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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL Avaliação da comunidade microbiana impactada pela enxurrada de rejeitos de mineração no Rio Doce em Mariana - MG Luciano Takeshi Kishi Supervisora: Prof.ª. Drª. Eliana G. de Macedo Lemos JABOTICABAL 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

Avaliação da comunidade microbiana impactada pela enxurrada de rejeitos de mineração no Rio Doce em

Mariana - MG

Luciano Takeshi Kishi

Supervisora: Prof.ª. Drª. Eliana G. de Macedo Lemos

JABOTICABAL

2015

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Resumo

No dia 5 de novembro de 2015, uma barragem de rejeito de minério de

ferro de uma empresa mineradora se rompeu, extravasando cerca de 55

milhões de metros cúbicos de lama, devastando as cidades próximas como

Bento Rodrigues e Mariana, causando mortes e sérios problemas ambientais.

Os resíduos desta barragem percorreu pelo rio Doce da cidade de Mariana

até Linhares, desembocando no mar, tornando a água imprópria para

consumo humano e dificultando sobrevivência dos organismos vivos. Assim

para avaliar o real impacto na microbiota presente nas águas do rio Doce e

suas margens, um Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental

(GIAIA) reuniu pesquisadores para organizar através da internet, para fazer

uma análise colaborativa do impacto ambiental resultante do rompimento da

barragem de rejeitos em Mariana - Minas Gerais. Neste sentido, o presente

trabalho apresenta uma proposta para avaliar a diversidade microbiana,

utilizando sequenciadores de Nova Geração para a região 16S do gene rRNA

e também avaliar o perfil metabólico nas amostras de água e solo ao longo

do rio Doce, realizando ensaios com microrganimos possíveis de serem

utilizados para a biorremediação de metais.

Palavras-chave: Diversidade bacteriana; gene 16S rRNA; regiões

hipervariáveis, impacto ambiental, biorremediação

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS O grande crescimento industrial e com o aumento populacional, tem

aumentado também a liberação e à acumulação de metais pesados no solo

dos diversos biomas, como consequência das atividades de mineração, do

processamento industrial, e da utilização de pesticidas e fertilizantes

químicos (Liu et al., 2013).

A presença de metais pesados, mesmo em quantidades mínimas,

pode ser tóxica e prejudicial para a flora e fauna, tornando-se um grande

problema ambiental (Gadd, 2000a). Técnicas como precipitação,

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oxidação/redução, adsorção, complexação e cimentação, redução eletrolítica,

troca iônica e osmose reversa vêm sendo utilizados para remoção de metais

pesados de ambientes aquáticos e solos (Bai et al., 2014), sendo que, no

entanto, existem processos naturais, como biososorção por células

bacterianas mortas vem sendo utilizadas como alternativa mais naturais

(Gadd, 2000a). Um outra abordagem biotecnológica tem sido a utilização de

plantas na biorremoção de metais, uma vez que a mesma absorve os metais

pela raiz ou em associação com microrganismos, não transferindo os

mesmos para cadeia alimentar (Margesin et al., 2011).

Além de plantas e dos processos convencionais, os microrganismos

relacionados com a solubilidade de minerais, biomineralização,

biorremediação, corrosão microbiana (Li et al., 2014) é de peculiar interesse

para a biorremediação de ambientes, devido ao baixo custo de sua

implementação, despertando assim um grande interesse na indústria (Chen

et al., 2014; Uchiyama and Miyazaki, 2009).

Muitos gêneros bacterianos encontrados no solo atuam nos processos

de biomineração e biorremediação, principalmente os acidófilos com

potencial oxirredutor, como Acidithiobacillus ferrooxidans, Sulfobacillus sp. e

Acidithiobacillus caldus. Além destes, gêneros outros como Pseudomonas,

Burkholderia, Bacillus e Rhizobium (Wani and Ayoola, 2015) apresentam

potencial para biorremediação considerando que esses microrganismos

apresentam metabolismo oxidativo de minerais atuando de maneira

importante na biorremediação de cobre, crômio, níquel e zinco (Silver, 1996).

Os processos biológicos relacionados a ambientes tem sido bastante

explorado uma vez que os mesmos exercem papel importante na

manutenção dos ecossistemas, uma série de tecnologias e esforços ao

longo do mundo todo tem sido aplicada para descoberta da diversidade e

acesso as informações funcionais em nível de genes (Mendez-Garcia et al.,

2015). Estudos de diversidade funcional em áreas de extração de metal

possibilitam identificar genes que conferem resistência a microorganismos

para metais pesados e envolvidos no metabolismo destes (Costa et al., 2015;

Hunter et al., 2014; Panicker, 2014).

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O Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental (GIAIA)

veio até nós propor pesquisas para o levantamento do impacto sobre a

microbiota na área afetada. No entanto, nosso interesse não é de inflar o

conflito já existente e sim trabalhar em prol da sanitização do sistemas

impactados auxiliando as, populações e os ecossistemas envolvidos de

maneira geral, dentro que nossa área de conhecimento. Como cientistas e

cidadãos nossa função é a de preservar o meio ambiente para a nossa e

gerações futuras. Nossa pesquisa até o momento é a ponta de um “iceberg”

cujos resultados obtidos podem ser aplicados para minimizar os efeitos desta

tragédia ambiental.

Tanto o solo quanto a água são biomas que apresentam grande

diversidade de microrganismos interagindo entre si e com todo o

ecossistema, sendo responsáveis pela manutenção das relações ecológica e

da ciclagem de nutrientes. Muito se tem investido no isolamento de

microrganismos e em análises metagenômicas para prospecção de genes

envolvidos em processos importantes para o equilíbrio metabólico e

ecológico pois, tanto de maneira isolada, quanto em interações entre si, estes

microrganismos desempenham papel importante no que diz respeito à

produção de enzimas e em processos de biorremoção de metais e

contaminantes do solo e água.

Em águas residuais de áreas de mineração encontra-se uma

diversidade enorme de microrganismos com muitos sistemas biológicos

complexos. O estudo dos genes que atuam na biorremediação é de suma

importância para o desenvolvimento tecnológico tanto no sentido de

preservação do ambiente como no aproveitamento destes sistemas

biológicos para atividades que possibilitem a melhoria da vida. O projeto

“Diversidade de plantas e de organismos dos solos com potencial

biotecnológico e indicadores de impacto ambiental” (Proc. no 2010/51316-0)

que tem como coordenadora a Profa. Dra. Eliana G. M. Lemos, propôs

estudos através de técnicas moleculares, como a metagenômica, a

determinação da diversidade bacteriana presente em amostras de solo e

água coletadas na área da mineradora e do seu entorno do Centro de

Biodiversidade (CEBIO) da empresa VALE/SA; além disso também é objetivo

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desse projeto prospectar e isolar genes codificadores de enzimas envolvidas

em processos de biorremediação ou com aplicação biotecnológica.

No subprojeto “Prospecção de genes envolvidos na biorremediação

em DNA metagenômico de amostras de água da Cava de mineração e lagoa

de dejetos de uma região mineradora desativada” (Proc. n° 2014/07592-3),

amostras da água da Lagoa de dejetos e da Cava de mineração foram

coletadas de uma região utilizada para extração de minério no Centro de

Biodiversidade (CEBIO) da empresa VALE/SA. As amostras foram utilizadas

para o isolamento de bactérias por métodos tradicionais de cultivo e realizado

testes bioquímicos para a avaliação da produção de enzimas de interesse

biotecnológico, a identificação taxonômica dos isolados foi realizada através

do sequenciamento parcial do gene rRNA e a capacidade metabólica do

ecossistema foi avaliada pela técnica da Biolog Ecoplate, mostrando que os

microrganismos presentes na Lagoa de dejetos e na água da Cava de

mineração possuem um excelente desempenho quanto a degradação de

diferentes compostos. Recentemente realizou-se o sequenciamento do DNA

metagenomico da Região V4-V5 do Gene 16S rRNA para o estudo da

diversidade dos ambientes estudados.

Em outro subprojeto financiado pela FAPESP/VALE intitulado,

“Microbioma do solo em diferentes ambientes em áreas protegidas, com

remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado, analisado por metagenômica”

(Proc.n° 2014/14234-6) está se analisando a diversidade bacteriana nos

solos estudados, através do sequenciamento do gene 16S rRNA dos

ecossistemas Mata Floresta, Mata Eucalipto, Canga, Cerrado e Solo de

Capim da cidade de Sabará MG. Os filos Proteobacteria, Actinobacteria,

Acidobacteria, Bacterioidetes e Plantomycetes, encontrados nas amostras de

solos foram os mais abundantes resultantes das análises de diversidade e,

representam bem a microbiota característica para cada ecossistema,

comparados com outros trabalhos de diversidade (Youssef and Elshahed,

2009). Com a utilização da técnica metagenômica, utilizando o

sequenciamento total do DNA dos ecossistemas estudados foi possível

comprovar as análises de diversidade, apresentando os mesmos filos

presentes em ambas as técnicas. Um resultado interessante das análises de

diversidade (gene 16S rRNA) e Metagenoma total foi a verificação da

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similaridade dos microrganismos entre os ecossistemas, sendo Solo de

Capim sempre mais próximo a Canga, formando um grupo diferente aos

ecossistemas Mata Eucalipto, Mata Floresta e Cerrado. Através do

sequenciamento do Metagenoma total, da montagem e predição de ORFs

(Open Reading Frames) foi possível identificar mais de 2,8 milhões de ORFs.

Estes resultados foram organizados em um banco local que foi denominado

como Metagenoma Vale (MVDB) no Laboratório de Bioquímica de

Microrganimos e Planta (LBMP), contendo resultados da montagem,

anotação e filiação taxonômica. Com os resultados do banco local (MVDB)

também foi possível identificar ORFs para enzimas tais como Catalase,

Superóxido dismutase, Glutationa redutase, Glutationa-S-transferase e

Tiorredxoina, além de outros genes de interesse biotecnológico, para os

ecossistemas Mata Eucalipto, Mata Floresta, Canga, Cerrado e Solo de

Capim. Uma diversidade interessante de microrganismos que podem estar

envolvidos no processo de recuperação natural da flora e fauna local foram

identificados e isolados

O subprojeto “Prospecção de genes envolvidos na oxidação de ferro

em bibliotecas metagenômicas” (Proc FAPESP 2012/20022-6) cujo o objetivo

foi isolar microrganismos, caracterizar e avaliar uma aplicação em

bioacumulção e biorremoção de metais como cobre, cromo e níquel.

Adicionalmente foram realizadas análises de atividade metabólica e funcional

combinada com o objetivo de prospectar genes que conferem resistência a

cromo (crhA), cobre (copA, copB, cueO) e níquel (nixA). Dentre os isolados

obtidos, 11 deles apresentaram capacidade de crescer em metais, no

entanto, seis deles apresentaram resistência a quantidades elevadas de

metais (500 mg/L sendo que os isolados CP15 e CR11 apresentaram

potencial para aplicação em biorremoção e bioacumulação de metais. Na

caracterização a partir do sequenciamento parcial do gene 16S rRNA, foram

identificados gêneros como, Burkholderia, Serratia, Bacillus,

Stenotrophomonas e Arthrobacter, que apresentam potencial para

biorremediação de metais do solo e água (Wani and Ayoola, 2015; Malaviya

and Singh, 2014; Gadd, 2000b). Os resultados de análises de diversidade

metabólica, mostraram que os solos dos biomas existem microroganismos

aptos a degradação de fontes de carbono, importantes nos ciclos

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biogeoquímico e biorremediação. Nas análises de anotação do

metagenoma, os genes com maior número de ORFs foram encontrados nos

ecossistemas Canga e Floresta principalmente os envolvidos no processos

de resistência, influxo e efluxo de metais, como os genes de resistência a

cobre, Multicooper Oxidase ATPase, Multicopper ATPase Like, Cromium

Oxidase e Níquel Oxidase. Sendo assim os solos do quadrilátero ferrífero tem

bom potencial para biorremediação de metais tanto pela microbiota quanto

pelos genes funcionais.

O Laboratório de Bioquímica de Microrganismos e Plantas (LBMP) têm

outros trabalhos desenvolvidos abordando a utilização de microrganismos

para a remoção de metais pesados. O projeto intitulado “Potencial

biotecnológico de rizóbios como bioemulsificante e biossorvente de cobre e

cromo” estudou a ação dos íons Cu2+ e Cr6+ no crescimento celular e

produção de EPS de quatro isolados de rizóbios [Rhizobium sp. (SEMIA

4064); Sinorhizobium meliloti (LMG 6125); Sinorhizobium arboris (LMG

11892) e Rhizobium tropici (JAB6)]. Com relação aos resultados da análise

de Concentração Mínima Inibitória (CMI), além de avaliar o potencial de

células não-vivas de rizóbios como bissorventes dos íons Cu2+ e Cr6+, em

solução aquosa de células mortas (Teng et al., 2015). O projeto

“Exopolissacarídeos de rizóbios aplicados como biossorventes de metais

pesados” é outra alternativa para o processo de biorremediação de água

contaminada por metais pesados. Neste trabalho utilizou-se

exopolissacarídeos (EPSs) produzidos por rizóbios como biossorventes dos

íons Cu2+ e Cr6+, em solução aquosa. Para isso quatro isolados do gênero

Mesorhizobium foram estudados: LBMP-T01 (Mesorhizobium huakuii),

LBMP-T02 (Mesorhizobium ciceri); LBMB-T03 (Mesorhizobium

mediterraneum) e LBMP-T04 (Mesorhizobium tianshanense). O potencial de

remoção dos íons cobre e cromo demonstraram estar diretamente

relacionado à concentração dos íons presentes na solução.

2. DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS A SEREM ABORDADOS

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Devido a grande quantidade de lama contendo rejeitos de mineração

que desceu pelo rio Doce, a biodiversidade local foi afetada, assim com o uso

de técnicas de biologia molecular, através do sequenciamento da região do

gene 16S rRNA, será possível elaborar uma análise da diversidade

microbiana independente de técnicas tradicionais de cultivo, baseado no

estudo do conjunto de genomas do ambiente em estudo.

Em ambientes que sofreram uma ação antropogênica, técnicas para

avaliar o perfil metabólico microbiano, como o Biolog Ecoplate possibilitam

hoje analisar não só a atividade metabólica, mas também avaliar a sua

diversidade, sendo uma técnica rápida e barata.

Solos com a presença de diferentes metais exercem uma pressão

adaptativa para bactérias resistentes ao metal, através do isolamento dessas

bactérias, será possível selecionar microrganismos para biorremediação e

recuperação dos ambientes impactados.

Neste contexto, um trabalho como objetivo de avaliar a diversidade

microbiana, isolar microrganismos, caracterizar e formular uma aplicação em

bioacumulção e biorremoção de metais como cobre, crômio e níquel é de

fundamental importância para estudos de biorremediação.

3. OBJETIVOS

Esta proposta tem como objetivo geral avaliar a diversidade

microbiana nas áreas ao longo do rio Doce, após o rompimento de uma

barragem de rejeito de mineração. Neste contexto, os seguintes objetivos

específicos são definidos

! Isolar culturas bacterianas das amostras de água e solo coletadas ao

longo do rio Doce;

! Isolar o DNA Metagenômico dos solos e águas residuais de áreas

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coletadas pelo GIAIA;

! Avaliar a população bacteriana das áreas estudadas através de

sequenciamento em larga escala da região V4/V5 do gene 16S rRNA;

! Avaliar o perfil metabólico microbiano através do uso da ferramenta

Biolog Ecoplate;

! Prospectar genes codificadores de enzimas importantes em estudos

ambientais (biorremediação) e em diversos setores da indústria

biotecnológica e comparar os dados obtidos com aqueles observados

nos estudos proteômicos.

! Análise por meio de ferramentas de bioinformática das sequências de

DNA obtidas;

! Organizar todas as informações em um banco local para a realização

de outros trabalhos de pesquisa.

4. PLANO DE TRABALHO 4.1. Área de Estudo

Com o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração de

mineradora em Mariana – MG, um desastre ecológico devastou a cidade de

Mariana pela inundação de cerca de 55 milhões de metros cúbicos de lama,

onde essa lama desceu pelo rio Doce causando um desastre e matando toda

flora e fauna ao arredores do rio. Essa lama percorreu cerca de 500 km até

chegar ao mar, impedindo que várias cidades que usufruía da coleta de água

do rio fosse usado para abastecimento populacional.

Um grupo denominado GIAIA (http://giaia.eco.br) reuniu diversos

pesquisadores para elaborar um relatório dos problemas causados pelo

desastre, e assim coletas foram realizadas em determinados pontos da

barreira de Bento Gonçalves, do rio Doce até sua chegada ao mar.

4.2. Análise de diversidade bacteriana

A partir de estudos metagenômicos, é possível analisar a diversidade

de comunidades bacterianas de solos de mineração e de águas

residuárias com potencial biotecnológico e indicadores de impacto

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ambiental e relacionar com a dinâmica dos ciclos biogeoquímicos. As

amostras de solo e água serão coletadas na área da mineradora, e será

feita extração de DNA Metagenômico de cada ponto coletado. Após esta

etapa bibliotecas com amplicons do gene 16S rRNA compreendendo as

regiões V4/V5 (Quince et al., 2011) serão construídas e sequenciadas.

Dessa forma pretende-se avaliar a diversidade microbiana destas áreas

por meio de técnicas de biologia molecular, além de compreender como

estas comunidades respondem aos diversos fatores ambientais em

diversos biomas, buscando assim não apenas entender a α diversidade

mais também a β diversidade.

4.3. Perfil Metabólico Microbiano

Devido a grande diversidade encontrada no solo e sua

microbiologia interagindo entre si, sendo responsáveis pela manutenção das

relações ecológica e da ciclagem de nutrientes, muito tem se investido na

utilização de microrganismos para aplicação biotecnológica bem como na

manutenção de ambientes e até mesmo na redução de compostos tóxicos

liberados, sendo assim os métodos biológicos surgem como uma alternativa

aos métodos convencionais sendo possível aproveitar a diversidade

microbiana e as interações desta comunidade, assim o Biolog® Ecoplate,

uma técnica que permite analisar a avaliação metabólica, diversidade e perfil

de atividade da comunidade microbiana em amostras de ecossistemas

ambientais, refletindo o estado da sua atividade pela utilização de diversas

fontes de carbono. Sendo esta, considerado como uma tecnologia que vem

complementar, através de propriedades biológicas, permitindo a

caracterização rápida do estado ecológico de amostras ambientais, como

solos ou água, avaliando assim o potencial de sua aplicação dos

microrganismos no processo de biorremediação.

4.4. Isolamento e caracterização de culturas bacterianas Para as amostras coletadas será realizado isolamento de

microrganismos visando a busca de isolados com potencial para

biorremediação de metais.

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Com o objetivo de selecionar microrganismos que apresentassem

resistência a metais como cobre (Cu2+), cromo (Cr6+) e níquel (Ni+2) será

realizado um screening dos isolados. Os isolados que apresentarem colônias

após 48 h serão considerados positivos. Os dados serão plotados em tabelas

sendo positivo para presença de colônia e negativo para ausência.

4.5. Biorremoção e Biossorção de Metais Serão realizadas análises de biorremoção e biossorção, com os isolados

selecionados como resistente a maior concentração de metal dos testes de

concentrações mínima inibitória, sendo acrescidos em meio PGE

suplementado com metais por uma concentração inicial de Cu2+ , Cr6+ e Ni 2+

de 500 mg L-1. Os íons residuais de Cu2+ , Cr6+ e Ni 2+ no sobrenadante será

medido por um espectrofotômetro de absorção atômica-AAS. Testes

estatísticos serão aplicados para os valores das análises de biossorção e

biorremoção de metais.

5. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO

Pretende-se desenvolver o projeto segundo o cronograma abaixo, que

foi elaborado para um período de 12 meses.

ETAPAS 2016 2017 A M J J A S O N D J F M

Estudos das amostras de solo e água X X

Processamento das amostras X X X

Sequenciamento das amostras X X X X Análise dos dados do

sequenciamento das amostras X X X X X X X

Elaboração de artigos X X X

Elaboração do relatório X X X

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6. MATERIAL E MÉTODOS 6.1. Áreas de estudo As amostras para a obtenção do DNA Metagenômico para estudo da

comunidade bacteriana e isolamento de genes de interesse biotecnológico

serão coletadas na área do Rio Doce e do seu entorno. Dez pontos foram

amostrados e coletados nos locais definidos de acordo com o grupo GIAIA,

figura 1.

Figura 1: Mapa representando o rio Doce e dos pontos sugeridos para coleta de amostras. Fonte: Mapa cedido pelo grupo GIAIA (http://giaia.eco.br).

Solos:

As amostragens serão realizadas em quadruplicata com auxílio de

trado de 10 polegadas de diâmetro e 20 centímetros de comprimento, o qual

será esterilizado para o início das coletas nos diferentes solos. Para cada

réplica de solo, serão realizadas 4 extrações de 0-20 cm.

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Amostras de água do rio Doce:

Um ponto da região do rio Doce já foi coletado antes da passagem das

águas oriundas do rompimento da barragem de Fundão.

Outras amostras de água do rio Doce serão coletadas no local e de

cursos de água do rio. O número de locais a serem amostrados serão

definidos de acordo com a área em estudo. A coleta será realizada em

recipientes previamente esterilizados de 2L. As amostras serão retiradas de 5

diferentes pontos equidistantes entre si com profundidade de até 20 cm

abaixo da superfície (Gadanho et al., 2006). As amostras serão filtradas e o

resíduo utilizado para a extração de DNA Metagenômico.

6.2. Perfil de utilização de substrato em comunidades microbianas Biolog - Ecoplate®.

Alíquotas de 2,5g de solo ou amostras de água coletados serão

misturadas e posteriormente será adicionada a 190 ml de solução salina

0,85%, colocado em agitador orbital por 30 min, 200rpm 30°C.

Posteriormente será realizado uma diluição seriada e 120µl da diluição 10-3

serão adicionados às microplacas BIOLOG Ecoplates® (Biolog Inc. Harward,

California) . Para cada amostra será utilizada uma microplaca Biolog

contendo 31 fontes de carbono em triplicata, e 1 cavidade sem nenhuma

fonte de carbono, (controle negativo), além de corante indicador tetrazólio

violeta. As placas serão incubadas a 28°C por 48 horas. O crescimento

microbiano, avaliado pelo aumento da absorbância, será determinado por

espectrofotometria a 590 nm, em leitor de ELISA, por cinco dias. A

capacidade de utilizar uma fonte de C será determinada conforme Ibekwe

and Kennedy (1998), pela equação: WE = 100 (WA - W0)/W0, em que:

WE é o índice de desenvolvimento da cor, WA é a absorbância de cada

cavidade, e W0 é a absorbância do branco. A condição para que a reação

seja positiva é a de que WE seja superior a 100. Os valores normalizados

segundo a fórmula descrita, serão plotados em um gráfico Heatmap para

correlacionar as amostras e a degradação de fonte de carbono.

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6.3. Extração do DNA metagenômico e amplificação do gene 16S rRNA

A extração do DNA total da comunidade microbiana presente no solo e

na água será realizada utilizando o FastDNA® SPIN Kit for Soil (BIO 101-

Quantum Biotechnologies), seguindo as instruções do fabricante. O DNA

metagenômico será usado na amplificação, por PCR, a região V4/V5 do gene

16S rRNA (Quince et al., 2011). Na reação serão utilizados os

oligonucleotídeos iniciadores com os adaptadores para tecnologia ION

(http://www.earthmicrobiome.org/emp-standard-protocols/16s/) e as

condições acrescidas de modificações: Tampão PCR 1X [20 mM Tris-HCl

(pH 8,4 ), 50mM KCl], 200 µM de cada dntp, 2 mM de MgCl2, 1,25 U de Taq

Polimerase, 5 pmols de cada iniciador, 35 ng de DNA metagenômico e água

ultra pura completando o volume final de 50 µL na reação. O programa de

amplificação da reação consistirá de um passo a 94ºC por 2 min, 35 ciclos a

94°C por 30 seg, 55°C por 50 seg, 72°C por 2 min e 72°C por 5 min. As

bibliotecas para os amplicosn 16S rRNA serão preparados usando o Prepare

Amplicon Library without Fragmentation (Life technologies, USA) seguindo as

recomendações do fabricante. O sequenciamento será realizado em Ion

Torrent technology (Ion Torrent PGM Sequencer; Life Technologies,USA).

6.4. Análise de dados e Classificação taxonômica por 16S rRNA As leituras brutas geradas pelo sequenciamento serão aparadas da

presença de adaptadores, barcodes e primers usando os programas Scythe

0.991 (https://github.com/vsbuffalo/scythe) e Cutadapt 1.7.1 (Martin, 2011).

Segmentos de sequências contaminantes e regiões de baixa qualidade serão

removidos com o programa Prinseq (http://prinseq.sourceforge.net). Os

dados filtrados serão analisados com o programa Mothur v.1.35.0. O

alinhamento das sequências será realizado contra o banco de dados SILVA

rRNA database Project (Quast et al., 2013) e a matriz de distâncias será

construída usando a opção de penalidade one gap. A afiliação das

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sequências será realizada usando o banco de dados Ribosomal Database

Project (RDP II) (Cole, 2004) para as distâncias de 80% (Filo), 95% (gênero)

e 97% (espécie) de similaridade entre as sequências (Upchurch et al., 2008).

Também serão realizadas análises (97% de similaridade) de dissimilaridade

do índice Jaccard/Thetayc, diagrama de Venn, libishuff, Unifrac com média

ponderada, Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), Análise

de Componentes Principais (PCoA) e Amova aplicando-se Mothur.

6.5. Isolamento e caracterização de culturas bacterianasPara as amostras coletadas será realizada isolamento de

microrganismos visando a busca de isolados com potencial para

biorremediação de metais. Alíquotas de 2,5g de solo e água dos pontos

coletados, serão adicionadas à 190 mL de solução salina 0,85 % e colocando

em agitador orbital por 30 min, 200 xg 30 °C. Posteriormente serão

realizadas diluições seriadas até 10-4. Da diluição 10-3serão transferido 100

µL para placas de petri contendo meio sólido PGE com ciclohexamida. Após

24 h, colônias com aparência morfológica diferente serão coletadas e

adicionadas em PGE líquido. Após o mesmo tempo, de 24 h de

desenvolvimento, colônias serão coletadas e adicionadas em tubos SIGMA

contendo 5mL de meio PGE e colocadas em agitador orbital por 24 h, 200

rpm 30 °C. Posteriormente 100 µL desta cultura serão adicionados em placas

para avaliar pureza e a seguir feito solução estoque destas amostras.

Com o objetivo de selecionar microrganismos que apresentassem

resistência a metais como cobre (Cu2+), cromo (Cr6+) e níquel (Ni+2) será

realizado um screening dos isolados. Todos os isolados serão incialmente

acrescidos em 5ml de meio PGE em tubos tipo sigmaware (Sigma CAT Nº

5916) por 48 h a 28°C, posteriormente 100 µL será adicionado em 5 mL de

meio PGE suplementado com os metais a 50mg L-1 e após 48 h de cultivo

serão feitas leituras em espectrofotômetro Eppendorf (DO600nm).

Posteriormente os isolados que apresentaram DO600nm entre 0,6 e 1 serão

adicionados 10 µL em placas de petri contento meio PGE com cobre, crômio

e níquel em uma concentração de 50 mg L-1, Os isolados que apresentarem

colônias após 48 h serão considerados positivos. Os dados serão plotados

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em tabelas sendo positivo para presença de colônia e negativo para

ausência.

6.6. Biorremoção e Biossorção de Metais

Para os ensaios de biorremoção, os isolados selecionados como

resistente a maior concentração de metal dos testes de concentrações

mínima inibitória, 500 mg L-1 serão acrescidos em meio PGE suplementado

com metais por uma concentração inicial de Cu2+ , Cr6+ e Ni 2+ de 500 mg L-1.

Após 48 h, 96 h, 144 h e 192 h de cultivo as amostras serão centrifugadas a

12.000 xg, e as células serão lavadas e submetidas a digestão

nitroperclórica, diluindo a digestão em 5x. Os íons residuais de Cu2+ , Cr6+ e

Ni 2+ no sobrenadante será medido por um espectrofotômetro de absorção

atômica-AAS, após centrifugação a 10.000 xg durante 10 min.

Análises de biossorção será constituídas por uma concentração inicial de

Cu2+ , Cr6+ e Ni 2+ de 500 mg L-1 com concentrações de células que variaram

0,1 g L-1 de peso seco. O pH será ajustado para 5,0 para Cu2+, 4,0 para Cr6+e

5,0 para Ni2+, as amostras serão agitadas a 150 × g a 28 °C por 48 h, 96 h,

144 h e 192 h (Lasheen et al., 2012; Xia et al., 2013). Os íons residuais de

Cu, Cr e Ni no sobrenadante, serão medidos por um espectrofotômetro de

absorção atômica-AAS, após centrifugação a 10.000 × g durante 10 min. Os

valores da capacidade de biossorção e taxa de remoção de Cu2+,Cr6+ e Ni2+

serão avaliados da seguinte forma (Chen et al., 2014).

𝑞𝑒 = 𝐶0 − 𝐶𝑒

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑚𝑜çã𝑜 % =𝐶0 − 𝐶𝑒 ∗ 100

𝐶0

Onde qe é a capacidade de adsorção dos metais de Cu2+ e Cr6+

concentração no biossorvente (mg do metal g-1 de peso seco de

biossorvente); C0 é a concentração inicial de íon metálico (mg L-1), Ce é a

concentração residual do metal na solução em equilíbrio com o biossorvente

(mg L-1).

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