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AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE DE EXTRATOS DA PLANTA

Baccharis coridifolia

Felipe David ALVES1, Suzane RECALCATI2, Carlos Arthur LEIMANN JÚNIOR2, Mário Lettieri TEIXEIRA3 1Discente Curso de Medicina Veterinária IFC-Campus Concórdia; 2Bolsista IFC; 3Orientador IFC-Campus Concórdia.

Introdução

Muitos fatores comprometem a saúde animal e, quando se fala em produtividade, o

envenenamento por plantas tóxicas representa um dos fatores que causa maiores prejuízos,

tanto em fatores econômicos quanto em relação ao bem-estar do animal, e essa situação só

piora quando os efeitos e o real impacto da toxina não são esclarecidos e compreendidos.

Baccharis coridifolia, popularmente conhecida como mio-mio é uma planta que se enquadra

neste perfil, pouco estudada e muito perigosa, é encontrada facilmente na região do Alto

Uruguai Catarinense, e pode levar a óbito um bovino em pouco tempo caso seja ingerida 0,25

g por kg de peso do animal (Rissi et al., 2005).

Na região de estudo, em torno de 90% das propriedades são de subsistência familiar, o

que implica em uma grande importância deste segmento para o equilíbrio socioeconômico da

sociedade local. A redução da produção leiteira e na de carne por falta de um manejo

adequado aos poucos irá comprometer a sustentabilidade da propriedade rural. Desta forma, a

ausência de informações sobre a presença de plantas tóxicas no local de pastoreio, pode

acarretar na diminuição da produção leiteira e em casos mais graves a redução do número de

animais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar, de forma preliminar, as propriedades

citotóxicas dos extratos brutos de folhas (EBF) e de caule (EBC) de B. coridifolia.

Material e Métodos

Exemplares de B. coridifolia foram recolhidos da mata da região, sendo realizada a

identificação botânica por meio de excicata. Os extratos foram preparados à base de folhas e

caule. O extrato bruto das folhas (EBF) foi preparado a partir de 200 g de folhas com 1000

mL de água acidificada (pH 5,0) e foi submetido ao processo de extração por maceração no

período de 3 dias. Já, o extrato bruto do caule (EBC) foi preparado com 200 g de cpeuqenos

pedaços de caule e 1000 mL de água acidificada (pH 5,0), e procedido da mesma forma que o

extrato de folhas. A avaliação da citotoxicidade foi mensurada pela capacidade de lisar

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eritrócitos bovinos. A dosagem de hemoglobina livre foi realizada submetendo uma

suspensão de hemácias a 2% a diferentes concentrações dos extratos de B. coridifolia (1/1, ½,

¼, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128, 1/256, 1/512), por um período de 5 minutos de incubação em

temperatura ambiente. Após esse período, foi verificada a formação de um botão no fundo de

cada tubo e, logo em seguida foi feita a mensuração da fração de hemoglobina livre

(Hemoglobina – Labtest, Minas Gerais, Brasil). Como controle negativo foi utilizado solução

fisiológica (NaCl 0,9%) e como controle positivo solução de KCN 0,01%. Este teste foi

realizado em triplicata, da mesma forma, que o teste de dosagem de hemoglobina, o

sobrenadante foi utilizado para a dosagem de alanina transaminase. Ao sobrenadante foi

adicionado 1 mL do reagente de trabalho do kit Labtest (Minas Gerais, Brasil) e realizada a

leitura da absorbância (A) de cada tubo em 340 nm durante o intervalo de 1 minuto. A

concentração de alanina transaminase (ALT) foi calculada de acordo com a equação (ALT

(U/L) = [Ateste x 1746). Como controle negativo foi utilizado solução fisiológica (NaCl 0,9%)

e como controle positivo sangue hemolisado de bovino a 1% sendo o teste realizado em

triplicata. A análise dos dados dos prontuários foi feita pelo software estatístico Stats D+

(versão 1.0) por análise estatística descritiva.

Resultados e discussão

A atividade hemolítica dos extratos de B. coridifolia foi determinada pela percentagem

de lise de eritrócitos. De acordo com este estudo, houve lise celular a partir da concentração

1/64 do EBF e 1/32 para o EBC para extratos em pH 5,0, já para os extratos em pH 10,0 a lise

celular ocorreu a partir da concentração 1/128 do EBF e 1/64 para o EBC (Figura 1). As

células tratadas com as diferentes concentrações dos extratos de B. coridifolia resultaram no

aumento dos níveis de liberação de ALT.

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Figura 1. Avaliação da citotoxicidade dos extratos brutos de folhas (EBF) e de caule (EBC)

de Baccharis coridifolia em relação à percentagem de eritrócitos lisados de acordo com a

quantificação de alanina transaminase livre. █ Extrato Bruto de Folhas de Baccharis

coridifolia. █ Extrato Bruto de Caule de Baccharis coridifolia.

A perda da integridade da membrana celular está intimamente relacionada com a

concentração dos extratos (EBF e EBC). A análise preliminar da citotoxicidade dos extratos

brutos de B.coridifolia foi investigada em eritrócitos de bovinos. As células tratadas com os

EBF e EBC mostraram resultados semelhantes neste estudo, em que a extensão do dano

celular foi proporcional a concentração dos respectivos extratos. Desta forma, a viabilidade

celular diminui progressivamente com o aumento da concentração dos extratos. Diferentes

níveis de citotoxicidade podem ser relacionados com os parâmetros bioquímicos das células

envolvidas, como a composição da membrana do plasma e a atividade metabólica, do tempo

de exposição ao agente tóxico, e também o ensaio de toxicidade usado (Papo e Shai, 2005).

Um dos indicadores de morte celular é a liberação de conteúdos intracelulares para o meio

extracelular, e a quantificação da ALT no sobrenadante do meio de cultura de células, indica

lesão da membrana celular e consequente morte celular (Vierstra, 1996). O ensaio de ALT

indica, portanto, a perda de integridade da membrana plasmática das células tratadas.

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Conclusão

Ao término desta pesquisa, constatou-se que os EBF e EBC da B. coridifolia

apresentam um potencial efeito citotóxico. A ingestão desta planta por animais pode oferecer

riscos à saúde dos mesmos de acordo com este estudo de avaliação preliminar de

citotoxicidade. As perspectivas deste trabalho remetem a identificação e caracterização físico-

química deste(s) composto(s) presentes nas folhas e caule da planta B. curassavica. Portanto,

mais estudos devem ser realizados a fim de compreender a complexidade do mecanismo de

ação, bem como a relação estrutura-atividade dos compostos ativos presentes nos extratos.

Estes estudos devem envolver a caracterização molecular e a interação dos compostos

químicos presentes nos extratos com os receptores de membrana celular.

.

Referências

PAPO, N.; SHAI, Y. Host defense peptides as new weapons in cancer treatment. Cellular

and Molecular Life Sciences, v. 62, p. 784-790, 2005.

RISSI, D. R.; RECH, R. R.; FIGHERA, R. A.; CAGNINI, D. Q.; KOMMERS, G. D.;

BARROS, C. S. L. Spontaneous Baccharis coridifolia poisoning in cattle. Pesquisa

Veterinária Brasileira, v. 25, n. 2, p. 111-114, 2005.

VIERSTRA, R. D. Proteolysis in plants: mechanisms and functions. Plant Molecular

Biology, v. 32, p. 275-302, 1996.