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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL AUGUSTO DA GAMA REGO AVALIAÇÂO DA SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARARANDEUA: ESTUDO DE CASO DE RONDON DO PARÁ. Belém 2009

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Page 1: AVALIAÇÂO DA SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA NA BACIA ... · augusto da gama rego curso de mestrado em engenharia civil – ppgec/ ufpa. avaliaÇÃo da sustentabilidade do uso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

AUGUSTO DA GAMA REGO

AVALIAÇÂO DA SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA NA BAC IA HIDROGRÁFICA DO RIO ARARANDEUA: ESTUDO DE CASO DE

RONDON DO PARÁ.

Belém 2009

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AUGUSTO DA GAMA REGO CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL – PPGEC/ UFPA .

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA NA BAC IA HIDROGRÁFICA DO RIO ARARANDEUA: ESTUDO DE CASO DE

RONDON DO PARÁ.

Dissertação submetida à banca examinadora aprovada pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

Belém 2009

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação ( CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará , Belém/PA

Rego, Augusto da Gama, 1984- Avaliação da sustentabilidade do uso da água na bacia hidrográfica do Rio Ararandeua : estudo de caso de Rondon do Pará / Augusto da Gama Rego ; orientador, Lindemberg Lima Fernandes. — 2009.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Belém, 2009.

1. Recursos hídricos – Desenvolvimento - Ararandeua, Rio, Bacia. 2. Água – Uso. 3. Desenvolvimento sustentável. 4. Bacias hidrográficas. I. Título.

CDD - 22. ed. 333.9116

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA NA BAC IA HIDROGRÁFICA DO RIO ARARANDEUA: ESTUDO DE CASO DE

RONDON DO PARÁ.

Autor:

AUGUSTO DA GAMA REGO

Dissertação submetida à banca examinadora aprovada pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

Aprovada em: / / Banca examinadora:

________________________________________________

Prof. Dr. Lindemberg Lima Fernandes Orientador (Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental)

________________________________________________

Profª. Drª. Aline Maria Meiguins De Lima Membro Externo (Doutora em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental)

________________________________________________

Profª. Drª. Ana Rosa Baganha Barp Membro (Doutora em Engenharia Civil)

________________________________________________

Prof. Dr. Claudio José Cavalcante Blanco Membro (Doutorado em Sciences de l'eau)

Visto:

________________________________________________ Prof. Dr. Alcebíades Negrão Macêdo

Coordenador do PPGEC / IT / UFPA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Jorge Rego e Célia Gama, à minha irmã Adriane Rego, à minha esposa Beatriz e também ao nosso cachorrinho Stanley, pelo amor que

une nossa família.

Dedico esse trabalho com todo amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e minha virgem Nossa Senhora de

Nazaré, por estarem 24 horas por dia dispostos a ouvir sobre minhas dificuldades.

Aos meus pais, Jorge Rego e Célia Gama, pela forma que me educaram

e continuam me educando até hoje, pelo exemplo de pessoas que são,

principalmente pelo amor e carinho, o que me torna vitorioso simplesmente por ser

amado. Obrigado pelas conversas e conselhos e pelo apoio irrestrito. Amo vocês!

À minha irmã, Adriane Rego, pelos momentos de paciência e impaciência

que temos um com outro e que foram muito importantes nessa etapa da minha vida

e principalmente pelo carinho e amor que temos um pelo outro. Sinto-me muito

orgulhoso da sua trajetória como acadêmica, principalmente pelo futuro que tens

pela frente. Amo você minha irmã!

À minha futura esposa Beatriz Mendes, pelo apoio irrestrito, pelas

conversas, conselhos e também pela ajuda no texto do trabalho e principalmente

pela paciência, pelos finais de semana em casa trabalhando, pelas noites acordado

e pelas “repetidinhas de baralho” que tanto descansaram minha mente na hora que

precisei. Perdoe-me por todas as lágrimas derramadas nesse trajeto, sua presença

em minha vida é muito importante e considero a finalização desse trabalho como

mais uma de nossas vitórias. Te amo!

A todos os meus familiares pelo incentivo ao estudo, pela compreensão

das ausências nas nossas reuniões, em especial aos meus avôs e avós, grande

Antônio Gama e Gregória Gama (avós maternos) e Antônio Rego e Maria Rego

(avós paternos), pois os considero os maiores mestres da minha vida. Aos grandes

amigos da minha vida, vizinhos, aos amigos do Instituto Arraial do Pavulagem, aos

amigos da Comunidade Belém.

Ao amigo e orientador, Lindemberg de Lima Fernandes, por novamente

ter acreditado no meu potencial para a pesquisa, pelo aprendizado que tive com ele,

desde a Iniciação Científica e Trabalho de Conclusão de Curso, principalmente pelo

incentivo e paciência durante todas as etapas desse trabalho.

À Universidade Federa do Pará, através do Programa de Pós Graduação

em Engenharia Civil, pela estrutura e apoio na realização da pesquisa que culminou

nessa Dissertação.

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Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), que através dos Fundos Setoriais de Recursos Hídricos e Agronegócio

apoiaram financeiramente o Projeto Água e Cidadania em Rondon do Pará, do qual

foi concebida essa Dissertação de Mestrado.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA), pelo

apoio financeiro através de bolsa de Mestrado.

Aos professores Dr. Ronaldo Lopes Rodrigues Mendes, Drª. Aline Maria

Meiguins De Lima, Drª. Ana Rosa Baganha Barp, Dr. Claudio José Cavalcante

Blanco, colaboradores do trabalho como membros das bancas de avaliação, pelas

relevantes colocações e também pelo apoio.

À Prefeitura Municipal de Rondon do Pará, através da Secretaria

Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Rondon do Pará,

principalmente pelo apoio no trabalho de campo.

E por fim, agradeço a todos que de alguma forma ficarão felizes com a

passagem dessa etapa em minha vida.

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EPÍGRAFE

“Nós também somos a natureza, embora uma natureza dispersa... O mais disperso da natureza é

o ser humano nesse momento, então cuidemos das águas, das árvores, da vida... Cuidemos das pessoas:

das crianças aos mais velhos”.

Carlinhos Brown.

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RESUMO

O trabalho apresenta uma avaliação do uso da água em uma bacia hidrográfica, considerando um estudo de caso na sede de Rondon do Pará, município localizado na área com os maiores índices de desmatamento no Brasil. O município sofreu recentes mudanças no contexto econômico, onde a pecuária ganhou espaço sobre a atividade madeireira e atualmente, mantém junto com a atividade industrial o município do ponto de vista socioeconômico. A pesquisa, além de estudo de caso, é bibliográfica e exploratória e utilizou a técnica de mapas mentais para organizar as análises buscando seu principal objetivo que é responder a seguinte pergunta chave: “O uso da água na sede de Rondon do Pará caminha para a sustentabilidade?”. Para tal, baseando-se na Teoria Geral de Sistemas e no Desenvolvimento Sustentável, a pesquisa lançou mão de indicadores socioeconômicos e ambientais, que foram analisados considerando as suas interações, para que fossem atribuídos conceitos que vão de “muito ruim” a “muito bom” a cada um, para então gerar um gráfico que foi denominado “radar de sustentabilidade do uso da água”. A análise foi feita considerando o novo arranjo econômico de Rondon do Pará que vem trazendo toda uma problemática social e ambiental, principalmente relacionada ao uso irresponsável dos recursos hídricos. Os resultados mostram que economicamente o município vem crescendo a cada ano, o PIB entre 1997 e 2004 cresceu 243,4% graças ao desenvolvimento da pecuária, porém essa melhora não reflete ambientalmente de forma positiva, o resultado disso é um quadro de degradação dos recursos hídricos, pois os rios Pebas e Ararandeua sofrem despejos de efluentes industriais no trecho que corta a sede municipal e já apresentam qualidade ruim em alguns pontos, identificada através do Indicador de Qualidade da água (IQA). A tendência desse cenário é o agravamento também do quadro social, pois o crescimento populacional, mesmo que pequeno, exerce pressão sobre o uso dos recursos hídricos, principalmente devido à estrutura sanitária deficiente no município, que serve grande parte da população caracterizando assim um espaço social injusto. Considerando esse contexto, a conclusão final da pesquisa é que o uso da água em Rondon do Pará caminha para a insustentabilidade, onde a principal necessidade local é uma integração da gestão ambiental e de recursos hídricos para trabalharem por medidas estruturais e não estruturais na busca da sustentabilidade do uso da água.

Palavras Chaves : Indicadores de Sustentabilidade, Bacia Hidrográfica, Gestão e Planejamento de Recursos Hídricos, Uso da Água.

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ABSTRACT

This work presents an evaluation of the water use in a watershed, considering a case study in Rondon do Pará. This town is located in the area with the highest index of deforestation in Brazil and has suffered recent changes in the economic context, where cattle raising gained ground of the timber exploitation activities, and currently along with industrial activity are the basis for the economy. The survey, as well as case study is exploratory and literature and used the mind maps to organize the analysis searching for your main goal is to answer the following question: "the water use in the city of Rondon do Pará walks heading for sustainability?”. For the assessment, based on General Systems Theory and Sustainable Development, the research drew on socio-economic and environmental indicators, which were analyzed considering their interation, for to be assigned concepts to each ranging from "very poor" to "very good", and then generate a graph that was called "radar of the sustainability of water use”. The analysis has done considering the new economic arrangement of Rondon do Para, wich is bringing social and environmental problems, mainly related to the irresponsible in water use. The results show that economically the city is growing every year, the Gross Domestic Product (GDP) grew 243% from 1997 a 2004, thanks to cattle raising. But this does not reflect advancement in environmental improvements, the result is a picture of degradation of hydric resources, because the rivers Pebas and Ararandeua suffer from sewage sanitary discharge in the stretch that runs through the municipal headquarters and have poor quality, analyzed by the Water Quality Index (WQI). The trend of this scenario is also worsening the social situation, because the population growth (even though small) puts pressure on the water use, mainly due to deficient sanitary infrastructure in the city, especially the deficient treatment of domestic sewage in the large population, characterizing an unjust social space. Given this context, the final conclusion of this work is the answer to the key question that guides the analysis: the water use in the city of Rondon do Pará not walks heading for sustainability and the need main in town is an integration of environmental management and water resources to work with actions structural and nonstructural in search sustainable water use.

Keywords : Sustainability Indicators, Watershed, Management and Planning of Water Resources, Water Use.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

2 OBJETIVOS.......................................... ...............................................................3

3 REFERENCIAL TEÓRICO................................ ...................................................4

3.1 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS.................................................................4

3.1.1 Algumas experiências de gestão de recursos hídricos nas Américas .4

3.1.2 A gestão de águas no Brasil .....................................................................6

3.2 TEORIA GERAL DE SISTEMAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...9

3.2.1 Teoria Geral de Sistemas (TGS) ................................................................9

3.2.2 Desenvolvimento Sustentável (DS) ........................................................13

3.3 INDICADORES E ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE .....................................18

3.3.1 Pirâmide da Informação ..........................................................................18

3.3.2 Indicadores e Índices de Sustentabilidade ............................................19

3.3.3 Mensuração de Sustentabilidade ...........................................................21

3.4 ÁREA DE ESTUDO: SEDE DE RONDON DO PARÁ ........................................24

3.4.1 Município de Rondon do Pará ................................................................26 3.1.1.1 Aspectos Históricos..................................................................................26 3.1.1.2 Aspectos Físicos e Territoriais .................................................................28

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................ .................................................29

4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DE UM SISTEMA HÍDRICO ................................29

4.2 DESENHO E ETAPAS DA PESQUISA ..............................................................33

4.2.1 Etapa 1: Investigação dos aspectos gerais da área d e estudo ............34

4.2.2 Etapa 2: Diagnóstico da qualidade da água ..........................................35

4.2.3 Etapa 3: Diagnóstico socioeconômico ..................................................40

4.2.4 Etapa 4: Seleção de indicadores socioeconômicos e a mbientais .......40

4.2.5 Etapa 5: Avaliação da sustentabilidade do uso da ág ua ......................42

5 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES......................... ......................................46

5.1 SITUAÇÃO DO RIO ARARANDEUA E DOS PEBAS NA ÁREA DE ESTUDO .46

5.1.1 Rio Ararandeua ........................................................................................46

5.1.2 Rio dos Pebas ..........................................................................................51

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5.2 ANÁLISE DOS INDICADOES SELECIONADOS ...............................................56

5.2.1 Análise socioeconômica .........................................................................56 5.2.1.1 PIB per capita...........................................................................................56 5.2.1.2 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M .........................58 5.2.1.3 Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado.............60 5.2.1.4 Percentual da população com acesso a água potável .............................62

5.2.2 Análise socioambiental ...........................................................................65 5.2.2.1 Índice de Qualidade das Águas – IQA .....................................................65 5.2.2.2 Taxa de crescimento da produção agropecuária .....................................69 5.2.2.3 Taxa de crescimento populacional ...........................................................71 5.2.2.4 Taxa de urbanização................................................................................73 5.2.2.5 Densidade demográfica ...........................................................................75 5.2.2.6 Proporção de esgoto tratado ....................................................................78 5.2.2.7 Políticas de combate ao desperdício de água potável .............................80 5.2.2.8 Degradação da mata ciliar........................................................................81

5.3 RADAR DE SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA: RONDON DO PARÁ..82

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................... ...................................85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ................................................90

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Bacia hidrográfica ...................................................................................................7

Figura 2: Organograma do SNGRH. ....................................................................................8

Figura 3: Limites do desenvolvimento ................................................................................15

Figura 4: Dimensões do Desenvolvimento Sustentável..................................................17

Figura 5: Indicadores e Índices: Pirâmide de informações.............................................18

Figura 6: Modelo conceitual PER (Pressão/Estado/Resposta)......................................22

Figura 7: Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste, Sub-região Guamá-Moju. .25

Figura 8: Bacia Hidrográfica do Rio Ararandeua..............................................................26

Figura 9: Vista área do centro de Rondon do Pará..........................................................27

Figura 10: Centro urbano de Rondon do Pará..................................................................28

Figura 11: Desenho esquemático do ciclo hidrológico ....................................................29

Figura 12: Etapas da pesquisa............................................................................................34

Figura 13: Localização dos pontos de amostragem na área de estudo.......................37

Figura 14: Curvas médias de variação de qualidade das águas...................................39

Figura 15: Indicadores de Pressão, Estado e Resposta.................................................43

Figura 16: Radar da Sustentabilidade do Uso da Água. .................................................44

Figura 17: Avaliação a partir do Radar de Sustentabilidade do Uso da Água. ...........45

Figura 18: Nascentes do rio Ararandeua. ..........................................................................46

Figura 19: Área próxima aos despejos industriais de laticínio na estiagem. ...............47

Figura 20: Área próxima aos despejos industriais de laticínio nas chuvas..................48

Figura 21: Visão geral da estação de tratamento de esgoto da indústria. ...................48

Figura 22: Balneário “Cai n’água”. ......................................................................................49

Figura 23: Balneário “Rio dos Garimpos”. .........................................................................49

Figura 24: Rede de drenagem que recebe contribuição de esgotos domésticos.......50

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Figura 25: Extração de minério no rio Ararandeua. .........................................................50

Figura 26: Rio Ararandeua na saída da sede municipal de Rondon do Pará. ............51

Figura 27: Matadouro municipal de Rondon do Pará. .....................................................52

Figura 28: Erosão na área do matadouro..........................................................................52

Figura 29: Curral do matadouro, escoamento das fezes feito por canaletas. .............53

Figura 30: Tubulação de esgoto..........................................................................................53

Figura 31: Tratamento de esgoto do efluente do matadouro municipal. ......................54

Figura 32: Sumidouro do matadouro municipal a céu aberto. .......................................54

Figura 33: Efluente de laticínio sendo lançado no rio dos Pebas..................................55

Figura 34: Principais pontos potenciais de poluição........................................................55

Figura 35: IQA dos pontos de amostragem no período de estiagem. ..........................67

Figura 36: IQA dos pontos de amostragem no período chuvoso. .................................68

Figura 37: Sede de Rondon do Pará..................................................................................76

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Precipitação anual total entre 1981 e 2005 .............................................35

Gráfico 2: Informações mensais entre 1981 e 2005. ...............................................36

Gráfico 3: PIB e posição de Rondon do Pará no ranking paraense de PIB’s...........57

Gráfico 4: PIB per capita em Rondon do Pará .........................................................57

Gráfico 5: Principais atividades econômicas e o PIB de Rondon do Pará. ..............58

Gráfico 6: DH-M Educação, Longevidade e Renda em Rondon do Pará ................59

Gráfico 7: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Rondon do Pará.......60

Gráfico 8: Tratamento de esgoto doméstico em Rondon do Pará em 1991 ............61

Gráfico 9: Formas de abastecimento de água em Rondon do Pará ........................63

Gráfico 10: Abastecimento de água na sede de Rondon do Pará. ............................64

Gráfico 11: Produção dos principais rebanhos de Rondon do Pará ..........................70

Gráfico 12: Atividades econômicas em Rondon do Pará e a geração de empregos .70

Gráfico 13: Taxa de crescimento da produção agropecuária em Rondon do Pará....71

Gráfico 14: População de Rondon do Pará................................................................72

Gráfico 15: Taxa do crescimento demográfico de Rondon do Pará...........................72

Gráfico 16: Variação da população urbana e rural de Rondon do Pará.....................74

Gráfico 17: Comportamento da taxa de urbanização em Rondon do Pará................74

Gráfico 18: Evolução da densidade demográfica em Rondon do Pará......................76

Gráfico 19: Evolução da densidade demográfica na sede de Rondon do Pará. ........77

Gráfico 20: Esgoto tratado em Rondon do Pará. .......................................................79

Gráfico 21: Sustentabilidade do uso da água em Rondon do Pará ...........................83

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Instrumentos da PNRH. ..............................................................................7

Quadro 2: Propriedades de sistemas.........................................................................11

Quadro 3: Propriedades fundamentais dos meios externos a sistemas ....................12

Quadro 4: Limites que limitam a acessibilidade ao espaço........................................16

Quadro 5: Metodologias utilizadas nas análises das amostras..................................38

Quadro 6 Planilha de resultados dos parâmetros de qualidade da água (estiagem) 65

Quadro 7: Planilha de resultados dos parâmetros de qualidade da água (chuvas) ...66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resumo das características morfológicas da bacia do rio Ararandeua......26

Tabela 2: Avaliação dos indicadores de pressão do sistema hídrico. ..........................44

Tabela 3: Avaliação dos indicadores de estado e reposta do sistema hídrico............44

Tabela 4: Valores de IQA calculados para o período de estiagem. ..............................65

Tabela 5: Valores de IQA calculados para o período chuvoso. .....................................66

Tabela 6: Densidade Demográfica de Rondon do Pará e de sua sede municipal. ....77

Tabela 7: Avaliação dos indicadores PER para o sistema hídrico. ...............................82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT............................Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANA.............................. Agência Nacional de Águas

APHA………………….. American Public Health Association

BHRA............................Bacia Hidrográfica do Rio Ararandeua

CBH..............................Comitê de Bacia Hidrográfica

CDS..............................Comissão de Desenvolvimento Sustentável

CETESB.......................Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

CNRH...........................Conselho Nacional de Recursos Hídricos

DBO..............................Demanda Bioquímica de Oxigênio

DER..............................Departamento de Estradas e Rodagem

ETE...............................Estação de Tratamento de Esgoto

EUA..............................Estados Unidos da América

FUNASA.......................Fundação Nacional de Saúde

GEO............................. Global Environment Outlook

IBGE.............................Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH-M.......................... Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IDRC……………………The International Development Research Center

IQANFS....................................... Indicador de Qualidade da Água

IUCN............................ The World Conservation Unit

NASA………………….. National Aeronautics and Space Administration

NBR..............................Norma Brasileira

NGA............................. National Geospatial-Intelligence Agency

NMP............................. Número Mais Provável

OCDE........................... Organização para Cooperação e Desenvolvimento

Econômico

OD................................ Oxigênio Dissolvido

PEIR............................. Pressão/Estado/Impacto/Resposta

PER.............................. Pressão/Estado/Resposta

pH.................................Potencial Hidrogeniônico

PIB................................Produto Interno Bruto

PNRH........................... Plano Nacional de Recursos Hídricos

PNUMA.........................Programa Nacional de Meio Ambiente

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PPM............................. Partes por milhão

SAAE........................... Sistema Autônomo de Água e Esgoto

SEMA………………….. Secretaria de Meio Ambiente

SIG............................... Sistema de Informações Georeferenciadas

SNGRH........................ Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SPDS........................... Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável

SRTM………………….. Shuttle Radar Topography Mission

TGS.............................. Teoria Geral de Sistemas

UFPB............................Universidade Federal da Paraíba

UNEP............................United Nations Environment Programme

UT.................................Unidade de Turbidez

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1

1 INTRODUÇÃO

O “Desenvolvimento Sustentável” vem sendo discutido desde a metade

do século XX, tendo em vista o crescimento das forças produtivas e suas

conseqüências para o planeta. O avanço do conhecimento científico vem

amenizando as necessidades, principalmente da humanidade. Porém, a evolução

das técnicas de planejamento e gestão, das tecnologias de produção, até então não

estão sendo suficientes para fazerem frente às conseqüências negativas geradas,

como, por exemplo, a degradação do meio ambiente.

Refletindo sobre essa questão, a dissertação traz como tema a

sustentabilidade do uso de recursos naturais, mais especificamente dos recursos

hídricos, tendo em vista as alterações, principalmente da qualidade das águas em

função da ocupação urbana e das atividades econômicas desempenhadas em uma

bacia hidrográfica. Para tal avaliação, a pesquisa lança mão da busca de

indicadores que possam transformar dados em informações socioeconômicas e

ambientais úteis para o planejamento e gestão de recursos hídricos. Essa avaliação

é bastante complexa, pois a análise pode se estender além das visíveis águas

superficiais, como por exemplo, águas subterrâneas, vapores atmosféricos, etc.

Entretanto, para a referida pesquisa, a investigação é limitada apenas às águas

superficiais e subterrâneas.

A dissertação apresenta uma avaliação do uso da água no alto

Ararandeua, realizando um estudo de caso na sede do município de Rondon do

Pará, na ótica da sustentabilidade, onde a principal pergunta que se procura

responder e que incorpora o objetivo principal do trabalho, o qual é encontrado no

Capítulo II é: “O uso da água na sede de Rondon do Pará caminha para a

sustentabilidade?”. Supõe-se que com uso de indicadores de sustentabilidade, seja

possível chegar a uma resposta para tal investigação, que é alicerçada em alguns

objetivos específicos que são relacionados aos aspectos socioeconômicos e

ambientais do uso da água no local.

Toda a argumentação feita na dissertação é orientada por um referencial

teórico apresentado no Capítulo III, o qual se inicia com a sessão “Gestão de

recursos hídricos” com ênfase na gestão no Brasil. A segunda sessão, “Teoria Geral

de Sistemas e o Desenvolvimento Sustentável”, apresenta o arcabouço teórico no

qual trabalho se baseou para a referida pesquisa. A próxima sessão, “Indicadores e

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2

Índices de Sustentabilidade”, apresenta um breve histórico dessas ferramentas da

gestão, os critérios básicos que norteiam sua seleção e as orientações para a

utilização. E por fim, se encerra com a sessão “Área de estudo: Sede de Rondon do

Pará”, onde são apresentados os aspectos históricos, físicos e territoriais do

município que está inserido na bacia hidrográfica do rio Ararandeua.

Os aspectos metodológicos são descritos no Capítulo IV “Materiais e

Métodos”, iniciando com a sessão “Caracterização geral de um sistema hídrico”,

onde é apresentada toda a análise de uma bacia hidrográfica como sistema a partir

da Teoria Geral de Sistemas. Em seguida, é apresentada a sessão “Desenho e

etapas da pesquisa” abrangendo as etapas investigação dos aspectos gerais da

área de estudo, diagnóstico da qualidade da água, diagnóstico socioeconômico e

ambiental, seleção de indicadores socioeconômicos e ambientais. Por fim, apresenta

o “Radar de sustentabilidade do uso da água”, ferramenta criada para a análise

desses indicadores através do Modelo Conceitual Pressão, Estado e Resposta.

As análises, resultados e as discussões são apresentados no Capítulo V,

iniciando com a apresentação do quadro atual dos rios na área de estudo. Em

seguida serão apresentados os indicadores, agrupados de acordo com as análises

socioeconômicas e socioambientais. Por fim, será apresentada uma análise geral

dos resultados dentro da perspectiva da sustentabilidade utilizando os aspectos

socioeconômicos e ambientais, apresentando o radar de sustentabilidade do uso

dos recursos hídricos na área em estudo.

No Capítulo VI, apresentadas as conclusões dessa pesquisa

considerando os resultados e os aspectos metodológicos, juntamente com as

recomendações previstas para o planejamento e gestão dos recursos hídricos na

bacia visando um cenário sustentável para o uso da água.

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa é:

• Avaliar a sustentabilidade do uso da água em Rondon do Pará através de

indicadores de sustentabilidade levando em consideração os aspectos

sociais, econômicos e ambientais.

Objetivos específicos:

• Identificar os usos múltiplos dos recursos hídricos na bacia hidrográfica no

qual Rondon do Pará está inserido;

• Diagnosticar a qualidade da água na bacia hidrográfica no qual Rondon do

Pará está inserido;

• Levantar informações socioeconômicas de Rondon do Pará;

• Avaliar a relação entre a degradação dos recursos hídricos na região e os

aspectos socioeconômicos;

• Gerar um grupo de indicadores socioeconômicos e ambientais que

expressam a realidade local;

• Dar suporte ao planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos em

Rondon do Pará, através de informações científicas geradas na pesquisa

como contribuição para o planejamento e gestão de recursos hídricos.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse Capítulo será apresentado o arcabouço teórico com seus conceitos

e definições que norteiam a pesquisa. Para melhor situar o trabalho nas questões

gerais sobre recursos hídricos, o item será iniciado com a abordagem de algumas

experiências na gestão dos recursos hídricos nas Américas, na sequência será

apresentada a Teoria Geral de Sistemas (TGS) e o Desenvolvimento Sustentável

(DS), finalizando com os Indicadores e Índices de Sustentabilidade.

3.1 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

3.1.1 Algumas experiências de gestão de recursos hí dricos nas Américas

Segundo Dourojeanni e Jouravlev (2002), para evitar um processo

decisório unilateral é importante se ter estruturas de gestão bem definidas e de

caráter participativo. A água pode ser encontrada tanto na superfície (lagos,

córregos, rios) como nas reservas subterrâneas, mas em ambas a divisão político-

administrativa (bairros, cidades, estados e países) não condiz com a delimitação de

bacias e micro bacias. Considerando esse fato, é necessário encontrar formas de

sobrepor essas territorialidades na tomada de decisão, o que gera a necessidade da

articulação nas diversas esferas da gestão dos recursos transfronteiriços.

Outro ponto importante para a discussão é a definição de competências

na gestão dos recursos hídricos em todos os níveis. A estrutura da gestão deve ser

clara no que diz respeito a competências, onde cada instituição deve ter bem

identificado seu papel no processo de planejamento, implementação, execução e

fiscalização. Uma importante ferramenta para dar direcionamento a essa questão é

a criação de uma legislação bem estruturada para os recursos hídricos.

Segundo Calcagno (2000), na Argentina a gestão é descentralizada,

existindo em esfera nacional, provinciana (equivalente ao nível estadual) e a nível

local e em todas elas as dificuldades na gestão estão relacionadas à falta de

estrutura, tornando-a ineficiente. Um dos usos que chama a atenção nesse país é o

abastecimento público de água potável, onde 64,46% do serviço são prestados por

empresas privadas, o que parece ser inviável, pois o sistema tarifário é suficiente

apenas para cobrir as despesas de exploração de água. Essa situação demonstra a

fragilidade da gestão argentina com relação à saúde ambiental no país, onde o único

valor agregado à água é o econômico.

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Esse posicionamento argentino parece ir contrário à idéia crescente de

incorporar valores ecológicos na política da água, dando novamente ênfase nas

necessidades básicas do ser humano e quebrando a relação entre o crescimento

econômico e o uso da água.

Dourojeanni e Jouravlev (2002) afirmam que na Colômbia, apesar da

gestão aparentemente estar bem melhor estruturada que na Argentina, os

problemas estão relacionados, principalmente, às corporações regionais de gestão,

que são dotadas de autonomia administrativa e financeira. A escolha do conselho

diretor da corporação é feita através de votação popular, o que a priori seria

importante para dar maior representatividade ao conselho perante seus eleitores.

Porém, por terem um alto nível de autonomia acabam tendo uma gestão

ineficiente e de interesses. Aliado a isso, são consideradas numericamente além do

necessário, sem mencionar que com a troca de governo ocorre um processo de

revisão das corporações regionais de gestão hídrica, fazendo com que não haja

continuidade nas ações de gestão. A experiência colombiana é importante para

analisar até que ponto a gestão deve ser participativa ou até mesmo, o conceito de

participação, pois se viu que nesse país são encontradas dificuldades relacionadas

também com o nível de participação da sociedade.

Considerando uma realidade completamente diferente da argentina e

colombiana, principalmente no que diz respeito à capital e tecnologia para a gestão

da água, nos Estados Unidos a responsabilidade primária pelo gerenciamento dos

recursos hídricos é de cada Estado, através de seus Departamentos de Recursos

Hídricos. Aos órgãos do governo federal cabe a fiscalização do interrelacionamento

entre os estados, sobretudo nos casos de conflitos pelo uso. No âmbito municipal,

os departamentos de água das cidades se asseguram de que a água fornecida para

os clientes residenciais e industriais esteja em conformidade com as especificações

de saúde e de segurança. Existem ainda, as agências governamentais locais, que

funcionam como distritos de irrigação que fornecem água para os usuários agrícolas.

A principal vantagem do modelo americano é a possibilidade da

adaptação mais rápida da gestão dos recursos hídricos às necessidades locais, uma

vez que a própria legislação é resultado da gestão dos Departamentos Estaduais de

Recursos Hídricos.

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3.1.2 A gestão de águas no Brasil

Segundo Sousa Junior (2004), no Brasil a regulamentação da gestão

hídrica teve origem no início do século XX, a partir do Código das Águas em 1934,

focando a regulamentação do uso pelo setor de geração de energia. Somente no

final do referido século o pensamento abrangera o uso de forma geral, considerando

todos os usos múltiplos da água.

Apesar do avanço, a gestão dos recursos hídricos ainda encontra muitas

dificuldades, pois existe grande pressão de interesses de setores que dependem

efetivamente da água. Mais recentemente, a Lei Nº. 9.433, de 8 de Janeiro de 1997

instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), cujos objetivos são:

i. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária

disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados

aos respectivos usos;

ii. A utilização racional e integrada dos recursos hídricos,

incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao

desenvolvimento sustentável;

iii. A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos

de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos

recursos naturais.

O sistema brasileiro de gestão das águas é baseado no francês e se

caracteriza por um modelo descentralizado e participativo. Seja para a indústria,

agricultura, geração de energia, ou qualquer outro uso, a competição pelos recursos

hídricos é notória, podendo ser encontrada em níveis locais, regionais ou

internacionais.

Segundo Sperling (2005), os usos múltiplos da água são: Abastecimento

doméstico; Abastecimento industrial; Irrigação; Dessedentação de animais;

Preservação da fauna e flora; Recreação e lazer; Criação de espécies; Geração de

energia elétrica; Navegação; Harmonia paisagística; Diluição e transporte de

despejos.

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Para alcançar seus objetivos, a Lei Nº. 9.433/97 traz em seu conteúdo os

instrumentos da PNRH (Quadro 1).

Os Planos de Recursos Hídricos.

São planos diretores que visam fundamentar e orientar a implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos hídricos.

O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os seus usos preponderantes.

É o estabelecimento do nível de qualidade através de uma classificação a ser alcançado e/ou mantida em um dado segmento do corpo de água ao longo do tempo.

A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.

É um ato administrativo em que o Outorgante1 dá ao Outorgado2 o direito de uso da água em um tempo e condições pré-estabelecidas.

A cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Nada mais é que a cobrança dos usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, onde os valores arrecadados serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados.

O sistema de informações sobre recursos hídricos.

É um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Quadro 1: Instrumentos da PNRH.

Um dos fundamentos que alicerça a Lei Nº. 9.433/97 é o de que a bacia

hidrográfica é a unidade territorial para implementação da PNRH e atuação do

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH). Segundo

Silveira (2007), bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da

precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu

exultório (Figura 1).

Figura 1: Bacia hidrográfica (Sperling, 2005).

1 Órgão competente que concede o direito de uso. 2 Usuário da água o qual ganha o direito de uso da mesma.

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O Artigo 33 da Lei Nº. 9.433/97 versa sobre o SNGRH que é constituído

por um conjunto de órgãos e instituições que atuam na gestão dos recursos hídricos

na esfera federal, estadual e de bacias (Figura 2).

Figura 2: Organograma do SNGRH.

- Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH);

- Conselhos de Recursos Hídricos Estaduais e Distrito Federal (CERH);

- Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs);

- Órgãos do poder público nas diversas esferas, cujas competências se

relacionem com a gestão de recursos hídricos;

- Agências de Águas e

- Agência Nacional de Águas (ANA).

Essa estrutura é a responsável pela gestão da água no Brasil, cada uma

com suas funções específicas dentro da sua esfera. Nesse contexto, o uso de

indicadores se faz necessário, pois são ferramentas muito úteis para o planejamento

e gestão, principalmente pelo fato de sintetizar grandes quantidades de informações

e comunicá-las de forma acessível tanto para o poder público, quando para a

sociedade em geral. Porém é necessário ressaltar que é indispensável ter uma base

teórica bem alicerçada para adentrar no tema “Indicadores de Sustentabilidade”.

Essa base é apresentada no próximo capítulo.

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3.2 TEORIA GERAL DE SISTEMAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.2.1 Teoria Geral de Sistemas (TGS)

O período medieval (século V ao século XV) é conhecido como “Idade

das trevas”, pois nele não houve desenvolvimento da ciência e da tecnologia, onde

os fenômenos sem explicação sempre vinham acompanhados de respostas

baseadas na linha escolástica.

Segundo Azambuja (2004), no início do século XVI, com o Renascimento,

a ciência começou a ganhar reconhecimento e confiança na sua capacidade de

explicar fenômenos naturais. A observação e a experimentação ganharam espaço e

notadamente passaram a ser respeitadas, e, principalmente, a serem fontes de

desenvolvimento científico e tecnológico. A Teoria Heliocêntrica3 de Nicolau

Copérnico, a invenção do telescópio Galileu Galilei, foram estudos que contribuíram

para a Astronomia, que acabou se tornando a principal área do conhecimento a

refutar as premissas da igreja.

A observação dos corpos celestes pela astronomia deu início a uma

filosofia materialista, onde corpos mortos obedeciam às ordens de forças de forma

passiva. Os homens e o restante dos animais passaram a ser, em princípio, nada

além de seres mecânicos, onde o coração se tornara uma bomba que obedecera a

puros princípios hidráulicos e mecânicos. Essa conjectura deu origem aos

Pensamentos Mecanicista e ao Determinismo: “Para entender o todo é necessário

reduzi-lo em uma fração menor e compreendê-lo”.

Segundo Hanne (2001), em meados do século XIX, o filósofo britânico

John Stuart Mill defendeu que as propriedades de moléculas não poderiam ser

derivadas a partir das propriedades dos elementos constituintes, por exemplo, a

água não teria as mesmas características das moléculas de hidrogênio e oxigênio,

nem isoladas e nem somadas. Essa forma de pensar tem avançado dentro da

biologia, sociologia e outras ciências, sob a forma de Teoria de Sistemas.

O todo começou a ser entendido como além da soma de suas partes e

passou a ter elementos e interações entre eles, denominado de sistema. Desde a

década de 1970, a partir da Teoria Geral de Sistemas, os níveis de organização

(social, psicológico e biológico) começaram a ser entendidos de outra forma, todos 3 Toeria Heliocêntrica: Proposição que reconhece que os planetas giram em torno de uma estrela, no

caso a terra gira e torno do sol, contrariando, assim o Geocentrismo que pregava o inverso.

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ligados uns aos outros e uns sendo afetados pelas mudanças dos outros. Segundo

essa abordagem: “O todo é mais do que a soma das partes, para entendê-lo é

necessário entender suas interações existentes”.

Segundo Bertalanffy (2008), a TGS é “uma ciência geral da totalidade,

sendo aplicável a várias ciências empíricas e a diversos campos científicos, tais

como a termodinâmica, a experimentação biológica e médica, a genética, etc.”.

Segundo Ribeiro (2002), a TGS é “uma ciência básica que trata em um

nível abstrato de propriedades gerais de sistemas, apoiadas por suas próprias

metafísicas em filosofia de sistemas”.

Para Silva (2001), um sistema é “um conjunto de elementos interativos e

relacionados cada um ao seu ambiente de modo a formar um todo”

Para Ribeiro (2002), sistema é “Um conjunto de elementos com atributos

e funções próprias, conectados em uma estrutura e interagindo entre si e o meio

externo de forma organizada”.

Caravantes et al. (2005) conceituam sistemas como “qualquer entidade,

conceitual ou física, composta de partes interrelacionadas, interatuantes ou

interdependentes, dotada de um objetivo”.

Por fim, Chiavenato (2007) conceitua sistema como “um conjunto de

elementos dinamicamente interrelacionados que desenvolvem uma atividade ou

função para atingir um ou mais objetivos e propósitos”.

Através do exposto chegou-se a uma conceituação própria, onde

sistemas são conjuntos de elementos que interagem dentro de um ambiente

trocando matéria, energia ou informação visando um objetivo comum, e que todo

sistema deve possuir:

- Elementos: Unidades que compõem os sistemas, onde é importante

ressaltar que os elementos podem ser subsistemas de um todo maior;

- Relações entre elementos: Podendo ser através de troca de

informação, matéria e etc.;

- Objetivo comum: Objetivo através das interações dos seus elementos;

- Meio externo: Parte externa ao sistema e que não está submetida ao

seu controle, podendo haver trocas entre os sistemas e o meio – energia,

informação e etc. – podendo um influenciar o outro.

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Segundo Bertalanffy (2008), a TGS tem como metas formular teorias de

sistemas generalizadas, trabalhar fora de um modo metodológico de descrever o

funcionamento e comportamento de objetos de sistemas e elaborar modelos

generalizados de sistemas. Para o autor a TGS é um instrumento útil para fornecer

modelos a serem usados em diferentes campos da ciência e transferidos de uns

para os outros já que foi concebida na suposição que todos os tipos de sistemas têm

características em comum (Quadro 2).

Interrelacionamento e interdependência

Os atributos de elementos sem conexão e objetos independentes que nunca podem constituir um sistema;

Holismo Propriedade de Holística, onde o que não é possível descobrir por análise deveria ser possível definir no sistema;

Meta de busca da interação sistêmica

Tem que resultar em alguma meta ou, estado final a ser alcançado ou se aproximar de um pouco de equilíbrio;

Transformação de processo

Todos os sistemas têm de atingir a meta, transformar entradas em saídas. Em sistemas vivos, esta transformação é principalmente de uma natureza cíclica;

Entradas e saídas Em um sistema fechado, as contribuições são de uma vez por todas determinadas; em um sistema aberto são admitidas contribuições adicionais de seu ambiente;

Entropia

Quantia de desordem ou randomissismo presente dentro de qualquer sistema. Todos os sistemas não-vivos tendem para a desordem; eles só perderão todo o movimento e eventualmente se degenerarão em uma massa inerte. Quando esta fase permanente é alcançada e nenhum evento acontece, o máximo de entropia é atingido. Um sistema vivo pode, durante um tempo finito, evitar este processo inalterável importando energia de seu ambiente;

Regulamento.

Devem ser regulados os objetos relacionados que constituem o sistema de forma que suas metas possam ser percebidas. O regulamento sugere que aquelas divergências necessárias serão descobertas e serão corrigidas. A avaliação é então um requisito de controle efetivo;

Hierarquia Sistemas são geralmente complexos compostos de subsistemas menores, uns dentro dos outros;

Diferenciação

Em sistemas complexos, unidades especializadas executam funções especializadas. Esta é uma característica de todos os sistemas complexos e também pode ser chamada especialização ou divisão de trabalho;

Equifinalidade e multifinalidade

Sistemas abertos têm modos alternativos igualmente válidos de atingir os mesmos objetivos ou, de um determinado estado inicial, obter diferentes objetivos mutuamente exclusivos.

Quadro 2: Propriedades de sistemas (Bertalanffy, 2008 adaptado).

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Bossel (1999), considerando o meio externo de um sistema ou “ambientes

de sistemas” (como o autor se refere), estes possuem características fundamentais

(Quadro 3):

Estado Externo Normal Estado normal do meio externo o qual se tem variações em torno;

Escassez de recursos Quando os recursos necessários para a sobrevivência de um sistema não estão imediatamente disponíveis quando necessários;

Variedade Quando processos qualitativamente diferentes fazem variar os padrões de variáveis ambientais tornando o ambiente constante ou intermitente;

Variabilidade A variação em torno do estado normal do ambiente de maneira aleatória, e as flutuações podem ocasionalmente tornar o ambiente longe de ser o estado normal;

Variação Variações irreversíveis de um estado normal criando um novo estado normal;

Outros sistemas Sistemas podem influenciar uns aos outros.

Quadro 3: Propriedades fundamentais dos meios externos a sistemas (Bossel, 1999).

Como a pesquisa em torno da TGS é muito ampla e atinge vários ramos

do conhecimento, não é de se espantar que existam várias formas de classificar os

sistemas de acordo com cada autor, Chiavenato (2007) destaca algumas:

• Sistemas Físicos (Concretos) ou Abstratos (conceituais):

Essa classificação é referente à constituição dos sistemas. Os primeiros

são sistemas tangíveis, ou seja, existem fisicamente, enquanto que os segundos são

sistemas intangíveis, ou seja, não existem fisicamente, são apenas modelos ou

representações. São exemplos de sistema físicos os sistemas de instalações

prediais, ou um conjunto de tubulações para irrigação, ou um conjunto de unidades

habitacionais. Já os sistemas abstratos podem ser exemplificados através de um

conjunto de idéias que se interrelacionam, por exemplo, uma análise de um conjunto

de Teorias, ou o algoritmo de um software.

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• Sistemas Naturais ou Artificiais:

Essa classificação está relacionada ao princípio do sistema, onde os

primeiros são originais da natureza e os segundos são criados pelo homem. O ser

humano é um exemplo de sistema natural, o ambiente aquático também é um

exemplo de sistemas naturais, como também uma área de floresta. Já os ambientes

artificiais podem ser exemplificados através de uma construção civil, ou uma

máquina de computador.

• Sistemas Abertos ou Fechados:

Basicamente, é possível dizer que o os sistemas abertos realizam trocas

de matéria e energia com o meio externo e os fechados não. Os sistemas abertos

podem ser exemplificados através de uma cadeia alimentar, onde cada organismo

vivo é um sistema e que a partir da sua alimentação adquirem energia de outros

sistemas (organismos vivos). Os sistemas fechados são basicamente teóricos e

podem ser exemplificados através de uma máquina com rendimento 100%.

• Sistemas Estáveis ou Dinâmicos:

É possível dizer que em sistemas estáveis as mudanças no meio externo

não causam mudanças nos sistemas, já nos dinâmicos existem mudanças rápidas e

constantes em função de mudanças no meio externo. Uma máquina de computador

é um exemplo de sistema estável em termos de software, seu comportamento

independe das condições do meio externo, já um organismo vivo é um típico

exemplo de um sistema dinâmico, por exemplo, seu metabolismo é dependente do

consumo de energia diária.

No Capítulo 5 “Materiais e Métodos”, será apresentada uma sessão

caracterizando um sistema hídrico a partir do suporte teórico dado pela Teoria Geral

de Sistemas, facilitando então a compreensão da seleção de indicadores para

avaliar a sustentabilidade do mesmo.

3.2.2 Desenvolvimento Sustentável (DS)

O termo “Desenvolvimento Sustentável” apareceu pela primeira vez

oficialmente na Conferência de Estocolmo em 1972, onde foi criado o Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Em 1987, foi lançado o Relatório de Bruntland, elaborado pela Comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que apresentou uma série de

medidas, que deveriam ser tomadas objetivando o Desenvolvimento Sustentável,

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como a limitação no crescimento populacional, preservação da biodiversidade e dos

ecossistemas como garantia de recursos básicos (água, energia e etc.), o uso de

tecnologias de energias renováveis e etc.

No Brasil, o Programa Agenda 21, coordenado pela Secretaria de

Políticas para o Desenvolvimento Sustentável (SPDS) do Ministério do Meio

Ambiente (MMA), adota os princípios da Carta da Terra, busca contribuir com os

Objetivos e Metas do Milênio e tem como referências conceituais: sociedade

sustentável; justiça ambiental; cidadania ativa; democracia participativa (MMA,

2006).

Segundo Veiga (2005), antes de ser usada para questionar a qualidade

do desenvolvimento alcançado pelos poucos países avançados, a noção de

“sustentabilidade” pertencia à Biologia e se referia tão somente às condições em que

a extração de recursos naturais renováveis pode ocorrer sem impedimento da

reprodução dos respectivos ecossistemas. Evidentemente, foi bem mais complexa,

além de muito mais longa, a evolução das idéias sobre o desenvolvimento das

sociedades humanas, ao qual vem sendo colocado o adjetivo “sustentável” desde

1987.

Para Bossel (1999), em tempos anteriores, a sustentabilidade da

humanidade não aparecia como um objetivo explícito, já que nenhuma sociedade

humana “consciente” jamais promoveria a sua própria insustentabilidade. A

sustentabilidade implica numa dimensão temporal, já que a insustentabilidade,

agora, raramente sugere de imediato um prenúncio existencial. Mesmo que as

ameaças sejam compreendidas, elas não causam grande preocupação atualmente:

O tempo ainda parece ser suficiente para que elas desapareçam, ou para encontrar

soluções.

Para Salati et al (2002), o Desenvolvimento Sustentável é quando se

provê as necessidades da geração atual sem comprometer a habilidade de que as

futuras gerações possam prover as suas.

Já Buarque (2002) conceitua o Desenvolvimento Sustentável como sendo

um processo de mudança social e elevação das oportunidades da sociedade,

compatibilizando no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômica, a

conservação ambiental, a qualidade de vida e a equidade social, partindo de um

compromisso com o futuro e com a solidariedade entre gerações.

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Fenzl (1997) afirma que o conceito de Desenvolvimento Sustentável vem

sendo interpretado de diversas maneiras dependendo do ponto de vista e interesse

do usuário. Em linhas gerais, a sustentabilidade vai além de apenas marketing como

é feito atualmente. Para o autor o Desenvolvimento Sustentável descreve um

processo socioeconômico ecologicamente sustentável e socialmente justo.

A Sustentabilidade é um conceito dinâmico, pois é necessário evoluir com

as mudanças de seus ambientes. Atualmente, as mudanças climáticas exercem

grande pressão na sustentabilidade humana no planeta, logo, uma sociedade deve

permitir a contínua mudança a fim de ser sustentável.

Para Bossel (1999), existem inúmeros fatores que limitam o

desenvolvimento social. Alguns podem ser negociados em certa medida, mas a

maioria é imutável. O valor total da gama de possibilidades teóricas de um futuro é

reduzido por estas condições, deixando apenas um limitado, mas potencialmente

acessível conjunto de opções de acessibilidade ao espaço (Figura 3) (Quadro 4). O

desenvolvimento social, seja qual for a sua forma, será restrito aos restantes

acessos ao espaço. No entanto, dentro desta acessibilidade ao espaço, há ainda

uma variedade de opções e caminhos possíveis que introduzem a subjetividade na

escolha e inevitáveis decisões éticas.

Figura 3: Limites do desenvolvimento (Bossel, 1999, adaptado).

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Os limites das condições físicas e as leis da natur eza: Nem tudo é possível

(C1) As leis da natureza e as regras da lógica não podem ser quebradas. Isto implica que a restrição não pode ser contornada. Exemplos de tais restrições são as quantidades mínimas de nutrientes para o crescimento de uma planta. As leis da natureza, e a admissível lógica nos processos físicos proporcionam um primeiro fator limitante.

(C2)

Ambiente físico e suas limitações: A sociedade humana evolui, está dependente, e é parte do ambiente global. O seu desenvolvimento é limitado pelas condições do ambiente global: o espaço disponível; capacidade de absorção dos resíduos dos solos, rios, oceanos, atmosfera; disponibilidade de recursos renováveis e não-renováveis, a fertilidade do solo e clima. Algumas destas limitações são estatais (por exemplo, o montante de recursos não renováveis), outras são limitações por taxas (por exemplo, a taxa máxima de absorção de resíduos).

(C3)

O fluxo de energia solar e a existência de recursos materiais: Existe apenas um permanente abastecimento energético na terra: a energia solar. No Desenvolvimento Sustentável, a limitação é a taxa do fluxo de energia solar que pode ser capturado e utilizado pelas plantas e tecnologia. Todos os recursos materiais são limitados ao atual abastecimento global, eles foram reciclados sobre esta terra por cerca de quatro mil anos. A reciclagem é, portanto, também um requisito essencial da sustentabilidade.

(C4)

Capacidade de carga: Organismos e ecossistemas, incluindo os seres humanos, exigem determinadas quantidades de fluxo de energia solar, nutrientes, água, e assim por diante por unidade do organismo apoiado, quer diretamente como plantas, ou indiretamente como alimento em biomassa vegetal ou animal. A capacidade de carga é o número de organismos de uma determinada espécie que podem ser suportados pela região, dada a sua (biomassa) produtividade e as demandas dos seus organismos. A capacidade de carga de uma região para o ser humano depende do seu consumo, não é apenas determinada pela demanda dos alimentos, mas também pela procura de outros recursos (água, energia, metais raros, absorção de resíduos e etc.).

Os Limites da natureza humana e seus objetivos: Nad a é desejável

(C5)

Os seres humanos são autoconscientes e criativos. Isto significa que não se limitam em agir de maneiras estritas de acordo com regras fixas de comportamento. Isto introduz um quinto conjunto de fatores limitantes, C5. Em matéria de acessibilidade espacial, uma restrição para os Estados que são mentalmente e intelectualmente acessíveis. Sociedades que são mais inovadoras têm uma melhor educação e formação da população, têm um espaço maior de acessibilidade à esquerda do que outros fatores, onde essas condições não são encontradas.

(C6) Organizações humanas, culturais, tecnológicas: Para uma dada sociedade e para o mundo, as atuais organizações humanas, culturais e políticas, de tecnologia disponível e os seus sistemas, somados ao comportamento e as suas implicações para a aceitação da mudança, serão um limite ainda maior à acessibilidade de espaço.

(C7) Papel da ética e valores: Nem tudo o que permanece acessível será tolerado pelos padrões éticos, comportamentais ou culturais ou outros valores e normas de uma dada sociedade. Isto introduz uma sétima série de limites.

Os Limites do tempo: a dinâmica e evolução determin am o ritmo e a direção

(C8)

Papel do tempo: Todos os processos dinâmicos demandam certo tempo, como por exemplo, a construção de infra-estruturas, ou a introdução de uma nova tecnologia, que colocam severas restrições sobre o que pode ser feito e como rápida ou lentamente as coisas podem ser mudadas. A característica essencial do tempo é o processo constante, ou seja, suas taxas ou velocidades características introduzem uma oitava série de fatores limitantes, C8. De particular importância é a proporção entre as taxas de ameaça e as taxas de respostas: se as respostas não podem manter-se com ameaças, a viabilidade e sustentabilidade estão em risco.

(C9)

Papel da evolução: O Desenvolvimento Sustentável implica numa evolução constante, autoorganização e mudanças adaptáveis. Por isso, o mais amplo leque possível de respostas adaptativas aos novos desafios deve estar disponível para potenciais adoções. Mas isto significa que a diversidade de processos e funções é uma das condições prévias importantes para a sustentabilidade. Quanto maior for o número de diferentes opções inovadoras, melhor. A diversidade permite a adaptação mais rápida, oferecendo opções, algumas das quais podem revelar-se mais adequadas para lidar com as atuais condições.

Quadro 4: Limites que limitam a acessibilidade ao espaço (Bossel, 1999).

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17

Buarque (2002) afirma que para planejar o Desenvolvimento Sustentável,

é necessária uma abordagem sistêmica, considerando as interações de

subsistemas. O autor considera três dimensões (as quais serão utilizadas no

presente trabalho): a qualidade de vida e a equidade social, a eficiência e o

crescimento econômico e a conservação ambiental. O homem é representado pelo

poder público e se torna um ator especial, um quarto elemento, que tem o papel de

eixo aglutinador das três principais dimensões (Figura 4).

Figura 4: Dimensões do Desenvolvimento Sustentável.

Observando ainda a Figura 4, é possível identificar os três princípios

fundamentais do Desenvolvimento Sustentável alicerçados a cada dimensão, os

quais pregam que o sistema deve ser Socialmente Justo, onde se deve buscar

diminuir as desigualdades sociais, deve ser Ambientalmente Sustentável onde se

respeite o meio ambiente, viabilizando a preservação e a conservação dos

ecossistemas, e por fim, deve ser Economicamente Viável, pois a necessidade de

melhor distribuição de renda deve ser considerada.

Spangenberg (2002) adiciona mais uma dimensão à sustentabilidade.

Para o autor ela é composta por quatro dimensões: ambiental, social, econômica e

agora também a institucional. As propostas de dimensões de indicadores

institucionais, apesar de serem desenvolvidas em abundância, ainda são bastante

raras e não são necessariamente para fins de avaliação de sustentabilidade,

faltando dois pontos importantes:

• Um quadro global que consiste em um número limitado de indicadores

selecionados através de uma base unificada, transparente e metodologicamente

sólida que permita aos indicadores de cluster sugerir prioridades políticas,

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18

• Ter claramente definidos os objetivos da política em todas as quatro

dimensões e em diferentes níveis da sociedade (meta, macro, meso e micro),

interligados e se possível quantificados.

3.3 INDICADORES E ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE

3.3.1 Pirâmide da Informação

Considerando o sistema hídrico e sua sustentabilidade, para entender os

seus fenômenos característicos é possível lançar mão de indicadores e índices,

onde os mesmo irão apresentar uma realidade encontrada. Antes de adentrar nos

conceitos de indicadores e índices é necessário entender o processo de criação

dessas ferramentas:

i) O início do processo de criação de um indicador se dá com a

observação de um fenômeno e do máximo de suas características.

ii) O segundo passo é gerar dados brutos sobre esse fenômeno (dados

primários) que podem ser trabalhados e tabulados dando origem aos primeiros

dados tratados (informações).

iii) A partir disso, já se tem um estoque de informações para os mais

diferentes estudos, portanto a próxima etapa é identificar quais informações são

necessárias para análise em determinado enfoque.

iv) Com as informações ad hoc, elas são novamente tratadas

estatisticamente e agregadas dando origem aos indicadores, que a partir de um

novo processo de agregação dão origem aos índices. Portanto, os índices são o

topo da pirâmide da informação (Figura 5).

Figura 5: Indicadores e Índices: Pirâmide de informações.

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19

Segundo Siche (2007), os índices ou indicadores funcionam como um

sinal de alarme para manifestar a situação do sistema avaliado, pois são valores

estáticos, isto é, dão uma fotografia do momento atual. Sabendo que a natureza e a

economia são sistemas dinâmicos, os índices não captam certos fenômenos que

ocorrem no sistema, como a mudança tecnológica ou a adaptabilidade dos sistemas

sociais.

3.3.2 Indicadores e Índices de Sustentabilidade

Para Bossel (1999), os indicadores são ferramentas que condensam uma

enorme quantidade de dados e suas complexidades em um grupo manejável de

informação significativa, para um subgrupo de observações que direcionam as

tomadas de decisões. Nenhum regime indicador é adequado para fornecer todas as

informações essenciais sobre a viabilidade de um sistema e sua taxa de variação, e

para indicar a contribuição para o objetivo geral (por exemplo, do desenvolvimento

sustentável). Portanto, as abordagens de indicadores de desenvolvimento

sustentável devem ser analisadas de forma mais atenciosa, exigindo um nível de

detalhamento razoável do modelo do sistema (total e seus componentes).

Segundo Maranhão (2007), indicadores são ferramentas de avaliação

referidas a uma característica específica e observável. São medidos em escala

quantitativa ou qualitativa, ou podem ser avaliados em relação a um critério

previamente estabelecido. O autor afirma ainda que os indicadores são tão variados

quanto os fenômenos, processos e fatos que eles monitoram e provêm de diferentes

fontes e têm três funções básicas – quantificação, simplificação da informação e

comunicação – contribuindo, deste modo, para a percepção dos progressos

alcançados e o despertar da consciência da população.

Com relação aos índices, Shields et al. (2002) comentam que um índice

apresenta o estado de um sistema ou fenômeno, considerando as interações entre

os elementos. Scipioni et al (2009) afirmam que os índices representam o contexto

observado de uma forma simples, podendo ajudar a comunidade na definição de

metas de melhoria efetiva e também servem como importantes ferramentas para

monitorar o cumprimento dos objetivos planejados.

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20

Scipioni et al (2009) comentam ainda que a adoção de índices e

indicadores adequados é fundamental para implementar um desenvolvimento

sustentável, pois ajuda na análise e avaliação; apóia o processo de decisão e ajuda

a comunicação entre a sociedade em geral.

Os primeiros grupos de indicadores a serem definidos foram dos

indicadores econômicos, com objetivo de medir o estado de desenvolvimento dos

países, porém outras vertentes de indicadores foram surgindo. Com a preocupação

ambiental surgiram seus indicadores específicos, necessários para entender como

forças antrópicas pressionavam o meio ambiente. Atualmente, os indicadores

abrangem uma vasta lista de linhas de pesquisa e ramos da ciência.

Segundo Marzall e Almeida (2000), o debate sobre os indicadores cresce

cada vez mais, podendo ser citados como eventos específicos, o Encontro sobre

Indicadores Ambientais e de Desenvolvimento Sustentável, em 1993, em Genebra,

organizado pelo United Nations Environment Programme (UNEP) e o Colóquio

Internacional tendo como tema “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”,

realizado em 1996, na França.

Os indicadores podem ser utilizados em diversos ramos, podem exprimir

desde a realidade em um ecossistema, como também podem apresentar a evolução

de um grupo empresarial no mercado. Quando se trata de evolução de indicadores é

necessário mencionar que os mesmos passaram a ser desenvolvidos para serem

aplicados não só no âmbito global, mas também no regional e até mesmo local.

Segundo Maranhão (2007), as estruturas conceituais são modelos que

auxiliam na seleção e organização dos assuntos. As principais diferenças entre os

modelos conceituais são a maneira pela qual agrupam os temas a serem medidos e

os conceitos usados para justificar a seleção, podem ser usadas de acordo com os

objetivos, nível analítico ou conhecimento científico que se tem. Para a seleção de

indicadores é importante ter em mente os seguintes critérios:

a) Relevância:

Capacidade que o indicador tem de informar sobre mudanças de

aspectos, propriedades ou características significativas no objeto de estudo ou

monitoramento, atendendo à finalidade com que foram concebidos.

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b) Base conceitual e/ou validade científica:

Relacionados com a qualidade do indicador, dão a fundamentação lógica

para que tenham aceitação e validade científica, extinguindo ao máximo as

possibilidades de desconfiança da capacidade de transmitir o que ele realmente

mede.

c) Acessibilidade e confiabilidade:

Refere-se à existência e à facilidade de obtenção de dados que possam

ser empregados na determinação de um indicador com o mínimo de tratamento ou

transformações.

Para indicadores tradicionais, os bancos de dados já estão disponíveis

facilmente com longas séries históricas, porém o olhar focado de forma somente

tradicional pode não ter eficiência na avaliação de problemas mais atuais, o que

torna necessária a criação de novos indicadores.

d) Tempestividade:

Relacionado ao tempo que decorre desde a aquisição de dados,

confecção de um indicador, velocidade na comunicação, tempo de resposta do

julgamento e ação sobre a informação transmitida.

3.3.3 Mensuração de Sustentabilidade

Como já visto os indicadores e índices são resultados de um processo de

agregação de informações provenientes de fenômenos observados. A quantidade de

indicadores já criados é enorme e fica inviável listar todos. Considerando esse fato

foram criadas formas de avaliação através de grupos de indicadores, logo a

sustentabilidade pode ser medida por ferramentas que agregam índices e

indicadores.

Segundo Delai e Takahashi (2007), mensurar a sustentabilidade é

indispensável para inseri-la no processo de decisão de todos os níveis

organizacionais. Essa medição pode ser feita por meio de índices ou conjuntos de

indicadores. Porém, independentemente da forma que é feita, suas funções serão as

mesmas e estão ligadas ao embasamento da tomada de decisão.

Foram várias as iniciativas de criar modelos de indicadores para medir

sustentabilidade. Segundo Ribeiro e Heller (2004), a Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi uma das pioneiras no desenvolvimento

de indicadores ambientais, iniciando um programa específico em 1990, mediante a

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demanda do grupo dos sete países mais ricos do planeta. O programa adotou o

princípio de que não há apenas um grupo de indicadores, uma vez que os mais úteis

serão sempre função de seus objetivos. O conjunto de indicadores é sistematizado

no modelo conceitual Pressão/Estado/Resposta (PER), desenvolvido pela própria

OCDE (Figura 6):

P E R

Figura 6: Modelo conceitual PER (Pressão/Estado/Resposta).

a) Indicadores de Pressão:

Caracterizam as pressões exercidas sobre os sistemas ambientais,

podendo informar, por exemplo, crescimento populacional, densidade demográfica.

Podem também traduzir eficiência em processos ambientais e tecnológicos, indicar

níveis de eficiência na intervenção em ecossistemas e impactos ambientais.

b) Indicadores de Estado:

Apresentam a qualidade do ambiente em um dado espaço em

determinado tempo. Podem demonstrar o quanto os mesmos são sensíveis a

determinada pressão. Os indicadores de Qualidade de Água são um exemplo de

Indicadores de Estado, onde os mesmos apresentam a qualidade dos corpos d’água

perante a poluição e contaminação.

c) Indicadores de Resposta:

Apresentam as respostas quanto às modificações ao meio ambiente e a

eficiência das medidas que buscam a melhoria ambiental. São exemplos: A adesão

a programas políticos ou a criação de leis para punir ou prevenir a poluição de

corpos d’água.

Como visto, para qualquer situação em estudo é possível gerar um

indicador baseado em dados. É possível exemplificar o modelo conceitual PER

numa análise de qualidade da água em um manancial de abastecimento, onde os

indicadores de pressão são aqueles que representam as forças que podem

modificar o estado do sistema como a população e a quantidade de esgotos

despejados no manancial. Os indicadores de estado apresentam diretamente a

qualidade desse manancial, podem ser índices de qualidade de água, ou apenas

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laudos com resultados de parâmetros de qualidade da água do corpo hídrico. Os

indicadores de resposta são aqueles que apresentam as ações da sociedade

direcionadas à melhoria ou manutenção do estado do sistema.

Segundo a “Comission of Sustainable Development, CSD” – Comissão

sobre o Desenvolvimento Sustentável, CDS – (2007), a Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, reconheceu o importante

papel que os indicadores podem desempenhar para ajudar países a tomar decisões

informadas em termos de desenvolvimento sustentável. No âmbito internacional, a

CDS aprovou o seu Programa de Trabalho sobre Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável em 1995.

Os dois primeiros conjuntos de Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável da CDS foram desenvolvidos entre 1994 e 2001 e têm sido testados,

aplicados e utilizados em muitos países como base para o desenvolvimento dos

indicadores nacionais de desenvolvimento sustentável. A primeira lista de

indicadores fora publicada contendo um conjunto de 135 indicadores, sendo essa

publicação conhecida como o “Livro Azul”, que na sua segunda versão apresentou

58 indicadores.

A CDS (2007) informa, ainda, que iniciou em 2005 um processo de

revisão dos indicadores da segunda versão do “Livro Azul”, mantendo o

planejamento que busca a avaliação contínua dos indicadores de sustentabilidade.

A revisão das pesquisas fora realizada por duas razões: A primeira delas

foi que nos cinco anos que passaram desde a última revisão, as perspectivas sobre

os indicadores evoluíram e as experiências nos âmbitos nacionais aumentaram

consideravelmente. Um grande número de países que desenvolveram seus próprios

grupos de indicadores baseou-se nas publicações da CDS.

Silva e Holanda (2009) afirmam que a terceira versão enfoca a construção

de indicadores de sustentabilidade para nações e contempla os “Objetivos do

Milênio”, os indicadores de biodiversidade, as ações para redução do impacto de

desastres de Hyogo, os indicadores de avaliação global sobre o estado das

florestas, e os indicadores de turismo sustentável, todos originados nas agências

das Nações Unidas.

O novo “Livro Azul” é composto por um conjunto de 50 indicadores,

podendo ser ampliado para 96, permitindo às nações adaptar modelos à suas

realidades.

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24

Até então foi falado apenas de grupos de indicadores, os quais

geralmente são utilizados de forma separada. Porém, como foi informado, existem

também os índices que podem realizar a análise de sustentabilidade. Segundo

Lourenço (2006), os mais conhecidos e utilizados são:

Pegada Ecológica (“Ecological Footprint Method”) desenvolvido por

Wackernagel e Rees em 1996, no trabalho "Our Ecological Footprint";

Barômetro da Sustentabilidade (“Barometer of Sustainability”)

desenvolvida pelo órgão “The World Conservation Unit” (IUCN) e o “The International

Development Research Center” (IDRC);

Painel de controle da Sustentabilidade (“Dashboard of Sustainability”)

evoluiu do trabalho em conjunto de dois importantes grupos ligados à

sustentabilidade e indicadores no fim dos anos 1990, o “Consultative Group on

Sustainable Development Indicators”, criado em 1996 e o “Bellagio Fórum for

Sustainable Development”.

Para Singh et al (2009), o método “Pegada Ecológica” baseia-se nos

requisitos quantitativos dos recursos naturais para sustentar um padrão de vida não

assumindo as melhorias na eficiência do uso. O cálculo da Pegada Ecológica é

fundamentado em dados de estatísticas de consumo nacional, assim qualquer

consumo é convertido em área utilizada de terra, por isso o nome “pegada”.

Segundo Scipioni et al (2009), o “DashBoard” faz uma avaliação da

sustentabilidade considerando as condições econômicas, sociais e ambientais do

desenvolvimento e utilizando indicadores estabelecidos ad hoc. O software permite

sintetizar uma grande variedade de dados em um único formulário de avaliação

gráfica e numérica.

3.4 ÁREA DE ESTUDO: SEDE DE RONDON DO PARÁ

Segundo Lima (2007), a BHRA tem área de 10.742,62 km² e é de domínio

Federal (90% estão no Pará e 10% no Maranhão). As nascentes do rio principal da

bacia estão localizadas a 400m de altitude, em Açailândia-MA, na “Comunidade do

Trinta”, nome dado por estar situada no km 30 da estrada do Surubiju (como é

conhecido o rio Ararandeua no território maranhense).

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25

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), a BHRA está

na Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste, na Sub-Região Guamá-Mojú

(Figura 7).

Figura 7: Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste, Sub-região Guamá-Moju (SEMA, 2007,

modificado).

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Segundo Filho (2009), o rio Ararandeua possui extensão de 1585 km e de

acordo com a forma geométrica de sua bacia é classificada como Dendrítica, pois

seus afluentes possuem uma rede semelhante ao arranjo de uma árvore (Figura 8).

Figura 8: Bacia Hidrográfica do Rio Ararandeua (Filho, 2009).

O fluxo do rio Ararandeua é dito perene, pois mesmo em épocas de

estiagem ele continua sempre bem definido e o escoamento da água se faz de modo

contínuo até o mar, sendo definida como uma bacia do tipo exorréica. O resumo das

características morfológicas da bacia hidrográfica do rio Ararandeua é apresentado

na Tabela 1.

Tabela 1: Resumo das características morfológicas da bacia do rio Ararandeua. Característica Morfológica Lima (2007) Filho (2009)

Área (km) 10.742,62 10.727,30 Amplitude altimétrica (m) 164,00 163,87 Densidade de Drenagem (km/km²) 0,31 0,30 Densidade de rios 0,06 0,065 Quantidade de rios 55,00 54,00 Forma da Bacia 0,105 0,1049 Comprimento da bacia (km) 215,94 215,54 Comprimento total dos rios da bacia (km) 3326,41 3320,25 Fonte: Lima, 2007 e Filho, 2009.

3.4.1 Município de Rondon do Pará

3.1.1.1 Aspectos Históricos

No final da década de 60, o Brasil vivia a Ditadura Militar e a Amazônia

era um grande vazio demográfico, sendo então alvo de um plano geoestratégico

para proteger o imenso território não habitado. Criava-se então o jargão “integrar

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27

para não entregar”, onde as grandes cidades da região que se encontravam isoladas

seriam interligadas através de rodovias e às margens dessas surgiriam novos

núcleos habitacionais.

Segundo Fonseca (199?), ainda em meados de 1967, só se chegava à

Marabá por via aérea e precariamente pelo rio Tocantins. O Departamento de

Estradas e Rodagem (DER) através da política de integração criou uma frente de

trabalho para abrir a estrada, auxiliando a abertura da Transamazônica e a

conclusão da estrada, que hoje é chamada BR-222, para ligar Marabá à Belém-

Brasília. O acampamento montado na região pelo DER ficou conhecido como

Candangolândia, que com o passar do tempo se desenvolveu e ganhou um aspecto

de vila, sendo chamada de Vila Rondon (Distrito de São Domingos do Capim).

Fonseca (199?) afirma ainda que Rondon do Pará foi criada através da

Lei Nº. 5.027 de 13 de maio de 1982, com área desmembrada do município de São

Domingos do Capim. Sua instalação aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1983

(Figura 9). Recentemente, o município teve parte de suas terras desmembradas,

juntamente com os municípios de Jacundá, Moju e Tucuruí, para constituírem o que

hoje é o município de Goianésia do Pará. A sede do município em destaque na

Figura 9.

Figura 9: Vista área do centro de Rondon do Pará (Paixão, 2009).

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28

3.1.1.2 Aspectos Físicos e Territoriais

O município de Rondon do Pará pertence à mesorregião do Sudeste

Paraense e à microrregião de Paragominas. Tem os seguintes limites territoriais:

Goianésia do Pará e Dom Eliseu (ao Norte); Dom Eliseu e Maranhão (a Leste); Bom

Jesus do Tocantins, Marabá e Abel Figueiredo (ao Sul) e; Jacundá e Nova Ipixuna (a

Oeste). A Sede do Município de Rondon do Pará está localizada no alto Ararandeua,

cerca de 50 km da nascente do rio. Os rios que contornam a sede são o próprio

Ararandeua (na parte superior) e um dos seus principais tributários, o Pebas (na

parte inferior) (Figura 10).

Figura 10: Centro urbano de Rondon do Pará (Google Earth, 2008).

Segundo SEPOF/PA (2007), a vegetação é representada por florestas

densas de platôs, terraços e de planície aluvial. A variação topográfica no Município

é relativamente pequena, estando sua sede localizada numa cota de 25 metros,

enquanto que o ponto mais elevado do território, encontrado nas colinas baixas, ao

Sul de Rondon do Pará, está situado a 40 metros de altitude.

Quanto aos solos, são representados pelo latossolo Amarelo distrófico

com textura argilosa, concrecionários lateríticos e gley pouco húmico nas áreas

aluviais. A geologia de Rondon do Pará é representada, em sua maior expressão,

pela formação Itapecuru e pela formação Barreiras..

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29

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DE UM SISTEMA HÍDRICO

É possível citar o corpo humano, ou qualquer organismo vivo, cuja água

está presente em grande quantidade na sua estrutura, como um sistema hídrico,

porém a análise que segue se limitará apenas às bacias hidrográficas.

Planejar a gestão de recursos hídricos requer uma visão dinâmica e um

enfoque temporal, onde a delineação do processo é importante para garantir sua

eficiência, e que o mesmo seja resistente a qualquer modificação do comportamento

do sistema.

Na verdade entender as interações entre as partes constituintes tem

como principal razão o entendimento do processo, suas circunstâncias e incertezas.

Um exemplo de enfoque dinâmico nos estudos de recursos hídricos é a

consideração do ciclo hidrológico.

Para Silveira (2007), o ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação

entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar associada

à gravidade e à rotação terrestre (Figura 11).

Figura 11: Desenho esquemático do ciclo hidrológico (Projeto Aqüífero Guarani, 20??).

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30

Basicamente o ciclo hidrológico é dividido em precipitação, infiltração,

escoamento e evapotranspiração, ocorrendo nessas fases o aproveitamento desse

recurso natural pelas mais variadas espécies no planeta. Tem-se como exemplo, o

aproveitamento de águas de chuva para usos menos nobres4 (precipitação),

barragem de rios (escoamento), absorção de água pelas raízes dos vegetais

(infiltração).

Como a bacia hidrográfica é considerada a unidade territorial para a

implementação da PNRH e atuação do SNGRH, é necessário entendê-la como um

sistema para a sequência da pesquisa.

Para Silveira (2007), a bacia hidrográfica pode ser considerada um

sistema físico, onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume

de água escoado pelo exultório, considerando como perdas intermediárias os

volumes evaporados, transpirados e também os infiltrados.

Para caracterizar a bacia hidrográfica como um sistema é preciso verificar

algumas características básicas como: os elementos, as interações, o objetivo do

sistema e o meio externo.

A primeira delas é a existência dos elementos no sistema: Qualquer que

seja o ser vivo, dos mais simples aos mais complexos, todos podem ser

considerados elementos e todos com sua devida importância. Porém, é necessário

ressaltar que o abiótico também faz parte desse todo em questão, vale lembrar as

rochas, a água, e etc. Outro ponto importante é enfatizar o ser humano como um

elemento especial no sistema hídrico, pois o mesmo tem o maior potencial

modificador do sistema.

Ao se pensar nas interações entre os elementos do sistema, não se tem

dificuldade em identificá-las. Entre os serves vivos existe a chamada cadeia

alimentar que nada mais é que uma forma de interação. É possível identificar trocas

de matéria e energia no decorrer da cadeia, desde os produtores primários até os

decompositores. Esse processo é de grande interesse para o sistema, pois é

também na cadeia alimentar que se faz possível a troca ou o fluxo de energia.

Considerando o abiótico é possível identificar interações de dependência como, por

4 Usos nobres da água: Aqueles que necessitam de água de boa qualidade, com características

potáveis.

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31

exemplo, dos peixes para com a água ou dos vegetais com o oxigênio do ar e da

água e etc.

O objetivo do sistema é dar equilíbrio aos vários elementos que a ele

pertence. É importante salientar que para a pesquisa o equilíbrio que se busca está

relacionado à sustentabilidade do sistema hídrico.

Bossel (1999) faz uma análise interessante do objetivo de um sistema

dinâmico, considerando o homem e seu meio externo, porém é importante

mencionar que essa análise considera a sociedade e o meio ambiente como

sistemas diferentes e que interagem entre si, diferentemente do proposto na

pesquisa, que considera (pode-se dizer até de forma audaciosa) a sociedade

humana e todas suas características como apenas mais um elemento dentro de um

sistema hídrico que tem como espaço a bacia hidrográfica:

“A sociedade humana não pode ser mantida no mesmo

estado, o que deveria ser. Sociedade humana é um sistema dinâmico,

complexo, embutido em outro sistema adaptativo complexo, o

ambiente natural, de que ela depende de apoio. Estes sistemas

coexistem em mútua interação, e que cada um composto por uma

miríade de subsistemas que coexistem em mútua interação. Há

mudança e evolução permanentemente. Além disso, essa capacidade

de mudança e evolução deve ser mantida se os sistemas

permanecerem viáveis (capazes de fazer face à sua mudança de

ambiente do sistema) e sustentáveis. O desenvolvimento sustentável

traduz com mais precisão o objetivo da sustentabilidade”.

Como então definir o objetivo de um sistema hídrico a partir do

Desenvolvimento sustentável? A análise desse objetivo é mais complexa do que

aparenta, pois na busca do equilíbrio do sistema é necessário manter a qualidade

dos elementos. Um desses elementos deve ser considerado por suas características

peculiares. Como falado anteriormente, o ser humano é um elemento especial, pois

seu modo de vida vai além das necessidades fisiológicas como os demais seres

vivos. O ser humano também é o ser que tem o maior potencial de modificação no

planeta, suas ações devem ser pensadas de forma a manter a estabilidade do

sistema o qual o mesmo está inserido.

Na tentativa de amenizar os problemas relacionados às ações antrópicas

e ao estado dos sistemas hídricos, a tecnologia foi sendo desenvolvida e atualmente

conseguiu várias vitórias com medidas estruturais e não estruturais para controle da

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qualidade buscando a sustentabilidade. É possível citar, como controle de fluxo de

matéria e energia, o tratamento de esgotos, onde a remoção de algumas

substâncias como a matéria orgânica e o controle de temperatura de efluentes são

ferramentas importantes para a manutenção do equilíbrio aquático. Porém, não são

apenas as medidas estruturais que movem o controle do estado do sistema,

medidas não estruturais são importantes quando estão relacionadas como a forma

que o homem se interrelaciona com os demais elementos, processos de educação e

conscientização ambiental são formas de melhorar essa interação buscando o

objetivo do sistema hídrico que é a sua sustentabilidade.

Portanto, o objetivo de um sistema hídrico é buscar um equilíbrio

biogeoquímico, e manter a qualidade de todos os seus elementos, abióticos e

bióticos no âmbito de uma bacia hidrográfica, considerando as características do ser

humano como um elemento especial para o sistema.

Para analisar o meio externo dos sistemas hídricos é necessário se ter em

mente o nível de detalhamento do sistema, pois o mesmo dá diretrizes para a

influência sofrida pelo sistema a partir do seu meio externo. O objeto de estudo

definido na pesquisa é uma bacia hidrográfica tendo outras bacias hidrográficas

como meio externo.

Os sistemas hídricos como tratados na pesquisa podem ser classificados

de diversas formas:

- Dinâmicos: Pois sofrem continuamente influência do meio externo;

como por exemplo, poluição e contaminação proveniente de outras bacias

hidrográficas interligadas, precipitações ácidas provenientes de outras regiões e etc.

- Naturais, pois existem de forma natural;

- Físicos, pois existem de forma concreta.

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33

4.2 DESENHO E ETAPAS DA PESQUISA

Considerando os procedimentos técnicos, a presente pesquisa foi:

i) Bibliográfica e Documental:

Fundamentada na Teoria Geral de Sistemas e no Desenvolvimento

Sustentável. Abrangeu a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos,

documentos, mapas, fotos, manuscritos, etc. Todo material coletado foi submetido a

uma análise, a partir da qual foi estabelecido um plano de leitura;

ii) Estudo de campo:

Envolveu a pesquisa “in loco” do objeto de estudo, analisando a realidade

local e as variáveis de interesse à pesquisa.

iii) Estudo de caso (BHRA):

Envolveu um estudo de um objeto de maneira que se permitiu o seu

amplo e detalhado conhecimento.

Para o bom desenvolvimento dos passos metodológicos foi criado um

diagrama com todas as etapas da pesquisa, utilizando a técnica de mapeamento

mental criada pelo pesquisador Tony Buzan.

Segundo Buzan (2002), criador da técnica, um mapa mental é uma

maneira mais fácil de introduzir e extrair informações do cérebro humano – É uma

forma criativa e eficaz de anotar o que literalmente é mapeado dos pensamentos.

Segundo Tríboli (2004), os “memogramas” (como se refere o autor)

permitem a percepção dos vários elementos que compõem o todo, com seus

desdobramentos e suas interações, tirando proveito do fato de que a mente humana

é lida de forma muito eficiente com imagens organizadas de forma integrada. Assim,

da mesma forma que ferramentas em geral auxiliam na execução de atividades

físicas, mapas mentais auxiliam a inteligência, ampliando a capacidade de raciocinar

sistemicamente, ajudando a percepção simultânea, permitindo a atenção

segmentada e a preservação das relações com o todo.

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A Figura 12 apresenta o mapa mental, ou memograma, utilizado para

delinear as atividades da pesquisa, enfatizando cada uma delas e sua posição em

relação ao todo.

Figura 12: Etapas da pesquisa.

Para alcançar os objetivos da pesquisa foram desempenhados os passos

metodológicos apresentados na sequência.

4.2.1 Etapa 1: Investigação dos aspectos gerais da área de estudo

Fase inicial da pesquisa: Foi de grande importância para nortear as ações

de trabalho, nessa etapa os seguintes passos foram desempenhados:

Atividade 1.1:

Identificação e delimitação da área da bacia hidrográfica onde ocorrem as

ações antrópicas com maior intensidade, além da localização da sede do Município

de Rondon do Pará;

Atividade 1.2:

Identificação dos aspectos históricos e culturais que subsidiaram o

entendimento do processo de ocupação e uso do solo na BHRA, através de fontes

secundárias, como reportagens, mapas, documentos legais, estudos científicos já

realizados, e também através de fontes primárias, como conversas informais com os

moradores mais antigos.

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Atividade 1.3:

Identificação dos usos múltiplos da água.

4.2.2 Etapa 2: Diagnóstico da qualidade da água

Atividade 2.1:

Foi analisada a série histórica de precipitações pluviométricas no local,

com o objetivo de identificar os períodos de cheia e estiagem, como suporte para

coleta e análise das amostras de água. Os dados pluviométricos foram extraídos do

banco de dados “Hidroweb” da Agência Nacional de Águas, da estação Rondon do

Pará (código de identificação 00448000) operada pela Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais (CPRM).

A série histórica obtida tem início em 1980 e os dados mais atualizados

são de 2008, porém só apresentam consistência entre os anos de 1981 e 2005 (25

anos), sendo esse intervalo tratado estatisticamente através dos softwares MS Excel

XP e FORTRAN 95.

Para a análise, foram calculadas as precipitações médias mensais e

precipitações totais anuais para o período em estudo, e então feito uma avaliação da

variabilidade da precipitação pluviométrica.

Com relação à variabilidade anual das precipitações pluviométricas

registradas pela estação 00448000 (CPRM), a partir do ano de 1992, não houve

grandes variações na precipitação total anual (Gráfico 1).

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

3000,00

3500,00

4000,00

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Pre

cip

itaçã

o an

ual

tota

l (m

m)

.

Gráfico 1: Precipitação anual total entre 1981 e 2005 (ANA, 2007).

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36

As precipitações médias mensais durante o período estudado variam de

forma semelhante à curva da média de dias chuvosos em cada mês (Gráfico 2).

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Pre

cipita

ção m

ensa

l méd

ia (

mm

) .

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Méd

ia d

e dia

s ch

uvo

sos

.

Precipitação média durante os meses (mm) Media de dias chuvosos Gráfico 2: Informações mensais entre 1981 e 2005 (ANA, 2007).

É notório que o mês com maior precipitação total (mm) é o de Março,

onde os valores são relativamente maiores que os meses vizinhos, portanto é o mês

onde a coleta das amostras de água na bacia no período chuvoso é mais

representativa.

Os meses do intervalo de Julho à Outubro possuem valores semelhantes

e são os meses mais propícios para a coleta das amostras no período de estiagem.

A média de dias chuvosos é importante para a análise, pois os resultados

das análises das amostras de água variam nos dias chuvosos.

Atividade 2.2:

Foi realizada uma viagem “in loco” para identificar e fotografar as

potenciais fontes de poluição, sendo então escolhidos os pontos de coleta. Com

essas informações foi criado um croqui com o mapa de degradação e os pontos de

amostragem de água para a pesquisa.

A partir dos períodos selecionados, foram feitos os preparativos para as

coletas e, considerando as condições encontradas na área de estudo, foi criado o

seguinte mapa com os pontos de amostragem dentro da sede urbana.

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37

A identificação é feita com a primeira letra do rio em estudo (“A” para o rio

Ararandeua e “P” para o rio dos Pebas). A numeração dos pontos é feita de forma

crescente no sentido da vazão do rio (Figura 13).

Figura 13: Localização dos pontos de amostragem na área de estudo.

Atividade 2.3:

Foram feitas duas campanhas de coleta e análise (uma no período de

cheia e outra na estiagem). Os procedimentos de coleta e logística do transporte até

o laboratório, obedecendo ao tempo de análise foram realizados de acordo com as

orientações encontradas em:

• “Standard methods for the examination of waste and wastewater”

(American Public Health Association – APHA);

• “Manual de Coleta e Amostragem de Água” (Companhia de Tecnologia e

Saneamento Ambiental – CETESB);

• NBR 9897/87 – Planejamento de amostragem de efluentes líquidos e

corpos receptores. (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT).

• NBR 9898/87 – Preservação e técnicas de amostragem de efluentes

líquidos e corpos receptores (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT).

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Atividade 2.4:

Os resultados do diagnóstico foram utilizados no cálculo de indicadores

de qualidade de água. As amostras de água dos rios foram analisadas em

laboratório particular, os parâmetros foram selecionados a partir do indicador

escolhido para a pesquisa e são apresentados no quadro a seguir, juntamente com

as suas respectivas metodologias de determinação (Quadro 5).

PARÂMETRO METODOLOGIA DE ANÁLISE UNIDADE DBO Incubação por cinco dias PPM (O2)

Fósforo Espectrofotometria PPM

Nitrogênio Total Espectrofotometria PPM

Oxigênio Dissolvido Winkler PPM

pH Potenciometria -

Sólidos Totais Gravimetria PPM

Turbidez Espectrofotometria UT

Coliformes Fecais Número mais provável NMP/100mL Quadro 5: Metodologias utilizadas nas análises das amostras.

Para a escolha do Indicador de Qualidade da Água a ser utilizado na

pesquisa, foi necessário levar em consideração que o ambiente é lótico5, portanto o

mais viável para utilização na pesquisa foi o IQA (NSF), que é calculado a partir do

produtório ponderado da qualidade das variáveis que compõem o indicador

(Equação 4):

(Equação 4)

Onde:

IQA (NSF) = Número de 0 a 100;

qi = peso relativo do i-ésimo parâmetro;

wi = valor do subíndice relativo ao i-ésimo parâmetro;

n = Número de variáveis que compõem o indicador. É importante ressaltar que no cálculo dos valores referentes ao parâmetro

de Oxigênio Dissolvido foi considerado um teor de saturação ao nível do mar e

temperatura de 25°C.

Esquação 5

5 Ambientes lóticos: águas correntes.

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Os valores de cada subíndice para cada parâmetro de qualidade da água

são retirados das seguintes curvas (Figura 14):

Figura 14: Curvas médias de variação de qualidade das águas (CETESB, 2006).

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4.2.3 Etapa 3: Diagnóstico socioeconômico

Atividade 3.1:

O primeiro passo é ter noção do processo de ocupação e uso do solo a

partir dos aspectos culturais, políticos e administrativos de Rondon do Pará.

Atividade 3.2:

Foram levantadas em bancos de dados existentes, informações

demográficas do município, dados de produção das principais atividades

econômicas, dados relacionados à saúde e dados sobre a infra-estrutura de

saneamento;

Atividade 3.3:

Os resultados foram utilizados na definição de indicadores.

4.2.4 Etapa 4: Seleção de indicadores socioeconômic os e ambientais

Considerando que alguns indicadores são encontrados prontos nos

bancos de dados existentes no país, essa etapa não se concentrou apenas em

coletá-los, mas também em definir outros novos a partir de todas as informações

colhidas durante as pesquisas realizadas, a exemplo do IQA.

Para chegar aos objetivos propostos, os indicadores foram selecionados a

partir de pesquisas já existentes como: Maranhão (2007), Magalhães Júnior (2007),

O terceiro “Livro Azul” (CDS, 2007) e o caderno “Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável” (IBGE, 2008).

A seleção dos indicadores foi baseada nos critérios de relevância, base

conceitual (validade científica), acessibilidade e confiabilidade (tempestividade).

Foram encontradas dificuldades para desempenhar essa etapa, pois nem todos os

indicadores atendiam a todos os critérios.

Com relação à relevância, os indicadores selecionados mostraram boa

capacidade de informar sobre mudanças no cenário considerado para objeto de

estudo.

Com relação à validade científica, os indicadores utilizados já haviam sido

empregados em outras pesquisas, comprovando sua utilidade como ferramentas de

avaliação de sistemas, principalmente alicerçada na base teórica aplicada nessa

pesquisa (Teoria Geral de Sistemas e Desenvolvimento Sustentável).

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Quando o critério foi acessibilidade e confiabilidade, as dificuldades se

tornaram maiores, pois nem todos os indicadores apresentaram séries históricas

completas e recentes (2009), foi o caso dos dados colhidos do Censo do IBGE, com

valores dos anos de 1991 e 2000. Porém, considerando que não houve grandes

mudanças de cenário a partir de 1991, a utilização desses indicadores foi possível.

É importante ressaltar que outros indicadores eram de grande interesse

para o estudo, porém as informações não estavam disponíveis ou não existiam,

como, por exemplo, a ausência de dados de medição de vazão nos dois rios em

estudo na sede municipal de Rondon do Pará, dados de consumo de água por parte

do sistema urbano de abastecimento público de água potável, dados de desperdício

da água nas residências.

Com relação à tempestividade, os indicadores se mostraram eficazes na

velocidade de comunicação das informações a serem analisadas, desde a sua

coleta até o tempo de resposta do julgamento, principalmente ao se levar em

consideração a forma como foram agregados nessa pesquisa.

A seguir os indicadores selecionados para a pesquisa:

Dimensão social :

- Taxa de crescimento populacional

Definição: É a taxa média de variação do tamanho da população.

- Taxa de urbanização

Definição: É a percentagem da população da área urbana em relação à total.

- Densidade demográfica

Definição: É a relação entre o total da população e a área de superfície ocupada.

- Índice de desenvolvimento humano municipal

Definição: É uma medida comparativa que aborda as dimensões de renda,

educação, infância, habitação e longevidade.

- Percentual da população com acesso a água potável

Definição: Proporção da população com acesso a água potável em sua habitação,

ou com fontes a distâncias convenientes ao usuário.

- Percentual da população sem esgotamento sanitário

Definição: Proporção da população sem acesso a instalações sanitárias privadas

para dejetos humanos ou com eliminação por sistemas de esgotamento sanitário.

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Dimensão econômica :

- Taxa de crescimento da produção agropecuária

Definição: É a produção somada da agricultura e pecuária.

- Produto interno bruto per capita

Definição: Representa a relação entre soma de todos os bens e serviços finais

produzidos em valores monetários, numa determinada região durante um período

determinado e sua população.

Dimensão ambiental :

- Degradação de mata ciliar

Definição: Proporção da faixa com mata ciliar na margem de rios para a extensão

desses rios.

- Indicador de Qualidade das águas

Definição: É um indicador que apresenta a qualidade das águas de rios

considerando parâmetros físicos, químicos e biológicos.

- Políticas de combate ao desperdício de água:

Definição: Representa as medias de combate ao desperdício de água no

abastecimento urbano de água.

- Proporção de esgoto tratado

Definição: É a proporção de esgoto tratado em relação ao gerado.

4.2.5 Etapa 5: Avaliação da sustentabilidade do uso da água

Após a seleção, os indicadores mais representativos foram analisados de

forma sistêmica do ponto de vista socioeconômico e socioambiental, no decorrer da

apresentação a partir de uma escala de desempenho.

Segundo Magalhães Júnior (2007), escalada de desempenho é uma

forma de padronizar unidades de medidas de indicadores e podem ser classificadas

como:

- “Escala não controlada”, onde se atribui os valores dos extremos da

escala e seus intervalos são de igual distância;

- “Escala parcialmente controlada”, onde apenas um dos dois extremos é

definido e a partir desse são definidos os outros valores;

- “Escala controlada”, onde todos os valores são pré-definidos, porém

com distâncias não necessariamente iguais.

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Na análise, foi utilizada uma escala de desempenho do tipo controlada e

com intervalos iguais: “muito ruim”, “ruim”, “regular”, “bom” e “muito bom”. E o

modelo conceitual utilizado na pesquisa foi o mesmo empregado nos trabalhos

desenvolvidos pela OCDE: O modelo Pressão, Estado e Resposta.

A relação entre a quantidade de indicadores não necessariamente será

de um para um de cada grupo, haja vista que os Indicadores de Estado são

resultados de um conjunto de pressões exercidas no sistema, e as respostas devem

mitigar a todas as pressões exercidas.

Considerando a análise proposta na pesquisa, os indicadores foram

agrupados da seguinte forma (Figura 15): 1. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal; 2. Indicador de Qualidade das Águas; 3. PIB per capita.

ESTADO SISTEMA HÍDRICO

Qualidade Ambiental

Degradação Mitigação

PRESSÃO RESPOSTA 1. Taxa de crescimento populacional; 1. Políticas de combate ao desperdício de água; 2. Taxa de Urbanização; 2. Proporção de esgoto tratado; 3. Densidade demográfica; 3. Percentual da população com acesso à água potável. 4. Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado; 5. Taxa de crescimento da Produção agropecuária; 6. Degradação da mata ciliar.

Figura 15: Indicadores de Pressão, Estado e Resposta.

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Para chegar às conclusões finais, foi criado um gráfico em formato de

radar (Figura 16) a partir da média aritmética das notas relativas aos conceitos

avaliados de cada indicador.

Figura 16: Radar da Sustentabilidade do Uso da Água.

As notas atribuídas aos indicadores de pressão foram diretamente

proporcionais aos seus potenciais de degradação, ou seja, quanto pior para o

sistema for o resultado do indicador de pressão, maior será sua nota (Tabela 2).

Tabela 2: Avaliação dos indicadores de pressão do sistema hídrico. Avaliação dos Indicadores de Pressão Notas “Muito Ruim” para o sistema 5 “Ruim” para o sistema 4 “Regular” para o sistema 3 “Bom” para o sistema 2 “Muito Bom” para o sistema 1

A aplicação das notas para os indicadores de estado e reposta foi feita de

forma diferente. As notas atribuídas foram diretamente proporcionais a qualidade

dos resultados, ou seja, quanto melhor for o resultado dos indicadores de estado e

reposta, maiores serão suas notas (Tabela 3).

Tabela 3: Avaliação dos indicadores de estado e reposta do sistema hídrico.

Avaliação dos Indicadores de Estado e Resposta Notas “Muito Ruim” para o sistema 1 “Ruim” para o sistema 2 “Regular” para o sistema 3 “Bom” para o sistema 4 “Muito Bom” para o sistema 5

E

R P

1

Estado

Resposta Pressão

5

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A análise do radar de sustentabilidade do uso da água (Figura 17) é feita

visualmente em duas etapas:

Figura 17: Avaliação a partir do Radar de Sustentabilidade do Uso da Água.

- Na primeira etapa, analisa-se apenas o eixo onde está localizado o

resultado da média dos indicadores de estado. Quanto mais próximo do valor 5

estiver o resultado, melhor para o sistema hídrico.

- Na segunda etapa, analisa-se observando os eixos com as médias dos

indicadores de pressão e reposta, considerando que os dois caminham para lados

opostos foi possível fazer analogia com a sustentabilidade e insustentabilidade, ou

seja, se a média dos indicadores de resposta for maior que a média dos indicadores

de pressão o sistema caminhará para a sustentabilidade e vice-versa.

E

R P

1

Estado

Resposta Pressão

5

Qua

lidad

e am

bien

tal

Caminho da Insustentabilidade Caminho da Sustentabilidade

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46

5 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES

5.1 SITUAÇÃO DO RIO ARARANDEUA E DOS PEBAS NA ÁREA DE ESTUDO

A descrição da situação atual dos rios na área de estudo terá dois

percursos distintos, o primeiro descreve o rio Ararandeua desde suas nascentes até

a saída da área da sede municipal de Rondon do Pará e o segundo descreve o rio

dos Pebas desde a entrada na sede municipal até seu encontro com o rio

Ararandeua.

Durante a pesquisa foram realizadas viagens “in loco”, a primeira em

Junho de 2008, a segunda em Dezembro de 2008 e a terceira em Junho de 2009.

As atividades de reconhecimento da área de estudo foram desempenhadas

normalmente, contudo existiram áreas onde não foi possível o acesso (fazendas) ao

longo do trecho que vai das nascentes até a sede do município de Rondon do Pará

(aproximadamente 60 km), nessa área os registros limitaram-se apenas a

fotografias.

5.1.1 Rio Ararandeua

Iniciando os registros da visita ao trecho estudado, chegou-se à área das

nascentes do rio Ararandeua (Figura 18).

Figura 18: Nascentes do rio Ararandeua.

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47

No local não foi observado o “Paralelogramo de Cobertura Florestal”, área

de proteção nas nascentes em forma de paralelograma: na qual são vedadas a

derrubada de árvores e qualquer forma de desmatamento necessário de acordo com

a Lei Federal Nº. 7.754 de 14 de Abril de 1989, e que é fixada em num raio mínimo

de 50m pela Lei Federal Nº. 4.771 de 15 de Setembro de 1965.

Descendo cerca de 300m o rio Ararandeua, chega-se ao ponto mais

próximo à jusante do lançamento de efluentes de uma indústria de laticínios,

limitando os usos do curso d’água apenas á diluição de despejos.

A situação não se difere muito entre os períodos chuvosos e de estiagem:

foi observada a degradação da mata ciliar, e há uma maior quantidade de plantas

aquáticas no período chuvoso, além da turbidez, visualmente elevada nos dois

momentos (Figura 19 e Figura 20).

Figura 19: Área próxima aos despejos industriais de laticínio na estiagem.

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Figura 20: Área próxima aos despejos industriais de laticínio nas chuvas.

Na campanha de Dezembro de 2008, foi possível adentrar no Laticínio,

onde foram feitos alguns registros fotográficos do empreendimento. A visita limitou-

se apenas à parte externa da indústria e ao acesso a algumas salas que continham

produtos utilizados nos vários processos industriais. Foi verificada ainda, a

ineficiência de tratamento dos efluentes industriais, apesar da existência de uma

Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) (Figura 21).

Figura 21: Visão geral da estação de tratamento de esgoto da indústria.

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A Figura 22 e a Figura 23 apresentam, respectivamente, o balneário “Cai

n’água” e o balneário “Rio dos Garimpos”. Os locais continuam tendo o melhor

aspecto dentro da Sede municipal de Rondon do Pará. Os usos múltiplos da água

identificados no local são: recreação e lazer, pesca, manutenção de fauna e flora,

navegação de pequeno porte e dessedentação de animais. É importante ressaltar

que, ao se considerar a recreação e lazer, as áreas não contam com nenhum plano

de avaliação da balneabilidade.

Figura 22: Balneário “Cai n’água”.

Figura 23: Balneário “Rio dos Garimpos”.

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Com relação ao esgotamento sanitário, o sistema de tratamento que

prevalece em Rondon é o do Tanque Séptico, com as águas servidas, em sua

maioria, sendo despejadas na rede de drenagem, que por sua vez deságuam no rio

Ararandeua em três tubulações de grande diâmetro (Figura 24).

Figura 24: Rede de drenagem que recebe contribuição de esgotos domésticos.

A indústria de extração de minérios (Figura 25) continua com suas

atividades normalmente, onde a extração de agregados (seixo) e areia deixa um

rastro de destruição no rio.

Figura 25: Extração de minério no rio Ararandeua.

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51

Segundo informações da população local, já não se sabe a profundidade

do rio Ararandeua nesse ponto, haja vista a retirada de material pela indústria. A

camada de óleo deixada é visível e caracteriza-se também com uma agressão ao

ambiente aquático, pois impossibilita as trocas gasosas entre os rios e a atmosfera,

influenciando, por exemplo, na concentração de oxigênio dissolvido, gerando uma

cadeia de conseqüências negativas.

O ponto do rio Ararandeua mais próximo da saída da sede de Rondon do

Pará, e que foi possível registrar (Figura 26), está dentro dos limites de uma fazenda

e o acesso só foi possível mediante a autorização do proprietário. Aparentemente, a

água demonstra boa qualidade, porém fica à montante de pastos utilizados na

criação de rebanhos bovinos.

Figura 26: Rio Ararandeua na saída da sede municipal de Rondon do Pará.

5.1.2 Rio dos Pebas

Durante as campanhas realizadas em 2008, não houve alterações

significativas no rio dos Pebas (afluente do rio Ararandeua). Os usos identificados

foram: recreação e lazer, pesca, manutenção de fauna e flora, navegação de

pequeno porte, dessedentação de animais e diluição de despejos.

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52

Nas campanhas de 2008, o matadouro municipal (Figura 27), que atende

grande parte dos produtores do município, despejava seu esgoto no curso d’água

sem tratamento. A descarga é proveniente de diversas etapas (currais, sangria,

decapitação e etc.) e é composto principalmente por fezes, sangue e gorduras.

Figura 27: Matadouro municipal de Rondon do Pará.

Era visível ainda, o processo erosivo nas proximidades do local, o que

aumenta a quantidade de sólidos no rio (Figura 28).

Figura 28: Erosão na área do matadouro.

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53

O curral (Figura 29) possui um sistema de drenagem através de canaletas

que escoam o efluente da área para uma tubulação que recebe também contribuição

das demais etapas do processo de abate.

Figura 29: Curral do matadouro, escoamento das fezes feito por canaletas.

A canalização do esgoto não chegava às margens do rio, o que não

impedia de ser visível a zona de mistura esgoto/rio (Figura 30).

Figura 30: Tubulação de esgoto.

No ano de 2009, foi implantada uma unidade de tratamento de esgotos no

local na tentativa de minimizar os impactos ambientais provenientes do

empreendimento, porém o tratamento ainda não se mostra eficiente. A unidade

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54

consiste em captar o esgoto gerado e encaminhá-lo através de tubulação

interceptadas por uma sequência de caixas de retenção de gordura até chegar a

uma unidade decanto-digestora (fossa séptica) (Figura 31).

Figura 31: Tratamento de esgoto do efluente do matadouro municipal.

O destino final do efluente tratado seria a percolação no solo através de

uma unidade de infiltração (sumidouro), o que, porém não ocorre, já que o volume

de efluente é superior à capacidade de absorção do solo na área (Figura 32). Com

as chuvas o sumidouro, que é céu aberto, transborda e o esgoto escoa pela

superfície até chegar ao rio.

Figura 32: Sumidouro do matadouro municipal a céu aberto.

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55

Seguindo o rio dos Pebas, próximo à “Ponte do 92” (BR-222), é possível

verificar o lançamento de fluentes líquidos provenientes de uma indústria de

laticínios nas diversas etapas do processo de produção, provavelmente sem

tratamento que contribui para a degradação do rio (Figura 33).

Figura 33: Efluente de laticínio sendo lançado no rio dos Pebas.

Delimitada a área de pesquisa, e verificando os principais pontos

potencialmente poluidores, o resultado foi o seguinte mapa (Figura 34).

Figura 34: Principais pontos potenciais de poluição.

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56

Em resumo:

• O ponto A-01 não está no mapa, ele está localizado na área das

nascentes que sofre despejos de uma indústria de lacticínios;

• Entre os pontos A-01 e A-02 existe criação de gado e uma carvoaria;

• Entre os pontos A-02 e A-03 existem tubulações de drenagem que

despejam também esgotos domésticos, uma indústria de laticínios e uma unidade de

extração de minério (areia e seixo);

• Entre os pontos A-03 e A-04 existe a criação de gado. Os pontos com a

sigla P pertencem ao rio dos Pebas e entre os pontos P-01 e P-02 existe um

matadouro;

• Entre os pontos P-02 e P-03 existe uma indústria de laticínios e entre

os pontos P-03 e A-04 existe criação de gado.

5.2 ANÁLISE DOS INDICADOES SELECIONADOS

5.2.1 Análise socioeconômica

5.2.1.1 PIB per capita

Iniciando a análise pelo PIB per capita, a geração de riqueza em uma

determinada região depende das suas atividades econômicas e essas da utilização

de recursos naturais. Em algumas cidades o PIB não necessariamente representa

uma melhoria na saúde econômica, pois os verdadeiros ganhos podem ficar

concentrados fora do local, mas representa um bom indicador do estado econômico

local.

Em Rondon do Pará o PIB per capita apresenta o reflexo da utilização dos

recursos naturais (água) na saúde financeira municipal, ou seja, ele avalia uma

interação entre elementos do sistema, o ser humano e a água. Relacionando esse

indicador com o objetivo do sistema hídrico, temos a busca da qualidade de vida do

ser humano sendo relacionada com a existência do elemento água e sua utilização

no sistema.

Segundo a SEPOF/PA (2007), dentre os 143 municípios do Pará,

considerando o PIB, Rondon do Pará ocupava a 25ª posição no ano de 1997, caindo

para a 26ª em 2004. Essa pequena variação entre as posições do ranking paraense

de PIB’s municipais pode esconder os reais valores desse indicador, que entre os

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57

anos de 1997 e 2004 cresceu 243,4% (em 1997 era R$ 96.264.000,80 e em 2004

atingiu os R$ 234.395.000,45) (Gráfico 3).

0

100.000

200.000

300.000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mil

R$

0

10

20

30

Po

siçã

o

PIB a preço de mercado corrente Ranking Estadual

Gráfico 3: PIB e posição de Rondon do Pará no ranking paraense de PIB’s (SEPOF/PA, 2007).

Numa análise puramente financeira, considerando o PIB per Capita, os

resultados econômicos de Rondon do Pará podem ser considerados muito bons ,

pois a renda média a partir desse indicador cresceu 99,49% entre os anos de 1997 e

2004, segundo a SEPOF/PA (2007), de R$ 2.641,23 por habitante para R$ 5.629.09

por habitante (Gráfico 4).

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

R$

/ha

b.

PIB Per Capita Gráfico 4: PIB per capita em Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

Em contrapartida aos resultados econômicos muito bons, considerando

as atividades econômicas e a realidade local, é importante dizer que grande parte do

PIB é concentrada na atividade agropecuária e também da atividade industrial, como

os laticínios.

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58

Segundo a SEPOF/PA (2007), no ano de 1997 a participação da

Agropecuária no PIB de Rondon do Pará era de 46,72% e da Indústria era 13,16%.

No ano de 2001, as duas chegaram a ganhar mais espaço, representando juntas

67,68% do PIB municipal. Os registros de 2004 mostram que as duas atividades

juntas continuam a dominar os números do PIB de Rondon do Pará (Gráfico 5).

46,72% 49,37%55,16% 54,51% 50,22% 53,62% 52,35% 49,29%

13,16% 9,55%4,75% 17,46%

16,80% 15,39% 17,74%

40,12% 41,08% 40,09% 40,99%32,32% 29,58% 32,26% 32,98%

4,49%

0%

25%

50%

75%

100%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Pe

rce

ntu

al d

o P

IB

Agropecuária Indústria Serviços

Gráfico 5: Principais atividades econômicas e o PIB de Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

5.2.1.2 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M

Atualmente, dentro do IDH estão contidos dados que representam:

- Renda: onde se tem noção de fatores como o poder de compra,

pobreza, renda média, etc.;

- Educação: onde é possível entender o nível intelectual de uma

população, já que o mesmo representa sua parcela adulta alfabetizada, a parcela

matriculada em cursos de formação, etc.;

- Infância: dá a noção das condições de saúde e escolaridade infantil,

defasagem escolar, etc.;

- Habitação: amplia o IDH para avaliar a condição das habitações da

população permanente;

- Longevidade: representa a esperança de vida ao nascer e a taxa de

mortalidade.

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59

Portanto, o IDH-M é um índice que agrega várias informações importantes

para apresentar o nível de qualidade de vida e desenvolvimento humano de uma

população, tornando-se um bom indicador do estado social local.

Considerando os ganhos econômicos gerados a partir do crescimento em

termos de PIB em Rondon do Pará, começam a aparecer os primeiros resquícios de

má distribuição de renda e desigualdade social. Mesmo com um crescimento de

243,4% no PIB e 99,49% no PIB per capita, o município não provou de grandes

melhorias sociais baseadas no IDH-M de Rondon do Pará.

Da mesma forma que o PIB per capita de Rondon do Pará apresenta o

reflexo da utilização dos recursos naturais (água) na saúde financeira municipal, o

IDH apresenta o aspecto social, ou seja, ele também avalia uma interação entre

elementos do sistema, no caso o ser humano e a água.

Os registros de IDH-M de Rondon do Pará são do IBGE (1991 e 2000), e

não consideram ainda os aspectos “infância” e “habitação”, o que não os tornam

inválidos para a pesquisa.

No Gráfico 6, de acordo com o IBGE (1991, 2000), observa-se que os

números da educação cresceram 22,20%, no aspecto longevidade, o crescimento foi

de 9,26% e com relação à renda, o crescimento foi, quase no mesmo período (1991-

2000), de apenas 3,5%, que de longe lembra o otimismo dos quase 100% (1997-

2004) de crescimento do PIB per capita.

0,608 0,637 0,596

0,7430,696

0,617

0

0,25

0,5

0,75

1

Educação Longevidade Renda

IDH

1991 2000 Gráfico 6: IDH-M Educação, Longevidade e Renda em Rondon do Pará (IBGE, 1991, 2000).

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60

De uma forma geral, no âmbito social, Rondon do Pará apresenta

resultados considerados regulares na evolução do IDH-M, pois os avanços sociais a

partir desse indicador não representam de forma alguma o crescimento econômico

da região. Entre os anos de 1991 e 2000, o IDH-M do município cresceu de 0,560

para 0,685, um crescimento de apenas 22% (IBGE, 1991, 2000) (Gráfico 7).

0,6140,685

0

0,25

0,5

0,75

1

1991 2000

IDH

- M

(R

ondon d

o P

ará

)

Gráfico 7: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Rondon do Pará (IBGE, 1991, 2000).

Esse quadro social é resultado de alguns fatores que exercem pressão no

município, porém considerando os recursos hídricos, a oferta de saneamento

adequado é importante para amenizar a pobreza e proteger a saúde humana e

ambiental. A ausência de saneamento adequado aumenta os riscos de ocorrência

de doenças associadas à qualidade da água e também o risco potencial de

contaminação de corpos hídricos.

Esses fatores de pressão estão relacionados, principalmente, ao

“Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado”, logo esse se torna

um indicador de pressão local. Em contrapartida, o “acesso a água de qualidade” é

um indicativo de reposta local do poder público a esse quadro.

5.2.1.3 Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado

O “Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado” é um

indicador que acompanha os progressos no acesso da população a estruturas para

eliminação de dejetos humanos da forma mais rápida e segura possível.

Esse indicador apresenta o reflexo que se tem na falta de estruturas de

controle no uso dos recursos hídricos. As conseqüências sentidas pelos elementos

bióticos do sistema hídrico são sentidas de forma direta com o aumento do risco de

contaminação dos corpos d’água.

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61

Segundo o IBGE (1991), os dados do ano de 1991 apresentam 29,70%

da população sem instalações sanitárias, valor superior ao registro mais recente que

é de 21,60%. Com relação aos dados da população com fossas sépticas o valor caiu

estranhamente de 22,40% para 5,40% de 1991 a 2000 (Gráfico 8).

1991

22,40%

0,10%

0,00%

0,10%

0,00%

29,70%

47,60%

2000

5,40%

0,80%

10,00%

0,20%

0,00%

21,60%

68,70%

Gráfico 8: Tratamento de esgoto doméstico em Rondon do Pará em 1991 (IBGE, 1991, 2000).

Ainda observando o Gráfico 8, considerando o aumento de 47,6% para

68.7% (IBGE, 2000) entre os mesmos anos para a população que usa fossa

rudimentar, o fato da queda brusca na parcela de fossas sépticas pode ser explicado

através de um provável erro na pesquisa, onde os entrevistados podem ter

confundindo fossa séptica com fossa rudimentar.

Com esses resultados, é possível verificar que o crescimento econômico

do município não trouxe melhorias no que diz respeito ao atendimento das famílias

rondonenses por esgotamento sanitário. Segundo informações da Secretaria

Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Rondon do Pará, atualmente,

todas as residências da sede municipal contam com unidades de tratamento de

dejetos, sendo fossas sépticas ou rudimentares, porém as águas servidas de

banheiros, pias etc. são despejadas nas redes de drenagem e encaminhadas para o

corpo receptor, no caso o rio Ararandeua. Portanto, segundo o órgão, o tratamento

de dejetos na sede municipal pode ser considerado em 100%, e as águas servidas

em 0,00%, trazendo assim, riscos de contaminação para a população e para os

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62

lençóis freáticos, logo o indicador “Percentual da população sem esgotamento

sanitário adequado” pode ser considerado regular .

Outro ponto importante a ser mencionado, mas que não é objeto da

pesquisa é a existência de duas indústrias de laticínios e um matadouro dentro da

sede municipal, os mesmos poderiam ser considerados pelo indicador já que não

possuem tratamento de esgotos, bastando calcular o equivalente populacional de

cada unidade e adicionar à população sem esgotamento sanitário. Porém, a

ausência da caracterização dos efluentes industriais não permite tal cálculo, já que

são necessários os dados de taxa de DBO diária do efluente lançado no corpo

receptor de cada unidade industrial e do matadouro, além da contribuição per capita

de DBO da população de Rondon do Pará.

5.2.1.4 Percentual da população com acesso a água potável

É uma importante avaliação, pois o acesso a água potável é necessário

para aliviar a pobreza e proteger a saúde humana e o meio ambiente, diminuindo os

riscos de ocorrências de doenças relacionadas à água, principalmente causadas por

microorganismos, promovendo o desenvolvimento humano, caracterizando-se como

um indicador de resposta à problemática dos recursos hídricos. O acesso a água

potável também pode ser uma fonte de combate ao desperdício, no que diz respeito

ao combate ao uso perdulário, pois sem as condições de potabilidade, ou em casos

mais gerais relacionados à sua aparência, a água rejeitada acaba se tornando

esgoto desnecessariamente.

Na avaliação do uso da água, esse indicador apresenta uma interação

específica que busca principalmente a saúde e bem estar do elemento homem no

sistema hídrico. Através desse indicador, é possível demonstrar a busca do poder

público por melhorias para a saúde humana e ambiental através da exploração dos

recursos hídricos subterrâneos, já que a água consumida em Rondon do Pará tem

origem nos lençóis freáticos e artesianos.

Segundo o IBGE (1991), no ano de 1991, apenas 36,80% da população

de Rondon do Pará utilizava como fonte de água a rede geral de abastecimento de

água potável, que é de responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de

Rondon do Pará. A maior parcela da população (45,3%) utilizava poço ou nascente

dentro da sua própria propriedade. O grupo com a menor parcela do total (17,90%) é

referente à população que utiliza outras formas para abastecimento, que podem ser

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63

diretamente do leito dos rios, água envazada ou ligações clandestinas. Os registros

do ano de 2000 mostram uma significativa melhora no que diz respeito ao

abastecimento de água no município. Os valores referentes aos registros do ano de

2000 apresentam 70,00% da população que tem como fonte de abastecimento de

água a rede geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Rondon do Pará,

22,90% por poços e nascentes dentro da propriedade e apenas 7,10% da população

através de outras formas (Gráfico 9).

1991

36,80%

17,90%

45,30%

2000

70,00%

7,10%

22,90%

Rede Geral Poço ou Nascente (na propriedade)Outra forma

Gráfico 9: Formas de abastecimento de água em Rondon do Pará (IBGE, 1991, 2000).

Considerando a área delimitada para a pesquisa, os dados apenas da

sede municipal são facilmente identificáveis a partir da afirmação da Secretaria

Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Rondon do Pará de que a

única rede geral de abastecimento de água é a da sede municipal. Portanto é

necessário subtrair toda a população rural dessa estimativa para que se encontrem

os números referentes à zona urbana. Considerando a população em 1991 (40.879

hab., segundo IBGE – 1991) e as referentes parcelas tem-se:

– Rede Geral: 36,80% = 15.043 hab;

– Poço ou Nascente e outras formas: 63,20% = 25.836 hab;

Subtraindo a população da zona rural das áreas de “poços e nascentes”, tem-se o restante de “outras

formas”:

– Rede Geral: 15.043hab;

– Poço ou Nascente e outras formas: 25.083 – 14.479 = 11.357.

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64

Considerando a população em 2000 (39.870 hab., segundo IBGE – 2000)

e as referentes parcelas tem-se:

– Rede Geral: 70% = 27.909hab;

– Poço ou Nascente e outras formas: 30% = 11.961hab;

Subtraindo a população da zona rural das áreas de “poços e nascentes”, tem-se o restante de “outras

formas”:

– Rede Geral: 27.909hab;

– Poço ou Nascente e outras formas: 11.961 – 8.809 = 2.152;

Logo, os novos valores estimados para o ano de 1991 da população total

de 26.400 habitantes, onde 15.053 (75,50%) eram servidos pelo abastecimento de

água e o restante por outras formas. E no ano de 2000, 27.909 habitantes (92,84%)

de um total de 30.061 eram servidos pelo abastecimento de água a partir da rede

geral do Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Rondon do Pará (Gráfico 10).

1991

75,50%

24,50%

2000

92,84%

7,16%

Sistema Autônomo de Água e EsgotoOutras formas

Gráfico 10: Abastecimento de água na sede de Rondon do Pará.

Considerando os valores corrigidos para a sede de Rondon do Pará, os

avanços no âmbito do abastecimento de água são muito importantes para melhorar

o quadro social local, diminuindo o risco de doenças relacionadas à água. Pode-se

dizer que o “Percentual da população com acesso a água potável” é um indicador de

reposta com resultados muito bons perante a problemática do uso da água no

município.

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65

5.2.2 Análise socioambiental

5.2.2.1 Índice de Qualidade das Águas – IQA

Como a sustentabilidade do sistema hídrico e de todos os seus elementos

necessita do fluxo de água, ou do consumo de água, é necessário que a mesma

apresente qualidade para esses fins. O IQA avalia o estado dos corpos hídricos

como fator limitante de interação com os demais elementos do sistema hídrico.

Considerando a delimitação da área de pesquisa, o ponto A-01 (nascente

do Ararandeua) não entra no cálculo e os demais resultados são apresentados no

Quadro 6 e Quadro 7 e Tabela 4 e Tabela 5.

Parâmetro A2 A3 A4 P3 P2 P1 W (i) Oxigênio Dissolvido (mg/L) 11,00 13,00 12,00 13,00 13,00 12,00

q1 86,00 47,00 47,00 47,00 47,00 47,00

q1W1 2,13 1,92 1,92 1,92 1,92 1,92

0,17

Coliformes Fecais (NMP/100mL) Ausente Ausente >2400 Ausente Ausente Ausente

q2 100,00 100,00 18,00 100,00 100,00 100,00

q2W2 2,00 2,00 1,54 2,00 2,00 2,00

0,15

pH 6,00 6,50 5,70 5,50 5,60 5,60

q3 57,00 79,00 47,00 40,00 42,00 42,00

q3W3 1,62 1,69 1,59 1,56 1,57 1,57

0,12

DBO (mg/L) 0,50 3,80 16,40 0,00 0,50 0,80

q4 99,00 69,00 19,00 100,00 99,00 98,00

q4W4 1,58 1,53 1,34 1,58 1,58 1,58

0,10

Nitrogênio Total (mg/L) 240,00 380,00 15,00 10,00 10,00 20,00

q5 1,00 1,00 43,00 50,00 50,00 35,00

q5W5 1,00 1,00 1,46 1,48 1,48 1,43

0,10

Fósforo (mg/L) 0,06 0,03 0,06 0,07 0,04 0,06

q6 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

q6W6 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58

0,10

Temperatura (°C) 25,00 25,00 25,00 25,00 25,00 25,00

q7 94,00 94,00 94,00 94,00 94,00 94,00

q7W7 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58

0,10

Turbidez (UNT) 8,00 6,00 8,00 11,00 5,00 16,00

q8 78,00 85,00 78,00 75,00 86,00 66,00

q8W8 1,42 1,43 1,42 1,41 1,43 1,40

0,08

Sólidos Totais (mg/L) 118,00 118,00 194,00 44,00 96,00 10,00

q9 86,00 86,00 77,00 88,00 86,00 81,00

q9W9 1,43 1,43 1,42 1,43 1,43 1,42

0,08

Quadro 6: Planilha de resultados dos parâmetros de qualidade da água (estiagem).

Tabela 4: Valores de IQA calculados para o período de estiagem. PONTO VALOR QUALIDADE

A2 39,01 Regular A3 35,31 Ruim A4 32,56 Ruim P3 50,03 Regular P2 50,19 Regular P1 48,15 Regular

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66

Parâmetro A2 A3 A4 P3 P2 P1 W (i) Oxigênio Dissolvido (mg/L) 11,00 9,00 7,30 8,40 8,60 13,00

q1 85,00 97,00 86,00 97,00 96,00 47,00

q1W1 2,13 2,18 2,13 2,18 2,17 1,92

0,17

Coliformes Fecais (NMP/100mL) 15,00 4,30 240,00 24,00 110,00 21,00

q2 95,00 98,00 26,00 80,00 35,00 86,00

q2W2 1,98 1,99 1,63 1,93 1,70 1,95

0,15

pH 6,20 5,70 6,10 6,00 5,70 5,80

q3 65,00 47,00 65,00 57,00 47,00 47,00

q3W3 1,65 1,59 1,65 1,62 1,59 1,59

0,12

DBO (mg/L) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

q4 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

q4W4 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58

0,10

Nitrogênio Total (mg/L) 62,00 37,00 54,00 37,00 38,00 28,00

q5 8,00 16,00 7,00 16,00 18,00 26,00

q5W5 1,23 1,32 1,21 1,32 1,34 1,39

0,10

Fósforo (mg/L) 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00

q6 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

q6W6 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58 1,58

0,10

Temperatura (°C) 26,00 26,00 26,00 26,00 26,00 26,00

q7 93,00 93,00 93,00 93,00 93,00 93,00

q7W7 1,57 1,57 1,57 1,57 1,57 1,57

0,10

Turbidez (UNT) 10,00 12,00 21,00 33,00 17,00 19,00

q8 76,00 75,00 62,00 53,00 66,00 63,00

q8W8 1,41 1,41 1,39 1,37 1,40 1,39

0,08

Sólidos Totais (mg/L) 39,00 153,00 45,00 101,00 55,00 45,00

q9 84,00 80,00 0,88 86,00 87,00 88,00

q9W9 1,43 1,42 0,99 1,43 1,43 1,43

0,08

Quadro 7: Planilha de resultados dos parâmetros de qualidade da água (chuvas).

Tabela 5: Valores de IQA calculados para o período chuvoso. PONTO VALOR QUALIDADE

A2 48,23 Regular A3 50,89 Regular A4 27,26 Ruim P3 50,81 Regular P2 44,34 Regular P1 46,66 Regular

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Observando o mapa com os resultados da qualidade da água no período

de estiagem, o rio dos Pebas apresenta melhores resultados nos dois pontos

avaliados, P-01, P-02 e P-03, apresentando, respectivamente os valores de 48,15,

50,19 e 50,03, considerados valores regulares de qualidade da água. Isso pode ser

explicado que a única contribuição significativa que o corpo d’água recebe nesse

trecho são os efluentes do matadouro entre os pontos P-01 e P-02 e de uma

indústria de laticínios logo a montante de P-03 (Figura 35).

Figura 35: IQA dos pontos de amostragem no período de estiagem.

Ainda acompanhando a Figura 35, como esperado, o trecho do rio

Ararandeua que corta a sede municipal de Rondon do Pará apresentou pior

qualidade de acordo com os resultados do indicador. O ponto A-02, localizado

próximo aos balneários “Cai n’água” e “Rio dos Garimpos” apresentou qualidade

regular (IQA=39,01), já a jusante desse ponto, como mencionado anteriormente, são

encontradas descargas de esgoto através da rede de drenagem fazendo com que a

qualidade da água caia e o IQA passe a ter valor considerado ruim (IQA=35,31 em

A-03).

Considerando agora os resultados da qualidade da água no período

chuvoso, o único ponto cuja classificação de qualidade da água, segundo o IQA,

mudou foi o A-03, onde na estiagem foi classificado como “ruim” (IQA= 35,31) e nas

chuvas foi classificado como “regular” (IQA=50,89).

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A situação encontrada é semelhante nos dois rios, porém se no período

de estiagem o rio Pebas apresentou melhores resultados de IQA, no período

chuvoso a situação se inverte, provavelmente pela presença da mata ciliar dentro da

sede do município, uma vez que a mesma se caracteriza como uma proteção natural

do ambiente contra o processo de lixiviação urbana somada ao aumento da vazão

no rio Ararandeua, que ganha mais capacidade de depuração. Já o rio dos Pebas

apresenta em alguns trechos a degradação da mata ciliar, perdendo capacidade de

defesa contra o processo de lixiviação urbano (Figura 36).

Figura 36: IQA dos pontos de amostragem no período chuvoso.

Por fim, o ponto com pior qualidade apresentada nos dois períodos é o A-

04, o qual recebe, além das contribuições já mencionadas de esgoto, toda a carga

poluidora proveniente da pecuária dentro da própria sede urbana (IQA= 32,56 na

estiagem e IQA=27,26 nas chuvas).

O valor médio entre os valores encontrados no Ararandeua e Pebas no

período de estiagem é de 42,54 e no período chuvoso é de 44,70. Utilizando a

própria escala do IQA em ambos os períodos, o resultado aponta para um estado

regular no trecho em estudo.

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Alguns fatores são preponderantes quando se avalia a qualidade da água

no local em estudo, principalmente levando em consideração que parte do esgoto

gerado vai para os corpos d’água sem tratamento. O primeiro fator são os

indicadores de pressão relacionados diretamente a problemática: “Taxa de

crescimento da produção agropecuária”, “Taxa de crescimento populacional”, “Taxa

de urbanização”, “Densidade demográfica” e a “Degradação da mata ciliar”. Todos

esses indicadores geram pressão sobre o uso dos recursos hídricos, em termos

quantitativos e qualitativos, menos a degradação de mata ciliar, cujos impactos são

exclusivamente relacionados à qualidade da água a partir do carreamento de

nutrientes como Fósforo e Nitrogênio para o corpo hídrico.

5.2.2.2 Taxa de crescimento da produção agropecuária

Os setores de agricultura e pecuária são grandes usuários de recursos

hídricos, o uso do solo e da água em grandes escalas são características comuns

nas duas atividades. Para os recursos hídricos, as conseqüências são tanto nos

âmbitos dos usos consuntivos quanto nos usos não consuntivos, pois as atividades,

além de usuárias de grandes quantidades de água, também são potenciais de

poluição e contaminação, já que na agricultura é comum o uso de agrotóxicos que

podem ser lixiviados para os corpos d’água, ocorrendo o mesmo com os dejetos em

currais de criação de animais.

A utilização da água pelas principais atividades econômicas do elemento

homem em Rondon do Pará é uma das mais importantes interações existentes no

sistema hídrico caracterizado para a pesquisa. No município de Rondon do Pará, a

agricultura e a pecuária ganharam mais espaço sobre a atividade madeireira. As

atividades crescem cada vez mais e, com elas, suas conseqüências negativas aos

demais elementos do sistema, como, por exemplo, a degradação da qualidade da

água, portanto a taxa de crescimento da produção agropecuária é um indicador de

pressão sobre os recursos hídricos.

Segundo a SEPOF/PA (2007), dentre os rebanhos do Município de

Rondon do Pará, se destacam a criação bovina, suína e eqüina. Dentre as três

principais a criação de bovinos é a mais importante para a economia do município.

No ano de 1994, na criação de bovinos eram 165.380 cabeças, valor que

apresentou crescimento de 218% até o ano de 2005. A criação de suínos

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apresentou uma queda de 31,22% e a criação de eqüinos apresentou crescimento

de 127,78% (Gráfico 11).

0

100.000

200.000

300.000

400.000

1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006

Cabeça

s

Bovinos Suínos Equinos

Gráfico 11: Produção dos principais rebanhos de Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

A série histórica abaixo (Gráfico 12) apresenta a geração de empregos

para as principais atividades econômicas. A atividade que mais gera emprego é a

indústria de transformação. No ano de 1999, o número de pessoas empregadas em

regime de CLT era de 1.535, valor que chegou a 1.867 empregados no ano de 2002

e caiu para 1.620 em 2003. Comparando as vagas diretas criadas pela principal

atividade econômica do município, os ganhos sociais da agropecuária são

pequenos, pois a mesma gerou apenas 30 empregos em regime de CLT no ano de

1999, valor que aumentou para 221 no ano de 2003.

4

1.535 1.806 1.690 1.867 1.620

41

8 9 9

44

4

2

1

211

358 366454

561

115

238 252310

262

734 7831.095 1.064 1.129

30

57

100 115

221

1

10

100

1000

10000

1999 2000 2001 2002 2003

Em

prega

dos

Extrativa Mineral Indústria de TransformaçãoServiços Industriais de Utilidade Pública Construção CivilComércio ServiçosAdministração Pública Agropecuária

Gráfico 12: Atividades econômicas em Rondon do Pará e a geração de empregos (SEPOF/PA, 2007).

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Considerando sua importância para a economia rondonense, porém seus

pequenos ganhos sociais diretos, além do potencial poluidor da atividade, a análise

da taxa de crescimento da produção é importante, tendo em vista o reflexo

socioambiental no município e o indicador, pelo contexto, pode ser considerado um

indício ruim para o uso dos recursos hídricos. Variando bastante desde 1995 e

alternando taxas positivas e negativas, o valor médio do indicador é de 8,9%

(Gráfico 13).

Taxa Média(8,09%)

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Taxa de Crescimento da Produção Agropecuária (Bovinos, suinos e equinos)

Gráfico 13: Taxa de crescimento da produção agropecuária em Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

5.2.2.3 Taxa de crescimento populacional

Em Rondon do Pará parte da criação de rebanhos, tanto de bovinos,

suínos, caprinos etc., é para consumo interno. O crescimento da população

representa um aumento nos rebanhos citados, e concomitantemente a necessidade

de água desde a criação até o abate das cabeças. A “Taxa de crescimento

populacional” é considerada um indicador de pressão e representa indiretamente a

velocidade em que se encontra o aumento da demanda sobre os recursos hídricos

como um todo (superficiais e subterrâneos), não só para o consumo humano, mas

para a cadeia produtiva do município.

O Aumento da quantidade dos elementos que demandam água afeta

diretamente os estoques do recurso água dentro do sistema hídrico, a interação

entre esses elementos (homem e ambiente aquático) é sensível a fatores

relacionados a crescimentos populacionais.

Segundo a Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento

e Finanças – SEPOF/PA – (2007), a população de Rondon do Pará cresce a cada

ano. Os dados mostram que no ano de 1996 havia 35.221 habitantes, nos registros

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de 2001 a população ultrapassou 40.000 habitantes e em 2007 chegou a 47.284

habitantes (Gráfico 14).

35.000

40.000

45.000

50.000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Hab

itant

es

População(Hab)

Gráfico 14: População de Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

O crescimento populacional rondonense já apresenta seus primeiros

problemas, as primeiras favelas estão surgindo sem abastecimento de água de

qualidade e esgotamento sanitário. Além do mais, esse crescimento é fonte de

preocupação também com o aumento da demanda de recursos hídricos, aonde esse

incremento vem agregado não só ao consumo humano, mas a toda cadeia produtiva

municipal.

Com relação à Taxa de crescimento populacional em Rondon do Pará,

considerando a delimitação da pesquisa, a população a ser utilizada é a referente à

sede municipal. Os valores mostram que a partir do ano de 1997 a população da

sede municipal teve um crescimento desacelerado com taxa de 1,25% em 2000,

porém o registro mais recente aponta uma taxa positiva de 2,10%. A taxa média de

crescimento no período foi de 2,54% (1996-2007) (Gráfico 15) (SEPOF/PA, 2007).

Taxa Média(2,54%)

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Taxa de crescimento demográfico urbano

Gráfico 15: Taxa do crescimento demográfico de Rondon do Pará (SEPOF/PA 2007).

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73

Considerando a pequena flutuação entre valores positivos e negativos do

indicador, o mesmo mostra o crescimento populacional que não exerce grandes

pressões sobre os recursos hídricos e pode ser considerado um bom indício para o

uso da água , já que no mesmo período esse incremento da população foi dotado de

abastecimento de água potável, como mostrado no “Percentual da população com

acesso a água potável”, mesmo que a cobertura do esgotamento sanitário através

de fossas sépticas seja pequena. Em outras palavras, um aumento de investimentos

em saneamento, a partir da renda gerada através das principais atividades

econômicas, pode sanar esse quadro negativo no que diz respeito a esgotamento

sanitário, uma vez que a população não cresce de forma acelerada.

5.2.2.4 Taxa de urbanização

A urbanização de cidades é um processo delicado e pode trazer consigo

vários problemas por conta da falta de planejamento, por exemplo, a favelização.

Com o surgimento desses aglomerados populacionais, geralmente vem a baixa

qualidade de vida dos moradores. Com a falta de estrutura para abrigar esse

incremento de população nos centros urbanos, onde a demanda por recursos

hídricos aumenta, considerando principalmente o uso para abastecimento

doméstico, a “Taxa de urbanização” se torna um importante indicador de pressão

que pode exprimir a aceleração dos processos de degradação relacionados à

população urbana e rural.

No município esse crescimento da demanda pode não ser atendido,

gerando conseqüências negativas como a busca de alternativas de abastecimento

de água, que podem ser poços com pequena profundidade (freáticos), que estão

suscetíveis a contaminações provenientes de fossas sépticas construídas sem

orientação técnica, quando os riscos de ocorrências de doenças relacionadas à

água aumentam.

A taxa de urbanização é um processo comum dentro de sistemas hídricos

semelhantes ao de Rondon do Pará (áreas urbanas). Esse arranjo dos elementos

em torno do espaço do sistema é determinante para a utilização dos recursos

naturais (no caso a água). Ambientes urbanos necessitam de infraestrutura para

regular essa interação entre o elemento ser humano e os demais elementos através

da utilização da água. Quanto maior for a taxa de urbanização, maior será a

necessidade de infraestrutura urbana de controle do uso da água, no caso

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infraestrutura sanitária mitigando, assim, impactos negativos gerados a partir desse

uso e tornando o ambiente saudável para todos os elementos do sistema.

Segundo a SEPOF/PA (2007), a população urbana cresce numa taxa

maior que a população rural, onde no ano de 2007 os registros são,

respectivamente, 35.651 e 11.633 habitantes (Gráfico 16).

0

12.000

24.000

36.000

1996

1997

(1)

1998

(1)

1999

(1)

2000

(2)

2001

(1)

2002

(1)

2003

(1)

2004

(1)

2005

(1)20

06

2007

(1)

Hab

itant

es

Urbana Rural

'

Gráfico 16: Variação da população urbana e rural de Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

Outro problema é a geração de esgotos, com a urbanização pode haver o

aumento da população urbana, uma vez que não houve expansão espacial da zona

urbana, logo a geração de esgotos aumenta e também se torna mais concentrada.

Segundo a SEPOF/PA (2007), a Taxa de Urbanização no município de

Rondon do Pará em 1996 era de 77,09% e no ano de 2000 caiu para 75,40%, valor

que se manteve constante até o último valor registrado, no ano de 2007 (Gráfico 17).

0,00%

25,00%

50,00%

75,00%

100,00%

1996

1997

(1)

1998

(1)

1999

(1)

2000

(2)

2001

(1)

2002

(1)

2003

(1)

2004

(1)

2005

(1)

2006

2007

(1)

Hab

itant

es

Taxa de Urbanização

Gráfico 17: Comportamento da taxa de urbanização em Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

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75

Mesmo considerando que no município a coleta e tratamento de esgotos

domésticos são deficientes, fato que será demonstrado adiante nos resultados

dessa pesquisa, a Taxa de urbanização constante é indício de que o rio Ararandeua,

recentemente, não vem sofrendo acréscimo acelerado de cargas poluidoras

provenientes das redes de drenagem e também que os lençóis subterrâneos não

recebem acréscimos de forma acelerada das unidades domiciliares de tratamento de

esgotos, portanto a pressão exercida pela urbanização é pequena podendo ser

considerado um indicador com conceito bom na análise.

É importante ressaltar que a constância no valor da Taxa de urbanização

facilita o planejamento e a gestão de recursos hídricos, uma vez que o incremento

na demanda urbana está relacionado apenas ao crescimento da população da

própria zona urbana e não pela chegada de moradores de outras regiões à Rondon

do Pará.

5.2.2.5 Densidade demográfica

A concentração populacional pode ocasionar problemas, principalmente,

de cunho ambiental. Quando se fala em recursos hídricos, essas dificuldades estão

relacionadas também com a geração de esgotos, que em locais de alta densidade

demográfica constituem em cargas com concentração diretamente proporcional de

poluentes e de contaminantes. Quando se tem esgotamento sanitário com

tratamento eficiente, se diminui o risco de poluição e contaminação dos corpos

d’água, porém essa não é a realidade no Brasil, onde a ocupação desordenada das

cidades é característica comum no uso solo.

A proporção de elementos em uma determinada área do sistema hídrico

intensifica as relações de uso de água para um mesmo espaço, as interações se

tornam tão intensas que podem trazer riscos ao ambientes aquático e, considerando

o objeto de estudo, podem até modificar o estado normal do sistema. A densidade

urbana age dessa forma no sistema hídrico, ela intensifica o uso de outros

elementos (recursos naturais) a partir da necessidade do ser humano, podendo

trazer danos aos demais elementos do sistema, por escassez ou de quantidade ou

de qualidade do recurso.

No município de Rondon do Pará, a “Densidade demográfica” é uma

forma de avaliar o quão concentrada pode ser a descarga de esgotos, constituindo

um indicador de pressão para a BHRA, avaliando tanto as águas superficiais como

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as subterrâneas, no caso os lençóis freáticos. Segundo a SEPOF/PA (2007), no ano

de 1996 a Densidade demográfica em Rondon do Pará era de 4,26hab/km², valor

que aumentou para 4,82hab/km² no ano de 2000 e no último registro (2007) subiu

ainda mais para 5,74hab/km² (Gráfico 18).

0

3

6

9

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Hab

itant

es

Densidade(Hab/km²)

Gráfico 18: Evolução da densidade demográfica em Rondon do Pará (SEPOF/PA, 2007).

Os valores citados acima são importantes para efeito de registro, mas,

mais interessantes ainda para a análise é a “Densidade demográfica” referente à

área delimitada para o estudo (sede do município). Portanto, para a pesquisa, o

valor mais adequado para a análise é a relação entre a população urbana e a área

da sede municipal (Figura 37).

Figura 37: Sede de Rondon do Pará (Rondon do Pará, 2006).

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77

A determinação da área foi através do Software AUTOCAD 2004, o valor

encontrado foi de aproximadamente 12km², portanto a Densidade demográfica muda

significativamente. Os valores encontrados (Tabela 6) estão de acordo com a

densidade demográfica típica apresentada para áreas residenciais unifamiliares com

lotes grandes, que se situa entre 1.200Hab/km² e 3.600Hab/km² (SPERLING, 2005).

Tabela 6: Densidade Demográfica de Rondon do Pará e de sua sede municipal. Anos Densidade (Hab/km²)

(Município de Rondon do Pará*) Densidade (Hab/km²)

(Sede Municipal de Rondon do Pará**)

1996 4,26 2262,58 1997 4,4 2341,33 1998 4,53 2407,67 1999 4,65 2474,08 2000 4,82 2505,08 2001 4,97 2571,33 2002 5,06 2620,25 2003 5,16 2673,75 2004 5,4 2795,08 2005 5,5 2848,08 2006 5,62 2909,75 2007 5,74 2970,92

Fonte: ( * )SEPOF (2007), (**)valor estimado.

Considerando os novos valores de Densidade demográfica, a situação

muda completamente, uma vez que agora os valores são referentes apenas à sede

municipal. A estimativa mostra que no ano de 1996 a Densidade Demográfica era de

2.262,58hab/km², no ano de 2000 subiu para 2.505,08hab/km², porém o valor mais

atualizado é o de 2007 com uma relação de 2.970,92hab/km², demostrando um

crescimento de 31,30% para uma área urbana que não expandiu espacialmente

(Gráfico 19).

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Densidade(Hab/km²)

Gráfico 19: Evolução da densidade demográfica na sede de Rondon do Pará.

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Só para se ter uma noção de quão concentrada se tornou a carga de

esgotos, basta estimar o aumento do volume gerado de esgoto para a situação.

Considerando, um consumo de água de 180L/hab.dia para populações entre 10.000

e 50.000 habitantes (Sperling, 2005), e que cerca de 80% do volume gerado é

transformado em esgoto (NBR 7229/1993), tem-se uma carga diária per capita de

144L de esgotos. Ao se considerar a população da sede de Rondon do Pará, são

aproximadamente 5.135m³/dia de esgotos gerados, portanto a Densidade

demográfica exerce pressão negativa no atual cenário do uso dos recursos hídricos

em Rondon do Pará, podendo ser considerado um indicador de pressão com

resultados muito ruins , ainda mais considerando a efetividade no tratamento de

esgotos local, tema da próxima sessão.

5.2.2.6 Proporção de esgoto tratado

A qualidade dos corpos d’água que sofrem ações antrópicas depende

diretamente do tratamento dos esgotos. É importante ressaltar também que um

núcleo urbano com tratamento, principalmente dos dejetos humanos, tem menores

chances de sofrer com doenças relacionadas à água, seja ela subterrânea ou

superficial, já que diminuem os riscos de poluição e contaminação através desses

efluentes. Em termos de sistemas, é necessário um controle das ações de um

elemento (ser humano) buscando um equilíbrio do sistema através da manutenção

da qualidade do outro (ambiente aquático).

Por não ter rede de esgotamento sanitário, é necessário conhecer o

destino dos esgotos no município para a pesquisa, logo a “Proporção de esgoto

tratado” se torna um importante indicador de resposta . O tratamento dos esgotos

no município, como já foi informado, é feito apenas para os dejetos, as água

servidas são encaminhadas à rede de drenagem urbana e essa encaminha ao corpo

hídrico receptor, no caso o rio Ararandeua. As unidades de tratamento são

individuais, ou seja, cada residência tem uma unidade de tratamento (fossas).

Considerando a eficiência das formas de tratamento de esgotos no

município, a fossa séptica é a única forma satisfatória do ponto de vista sanitário

para a realidade do local. As demais formas de tratamento (fossas rudimentares e

valas de infiltração) não são indicadas para áreas urbanas. A rede de drenagem

urbana de forma alguma deve receber dejetos, pois além do mau cheiro nas bocas

de lobo, existe ainda o aumento da temperatura nesses locais devido liberação de

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calor nas reações bioquímicas existentes na degradação de matéria orgânica, sem

contar os riscos de contaminação dos corpos d’água receptores.

Segundo Jordão e Pessoa (1995), a eficiência da fossa séptica com

tratamento complementar (filtro anaeróbio) no tratamento de esgotos gira em torno

de 90% na remoção de DBO. Unidades sem o filtro anaeróbio têm eficiência girando

em torno de 30 a 61% de remoção de DBO. É importante ressaltar que em termos

quantitativos o esgoto doméstico representa o total de esgotamento sanitário

tratado, uma vez que foi verificado que não há tratamento do esgoto industrial da

região.

Considerando as informações então citadas, o indicador considerará

apenas a parcela da população que utiliza como tratamento de esgotos as unidades

de fossa séptica, que segundo IBGE (2000) é de apenas 5,4% (Gráfico 20). 2000

5,40%

94,60%

Com tratamento Sem tratamento

Gráfico 20: Esgoto tratado em Rondon do Pará (IBGE, 2000).

Essa informação dá ainda mais clareza ao problema do esgotamento

sanitário no município de Rondon do Pará, a proporção de esgoto tratado nesse

contexto pode ser considerada um indício muito ruim do uso da água, agravando

mais ainda as pressões exercidas pelo crescimento demográfico e densidade

demográfica, uma vez que a carga é concentrada dentro da área da sede e cresce a

cada ano.

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5.2.2.7 Políticas de combate ao desperdício de água potável

Como o ser humano é o principal elemento no que diz respeito a poder de

modificação do sistema hídrico, o mesmo deve lançar mão de ferramentas de

controle do seu aspecto irracional no uso da água. Essa busca por uma

racionalidade no uso dos recursos hídricos é de suma importância para a

manutenção dos mesmos. Em termos aplicados, mais importante que aumentar a

oferta de água, é preciso racionalizar o uso da mesma. Muitas das atividades

antrópicas usam mais água do que o necessário, esse desperdício se caracteriza

como um problema de cunho ambiental com relevância no âmbito socioeconômico

do ser humano, elemento do sistema hídrico.

No município de Rondon do Pará o abastecimento é feito por sistemas

que captam água de lençóis artesianos e a cobrança pela água é feita através de

taxas. Cynamon (1990) chama a atenção para o formato de cobrança que também é

conhecido como “torneira livre”, em que o consumidor paga mensalmente uma

quantia fixa, que é estabelecida em função de diversos critérios, tais como, por

exemplo, a área construída do imóvel ou o número de torneiras etc.

Cynamom (1990) comenta ainda, que o sistema tem como desvantagem

o fato de estimular o desperdício de água, quando, pela falta de interesse, não se

faz manutenção nas instalações de água ou mesmo deixando torneiras abertas, ou

usando indevidamente água como para acabar com a poeira das ruas, lavagem de

calçadas, de carros etc.

Rego et al (2007), em pesquisa desenvolvida para a avaliação do uso

racional de água em sistemas de abastecimento de água de pequeno porte,

constatou que, segundo os próprios consumidores, o fator que mais incentiva o

desperdício no consumo doméstico de água é o fato do faturamento ser feito através

de taxas, já que o valor cobrado independe do valor consumido.

Considerando a pesquisa mencionada acima, provavelmente o município

esteja enfrentando o mesmo quadro de desperdício por parte da população.

Independentemente do volume de água consumido (utilizado ou desperdiçado) o

valor faturado sempre será o mesmo, criando um incentivo aos usos perdulários.

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Para evitar, ou ao menos minimizar esse quadro negativo, as políticas de

combate ao desperdício de água se tornam um importante indicador de resposta .

Porém, em Rondon do Pará, não existem políticas de combate ao desperdício, como

campanhas educativas em escolas ou a nível domiciliar, portanto de uma forma

geral esse cenário se caracteriza como um indício ruim para a problemática dos

recursos hídricos.

5.2.2.8 Degradação da mata ciliar

A mata ciliar é a faixa de vegetação ao longo das margens de um corpo

d’água. É um elemento de grande importância para o sistema hídrico, pois tem o

papel de proteger o corpo d’água do processo de assoreamento, pois sem a mata

ciliar pode haver modificações das condições naturais dos rios, influenciando em

todas as reações bioquímicas nos mesmos entre os elementos bióticos. As espécies

nativas daquele ambiente podem acabar desaparecendo pela mudança no seu

habitat natural, o que pode quebrar completamente a cadeia alimentar do

ecossistema, ou seja, algumas interações entre elementos do sistema podem

desaparecer.

A retirada da mata ciliar em Rondon do Pará é um dos problemas de

ordem ambiental enfrentados no município. Os sinais de assoreamento dos rios

Ararandeua e Pebas são visíveis e se tornam históricos através de relatos de

moradores locais.

Portanto a “Taxa de degradação da mata ciliar” é um indicador de pressão

que permite visualizar as condições de degradação natural dos corpos d’água. A

extensão do rio a ser considerada para a avaliação dentro da pesquisa é a que corta

a sede municipal do município, haja vista a delimitação da pesquisa.

Segundo a Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

de Rondon do Pará, não há sinal de degradação da mata ciliar na sede do

município, porém em visita “in loco” foi observado que em alguns locais a mata ciliar

foi removida, entretanto no geral os resultados do indicador podem ser

considerados bons no que diz respeito à manutenção da qualidade dos recursos

hídricos no local.

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5.3 RADAR DE SUSTENTABILIDADE DO USO DA ÁGUA: RONDON DO PARÁ

Para facilitar a tomada de decisão do gestor de recursos hídricos a partir

do uso de indicadores, foi pensada uma forma de se ter uma visão geral dos

resultados encontrados na pesquisa. Para tal, foi feita a agregação dos indicadores

segundo metodologia descrita na Sessão 4.1 deste trabalho.

A avaliação foi feita em torno das pressões, do estado e das respostas

identificadas no sistema hídrico do município de Rondon do Pará, os indicadores

foram agrupados da seguinte forma e receberam os seguintes conceitos e suas

respectivas notas (Tabela 7):

Tabela 7: Avaliação dos indicadores PER para o sistema hídrico.

INDICADOR AVALIAÇÂO NOTA Pressão Taxa de crescimento populacional Bom 2 Taxa de Urbanização Bom 2 Densidade demográfica Muito ruim 5 Percentual da população sem esgotamento sanitário adequado Regular 3 Taxa de crescimento da Produção agropecuária Ruim 4

Degradação da mata ciliar Muito bom 2 Estado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M Regular 3 Indicador de Qualidade das Águas Regular 3

Produto Interno Bruto per capita Muito Bom 5 Reposta Políticas de combate ao desperdício de água potável Ruim 2 Proporção de esgoto tratado Muito ruim 1

Percentual da população com acesso a água potável Muito bom 4

Para calcular a dimensão de cada âmbito foi feita a média aritmética dos

indicadores, tendo como resultado os seguintes valores:

- Pressão:

Nota = 2+2+5+3+4+2 = 3,0

6

- Estado:

Nota = 3+3+5 = 3,7

3

- Reposta:

Nota = 2 +1+ 4 = 2,3

3

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Criando um gráfico radar com as dimensões calculadas para cada âmbito

do modelo conceitual PER (Gráfico 21) é possível facilmente identificar as relações

de importância de cada um deles dentro da avaliação de sustentabilidade do uso da

água em Rondon do Pará, podendo dar base para a resposta procurada no trabalho

(“O uso da água na sede de Rondon do Pará caminha para a sustentabilidade?”).

2,33,0

3,7

1,0

ESTADO

RESPOSTAPRESSÃO

Gráfico 21: Sustentabilidade do uso da água em Rondon do Pará.

Observando o Gráfico 21 é possível visualizar que o estado atual do

sistema hídrico em Rondon do Pará (considerando as condições de qualidade do

sistema para seus elementos – ser humano e demais seres vivos – baseada na

qualidade da água, condições sociais e econômicas locais) pode ser considerado de

uma forma geral regular. Porém, as pressões exercidas pelo ser humano no sistema

através dos processos que demandam água são superiores às respostas dadas por

esse elemento representado pelo poder público e pela sua sociedade como um todo,

para minimizar os impactos na área.

Portanto, considerando a conjectura atual do sistema, finalmente se

chega à conclusão final da pesquisa, cuja reposta para a pergunta chave da

investigação é: “O uso da água em Rondon do Pará caminha para a

insustentabilidade”.

Considerando as perspectivas de agravamento dos principais fatores que

exercem pressão no sistema, a tendência é a caracterização de um sistema hídrico

fragilizado, uma vez que os elementos que dão subsídio à utilização do recurso

hídrico. Os rios Ararandeua e Pebas, através da qualidade das suas águas, já

demonstram resultados ruins em alguns pontos.

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Considerando as dimensões do Desenvolvimento Sustentável, os

indicadores sociais e econômicos podem ser considerados, de uma maneira geral,

bons, pois a geração de renda tem refletido, mesmo que de forma tímida, em

melhorias para a cidade de Rondon do Pará nos aspectos de educação e

saneamento, porém os indicadores ambientais são os que apresentam os piores

resultados.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A presente pesquisa teve como proposta avaliar o uso dos recursos

hídricos na bacia hidrográfica do rio Ararandeua, em um estudo de caso da sede

municipal de Rondon do Pará. A pergunta que norteou a pesquisa é: “O uso da água

na sede de Rondon do Pará caminha para a sustentabilidade?”. Na busca por essa

resposta e buscando os objetivos propostos no trabalho, foi possível concluir que:

- Os usos múltiplos da água identificados na bacia do rio Ararandeua, no

trecho que vai das nascentes até a sede de Rondon do Pará foram: recreação e

lazer, pesca, manutenção de fauna e flora, navegação de pequeno porte e

dessedentação de animais.

- Rondon do Pará é prova de um bom crescimento econômico, onde seu

PIB cresce a cada ano e segundo os resultados da pesquisa dobrou de valor desde

a década de 90. Porém, as mudanças econômicas sofridas pelo município vêm

trazendo degradação ao meio ambiente e relativamente poucas melhorias nos

aspectos sociais. Mesmo com um alto valor PIB per capita (R$ 5.629.09 segundo a

SEPOF/PA – 2007), parte da população ainda não possui nem água tratada nem

esgotamento sanitário adequado.

- O abastecimento de água na sede do município é feito através de

lençóis subterrâneos, o faturamento é feito através de aplicação de taxas, ou seja,

não levam em consideração de fato os volumes utilizados pelos consumidores.

Considerando pesquisas existentes sobre esse tipo de cobrança, pode haver

aumento do desperdício de água através dos usos perdulários, trazendo

conseqüências principalmente do ponto de vista socioeconômico.

- As políticas visando o uso eficiente da água potável no município de

Rondon do Pará se resumem a apenas à manutenção corretiva da rede geral.

- A qualidade da água na bacia está diminuindo com a degradação

constante por ações antrópicas, o modelo de desenvolvimento adotado por Rondon

do Pará vem trazendo sérias conseqüências para os rios Ararandeua e Pebas,

principalmente no trecho que corta a sua sede municipal.

- O crescimento da pecuária na região é um dos principais fatores de

pressão para tornar o uso da água insustentável na bacia hidrográfica do

Ararandeua. Os problemas socioeconômicos ligados, principalmente, a

concentração de renda na atividade somam-se aos problemas socioambientais

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relacionados ao poder de degradação dos recursos hídricos, que é característico do

modelo extensivo da pecuária aplicado na região, seja através de cargas

provenientes da lixiviação de pastos ou dos esgotos gerados nas atividades do

matadouro municipal.

- As indústrias de laticínios também têm sua parcela na degradação da

qualidade das águas dos rios Ararandeua e Pebas, pois as mesmas despejam seus

efluentes provavelmente “in natura” nos corpos d’água, cujas cargas são altamente

poluidoras e contaminantes, principalmente pela elevada DBO.

- De acordo com análises de amostras colhidas dos rios feitas em

laboratório, os resultados foram utilizados para o cálculo do Índice de Qualidade das

águas, onde o quadro observado é de constatação da degradação através de

poluição e contaminação dos rios. O rio dos Pebas ainda apresenta qualidade

regular, porém o Ararandeua, dentro da sede municipal, apresenta resultados ruins

em praticamente todo seu curso.

- Não há um programa de monitoramento da qualidade das águas dos

rios Ararandeua e Pebas por parte do poder público, sendo evidente a falta de

informações sobre a qualidade da água dos rios, sem mencionar dados de vazão, o

que dificulta o planejamento e a gestão dos recursos hídricos.

- Como mencionado no trabalho, a BHRA é de domínio Federal, e pode

ser considerado problemático do ponto de vista do planejamento e gestão, pois a

falta de unidade dos gestores de todas as esferas faz com que as medidas de

mitigação de impactos na bacia sejam realizadas de forma desarticulada e sem

eficiência. Apesar da problemática estar prevista na legislação nacional e estadual

através dos Planos de Recursos Hídricos, as ações voltadas para melhoria do

quadro apresentado não são colocadas em prática, principalmente pela falta de um

comitê de bacia, órgão que poderia agilizar e organizar a gestão na busca do uso

sustentável das águas da BHRA, integrando a gestão ambiental e a de recursos

hídricos.

- A Metodologia empregada respondeu satisfatoriamente ao problema de

pesquisa. Com o uso de indicadores de sustentabilidade foi possível avaliar o uso da

água na BHRAA em todas as dimensões do Desenvolvimento Sustentável,

chegando a uma resposta à pergunta chave do trabalho. O modelo conceitual PER,

foi imprescindível para avaliar o sistema hídrico na interação dos seus elementos

sociais, ambientais e econômicos.

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- A forma gráfica de apresentação dos resultados pode se tornar uma

forma mais simples de visualizar os resultados, facilitando a transmissão de

informações para o gestor ou para a sociedade em geral. A análise gráfica torna-se

então uma importante ferramenta de suporte para o planejamento e gerenciamento

dos recursos hídricos em Rondon do Pará, e caracteriza-se como a principal

contribuição através de informações científicas geradas na pesquisa.

- Os resultados finais da pesquisa se equiparam aos de Magalhães

(2009), onde o autor, através do contexto atual, apresenta um cenário com

tendência à insustentabilidade chamado “Cenário tendencial de crise econômica e

socioambiental” como características semelhantes às apresentadas nesse trabalho:

“Com o histórico de estagnação do setor florestal na região do arco do fogo da Amazônia, muitas madeireiras e serrarias funcionam de forma precária e ilegal. A pecuária acirra o ciclo de desmatamento e o uso improdutivo das fazendas. Como conseqüência, aumenta os conflitos pela terra e pela disponibilidade hídrica. Sem a fiscalização ambiental necessária, a atividade de carvoaria ganha destaque como um dos elementos de maior impacto social e ambiental, pois aumenta o desmatamento e a degradação das áreas de preservação permanente. A exploração mineral na bacia intensifica-se sem o controle ambiental, o que prejudica a tanto a qualidade da água, quanto o assoreamento do rio.

Devido à falta de controle ambiental, os laticínios e matadouros localizados nas áreas de cabeceira da bacia despejam seus efluentes industriais in natura nos corpos d’água, fato que tem diminuído a produção de água para jusante da bacia, além de prejudicar outras atividades produtivas (como agricultura familiar, criação de peixes, turismo e pesca) e a comunidade, que necessita de água de qualidade suficiente para a satisfação das necessidades domésticas. Tais impactos colaboram com a falta de planejamento urbano, sem infra-estrutura de saneamento básico para população urbana e rural, o que agrava a situação ambiental da bacia e prejudica a população, que fica sem acesso à água potável.

Com a Gestão Pública Municipal dependente do poder econômico e político dos donos de carvoarias, pecuaristas e atores sociais conservadores da região, praticam o paternalismo histórico com os munícipes. De forma isolada, a gestão ambiental e hídrica no âmbito do Estado do Pará e Maranhão é conivente com os problemas ambientais da região. E no âmbito federal a Política de Recursos hídricos torna-se inoperante, pois os mecanismos de gestão não se aplicam à realidade regional. Além disso, a sociedade civil está desorganizada para o desafio de promover o desenvolvimento da bacia do Rio Ararandeua” (MAGALHÃES, 2009).

É importante ressaltar que as considerações de Magalhães (2009) foram

feitas a partir de todas as características analisadas na BHRA, e que na pesquisa

dessa dissertação, avaliou-se apenas os elementos que compõe a sede de Rondon

do Pará.

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Com os objetivos da pesquisa alcançados e através dos resultados é

possível fazer as seguintes recomendações para que o sistema hídrico analisado na

pesquisa caminhe para a sustentabilidade:

- É necessário criar um banco de dados com uma lista de todos os

usuários dos recursos hídricos na BHRA, para entender a dinâmica do uso da água

no município de Rondon do Pará.

- Criar alternativas para que todo o capital gerado com as atividades

econômicas no município seja transformado em melhorias sociais para a

comunidade local, melhorando a distribuição de renda, buscando a equidade social

e tornando o cenário mais sustentável.

- Criar e fortalecer políticas de combate ao desperdício de água potável

no município.

- Efetivar a fiscalização como ferramenta de combate à poluição e

contaminação dos recursos hídricos, fazendo cumprir as leis ambientais que regem

a problemática, tanto do ponto de vista ambiental, quanto da gestão da água, tendo

consciência da importância das atividades econômicas potencialmente poluidoras,

buscando um sistema economicamente viável.

- Traçar como meta a melhoria da qualidade da água dos rios Ararandeua

e Pebas, com aplicação de tratamento de efluentes domésticos e industriais,

diminuindo os impactos gerados nos recursos hídricos criando assim um sistema

ambientalmente sustentável.

- É necessário o monitoramento da qualidade da água gerando um

sistema de informações para o planejamento e gestão dos recursos hídricos.

- A baixa efetividade da gestão ambiental e de recursos hídricos facilita o

agravamento desse cenário insustentável, portanto para melhorar esse quadro são

importantes as modificações na forma de gestão no município, principalmente no

que diz respeito às gestões nacionais, estaduais e municipais, pois todas caminham

separadamente.

- A formação de associações em prol da presenvação do rio Ararandeua,

culminando em um comitê de bacia é fator preponderante para a concretização de

todas as recomendações apresentadas nessa pesquisa, haja vista que é peça

fundamental para a integração das gestões ambientais e de recursos hídricos e

sintetização das ações a serem realizadas na busca desse quadro sustentável.

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- É importante recomendar ainda, a continuidade das pesquisas na

BHRA, pois a mesma constitui um importante estudo de caso para a região do

desmatamento na Amazônia. A metodologia empregada nessa pesquisa, por se

mostrar eficiente na avaliação proposta, pode ser utilizada em períodos distintos na

própria BHRA para analisar a dinâmica do cenário através do tempo, ou ser utilizada

em outras bacias para comparação de resultados.

- Os estudos para inserção de outros indicadores também são

importantes. Recomenda-se um estudo de avaliação de perdas no sistema de

abastecimento de água potável do município, levantando despesas com energia

elétrica, mão de obra e produto químico e volumes de água produzidos e faturados,

para que sejam identificados os principais problemas de demanda e oferta de água

potável no município.

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