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Avaliação de cultivares de pimentão em cultivo protegido no sistema
hidropônico (NFT)
Ernani Clarete da Silva1, Thiago Mendonça Rabello1, Gabriel Mascarenhas Maciel1
1ICA-UNIFENAS - Universidade José do Rosário Vellano, Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas - MG
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido na Universidade de Alfenas, Instituto de Ciências
Agrárias com objetivo foi avaliar cultivares de pimentão em condições de cultivo hidropônico
(NFT). O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições, onde
foram avaliadas 7 cultivares comerciais de pimentão, Amanda, Elisa, Matador, Magaly,
Mandarim, Margarita, Zarco. As características avaliadas foram número de frutos por planta;
peso de fruto; produção de frutos por planta; comprimento e diâmetro de fruto e relação
comprimento/diâmetro de frutos. Concluiu-se que a cultivar Margarita foi a que mostrou melhor
adaptação, sem prejuízo para as suas características.
Palavras chaves: Capsicum annuum L., Hidroponia
ABSTRACT Evaluatrion of sweet pepper cultivate (Capsicum annuum) in protected cultivation in NFT hidroponics system.
The present work was carried out at University José do Rosário Vellano
(UNIFENAS), Institute of Agrarian Sciences with the objective of evaluating in hydroponics
NFT conditions, seven commercial sweet pepper cultivate, Amanda, Elisa, Matador, Magaly,
Mandarim, Margarita and Zarco. The experimental design was a randomised complete block
design with four replications. The characteristics evaluated were: number of fruit/plant,
average weight per fruit , fruit yield/plant, length and diameter fruit and relation
length/diameter fruit. Significant difference were identified between cultivate and Margarita
cultivate showed the best adaptation in hydroponics system grown.
Key words: Capsicum annuum L, hidroponics system.
Cultivo protegido como conceito moderno é amplo e abrangente e significa toda a
proteção que se dá a uma cultura para a superação de qualquer adversidade que possa influir
negativamente no seu desenvolvimento e produção. Em países cujas adversidades
climatológicas são severas, esta técnica vem sendo desenvolvida a muito tempo já que permite
o controle parcial dos fatores ambientais adversos (Souza et al., 1994). Entretanto, há
necessidade que as plantas sejam adaptadas a essa modalidade de cultivo (Teixeira, 1996),
além de maiores e melhores informações quanto ao manejo destas estruturas de proteção e
das culturas cultivadas sob as mesmas (Blank et al, 1995). Em se tratando de hidroponia,
especificamente para pimentão, muitas cultivares comerciais têm sido testadas sem sucesso,
resultando em número escasso de cultivares aptas a essa modalidade de cultivo. Sendo assim,
o presente trabalho tem como objetivo avaliar cultivares de pimentões (Capsicum annuum L.)
em cultivo protegido no sistema de hidropônico NFT.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas dependências da Universidade José do Rosário
Vellano (UNIFENAS), Instituto de Ciências Agrárias durante o ano de 2002. Utilizou-se uma
estrutura de proteção modelo capela com 450 m2 , 9 metros de largura por 50 metros de
comprimento e 2 metros de pé direito, coberta com película de polietileno transparente de
baixa densidade aditivada anti U-V, de 150 micra de espessura. Para a instalação do
experimento, foi utilizado apenas uma seção da unidade hidropônica, representada por uma
bancada de 15 metros de comprimento por 2 metros de largura, comportando 8 canais de
100 mm. O material utilizado originou-se da doação de híbridos F1 pelas empresas Sakata
(Agroflora) e Rogers com as seguintes características: Amanda, do tipo amarelo,
desenvolvido para plantio na primavera – verão, dentro de estufa; Magali, do tipo vermelho,
desenvolvido para plantio de agosto a dezembro; Zarco, frutos do tipo verde/amarelo
intenso e brilhante; Mandarin, de frutos do tipo verde/laranja intenso e brilhante; Matador, de
frutos do tipo verde/amarelo intenso e brilhante; Elisa, de frutos do tipo verde/vermelho;
Margarita, de frutos do tipo verde/vermelho intenso e brilhante. As mudas foram produzidas
em placas de espuma fenólica onde o semeio foi realizado em 17/04/2002. Após a
germinação, que aconteceu aos 15 dias do semeio, as placas foram levadas para o berçário
onde receberam solução nutritiva através de subirrigação com solução nutritiva com metade
da diluição da fase definitiva. No berçário as mudas permaneceram por 30 dias para depois
serem transferidas para os canais de cultivo de 100 mm obedecendo a um delineamento
experimental em blocos ao acaso com 4 repetições constituindo- se em 7 tratamentos
inerentes às 7 cultivares testadas. Cada parcela constou de 3 plantas para avaliação. A
solução nutritiva foi elaborada com base em Furlani et al., 1999 e constou da seguinte
composição: 900 ppm de nitrato de cálcio, 469ppm de nitrato de potássio, 490 ppm de MKP,
430 ppm de sulfato de magnésio, 1,17ppm de ácido bórico, 4,4ppm de sulfato de manganês,
0,12ppm de sulfato de cobre, 1,36ppm de sulfato de zinco e 4,3ppm de ferro. Em termos
hidropônicos, o volume de solução nutritiva foi calculado para 5 L/planta e mantidas com CE
de 3,0 mS/cm (Furlani et al, 1999). Até a emissão dos primeiros ramos florais a circulação da
solução nutritiva deu-se de 15 em 15 minutos das 06 horas às 18 horas. A partir das 18
horas até as 6 horas a solução nutritiva circulava por 15 minutos e estacionava por 4 horas.
Após a emissão dos primeiros ramos florais, a solução nutritiva circulou por 15 minutos e
estacionou por 45 minutos 24 horas por dia até o final do experimento. As seguintes
características foram avaliadas: número de frutos por planta; peso de fruto; produção de
frutos por planta; comprimento e diâmetro de fruto e relação comprimento: diâmetro de fruto.
Todas as avaliações foram feitas quando os frutos apresentavam a sua coloração
característica quando maduros.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Excetuando-se os valores que expressaram a relação entre o comprimento e o
diâmetro dos frutos, todas as características avaliadas apresentaram diferenças
significativas de acordo com cada cultivar. Em termos de número de frutos por planta, as
cultivares Matador, Elisa e Magaly foram as que mais frutos produziram sem se diferirem
estatisticamente (Tabela 1). De uma forma geral, observou-se uma tendência das cultivares
que apresentaram maior número de frutos/planta terem frutos mais leves, com exceção da
cultivar Amanda que produziu menor número de frutos/planta e estes foram
significativamente os menores. Neste aspecto a cultivar Margarita apresentou isoladamente
os frutos com maior peso, diferindo estatisticamente das demais cultivares (Tabela 1). Este
desempenho está de acordo com as características da cultivar, quando cultivada à céu
aberto ou em cultivo protegido no solo. Este fato demonstra uma boa adaptação desta
cultivar ao culti vo hidropônico. Por outro lado, todas as outras cultivares produziram frutos
com peso abaixo de suas médias. Provavelmente este desempenho possa estar relacionado
a solução nutritiva deficiente em nutrir as plantas e/ou a época adversa ao cultivo de
pimentão cujas temperaturas, mesmo dentro da estrutura durante os meses de maio e junho
registraram mínimas de 6 e 7 0C.
Em termos de produção por planta (Tabela 1), a cultivar Matador apresentou o melhor
desempenho diferindo estatisticamente das demais cultivares. A produção de 6487,5 g/planta
pode ser considerada uma ótima produtividade e está de acordo com Gomes et al.1999). As
cultivares Elisa, Magaly, Mandarim, Margarita e Zarco não diferiram estatisticamente e tiveram
uma produção razoável dentro de médias de produção a céu aberto. Em termos de
comprimento do fruto todas registraram valores bem abaixo da média padrão, segundo suas
fichas técnicas enquanto para os diâmetros, mesmo com diferenças significativas, ficaram
dentro dos padrões (Tabela 2 ). Por outro lado, para a relação comprimento/diâmetro de fruto
(Tabela 2), não houve diferenças significativas sendo observadas relações que indicam forma
compactada dos frutos tendendo para a forma quadrada. Esta forma distancia do padrão das
cultivares cujos frutos são cônicos. Assim, concluiu-se que a cultivar Margarita foi a que
mostrou melhor adaptação, sem prejuízo para as suas características. Há necessidade de
novos testes que envolva diferentes composições de soluções nutritivas e épocas de plantio.
Tabela 1 - Número de frutos por planta (NF/Planta) peso do fruto (PF), produção de fruto por planta (PrP/Planta) em cultivares de pimentão conduzidas no sistema hidropônico NFT. ICA - UNIFENAS, 2002*. Cultivar NF/Planta Cultivar PF (g) Cultivar PrF/Planta
Matador Elisa Magaly Mandarim Margarita Zarco Amanda
31,25a 27,75ab 27,50ab 23,75 bc 23,00 bc 17,75 cd 14,50 d
Margarita Magaly Zarco Elisa Mandarim Matador Amanda
282,50 a 166,00 b 151,50 bc 147,50 bcd 138,75 cd 131,25 cd 125,25 d
Margarita Matador Elisa Magaly Mandarim Zarco Amanda
6487,50a 4119,50 b 4092,50 b 3355,50 bc 3323,75 bc 2694,75 bc 1829,00 c
CV(%) 11,63 CV(%) 6,50 CV(%) 26,14
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade
Tabela 2- Comprimento, Diâmetro e Relação Comprimento/ Diâmetro (Com./Diam.) de frutos de pimentão produzidos em sistema hidropônico NFT. ICA - UNIFENAS –2002* Cultivar Comprimento (cm) Cultivar Diâmetro (cm) Cultivar Comp./ Diam.
Magaly Zarco Elisa Margarita Amanda Matador Mandarim
10,75a 10,75a 10,50ab 10,50ab 9,50abc 8,50 bc 7,50 c
Margarita Zarco Elisa Magaly Mandarim Matador Amanda
8,25a 8,00ab 7,75ab 7,25ab 7,00ab 6,50ab 6,25 b
Magaly Elisa Mandarim Zarco Margarita Matador Amanda
1,44a 1,35a 1,35a 1,34a 1,30a 1,30a 1,20a
CV(%) 9,42 CV(%) 11,47 CV(%) CV(%)19,59
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
LITERATURA CITADA
BLANK, A.F.; SOUZA, R.J. de; GOMES, L.A.A. Produção de Pimentão em Estufa. Lavras:
Universidade Federal de Lavras, Coordenadoria de Extensão. Circular v.4, n.55, 1995.10p.
FURLANI, P.R.; SILVEIRA, L.C.P.; BOLONHEZI, D.; FAQUIN, V. Cultivo hidropônico de
plantas. Campinas, IAC.1999. 52p. (Boletim Técnico).
GOMES, L.A.A; SILVA, E.C. da; FAQUIN, V. Recomendações de adubação para cultivo em
ambiente protegido. In: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas
Gerais, 5a Aproximação, Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais,
Viçosa: p. 99-111999, 0.
SOUZA, J.A. de; SOUZA, R.J. de; COLLICHIO, E.; GOMES, L.A.A.; SANTOS, H.S. Instruções
práticas para construção de estufas “modelo ANA Dias”. Lavras: Universidade Federal de
Lavras, Coordenadoria de Extensão. Circular v.3, n.17, 1994, 22p.
TEXEIRA,N.T. Hidroponia: uma alternativa para pequenas áreas. Guaíba: Agropecuária,
1996.86p.