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Giane Xavier Oliveira da Silva Avaliação da Biodegradabilidade de Microssementes por Implantes Cerebrais em Coelhos Belo Horizonte 2006 Engenharia Nuclear Universidade Federal de Minas Gerais

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Giane Xavier Oliveira da Silva

Avaliação da Biodegradabilidade de Microssementes por Implantes Cerebrais em Coelhos

Belo Horizonte 2006

Engenharia Nuclear Universidade Federal de Minas Gerais

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Avaliação da Biodegradabilidade de Microssementes por Implantes Cerebrais em Coelhos

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares. Orientador: Prof. Dr. Tarcísio Passos Ribeiro Campos

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG 2006

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Curso de Pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares

Dissertação intitulada “Avaliação da Biodegradabilidade de Microssementes por Implantes Cerebrais em Coelhos”, de autoria da mestranda Giane Xavier Oliveira da Silva, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:

_______________________________________________________________________ Prof. Dr. Tarcísio Passos Ribeiro Campos – Escola de Engenharia/UFMG – Orientador

________________________________________________________________ Profa. Dra. Patrícia Lima Falcão Valença

________________________________________________________________ Prof. Dr. Wanderley dos Santos Roberto – CEFET/MG

________________________________________________________________ Prof. Dr. Sávio Lana Siqueira- Faculdade de Ciências Médicas

Belo Horizonte, 9 de Maio de 2006.

DEDICATÓRIA

A Deus pela força me concedida. Especialmente o meu esposo Guilherme que sempre

esteve presente para ajudar a trilhar o caminho da minha vida.

AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

A DEUS, pela vida, força e garra para concluir este trabalho.

Ao Guilherme , meu esposo, pelo incentivo, compreensão e apoio impar na minha jornada.

À Prof. Dr. Tarcísio Passos Ribeiro de Campos , pela dedicação e ensinamentos

transmitidos neste trabalho o qual me orientou.

À minha amiga Janine, pelo apoio, amizade e incentivo constantes.

Aos meus pais e minhas irmãs, pela colaboração e presença.

Ao Dr. Sávio Lana Siqueira, pela dedicação e paciência.

Ao Dr. Marcelo B. Maciel, pelo apoio e incentivo.

Às minhas companheiras e incentivadoras, Margareth e Larissa.

Aos professores que no decorrer do curso nos ensinaram e transmitiram todas as experiências

vividas, sempre serei grata.

Aos colegas da Engenharia Nuclear, pela convivência e ao colega João Paulo, pelo apoio e

dedicação.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste trabalho,

agradeço verdadeiramente.

RREESSUUMMOO

Este estudo teve como objetivo analisar o processo de biodegradabilidade de sementes

bioativas em cérebro de coelhos. Estas sementes foram desenvolvidas pelos departamentos da

Engenharia Nuclear e da Metalurgia da UFMG, onde foram preparadas via rota sol-gel

contendo Samário-153 não ativado. Como outros objetivos da pesquisa incluímos a

elaboração de um protocolo de implante, bem como o monitoramento por tomografia

computadorizada. Foi também realizada uma estimativa da atividade das sementes contendo

samário-153 em fluxo de nêutrons por ativação neutrônica. Estas sementes foram

remodeladas antes do implante, tornando-se praticamente a metade do tamanho das

inicialmente produzidas. A etapa posterior à remodelagem das sementes foi a elaboração de

um protocolo de procedimento cirúrgico no cérebro de 4 coelhos fêmeas Nova Zelândia, com

peso médio de 4kg. Os coelhos, após serem contidos e anestesiados, sofreram duas

trepanações com broca ortodôntica na região parietal direita da calota craniana, de modo a

permitir o acesso das agulhas hipodérmicas contendo as microssementes (total=6), para a

efetivação dos implantes. Continuamos a proceder com as etapas subseqüentes, consistindo de

tomografias computadorizadas realizadas aos 30º. e 90º. dias após o implante. Foi também

realizada uma necropsia em um dos coelhos, utilizando-se microscópio para visibilizar as

microssementes e analisar a degradação das mesmas. Em geral não foram observadas

alterações nos aspectos de atividades diárias dos animais, nenhuma alteração de

comportamento (agressividade, por exemplo), mudanças em hábitos alimentares, bem como

nas fezes ou na urina após o implante, tornando o procedimento cirúrgico efetivo. As

tomografias computadorizadas, tanto ao 30° dia quanto ao 90º dia após o implante das

microssementes permitiram visibilizar as microssementes em situação intra-cerebral,

permitindo também localizar as perfurações realizadas na calota craniana.

Em relação à análise da estimativa da atividade das microsementes, pôde -se verificar que o

Sm-153 poderá ser ativado com uma atividade aproximada de 2,5mCi, compatível com as

sementes de Iodo-125, que estão em torno de 1 a 4mCi. Os demais compostos presentes na

fabricação da microsemente não foram considerados contaminantes, já que possuíam

atividades desprezíveis. Por emitir radiação beta e radiação gama de alta energia, bem como

pela meia-vida curta, a eficácia do Samário-153 na braquiterapia intersticial permanente está

comprovada. Com os estudos da biodegradabilidade das microsementes contendo Samário-

153 não ativado implantadas no cérebro de coelhos foi possível estabelecer um protocolo

piloto para implantes com essas microsementes. A biodegradabilidade foi detectada não só na

tomografia computadorizada, pela diminuição da densidade verificada pelo aspecto cor (mais

escuro - menos escuro), como também pela necropsia, onde as microssementes foram

localizadas e constatou-se que seu tamanho e seu aspecto avermelhado indicavam absorção e

interligação entre material-tecido. Estudos posteriores em relação à biodegradabilidade das

microsementes bioativas devem ser realizados, já que, após o 90º dias subseqüente ao

implante, ainda não se pode definir o momento de total degradação dessas microsementes.

Palavras chave: braquiterapia, sementes biodegradáveis, tomografia computadorizada,

implante cerebral.

AABBSSTTRRAACCTT

The present research is aimed at analyzing the process of biodegradability of bioactive seeds

implanted in the brains of rabbits. These seeds were developed conjointly by the departments

of Nuclear Engineering and Metallurgy of the Federal University of Minas Gerais, where the

seeds, containing non-activated Samarium-153, were prepared via sol-gel route. Other

objectives of this study were the elaboration of an implant protocol, as well as monitoring of

the implants by tomography. An estimate of the activity of the seeds containing Samarium-

153 neutron-activated was obtained. These seeds were remodeled prior to the implant,

becoming actually half the size of the seeds initially produced. Forwarding the remodeling of

the seeds, a protocol for the surgical procedure in the brains of the 4 female rabbits was

elaborated. The rabbits were immobilized and anesthetized, allowing the trephination

necessary for the implant of the six micro seeds, realized with a hypodermic needle. After the

30th and 90th days following the procedure, computerized tomography was used to monitor

the implants. One of the rabbits died and was submitted to a necropsy, when there was the

chance to observe the seeds and analyze its decay, through microscope. In general, the rabbits

had no adverse changes in appetite or performance, thus characterizing the implant as

effective. The computerized tomographies taken on the 30th and 90th days after the implant

allowed the visibility of the seeds while inside the brain.

As for an estimate of the activity of the micro seeds, it was verified that Samarium-153 will

be activated under an activity of approximately 2,5mCi, compatible with the range of activity

used to activate seeds containing Iodine-125, which needs at about 1 to 4mCi. The rest of the

components of the seeds were considered non-contaminants due to an inexpressive rate of

activity. Samarium-153 emits high energy beta and gamma radiation, and presents short half-

life, hence its efficacy in permanent interstitial brachiterapy. From the biodegradability

studies of the micro seeds containing non-activated Samarium-153, it was possible to

establish a pilot protocol for implants employing the micro seeds. The decay was detected not

only by the density observable in the computerized tomography, but also in the necropsy of

one of the rabbits, when the micro seeds were located and their size and reddish aspect

indicated absorption and the blend between the material and the tissue. Ulterior studies

investigating the biodegrability of the seeds must be carried out, once it was still not possible,

after the 90th day after the implant, to verify the exact moment of the end of the decay of the

material.

Key words : brachiterapy, biodegradable seeds, computerized tomography, brain implant.

LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAÇÇÕÕEESS

Figura 1 - Processos de desenvolvimento da carcinogênese ................................................... 21

Figura 2 - Sulcos e circunvoluções do encéfalo. ...................................................................... 36

Figura 3 - Lóbulos do Encéfalo................................................................................................ 37

Figura 4 - Substâncias cinzenta e branca distribuída no cérebro. ........................................... 38

Figura 5 - Áreas Funcionais do SNC....................................................................................... 39

Figura 6 – Sementes metálicas de Iodo-125 ........................................................................... 42

Figura 7 – Demonstração da perfuração craniana para introdução de sementes .................... 43

Figura 8 - Decaimento do Radioisótopo I-125 e seu nível de energia..................................... 51

Figura 9 - Ilustração do Decaimento do Sm-153 e seus níveis energéticos............................. 52

Figura 10 - Cobaias utilizadas na experiência......................................................................... 63

Figura 11 - Agulha hipodérmica utilizada para o implante..................................................... 64

Figura 12 - Vistas do molde de teflon fabricado para remodelagem da semente.................... 67

Figura 13 – Fotografia comparativa das sementes de braquiterapia, por microscópio .......... 68

Figura 14 – Limpeza e raspagem da área da incisão................................................................ 72

Figura 15 - Incisão na calota craniana do coelho..................................................................... 72

Figura 16 - Perfuração da calota craniana com broca.......... .................................................... 73

Figura 17 - Introdução das microssementes biodegradáveis na região cerebral...................... 73

Figura 18 - Finalização do procedimento cirúrgico................................................................. 74

Figura 19 - CT do cérebro da cobaia 1, após o 30º. dia de implantação da semente

biodegradável........................................................................................................................... 75

Figura 20 - Tomografia computadorizada do coelho 2, com visibilização de 5 sementes das 6

implantadas após o 30º. dia de implante.................................................................................. 76

Figura 21 - Tomografia Computadorizada do coelho 3, mostrando 6 microssementes no 30º.

dia de implante......................................................................................................................... 77

Figura 22 - Tomografia Computadorizada do coelho 4 com visibilização de 6 microssementes

no 30º. dia. .............................................................................................................................. 78

Figura 23: Secções dos cortes do cérebro do coelho 4 na tomografia computadorizada......... 79

Figura 24 - Tomografia Computadorizada do coelho 2, 90º. dia após o implante.................. 80

Figura 25 - Cortes do cérebro do coelho 2............................................................................... 81

Figura 26 Tomografia Computadorizada do coelho 3, no 90º. dia após o implante das

microssementes........................................................................................................................ 82

Figura 27 - Secções do cérebro na tomografia computadorizada do coelho 3............ ............. 83

Figura 28 - Tomografia Computadorizada do coelho 4, 90° dia após o implante................... 84

Figura 29 - Secções do cérebro na tomografia computadorizada do coelho 4......................... 85

Figura 30 - Necropsia do coelho 1, com visibilização do cérebro e região do implante das

microssementes........................................................................................................................ 86

Figura 31: Cérebro do coelho 1, visibilizando a perfuração da calota craniana interiormente 87

Figura 32: Análise visual das sementes antes e ao 120° dia do implante realizado na cobaia

1.......................................................................................................................................... ...... 88

Figura 33: Visibilização com microscópio eletrônico das microssementes retiradas após

necropsia.................................................................................................................................. 88

LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS

Tabela 1-Classificação dos tumores do sistema nervoso central-tumores gliais.................... 26 Tabela 2-Classificação histológica do tumor cerebral.............................................................30

Tabela 3-Estadiamento T para tumores do sistema nervoso central da criança.......................35

Tabela 4-Subdivisão dos implantes intersticiais...................................................................... 41

Tabela 5-Quadro comparativo das características dos implantes intersticiais........................ 44

Tabela 6-Decaimento do Iodo-125.......................................................................................... 50

Tabela 7-Decaimento do Samário-153.................................................................................... 53

Tabela 8 - Dados nucleares dos principais nuclídeos presentes na semente radioativa........... 62

Tabela 9 - Atividade 24, 48, 72 e 120 hr dos elementos que sintetizam as amostras analisadas

na ativação neutrônica ................. ............................................................................................ 70

LLIISSTTAA DDEE SSIIGGLLAASS EE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CT tomografia computadorizada

EDTMP ácido etilenodiaminotetrametilenfosfônico GM -A glioblastoma multiforme-astrocitoma HDRB braquiterapia de alta taxa de dose

ICRU Comissão Internacional para Medidas e Unidades de Radiação

IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares LDRB braquiterapia de baixa taxa de dose NRI Núcleo de Radiações Ionizantes PCTN Programa de pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares

PET tomografia por emissão de prótons SNC Sistema Nervoso Central

TAF fator de angiogênese tumoral

TEOS tetraetilortosilicato

SSUU MM ÁÁ RR IIOO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 18

2.1 Etiologia, classificação e estadiamento do câncer.......................................... 18

2.2 Câncer cerebral: classificações e características............................................ 24

2.3 Descrição anatômica e funcional do cérebro.................................................. 35

2.4 Tratamento braquiterápico............................................................................. 39

2.4.1 Definições e Princípios................................................................................... 39

2.4.2 Subdivisão da Braquiterapia ........................................................................... 41

2.5 Normas para Implantes Intersticiais................................................................ 46

2.6 A Braquiterapia e o Cérebro............................................................................ 46

2.7 Radioisótopos empregados em Sementes de Braquiterapia............................. 49

2.8 O Processo sol-gel............................................................................................ 55

2.9 Vidros Bioativos.............................................................................................. 57

3 OBJETIVOS.................................................................................................... 59

4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 60

4.1 Etapa I: Fabricação e Remodelagem das Sementes......................................... 60

4.2 Etapa II: Estimação da atividade de microssementes contendo samário em função do fluxo de nêutrons por ativação Neutrônica......................................

61

4.3 Etapa III: Procedimento Cirúrgico................................................................... 62

4.4 Etapa IV: Acompanhamento por imagem de tomografia computadorizada (CT)..................................................................................................................

65

4.5 Etapa V: Acompanhamento e Estudo da Degradação...................................... 66

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................... 67

5.1 Fabricação e Remodelagem das Sementes....................................................... 67

5.2 Estimativa da atividade de microssementes contendo Samário-153 em função do fluxo por Ativação Neutrônica.........................................................

69

5.3 Procedimento cirúrgico.................................................................................... 71

5.4 Acompanhamento por imagem de tomografia computadorizada (CT)........... 75

5.5 Necropsia e estudo da degradação das microssementes do coelho 1................ 85

6 CONCLUSÕES................................................................................................ 89

7 ANEXO............................................................................................................ 90

8 REFERÊNCIAS................................................................................................ 91

1 INTRODUÇÃO

O câncer é definido, segundo Murad e Katz (1996), como um tumor que se infiltra

através das barreiras do tecido normal até as estruturas adjacentes, e se dissemina aos órgãos e

tecidos distantes (metástases), levando o paciente invariavelmente ao óbito.

As neoplasias malignas podem acometer qualquer órgão ou tecido, entretanto

alguns são mais freqüentes. Segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA, no Brasil o

câncer se constitui na terceira causa de morte, após as doenças cardiovasculares e os

acidentes. A principal causa da mortalidade por câncer são as metástases, ou disseminação da

doença para outros órgãos.

Segundo Murad e Katz, com base em casos de câncer diagnosticados

histologicamente no Brasil, a Campanha Nacional de Combate ao Câncer publicou, em 1982,

dados mostrando que os tumores do sistema nervoso central (SNC) correspondem a 1,1% de

todas as neoplasias, para o sexo masculino, e a 0,7% de todas as neoplasias para o sexo

feminino, para todas as faixas etárias. Os tumores do SNC afetam mais pessoas do sexo

masculino que feminino, sendo a proporção de diagnósticos 1,44: 1. Para a população abaixo

de 15 anos, esta proporção de diagnóstico passa a ser 21,9% e 27,5%, para meninos e para

meninas, respectivamente.

Esses tumores do SNC têm incidência e freqüência diferentes quanto à faixa

etária, predominando, em adultos, os tumores supratentoriais, principalmente os de origem

metastática, as neoplasias de origem a partir de astrócitos, os meningiomas e os adenomas de

hipófise. Tumores do SNC são os tumores sólidos de maior prevalência na infância, a maioria

com localização infratentorial, e são a segunda causa de morte em crianças abaixo de 15 anos,

sendo os astrocitomas e meduloblastomas os tipos histológicos mais comuns. (FERREIRA,

1999).

16

De acordo com Umphred (1994), a maioria dos tumores cerebrais ocorre em duas

faixas etárias: infância (3 a 12 anos) e tardiamente na vida (50 a 70 anos).

As técnicas utilizadas para tratamento de câncer cerebral compreendem desde as

cirúrgicas e quimioterápicas, até as radioterápicas externas (teleterapia) e internas

(braquiterapia).

Os problemas quanto ao tratamento à base de radiação para tumores estão

principalmente relacionados aos efeitos deletérios que a mesma causa ao indivíduo. Com o

avanço das técnicas de radiação, a braquiterapia tem se tornado bastante beneficiada, já que

concentra doses de radiação em um determinado volume-alvo, visando a proteger os tecidos

normais e, ao mesmo tempo, a lesar os tecidos tumorais com maior intensidade.

A dosimetria dos casos clínicos, o aperfeiçoamento da produção das sementes

implantadas e os efeitos destas sementes radiativas no organismo humano ainda são temas de

muitas pesquisas.

Pesquisas têm sido desenvolvidas com o intuito de fabricar sementes radioativas,

biodegradáveis e biocompatíveis no núcleo de pesquisas Núcleo de Radiações Ionizantes –

NRI, do CNPq, PCTN/UFMG. Foram desenvolvidos e utilizados vidros bioativos via rota sol-

gel, incorporando Sm-153 para tratamento de câncer, ou através da elaboração de géis

radioativos a base de hidroxihepatit a, incorporando Re-188 e Ho-166. Ambos visaram ao

aprimoramento das técnicas atuais existentes. Melo e Campos (2004) produziram um modelo

antropométrico da cabeça, mostrando a viabilidade dosimétrica de atingir doses-controles nos

tumores cerebrais com géis radioativos, incorporando hidroxihepatita marcada com Re-188 e

Ho-166. Roberto et al (2004) mostraram a viabilidade de fabricação de sementes via rota sol-

gel. Também realizaram o estudo da biodegradabilidade de sementes bioativas in vitro, mas,

no entanto, uma avaliação sistemática in vivo ainda não tinha sido realizada.

17

O presente estudo visa a avaliar, in vivo, a biocompatibilidade e a

biodegradabilidade destas microssementes, fazendo um monitoramento radiológico dos

implantes no cérebro de coelhos, além de remodelar as sementes e desenvolver uma

estimativa da atividade destas microssementes contendo Sm-153 em função do fluxo de

nêutrons por ativação neutrônica.

Assim, a técnica de implantes de microssementes biodegradáveis expande as

alternativas para o tratamento de câncer cerebral, promovendo a minimização dos efeitos

deletérios nos tecidos sadios.

O estudo também se desenvolveu com o objetivo de acrescentar às pesquisas

científicas inovações dos processos de produção de sementes bioativas e biodegradáveis para

braquiterapia. O desenvolvimento de protocolos de aplicação e monitoração em implantes de

microssementes biodegradáveis será documentado através de ensaios em modelo animal,

ainda não elaborados, viabilizando, sem dúvida, a atuação multidisciplinar efetiva,

minimizando as seqüelas debilitadoras.

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Etiologia, classificação e estadiamento do câncer

Segundo Franks et al (1990), os tumores são reconhecidos geralmente por

apresentarem um crescimento anormal das células; desta forma se cabe uma definição: a

célula tumoral difere da normal já que não responde mais aos mecanismos de controle de

crescimento normais.

Segundo Murad e Katz (1996), uma única célula geneticamente alterada origina o

câncer. À medida que o tumor cresce e produz metástases, vários subclones celulares surgem,

dando heterogeneidade à população celular maligna. Instabilidade genética e progressão

tumoral são as características básicas do câncer. Tanto as células normais quanto as malignas,

passam pelas fases do ciclo celular. O aumento de uma população de células depende do

tempo gasto para a realização do ciclo celular (tempo decorrido entre duas mitoses

sucessivas), da fração de crescimento (porcentagem de células que ativamente passam pelo

ciclo celula r) e da taxa de perda celular.

Nos tumores, o número de novas células produzidas é sempre maior do que o de

células perdidas. Estabelecido o crescimento tumoral, o tumor dissemina-se por invasão local

e por metástases, pela ruptura da membrana basal epitelial. As células tumorais passam

através da matriz extracelular, utilizando-se de processos mecânicos e bioquímicos. Os

receptores de membrana agem como sítios de ligação das células neoplásicas. As células

tumorais, no entanto, alteram e degradam a matriz, pela secreção de uma variedade grande de

proteinases. Essas células têm, finalmente, acesso aos canais linfáticos e venosos, permitindo

assim, a metastatização à distância. (MURAD; KATZ, 1996)

19

Apesar do grande número de células neoplásicas circulantes, o número de

metástases é relativamente pequeno. Para que uma metástase aconteça, é preciso que as

células sobrevivam em ambiente hostil da circulação, que ultrapassem o leito capilar para sua

implantação e que se implantem satisfatoriamente no sítio apropriado, multiplicando-se em

ambiente adequado. (MURAD; KATZ, 1996).

Os tumores podem ser classificados em três grupos principais, segundo Franks et

al (1990):

1- Tumores benignos: podem se originar em qualquer tecido, crescer em um

determinado local e podem causar dano por pressão local ou obstrução. A característica

comum entre eles é não se espalhar para sítios distantes.

2- Tumores in situ: normalmente se desenvolvem no epitélio e são

freqüentemente pequenos. As células se assemelham morfologicamente às células tumorais,

mas se restringem à camada epitelial. Eles não invadem a membrana basal e o mesênquima

subjacente.

3- Cânceres: são tumores completamente desenvolvidos (designados como

tumores malignos) que têm a capacidade específica de invadir e destruir o mesênquima

subjacente - invasão local. As células tumorais necessitam de nutrientes que são fornecidos

nos tecidos normais, através da corrente sanguínea. Já se demonstrou que algumas células

tumorais produzem uma substância, o fator de angiogênese tumoral (TAF), que estimula o

crescimento de vasos sanguíneos através do tumor, garantindo assim o seu crescimento

contínuo. Os novos vasos não são muito bem formados e são facilmente lesados, o que

permite à célula tumoral penetrá-los, assim como a vasos linfáticos. Fragmentos de tecido

tumoral podem ser transportados nestes vasos para os linfonodos loco-regionais ou órgãos

distantes, onde podem produzir tumores secundários (metástases).

Murad e Katz (1996) conceituam e definem da seguinte forma o câncer:

20

1- Neoplasia é uma massa anormal de tecido onde o crescimento é desordenado e

ultrapassa a do tecido normal, mesmo após os estímulos que desencadearam a alteração.

Apesar desta autonomia parcial, o crescimento desta massa de tecido anormal depende de

fatores inerentes ao hospedeiro, como seu estado nutricional e imunitário, bem como da

influência de hormônios, entre outros.

2- Câncer designa os tumores malignos

3- Tumor tem sido usado para se referir às neoplasias malignas, em diversos

hospitais. Tumor na realidade, significa intumescimento, e pode estar presente em

inflamações, edema, hemorragias, má-formações e também em neoplasias.

Existem três fases para o desenvolvimento do câncer: a iniciação, a promoção e a

progressão. Na primeira fase existe a transformação da célula normal numa célula oculta,

decorrente da ação cancerígena. Na segunda fase, a Promoção ocorre após a lesão inicial. As

células iniciadoras, se expostas a certos fatores, tais como os genéticos e os ambientais, dentre

outros, viriam a apresentar os efeitos carcinogênicos. Por não serem agentes mutáveis, seus

efeitos podem ser reversíveis numa fase inicial mas, se a lesão for intensa e prolongada, levará

ao desenvolvimento das displasias. Podem evoluir de um grau leve a intenso. Na terceira fase,

a Progressão acontece independentemente ou não da ação cancerígena, as células ocultas se

transformam definitivamente em células neoplásicas sob a ação de um agente irritativo.

(FRANKS et al., 1990).

21

FIGURA 1 - Processos de desenvolvimento da carcinogênese (INCA-2006)

Neoplasias malignas sólidas, em sua evolução natural, têm como característica

principal a infiltração dos tecidos vizinhos (extensão local) e a metastatização (disseminação a

distância). O estadiamento consiste em avaliar a extensão da doença no órgão de origem, aos

órgãos e/ou estruturas adjacentes, aos linfonodos regionais e a distância. (MURAD; KATZ,

1996)

Sob o ponto de vista histológico, os tumores podem ser classificados em benignos

e malignos. A classificação de um tumor em uma dessas categorias depende de seu

comportamento biológico e dos achados da microscopia ótica. (FERREIRA, 1999).

Geralmente os tumores benignos têm um crescimento lento ao passo que os

malignos apresentam proliferação rápida, infiltrando em tecidos adjacentes. O que os

distingue dos benignos é a sua capacidade de se metastatizar, ou seja, as células malignas

podem se implantar em outros locais do organismo, sendo transportadas por via

hematogênica, linfática ou liquórica. (FERREIRA, 1999).

22

Nos tumores benignos, a microscopia óptica apresenta células maturas, enquanto

que os malignos freqüentemente têm células aberrantes, com grande atividade mitótica,

cromatina nuclear anormal, diversas formas celulares e áreas de necrose. De acordo com o

predomínio desses achados, eles são classificados em alto e baixo grau de malignidade, e isto

nem sempre está associado a maior risco, já que um tumor muito maligno pode ter bons

resultados com terapia e evoluir bem. (FERREIRA, 1999).

As regras para denominação do estadiamento são padronizadas pela União

Internacional contra o Câncer. Os tumores são caracterizados pela extensão do local (T), pelo

acompanhamento metastático linfonodal regional nas áreas de drenagem (N) e pela presença

ou ausência de metástase à distância (M).

Os mesmos autores citam a seguinte classificação para as neoplasias de cabeça e

pescoço:

TNM - Classificação Clínica:

T - Tumor Primário

Tx – Tumor primário não pode ser avaliado

T0 - Não há evidência de um tumor primário

Tis - Carcinoma In Situ

T1 - Lesão medindo no máximo 2 cm na sua maior dimensão

T2 - Lesão medindo entre 2 cm e 4 cm na sua maior dimensão

T3 - Lesão medindo no máximo 4 cm na sua maior dimensão

T4 - Lesão invade estruturas profundas: músculos, pterigóideo,

base de língua, ossos, etc.

N - Linfonodos Regionais

Nx - Linfonodos regionais não podem ser avaliados

23

N0 - Ausência de metástase em linfonodos regionais

N1 - Metástase em um único linfonodo homolateral, com 3 cm ou menos

na sua maior dimensão.

N2a - Metástase em um único linfonodo homolateral, com mais de 3 cm

na sua maior dimensão.

N2b - Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, com no máximo 6 cm

na sua maior dimensão.

N2c - Metástase em linfonodos bilaterais ou centrolaterais, com no máximo 6 cm

na sua maior dimensão.

N3 - Metástase em linfonodos com mais de 6 cm na sua maior dimensão.

M - Metástase à distância

Mx - Impossível avaliar a ausência ou presença de metástase à distância

MI - Presença de metástase à distância

M0 - Ausência de metástase à distância

Existe ainda uma classificação baseada nas características histopatológicas do

carcinoma, em que é preciso que se veja a extensão e expansão do tumor.

Os graus histológicos estão abaixo representados:

Gx - grau de diferenciação não pode ser avaliado

G1 - carcinoma bem diferenciado

G2 - carcinoma moderado diferenciado

G3 - carcinoma pouco diferenciado

G4 - carcinoma indiferenciado

24

2.2 Câncer cerebral: classificações e características

Os tumores do sistema nervoso central formam um conjunto de doenças que são

estudadas pelo fato de terem em comum sua localização que os levam a terem determinados

comportamentos. Esses tumores comprimem ou infiltram os mesmos órgãos e são envolvidos

por tecido normal, que deve ser preservado no momento do tratamento. No entanto, não

podem ser considerados uma entidade única por serem compostos por vários tipos

histopatológicos. Nas crianças há o predomínio dos tumores ditos embrionários e

infratentoriais, padrão que persiste até o inicio da adolescência, quando ocorre um súbito

aumento de incidência dos tipos mais comuns do adulto , ou seja, tumores gliais

supratentoriais. (FERREIRA, 1999).

A causa dos tumores cerebrais é desconhecida. Certos tumores parecem ser

congênitos; outros podem estar relacionados com fatores hereditários. (UMPHRED, 1994).

No Brasil foi constatado, com base na última publicação dos registros de base

populacional, que os tumores do sistema nervoso central estão entre os cinco tumores mais

comuns, e em quatro dos cinco registros que dispunham de publicações, essas neoplasias

figuram entre as cinco primeiras causas de mortalidade por câncer em crianças e adolescentes.

(FERREIRA, 1999).

Segundo Merritt (1997), os dados do Instituto Nacional do Câncer para o período

de 1980-1990 mostram um aumento anual na mortalidade por tumores cerebrais na população

geral.

As classificações dos tumores cerebrais são diversas e recentes. Durante as

décadas de 20 e 30 várias classificações foram propostas, mas foi a de Baylei e Cushing a

mais aceita. Essa classificação se baseia na idéia de que os tumores eram originários de

células que paravam em certo estágio do desenvolvimento. Assim eles reconheciam que os

25

tumores eram compostos de populações heterogêneas de células, e a classificação advinha da

morfologia e da suposta histogênese do tipo de célula predominante. As classificações mais

atuais, como as de Russel e Rubinstein, e a classificação proposta pela Organização Mundial

da Saúde (OMS), são baseadas em vários graus, na morfologia e conceitos histogenéticos de

Baylei e Cushing. Outras como de Kernohan e colaboradores, são baseadas no conceito de

que as células gliais se tornam cada vez mais anaplásicas, ao contrário da idéia de que elas

parariam em diferentes estágios de desenvolvimento. Esse conceito foi simplificado em graus

I a IV, que reflete a anaplasia. No momento esta classificação só é utilizada para astrocitomas.

(FERREIRA, 1999).

A classificação dos tumores cerebrais é baseada nas células presentes no cérebro

adulto em combinação com uma graduação de malignidade de I a IV (IV sendo o mais

maligno). (UMPHRED, 1994).

A Organização Mundial da Saúde engloba todas essas classificações (TAB. 1) e

reconhece tanto a classificação morfológica, os graus de anaplasia, como também a

localização do tumor no sistema nervoso central. (FERREIRA, 1999).

26

TABELA 1 Classificação dos tumores do sistema nervoso Central:

Tumores gliais.

Russel e Rubinstein Kernohan Bailey e Cushing

Astrocitoma Astrocítico

Astrocitomas graus I-IV Astrocitoma

Astroblastoma Astroblastoma Espongioblastoma

Polar

Tumores Oligodendrogliais

Oligodendrogliomas graus I-IV

Oligodendrogliomas

Tumores do Epêndima e seus

homólogos

Ependimomas graus I-IV

Ependimoma

Ependimoma Ependimoblastoma Cisto Colóide

Papiloma do Plexo Coróide

Papiloma do Plexo Coróide

Glioblastoma Multiforme

Astrocitoma IV Glioblastoma Multiforme

FONTE: Ferreira, 1999

Os tumores primários do sistema nervoso central em crianças apresentam

marcantes diferenças daqueles do adulto. No adulto há predominância dos tumores

supratentoriais e usualmente são astrocitomas. Já os da criança são, em sua maioria, tumores

infratentoriais. (FERREIRA, 1999). Segundo Umphred (1994), os tumores pediátricos são

bastante diferentes em histologia e comportamento dos tumores dos adultos. Quase dois

terços das lesões pediátricas no SNC tem localização infratentorial, enquanto que uma

proporção equivalente de tumores em adultos são supratentoriais. A maioria dos tumores

pediátricos inicia-se no cerebelo, tronco cerebral, ou região do mesencéfalo/tálamo. As lesões

corticais ou hemisféricas são vistas com freqüência muito maior na população adulta.

Alguns tumores são citados, pelos autores, da maneira como são mais conhecidos.

Assim, certos astrocitomas de baixo grau de malignidade são às vezes chamados de

astrocitomas fibrilares ou astrocitomas pilocíticos. Estas designações são comumente

27

utilizadas para descrever a aparência, à microscopia, das células astrocitárias que os

compõem. (FERREIRA, 1999).

Os gliomas são muito comuns, constituindo aproximadamente 60% dos tumores

primários intracranianos, seguidos pelos meningiomas (20%). Os meningiomas são mais

comuns em mulheres que em homens (3:2). Os gliomas são um pouco mais freqüentes em

homens. A freqüência de tumores cerebrais é alta em crianças (1 a 5 por 100.00 por ano) por

causa dos astrocitomas cerebelares e meduloblastomas, cai discretamente na adolescência e

depois sobe de maneira constante. (MERRITT, 1997).

Ainda segundo Merritt (1997), como em outros tumores, a gênese dos gliomas é

um processo de várias etapas que envolvem suscetibilidade genética, translocações

cromossomiais e outros eventos de mutação.

Os tumores gliais incluem astrocitomas, oligodendrogliomas, ependimomas e

tumores neuroectodérmicos primitivos, incluindo os meduloblastomas. (MERRITT, 1997).

Os tumores podem ser classificados como primários ou secundários

(metastáticos). Os tumores primários mais comuns incluem a série glial, os meningiomas,

tumores da hipófise e neurilemomas. A série glial constitui a maioria dos tumores primários

(40 a 50%). Esses tumores vêm das células neurogliais, que formam a substância de suporte e

sustentação do SNC. Os gliomas variam em suas características biológicas e de crescimento;

alguns são benignos e de crescimento lento enquanto que outros são altamente malignos. Os

gliomas produzem sintomas que são de natureza focal, como resultado da infiltração,

destruição ou pressão local sobre o cérebro; sendo que eles raramente produzem metástases.

(UMPHRED, 1994).

O astrocitoma é um glioma que pode desenvolver-se nos hemisférios cerebrais, no

tronco cerebral ou no cerebelo. Ele varia desde o tipo benigno, de crescimento lento, até o

glioblastoma multiforme altamente maligno. A incidência pico do astrocitoma cerebral ocorre

28

durante a 3° e 4° década da vida, sendo o lobo frontal a localização de origem mais comum.

(UMPHRED, 1994).

O glioblastoma multiforme-astrocitoma (GM-A) grau III e IV, o neoplasma mais

comum do adulto, ocorre mais frequentemente na 5° e 6° décadas. Pode ser encontrado em

qualquer área do cérebro, mas ocorre mais frequentemente em um lobo frontal e pode alastrar-

se pelo corpo caloso para o lado oposto. É um pouco mais prevalente em homens. A

expectativa de vida após o diagnóstico de GM-A grau III e IV é geralmente cerca de 6 a 12

meses. (UMPHRED, 1994).

O meduloblastoma é o segundo tumor da fossa posterior mais comum encontrado

em crianças. Esse tumor altamente maligno geralmente se desenvolve no vermis do cerebelo,

avançando para cima, dentro do sistema ventricular e para baixo, na medula espinhal. A

presença de um tumor próximo ao quarto ventrículo resulta logo no desenvolvimento de

hidrocefalia. (UMPHRED, 1994).

Os oligodendrogliomas constituem cerca de 5% de todos os gliomas. Eles são

encontrados nas proximidades dos neurônios e são compostos por células que estão

envolvidas no processo de mielinização. Esses tumores ocorrem em adultos, mais

frequentemente durante a 3° e 4° década, e se localizam predominantemente nos lobos

frontais dos hemisférios cerebrais. São geralmente benignos e têm uma tendência para

calcificação. Os pacientes geralmente sobrevivem com esse tumor por 15 a 20 anos.

(UMPHRED, 1994).

O ependimoma, um tipo de glioma que ocorre mais comumente em crianças, é

derivado do revestimento das partes do sistema ventricular e canal espinhal. Os que são

encontrados na região parietal occipital mostram uma tendência para malignidade, enquanto

que aqueles da medula espinhal são relativamente benignos. (UMPHRED, 1994).

29

O meningioma é o tumor mais importante do grupo das meninges. A maioria

desses tumores é benigna, encapsulada e de crescimento lento. Eles são comuns em idades

avançadas, e ocorrem com mais freqüência em mulheres. Os meningiomas são tumores de

crescimento lento, que comprimem as estruturas subjacentes, em vez de infiltrar no tecido

adjacente normal, produzindo sinais e sintomas anormais obscuros, dificultando o

diagnóstico. (UMPHRED, 1994).

Os adenomas hipofisários são tumores derivados de células da porção anterior da

hipófise. São mais comuns em indivíduos idosos. Os sinais e sintomas clínicos são causados

por secreção de hormônios através da compressão da hipófise normalmente funcionante.

(UMPHRED, 1994).

Os neurilemomas são tumores benignos de crescimento lento que se originam das

células de Schwann; sendo o mais comum um neuroma do acústico que se inicia nas células

da bainha da porção vestibular do VIII nervo craniano. O tratamento consiste em remoção

cirúrgica, que pode causar paralisia facial e surdez. (UMPHRED, 1994).

Os tumores metastáticos são mais freqüentes entre a 4° e 7° década de vida. As

lesões que mais frequentemente dão origem a metástase no cérebro são os carcinomas de

pulmão e mama. A incidência de metástases do pulmão varia de 28% a 60%, paralelamente ao

aumento na freqüência do tumor primário. (UMPHRED, 1994).

A lesão metastática pode ser única ou múltipla, mas a primeira é rara. A

ocorrência pode ser em um estágio tardio do processo metastático ou pode ser um primeiro

sinal de um tumor primário não identificado. A grande maioria das metástases atinge o SNC

através do sistema arterial. O lobo frontal do cérebro é o local mais comum para doença

mestastática, com outros locais freqüentes, como lobos temporal, parietal e occipital.

(UMPHRED, 1994).

30

TABELA 2 Classificação histológica do tumor cerebral.

TUMOR PORCENTAGEM DE OCORRÊNCIA Gliomas 40-50

Astrocitoma grau I 5-10 Astrocitoma grau II 2-5

Astrocitoma grau III e IV (glioblastoma multiforme 20-30 Meduloblastoma 3-5

Oligodendroglioma 1-4 Ependimoma graus I-IV 1-3

Meningioma 12-20 Tumores Hipofisários 5-15

Neurilemomas (principalmente do nervo craniano VIII )

3-10

Tumores Metastáticos 5-10 Tumores em Vasos Sanguíneos 0,5-1

Má formação Arteriovenosa Hemangiomas / Endoteliomas

0,5-1

Tumores de Falhas no Desenvolvimento 2-3 Dermóides, epidermóides, teratomas, cordomas,

cistos parafiseários, craniofaringiomas

3-8 Pinealomas 0,5-0,8

Outros Sarcomas, papilomas do plexo coróide, lipomas,

não classificados, etc.

1-3

FONTE: Cambier, 1999.

Segundo Cambier (1999), a sintomatologia dos tumores depende de vários fatores,

dentre eles o local e a natureza do tumor. Desta forma podemos obter sintomas tais como

crises epilépticas, sinais deficitários, alterações psíquicas e sintomas de hipertensão

intracraniana e suas complicações. As crises epilépticas, sejam elas focais ou generalizadas,

constituem num bom número de casos, o primeiro sinal de tumor, antecedendo em vários anos

o aparecimento de sintomas permanentes.

De acordo com local do cérebro afetado, os tumores terão diferentes repercussões

sintomáticas. Os tumores desenvolvidos na parte posterior do lobo frontal, ao nível da região

pré-rolândrica, apresentam sintomas motores; uma hemiplegia de início facial ou braquial.

Quanto aos tumores da região frontal anterior, os sintomas neurológicos deficitários aparecem

tardiamente. No início, as alterações psíquicas são as mais freqüentes, associadas a uma

redução crescente e progressiva da atividade, alterações da atenção e da memória para fatos

31

recentes, de desinteresse e de indiferença afetiva, apresentando-se ao mesmo tempo um estado

de euforia e de excitação pouco expressiva. Pode-se observar também um relaxamento das

condutas sociais sob a forma de micções ou defecações em lugares não apropriados. As crises

de epilepsia são freqüentes, facilmente desencadeadas. (CAMBIER, 1999).

Os tumores temporais têm sintomas diferentes dependendo do hemisfério afetado

(dominante ou não-dominante). Os tumores temporais esquerdos apresentam uma vasta

expressão clínica. As alterações de linguagem são muito comuns. Já os tumores temporais

direitos podem permanecer latentes por muito tempo, só se revelando tardiamente por sinais

de hipertensão intracraniana. Uma lesão desenvolvida no interior do lobo temporal pode

desenvolver no campo visual contralateral uma hemianopsia no quadrante superior.

(CAMBIER, 1999).

Os tumores parietais apresentam uma semiologia sensitiva predominante; o deficit

sensitivo se reflete nos aspectos discriminativos da sensibilidade, levando a uma

asteriognosia. A apraxia e alterações no esquema corporal são constantes. (CAMBIER, 1999).

O sintoma principal dos tumores occipitais é a hemianopsia lateral homônima. As

crises do tipo alucinação visual elementar são comuns. O fenômeno de agnosia visual

pertence também aos sintomas occipitais, porém trata-se de lesões occipitais bilaterais.

(CAMBIER, 1999).

Os tumores dos hemisférios profundos apresentam diversos sintomas, já que

interrompem de forma predominante as vias motoras, as sensitivas ou as radiações ópticas.

(CAMBIER, 1999).

De acordo com Cambier (1999) as variedades etiológicas dos tumores cerebrais se

resumem em três: os tumores extracerebrais, os tumores intracerebrais e os tumores

intraventriculares.

32

Tumores intracerebrais. São os mais freqüentes dos tumores intracranianos,

comportando uma grande proporção de tumores malignos, sendo as metástases e os gliomas

os mais freqüentes. (CAMBIER, 1999).

As metástases cerebrais representam uma proporção importante dos tumores

cerebrais. Elas advêm de diversas partes do corpo: 51,7% de brônquios; 9% de mama; 5,3%

de rim; 3% do aparelho genital feminino; 2,3% de reto; 2% de estômago; 1,7% de tireóide;

1,7% de próstata; 4,3% de outras localizações. (CAMBIER, 1999).

As metástases desenvolvem-se, frequentemente, no interior do parênquima

cerebral, geralmente nos hemisférios cerebrais ou do cerebelo, raramente no tronco cerebral.

Estas metástases cerebrais, da mesma forma que os tumores primitivos que lhes dão origem,

surgem freqüentemente após os 40 anos. (CAMBIER, 1999).

Os gliomas são os tumores cerebrais mais freqüentes. É um conjunto de tumores

cuja definição varia segundo os autores, no qual se incluem geralmente o glioblastoma, o

astrocitoma e o oligodendroglioma. (CAMBIER, 1999).

O glioblastoma (15% do conjunto de tumores cerebrais) é uma tumor maligno,

caracterizado histologicamente por suas várias formas celulares, onde há células gliais

imaturas, sofrendo mitose. O aumento rápido do volume da massa tumoral ocorre juntamente

com o desenvolvimento de uma neovascularização abundante e patológica que determina

necroses, hemorragias e fístulas arteriovenosas. O glioblastoma é um tumor essencialmente

hemisférico, raro no tronco cerebral e no cerebelo. O tecido tumoral invade de maneira mais

ou menos difusa a substância branca subcortical de um ou vários lobos com um caráter bem

infiltrante, podendo propagar-se ao outro hemisfério através do corpo caloso. (CAMBIER,

1999).

O glioblastoma é mais freqüente no homem, e é raro na criança e no adulto jovem,

ocorrendo geralmente a partir dos 50 anos. Quanto ao aspecto clínico, a característica mais

33

comum é a rapidez de evolução: em poucas semanas, e até em alguns dias, os doentes

apresentam uma síndrome que associa sinais de localização com sinais de hipertensão

intracraniana. Algumas vezes até o início é súbito, fazendo pensar num acidente vascular

cerebral. (CAMBIER, 1999).

O tratamento do glioblastoma ainda é precário. A cirurgia pode trazer uma

melhora algumas vezes de boa qualidade, porém a recidiva é constante. A sobrevida é em

média de alguns meses, não passando de dois anos. (CAMBIER, 1999).

O astrocitoma (10% dos tumores cerebrais) é caracterizado por uma proliferação

de uma única célula em sua forma, tendo as características do astrócito adulto sem ocorrência

de mitose. A vascularização do tumor tem um aspecto normal. Não há ocorrência de

hemorragia ou necrose. Por outro lado, uma degeneração cística não é rara, havendo algumas

vezes um contraste entre um cisto volumoso e um pequeno tumor. Apesar da sua benignidade

histológica, os astrocitomas são tumores graves devido à sua característica infiltrante.

Entretanto, existe toda uma série de intermediários entre os aspectos de gliomatose difusa,

observados particularmente no tronco cerebral e caracterizados por uma proliferação

astrocitária que infiltra o tecido nervoso sem um tumor nitidamente individualizado, e os

tumores astrocitários compactos, relativamente bem limitados, que se localizam

habitualmente ao nível dos hemisférios cerebrais ou do cerebelo, algumas vezes ao nível da

ponte. (CAMBIER, 1999).

Os astrocitomas hemisféricos são tumores de adulto, ocorrendo numa faixa etária

mediana, mais cedo que os glioblastomas. Com evolução lenta e manifestações epiléticas

constantes, que precedem vários anos o aparecimento de sinais permanentes. (CAMBIER,

1999).

Devido a sua característica infiltrante, os astrocitomas raramente podem sofrer

uma exérese completa. A cura cirúrgica completa só é possível para alguns tumores pequenos,

34

localizados em regiões que permitem acesso: lobo frontal e lobo temporal direito. A recidiva é

muito comum. (CAMBIER, 1999).

O oligodendroglioma é uma variedade rara de glioma (4% do conjunto dos

gliomas), localizada apenas em um hemisfério cerebral. A sua característica histológica é de

uma proliferação celular de uma só forma, do tipo oligodendroglial. Ele se assemelha, por

outro lado, ao astrocitoma hemisférico que surge na meia idade com uma evolução muito

lenta. (CAMBIER, 1999).

Segundo Siqueira e Novaes (1982), a radioterapia paralela à cirurgia é mais

efetiva no tratamento do glioblastoma multiforme. Estudos diversos demonstram que a

radioterapia pode aumentar até em 150% a sobrevida média dos portadores de glioblastoma.

O emprego da radioterapia tem sido limitado devido à tolerância do sistema

nervoso central à radiação ionizante, pois a sensibilidade das neoplasias cerebrais é

semelhante à do tecido normal. (SIQUEIRA; NOVAES 1982).

Os efeitos contralaterais da radioterapia incluem edema, síndrome pós-radiação,

após 2-4 semanas de tratamento e com exacerbação do quadro clínico inicial, e a necrose

tardia, raramente fatal. (SIQUEIRA; NOVAES 1982).

Ainda de acordo com Siqueira e Novaes (1982) não há limite estabelecido para a

dose ionizante a ser usada para o cérebro em processo de maturação. Sabe-se que quanto

maior a dose ionizante, maior será a população celular ativa removida da fase proliferativa.

De acordo com Ferreira (1999), o estadiamento da maioria dos tumores do

sistema nervoso central da criança, com exceção dos meduloblastomas, que têm estadiamento

próprio, é baseado no tamanho do tumor (estadiamento T) e na presença de metástases

(estadiamento M). A classificação TNM não é aplicável a esses tumores uma vez que os

mesmos não costumam se disseminar para linfonodos. O estadiamento T foi proposto pelo

"American Joint Committe on Cancer".

35

TABELA 3: Estadiamento T para tumores do sistema nervoso central da criança.

FONTE: Ferreira, 1999.

2.3 Descrição anatômica e funcional do cérebro

O Encéfalo pode ser dividido em rombencéfalo, mesencéfalo e prosencéfalo.

Somente o prosencéfalo, será abordado e dentro da sua subdivisão (telencéfalo e diencéfalo)

veremos apenas o telencéfalo. (ZEMLIN, 1998).

O telencéfalo (do grego telos, longe, distante) é a maior parte do encéfalo

humano. É formado pelo cérebro, com dois hemisférios cerebrais plenos de circunvoluções e

separados por uma fissura longitudinal altamente penetrante. As circunvoluções das faces dos

hemisférios são conhecidas como giros (do latim, círculo), que são separados por depressões

chamadas sulcos (do latim, sulco, fenda). Alguns dos mais proeminentes giros e sulcos

receberam nomes. Os sulcos lateral e central são usados como referências para dividir cada

hemisfério cerebral em partes distintas ou lobos, mas os nomes dados aos lobos baseiam-se

nos ossos do crânio. (ZEMLIN, 1998).

Tumores supratentoriais T1 até 5 cm Limitado a um lado T2 > 5 cm Limitado a um lado

T3 Tumor invade ou comprime o sistema ventricular T4 Tumor cruza a linha média, invade o hemisfério

oposto ou invade a região infratentorial Tumores infratentoriais.

O estadiamento é definido de maneira idêntica aos tumores supratentoriais, com exceção de que o tamanho de 3 centímetros é usado como critério para os estadios T1 e T2.

36

FIGURA 2 - Sulcos e circunvoluções do encéfalo. (FONTE: www.afh.bio.br; 2005)

O Sistema Nervoso Central (SNC) possui hemisférios cerebrais- direito e

esquerdo- com presença de núcleos ou membros dos dois lados, que podem ser iguais ou

equivalentes a estruturas contralaterais, segundo a modalidade fisiológica. Os hemisférios se

comunicam entre si por meio de fibras intercomissurais. (DOUGLAS, 2002)

Ao longo do SNC podem visibilizar-se o cérebro ou córtex cerebral, como a

estrutura mais elevada do sistema nervoso, seguindo de um amplo conjunto heterogêneo de

morfologias nervosas que constituem em geral, as estruturas basais cerebrais e o diencéfalo,

como expoentes maiores, além do cerebelo, localizado mais dorsalmente e que cumpre

funções controladoras e moduladoras. A comunicação do encéfalo com a medula espinhal,

mas também situada dentro do crânio, está representada pelo tronco cerebral, cuja parte

central inclui tanto os núcleos como as vias de associações múltiplas do sistema nervoso. Esta

porção nuclear do tronco cerebral é a formação reticular, de associação, de função nitidamente

integrativa, na qual se reconhecem as porções anatômicas mesencéfálica, pontina e bulbar.

(DOUGLAS, 2002)

37

Segundo Zemlin (1998), o SNC consiste de uma medula espinhal oca, que se

expande na região da cabeça e recebe o nome de Encéfalo. Este é altamente especializado,

responsável pelas funções de nível superior, que nos tornam humanos (capacidade de

raciocinar e de usar um sistema complexo de linguagem). A medula espinhal possui funções

motoras, de recepção e de coordenação.

Como pode ser observado na FIG. 3, o lobo frontal situa-se na frente do sulco

central, ao passo que o lobo parietal localiza-se atrás do sulco central e acima do sulco lateral.

O lobo temporal, por sua vez, é de difícil limite, porque não há um sulco bem definido

separando-o dos lobos temporal e parietal. (ZEMLIN, 1998).

FIGURA 3 - Lóbulos do Encéfalo. (FONTE: www.afh.bio.br; 2005).

Os cortes frontais através dos hemisférios cerebrais revelam uma camada cortical

de substância cinzenta e um agregado interno de múltiplas camadas de substância branca e

cinzenta (FIG. 4), que são conhecidas coletivamente como núcleos da base (ou gânglios

basais). (ZEMLIN, 1998).

38

FIGURA 4 - Substâncias cinzenta e branca distribuída no cérebro.

(FONTE: www.corpohumano.hpg.ig.com.br; 2006)

O cérebro e a medula espinhal são completamente circundados por três camadas

de tecido conjuntivo protetor, conhecidas como meninges (do grego menix, membrana). A

mais externa chama-se dura-máter (do latim, dura + mater, mãe). A aracnóide, como o nome

sugere, é uma membrana semelhante a uma rede, que reveste frouxamente o cérebro. A

camada mais interna, a pia-mater (mãe gentil), membrana altamente vascular que reveste o

cérebro de forma compacta. O espaço entre a aracnóide e a pia-mater é preenchido com

líquido cerebroespinhal, que penetra no espaço e circula em todo o cérebro e da medula

espinhal. (ZEMLIN, 1998).

Existem algumas diferenças entre os hemisférios direito e esquerdo, não só na

distribuição neuronal, mas também na função. No lobo frontal, especificamente no giro

frontal inferior esquerdo, existem mais convoluções do que o direito e é chamado de área da

fala de Broca. (ZEMLIN, 1998).

Quanto ao lobo parietal, onde se encontra o giro pós-central, é a principal área

somatossensorial. O lobo parietal inferior é subdividido em giros angular e inferior. O giro

angular é especialmente importante para a compreensão da linguagem escrita. Se o giro

angular esquerdo sofrer lesão, perde-se a capacidade de ler e de escrever. (ZEMLIN, 1998).

39

No lobo occipital está relacionado à visão. No lobo temporal é onde se encontra o

grande centro cortical para a audição. (ZEMLIN, 1998).

FIGURA 5 - Áreas Funcionais do SNC (FONTE: www.afh.bio.br; 2005)

2.4 Tratamento braquiterápico

2.4.1 Definições e Princípios

De acordo com Casciato e Lowitz (1991), a braquiterapia pode liberar uma dose

de radiação elevada para um pequeno volume de tecido, contendo o tumor, com uma dose

relativamente menor para os tecidos normais, devido a uma redução proporcional da

intensidade de radiação com o aumento da distância em relação à fonte.

O princípio da braquiterapia, segundo Murad e Katz (1996) é colocar a fonte de

radiação em contato direto com o tumor a ser tratado, estabelecendo-se um gradiente de dose

que varia com o inverso do quadrado da distância, permitindo que o tumor receba uma dose

muito superior do que a aplicada ao tecido normal adjacente.

40

De acordo com Perez e Brady (1998), a braquiterapia consiste em implantar

pequena fonte radioativa diretamente no tecido alvo, através de um procedimento cirúrgico.

Segundo Murad e Katz (1996), o sucesso da radioterapia ocorre quando

conseguimos lesar seletivamente as células tumorais com um dano mínimo aos tecidos sadios.

Ainda de acordo com Murad e Katz (1996), a braquiterapia surgiu dos

experimentos iniciais do casal Curie com as fontes de rádio e evoluiu com o desenvolvimento

do sistema de carga postergada (afterloading) na década de 60 e, mais recentemente, com o

advento dos sistemas robotizados de braquiterapia de baixa taxa de dose (LDRB- low dose

rate brachytherapy) e alta taxa de dose (HDRB – high dose rate brachytherapy). Quando a

taxa de dose está no intervalo entre 40 e 60 cGy por hora, convenciona-se chamar o

tratamento de LDRB, e quando está entre 60 e 120 cGy por minuto, de HDRB, e permite

tratamento em minutos, ao invés de horas ou dias.

A radiação intersticial aplicada para tumores malignos iniciou-se em 1901, como

também o uso de braquiterapia, com aplicação em carcinomas uterinos, carcinomas linguais,

dentre outros cânceres. Para os tumores cerebrais malignos, a braquiterapia tem se

demonstrado efetiva, levando-se em consideração os avanços em tecnologia de neuroimagens,

a neurocirurgia estereostática e devido à melhoria das fontes de radiação. Mesmo assim,

muitos danos ao tecido sadio do cérebro têm sido observados (MISHIMA et al, 2003).

Para braquiterapia, o implante de fontes radioativas pode ser um meio de dar uma

dose alta no tumor com baixa toxicidade. Alguns radioisótopos são utilizados para

braquiterapia. O Iodo-125 em forma de sementes é o radioisótopo mais usado para implante

permanente. O isótopo removível mais usado é o Irídio-192 em forma de fios. A dose para os

implantes removíveis é de 40cGy a 100cGy por hora. (MURAD; KATZ, 1996).

A braquiterapia está indicada no tratamento eletivo de locais de risco de recidiva

tumoral ou de tumores residuais após operação, utilizando-se diversos tipos de moldes ou

41

implantes intersticiais. Estes podem ser realizados no intra-operatório ou no pós-operatório

imediato ou tardio. A biologia do tumor, sua localização e condições gerais do paciente

definem a época e a técnica ideais para a realização do implante (SALVAJOLI, 1999).

A radioterapia externa associada à braquiterapia tem se tornado rotina em vários

serviços. Inicia-se o tratamento com irradiação externa com dose variável, de acordo com

cada caso, geralmente atingindo-se 4.000 cGy a 5.000 cGy, abrangendo o tumor com amplas

margens. Essa fase permite verificar a radiossensibilidade do tumor, além de provocar a

diminuição do mesmo, com melhora das condições locais, facilitando a realização da

braquiterapia. Eventualmente, a cirurgia pode ser indicada após o tratamento com teleterapia e

braquiterapia (SALVAJOLI,1999).

2.4.2 Subdivisão da Braquiterapia

Basicamente, a braquiterapia, pode ser subdividida em: moldes de superfície,

implantes intersticiais (permanentes e temporárias), braquiterapia intracavitária e

endoluminal. (SALVAJOLI, 1999).

Implantes intersticiais. Podem ser temporários ou permanentes. As principais

indicações de implantes temporárias e /ou permanentes podem ser vistas na TAB. 4

TABELA 4 Subdivisão dos implantes intersticiais

Implante Temporário Implante Permanente Tratamento curativo de tumores acessíveis (pele, mama, pescoço, língua, amígdala, assoalho de boca, lábios e extremidades).

Tumores intratorácicos e intra-abdominais (pulmão, pâncreas, bexiga, próstata) e de SNC. Tratamento paliativo de tumores acessíveis.

FONTE: Salvajoli, 1999.

42

Com a prática, instrumentos e técnicas de inserção adequada, implantes

permanentes podem superar os implantes temporários em acurácia e distribuição de dose. No

entanto, uma característica dos implantes temporários é a possibilidade de se introduzir em

simuladores para posterior carregamento com material radioativo. (SALVAJOLI,1999).

FIGURA 6 - Sementes Metálicas de Iodo -125.

(FONTE: www.cliria.pt/custom, 2006).

De acordo com Salvajoli (1999), os implantes temporários se caracterizam pela

retirada de todo o material radioativo depois de alcançada a dose desejada. As fontes

utilizadas na braquiterapia, em sua grande maioria, emitem fótons, apesar de fontes de

nêutrons serem usadas experimentalmente e fontes de radiação beta terem sua utilização em

certas aplicações. Essas fontes utilizadas geralmente têm meia-vida que varia de alguns dias a

alguns anos. Porém este fator deve ser adequado de acordo com o implante: temporário ou

permanente.

Na década de 50, Henschke desenvolveu a técnica de pós-carga e substituiu o

Rádio-226 por fios de Irídio-192 acondicionadas em tubos de nylon. O método consiste na

introdução de tubos sem material radioativo na região do tumor e, após o retorno do paciente

ao quarto, os fios de Irídio-192 são introduzidos. Este procedimento evita a exposição à

irradiação do pessoal do centro cirúrgico, sala de recuperação, departamento de radiologia e

43

áreas do hospital onde o paciente é transportado. Além disso, essa técnica melhora a acurácia

do implante, pois permite que ele seja realizado sem pressa, e as agulhas e tubos possam ser

manipulados cuidadosamente, facilitando correções do seu posicionamento, se necessárias.

Após o implante, a dose e a distribuição podem ser controladas minuciosamente, variando-se

as atividades e o tempo de inserção das fontes (SALVAJOLI,1999).

Dependendo da região a ser implantada, existem variações desta técnica. Para os

tumores de cavidade oral e orofaringe, Pierquin e Chassagne desenvolveram a técnica de

Hairpin, na qual agulhas-guias, em forma de grampos, são introduzidas no tumor e, após as

radiografias e cálculos, substituídas pelos fios de Irídio-192 (SALVAJOLI, 1999).

Diversos autores utilizam sementes de Iodo-125 de alta atividade em tumores

cerebrais. As fontes são inseridas sob anestesia local e com sistema de estereotaxia e

tomografia computadorizada. A dose preconizada no tumor é de 6.000 cGy em seis dias

(SALVAJOLI,1999).

FIGURA 7 - Demonstração da perfuração craniana para introdução de sementes.

44

TABELA 5 Quadro comparativo das características dos implantes intersticiais

Temporário Permanente Método clássico Agulhas de rádio-226 Sementes de radônio Método atual Fios de Irídio-192 Sementes de Iodo-125 Principais vantagens Melhor controle de

distribuição de dose Hospitalização não freqüente, método simples e rápido, menor exposição à radiação.

Principais desvantagens Quase sempre requer hospitalização, método mais complicado e demorado.

Distribuição e dosimetria menos acuradas

FONTE: Salvajoli, 1999.

Perez e Brady (1998) afirmaram que a braquiterapia HDR estava inicialmente

sendo usada para tratamento de câncer de cabeça e pescoço. Descreveram um protocolo de

fase I / II usando braquiterapia intersticial HDR para carcinoma nódulo-negativo de estágio

inicial de parte móvel da língua; 27 pacientes foram tratados (10 T1, 15 T2, e 2 T3). Sete

frações de 6,5 Gy de braquiterapia de HDR foram dadas duas vezes ao dia, com o intervalo

mínimo de 6 horas entre os tratamentos por 3,5 dias. A probabilidade do controle do tumor

atual com braquiterapia HDR foi de 53 % por 5 anos. A taxa de controle local para T1 e T2

foi menor do que comparado com o histórico de tratamento controle por uma instituição com

baixa taxa de dose (LDR) de implantes de Radio, Césio e Irídio.

Ainda segundo Perez e Brady (1998), e de acordo com o relatório número 38 da

International Comission on Radiation Units and Measurements (ICRU), implantes de baixa

taxa de dose (LDR) fornecem doses em uma faixa de 40 a 200 cGy/h (0,4 a 2 Gy/h),

requerendo tratamento de 24 a 144 horas. No outro extremo, a braquiterapia de alta taxa de

dose usa doses acima de 0,2 Gy/min (12 Gy/h). A moderna técnica de carregamento por

controle remoto contém fontes que podem fornecer taxas de dose altas como 0,12 Gy/seg (430

Gy/h) para uma distância de 1 cm, resultando em um tempo de tratamento de poucos minutos.

Embora não reconhecido pelo relatório número 38 da ICRU, a ultrabaixa taxa de dose (0,01 a

45

0,3 Gy/h) é de grande importância; ela é significativamente utilizada em taxas de dose em

implantes permanentes com I-125 e Pd-103.

Uma pesquisa foi desenvolvida por Donath e colaboradores (1995) usando HDR

com controle remoto em 29 pacientes com câncer de cabeça e pescoço (como tratamento

único em 13 pacientes com tumores malignos T1-2N0 e pós-operatório em 16 pacientes). Um

total de 10 tratamentos de 4,5 a 5,0 Gy foi fornecido duas vezes ao dia com o mínimo de 5 a 6

horas entre os tratamentos. Com uma média de acompanhamento de 9 meses, apenas 1 dos 13

pacientes tratados inicialmente fracassaram. Devido à irradiação prévia em alguns pacientes,

apenas 8 tratamentos de 3 Gy cada um foi fornecido (24 Gy por 4 dias). Com o

acompanhamento de 2 a 16 meses, apenas 3 pacientes tiveram outra doença. (SALVAJOLI,

1999).

Segundo, Salvajoli (1999), a dose efetiva biológica do Iodo-125 é de 120 a 275

dias e do Paládio-103 é de 50 a 102 dias, que são muito utilizados na braquiterapia.

O implante permanente tem sido usado em clinicas médicas, mas os implantes

temporários são mais populares. A vantagem de implantes temporários inclui grande controle

da dose de radiação devido à localização da fonte. Esta pode ser organizada de modo a

permitir melhor distribuição de dose e a estipulação da taxa de dose acima de 0,3 Gy/h, que é

necessária para tratar tumores cerebrais malignos de rápido crescimento.. O tempo do

implante pode ser controlado por um operador, o que diminui a possibilidade de migração de

fonte radioativa, consequentemente reduzindo a incidência de fibroses ou necroses. Outro

benefício é a minimização da exposição da família dos pacientes e de toda a equipe do

hospital à radiação. (PEREZ; BRADY, 1998).

46

2.5 Normas para Implantes Intersticiais:

Agulhas. Atualmente, as agulhas em braquiterapia não são radioativas, sendo

utilizadas como guia, tanto para o carregamento com material radioativo quanto para o

posicionamento adequado de cateteres em volumes implantados. São normalmente

confeccionadas em aço inoxidável, disponíveis em diversos comprimentos, e sua ponta varia

de acordo com a finalidade da sua utilização. Assim, temos agulhas ocas, destinadas a

servirem de guia para o posicionamento de cateteres, que possuem uma ponta biselada, não-

fechada, permitindo a passagem de fios guias para a inserção dos cateteres plásticos,

transfixando a lesão. Esse tipo de implante é mais utilizado para tumores de mama e cabeça e

pescoço. Quando a transfixação da lesão não é possível com a técnica descrita, utilizam-se

agulhas com pontas cônicas fechadas, que ficaram posicionadas e serão carregadas com o

material radioativo (SALVAJOLI ,1999).

Grampos (Hairpins). O fio metálico tem a forma de duas linhas paralelas

separadas de 0,9 a 1,5 cm e unidas em uma das extremidades por um segmento em forma de

“U”. É mais freqüentemente utilizada para pequenos tumores da cavidade oral.

2.6 A Braquiterapia e o Cérebro

Pacientes com glioblastomas recidivados tiveram uma sobrevida média de 52

semanas após a braquiterapia, superior a sobrevida média de 28 semanas obtida em pacientes

tratados com quimioterapia. (MURAD; KATZ, 1996).

Ainda de acordo com Perez e Brady (1998), a braquiterapia pode ser utilizada em

tumores cerebrais após radiação convencional externa ou pode ser aplicada em tumores

47

cerebrais recorrentes. Pacientes com tumores cerebrais malignos primários, quando recebem

doses iniciais de mais de 50 Gy de radiação para o cérebro inteiro, sobrevivem 20,5 semanas

mais do que pacientes tratados apenas por cirurgia.

Diversas técnicas têm sido usadas para irradiação intersticial do cérebro, algumas

usando múltiplos implantes planares e fios ou sementes de Ir-192 e outros com pouca

intensidade de fonte de I-125. (PEREZ; BRADY, 1998).

Gliomas malignos, de acordo com Perez e Brady (1998), e astrocitomas, em

particular, ocorrem em aproximadamente 50% de tumores primários do SNC em adultos.

Gliomas ocorrem em torno de 30 %, astrocitomas anaplásicos em 10 % e astrocitomas de

menor grau em 10 %.

Perez e Brady (1998) reforçam ainda que 102 pacientes receberam a braquiterapia

de reforço e a radioterapia externa (60 Gy de dose total) em protocolos diversos, combinado

com vários agentes quimioterapêuticos. Em 87 pacientes, a taxa de sobrevida foi 32 % para

dois anos e 17 % para três anos. De 59 pacientes que passaram por PET (tomografia por

emissão de pósitrons) e/ou reoperação, 53 (90%) possuíam necroses, sendo a metade deles

sem ou metade com tumor recorrente. Dois pacientes morreram e um necessitou de cuidados

hospitalares devido à necrose cerebral.

Cinqüenta e oito pacientes com gliomas malignos (48 astrocitomas anaplásicos,

18 glioblastomas multiformes) foram tratados com baixa-atividade de implantes de I-125; 10

pacientes receberam apenas implantes e 48 receberam radioterapia externa adicional. A média

de sobrevida não foi bem estabelecida, mas foi alta em 31 meses para os astrocitomas

anaplásicos e mais que 23 meses para pacientes com glioblastomas. A taxa da segunda

operação foi 45 % (26 pacientes). Necroses cerebrais resultaram em ressecção ocorrida em 11

pacientes (19 %). (PEREZ; BRADY, 1998).

48

Vinte e dois pacientes com astrocitoma recorrente de alto grau (18 glioblastomas

multiformes e 4 astrocitomas anaplásicos) foram tratados com ajuste máximo do tumor e

implantes de sementes de I-125 permanentes de baixa atividade. A sobrevida média para o

grupo inteiro foi de 65 semanas do tempo do implante; um ano de sobrevida foi de 57 %.

(PEREZ; BRADY, 1998).

Quanto às seqüelas de tratamento, a irradiação de alta taxa de dose para câncer de

base de língua causa efeitos agudos, tais como mucosite, dificuldade em deglutir, perda do

paladar, xerostomia, e perda de peso. A intubação nasogástrica pode ser necessária para

adequação da hidratação e a ingestão calórica. Necrose de osso e cartilagem, com dor

associada, é a principal característica e pode levar à necessidade de remoção da mandíbula.

(PEREZ; BRADY, 1998)

As complicações relacionadas à radioterapia intersticial no cérebro são

representadas por déficits neurológicos, crises convulsivas, dor facial, tromboses arteriais,

embolia pulmonar e infecções. (CORRÊA, 2004).

Implantes temporários têm algumas desvantagens comparadas aos implantes

permanentes. O alto custo e a necessidade de mais precauções rigorosas de radioproteção

durante o período de implantação, são algumas dessas necessidades. (PATEL, 2000).

Implantes de sementes permanentes são mais frequentemente utilizados em

comparação aos implantes temporários quando se refere ao tratamento de gliomas malignos

recorrentes. Comparada aos implantes temporários, a sobrevida é similar, mas a radioproteção

é significativamente reduzida para implantes permanentes, devido à baixa atividade das

sementes usadas. Os efeitos adversos, incluindo necrose por radiação e longa hospitalização,

são definitivamente reduzidos. (PATEL, 2000).

Segundo Cumberlin (2002), fontes de Césio-137 e o Irídio-192 possuem energias

de fótons na faixa de 400 a 600 keV. Para as energias maiores que 150 keV, essencialmente

49

todos os radionuclídeos têm penetração similar no tecido. A radioproteção terá que ser maior

com o aumento da energia. No entanto, o custo desta radioproteção aumenta com o aumento

da energia. A necessidade de radioproteção é reduzida para energias menores que 120 keV.

Um dos maiores motivos das novas investigações de fontes braquiterápicas de baixa energia,

tais como Am-241, Yb- 169 e Sm-145, é a facilidade com que os tecidos sensíveis podem ser

protegidos com fótons de baixa energia. Isto oferece a possibilidade de melhorar o resultado

terapêutico para personalizar a proteção do tecido normal de cada paciente alcançando uma

ideal distribuição de dose.

Ainda segundo Cumberlin (2002), uma fonte removível ideal deve ter energias de

fótons na faixa de 20-100 keV, para reduzir a exposição de radiação e permitir uma longa

meia-vida, de forma a que esta fonte possa ser reutilizável. Para muitos tumores, os

radioisótopos para braquiterapia permanente têm uma meia-vida curta. Se a meia-vida é mais

do que uns poucos dias, a energia será baixa (< 60 keV) para evitar riscos de radiação.

2.7 Radioisótopos empregados em Sementes de Braquiterapia

O Rn-222, posteriormente o Au-198, I-125 e Pd-103 têm sido isótopos utilizados

nos implantes permanentes para o tratamento de tumores de diversas localizações clínicas.

Segundo Roberto (2004), o Iodo-125 tem sido utilizado para tratamentos em

vários locais, desde o cérebro até a próstata. A vantagem é que o paciente fica no hospital

apenas um dia, podendo voltar à rotina habitual em dois dias, somente com algumas

restrições.

Atualmente, para tratamento braquiterápico as sementes de Iodo-125 têm sido

bem aceitas e aplicadas. As suas dimensões são de 5 mm de comprimento por 1 mm de

diâmetro, em que o Iodo-125 é encapsulado por titânio. (ROBERTO, 2004).

50

O Iodo-125 decai por captura eletrônica, como pode ser observado na FIG. 8 e

TAB. 6. Seu núcleo captura um dos elétrons orbitais da camada mais interna, dando origem

ao Te-125.

TABELA 6 Decaimento do Iodo-125 Meia-vida = 59.400 Dias

Modo de Decaimento: EC Radiações

y(i)

(Bq-s)-1

E(i) (MeV)

y(i)×E(i)

γ 1 6.68×10-02 3.549×10-02 2.37×10-03 ce-K, γ 1 8.02×10-01 3.678×10-03 2.95×10-03 ce-L, γ 1 1.08×10-01 3.055×10-02 a 3.29×10-03 ce-M, γ 1 2.15×10-02 3.449×10-02 a 7.42×10-04 Kα1 X-raio 7.44×10-01 2.747×10-02 2.04×10-02 Kα2 X-raio 4.00×10-01 2.720×10-02 1.09×10-02 Kβ X-raio 2.59×10-01 3.100×10-02 * 8.04×10-03 L X-raio 1.49×10-01 3.770×10-03 * 5.63×10-04 Auger-K 2.00×10-01 2.270×10-02 * 4.53×10-03 Auger-L 1.58 3.190×10-03 * 5.05×10-03

Radiações Listadas X, γ, e γ± 4.23×10-02 Radiações Listadas β, ce, e Auger 1.66×10-02 Radiações Listadas 5.88×10-02 * Energia Média (MeV). a Energia Máxima (MeV) Telúrio-125 Filho é estável

FONTE: nds.iaea, 2005

51

FIGURA 8 - Decaimento do Radioisótopo I-125 e seu nível de energia (nds.iaea, 2005).

Segundo o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o Sm-153 pode

também ser utilizado como terapia. Ele pode ser transformado em Samário-153 - EDTMP

(ácido etilenodiaminotetrametilenfosfônico) que é utilizado em terapia como paliativo da dor

causada por metástases ósseas.

Coursey, em 1987, relatou ser o Sm-153, um radioisótopo adequado para ser

utilizado como radiofármaco terapêutico. Isso se deve ao fato de sua meia vida curta com

altas energias de partículas beta. De acordo com Moura (2001), o Sm-153 tem sido testado e

usado como paliativo para dores de metástases ósseas em humanos.

52

De acordo com a TAB 7 e a FIG. 9, podemos observar os níveis de energia e as

partículas emitidas versus a probabilidade de energia liberada. O Sm-153 possui múltiplas

emissões de raios beta e algumas emissões gamas. A probabilidade varia para as betas entre

200 a 265 keV e para as gamas de 103 keV e 69 keV. A meia-vida curta do Samário-153 é

também de grande relevância para a braquiterapia permanente (aproximadamente de 46,27

horas).

Segundo Schotzig (1999), o radionuclídeo Sm-153 é usado em medicina nuclear

para terapias tumorais e paliativos de dores ósseas, devido à alta energia de beta local por

desintegração, e também pela sua relativa meia-vida e o seu seletivo metabolismo em ossos.

53

TABELA 7 Decaimento do Samário-153

Meia vida = 46.50 horas Modo de decaimento: β-

Radiação

Produção(i) (Bq-s)-1

Energia(i) (MeV)

p(i)×E(i)

β- 14 3.22×10-01 2.003×10-01 * 6.45×10-02 β- 16 4.96×10-01 2.261×10-01 * 1.12×10-01 β- 17 4.10×10-03 2.282×10-01 * 9.36×10-04 β- 18 1.75×10-01 2.652×10-01 * 4.64×10-02 γ 5 4.85×10-02 6.967×10-02 3.38×10-03 ce-K, γ 5 2.17×10-01 2.115×10-02 4.59×10-03 ce-L, γ 5 3.54×10-02 6.162×10-02 a 2.18×10-03 ce-M, γ 5 7.70×10-03 6.787×10-02 a 5.23×10-04 γ 6 3.49×10-03 7.542×10-02 2.63×10-04 γ 7 1.85×10-03 8.337×10-02 1.54×10-04 γ 8 1.67×10-03 8.949×10-02 1.49×10-04 γ 10 8.46×10-03 9.743×10-02 8.25×10-04 γ 11 2.98×10-01 1.032×10-01 3.07×10-02 ce-K, γ 11 4.32×10-01 5.466×10-02 2.36×10-02 ce-L, γ 11 6.44×10-02 9.513×10-02 a 6.12×10-03 ce-M, γ 11 1.39×10-02 1.014×10-01 a 1.41×10-03 ce-N+, γ 11 4.02×10-03 1.028×10-01 a 4.14×10-04 γ 17 8.05×10-04 1.729×10-01 1.39×10-04 γ 24 1.46×10-04 4.636×10-01 6.77×10-05 γ 30 6.26×10-04 5.314×10-01 3.33×10-04 γ 31 3.19×10-04 5.332×10-01 1.70×10-04 γ 32 2.18×10-04 5.391×10-01 1.17×10-04 γ 41 1.16×10-04 5.967×10-01 6.93×10-05 Kα1 X-raio 3.15×10-01 4.154×10-02 1.31×10-02 Kα2 X-raio 1.75×10-01 4.090×10-02 7.15×10-03 Kβ X-raio 1.25×10-01 4.700×10-02 * 5.88×10-03 L X-raio 1.13×10-01 5.850×10-03 * 6.60×10-04 Auger-K 4.67×10-02 3.370×10-02 * 1.58×10-03 Auger-L 5.56×10-01 4.690×10-03 * 2.61×10-03

Radiação Listada X, γ, e γ± 6.32×10-02 Radiação Omitida X, γ, e γ± ** 3.82×10-04 Radiações Auger Listadas β, ce, e 2.67×10-01 Radiações Auger Omitidas β, ce, e ** 1.19×10-03 Radiações Listadas 3.30×10-01 Radiações Omitidas** 1.58×10-03 * Energia Média (MeV). a Energia Máxima (MeV) ** Cada transição omitida contribui <0.100% to Σy(i)×E(i). Európio-153 Filho é estável

FONTE: nds.iaea, 2005

54

FIGURA 9 - Ilustração do Decaimento do Sm-153 e seus níveis energéticos. (FONTE: nds.iaea, 2005)

55

2.8 O Processo sol-gel

O interesse por cerâmicas inorgânicas processadas via rota e também por

materiais de vidro iniciou-se em meados de 1800, com Ebelman e Graham, que estudaram gel

de sílica. (HENCH; WEST, 1990).

Araújo, em 1994, denominou o processo sol-gel como sendo um método físico-

químico de síntese de óxidos cerâmicos, em que um sol (dispersão líquida de partículas

coloidais, que são partículas sólidas de diâmetro inferior a 100 nm) evolui para um material

poroso, onde partículas maiores interconectam-se formando uma rede sólida chamada gel.

De acordo com Hench (1998), no século XX, alguns tipos de vidros e cerâmicas

têm sido utilizados em aplicações médicas e odontológicas.

O processo sol-gel é enfatizado e bem aceito na preparação de biomateriais devido

à alta pureza e homogeneidade permitidas, juntamente com a possibilidade de composições e

morfologias distintas das usualmente empregadas pelos processos convencionais. A baixa

temperatura para a preparação do produto final também se torna um fator de grande interesse.

(ROBERTO et al, 2003).

Segundo Hench e West (1990), vários estudos foram realizados para o

aprimoramento desta técnica e atualmente o processamento sol-gel apresenta três etapas, que

são: (a) gelação da solução coloidal; (b) hidrólise e policondensação do alcóxido e precursores

do nitrato, seguidos por secagem hipercrítica de gel; (c) hidrólise e policondensação de

precursores alcóxidos, seguidos de (d) envelhecimento e secagem sob temperatura ambiente.

Cao e Hench (1996) definiram seis etapas para o processamento sol-gel, que são:

i) conformação; ii) gelação; iii) envelhecimento; iv) secagem; v) estabilização e vi)

densificação.

56

A conformação é a etapa em que o composto pode adquirir várias formas,

dependendo do material desejado. A gelação se caracteriza pela formação de um sólido frágil

denominado gel. Essa etapa se inicia com reações de hidrólise e condensação, ocasionando o

crescimento de partículas coloidais, para chegar a um ponto em que passam a ocorrer colisões

entre elas. Assim a condensação começa a uni-las até um ponto em que a rede se estende por

todo o volume do líquido e um aumento repentino da viscosidade é observado. (ROBERTO,

2004)

Após o período de gelação, as mudanças nas propriedades e estrutura do gel ainda

acontecem e é o que chamamos de envelhecimento. Dentro desta etapa ocorrem

policondensação, sinerese (contração do gel com conseqüente expulsão de líquido contido nos

poros) e coalescimento (diminuição da área superficial do gel via processo de dissolução e

reprecipitação). O processo dura em torno de 24 horas, a uma temperatura que oscila entre 25

e 80°C. (ROBERTO, 2004).

A remoção de líquidos dos poros do gel se denomina secagem. Géis coloidais são

secos facilmente, desde que possuam poros de dimensão superior a 100 nm. No entanto, os

géis processados pela rota do alcóxido possuem poros pequenos (de 1 a 10 nm), o que leva ao

desenvolvimento de tensões capilares muito altas durante o processo de secagem. A formação

de trincas e a quebra do gel são comuns quando as tensões de secagem são maiores que a

resistência do gel. Para controlar essas tensões pode-se fazer: i) evaporação muito lenta; ii)

evaporação hipercrítica (alta temperatura e pressão); iii) diminuição da energia superficial

sólido-líquido por adição de surfactantes; iv) eliminação dos poros muito pequenos; v)

obtenção de tamanhos de poros monodispersos, o que elimina tensões capilares diferenciais.

(ROBERTO, 2004).

Chamamos de estabilização quando o gel seco poroso é convertido em um sólido

denso e homogêneo (aumento da densidade, resistência e dureza), por reações de

57

policondensação, pirólise de compostos orgânicos ou grupos presentes no gel, oxidação do

carbono e estabilização térmica.

A densificação é programada para se adquirir materiais com poros mais fechados.

Assim eleva-se a temperatura, em torno de 900 a 1150°C, dependendo da composição do gel.

2.9 Vidros Bioativos

A ciência dos biomateriais envolve tanto o material biológico quanto a

engenharia. Segundo Cao e Hench (1996), nenhum material implantado em tecido vivo está

inerte, todos os materiais eliciam uma resposta do tecido local. A formação da camada

fibrosada depende de diversos fatores, dentre eles as condições do implante e do tecido local,

bem como a reação do tecido à introdução do implante.

Cao e Hench (1996) enfatizam que os poros de biomateriais provêm fixação de

tecidos (local e de associação), devido à penetração de tecido local nos poros ou por todo o

implante. Para eles, o implante reabsorvível é assim designado por degradar com o tempo e

por substituir o tecido natural, e vice-versa.

Assim um material bioativo é aquele que elicia uma resposta biológica específica

na interface do material, formando “junções” entre o tecido e o material. Isto é intermediário

entre reabsorvível e bioinerte. (CAO; HENCH, 1996).

O biovidros, as cerâmicas-vidros e a hidroxiapatita (HA) são usadas em tecidos

mais solidificados e de consistência endurecida como restauração óssea, reparos nos ossos da

orelha, como também na coluna vertebral. (CAO; HENCH, 1996).

Segundo Vogel et al (2001), os implantes mostram, dependendo da composição e

do tempo de implantação, diferentes formas de degradação.

58

Hench (1998) e Ratner (1999) descrevem a importância dos biomateriais, bem

como sua evolução na medicina. Desta forma, os autores enfatizam que os biomateriais estão

sendo utilizados de forma vasta. Estes estão presentes em próteses, na ortopedia e em

implantes dentários, na odontologia, melhorando a qualidade de vida de muitos pacientes. O

objetivo dos biomateriais será sempre aproximar o tecido implantado ao tecido que recebeu o

implante.

Ooms et al (2003), em seus experimentos com cimento de fosfato de cálcio,

mostram a funcionalidade e a biodegradabilidade deste composto implantado no osso de

cobaias. Concluíram que o composto estava sendo reabsorvido e que não provocou evolução

de respostas inflamatórias, nem mesmo reação ao corpo estranho implantado, nem tampouco

necrose dos tecidos circunjacentes.

59

3 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos: i) estimar a atividade de microssementes

contendo samário, em função do fluxo de nêutrons por ativação neutrônica; ii) analisar o

processo de degradação e solubilidade das sementes bioativas em cérebro de coelhos; iii)

elaborar um protocolo de implante de sementes bioativas e biodegradáveis, envolvendo

técnica de aplicação e iv) monitorização por tomografia computadorizada.

60

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Etapa I: Fabricação e Remodelagem das Sementes

As amostras foram preparadas misturando água deionizada, nitrato de samário

(Sm(NO3)2), solução de ácido nítrico 2N (HNO3), esta como catalizador, e tetraetilortosilicato

(C8H20O4Si) ou TEOS. Após esta mistura acrescentava-se à amostra nitrato de cálcio

[Ca(NO3)2. 4H2O].

Posteriormente a amostra foi vazada em recipientes de teflon, e mantida a

temperatura ambiente por 24 horas, para gelação. Logo em seguida foram colocadas para

envelhecimento a 60°C por 20 horas, para logo serem secadas a 90°C por 16 horas e a 110°C

por 24 horas. Após estes procedimentos a amostra foi levada à mufla , para o tratamento

térmico a 700°C, por 4 horas. Após o resfriamento as amostras foram retiradas dos recipientes

de teflon e colocadas em potes plásticos. (ROBERTO, 2004)

A quantidade de nitrato de samário nas amostras foi de 20%, em porcentagem em

peso de amostra final. Foi preparada tabela descritiva do cálculo dos pesos dos constituintes

das amostras, em função do percentual em peso de Samário.

61

4.2 Etapa II: Estimação da atividade de microssementes contendo samário em função do fluxo de nêutrons por ativação Neutrônica

A estimativa da atividade das sementes será estudada teoricamente através da

equação abaixo, onde Am é a atividade em unidades de MBq/ mg. Ø; ù é a concentração do

elemento na amostra (%); m é a massa do material a ser ativado (g); a é a abundancia

isotópica (%); A é a massa atômica (g) do elemento; Øep e Øth representam os fluxos térmicos

e epitérmicos (n/ cm2.s), respectivamente; öep e öth representam as seções de choque para

nêutrons térmicos e epitérmicos (barns), respectivamente, ë é a constante de desintegração

expressa em s-1 ; t é o tempo de exposição do material ao fluxo de neutrons (s) e è é o tempo

de decaimento após a ativação (s).

Am= 0,6025. ù.m.a . (Øep ö ep+ Ø th öth)(1-e-ët)e-ë� . A

Equação 1

Através da equação1 poderá ser estimado o percentual em peso adequado de

Samário, capaz de gerar sementes radioativas com atividades estimadas específicas.

A TAB. 8 mostra características nucleares de alguns nuclídeos presentes na

semente, com suas respectivas meias-vidas e dos filhos gerados após ativação neutrônica.

62

TABELA 8 Dados nucleares dos principais nuclídeos presentes na semente radioativa.

4.3 Etapa III: Procedimento Cirúrgico

Equipamentos Cirúrgicos . Utilizou-se uma mesa operatória, foco móvel de

lâmpada fluorescente, autoclave para esterilização do instrumental cirúrgico, mesa de

instrumentação, sistema de oxigenoterapia e vácuo.

Material Cirúrgico. O material cirúrgico constou de campos operatórios,

compressas e gazes. Em cada operação foram utilizadas: um cabo de bisturi número 4; uma

lâmina de bisturi número 15; um porta-agulhas de 14 cm; uma pinça anatômica de 12 cm;

uma pinça de dente de 12 cm; uma tesoura curva de ponta romba de 17 cm; uma tesoura reta

de ponta fina.

Material para depilação e anti-sepsia. O material de depilação utilizado foi um

aparelho permanente tipo de barbear com lâminas descartáveis. Na anti-sepsia, solução de

álcool 70% , e pinça hemostática reta com dente para prender a gaze molhada pelo anti-

séptico.

Z

a

%

óth barns

óep barns

Filho Meia vida

Si-30 3,1 0,10758 0,708 Si-31 157,3 M

Sm-144 2 1,64 1,902 Sm-145 340 d

Sm-152 96 206,2 2764 Sm-153 46,27 h Sm-154 2 8,393 36,31 Sm-155 22,3 M

Ca-40 96,941 4,08E-01 2,12E-01 Ca-41 103000 a

Ca-44 2,086 8,88E-01 4,24E-01 Ca-45 162,61 d Ca-46 0,004 7,40E-01 3,39E-01 Ca-47 4,536 d

Ca-48 0,187 1,093 4,84E-01 Ca-49 8,718 M

63

Fármacos Anestésicos . Como anestésicos centrais e dissociativos, foram

utilizados xilasina solução injetável e cloridrato de S(+) cetamina 50mg/cm³ solução injetável

de 10cm³.

Fio de Sutura: Usaram-se fios agulhados de nylon 4-0.

Animais de Experimentação. O modelo experimental desta pesquisa foi

desenvolvido em 4 coelhos Nova Zelândia. Os animais foram tratados conforme a Lei nº

6.638, de 08 de Maio de 1979, Decreto nº 24.645 de 10 de Julho de 1934, e as normas

internacionais de bons tratos aos animais, conforme literatura pesquisada e de acordo com os

princípios éticos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

O protocolo de liberação para experimentação do CETEA (Comitê de Ética em

Experimentação Animal) foi de número 105/05 com data expedida em 20/06/2005.

FIGURA 8 - Cobaias utilizadas na experiência.

Pré-operatório e Anestesia. Após a contenção do coelho, o mesmo foi

posicionado em decúbito ventral na mesa operatória. Infusão de dose de Xilazina 2%

(5mg/kg) via intra-muscular, com efeitos sedativo, analgésico e relaxante muscular,

64

intramuscular em região glútea direita. Infusão de dose de cloridrato de S(+) cetamina,

50mg/kg de peso, intramuscular em região glútea esquerda. Realizada depilação parcial do

couro da calvária, após palpação craniana. Anti-sepsia, com solução alcoólica a 70%.

Montagem das sementes dentro da agulha hipodérmica. O processo de

montagem foi dentro de câmara Ultra Violeta, em que 3 sementes foram postas seqüenciadas

dentro da agulha e entre elas foram colocados fios de náilon com 0,45mm de comprimento,

sendo que a montagem iniciava com uma semente. Assim totalizaram 3 sementes e 2 fios de

náilon.

FIGURA 9 - Agulha hipodérmica utilizada para o implante.

Ato Operatório. Após a colocação de campo cirúrgico fenestrado, fez-se a

incisão operatória do couro da calvária do animal, longitudinal mediana, de aproximadamente

2,0cm de comprimento. Abertura por planos, com incisão da pele e subcutâneo, incisão da gálea

aponeurótica e tecido subaponeurótico frouxo, longitudinalmente.

Trepanação parietal esquerda, a 3mm, lateralmente, do nível médio da sutura

sagital, com broca número 1,5. Introdução de 7mm de agulha de punção, do tipo hipodérmica,

65

número G6, carregada com as três sementes biodegradáveis. Injeção das sementes, deixando-

as em situação intra-cerebral. Repetido o procedimento, com outra trepanação, a 3mm lateral

e 1cm anterior a primeira.

Sutura em bloco das camadas da incisão com três pontos simples com fio de

náilon 4-0.

Seguiu-se a liberação do animal para recuperação operatória em gaiola individual,

estando a dieta de água e ração já disponível.

Estes procedimentos cirúrgicos foram seguidos posteriormente com outros 3

coelhos, sendo que o primeiro, a título de avaliação preliminar, foi realizado com uma média

de 6 meses antes dos 3 últimos.

4.4 Etapa IV: Acompanhamento por imagem de tomografia computadorizada (CT)

As imagens tomográficas foram obtidas no centro MEDIMAGEM/Sete Lagoas,

prefixando a janela para o cérebro, em tomógrafo computadorizado helic oidal GE modelo

CT/e, com espaçamento de 2 mm em campo posicionado sob o cérebro do coelho. As

imagens foram ampliadas e impressas em filme próprio.

Após 30 dias do implante, o coelho 1, foi contido e anestesiado com Rompun

(xilazina-sedativo, analgésico e relaxante muscular- dose 0,25 ml/kg) e Dopalen ( Ketamina-

anestésico geral- dose 0,25 ml/kg), e encaminhado para uma tomografia computadorizada

(CT). A anestesia foi aplicada na região superior do membro inferior. A duração média da CT

foi de 15 minutos.

Os coelhos 2,3 e 4 seguiram os mesmos critérios de anestesia e contenção e foram

acompanhados por CT com 30 dias e 90 dias após o implante.

66

4.5 Etapa V: Acompanhamento e Estudo da Degradação

O coelho 1 teve morte natural e passou pela necropsia. Os coelhos 2, 3 e 4

permaneceram em observação para dar seguimento ao processo de biodegradabilidade. Outras

tomografias computadorizadas são realizadas após o 90º. dia, para serem comparadas às

últimas.

O coelho 1 foi necropsiado 5 meses após o implante para se verificar a causa da

morte. Este foi colocado em um freezer a - 8 °C por 3 dias.

Na necropsia, após o descongelamento da cobaia, fez-se incisão do couro da

cabeça em todo a sua extensão, incluindo incisão de pele e subcutâneo, gálea aponeurótica e

tecido subaponeurótico frouxo.

Para abertura da calota craniana utilizou-se segueta e posteriormente o cérebro foi

retirado e dissecado.

67

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Fabricação e Remodelagem das Sementes.

Para a fabricação e remodelagem das sementes, vários recipientes de teflon, como

mostrado na FIG. 11, foram montados. Para cada recipiente uma fina placa de teflon redonda,

com diversas perfurações (média de 100) realizadas com broca odontológica, foi elaborada,

conforme procedimento descrito por Roberto (2004).

Todos os elementos constituintes do processo de síntese das amostras foram

considerados, para se estimar a possível atividade teórica em função do fluxo de nêutrons por

ativação neutrônica. Assim, as amostras continham 30% de Silício-31, 20 % de Samário-152

e 30% de Cálcio-40 (os 20% restantes são do elemento O2).

FIGURA 10 - Vistas do molde de teflon fabricado para remodelagem da semente

68

Várias amostras de microssementes foram produzidas. As primeiramente obtidas

foram vazadas nos recipientes de teflon e, passado todo o processo sol-gel, o resultado final

foi de microssementes com defeitos na sua forma, as mesmas eram frágeis e várias bolhas em

sua superfície foram constatadas por microscópio. Este obstáculo foi solucionado com a

introdução de fabricação a vácuo. O material era vazado, então, nos recipientes de teflon em

câmara a vácuo e posteriormente sofria algumas agitações manuais ou com vibradores, para

se certificar da não existência destas bolhas. Assim, as amostras seguintes mantiveram a

forma cilíndrica sem defeitos visíveis.

FIGURA 11 - Fotografia comparativa das sementes de braquiterapia, por microscópio.

A FIG. 12 faz uma comparação de três sementes. A disposta em posição mediana

é a semente de Iodo-125, atualmente comercializada para braquiterapia. A semente na porção

inferior da foto se refere à produzida via rota sol-gel, sendo bioativa, com tamanho

aproximado a semente metalizada de I-125. A terceira, na porção superior, é a microsemente

produzida no presente estudo, remodelada e redimensionada, bioativa contendo Samário-153

não ativado.

1 mm

69

5.2 Estimativa da atividade de microssementes contendo Samário-153 em função do fluxo por Ativação Neutrônica

A TAB. 9 apresenta as variáveis desejadas para uma semente unitária estimando

sua atividade final em função do fluxo de nêutrons por ativação neutrônica. O fluxo térmico

(ØT) utilizado foi de 6,6 x 10 11 n/cm2 seg e o fluxo epitérmico (Øep) de 2,5 x 1010 n/cm2 seg,

compatível com um reator de pesquisa ou uma unidade subcrítica.

Podemos ainda concluir sobre a possível atividade obtida das microssementes da

tabela 8: i) a atividade para o implante será 91,9 MBq (aproximadamente 2,5 mCi) por

semente, compatível com sementes comerciais de Iodo-125, que possuem atividades de 1 a 4

mCi. ii) Os possíveis contaminantes (Sm-144, Ca-44, Ca-46, Ca-48 e O-16) gerados pela

ativação dos isótopos, possuem atividades desprezíveis, por apresentarem abundância

isotópica, seções de choque e/ou meias-vidas insignificantes em relação ao isótopo de Sm-

152. Como exemplos, o Ca-45 produz uma atividade 10-4 vezes menor comparada à do Sm-

153; o Ca-45 tem atividade de 970 Bq e o Sm-145 de 536 Bq, sendo após implante e

biodegradação da semente, eliminados e incorporados no corpo humano (no corpo humano a

radioatividade está presente de forma natural como K-40 e C-14, ambos com respectivamente

atividade de 4.400 Bq e 15.000 Bq). Quanto aos elementos Si-31, Ca-49 e Sm-155, as meias-

vidas são muito pequenas comparadas ao do Sm-153, decaindo rapidamente. Por sua vez os

elementos Sm-145, Ca-45 e Ca-46, apresentam abundâncias isotópicas muito baixas em

relação ao Sm-153. iii) o cálculo da tabela foi feita com uma microsemente fabricada com

Sm-152 enriquecido a 97%, que é um produto comercial.

TABELA 9 Atividade 24, 48, 72 e 120 hr dos elementos que sintetizam as amostras analisadas na ativação neutrônica.

Atividade da amostra com

atividade Sm -153

Massa da Semente

Massa do Isótopo

Fator de Resfriamento

para 2hrs

Afinal Afinal Afinal Afinal Afinal

(MBq/semente) (g) 2hrs resfriamento

24hr 48 hr 72hr 120hr

Z Filho

MBq/semen MBq/sem MBq/sem MBq/sem MBq/sem

Si-30 Si-31 0,0099492 0,0006 5,58E-06 5,89E-01 5,86E-03 1,746E-05 3,064E-08 5,376E-11 1,655E-16 Sm-144 Sm-145 0,0005421 0,0006 0,0000024 1,00E+00 5,42E-04 0,000541 0,0005399 0,0005388 0,0005366 Sm-152 Sm-153 94,706237 0,0006 0,0001164 9,70E-01 9,19E+01 6,61E+01 4,61E+01 3,22E+01 1,57E+01 Sm-154 Sm-155 0,0605666 0,0006 0,0000024 2,40E-02 1,45E-03 2,206E-21 8,032E-41 2,925E-60 3,88E-99 Ca-40 Ca-41 1,067E-08 0,0006 5,816E-05 1,00E+00 1,07E-08 1,067E-08 1,067E-08 1,067E-08 1,067E-08 Ca-44 Ca-45 0,0009959 0,0006 1,252E-06 1,00E+00 9,96E-04 0,0009916 0,0009874 0,0009832 0,0009749 Ca-46 Ca-47 1,524E-05 0,0006 2,4E-09 9,98E-01 1,52E-05 1,308E-05 1,122E-05 9,633E-06 7,096E-06 Ca-48 Ca-49 0,001034 0,0006 1,122E-07 9,98E-01 1,03E-03 1,958E-53 3,71E-103 7,02E-153 2,52E-252

70

71

As microssementes produzidas e remodeladas possuem o formato cilíndrico com

massa aproximada de 0,6 mg, sendo uma massa média devido a medida do peso com um

número maior de sementes (média de 10). O volume aproximado é de 2,01 x 10 -4 cm3. Sua

densidade é de 2,98 g/cm3, aproximando-se da densidade dos vidros.

5.3 Procedimento Cirúrgico

Antecedendo o procedimento cirúrgico, foi realizada a montagem das agulhas. As

agulhas hipodérmicas n° 8 foram esterilizadas em estufa a seco quente, numa temperatura de

200°C, por 2 horas. As microssementes seguiram o mesmo procedimento de esterilização.

Posteriormente, microfios de náilon (dimensões próximas às das sementes) foram

esterilizados com álcool absoluto e utilizados como espaçadores das sementes na agulha

hipodérmica.

Finalizada a esterilização, as agulhas foram montadas de forma ordenada quanto à

colocação de sementes e fios de náilon em seu interior. Seguiu-se então: semente- fio de

náilon- semente- fio de náilon- semente. Esta etapa foi realizada dentro da cabine de fluxo

laminar esterilizada por raios ultravioleta (UV). Uma pinça de ponta fina foi utilizada para a

colocação do material dentro da agulha.

O animal (coelho) foi então contido e anestesiado, utilizando-se Rompun e

Ketamina, por via intramuscular na região glútea, conforme já descrito anteriormente.

Após o processo de limpeza e raspagem da região que recebeu os implantes (FIG.

14), a calota craniana foi então perfurada com broca odontológica KG Sorensen (pontas

diamantadas, de aço inoxidável, números 1090 e 1091), conectada a um mandril e este ao

motor elétrico, como mostra a FIG. 15. Como pode ser observado na FIG. 16, nas

72

trepanações, que totalizaram 2, as microssementes foram introduzidas pela agulha já montada

e a sutura realizada, sem sangramento excessivo devido à baixa vascularização local, como

também ao tamanho da agulha e das microssementes implantadas (FIG. 17).

FIGURA 12 – Limpeza e raspagem da área da incisão

FIGURA 13 - Incisão na calota craniana do coelho.

73

FIGURA 14 - Perfuração da calota craniana com broca.

FIGURA 15 - Introdução das microssementes biodegradáveis na região cerebral .

74

FIGURA 16 - Finalização do procedimento cirúrgico.

Estes animais permaneceram em observação e nenhum medicamento pós-

operatório foi oferecido, em virtude de não se constatar quaisquer sintomas.

Apenas nos primeiros dias após a cirurgia, constatou-se uma leve agitação no

coelho 1 (n=4), mas não se observou mudanças no comportamento diário, em relação às

fezes, urina, alimentação e respostas a contato direto dos examinadores.

75

5.4 Acompanhamento por imagem de tomografia computadorizada (CT)

A tomografia computadorizada da FIG. 19 mostra a localização da perfuração da

calota craniana, bem como a localização das microssementes implantadas no coelho 1. O

número de sementes implantadas totalizou 6, mas o plano de implante e o plano tomográfico

não se coincidiram, tornando a visão das sementes individualizadas. O coelho 1, que recebeu

os implantes das microssementes não radioativas e biodegradáveis no cérebro, não apresentou

sinais de modificação comportamental, motora ou funcional.

FIGURA 17 - CT da região cerebral da cobaia 1, após o 30º. dia de implantação da semente biodegradável.

O coelho 2 recebeu o implante das microssementes na região cerebral 7 meses

após o coelho 1. Os procedimentos cirúrgicos foram os mesmos, assim como os

procedimentos para a tomografia computadorizada. A FIG. 20 mostra as microssementes no

76

cérebro do coelho 2, após 30 dias de implante. Foi possível visualizar 5 das 6 microssementes

implantadas.

Após os 30 dias do implante, o coelho foi continuamente observado, e alterações

de atividades de vida diária, como alimentação, fezes e urina, não foram constatadas.

Aspectos como funcionalidade de membros ou de atitudes agressivas do animal não foram

notados.

FIGURA 18 - Tomografias computadorizadas do coelho 2, com visualização de 5 sementes das 6

implantadas após o 30º. dia de implante.

77

O coelho 3 passou pelos mesmos procedimentos cirúrgicos, de tomografia

computadorizada e observação. As 6 microssementes implantadas após 30 dias, foram

visibilizadas na tomografia computadorizada, como mostra a FIG. 21.

Nas observações do examinador após 30 dias de implante, nenhuma modificação

dos hábitos diários, como fezes, urina e alimentação foram notadas. Alterações nos aspectos

comportamentais, como agressividade, ou dificuldade de movimentação, também foram

descartadas.

FIGURA 19 - Tomografia Computadorizada do coelho 3, mostrando 6 microssementes no 30º. dia de implante.

78

Como comentado anteriormente em relação às outras cobaias (2 e 3), o coelho 4

continuou não apresentando alterações visíveis a respeito de rejeição do material implantado

no cérebro (FIG 22). A maioria das sementes continua bem densificadas, mas algumas já

demonstram diminuição da densidade e clareamento nas tomografias computadorizadas.

FIGURA 20 - Tomografia Computadorizada do coelho 4 com visualização de 6 microssementes no 30º. dia.

79

A FIG. 23 mostra as secções de corte da tomografia computadorizada do coelho 4.

Os segmentos 6, 7, 8 e 9 correspondem à região da operação ( área parietal do cérebro), onde

as microssementes foram implantadas.

FIGURA 21 - Secções dos cortes da região cerebral dos coelhos 4 na tomografia computadorizada

Após 90 dias da realização do implante das microssementes, os coelhos 2, 3 e 4

foram novamente anestesiados e levados ao serviço de tomografia computadorizada. Os

cortes tomográficos foram aproximadamente iguais às secções realizadas na tomografia de 30

dias após o implante, a titulo de comparação.

Na FIG. 24 observamos a tomografia computadorizada do coelho 2 que, após 90

dias, permanece com 2 sementes visíveis e nenhum processo inflamatório ou edemas pode ser

notado. Algumas sementes tornam-se menos visíveis, com densidades mais inferiores às

80

inicialmente registradas (aquelas com 30 dias do implante), podendo ser um indicio da

degradação.

FIGURA 22 - Tomografia Computadorizada do coelho 2, 90º. dia após o implante.

81

A FIG. 25 mostra as secções do cérebro na tomografia computadorizada do

coelho 2. Desta forma, as secções 5 e 7 são correspondentes à região parietal posterior.

FIGURA 23 - Cortes da região cerebral do coelho 2.

O coelho 3 também realizou nova tomografia computadorizada após 90 dias de

implante, como mostra a FIG. 26. Os resultados obtidos foram de pouca diferenciação visual

da degradação das microssementes, mas diferentes densidades foram notadas, constatando

sementes com tamanhos diferenciados.

82

FIGURA 24 - Tomografia Computadorizada do coelho 3, no 90º. dia após o implante das microssementes.

Na FIG. 27 podemos observar o local das secções da tomografia computadorizada

no coelho 3. Estes secções são de números 4, 5, 7 e 8.

83

FIGURA 25 - Secções do cérebro na tomografia computadorizada do coelho 3.

Para o coelho 4, a FIG. 28 mostra nitidamente por tomografia computadorizada a

presença de 4 microssementes, inclusive uma delas, localizada próximo à superfície da calota

craniana. Estas imagens também foram obtidas após 90 dias do implante.

84

FIGURA 26 - Tomografia Computadorizada do coelho 4, 90 dias após o implante.

A FIG. 29 demonstra também as secções do cérebro do coelho 4 na tomografia

computadorizada. As secções são representadas pelos números 4, 5, 7 e 8.

85

FIGURA 27 - Secções da região cerebral na tomografia computadorizada do coelho 4.

5.5 Necropsia e estudo da degradação das microssementes do coelho 1.

Após a morte natural do coelho 1, a necropsia realizada (FIG. 30) possibilitou a

localização de duas sementes na mesma região onde o implante foi realizado (região do lobo

parietal direito). As sementes apresentavam formas menores e coloração diferente, indicando

degradação.

86

FIGURA 28 - Necropsia do coelho 1, com visibilização do cérebro e região do implante das microssementes

Com a necropsia do coelho 1, foi possível visualizar na porção interior da calota

craniana, a perfuração realizada com a broca para o implante. Na região externa da calota

craniana nenhum abaulamento ficou notável, como mostra a FIG. 31.

87

FIGURA 29 -Cérebro do coelho 1, visibilizando internamente, a perfuração da calota craniana.

A comparação das sementes antes e após 4 meses de implante (FIG. 32) foi

realizada na cobaia 1 após autópsia. A remoção da semente possibilitou a comparação por

microscópio. A semente branca representa a que está intacta, a que não foi implantada,

posicionada a título de comparação visual e as mais escuras são as removidas cirurgicamente.

88

FIGURA 30 - Análise visual das sementes antes e após 120 dias do implante realizado na cobaia 1.

Na FIG. 33, através de microscópio, podemos observar que o aspecto das

microssementes removidas cirurgicamente se encontra mais avermelhado, devido a sua

porosidade que, entrando em contato com a substancia cerebral, formou a junção de tecido-

material, constatando, desta forma a sua denominação de bioativo, bem como de

biodegradável.

FIGURA 31 - Visualização com microscópio eletrônico das microssementes retiradas após autópsia.

89

6 CONCLUSÕES

Este estudo visou avaliar a biodegradabilidade de microssementes contendo

Samário-152 por implantes cerebrais em cobaias. Assim, um protocolo de implantação e uma

técnica de monitoração radiológica foram necessários. A remodelação e o redimensionamento

das sementes também se tornaram importantes para a aplicação no volume alvo, bem como

uma estimativa da atividade destas microssementes contendo Samário-153, em um fluxo de

nêutrons por ativação neutrônica.

Através deste trabalho foi possível viabilizar um protocolo de implante de

microssementes bioativas. Procedimentos de perfuração da calota craniana e introdução da

agulha hipodérmica na massa cerebral ficaram bem estabelecidos e o monitoramento por

tomografia computadorizada foi eficaz. Através destas tomografias e da necropsia realizada

em um dos coelhos, a biodegradabilidade foi notável, mas ainda não concluída com 90 dias

após implante. O elemento Samário, incorporado nestas microssementes, apresentou várias

vantagens sobre o Iodo-125. Sua meia vida curta e suas emissões de radiações beta e gama

são algumas delas.

Pode-se afirmar, então, que este estudo abre uma nova perspectiva para a

braquiterapia, não só cerebral, como da próstata, do olho, dentre outras. Os materiais

biodegradáveis tornam-se cada vez mais instrumentos de atuação biomédica, ampliando suas

formas e aplicações.

As microssementes biodegradáveis implantadas serão uma forma alternativa de

braquiterapia, visando a eliminação total do tumor, sem afetar os tecidos sadios. Também

após a radiação e erradicação do tumor, o material que encapsula o radioisótopo, por ser

compatível e absorvido pelo organismo, favorecendo minimização das seqüelas debilitadoras.

90

7 ANEXO

Publicação em Revistas, Anais e Congressos:

Silva G. X. O.; Campos T. P. R.; Siqueira S. L.; Maciel M. B. The Surgical Viability and

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