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Iniciação
Científica
PUCRS
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO CREME BASE ANIÔNICA
INSCRITO NO FORMULÁRIO NACIONAL
Roberta Renner1, Denise Milão1 (orientador) 1Faculdade de Farmácia, PUCRS
Introdução:
As emulsões são muito utilizadas como bases dermatológicas para incorporação
de fármacos. São formas farmacêuticas que apresentam boa aceitação pelo consumidor,
pois não são gordurosas, são de fácil aplicação e apresentam fácil espalhamento (Ansel,
2000). Uma emulsão é um sistema termodinamicamente instável sendo, portanto necessário
no desenvolvimento de sistemas emulsionados o estudo de sua estabilidade (Alves et
al.,1999). Uma nova formulação desenvolvida deverá ter estabilidade, que é a capacidade
que o produto tem num determinado período de tempo, do início ao final de sua vida útil, e
numa embalagem determinada, de manter as suas propriedades e características que
apresentava no momento em que finalizou a sua fabricação através de um procedimento
padronizado (D`León, 2001). A avaliação preliminar da estabilidade envolve testes que
empregam condições de temperatura, gravidade e umidade. Usualmente, as preparações são
submetidas ao ensaio de centrifugação e avaliadas através do teste de estabilidade
acelerada. Assim, aqueles produtos que indicam sinais de instabilidade são rejeitados pelo
estudo e a critério do formulador. No ano de 2005 a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) publicou o Formulário Nacional com o objetivo de padronização das
preparações farmacêuticas. Esta publicação trata-se de um compêndio onde são descritas as
fórmulas, as aplicações e propriedades, o tipo de embalagem e armazenamento assim como
traz orientações para o preparo de grande número de formulações utilizadas como veículos
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para prescrições medicas produzidas em farmácia de manipulação. Estas formulações
presentes no formulário Nacional carecem de estudos de estabilidade. O estudo de
estabilidade é um indicativo de que não ocorrerão problemas nas formulações no decorrer
do tempo de armazenamento e durante o uso do produto pelo consumidor. Para a obtenção
do sucesso terapêutico, a forma farmacêutica deve apresentar-se estável, o que torna a
avaliação de sua estabilidade um fator fundamental para produtos farmacêuticos. Desta
forma, este projeto tem como objetivo avaliar a estabilidade e realizar a caracterização de
creme base aniônico do formulário nacional.
Metodologia:
1. Preparação das bases: As bases serão preparadas pela técnica universal de preparação
de emulsões com auxílio de um reator onde será possível padronizar as condições de
temperatura, velocidade de agitação e temperatura de preparação da base.
2. Teste preliminar de estabilidade
2.1 Teste de centrifugação: Uma quantidade conhecida da emulsão será centrifugada em
centrífuga a 3.000 rpm durante 30 minutos.
2.2 Estabilidade frente a diferentes condições de temperatura: A amostra será
acondicionada em tubo de ensaio fechado com papel filme e submetida a diferentes
condições de temperatura, temperatura ambiente, temperatura elevada (40°C ± 2°C),
temperatura baixa (-5ºC± 2°C) e temperatura oscilante (congelamento a –5ºC± 2°C e
descongelamento a 40ºC± 2°C) em ciclos de 24 horas. Serão avaliados parâmetros como
consistência, tonalidade (brilhante e lustrosa), cor (creme), homogeneidade (separação de
fases), aspecto não gorduroso e textura (lisa ou rugosa).
3. Avaliação das características reológicas: a formulação será avaliada com auxílio de
reômetro AR 1500ex da TA Instruments utilizando o sistema Rheology Advantage
Instrument Control AR. A avaliação da viscosidade será realizada através da determinação
da velocidades de cisalhamento, em função das tensões de cisalhamento e viscosidades em
função das velocidades de cisalhamento. Também será determinado o ponto de fluidez.
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4. Determinação de pH: A determinação do pH será realizada em potenciômetro
calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0, diretamente na pomada.
5. Determinação da espalhabilidade: Para a determinação da espalhabilidade, será
empregada metodologia proposta por Münzel e colaboradores (1959), modificada por
Knorst em 1991 (Milão, D. 2001).
6. Teste de eficácia do sistema conservante: Para realização do teste de eficácia de
conservantes, uma amostra será contaminada de forma artificial no recipiente definitivo,
através da inoculação de microorganismos em concentração conhecida, conservando a
preparação inoculada a uma temperatura adequada, colhendo amostras do recipiente no
tempo zero,7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, e efetuando contagem de microorganismos
pelo método de contagem em placas.
7. Análise estatística: Para a análise dos resultados dos experimentos realizados, como
avaliação das características reológicas e avaliação da espalhabilidade, será utilizado o teste
estatístico ANOVA com nível crítico menor que 0,05 (5%) ou 0,01(1%), para rejeição da
hipótese de nulidade.
Resultados esperados:
Para a obtenção do sucesso terapêutico, a forma farmacêutica deve apresentar-se estável, o
que torna a avaliação de sua estabilidade um fator fundamental para produtos
farmacêuticos. O Formulário Nacional (FN) é o código oficial brasileiro onde estão
inscritas formulações farmacêuticas oficiais, e tem como objetivo a padronização dos
medicamentos e cosméticos nele inscritos, com o intuito de assegurar a qualidade dos
mesmos (Friedrich, M. et al, 2007). A formulação do creme base aniônico estudada nesse
trabalho será produzida de acordo com orientações presentes no formulário Nacional e será
avaliada sua estabilidade físico-química e microbiológica. A partir do estudo de
estabilidade poderá ser atribuída qualidade a formulação estudada e conhecido seus
parâmetros organolépticos (aspecto, cor e odor), parâmetros físico-químicos (pH,
viscosidade, espalhabilidade) e parâmetros microbiológicos (contagem microbiana e teste
de desafio do sistema conservante).
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Referências bibliográficas:
ALVES, M. P. et al. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade de bases dermatológicas
não iônicas para incorporação de fármacos. Revista Pharmaceutical Technology (edição em
português), Santa Maria, p. 40-45, 1999.
ANSEL, H. POPOVICH, N. ALLEN, L. Farmacotécnica: Formas Farmacêuticas e
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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário
Nacional. p. 123, Editora: ANVISA, 1ª edição, 2005
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de
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2004.
D`LEÓN, L. F. P. Estudo de estabilidade de produtos cosméticos. Cosmetic & Toiletries,
São Paulo, v. 13, n. 4, p. 54 – 62, jul./ago. 2001.
FRIEDRICH, M.; PRIMO, F. T.; FUNCK, J. A. B.; LAPORTA, L. V.; ALVES, M. P.
Avaliação da Estabilidade Físico-Química de Creme Não Iônico no Formulário Nacional.
Latin American Journal of Pharmacy, 2007.
KNORST, M. T. Desenvolvimento tecnológico de forma farmacêutica plástica contendo
extrato concentrado de Achyrocline satureioides (Lam.) Compositae - marcela, 1991. 228
f. Dissertação (Mestrado em Farmácia) - Curso de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, UFRGS, Porto Alegre.
MILÃO, D. Desenvolvimento tecnológico e avaliação biológica de formas farmacêuticas
plásticas contendo nanocápsulas de diclofenaco. Porto Alegre: UFRGS, 2001. Dissertação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001.
MUENZEL, K.; BUECHI, J.; SCHULTZ, O. E. (Hrsg.). Galenisches Praktikum. Stuttgart:
Wissenschaftliche, 1959.
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