avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO THELMA SOARES DA ROCHA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS POÇOS TUBULARES DA BACIA DO RIO DO PEIXE EQUIPADOS COM DESSALINIZADORES, COM VISTAS AO APROVEITAMENTO ECONÔMICO DOS SAIS DE REJEITO SALVADOR 2008

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Page 1: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO PROFISSIONAL EMGERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

THELMA SOARES DA ROCHA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS POÇOS TUBULARES DA BACIA DO RIO DO PEIXE

EQUIPADOS COM DESSALINIZADORES, COM VISTAS AO APROVEITAMENTO ECONÔMICO DOS

SAIS DE REJEITO

SALVADOR 2008

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THELMA SOARES DA ROCHA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS POÇOS TUBULARES DA BACIA DO RIO DO PEIXE

EQUIPADOS COM DESSALINIZADORES, COM VISTAS AO APROVEITAMENTO ECONÔMICO DO

SAL DE REJEITO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do Titulo de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Magda Beretta

SALVADOR 2008

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DEDICATÓRIA

As mulheres da minha vida: A minha mãe pela formação ética e moral,

as minhas irmãs pela confiança, pelo apoio incondicional e companheirismo

e as minhas sobrinhas pela constante renovação do meu ser.

Page 5: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

AGRADECIMENTOS

A Profª. Dra Magda Beretta Minha orientadora, chefe e amiga: pela orientação e sugestões propostas na elaboração desta dissertação, pela flexibilidade no horário de trabalho e pela compreensão e estimulo nos meus momentos de dificuldades. Aos membros da banca examinadora da dissertação: Profª. Dra. Maria de Lourdes Figueiredo Botelho e Prof. Dr. Sérgio Augusto de Morais Nascimento pela minuciosa leitura do texto e pelas valiosas sugestões e correções Ao Prof Dr. Asher Kiperstock Pelo estimulo e por me fazer acreditar que a realização do mestrado era possível. Ao Dr. Julio Campos pela contribuição no estudo da viabilidade econômica do magnésio. Aos Colegas do LABDEA: Ednilze Vasconcelos, Percilio Bispo e Rita Vinagre que me apoiaram no trabalho para que eu pudesse está ausente realizando as amostragens. Aos Professores do Departamento de Engenharia Ambiental, em especial, Profª Dra Iara Brandão pelas primeiras orientações que obtive até chegar à conclusão desta dissertação. Aos Colegas do Departamento de Engenharia Ambiental e a toda Rede TECLIM pelo estímulo e confiança, em especial, Antonio Lima, Fátima Pimenta, Maria do Socorro Gonçalves e Ligia Cardoso. A CERB, que disponibilizou os dados utilizados nesta dissertação e o local para o desenvolvimento do experimento, em especial, ao Dr. Francisco Negrão pela ajuda e orientação. Aos muito Joses e Marias, que conheci nas localidades visitadas, pela atenção e hospitalidade, em especial, ao Sr. Josenildo que me auxiliou no desenvolvimento do experimento realizado em Cachoeirinha / Ipirá.

Page 6: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

RESUMO

A exploração das águas subterrâneas tem se tornado uma alternativa para o abastecimento

de água nas pequenas comunidades do semi-árido baiano devido à carência hídrica da

região. No entanto, devido aos altos índices de sais dissolvidos presente nestas águas é

necessário tratamento para torná-la potável, o que ocorre através de processos de

dessalinização, com isso uma grande quantidade de dessalinizadores tem sido implantado,

produzindo um efluente salino que está sendo disposto atualmente em lugares

inapropriados. Com o objetivo de estudar este efluente salino, com vista ao aproveitamento

econômico do sal de magnésio proveniente do rejeito salino de poços equipados com

dessalinizadores, foram selecionados 15 poços com dessalinizadores distribuídos numa

área de 553 km2 situada na micro-bacia do rio do Peixe e Paratigi, na sub-bacia de Ipirá.

O estudo hidroquímico mostrou que 93,3% dos poços analisados apresentaram água do tipo

cloretada cálcio-magnesiana influenciada pelo litotipo da região como ortognaisses e

gnaisses kinzigícos. Foi avaliada também a evolução temporal dos cátions e ânions para o

período de 1998 a 2007 e conclui-se que não houve evidencia significativa de acréscimo ou

diminuição destes íons nos reservatórios subterrâneos, apesar dos gráficos dos íons cloreto,

magnésio, cálcio e sódio mostrarem uma tendência linear positiva para a localidade de Rio

do Peixe e negativa para os íons cloreto e magnésio na localidade de São Roque.

O rejeito produzido pelo processo de dessalinização, evaporado nos tanques para separar

os sais através da cristalização seletiva, sob as condições ambientais da região, apresentou

97% dos sais cristalizados na forma de NaCl seguido de MgCl2 com apenas 2%. Os dados

encontrados no experimento do laboratório, entretanto, ficaram de acordo com o cálculo

teórico esperado onde 53,8% do sal cristalizado foi de NaCl seguido com 36,6%, de sais de

magnésio. As concentrações presentes de magnésio indicam possibilidades interessantes

de ganhos econômicos com sua exploração. Com os dados obtidos no campo o valor de

produção do poço, pós-separação do magnésio foi de US$0,48 por m3/h. Os dados obtidos

no laboratório elevaram este valor para US$ 16,52 por m3/h. A busca pela recuperação do

magnésio na presente situação pode ser justificada do ponto de vista ambiental, visando a

obtenção de rejeito zero nos dessalinizadores, eliminando o impacto ambiental atualmente

gerado pela disposição dos rejeitos no solo e otimizando a recuperação integral da água

presente nos poços salinos da região. Entretanto, os resultados colhidos em laboratório

mostraram um potencial econômico para extração do magnésio bem mais elevado

Palavras chave: Sal de rejeito, cristalização fracionada, recuperação de magnésio.

Page 7: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

ABSTRACT The groundwater assessment has been an option of water supplying into semi arid small

communities in Bahia due to the region scarce hydrological sources. However, because of

the high level of dissolved salt in those waters treatments such as desalination processes are

necessary to make them drinkable. As a result lots of desalinization centers have been

implemented, generating salt waste matters that have been impropriated disposed. Thinking

in study that salt waste matters, picturing the economic use of the magnesium salt resulted of

the salt waste from the wells prepared with desalination technologies, 15 wells with those

mechanisms were selected between an area of 553 km2 in the micro water body of Peixe

and Paratigi rivers and Ipira sub water body.

The hydrochemistry study showed that 93.3% of the analyzed wells have hard water due to

the region geology such as ortognaisses e gnaisses kinzigícos. The cations and anions

temporal evolution was as well evaluated between 1998 and 2007 period and no significant

evidence of either increase or decrease of those ions in the ground reservoir were

concluded, even with charts of chloride ions, magnesium, calcium e sodium showing an

positive linear tendency to the Peixe river place and an negative to chloride ions and

magnesium to Sao Roque location.

The salt waste matter produced in the desalination process, evaporated in the tanks to

separate the salts through crystallization selection, under the environmental region

conditions, showed that 97% of the crystallized salts were in NaCl form followed by the

MgCl2 with only 2%. The data founded in the laboratory experiments however, were very

close to the theoretical study illustrating that 53.8% of the crystallized salt were from NaCl

and 36,6% were from magnesium salt. The magnesium concentrations observed

demonstrate possibilities of economics benefits with its exploration. With the collected field

data the value of the well production plus magnesium post-separation was $0.48 per m3/h.

The gather laboratory data increased this value to $16,52 per m3/h. The pursuit of the

magnesium recuperation in this situation can be justify by an environmental point of view,

looking for a zero waste matter production in those desalination sites , eradicating the

environmental impact generated due to the disposal of those rejects in the soil and

optimizing the complete water recovery in salt wells of that region. However, the results

collected in laboratory revealed a higher economic value to the magnesium extraction.

Key words: Salt waste matter, crystallization fractionated, magnesium recovery

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LISTA DE FIGURAS Figura 1. Esquema de produção de água dessalinizada e de rejeito. .................... 21

Figura 2. Esquema simplificado do princípio da osmose reversa. ......................... 22

Figura 3. Processo de eletrodiálise. ....................................................................... 22

Figura 4. Diagrama de evaporação da água do mar em litros. .............................. 27

Figura 5. Localização e principal via de acesso dos pontos de coleta situados na

região de estudo. .....................................................................................

30

Figura 6. Tipos de solo da área de estudo. ............................................................ 33

Figura 7. Unidades geológicas da área de estudo. ................................................ 35

Figura 8. Domínios hidrogeológicos da área de estudo. ........................................ 37

Figura 9. Pontos de coleta da área de estudo. ....................................................... 46

Figura 10. Localidade de Bonfim de Ipirá em Ipirá: (a) Estação de dessalinização, reservatórios de água de poço e dessalinizada; (b) Saída da água do poço e rejeito; (c) Coleta da amostra da água do poço; (d) Lagoa alimentada com água de rejeito. .............................................................

47

Figura 11. Equipamento de campo para medição de pH,sólidos totais dissolvidos (TDS), condutividade elétrica , (CE), temperatura e oxigênio dissolvido (OD) da água em estudo. ........................................................................

49

Figura 12. Histograma das freqüências da cor das análises das amostras da água em estudo. ...............................................................................................

56

Figura 13. Histograma das freqüências da turbidez das análises das amostras da

água em estudo. ......................................................................................

56

Figura 14. Comparação da condutividade elétrica (CE) em µS/cm, 25ºC e sólidos totais dissolvidos (TDS) em mg/L.............................................................

58

Figura 15. Correlação entre condutividade elétrica (CE) e principais cátions em amostras do aqüífero cristalino: (a) Na+; (b) Mg2+; (c) Ca2+; (d) K+. ..................................................................................................................

59

Figura 16. Valores de pH para a água em estudo medidos no laboratório e no campo e o pH limite para a presença de carbonatos e hidróxidos. ..................................................................................................................

60

Figura 17. Diagrama triangular de Piper (meq/L) para as amostras do aqüífero cristalino na região de estudo. .................................................................

64

Figura 18. Variações da condutividade elétrica para água de estudo em relação

aos diferentes anos de amostragem .......................................................

67

Figura 19. Gráficos de controle para a localidade de São Roque com relação aos íons cálcio, magnésio, cloreto e sódio versus o ano (a) – (d). ................

69-70

Figura 20. Tanques de evaporação para cristalização fracionada dos sais na

localidade de Cachoeirinha / Ipirá............................................................

72

Page 9: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

Figura 21. Equipamento de dessalinização instalado em Cachoeirinha/Ipirá. ..................................................................................................................

73

Figura 22 Cachoeirinha/Ipirá: (a) Local onde poço foi instalado; (b) Reservatórios da água de poço e dessalinizada e local onde está instalado o dessalinizador. .........................................................................................

73

Figura 23 Local onde a água do rejeito está sendo disposta, em Cachoeirinha/Ipirá. ..................................................................................

74

Figura 24 Diagrama colunar, expresso em meq/L, dos principais íons contidos na água de rejeito. ........................................................................................

75

Figura 25 Aerômetros de Baumé para identificar o ponto de saturação através da medida da densidade específica,(ºBé). ...................................................

76

Figura 26 Evaporação da água de rejeito no laboratório: (a) Evaporação de 2000 mL do rejeito à 30ºC; (b) Cristalização do sal na faixa de 25 a 30 ºBé. ..................................................................................................................

79

Page 10: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Período e atividade de campo. .................................................................... 18

Tabela 2. Desempenho do cultivo da Tilápia koina utilizando a salmoura. ................. 25

Tabela 3. Composição bromatológica do material forrageiro (Kg/ha). ........................ 26

Tabela 4. Tabela de J. Usiglio – Concentração dos sais (g/L), contidos na água.do mar e volume de água a evaporar. .............................................................

28

Tabela 5. Composição centesimal dos sais obtidos em cada faixa de cristalização.

......................................................................................................................

28

Tabela 6. Síntese das unidades geológicas com as rochas predominantes, composição mineralógica e respectivos íons liberados da área em estudo. ........................................................................................................

34

Tabela 7. Classificação da água quanto a sua mineralização tomando como referência os valores de condutividade elétrica. .........................................

40

Tabela 8. Erro permitido (Ep%) considerando a condutividade elétrica (CE). ......................................................................................................................

43

Tabela 9. Municípios e localidades com suas respectivas coordenadas,

profundidade e vazão do poço e observações coletadas no campo. ......................................................................................................................

45

Tabela 10. Alguns parâmetros medidos no campo com a sonda multiparâmetrica YSI, modelo 556MPS, durante a primeira campanha em mar/2006 para a água em estudo. ..........................................................................................

48

Tabela 11. Técnicas de coleta e preservação para as amostras da água em estudo. ......................................................................................................................

50

Tabela 12. Parâmetros analisados e respectivos métodos adotados no laboratório.

.....................................................................................................................

51

Tabela 13. Resultados físicos e químicos das amostras da água em estudo coletadas em mar/2006: (a) Localidades de Italegre, Viração, Alto Alegre, Amparo; Bonfim de Ipirá; (b) Localidades de Cachoeirinha, Canabrava, Malhador, Nova Brasilia, Rio do Peixe; (c) Localidades de São Roque; Umburanas; Santa Luzia; Boa Paz; Canjerana. ..........................................

52-54

Tabela 14. Resultados físicos e químicos das amostras da água em estudo coletadas em jan/2007: (a) Localidades de Italegre, Viração, Alto Alegre, Amparo; Bonfim de Ipirá; (b)Localidades de Cachoeirinha, Canabrava, Malhador, Nova Brasilia, Rio do Peixe; (c) Localidades de São Roque; Umburanas; Santa Luzia; Boa Paz; Canjerana. ..........................................

52-54

Tabela 15. Somatório dos anions e cátions com os erros práticos (Ep%) da água em estudo. ........................................................................................................

55

Tabela 16. Valores de condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (TDS) e

a relação entre TDS e CE e respectivas temperaturas medidas no campo e no laboratório, para amostras da água em estudo. .................................

57

Page 11: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

Tabela 17. Coeficiente de correlação (r) entre a condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (TDS) e principais cátions. ..............................................

59

Tabela 18. Coeficiente de correlação (r) entre a condutividade elétrica (CE), sólidos

totais dissolvidos (TDS) e principais ânios. .................................................

59

Tabela 19. Resultado da dureza total, dureza permanente e dureza temporária, expresso em mg CaCO3/L. ..........................................................................

61

Tabela 20. Resultados, expresso em meq/L, dos principais ânios e cátions da água

em estudo. ...................................................................................................

62

Tabela 21 Resultados (a) condutividade elétrica; (b)cálcio; (c) magnésio; (d)sódio; (e)cloreto da água em estudo dos anos de 1998 a 2007. ..........................

66

Tabela 22. Resultados da média, desvios e os limites de controle para as localidades de São Roque; Umburanas; Malhador e Rio do Peixe referente ao período de 1998 a 2007. .............................................................................

68

Tabela 23. Resultados físico-químicos da água do rejeito, do poço e dessalinizada, Cachoeirinha/Ipirá. ......................................................................................

74

Tabela 24. Tempo, em dias, nos tanques de evaporação e respectivas faixas de

grau Baumé, evaporação, temperatura da água de rejeito e peso dos sais. .............................................................................................................

77

Tabela 25. Composição química mais provável do sal cristalizado nos tanques 01, 02, 03 e 04. .................................................................................................

77

Tabela 26. Resultados físico-químicos da água de rejeito para os experimentos no

Laboratório. .................................................................................................

78

Tabela 27. Volume do rejeito evaporado de acordo com a faixa de cristalização e peso do sal precipitado. ..............................................................................

79

Tabela 28. Resultados físico-químicos e os erros práticos das soluções obtidas a

partir dos sais precipitados nas respectivas faixas de grau Baumé. ......................................................................................................................

80

Tabela 29. Composição dos íons presentes nos sais precipitados nas 06 faixas de cristalização. ................................................................................................

81

Tabela 30. Composição mais provável do sal cristalizado de acordo com as faixas

em grau Baumé (ºBé). ................................................................................

82

Tabela 31. Presença de Magnésio nos sais cristalizados após evaporação do rejeito nos tanques de evaporação em Cachoeirinha/ Ipirá. ..................................

84

Tabela 32. Presença de Magnésio nos sais cristalizados após evaporação do rejeito

ocorrido no laboratório. ...............................................................................

85

Tabela 33. Tabela 33: Dados comparativos obtidos no campo e no laboratório (valores extrapolados para 15m3). .............................................................

86

Page 12: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANA = Agência Nacional de Águas

CBPM = Companhia Baiana de Pesquisa Mineral

CE = Condutividade Elétrica

CERB = Companhia de Engenharia Rural da Bahia

CETIND = Centro de Tecnologias Industrial Pedro Ribeiro

CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRM = Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNCEME = Fundação Cearense de Metrologia e Recursos Hídricos

LABDEA = Laboratório de análise de água do Departamento de Engenharia Ambiental

MMA = Ministério do Meio Ambiente

MQV = Metrologia Química e Volumétrica

ºBé = Graus Baumé

OD = Oxigênio dissolvido

OR = Osmose Reversa

r = Coeficiente de correlação

r2 = Coeficiente de determinação

SENAI = Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SM = Standard Methods

SRH = Superintendência de Recursos Hídricos

TDS = Sólidos Totais Dissolvidos

TTG = Tonalito-Trondhjemito-Gradiorítica

VMP = Valor Máximo Permitido

Page 13: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 14 1.1 Caracterização do Problema............................................................... 14 1.2 Justificativa.......................................................................................... 15 1.3 Objetivo................................................................................................ 16 1.4 Metodologia da Pesquisa..................................................................... 16 1.4.1 Revisão Bibliográfica.................................................................. 17 1.4.2 Reconhecimento da Área de Estudo.......................................... 17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................. 19 2.1 Águas Subterrâneas na Região do Semi-árido Baiano....................... 19 2.2 Alternativas para o Aproveitamento dos Sais de Rejeito..................... 24 2.2.1 Criação de Tilápias..................................................................... 24 2.2.2 Criação de Atriplex...................................................................... 25 2.2.3 Produção de Sais – Cristalização Fracionada............................ 26

3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FISIOGRAFICA DA ÁREA DE ESTUDO....................................................................................................

29

3.1 Localização e Via de Acesso .............................................................. 29 3.2 Hidrografia........................................................................................... 29 3.3 Clima e Aspectos Fisiográficos............................................................ 31 3.4 Geologia............................................................................................... 33 3.5 Hidrogeologia....................................................................................... 36

4. HIDROQUÍMICA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS...................................... 38 4.1 Parâmetros Físicos.............................................................................. 39 4.2 Parâmetros de Propriedades Iônicas................................................... 40 4.3 Parâmetros Químicos.......................................................................... 41 4.3.1 Principais Cátions....................................................................... 41 4.3.2 Principais Ânions........................................................................ 42 4.4 Balanço Iônico e Erro Prático.............................................................. 43 4.5 Apresentação Gráfica e Tipo de Água................................................. 44 5. IMPLANTAÇÃO DA REDE DE MONITORAMENTO................................. 45 5.1 PONTOS DE AMOSTRAGEM............................................................. 47 5.1.1 Levantamento dos Parâmetros para Análise.............................. 49 5.1.2 Técnicas de Coleta e Preservação das Amostras...................... 50 5.1.3 Análises Laboratoriais................................................................. 50 5.2 RESULTADOS FISICO-QUIMICOS.................................................... 51 5.2.1 Resultados Analíticos - Balanço Iônico e Erro Prático................ 55 5.2.2 Análise dos Resultados.............................................................. 55 5.2.3 Análise Temporal dos Principais Íons......................................... 66 6. EXPERIMENTO PILOTO DE CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA.............. 72 6.1 Evaporação do Rejeito nos Tanques de Evaporação.......................... 75 6.2 Evaporação do Rejeito no Laboratório................................................ 78

Page 14: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

7. ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA PARA EXTRAÇÃO DE SAIS 83 7.1 Viabilidade Econômica do Magnésio com os dados da Cristalização Fracionada nos Tanques de Evaporação..................................................

83

7.2 Viabilidade Econômica do Magnésio com os dados da Cristalização Fracionada no Laboratório.........................................................................

85

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES................................. 87

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 91

Page 15: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

14

1. INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização do Problema

A falta de água para o consumo humano que ocorre na região do semi-

árido baiano é proveniente do baixo índice pluviométrico, de temperaturas médias

elevadas e de irregularidade espacial e temporal na distribuição das chuvas. Em

decorrência desta aridez climática, a rede de drenagem superficial é praticamente

constituída por rios intermitentes dificultando os suprimentos das populações com

água superficial (LIMA, 2003). Em vista disso, a exploração das águas subterrâneas

tem se tornado uma alternativa para o abastecimento humano. Em contrapartida, as

águas comumente encontradas são impróprias para o consumo devido aos altos

índices de sais dissolvidos, necessitando de tratamento para torná-la potável. Essa

característica é função do clima e do tipo de rocha encontrada, onde há predomínio

de rochas cristalinas.

As rochas do embasamento cristalino formam os aqüíferos cristalinos de

natureza fissural. A água armazenada nestes aqüíferos tem sua origem principal no

processo de infiltração das águas da chuva, ficando condicionada, portanto, às

características climáticas na região, Superintendência de Recursos Hídricos

(SRH,1996). Em conseqüência da porosidade e permeabilidade quase nulas das

rochas cristalinas a água percola de forma descontínua e com circulação lenta, o

que acarreta um tempo maior de permanência nos aqüíferos facilitando o

intemperismo da rocha, através de processos mecânicos e químicos. Nos

processos mecânicos ocorre a desagregação das rochas em minerais, sob a

influência da variação da temperatura, erosão-sedimentação, vegetais e animais.

Nos processos químicos ocorre o processo da decomposição através de reações

simultâneas de hidratação, hidrólise e oxidação, resultando as formas iônicas na

água, promovendo, assim, maior salinização das mesmas.

O uso de dessalinizadores, portanto, tornou-se uma alternativa para o

aproveitamento destas águas salinas já que as medidas convencionais, tais como

construção de cisternas e açudes, não têm sido suficientes para suprir o consumo

Page 16: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

15

humano durante o período da estiagem. A Bahia tem um grande número de

dessalinizadores instalados pela Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB,

1983). Contudo, o uso crescente desses equipamentos poderá trazer impactos

ambientais – salinização do solo e do lençol freático – devido ao manejo inadequado

da salmoura produzida pelo processo de dessalinização, uma vez que este resíduo

é disposto aleatoriamente no solo, riachos, lixões e lagoas. De acordo com as

informações fornecidas pelos operadores dos dessalinizadores das comunidades

visitadas, o rejeito produzido é, em média, de 10 m3/dia e considerando que existem

em torno de 200 dessalinizadores instalados no estado da Bahia, segundo

informações fornecidas pela CERB, 2000 m3/dia de rejeito estão sendo lançados no

meio ambiente sem nenhum tipo de tratamento.

Sendo assim, esta pesquisa surgiu para avaliar a viabilidade do

aproveitamento econômico do sal contido no rejeito, produzido durante o processo

de dessalinização. Uma avaliação pré-liminar das análises históricas realizadas na

perfuração do poço serviu de embasamento para estudar os sais de magnésio uma

vez que o íon magnésio foi encontrado em elevadas concentrações. Portanto, com a

possibilidade do aproveitamento do magnésio busca-se minimizar o impacto sobre o

meio-ambiente e gerar fonte de renda para os moradores locais, uma vez que este

magnésio pode ser comercializado e promover, conseqüentemente, maior

autonomia e melhor qualidade de vida à comunidade.

1.2 Justificativa

Após o tratamento de dessalinização, a água torna-se adequada para o

consumo humano. Entretanto, os dessalinizadores geram rejeitos com elevado teor

de sais que, quando depositados no solo, o tornam improdutivo. Ademais, por ação

da chuva, esses sais, podem ser carreados e novamente entrar em contato com os

reservatórios superficiais e com os aqüíferos. O destino adequado ao resíduo

formado no processo de dessalinização não somente viabiliza a exploração

sustentável do manancial como, também, promove um ganho para o meio ambiente

e para as comunidades que se utilizam deste recurso.

Page 17: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

16

1.3 Objetivo

Este trabalho teve como objetivo geral estudar o aproveitamento

econômico do sal de magnésio proveniente do rejeito salino de poços equipados

com dessalinizadores, reduzindo a geração de resíduos e os custos da exploração

da água subterrânea de poços profundos.

As metas específicas deste trabalho eram:

a) Implantar a rede de monitoramento para avaliar a qualidade da água dos poços

localizados na região da micro bacia do rio do Peixe;

b) Analisar os principais cátions (Ca2+, Mg2+, Na+ e K+) e ânions (HCO3-, CO3

2-, SO42-

e Cl-) e verificar a qualidade e tipo da água de poços na micro bacia do rio do

Peixe;

c) Comparar os resultados das análises realizadas neste estudo com os dados pré-

existentes e avaliar se ocorreu no reservatório uma diminuição de sais devido ao

bombeamento contínuo.

d) Concentrar o rejeito da dessalinização em tanques de evaporação para

cristalização fracionada dos sais e controle através da medição da densidade com

o aerômetro de Baumé.

e) Analisar e caracterizar o sal de rejeito remanescente nos tanques, após a

evaporação da água de rejeito.

1.4 Metodologia da Pesquisa

Esta pesquisa foi dividia em duas etapas:

A primeira etapa consistiu em avaliar a qualidade química das águas em

estudo. Para isso foram escolhidas 15 localidades situadas na região da micro bacia

Page 18: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

17

do rio do Peixe e realizado o monitoramento hidroquímico a fim de identificar os íons

predominantes e comparação com dados pré-existentes;

A segunda etapa consistiu em caracterização do sal com estudo de

viabilidade econômica para o magnésio. Para isso utilizou-se a evaporação

fracionada em cinco tanques, sob condições controladas através da medição da

densidade específica, expressa em graus Baumé (oBé), utilizando o aerômetro de

Baumé. A evaporação fracionada foi realizada a fim de se obter o sal de magnésio

com menos impurezas.

Para realização da pesquisa buscou-se suporte teórico e visitas de campo

conforme descrito nos itens seguintes.

1.4.1 Revisão Bibliográfica

Foram realizados, nesta etapa, levantamentos de materiais bibliográficos

e cartográficos disponíveis sobre a área de estudo – publicações, teses, relatórios,

mapas e outros documentos sobre geologia, hidrologia, hidrogeologia, cristalização

de sais e utilização do sal de rejeito dos dessalinizadores na piscicultura e irrigação.

Os dados históricos de análises físico-químicas dos poços localizados na

região de estudo, utilizados para analise temporal, foram compilados do cadastro da

Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB, 1983).

1.4.2 Reconhecimento da área de estudo

Visando o reconhecimento da área de estudo, a realização das

campanhas de amostragem das águas para o levantamento de dados hidroquímicos

e experimento de cristalização dos sais, os trabalhos de campo foram assim

distribuídos (Tabela 1):

Page 19: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

18

Tabela 1: Período e atividade de campo Período Atividade

Fevereiro/06 Medição dos tanques e reconhecimento da área de estudo Março/06 1ª campanha de amostragem e implantação da rede de monitoramento Janeiro/07 2ª campanha de amostragem Fevereiro/07 Inicio do experimento de cristalização do sal Maio/08 Experimentos de cristalização do sal no Laboratório

A primeira visita de campo visou o reconhecimento das vias de acesso e

local para realização do experimento de cristalização, sendo feito um levantamento

das condições de uso dos tanques de cristalização. As campanhas de amostragem

foram feitas em dois períodos de modo a complementar os dados com os dados pré-

existentes a fim de verificar as variações anuais na composição dos sais nos

aqüíferos. A primeira amostragem realizada em março de 2006 e a segunda em

janeiro de 2007.

A implantação da rede de monitoramento foi realizada após visita às

localidades escolhidas, realizadas em março de 2006, sendo selecionados 15 das

23 localidades visitadas com poços e dessalinizadores.

O experimento para evaporação do sal de acordo com o grau Baumé teve

inicio em fevereiro de 2007 e foi concluído em maio de 2008. A caracterização dos

sais presentes nos tanques ocorreu ao longo do experimento.

No período de abril a maio de 2008 o experimento de cristalização foi

reproduzido no laboratório para complementar os dados.

Page 20: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA REGIÃO DO SEMI-ÁRIDO BAIANO

O Estado da Bahia ocupa uma área aproximadamente de 567.000 km2,

dos quais, 55% deste território estão inseridos na região do Semi-Árido brasileiro.

Esta região é caracterizada por incidirem secas prolongadas, ou seja, baixa

precipitação, deficiência de umidade no solo agrícola e temperaturas médias

elevadas. A área onde ocorre menor precipitação é definida como “Polígono das

Secas” compreendida pela isoieta de 800 mm (VIEIRA, 2002). Geologicamente a

região é ocupada, predominantemente, por rochas cristalinas pré-cambrianas que

compõem o Craton do São Francisco. Do ponto de vista geomorfológico e climático

a região é caracterizada por relevos de “mar de morros” e amplas planícies,

vegetação do tipo caatinga, com um clima quente, alta insolação e índices

pluviométricos anuais baixos (LIMA, 2003). Devido a estas características climáticas

a rede superficial é constituída, em quase sua totalidade, por rios intermitentes o que

dificulta o abastecimento às populações e atividades econômicas com água

superficial. Uma alternativa viável para um suprimento mais expressivo às

comunidades é a exploração da água subterrânea.

Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície de uma

determinada região e tem como principal origem as águas meteóricas. Os locais de

ocorrência são conhecidos por zonas não saturadas e zonas saturadas. É na zona

não saturada onde ocorre o processo natural de filtração devido à interação

água/rocha, o que proporciona a autodepuração da parcela de água que vai

alimentar a zona saturada e que forma o manancial subterrâneo propriamente dito. A

sua ocorrência depende da interação de fatores geológicos e fatores climáticos. Os

fatores geológicos regulam as condições de ocorrência (aqüífero livre ou confinado),

as características hidrodinâmicas (porosidade/permeabilidade), a extensão, a

espessura e a profundidade das camadas aqüíferas. Por outro lado, as taxas e os

processos de recargas são determinados pelos fatores climáticos (REBOUÇAS,

2002a).

Page 21: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

20

A associação dos fatores climáticos e geológicos como baixas

precipitações, distribuição irregular das chuvas, manto intempérico pouco espesso e

cobertura vegetal esparsa favorecem o escoamento superficial em detrimento da

infiltração. A pequena parcela infiltrada da água da chuva, que é a principal fonte de

alimentação destes aqüíferos, percola de forma descontinua e com circulação lenta,

com isso os aqüíferos formados nesta região são de natureza fissural e baixo

potencial hídrico. Assim, no cristalino, a produtividade dos poços fica restrita às

zonas fraturadas na rocha, os poços comumente apresentam vazões entre 1 a 3

m3/h, Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006) e as águas apresentam salinidade

acima dos limites de potabilidade o que as torna com qualidade ruim e imprópria

para o consumo humano.

A qualidade da água é definida por sua composição e pelas reações

adversas que podem causar os seus constituintes à saúde do ser humano e dos

animais. O conjunto de todos os elementos que a compõem, permite classificá-la

quanto ao seu uso quando comparados a padrões específicos (FEITOSA E FILHO,

1997). Quando estes padrões se referem à qualidade da água para consumo

humano os padrões de potabilidade são definidos pela Portaria nº518/GM em 25 de

março de 2004 do Ministério da Saúde. E para classificar a água quanto à

salinidade, os padrões são definidos pela Resolução nº357 de 17 de março de 2005

do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005).

Em se tratando desta região, coberta predominantemente pelo

embasamento cristalino, a água não pode ser consumida sem um tratamento prévio

devido ao alto teor de sais. Segundo Rebouças, 2002 a ocorrência de hipertensão

anômala na população vem sendo atribuída ao consumo desta água com teores de

sólidos totais dissolvidos (TDS) superiores ao valor máximo permitido (VMP) do

padrão de potabilidade vigente. Vale ressaltar que o VMP para este parâmetro é de

1.000 mg/L de acordo com portaria 518/GM do Ministério da Saúde. Portanto, a

utilização de água subterrânea do embasamento cristalino para abastecimento

humano requer tratamento para retirar o sal dissolvido contido nela através do

processo da dessalinização.

Page 22: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

21

Este processo se difundiu amplamente no semi-árido baiano devido à

carência hídrica superficial e a elevada concentração de sais dissolvidos presentes

nos mananciais subterrâneos. A dessalinização separa a água salina em dois fluxos:

um com baixa concentração de sais solúveis, constituindo a água doce ou potável, e

o outro contendo os sais remanescentes, o concentrado ou salmoura (Figura 1). Os

equipamentos que auxiliam este processo são conhecidos por dessalinizadores que

operam com energia e podem usar diferentes métodos de separação, tanto para

água do mar (TDS igual ou superior a 30.000 mg/L), como para água salobra

subterrânea (TDS entre 500 e 30.000 mg/L), Agência Nacional de Água (ANA,

2007). As características químicas da água de alimentação definem o tipo do método

utilizado e o percentual de recuperação.

Figura 1. Esquema de produção de água dessalinizada e de rejeito Fonte: DOW, 1988

Embora existam diferentes métodos de dessalinização como destilação,

congelamento, troca iônica, osmose reversa e eletrodiálise, os mais simples e

comumente utilizados para produzir água potável são os dois últimos.

O princípio da osmose reversa (OR) é o inverso da osmose natural. Na

osmose natural, a água pura flui através de uma membrana, da solução menos

concentrada para a mais concentrada até que as duas soluções atinjam o equilíbrio

em termos de concentração de sais. No método da OR aplica-se uma pressão

hidráulica superior a pressão osmótica, no lado da solução salina ou concentrada

revertendo à tendência natural, isto é, a água da solução salina passa para o lado da

água pura ficando retidos na membrana os íons dos sais dissolvidos (JOHNSON,

Page 23: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

22

1969, p.323). O resultado é a produção de água pura e de águas residuais com

concentração elevada de sais (Figura 2).

Figura 2. Esquema simplificado do princípio da osmose reversa. Fonte: Adaptado da DOW, 1988.

A eletrodiálise, por sua vez, é um método baseado no transporte de íons

através de membranas seletivas sob a influência de um campo elétrico. Quando uma

diferença de potencial é aplicada entre os dois eletrodos, os cátions (íons positivos)

migram para o cátodo (eletrodo negativo) e os ânions (íons negativos) para o ânodo

(eletrodo positivo) (ORTIZ et al, 2005). A figura 3 mostra o esquema do processo da

eletrodiálise convencional de uma solução de cloreto de sódio, onde a membrana de

separação catiônica permite apenas a passagem dos cátions (Na+), enquanto que

na membrana de separação aniônica o acesso é para os anions (Cl-). O fluxo

contendo os íons positivos e negativos se unem formando o fluxo de concentrado de

sais. O fluxo de água remanescente entre as membranas corresponde ao fluxo de

água dessalinizada (potável).

Figura 3 – Processo da eletrodiálise. Fonte: Jucá, 2005

Page 24: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

23

Uma grande vantagem do processo da eletrodiálise quando comparado

com o processo da osmose reversa está na obtenção do rejeito com concentração

de sais bem menor. Contudo, Guanaes (2001) afirma que a osmose reversa é o

único processo viável para a dessalinização de poços por melhor se adequar aos

sistemas de abastecimentos em comunidades carentes, da zona rural, alimentados

por poços tubulares. As vantagens ocorrem na praticidade da instalação e operação

do equipamento, na área ambiental por não gerar efluentes químicos e na qualidade

de água do permeado isenta de vírus e bactérias.

O principal problema ambiental da dessalinização de águas salobras diz

respeito à disposição do rejeito ou salmoura gerado pelo processo. Sendo assim, o

melhor método de dessalinização deveria ser aquele que previsse a existência de

locais adequados para disposição ou aproveitamento do rejeito, para não se

constituir em fonte de poluição do solo, de águas superficiais e subterrâneas. Os

impactos ambientais causados pela liberação deste rejeito em locais inapropriados –

no solo, riacho, lixões e lagoas – vem sendo estudados, confirmando-se a

contaminação da água subterrânea e salinização do solo com redução do

crescimento das plantas. Em estudo de impacto ambiental realizado em Canindé, no

Ceará, os principais impactos observados foram: erosão e salinização do solo,

alteração da flora, salinização da água e proliferação de algas e microorganismos

(PESSOA, 2006). Já na Índia, RAO et al. (1990) comprovaram que a infiltração da

salmoura causou contaminação do lençol freático acarretando um aumento dos íons

que se relacionam à dureza.

O grande desafio é promover a exploração sustentável destes mananciais

em concomitância à conservação ambiental, com crescimento econômico e com a

melhoria da qualidade de vida da população. Por isso, estudos estão sendo

direcionados com o objetivo de apontar alternativas de aproveitamento do rejeito. Ao

agregar valor econômico para este rejeito e revertendo este ganho para as

comunidades, busca-se o crescimento da economia da renda regional sem a

degradação dos ecossistemas. Os estudos estão centralizados, praticamente, em

três linhas de ação: formação de meio líquido para o cultivo de tilápias, espécies

Page 25: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

24

extremamente resistentes a ambientes salinos; extração de sais minerais por

evaporação e cultivo irrigado de plantas halófitas (a exemplo da Atriplex

nummularia), que necessitam de águas com teores salinos elevados para se

desenvolver.

2.2 ALTERNATIVAS PARA O APROVEITAMENTO DOS SAIS DE REJEITO

2.2.1 Criação de Tilápias

O aproveitamento da salmoura produzida pelos processos de

dessalinização na produção da cultura de peixes, na região do semi-árido baiano,

possui um grande potencial na sua utilização: pelos benefícios que o processo trará

ao meio ambiente, pela perspectiva de melhoria na qualidade do pescado e por

permitir a produção de alimentos com fins econômicos e/ou de subsistência na

região. Contudo, o número de espécies de peixes domesticáveis em tais ambientes

é bastante limitado. Algumas espécies de tilápia têm a capacidade de adaptação à

ambientes de diferentes salinidades, são resistentes às manipulações durante o

cultivo e a mudanças de temperaturas (KUBITZA, 2005), sendo assim, indicadas

para serem cultivadas utilizando a salmoura.

No experimento desenvolvido pala Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA, 1999) foi escolhido o peixe da espécie tilápia koina

originária da Malásia e nome científico Oreochormis sp, conhecida vulgarmente

como tilápia rosa. Para verificar as condições ecológicas do efluente como meio de

cultivo de animais aquáticos, foram acondicionados 330 m3 de efluente em um

tanque escavado no solo e revestido com geomembrana de PVC. A quantidade de

peixe estocado foi 1 peixe/m3, totalizando 330 tilápias com peso médio de 3,2 g, por

um período de cultivo de seis meses, durante o qual foram realizadas amostragens,

para a contagem e pesagem dos indivíduos e posterior determinação da

sobrevivência. (Tabela 2).

Page 26: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

25

Na despesca a sobrevivência foi de 90,2%, valor este dentro dos padrões

normais de cultivo, que é cerca de 85%, indicando que as condições ecológicas do

reservatório foram boas e permitiram, inclusive, a reprodução dos indivíduos. Foi

observado, também, que houve ganho de peso dos indivíduos e que, segundo

Amorim et al. (2001) este ganho só não foi maior devido ao fato de não ter sido

realizada renovação do efluente nos tanques durante o cultivo, sendo recomendado,

portanto, à renovação de 10% do volume total de efluente dos tanques, por semana,

como forma de melhorar o desempenho do cultivo e colocação de aeradores para

atenuar possíveis elevações de temperatura.

Tabela 2. Desempenho do cultivo da Tilápia koina utilizando a salmoura Operação Data Peso Médio

( (W g) Sobrevivência (%)

Estocagem 25/04/98 3,20 100 Amostragem 25/05/98 14,9 100 Amostragem 29/06/98 30,6 96,4 Amostragem 29/07/98 51,7 96,4 Amostragem 03/09/98 108 96,4 Amostragem 13/10/98 147 96,4

Despesca 14/11/98 333 90,2 Fonte: Extraído da Embrapa, 1999.

2.2.2 Criação de Atriplex

Outra linha de pesquisa com o objetivo de aproveitar o rejeito da

dessalinização consiste no cultivo de espécies halófitas dentre as quais a erva-sal

(Atriplex nummularia) é uma das mais importantes. As halófitas são plantas com

capacidade de suportar altos níveis de salinidade do solo, de acumular significativas

quantidades de sais em seus tecidos e produzir uma abundante fitomassa

adaptando-se a regiões com precipitação ao redor de 100 a 250 mm ano-1 (PORTO

et al., 2001).

Para avaliar o comportamento da erva-sal irrigada com o efluente da

criação de tilápia rosa (Oriochromis sp.) proveniente do rejeito da dessalinização de

água salobra, estes autores aplicaram 3.600 litros de efluente em 192 plantas numa

área total de 1.728 m2 num ciclo de 378 dias. Os principais componentes

Page 27: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

26

bromatológicos foram analisados e os resultados encontrados do material forrageiro

que corresponde à folha, o caule e o ramo da planta estão apresentados na tabela 3.

Tabela 3. Composição bromatológica do material forrageiro (Kg/ha)

Composição Material Forrageiro Matéria Seca 6.541

Proteína Bruta 848 Cinzas 1.145

Fonte: extraído da Embrapa, 1999.

Os autores concluíram que a matéria seca apresentou valor muito

elevado, com teor médio de proteína bruta em torno de 13% (o rendimento forrageiro

é de 7 a 17%), o que comprova o grande potencial forrageiro da erva-sal. Com

relação à quantidade de sal, a planta consegue retirar grande quantidade de sais do

solo, quando comparada com plantas não halófitas. Entretanto, esta remoção não é

significativa quando comparada ao quantitativo de sais adicionados ao solo através

da irrigação, que foi de 29.117 kg ha-1, o que corresponde a uma eficiência de

extração de apenas 4%. Apesar da baixa eficiência registrada para um ciclo de 378

dias, os autores comprovaram a potencialidade despoluidora desta planta. Contudo,

ressalvam sobre a necessidade de mais estudos para definir melhor as implicações

nas relações solo-água-planta, quando utilizado o rejeito em alta concentração

salina.

2.2.3 Produção de Sais – Cristalização Fracionada Como alternativa ao aproveitamento do rejeito gerado pela dessalinização

por osmose reversa, a cristalização de sais utiliza, a seu favor, a elevada demanda

evaporativa proveniente das condições climáticas do semi-árido baiano. Contudo, a

evaporação natural tem a desvantagem de requerer larga extensão de terra uma vez

que a produtividade do processo é baixa (ARNAL et al., 2005). Esta alternativa

consiste em reduzir o rejeito pela secagem em evaporadores ou tanques de

cristalização sob condições controladas, objetivando inicialmente transformá-lo em

produtos sólidos, o que reduz o contato com o solo e facilita o manuseio.

Page 28: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

27

Para cristalização fracionada dos sais provenientes do rejeito da

dessalinização, Amorim et al. (2001) tomaram como base o processo de produção

de sal marinho por não haver produção de sal através de água salobra. Este

processo consiste em expor a água do mar ao sol; à medida que a água evapora, os

sais se concentram e, ao atingirem seus pontos de solubilidade, precipitam de

acordo com as suas características químicas. Este ponto é identificado através da

medição da densidade específica expressa em graus Baumé (oBé), utilizando o

aerômetro de Baumé. A identificação dos sais cristalizados é feita tomando como

referência o diagrama de evaporação da água do mar da Figura 4 e a tabela de J.

Usiglio (tabela 4), ocorrendo a cristalização do CaCO3 entre 7,0 – 16 oBé, a do

CaSO4 entre 16 - 25 oBé, a do NaCl entre 25 – 29 oBé, a do MgSO4 e MgCl2 entre

29– 34 oBé, e acima de 34 ºBé ocorre a cristalização do CaCl2.

Figura 4. Diagrama de evaporação da água do mar em litros. Fonte Amorim et al.,2001

Page 29: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

28

Tabela 4 . Tabela de J. Usiglio – Concentração dos sais (g/L), contidos na água do mar e volume de água a evaporar.

Densidade ºBé NaCl MgCl2 CaSO4 MgSO4 Volume (L) 3,5 30,20 3,30 1,76 5,18 1000 10 81,30 8,89 4,74 13,93 371 15 135,90 14,86 7,92 23,33 222 20 203,90 22,29 4,92 35,00 148 25 269,40 29,40 2,30 46,90 112 30 223,20 110,00 0,00 168,30 31

Fonte: Amorim et al.,2001

Os autores utilizaram 5,0 m3 do efluente com condutividade elétrica (CE)

média igual 11.360 µS/cm e obtiveram a cristalização dos sais num tempo médio de

71 dias. Após caracterização do sal, notaram que o cloreto de sódio (NaCl) e o

cloreto de magnésio (MgCl2) foram os sais de maior ocorrência predominando o

NaCl sobre o MgCl2, (Tabela 5). As faixas de ocorrência foram diferentes do

esperado quando comparado com o diagrama de cristalização para água do mar. O

processo de cristalização dos sais dos efluentes é semelhante ao de cristalização

para água do mar, mas é necessário estabelecer um diagrama específico para os

efluentes de dessalinizadores enquadrando as cristalizações às devidas faixas de

graus Baumé, no intuito de orientar os processos de evaporação.

Tabela 5. Composição centesimal dos sais obtidos em cada faixa de cristalização. Faixas de cristalização

Sais 0,5-16 ºBé

16-25 ºBé

25-29 ºBé

29-32 ºBé

32-44 ºBé

Média

CaSO4 9,30 7,32 3,66 2,40 2,20 4,99 MgSO4 15,40 4,56 3,66 0,00 0,00 7,72 NaCl 74,70 88,16 89,82 78,66 63,80 79,03 MgCl2 0,00 0,00 2,66 12,90 27,78 8,67 CaCl2 0,00 0,00 0,00 6,04 6,20 2,45

Fonte: Amorim et al.,2001

Page 30: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

29

3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A região de estudo corresponde a uma área de aproximadamente 553

Km2 situada na micro-bacia do rio do Peixe e Paratigi, inserida na sub-bacia de Ipirá,

na parte central da Bacia do Médio Paraguaçu e delimitada pelos paralelos 11º57’ a

12º17’ de latitude sul, e pelos meridianos 39º29’ a 40º05’ de longitude oeste de

Greenwich. Compreende, parcialmente, os municípios de Ipirá, Baixa Grande,

Macajuba, Mairí e Mundo Novo. A instalação do experimento de cristalização dos

sais foi realizada na localidade de Cachoeirinha em Ipirá.

O principal acesso à região de estudo partindo de Salvador a Ipirá é feito

pelas rodovias BR-324 e 116 e BA-052 com percurso de 202 km de estradas

pavimentadas. O acesso às localidades para a rede de monitoramento para avaliar a

qualidade da água dos poços foi feito por estradas não pavimentadas, (Figura 5).

3.2. HIDROGRAFIA

A bacia hidrográfica do médio e baixo Paraguaçu está localizada na

região centro-leste do Estado da Bahia, ocupando uma área de 55.317 km2 que

corresponde cerca de 10% do território baiano e está dividida em oito regiões

hidrológicas, denominadas de sub-bacias. Apresenta uma forma retangular,

alongada, com escoamento geral no sentido oeste-leste.

A hidrografia é considerada modesta devido ao caráter intermitente e

irregular de boa parte de seus rios. A rede de drenagem tem o rio Paraguaçu como

principal curso, que nasce próximo à localidade de Farinha Molhada, no município

Barra da Estiva. Os principais tributários à margem esquerda do Paraguaçu são os

rios Jacuipe, Capivari, Peixe e Paratigi e da margem direita é o rio Una. A

disponibilidade hídrica superficial é baixa, com reservatórios com baixa capacidade

de armazenamento e uma forte tendência à salinização.

Page 31: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

30

Os mananciais subterrâneos são inexpressivos, apresentando baixa

capacidade de armazenamento das rochas e tem como conseqüência, capacidade

reduzida de produção dos poços e um maior índice de salinidade de suas águas

(SRH, 1996). Em decorrência dessas características, a região apresenta uma

grande carência hídrica, alto índice de aridez e a evaporação é alta. Figura 5. Localização e principal via de acesso dos pontos de coleta situados na região de estudo.

2

Page 32: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

31

3.3 CLIMA E ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A área de estudo está inserida no Polígono das Secas e o clima

predominante é tropical quente-úmido, tipo savana de acordo com a classificação

Aw de kopen. As precipitações médias anuais estão entre 700 e 900 mm e a

temperatura média anual oscila entre 26ºC e 28ºC, sendo julho e agosto os meses

mais frios e janeiro e fevereiro os mais quentes. (SRH, 1996). Influenciada pelos

fatores climáticos, morfológicos e pedológicos, a vegetação nativa da área é a

caatinga constituída, predominantemente, por formas vegetais xeromórficas e

lenhosas monofoliadas deciduais.

Os tipos de solos que predominam na área de estudo são os planossolos,

argissolos e vertissolos (Figura 6). Os solos planossolos e vertissolos caracterizam-

se pela alta capacidade de troca de cátions e elevado grau de saturação de sódio,

são moderadamente ácidos a neutros e compreendem solos com horizonte B

textural, normalmente com argila, apresentando baixa drenagem e permeabilidade

com suscetibilidade à erosão. Os argissolos, por sua vez, compreendem solos

ácidos de horizonte B textural, baixa atividade de argila e saturação de bases baixa

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 1995).

Page 33: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

32

Figura 6 - Tipos de solos da área de estudo.

Page 34: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

33

3.4 GEOLOGIA

A área de estudo está situada na região nordeste de Craton do São

Francisco e abrangem o Complexo Mairi e Saúde, nos municípios de Mairi, Mundo

Novo, Baixa Grande e Macajuba. E o Suíte São José do Jacuipe, Complexos Ipirá e

Caraíba no município de Ipirá. (CPRM, 1995). A figura 7 apresenta a variedade das

unidades geológicas que afloram na área de estudo.

O Complexo Mairi é definido segundo Loureiro (1991) como sendo uma

associação bimodal, de idade arqueana, constituída por uma parte félsica de

composição tonalito-trondhjemito-granodiorítica (TTG) e por uma porção básica

composta de diorito-gabróica, exibindo uma variada gama de estrutura migmática.

Na área estudada, o complexo Mairi está emoldurada a leste e é constituído,

predominantemente, por ortognaisses por gnaisses kinzigíticos:

- Os ortognaisses são formados por rochas granodiorítica, e biotita gnaisse

tonalítico, compostas essencialmente de quartzo, plagioclásio e feldspato potássio;

- Os gnaisses kinzigíticos são rochas cinzentadas de granulação fina a média

compostas de quartzo, feldspato potássio, plagioclassio, biotita, cordierita, silmanita

e granada.

O complexo Saúde compreende uma associação de metavulcânicas-

sedimentar com predominância de gnaisses aluminosos, quartzitos e rochas

calcissilicáticas. Apresentam uma assembléia mineral de quartzo, feldspato potássio,

plagioclassio, biotita, cordierita, silmanita e granada. Na área de estudo está

presente, em uma pequena extensão, mais a leste.

O Suíte São José do Jacuipe está localizado na parte central da área de

estudo ocorrendo em bandas descontínuas e lentes tectonicamente imbricadas no

complexo Caraíba e trata-se de metagabronoritos no qual a biotita e/ou hornblenda,

augita e andesina são os principais constituintes (CPRM, 2007).

Page 35: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

34

O Complexo Ipirá está situado na parte centro-norte da área de estudo e

apresentam suas áreas de afloramentos imbricados nos ortoganaisses granuliticos

do Complexo Caraíba, sendo representado por duas principais unidades: A4ti1 e

A4ti2, (CPRM, 2007, p14).

- Unidade A4ti1 é constituída por granada, gnaisses kinzigíticos, gnaisses-quartzo-

feldspático, quartzito e ganisses calcissilicático;

- Unidade A4ti2 é formada por gnaisses calcissilicáticos rico em tremolita, quartizito,

formação férrifera bandada, mármore e gnaisse quartzofeldspático.

O Complexo Caraíba, por sua vez, é a unidade de maior área aflorante e

é constituída, predominantemente, por ortognaisses enderbíticos,

charnoenderbíticos e charnockíticos. Feldspato potássico, plagioclásio, quartzo,

ortopriroxênio, hornblenda e biotita são os seus principais constituintes. Na área de

estudo se concentra na região centro-oeste. A tabela 6 apresenta uma síntese das

unidades geológicas, suas respectivas rochas e íons presente na área de estudo.

Tabela 6. Síntese das unidades geológicas com as rochas predominantes, composição mineralógica e respectivos íons liberados da área em estudo. Ponto Unidades Rochas Minerais Composição quimica Ions

liberados Feldspato potássio KAlSi3O8 K+

Plagioclásios NaAlSi3O8 Na+ Quartzo SiO2

Hornlenda Ca2-(Mg,Fe,Al)5(Al,Si)8O22(OH)2 Ca2+; Mg2+

01 02 03 04 06

Caraíbas Ortognaisses

Biotita K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10 K+; Mg2+ Granada Ca3,Mg3Al2(SiO4)3 Ca2+; Mg2+

Feldspato potássio KAlSi3O8 K+ Plagioclásios NaAlSi3O8 Na+

05 07 08 09

Ipirá

Gnaisses kinzigícos Gnaisses

calssilicáticos Tremolitas Ca2Mg5Si8O22(OH)2 Ca2+; Mg2+ Biotita K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10 K+; Mg2+

Hornblenda Ca2-(Mg,Fe,Al)5(Al,Si)8O22(OH)2 Ca2+; Mg2+ Augita (Ca, Mg,)2(Si,Al)2O6 Ca2+; Mg2+

10 15

São José do Jacuípe Monzogranitos

Andesina (Na,Ca)Al(Al,Si)Si2O8 Na+; Ca2+ Biotita K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10 K+; Mg2+

Feldspato potássio KAlSi3O8 K+ Plagiocassios NaAlSi3O8 Na+

Cordierita Al3(Mg,Fe)2Si5AlO18 Mg2+

11 12 13

Mairi Ortognaises

Gnaisses kinzigíticos

Silmanita Al2SiO5 Al3+ Palgioclassios KAlSi3O8 K+

Feldspato potássio NaAlSi3O8 Na+ Granada Ca3,Mg3Al2(SiO4)3 Ca2+; Mg2+ Silmanita Al2SiO5 Al3+

Biotita K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10 K+; Mg2+

14 Saúde

Gnaises aluminosos

Rochas calicáticas

Cordierita Al3(Mg,Fe)2Si5AlO18 Mg2+

Page 36: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

35

Figura 7 - Unidades geológicas da área de estudo.

Page 37: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

36

3.5 HIDROGEOLOGIA

A região de estudo repousa, predominantemente, sobre rochas cristalinas

e metamórficas pertencentes ao substrato geológico da Idade Pré-cambriana. Este

domínio corresponde a Província Hidrogeológica do Escudo Oriental do Nordeste e

possibilita definir três tipos de unidades aqüíferas na região de estudo, (Figura 8).

O domínio cristalino predomina na área de estudo e forma aqüíferos

cristalinos de natureza fissural e de reduzida potencialidade hídrica. As melhores

possibilidades de captação nestes aqüíferos ficam restritas nas zonas fraturadas e a

ocorrência de poços mais produtores acontece quando locados nas zonas que

atravessam várias fraturas. No entanto, o fator hidrogeológico mais limitante desta

província hidrogeológica é representado pela ocorrência de águas com alto teor de

sólidos totais dissolvidos. Essa característica é gerada pela concentração dos

componentes dissolvidos nas águas das chuvas através da evaporação intensa

resultante da alta insolação da região, aproximadamente 6 horas diárias, o que

provoca a concentração progressiva dos sais tanto nas águas superficiais como no

solo. Portanto, as águas que se infiltram nas zonas aqüíferas das zonas fraturadas já

chegam com alto teor de sal (REBOUÇAS, 2002b).

O domínio das coberturas detriticas sobre o embasamento cristalino tem

características arenosas e terrígenas formando aqüíferos de natureza intergranular

superficial que conferem melhores condições de recarga. Os seus poços como

conseqüência, apresentam maiores vazões médias e menores concentrações de

sais. Estes aqüíferos podem ser mistos de natureza fissural e/ou granular-fissural

armazenando suas águas em falhas e fraturas do Embasamento.

O aqüífero metassedimentar apresenta importante reserva de água

subterrânea que se destaca quanto à quantidade e qualidade quando comparado

com áreas do embasamento cristalino.

Page 38: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

37

Figura 8 - Domínios hidrogeológicos da área de estudo

Page 39: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

38

4. HIDROQUÍMICA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

A água é um solvente químico muito ativo que interage com grande

facilidade com o meio percolado dissolvendo e reagindo com substâncias orgânicas

e inorgânicas. Nas regiões dos aqüíferos cristalinos as formas iônicas resultam de

processos mecânicos e químicos de intemperismo das rochas.

Nos processos mecânicos ocorre a desagregação das rochas e dos

minerais, sob a influência da variação da temperatura, vegetais e animais.

Nos processos químicos ocorre a decomposição dos minerais através de

reações simultâneas de hidratação, hidrólise, oxidação e dissolução resultando as

formas iônicas na água. A reação de hidratação representa a fase inicial de ataque

aos minerais e consiste na penetração e incorporação da água no sistema reticular

dos cristais, formando compostos químicos de fórmula bem definida. A reação de

hidrólise ocorre entre o mineral e a água, atuando os íons da água, H+ e OH-, como

reativos químicos. As reações de oxi-redução podem promover ou frear a

solubilização de certas substâncias a depender do meio, oxidante ou redutor. E na

reação de dissolução ocorre a solubilização completa do mineral, quando em meio

ácido. Portanto, essas reações são favorecidas pelas baixas velocidades de

circulação das águas subterrâneas, maiores pressões e temperaturas e facilidade de

dissolver CO2 ao percolar o solo não saturado, (FEITOSA E FILHO, 1997).

Em se tratando da região de estudo composta predominantemente de

rochas cristalinas, os minerais primários possuem componentes iônicos de Na+,

Ca2+, Mg2+ e K+ ligados fracamente à estrutura silicatada de alumínio como

feldspato, biotita, hornblenda e plagioclásios. Após os processos mecânicos e

químicos descritos acima ocorre a liberação destes componentes iônicos para a

água, que se acham submetidos a perdas por drenagem e/ou a recombinação e

formação de novos minerais secundários, representados pelas argilas silicatadas e

óxidos de ferro e alumínio, (DREVER, 1997). Desta forma, os plagioclásios podem

constituir fontes de Na+ e Ca2+ para o ambiente aquático, enquanto que biotita e

feldspato potássico podem ser fontes de Mg2+ e K+, respectivamente. A tabela 6

Page 40: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

39

apresenta os minerais que mais contribuem na salinização das águas subterrâneas

na região de estudo de aqüíferos fissurais bem como os íons liberados por eles.

Os principais constituintes iônicos estão contidos em quase todas as

águas subterrâneas, representando, assim, suas características e concentrações.

Identificá-los e quantificá-los, portanto, é de extrema importância para uma análise

hidroquímica da área estudada. Esses parâmetros serão descritos resumidamente a

seguir tendo como base as seguintes bibliografias: Feitosa (1997); Drever (1997);

Eaton (2005) e Hem (1985).

4.1 PARÂMETROS FÍSICOS

a) Cor – este termo refere-se à cor verdadeira da amostra, proveniente

principalmente da lixiviação de matéria orgânica. A cor de uma água está associada

ao grau de redução da intensidade que a luz sofre ao atravessá-la, devido à

presença de sólidos dissolvidos. Normalmente as águas subterrâneas são isentas de

cor; quando presente pode estar associada à presença dos metais: ferro e

manganês.

b) Turbidez – é uma expressão da propriedade óptica que dispersa e absorve

luz, ao invés de transmiti-la. Comumente a turbidez na água subterrânea é causada

pela presença de partículas em suspensão, tais como silte, argila, areias e matéria

orgânica. Águas ricas em íons ferro quando entram em contato com o oxigênio do ar

podem ter a turbidez elevada de acordo com a seguinte reação:

4Fe2+(aq) + 8HCO3

-(aq) + O2(g) → 2Fe2O3(s) + 8CO2(g) + 4H2O(l) (BROWN, 1997).

Page 41: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

40

4.2 PARÂMETROS DE PROPRIEDADES IÔNICAS a) Condutividade elétrica – é uma medida da habilidade de uma água conduzir

corrente elétrica, o que permite avaliar o seu grau de mineralização. Esta medida

resulta da relação existente entre o teor de sais minerais dissolvidos na água e a

resistência que ela oferece à passagem da corrente elétrica dependendo, portanto,

do tipo de íon presente e sua concentração total, mobilidade, valência e

temperatura. Na água subterrânea a origem desses sais, tais como carbonatos,

bicarbonatos, sulfatos, cloretos deriva da lixiviação dos solos. A não recomendação

do consumo de água com elevada condutividade elétrica está associado à elevada

mineralização que se manifesta sob forma de sabor desagradável. Para usos na

irrigação o prejuízo está associado à salinização do solo. A tabela 7 apresenta os

valores de condutividade quanto a sua mineralização e qualidade.

Tabela 7 – Classificação da água quanto a sua mineralização tomando como referência os valores de condutividade elétrica.

Condutividade Mineralização Qualidade da água <100 µS/cm Muito fraca Excelente

100 µS/cm - 200 µS/cm fraca Excelente 200 µS/cm - 400 µS/cm Pouco acentuada Excelente 400 µS/cm - 600 µS/cm Média Boa

600 µS/cm - 1000 µS/cm Importante Utilizável > 1000 µS/cm Excessiva Dificilmente utilizável >1500 µS/cm Excessiva Não utilizável na rega

Fonte: MENDES E OLIVEIRA,, 2004.

b) pH – é a medida da concentração hidrogeniônica – íons H+ – na água, calculado

como - log[H+] e resultante inicialmente da dissociação das próprias moléculas da

água e posteriormente acrescida pelos íons hidrogênio provenientes de outras

fontes. O pH é essencialmente função do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade

da água.

c) Sólidos totais dissolvidos (TDS) – os sólidos dissolvidos em uma água

representam basicamente o teor de minerais nela existentes, sendo os mesmos

responsáveis pelas suas características: sabor, cor, alcalinidade e dureza.

d) Dureza – é o efeito produzido pela dissolução de cátions polivalentes, capazes de

reagir com o sabão para formar precipitados insolúveis. Conseqüentemente a

Page 42: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

41

espuma só aparece depois de completada a precipitação dos sais responsáveis pela

dureza. Os principais cátions são cálcio e magnésio que estão associados

geralmente a carbonatos (dureza temporária) e a sulfatos e cloretos (dureza

permanente). Comumente as águas superficiais são mais “moles” do que as águas

subterrâneas, todavia dependerão da formação geológica da superfície e do

subsolo. Segundo a classificação de Custódio & Llamas (1985, apud FEITOSA,

1997, p.89) as águas com dureza total inferior a 50 mg/L CaCO3 são do tipo brando,

de 50 a 100 mg/L CaCO3 são pouco duras, de 100 a 200 mg/L CaCO3 são duras e

acima de 200 mg/L CaCO3 são muito duras.

e) Alcalinidade total – é causada por sais alcalinos de bicarbonatos (HCO3-),

carbonatos (CO32-) e hidróxidos (OH-), associados principalmente a sódio e cálcio e

mede a capacidade de neutralizar ácidos. As diversas espécies de alcalinidade

dependem do pH, composição mineral e temperatura.

4.3 PARÂMETROS QUÍMICOS

4.3.1 Principais cátions

a) Sódio (Na+) – é um elemento químico quase sempre presente nas águas

subterrâneas, devido à extensa distribuição em minerais fontes; baixa estabilidade

química dos minerais que o contém; solubilidade elevada e difícil precipitação dos

seus compostos químicos em solução. Ocorre principalmente sob a forma de sal de

cloreto. Seus principais minerais fonte nas rochas ígneas são feldspatos e

plagioclásios. A alta concentração de sódio presente na água é um elemento

limitante de seu uso na agricultura e no consumo humano.

b) Potássio (K+) – é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas ocorre

em pequena quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente fixado pelas

argilas e intensivamente consumido pelos vegetais. Seus principais minerais fontes

são: feldspato potássico, mica moscovita e biotita.

c) Cálcio (Ca2+) – é um dos principais constituintes de muitas rochas ígneas tendo

como principais minerais a apatita e plagioclásio. No cristalino as formas comumente

Page 43: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

42

encontradas são a anortita (CaAl2SiO2O8) e os plagioclásios calcosódicos. Na água

é um dos principais constituintes e o principal responsável pela dureza. Apresenta-se

geralmente sob a forma de bicarbonatos, uma vez que na forma de carbonatos

tendem a precipitar.

d) Magnésio (Mg2+) – possui propriedades similares ao cálcio, porém é mais solúvel

e mais difícil de precipitar, pois são mais estáveis diante do intemperismo químico.

Também é responsável pela dureza tendo os minerais fontes mais comuns na águas

subterrâneas a biotita, clorita e cordiorita.

4.3.2 Principais ânions

a) Cloreto (Cl-) – os cloretos encontrados em águas naturais apresentam

variabilidade de concentração. Águas captadas em locais elevados apresentam

teores de cloretos geralmente baixos, enquanto águas superficiais e subterrâneas

contêm, em geral, teores elevados. Nas águas subterrâneas o cloreto é proveniente

da lixiviação de minerais como halitas (NaCl) e silvitas (KCl) que, aliada à sua alta

solubilidade e o lento movimento das águas no aqüífero promovem aumentos

gradativos e constantes.

b) Sulfato (SO42-) – é um dos íons mais abundantes na natureza e surge nas águas

subterrâneas através da dissolução de solos e rochas sulfatadas como a gipsita e

anidrita. São sais moderadamente solúveis a muito solúveis, exceto os sulfatos de

estrôncio e bário. A presença dos sulfatos está associada ao seu efeito laxativo,

quando combinados, principalmente, ao magnésio, requerendo um controle maior.

c) Bicarbonatos (HCO3-) – em águas naturais este íon não se oxida nem se reduz,

mas precipita com muita facilidade como bicarbonato de cálcio.

d) Carbonatos (CO32-) – a concentração deste íon é função do pH e da

disponibilidade de CO2. A quantidade de carbonatos, em águas naturais, é bem

menor quando comparado com os bicarbonatos. O carbonato somente excederá o

bicarbonato quando o pH for igual ou superior a 10 (LOGAN, 1965).

Page 44: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

43

4.4 BALANÇO IÔNICO E ERRO PRÁTICO

O cálculo do erro das análises é utilizado para avaliar as informações das

análises laboratoriais confirmando a consistência dos resultados. Muitos critérios

podem ser utilizados como a soma das concentrações dos constituintes para cálculo

de sólidos totais dissolvidos, balanço de carga, (EATON et al, 2005). O critério

escolhido dependerá da quantidade de informações da analise.

Neste trabalho para o cálculo do balanço iônico e do coeficiente de erro

das análises hidroquímicas utilizou-se o método de Custódio & Llamas (1983 apud

FEITOSA, 1997, p.97). Segundo este autor o erro prático é calculado da seguinte

forma:

Erro prático: Ep (%) = [(rΣn – rΣp) / 1/2(rΣp+rΣn)] *100, onde:

rΣn: concentração total de ânions em meq/L;

rΣp: concentração total de cátions em meq/L;

O erro teórico é o erro prático máximo permitido levando em consideração

a condutividade elétrica (CE) de acordo com a relação apresentada na tabela 8: Tabela 8. Erro permitido (Ep%) considerando a condutividade elétrica (CE).

CE (µS/cm) 50 200 500 2000 >2000 Erro permitido (%) 30 10 8 4 < 4

Fonte: Custódio & Llamas (op. cit.)

Para calcular os sólidos totais dissolvidos (TDS) através das somas das

concentrações em mg/L a relação, de acordo com EATON (2005)é:

TDS = 0,6 (alcalinidade total) + Na+ + K+ + Ca2+ + Mg2+ + Cl- + SO22-

+

SiO2 + NO3- + F-

Page 45: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

44

4.5 APRESENTAÇÃO GRÁFICA E TIPO DE ÁGUA

A interpretação das análises químicas pode ser simplificada através da

utilização de gráficos e diagramas sendo uma ferramenta útil para fazer comparação

entre várias análises de água de um mesmo ponto em épocas diferentes,

ressaltando a relação entre íons de uma mesma amostra e variações temporais.

Para este estudo foi escolhido o Diagrama triangular de Piper devido a um grande

número de análises químicas e por classificar e comparar os distintos grupos de

águas quanto aos íons dominantes (expresso em meq/L), em cloretada, sódica,

carbonatada, e magnesiana (FEITOSA E FILHO, 1997). Foi utilizado o programa

Qualigraf disponível na Fundação Cearense de Metrologia e Recursos Hídricos.

(FUNCEME, 2006) auxiliando na análise qualitativa dos dados quanto ao balanço

iônico, análise de correlação e plotagem do diagrama de Piper.

Page 46: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

45

5. IMPLANTAÇÃO DA REDE DE MONITORAMENTO

A rede de monitoramento foi implantada em 15 poços equipados com

dessalinizadores (8 estavam parados) pertencentes à micro-bacia do rio do Peixe

situada na sub-bacia de Ipirá, da Bacia do Médio Paraguaçu, no Estado da Bahia.

Foram levantadas informações sobre os municípios, localidades, coordenadas

geográficas, além de informações sobre o estado de funcionamento dos

dessalinizadores e poços. A tabela 9 apresenta resumidamente as informações

obtidas nos locais visitados.

Tabela 9. Municípios e localidades com suas respectivas coordenadas, profundidade e vazão do poço e observações coletadas no campo.

Coordenadas UTM Data da coleta / Município/Localidade E N Profundidade

(m) Vazão m3/h Observações

1. Ipirá/ Cachoeirinha 435899,49 8642278,46 56 4,03 18/3/06 e 25/1/07 2. Ipirá/ São Roque 445690,65 8641069,26 70 5,04 18/3/06 e 25/1/07 3. Ipirá/ Canabrava 425593,85 8655464,94 45 5,94 18/3/06 e 25/1/07 4. Ipirá/ Umburanas 407556,24 8661190,33 50 3,20 18/3/06 e 25/1/07 5. Ipirá/ Malhador 423284,99 8659975,28 50 22,6 18/3/06 e 25/1/07 6. Ipirá/ Nova Brasília 424155,08 8662588,90 70 2,12 25/3/06 e 26/1/07 7. Ipirá/ Alto Alegre 422963,77 8679175,81 60 29,0 25/3/06 e 26/1/07 8. Ipirá/ Bonfim de Ipirá 419601,52 8680826,07 94 8,78 25/3/06 e 26/1/07 9. Ipirá/ Rio do Peixe 403231,65 8662835,81 50 8,00 25/3/06 25/1/07 10. Ipirá/ Amparo 389236,04 8653631,26 53 1,22 25/3/06 26/1/07 11. Baixa Grande/ Italegre 364477,23 8687512,83 60 28,9 2/4/06 e 27/1/07 12. Baixa Grande/ Viração 379307,10 8687329,26 94 8,78 2/4/06 e 27/1/07 13. Mairi/ Boa Paz 381251,50 8701009,40 50 8,00 2/4/06 e 27/1/07 14. Mundo Novo/ Canjerana 353445,81 8678059,11 90 8,60 2/4/06 e 27/1/07 15. Macajuba/ Santa Luzia 382425,69 8655909,53 36 21,0 2/4/06 e 27/1/07 16. Ipirá/ Coração de Maria 434934,37 8641508,29 70 3,31 18/3/06 / O registro não abriu 17. Ipirá/ Pau Ferro 425029,62 8651469,60 70 5,83 18/03/06 / Não possui bomba 18. Ipirá/ Apaga Fogo 430689,73 8647858,14 80 3,00 25/03/06 / Poço sem bomba 19. Ipirá/ Conceição 402098,27 8639789,04 63 5,83 25/03/06 / Poço obstruído 20. Rafael Jambeiro/ São Roque 454690,03 8623849,65 80 3,00 1/4/06 / Poço desativado 21. Rafael Jambeiro/ Mandacaru 459233,62 8613472,39 60 2,12 1/4/06 / Poço desativado 22. Mairi/ Lagoinha 362685,43 8702437,94 53 1,22 2/4/06 / Poço desativado 23. Mundo Novo/ Sto. Antonio 333534,27 8678447,95 63 5,83 2/4/06/ Bomba com defeito

Os pontos de amostragem para implantação da rede de monitoramento

ficaram distribuídos de acordo com a figura 9.

Page 47: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

46

Figura 9. Pontos de coleta da área de estudo

Page 48: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

47

5.1. PONTOS DE AMOSTRAGEM

Os pontos de amostragem estão localizados em áreas constituídas por

rochas do embasamento cristalino. Os poços, no período de estiagem, se tornam

uma importante fonte de captação de água e quando associados aos

dessalinizadores abastecem as comunidades da região e a água de rejeito é

lançada no terreno (Figura 10). Os poços são tubulares com profundidade variando

de 36 m a 94 m. Vazão mínima de 1,22 m3/h na localidade de Amparo e vazão

máxima de 29,0 m3/h na localidade de Alto Alegre, ambos situados no município de

Ipirá. (Tabela 9).

Figura 10. Localidade de Bonfim de Ipirá em Ipirá: (a) Estação de dessalinização, reservatórios de água poço e dessalinizada; (b) Saída da água de poço e rejeito; (c) Coleta da amostra da água do poço; (d) Lagoa alimentada com água de rejeito.

Água de rejeito

Água de poço

Font

e: F

otos

retir

adas

por

Roc

ha, T

.S. 2

008.

(c)

(a)

(d)

(b)

Page 49: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

48

As amostras de água foram coletadas diretamente do poço, através de

bombeamento, e em alguns casos eram retiradas do reservatório de água bruta, o

que explica valores elevados de oxigênio dissolvido, como ocorrido na localidade de

Alto Alegre em Ipirá. A tabela 10 apresenta os parâmetros medidos no local da

amostragem utilizando a sonda multiparâmetrica – marca YSI e modelo 556 MPS

(Figura 11).

Para calibração da sonda foi utilizado solução padrão de KCl 0,01M que

corresponde a 1412 µS/cm de condutividade elétrica a 25ºC e soluções tampões de

pH 4, 7 e 10 para determinação de pH. O oxigênio dissolvido foi calibrado

considerando que, cem por cento de saturação da sonda correspondem ao valor de

saturação atmosférica no nível do mar.

Foram medidos temperatura, condutividade elétrica, pH, sólidos totais

dissolvidos, oxigênio dissolvido (OD) em março de 2006 durante a primeira

campanha de amostragem. Na segunda campanha realizada em janeiro/2007 os

parâmetros não foram medidos, uma vez que a sonda não foi disponibilizada

Tabela 10. Alguns parâmetros medidos no campo com a sonda multiparametrica YSI, modelo 556MPS, durante a primeira campanha em mar/2006 para a água em estudo

Município/Localidade TempºC CE µS/cm TDS mg/L pH OD mg/L 1. Ipirá/ Cachoeirinha 30,4 17.680 10.150 6,96 5,22 2. Ipirá/ São Roque 28,3 10.150 6.203 7,70 4,74 3. Ipirá/ Canabrava 31,4 3.107 1.800 8,41 6,40 4. Ipirá/ Umburanas 29,7 4.293 2.500 7,86 2,63 5. Ipirá/ Malhador 27,9 4.343 2.673 7,72 3,92 6. Ipirá/ Nova Brasília 29,9 5.200 3.088 6,95 6,07 7. Ipirá/ Alto Alegre 28,9 7.230 4.370 7,42 9,27 8. Ipirá/ Bonfim de Ipirá 29,4 19.030 11.410 7,43 6,51 9. Ipirá/ Rio do Peixe 29,5 12.910 7.730 7,18 3,27 10. Ipirá/ Amparo 29,5 11.910 7.147 7,25 4,40 11. Baixa Grande/ Italegre 26,4 10.050 6.363 6,40 6,77 12. Baixa Grande/ Viração 26,5 8.537 5.408 6,41 5,48 13. Mairi/ Boa Paz 26,6 9.962 6.282 6,81 5,16 14. Mundo Novo/ Canjerana 27,8 10.110 6.267 6,53 4,62 15. Macajuba/ Santa Luzia 27,4 5.732 3.586 6,85 1,80

Page 50: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

49

Figura 11 Equipamento de campo para medição de pH sólidos totais dissolvidos (TDS), condutividade elétrica (CE), temperatura e oxigênio dissolvido (OD) da água em estudo.

5.1.1 Levantamento dos parâmetros para análise

Os parâmetros físicos, químicos e de propriedade iônica foram escolhidos

para melhor caracterizarem a salinidade da água, uma vez que os aqüíferos na

região de estudo apresentam uma alta salinidade, inerente de rochas de

embasamento cristalino. Esta caracterização física, química e de propriedade iônica

baseia-se na análise dos seguintes parâmetros:

• físicos – temperatura, cor e turbidez;

• químicos – sódio, potássio, cálcio, magnésio, sulfato, cloreto, bicarbonato e

carbonato

• propriedades iônicas – condutividade elétrica, pH, sólidos totais dissolvidos,

dureza total e alcalinidade total.

Font

e: F

oto

retir

ada

por R

ocha

, T.S

. 200

8.

Page 51: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

50

5.1.2 Técnicas de coleta e preservação das amostras

Para realização da amostragem alguns cuidados foram tomados para

evitar as possíveis variações que podem ocorrer entre o período de amostragem e

da analise em laboratório: tipo de recipiente e preservação mais adequados para os

parâmetros analisados (Tabela 11). As técnicas de coleta e preservação para

amostras das águas de poço seguiram especificações de Eaton et al. (Standard

Methods, 2005) e da ABNT (1987) NBR 9898.

Tabela 11: Técnicas de coleta e preservação para as amostras da água em estudo

Determinação Recipiente Volume mL Preservação Validade Alcalinidade Plástico 200 Refrigeração 24 horas Cálcio Plástico 500 HNO3 até pH<2 6 meses Cloreto Plástico 50 Não requerido 28 dias Cor Plástico 500 Refrigeração 48 horas Condutividade Plástico 500 Refrigeração 28 dias Dureza Plástico 500 HNO3 até pH<2 6 meses pH Plástico 50 Refrigeração 6 horas Potássio Plástico 500 HNO3 até pH<2 6 meses Sódio Plástico 500 HNO3 até pH<2 6 meses TDS Plástico 200 Refrigeração 7 dias Sulfato Plástico 100 Refrigeração 28 dias Turbidez Plástico 100 Refrigeração/escuro 24 horas

Fonte: Adaptado de Standard Methods, 2005 e ABNT, 1987 NBR 9898.

5.1.3 Análises laboratoriais

Os ensaios laboratoriais seguiram especificações do Standard Methods

for the Examination of Water and Wastewater - SM (EATON et al. 2005)

O laboratório que realizou os experimentos físico-químicos da água de

poço foi:

• Laboratório de Análise de Água do Departamento de Engenharia Ambiental

(LABDEA) da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. O

LABDEA apresenta certificação da ISO 9001:2000 e certificado de proficiência

para os analitos: alcalinidade total; cloreto; dureza total; fósforo total; nitratos

Page 52: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

51

e sulfatos, emitido pelo Centro de Tecnologias Industrial Pedro Ribeiro

(CETIND)

Os respectivos métodos analíticos adotados para determinar a qualidade

da água estão presentes na tabela 12.

Tabela 12. Parâmetros analisados e respectivos métodos adotados no laboratório.

Parâmetro Método analítico LABDEA Alcalinidade SM/2320 B – Titulometria Cálcio SM/3500B – Titulometria Cloreto SM/ 4500B – Titulometria Cor SM/9215B – Comparação visual. Condutividade SM/2510B – Condutimetria Dureza SM/2340C – Titulometria Magnesio SM/3500B – Cálculo pH SM/4500B – Potenciométria Potássio SM/3500B – Fotometria de chama. Sódio SM/3500B – Fotometria de chama Sólidos dissolvidos SM/2540B – Gravimetria Sulfato SM/4500E – Turbidimetria Turbidez SM/2130B – Turbidimetria

5.2 RESULTADOS FISICO-QUÍMICOS

Os resultados físico-químicos das águas dos poços nos 15 pontos de

amostragem realizados nas localidades (a) Italegre, Viração, Alto Alegre, Amparo;

Bonfim de Ipirá; (b) Localidades de Cachoeirinha, Canabrava, Malhador, Nova

Brasília, Rio do Peixe; (c) Localidades de São Roque; Umburanas; Santa Luzia; Boa

Paz; Canjerana em março de 2006 e janeiro de 2007 estão apresentados nas

tabelas 13(a) à 13(c) e tabela 14(a) à 14(c), respectivamente.

Page 53: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

52

Tabela 13 (a) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em mar/2006.

Parâmetros Unidade Baixa

Grande/ Italegre

Baixa Grande/ Viração

Ipirá/Alto Alegre

Ipirá/ Amparo

Ipirá/Bonfim de Ipirá

Bicarbonatos (HCO3-) mg CaCO3/L 405 375 419 449 417

Carbonatos (CO32-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 1.068 878 791 966 2.546 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 3.069 2.591 1.950 3.396 6.188 Condutividade Elétrica µS/cm 9.590 8.330 6.710 10.600 15.490

Cor aparente mg/L Pt-Co 5 <5 <5 5 <5 Dureza total mg CaCO3/L 3.174 2.583 2.346 3.868 6.389 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 512 414 378 705 934 pH 7,02 6,97 7,46 7,00 7,35 Potássio (K+) mg K+/L 31,0 17,0 13,0 12,0 27,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 890 760 450 880 1.325 Sólidos Dissolvidos mg/L 7.184 5.995 5.808 8.156 11.560 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 468 250 205 592 285

Turbidez NTU 1,83 3,12 1,56 1,59 1,74 Dureza Permanente mg CaCO3/L 2.769 2.208 1.927 3.419 5.972

Tabela 14 (a) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em jan/2007.

Parâmetros Unidade Baixa

Grande/ Italegre

Baixa Grande/ Viração

Ipirá/Alto Alegre

Ipirá/ Amparo

Ipirá/Bonfim de Ipirá

Bicarbonatos (HCO3-) mg CaCO3/L 410 399 412 432 390

Carbonatos (CO32-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 1.124 893 782 963 2.608 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 2.914 2.441 1.992 3.134 6.425 Condutividade Elétrica µS/cm 9.510 7.870 6.330 10.360 17.381 Cor aparente mg/L Pt-Co 5 <5 <5 5 <5 Dureza total mg CaCO3/L 3.060 2.538 2.332 3.561 6.320 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 471 400 377 631 902 pH 7,21 6,85 7,43 7,55 7,33 Potássio (K+) mg K+/L 28,0 17,0 14,0 13,0 29,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 900 750 490 850 1.490 Sólidos Dissolvidos mg/L 7.850 6.280 4.953 8.480 14.800 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 542 274 214 586 284

Turbidez NTU 20,3 1,90 1,03 2,46 1,21 Dureza Permanente mg CaCO3/L 2.650 2.139 1.920 3.129 5.930

Page 54: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

53

Tabela 13 (b) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em mar/2006.

Parâmetros Unidade Ipirá / Cachoeirinha

Ipirá / Canabrava

Ipirá / Malhador

Ipirá / Nova

Brasília

Ipirá / Rio do Peixe

Bicarbonatos (HCO3-) mg CaCO3/L 491 253 440 178 431

Carbonatos (CO32-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 1.048 291 339 415 1358 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 5.710 684 1.082 1.469 3.899 Condutividade Elétrica µS/cm 14.430 2.510 4.130 4.840 11.320

Cor aparente mg/L Pt-Co <5 <5 <5 5 <5 Dureza total mg CaCO3/L 5.710 799 1697 1.258 4093 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 1.133 123 330 205 665 pH 7,86 8,27 7,95 7,38 6,98 Potássio (K+) mg K+/L 12,0 20,0 13,0 27,0 19,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 1.300 256 190 460 910 Sólidos Dissolvidos mg/L 13.653 1.830 3.020 3.814 10.332 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 147 146 137 59,6 230

Turbidez NTU 1,96 3,51 2,23 17,8 2,40 Dureza Permanente mg CaCO3/L 5.219 546 1.257 1.080 3.662

Tabela 14 (b) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em jan/2007.

Parâmetros Unidade Ipirá / Cachoeirinha

Ipirá / Canabrava

Ipirá / Malhador

Ipirá / Nova

Brasília

Ipirá / Rio do Peixe

Bicarbonatos (HCO3-) mg CaCO3/L 517 179 450 171 449

Carbonatos (CO32-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 1.013 221 361 386 1404 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 5.572 488 995 1.370 3.931 Condutividade Elétrica µS/cm 16.596 2.070 3.970 4.390 11.940

Cor aparente mg/L Pt-Co <5 <5 <5 5 <5 Dureza total mg CaCO3/L 5.457 572 1580 1.174 3912 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 1.080 85,3 296 192 610 pH 7,54 7,39 7,51 7,67 7,41 Potássio (K+) mg K+/L 13,0 16,00 15,0 28,0 20,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 1.350 180 190 430 1.030 Sólidos Dissolvidos mg/L 12.850 1.384 3.168 3.240 10.167 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 162 117 149 63,8 268

Turbidez NTU 1,13 1,61 1,49 2,22 0,84 Dureza Permanente mg CaCO3/L 4.940 393 1.130 1.003 3.463

Page 55: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

54

Tabela 13 (c) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em mar/2006 .

Parâmetros Unidade Ipirá / São

Roque Ipirá /

UmburanasMacajuba /

Santa Luzia

Mairi / Boa Paz

Mundo Novo /

CanjeranaBicarbonatos (HCO3

-) mg CaCO3/L 566 580 429 538 492 Carbonatos (CO3

2-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 703 240 347 1.018 749 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 3.200 918 1.563 2.918 2.968 Condutividade Elétrica µS/cm 9.310 3.990 5.330 9.610 9.110

Cor aparente mg/L Pt-Co 0 5 15 <5 10 Dureza total mg CaCO3/L 3.394 689 1.428 3.035 3.594 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 654 109 263 490 691 pH 8,00 8,09 7,46 7,49 7,18 Potássio (K+) mg K+/L 15,0 8,00 8,00 12,00 21,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 840 580 580 870 650 Sólidos Dissolvidos mg/L 7.600 2.356 3.656 7.324 7.416 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 247 153 117 348 405

Turbidez NTU 1,46 2,72 2,06 1,86 65,3 Dureza Permanente mg CaCO3/L 2.828 109 999 2.497 3.102

Tabela 14 (c) Resultados físicos e químicos das amostras da água de estudo coletadas em jan/2007.

Parâmetros Unidade Ipirá / São

Roque Ipirá /

UmburanasMacajuba /

Santa Luzia

Mairi / Boa Paz

Mundo Novo /

CanjeranaBicarbonatos (HCO3

-) mg CaCO3/L 573 557 362 538 390 Carbonatos (CO3

2-) mg CaCO3/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cálcio (Ca2+) mg CaCO3/L 703 201 311 1.003 612 Cloreto (Cl-) mg Cl-/L 2.786 657 1.170 2.889 2.690 Condutividade Elétrica µS/cm 9.590 3.278 4.217 9.140 8.230

Cor aparente mg/L Pt-Co <5 5 10 <5 5 Dureza total mg CaCO3/L 3.060 532 1.194 2.757 2.859 Magnésio (Mg2+) mg Mg2+/L 573 80,5 215 426 546 pH 7,77 7,86 7,11 7,18 6,98 Potássio (K+) mg K+/L 17,0 9,00 10,0 10,0 16,0 Sódio (Na+) mg Na+/L 750 500 400 980 710 Sólidos Dissolvidos mg/L 7.727 2.028 2.965 7.190 6.673 Sulfato (SO4

2-) mg SO42-/L 253 162 101 352 296

Turbidez NTU 1,91 2,81 1,43 0,84 787 Dureza Permanente mg CaCO3/L 2.487 -25 832 2.219 2.469

Page 56: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

55

5.2.1 Resultados Analíticos - Balanço Iônico e Erro Prático

Os resultados dos somatórios dos ânios e cátions, em meq/L e dos erros

práticos encontrados nas análises estão apresentados na tabela 15. Para calcular o

erro prático e avaliar a consistência dos resultados foi utilizado o método de

Custódio & Llamas (1983). Conforme discutido no item 4.4, que considera o erro

teórico, o erro prático levando em consideração a condutividade elétrica.

Tabela 15. Somatório dos anions e cátions com os erros práticos (Ep%) da água em estudo.

Cachoeirinha São Roque Canabrava Umburanas Malhador 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

CE 14.430 16.596 9.310 9.590 2.510 2.070 3.990 3.278 4.130 3.970 ∑ anions 173,90 170,84 106,70 95,29 27,39 19,78 40,67 33,04 42,16 40,16 ∑ cátions 173,41 170,64 106,32 95,62 28,09 20,00 40,26 33,52 42,88 40,59 Ep% 0,14 0,06 0,18 0,17 1,27 0,58 0,51 0,73 0,85 0,54

Nova Brasília Alto Alegre Bonfim de Ipirá Rio do Peixe Amparo 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

CE 4.840 4.390 6.710 6.330 15.490 17.381 11.320 11.940 10.600 10.360∑ anions 46,23 43,38 67,63 68,87 188,77 194,89 123,36 125,41 117,06 109,21∑ cátions 46,69 43,68 67,64 69,20 188,51 194,65 123,58 125,42 117,54 110,07Ep% 0,50 0,34 0,01 0,24 0,07 0,06 0,09 0,00 0,20 0,39

Italegre Viração Boa Paz Canjerana Santa Luzia 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

CE 9.590 9.510 8.330 7.870 9.610 9.140 9.110 8.230 5.330 4.217 ∑ anions 104,38 101,65 85,77 82,52 100,29 99,55 101,96 89,87 55,09 42,33 ∑ cátions 104,60 102,69 86,53 85,18 100,42 99,80 101,87 89,76 55,04 42,26 Ep% 0,10 0,51 0,44 1,59 0,07 0,12 0,04 0,06 0,04 0,09

Todas as amostras apresentaram valores de condutividade elétrica

maiores que 2000 µS/cm o que reportaria a erros menores que 4%. Pelos valores

encontrados do erro prático os resultados apresentaram-se consistentes para todas

as análises realizadas.

5.2.2 Análise dos resultados

O pH e a condutividade elétrica medidos no campo diferiram dos valores

encontrados no laboratório, a interpretação dos resultados aqui abordados foi

descrita para os dados fornecidos por este último no intuito de comparamos mais

adiante com os dados históricos existentes.

Page 57: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

56

a) Cor e Turbidez

Normalmente as águas subterrâneas são isentas de cor, mas de forma

atípica podem atingir valores até 100 mg Pt/L (FEITOSA E FILHO, 1997) o que

provoca uma repulsa psicológica pelo consumidor. A cor aparente que é devido a

partículas em suspensão é padrão de potabilidade e o seu VMP – Valor Máximo

Permissível, pela portaria n° 518/GM de março de 2004, do Ministério da Saúde é de

15 mg Pt–Co/L ou 15 UPt.

Os resultados das análises de cor realizados no laboratório referem-se à

cor verdadeira ou cor real, ou seja, as amostras são filtradas para eliminar a

turbidez. Em 90% das amostras foram encontradas valores menores ou iguais a 5

UPt, (figura 12) o que confirma, normalmente, ausência de cor nas águas

subterrâneas. Para amostras que apresentaram valores maiores que 5 UPt, pode ser

explicado pela interferência de partículas coloidais que não foram retidas no

processo da filtração na análise laboratorial.

A turbidez apresentou um valor máximo de 787 NTU, que atribuímos ao

fato da coleta ter sido feita nos reservatórios de água de poço arrastando o material

particulado depositado no fundo do tanque. Em 86,7% das amostras os resultados

apresentaram valores abaixo de 4 NTU (figura 13). A portaria 518/GM estabelece o

VMP para este parâmetro de 5 NTU.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

0 <5 5 10 15

UPt

Distribuição de cor

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

0 - 1 1 - 2 2 - 3 3 - 4 >10

NTU

Distribuição de turbidez

Figura 12. Histograma das freqüências da cor das análises das amostras da água em estudo.

Figura 13. Histograma das freqüências da turbidez das análises das amostras da água em estudo.

Page 58: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

57

b) Condutividade elétrica (CE); sólidos dissolvidos (TDS)

Os valores de condutividade elétrica alteram com a mudança de

temperatura, podendo até dobrar de valor, HEM (1985). Na primeira campanha de

amostragem a temperatura variou de 26,4 a 31 ºC, portanto para analise dos

resultados serão considerados os valores fornecidos pelo laboratório que tem como

temperatura padrão para medidas da condutividade a temperatura de 25º C. (Tabela

16).

Tabela 16 - Valores de condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (TDS) e a relação entre TDS e CE com as suas respectivas temperaturas medidos no campo e no laboratório para as amostras da água de estudo.

Cachoeirinha São Roque Canabrava Umburanas Malhador 2006(1) 2006 (2) 2006 (1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006(2)

Temp.ºC 30,4 25,0 28,3 25,0 31,4 25,0 29,7 25,0 27,9 25,0 CE µS/cm 17.680 14.430 10.150 9.310 3.107 2.510 4.293 3.990 4.343 4.130 TDS mg/L 10.150 13.653 6.203 7.600 1.800 1.830 2.500 2.356 2.673 3.020 TDS/CE 0,57 0,95 0,61 0,82 0,58 0,73 0,58 0,59 0,62 0,73

Nova Brasília Alto Alegre Bonfim de Ipirá Rio do Peixe Amparo 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006(2)

Temp.ºC 29,9 25,0 28,9 25,0 29,4 25,0 29,5 25,0 29,5 25,0 CE µS/cm 5.200 4.840 7.230 6.710 19.030 15.490 12.910 11.320 11.910 10.600 TDS mg/L 3.088 3.814 4.370 5.808 11.410 11.560 7.730 10.332 7.147 8.156 TDS/CE 0,59 0,79 0,60 0,87 0,60 0,75 0,60 0,91 0,60 0,77

Italegre Viração Boa Paz Canjerana Santa Luzia 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006 (2) 2006(1) 2006(2)

Temp.ºC 26,4 25,0 26,5 25,0 26,6 25,0 27,8 25,0 27,4 25,0 CE µS/cm 10.050 9.590 8.537 8.330 9.962 9.610 10.110 9.110 5.732 5.330 TDS mg/L 6.363 7.184 5.408 5.995 6.282 7.324 6.267 7.416 3.586 3.656 TDS/CE 0,63 0,75 0,63 0,72 0,63 0,76 0,62 0,81 0,63 0,69

(1) valores medidos no campo com a sonda multiparâmetrica - modelo YSI 556 MPS (2) valores de CE a 25ºC e TDS pelo método de gravimetria realizados no laboratório

Segundo Hem (1985) a concentração de sólidos totais dissolvidos,

expressa em mg/L, numa amostra pode ser estimada multiplicando a condutividade

elétrica, expressa em µS/cm, por um fator empírico, que varia de 0,54 a 0,96.

Fatores baixos são aplicados quando hidróxidos ou ácidos livres estão presentes e

fatores altos geralmente requeridos para águas salobras a salinas. Desse modo,

pelo fato da água de estudo ser uma água salobra a relação entre a condutividade

elétrica e sólidos totais dissolvidos foi melhor definida pelos dados apresentados no

Page 59: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

58

laboratório onde os fatores empíricos apresentaram-se mais elevados (Tabela 16). A

Figura 14 mostra a comparação entre condutividade elétrica e sólidos dissolvidos.

Figura Figura 14. Comparação da condutividade elétrica (CE) em µS/cm, 25ºC e Sólidos totais dissolvidos (TDS) em mg/L.

Os valores destes parâmetros são elevados – com valores mínimos para

condutividade elétrica e sólidos dissolvidos de 2.070 µS/cm e 1.384 mg/L e valores

máximos de 17.381 µS/cm e 14.800 mg/L, respectivamente – (Tabela 13 e 14) o que

indica um maior tempo de residência destas águas e, conseqüentemente, maior

tendência à salinização. Essa característica é atribuída à forma como água percola

pela rocha, de forma descontínua e de circulação lenta, acarretando uma interação

maior entre água-rocha característica de aqüíferos cristalinos.

Os coeficientes de correlação (r) entre condutividade elétrica, sólidos

dissolvidos e principais cátions são apresentados na Tabela 17. Na água da rede de

monitoramento, a condutividade elétrica apresenta maior coeficiente de correlação

positiva com Na+ seguido por Mg2+e Ca2+ (Figura 15). Com relação aos sólidos

dissolvidos o maior índice de correlação é com Mg+2 seguido por Na+ e Ca2+ . Os

coeficientes de correlação obtidos entre as relações CE/cátions e TDS/cátions

mostram o predomínio dos íons Na+ e Mg2+ em relação aos demais íons.

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

nº amostras 2006 e 2007

CE em µS/cm a 25ºC STD em mg/L

Page 60: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

59

Tabela 17. Coeficiente de correlação (r) entre a condutividade elétrica (CE), sólidos dissolvidos (TDS) e principais cátions.

CE TDS Na+ Mg2+ Ca2+ K+ CE 1,0 0,988 0,960 0,948 0,858 0,272 TDS 1,0 0,940 0,954 0,838 0,268

Figura 15: Correlação entre condutividade elétrica (CE) e principais cátions em amostras do aqüífero cristalino: (a) Na+; (b) Mg2+; (c) Ca2+; (d) K+

Analisando os coeficientes de correlação, dos ânions com a condutividade

elétrica e os sólidos totais dissolvidos observa-se que íon cloreto predomina em

relação aos demais (Tabela 18). Tabela 18. Coeficiente de correlação (r) entre a condutividade elétrica (CE), sólidos dissolvidos (TDS) e principais ânios.

CE TDS Cl- SO42- HCO3

- CE 1,0 0,988 0,988 0,424 0,357 TDS 1,0 0,982 0,390 0,336

Destarte, a água de estudo possui, teoricamente, predominância nos sais

cloreto de sódio (NaCl), cloreto de cálcio (CaCl2) e cloreto de magnésio (MgCl2).

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

0 5.000 10.000 15.000

CE em µS/cm a 25ºC

Con

cent

raçã

o de

Ca2+

em m

g C

aCO 3/L

05

10152025303540

0 5.000 10.000 15.000

CE em µS/cm a 25ºC

Con

cent

raçã

o de

K+ e

m m

g/L

0

200400

600

800

10001200

1400

1600

0 5.000 10.000 15.000 20.000

CE em µS/cm a 25ºC

Con

cent

raçã

o de

Na+ e

m m

g/L

(c)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 5.000 10.000 15.000 20.000

CE em µS/cm a 25ºC

Con

cent

raçã

o de

Mg2+

em

mg/

L

(d)

(a) (b)

y = 0,0817x + 49,679 y = 0,0652x - 60,848

Page 61: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

60

c) pH e alcalinidade

Os resultados de pH encontrados variaram de 6,85 a 8,27, o que limita o

efeito da alcalinidade, ou seja, nesta faixa encontrou-se alcalinidade de bicarbonatos

(HCO3-), com alcalinidade a carbonato (CO3

2-) e a hidróxidos (OH-) ausentes. No

entanto, o valor de pH medido no campo foi igual a 8,41 na localidade de

Canabrava, indicando a presença de carbonatos, o que não ocorreu na análise

laboratorial. A sua ausência pode ser explicada devido à reação entre o dióxido de

carbono presente no ar atmosférico com os carbonatos para formar bicarbonatos.

Para amostras com pH inferior a 8,3 a alcalinidade de bicarbonato é

predominante e coincide com a alcalinidade total. A Figura 16 mostra os valores de

pH medidos no laboratório, pH medidos na 1ª campanha de amostragem e o pH

limite para as outras formas de alcalinidade – carbonatos e hidróxidos.

Figura 16. Valores de pH para a água de estudo medidos no laboratório e no campo e o pH limite para a presença de carbonatos e hidróxidos

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

8,50

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

nº amostras 2006 e 2007

pH

pH medidos no LaboratóriopH medidos no campo - 1ª campanha 2006pH = 8,3

Page 62: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

61

d) Dureza

Na área de estudo os valores de dureza total apresentaram-se elevados,

com valor mínimo de 532 mg /L CaCO3 e valor máximo de 6.389 mg/L CaCO3, sendo

classificadas como águas muito duras segundo classificação de Custódio & Llamas

(1983) apud Feitosa (1997). Os principais cátions, cálcio e magnésio, estão

associados a cloretos, na maioria dos pontos amostrados, caracterizando águas de

dureza permanente com exceção para a localidade de Umburanas que apresenta

dureza temporária, predomínio dos cátions ligados a bicarbonatos, (Tabela 19). O

valor negativo apresentado em Umburanas, na segunda campanha, é indicativo da

combinação de íons de bicarbonatos ligados aos íons metálicos de sódio e potássio

denominado de dureza falsa.

Tabela 19. Resultado da dureza total, dureza permanente e dureza temporária, expresso em mg/L CaCO3

Cachoeirinha São Roque Canabrava Umburanas Malhador 2006 2007 2006 2007 2006 2006 2007 2006 2007 2006

Dureza Total 5.710 5.457 3.394 3.060 799 572 689 532 1.697 1.580 Dureza permanente 5.219 4.940 2.828 2.487 546 393 109 -25 1.257 1.130 Dureza Temporária 491 517 566 573 253 179 580 532 440 450

Nova Brasília Alto Alegre Bonfim de Ipirá Rio do Peixe Amparo 2006 2007 2006 2007 2006 2006 2007 2006 2007 2006

Dureza Total 1.258 1.174 2.346 2.332 6.389 6.320 4.093 3.912 3.868 3.561 Dureza permanente 1.080 1.003 1.927 1.920 5.972 5.930 3.662 3.463 3.419 3.129 Dureza Temporária 178 171 419 412 417 390 431 449 449 432

Italegre Viração Boa Paz Canjerana Santa Luzia 2006 2007 2006 2007 2006 2006 2007 2006 2007 2006

Dureza Total 3.174 3.060 2.583 2.538 3.035 2.757 3.594 2.859 1.428 1.194 Dureza permanente 2.769 2.650 2.208 2.139 2.497 2.219 3.102 2.469 999 832 Dureza Temporária 405 410 375 399 538 538 492 390 429 362 e) Classificação quanto ao tipo da água

O diagrama triangular de Piper foi construído a partir dos resultados,

expressos em meq/L (Tabela 20), de 30 análises e esses resultados referem-se às

amostragens realizadas em 15 localidades, nos anos de 2006 e 2007.

Page 63: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

62

Tabela 20. Resultados, expresso em meq/L, dos principais ânios e cátions da água em estudo.

Cachoeirinha São Roque Canabrava Umburanas Malhador 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Cloreto (Cl-) 161 157 90,2 78,6 19,3 13,8 25,9 18,5 30,5 28,1Sódio (Na+) 58,9 61,2 38,0 34,0 12,3 8,20 24,9 22,7 10,9 8,60Cálcio (Ca2+) 21,0 21,0 14,0 14,1 5,82 4,40 4,80 4,00 6,78 7,20Magnésio (Mg2+) 93,2 88,9 53,8 47,2 10,2 7,02 8,98 6,62 27,2 24,4Bicarbonatos (HCO3

-) 9,82 10,3 11,3 11,5 5,06 3,58 11,6 11,1 8,80 9,00Sulfato (SO4

2-) 3,06 3,37 5,14 5,26 3,04 2,43 3,18 3,37 2,85 3,10

Nova Brasília Alto Alegre

Bonfim de Ipirá Rio do Peixe Amparo

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007Cloreto (Cl-) 41,4 38,6 55,0 56,2 174, 181, 110 111 95,8 88,4Sódio (Na+) 20,8 19,5 20,4 22,2 60,0 67,5 41,2 46,7 39,9 38,5Cálcio (Ca2+) 8,30 7,70 15,8 15,6 50,9 52,2 27,2 28,1 19,3 19,3Magnésio (Mg2+) 16,9 15,8 31,1 31,0 76,9 74,2 54,7 50,2 58,0 52,0Bicarbonatos (HCO3

-) 3,56 3,42 8,38 8,24 8,34 7,80 8,62 8,98 8,98 8,64Sulfato (SO4

2-) 1,24 1,33 4,26 4,45 5,93 5,91 4,78 5,57 12,3 12,2

Italegre Viração Boa Paz Canjerana Santa Luzia 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Cloreto (Cl-) 86,5 82, 2 73,1 68,8 82,3 81,5 83,7 75, 9 44,1 33,0Sódio (Na+) 40,3 40,8 34,4 34,0 39,4 44,4 29,4 32,2 26,3 18,1Cálcio (Ca2+) 21,4 22,5 17,6 17,9 20,4 20,1 15,0 12,2 6,90 6,20Magnésio (Mg2+) 42,1 38,8 34,1 32,9 40,3 35,1 56,9 44,9 21,6 17,7Bicarbonatos (HCO3

-) 8,10 8,20 7,50 7,98 10,8 10,8 9,84 7,80 8,58 7,24Sulfato (SO4

2-) 9,73 11,3 5,20 5,70 7,24 7,32 8,42 6,16 2,43 2,10

De acordo com este diagrama foi possível identificar dois tipos de águas

para a área de estudo: cloretada sódica e cloretada cálcio-magnesiana. A cloretada

sódica foi observada apenas na localidade de Umburanas no município de Ipirá

representando 6,7% das amostras analisadas, enquanto que, 93,3% das amostras

analisadas são do tipo cloretada cálcio-magnesiana, (Figura 17). Foi evidenciado

que os cátions predominantes foram os íons Na+, Mg2+ e Ca+2 ligados unicamente ao

íon cloreto. O que vem ratificar cloreto de sódio e cloreto de magnésio os sais que

predominam na água em estudo seguido do cloreto de cálcio que, embora em menor

concentração, está presente em todas as amostras.

Os íons dissolvidos que predominam na água de estudo indicam uma

relação com o litotipo do qual a água se origina e com reações de troca de bases

com as argilas silicatadas existentes nas coberturas sobre o embasamento cristalino:

Page 64: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

63

Fontes dos íons cálcio e sódio estão associados à decomposição do

mineral andesina e anortita ambos do grupo dos plagioclásios: CaAl2SiO2O8 + H2O +

2H+→ Al2Si2O5(OH)4 + Ca+2 (HEM, 1985);

Fontes de potássio e sódio, por sua vez, são originadas da decomposição

do feldspato: KAlSi3O8 + H2O → HAlSi3O8 + K+ + OH- (BRADY, 1989);

O mineral hornblenda Ca2(Mg,Fe)4Al[Si7AlO22](OH)2 do grupo dos

anfibólios e mineral biotita K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10 do grupo das micas são as

principais fontes de íon Mg.

Page 65: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

64

Figura 17. Diagrama triangular de Piper (meq/L) para as amostras do aqüífero cristalino na região de estudo.

As argilas silicatadas são minerais secundários formados com

abundância, após os processos de intemperismo e recristalização de certos minerais

como feldspato e micas. Nos estágios iniciais de formação de argilas as soluções

que circundam os minerais silicatados, em decomposição, contêm íons cálcios,

magnésios, potássio, sódio e alumínio que são liberados mediante intemperismo.

Nem todos os íons são retidos com igual firmeza pelos colóides do solo. Quando

presentes em quantidades equivalentes, a capacidade de adsorção obedece à

seguinte ordem: Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > Na+, (BRADY, 1989). Ocorrendo, portanto

uma maior preferência para os íons alumínio.

Amostragem em 2006 Amostragem em 2007

Page 66: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

65

Mediante o processo de permuta de base1 os diversos cátions adsorvidos

pelos colóides do solo ficam sujeitos ao deslocamento quando em contato com

outros cátions e/ou íons hidrogênios, neste caso os íons sódio e magnésio serão

mais facilmente deslocados do que íons cálcio e alumínio. As reações de permuta de

cátions são reversíveis, assim se o solo contiver compostos básicos de cálcio

ocorrerá o inverso da reação. Com relação ao íon potássio, a argila tende a fixá-lo

irreversivelmente, isso explica os teores baixos do íon potássio em águas

subterrâneas e a não correlação com a condutividade elétrica para água de estudo

(Figura 15).

1 Ca + 2H+ ↔ H H + Ca2+ (BRADY1989, p.196). Micela Micela

Page 67: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

66

5.2.3 Análise Temporal dos principais íons

Para verificar a qualidade da água dos poços do cristalino submetidos a

bombeamento contínuo foram utilizados dados de análises realizadas em diferentes

períodos de amostragem entre o ano 1998 a 2007. A maioria dos dados foram

obtidos do banco de dados da CERB – (Projeto DESSAL, 2000) e complementados

com os dados gerados neste trabalho. Uma vez evidenciado, através do estudo

hidroquímico que os cátions predominantes foram os íons Na+, Mg2+ e Ca+2 ligados

unicamente ao íon cloreto os mesmos foram escolhidos para analise temporal. As

localidades de São Roque, Umburanas, Malhador e Rio do Peixe no município de

Ipirá foram selecionados por apresentarem uma maior quantidade de dados. (Tabela

21-a à 21-e). Tabela 21(a) Resultados da CE da água em estudo dos anos de 1998 a 2007.

Condutividade elétrica µS/cm a 25ºC Ano SÃO ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO DO PEIXE

1998 9.510 2.430 3.800 9.440 1999 10.810 3.550 4.000 2000 11.324 2.210 4.240 11.070 2002 9.981 3.158 4.074 10.391 2003 3.410 4.093 2004 3.202 4.764 12.226 2006 9.310 3.990 4.130 11.320 2007 9.590 3.278 3.970 11.940

Cálcio mg/L CaCO3 Magnésio mg/L Mg2+

Ano SÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO

DO PEIXE AnoSÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO

DO PEIXE

1998 757 162 325 1.107 1998 809 66,4 325 559 1999 824 237 330 1999 724 89,3 317 2000 894 112 401 1.212 2000 728 44,9 356 588 2002 909 192 359 1.374 2002 702 88,5 337 570 2003 204 349 2003 96,0 304 2004 134 325 1.212 2004 86,3 345 640 2006 703 240 339 1.358 2006 654 109 330 665 2007 703 201 361 1.404 2007 573 81,0 296 610

Sódio mg/L Na+ Cloreto mg/L Cl-

Ano SÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO

DO PEIXE AnoSÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO

DO PEIXE

1998 785 430 160 630 1998 3.528 440 951 2.902 1999 925 540 245 1999 3.430 698 997 2000 730 350 170 920 2000 3.215 311 1035 3.491 2002 2002 3.101 558 1027 3.398 2003 2003 659 948 2004 513 200 1.050 2004 496 1056 3.640 2006 840 580 190 910 2006 3.200 918 1082 3.899 2007 750 500 190 1.030 2007 2.786 657 995 3.931

Tabela 21 (b) Resultados de cálcio da água em estudo dos anos de 1998 a 2007.

Tabela 21 (c) Resultados de magnésio da água em estudo dos anos de 1998 a 2007.

Tabela 21 (d) Resultados de sódio da água em estudo dos anos de 1998 a 2007.

Tabela 21 (d) Resultados de cloreto da água em estudo dos anos de 1998 a 2007.

Page 68: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

67

Buscando uma representação visual da relação entre as variáveis –

tempo x condutividade elétrica – o gráfico de dispersão mostra uma pequena

variação da condutividade elétrica (CE) para o período analisado não evidenciando,

portanto, o comportamento de tendência dos íons presentes na água de estudo.

(Figura 18).

Com os gráficos de controle, no entanto, dos principais íons para as

localidades de São Roque, Umburanas, Malhador e Rio do Peixe pode-se observar

melhor se os pontos analisados estão dentro da faixa de controle e a tendência

destes íons para o período estudado.

Os gráficos de controle são uma disposição gráfica das concentrações

dos íons, que foi medida a partir de amostragem realizada no mesmo ponto contra o

número de tempo. O gráfico contém uma linha central (LC), que representa o valor

médio da concentração dos íons para o período analisado correspondendo que os

íons não variaram neste período, ou seja, somente causas casuais estão presentes

e duas outras linhas horizontais, chamadas de limite superior (LS) e de limite inferior

(LI), com 95% de nível de confiança (Tabela 22).

Onde: LS = µ + kσ; LC = µ; LI = µ - kσ k = 2 distância dos limites a partir da média.

Condutividade elétrica

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

Ano

µS/c

m a

25º

SÃO ROQUE

UM BURANA

M ALHADOR

RIO DO PEIXE

Figura 18: Variações da condutividade elétrica para água de estudo em relação aos diferentes anos de amostragem

Page 69: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

68

Esses limites foram escolhidos de modo que, se não houver um

acréscimo ou diminuição dos sais nas localidades estudadas os pontos da amostra

cairão entre eles. (Figura 19-a à 19-d).

A compreensão da tendência e a força linear são realizadas através do

coeficiente de correlação(r) que é a raiz quadrada do coeficiente de determinação(r)2

(LAPPONI, 2000)

Tabela 22 - Resultados da média, desvios e os limites de controle para as localidades de São Roque; Umburanas; Malhador e Rio do Peixe referente ao período de 1998 a 2007.

Cálcio (mg/L CaCO3) Magnésio( mg/L Mg2+)

SÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO DO PEIXE

SÃO ROQUE UMBURANA MALHADOR

RIO DO PEIXE

µ (Média) 798 185 349 1.278

µ (Média) 698 83 326 605

σ 84 43 24 108 σ 72 18 19 38 2*σ 167 86 48 215 2*σ 145 36 38 75 LS 966 271 396 1.493 LS 843 119 364 681 LCl 798 185 349 1.278 LCl 698 83 326 605 LI 631 99 301 1.063 LI 553 46 288 530

Sódio (mg/L Na+) Cloreto (mg/L Cl-)

SÃO

ROQUE UMBURANA MALHADOR RIO DO PEIXE

SÃO ROQUE UMBURANA MALHADOR

RIO DO PEIXE

µ (Média) 806 486 193 908

µ (Média) 3.210 592 1.011 3.544

σ 70 76 27 150 σ 239 173 45 347 2*σ 140 151 54 300 2*σ 477 345 89 693 LS 946 637 247 1.208 LS 3.687 938 1.101 4.237 LCl 806 486 193 908 LCl 3.210 592 1.011 3.544 LI 666 334 138 608 LI 2.733 247 922 2.850

Para a localidade de São Roque observa-se uma forte tendência linear

negativa com coeficiente de correlação (r) igual a 0,947 para o íon cloreto e igual a

0,858 para o íon magnésio. A relação entre a concentração destes íons e

variabilidade do tempo pode está presente, mas não se pode afirmar que a

variabilidade da concentração dos íons esteja unicamente relacionada à

variabilidade do tempo. E apesar da forte tendência negativa observa-se que os

pontos amostrados estão contidos entre o limite inferior e superior o que se pode

concluir que estatisticamente esta diminuição ainda não é confirmada. (Figura 19-a).

Page 70: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

69

São Roque - Cloretos

R2 = 0,7368

2.5002.7002.9003.1003.3003.5003.7003.900

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

l-

São Roque - Magnésio

R2 = 0,8975

500

600

700

800

900

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L M

g2+

São Roque - Cálcio

R2 = 0,2926

600

700

800

900

1000

1100

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

aCO

3

São Roque - Sódio

R2 = 0,051

600

700

800

900

1.000

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L N

a+

Umburanas - Cálcio

R2 = 0,0537

90

140

190

240

290

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

aCO

3

Umburanas - Magnésio

R2 = 0,2476

30

60

90

120

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L M

g2+

Umburanas - Sódio

R2 = 0,2441

300

350

400

450

500

550

600

650

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L N

a+

Umburanas - Cloretos

R2 = 0,2675

200

400

600

800

1000

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

l-

Figura 19(a): Gráficos de controle para a localidade de São Roque com relação aos íons cálcio, magnésio, cloreto e sódio versus o ano.

Figura 19(b): Gráficos de controle para a localidade de Umburanas com relação aos íons cálcio, magnésio, cloreto e sódio versus o ano.

Page 71: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

70

Malhador - Cálcio

R2 = 0,0045

250

300

350

400

450

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

aCO

3

Malhador - Sódio

R2 = 0,0009100

150

200

250

300

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L N

a+

Malhador - Cloretos

R2 = 0,1922

850

950

1050

1150

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

l-

Rio do Peixe - Cálcio

R2 = 0,5872

950

1.050

1.150

1.250

1.350

1.450

1.550

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

aCO

3

Rio do Peixe - Magnésio

R2 = 0,6067

500

550

600

650

700

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L M

g2+

Rio do Peixe - Sódio

R2 = 0,6694

500600700800900

1.0001.1001.2001.300

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L N

a+

Rio do Peixe - Cloretos

R2 = 0,9119

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L C

l-

Figura 19(c): Gráficos de controle para a localidade de Malhador com relação aos íons cálcio, magnésio, cloreto e sódio versus o ano.

Malhador - Magnésio

R2 = 0,0865

250

300

350

400

1998 1999 2000 2002 2003 2004 2006 2007Ano

mg/

L M

g2+

Figura 19(d): Gráficos de controle para a localidade de São Roque com relação aos íons cálcio, magnésio, cloreto e sódio versus o ano.

Page 72: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

71

Os gráficos para as localidades de Umburanas e Malhador mostraram

pouca variação com relação a media, apresentando, uma correlação baixa na

concentração destes íons com relação ao tempo. (Figura 19-b e 19-c).

Na localidade de Rio do Peixe ocorreu uma tendência linear inversa

quando comparado com a localidade de São Roque, pois os íons analisados indicam

um possível aumento de suas concentrações ainda que os pontos estejam contidos

dentro dos limites de controle. (Figura 19-d)

Conclui-se, desta forma, que as concentrações dos íons presentes nas

localidades escolhidas estão dentro dos limites superiores e inferiores o que

demonstram não haver um acréscimo ou diminuição significativa dos sais. Em

contrapartida, as tendências negativas e positivas mostradas para as localidades de

São Roque e Rio do Peixe respectivamente, não devem ser descartadas, sendo

recomendado um monitoramento mensal para estas localidades a fim de obter

dados para analise das diferenças significativas das variâncias através de teste de

hipóteses.

Page 73: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

72

6. EXPERIMENTO PILOTO DE CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA DOS SAIS

Para realização do experimento de cristalização fracionada dos sais a

localidade de Cachoeirinha no município de Ipirá, foi escolhida por apresentar as

instalações físicas necessárias para realização do experimento: 05 tanques de

evaporação de sais revestidos com lona de borracha GEOMEMBRANA e

apresentando as seguintes dimensões: tanque 01 com 13,6 x 8 m2; tanque 2 com

13,5 x 7,45 m; tanque 3 com 13,5 x 6,8 m; tanque 4 com 10,7 x 6,0 m e o tanque 05

com 9,7 x 5,8 m. A altura era variada, pois a superfície dos tanques não era regular,

sendo que a parte mais profunda do tanque 1 era de aproximadamente 25 cm

(Figura 20).

Figura. 20 Tanques de evaporação para cristalização fracionada dos sais na localidade de Cachoeirinha / Ipirá

Font

e: F

otos

retir

adas

por

Ber

etta

, M. 2

005.

Page 74: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

73

O povoado de Cachoeirinha abriga em torno de setenta famílias (dado

obtido na pesquisa de campo) e tem como principal fonte de abastecimento de água,

em períodos de estiagem, a captação de água do poço tubular que após o processo

de dessalinização viabiliza o consumo desta água sem restrição. O equipamento

utilizado para realizar esse processo ocupa uma área aproximada de 15m2 e é

basicamente formado por uma bomba de alta pressão, vasos permeadores, filtros e

rotâmetro, (Figura 21).

A bomba submersa instalada no poço tubular bombeia 5 m3/h de água

salobra para um reservatório de 20 m3 que alimenta o sistema de dessalinização

produzindo 0,97 m3/h de rejeito e 0,67 m3/h de água dessalinizada. A água

dessalinizada é armazenada no segundo tanque de 10 m3 e distribuída para a

comunidade, (Figura 22).

Figura 22: Cachoeirinha/Ipirá: (a) Local onde poço foi instalado; (b) Reservatórios da água de poço e dessalinizada e local onde está instalado o dessalinizador.

FILTROS

VASOS PERMEADORES F

QUADRO ELÉTRICO

ROTÂMETRO

Font

e: F

oto

retir

ada

por B

eret

ta, M

. 200

7.

(a)

Figura 21. Equipamento de dessalinização instalado em Cachoeirinha/Ipirá.

Font

e: B

eret

ta, M

. 200

7. (b)

Page 75: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

74

Atualmente o rejeito está sendo disposto no solo (Figura 23), no entanto,

a estrutura física do local comporta a utilização deste rejeito em tanques de

evaporação, tanques de criação de tilápias e irrigação das plantas halófitas.

Figura 23. Local onde a água do rejeito está sendo disposta, em Cachoeirinha/Ipirá

As águas do rejeito, do poço e dessalinizada foram analisadas para

caracterização das mesmas e verificação da eficiência do processo. Os resultados

da determinação analítica encontram-se na tabela 23.

Tabela 23. Resultados físico-químicos da água do rejeito, do poço e dessalinizada, Cachoeirinha/Ipirá.

Rejeito Poço Dessalinizador ÁguasParâmetro mg/L meq/L mg/L meq/L mg/L meq/LAlcalinidade Total (CaCO3) 899 18,0 519 10,38 15,9 0,32 Cálcio Ca2+ 697 34,9 402 20,12 1,59 0,08 Cloreto Cl- 9.817 277 5.447 153,61 284 8,01 Magnésio Mg2+ 1.791 147 1.026 84,44 0,97 0,08 Potássio K+ 19,0 0,49 13,0 0,33 2,00 0,05 Sódio Na+ 2.600 118 1.400 63,42 180 8,15 Sulfato SO4

2- 180 3,74 108 2,25 <1,5 <0,03 pH 7,40 6,01 5,97 Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) 17.010 10.390 434 Condutividade especifica (µS/cm a 25ºC) 18.860 13.330 990

Font

e: F

oto

retir

ada

por R

ocha

, T,S

. 200

8

Page 76: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

75

Comparando os resultados dos sólidos totais dissolvidos da água do poço

e da água dessalinizada observa-se que o sistema está operando com uma taxa de

remoção de sais, em torno de 96%. Contudo, o rejeito produzido obteve um

acréscimo aproximado, de 64% de sais, predominando os íons sódio (Na+), o

magnésio (Mg2+) e o cloreto (Cl-), o que pode ser melhor observado através do

diagrama colunar, expresso em meq/L, na figura 24.

Figura 24: Diagrama colunar, expresso em meq/L, dos principais íons contidos na água de rejeito.

6.1 EVAPORAÇÃO DO REJEITO NOS TANQUES DE EVAPORAÇÃO

Para identificar e quantificar o sal de magnésio, visando o estudo de

viabilidade no seu aproveitamento econômico, foi utilizada a cristalização fracionada

dos sais com intuito de se obter o sal de magnésio com menos impurezas. Para isso,

seguiu–se a mesma metodologia apresentada por Amorim et. al, 2001 que utilizaram

como referência o Diagrama de evaporação para água do mar (Figura 4) e a tabela

de J. Usiglio (Tabela 4). Essa metodologia consiste em expor água de rejeito ao sol;

à medida que a água evapora, os sais se concentram e, ao atingirem seus pontos de

saturação, precipitam de acordo com as suas características químicas. Este ponto é

Page 77: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

76

identificado através da medição da densidade especifica expressa em graus Baumé,

(oBé) utilizando o aerômetro de Baumé (Figura 25).

Figura 25: Aerômetros de Baumé para identificar o

ponto de saturação através da medida da densidade especifica,(ºBé)

Foi utilizado um volume de 15 m3 do rejeito e transferido para o primeiro

tanque a fim de evaporar a água e cristalizar os sais. Para a medida inicial obtendo-

se o valor de 1,2 ºBé. Após 39 dias atingiu-se o ponto 15,1 ºBé, sendo então

transferido para o segundo tanque, e permanecendo até 24,8 ºBé e assim

ocorrendo, sucessivamente, até o quinto tanque conforme apresenta a tabela 24. A

evaporação foi acompanhada diariamente medindo o grau Baumé, a temperatura

ambiente e a altura do rejeito nos tanques. Observa-se que o maior tempo para

evaporação do rejeito ocorreu no primeiro tanque evaporando 60% do total do rejeito

e o tempo entre o início e o fim do experimento foram de 44 dias.

Font

e: F

oto

retir

ada

por B

eret

ta, M

. 200

8.

Page 78: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

77

Tabela 24: Tempo em dias nos tanques de evaporação com suas respectivas faixas de grau Baumé, evaporação, temperatura da água de rejeito e peso dos sais.

Tanque de evaporação Nº dias ºBé Evaporação

(cm) Temperatura

média Peso dos sais(Kg)

Inicio 0 1,2 21 cm 23,0ºC - Tanque 01 39 15,1 8,4 cm 27,3ºC 5,84 Tanque 02 2 24,8 5,8 cm 27,0ºC 1,86 Tanque 03 1 29,0 3,2 cm 30,5ºC 14,5 Tanque 04 1 31,9 2,0 cm 31,0ºC 1,80 Tanque 05 1 35,0 1,5 cm 24,0ºC -

TOTAL 44 - -19,5 cm - 24

Tomando como base a concentração dos sólidos totais dissolvidos para a

água de rejeito, 17.010 mg/L (Tabela 23), e sabendo que o experimento iniciou com

um volume de 15,0 m3 foi calculado a quantidade provável de sais existentes no

rejeito. O peso total de sais previsto para este volume é de 255 kg. No entanto, na

prática foi encontrado apenas 24 Kg (Tabela 24) ocorrendo uma perda do sal de

94%. Presume-se que esta perda seja referente ao sal cristalizado no quinto tanque,

pois devido à lona ter se rasgado não foi possível caracterizá-lo e nem quantificá-lo.

Após pesagem do sal, amostras foram retiradas e enviadas para análise.

As técnicas de coleta e preservação seguiram especificações da ABNT (1990) NBR

10889. E as análises foram realizadas pelo Laboratório de Metrologia Química e

Volumétrica (MQV) do Senai/Cetind, segundo a metodologia da ABNT (1990) MB-

603/11636. Os resultados encontrados estão apresentados na tabela 25.

Tabela 25: Composição química mais provável do sal cristalizado nos tanques 01, 02, 03 e 04.

Composição centesimal do sal % Tanque de evaporação

Umidade %

Insolúveis % CaSO4 CaCl2 MgSO4 MgCl2 NaCl Na2SO4

Tanque 01 14,24 0,41 0,39 0,46 3,58 95,57 Tanque 02 13,44 0,20 1,14 0,14 0,41 98,32 Tanque 03 10,98 0,14 0,95 0,30 3,38 95,37 Tanque 04 16,42 0,24 0,40 0,37 99,11 0,12

TOTAL 2,88 0,59 0,67 7,37 388 0,12

De acordo com os resultados encontrados observa-se que, para os

quatros tanques, mais de 97% do sal cristalizado é de NaCl seguido de MgCl2 com

apenas 2%. Esses resultados confirmam que os íons Na+, Mg+, e Cl- predominam na

água de rejeito. No entanto, esperava-se encontrar uma proporção do íon sódio e

magnésio mais próximo, o que não ocorreu (Figura 24). A necessidade de um novo

Page 79: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

78

experimento se fez necessário, pois os dados ficaram incompletos, uma vez que o

sal do quinto tanque não foi caracterizado, com isso, um novo experimento foi

iniciado em Cachoeirinha/Ipirá, mas devido às chuvas na região não foi concluído.

Como alternativa buscou-se reproduzir o experimento no laboratório utilizando um

volume menor para a evaporação.

6.2 EVAPORAÇÃO DO REJEITO NO LABORATÓRIO

Para realização do experimento foram coletados 10 litros da água do

rejeito e analisados os parâmetros físico-químicos que estão apresentados na

tabela 26. Tomando como base a concentração do TDS estima-se que o peso total

do sal cristalizado encontrado no final do experimento seja 13,3 g/L.

Tabela 26: Resultados físico-químicos da água de rejeito para os

experimentos no laboratório. Água de Rejeito Parâmetro mg/L meq/L

Alcalinidade Total (CaCO3) 735 14,7 Cálcio (CaCO3) 1.497 29,9 Cloreto Cl- 8.433 238 Magnésio Mg2+ 1.614 133 Potássio K+ 18 0,46 Sódio Na+ 2.050 92,9 Sulfato SO4

2- 245 5,10 pH 7,75 Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) 13.300 Condutividade especifica (µS/cm a 25ºC) 23.900

Um volume inicial de 2000 ml do rejeito foi transferido para o primeiro

béquer a fim de evaporar a água e cristalizar os sais; para isso foi utilizado uma

placa de aquecimento à temperatura de 30ºC (Figura 26-a). Foi feita a medida inicial

obtendo-se o valor 0,5ºBé. Após evaporação de 1400 mL do rejeito o ponto de

3,5ºBé foi atingido, sendo então transferido para o segundo béquer e permanecendo

até 10ºBé. E assim ocorrendo, sucessivamente, até a última faixa de 25 a 30ºBé,

conforme apresenta a tabela 27. O sal cristalizado nos béqueres de acordo com seu

o ponto de saturação foi posto para secar a 180ºC e pesado (Figura 26-b).

Page 80: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

79

Figura 26: Evaporação da água de rejeito no laboratório: (a) Evaporação de 2000 mL do rejeito à 30ºC; (b) Cristalização do sal na faixa de 25 a 30 ºBé.

O peso total dos sais cristalizados, no final do experimento, foi de 24,9 g

para 2 litros, que corresponde a 12,4 g/L (Tabela 27). Comparando este valor com o

valor dos sólidos totais dissolvidos da água de rejeito, 13,3 g/L, na tabela 26, obteve-

se um erro de 6,7% que é admissível pois houveram pequenas perdas durante a

transferência dos volumes de um béquer para outro.

Na faixa de 25 a 30ºBé ocorreu à maior quantidade dos sais precipitados

representado 76% do total dos sais encontrados, confirmando que a maior parte do

MgCl2 provavelmente estariam presentes no quinto tanque. Tabela 27- Volume do rejeito evaporado de acordo com a faixa de cristalização e peso do sal precipitado.

Béquer Faixa ºBé Volume a evaporar (mL)

Nº dias Peso de sal precipitado (g)

01 0,5– 3,5 2.000 4 0,62 02 3,5 – 10 600 2 0,88 03 10 – 15 250 1 0,85 04 15 – 20 125 1 1,30 05 20 – 25 80 1 2,45 06 25 – 30 60 1 18,75

TOTAL 10 24,85

O sal precipitado nos béqueres, referente à sua faixa de cristalização foi

dissolvido para 1 litro obtendo no final 6 soluções, ou seja, o béquer 1 produziu uma

Font

e: F

otos

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ada

por R

ocha

, T,S

. 200

8

Page 81: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

80

solução de concentração de 0,62 g/L correspondente a faixa de 0,5-3,5ºBé. Essas

soluções foram analisadas e os resultados físico e químicos, expresso em mg/L e

meq/L, e do erro prático da análise (Ep%), estão apresentados na tabela 28.

Observa-se que os resultados para todas as 6 soluções, apresentaram

um erro prático menor do que o permitido quando comparado com os valores

apresentados na tabela 28, se mostrando resultados satisfatórios e consistentes.

Tabela 28: Resultados físico-químicos e os erros práticos das soluções obtidas a partir dos sais precipitados nas respectivas faixas de grau Baumé.

0-3,5 ºBé 3,5-10 ºBé 10-15 ºBé ÁguasParâmetro mg/L meq/L mg/L meq/L mg/L meq/LAlcalinidade Total (CaCO3) 36,1 0,72 12,0 0,24 9,03 0,18 Cálcio Ca2+ 56,3 1,13 46,3 0,93 44,3 0,89 Cloreto Cl- 276 7,78 447 12,6 427 12,0 Magnésio Mg2+ 54,3 4,47 84,0 6,91 82,1 6,76 Potássio K+ 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,03 Sódio Na+ 75,0 3,40 130 5,89 110 4,98 Sulfato SO4

2- 3,16 0,07 12,4 0,26 10,7 0,22 Condutividade especifica (µS/cm a 25ºC) 899 1.322 1.304

∑ ânions 8,57 13,1 12,4 ∑ cátions 8,99 13,7 12,6 Erro prático (%) 4,80 4,66 1,65

15-20 ºBé 20-25 ºBé 25-30 ºBé ÁguasParâmetro mg/L meq/L mg/L meq/L mg/L meq/LAlcalinidade Total (CaCO3) 6,02 0,12 5,02 0,10 13,0 0,26 Cálcio Ca2+ 243 4,86 74,4 1,49 1.006 20,1 Cloreto Cl- 537 15,1 1.178 33,2 11.047 311 Magnésio Mg2+ 91,4 7,52 163 13,4 2.322 191 Potássio K+ 1,00 0,03 2,00 0,05 23,0 0,59 Sódio Na+ 170 7,70 425 19,3 2.300 104 Sulfato SO4

2- 217 4,51 12,4 0,26 131 2,72 Condutividade especifica (µS/cm a 25ºC) 1.984 3.620 28.500

∑ ânions 19,8 33,6 315 ∑ cátions 20,1 34,2 316 Ep (%) 1,66 1,85 0,47

Tomando como base as concentrações iônicas das soluções (Tabela 28)

e a massa do sal, (Tabela 27) foi calculada a composição centesimal dos íons

presentes em cada faixa de graus Baumé, conforme consta na tabela 29.

Page 82: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

81

Tabela 29: Composição dos íons presentes nos sais precipitados nas 06 faixas de cristalização.

Parâmetros 0 -3,5 ºBé

3,5-10 ºBé

10- 15 ºBé

15-20 ºBé

20-25 ºBé

25-30 ºBé

Alcalinidade total (CaCO3) % 5,82 1,36 1,06 0,46 0,21 0,07 Cálcio (Ca2+) % 3,63 2,10 2,08 7,5 1,23 2,15 Cloreto (Cl-) % 38,9 27,4 28,4 18,5 10,0 1,29 Magnésio (Mg2+) % 8,76 9,5 9,7 7,0 6,8 12,4 Potássio K+ % 0,00 0,00 0,12 0,08 0,08 0,12 Sódio Na+ % 12,10 14,8 12,9 13,1 17,6 12,3 Sulfato SO4

2- % 0,51 1,41 1,26 16,7 0,51 0,70

Pode ser observado pelos resultados (Tabela 29) que a composição do

íon magnésio se apresentou em maior quantidade na faixa de 25 a 30 ºBé

igualando, aproximadamente, ao íon sódio.

A determinação da composição centesimal mais provável dos sais

cristalizados contidos nas 06 faixas de cristalização baseou-se na metodologia:

Cloreto de sódio – ensaios analíticos de sal para alimentação humana, ABNT (1990)

MB-603. Os cálculos foram realizados de acordo com duas hipóteses:

Hipótese 1 para os béqueres 1,2,3,5 e 6 – quando o íon SO42- < Ca2+

(Tabela 29) ocorre a presença dos sais de CaSO4, CaCl2, MgCl2 e NaCl. E consiste

na combinação do íon sulfato com parte do íon cálcio, dando sulfato de cálcio, o

restante do íon cálcio deve ser expresso, sob forma de cloreto de cálcio. O magnésio

presente deve estar na forma de cloreto de magnésio. E cloreto de sódio é a

diferença de 100% com a soma de todas as formas de sais;

Hipótese 2 para o béquer 4 – quando o íon SO42- > Ca2+ (Tabela 29). E

consiste na combinação do íon sulfato com todo íon cálcio formando sulfato de

cálcio, e todo o íon de magnésio formando sulfato de magnésio. O cloreto de sódio

é a diferença de 100% com a soma de todas as formas de sais;

A tabela 30 apresenta a composição química mais provável do sal

cristalizado nas 06 faixas de grau Baumé (ºBé).

Page 83: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

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Tabela 30: Composição mais provável do sal cristalizado de acordo com as faixas em grau Baumé (ºBé).

Béquer Faixa ºBé CaSO4 % MgSO4% CaCl2 % MgCl2 % NaCl % 01 0,5– 3,5 0,72 - 9,47 34,31 55,50 02 3,5 – 10 2,00 - 4,20 37,39 56,41 03 10 – 15 1,78 - 4,32 37,83 56,06 04 15 – 20 25,40 34,81 - - 39,79 05 20 – 25 0,73 - 2,83 26,49 69,95 06 25 – 30 0,99 - 5,14 48,51 45,37

TOTAL 31,62 34,81 25,95 184,53 323,09

De acordo com os resultados encontrados observa-se que, para as seis

faixas, 53,8% do sal cristalizado é de NaCl seguido com 36,6%, de sais de

magnésio, na forma de MgCl2 e MgSO4, e em menor percentual estão os sais de

cálcio com 9,60% , na forma de CaSO4 e CaCl2. Estes resultados apresentaram-se

mais coerentes quando comparados com as concentrações iônicas, expresso em

mg/L, na tabela 26, confirmando que o predomínio dos íons Na+, Mg+ e Cl- na água

de rejeito advém da dissociação destes sais.

Observa-se ainda que o cloreto de sódio ocorreu em todas as faixas

predominando na faixa de 0 a 25º Bé. Na última faixa de 25 a 30ºBé o cloreto de

magnésio superou o cloreto de sódio. O cloreto de magnésio foi o segundo sal de

maior ocorrência, no entanto na faixa de 15 a 20ºBé não foi cristalizado, sendo

encontrado apenas sal de magnésio na forma de sulfato. Os sais de cálcio embora

em menor ocorrência foram encontrados em todas as faixas.

A caracterização dos sais cristalizados presentes na água de rejeito

comprova que o mesmo é rico em magnésio, contudo a cristalização fracionada dos

sais através do processo de evaporação com intuito de separá-los não se mostrou

adequada uma vez que outras formas de sais foram encontradas em todas as faixas.

Além disso, é necessário construir uma tabela de evaporação para cada rejeito

estudado uma vez que a composição do sal é função do rejeito, e

conseqüentemente função dos constituintes presentes na água de poço.

Page 84: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

83

7. ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO MAGNÉSIO

O magnésio é um elemento de baixa densidade que tem grande uso na

indústria aeroespacial devido à formação de ligas, especialmente com alumínio e

níquel. De uma forma geral, industrialmente ele tem sido obtido por eletrólise do

cloreto de magnésio, MgCl2, a partir da água do mar, no entanto, para produzir uma

tonelada de magnésio metálico são necessárias cerca de 800 toneladas da água do

mar (PEIXOTO, 2000) A concentração do íon magnésio da água do mar é de 1,29

mg/Kg, (MILLERO, 2005). Este valor, portanto, será utilizado como referência para a

quantidade de sal contido no rejeito produzido pelo processo de dessalinização na

localidade de Cachoeirinha em Ipirá.

O experimento de cristalização fracionada dos sais foi realizado no

campo, com um volume de 15.000 litros, distribuídos em tanques de evaporação e

no laboratório com volume de 2 litros distribuídos em béqueres. Os valores dos sais

precipitados no campo e no laboratório se mostraram discrepantes uma vez que o

experimento ocorrido no campo ficou incompleto, pois os sais cristalizados no último

tanque não foram quantificados. Por entender que os dados apresentados no

campo, mesmo incompletos, representam as condições ambientais reais de

evaporação do sal, não foram descartados. Portanto, o estudo da viabilidade

econômica foi realizado com os dados apresentados na cristalização do sal nos

tanque de evaporação e com os dados encontrados na evaporação do rejeito no

laboratório.

7.1 VIABILIDADE ECONOMICA DO MAGNÉSIO COM OS DADOS DA CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA NOS TANQUES DE EVAPORAÇÃO.

A análise dos sais indicou a presença média de 27 g/kg de magnésio nas

amostras coletadas nos tanques de 1 a 4, quantidades significantemente superiores

à atualmente utilizadas na produção industrial do metal, que é de 1,29 mg/Kg. Os

valores obtidos relativos à presença de magnésio no rejeito do dessalinizador

existente em Cachoeirinha em Ipirá estão apresentados na tabela 31.

Page 85: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

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Tabela 31: Presença de Magnésio nos sais cristalizados após evaporação do rejeito nos tanques de evaporação em Cachoeirinha/ Ipirá. Tanque 1 Tanque 2 Tanque 3 Tanque 4 TOTAL Mg (g/kg) 27,70 27,19 21,77 33,11 27,44 Sais (kg) 5,84 1,86 14,50 1,80 24,00 Total Mg (Kg) 0,16 0,05 0,32 0,06 0,59 % Mg 2,77 2,72 2,18 3,31 2,74

Dentro das condições experimentais calculou-se a possibilidade de

obtenção de 0,59 Kg de magnésio, considerado que o total de sais obtidos para os

quatro tanques foi de 24 Kg, conforme a tabela 24. E tomando como base o volume

total de rejeito utilizado no experimento, 15 m3, temos uma relação de 1,6 Kg/m3 de

sais totais ou 0,04 Kg/m3 de magnésio para este dado volume. Medições em campo

indicaram uma vazão atual de produção de rejeitos do dessalinizador instalado, na

ordem de 0,845 m3/h, indicando uma capacidade de obtenção de 0,034 Kg/h ou 0,81

Kg/dia 2 de magnésio.

Tomando como base o valor atual de US$14,00/Kg do preço do metal

processado com 99% de pureza no mercado internacional de acordo com a Bolsa de

metais de Londres (2008) e sem levar em conta o custo da extração e purificação do

magnésio estima-se que o valor de produção do poço, pós-separação do mesmo

seja de US$0,48 por m3/h ou US$11,42 por m3/dia.

Montando um cenário para os 15 dessalinizadores instalados na área de

estudo e considerando que a concentração de magnésio e a vazão do rejeito

produzidos no processo de dessalinizadores são as mesmas, eleva-se teoricamente

o potencial de produção para US$7,2 por hora ou US$171 por dia. Este cenário

envolve a possibilidade de obtenção dos sais a uma taxa diária. Entretanto deve-se

considerar que o total de sais obtidos somente pode ser coletado após, em média,

40 dias de secagem do rejeito, implicando em um possível retorno econômico factual

de US$128 por mês em função das restrições hoje encontradas quanto à taxa de

obtenção dos sais.

2 Considerando que o dessalinizador funciona 24 horas .

Page 86: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

85

7.2 VIABILIDADE ECONOMICA DO MAGNÉSIO COM DADOS DA CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA NO LABORATÓRIO.

Para avaliar a viabilidade econômica com os dados apresentados pelo

laboratório utilizou-se o mesmo cálculo adotado no item 7.1. E para comparar os

resultados do laboratório com os dados de campo, as mesmas unidades serão

adotadas. A tabela 32 apresenta a quantidade de magnésio presente nas seis faixas

de grau Baumé após evaporação do sal de rejeito.

Tabela 32: Presença de Magnésio nos sais cristalizados após evaporação do rejeito ocorrido no laboratório

0 -3,5ºBé 3,5 - 10ºBé 10-15ºBé 15-20ºBé 20-25ºBé 25-30ºBé TOTAL Mg (g/kg) 87,6 95,0 97,0 70,0 68,0 124 90,27

Sais (kg) 0,00062 0,00088 0,00085 0,0013 0,00245 0,01875 0,02485

Total Mg (Kg) 0,000054 0,000084 0,000082 0,000091 0,00017 0,00233 0,00280

% Mg 8,76 9,5 9,7 7,00 6,8 12,4 9,03

A obtenção total de magnésio foi 0,0028 Kg presentes em 0,02485 Kg de

sal obtido nas seis faixas de ºBé. Tomando como base o volume total de rejeito

utilizado no experimento, 0,002 m3, temos uma relação de 12,43 Kg/m3 de sais totais

ou 1,4 Kg/m3 de magnésio para este dado volume. Medições em campo indicaram

uma vazão atual de produção de rejeitos do dessalinizador instalado, na ordem de

0,845 m3/h, indicando, portanto, uma capacidade de obtenção de 1,18 Kg/h ou 28,32

kg/dia de magnésio.

Tomando como base o valor atual de US$14,00/kg do preço do metal

processado com 99% de pureza no mercado internacional de acordo com a Bolsa de

metais de Londres (2008), estima-se que o valor de produção do poço, pós-

separação do magnésio seja de US$ 16,52 por hora ou US$396,48 por dia.

Os dados encontrados no laboratório foram extrapolados para o volume

de 15 m3 de rejeito a fim de se obter o ganho real para este dado volume (Tabela

33).

Page 87: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

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Tabela 33: Dados comparativos obtidos no campo e no laboratório para um volume 15m3

do rejeito) Dados obtidos

no campo Dados do Laboratório extrapolado para 15m3

Total de Mg (Kg/m3) 0,04 21

Total de Mg com vazão média de 0,845 m3/h 0,034 17,7

Valor (US$) do Mg (kg) m3/h 0,48 248

Valor (US$) de Mg (kg) m3/dia 11,42 5.962

Page 88: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

87

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

De acordo com o estudo hidroquímico foi identificado dois tipos de águas

para os poços monitorados: água predominantemente do tipo cloretada cálcica-

magnesiana com predomínio dos íons Na+, Mg2+ e Ca2+ e Cl e água cloretada sódica

na localidade de Umburanas. A relação entre os íons dissolvidos indica certa relação

com o litotipo, uma vez que as águas subterrâneas da área de estudo repousam

sobre rochas do embasamento cristalino compostas essencialmente de quartzo,

plagioclassio feldspato potássio, biotita e hornblenda. Ha forte correlação positiva

destes íons com os sólidos totais dissolvidos: r=0,940 para o íon sódio; r=0,954 para

o íon magnésio e r=0,982 para cloreto indicam que as águas dos poços na área de

estudo tem a presença predominante de cloreto de sódio e cloreto de magnésio.

A exploração desses mananciais poderiam ser indicativo de uma

diminuição desses sais, através do bombeamento contínuo ou um aumento do

mesmo devido ao manejo inadequado do rejeito, contudo, estatisticamente não foi

evidenciado para o período estudado, uma vez que os dados coletados caíram entre

os limites adotados. No entanto, é verificada uma tendência negativa para a

localidade de São Roque e positiva para a localidade do Rio do Peixe sendo

necessário um monitoramento mensal para uma melhor análise estatística.

O rejeito produzido pelo processo de dessalinização, evaporado nos

tanques para separar os sais através da cristalização seletiva, sob as condições

ambientais da região, apresentou 97% dos sais cristalizados na forma de NaCl

seguido de MgCl2 com apenas 2%. Através dos resultados das análises físico-

químicas do rejeito esperava-se que as proporções fossem mais próximas. Os dados

encontrados no experimento do laboratório, entretanto, ficaram de acordo com o

cálculo teórico esperado onde 53,8% do sal cristalizado foi de NaCl seguido com

36,6%, de sais de magnésio.

A evaporação fracionada para a cristalização seletiva dos sais não se

mostrou adequada para as condições testadas, uma vez que todos os sais foram

Page 89: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

88

encontrados em todas as faixas de grau Baumé. Além disso, é necessário construir

uma tabela de evaporação para cada rejeito estudado uma vez que a composição

do sal é função do rejeito e conseqüentemente função dos constituintes presentes

na água de poço.

As concentrações presentes de magnésio indicam possibilidades

interessantes de ganhos econômicos com sua exploração. Com os dados obtidos no

campo o valor de produção do poço, pós-separação do magnésio é de US$0,48 por

m3/h. Vale ressaltar que este valor refere-se aos sais encontrados nos quatros

tanques, que representam 26% dos sais cristalizados de acordo com o experimento

realizado no laboratório. Os dados obtidos no laboratório elevaram este valor para

US$ 16,52 por m3/h. Extrapolando o volume do rejeito para 15 m3 obtêm um valor de

US$ 248 por m3/h. Contudo, as características locais tais como o grande

distanciamento das fontes, a baixa vazão do rejeito e os longos prazos para

obtenção de volumes significativos de sais para obtenção de magnésio, implicam em

dificuldades. Tais dificuldades apresentadas podem ser, entretanto, resolvidas com a

aplicação de soluções tecnológicas e logísticas, não necessariamente de alto custo:

a) Quanto ao distanciamento das fontes e sua baixa vazão, pode-se otimizar os

custos operando com poços de maior vazão para obtenção de mais sais.

b) Com relação aos longos períodos para obtenção dos sais, isto é característica

do processo utilizado cujo ponto crítico é a evaporação passiva, à céu aberto,

sujeita as intempéries as quais atrasam a obtenção dos sais, devido a chuvas

e impurezas carreadas pelo vento para dentro dos tanques, contaminando-os.

Neste caso a modificação do processo é crucial para a obtenção satisfatória

de concentrado em volumes e taxas adequadas.

Por outro lado, para que o processo possa ser efetivamente realizado em

prazos e volumes razoáveis seria necessário o uso de tecnologias mais avançadas

de dessalinização, particularmente sistemas térmicos como torres de dessalinização

Page 90: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

89

e dessalinização flash. Sugerem-se tais sistemas, pois os mesmos permitem a

obtenção de sais utilizando-se sistemas selados, imunes às condições climáticas

adversas que ocasionaram o incorreto funcionamento do sistema testado. O sistema

de dessalinização atualmente usado, por osmose reversa, também não permite

maior eficiência em termos de geração de rejeito de maior concentração devido a

limitações tecnológicas do próprio sistema. Neste sentido a dessalinização térmica,

seja pelo uso de energia solar ou outra fonte de calor, maximiza a obtenção de água

e sais, uma vez que permite, se desejado, a completa separação da água dos sais

dissolvidos, obtendo-se, em condições ideais, rejeito zero.

Considerando-se os fatores envolvidos, sobretudo a grande concentração

de magnésio no rejeito dos dessalinizadores, a adoção de tecnologias para

incrementar a produção de água salobra e aceleração de sua evaporação para a

produção de sais e posterior obtenção de magnésio pode ser uma opção de

interesse para a obtenção econômica de magnésio. Entretanto, o uso de tecnologias

mais tradicionais de obtenção de magnésio a partir da água salobra, tipicamente

eletrólise, deve ser considerado se houver a proposta de produção em grande

escala de metal a partir da bacia em estudo.

A busca pela recuperação do magnésio na presente situação, referente

ao valor de US$0,48 por m3/h, somente pode ser justificada do ponto de vista

ambiental, visando a obtenção de rejeito zero nos dessalinizadores, eliminando o

impacto ambiental atualmente gerado pela disposição dos rejeitos no solo e

otimizando a recuperação integral da água presente nos poços salinos da região.

Entretanto, os resultados colhidos em laboratório mostraram um potencial

econômico para extração do magnésio bem mais elevado. Vale ressaltar que o

experimento ocorrido no laboratório foi realizado sob condições controláveis de

temperatura e de medidas precisas relacionadas à quantidade de sais precipitados.

Desse modo, novos experimentos no campo sob as condições climáticas da região

devem ser realizados para verificar o ganho real obtido na extração do magnésio.

Page 91: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

90

Recomenda-se a realização de mais estudos quanto às possibilidades de:

a) Selecionar os poços que apresentem uma vazão maior a fim de incrementar o

volume de concentrado obtido e uma maior extração na quantidade de

magnésio.

b) Avaliar a variação de concentração de magnésio nos demais poços para

estender a sua extração em toda a área de estudo.

c) Instalar um sistema de dessalinização térmica visando verificar seu potencial

de recuperação de sais e água.

d) Testar um desenho mais avançado de sistema de cobertura dos tanques.

e) Testar a evaporação utilizando um tanque somente, uma vez que o magnésio

precipitou em todos os tanques do experimento.

Page 92: avaliação da qualidade das águas dos poços tubulares da bacia do

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9. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE AGUA. Programa de abastecimento da população rural da região semi-árida. Disponível em < http://www.ana.gov.br/ prhbsf/arquivos /Estudos/ET%2011%20 Abastecimento%20Rural.pdf>. Acesso em 03 de março de 2007. AMORIM, M. C. C.; PORTO, E. R.; ARAUJO, O. J.; SILVA JÚNIOR, L. G DE A. Alternativas de reuso dos efluentes da dessalinização por osmose inversa: evaporação solar e meio líquido para cultivo de tilápia koina (oreochromis sp.) In: 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2001, João Pessoa. Anais, 2001. ARNAL, J.M.; SANCHO, M.; IBORRA, I.; GOZA´IVEZ, J.M.; SANTAFE, A.; LORA, J. Concentration of brines from RO desalination plants by natural evaporation. Desalination 182. Valencia Spain, 2005. vol. 78. p.429–437. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10889: Preparação da amostra de cloreto de sódio – sal para alimentação humana - procedimento. Rio de Janeiro, 1987. 23p ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 603/11636: Cloreto de sódio – ensaios analíticos de sal para alimentação humana. Rio de Janeiro, 1990. 9p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9898: Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro, 1987. 23p BOLSA DE METAIS LONDRES. Disponível em www.metalplaces.com. Acesso em 4 de maio de de 2008. BRADY, N.C. Natureza e propriedades do solo. Trad. FIGUEIREDO, A.B.N. 7º ed. Rio de janeiro, 1989. Livraria Freitas Bastos. BROWN, T.L; LEMAY, JR HE; BURSTEN, B.C. Chemistry. The Central Science. 7th ed. Prentice-Hall, New Jersey, 1997. p. 893. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Padrão de potabilidade da água para consumo humano, Brasília, DF. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente: Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento, Brasília, DF.

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