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UniSALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Elisabete Aparecida de Oliveira Cordeiro Lidia Maria de Souza Silva AUTOESTIMA NA GESTAÇÃO: Proteção e Prevenção Social Lins - SP 2018

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Page 1: AUTOESTIMA NA GESTAÇÃO: Proteção e Prevenção Social · A autoestima na gravidez está relacionada intimamente com a vida mental da mãe que atinge o binômio mãe/bebê e o

UniSALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Elisabete Aparecida de Oliveira Cordeiro

Lidia Maria de Souza Silva

AUTOESTIMA NA GESTAÇÃO:

Proteção e Prevenção Social

Lins - SP

2018

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ELISABETE APARECIDA DE OLIVEIRA CORDEIRO

LIDIA MARIA DE SOUZA SILVA

AUTOESTIMA NA GESTAÇÃO: proteção e prevenção social

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Catolico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob a orientação da Prof.ª Me Gislaine Lima da Silva e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

Lins - SP

2018

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Cordeiro, Elisabete Aparecida de Oliveira; Silva, Lidia Maria de Souza Autoestima na gestação: proteção e prevenção social / Elisabete

Aparecida de Oliveira Cordeiro; Lidia Maria de Souza Silva. -- Lins, 2018.

77p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2018.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Gislaine Lima da Silva

1. Assistência pré-natal. 2. Autoestima. 3. Gestação. 4. Vínculos Afetivos. I Título.

CDU 159.9

C818a

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ELISABETE APARECIDA DE OLIVEIRA CORDEIRO

LIDIA MARIA DE SOUZA SILVA

AUTOESTIMA NA GESTAÇÃO: PROTEÇÃO E PREVENÇÃO SOCIAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: _____/_____/______

Banca Examinadora:

Profa. Ma. Orientadora: Gislaine Lima da Silva.

Titulação: Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, UNESP

- Bauru.

Assinatura:____________________________________

1º Prof. Dr. José Ricardo Lopes Garcia:

Titulação: Doutor de Psicologia Clínica, USP - São Paulo.

Assinatura:____________________________________

2º Profa. Ma. Liara Rodrigues de Oliveira:

Titulação: Mestre em Psicologia da Educação, PUC- São Paulo.

Assinatura:____________________________________

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Dedico a meu pai esse trabalho, todo meu esforço em

terminar a graduação foi para ele, porque era o sonho dele

de formar os filhos, guardou todo o dinheiro desde quando

nasci para isso e sei que ele está muito orgulhoso de mim

por ter concretizado esse sonho.

Lidia Maria de Souza Silva

Dedico este trabalho aos meus filhos Isabela Luana e

Neemias Antonio por terem suportado minha ausência com

amor, por não terem deixado de amar a mamãe e terem

aguardado a minha volta a cada dia e ao meu esposo por

estar ao meu lado, sendo um só comigo nos dias felizes e nas

dificuldades.

Elisabete Aparecida de Oliveira Cordeiro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha parceira Elisabete por ter me escolhido,

acreditado em mim para estar compartilhando dessa mesma ideia e poder lhe

auxiliar a fazer esse trabalho.

Agradeço segundamente agradeço a meu pai por também ter acredito em mim

para estar fazendo a graduação e poder me proporciona-lo.

Por fim agradeço, meu muito obrigado por toda a ajuda e apoio aos amigos,

colegas, parentes e pessoas próximas que amo tanto.

Por ultimo e não menos importante, claro, minha gratidão a Deus por todo seu

amparo por todo esse tempo.

Lidia Maria de Souza Silva

Agradeço primeiramente a Deus, por essa conquista. Sei que todas as

possiblidades que tive desde o início foram abertas e mantidas pelas suas

fortes mãos. Com certeza acredito que o seu amor e bondade se fizeram

presentes em todo tempo. Deus está no meio de nós e por isso o agradeço.

Agradeço a minha família, que me favoreceu a oportunidade de alcançar esse

desejo que estava em meu coração desde muito jovem.

Agradeço ao Unisalesiano, direção, administração e por todo o seu corpo

docente pelo crescimento oportunizado e a dedicação de todos os professores

que direta ou indiretamente me desafiaram à busca do conhecimento.

Agradeço a Profa. Orientadora Gislaine Lima da Silva pela confiança e suporte

tão necessários,

Agradeço a todas as pessoas que me auxiliaram nessa vitória. Profissionais,

amigos e demais familiares que fazem parte da minha formação humana e

juntamente com toda bagagem teórica recebida tem acrescentado otimismo e

busca de qualidade a fim de que a realização pessoal e profissional seja

possível para mim.

Muito obrigada.

Elisabete Aparecida de Oliveira Cordeiro

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RESUMO

A pesquisa refere-se a um estudo qualitativo, descritivo e exploratório sobre autoestima e a gestação e foi realizada sob o ponto de vista humanista, por meio da análise da Abordagem Centrada na Pessoa e a Psicologia Positiva (PsP). O conceito de autoestima não possui um consenso dentro da Psicologia diante da literatura encontrada, a terminologia é aceita e conhecida pelo senso comum, porém de grande relevância na estrutura do indivíduo que não é alcançada pela maioria. O que se acredita sobre si mesmo pode fazer diferença nos temores vivenciados pelas grávidas. O trabalho teve como objetivo compreender aspectos da autoestima que podem interferir no processo de vivência da gravidez e conhecer as relações interpessoais e apoio familiar disponível para as gestantes. Utilizou-se e a escala de Rosenberg para avaliar os níveis de autoestima das gestantes e entrevista estruturada para conhecer as experiências das gestantes e seus vínculos familiares. Realizou-se a pesquisa com três gestantes maiores de vinte anos assistidas na área social e de saúde da Associação Beneficente Santa Paulina em Lins, interior de São Paulo. Constatou-se que a resiliência é uma característica presente na autoestima das gestantes, pois a aceitação da gestação consiste em uma adaptação de conflitos. As condições socioeconômicas das gestantes e a falta de suporte social não foram fatores coercitivos para a aceitação da gravidez. O tema é relevante para o desenvolvimento de pesquisas que contribuem para a sociedade como um todo por meio da prevenção e garantia de direitos a partir de um trabalho de caráter biopsicossocial, assistencial e de saúde no pré-natal destas gestantes. Palavras-chave: Assistência pré-natal. Autoestima. Gestação. Vínculos Afetivos.

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ABSTRACT

This research refers to a qualitative, descritive and explanatory about self esteem and the gestation and was done by the humanist point of view, through an analysis of Positive Psycology (PPs).The concept of self esteem does not have a consense inside the Psycology amongst the literature researched, the terminology is accepted and known by common sense, but of great relevance in the structure of the individual which is not reached by the majority. What is believed about yourself can make a difference in the fears experienced by the pregnants. This paper has a main goal to comprehend aspects of self esteem that can interfere in the experiences of the gestational process and to know the interpersonal relations and family support available to the pregnants.Was used the Rosenberg scale to evaluate the level of self esteem of the pregnants and a structured interview to know their experiences and family bonds. The research was made with three pregnant women above twenty years old that are assisted by the institution Associação Beneficente Santa Paulina, in Lins, state of São Paulo. Was discovered that resilience is a present characteristic in their self esteem, as the acceptance of the pregnancy consists in conflicts adaptation. The social economic condition of the pregnants and the lack of social support were not coercitive factors for the acceptance of the pregnancy.The theme is relevant to the development of new researches that can contribute to the society and help in the prevention and guarantee of the rights through a biopsicosocial and assistance character work and health in the prenatal of these pregnant women.

Key-words: Prenatal care. Self esteem. Gestation. Affective Bonds.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Escala de Autoestima de Rosenberg .................................................... 39

Quadro 2: Caracterização das gestantes quanto a dados sócio-demográficos .... 39

Quadro 3: Formação profissional .......................................................................... 39

Quadro 4: Trabalho atual....................................................................................... 39

Quadro 5: Dados de moradia ................................................................................ 40

Quadro 6: Proximidade com outros familiares....................................................... 40

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP: Abordagem Centrada na Pessoa

Psp: Psicologia Positiva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

CAPÍTULO I - O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA AUTOESTIMA ............... 12

1 CONCEITOS DE AUTOESTIMA ................................................................ 12

1.1 Visão humanista .......................................................................................... 14

1.1.1 Centrada na pessoa e a autoestima ............................................................ 14

1.1.2 A psicologia positiva e a autoestima ........................................................... 15

1.2 Níveis de autoestima ................................................................................... 16

1.3 A formação da Autoestima no individuo ...................................................... 16

1.4 Relação entre autoconceito, autoimagem e a autoestima ........................... 18

CAPÍTULO II - O TEMPO SINGULAR DA GESTAÇÃO ...................................... 21

1 INFLUÊNCIAS PSICOLÓGICAS NO PROCESSO GESTACIONAL ......... 21

1.1 O primeiro trimestre da gravidez ................................................................ 22

1.1.1 O processo gravídico na aceitação ............................................................ 23

1.1.2 O processo gravídico na negação .............................................................. 24

1.1.3 A declaração da gravidez para o casal....................................................... 25

1.2 O segundo trimestre da gravidez ............................................................... 26

1.3 O terceiro trimestre da gravidez ................................................................. 26

1.4 A influência dos relacionamentos na gravidez ........................................... 27

CAPÍTULOL III - ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA NA GESTAÇÃO ..................... 29

1 A PSICOLOGIA E A PREVENÇÃO E PROTEÇÃO SOCIAL ..................... 29

1.1 O pré-natal como intervenção psicossocial ................................................. 30

1.2 Pré-natal psicológico como fator de proteção ............................................. 32

1.2.1 A prevenção por meio da autoestima da mulher gestante ......................... 33

CAPÍTULO IV - PESQUISA .................................................................................. 35

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 35

1.1 Abordagem ................................................................................................. 35

1.2 Método ....................................................................................................... 37

1.2.1 Procedimentos metodológico ..................................................................... 37

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1.2.2 Caracterização dos participantes da pesquisa ........................................... 37

1.2.3 Histórico da instituição ................................................................................ 38

2 RESULTADOS ............................................................................................ 39

2.1 Análise de resultados ................................................................................. 40

3 DISCUSSÃO ............................................................................................... 49

4 PARECER FINAL ....................................................................................... 52

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 54

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 56

APÊNDICES ......................................................................................................... 61

ANEXOS ............................................................................................................... 72

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INTRODUÇÃO

A gravidez consiste em um momento singular na vida da mulher, sendo

assim, o presente trabalho busca identificar os níveis de autoestima dentro da fase

em que a estrutura da mulher sofre alterações profundas em virtude do ato de gerar

outro ser.

Maldonado (2000), traz a relevância do período da gravidez que segundo o

autor a mulher encontra-se num período de transição assim como a adolescência e

o climatério. Este período traz mudanças metabólicas complexas mobilizadas pelas

perspectivas de mudanças no papel social.

Relacionado ao tema da gravidez é abordado a autoestima que segundo

Bortoletti (2007), a autoestima, aspecto que alimenta a nossa psique, faz a diferença

dentro dos temores vivenciados pelas grávidas, uma vez que se é considerado o

que acreditamos sobre nós mesmos.

A autoestima na gravidez está relacionada intimamente com a vida mental da

mãe que atinge o binômio mãe/bebê e o desenvolvimento da criança. Para Santos et

al. (2015, p. 398), “os estudos sobre as consequências da maternidade para a

autoestima são iniciais, necessitando de futuras investigações devido a relevância.”

A pesquisa sobre a autoestima nos leva a um olhar voltado para o subjetivo

dentro de uma realidade perpassada por um contexto social relevante pela

abrangência em nossa sociedade. A população carente necessita não só do apoio

de recursos materiais, mas há algum tempo vem sendo subsidiada com recursos

que vão além da estrutura física, abrangendo também a esfera psicológica a fim de

que pesquisas e intervenções possam trazer a responsabilidade de mudanças

sociais de forma integral.

O trabalho tem como objetivo analisar a relação das gestantes com a própria

gravidez por meio da pesquisa dos níveis de autoestima tendo como objetivo

específico aprofundar o conhecimento sobre as alterações psicológicas na gestação;

Investigar a percepção pessoal dentro do processo gestacional; Promover a

conscientização sobre a prevenção da saúde mental através da valorização dos

vínculos afetivos e proteção social desde a gestação.

A partir da questão: A interação mãe/bebê pode ser influenciada pelo nível de

autoestima da gestante? Levantou-se a hipótese provável de que a percepção de si

mesma da gestante é um fator determinante na interação mãe e bebê. Gestantes

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com baixa autoestima, ausência de suporte social, problemas financeiros tendem a

promover interação prejudicada com o bebê. Níveis baixos de autoestima estão

relacionados ao aparecimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e

queixas somáticas, o que pode trazer consequências negativas na interação do

binômio mãe-bebê, bem como, no desenvolvimento infantil (SANTOS, 2015, p. 393).

Foi realizada a pesquisa sob o paradigma qualitativo descritivo e exploratório.

As participantes foram recrutadas via seleção, considerando-se critérios de inclusão

e exclusão, em convite na Clínica Santa Madre Paulina. A técnica utilizada foi

aplicação da escala de autoestima de Rosenberg e entrevista pessoal através de

questionário como método. O estudo baseou-se na abordagem da Psicologia

Positiva e na Abordagem Centrada na Pessoa de Rogers.

O projeto está organizado em quatro capítulos, o capítulo primeiro traz um

breve estudo sobre o tema autoestima, a sua relevância como conceito e

instrumento de avaliação para o indivíduo e sua dimensão nas várias abordagens da

psicologia; o segundo capítulo apresenta a gestação como um tempo de

desenvolvimento na vida da mulher onde existe muitas transformações; o capítulo

terceiro faz um breve levantamento bibliográfico sobre a assistência a gestante com

enfoque psicológico; o capítulo quatro trata-se da pesquisa e seus resultados.

Encerrando o trabalho vêm a proposta de intervenção e conclusão.

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CAPITULO I

O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA AUTOESTIMA

Este capítulo traz um breve estudo sobre o tema autoestima, a sua relevância

como conceito dentro das abordagens: Análise do Comportamento, Psicanálise,

Abordagem Centrada na Pessoa e Psicologia Positiva. Também descreverá o

instrumento de avaliação, os níveis de autoestima, assim como a dimensão da

relação entre autoconceito, autoimagem e autoestima.

1 CONCEITOS DE AUTOESTIMA

Segundo Branden (1997) o entendimento que temos sobre nós mesmos,

assim como nossas reações aos acontecimentos da vida, são definidos por quem

somos ou pelo pensamento que temos sobre nós. Há necessidade de um

conhecimento que considere o contexto vivido para a definição do termo. O modo

como a pessoa vive o seu cotidiano é perpassado pela sua competência e o quanto

julga importante o merecer ser feliz. É fundamental para a avaliação de uma

autoestima considerada saudável a pessoa ter um comportamento ativo e positivo

como reação ao lhe acontece em qualquer situação, a fim de que haja tranquilidade

na resolução de problemas que garanta o viver bem. (BRANDEN, 1997)

Para Hosel (2015, p. 19): “a autoestima é produto de contingências de

reforçamento do tipo positivo e de origem social”. Seu uso é indiscriminado e o termo

explica comportamento, o seu conceito traz erro de categoria que desvia-se do

domínio científico e possui postura reducionista quando utilizada com a ideia de

quantificação. Este conceito é utilizado pelo senso comum e o Analista do

Comportamento deve buscar a discussão analítica conceitual do termo, técnica que

estuda conceitos. A autora traz que o significado ao termo deve ser dado segundo

os princípios da Análise do Comportamento, a fim de que a modelagem do

comportamento do cliente ocorra ao buscarem-se as causas do comportamento no

ambiente (HOSEL, 2015).

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O termo autoestima não tem utilidade dentro da Análise do Comportamento, no entanto, é possível descrever, a partir dos princípios básicos da Análise do Comportamento, as relações comportamentais envolvidas nas disposições do conceito. (HOSEL, 2015, p. 9)

Para Schultheisz; Aprile (2013), estudos que trazem o significado de self

(identidade), trazidos por autores de base psicanalista como Charles H Cooley,

Alfred Adler e George Herber Mead, citam a construção do conceito da autoestima.

Segundo Schultheisz; Aprile (2013, p. 38): “Para esses autores, o self se faz

presente na constituição da autoestima como um “eu” individual, diferente de outros

“eus”, o que exige do indivíduo aceitação de si, segundo seus próprios valores”.

Sendo assim, para a psicanálise a construção da identidade é um processo mental

individual onde a autoavaliação é perpassada pela aceitação ou não-aceitação que a

pessoa faz de si mesma.

Schultheisz; Aprile (2013), traz a relação de interdependência entre o mundo

interno e o mundo externo que provoca alteração nos valores que damos ao que

acreditamos. A pessoa possui um conceito internalizado e particular a partir de

influências advindas da sua situação social e cultural, fazendo com que a definição

de autoestima torna-se algo de grande complexidade. Para Schultheisz; Aprile

(2013), uma sociedade mais individualizada existe a influência na percepção da

autoestima, assim como uma sociedade onde os valores da coletividade é

fortemente considerado, torna-se complexo um olhar comparativo, que se estenda a

todos de uma forma geral.

Castro Sena; Chave Maia (2017, p. 384) trazem: “o entendimento que se tem

hoje sobre a autoestima foi evoluindo, acompanhando os paradigmas psicossociais

que marcaram cada época.”. A base do constructo da autoestima partiu de um traço

estável da personalidade do indivíduo onde suas relações interpessoais, sejam elas

bem sucedidas ou não, deixam seus registros que formam lentamente a autoestima.

A posteriori, adotou-se uma classificação variável para tal constructo, mediante a

ideia que em certo momento a autoestima pode ser afetada, sendo assim um

estado. Os estudos produzidos no Brasil corroboram a ideia de que a autoestima se

desenvolve e é mutável como o decorrer da idade, portanto, acompanham as

peculiaridades mais marcantes de cada etapa da vida. (CASTRO SENA; CHAVES

MAIA, 2017)

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1.1 Visão Humanista

Segundo Frota (2012), a visão humanista é apresentada como a terceira força

da Psicologia, está em oposição ao Behaviorismo e a Psicanálise. Propõe uma visão

de homem orientada para a saúde e o desenvolvimento pessoal, a partir de uma

visão fenomenológica e existencial na compreensão do ser humano.

1.1.1 Abordagem Centrada na Pessoa e a Autoestima

Moreira (2010) traz que a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), teoria

criada por Carl Rogers, sofreu uma evolução onde a mudança de nomenclatura

registra os diferentes interesses dentro da sua carreira profissional.

Em 1940, nasce sua nova proposta teórica de psicoterapia, Rogers a nomeia de Psicoterapia Não-Diretiva ou Aconselhamento Não-Diretivo[...] Posteriormente passa a denomina-la Terapia Centrada no Cliente, Ensino Centrado no Aluno, Liderança Centrada no Grupo e, por último, Abordagem Centrada na Pessoa, que segundo ele, é a denominação mais adequada a sua teoria. (ROGERS, 1983 apud MOREIRA, 2010, p. 537)

Segundo Scartezini (2013), a definição da personalidade do indivíduo se dá

pelas experiências. O processo de desenvolvimento da personalidade é único e está

a serviço de objetivos positivos. Na teoria de Rogers, a experiência da comunicação

e a tomada de consciência podem ser medidas pela congruência, que indica a

coerência interna e autêntica que permite ao indivíduo aceitar sentimentos,

experiências e atitudes do outro. Quando há incongruência, existe diferença entre a

tomada de consciência, a experiência e a sua comunicação. O pensamento limitado

e rígido está presente na incongruência e o indivíduo sente-se ameaçado e ansioso.

As experiências vividas formam o self e o indivíduo pode ser considerado

ajustado, maduro, quando aceita diversas experiências organísmicas sem ansiedade

ou sentimentos de ameaça, capacitando o indivíduo a pensar com um bom senso de

realidade. (SCARTEZINI, 2013)

Scartezini (2013, p. 3) traz que: “a partir do momento que a criança toma

consciência de si mesmo, do self, desenvolve uma necessidade de amor, ou

consideração positiva”. A primeira infância é a etapa onde é desenvolvido a

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consideração positiva, sendo internalizado por meio do amor e cuidados. Os afetos

são origem de satisfação. Para garantir amor e aprovação a criança age por meio de

comportamentos saudáveis ou não. A consideração positiva incondicional foi

denominada por Rogers quando as avaliações forem positivas. Durante a infância, o

autoconceito se torna cada vez mais distorcido pelas avaliações dos outros.

Conforme a consideração positiva, de Rogers, todo afeto e cuidado recebido quando

bebê, influencia no desenvolvimento de sua autoestima. (SCARTEZINI, 2013)

1.1.2 A Psicologia Positiva e a autoestima

Paludo; Koller (2007) refere-se à Psicologia Positiva (PsP) como um novo

movimento científico. A PsP traz em si a exploração e estudos que considerem os

aspectos positivos do ser humano. Abraham Maslow (1954); Carl Rogers (1959),

tiveram ideias consideradas “novas” em seu tempo onde os aspectos positivos do

ser humano também eram considerados, porém houve a propagação dentro da

psicologia dos aspectos anormais do comportamento. Para Paludo; Koller (2007, p.

10) “suas ideias não pareceram ser suficientemente atrativas e, consequentemente,

não produziram dados empíricos suficientes para dar força a uma visão mais positiva

do ser humano”. Esta abordagem iniciou-se em 1998 com o psicólogo Martin

Seligman, a PsP tem como proposta melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e

prevenir as patologias.

Segundo os autores Seligman; Czikszentmihalyi (2000, apud PALUDO;

KOLLER, 2007) existiu uma lacuna nas investigações psicológicas, havendo a

necessidade de mais estudos sobre os aspectos positivos, ou virtuosos do indivíduo.

Existe uma tendência para o estudo dos fatores que afligem a humanidade, e a expressão e experiência de emoções negativas são responsáveis pela maioria desses conflitos. Em contraste, experiências que promovem felicidade, muitas vezes, passam desapercebidas. (PALUDO; KOLLER, 2007, p. 11)

A proposta da PsP traz a avaliação do comportamento humano dentro de

uma perspectiva com base no humanismo que considera os valores saudáveis sem

inviabilizar outros conhecimentos da psicologia. A PsP considera o contexto das

dificuldades vividas pela população brasileira numa dimensão de prevenção e

promoção de qualidade de vida a partir do positivo.(PALUDO; KOLLER, 2007).

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A PsP, segundo Paludo; Koller (2007) tem como proposta reavaliar as

potencialidades e virtudes do ser humano por meio de estudos que buscam o

desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e

sociais. A PsP segundo Seigman & Csikszentmihalyi (2000 apud ZANON 2013, p.

194) “desenvolveu-se principalmente na última década, pela necessidade e

interesse do estudo das virtudes e potencialidades humanas”.

1.2 Níveis de autoestima

Segundo Branden (1997) podemos nos sentir inapropriados como pessoa, ou

confiantes ou até mesmo termos a incerteza em nós através de atitudes que

manifestam a inconstâncias em nossas ações. Esses sentimentos trazem

respectivamente a baixa autoestima, uma autoestima elevada ou a média

autoestima. Ter uma elevada autoestima nos traz a capacidade para transpor as

dificuldades que existem na vida; sermos criativos naquilo que fazemos, alcançando

sucesso, aumenta o desejo de vivenciar grandes experiências a nível emocional,

criativa ou espiritual; também nos possibilita manter relacionamento saudáveis,

fugindo dos relacionamentos destrutivos.

[...] a autoestima é sempre uma questão de grau [...] desenvolver a autoestima é desenvolver a convicção de que somos merecedores de felicidade, por tanto, capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, que nos ajudam a atingir nossas metas e a sentirmo-nos realizados. Desenvolver a autoestima é expandir nossa capacidade de ser feliz. (BRANDEN, 1997, p. 11)

Segundo Branden (1997), a autoestima negativa pode ser associada a

qualquer dificuldade a nível psicológico, como ansiedade, depressão, medo de

intimidade, do sucesso, abuso de álcool ou drogas, deficiências na escola ou no

trabalho, violência doméstica, imaturidade emocional, suicídio ou crimes violentos,

exceto as dificuldades ocasionadas por problemas biológicos.

Os níveis de autoestima podem ser avaliados, Segundo Schultheisz; Aprile

(2013), houve a inexistência de instrumentos específicos para a medição da

autoestima e em 1990 psicólogos modificaram e refinaram a instrumentação.

1.3 A formação da autoestima no indivíduo

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O desenvolvimento da autoestima é complexo, para Hutz, Zanon; Vasquez

(2014) está associado a interação de variáveis como traços de personalidade,

socialização, realização e abertura à experiência, extroversão e em estudos

brasileiros foi confirmado a correlação com estabilidade emocional e abertura à

experiências. Entretanto, os vínculos familiares desde o nascimento são a porta de

entrada para a formação da autoestima. Segundo Rosenberg (1965/1985 apud

CONCEIÇÃO, 2012) as figuras representativas que são os pais ou quem cumpre o

papel, são responsáveis pela aceitação, rejeição ou reforço, influenciando

diretamente o nosso valor pessoal.

Segundo Schultheisz; Aprile (2013), a formação da autoestima na pessoa é

construída a partir da identificação estabelecida com o mundo que está fora dele

mesmo. Ao nascer, há necessidades na pessoa que são satisfeitas sem ao menos

se perceber que existe o outro. Existe apenas a sensação de bem estar e de

conforto que parecem vir da própria pessoa. Ao longo do desenvolvimento, com o

amadurecimento físico e emocional, o outro torna-se diferenciado dele mesmo. O

outro é percebido não somente pela percepção física, mas relacionado à identidade

diferenciada, influenciada pela educação informal que se constitui na vida familiar e

posteriormente pela educação formal, própria do ambiente escolar.

As condições sociais e culturais possibilitam e estabelecem limites para que o indivíduo se desenvolva e se “torne pessoa”. O processo de individuação e de constituição do “eu” requer anos de vivência de experiência. Também sofre a influência das produções dos outros, tais como, a música, a literatura, a pintura, o cinema, o teatro, entre outras. (SCHULTHEISZ; APRILE, 2013, p. 38)

Num contexto mais individualizado a formação da autoestima no ser humano

segundo Branden (1997) está intimamente ligada às vivências que tivemos quando

criança. Os adultos com o qual nos relacionamos são responsáveis por aumentar a

nossa autoconfiança e autorrespeito ou promover a destruição destes

comportamentos em nós mesmos. Porém, a visão que as outras pessoas tem sobre

nós não determina o quanto de autoestima teremos. Podemos ser amados e

admirados pela família, amigos e não termos amor por nós mesmos ou sentir que

somos inúteis ou inadequados, podemos ter as expectativas dos outros satisfeitas,

mas podemos estar insatisfeitos conosco e sentirmos que não merecemos ser

admirados. O processo de individuação ocorre naturalmente, a capacidade do outro

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em nos influenciar é limitado às questões internas que ora são afetadas pelo outro e

ora os afetam.

Segundo Schultheisz; Aprile (2013) as pessoas fazem uma seleção nos

modelos de comportamento onde buscam identificação em crenças, valores e estilos

de vida. Essas identificações podem ser positivas ou negativas. A autoestima é

construída ao longo do processo de desenvolvimento que na adolescência sofre

influência devido as alterações físicas, emocionais e cognitivas. O processo de

formação de identidade de uma pessoa constitui-se o momento onde os

pensamentos e sentimentos da pessoa é introjetado por meio da sua autoavaliação.

Pode aparecer agressividade e comportamento de defesa ou afastamento, por não

ter uma percepção boa e produtiva de si mesmo.

1.4 Relação entre autoconceito, autoimagem e a autoestima

Segundo Assis; Avanci (2004): Sócrates no séc. V já se preocupava com o

autoconhecimento quando exortava seus discípulos a conhecerem a si mesmos.

Para o autor, o valor do autoconhecimento possui uma dimensão histórica. O termo

já foi considerado sem cientificidade e negligenciado por teóricos, pois esteve

“relacionado ao narcisismo, esnobismo, egocentrismo, hedonismo, sentimento de

superioridade e outras conotações de caráter individualista.” (VOLI, 1998 apud

ASSIS; AVANCI, 2003).

A autoestima é uma parte do autoconceito. É o juízo pessoal de valor expresso nas atitudes que o indivíduo tem consigo mesmo. É uma experiência subjetiva acessível às pessoas através de relatos verbais e comportamentos observáveis. (COOPERSMITH, 1967; ROSENBERG, 1989 apud ASSIS et al., 2003, p. 670)

Para Assis et al. (2003) o indivíduo possui uma visão racional sobre si mesmo

que é adaptável, pois é uma resposta tanto do seu próprio dinamismo como pelas

interações sociais, e também pelo contexto situacional.

Segundo Nascimento, Froeseler; Teodoro (2016), o autoconceito vem sendo

abordado historicamente como a avaliação global de si mesmo, a autoestima é

abordada tanto como sinônimo de autoconceito quanto integrando o conceito, sendo

relacionado também o autoconhecimento e a autoeficácia.

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Percebe-se na literatura uma variedade de construtos que abordam o julgamento que o indivíduo faz de si mesmo. Entre eles, destacam-se os estudos sobre autoestima, autopercepção e autoconceito, Apesar da quantidade de produção científica sobre essas temáticas, identifica-se a falta de consenso acerca de suas definições e operacionalizações. (NASCIMENTO, FROESELER; TEODORO, 2016, p. 246)

Nascimento, Froeseler; Teodoro (2016) diz que: o autoconceito traz um

conjunto de características que são individualmente um reflexo de padrões

cognitivos de interpretação, chamado esquemas. Para o autor, quanto mais forte o

esquema, maior será sua influência na interpretação das experiências. Os esquemas

podem ser negativos ou positivos e diante de uma adversidade são ativados estes

esquemas fazendo com que exista um comportamento ou outro.

Um indivíduo deprimido, por exemplo, possui fortes esquemas negativos a respeito de si mesmo. Diante de uma situação relevante, como uma derrota em uma competição esportiva, seus esquemas serão ativados, levando-o a fazer um julgamento negativo de se valor nos esportes. (NASCIMENTO, 2016, p. 247)

Para Hutz, Zanon; Vasquez (2014), o autoconceito é avaliado pela

autoestima, é manifestada pelos pensamentos e sentimentos que a pessoa tem de

si mesmo. Esta avaliação pode ser positiva, que significa que há uma

autoaprovação de si mesmo ou negativa quando há uma visão depreciativa de si.

Autores clássicos como Coopersmith e Rosenberg relacionaram a autoestima ao

self, a autoavaliação e valoração de si. O sentimento e o pensamento que resultam

um determinado comportamento traduz o valor que a pessoa tem por si, manifesta

assim a autovaloração, que é influenciada por mudanças no processo de

desenvolvimento pessoal e mudanças sociais nos determinados períodos da vida.

Segundo Branden (1997, p. 15) “nosso autoconceito é quem e o que

consciente e inconscientemente achamos que somos, nossas características

físicas e psicológicas, nossos pontos positivos e negativos e, acima de tudo, nossa

autoestima.” Para o autor, o conceito de autoestima e autoconceito são

semelhantes.

Neri refere-se ao autoconceito, autoconhecimento, autodescrição e autodefinição com o mesmo significado, pois estão ligados ao self, que filtra os dados recebidos e permite a pessoa estabelecer prioridades em sua vida e atuar de acordo com elas em seu meio

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social e segundo as possibilidades referentes ao sexo e à idade. (SCHULTHEISZ; APRILE, 2013, p. 39)

Segundo Schultheisz; Aprile (2013, p. 39) “o autoconceito e a autoimagem

estão diretamente relacionados a autoestima.” Para Schultheisz; Aprile (2013), a

autoestima mede o autoconceito, sendo que este, constitui-se como as diversas

partes da imagem da pessoa e a autoestima aponta valores para o que ela vê e

sente dos outros e de si mesmo. A autoimagem é a forma da pessoa se ver, por

meio das experiências vividas que pode ser agradável ou não, devido as diferenças

do vivido de cada um. A pessoa assimila suas experiências retendo informações

colocadas ao seu comportamento, à sua aparência física e a sua produção

cognitiva.

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CAPITULO II

O TEMPO SINGULAR DA GESTAÇÃO

O capítulo em questão apresenta a gestação como um tempo de

desenvolvimento na vida da mulher onde existem muitas transformações.

O ciclo gravídico puerperal conhecido pela gestação segundo Bortoletti (2007)

consiste em um tempo singular, onde há alterações nos aspectos sociais,

profissionais, familiares, conjugais e pessoais. Segundo o mesmo, existem diversas

alterações na mulher, estas são comuns porém a personalidade, o momento que

ocorreu a gravidez, o envolvimento com o parceiro e as repercussões da gravidez

faz com que existam reações diferentes para cada mulher.

1 INFLUÊNCIAS PSICOLÓGICAS NO PROCESSO GESTACIONAL

Segundo Bortoletti (2007, p. 27): “a maneira como a grávida percebe e refere

os movimentos fetais nos traduz como é a relação que ela está desenvolvendo com

o feto”. A labilidade emocional, incapacidade de controle emocional, favorece a

intervenção e o cuidado à gestante, pois a instabilidade promove a plasticidade da

psique feminina durante o período da gestação.

Para Szejer; Stewart (1997, p. 47): “Seja qual for a maneira como se formará

esse casal, quer seja apenas pelo tempo necessário para fazer este filho, quer seja

para compartilhar uma vida inteira, esse modo singular faz parte da pré-história

desta criança e vai influir no seu futuro”. Conforme os autores, o período da gravidez

traz em si a história que precede ao encontro do casal, ou seja, a história individual

de cada um dos pares até o nascimento da criança com a saída da maternidade.

Antes mesmo da concepção, a formação do casal, que podem ser cônjuges ou não,

influencia na história de vida da criança que irá nascer. As motivações para ter um

filho são diversas e também as consequências da fecundação também são

diferenciadas, podendo ocorrer a separação do casal, a aceitação ou rejeição da

gravidez como os abortos espontâneos no início da gravidez.

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Segundo Bortoletti (2007, p. 21): “é muito comum a angústia da ambivalência

manifestar-se na busca do conhecimento do sexo fetal, como uma tentativa de ter

respostas ao que não se pode controlar na gravidez”. Para Bortoletti (2007), a

ambivalência afetiva é o sentimento presente no ser humano que durante a

gestação é aumentado, e pode seguir até o puerpério, meses após o nascimento.

Desde o atraso menstrual existe a experiência deste sentimento, o desejar ou não

estar grávida, até os ganhos e perdas promovidos pela gravidez se resumem em

ambivalência. A gestante não possui certezas, e sim há muitas dúvidas.

Durante a gestação segundo Bortoletti (2007), as grávidas entram num

processo muito importante que é a regressão. A regressão, neste caso, fisiológica,

permite à mulher comportamentos e sentimentos infantilizados, que levam ao

cuidado que será dispensado ao recém-nascido. Há o isolamento que faz com que

seja desenvolvido a maternagem. “chamamos esse comportamento de introversão,

ou seja, é como se a mulher entrasse em si mesma e ignorasse naturalmente o resto

do mundo” (BORTOLETTI, 2007, p. 22). O voltar-se para si mesmo, neste tempo, faz

a mulher grávida se aproximar do feto inconscientemente, ocasionando assim a

identificação e o desenvolvimento da intuição para posteriormente levar essa mulher

a cuidar da criança. (BORTOLETTI, 2007).

Para Bortoletti (2007), a regressão é indispensável, e atualmente devido a

modernidade, algumas mulheres não podem viver este processo que é natural,

devido a sua postura profissional, ocorrendo assim angústias que compromete o

vínculo com o bebê. Dentro deste quadro de regressão a náusea e o vômito podem

estar presentes. Porem há necessidade da compreensão do sentido e a

sensibilidade, pois pode haver um excesso nesse comportamento que precisa ser

olhado.

1.1 O primeiro Trimestre da Gravidez

Segundo Szejer; Stewart (1997, p. 119): “Durante o primeiro trimestre da

gravidez, surgem as primeiras modificações da percepção e da imagem do corpo.”

Existem formas diferenciadas na vivência da gravidez, devido ao fato de unirem-se

ao processo de gravidez, a história da relação da mãe com seu corpo e da sua

relação com o corpo da sua mãe. As mudanças físicas podem ser sentidas tão logo

inicia-se a gravidez, como podem demorar semanas ou meses. As modificações

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físicas são variadas. O tamanho do seio, a presença ou não de náuseas trazem a

história de vida individual expressa através da percepção e manifestação dos

sintomas. A autoimagem pode ser alterada pela desestabilização e angústia das

primeiras modificações corporais, onde a gestante poderá mostrar sua satisfação

com o corpo, exaltando-o ou odiando-o devido às modificações geradas pelo estado

gestacional. (SZEJER; STEWART, 1997)

1.1.1 O processo gravídico na aceitação

Segundo Maldonado (2000, p. 63): “a ansiedade, a apreensão e o temor

estão sempre presentes, em diferentes graus de intensidade, em toda a gravidez”. O

medo do filho nascer com um defeito físico e mental, medo muitas vezes

inconsciente, revela culpa ou não merecimento de ter um filho perfeito. Também

pode aparecer o desejo de que a barriga seja transparente, muitas vezes por meio

de sonhos que também pode trazer a questão de não estar pronta, onde o bebê

nasce antes do tempo esperado. A ansiedade pode gerar o aumento exagerado do

apetite, este sintoma pode ser disfarçado com a preocupação pelo desenvolvimento

do feto, necessidade fantasiosa.

Para Szejer; Stewart (1997) a gravidez inconscientemente traz o contexto

individual da mulher; onde a relação com o homem e ou com a mãe da mulher

grávida podem influenciar na aceitação da gravidez. Segundo Szejer; Stewart

(1997), o homem demonstra reações que influenciam a mulher, pois podem-se

mostrar enternecido, excitado, intimidado ou alterado. Já na relação com a mãe, a

mulher grávida pode buscar o não engordar, fazendo regimes ou engordando

demasiadamente para obedecer ou desobedecer a mãe.

Para Szejer; Stewart (1997, p. 124): “ao lado das primeiras modificações

corporais, o primeiro trimestre da gravidez é o teatro dos mal-estares.” Assim como

variam as modificações hormonais, não se pode interpretar os sintomas, pois o

sentido daquilo que a mulher grávida sente ou apresentam depende da vivência

individual. Podem surgir neste momento, náuseas, desejos, hipersonia durante o dia

e insônia a noite. Os sintomas podem ser manifestações, ou uma linguagem que o

corpo em sofrimento demonstra inconscientemente pelos conflitos não resolvidos,

eventos não ditos e outros. (SZEJER; STEWART, 1997)

Segundo Szejer; Stewart (1997), os sintomas sofrem alterações em meio à

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sociedade em que a mulher vive. O contexto social atual fez com que os desejos que

outrora eram desejos incontroláveis e difíceis, hoje sejam facilitados pela

disponibilidade para aquisição e a independência econômica do homem. Durante um

certo tempo, a mulher desejosa fazia com que o pai da criança se atentasse para a

gravidez logo no seu início, saindo de madrugada em busca de determinados

alimentos, onde as crenças populares se encarregavam de afirmar que a criança

ficaria marcada pelo desejo não realizado.

Segundo Szejer; Stewart (1997 p. 134): “o primeiro trimestre da gravidez é,

pois, para a mulher, um período de intensa alteração física e psíquica, sendo,

geralmente marcado por um grande cansaço.” Existem muitos conflitos que são

vividos pela mulher grávida; o deixar de ser filha, quando for primigesta, todo

contexto afetivo, social e profissional. Tais conflitos fazem com que haja uma

negação da sociedade que não reconhece o seu estado, onde muitas mulheres

vivenciam seu início da gravidez escondendo esse fato, devido ao trabalho ou se

afirmando como grávida engordando muito no primeiro trimestre. Nesse sentido a

mulher busca o seu lugar de mãe, pois não havia antes o lugar de filha e esposa

sem filhos. (SZEJER; STEWART 1997)

Para Bortoletti (2007, p. 27) “as alterações emocionais aliadas às alterações

do esquema corporal trazem muitas inseguranças e angústias à gestante,

comprometendo sua identidade”. Segundo Bortoletti (2007) existem muitas

alterações no ciclo gravídico puerperal. Pode surgir a hipersensibilidade, onde há

presença de oscilações de humor que afetam não só a gestante, mas as pessoas do

seu convívio destacando o companheiro. Uma consequência comum consiste do

não reconhecimento da mulher pela dedicação do parceiro.

1.1.2 O processo gravídico na negação

Para Szejer; Stewart (1997, p. 122), “entre as mulheres que não sentem

modificação física alguma, mesmo após a confirmação da gravidez, podemos supor

que haja uma espécie de negação.” Algumas mulheres podem viver toda a gravidez

sem sentí-la, com pouca alteração corporal ou tornam-se grávidas um pouco mais

tarde. Existe assim uma impossibilidade inconsciente de adequação à gravidez

relacionada à mãe ou ao homem como se temessem desagradá-lo engordando.

(SZEJER; STEWART 1997)

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A ambivalência está presente no início da gravidez. Segundo Szejer; Stewart

(1997, p. 138) “o homem poderá estar muito distante num dia e superatento no dia

seguinte, enquanto a mulher poderá se voltar para ela mesma ou ao contrário,

procurar contato.” O lugar para acriança muitas vezes não ocorre no início, pois

devido a atividade da mulher, elas não se ocupam com o bebê, expressando o não

lugar dessa criança ou até mesmo a reserva da mulher pode ser proteção pelo medo

de uma possível perda por um aborto espontâneo. Cada mulher em particular

necessita de um tempo e segundo os autores precisa ser respeitado, pois esse

tempo possui um sentido diferente para cada mulher. (SZEJER; STEWART, 1997)

Segundo Bortoletti (2007) não é raro que os vômitos foram associados à

rejeição da gravidez; este fato pode levar a iatrogenias. Deve ser feito interpretações

cuidadosas, pois somado ao vômito, a gestante refere os sintomas como

insuportáveis e há atitudes violentas, agressão ao parceiro e falta de demonstração

de vínculo com o feto e em alguns casos não apresentam alterações no corpo.

Todos estes sintomas levam a um quadro mais provável de rejeição da gravidez.

1.1.3 A declaração da gravidez para o casal

Segundo Szejer; Stewart (1997, p. 121) “[...] a relação do casal tem grande

influência e o olhar do homem que tanto poderá acentuar a insatisfação da mulher,

como, ao contrário, poderá contrabalançá-la.”. Para Szejer; Stewart (1997) o homem

transmite sempre à mulher a sua reação que pode ser de erotização ou repulsa. A

relação é dinâmica e a mulher pode perceber a atitude do homem como uma

rejeição, quando o mesmo se recua, fazendo com que alguns casais não se

relacionem, e ela passe a engordar sem controle. Neste contexto desaparece a

mulher cortejada e surge somente a futura mãe. Alguns casais só encontram

novamente o equilíbrio após o nascimento e a perda de peso da mulher.

Para Szejer; Stewart (1997), a reação do homem que está diante dos

sintomas da gravidez na mulher passa pela relação com a sua própria mãe e

também da relação com o sintoma físico que pode desestabilizá-lo, trazer angústia,

irritação ou trazer culpa. Pode haver a incompreensão das alterações na mulher

fazendo com que haja uma relação não harmoniosa e sim com desentendimentos.

Neste contexto surgem as transformações na relação do casal que necessita de uma

evolução e o desenvolvimento de outras formas de agirem como casal. Algumas

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mulheres se fecham na relação, já outras buscam o apoio por meio da abertura e

diálogo. O homem pode fugir, buscando outros lugares, outras relações ou

competição com a mulher chegando até a ficarem doentes. Há também os mais

compreensíveis que apoiarão a mulher cuidando com dedicação.

Para Bortoletti (2007, p. 26) “o parceiro deve ser estimulado a expressar seus

sentimentos na presença da gestante, para que ela perceba seu empenho e

sentimentos, situação que propicia aproximação dos cônjuges”. Bortoletti (2007) traz

as alterações na vida sexual do casal como sintoma na aceitação, e o desejo do

companheiro pode ser alterado e a mulher grávida pode sentir-se rejeitada. A

diminuição das relações sexuais podem ter origem nos conflitos conjugais, perdas

gestacionais de repetição, quadros depressivos maternos e medo de prejudicar o

feto.

1.2 O segundo trimestre da Gravidez

Segundo Szejer; Stewart (1997, p. 149) “[...] aquisição de autonomia do bebê

permite que desapareçam os sintomas físicos e que apareçam os sintomas

psíquicos”. Os sintomas iniciais que estavam localizados no corpo são transferidos

para a cabeça, surge a ansiedade e pesadelos; o bebê alcança com a placenta uma

autonomia que muda a relação da mulher com a gravidez. O segundo trimestre traz

a mudança em relação ao primeiro, porém traz neste momento o lugar em que essa

gravidez está na sua vida. As mudanças no corpo são visíveis, seios maiores e a

sensação de vida dentro do útero pode trazer satisfação. Neste momento também

existem as angústias da novidade que está instaurada em seu ventre, pois a

gravidez pode ser vista como algo aceito, mas existem pesadelos e angústias de

uma separação que não se pode evitar. Não é permitido à mulher queixar-se, dando

a ela apenas a solidão em não poder manifestar-se.

1.3 O terceiro trimestre da gravidez

Segundo Maldonado (2000) o final da gravidez pode novamente trazer a

ansiedade e não raro a depressão. O cansaço, o incômodo pelo peso, o inchaço, e

sensação de calor estão presentes e fazem com que a mulher grávida queira o

nascimento.

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Para Szejer; Stewart (1997, p. 183) “o mal estar físico é, provavelmente, o

que melhor define esse período”. A reação neste período é individual, que pode ser

manifestada pelo hiperativismo ou a renúncia da maioria das atividades. O que

determina como se dá a relação da mulher grávida com as alterações deste último

período se dá pela sua aceitação ou não da gravidez. A vida sexual também sofre

alterações onde o desejo pode desaparecer ou reaparecer. A mudança física por

meio do ventre que ocupa mais espaço pode ocasionar inibições, bloqueios ou

excitações que anteriormente não foram vivenciadas.

Szejer; Stewart (1997) traz as descompensações somáticas do terceiro mês.

São essencialmente a ameaça de parto prematuro, a hipertensão arterial, as

toxemias, doenças que pode ter como consequência a eclâmpsia e a

descompensação diabética. Cada gravidez, cada casal, cada mulher possui uma

vivência que irá transparecer a individualidade e a história particular, o significado

desta gravidez para a mulher estará de alguma forma presentificado pelos sintomas

que vivencia.

Conforme Szejer; Stewart (1997) existem alterações que estão presentes no

casal e alguns homens apresentam sintomas que manifestam descompensações

psíquicas. Podem aparecer automutilações, angústias que podem vir desde a sua

relação com pai e com a mãe. Alguns homens tem dores nas costas, pesadelos e

outros sintomas.

1.4 A influência dos relacionamentos na gravidez

De acordo com Szejer; Stewart (1997) para o homem a evidência da gravidez

pode causar perturbação pelas modificações, não se sentindo atraído pelo corpo da

mulher que se transforma. Quando o homem reage com culpa por não desejar a

mulher e manifesta através do ser sádico, a mulher que vive apenas a intimidade do

casal que se fecha, e nessa solidão o seu ventre recebe o seu sofrimento. A

presença do outro marca esse momento e alguns homens manifestam dificuldades,

pois esse outro pode tirar o seu lugar de ser cuidado da relação. A sexualidade do

casal pede mudanças devido a modificação do corpo da mulher. A criança começa a

buscar o seu lugar na relação que pode demandar aceitação ou rejeição. O filho

pode ser um cúmplice, um incômodo, um rival ou ser bem acolhido.

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A partir de então, a forma de viver essas poucas semanas dependerá da história pessoal de cada mulher. Outras separações e, eventualmente abandonos, podem entrar em ressonância com essa antecipação e sobrecarregar essa angústia com pesos do passado familiar, tornando-a difícil de viver. Mas também pode acontecer o contrário, por ter aprendido a negociar as separações, a mulher consegue atravessar esses momentos com menos alterações. (SZEJER; STEWART, 1997, p. 153)

Para Szejer; Stewart (1997, p. 155) “desde antes do nascimento, a criança é

respeitada como um outro completo”. Segundo Szejer; Stewart (1997), a presença

manifesta do bebê permite que haja uma conversação a três. A percepção tátil do

bebê é entendida como forma de expressão e o diálogo entre a mulher e o filho

também pode ser estendido ao pai. Neste momento o bebê estabelece contato, é

um sujeito autônomo e tem desejo. Há além da percepção tátil, a percepção sonora

e visual no segundo trimestre. Neste contexto a mãe não está preparada

psicologicamente para ouvir o que o médico diz, pois há muitas expectativas, e o

sentido das palavras do médico está relacionado ao contexto psicológico e histórico

da mulher.

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CAPÍTULO III

ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA NA GESTAÇÃO

O capítulo terceiro faz um sintético levantamento bibliográfico sobre a

assistência psicossocial prestada a gestante com enfoque psicológico no pré-natal e

a prevenção da autoestima dessas gestantes.

1 A PSICOLOGIA E A PREVENÇÃO E PROTEÇÃO SOCIAL

De acordo com Dimenstein (2001) a VIII Conferência Nacional de Saúde

ocorrida em 1986, representa um marco na luta pela melhoria do sistema de atenção

à saúde no Brasil, na medida em que se constitui como o espaço de negociação e

definição do SUS (Sistema Único de Saúde) como política nacional. Faz parte do

modelo deste sistema que a saúde seja universal, integral e equânime. Neste

contexto as necessidades e prioridades da população devem ser alcançados por

serviços desenvolvidos que contemplem esta realidade.

O espaço da psicologia e as práticas realizadas no campo da assistência

pública à saúde e seus desdobramentos estão relacionados a um compromisso

social almejado pela categoria. Estudos trazem os desafios enfrentados, como a

mudança no perfil profissional que requer profissionais como agentes de mudança.

Exigem-se pessoas capazes de reconstruir a história de vida de usuários para além

do diagnóstico e do sintoma, trabalhadores ativos no processo de reelaboração do

sofrimento e reinvenção da vida. Para tanto, abre-se para a qualidade do cuidado,

onde a acolhida e responsabilidade pela atenção integral da saúde coletiva e

individual caminham juntas e possibilitam o desenvolvimento de estratégias de

modificação da realidade dos usuários. (DIMENSTEIN, 2001).

Para Dimenstein (2001), a origem tradicional do modelo do profissional

psicólogo que provém do modelo curativo e assistencialista, com atendimento

privado, dificulta a adaptação ao perfil exigido pelo SUS, que solicita a produção

social da saúde e da cidadania, práticas comprometidas com o bem estar social,

compromisso ético com a saúde pública, e com a defesa da vida.

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1.1 O pré-natal como intervenção psicossocial

Segundo Zammar (2016) o processo de humanização da saúde tem

possibilitado a diferentes profissionais o acolhimento às gestantes.

[...] quando nos remetemos a reflexão do cuidar da vida no início da concepção desta, outras áreas do conhecimento se entrelaçam na contínua busca por maior humanização, e as transformações desse período emergem, necessitam de mais atenção por parte dos profissionais de saúde, em especial o psicólogo. (ZAMMAR, 2016, p. 29)

“O período pré-natal é um momento de preparação tanto para o nascimento

do bebê quanto para a maternidade, sendo também, uma época de muito

aprendizado” (TOMASCHEWSKI-BARLEM et al., 2016, p. 84). De acordo com Assis

et al., (2013), a intervenção psicossocial no pré-natal objetiva a promoção da saúde

da mulher gestante, a fim de facilitar um espaço gerador, onde seja possível

compartilhar reflexões, informações e sentimentos acerca das mudanças

experimentadas nessa fase e, por conseguinte, contribuir para um aumento de sua

autoestima e autoconfiança.

De acordo com Zammar (2016) poucos projetos de pesquisa são

desenvolvidos pela psicologia, sendo segundo a autora, um dado alarmante às

instituições de ensino.

[...] o psicólogo é o profissional que consegue reunir saberes de todos os âmbitos referente a mulher gestante, sendo mediador essencial do processo de empoderamento, pois ele possui como facilitadores o laço transferencial com seus pacientes. (ZAMMAR, 2016, p. 29)

Atualmente existem estudos que apresentam a autoestima como importante

fator a ser analisado. A enfermagem tem trazido o tema e relacionado com a

qualidade de vida. Para Santos et al., (2015): “a autoestima é uma das temáticas de

avaliação psicológica da gestante que é pouco estudada”. Os transtornos mentais

comuns e a autoestima na gestação, tem sido relacionados nas pesquisas.

Os estudos recentes trazem a autoestima na gestação sob o olhar da

psicologia, relacionando a autoestima à temática aos abalos emocionais vividos por

diferentes grupos, onde a autoestima é vista como um estado emocional que sofre

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alteração devido a circunstâncias do meio externo. (MACHADO et al., 2012,

DREZETT et al., 2012, STEDILE et al., 2013, SANTOS, et al., 2015).

[...] quanto mais os pais são informados pela equipe especializada a respeito do diagnóstico, [...] maior será a compreensão sobre a situação e menos terão a autoestima impactada, uma vez que as fantasias serão minimizadas. (MACHADO, 2012, p. 90)

Leite et al. (2014): “observou que a formação de grupos de gestantes

ofereceu acolhimento, interação das participantes e expressão significativas de suas

emoções”. O ambiente proporcionou as gestantes uma abertura para a transição de

sentimentos que passaram de negativos para positivos. Foi observado que houve

mudança na interação da mãe com a gravidez, que foi percebido como uma

transição causada pelo exame de ultrassom e a aceitação da gravidez pelo parceiro.

(LEITE et al., 2014; ZAMMAR, 2016) trazem a intervenção psicólogica durante a

gestação como uma área a ser mais valorizada pelo profissional da psicologia.

Cunha et al. (2012, p. 585) afirma: “cada qual em sua área contribuindo para

a boa saúde mental e física da mãe e dos seus bebês” segundo o autor a

intervenção psicológica é tão importante quanto a consulta ao obstetra.

As consultas ao obstetra e ao psicólogo fazem com que iniciem a gestação mais saudáveis tanto física quanto emocionalmente, indo a busca por informações sobre o desenrolar desse processo especial que engloba desde a concepção ao pós-parto, se cientificando sobre a vida do bebê, as mudanças de seu corpo e principalmente o controle emocional. (CUNHA et al., 2012, p. 584/585)

Para Maldonado (2000, p. 87): “propõe-se a dar mais instrumentos e

alternativas de ação que possam ampliar a utilização dos nossos recursos interiores

– a intuição, o bom senso, a sensibilidade e a ligação amorosa com o filho”.

Segundo Maldonado (2000), o preparo adequado para o parto não constitui um

efeito de satisfazer idealizações. Por meio do atendimento médico e psicológico

busca-se o alívio da ansiedade, bem como, o acompanhamento pré-natal tem como

objetivo levar aos pais o acolhimento do filho por meio da superação dos temores e

dúvidas inerentes à gravidez tendo como consequência o aumento da segurança e

autoconfiança no momento do parto.

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A assistência pré-natal consiste de uma série de visitas programadas com profissionais da saúde, portanto multidisciplinar, e visa que a gestação culmine no parto de um recém-nascido saudável sem prejuízo à saúde materna. Tem três aspectos básicos: assistencial, preventivo e educacional. (MATHEUS, 2007, p. 179).

Para Matheus (2007) um dos objetivos da assistência pré-natal está na

orientação à gestante sobre as alterações físicas e psicológicas do período, a fim de

que, por meio das orientações e esclarecimentos, sejam aumentadas a segurança e

tranquilidade que depende das oportunidades oferecidas à mulher grávida ou ao

casal, e para um bom atendimento, faz-se necessário um relacionamento com os

profissionais de saúde que estimule a adesão ao acompanhamento. Segundo

Matheus (2007, p. 179): “No Brasil, a morbidade e mortalidade materna e perinatal

permanecem altas, refletindo deficiências importantes no atendimento pré-natal.”.

Neste contexto existe um constante desafio na realização de uma assistência à

gestante com qualidade onde a adesão e o comprometimento dos profissionais

forme uma rede de proteção social. (MATHEUS, 2007)

1.2 Pré- natal psicológico como fator de proteção

De acordo com Arrais et al.,(2014, p. 251): “O pré natal psicológico (PNP) é

um novo conceito em atendimento perinatal voltado para maior humanização do

processo gestacional e do parto e da parentalidade”.

Para Arrais; Cabral; Martins (2012, p. 55): O PNP deve: “acompanhar as

gestantes e casais grávidos, oferecer apoio emocional, orientar na elaboração do

plano de parto e, orientar questões mais complexas que podem surgir no período

gravídico-puerperal”. Segundo Arrais; Cabral; Martins (2012) há alterações dentro do

ciclo gravídico puerperal onde o psicólogo especializado está apto para esclarecer e

informar à gestante ou ao casal. Pois envolvem especificamente áreas emocionais e

psíquicas. Neste contexto há uma contribuição social. As informações estão ligadas

diretamente a qualidade da saúde física e psíquica da gestante bem como na

adaptação do relacionamento familiar, a fim de que se construa um ambiente

favorável ao desenvolvimento do bebê. O pré-natal psicológico caracteriza-se por

ser uma abordagem terapêutica e preventiva.

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A realização de intervenções psicossociais em grupo se justifica pela necessidade de discutir, sensibilizar e conscientizar quanto aos aspectos emocionais relativos ao ciclo gravídico-puerperal, a aceitação do seu novo papel social, bem como uma vivência positiva da gestação, do parto e da maternidade. (ASSIS et al., 2013, p. 83)

Segundo Arrais; Cabral; Martins (2012) o acompanhamento é realizado em

grupos, com número de sessões pré-fixadas, sob a coordenação de um psicólogo

que exerce a função de um facilitador na criação de um espaço que possibilite a

troca de experiências. A assistência não se restringe às gestantes ou casais que

vivenciam crises emocionais, o objetivo consiste no cuidado integral da gestante. É

recomendado à gestante e casais que possuem o interesse em receber

aprimoramento dentro do processo gestacional. O vínculo ao bebê por meio da mãe

ou casal é desenvolvido bem como sua identidade familiar. A equipe favorece o

estabelecimento da autonomia, ruptura com padrões pré-estabelecidos de gêneros,

apoio emocional e orientações pertinentes às necessidades da gestação.

1.2.1 A prevenção por meio da autoestima da mulher gestante

Segundo Andrade et al. (2017, p.12): “o trabalho preventivo pode criar

condições de um bom desenvolvimento psíquico para que este bebê chegue à vida

adulta de maneira integrada.”. O processo gestacional pode trazer transformações

que vão além do que já pode ser esperado dentro de um quadro de instabilidades e

mudanças hormonais, emocionais e psíquicas, devido a diferença na elaboração da

gestação que variam entre uma elaboração saudável ou não, e de uma gravidez

planejada ou não.

Se acreditarmos que somos pessoas boas, capazes de fazer coisas boas, também acreditaremos que faremos “bons filhos”. O contrário ocorreria se pensássemos que somos pessoas más. Este aspecto está diretamente ligado à autoestima, aspecto fundamental que alimenta a nossa psique. (BORTOLETTI, 2007, p. 27)

Sendo assim, há a necessidade de apoio a fim de minimizar angústias

decorrentes de dificuldades em manifestar um vínculo com o bebê. (ANDRADE et

al., 2017).

Desde a concepção, a reação à noticia da gravidez, parto, até os primeiros meses de vida do bebê, os sentimentos maternos sofrem

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transformações e, se numa gravidez esperada, são mobilizados sentimentos ambivalentes, supõe-se, então, que numa gravidez não planejada, sentimentos de amor e ódio, aceitação e rejeição, de culpa, podem tomar uma proporção ainda maior na vida da mãe. (ANDRADE et al., 2017, p. 10)

O que se espera é que a presença da mãe para o bebê seja mobilizadora de

reações positivas, uma vez que a presença da mãe para o bebê e a presença do

bebê para a mãe são significativas e não há indiferença, mesmo que a gravidez não

seja planejada, o vínculo acontece em meio a sentimentos ambivalentes. O

sentimento muda quando a mãe apropria-se do seu papel. O vínculo se estabelece a

partir de projeções e introjeções da mãe e da qualidade de seus afetos em relação

ao bebê e também a capacidade do bebê de perceber o que é liberado pela mãe.

(ANDRADE et al., 2017).

Silveira et al., (2016) traz o autocuidado e o cuidado materno como fonte de

estudos na gestação, onde a vulnerabilidade da mulher dentro do processo

gestacional, a assistência pré-natal deve considerar os aspectos psicológicos, diante

da formação do apego materno ao feto, sendo este, um aspecto subjetivo.

Para Teixeira et al., (2015, p. 69): “a imagem corporal associa-se ao

autoconceito com foco na aparência e na forma corporal, entendida como a

representação mental do próprio corpo como um processo dinâmico e singular.”

Diferentes profissionais comprometidos com satisfação e o bem-estar desta

população precisam estar preparados a fim de observar sinais e angústias advindos

do descontentamento com a forma física, que influencia negativamente a

autoestima.

De acordo com Assis; Avanci (2003) o desenvolvimento da autoestima está

diretamente relacionado ao envolvimento positivo com os familiares. O fato da

criança se sentir amada pelos pais é fundamental e a privação desta relação

emocional leva a destruição do ego e da autoestima, tendo como consequência

déficits emocionais. Sendo assim, a relação com os cuidadores é de total relevância

e estudos que considerem a autoestima dos pais são importantes devido ao

espelhamento que este vínculo primordial oferece.

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CAPÍTULO IV

PESQUISA

1 INTRODUÇÃO

Com o propósito de conhecer o nível de autoestima de gestantes em situação

de risco social, o projeto atendeu a Resolução 466 e 510 do Conselho Nacional de

Saúde, foi submetido na Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do UniSALESIANO – Parecer consubstanciado nº 2.749.492 em 02 de

Julhol de 2018 (ANEXO A). Realizou-se uma pesquisa de campo na Associação

Beneficente Santa Paulina, localizada à Rua Carlos Gomes, 80 na cidade de Lins –

SP. Com início e término em Setembro/2018.

A pesquisa foi realizada após a leitura e assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – T.C.L.E (APÊNDICE A); a Declaração da

Participante (APÊNDICE B); por meio da escala de autoestima de Rosenberg

(APÊNDICE C) e um questionário para levantamento de dados pessoais

(APÊNDICE D). A composição da amostra, após passar pelos critérios de inclusão e

exclusão, contou com um efetivo de 03 gestantes.

1.1 Abordagem

O estudo baseou-se na abordagem da Psicologia Positiva e na Abordagem

Centrada na Pessoa de Rogers, como sendo o retorno às origens da teoria, tendo

em vista que, Rogers apontou a relevância da autoestima no desenvolvimento da

personalidade do indivíduo.

Segundo Seibel; Poletto (2016, p. 9) “com a preocupação de não apenas

focalizar os danos e os prejuízos, a PsP procura investigar, buscar e deixar em

evidência a dimensão mais saudável e o potencial de indivíduos, grupos e

instituições” Para o autor, visão da PsP possibilita a construção de pesquisas e

intervenções onde o foco na doença e as consequências da pobreza e da exclusão

social, é redirecionado para dimensão saudável e positiva no indivíduo.

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Os estudos na abordagem da Psicologia Positiva para Paludo; Koller (2007 p.

15) “enfatizam a prevenção, a identificação e o fortalecimento dos aspectos

saudáveis presentes, uma vez que esses agem como fatores de proteção”. O

reconhecimento das virtudes humanas segundo Paludo; Koller (2007) ajudam a

prevenir ou a diminuir os prejuízos causados pelas patologias, pelo estresse, pelas

doenças e fortalecer competências em vez de corrigir deficiências.

O tema autoestima e gestação foram relacionados e para tanto foi utilizada a

escala de autoestima de Rosenberg como instrumento.

Segundo Schultheisz; Aprile (2013), a escala de autoestima de Rosenberg

tem como objetivo avaliar a autoestima em sentido global. Para o autor, a autoestima

se divide em baixa, média e alta autoestima. A distinção nos escores de autoestima

dá-se desde ao humor positivo unido ao domínio satisfatório de habilidades, que

resulta em saúde mental, habilidades sociais e bem-estar, ao humor negativo, olhar

para si mesmo onde prevalece a incapacidade, delinquência, depressão, ansiedade

social, transtornos alimentares e ideação suicida.

A Escala de autoestima de Rosenberg é muito utilizada como método

quantitativo, porém buscou-se a descrição e comparação das características de um

certo grupo social a fim de se conhecer a realidade num contexto específico, a

gestação. Para Ramos (2013), o presente estudo contempla somente o primeiro

próposito básico para análise de problemas de realidade social.

A escala de Autoestima de Rosenberg é composta por dez frases afirmativas,

sendo cinco frases positivas e cinco negativas. As opções de respostas variam

entre: Discordo totalmente, Discordo, Concordo e Concordo Totalmente. O nível de

autoestima é medido pela qualidade das respostas onde o nível mais baixo equivale

a totalidade de 10 pontos, onde o participante discorda totalmente da afirmações

positivas sobre si mesmo e concorda totalmente com as afirmações que o

desqualificam. O nível mais alto chega a 40 pontos onde o participante concorda

totalmente com as afirmações positivas sobre si mesmo, equiparando-se a maioria

das pessoas e discorda totalmente de afirmativas que o façam sentir-se fracassado,

sem muito do que se orgulhar, que deve respeitar-se mais, com sentimento de

inutilidade e ineficiência. O nível médio corresponde a pessoa que possui um certo

grau de instabilidade, sua pontuação fica entre 20 a 30 pontos. Escala em anexo.

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1.2 Método

Adotou-se o paradigma qualitativo descritivo e exploratório. Segundo Gil

(2009) a Pesquisa Descritiva tem como objetivo descrever uma determinada

população ou situação, é feito um levantamento por meio de técnicas padronizadas

com a coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistêmica, dando

uma nova visão de algo e a Pesquisa Exploratória tem como objetivo aprofundar por

meio de entrevistas juntamente com a pesquisa bibliográfica que contribuem para a

maior aproximação com o problema que está sendo pesquisado.

1.2.1 Procedimentos metodológico

As participantes foram recrutadas via seleção, considerando-se critérios de

inclusão e exclusão, em convite na Clínica Santa Madre Paulina. As participantes

são gestantes inscritas em grupo de apoio feito pela instituição. Estas foram

submetidas à:

a) Convite para participação na pesquisa;

b) Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sob orientação

dos pesquisadores;

c) A técnica utilizada foi aplicação da escala de autoestima de Rosenberg e

entrevista pessoal através de questionário como método.

Após o convite feito ao grupo de gestantes, as que aceitaram fazer e que

enquadrou-se dentro dos critérios de inclusão foram encaminhadas para outra sala

reservada na Clínica. O tempo médio da entrevista foi 55 minutos. Após a assinatura

e explicação do Termo de Consentimento, foi entregue a gestante a folha da escala

de Rosenberg e a caneta, onde após cada frase afirmativa assinalou a opção mais

adequada para e por ela. As opções foram Discordo totalmente, Discordo, Concordo

ou Concordo totalmente. Após terminado de responder, a gestante foi entrevistada

pelas pesquisadoras conforme questionário em anexo.

1.2.2 Caracterização dos participantes da pesquisa

Gestantes participantes de Grupo de Apoio, com idade maior de 20 anos e 2º

trimestre da gestação.

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Como fator de exclusão, foram excetuados: a adolescência por ser uma fase

de desenvolvimento específico onde as alterações de comportamento estão

presentes; o 1º trimestre; o 3º trimestre, por ocorrerem vários sintomas que podem

afetar a autoestima da gestante como: sentimentos ambivalentes, enjoo, tonturas e o

aumento do volume corporal, cansaço e a proximidade com o parto que pode causar

temores e insegurança e gestantes com deficiência física e mental impossibilitadas

da comunicação verbal.

1.2.3 Histórico da Instituição

A Associação Beneficente Santa Madre Paulina é uma entidade classificada

como ONG de Assistência Social e de Saúde, tem como finalidade a proteção social,

outras formas de desenvolvimento e defesa de direitos. Possui como atividade:

prevenção, saúde pública e proteção à família.

A Associação, bem como as instituições que prestam serviço à comunidade

através do cuidado à gestantes, vem com uma proposta de preparar as gestantes

para o nascimento do bebê. O atendimento é realizado em grupos com as gestantes

primigestas (primeira gestação) e multigestas (segunda gestação ou mais). É

transmitido o conhecimento por meio de palestras, dinâmicas, aulas em oficinas

específicas e exercícios fisioterápicos para melhoria da qualidade de vida das

gestantes. Os temas são variados, em cada reunião uma temática é desenvolvida,

seguindo uma proposta do Ministério da Saúde, a fim de que as gestantes possam

obter uma máxima atenção no pré-natal.

Segundo Ministério da Saúde, 2000: “A atenção básica na gravidez inclui a

prevenção, a promoção da saúde e o tratamento dos problemas que ocorrem

durante o período gestacional e após o parto”.

Os funcionários da instituição são: recepcionista, diretora e servente e outros

funcionários voluntários, como fisioterapeuta, assistente social, psicóloga e médicos

convidados. Há uma área onde acontece bazar beneficente, pois a instituição não

possui verbas de manutenção e sobrevive de doações.

Atualmente o trabalho específico é realizado pelo setor de fisioterapia do

Unisalesiano e com psicólogos voluntários, médicos e demais profissionais, onde

as gestantes são preparadas para o momento do parto e também recebem

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acompanhamento inicial do bebê na instituição e visitas domiciliares após o

nascimento, além de ajuda material com enxoval completo para o bebê.

2 RESULTADOS

Os quadros a seguir são os resultados encontrados e apresentados em temas

agrupados por assuntos tratados com as gestantes na entrevista, aquilo que foi

observado como mais relevantes.

Quadro 1 - Escala de Autoestima de Rosenberg

GESTANTE NIVEL DE AUTOESTIMA PONTUAÇÃO

Ametista Alto 32

Diamante Alto 31

Esmeralda médio/alto 28

Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

Quadro 2 - Caracterização das gestantes quanto a dados sócio-demográficos

GESTANTE LOCAL DE NASCIMENTO ID. RAÇA/COR ESCOLARIDADE

Ametista Lins/SP 30 Negra 2º grau comp.

Diamante Pederneiras/SP 22 Parda Sup. Incomp.

Esmeralda Lins/SP 32 Parda 1º grau Incomp. Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

Quadro 3 – Formação Profissional

GESTANTE FORMAÇÃO

PROFISSIONAL EXP. PROFISSIONAL

Ametista Curso profissionalizante Paula

Souza – S. J. Rio Preto Frig. Betin, Doceria, Proseg e

Bracol

Diamante Curso Básico de inf. Babá, Emp. Doméstica e

Garçonete em Buffet

Esmeralda Não Emp. Doméstica e Aux. Geral

Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

Quadro 4 – Trabalho Atual

GESTANTE TRABALHA

ATUALMENTE

Ametista não

Diamante não

Esmeralda sim Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

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2.1 Análise de resultados

A análise foi realizada dentro da visão humanista, utilizou-se tanto a ACP de

Carl Rogers, como a PsP, como uma atualização da visão humanista onde os

fatores positivos do ser humano são considerados. Optou-se em subdividir as

questões em temas que expressam virtudes e valores positivos.

Apoio Familiar e Social

Quadro 5 - Dados de moradia

GESTANTE Estado Civil Nº de Filhos Moram em quantos

na casa

AMETISTA União estável

0 05 pessoas

DIAMANTE Solteira 0 04 pessoas ESMERALDA Solteira 1 sozinha Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

Quadro 6 – Proximidade com outros familiares

GESTANTE Familiares em Lins AMETISTA sim DIAMANTE sim

ESMERALDA sim Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

Sente- se apoiada por familiares?

Ametista - sente-se apoiada pelo marido.

Diamante - Sente-se apoiada por familiares, principalmente a mãe, mas sente

apoio de todos, tanto os daqui e de outras cidades.

Esmeralda - Não sentia apoio na primeira gestação e já nessa sente-se

apoiada. Sente-se apoiada por familiares: tio, tia da parte da mãe e avô.

Para Scorsolini-Comin; Alves-Silva (2016) “as pessoas casadas ou que vivem

em união consensual, de ambos os sexos, apresentam maiores níveis de bem-

estar”. Em uma relação entre casais com um nível adequado de comunicação estão

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envolvidos apoio material, emocional, econômico, instrumental e de informação,

onde estabelecidos estes fatores, há uma satisfação com a vida, que está

relacionado à saúde e bem-estar.

A qualidade do relacionamento amoroso pode levar a um bem-estar subjetivo.

O fato de reforçar a autoestima da pessoa, pelas relações duradouras e de apoio, o

casamento pode significar felicidade, promovendo recompensas econômicas e

sociais (Scorsolini-Comin; Alves-Silva, 2016).

Segundo Nunes Baptista (2005), o suporte familiar é extremamente relevante

para que a pessoa enfrente as adversidades da vida. As características para um

adequado suporte familiar são: carinho, empatia, afetividade, pertença, aceitação,

apoio e comunicação vindo de diversas estruturas familiares, p. 12 “os suportes

familiar e social adequados também possuem influencia positiva nos resultados de

tratamento psicoterápico, inclusive diminuindo a recorrência de diversos transtornos,

como por exemplo no caso dos transtornos de humor”.

Segundo Rogers (1997), a relação entre pais e filhos, são consideradas uma

relação de ajuda quando promovem no outro o crescimento, o desenvolvimento, a

maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida.

Esta relação de ajuda estende-se a outros sujeitos onde o objetivo seja permitir o

crescimento.

As pessoas têm tratado você de maneira diferente?

Ametista: Sim, Tem mimado bastante, o marido, irmã e a mãe.

Diamante: Sim, Mãe do namorado, namorado, mãe, as vezes a irmã. Sente-

se acolhida e percebe que eles pensam bem antes de falar qualquer coisa porque

sabem que ela vai ficar mau e chorar por ela estar emotiva.

Esmeralda: Sim, Mudou para melhor tanto mais próximo e mais distante. A

vizinha manda comida e antes não fazia isso, assim como onde trabalha pedem para

ela tomar cuidado com o bebe de não subir em escadas, e não ficar sem comer.

Esta gostando desses mimos.

O autor ressalta que o suporte familiar pode ser oferecido, não somente pelo

pai e mãe, mas por diferentes estruturas alternativas que existem na atualidade

(NUNES BAPTISTA, 2005).

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Possui algum medo?

Ametista - Sim, conseguir dar conta de ser mãe, de conseguir aguentar a dor

ou durante o parto morrer ela ou o bebê, medo da cesária, do filho nascer perfeito ou

não, de raptarem seu filho ou trocá-lo então por isso já pediu para alguém estar

sempre junto a ela no hospital quando nascer para não deixarem seu filho sozinho

para não acontecer essas coisas que ela tem medo de acontecer.

Diamante - Sim, de morrer na hora do parto por causa do AVC que ela já teve

e também tem medo de passar esse medo para o bebê. “Se eu morrer com quem

vai ficar?”[sic].

Esmeralda - Sim, de envelhecer, de não dar conta de cuidar dos filhos, porem

tem mais medo morrer do que tudo, mas tem hora que pede para Deus lhe levar

para tirar o seu sofrimento.

Todas as gestantes trouxeram o medo de morrer e não conseguir cuidar do

bebê como preocupação. Sentimento este presente durante a gestação quando se

trata de temores.

A gestante Ametista demonstra medo de morrer, porém havendo pessoas

para dar suporte caso aconteça; já as gestantes, Diamante e Esmeralda,

demonstram uma preocupação pelo fato de não terem um apoio mais próximo que

lhe dê segurança.

Para Carvalho (2016) o medo surge diante de situações de ameaça e perigo

iminentes, que pode causar danos físicos ou psicológicos; diferente da ansiedade

que consiste de uma reação inibitória diante da possibilidade, grifo nosso, de perigo

diante de situações nas quais o desfecho é algo incerto, está relacionado ao futuro e

a potencial presença de punição.

Segundo Carvalho (2016, p. 102), “A inibição é um vetor de força que visa

desacelerar ou frear a conduta em cada um dos domínios da ativação por meio de

reações de cautela.”. O medo está relacionado à inibição de conduta ou atitudes. A

dimensão do medo segundo o autor, é classificada como preocupado.

O medo e a ansiedade podem ser apreendidos como alarmes que, ao identificarem possíveis elementos ameaçadores no ambiente, criam um contexto subjetivo desagradável que impele o organismo a se proteger de alguma maneira. (CARVALHO, 2016, p. 110)

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A gestante Esmeralda traz um grande sofrimento, onde pensa na morte como

saída e o desejo de morrer para aliviar o sofrimento.

Embora apareça um pensamento de morte, percebe-se que a escolha da

gestante Esmeralda não é movida pela falta de expectativa, e o medo não a tem

paralisado. No caso de Esmeralda existe um apelo de atenção pelas dificuldades

vividas, mas que não a tem impedido de realizar experiências como ser mãe

novamente.

A pessoa se torna capaz de lidar com os temores que possam surgir das experiências mais dolorosas e as compreende como sólidas oportunidades de se apropriar-se delas e ser ela mesma e crescer. Sua experiência se torna, nitidamente, um importante aliado nas escolhas que fará ao longo da vida. Quando a experiência é avaliada negativamente, a pessoa pode querer evitar novas situações por parecerem semelhantes (ROCHA et al., 2012, p. 72).

Mudança

Gostaria de mudar algo em si mesmo?

Ametista - Não, Quer melhorar seu controle de impulsividade, mas não

mudar, gosta do jeito que é (fala na cara).

Diamante - Sim, Ser confiante, já é, mas quer ser mais.

Esmeralda - Sim, ser determinada, conseguir falar não para determinadas

pessoas, por exemplo para a mãe consegue falar não porque também recebe não

dela.

Há o desejo de mudança na fala das três gestantes. O desejo de mudança na

visão humanista é facilitada a partir da aceitação de ser o que se é.

Para Rogers (2009), a experiência de vida do indivíduo de ser uma relação

aberta, amigável e estreita. Muitas pessoas quando olham para si mesmas tendem a

rejeitar a si mesmo, e para que haja uma mudança faz-se necessário a aceitação de

si próprio, quando os aspectos de si mesmos são assumidos e quando existe esta,

posteriormente dá-se a aceitação do outro, valorizando sua experiência por aquilo

que eles são.

Para Rogers (2009), o homem é um animal positivo e social. Existe dentro do

ser humano pleno uma não pretensão nem de recompensar nem castigar os outros,

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um eu sem ódio, um eu profundamente socializado.

Metas, Ambições E Projeto De Vida

Tem sonhos/ desejos?

Ametista: Sim, quer a casa própria e sabe que agora não dá, devido a

gravidez e a falta de serviço fixo para ela e para o marido, mas acha que quando o

bebê tiver 2 anos ela já consiga um serviço e assim consiga pagar sua casa própria.

Diamante: De ter uma casa, precisa de dinheiro e vai demorar muito tempo,

uns 5 anos, precisa que nada aconteça com ela e nem com o filho para poder

trabalhar, então vai esperar o filho nascer e vai procurar um emprego.

Esmeralda: Sim, de aumentar a casa, de ver a filha crescer e se formar.

O desejo de prosperar, de ter uma casa própria, está presente o desejo de

prosperar de melhorar suas condições atuais.

Viver é...

Ametista: É tudo, curtir com a família, principalmente com seus sobrinhos

porque ela achava que não teria filhos então dava todos o carinhos e mimos aos

sobrinhos.

Diamante: Tudo de bom e complicado ao mesmo tempo. O bom é porque

esta aqui, mas também é complicado por isso, não sabe explicar.

Esmeralda: Ter saúde porque com ele pode fazer tudo, como trabalhar. Ser

feliz, mas a noite não é feliz, sempre falta algo.

Ametista: traz satisfação com a família na fala.

As gestantes Diamante e Esmeralda trazem na sua fala dificuldades na vida

que trazem ansiedade.

“As pessoas tendem a criar uma visão de mundo ou sistemas de crenças

pessoais que os auxiliam a lidar com questões existenciais, buscando valorar ou dar

significado aos eventos e às circunstâncias ao longo da vida.” (REKER, 2000 apud

DAMÁSIO; KOLLER 2016, p. 175). Damásio; Koller, (2016) destacam o interesse

pela busca no construto do sentido da vida na Psicologia, sendo visto como um

componente fundamental para o funcionamento psicológico positivo. A psicologia

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humanista buscou auxiliar os sujeitos na compreensão de qual seria o sentido de

suas vidas em particular. Na estrutura do sentido da vida, há componentes cognitivo,

motivacional e emocional, que demandam ordem e coerência na sua existência.

Rogers (2009), apresenta a vida como um processo e não um estado de ser.

A vida considerada “boa” é aquela que existe liberdade psicológica para se mover

em qualquer direção, sendo essa direção é selecionada de forma particular, pois é

influenciada pelo modo organísmico gerando qualidades distintas, porém sendo as

mesmas numa grande variedade de indivíduos, trazendo conceitos universais.

Segundo o autor, a pessoa que vive uma vida “boa” é uma pessoa criativa, que em

qualquer época e em qualquer cultura, vive de maneira construtiva, em harmonia

com seu meio cultural, busca satisfação equilibrada das suas necessidades.

A Maternidade

Quadro 7 - Planejamento e desejo da gravidez

GESTANTE GRAVIDEZ PLANEJADA GRAVIDEZ DESEJADA

Ametista Não não

Diamante Não não

Esmerlda Não não

Fonte: elaborada pelos autores, 2018.

O que é ser mãe?

Ametista - É ser como uma “leoa” que protege seu filho de tudo e de todos.

[sic]“Pode falar mau de mim mas não do meu filho porque se não o bicho

pega!.”[sic].

Diamante - Muito amor, preocupação, não sabe definir.

Esmeralda - Dar amor, carinho, proteger, corrigir porque ela é brava com a

filha, não deixa ela brincar com meninos, sabe que a protege muito. Proporcionar

tudo de bom e de melhor, ser amiga, porque quer dar tudo o que não teve para a

primeira filha.

O que tem sido bom nessa gravidez?

Ametista - Saber que o filho esta ali dentro dela, lhe fazendo companhia e

esta ansiosa para estar com ele nos braços.

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Diamante - De tudo, neurologista dela disse que essa gravidez foi bom

porque ela não esta mais estressada, tudo mudou na parte psicológica, tudo mudou

para melhor.

Esmeralda - De ser um menino e de ter companhia.

Quais os cuidados que você tem durante a gravidez?

Ametista - Com a alimentação, remédios (vitaminas), passando no médico.

Não faz nenhum tipo de receita caseira que as pessoas falam para ela fazer que

seja bom para a gestante, só o que o médico fala e receita para ela.

Diamante - Só passa pano e lava louças, evita subir escadas e abaixar por

conta do medo de se esforçar.

Esmeralda - Esta em falta na alimentação correta porque faz comidas rápidas

ou come besteiras, mas diz que tem procurado se alimentar com frutas e legumes

devido a gestação. Vai ao médico certinho e toma vitaminas.

Todas as gestantes referem mudanças relativas devido à gestação,

efetivando cuidados; a experiência e a comunicação estão num nível satisfatório.

Segundo Rogers (2009) existe um conceito fundamental que é a

correspondência mais adequada entre a experiência, a consciência e a

comunicação. Este conceito é denominado por congruência, que são fenômenos

presentes nas interações subjetivas e interpessoais. Trata-se da pessoa unificada,

onde as experiências do nível fisiológico e visceral estão em harmonia com sua

consciência e a comunicação sendo congruente a sua experiência. A criança é um

exemplo de congruência por ser transparente.

Quais serão os cuidados após o nascimento?

Ametista - Com o neném será deixado de responsabilidade com sua mãe

porque tem medo de dar o banho por ser “molinho demais”[sic]. Já com ela vai

manter os cuidados de sempre que tinha antes de engravidar.

Diamante - roupas do bebê lavadas e antialérgicas, unhas curtas, seios

limpos, sempre próxima ao bebê para não deixar coisas pequenas e perigosas

pegar nele ou o neném pegar essas coisas. Diz que são vários cuidados que não

consegue pensar.

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Esmeralda - Não vai deixar qualquer um pegar o filho porque tem muitas

bactérias nas mãos das pessoas, só se lavarem a mão e passar álcool, pessoas que

fumam, assim como não quer o pai do filho muito perto porque ele tem barba e ela

acha nojento, deixar as roupas lavadas e dar o leite materno.

A gestante Esmeralda possui na sua fala indicações de incongruências que

revelam insatisfações nas relações interpessoais e também quanto ao nível de

consciência dentro da experiência da gestação.

É, pois evidente que os indivíduos diferem no seu grau de congruência e que num mesmo indivíduo esse grau é variável conforme os momentos, grau que depende do que está experimentando e da sua atitude de aceitar conscientemente a sua experiência ou de se defender dela. (ROGERS, 2009, p. 396).

Embora a gravidez não ter sido planejada e nem desejada para todas as

gestante. O momento é de aceitação plena da gravidez, o afeto positivo está

presente nas falas e no cuidado com a gestação e no planejamento de cuidados

com o bebê

Para Kamei (2016, p. 159), “Ao contrário do que em geral as pessoas

pensam, os melhores momentos da vida não são passivos, receptivos, relaxantes.”

O autor traz que deve existir um esforço voluntário na realização de algo importante,

que dá sentido a vida. E a existência inteira pode ser transformada quando sua

totalidade for unificada de fluxo. Um estado emocional positivo possue um equilíbrio

entre desafios e habilidades.

Niquice; Poletto (2016) trazem o conceito de resiliência, força e competência

necessária para lidar com adversidades, onde devem ser consideradas as

especificidades dos estressores, das pessoas e dos contextos. Refere-se à presença

de características positivas como o otimismo, a autoestima e a autoeficácia como

sendo fundamentais. São características integradas na resiliência o comportamento

adaptativo, as experiências pessoais, as habilidades e todo capital humano que

favorece o sentimento de confiança em que os obstáculos podem ser superados.

Niquice; Poletto (2016, p. 37) “A resiliência está presente em todas as etapas

do ciclo vital, podendo ser abordada na perspectiva individual, grupal, comunitária e

social no geral”. As facilidades oferecidas pelo contexto em volta do indivíduo

(escola, família, amigos, comunidade, local de trabalho entre outros) dentro de um

processo dinâmico de interações são consideradas para se compreender a

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resiliência, bem como: sistemas de educação, saúde, políticas de emprego e

habitação e de apoio social.

Para Bowen (1987, p. 65 apud FROTA, 2012): “Quando somos congruentes

conosco mesmo, nossas necessidades, nossos desejos e nosso curso de ação são

uma coisa só”. O princípio de congruência está presente na formação do indivíduo,

sendo fundamental na construção da autoestima. A congruência faz com que o

autoconceito seja positivo. As relações interpessoais segundo Rogers não trazem

conflitos, pois o outro é aceito como é, mesmo que não haja concordância. O autor

diz que havendo congruência o indivíduo aprecia e valoriza tanto sua experiência

como a dos outros por aquilo que elas são. (ROGERS, 2009)

As gestantes sentem-se apoiadas por familiares e amigos, porém o conceito

de suporte social traz a realidade de que não são apoiadas, pois não é percebido o

apoio material e emocional necessários para o desenvolvimento e autonomia. A

gestante Esmeralda recebe alimentação da vizinha e sendo assim possui muita

dificuldade dentro das necessidades básicas.

O fato de sentirem-se apoiadas traz muito relevante na relação que

estabelecem com a própria gravidez, pois o que é percebido por elas faz com que

tenham capacidade de viver a experiência da maternidade. Sendo assim

concretamente possuem o abandono, conflitos com parentes próximos, desejo de

mudança das condições precárias que vivem, faltam-lhes condições

socioeconômicas, mas sentem-se acolhidas pela sociedade. O sentimento positivo

mesmo divergindo da realidade faz com que tenham resiliência dentro do contexto

gestacional.

Duas gestantes não permitiram a manutenção do relacionamento com o pai

da criança, pois os relacionamentos não possuem condições favoráveis para

oferecer segurança e apoio material e emocional. Uma autoestima mais elevada

distancia-se de relacionamentos destrutivos. A gestação para essas gestantes tem

possibilitado rever posturas e comportamentos e receber ajudar, selecionar

convivências, e até se distanciar de pessoas que possam trazer maiores

dificuldades, ou que favoreçam mais conflitos além do que já enfrentam.

Pessoas com baixa autoestima são mais vulneráveis, este é um fato

relevante, no entanto, as gestantes têm enfrentado as dificuldades da vida neste

momento em que estão gerando, uma autoestima positiva livra-se do autoconceito

negativo e do comportamento autoderrotista.

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Dentro dos níveis de autoestima a partir da Escala de Rosenberg temos uma

gestante com o nível médio, que traz as inconstâncias no comportamento, a

gestante Esmeralda por meio dos relatos traz que sofre por estar sozinha, tem

desejo de morrer pelas dificuldades vividas, porém quer oferecer para o filho o que

não conseguiu oferecer à primeira filha, onde no momento da entrevista mora com a

avó. Sente-se mais apoiada e preparada na gravidez atual.

O conceito de autoestima saudável é aquela em que a pessoa está em paz

consigo e com os outros. Percebemos que as gestantes possuem muitos conflitos e

carências, estão de fato sozinhas e mesmo assim sentem-se apoiadas. Há

incongruências visíveis, pois a experiência, a consciência e a comunicação não

expressam uma harmonia, porém em relação à gestação expressam cuidados,

aceitação da gravidez e desejo de cuidar do filho.

A Psicologia Positiva parte do que é positivo na pessoa e não nas

dificuldades. A abordagem busca enfatizar os aspectos saudáveis no ser humano,

deixando em evidência o potencial do indivíduo. A autoestima considerada elevada

traz que a pessoa não se sente inapropriada e considera-se potencialmente capaz.

Podemos perceber que a gestação para as gestantes foi aceita, embora haja

dificuldades no suporte familiar, enfrentam necessidades básicas e buscam nelas

mesmas forças para manter o vínculo materno. O vínculo materno foi mantido em

meio às adversidades e ambiguidades vividas pelas gestantes.

3 DISCUSSÃO

Embora haja fatores que corroboram para uma baixa autoestima, devido às

incongruências nas experiências pessoais, todas as gestantes apresentaram níveis

elevados de autoestima. As condições socioeconômicas das gestantes e a falta de

suporte social, não foi fator coercitivo para a aceitação da gravidez no segundo

trimestre gestacional.

O fato de sentirem-se apoiada por alguém e ter ambição ou vontade de

superar as adversidades por meio da conquista de casa ou sua melhoria, faz com

que elas se percebam potencialmente capazes, com dinamismo, lutando pela sua

dignidade e que mantém valores internalizados, que faz com que sua autoestima

tenha um nível elevado fugindo dos índices baixos dentro do nível de autoestima,

segundo o resultado da escala de Autoestima.

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O conceito de autoestima dentro da realidade de gestantes que enfrentam a

própria gravidez como um fato inesperado está relacionado ao conceito de

resiliência, pois segundo a pesquisa a aceitação da gestação pode ser considerada

como uma recuperação e adaptação de conflitos.

Niquice; Poletto (2016, p. 33) traz que: “A organização Mundial de Saúde

(WHO, 2009) refere-se à presença de características positivas como o otimismo, a

autoestima e a autoeficácia como sendo fundamentais.” Segundo Niquice; Poletto

(2016), para compreensão do fenômeno denominado resiliência deve ser

considerado as características individuais, os contextos em que as pessoas vivem e

as interações que estabelecem com os mesmos e o tempo histórico de vida.

A quantidade e profundidade dos fatores de risco, que são acontecimentos ou

situações que tem o potencial de comprometer o bem-estar dos indivíduos e fatores

de proteção, capacidade de autocontrole, afetos positivos, presença de rede de

apoio social influenciam o nível de adaptação dos indivíduos, porém a identificação

desses valores não podem ser considerados universais, pois considera-se a forma

como eles são interpretados pela pessoa (NIQUICE; POLETTO, 2016).

Chamam atenção para alguns fatores de proteção como fundamentais para o desenvolvimento humano. Ao analisar cada um desses componentes, verifica-se que estes trazem uma proposta contextual, dinâmica e de multidimensionalidade para pensar o que está envolvido no processo de resiliência, que juntos compõem o tripé da resiliência. (MASTEN; GARMEZY, 1985 apud NIQUICE; POLETTO, 2016, p. 36)

O fator de proteção é um elemento relevante, em ações que correspondam a

capacidade de adaptação a situações adversas como a gravidez indesejada. As

interações das gestantes com família, amigos e outras pessoas que sensibilizadas

pela gestação oferecem apoio facilitaram a ocorrência de comportamento adaptativo.

Dentro deste apoio temos o contexto vivido pelas gestantes formado pelos

microssistemas (família, escola, vizinhança, grupo de amigos e local de trabalho)

juntamente com o macrossistema (sistemas de valores partilhados, sistema político,

religião, entre outros), formam uma rede de proteção que favorece o

desenvolvimento da resiliência.

Não foi percebido durante a pesquisa um forte sentimento de inadequação na

fala das gestantes, bem como dúvida, culpa e medo de uma participação plena na

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vida, o que foi verificado pela escala é um autoconceito positivo de si mesmo.

Segundo Branden (1996) a baixa autoestima revela um sentimento vago de “eu não

sou suficiente”, este sentimento não foi captado pela pesquisa entre as gestantes.

“quanto maior nossa autoestima, mais bem equipados estaremos para lidar com as

adversidades da vida; quanto mais flexíveis formos, mais resistiremos à pressão de

sucumbir ao desespero ou à derrota.” (BRANDEN, 1996, p. 11)

O caráter avaliativo da escala deve ser considerado como uma experiência

particular. Segundo Rogers (1992), por mais adequadamente que tentemos medir

um estímulo, e por mais que tentemos medir o organismo preceptor, seja por testes

psicométricos ou aferições fisiológicas - continua sendo verdade que o indivíduo é a

única pessoa que pode saber como a experiência foi percebida. Cada um reage à

realidade segundo a percepção que tem dela.

Quando temos um resultado de elevada autoestima num contexto de

vulnerabilidade tendemos a rejeição. Estamos diante de um fenômeno, aquilo que se

mostra. Segundo Frota (2012), a ciência pede neutralidade, porém a forma como

vejo determinada situação relaciona-se à valores individuais e à história pessoal e

diante desse pressuposto a neutralidade é negada.

O fenômeno da resiliência apresentado pelas gestantes não deve ser

entendido como invulnerabilidade, pois os processos de riscos são muito complexos

e existe uma capacidade para enfrentamento do sofrimento porém, há um sofrimento

verbalizado. (COUTO-OLIVEIRA, 2007)

Diante do fato em que analisamos a experiência de pesquisa a partir de uma

visão humanista por meio de Rogers e a ACP e também a PsP, como o novo

humanismo, olhamos a partir do conceito que admite uma visão globalizante do ser

humano enfatizando a vivência das emoções, a subjetividade, a intuição e as

potencialidades. (FROTA, 2012)

Temos dentro dos princípios da ACP a tendência atualizante que pode ser

considerado, a fim de uma busca de justificativa, quando a percepção de si mesmo

da gestante parece estar em desacordo com o contexto vivido, sob uma perspectiva

de entrave psicológico.

Quando a tendência atualizante pode se exercer sob condições favoráveis, isto, é, sem entraves psicológicos graves, o indivíduo se desenvolverá no sentido da maturidade. Sua percepção de si mesmo e de seu ambiente, e o comportamento que se articula de acordo

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com estas percepções, se modificarão constantemente num sentido de uma diferenciação e de uma autonomia crescentes, típicas do progresso em direção à idade adulta. (FROTA, 2012, p. 171)

Frota (2012), traz que o contexto social vivido pelas gestantes é uma forte

influência e Rogers valoriza, trazendo a subjetividade, a individualidade da pessoa

como uma dimensão relevante no processo de formação humana.

A utilização de instrumento psicométrico como a Escala de Autoestima de

Rosenberg não impossibilita um olhar individualizado e que considere o contexto

sócio cultural da gestante que mediante à questões objetivas e subjetivas

respondem conforme suas possibilidades dentro da sua visão de mundo.

A baixa autoestima em gestantes de grupos de riscos e que com dificuldades

de apoio social e sócio econômico é recorrente em trabalhos brasileiros e o

resultado com essas gestantes não pode ser considerado como amostra para

generalizações.

O presente trabalho abre um pressuposto de que já existe uma lacuna entre a

relação de autoconceito e as psicopatologias, onde se sugerido que pessoas de

baixa autoestima são mais vulneráveis ao desenvolvimento de psicopatologias,

porém há necessidade de estudos que aprofundem a percepção de si mesmo do

indivíduo como proposta, pois quadros psicopatológicos podem influenciar a

percepção de si mesmos?

O processo de olhar para si mesmo considera todos os aspectos de formação

do pensamento. O fato de aceitar uma gravidez indesejada resulta de uma

autoestima elevada que está relacionada com a capacidade de adaptação numa

realidade adversa.

4 PARECER FINAL

A pesquisa com as gestantes permitiu que a escuta nesse momento fosse

possibilitada. A fala, muitas vezes encoberta de pessoas que trazem seus medos,

suas expectativas, seus dramas pessoais, foi possibilitada para que houvesse a

compreensão da dimensão do estado que aquela mulher que gera se encontra.

O trabalho com as gestantes da Associação favoreceu discussões sobre o

tema e também como a sociedade acolhe a mulher que está neste estado.

Escutamos não só as gestantes, mas também pessoas sensíveis a essa

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problemática que prestam ajuda assistencial de uma forma muito diferenciada e que

cumprem sua cidadania com comprometimento e dedicação.

A valoração positiva de si mesmas das gestantes, em meio às dificuldades,

trouxe-nos a confirmação de que aprendemos a cada momento quando estamos

com o outro e que estar com elas foi enriquecedor pela capacidade de enfrentarem

desafios tão complexos com esperança.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O período da gestação constitui um período favorável para acessar a mulher

que sente a sua vulnerabilidade com alterações físicas e psíquicas que formam sua

fragilidade e portanto, necessidade de apoio.

Um vínculo afetivo saudável não pode ser cobrado apenas da mãe, mas sim

de todos os profissionais envolvidos. A sociedade deve olhar este tempo como

promissor para o desenvolvimento de um relacionamento que permita

transformações.

A realização de escalas e instrumentos de avaliação e interações que

promovam uma atenção aos aspectos saudáveis do ser humano é uma proposta

que permite acessar o ser humano através do seu lado positivo.

Outros temas e avaliações propostos pela PsP podem ser sugeridos, como:

resiliência, felicidade e outros, pois são facilitadores do diálogo, tornando-se uma

forma eficaz para baixar as resistências e promover saúde e bem estar numa

sociedade carente de valores e apoio efetivo.

Também cabe o aprofundamento do tema autoestima devido à relevância na

formação da personalidade e das lacunas existentes relacionadas à psicopatologias

onde uma valoração negativa de si mesmo pode influenciar nas atitudes e

desenvolvimento integral do ser humano.

Sendo assim a humanização pelo acolhimento às gestantes por meio dos

temas que perpassam aspectos saudáveis dos indivíduos podem ser geradores de

mudanças profundas na sociedade, sabendo que independemente do resultado de

determinados instrumentos de avaliação, há a abertura para o diálogo e ampliação

do conhecimento.

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CONCLUSÃO

O nível de autoestima das gestantes neste trabalho foi considerado elevado.

Houve a refutação da hipótese, pois as condições socioeconômicas e a falta de

suporte social não foram fatores coercitivos para a aceitação da gravidez. As

gestantes mostraram-se envolvidas na gestação e potencialmente capazes para

superar as dificuldades que as envolvem. Dentro do processo gestacional, há um

dinamismo que as fazem acreditar em si mesmas e nos outros, integrando-se,

nutrindo sentimentos de confiança, cuidados com elas mesmas e demonstram

preocupação e afetos positivos relativos ao bebê.

O fato de sentirem-se apoiadas foi relevante como potencialidade para

aquisição da resiliência. A autoestima, juntamente com o otimismo e a autoeficácia

formam as características positivas presentes dentro deste conceito que expressa o

enfrentamento das adversidades da vida.

Tratar de assuntos sérios e extremamente importantes como a vinculação

entre a mãe e o bebê a partir de um aspecto positivo como autoestima trouxe uma

leveza e uma abertura para o diálogo.

Outros temas que facilitem o diálogo, porém que considerem a seriedade da

situação constitui uma forma eficaz para baixar as resistências e promover saúde e

bem estar numa sociedade carente de valores e apoio efetivo.

Conclui-se que a pesquisa sobre a autoestima na gestação contribui para a

sociedade por meio do trabalho preventivo de caráter assistencial e de saúde. O

amor por si mesmo é fundamental na construção de vínculos e no desenvolvimento

de todo ser humano.

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ROCHA, Marcio Arthoni Souto da; BORIS, Georges Daniel Janja Bloc; MOREIRA, Virginia. A experiência suicida numa perspectiva humanista-fenomenológica. Rev. abordagem gestalt.,  Goiânia ,  v. 18, n. 1, p. 69-78, jun. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-686720120001 00010&Ing=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 nov. 2018.

ROGERS, Carl Ransom, Tornar-se Pessoa, 6ª ed. São Paulo, Martins Fontes, 2009

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa:

Autoestima na Gestação – Prevenção e Proteção Social.

A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O motivo que nos

leva a propor este estudo é de verificar os níveis de autoestima e o que isso implica

psicologicamente na gestação dessas gestantes da Madre Paulina de Lins. A pesquisa tem

como hipótese que os níveis baixos de autoestima irá trazer as gestantes dificuldades no

desenvolvimento de vínculos necessários para o acolhimento do bebê. O objetivo desse

projeto é conscientizar essas gestantes a importância de manter a autoestima elevada. O

procedimento de coleta de dados será da seguinte forma: Irá se aplicar uma escala de

Rosenberg e uma entrevista semi-estruturada para essas gestantes com o tempo estipulado

de 50 minutos, em uma data marcada com as mesmas na Clinica Santa Madre Paulina.

DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A sua participação neste estudo pode

gerar algum tipo de desconforto no momento em que responder as perguntas exploratórias

da entrevista devido ao caráter da entrevista ser pessoal, há o risco de alguém entrar na

sala no meio dessa entrevista porém a porta será fechada e avisada em um lembrete na

porta para que isso não aconteça. Os benefícios esperados são de que essas gestantes

tenham a consciência da importância de se ter e manter uma autoestima elevada antes,

durante e depois da gestação e buscar ajuda profissional se necessário.

FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: A gestante que apresentar

necessidade de acompanhamento psicológico será encaminhada a Clínica de Psicologia do

Unisalesiano para apoio e assistência.

GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE

SIGILO: Você poderá solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer etapa do

estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a

participação na pesquisa a qualquer momento, seja por motivo de constrangimento e/ou

outros motivos. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar

qualquer penalidade ou perda de benefícios. As pesquisadoras irão tratar a sua identidade

com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da escala de Roserberg serão enviados

para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua

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participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em

nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e

deve ser assinado em duas vias, uma será fornecida a você e a outra ficará com as

pesquisadoras responsáveis. Se houver mais de uma página, tanto o pesquisador quanto o

participante deve rubricar todas as páginas.

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A

participação no estudo, não acarretará custos para você e será disponibilizado

ressarcimento em caso de haver gastos com transporte, creche, alimentação, etc, tanto para

você, quanto para o seu acompanhante, se for necessário. No caso de você sofrer algum

dano decorrente dessa pesquisa você tem direito à assistência integral e gratuita no

Unisalesiano Lins na clínica de Psicologia a procurar a pesquisadora responsável: Gislaine

Lima da Silva.

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APÊNDICE B - Declaração da Participante

DECLARAÇÃO DA PARTICIPANTE

Eu, .................................................,fui informada dos objetivos da pesquisa acima de

maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento

poderei solicitar novas informações e ou retirar meu consentimento. Os responsáveis pela

pesquisa acima, certificaram-me de que todos os meus dados serão confidenciais. Em caso

de dúvidas poderei chamar o estudante Elisabete Aparecida de Oliveira Cordeiro residente

na rua Mario Bueno Brandão, nº 27, Bairro Jardim Paraiso – Lins-SP com o telefone (14)

99889-3559 e Lidia Maria de Souza Silva residente na rua Frei Henrique nº 59, Bairro Centro

- Guaiçara-SP com telefone (14) 98182-6673 e o pesquisador responsável Gislaine Silva

Lima residente na rua Pedro Fogolin Filho, nº 248 Bairro Fortaleza - Lins-SP com o telefone

(14) 998874043 ou ainda entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do

UniSALESIANO, localizado na Rodovia Teotônio Vilela, Bairro Alvorada – Araçatuba-SP

Fone:(18) 3636-5252, 08:00 às 14:00. O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) é um

colegiado composto por pessoas voluntárias, com o objetivo de defender os interesses dos

participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no

desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. O CEP – UniSALESIANO de

Araçatuba é diretamente vinculado ao Centro Universitário Católico Auxilium de Araçatuba-

SP/Missão Salesiana de Mato Grosso.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma via deste termo de

consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as

minhas dúvidas.

Assinatura do participante de pesquisa ou impressão dactiloscópica(se necessário).

Assinatura:

Nome legível:

Data ______/______/______

................................................................................

Assinatura do(a) pesquisador(a) responsável

Data ______/______/______

I m p r e s s ã o

d a c t i l o s c ó p i c a

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APÊNDICE C - Escala de Rosenberg

ESCALA DE AUTOESTIMA DE ROSENBERG

Leia cada frase com atenção e faça um círculo em torno da opção mais adequada. 1) Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo tanto quanto as

outras pessoas.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

2) Eu acho que eu tenho várias boas qualidades.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

3) Levando tudo em conta, eu penso que sou um fracasso.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

4) Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem quanto a maioria das

pessoas.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

5) Eu acho que eu não tenho muito do que me orgulhar.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

6) Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

7) No conjunto, eu estou satisfeito comigo.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

8) Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim mesmo.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

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9) Às vezes eu me sinto inútil.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

10) Às vezes eu acho que não presto para nada.

(1) Discordo totalmente (2) Discordo (3) Concordo (4) Concordo

totalmente

Fonte: HUTZ, Claudio Simon; ZANON, Cristian; VAZQUEZ, Ana Claudia Souza - Escala de Rosenberg. In: HUTZ, Claudio Simon (Org.), Psicologia Positiva. Porto alegre: Artmed, 2014. (p. 88) [Minha Biblioteca]. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582710876/cfi/84!/4/[email protected]:0.00. Acesso em: 03 abr. 2018.

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APÊNDICE D - Questionário de levantamento de dados

QUESTIONARIO TCC

DADOS PESSOAIS NOME: _______________________________________________________ IDADE: _____________ Raça/Cor:______________ Local de Nascimento:_________________ Estado Civil: ( ) casada ( ) solteira ( ) união estável ( ) divorciada ( ) viúva Escolaridade: ___________________ EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS: ( ) SIM ( ) NÂO ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Formação Profissional:_________________________________________________ Dados Familiares: Primeira gravidez? ( ) SIM ( ) NÃO Nº de filhos:____________ Idade:______________________________ Quantos moram na casa:_______________ Especifique:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Como esta gravidez difere das outras? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Possui outros familiares em Lins? Especifique:_____________________________________________________________________________________________________________________________ Gravidez Planejada ( ) SIM ( ) NÃO

Gravidez Desejada ( ) SIM ( ) NÃO

Sente-se apoiada por familiares ( ) SIM ( ) NÃO

Especifique:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 – Possui algum medo? ( ) SIM ( ) NÃO ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Gostaria de mudar algo em si mesmo? ( ) SIM ( ) NÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 – Tem sonhos/ desejos? ( ) SIM ( ) NÃO Caso afirmativo, quanto tempo vai demorar para alcança-lo e o que precisará para isso? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- Possui algum lazer ou prática esporte? ( ) SIM ( ) NÃO Qual? Com que frequência pratica? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 5- Viver é... _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – O que é ser mãe? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7 – Quais os cuidados que você tem durante a gravidez? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8 - Quais serão os cuidados após o nascimento? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9 – Como as outras pessoas têm reagido à sua gravidez? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 - As pessoas têm tratado você de maneira diferente ( ) SIM ( ) NÃO Caso afirmativo: Como? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________________________________ 11 – Como tem se sentido com a gravidez? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12 – A gravidez tem alterado seu estilo de vida? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13 – O que tem sido bom nessa gravidez? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14 – O que tem sido desagradável ou difícil? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15– Que alterações físicas têm sentido? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15.1 Como tem lidado com elas? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Fonte: adaptado de ROSENBERG, Jocelyne Levy. – Transtornos psíquicos da puerperalidade. In: Bortoletti, Fatima Ferreira, el al. Psicologia na Prática Obstétrica – abordagem interdisciplinar. Barueri, SP: Manole, 2007, p. 112.

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APÊNDICE E - Declaração da Instituição Coparticipante

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APÊNDICE F - Termo de Responsabilidade e Compromisso do (s) Pesquisador (es) Responsável (is)

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ANEXOS

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ANEXO A - Parecer Consubstanciado

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