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1 AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DE ESTRUTURA PERMEAVEL LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A NBR 16416 MATHEUS DE SOUSA LUIS & PAULO GASTÃO FERREIRA RESUMO O aquecimento global impõe vários desafios a construção civil, como as variações climáticas mais intensas e formação de ilhas de calor em grandes centros. Os desafios são cada vez mais frequentes e assim surgem inovações para os problemas criados pelo efeito estufa. O pavimento permeável é uma inovação que surgiu mediante a necessidade de infiltrar água no solo tanto em grandes centros como em locais próximos a aquíferos, sendo uma tecnologia nova no Brasil. Essa tecnologia é uma opção inovadora que atende bem as exigências de sustentabilidade para construção civil. Para a realização da pesquisa aconteceu seleção do material para fazer parte do sistema permeável, que é composto por placa permeável, camada de assentamento e camada de base. A placa permeável é estudada sua permeabilidade, que atenda as exigências previstas pela NBR 16416. Para compor a camada de assentamento e base, utilizou a brita 0 e brita 1, que foi necessário a realização de ensaios para saber se ambos podem compor o pavimento permeável . Após os experimentos realizados com a brita 0, brita 1 e a placa permeável, concluiu que todos atendem as especificações previsto na NBR 16416 para a composição de um pavimento permeável. Como todos os materiais estão de acordo com as exigências previstas pela NBR 16416, montou-se o sistema permeável com auxilio de caixa de vidro, para ver o desempenho da estrutura, podendo visualizar a água percorrendo todas as camadas. O pavimento permeável teve êxito em seu funcionamento. Os experimentos de caracterização realizados com a brita 0 e brita 1 foram feitos no laboratório da Universidade Católica de Brasília, estudo da permeabilidade da placa e do funcionamento da estrutura permeável foram feitos no laboratório da Concretecno. Palavra-chave: Pavimento Permeável, construções sustentáveis, placas permeáveis, concreto permeável, concreto poroso.

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AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DE ESTRUTURA PERMEAVEL

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A NBR 16416

MATHEUS DE SOUSA LUIS & PAULO GASTÃO FERREIRA

RESUMO

O aquecimento global impõe vários desafios a construção civil, como as

variações climáticas mais intensas e formação de ilhas de calor em grandes centros. Os

desafios são cada vez mais frequentes e assim surgem inovações para os problemas

criados pelo efeito estufa. O pavimento permeável é uma inovação que surgiu

mediante a necessidade de infiltrar água no solo tanto em grandes centros como em

locais próximos a aquíferos, sendo uma tecnologia nova no Brasil. Essa tecnologia é

uma opção inovadora que atende bem as exigências de sustentabilidade para

construção civil. Para a realização da pesquisa aconteceu seleção do material para

fazer parte do sistema permeável, que é composto por placa permeável, camada de

assentamento e camada de base. A placa permeável é estudada sua permeabilidade,

que atenda as exigências previstas pela NBR 16416. Para compor a camada de

assentamento e base, utilizou a brita 0 e brita 1, que foi necessário a realização de

ensaios para saber se ambos podem compor o pavimento permeável . Após os

experimentos realizados com a brita 0, brita 1 e a placa permeável, concluiu que todos

atendem as especificações previsto na NBR 16416 para a composição de um

pavimento permeável. Como todos os materiais estão de acordo com as exigências

previstas pela NBR 16416, montou-se o sistema permeável com auxilio de caixa de

vidro, para ver o desempenho da estrutura, podendo visualizar a água percorrendo

todas as camadas. O pavimento permeável teve êxito em seu funcionamento. Os

experimentos de caracterização realizados com a brita 0 e brita 1 foram feitos no

laboratório da Universidade Católica de Brasília, estudo da permeabilidade da placa e

do funcionamento da estrutura permeável foram feitos no laboratório da Concretecno.

Palavra-chave: Pavimento Permeável, construções sustentáveis, placas permeáveis,

concreto permeável, concreto poroso.

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EVALUATION OF THE PERMEABILITY OF PERMEABLE STRUCTURE

TAKING INTO CONSIDERATION THE NBR 16416

ABSTRACT

Global warming imposes several construction challenges, such as the most intense climatic

variations and the formation of heat islands in large centers. Challenges are increasingly

frequent and thus innovations emerge for the problems created by the greenhouse effect.

The permeable pavement is an innovation that arose through the need to infiltrate water in

the soil both in large centers and in places near aquifers, being a new technology in Brazil.

This technology is an innovative option that meets well the requirements of sustainability

for civil construction .. For the accomplishment of the research happened selection of the

material to be part of the permeable system, that is composed by permeable plate, layer of

establishment and layer of base. The permeable plate is studied its permeability, which

meets the requirements set forth by NBR 16416. In order to compose the layer of

foundation and base, it used the gravel 0 and gravel 1, that it was necessary to perform

tests to know if both can compose the permeable pavement . After the experiments with

gravel 0, gravel 1 and the permeable plate, it was concluded that all of them meet the

specifications of NBR 16416 for the composition of a permeable floor. As all the materials

are fit, he mounted the permeable system with help of glass box, to see the performance of

the structure, being able to visualize the water going through all the layers. The permeable

floor was successful in its operation. The characterization experiments performed with the

gravel 0 and gravel 1 were done in the laboratory of Universidade Católica de Brasília, the

study of the permeability of the plaque and the operation of the permeable structure were

made in the laboratory of Concretecno.

Keyword: Permeable pavement, sustainable constructions, permeable plates, permeable

concrete, porous concrete.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa e Importância do Tema

Nos grandes centros urbanos, grande parte de sua área construída é impermeável,

causando diversos problemas, dentre eles alagamento em vias de trafégo, formação de ilhas de

calor, saturação das redes pluviais, entre outros. Esses problemas estão sendo mais frequentes

e mais graves devido ao aquecimento global, sendo assim o pavimento permeável surge como

uma opção sustentável.

De acordo com Urbonas e Stahre (1993) pavimento permeável é um dispositivo de

infiltração onde o escoamento superficial é desviado através de uma superfície permeável

para dentro de um reservatório de pedras localizado sob a superfície do terreno.

Os revestimentos convencionais não permitem que a água infiltre o solo e a grande

quantidade de área impermeável nas cidades causa alagamentos e contribui para a formação

de ilhas de calor. Tornando a estrutura permeável um assunto atual e de suma importância.

Com o aumento da necessidade de construções sustentáveis e com legislações ambientais

mais rigorosas, os estudos de sistemas construtivos ecológicos aumentaram. Assim

favorecendo a manutenção do meio ambiente, de forma que por consequência, a sociedade

também é beneficiada com as alternativas sustentáveis criadas.

O estudo realizado é uma avaliação da estrutura permeável, caracterizando agregados

graúdos para serem camadas da estrutura, determinando o coeficiente de permeabilidade da

placa drenante e por fim a analise do pavimento permeável, de forma que esteja conforme a

NBR 16416 e comprovando que o sistema permeável é uma opção para substituir os

pavimentos convencionais utilizados atualmente.

O pavimento permeável de concreto foi normatizado no Brasil recentemente, tendo

sua primeira edição em agosto de 2015 e validada desde setembro de 2015. Esse tipo

pavimentos apresenta uma taxa de permeabilidade elevada, que permite a penetração da água

no pavimento através dos poros ali existente e a água alcança o solo, podendo chegar até os

aquíferos. Devido as vantagens que a a estrutura permeável apresenta ,o uso dele em países

desenvolvidos é mais frequentes que os revestimentos impermeáveis convencionais, porém

no Brasil a normatização do pavimento permeável de concreto é recente, sendo assim sua

4

utilização e pesquisa são limitadas. Esse estudo recente causa problemas em moldar o

concreto permeável em obra, apresentando um tempo curto para trabalhar com o concreto,

uma imprecisão em sua compactação e comprometendo o pavimento permeável. Sendo assim,

o estudo foi desenvolvido com placa permeável.

O interesse em avaliar o pavimento permeável é a solução apresentada por essa

inovação. Tal tecnologia resolve problemas socioambientais causado pela a

impermeabilização do solo, como o escoamento superficial ou run off, a redução do

abastecimento dos aquíferos , formação de ilhas de calor, entre outros.

1.2 Objetivo da Pesquisa

Este trabalho tem como foco determinar o coeficiente de permeabilidade da placa

permeável, e a caracterização dos materiais que foram selecionados para compor a camada de

base e assentamento. A estrutura permeável tem que atender as exigências feitas pela NBR

16416. Para caracterização da brita 0 e brita 1 os ensaios foram feito de acordo com a NBR

NM 45 e NBR NM 46, para determinar o coeficiente de permeabilidade da placa utilizou o

método descrito no anexo A na NBR 16416 .O estudo tem como finalidade a substituição dos

revestimentos convencionais, que não ocorre a infiltração de água, pelo pavimento permeável

, para beneficiar a infraestrutura dos centros urbanos e também o meio ambiente. O foco deste

trabalho foi abranger como a estrutura permeável é composta e seu comportamento diante de

uma situação em que há a necessidade de infiltração de água no pavimento, para isso tivemos

como referência a NBR 16416:2015- Pavimentos Permeáveis de Concreto- requisitos e

procedimentos.

2. MATÉRIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado visando a caracterização da camada de assentamento, base e/ou

sub-base. Utilizando como referência a NBR 16416:2015, esta exige uma permeabilidade

específica para a placa permeável e umas especificações para camada de assentamento e de

base, que exige ensaios de caracterização para seu material e as normas utilizadas também

foram as NBR NM 45 e NBR NM 46.

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2.1 Materiais utilizados

A definição dos materiais utilizados para a estrutura permeável é definido a partir

da NBR 16416. As caracterizações dos materiais utilizados são descritos abaixo:

Brita 1: conforme a NBR 16416, recomenda-se a distribuição granulométrica, de

acordo com o exposto na tabela 1, para compor a camada de base para pavimento permeável.

Outras especificações para o material são apresentar um índice de vazios menor ou igual a

32% e quantidade de material passante na peneira de 0,075 mm menor ou igual a 2% .

Tabela 1 - Distribuição granulométrica recomendada para material de assentamento

Peneiras com abertura de

malha

Porcentagem retida em massa

%

Base

37,5 mm 0

25 mm 0 a 5

19 mm 0 a 35

12,5 mm 40 a 75

4,75 mm 90 a 100

2,36 mm 95 a 100

Fonte: ABNT NBR 16416:2015

Brita 0: conforme a NBR 16416, recomenda-se a distribuição granulométrica, de

acordo com o exposto na tabela 1, para compor a camada de assentamento para pavimento

permeável. Outras especificações para o material apresentar um índice de vazios menor ou

igual a 32% e quantidade de material passante na peneira de 0,075 mm menor ou igual a 2% .

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Tabela 2 - Distribuição granulométrica recomendada para material de base

Peneira com abertura de

malha

Porcentagem retida em

massa %

12,5 mm 0

9,5 mm 0 a 15

4,75 mm 70 a 90

2,36 mm 90 a 100

1,16 mm 95 a 100

Fonte: ABNT NBR 16416:2015

Placa de Concreto Permeável: A percolação de água ocorre pelo concreto da placa, tendo

exigências de permeabilidade e compressão previstas pela NBR 16416.

2.2 Métodos

Após a escolha dos materiais para compor o pavimento permeável, iniciou-se os

ensaios de caracterização para a brita 0 e brita 1 no laboratório da Universidade Católica de

Brasília.

Primeiro realizou o ensaio granulométrico da brita 1, a norma exige que use 5 quilos

de amostra, porém as peneiras disponível não suportam os cincos quilos de material. Assim,

utilizou um quilo de brita 1, realizando o ensaio 5 vezes e tendo como resultado final a média

dos 5 experimentos feitos. As peneiras utilizadas foram as citada na NBR 16416, sendo a

seguinte série de peneira: 37,5 mm, 25 mm, 19 mm, 12,5 mm, 4,75 mm, 2,36 mm. De acordo

com o conteúdo exposto na tabela 2, sabemos a porcentagem retida em massa que cada

peneira deve atender.

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Figura 1- 1000 gramas de material (brita 1) Fonte: Autor

Figura 1- Agitador de Peneiras Fonte: Autor

8

O ensaio de granulometria iniciou com a pesagem de cada peneira e do material para

estudo, sendo pesados em uma balança de precisão.

Com a definição e pesagem das peneiras para o ensaio, colocam-se as peneiras, que a

já foram citadas, com o material no agitador de peneiras, com uma potencia de 60% e durante

um tempo de 15 minutos. A NBR NM 45 aconselha uma agitação manual para uma melhor

distribuição de brita entre as peneiras, assim após passar por uma agitação feita pelo agitador

de peneiras, realizou a agitação manual das peneiras com o material durante cerca de 8 a 10

minutos.

Figura 3- Agitador de peneiras Fonte: Autores

Por fim, pesa cada peneira com o material, formando uma tabela com os resultados. A

tabela 3 a seguir expõe a média dos resultados obtidos nos 5 ensaios granulométricos

realizados.

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Tabela 3 – Brita 1

O outro ensaio realizado foi determinar a quantidade do material passante na peneira

com abertura de malha de 0,075 mm, além da peneira de 0,075 mm, utiliza também a peneira

de 1,19 mm e uma estufa para a secagem do material após a lavagem. A quantidade de brita 0

utilizada para esse experimento foi de 1000 gramas. O ensaio começa com a pesagem do

material em uma balança de precisão, após sua pesagem, coloca o material na peneira de 1,19

mm com a peneira de 0,075 mm encaixada como exposto na figura 4.Sendo assim, ocorre a

lavagem do material em água corrente como previsto pela NBR NM 46 . A lavagem é

encerrada quando perceber que não contém mais sedimentos na água após a passagem pela

peneira de 0,075 mm.

Peneira(pol.) Abertura(mm)

Peso

Peneiras

(g)

Agregado

+ Peneira

(g)

Retido

(g)

%

Retida

1.1/2" 38 487 487 0 0

1" 25 422 834 397 7,94

3/4" 19 451 2470 1735 34,7

1/2" 12 496 1875 1684 33,68

4" 4,75 453 1533 1080 21,6

8" 2,4 421 445 76 1,52

Fundo 368 395 28 0,56 Fonte: Autor

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Figura 4 - Peneiras usadas no ensaio de material pulverulento Fonte: Autores

Com o material lavado, coloca o mesmo em uma capsula e armazena durante 24 horas

em uma estufa, a figura 5 mostra o material após a lavagem. Após as 24 horas, pesa o material

que esteve na estufa. Este experimento foi realizado outra vez, seguindo também todas as

exigências da NBR NM 46. A tabela 4 apresenta a média dos resultados obtidos nos dois

ensaios.

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Figura 5- Amostra preparada para estufa

Fonte: Autores

Tabela 4 - Material Pulverulento

Material Pulverulento:

Tara (g): 164,35

Massa inicial (g): 1000

Massa final (g): 993,6

% Pulverulento: 0,64 Fonte: Autores.

Para a brita 0 realizou os mesmos ensaios que a brita 1, porém o ensaio de

granulometria foi realizado com peneiras e quantidade de material diferente do ensaio

granulométrico realizado com brita 1. A série de peneiras é diferente conforme a NBR 16416

especifica para o material compor a camada de assentamento e quantidade de brita é diferente

devido a NBR NM 45 especificar que para agregado com diâmetro máximo menor ou igual a

9,5 mm utiliza 2 quilos. A série de peneiras utilizadas para o ensaio granulométrico da brita 0

foram na seguinte ordem: 19 mm, 12 mm, 9,5 mm, 4,75 mm, 2,4 mm, 1,18 mm, 0,6 mm, 0,3

mm e 0,15 mm.

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Para o ensaio granulométrico a NBR NM 45 recomenda utilizar 2 quilos de material,

porém devido a capacidade da peneira, a quantidade de brita 0 utilizada foi 1000 gramas. O

experimento foi realizado duas vezes, a tabela 5 abaixo mostra a média dos resultados

encontrados nos dois ensaios feitos.

Tabela 5 – Brita 0

A brita 0, para compor o pavimento permeável como camada de assentamento é

necessário que a quantidade de material pulverulento seja menor ou igual a 2%. O

experimento foi realizado da mesma forma que foi feito na brita 1 e atende as exigências da

NBR NM 46. Primeiro pesou 1000 gramas de material, depois ocorreu a lavagem do material

no conjunto de peneiras, após sua lavagem o material é armazenado em cápsula e colocado na

estufa no período de 24 horas. Ao final, pesa o material e encontra a quantidade de material

passante na peneira de 0,075 mm. Realizando também duas vezes o ensaios com 1 quilo de

brita, a tabela 6 a seguir apresenta a média dos resultados encontrados nos ensaios.

Tabela 6 - Material Pulverulento

Material Pulverulento:

Tara (g): 182,99

Massa inicial (g): 500

Massa final (g): 681,49

% Pulverulento: 0,3 Fonte: Autores.

Peneira(pol.) Abertura(mm) Peso

Peneiras (g)

Agregado +

Peneira (g) Retido (g) % Retida

3/4" 19 451,6 451,69 0,09 0,00

1/2" 12 496,96 504,86 7,9 0,4

3/8" 9,5 436,92 635,51 198,59 9,93

4" 4,75 454,65 1855,89 1401,24 70,06

8" 2,4 422,42 784,2 361,78 18,09

16" 1,18 383,68 411,37 27,69 1,38

30 0,6 361,51 362,68 1,17 0,06

50 0,3 300,93 301,03 0,1 0,01

100 0,15 319,15 319,28 0,13 0,01

Fundo 377,23 378,55 1,32 0,07

Total:

2000,01 100,00

Fonte: Autores

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Para determinar a permeabilidade da placa permeável realizou o ensaio conforme

normatizado no Anexo A - Determinação do coeficiente de permeabilidade de pavimento

permeável, da NBR 16416:2015. O experimento foi feito no laboratório da Concretecno,

situado na Ceilândia. Para realizar o experimento, foi necessária massa de calafetar, um

cilindro com 300 mm de diâmetro, um recipiente com volume mínimo de 20 litros, que

permita o derramamento controlado do volume de água e água limpa. A figura abaixo

apresenta a placa drenante com o cilindro preparado para começar o experimento.

Figura 6- Placa permeável com o cilindro fixado Fonte: Autores

Primeiro deve-se realizar a pré-molhagem, utilizando 3600 gramas de água,

cronometrando o tempo em que a água infiltra na placa. Controlando a vazão no qual despeja

a água na placa no cilindro, mantendo o nível de água penetrando entre 10 e 15 mm que está

destacado no cilindro. Quando o tempo de pré-molhagem é menor que 30 segundos, é

necessário utilizar 18 quilos de água. Já quando o tempo de infiltração na pré-molhagem é

maior que 30 segundos, é recomendado usar 3600 gramas de água. Ao realizar a pré-

molhagem da placa, o tempo encontrado foi de 58 segundos e assim foi necessário utilizar

3600 gramas de água para realizar o ensaio.

Em menos de dois minutos após realizada a pré-molhagem, começa a despejar 3,6

quilos de água novamente no cilindro com a placa, controlando a vazão do mesmo modo que

foi realizado pré-molhagem, mantendo o nível de água entre duas marcações no anel, entre

10 mm e 15 mm. O tempo é marcado quando a água entra em contato com a placa, ou seja,

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quando começa a despejar. Realizou-se esse experimento 4 vezes, em 4 placas diferentes. Em

todos os experimentos realizados, a placa apresentou um tempo de pré-molhagem maior que

30 segundos. Após realizar os 4 experimentos, a média do tempo encontrado ao fim do

experimento foi de 1 minuto e 53 segundos.

Para calcular o coeficiente de permeabilidade, a norma fornece a seguinte equação:

Onde:

K= coeficiente de permeabilidade expresso em milímetros por hora (mm/h)

M= a massa de água infiltrada expressa em quilogramas (kg)

D = diâmetro interno do cilindro de infiltração expresso em milímetros (mm)

T=é o tempo necessário para toda água percolar expresso em segundos (s)

C= fator de conversão de unidades do sistema SI, com valor igual 4 583 666 000

A massa de água que infiltra é de 3,6 quilogramas, o diâmetro interno do cilindro de

infiltração é igual a 300 mm, o tempo necessário para a água percolar são 113 segundos.

Sendo assim, determina o coeficiente de permeabilidade.

mm/h

A placa drenante, a brita 1 e a brita 0 atendem as exigências da NBR 16416 para

compor o pavimento permeável. Ainda no laboratório da Concretecno, montou o pavimento

permeável com o auxílio de uma caixa de vidro.

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Figura 7- Caixa de vidro 42x42x52 centímetros Fonte: Autores

Figura 8- Sistema completo do pavimento permeável Fonte: Autores

O pavimento permeável é composto por três camadas, a primeira camada é a placa de

concreto permeável, a segunda camada é a camada de assentamento, a NBR 16416 em seu

item 6.3-Requisitos da camada de assentamento- exige que sua espessura esteja entre 4 e 6

16

centímetros e o material utilizado é a brita 0. A última camada é a base, composta pela brita 1,

sua espessura é a critério de projetista, a NBR 16416 associa a espessura da camada com

necessidade de armazenamento de agua que o sistema é submetido.

A estrutura permeável funcionou perfeitamente, todas as camadas permitiram a

infiltração da água e a caixa de vidro facilitou analisar o desempenho da penetração da água

nas camadas, não encontrando nenhum problema para percorrer as mesmas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES:

A partir dos ensaios realizados, são apresentados abaixo os resultados obtidos em cada

material e comparados com parâmetros da norma.

3.1 Brita 0:

De acordo com a NBR NM 45, foi realizado o ensaio de granulometria. A tabela 7

compara os valores encontrados no ensaio de granulometria realizado com a distribuição

granulométrica esperada pela NBR 16416 para camada de assentamento.

Tabela 7- Comparação dos resultados obtidos (BRITA 0)

Distribuição granulométrica

recomendada para o

material de assentamento,

segundo a norma NBR

16416:2015

Distribuição

granulométrica

obtida pelo ensaio de

granulometria (brita

0)

Peneira com abertura de

malha

Porcentagem retida, em

massa %

Porcentagem retida,

em massa %

12,5 mm 0 0,40

9,5 mm 0 a 15 10,33

4,75 mm 70 a 90 80,39

2,36 mm 90 a 100 98,47

1,16 mm 95 a 100 99,86

Fonte: Autores.

De acordo com NBR NM 46, realizou-se o ensaio de material passante na peneira com

abertura de malha de 0,075 mm, por lavagem. O resultado encontrado foi 0,3% e a NBR

16416 exige que seja menor ou igual a 2%.

A brita 0 apresentou uma distribuição granulométrica que atendeu as exigências

previstas pela NBR 16416 e sua quantidade de material pulverulento foi 0,3% que também

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atende a NBR 16416.Sendo assim, a brita 0 satisfaz a norma para ser o material da camada de

assentamento.

3.2 Brita 1:

De acordo com a NBR NM 45, foi realizado o ensaio de granulometria. A tabela 8

compara os valores encontrados no ensaio de granulometria com a distribuição

granulométrica esperada pela NBR 16416 para camada de base e/ou sub-base.

Tabela 8- Comparação dos resultados obtidos (BRITA 1)

Distribuição

granulométrica

recomendada para o

material de assentamento,

segundo a norma NBR

16416:2015

Distribuição

granulométrica obtida pelo

ensaio de granulometria

(brita 1)

Peneira com abertura de

malha

Porcentagem retida, em

massa %

Porcentagem retida, em

massa %

37,5 mm 0 0

25 mm 0a 5 7,94

19 mm 5 a 35 42,64

12,5 mm 40 a 75 76,32

4,75 mm 90 a 100 97,92

2,36 mm 95 a 100 99,44 Fonte: Autores.

De acordo com NBR NM 46, realizou-se o ensaio de material passante na peneira com

abertura de malha de 0,075 mm, por lavagem. O resultado encontrado foi 0,6%, a NBR 16416

exige que seja menor ou igual a 2%.

A brita 1 apresentou uma distribuição granulométrica que atendeu as exigências

previstas pela NBR 16416 e sua quantidade de material pulverulento foi 0,3% que também

atenda a NBR 16416. Sendo assim, a brita 1 satisfaz a norma para ser o material da camada de

base .

18

3.3 Placa Permeável:

O ensaio realizado com a placa permeável foi o Anexo A: Determinação do

coeficiente de permeabilidade de pavimento permeável da NBR 16416. Ao determinar o

coeficiente de permeabilidade da placa, o valor encontrado foi igual a 1,6x m/s,.

A NBR 16416 exige que o coeficiente de permeabilidade da placa de concreto

permeável encontrado pelo método de ensaio do anexo A e realizado em laboratório seja

maior que m/s. A figura abaixo resume as considerações previas pela NBR 16416 para a

determinação do coeficiente de permeabilidade em campo e em laboratório.

Figura 9 – Determinação do coeficiente de permeabilidade

Fonte: NBR 16416 – Pavimentos permeáveis

O valor do coeficiente de permeabilidade encontrado pelo ensaio atende a NBR 16416,

sendo que o valor encontrado 1,6x m/s é maior que m/s

3.4 Sistema Permeável Completo:

A brita 0, brita 1 e a placa permeável atendem as exigências feita pela NBR 16416 para

compor o pavimento permeável e assim foi feita uma analise a do pavimento permeável. O

pavimento permeável foi apresentado na figura 6, sendo composto por camada de base,

camada de assentamento e placa de concreto permeável.

19

A placa possui 80 mm de espessura, a camada de assentamento teve 40 mm, a NBR

16416 especifica que a camada esteja entre 20 mm e 60 mm sem compactação. Já a camada

de base, utilizamos 180 mm, pois sua espessura refere-se exclusivamente a função de

reservatório de água do pavimento permeável.

Com esse dimensionamento, o pavimento permeável atendeu as expectativas sobre sua

permeabilidade de água, provando que a estrutura permeável pode ser compostas pela brita 0,

que é o material que compõe a camada assentamento, brita 1, que é o material utilizado na

camada de base e a placa permeável, . Além disso, nota-se que é uma opção sustentável, já

que a necessidade de métodos construtivos, que não agridem o meio ambiente, é

inquestionável.

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES:

A análise do pavimento permeável em prol da inovação em pavimentação, visando

benefícios para a população e para o meio ambiente mostrou-se extremamente satisfatória em

relação aos seus objetivos, alcançando resultados que atenderam a todas as especificações e

parâmetros determinados por norma.

Diante dos resultados obtidos com os ensaios realizados com a brita 1 e brita 0,

verificou-se que ambos podem compor a estrutura permeável. Desta forma para a execução

deste método construtivo é necessário regularizar o terreno, prevendo as espessuras de cada

camada. A utilização da manta geotêxtil é opcional, as características do solo impõem ou não

seu uso. O próximo passo é o assentamento das camadas, a primeira camada assentada é

composta pela brita 1, a segunda é formada pela brita 0. Por fim, distribui placas drenantes até

a total pavimentação, assim formando a estrutura permeável.

Observando-se os resultados, conclui-se que o piso drenante mostrou resultados

extremamente eficientes e que é interessante fazer um investimento em estudos sobre o uso do

piso drenante em larga escala no Brasil, visando no futuro usá-lo como alternativa ao piso

convencional, frisando sempre que ele é um material necessário para a melhoria da qualidade

de vida da população evitando possíveis desastres hídricos e é uma alternativa de construção

sustentável que vêm para auxiliar a combater crise hídrica que vem afetando nosso país.

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Vale ressaltar que os ensaios e testes realizados foram feitos em laboratório em

sistema fechado. Sendo necessário avaliar o comportamento do piso drenante em campo e

com um tempo maior de utilização. Realizar estudos com outros materiais disponíveis

mercado, assim descobrindo novos tipos de bases e assentamento. Avaliando a sua correta

aplicação, a fim de comparar e utilizar a que melhor se adéqua a necessidade do

empreendimento.

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REFERÊNCIAS

ARAUJO, Paulo Roberto de; TUCCI, Carlos E. M.; GOLDENFUN, Joel A..

Avaliação da eficiência do pavimento permeável na redução de escoamento

superficial. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, São Paulo, v. 5, n. 3, p.21-29,

10 set. 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Pavimentos permeáveis

de concreto – Requisitos e procedimentos: NBR 16416 . , Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregados –

Determinação de massa unitária e do volume de vazios: NBR NM 45. , Rio de

Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregados –

Determinação do material fino que passa através da peneira 0,075 mm: NBR NM

46. , Rio de Janeiro, 2003

SALES, Tarso Luis. PAVIMENTO PERMEÁVEL COM SUPERFÍCIE EM

BLOCOS DE CONCRETO DE ALTA POROSIDADE. 2008. 173 f. Tese

(Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, 2008.

TOMAS,Plínio. Pavimento Poroso. , 2009. Disponivel em: <

http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/capitulo60_pavimento_poroso.pdf>.

Acesso em: 20 ago 2016.

URBONAS,B.;STAHRE,P. Stormwater Best Managent Practices and Detetion.

Prentince Hall, Englewood Cliffs, New Jersei, 450p. 1993