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AUTOS DE TUTORIA E CONTRATO DE ÓRFÃOS (1891-1920): FONTE PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Ana Cristina do Canto Lopes Bastos / USF Este texto tem como objetivo demonstrar resultados ainda que parciais, da pesquisa que venho realizando, tendo como principal fonte autos cíveis de tutoria e contrato de órfãos no século XIX e início do XX. Essa documentação pertence ao acervo do Fundo do Poder Judiciário da Comarca de Bragança-SP, custodiado pelo Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH), da Universidade São Francisco. Pretende-se analisar os significados dessa relação de tutela, de modo a contribuir para a história da educação e da infância. As fontes escolhidas podem representar novas perspectivas para a expansão de temas e abordagens na história da educação. São fontes ainda pouco utilizadas e podem conter informações importantes para ampliar o debate na redefinição de novos objetos e metodologias entre os pesquisadores da área 1 . No levantamento realizado, localizaram-se 361 autos envolvendo menores, dos quais apenas 99 não dispõem diretamente sobre tutela e contrato de soldada. Desse total, 256 autos pertencem ao período de 1891-1920. Dos demais autos, dezenove estão distribuídos em período anterior (1822-1889) e oitenta e seis em período posterior (1921- 1936). 2 Considero importante, desde já, apresentar algumas definições de expressões que serão utilizadas ao longo deste estudo tais como tutoria e tutela. Ambas aparecem na capa dos autos, como definidores do tipo de processo em curso. A palavra tutoria é usada com muito mais freqüência, embora defina o exercício da tutela. Segundo Rodrigues Nunes, tutoria “diz-se ao cargo ou da autoridade de tutor(1997, p. 544). Enquanto que tutela, de acordo com o mesmo autor, é “encargo civil que a lei confere a alguém juridicamente capaz para governar e proteger a pessoa do menor que se acha fora do pátrio poder, administrar seu patrimônio e representá-lo nos atos da vida civil” (1997, p. 544). Segundo Pedro Nunes, soldada é a “remuneração de criados, operários e 1 Este trabalho está inserido no âmbito do projeto História da educação da criança brasileira nos séculos XIX e XX, coordenado pelo Prof. Dr. Moysés Kuhlmann Jr. 2 oitenta mil processos entre 1798-1980, compõem o arquivo do judiciário do CDAPH.

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AUTOS DE TUTORIA E CONTRATO DE ÓRFÃOS (1891-1920): FONTE PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Ana Cristina do Canto Lopes Bastos / USF

Este texto tem como objetivo demonstrar resultados ainda que parciais, da pesquisa

que venho realizando, tendo como principal fonte autos cíveis de tutoria e contrato de

órfãos no século XIX e início do XX. Essa documentação pertence ao acervo do Fundo do

Poder Judiciário da Comarca de Bragança-SP, custodiado pelo Centro de Documentação e

Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH), da Universidade São Francisco.

Pretende-se analisar os significados dessa relação de tutela, de modo a contribuir para a

história da educação e da infância.

As fontes escolhidas podem representar novas perspectivas para a expansão de

temas e abordagens na história da educação. São fontes ainda pouco utilizadas e podem

conter informações importantes para ampliar o debate na redefinição de novos objetos e

metodologias entre os pesquisadores da área1.

No levantamento realizado, localizaram-se 361 autos envolvendo menores, dos

quais apenas 99 não dispõem diretamente sobre tutela e contrato de soldada. Desse total,

256 autos pertencem ao período de 1891-1920. Dos demais autos, dezenove estão

distribuídos em período anterior (1822-1889) e oitenta e seis em período posterior (1921-

1936).2

Considero importante, desde já, apresentar algumas definições de expressões que

serão utilizadas ao longo deste estudo tais como tutoria e tutela. Ambas aparecem na capa

dos autos, como definidores do tipo de processo em curso. A palavra tutoria é usada com

muito mais freqüência, embora defina o exercício da tutela. Segundo Rodrigues Nunes,

tutoria “diz-se ao cargo ou da autoridade de tutor” (1997, p. 544). Enquanto que tutela, de

acordo com o mesmo autor, é “encargo civil que a lei confere a alguém juridicamente

capaz para governar e proteger a pessoa do menor que se acha fora do pátrio poder,

administrar seu patrimônio e representá-lo nos atos da vida civil” (1997, p. 544).

Segundo Pedro Nunes, soldada é a “remuneração de criados, operários e

1Este trabalho está inserido no âmbito do projeto História da educação da criança brasileira nos séculos XIX

e XX, coordenado pelo Prof. Dr. Moysés Kuhlmann Jr.

2 oitenta mil processos entre 1798-1980, compõem o arquivo do judiciário do CDAPH.

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trabalhadores” (1956, p.405). Nos processos, o contrato de soldada era o documento

assinado pelo contratante pela locação dos serviços dos órfãos intermediado pelo Poder

Judiciário.

É ainda necessário definir o que chamamos de auto e o que chamamos de processo.

A terminologia Auto significa o conteúdo documental gerado durante o processo. Ainda

segundo o dicionário de arquivística é o conjunto ordenado das peças de um processo

judicial ou administrativo. Enquanto Processo é o conjunto de procedimentos adotados na

administração da justiça até a sentença. Segundo o mesmo dicionário, é a unidade

documental em que se reúnem oficialmente documentos de natureza diversa, no decurso de

uma ação administrativa ou judiciária, formando um conjunto materialmente indivisível

(CAMARGO; BELLOTO, 1996 pp.11 e 62).3 Processo Orfanológico é “[...] aquelle em

que se descreve, avalia e reparte o patrimônio dos que deixaram por sua morte herdeiros

menores ou incapazes por algum outro motivo da administração de seus bens” Citação do

autor retirada das Ordenações Filipinas “Ord. do Liv. 1.º, Tit. 88 e Liv. 4.º, Tit. 96”

(CARVALHO, 1915, p. 11). Carvalho continua dizendo que o Processo Orfanológico

“não é somente o do inventário e partilha de bens [...] é também o de outras cousas que

interessem as mesmas pessoas sujeitas a jurisdição dos juizes de órphãos, como a

renovação de tutores, curadores e outros” (1915, p. 12). A amplitude que “outras cousas”

indica, pode em certa medida respaldar a ação diferenciada adotada pelos Juizes em

relação as decisões sobre o destino dos órfãos.

Cabe, com relação a esse aspecto, considerações a respeito da diferença que se nota

entre os autos da mesma natureza, ou seja, os autos de tutoria e contrato de órfãos.

Encontram-se procedimentos diferentes, o tipo de documentação não é o mesmo em todos

os processos. Por exemplo, em alguns processos a partir de 1896, há no texto do contrato

um item que diz da obrigatoriedade do tutor em mandar o órfão para a escola, conforme o

Decreto n° 218, de novembro de mil oitocentos e noventa e três, - aprova o regulamento da

instrução pública - para execução das lei de n.º 88, de oito de setembro de mil oitocentos e

noventa e dois, e a lei de n.º 169, de sete de agosto de mil oitocentos e noventa e três,

artigos 200 e 201 (REIS FILHO, 1998, p.23)4. Enquanto que em outros autos do mesmo

ano não aparece esse encaminhamento. Outra observação se dá em relação aos recibos dos

3 Há que se definir também o que são processos cíveis e processos criminais. O processo cível, diz-se do que

se instaura para resolver conflitos envolvendo relações de ordem privada. Enquanto que processo crime, diz-se do que se instaura a fim de apurar a prática ou não de um delito penal, e que termina pela condenação do indiciado pela exclusão de sua punibilidade ou por sua absolvição (NEVES, 1978, p.s/n).

4 Antes de 1896, não localizei nenhum processo em que esse encaminhamento pudesse ser verificado.

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depósitos feitos no cofre de órfãos que não aparecem em todos os processos, embora seja

obrigação do contratante depositar o valor das soldadas combinado entre o juiz e o tutor.

Os autos possuem uma profusão de indícios a serem investigados. Para Le Goff, o

documento é um monumento e o principal dever do historiador “é a crítica do documento –

qualquer que ele seja – enquanto monumento. O documento não é qualquer coisa que fica

por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de

força que aí detinham o poder” (1984, p.102), daí ser necessária a análise do documento.

De acordo com o mesmo autor, “só a análise do documento permite à memória coletiva

recuperá-lo [...]” (p.102). É necessário, portanto, “demolir” o documento enquanto

monumento, desestruturar sua construção e analisar “porque um monumento é em primeiro

lugar uma roupagem, uma aparência enganadora, uma montagem” (p. 104).

Seu caráter de documento oficial não lhe assegura a expressão da verdade, “não

existe documento-verdade” (LE GOFF, 1984, p.103), razão pela qual devem ser

analisados. Constituem fonte de estudo de rico conteúdo para trazer à tona as formas de

vida de homens, mulheres e crianças, tanto das classes dominantes quanto das classes

menos favorecidas.

A leitura dos autos de tutoria permite identificar quem eram os órfãos dados aos

contratos de soldada e refletir sobre o universo desses menores, sobretudo das crianças

pobres que foram alvo da ação dos juizes.

A maior incidência de fontes localizadas no período entre 1891-1920, permite

identificar as relações dos autos de tutoria e contrato com o trabalho compulsório dos

órfãos. Notadamente, é nesta época que a infância pobre, desvalida e, mais especificamente

no caso desta pesquisa, os órfãos, passaram a ser vistos mais pontualmente. Isso porque a

crença no trabalho para as classes pobres como forma de evitar a marginalidade ia ao

encontro do discurso da carência de mão-de-obra no período relacionado às visões sobre o

trabalho que estavam sendo construídas no momento da abolição/imigração. Segundo

Sidney Chalhoub, em Trabalho, lar e botequim, o que se verifica não é a carência de

trabalhadores e sim a dificuldade em ajustá-los às condições concretas de luta pela

sobrevivência. “A oferta abundante aumentava a competição entre os trabalhadores,

dificultava a organização das lutas reivindicatórias” (1986, p. 37). Trata-se de um período

complexo em que não cabem tentativas de generalização. Uma nova relação vai surgindo

entre empregadores e trabalhadores que nem sempre se ajustam ao esquema proposto.

Conforme o mesmo autor.

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Esse esquema não dá conta de milhares de indivíduos que, não conseguindo ou não desejando se tornar trabalhadores assalariados, sobreviviam sem se integrarem ao tal “mercado”, mantendo-se como ambulantes, vendedores de jogo de bicho, jogadores profissionais, mendigos, biscateiros, etc. (1986, p.37).

Embora em se tratando de estudo ambientado na cidade do Rio de Janeiro, que

tanto na época quanto hoje difere em muito da cidade Bragança - SP, local de origem da

documentação, podemos buscar em Chalhoub uma pista para entender a procura pela mão-

de-obra infantil através dos autos de tutela e contratos de soldada, num momento em que

segundo o autor não havia falta de trabalhadores. Pode-se aventar então a hipótese que o

trabalho era considerado um dos principais meios de educação para as crianças e jovens

pobres.

Ainda que a legislação previsse a responsabilidade do tutor com relação à

escolarização dessas crianças, observa-se que isso não era objeto de grandes preocupações

nas práticas da administração da justiça, pois a educação dos órfãos, ao contrário das luzes,

isto é, do ideário civilizatório iluminista, esteve muito mais atrelada à moralização e ao

ajustamento ao trabalho imposto pela nova ordem social.

Em Instrução elementar no século XIX, Luciano Mendes de Faria Filho aponta

que: “Como componente central desse ideário estava a idéia da necessidade de alargar as

possibilidades de acesso a um número cada vez maior de pessoas às instruções e práticas

civilizatórias” (2000, p.140). No Brasil, segundo o mesmo autor, os diagnósticos apontam

para uma realidade contrária a esse ideário. Os autos de tutoria e contrato de órfãos

indicam que para muitos jovens e crianças pobres a única possibilidade era o trabalho.

Identificam-se também situações de violência contra as crianças tuteladas que

transparecem em alguns autos. Outro aspecto que merece ser analisado relaciona-se à

verificação de quem eram esses menores chamados órfãos que ficavam sob a jurisdição do

Poder Judiciário, disponíveis às tutelas e contratos de soldadas, uma vez que em sua

maioria - nos autos lidos até o momento - a presença da mãe está confirmada na

documentação.

Outro aspecto que despertou atenção foi o grande interesse que a tutela de menores

gerava entre comerciantes e proprietários de terra, em sua maioria pessoas com certa

ascendência social e econômica na Comarca. Aos poucos, na leitura dos mesmos, foram

surgindo outros detalhes intrigantes: a identificação de “cofre de órfãos”, documentos de

prestação de contas, recibo de valores depositados pelos tutores, informação sobre o

empréstimo desses valores ao governo a juros de 5% ao ano, resgate desses valores feitos

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pelos tutelados, por ocasião de sua maioridade ou para fins de casamento. Nota-se, no

entanto, que nem sempre o contratante cumpria a obrigação de depositar as soldadas

combinadas, tendo que ser algumas vezes intimado pela Justiça. Nesses casos,

normalmente, apresentavam-se desculpas relacionadas à saúde do órfão, que por ser doente

não dava conta do trabalho, dando-lhe somente despesa. Ou ainda, apresentavam

testemunhas para confirmar sua alegação de fuga do menor de seu domicílio.

O tratamento de órfão dado pela Justiça a esses menores nos autos de tutoria e

contrato também me parece um fato intrigante, uma vez que em sua maioria os menores

tinham mãe, conforme mencionado anteriormente. Inicialmente atribuí essa prática ao fato

de a mãe não possuir o direito ao pátrio poder, que só lhe foi dado a partir de janeiro de

1890, pelo artigo 92 da lei 181 do Código Penal (2003, p.68). Ainda assim, as práticas de

tutoria de órfãos que viviam em companhia das mães continuaram a ocorrer apresentando

um aumento expressivo, conforme se verifica na documentação.

Um outro aspecto relevante é o fato de que as crianças tuteladas que aparecem nos

autos lidos até o momento pertenciam a famílias de extratos sociais carentes, algumas delas

tinham sua tutela pedida por conta da conduta questionável das mães e dos pais, sobretudo

das mães com quem elas viviam normalmente, segundo consta nos autos. É importante

notar que as acusações sobre a incapacidade das mães manterem seus filhos em sua

companhia partia do interessado em contratar o menor. Chamou-me a atenção também que

alguns desses menores eram filhos de ex-escravos, o que pode significar um forte indício

de que essas tutelas e contratos permitiam a continuidade da condição de exploração do

afro-descendente, suprindo com mão-de-obra livre e infantil a carência do mercado de

trabalho propagada nos discursos da época. Vale lembrar que a Lei do Ventre Livre foi

instituída em 1871, a Lei Áurea em 1888, e a incidência desse tipo de auto - tutoria e

contrato de órfãos - torna-se significativa a partir de 1890. Este é o momento em que

ocorre o processo de mudança do trabalho escravo para o assalariado. Enquanto preparava-

se a abolição da escravidão os juristas do período organizavam mecanismos que pudessem

garantir a manutenção do trabalho compulsório. Ao que tudo indica as tutelas e contratos

de órfãos nos apontam essa relação.

Este estudo, privilegiando sobretudo os órfãos pobres, foi motivado também a

partir do meu envolvimento com crianças e jovens em situação de abandono quando estive

trabalhando na Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social em São Paulo.

Guardadas as especificidades de cada época, o descaso e o drama vivido por essa

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população se assemelha, uma vez que seu princípio ancora-se na miséria. Essa condição

humana, tanto hoje quanto no passado, acaba muitas vezes sendo tratada como “caso de

polícia” e o Poder Judiciário torna-se mais um aparato do Estado com a função de

disciplinar e até mesmo condenar, muito mais do que inseri-los ao convívio social.

Pretende-se investigar nesta pesquisa aspectos relacionados à situação histórica da

criança em aspectos relacionados ao trabalho infantil, violência contra menores, quais as

idades consideradas para se definir as fases da vida, quanto nas questões relativas ao

entendimento do que poderia significar infância no século XIX, que guardam

particularidades em relação ao que entendemos hoje como infância.

Philippe Ariès nos mostra que na sociedade medieval - época que tomou como

ponto de partida para seu estudo - “o sentimento da infância não existia o que não quer

dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas [...] essencial é

saber distinguir a particularidade que há entre a criança e o adulto” (1998, p.156).

A idade definindo os períodos da vida, por exemplo, não seguiu ao longo do tempo

o mesmo padrão. As Ordenações Filipinas, com seu conjunto de leis que vigoraram no

Brasil por todo o Período Colonial e parte do Império, fixavam como idade adequada para

o casamento de meninas doze anos e, para os meninos, quatorze anos, o que aos olhos de

hoje pode parecer inadequado.

Kuhlmann Jr. aborda a questão da idade sob o ponto de vista de que cada sociedade

possui seu sistema de classes e idade e que tanto a infância como qualquer outra fase da

vida tem um significado genérico e esse significado é função das transformações sociais,

ou seja, o sentimento de infância vai sendo construído de acordo com o desenvolvimento

de cada sociedade e da percepção que se pode traçar sobre as diferentes etapas da vida

(1998, p.31).

A Resolução de 31 de outubro de 1831 – Trigo Loureiro § 236 – considerava que

menores “§ 566 são todos aquelles, homens ou mulheres, que não completaram vinte e um

annos de edade”. Entretanto, no § 567, o autor observa que para os expostos a maior idade

dava-se tão logo o menor completasse vinte anos de idade (TOLEDO, 1912, p. 153). Pode-

se observar que os critérios para definir os limites etários, pressupunham variações na

própria legislação.

Antes do século XIX, a criança não havia despertado interesse, ou seja, não

possuía representação como ser social, a não ser internamente à estrutura familiar e pelo

nascimento. Somente quando é percebida como mão-de-obra, o interesse jurídico sobre ela

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é despertado, tornando a criança um objeto de posse, sobretudo as mais pobres. Em

Lembranças do passado, Palma de Oliveira lembra que:

O século XIX, foi marcado por duas formas paradoxais de existência da infância, de um lado as crianças da burguesia com o período de infância alongado graças ao período de escolarização; de outro, a persistência de um elemento do modelo medieval: a precocidade da passagem para a idade adulta nas camadas mais pobres da população. Fato que se fortaleceu pela demanda de mão-de-obra infantil... (2001, p.14.)

Para Kuhlmann Jr., guardados os limites etários amplos, a infância traz em si

mesma, aspectos de sua história social, sem que o sentimento de infância seja somente o

que o adulto possa expressar sobre essa condição humana. De acordo com o autor, “a

história seria uma maneira de contar, de narrar a unificação de tempos, de ligar tempos

diversos a um tempo da humanidade, de conferir sentidos de modo a configurar processos

históricos” (1998, p.30).

O estudo à partir de autos de tutoria e contrato de órfãos do século XIX e início do

XX, vem ao encontro da idéia de “ligação dos tempos” proposta pelo autor, pois, essa

documentação não objetiva expressar um sentimento de infância elaborado

deliberadamente com esse fim. Entretanto, nos liga a um tempo em que, guardadas as

particularidades, crianças e jovens desvalidos viviam dificuldades similares ao tempo

presente, possibilitando análises que permitam o entendimento de formas de vida social em

diferentes épocas.

Os autos de tutoria e contrato de órfãos não foram elaborados com a pretensão de

montar uma história da infância. Seu conteúdo entretanto, aponta situações vividas por

uma parcela de crianças e jovens em determinada época, no caso desta pesquisa o século

XIX e início do XX, que nos ajudam a compreender aspectos de sua própria história social.

A complexidade das histórias narradas por esses autos, pode ser visualizada, por

exemplo, em um processo de 1895 (1895, Caixa 117, Pasta 03). Nele, a mãe contratou

verbalmente Belmira, sua filha menor de apenas 12 anos, para Nicolino Nacaratti e este se

recusa a devolvê-la alegando que só o faria após conseguir outra esposa uma vez que ficou

viúvo. Nicolino não propõe casamento à Belmira. Entretanto, esta substituiria a esposa

falecida até que o mesmo se casasse novamente. Dessa forma, os autos possuem uma

profusão de indícios a serem investigados. Tanto no que diz respeito à situação histórica

das crianças, nas situações do trabalho infantil, quanto nas questões relativas à condição

feminina.

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A própria Justiça, indica no Artigo 2711 (1864, p. 1014) que o órfão até sete anos

deveria ser criado. Estabelecia oito anos como idade ideal para a contratação de serviços de

menores. Entretanto, encontra-se na documentação, autos de contrato de serviço de

crianças com idade inferior ao que estava previsto. Caso da menor Ermelinda, filha natural

da ex-escrava Belizaria Maria de Jesus, que aos seis anos de idade teve seus serviços

contratados com Albino da Silva Leme (1895, Caixa 117, Pasta 07).

Amparando-se na lei que determinava que todo órfão ou abandonado deveria ter

tutor, o Juiz de Órfãos facilitava a entrega dos menores a tutores e contratantes que

buscavam neles não mais que criados baratos.

A tutela não impunha pagamento pela prestação de serviço dos menores. A

considerar esse fato, o contrato de soldada acabou por beneficiar crianças e jovens como

único meio de ter seu trabalho remunerado, ainda que o recebimento do valor depositado

no cofre dos órfãos só pudesse ser resgatado quando o menor atingisse a maioridade, bem

como a ocorrência de falta de pagamento por parte de contratantes negligentes que não

depositavam o dinheiro no cofre, burlando a lei.

Os Juizes estipulavam um valor a ser pago em troca dos serviços prestados pelos

órfãos. Esses valores variavam, ao que tudo indica, de acordo com a idade e o sexo da

criança ou adolescente, como demonstra o caso dos irmãos Martinho, onze anos, e

Sebastião, quatorze anos. Os dois foram tutelados e contratados pelo mesmo tutor pelo

prazo de dois anos. Martinho receberia pela prestação de serviços a quantia de 86:000 reis.

Enquanto que seu irmão Sebastião, três anos mais velho, teria direito a um valor maior,

108:000 reis, que seriam depositados no cofre dos órfãos (1918, Caixa 165, Pasta 05).

Neste caso os órfãos permaneceram com o mesmo tutor até completarem a maior idade e

resgataram o valor das soldadas do cofre dos órfãos.

Já no caso de Benedita, quinze anos, e sua irmã Lourdes, treze anos, que tiveram

seus serviços contratados dois anos antes do exemplo acima, tiveram sua soldada

estipulada em 60:000 reis para ambas. Porém, não consta no auto nenhum recibo de

depósito feito a favor das menores no cofre dos órfãos, o que pode significar o não

pagamento das soldadas. Este Auto traz uma curiosidade que ainda não foi possível

averiguar. Trata-se da contratante Carolina Villaça que pode pertencer à mesma família do

juiz de direito Manoel José Villaça que, na Comarca, de Bragança, teve papel fundamental

nos despachos envolvendo tutoria e contrato de órfãos, no período em que essa prática teve

aumento significativo. (1916, Caixa 179, Pasta 05)

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O contrato de soldada foi substituindo o pedido de tutela, a qual tinha como

objetivo encontrar uma família para cuidar da criança que se encontrasse em situação de

abandono. Em virtude do aumento dos pedidos de tutela, pode-se levantar a hipótese de

que houve um entendimento por parte da justiça de que seu objetivo atrelava-se, sobretudo

à utilização dos serviços dos menores. Os juizes passaram a legitimar a soldada como um

contrato de trabalho que, embora não garantisse o bem-estar do menor, visava alguma

garantia de seus direitos determinando o pagamento pelos seus serviços.

As questões dos menores abandonados ou apenas pobres, não escaparam aos

conflitos envolvendo o judiciário e a população. Situações de tensão e confronto são

observadas através dos documentos, seja da parte de mães que, não desejando ter seus

filhos sob a tutela de outros, burlavam as decisões da Justiça não entregando seus filhos

aos candidatos a tutores ou até mesmo fugindo com estes para escapar da apreensão. Seja

por parte dos tutores que para burlar o pagamento da soldada estipulada por lei, alegava ter

o órfão se tornado desobediente e por esta razão não pretendiam ficar com o mesmo,

solicitando desistência da tutela e contrato e a dispensa do pagamento da soldada. Caso que

se verifica no auto de tutoria e contrato da menor Amélia, de dez anos, filha de ex-escravos

que diz o seguinte:

Diz o suplicante Jacintho Domingues de Oliveira que, tendo assignado contrato dos serviços da órfã Amélia, com a clausula de pagar o duplo das soldadas estipuladas no caso de rescindir o contrato, sem motivo justificável, antes de terminado o prazo respectivo: vem requerer a V. Exa. se digne dispensá-lo de pagar o duplo dessas soldadas, apezar de ter antes do prazo rescindido o contrato, por isso o que fez pelos justíssimos e (ilegível) motivos que passa e expor: A órfã, desde muito, tem manifestado muitíssimo pouca vontade de prestar serviços ao suplicante, tanto que na sua ausência, não obedece a sua esposa, respondendo-lhe mal e não dá a menor importância as suas admoestações. O suplicante teve até agora paciência na esperança de melhorar o procedimento da mesma, mas, vendo que ela não se corrige, e não se importa com castigos morais: e, não podendo nem querendo fazer uso de castigos physicos, convenceu-se de que o melhor alvitre a seguir era fazer sahir de sua casa quem nella não queira estar, isto a bem da tranquilidade não só de sua família como da própria órfã, que, em outra casa, talvez possa viver melhor, melhor cumprindo com os seus deveres (1896, Caixa 120, Pasta 04).

Os trabalhos de E. P. Thompson apresentam-se como referência porque além da

denúncia de dominação, procura recuperar as experiências próprias desses sujeitos, que

embora sendo objeto de interesse e controle de outros grupos sociais que pretendem

controlar sua forma de pensar, de se comportar e de viver, criam mecanismos de resistência

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com o intuito de proteger seus “costumes”. Ainda que fossem desiguais as formas de

enfrentar esse conflito, o poder deveria se submeter a algumas restrições. Conforme o

mesmo autor, “não só porque o costume tinha endosso jurídico e podia ser ele próprio uma

‘propriedade’, mas também porque o poder poderia se ver em perigo se o abuso dos

direitos enfurecesse o populacho” (1998, p.96). Embora na maioria das vezes a justiça

esteja ao lado das classes dominantes em outras faz-se necessário observar os interesses

das classes menos favorecidas.

A leitura dos processos aponta atitudes de mães que relutavam em entregar seus

filhos aos contratos de soldadas fugindo algumas vezes para outras cidades. Há ainda

iniciativa dos próprios órfãos que evadiam-se da casa de seus contratantes e que eram

devolvidos a estes após busca e apreensão e nunca espontaneamente. Embora a tutela e

contrato de órfãos fosse apresentado como algo positivo, que livraria os menores da

marginalidade e da vadiagem, por exemplo, a imposição dessa prática às famílias pobres,

gerava desconfiança.

A prática de contratação dos serviços de crianças e jovens pobres facilitados pela

justiça está articulada com as novas visões sobre o trabalho que vem sendo construídas

desde o momento da abolição da escravidão e posteriormente a entrada de imigrantes no

país. Ao que tudo indica não se tratava de falta de mão-de-obra e sim da utilização dos

serviços de pequenos trabalhadores que além de representarem um acréscimo nos lucros do

contratante, pois suas soldadas eram menores – como se verifica nos autos, as soldadas

eram estipuladas, ao que tudo indica, de acordo com a idade – eram ainda incentivados

pela idéia de que estes eram mais fáceis de ser disciplinados.

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FONTES PRIMÁRIAS

Autos cíveis de tutoria e contrato de órfãos pertencentes ao arquivo do CDAPH.

Almanack de Bragança para 1900. Editado e compilado por José Maia. Bragança, 1899.

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III Congresso Brasileiro de História da Educação A Educação Escolar em Perspectiva Histórica

Ficha de Inscrição 1 (para participantes com apresentação de trabalhos)

Nome: ANA CRISTINA DO CANTO LOPES BASTOS

End.Residencial:_Rua Ernesto Lo Sardo, 211 Jd. California Bragança Paulista – São Paulo - SP

CEP:12.919-450__________________________________________________

Telefone: 40338199________________________________________________

e-mail:[email protected]

Instituição: UNIVERSIDADE SÂO FRANCISCO - USF

( ) Professor ( X) Estudante de pós-graduação ( ) Estudante de graduação

Identifique um eixo temático:

( X) Arquivos, fontes e historiografia;

( ) Estudos comparados;

( ) Políticas educacionais e modelos pedagógicos;

( ) Cultura escolar e práticas educativas;

( ) Profissão docente;

( ) Gênero, etnia e educação escolar;

( ) Movimentos sociais e democratização do saber;

( ) Ensino de história da educação.