio do teste

    para deteco de mutao e recombinao somtica (Somatic Mutation And

    Recombination Test - SMART) em clulas de asas de D. melanogaster.

    Captulo 3 - Apresenta o manuscrito denominado Efeitos inibidores do

    estanozolol sobre ao genotxica do etilcarbamato em clulas somticas de

    Drosophila melanogaster, a ser enviado para publicao na revista cientfica

    Environmental and Molecular Mutagenesis, que teve como objetivo avaliar a

    genotoxicidade do WIN quando administrado isoladamente, e a sua

    antigenotoxicidade quando associado ao etilcarbamato (URE uretano), por

    meio do SMART de asas de D. melanogaster.

  • 5

    CAPTULO I

    FUNDAMENTAO TERICA

  • 6

    FUNDAMENTAO TERICA

    Corpo, sexualidade e o uso de esterides pelo gnero masculino

    A era moderna tem como uma de suas caractersticas a razo de

    produtividade, observada na busca insana por uma eficincia sobre-humana

    refletida na necessidade da obteno de maior quantidade de resultados, em

    menor espao de tempo, que favorecida pelo desenvolvimento da tecnologia

    em todas as reas da cincia (Santos, 1997).

    Buscando atender as exigncias da modernidade, vivemos uma

    constante busca pela superao de expectativas, pois, nos vemos submetidos

    a constantes avaliaes, algumas externas, e outras (a maioria), vindas de ns

    mesmos. Desta forma, o corpo e a sexualidade so tambm submetidos a

    constantes provaes, enquadrando o indivduo em um padro definido por

    Lowen (1988) como sofisticao da sexualidade.

    De acordo com Gaiarsa (1986), tanto os adultos quanto as crianas

    gostam muito de fazer pose quanto s suas virtudes e, de regra, tm

    conscincia muito limitada de seus prprios defeitos, buscando acreditar em

    sua plena perfeio.

    O indivduo moderno, sexualmente sofisticado, busca mais atender a

    uma expectativa de uma avaliao de seu corpo e de seu desempenho, a

    atingir sua prpria satisfao, pois, este sim, seria seu verdadeiro sucesso.

    precisamente no medo do fracasso, por no corresponder s expectativas, que

    o homem sexualmente sofisticado revela a presena de culpas e aflies

    bsicas quanto sexualidade (Lowen, 1988). Em funo de atender tantas

    exigncias, provoca-se ansiedade e insegurana na vida humana. Para muitos

    homens, a vida sexual um blefe, pois lutam desesperadamente para manter

    a imagem da infalvel mquina masculina, tornando a vida sexual competitiva,

    voltada mais para a aparncia e o desempenho, do que para o prprio prazer

    (McCarty, 1981).

  • 7

    O desempenho dos papis de gnero so estabelecidos pela sociedade,

    existindo sempre uma linha, mais ou menos comum, a todos os homens e

    mulheres, em termos de comportamento. As diferenas vo acontecer de

    cultura para cultura ou de poca para poca (Costa, 1994). O mito da

    masculinidade sempre existiu na histria da humanidade, em toda sociedade

    patriarcal, no s relacionado auto-imagem corporal, como tambm

    virilidade (Santos, 2000).

    O porqu de se comportarem assim faz parte de uma tradio muito

    antiga, de uma viso de mundo como completo em si mesmo, com suas

    prprias regras, cdigos, significados e respostas para todas as perguntas.

    Certamente no foram os homens de hoje, como indivduos, que formularam a

    idia de sexualidade masculina tal como ns conhecemos. Os homens de

    hoje nasceram numa sociedade com uma carga imensa de imperativos

    culturais que, por meio da censura ou do aplauso, os adaptaram a certos

    padres de comportamento e pensamento. Diferenas situam um homem fora

    do grupo de homens e tornam a vida difcil. Eventualmente, muitos homens

    parecem perder a capacidade de distinguir entre seus prprios sentimentos e

    essa ideologia violentamente reforada que impregna a cultura. Embora estas

    definies culturais no tornem os homens particularmente felizes, a maioria

    sente-se compelida a continuar exercendo esse papel (Hite, 1981).

    No mundo atual se v uma valorizao de msculos e de fora, numa

    simbologia de virilidade, competncia e de conquistas. O carro, a velocidade e

    o estilo so novos smbolos de poder masculino, como tambm o dinheiro e a

    casa em que ele reside. Tambm importante para a auto-estima do homem,

    mostrar que ainda bastante forte seu vigor sexual (Santos, 2000).

    Uma desvantagem de grande importncia na vida do homem, e que o

    coloca sempre numa situao angustiante, a necessidade de esconder

    sentimentos e mostrar-se forte. O que acontece, que o prprio conceito de

    ser forte mal compreendido. Forte, no o indivduo que suporta a dor sem

    demonstrar seus sentimentos. Essa , na verdade, a pessoa que no consegue

    demonstrar suas emoes. Forte, quem reconhece que tem medo e que

    precisa de muita coragem para enfrentar os seus fracassos. O homem insiste

    na imagem que lhe foi transmitida desde a infncia, de que capaz de vencer

  • 8

    todos os obstculos. Com isso, no consegue humanizar suas relaes com as

    pessoas, perde a oportunidade de falar de si prprio e de externar sentimentos

    que lhe incomodam. Essa angstia impede que trocas afetivas importantes

    sejam realizadas. O isolamento dentro de si prprio constitui o perfil tpico do

    indivduo que, em determinado momento da vida, comea a ter problemas de

    ordem psico-somtica, como lcera duodenal, hipertenso arterial, infarto ou

    impotncia sexual. O homem que no revela seus sentimentos e

    preocupaes, e no descarrega suas tenses, torna-se reprimido e

    enclausurado dentro de suas emoes (Costa, 1993).

    Os homens da gerao atual sofrem de uma baixa auto-estima,

    resultante das cobranas da sociedade e da mdia para que tenham corpos

    perfeitos. Esse fenmeno denominado de Complexo de Adnis, tambm

    chamado de bigorexia ou anorexia nervosa reversa. Faz com que os

    homens, cada vez mais, possuam uma auto-imagem distorcida de seus corpos

    e sintam-se deprimidos por isso (Pope et al., 1999).

    exigido do homem um maior cuidado com a aparncia, diante da idia

    de que, se estiver em melhor forma fsica e bem apresentvel, ter maior

    chance no mercado de trabalho, mais disposio nas horas de lazer, maior

    satisfao consigo prprio e, acima de tudo, maior sucesso na atrao sexual.

    Com isso, busca atender ao padro de beleza aceito como ideal pela

    sociedade. Aqueles que no conseguem se adequar a esse padro,

    desenvolvem um sentimento de inferioridade, ficando inibidos nas iniciativas de

    conquistas sexuais e profissionais, devido baixa auto-estima (Valadares,

    2001).

    Mais do que nunca, os homens esto lutando com a mesma e enorme

    presso para obter a perfeio fsica, qual eram submetidas anteriormente as

    mulheres. Do halterofilismo compulsivo, at o uso de esterides, dos implantes

    de cabelo at a cirurgia plstica, cada vez maior nmero de homens est

    procurando satisfazer as exigncias por msculos, pele e cabelos perfeitos,

    ultrapassando a linha do interesse normal em direo obsesso patolgica.

    Esta nova obsesso com a aparncia aflige homens de todas as idades e com

    todos os tipos de vida. Em suas formas mais severas, podem criar uma

  • 9

    ameaa sade to insidiosa e mortal quanto os distrbios da alimentao,

    como a bulimia e anorexia, para mulheres (Pope et al., 1999).

    Com os movimentos feministas, a identidade feminina est relatada,

    discutida e apresentada em muitos estudos e pesquisas, em especial, desde a

    dcada de 1960. No entanto, s a partir da dcada de 1990, estudos e

    publicaes voltadas para questes masculinas vm ganhando ateno e

    espao (Rodrigues Jr., 1995).

    Goldenberg (2005) destaca o paradoxo que o culto ao corpo gera nesta

    cultura das camadas mdias urbanas. Quanto mais se impe o ideal de

    autonomia individual, mais aumenta a exigncia de conformidade aos modelos

    sociais do corpo. Considerando verdade que o corpo tenha se emancipado de

    muitas de suas antigas prises sexuais, ele se encontra, atualmente,

    submetido a novas coeres estticas. A obsesso com a magreza, a

    multiplicao das academias de musculao, o uso de anabolizantes, so

    apenas alguns dos exemplos que testemunham o poder de normalizao (ou

    padronizao) dos modelos, um desejo maior de conformidade esttica que se

    choca com o ideal individualista e sua exigncia de singularizao dos sujeitos.

    Com o desenvolvimento de tcnicas de treinamento, conhecimento

    nutricional e administrao hormonal, o culto ao corpo passou a ser

    supervalorizado e, uma de suas conseqncias, um padro esttico baseado

    no desenvolvimento muscular. Sobretudo, em pases de clima tropical, como o

    nosso, onde o corpo fica mais a mostra, esse culto ainda mais exacerbado,

    se expressando na possibilidade de desenvolver ao mximo o potencial da

    massa muscular como padro de beleza. A idia de que um indivduo forte

    um indivduo saudvel, ultrapassou a esfera do bom senso e mascarou as

    conseqncias do uso de esterides anabolizantes, e seu emprego passou a

    ter um carter totalmente secundrio ao objetivo principal de obter msculos

    (Neves et al., 2005).

    Em casos mais graves de distoro da auto-imagem, temos a dismorfia

    muscular, um subtipo do transtorno corporal que ocorre principalmente em

    homens que, apesar da grande hipertrofia muscular, consideram-se pequenos

    e fracos. um quadro ainda pouco estudado, mas que parece ser prevalente

    entre indivduos do sexo masculino. Sua gnese pode ser parcialmente

  • 10

    explicada por fatores ambientais como uma crescente presso exercida em

    grande parte pela mdia para que os homens tenham um corpo forte e

    musculoso, acarretando um aumento na incidncia do transtorno. A dismorfia

    muscular est associada a sofrimento e danos em vrias reas de

    funcionamento do indivduo, com prejuzos sociais, ocupacionais e recreativos,

    alm de sua presena aumentar o risco de uso de esterides anabolizantes.

    Apesar de seu tratamento ainda no estar definido, importante que o quadro

    seja identificado e que as diretrizes teraputicas atualmente disponveis sejam

    aplicadas (Assuno, 2002).

    Diante dessa crescente valorizao do corpo nas sociedades de

    consumo ps-industriais, exibida nos meios de comunicao de massa, um

    nmero crescente de jovens e adolescentes tambm se envolve com o uso de

    esterides anabolizantes, na inteno de desenvolver rapidamente massa

    muscular, como uma tentativa precoce de uma identidade de destaque em

    seus grupos (Coutrine, 1995).

    O consumo dessas substncias, especialmente entre jovens atletas, tem

    sido registrado com freqncia ascendente em vrios pases (Perry et al.,

    1992; Nilson, 1995; Scott et al., 1996; Lise et al., 1999). Nos Estados Unidos,

    um estudo populacional estimou em mais de um milho o nmero de usurios

    de anabolizantes (Yesalis et al., 1993).

    Tricker et al. (1989) estabeleceram um perfil de usurios e no-usurios

    de esterides anabolizantes nos estados do Kansas e Missouri (EUA),

    detectando 54% de usurios entre o pblico fisiculturista do gnero masculino

    e, 10%, do feminino. Em relatrio do National Institute on Drug Abuse (NIDA)

    informado um aumento de 50% entre os estudantes de cursos secundrios

    (high school) que utilizam estas substncias em um tempo de quatro anos. O

    aumento do uso de suplementos alimentares e anabolizantes levou o governo

    norte-americano a lanar uma campanha nacional para alertar os jovens dos

    perigos associados sua utilizao (Durant et al., 1993; Yesalis et al., 1997).

    No Brasil, estudos que abordam o uso de anabolizantes so escassos,

    no existindo dados epidemiolgicos que indiquem a extenso do consumo

    dessas substncias. Alguns indcios, no entanto, sugerem que o uso de

    anabolizantes crescente entre os jovens e adolescentes pertencentes s

  • 11

    diferentes classes sociais, podendo representar, em breve, um importante

    problema de sade pblica (Manetta e Silveira, 2000; Araujo et al., 2002; Silva

    et al., 2002; Souza e Fisberg, 2002; Silva et al., 2003; De Micheli e Formigoni,

    2004; Carreira Filho e Martins Filho, 2005; Neves et al., 2005; Dal Pizzol Tda et

    al., 2006; Lucas et al., 2006).

    Outra questo importante dentro do gnero masculino a necessidade

    de manter-se jovem, alm da aparncia forte e saudvel, ainda com as

    atividades mentais, fsicas e sexuais inalteradas. O processo de

    envelhecimento do homem associado com o declnio progressivo na

    produo andrognica. S recentemente, no entanto, um significativo interesse

    foi desenvolvido em torno da importncia do problema, que conhecido como

    climatrio masculino, andropausa, declnio andrognico no homem que

    envelhece, ou, mais apropriadamente, deficincia andrognica no

    envelhecimento masculino (Cairoli, 2004).

    O termo andropausa, embora biologicamente inoportuno e no muito

    bem definido, representa transformaes fsicas e emocionais que, mesmo

    relacionadas ao envelhecimento em geral, esto associadas principalmente a

    uma significante alterao hormonal (Morales et al., 2004).

    Diante de uma condio controversa e pouco conhecida, diversos

    estudos procuram por dados contundentes na busca de uma base slida para a

    discusso de questes relacionadas andropausa. Conseqncias da

    deficincia de testosterona parecem ser mais salientes em termos fsicos que

    psicolgicos, quando testadas cientificamente. Tratando-se especificamente de

    terapia de reposio hormonal, ainda se procura o andrognio ideal, especfico

    para rgos alvo e sem efeitos direcionados a outras funes fisiolgicas. O

    papel dos nveis de testosterona primordialmente importante na

    caracterizao do quadro de andropausa, porm, os sinais e sintomas do

    envelhecimento so de origem multifatorial (Molle et al., 2004).

    Na maioria das vezes, no se verifica no sexo masculino um declnio

    abrupto das funes gonadais, como ocorre no sexo feminino. No homem, com

    o passar do tempo, ocorre progressiva reduo da atividade sexual, diminuio

    da libido, diminuio da fora e massa muscular. No se afigura como

    completamente benfica a teraputica com suplementao andrognica em

  • 12

    homens idosos, ainda mais na eminncia de possveis relaes entre os

    andrognios e o cncer de prstata (Silva, 2006).

    A testosterona h muito conhecida pelos seus efeitos anabolizantes,

    no entanto, no se sabe se o declnio da fora e massa muscular est

    relacionado queda paralela de testosterona no envelhecimento. Por outro

    lado, sabe-se que a reposio hormonal com testosterona provocar uma

    melhora tanto na fora muscular e na massa ssea (Cairoli, 2004).

    A utilizao de esterides derivados de testosterona pode resolver

    tambm o problema da diminuio da libido, mas, no h comprovaes de

    que solucione problemas de disfuno ou impotncia ertil, devido justamente

    s mltiplas origens das disfunes da ereo (Molle et al., 2004).

    Distrbios endcrinos correspondem a cerca de 3% a 5% dos casos de

    disfuno ertil. Na maioria dos casos, o distrbio hormonal guarda relao

    com a baixa dosagem de testosterona no sangue (hipogonadismo), ocasionada

    geralmente por condies mrbidas. Um tema muito controverso atualmente

    a diminuio dos nveis sangneos da testosterona em homens acima de 50

    anos, sem doena endcrina detectvel, sendo um fenmeno que se manifesta

    em aproximadamente 15% dos indivduos do gnero masculino. A Indicao do

    tratamento com reposio hormonal tem sido motivo de discusso e

    controvrsias em congressos e publicaes mdicas (Gromatzky, 2000).

    Testosterona e seus derivados sintticos

    Nos humanos, a testosterona constitui o andrognio mais importante

    secretado pelo testculo. No homem so produzidos diariamente 8,0 mg de

    testosterona, sendo aproximadamente 95% sintetizada pelas clulas de Leydig,

    nos testculos, e 5% pelas supra-renais. Os nveis plasmticos de testosterona

    no homem so em torno de 0,6 g/dL aps a puberdade e, geralmente,

    declinando depois dos 50 anos de idade do indivduo (Katzung, 2006).

  • 13

    No perodo embrionrio, a partir da oitava ou nona semana, as clulas

    de Leydig fetais produzem testosterona, que estabiliza os ductos de Wolff,

    permitindo sua diferenciao em epiddimos, canais deferentes, vesculas

    seminais e ductos ejaculatrios. A testosterona convertida pela enzima 5-

    reductase tipo 2 em diidrotestosterona, que viriliza os rudimentos genitais

    externos entre a nona e a dcima segunda semana de gestao (Maciel-

    Guerra e Guerra Jnior, 2002).

    Nos tecidos, a diidrotestosterona constitui o principal andrognio ativo. A

    converso da testosterona em estradiol pela aromatase P450 tambm ocorre

    em alguns tecidos, incluindo o tecido adiposo, o fgado e o hipotlamo, onde

    pode ser importante na regulao gonadal (Katzung, 2006).

    Os hormnios so, em vrios casos, substncias que ativam a

    transcrio de genes especficos. No caso dos esterides, devido sua

    natureza lipdica, podem penetrar na clula por lipossolubilidade e se

    associarem aos receptores no ncleo. Estas molculas podem se ligar ao DNA

    em regies promotoras e acentuadoras de transcrio (Mottran e George,

    2000).

    A partir do progressivo entendimento da regulao da biossntese e da

    secreo dos andrgenos, bem como de seus efeitos, teve lugar a aplicao

    teraputica destas substncias. Incialmente, nos tratamentos de diferentes

    estados hipogonadais masculinos, e, por extenso, na oligospermia. Em

    seguida, surgiu sua utilizao como anabolizante para o sexo masculino e, com

    uma procura no to expressiva, pelo pblico feminino. Mais recentemente,

    como conseqncia do melhor conhecimento das modificaes na

    espermatognese sob ao andrognica, admite-se a especulao e a

    pesquisa em torno da hiptese de sua utilizao como anticoncepcional

    masculino (Silva, 2006).

    Em 1888, foram realizados experimentos onde extratos de testculos de

    animais eram injetados em ces e humanos, promovendo um aumento de fora

    muscular, apetite e funcionamento do trato intestinal, mas s em 1920

    intensificou-se a pesquisa com hormnios e os mecanismos de ao e

    regulao do sistema endcrino. Os esterides anabolizantes foram

    desenvolvidos primeiramente da dcada de 1930, onde cientistas alemes

  • 14

    utilizavam em ces e em seus prprios soldados na segunda guerra mundial,

    sendo acusados de desenvolver pesquisas com humanos prisioneiros para o

    desenvolvimento dos anabolizantes. Muitos resultados destes experimentos se

    perderam por nunca terem sido publicados, havendo relatos de que

    anabolizantes eram administrados aos soldados para aumentar a

    agressividade das tropas. Na dcada de 1950, atletas russos e europeus

    passaram a fazer uso de esterides, considerando os benefcios que estes

    proporcionavam em competies e, uma dcada mais tarde, os esterides

    estavam disponveis no mercado (Santos, 2003).

    Os esterides anablico-andrognicos, comumente chamados de

    anabolizantes, so substncias derivadas sintticas do hormnio masculino

    testosterona, geralmente extrado de testculos de bovinos e modificadas em

    laboratrio. Esta substncia promove o anabolismo protico, um aumento da

    sntese de protenas no organismo, que associada a exerccios fsicos,

    aumenta a fora e a massa muscular, mudando a aparncia do corpo sem

    grandes esforos. Em doses altas, os anabolizantes aumentam o metabolismo

    basal, o nmero de hemcias e a capacidade respiratria. Estas alteraes

    provocam ainda uma reduo da taxa de gordura corporal (Muniz et al., 1997;

    Iriart e Andrade, 2002).

    Os esterides anablico-andrognicos so originados de trs tipos de

    alteraes na molcula de testosterona para minimizar ou excluir o

    metabolismo heptico destas substncias qumicas, sendo que estas

    alteraes tambm definem as classes de anabolizantes (Mottran e George,

    2000). A estrutura bsica da testosterona com os tipos de modificaes que a

    mesma pode sofrer na sntese dos diferentes tipos de esterides est

    representada na Figura 1.1.

    As modificaes na molcula objetivam alterar suas propriedades,

    aumentando a ao anablica (sntese protica) em relao aos efeitos

    andrognicos (acentuao dos caracteres sexuais masculinos secundrios)

    deste hormnio (Muniz et al., 1997; Kimtz et al., 1999; Mottram e George, 2000;

    Santos, 2003; Neves et al., 2005).

  • 15

    Figura 1.1 Estrutura comum maioria dos esterides derivados sintticos da

    testosterona, com indicao das posies na molcula onde se encontram os

    tipos de variaes (A, B e C) das diferentes classes de esterides

    anabolizantes (adaptado de Mottram e George, 2000).

    As modificaes na molcula de testosterona podem ser diferenciadas

    em grupos:

    Classe A esterides produzidos via esterificao do grupo 17-

    hidroxil, como o propionato, fenilpropionato, cipionato e enantato de

    testosterona. Estes derivados andrognicos so mais solveis em

    veculo lipdico, utilizado para injees. A testosterona, quando injetada

    em uma soluo de leo, rapidamente absorvida, metabolizada e

    excretada.

    Classe B anlogos alquilados na posio 17, como a

    metiltestosterona.

    O R1 (tipo A)

    (tipo C em qualquer um destas posies)

    R2 (tipo B)

    1

    2

    3

    4

    8

    5 6

    7

    11

    10

    9

    12

    16 19

    18

    17

    14

    13

    15

  • 16

    Classe C so anabolizantes produzidos por diferentes alteraes em

    qualquer posio nos anis de sua estrutura (ex. estanozolol e

    oximetolona).

    As classes B e C so mais utilizadas em preparaes via oral.

    Apresentam boa absoro e excreo rpida, porm, maior toxicidade heptica

    que os injetveis (Lise et al., 1999; Mottran e George, 2000; Santos, 2003).

    Winstrol Depot (WIN), apresentado como soluo injetvel, em

    ampolas de 1 mL contendo 50 mg de estanozolol (CAS 10418-03-8), distribudo

    pelo Laboratrio Zambon S.A. (Barcelona, Espanha). um derivado sinttico

    do hormnio testosterona, indicado no tratamento de angioedema hereditrio,

    para diminuir a freqncia e a severidade das crises (Sanofi-Synthelabo, 1999)

    e tambm para o tratamento de anemias (Reynolds e Prasad apud Rendic e

    Ruf, 1988), asma, artrite reumatide, anorexia, fraturas de lenta consolidao,

    queimaduras extensas e perodos pr e ps-operatrio. considerado um

    esteride de efeito andrognico e efeitos colaterais relativamente baixos. Em

    doses altas, pode causar danos ao fgado (Santos, 2003). Sua frmula

    estrutural apresentada na Figura 1.2A.

    Hemogenin (HEM), apresentado na forma de comprimidos contendo

    50 mg de oximetolona (CAS 434-07-1), distribudo pela Aventis Pharma Ltda.

    (Suzano SP, Brasil). um esteride de uso oral, indicado para o tratamento

    de anemias causadas pela produo deficiente de eritrcitos e mielofibrose

    (Lima, 2004). um forte anabolizante, mas com ao andrognica alta,

    comparada testosterona. Proporciona rpido ganho de fora e massa

    muscular, mas, txico ao fgado, causa reteno de lquidos, aumento de

    presso arterial, acne, ginecomastia, problemas estomacais e calvcie, devido

    elevao dos nveis de diidrotestosterona (Santos, 2003). Sua frmula

    estrutural apresentada na Figura 1.2B.

    Deca Durabolin (DEC), apresentado como soluo injetvel, em

    ampolas de 1 mL contendo 50 mg de decanoato de nandrolona (CAS 360-70-

    03), distribudo pelo Laboratrio Organon (So Paulo SP, Brasil). indicado

    como coadjuvante para terapias especficas e medidas dietticas, em

  • 17

    condies patolgicas caracterizadas por balano de nitrognio negativo, como

    doenas debilitantes crnicas, terapias prolongadas com glicocorticides e

    aps grandes cirurgias, traumas e osteoporose. Em mulheres, apresenta

    efeitos de virilizao, aumento da libido, aumento de plos pubianos, hipertrofia

    clitoriana e amenoria; para pr-puberes do sexo masculino, aumento flico e

    da freqncia de erees, inibio da espermatognese; fechamento epifisrio

    prematuro e reteno de gua e sais (Lima, 2004). o esteride mais utilizado,

    com efeitos andrognicos e anablicos, muitas vezes administrado em

    associao com outras substncias qumicas (Santos, 2003). Sua frmula

    estrutural apresentada na Figura 1.2C.

    Durateston (DUR), apresentado como soluo injetvel, em ampolas

    de 1 mL, distribudo pelo Laboratrio Organon (So Paulo SP, Brasil).

    Combina a ao de quatro compostos derivados por esterificao do grupo

    17-hidroxil da testosterona: propionato de testosterona, 30 mg (CAS 57-85-2);

    fenilpropionato de testosterona, 60 mg (CAS 1255-49-8); isocaproato de

    testosterona, 60mg (CAS 15262-86-9); e decanoato de testosterona, 100 mg

    (CAS 5721-91-5). utilizado para reposio da testosterona em distrbios

    hipogonadais no homem, como aps castrao, eunucoidismo,

    hipopituitarismo, impotncia endcrina, sintomas do climatrio masculino

    (diminuio da libido e decrscimo da atividade mental e fsica), infertilidade

    devido a distrbios da espermatognese e osteoporose por origem deficitria

    de andrgenos (Lima, 2004). Apresenta ao imediata e por tempo prolongado

    em ganho de massa muscular e fora (Santos, 2004). As frmulas estruturais

    dos quatro compostos presentes nesta substncia so apresentadas na Figura

    1.3.

  • 18

    (A) Estanozolol (CAS: 10418-03-8)

    (B) Oximetolona (CAS: 434-07-1)

    (C) Decanoato de nandrolona (CAS: 360-70-03)

    Figura 1.2. Estruturas qumicas dos esterides anablico-andrognicos (EAA)

    Estanozolol (Winstrol Depot WIN) (A); Oximetolona (Hemogenin HEM)

    (B); Decanoato de nandrolona (Deca Durabolin DEC) (C).

  • 19

    (A) Propionato de testosterona

    (CAS: 57-85-2)

    (B) Fenilpropionato de testosterona

    (CAS: 1255-49-8)

    (C) Isocaproato de testosterona

    (CAS: 15262-86-9)

    (D) Decanoato de testosterona

    (CAS: 5721-91-5)

    Figura 1.3. Estruturas qumicas dos esterides anablico-andrognicos (EAA)

    constituintes do Durateston (DUR): Propionato de testosterona (A);

    Fenilpropionato de testosterona (B); Isocaproato de testosterona (C);

    Decanoato de testosterona (D).

  • 20

    A Comisso Mdica do Comit Olmpico Internacional considera os

    esterides anabolizantes como agentes de doping e probe seu uso dentro do

    atletismo, havendo controle e punio severa de atletas que fazem uso de

    qualquer anabolizante para melhorar sua performance (Rendic e Ruf, 1988;

    Huenerbein et al., 2003).

    De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA, 2007), so

    desenvolvidos nos Estados Unidos da Amrica do Norte (USA) mais de 100

    tipos de esterides anabolizantes, que requerem prescrio mdica para serem

    usados legalmente, mas no h estimativas de quantidade e controle de uso e

    produo, quando estes so sintetizados ilegalmente em laboratrios

    clandestinos.

    Entre os fisiculturistas, a principal razo do uso de esterides

    anabolizantes est relacionada ao fato de que estas substncias so

    importantes para vencerem competies e, ainda, motivada por dados

    consistentes de relatrios de ganhos significativos de fora e musculatura pelos

    usurios (Tricker et al.,1989).

    Estudos indicam que o aumento mais significativo da massa muscular e

    da fora, durante a administrao de esterides anabolizantes so observadas

    apenas em atletas que realizam trabalho de treinamento intensivo, com

    continuidade, e mantendo ainda uma dieta hiper-calrica e rica em protenas e

    aminocidos (Kibble e Ross, 1987).

    O uso inadequado de anabolizantes pode causar srios prejuzos

    sade, como problemas cardacos, hipertenso arterial, distrbios psicolgicos

    provocados pelo aumento da agressividade, complicaes hepticas e reduo

    dos hormnios sexuais. No homem, pode haver diminuio da produo de

    espermatozides, alm da atrofia dos testculos e aumento das mamas

    (ginecomastia). As mulheres podem apresentar aumento do clitris e

    crescimento excessivo de plos (Mottran e George, 2000; Katzung, 2006; Silva,

    2006).

    Iigo et al. (2000) descrevem diversas formas de utilizao dos

    esterides anabolizantes por esportistas e, ainda, efeitos colaterais relatados

    ou apresentados pelos atletas usurios. As formas de administrao combinam

  • 21

    diversos tipos de substncias em doses elevadas, ocorrendo em perodos

    denominados como ciclos.

    A lista dos prejuzos extensa e incompleta, porque, como no h

    controle, os jovens e atletas, no anonimato, usam doses excessivas e com

    diversas associaes de anabolizantes, assim, dificultando a identificao de

    efeitos colaterais que podem ainda surgir com o tempo de uso (Muniz et al.,

    1997).

    Iriart e Andrade (2002) descrevem a falta de informaes sobre a

    extenso dos danos sade, decorrentes do uso de anabolizantes por parte

    dos usurios, mostrando que, para muitos, o desejo de desenvolver massa

    muscular e alcanar o corpo ideal se sobrepe ao risco de efeitos colaterais.

    De modo geral, a pouca informao desses usurios sobre esses produtos,

    suas propriedades farmacolgicas e efeitos colaterais, so oriundas da

    experincia pessoal, da observao dos usurios das academias e dos relatos

    de casos vivenciados por amigos ou conhecidos. Sintomas menores e

    temporrios, tais como, cefalia, nuseas, tonturas, irritabilidade, acne, febre e

    aumento dos plos corporais, com o tempo, so considerados normais pelos

    usurios de anabolizantes, no transparecendo preocupaes com os

    possveis efeitos em longo prazo que o uso contnuo dessas substncias possa

    produzir.

    Alguns estudos discutem uma possvel relao causa-conseqncia da

    utilizao de hormnios sexuais (estradiol, testosterona e seus derivados) com

    a ocorrncia de alguns tipos de tumores, especialmente de fgado e prstata

    em humanos, e em experimentos com animais (Carrasco et al., 1985; Taylor,

    1987; Anthony, 1988; Froehner et al., 1999; Socas et al., 2005; Bosland, 2006;

    Giannitrapani et al., 2006; Ricke et al., 2006; Gorayski, et al., 2007), ao mesmo

    tempo em que estes hormnios no apresentaram potencial mutagnico em

    testes com Salmonella/microssoma e linhagens de clulas V79 de hamster

    chins (Lang e Redmann, 1979; Lang e Reimann, 1993) e testes de aberraes

    cromossmicas em linfcitos humanos e microncleo em medula ssea de

    camundongos (Reimann et al., 1996), sugerindo um efeito carcinognico

    destas substncias qumicas por ao epigentica e no-genotxica.

  • 22

    Resultados no genotxicos tambm foram encontrados para o

    anabolizante Hemogenin (HEM), oximetolona, por meio do teste de troca

    entre cromtides irms em linfcitos humanos (Ahmad et al., 2003); e por

    Holden et al. (1999) em ensaios com microrganismos e com clulas de

    mamferos (aberraes cromossmicas em linfcitos humanos in vitro, teste de

    microncleo em eritrcitos de sangue perifrico de roedores).

    Citocromo P450 e o metabolismo de agentes xenobiticos

    A exposio diria a uma grande variedade de agentes xenobiticos

    (compostos estranhos ao organismo) pode ser inadvertida, acidental, e s

    vezes inevitvel, levando absoro no intencional e inconsciente destes,

    atravs dos pulmes e pele, ou ingesto, como o que acontece com

    contaminantes presentes nos alimentos e na gua. Por outro lado, a exposio

    pode ser deliberada e consciente, como acontece, por exemplo, na forma de

    medicamentos, com fins teraputicos ou no. Alguns agentes xenobiticos so

    inofensivos, outros, porm, podem provocar respostas biolgicas de natureza

    farmacolgica ou txica. Essas respostas biolgicas geralmente dependem da

    converso da substncia absorvida em um metablito ativo ou no, com a

    finalidade principal de ser eliminada (Oshima-Franco e Franco, 2003).

    A biotransformao de agentes xenobiticos ocorre no interior das

    clulas, promovida por enzimas que modificam estas substncias, geralmente

    lipossolveis, em estruturas polares, solveis em gua e de fcil eliminao

    (Meyer, 1996). As reaes de biotransformao ocorrem por meio de enzimas

    em vrios tecidos do organismo (sangue, rins, pulmes, pele, tecido nervoso,

    intestino delgado e fgado), mas, principalmente no fgado, que encontramos

    a maior expresso dessas enzimas (Watkins, 1992).

    A maioria dos xenobiticos atinge o organismo atravs da via

    gastrointestinal e, neste sentido, o fgado o principal rgo de

    biotransformao devido a sua posio, suprimento de sangue e funo. As

  • 23

    enzimas envolvidas na biotransformao esto localizadas principalmente no

    retculo endoplasmtico liso e no citosol das clulas hepticas, em nmero

    menor, esto presentes ainda nas mitocndrias e em outras organelas

    (Oshima-Franco e Franco, 2003).

    As enzimas citocromo P450 formam uma grande famlia de

    hemoprotenas envolvidas especialmente no metabolismo de substncias

    qumicas (agentes xenobiticos), como tambm na biossntese de lipdeos,

    esterides, vitaminas e outros metablitos naturais das clulas (Chefson e

    Auclair, 2006), sendo essenciais para todo organismo vivo, tanto procarioto

    quanto eucarioto (Nebert e Gonzalez, 1987; Nebert et al., 1989).

    A famlia de genes do citocromo P450 diversificou-se desde sua origem,

    h mais 3,5 bilhes de anos, para adaptar-se ao metabolismo de um nmero

    crescente de substncias qumicas ambientais, toxinas alimentares e

    substncias qumicas ingeridas diariamente (Benet e Scheiner, 1987).

    O componente primordial desse complexo enzimtico o citocromo

    P450, monoxigenase que apresenta um ncleo pirrlico com tomo de ferro,

    semelhante hemoglobina, sendo, por esse motivo, considerada uma

    hemoprotena. Os outros componentes do sistema microssomal heptico so

    trs flavoprotenas (NADPH-citocromo P450 redutase, NADH-citocromo b5-

    redutase e N-oxidade), responsveis pela transferncia de eltrons, e outra

    hemoprotena, o citocromo b5 (Oga, 2003).

    O sistema enzimtico citocromo P450 pode ser isolado a partir de

    seqncias de homogeneizao e ultracentrifugao de tecido heptico, que

    levam fragmentao e re-selamento do retculo endoplasmtico liso, em

    vesculas que mantm suas caractersticas, denominadas microssomas.

    Enzimas desidrogenases, esterases, amidases e transferases so encontratas

    na frao solvel (citoplasmtica) e monoamino oxidases, na frao

    mitocondrial (Oshima-Franco e Franco, 2003).

    Algumas substncias so capazes de se ligar ao o P450, como o caso

    do estanozolol, derivado sinttico de testosterona, que tem a propriedade de

    interagir com o citocromo P450 formando um complexo com alta afinidade de

    ligao (Rendic e Ruf, 1988), sendo que essa interao inibe a ao

    metablica do citocromo P450 (Nakajin et al., 1989).

  • 24

    As conseqncias da inibio correspondem menor velocidade de

    biotransformao, aumento dos nveis do agente xenobitico no organismo,

    aumento dos efeitos farmacolgicos, e maior toxicidade da substncia qumica

    (Benet e Scheiner, 1987).

    Os agentes xenobiticos podem, na biotransformao, tanto ser

    inativados, quanto gerar metablitos com atividade aumentada, ou com efeitos

    txicos, mutagnicos, teratognicos e carcinognicos (Oshima-Franco e

    Franco, 2003), como o caso do uretano (URE etilcarbamato), um agente

    genotxico que tem sua ao potencializada pelo metabolismo do P450

    (Frlich e Wrgler, 1990; Graf e van Scheik, 1992; Abraham e Graf, 1996;

    Dogan et al., 2005).

    Alteraes genticas e a carcinognese

    No decorrer da vida, o material gentico sofre alteraes denominadas

    de mutaes, que podem ser causadas por erros durante a duplicao do DNA.

    As mutaes ocorrem em todo ser vivo, sendo um processo fundamental para

    a evoluo e diversidade das espcies, mas, na maioria dos casos, as

    mutaes podem no ser percebidas, ou por no causarem modificaes

    detectveis na atividade metablica, ou por determinar a morte celular. Desta

    forma, apenas um pequeno nmero de mutaes que ocorrem em genes

    especficos pode ser detectado, determinando assim, vantagens para o

    organismo ou ento um crescimento desordenado de clulas (Ribeiro e

    Marques, 2003).

    As alteraes genticas e a carcinognese esto estreitamente

    associadas, porque ambas representam alteraes em uma nica clula,

    permanentes e herdveis pelas clulas filhas. Por isso, os testes de

    mutagenicidade so recomendados para pr-seleo de agentes qumicos a

    serem avaliados quanto ao seu potencial carcinognico (Rabelo-Gay et al.,

    1991).

  • 25

    Os agentes mutagnicos aceleram o aparecimento de mutaes e esto

    relacionados ao aparecimento das neoplasias. Aps passar por vrias divises,

    uma clula pode acumular mutaes que, se em nmero elevado, podero

    determinar o aparecimento do cncer (Ribeiro e Marques, 2003).

    Os tumores surgem atravs de um processo de mltiplas etapas no qual

    ocorrem as mutaes herdadas (derivadas de clulas germinativas) e

    mutaes somticas de genes celulares, seguidas de uma seleo clonal da

    prognie variante com propriedades de crescimento mais robustas e

    agressivas. A grande maioria das mutaes que contribuem para o

    desenvolvimento e comportamento das clulas tumorais so mutaes

    somticas que surgem durante o desenvolvimento do tumor e esto presentes

    apenas nas clulas neoplsicas do paciente. Uma pequena frao de todas as

    mutaes que ocorrem no cncer pode ser constitucional, estando, dessa

    forma, presentes em todas as clulas somticas dos indivduos afetados; tais

    mutaes podem no apenas predispor o indivduo ao cncer, como tambm

    ser passadas para as geraes futuras (Ojopi e Dias Neto, 2002).

    As causas de um tumor so variadas, podendo ser endgenas ou

    exgenas, estando, no entanto, inter-relacionadas. As causas exgenas

    relacionam-se ao ambiente, so agentes normalmente presentes no meio (luz

    solar, radiaes ionizantes ou agentes qumicos) e aos hbitos ou costumes

    scio-culturais associados ao estilo de vida e qualidade da dieta, enquanto, as

    causas endgenas, so geneticamente pr-determinadas e esto ligadas

    capacidade do organismo se defender das agresses externas ou a pr-

    disposio ao desenvolvimento da neoplasia. Esses fatores podem se interagir

    de vrias formas, aumentando a probabilidade de transformaes malignas nas

    clulas normais (Setlow, 2001; Ribeiro e Marques, 2003).

    A maioria das alteraes genticas mais importantes no cncer ocorrem

    nos genes que controlam a proliferao celular (proto-oncogenes e genes

    supressores tumorais), resultando em um crescimento descontrolado

    caracterstico da clula maligna. Alm disso, h ainda o envolvimento de genes

    associados ao processo de reparo de danos no DNA, os quais, quando

    inativos, podem elevar a taxa de mutao das clulas, causando,

  • 26

    eventualmente, a alterao de genes importantes na carcinognese (Ojopi e

    Dias Neto, 2002).

    A gentica toxicolgica tem centrado suas investigaes no uso de

    diferentes bioensaios capazes de detectar mutaes pontuais, aberraes

    cromossmicas e eventos aneuploidognicos. Ainda que a alta correlao

    entre estas leses e o desenvolvimento do processo carcinognico seja um

    fato iquestionvel, permanecem as consideraes sobre a existncia de

    carcingenos destitudos de atividade mutagnica, seja ela gnica ou

    cromossmica (Richard, 1994 apud Andrade e Lehmann, 2003).

    Novos sistemas de testes foram desenvolvidos para a deteco de um

    parmetro especial de alterao gentica, a recombinao mittica. Alguns

    agentes recombinognicos podem estar envolvidos diretamente com a

    carcinognese (Andrade e Lehmann, 2003).

    O principal argumento que refora a participao da recombinao entre

    homlogos como um dos fatores preponderantes no processo carcinognico

    a demonstrao de que a recombinao homloga o mecanismo que mais

    contribui para a perda da heterozigoze em clulas somticas (Bishop e

    Schiestl, 2000 apud Andrade e Lehmann, 2003).

    A perda da heterozigose pode levar espresso de genes mutantes,

    antes mascarados pelo alelo selvagem (Gusmn-Rincn e Graf, 1995). Assim

    sendo, as recombinaes somticas apresentam um papel iniciador na

    carcinognese envolvidas em etapas secundrias e subseqentes, onde

    mutaes oncognicas recessivas so reveladas (Bishop e Schiestl, 2002).

    Teste para deteco de Mutao e Recombinao Somtica (SMART)

    O teste para deteco de mutao e recombinao somtica ("Somatic

    Mutation And Recombination Test" - SMART) em clulas de asas de Drosophila

    melanogaster foi desenvolvido por Graf et al. (1984), sendo considerado um

    teste rpido, barato e que produz resultados confiveis, inequvocos e

    altamente reproduzveis. A D. melanogaster apresenta, ainda, as vantagens de

    ter um curto perodo de gerao, o que possibilita a rapidez do teste; um

  • 27

    pequeno nmero de cromossomos; linhagens muito bem caracterizadas

    geneticamente; e um sistema enzimtico semelhante ao dos mamferos, que

    permite o metabolismo de agentes xenobiticos (Baars, 1980 apud Graf et al.,

    1984).

    Este teste detecta a perda da heterozigose, que pode ocorrer

    espontaneamente ou ser induzida por agentes fsicos e qumicos, em clulas

    primordiais dos discos imaginais de asas, no perodo de larva.

    No SMART de asa so utilizadas as linhagens de D. melanogaster

    "multiple wing hairs" (mwh), flare3 (flr3) e "Oregon R, flare3" (ORR; flr3). A

    linhagem "mwh" (com constituio gentica y; mwh jv) possui o marcador mwh

    que se localiza no cromossomo 3 (3-3,0) e que tem sua manifestao

    fenotpica caracterizada por trs ou mais plos por clula da asa. A linhagem

    "flr3" (de constituio gentica flr3 / ln(3LR)TM3, ri pp sep l(3)89Aa bx34e e BdS)

    possui o marcador flr3, tambm no cromossomo 3, numa posio mais proximal

    (3-38,8) e sua manifestao fenotpica caracterizada por um plo modificado

    em forma de chama. O marcador flr3 em homozigose letal, ou seja, zigotos

    homozigotos para o flr3 no conseguem se desenvolver at a fase adulta (Graf

    et al., 1984; Guzmn-Rincn e Graf, 1995). Para isso, foi desenvolvido um

    cromossomo balanceador TM3, BdS (Third Multiple 3, beaded-serrate) que

    mantm a heterozigose da linhagem. A presena deste balanceador impede

    que haja recombinao, ou seja, a troca de material gentico entre

    cromossomos homlogos, devido presena de mltiplas inverses neste

    cromossomo (Lindsley e Zimm, 1992 apud Graf et al., 1996).

    Na linhagem "ORR; flr3" (de constituio gentica ORR; flr3 /

    ln(3LR)TM3, ri pp sep l(3)89Aa bx34e e BdS) o marcador flr3 tambm encontra-se

    presente. No entanto, esta linhagem difere da linhagem "flare3" por apresentar

    uma alta atividade das enzimas citocromo P450 (Hllstrm e Blanck, 1985

    apud Graf e van Shaik, 1992), as quais so responsveis pela metabolizao e

    ativao de promutgenos e procarcingenos (Dapkus e Marell, 1977 apud

    Guzmn-Rincn e Graf, 1995). Os cromossomos 1 e 2 so provenientes da

    linhagem Oregon R, resistente ao DDT, construda por Frlich e Wrgler

    (1989).

  • 28

    No teste para deteco de mutao e recombinao somtica, em

    clulas de asas de D. melanogaster, so utilizados machos "mwh" (mwh + /

    mwh +) cruzados com fmeas virgens das linhagens "flr3" (+ flr3 / + TM3, BdS) -

    cruzamento padro (ST) - e "ORR; flr3" (ORR / ORR; + flr3 / + TM3, BdS) -

    cruzamento de alta capacidade de ativao metablica (HB). Ambos

    cruzamentos produzem indivduos trans-heterozigotos marcados (MH), com

    constituio genotpica mwh + / + flr3; e indivduos heterozigotos balanceados

    (BH), constitudos por mwh + / + TM3 BdS (Figura 1.4), que podem ser

    facilmente identificados pelo aspecto fenotpico das asas (Figura 1.5).

    A anlise dos indivduos MH permite detectar a ocorrncia de mutaes

    de ponto, pequenas aberraes cromossmicas e recombinaes mitticas

    proximais e distais. A anlise dos indivduos BH permite detectar a ocorrncia

    de mutaes de ponto e pequenas aberraes cromossmicas. No entanto,

    devido presena de inverses mltiplas no cromossomo balanceador, as

    clulas resultantes de recombinao mittica so inviveis. A clula que sofreu

    perda do alelo selvagem ir desenvolver o fentipo mutante, durante a

    metamorfose no estgio de pupa, e pode ser diferenciada facilmente das

    demais (Guzmn-Rincn e Graf, 1995).

    Na Figura 1.6 esto representados cromossomos de clulas primordiais

    dos discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster,

    em diviso mittica normal (adaptado de Graf et al., 1984).

    As Figuras 1.7 e 1.8 mostram os diferentes mecanismos genticos

    (deleo, mutao de ponto, e recombinao) responsveis pelo aparecimento

    de manchas mutantes em asas de D. melanogaster (adaptado de Graf et al.,

    1984).

    A Figura 1.9 mostra fotografias de asas de D. melanogaster, ao

    microscpio ptico de luz (aumento 400x), com manchas mutantes simples

    (mwh) e gmeas (mwh e flr).

    O Teste de Mutao e Recombinao Somtica (SMART) vem se

    mostrando eficiente na avaliao de efeitos genotxicos e antigenotxicos para

    uma grande diversidade de compostos, como mostram os trabalhos produzidos

    pelo Laboratrio de Mutagnese do Instituto de Gentica e Bioqumica da

  • 29

    Universidade federal de Uberlndia (Valadares et al., [in press]; Fragiorge et al.,

    [in press]; Silva et al., [in press]; Fragiorge et al., 2007; Pantaleo et al., 2007;

    Silva et al., 2006).

    Figura 1.4 Representao esquemtica do cruzamento padro (ST): fmeas

    virgens da linhagem flr3 (+TM3,BdS/+flr3) so cruzadas com machos mwh

    (mwh + / mwh +), originando descendentes trans-heterozigotos marcados MH

    (+flr3/mwh+) e descendentes heterozigotos balanceados BH

    (+TM3,BdS/mwh+).

  • 30

    Figura 1.5 Pares de asas de D. melanogaster: A Asas com bordas lisas;

    caracterstica dos indivduos da linhagem mwh, herdada pelos descendentes

    trans-heterozigotos marcados (MH); B Asas com bordas recortadas (serate);

    caracterstica dos indivduos das linhagens flr3 e ORR; flr3, herdada pelos

    descendentes heterozigotos balanceados (BH).

    B A

  • 31

    Figura 1.6 Representao esquemtica de cromossomos de clulas dos

    discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em

    diviso mittica normal (adaptado de Graf et al., 1984).

  • 32

    Figura 1.7 Representaes esquemticas de cromossomos de clulas dos

    discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em

    diviso mittica, com ocorrncia de deleo (A), e de mutao de ponto (B)

    levando formao de manchas mutantes simples do tipo mwh (adaptado de

    Graf et al., 1984).

  • 33

    Figura 1.8 Representaes esquemticas de cromossomos de clulas dos

    discos imaginais de asas, presentes na fase de larva de D. melanogaster, em

    diviso mittica, com ocorrncia de recombinao entre os loci flr3 e mwh (A),

    com formao de mancha simples; e recombinao entre o centrmero e o

    locus flr3 (B), com a conseqente formao de mancha gmea (adaptado de

    Graf et al., 1984).

  • 34

    Figura 1.9 Fotografias de plos de asa de D. melanogaster, ao microscpio

    ptico de luz (aumento de 400x), mostrando: A - mancha simples (contornada

    pela linha) com plos mltiplos (mwh) e B - mancha gmea (contornada pela

    linha) com plos em forma de chama (flr3), indicados pela seta branca; e

    plos mltiplos (mwh), indicados pela seta preta.

    A

    B

  • 35

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