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AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO FOTOOXIDATIVA DE
SACOLAS PLÁSTICAS BIODEGRADÁVEIS E OXI-
BIODEGRADÁVEIS
Vanusca Dalosto Jahno* - [email protected]
Universidade Feevale, Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas
RS 239, nº2755
CEP 93352-000 – Novo Hamburgo– RS
Daiane Cardoso Alegre - [email protected]
Universidade Feevale, Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas
Suellen B. Schröpfer - [email protected]
Universidade Feevale, Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas
Viviane de Lima – [email protected]
Universidade Feevale, Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas
Resumo: A exposição inadequada das sacolas plásticas no meio ambiente ocasionam
mudanças no saneamento básico. Este trabalho avalia o comportamento de sacolas plásticas
biodegradáveis e oxi-biodegradáveis expostas a ensaios de envelhecimento acelerado em
câmara de radiação ultravioleta (UV-A/UV-B). Sendo estas expostas de forma artificial em uma
câmara de intemperismo acelerado pelo período de 500 horas, o equivalente a 9 meses e sob
simulação de intemperismo (Sol e chuva). As amostras sofreram fotodegradação em exposição
a radiação UVA e UVB.
Palavras-chave: Fotodegradação, sacolas plásticas e radiação ultravioleta.
EVALUATION OF THE DEGRADATION PHOTO-OXIDATIVE
OF PLASTIC BAGS BIODEGRADABLE AND
OXYBIODEGRADABLE
Abstract: Inadequate exposure of plastic bags on the environment cause changes in sanitation.
This study evaluates the behavior of biodegradable and oxybiodegradable testing exposed to
accelerated aging of ultraviolet radiation chamber (UV-A/UV-B) plastic bags. These being
artificially exposed in a chamber accelerated weathering for a period of 500 hours, the
equivalent of nine months and under simulated weathering (sun and rain). The samples were
subjected to photobleaching exposure to UVA and UVB radiation.
Keywords: Photo-degradation, plastic bags and ultraviolet radiation.
1. INTRODUÇÃO
As alterações na natureza decorrentes do desequilíbrio ambiental causado pelo
homem vêm se intensificando, e com isso, a conscientização e a preocupação da população em
geral com o meio ambiente vêm tomando proporções cada vez maiores. O grande volume de
resíduos gerados e o descarte inadequado contribuem para esse desequilíbrio. Em 2012 no
Brasil, foram gerados mais de 62 milhões de toneladas de resíduos sólidos e 42% do que foi
coletado teve destinação inadequada (ABRELPE, 2012). Neste mesmo ano foram consumidas
no Brasil cerca de 12,1 bilhões de sacolas plásticas (PLASTIVIDA, 2013; ALEGRIA, 2008). A
fabricação das sacolas plásticas não biodegradáveis e o seu descarte geram um grande impacto
ambiental, sendo estes produzidos a partir de petróleo e de gás natural, dois recursos não
renováveis (PORTAL BRASIL, 2010).
As sacolas plásticas quando em contato com a radiação ultravioleta, têm suas
propriedades físico-químicas afetadas. Isso ocorre, pois as radiações UV juntamente com o
oxigênio atmosférico, formam uma reação fotoquímica que leva a quebra das cadeias
moleculares do polímero, acontecendo então, a degradação do mesmo (FERREIRA, 2004). A
degradação de materiais poliméricos se dá por uma alteração irreversível de sua estrutura aliada
à alteração de suas propriedades e/ou fragmentação. Ela depende da natureza do polímero e das
condições ambientais aos quais estão inseridos (INNOCENTINI-MEI & MARIANI 2005).
Estudar o efeito da intempérie nos materiais que ficam em exposição ao ar livre é
de grande importância para o desenvolvimento de materiais mais resistentes, dependendo para
qual finalidade será este material. Cada material sofre diferentes comportamentos frente a
radiação por UV, sendo possível estuda-lo por um ensaio de envelhecimento acelerado para se
ter mais rapidamente um diagnóstico do efeito fotoquímico na degradação das sacolas.
As sacolas plásticas biodegradáveis e oxi-biodegradáveis surgiram para substituir
as sacolas não biodegradáveis, no intuito de minimizar o impacto ambiental. Segundo o Instituto
Nacional do Plástico – INP (2014), para que ocorra a biodegradação de um polímero é
necessário um ambiente propício, mas como as sacolas acabam sendo descartadas na natureza
ou em aterros, não ocorre a correta biodegradação do material. Neste contexto, este trabalho tem
como objetivo a análise da fotodegradação frente às intempéries desses dois tipos de sacolas,
com base nos resultados obtidos em ensaio de envelhecimento acelerado, para que assim
possamos monitorar a degradação desses materiais, submetendo-os às condições reais onde
ficam expostos.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O ensaio de envelhecimento acelerado foi realizado em uma câmara de
envelhecimento acelerado Equilam modelo EQUV-RC, Figura 1. Sua fonte de radiação são 8
lâmpadas fluorescentes de 40 Watts cada, sendo 4 de um lado da câmara (irradiação UVA), com
comprimento de onda de 340 nm e potência de irradiação de 0,47 a 1,60 W/m²/nm; e 4
lâmpadas do outro lado da câmara (irradiação UVB) com comprimento de onda de 313 nm e
potência de irradiação de 0,47 a 1,20 W/m²/nm. As amostras foram expostas em ciclo alternado
de 4h de condensação à 50ºC e 8h de radiação UV (UVA/UVB) à 60ºC até atingir o tempo de
500 h, o qual equivale a 9 meses (tempo real), conforme ASTM G53-96.
Figura 1 - Câmara para ensaio de envelhecimento artificial acelerado EQUV-RC
As sacolas utilizadas no ensaio foram uma sacola biodegradável (verde) e uma
sacola oxi-biodegradável (branca). Foram realizados os envelhecimentos das amostras no
formato de retângulos e estes foram encaixadas em porta-amostra padrão do equipamento,
figura 2, sendo retirados em 3 tempos, 166h, 332h e 500h.
Figura 2 – Foto do experimento no tempo zero.
A morfologia das amostras antes e após a fotodegradação foram avaliadas em
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), marca JEOL, Modelo JSM-6510LV, com
magnificação de 1000x e 5kV de tensão, disponível no Laboratório de Estudos Avançados de
Materiais da Universidade Feevale.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As amostras após a retirada no primeiro tempo de exposição já se apresentaram
quebradiças, conforme mostra Figura 3.
Figura 3 – Fotos da primeira retirada do experimento (166 h de ensaio).
As micrografias das amostras de sacolas antes e depois da fotodegradação são
mostradas na figura 4.
UVA
UVB
Figura 4 - Micrografias da Sacola biodegradável em UVA (a), UVB (c) e sem fotodegradação
(e), e da Sacola oxi-biodegradável em UVA (b), UVB (d) e sem fotodegradação (f) após o
primeiro tempo de fotodegradação.
Após o primeiro período de exposição ao envelhecimento acelerado tanto por UVA
como por UVB (4a e 4c), a amostra da sacola biodegradável já sofreu alterações na superfície
pela ação da fotodegradação, apresentando uma superfície rugosa, com fissuras no corpo de
prova. Diferente do formato original, apresentado na micrografia 5e. Já a amostra da sacola oxi-
biodegradável (4b e 4d) apresentou uma superfície lisa tanto na exposição a UVA como na
UVB. Estes resultados eram esperados, visto que a sacola biodegradável é menos estável
quimicamente que a oxi-biodegradável.
Na figura 5 é apresentado as micrografias das amostras de sacolas biodegradáveis e oxi-
biodegradáveis ao final de 500h de fotodegradação.
Sem
fotodegradação
e) f)
Figura 6 - Micrografias da Sacola biodegradável em UVA (a), UVB (c) e sem fotodegradação
(e), e da Sacola oxi-biodegradável em UVA (b), UVB (d) e sem fotodegradação (f) após 500h
de fotodegradação.
Todas as superfícies das amostras finais apresentaram fissuras e trincas, mostrando que
ocorreu uma fotodegradação mais severa nos materiais.
UVA
f) e)
Sem
fotodegradação
UVB
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Laboratório de Estudos Avançados de Materiais da
Universidade Feevale, SCIT/POLO e ao CNPq.
4. CONCLUSÕES
As amostras de sacolas apresentaram ao final do tempo de exposição à radiação UVA e
UVB uma estrutura frágil e fotodegradada, podendo ser supostamente o que sofreria em contato
com as intempéries (sol e chuva). Estas degradações podem ser provenientes das cisões de
cadeia polimérica que ocorrem durante o envelhecimento. Ainda é necessário concluir outras
análises, como TGA, DSC e espectroscopia por infravermelho para ter maiores conclusões.
REFERÊNCIAS
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Disponível em:
<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2012.pdf> Acesso em: 01 de mar. 2014.
ALEGRIA, Manuela. Sacolas plásticas viram artigo verde nos supermercados no Paraná.
Revista Meio Ambiente. Disponível em:
<http://www.revistameioambiente.com.br/2008/02/28/sacolas-plasticas-viram-artigo-verde-nos-
supermercados-no-parana/> Acesso em: 03 de mar. 2014.
AMERICAN STANDARDS FOR TESTING AND MATERIALS. Standard Practice for
Operating Light- and Water-Exposure Apparatus (Fluorescent UV-Condensation Type) for
Exposure of Nonmetallic Materials, ASTM G53. Easton, 1996.
INNOCENTINI-MEI, L.H.; MARIANI, P.D.S.C. Visão Geral sobre Polímeros ou Plásticos
Ambientalmente Degradáveis. Unicamp: Campinas, 2005, 41p.
INP – Instituto Nacional do Plástico. O que é um plástico biodegradável. Disponível em:
<http://www.inp.org.br/pt/informe-se_PlasticoBio.asp> Acesso em: 04 de mar. 2014.
PLASTIVIDA. Brasil reduz desperdício em mais de 800 milhões de sacolas plásticas em
2012. Disponível em:< http://www.plastivida.org.br/2009/Releases_079.aspx> Acesso em: 03
de mar. 2014.
PORTAL BRASIL. Brasil reduz em 800 milhões o número de sacolas plásticas usadas em
um ano. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/10/brasil-reduz-em-
800-milhoes-o-numero-de-sacolas-plasticas-usadas-em-um-ano> Acesso em: 04 de mar. 2014.
SANCHEZ,ELISABETE M. S.; FELISBERTI, , MARIA ISABEL; COSTA, , CARLOS A. R.;
GALEMBECK, , FERNANDO. 2003. Avaliação da degradação térmica e fotooxidativa do
ABS para fins de reciclagem. Polímeros: Ciência e Tecnologia 13: 166-172.