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0 NOEME CRISTINA ALVARES DE CARVALHO AUTOCONCEITO DO IDOSO E BIODANÇA: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação “Stricto Sensu” em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requesito para a obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profª Dra. Carmen Jansen de Cárdenas Brasília 2006

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0

NOEME CRISTINA ALVARES DE CARVALHO

AUTOCONCEITO DO IDOSO E BIODANÇA:

UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requesito para a obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profª Dra. Carmen Jansen de Cárdenas

Brasília

2006

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1

ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

2 2 Mudança no autoconceito do idoso

e Biodança: uma relação possível

Autoconceito do idoso e Biodança:

uma relação possível

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Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

C266a Carvalho, Noeme Cristina Alvares de. Autoconceito do idoso e biodança: uma relação possível / Noeme Cristina

Alvares de Carvalho – 2006. 237 f.; 30 cm Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2006. Orientação: Carmen Jansen de Cárdenas

1. Idosos – aspectos psicológicos. 2. Dança. 3. Música. 4. Auto-estima em idosos. I. Cárdenas, Carmen Jansen de. II. Título

CDU 159.922-053.9

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DEDICATÓRIA

A uma pessoa muito especial, que

desconhecendo Rogers, James e Erikson,

reacendeu em meu coração a certeza que o

caminho do humano é o crescimento,

independente da idade e de condições adversas.

A sua vida, que acompanho de perto,

exemplifica uma realidade possível e da qual

posso participar: a de bem-estar e felicidade na

velhice.

Eu a conheci em uma roda de

apresentação de Biodança, quando alegremente

declarou:

“Eu sou Etelvina, tenho 77 anos e

desde os 70 que eu sou feliz!”

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AGRADECIMENTOS

Aos idosos de diferentes grupos que facilitei, e, em

especial, aos idosos do meu grupo de pesquisa,

autodenominado Grupo da Paz, do SESC, Taguatinga Norte,

Distrito Federal, o meu carinho pelo aprendizado, pela

sabedoria e pelo amor recebido.

Ao amigo, professor de Biodança e também Profº Dr

Niuvenius Paoli, que me orientou no difícil e prazeroso

caminho de elaboração do Capítulo da Biodança.

A Rolando Toro, um octogenário admirável, que ao

criar a Biodança há 40 anos, ofereceu ao mundo mais uma

alternativa de integração humana.

À Profª Dra. Carmen Jánsen, que sempre me deu

mais asas do que eu poderia imaginar ter.

À Profª Irene Lage, amiga e alfabetizadora em

metodologia científica.

À Regina Caetano, Coordenadora de Ação Social e

Terceira Idade do SESC, Distrito Federal, pela receptividade e

apoio ao projeto de pesquisa apresentado à Instituição.

À Maria Conceição Santos, pelo seu exemplo de

dedicação, alegria e vitalidade como coordenadora do Grupo

dos Mais Vividos do SESC, Taguatinga Norte, Distrito

Federal.

Às amigas Regina Celi Fragoso e Vitória Franco,

colaboradoras da pesquisa de campo, que me ofertaram

presença, dedicação e gratuidade amorosa em muitas horas de

trabalho.

À minha turminha da UCB, Antônio Itamar, Marina

Kumon, Mônica Rebouças e Valcilene Pinheiro, pelos

momentos compartilhados de conforto, apreensão, alegria e

prazer.

Aos meus familiares, amigos, professores e colegas

de mestrado, pelo apoio recebido.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo investigar de que forma a prática da Biodança pode

influenciar o autoconceito do idoso. A pesquisa foi elaborada em três etapas: revisão da

literatura, abordando aspectos relativos ao tema, tais como: envelhecimento, corpo,

autoconceito, Biodança, música, dança e vivência; pesquisa de campo, na qual foram feitas

entrevistas semi-estruturadas centradas em questões relacionadas com o envelhecimento e o

autoconceito; análise e discussão dos dados coletados. O método de pesquisa foi o

fenomenológico, e a metodologia teve uma abordagem qualitativa. Foi feita a análise de

conteúdo dos dados coletados e, nos resultados, procurou-se correlacionar os relatos aos

dados de observação. Dado o caráter pioneiro do tema da pesquisa, considera-se que seus

resultados podem contribuir tanto para a área acadêmica, servindo de base para a elaboração

de novas investigações relacionadas ao tema autoconceito/Biodança, como para o trabalho

com idosos, haja vista ter estendido a esses nova perspectiva de recuperação de perdas.

PALAVRAS-CHAVE: idoso, autoconceito, corpo, Biodança, vivência.

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ABSTRACT

This paper had the objective of investigating how the practive of Biodance influence the

elderly person self-concept. The research was elaborated in three stages: revision of literature

related to the theme’s, such aging body, self-concept, Biodance, music, dance and life

experience, field research with semi structured interviews centered in questions related to

aging and self-concept, analyses and discussion of colleted data. The research method was the

phenomenologic and qualitative approach. An analysis of the data collected was made and an

attempt was made to relate the results to the observation data. Were to the pioneer character to

the academic area, as a basis for new investigations related to the theme Biodance/self-

concept, as well as for studies with elderly people, considering its extension to these new

perspectives for recuperation of losses.

KEY WORDS: elderly people, self-concepto, body, Biodance, life experience.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 – População com 60 anos ou mais, por sexo................................................ 15

FIGURA 1.2 – Percentual da população com 60 anos ou mais, em países selecionados.. 15

FIGURA 1.3 – Aumento da população de 60 anos ou mais, por sexo, no Distrito

Federal................................................................................................................................

16

FIGURA 3.1 – Primeira configuração do modelo teórico da Biodança............................. 52

FIGURA 3.2 – Relação entre os pólos da “identidade” e “regressão” do eixo horizontal

do modelo teórico de Biodança, exercícios euforizantes e exercícios em câmara

lente.....................................................................................................................................

52

FIGURA 3.3 – Modelo teórico de Biodança...................................................................... 55

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1.1 – Dimensões analíticas do autoconceito.................................................... 32

QUADRO 1.2 – Os pilares da auto-estima........................................................................ 36

QUADRO 5.1 – Primeira entrevista.................................................................................. 119

QUADRO 5.2 – Segunda entrevista.................................................................................. 120

QUADRO 5.3 – Segunda entrevista.................................................................................. 120

QUADRO 5.4 – Comparação entre o número de categorias da primeira e da segunda

entrevista.............................................................................................................................

137

QUADRO 5.5 – Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas,

exercícios-cumbre e objetivos dos exercícios-cumbre.......................................................

142

QUADRO 5.6 – Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas,

exercícios-cumbre e objetivos dos exercícios-cumbre.......................................................

143

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LISTA DE TABELAS

TABELA 5. 1 – Características dos participantes................................................. 111

TABELA 5. 2 – Características dos participantes................................................. 112

TABELA 5. 3 – Outras informações..................................................................... 113

TABELA 5. 4 – Outras informações..................................................................... 114

TABELA 5. 5 – Outras informações..................................................................... 115

TABELA 5. 6 – Outras informações..................................................................... 116

TABELA A.1 – Permanência dos participantes.................................................... 169

TABELA A.2 – Presença de participantes do sexo masculino e do sexo

feminino em 11 aulas de Biodança........................................................................

169

TABELA A.3 – Média e percentual de presença de participantes por aula de

Biodança................................................................................................................

170

TABELA A.4 – Número e média de exercícios, músicas, apresentações e

descrições em 11 aulas de Biodança.....................................................................

170

TABELA A.5 – Classificação dos exercícios por linha de vivência e média de

linhas de vivência por aula de Biodança...............................................................

171

TABELA A.6 – Freqüência nominal de exercícios das 11 aulas de Biodança..... 171

TABELA A.7 – Relação de exercícios mais marcantes segundo a opinião dos

participantes...........................................................................................................

172

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10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 CAPÍTULO 1 ENVELHECIMENTO

1.1. O processo.......................................................................................................... 1.2. Corpo: as Mudanças no Idoso............................................................................

13 22

CAPÍTULO 2 AUTOCONCEITO 2.1. Self..................................................................................................................... 2.2. Autoconceito......................................................................................................

2.2.1. Auto-estima............................................................................................... 2.2.2. Auto-imagem............................................................................................

2.3. Autoconceito no Idoso.......................................................................................

27 29 35 37 40

CAPÍTULO 3 BIODANÇA 3.1. Teoria da Biodança.............................................................................................

3.1.1. Origem, denominações, questionamentos e relações................................ 3.1.2. Metodologia e Modelo Teórico da Biodança............................................

3.2. Elementos da Biodança...................................................................................... 3.2.1. Música....................................................................................................... 3.2.2. Dança......................................................................................................... 3.2.3. Vivência.....................................................................................................

3.3. A Prática da Biodança........................................................................................

44 44 49 60 60 70 78 84

CAPÍTULO 4 METODOLOGIA 4.1. Área de Pesquisa................................................................................................ 4.2. Participantes....................................................................................................... 4.3. Coleta de Dados................................................................................................. 4.4. Instrumento de Coleta........................................................................................ 4.5. Tratamento dos Dados.......................................................................................

100 100 101 102 106

CAPÍTULO 5 RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO 5.1. Perfil dos Participantes...................................................................................... 5.2. Roteiro das Aulas de Biodança.......................................................................... 5.3 Análise e e Discussão das Questões de Pesquisa................................................

109 117 118

CONCLUSÃO ................................................................................................................... 146 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 148 APÊNDICE A – Descrição das 11 Aulas de Biodança....................................................... 169 ANEXO A – Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa – Universidade Católica de Brasília.................................................................................................................................

229

ANEXO B – Questionário de Informações Gerais............ ................................................ 230 ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................... 233 ANEXO D – Proposta de Convivência Grupal................................................................... 237

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população mundial, motivado pelo aumento da expectativa de

vida, revela, por um lado, uma grande conquista da humanidade em toda a sua história e, por

outro, representa um de seus grandes desafios, haja vista a necessidade de se envidarem

esforços sociais e econômicos no sentido de possibilitar, a essa população, uma longevidade

saudável, do ponto de vista fisiológico, psicológico e social.

Além disso, as transformações atuais resultantes da quebra de paradigmas pelo

avento da evolução tecnológica, pela economia de integração de mercados e pelo poder do

capitalismo tornam esse esforço um desafio maior, ante as características que se impuseram a

toda a sociedade: a necessidade de atualização, de fazer parte do processo e de se manter

produtivo, respectivamente.

Em termos gerais, no idoso, essas transformações e conseqüentes necessidades são

mais acentuadas não só pelas lacunas geradas pelas citadas transformações que abrangeram

todas as áreas, inclusive a estrutura familiar na qual ele se insere, como também pelo inerente

processo de perdas. Esse, por si só, já requer um olhar e um cuidado diferenciados que

possibilitem uma velhice com dignidade.

Nesse sentido, observa-se que muitos esforços vêm sendo despendidos,

principalmente na área de saúde pública e social. Porém, os resultados globais ainda estão

longe de ser alcançados, uma vez que o crescimento da população idosa foi rápido, como

também o foram as transformações trazidas pelos novos sistemas econômicos.

Isso equivale a dizer que o esforço para se manter a população idosa em um patamar

mínimo de condições de sobrevivência saudável exige um enfoque do envelhecimento em

todas as direções (fisiológicas, psicológicas e sociais) e com todos os recursos, e a Biodança é

um deles.

Pelas qualidades promovedoras de bem-estar, através de sua proposta de vivência

plena, a Biodança, sem pretender representar uma terapia e, sim, utilizando-se de recursos

pedagógicos, vem conseguindo produzir resultados satisfatórios com grupos de faixas etárias

distintas, com as várias formas de integração que sugere.

Com idosos, os resultados não se mostram diferentes, independentemente dos níveis

que se consegue alcançar, pois uma maior ou menor eficácia vai depender das condições

fisiológicas e psicológicas individuais.

Se, como foi dito, a Biodança constitui um dos recursos que podem levar o idoso à

melhoria de suas condições de sobrevivência, a mudança no autoconceito pode ser uma

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direção, uma vez que a partir do olhar sobre si mesmo e do reconhecimento de suas

potencialidades, numa época em que a cultura vigente inclui um consumo exacerbado e um

culto às qualidades físicas, o idoso pode encontrar em si mesmo a forma de inserir-se neste

contexto, combatendo possíveis exclusões.

A pergunta/problema que este trabalho procura responder é: de que forma a prática

da Biodança pode contribuir para mudanças no autoconceito do idoso?

Objetivos

Geral

Investigar como a prática da Biodança pode influenciar positivamente na mudança do

autoconceito no idoso.

Específicos

- Caracterizar o processo de envelhecimento na perspectiva biológica, psicológica e

social;

- Analisar o construto autoconceito no idoso;

- Descrever a teoria da Biodança, destacando os elementos que constituem a estrutura

operacional da Biodança: a música, a dança e a vivência;

- Relacionar, por meio de pesquisa empírica, a prática da Biodança à configuração do

autoconceito em idosos.

Justificativa

A relevância do estudo pode ser observada em vários aspectos: primeiro, ele aborda

um tema que constitui uma das preocupações da atualidade que é o envelhecimento saudável,

diante do que foi acima exposto. Assim, pesquisas que visem a um objetivo nesse sentido

podem contribuir para tal. Segundo, trabalhar com o autoconceito, principalmente do idoso, é

uma forma de tentar fazer com que ele não só se reconheça, nestes tempos de massificação,

como também valorize o que tem de seu, a despeito do que existe em torno de si, e que

termina por envolvê-lo, como por exemplo, as idéias que o associam à falta de produção de

bens. Depois, inserir a Biodança nesse processo é uma forma de abrir o leque das alternativas

para a revalorização do idoso, uma vez que, como já dito, as necessidades dessa população

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são muitas, e as frentes de trabalho para o alcance de uma sobrevivência com dignidade

devem necessariamente ser ampliadas, como forma de estender possibilidades a um maior

número de pessoas possível.

Outro ponto relevante do trabalho é o embasamento histórico, teórico e metodológico

com que o assunto foi tratado em suas três vertentes – envelhecimento, autoconceito e

Biodança -, na tentativa de deixá-las em condições de uma equiparação, única forma de se

discuti-las nas mesmas bases.

Assim, por exemplo, se quanto ao envelhecimento, não restam dúvidas em relação às

perdas, havendo um consenso no que se refere a esse processo, não se pode dizer o mesmo

dos outros dois temas: o autoconceito é um construto cuja preocupação é relativamente

recente. Por isso, procurou-se compreender seu processo na perspectiva de conceitos como o

do self e concepções filosóficas do corpo; a Biodança, igualmente recente, ainda não se

encontra devidamente realçada como um recurso pedagógico. Assim, procurou-se revestir

seus elementos das características históricas que qualificam sua importância.

A pesquisa encontra-se estruturada em cinco capítulos: os três primeiros abordam

cada um dos temas, com os respectivos conceitos, princípios e processos; no quarto,

apresenta-se a metodologia da pesquisa de campo e, no quinto, são analisados e discutidos os

resultados.

O tema foi trabalhado do ponto de vista dedutivo, de modo a abordar premissas

básicas de cada uma das vertentes temáticas enfocadas, para subsidiar sua compreensão

isolada e em conjunto, bem como a compreensão das condições psico-sociais em que se

encontra a população idosa em termos gerais e o grupo de estudo, em particular.

Foi nesse sentido, por exemplo, que a descrição do processo de envelhecimento

procurou abranger detalhadamente seus pressupostos, visando a demonstrar a complexidade

prática que representa o conjunto dos efeitos de seus aspectos determinantes; que no enfoque

do autoconceito, procurou-se envolver desde a confusão de nomenclatura até a relação entre

os termos a ela associados, na tentativa de se visualizar o caminho percorrido pelos elementos

que vão influir na imagem que o idoso (como qualquer pessoa) tem de si; que na abordagem

da Biodança, pouco conhecida nos meios acadêmicos, foram apresentados desde seus

fundamentos até seu método de trabalho, procurando apresentá-la numa visão ampla.

Além disso, tinha-se claro que para se alcançar o objetivo do trabalho, seria

necessário que as vertentes temáticas fossem contextualizadas historicamente, porque sendo

este um momento de quebra de paradigmas (conforme demonstra a revisão da literatura), era

fundamental tornar visível o que representa essa quebra, principalmente para os idosos.

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Capítulo 1

ENVELHECIMENTO

No Brasil, em 2000, existia em torno de 15 milhões de idosos (IBGE, 2000) e em

2050, um quarto da população será formada por idosos, segundo projeção da OMS (2001).

Em razão, principalmente, do aumento populacional dessa faixa etária, a atenção ao idoso tem

impulsionado a realização de pesquisas em um amplo campo de análise, discussão e ação, que

requer um olhar multi, trans e interdisciplinar de todos os profissionais envolvidos na busca

de uma melhor qualidade de vida para os que ingressaram na velhice (BOTH, 2000).

Essa perspectiva mais ampla da velhice, do envelhecimento e do idoso, abraçada pela

Gerontologia (PAPALÉO NETTO, 2002), reconhece a subjetividade do indivíduo que

envelhece, suas necessidades afetivas (FREIRE, 2002), sociais (MORAGAS, 1997; BOTH,

2000), físicas (FREITAS et al, 2002) e espirituais (ERIKSON, 1998).

O envelhecimento pressupõe um conjunto de mudanças físicas, psicológicas, afetivas

e sociais sujeitas ao tempo vivido (MORAGAS, 1997) e singular para cada pessoa

(MOÑIVAS, 1998). Essas modificações podem acarretar crises e necessidades de adaptação a

situações novas (ERIKSON, 1998), muitas vezes traduzidas em limitações físicas, cognitivas,

financeiras e sociais (FOX, 1997).

Essa nova realidade, muitas vezes somada a perdas acumuladas em sua história de

vida, pode se refletir na maneira de o idoso perceber a si mesmo, inclusive revestindo essa

percepção de aspectos negativos (STEGLICH, 1978). E a autopercepção ou autoconceito

negativo pode dificultar a capacidade de adaptação do idoso às transformações advindas do

processo pessoal.

1.1 O Processo

O destino biológico de todos os indivíduos é o envelhecimento. Todavia, isso também se constitui, no mundo moderno, em uma questão problemática, observa-se que há uma profunda e silenciosa revolução da longevidade. Testemunha-se o crescimento numérico extraordinário dos idosos em todo o mundo. As estimativas que essa é uma tendência contínua, uma vez que há intensos movimentos pela qualidade de vida, fazendo com que mais gente, por mais tempo, atue no mundo, mesmo diante dos múltiplos desafios que se apresentam. (BOTH, 2000, p. 5).

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A velhice, como estado do indivíduo, pressupõe a última etapa de sua vida. Em tese,

deveria ser um período em que o homem é valorizado pela sua experiência e pela contribuição

prestada à família e à sociedade, gozando da assistência de familiares e do Estado, de forma

que suas necessidades básicas de afeto, saúde e lazer pudessem ser atendidas (FERNÁNDES-

BALLESTEROS, 2000).

O idoso possuía um considerável papel social na estrutura familiar e na sociedade

como um todo. A velhice significava valores tais como autoridade, respeito, experiência e

sabedoria. Ao ancião, em muitos povos, era concedida a tarefa de transmitir a cultura e as

crenças de sua família e comunidade às gerações futuras. Beauvoir (1990) cita exemplos de

várias sociedades, como a chinesa antiga, na qual a velhice nunca foi considerada um flagelo,

e a sociedade judaica, conhecida pelo tradicional respeito que dedica aos idosos. Cita ainda

referências bíblicas, nas quais a vida longa constitui uma recompensa pela virtude.

A instauração e progressiva expansão da Revolução Industrial no mundo ocidental, a

partir do século XVIII, influenciou a gradual perda de status dos idosos, já que a produção

passou a assumir uma prioridade maior, sobrepondo-se aos valores humanos individuais.

“Dessa concepção resulta a tendência de que os homens velhos e economicamente inativos

sejam considerados socialmente mortos, banidos das esferas de poder” (SALGADO apud

FRAIMAN, 1995, p. 11).

Desde as últimas décadas do século anterior até hoje, as transformações nas relações

sociais, advindas da evolução tecnológica e da integração mundial de mercados, atingiram

todas as áreas da vida, contribuindo para acentuar, de forma mais significativa, aspectos

sociais negativos da velhice. Hoje, “a negação do ser idoso, a rejeição da sociedade por uma

camada da população que não consegue mais produzir e por isso, torna-se descartável”

(FALEIROS, 2004, p. 6).

Contudo, apesar de toda estigmatização da velhice, é impossível deixar de constatar

que o mundo está embranquecendo os seus cabelos numa medida nunca antes registrada, em

decorrência do fenômeno denominado “envelhecimento sócio-demográfico da população”, ou

seja, o aumento da proporção de indivíduos considerados velhos em relação à população geral

(ÂNGULO; JIMÉNEZ , 2000).

Além disso, o processo envolve o aumento da expectativa de vida do idoso, motivado

principalmente pelo controle de natalidade e diminuição dos índices de mortalidade infantil,

como resultado de políticas e incentivos promovidos pelo Estado, pela sociedade e também,

em grande parte, pelo progresso da ciência (CAMARANO, 2002).

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15

Em 1995, a população mundial contava com 542 milhões de idosos e, em 2025,

segundo um estudo projetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) (apud LOZANO,

2003), será de um bilhão e 200 milhões de idosos. Desse total, 12% da população dos países

em desenvolvimento, ou seja, 850 milhões de pessoas contarão com 60 anos ou mais, faixa

etária que caracteriza o início da velhice. No cômputo geral, serão aproximadamente 550

milhões de homens e 650 milhões de mulheres. A OMS afirma também que, a cada mês, um

milhão de pessoas ingressa no segmento da população idosa, ao completar 60 anos.

No Brasil, dados do Censo de 2000 demonstraram que a população idosa chega a

quase 15 milhões de pessoas, com 60 anos ou mais, representando 8,6% da população

brasileira. Do total, 55% são mulheres e 45%, homens (Figura 1.1.), segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002).

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A expectativa é que, em 2005, o Brasil tenha se tornado o sexto país do mundo com o

maior número de pessoas idosas, conforme dados da OMS (apud IBGE, 2002). Para 2050, a

previsão é de que 23% da população brasileira seja constituída de idosos (Figura 1.2.).

05

1015202530354045

2000 2050

ItáliaAlemanhaJapãoEspanhaRep. ChecaEUAChinaTailândiaBrasil

No Distrito Federal, em 2005, a população de idosos atingiu o número de 130.216,

sendo 57.415 homens e 72.801 mulheres, segundo projeções do IBGE (2002) (Figura 1.3.) A

Figura 1.2: Percentual da população com de 60 anos ou mais, em países selecionados

Fonte: OMS, 2001.

Figura 1.1: População com 60 anos ou mais, por sexo Fonte: IBGE, 2002.

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esperança de vida ao nascer, em todo Distrito Federal, em 2000, era, em média, de 73,8 anos;

a cidade satélite de Brazlândia apresentou o menor índice, 69,03 anos, e o bairro do Lago

Norte, o maior, ou seja, 76,82 anos (SEPLAN-DF, 2001). �

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Do ponto de vista político, a Constituição de 1988 externou sua preocupação em

relação aos números da população de idosos, bem como quanto à atenção que deve ser a ela

dispensada. Com base nisso, foi definida a Política Nacional do Idoso que alinhou os direitos

dessa população aos princípios de atuação setorial, estendidos às instituições de ensino

superior que criaram cursos de geriatria e gerontologia social, visando ao trabalho com o

idoso.

Nesse sentido, Brasília foi pioneira ao criar uma Subsecretaria para Assuntos do

Idoso e instituir o Estatuto do Idoso, cujos princípios registram os direitos do idoso a uma

ocupação de trabalho, ao acesso à cultura, à justiça, à saúde e ao poder de participar da família

e da comunidade (IBGE, 2002).

Em nível federal, em outubro de 2003, foi sancionado o Estatuto do Idoso (apud

ABREU FILHO, 2004), estabelecendo seus direitos referentes à educação, à saúde e ao lazer,

entre outros.

Os dados do IBGE (2002) também esclarecem que a maioria dos idosos vive nas

grandes cidades numa relação média de quase 30 idosos para 100 crianças.

Considerando a desvalorização do idoso, em face das relações de produção, e o

aumento significativo da população idosa, decorrente do avanço da ciência, fica clara a

necessidade de se manter o idoso em condições de lutar contra sua exclusão social.

Nesse contexto de auto-soerguimento do idoso, à Biodança, objeto deste estudo,

interessa investigar de que forma ela pode contribuir positivamente para a melhoria das

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Figura 1.3: Aumento da população de 60 anos ou mais, por sexo, no Distrito Federal Fonte: IBGE, 2002.������������������������������������������

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variáveis que interferem nas dimensões fisiológicas, psicológicas e sociais do respectivo

processo.

Do processo fisiológico

O processo de envelhecimento, relata Néri (2002), envolve alterações de natureza

genético-biológico-sociocultural que determinam modificações em várias áreas da vida do

idoso. De maneira geral, diminuem a plasticidade de mudança para adaptação ao meio, a

capacidade de reagir a determinadas situações e de recuperar-se de seus efeitos.

O ciclo vital e o envelhecer, em particular, implicam necessariamente muitas perdas,

podendo-se citar entre as mais comuns: a deterioração da saúde, a ausência de papéis sociais

valorizados, o isolamento crescente e dificuldades, até financeiras, que afetam a auto-estima

do idoso (GATTO, 2002).

O processo de envelhecimento é normalmente acompanhado de um declínio das

funções gerais, inclusive a motora, envolvendo a participação, a integração e a sincronia dos

sistemas ósteo-muscular, nervoso, neuro-endócrino, cardiovascular e sensorial. Entre essas

alterações, citam-se: a diminuição da velocidade, da altura e do comprimento dos passos,

redução de amplitude de movimento de diversas articulações como a de flexão e extensão dos

joelhos e tronco, perda de sincronismo de movimentos dos membros superiores. A

degeneração das estruturas articulares e a diminuição da amplitude dos movimentos das

articulações podem gerar desestabilização, o que ocorre juntamente com alterações

morfológicas, anatômicas e bioquímicas estruturais (GOMES; DIOGO, 2004).

O envelhecimento é acompanhado de uma perda de massa óssea que predispõe o

idoso à osteoporose e fraturas e também ao aumento de pressão arterial, que pode desenvolver

no idoso cardiopatias isquêmicas e acidentes vasculares cerebrais, ao mesmo tempo que surge

uma resistência periférica à insulina, favorecendo o desenvolvimento do diabetes. Além disso,

observam-se alterações no sistema imunológico, predispondo o idoso a infecções e

enfermidades e alguns tipos de tumores (MAÑAS, 2000).

As perdas fisiológicas se refletem diretamente na capacidade funcional do idoso,

relacionada com a habilidade de execução das tarefas físicas, com a preservação de atividades

mentais e com a situação adequada de integração social (BRITO; LITVOC, 2004).

Gomes e Diogo (2004) esclarecem que a habilidade motora sofre a influência de

atrofias cerebrais causada pela perda de células neuronais e das alterações bioquímicas do

tecido cerebral. Com isso, há uma �������������������� �������� �� �� �������� ��

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Essa alteração da capacidade funcional, definida como “a incapacidade de funcionar

satisfatoriamente sem ajuda, por motivos de limitações físicas ou cognitivas” (GOMES;

DIOGO, 2004, p. 117), constitui um dos fatores mais significativos da dependência funcional

do idoso. Essa dependência, por sua vez, tende a levar a uma deterioração geral, porque

normalmente é acompanhada do estado de desamparo e da falta de motivação.

Do processo psicológico

O envelhecimento também é acompanhado de perdas psicológicas, principalmente

em relação à memória e à inteligência fluida1 (MAÑAS, 2000).

Segundo Freire (2002), à medida que se processa o envelhecimento, as influências

normativas de natureza biológica tornam-se negativas e ameaçam a capacidade de adaptação

do idoso ao meio ambiente. Muitas perdas ocorrem nesse período, determinando a necessidade

de utilização das reservas de capacidade para fortalecer as condições de adaptação. Nesse

processo de adaptação, dois grupos de fatores têm influência: os determinantes biológicos e

ambientais, ligados à idade cronológica, e os determinantes ligados à história pessoal, também

com aspectos biológicos e ambientais, ou seja, aqueles não previsíveis que variam de um

sujeito para outro.

Freire (2003) esclarece que a competência do indivíduo, refletida em sua capacidade

funcional, diz respeito a respostas flexíveis aos desafios resultantes do corpo, da mente e do

ambiente; é, portanto, de natureza biológica, mental, autoconceitual e socioeconômica.

Baltes (apud PAPALIA; OLDS, 2000) explica que as influências normativas que

regulam a natureza do desenvolvimento durante todo o ciclo vital do sujeito, influenciando

seu desenvolvimento individual, implicam a interação de três sistemas relacionados com: a

idade, a história e o desenvolvimento do ciclo vital.

Em suas multidimensões, a capacidade adaptativa do idoso também envolve

aspectos: emocionais, no sentido de estratégias e habilidades pessoais para lidar com o

ambiente; cognitivos, relacionados com a capacidade de resolução de problemas;

comportamentais, referentes ao desempenho e a competência social.

��Inteligência fluida, de acordo com Papalia e Olds (2000, p. 444-445), se refere às características da inteligência

extensamente “determinadas pelas condições neurológicas, os quais tendem a entrar em declínio com a idade”.

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Da interação entre fatores biológicos e ambientais e das mudanças na velhice

resultam três tipos de dependência: a dependência estruturada, relacionada com o valor do

indivíduo no processo produtivo; dependência física, decorrente da incapacidade funcional;

dependência comportamental, por conta da situação de desamparo criada ou da própria

utilização de dependência como instrumento (DIOGO, 2004).

Freire (2002) afirma que, nesse processo de adaptação, o self se utiliza de estratégias

para enfrentar as mudanças decorrentes do envelhecimento, podendo-se citar entre elas a

mediação dos traços de personalidade que servem como indicadores de que alguns indivíduos

podem lidar melhor com o desafio da velhice do que outros. Entre esses traços, citam-se: a

seleção de metas, o ajustamento das aspirações por meio de comparações sociais e temporais,

entre outros. Um estudo desenvolvido com pessoas de 30, 40 e 50 anos, citado por esse autor,

apontou que, com o avanço da idade, há um aumento de características como

responsabilidade, confiabilidade e autocontrole das pessoas, o que pode ter, em contrapartida,

uma emocionalidade negativa.

Numa visão positiva do envelhecimento, o processo envolve a preservação e a

expansão de reservas de desenvolvimento pessoal que possibilitam o acesso a um conjunto de

selves, os quais vão funcionar como fonte da motivação que liga as mudanças no conteúdo às

prioridades da vida. “As pessoas selecionam, ajustam e refinam seus padrões de atividades e

harmonizam-se com seu auto-sistema, o que contribui para continuidade de seu estilo de vida”

(FREIRE, 2002, p. 933).

Para um bem-estar psicológico na velhice, Freire (2003, p. 26) cita um modelo

teórico com suas dimensões de funcionamento, cujos efeitos são reproduzidos no bem-estar:

1) Auto-aceitação: implica uma atitude positiva do indivíduo em relação a si próprio e a seu passado; implica reconhecer e aceitar diversos aspectos de si mesmo, incluindo características boas ou más.

2) Relações positivas com os outros: envolve ter uma relação de qualidade com os outros, ou seja, uma relação calorosa, satisfatória e verdadeira; preocupar-se com o bem-estar alheio; ser capaz de relações empáticas, afetuosas.

3) Autonomia: significa ser autodeterminado e independente; ter habilidade para resistir às pressões sociais para pensar e agir de determinada maneira; avaliar-se com base em seus próprios padrões.

4) Domínio sobre o ambiente: ter senso de domínio e competência para manejar o ambiente; aproveitar as oportunidades que surgem à sua volta: ser hábil para escolher ou criar contextos apropriados às suas necessidades e valores.

5) Propósito de vida: implica ter metas na vida e um sentido de direção; o indivíduo percebe que há sentido em sua vida presente e passada; possui crenças que dão propósito à vida; acredita que a vida tem um propósito e é significativa.

6) Crescimento pessoal: o indivíduo tem um senso de crescimento contínuo e de desenvolvimento como pessoa; está aberto a novas experiências; tem um senso

Este tipo de inteligência é utilizado no enfrentamento de novos problemas, que solicitam “pouca ou nenhuma experiência anterior”.

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de realização de seu potencial, e suas mudanças refletem autoconhecimento e eficácia.

Gatto (2002) se refere à importância da manutenção das atividades ocupacionais do

idoso, desde que essa ocupação seja isenta de fatores como:

- o interesse pelas atividades oferecidas deve ser espontâneo e não imposto ao idoso porque “nós acreditamos ser o melhor para ele”;

- o idoso determinará quanto tempo destinará à atividade: afinal, ele viveu cumprindo horários e prazos e agora tem todo o direito de decidir como usará seu tempo livre;

- as atividades devem proporcionar interações sociais positivas; - devem possibilitar ao idoso, se ele assim o desejar, retirar uma remuneração pelo

produto destas atividades (GATTO, 2002, p. 111).

Gomes e Diogo (2004), por sua vez, se reportam à autonomia do idoso, ou seja, a

sua capacidade de decisão e comando das próprias ações, de estabelecer e seguir as próprias

regras. A autonomia é mais que a independência, pois o idoso pode ser independente (com

renda de aposentadoria, por exemplo) sem ser autônomo (não pode decidir sobre suas

necessidades, por apresentar demências); pode ser autônomo (decidir sobre si mesmo) sem ser

independente (porque precisa de auxílio, por exemplo, para locomoção).

Do processo social

A população idosa atual provém de uma época marcada por valores culturais, nos

quais a família exerce um papel fundamental, principalmente na sociedade rural, por exemplo,

na qual a convivência com parentes próximos fazia parte do cotidiano. Existia, uma espécie

de ampliação da família que, de alguma forma, provia necessidades de apoio a seus membros.

Havia, portanto, uma valorização do afeto familiar que permanece ainda nítida no consciente

ou inconsciente do idoso (LEME; SILVA, 2002).

As relações familiares são as que o idoso vive com mais intensidade e assiduidade, já

que, ao longo da história, a estrutura familiar foi fundamental para ele em vários aspectos: do

mando e da influência, do cuidado e da proteção, da aceitação e valorização social de sua

experiência acumulada. Mas em muitas sociedades, porém, a consideração do idoso pela

família é determinada por relações econômicas que governam as trocas sociais

(RODRIGUES; RAUTH, 2002).

Walsh (1995) explica que a resposta de cada família para o tratamento do idoso

geralmente decorre dos padrões familiares anteriores que determinavam a estabilidade e

integração familiar. Depende também da capacidade de se ajustar às perdas e às novas

exigências, quando os padrões outrora adequados podem ser reavaliados. Essa autora cita

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etapas da vida do idoso que contribuem positiva ou negativamente para sua adaptação à nova

condição: a aposentadoria, a qualidade do relacionamento conjugal e as doenças.

A aposentadoria no Brasil, como instituição, data do final do século XIX e significa

“tomar aposento”, ou seja, recolher-se à parte íntima da casa “para esperar a morte chegar”.

Àquela época, o homem tinha uma expectativa de vida de 33 anos e aos 40 anos era

considerado velho (NEVES, 2006, p. 51).

Nos dias atuais, mesmo tendo havido um ganho significativo na expectativa de vida

do trabalhador, a aposentadoria constitui um marco importante na vida do idoso, porque há

uma perda do papel profissional, da produtividade e das relações significativas dessa esfera. A

qualidade do relacionamento conjugal pode ser abalada por perdas da função de provedor da

família, podendo dificultar o relacionamento intergeracional. A deteriorização física e mental

pode ser ampliada pela depressão, pelo sentimento de desamparo e pelo medo da perda de

controle. “Essas preocupações ecoam a ansiedade de outros membros da família quando esta

responde a uma doença” (WALSH, 1995, p. 276).

Moragas (1997) se reporta aos aspectos sociais da velhice, questionando, entre

outros, o papel do idoso na sociedade contemporânea. O papel do idoso nas sociedades

agrárias era valorizado pela experiência; na sociedade industrial, esse papel representa uma

situação ambígua, na qual, de um lado, o idoso é liberado de obrigações, como por exemplo, a

trabalhista, e por outro, essa mesma liberação priva-o de um status econômico e social

positivo, tornando seu papel “carente de sentido para os valores atuais”.

O surgimento da sociedade capitalista fez com que a capacidade de produção de bens

materiais passasse a ter um valor maior que as pessoas. “Não sendo mais produtivo

economicamente, o velho perdeu seu lugar na sociedade. Passou a ser considerado como algo

descartável, improdutivo, incompetente e decadente. Perdeu espaço social” (ACOSTA-

ORJUELA, 2002, p.981).

Deps (2003) se reporta às oportunidades oferecidas ao idoso, geralmente permeadas

por uma percepção negativa. Em geral, o investimento nele é subestimado, porque não se

acredita na possibilidade de retorno. Com isso, as oportunidades de trabalho no mercado são

reduzidas, e os investimentos para sua reciclagem ou atualização ou são escassos ou não

existem. Assim, o idoso tende a achar que não tem mais nada para fazer e renuncia a projetos,

pensado não ter mais tempo para executar nada.

1.2 Corpo: as Mudanças no Idoso

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O corpo humano assume, em cada sociedade, desde a pré-história, um sentido e valor

que lhe são singulares. Segundo Renaud (1989), a concepção conceitual do corpo tem sido

construída ao longo do tempo, desde os antigos gregos até o dia de hoje. Ressalte-se, nessa

evolução, o período inquisitório da Idade Média, no qual o corpo era punido com o objetivo

de alcançar as idéias, atingi-las e purificar a alma. (SIMÕES, 1994).

O mais arcaico e disseminado conceito de corpo é o que o concebe como o

instrumento da alma. Mas somente com o estabelecimento do dualismo cartesiano no Século

XVII, a instrumentalidade do corpo, até então em voga, deixou de se apresentar de maneira

tão marcante. Sendo a alma e o corpo duas substâncias distintas, conforme Descartes (1998),

não existe, em absoluto, nenhuma interdependência entre os movimentos corporais e o

pensamento; movimentos e calor corporal pertencem somente ao corpo. Sob esse ponto de

vista, o corpo é uma máquina que caminha por si só.

Merleau-Ponty (1994), contrapondo-se a Descartes, afirmou que não há sujeição ou

independência da alma ao corpo ou do corpo à alma: a conexão do corpo à alma forma uma

identidade na qual a totalidade do corpo e da alma é expressão.

Na história da filosofia, o corpo era exaltado por virtudes, como “aquele que está

acordado e consciente diz: sou todo corpo e nada fora dele” (NIETZSCHE, 1994, p. 51), e

também considerado pelas suas limitações: o corpo é o “túmulo ou prisão da alma”.

(PLATÃO, apud ABBAGNANO, 1982, p. 196).

Na perspectiva psicológica, o corpo foi abordado de variadas formas, de acordo com

diferentes orientações terapêuticas. Por exemplo: para William James (1890), o corpo é a

origem das sensações e está subordinado às atividades mentais. De acordo com Sigmund

Freud (1976, p. 40), o corpo é o centro de funcionamento da personalidade: “o ego é, antes de

tudo, um ego corporal”. Reich se contrapunha a qualquer separação do corpo, das emoções e

da mente; corpo e mente formam uma unidade indivisível (PUCCI JR, 2004). Frederick Perls

(1977) considerou o corpo como manifestação direta do indivíduo e classificou o dualismo

corpo-mente presente em diversas teorias psicológicas como autoritária e falaciosa. Já Carl

Jung (1989, p. 69) afirmou que “corpo e mente são os dois aspectos do ser vivo” e utilizou o

conceito de sincronicidade para explicar a unidade mente-corpo. Carl Roger (1970) não

destacou o corpo em sua teoria e tampouco em seus trabalhos grupais denominados “grupos

de encontro”. Para Skinner, a importância do corpo é essencial; é um sistema baseado

exclusivamente em dados observáveis (apud FADIMAN; FRAGER, 2002).

Sob a ótica da antropologia social, como afirma Le Breton (1995, p. 8), “as

concepções do corpo estão subordinadas às concepções da pessoa. (...) Muitas sociedades

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tradicionais não distinguem o corpo da pessoa.” Os elementos constituintes de sua densidade

corpórea são os mesmos que dão consistência aos seres cósmicos e à natureza. Todos são

tecidos por um fio comum e único, mas possuem texturas e cores diversas.

Ainda para Le Breton (1995, p. 8),

Nossas concepções atuais do corpo estão vinculadas com o crescimento do individualismo como estrutura social, com a emergência de um pensamento racional positivo e laico sobre a natureza, com a regressão das tradições populares locais e, também, com a história da medicina que representa, em nossas sociedades, um saber de alguma forma oficial sobre o corpo humano.

Várias são as definições de corpo citadas por Costa (1998); entre elas, destacam-se:

“O corpo existe para o mundo (e no mundo), para o descobrir (e ser descoberto) e para

transformar (e ser transformado). É pelo corpo que eu atinjo o fim, realizo o gesto e

concretizo a tarefa que organiza a ação” (MERLEAU-PONTY, apud COSTA, 1998, p.68 ).

O corpo é o território subjetivo da liberdade e nele se dá o encontro do subjetivo com o objetivo. O corpo é objetivo porque é território, é local concreto dentro do qual o ser existe. É subjetivo porque, na realidade, o sujeito que “eu sou” identifica-se com o meu corpo e conclui: eu não devo dizer que “tenho corpo”, mas que “sou corpo” (OLAVO FEIJÓ, apud COSTA, 1998, p. 67 ).

Barros (1998, p. 129) explica que o corpo é o depositário de toda a experiência

pessoal; é a soma e expressão vivenciada “da história de cada ser humano, bem como de seu

grupo social”.

O corpo é o veículo da presença humana no mundo, local da atividade, da emoção e

do desejo (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1980). Sendo uma fonte de sua significação, ele

possui atitudes e sentimentos peculiares que possibilitam a expressão corporal, a realização de

gestos e de movimentos (BARROS, 1998).

Segundo Merleau-Ponty (1994, p. 203), “o corpo é nosso meio geral de ter um

mundo”, de perceber o mundo.

A maneira de o homem relacionar-se com o seu corpo e seus códigos de conduta é

construída socialmente, traduzindo, assim, o curso do processo histórico em que se encontra

inserido. De forma simultânea, a relação individual de cada humano espelha as características

do grupo a que pertence, como uma unidade (GONÇALVES, 2002).

O tratamento oferecido ao corpo bem como o comportamento corporal varia de

acordo com determinado contexto social. Dessa maneira, ocorrem variações quanto às

técnicas corporais relacionadas a movimentos como:

- andar, pular e nadar; - movimentos expressivos (posturas, gestos, expressões faciais) que são formas

simbólicas de expressão não-verbal; - a ética corporal que abrange idéias e sentimentos sobre a aparência do próprio

corpo (pudor, vergonha e ideais de beleza etc);

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- o controle de estruturas de impulsos e das necessidades (GONÇAVES, 2002, p.14).

Esses quatro aspectos das técnicas corporais utilizadas na execução do movimento

diferenciam-se não somente “em sua ordenação e coordenação, de sociedade para sociedade,

como também” no seio da própria sociedade, de acordo com o gênero, posição social, idade,

religião etc. (GONÇALVES, 2002, p.14).

Ortiz (2004, p. 2) distingue corpo e corporeidade, caracterizando o corpo como

veículo do ser corporal, e a corporeidade, como a manifestação do ser humano como ser

corporal. Cada pessoa manifesta-se com seu corpo e através dele. “Essas

manifestações (pensamentos, emoções e sentimentos) fazem parte desse corpo que vive.”

Por isso, para Boscaine (1985, p. 149-150), é no corpo,

que se exprime o indivíduo, é através do corpo que a pessoa fala de si, porque o corpo é a síntese dos modos de ser do indivíduo: o corpo é a matéria mas é também psique, emoções, linguagem, história, presente, passado e futuro. Quando se fala de uma pessoa ou se fala diretamente com esta, não se pode jamais deixar de atentar para o seu corpo porque negá-lo significa negar a existência desta pessoa. Falar do corpo nas duas dimensões, quer dizer falar da criança, do homem na sua totalidade.

A corporeidade pode ser definida, segundo esta perspectiva, como “a vivência de

fazer, sentir, pensar e querer.” Sob este ponto de vista, o ser humano se expressa, se

comunica, vive com, por e através de sua corporeidade (ZUBIRI, apud ORTIZ, 2004, p. 2).

O corpo próprio ou vivido é dotado de uma intencionalidade operante nos quais

todos os sentidos se unem pela experiência perceptiva. Nessa corporeidade, a experiência

originária do corpo consigo mesmo é fundamental para a relação do homem com o mundo.

Em sendo o corpo ao mesmo tempo visível e vidente, sensível e “sentiente”, pode-se

dizer que ele possibilita o vínculo entre o eu e as coisas, superando a cisão entre sujeito e

objeto (GONÇALVES, 2002).

Le Breton afirma que, no transcurso da vida cotidiana, o corpo desvanece. Embora

infinitamente presente na vida cotidiana com suporte inevitável do homem, o corpo está

infinitamente ausente de sua consciência. Nas sociedades ocidentais, por exemplo, o corpo

ocupa o lugar do silêncio, de discrição, incluído em rituais que o escamoteiam da consciência

de si. “A socialização das manifestações corporais se fazem sob os auspícios da repressão”

(LE BRETON, 1995, p. 122).

Pode-se dizer que a sociedade ocidental está baseada no embotamento do corpo, em

uma simbolização particular de seu uso que se traduz em distanciamentos: ritos de

evitamento, como tocar o outro, por exemplo, de mostrar partes do corpo e regras de contatos

físicos, como afastar o rosto na hora do abraço.

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Traduz-se, dessa forma, nas sociedades ocidentais, a existência de uma

descorporalização que é definida por Gonçalves (2002, p. 17) como um movimento no qual,

ao tempo em que o homem se torna progressivamente mais independente, reduz sua

capacidade de percepção sensorial e aumenta o controle sobre seus afetos, “transformando a

livre manifestação de seus sentimentos em expressão e gestos formalizados”.

A descorporalização é tratada por Lara (2004) como fragmentação, um ultraje e uma

violência contra a própria carne, em face da unidade que o corpo representa em sua forma

primordial.

O corpo do idoso

Quando me olho no espelho, me acho revoltada, velha, deformada, queria ficar sempre jovem, sem envelhecer! Me sinto fracassada, tenho vergonha de mim mesma (P6, 67 anos).

Segundo Giddens e Synnot (apud MARZANO-PARIZOLI, 2004), existe, nos

tempos atuais, um projeto de reconfiguração do corpo humano, objetivando atender a modelos

de mercado que rejeitam e culpabilizam aqueles que não se enquadram nos modelos

propostos.

A imagem do corpo “ideal contemporâneo” é um corpo “completamente enxuto,

compacto, firme, jovem e musculoso: um corpo protegido dos sinais dos tempos”

(MARZANO-PARIZOLI, 2004, p. 31). Um corpo idoso, por exemplo, foge do padrão

exigido pelos modelos comerciais.

Gaiarsa refere-se aos parâmetros culturais impostos ao idoso como

ser velho, portanto, além de um fato, é um conjunto de convenções sociais da pior espécie. Não sei o que pesa mais sobre os velhos, se a idade ou a idéia que fazem de si mesmos, movidos pelo modo como são tratados, levados pelas idéias que orientam o comportamento da maioria frente a eles (GAIARSA, 1991, p. 18)

Simões (1994) reporta-se à repercussão dessa exigência de um modelo de beleza e

juventude sobre a corporeidade do idoso, reafirmando que, no momento atual, as pessoas

vivenciam o corpo e a corporeidade em um mundo que exige um padrão ideal de juventude,

força, produtividade e beleza, padrão este que o idoso, em particular, já não consegue ter.

Como conseqüência, o idoso percebe o seu corpo como marginalizado,

gerando uma sensação de impotência enquanto organismo ativo da sociedade. Ele acaba adquirindo um sentimento de incapacidade e aversão ao próprio corpo, uma vez que esse corpo não é encarado como parte de um processo natural de envelhecimento, como uma fonte de prazer, como uma parte viva e atuante que lhe completa e possibilita sua ação no âmbito social. (SIMÕES, 1994, p. 73).

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Sob outro aspecto, o corpo também é visto como instrumento de trabalho, voltado

para a produtividade. Na velhice, por ser considerado improdutivo, o homem “é relegado ao

ostracismo, perdendo seu sentido social ao retirar-se para a vida privada” (GONÇALVES,

2002, p. 30).

De acordo com Simões (1994), a velhice não é sinônimo de enfermidade biológica

ou social, ela deve ser vista e vivenciada como uma fase potencial de crescimento humano,

com características bem singulares, à semelhança das demais fases do curso de vida.

Para o idoso, é essencial reapropriar-se do seu corpo, no sentido de reintegrá-lo, de

torná-lo uno como sujeito ativo que faz, percebe, deseja, comunica-se e está vivo. Só com a

certeza de que seu corpo ainda pode realizar muitas coisas é que esse ser-idoso-no-mundo

poderá manter a consciência de seu potencial de realização e valor nessa fase da vida

(SIMÕES, 1994).

O objetivo proposto neste trabalho se insere exatamente nessa perspectiva de que o

idoso ainda pode realizar coisas, a partir do momento em que descobrir outras potencialidades

ou retomar suas descobertas em novas perspectivas (nova visão de seu autoconceito).

Capítulo 2

AUTOCONCEITO

Neste capítulo, são apresentadas contribuições teóricas que discutem o construto self.

Pretende-se relacionar tais reflexões com o que, mais comumente, conhece-se por

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autoconceito, auto-estima e auto-imagem. Não seria por demais explicitar ainda que estes

conceitos, freqüentemente, confundem-se e, nesta dissertação, a definição da Maria Helena

Novaes (1985) será privilegiada.

2.1. Self

O estudo do self possui uma longa tradição que se originou na Antiguidade. Platão,

por exemplo, referia-se ao self como alma, e Aristóteles realizou uma descrição sistemática do

eu. Na Idade Média, São Agostinho registrou “o primeiro indício de introspecção do self” e,

no século XVIII, esta conceituação aparece refletida no pensamento de Hobbes, Locke e

Descartes (FERNÁNDEZ, 2002, p. 1).

Contudo, foi esse último filósofo, René Descartes (1998), um dos grandes expoentes

da filosofia moderna, que em seu livro “Princípios de Filosofia”, publicado em 1644, realizou

uma importante reflexão sobre o autoconceito, discutida até hoje. Nesta obra, o autor

relaciona o self com o pensamento: “Penso, logo existo!” Sob esse prisma, a existência

humana dependia da consciência de estar vivo.

William James (1890), no final do século XIX, inaugurou uma etapa de estudos do

self realizada em uma nova área de pesquisa, a psicologia. Para Fernández (2002), James

identificou o self como sujeito da consciência, além de trazer o seu conteúdo, diferenciado em

elementos cognitivos, afetivos e conativos, esses definidos por Ferreira (1999) como aspectos

que levam a uma atuação consciente. Assim, para James e seus seguidores (apud

FERNÁNDEZ, 2002), existe, no homem, uma consciência de si mesmo que proporciona

sentido existencial, identidade e direcionamento à ação.

Do ponto de vista psicológico, o self é conceituado “como um conjunto de estruturas

de autoconhecimento que representa o que o indivíduo pensa de si mesmo e quanto gasta de

energia, tempo e cuidados consigo mesmo.” Ele se desenvolve gradualmente, a partir da

interação do indivíduo com os outros, regulando a personalidade (FREIRE, 2002, p. 930).

Segundo Fadiman e Frager (2002), na visão freudiana, o self é o ser total, isto é,

corpo, instintos, processos conscientes e inconscientes. Não há, dessa forma, um self

independente do corpo ou separado dele.

Para Jung (1981), criador da psicologia analítica, self, o si mesmo, é o centro

psíquico do homem, o centro da personalidade total, no qual consciente e inconsciente se

agrupam e se ordenam. Na perspectiva jungiana, o self constitui, entre inúmeros outros

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arquétipos2, o arquétipo central e regulador do psiquismo. O self abrange tanto o consciente

quanto o inconsciente, e ambos se complementam mutuamente na sua formação, afirmou

Jung (1964).

Rogers, um dos fundadores da psicologia humanista, define self como conjunto de

percepções e crenças que a pessoa possui sobre si mesma. Este conjunto inclui sua natureza,

as qualidades pessoais e o comportamento típico. Para ele,

como resultado da interação com o ambiente, e particularmente como resultado da interação avaliatória com os outros, é formada a estrutura do self – um padrão conceitual organizado, fluido e coerente de percepções de características do ‘eu’ e do ‘mim’, juntamente com os valores ligados a este conceito (ROGERS, 1992, p. 566).

Segundo Rogers (1977), essas características do “eu” ou do “mim” e os valores

ligados a estes conceitos são admissíveis à consciência, ou seja, podem se tornar conhecidos

pelo indivíduo. Fadiman e Frager (2002) traduzem o pensamento de Rogers, afirmando que o

self é uma “gestalt3”, isto é, um sistema organizado que consiste em um processo de formação

contínua, ou seja, em um processo de construção, na medida em que as situações mudam.

Rogers (1977, p. 165) considera a existência de um self ideal diferente da existência

do self real. O self ideal é definido por como “conjunto das características que o individuo

mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo”. Já o self real é o conjunto de

características (qualidades e defeitos) próprias do indivíduo. É uma estrutura móvel, assim

como o self ideal, que passa por constantes redefinições (GOBBI; MISSEL, 1998). Conforme

Nunes (1997, p. 47), quanto maior é o grau de discrepância experimentado pelo indivíduo

entre o self ideal e o self real, “maior é o seu estado de incongruência / desacordo interno e,

conseqüente sofrimento, pelo qual esta autopercepção leva a pessoa a vivenciar sentimentos

de baixa auto-estima, de desvalorização e pode ser uma fonte de inadequação social”.

Para James (1890), o self é a manutenção do si mesmo, ou seja, de ser único como

pessoa, naquilo que cada indivíduo reconhece em si a cada dia. Fadiman e Frager (2002)

exemplificam essa caráter do self com o fato de que, a cada dia, o homem se reconhece como

igual ao dia anterior, ao acordar.

James (1890) descreveu várias camadas hierárquicas do self: a material, básica,

incluindo as coisas com as quais há identificação (próprio corpo, família, amigos, casas e

2 Arquétipos, segundo Silveira (1986, p. 77), “são possibilidades herdadas para representar imagens similares,

são formas instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam formas”.

3 Em Psicologia, de acordo com Houaiss (2004, p. 1449), gestalt é uma “teoria que considera os fenômenos psicológicos como totalidades organizadas, indivisíveis, articuladas, isto é, como configurações”.

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outros); a social, intermediária, que constitui os papéis desempenhados e aceitos de forma

voluntária; a espiritual, a camada mais importante, que é interior e subjetiva.

James (apud FREIRE, 2002) também distinguiu o self como consciência do eu,

subjetivo, e o self como objeto da consciência, chamado “mim”, que se constituem como dois

elementos indissociáveis de um mesmo processo. O self objetivo recebeu esse nome porque

pode ser analisado como estrutura e ser observado em três focos: self atual, ideal e auto-

estima. O primeiro engloba as características que a pessoa possui; o segundo envolve aqueles

que gostaria de possuir. A auto-estima é a avaliação da pessoa sobre seu próprio valor,

dependendo da percepção de si mesma.

Cárdenas (2000) considera o self como um construto evidenciado na linguagem de

quem fala de si mesmo, avalia-se, define-se, qualifica-se. Sob esta percepção, a narrativa

veste-se de palavras para dar à luz a conceitos, juízos de valor e sentimentos sobre o si-

mesmo.

2.2. Autoconceito

Os construtos auto-referentes como autoconceito e auto-estima são muito

semelhantes em seu significado e “a literatura revela confusão conceitual e dificuldades na

definição de ambos”(GOBITTA; GUZZO, 2002, p. 145). Além destes, termos como auto-

conhecimento, auto-avaliação ou auto-descrição são utilizados em publicações “quase que

como sinônimos”, embora diversas linhas teóricas indiquem um ou outro vocábulo como o

mais adequado (FERNÁNDEZ, 2002, p. 3).

Uma grande variedade de palavras faz referência ao construto autoconceito, embora

elas possam ter um significado diferente, de acordo com a orientação dada por cada

pesquisador. Wells e Marwell (1976) revisaram alguns termos utilizados em estudos para se

referir ao autoconceito e encontraram, entre outros: amor próprio, autoconfiança, auto-

respeito, auto-aceitação, auto-satisfação, auto-avaliação, autovalia, sentido de eficácia pessoal

e sentimento de competência.

Novaes (1985) esclarece que tanto o termo auto-estima quanto o vocábulo auto-

imagem aparecem sempre interligados ao termo autoconceito, por conta de suas implicações

na formação do ego, do self e da identidade social e pessoal. Essa interligação terminológica,

que pode levar a confusões, poderia ser minimizada se se utilizassem, de modo correto, as

expressões: consciência do eu (autoconceito), percepção afetiva do eu (auto-estima) e

representação do eu (auto-imagem).

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Autoconceito também é definido como auto-imagem; a distinção é muito delicada,

conforme explica Blackerby (2006, p.1) que se refere à auto-estima “como a soma, em nível

de identidade/crença, de todas as auto-imagens que o indivíduo tem sobre vários aspectos de

si próprio.” Para ele, auto-estima e auto-imagem provêm da resposta a duas perguntas,

respectivamente: “Que tipo de pessoa eu sou?” e, “Que evidência tenho disso?” A evidência é

o que se sente no mundo ao redor; é o que se vê, ouve, sente, cheira e se degusta sobre si

mesmo. O significado da evidência é o conjunto de atributos, qualidades ou características. A

soma disso tudo forma a auto-imagem, e o significado atribuído a essa soma é a auto-estima.

Fernández (2002) considera o autoconceito o componente básico do psiquismo que

facilita a compreensão do indivíduo sobre si em sua totalidade. O autoconceito controla e

organiza a conduta e constitui uma fonte de saúde física e mental. Ele também concebe o

autoconceito como o construto4 geral referente ao si mesmo, o self. Construtos como auto-

estima e auto-imagem também participam do ���������� ��� ���� ���� �������� ���

���������� �do self.

O autoconceito se configura como o conjunto organizado das percepções sobre si

mesmo, admitido pela consciência, produto da interação social. Freire (2002, p. 930) afirma

que, do ponto de vista sociológico e psicológico, o âmago do autoconceito é o self, “a

consciência que o indivíduo tem de sua contínua identidade e de sua relação com o ambiente,

ou do que vê como essencial sobre si mesmo”.

Sanchez e Escribano (1999) definem autoconceito como uma atitude valorativa do

indivíduo acerca de si mesmo, envolvendo estima, sentimentos, experiências ou atitudes que o

indivíduo desenvolve sobre si mesmo. O autoconceito tem um papel fundamental sobre o

psiquismo do indivíduo, sendo muito importante para suas experiências, saúde psíquica,

atitudes para consigo e para os demais, base para a construção da personalidade.

Segundo Erikson (1987), o processo de estruturação do autoconceito é complexo e

provoca crises e conflitos. Mas mesmo assim, os valores implícitos nele devem ser

considerados positivos, pois as crises contribuem para unificar as pessoas, consolidando seu

autoconceito.

L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985) desenvolveu um modelo teórico de autoconceito

com base em um sistema hierárquico multidimensional, composto de estruturas fundamentais

e categorias configuradas pela experiência vivida, percebida, simbolizada e conceituada.

4 Soar Filho (2003, p. 318): “construtos são entidades abstratas que têm validade empírica e/ou pragmática, à

medida que geram integibilidades pragmáticas (...). É através dos construtos que criamos o mundo tal qual o

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Como se trata de um construto dinâmico que varia constantemente no processo evolutivo, de

sedimentação não cumulativa nem gradativa, ele surge do sentimento de unidade, da

coerência e da estabilidade que permitem ao indivíduo reconhecer-se em qualquer situação. O

modelo de L’Ecuyer pressupõe quatro hipóteses:

1. Organização hierárquica em estruturas, subestruturas e categorias, de

características que diferenciam idade, gênero e grupos culturais;

2. Percepções centrais e secundárias, constituído de agrupamento da percepção

central e da intermediária no processo, ressaltando-se que elas podem se inverter, a

depender das circunstâncias sócio-culturais;

3. Diferenças intersexuais, fundamentadas no pressuposto de que existe uma

organização do autoconceito baseada em diferenças entre sexos, seja em relação a

conteúdos perceptivos mais específicos, seja em relação aos mais abrangentes;

4. Evolução do autoconceito que admite esse processo por toda trajetória de vida do

indivíduo e por meio da qual se pode analisar o desenvolvimento de suas

dimensões integrantes, de suas complexidade e peculiaridades.

Diante disso, o autoconceito pode ser analisado em várias dimensões do self (Quadro

1.1), quais sejam:

Estrutura Subestrutura Categoria

vivenciamos, ou seja, dos nossos modos de interagir com o mundo físico e conhecê-lo, dos limites de nosso aparelho cognitivo e das formas culturalmente aprendidas de organizar e classificar nossas vivências”.

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1. Self-material

2. Self-pessoal 3. Self-adaptativo 4. Self-social 5. Self e não-Self

Self-somático

Self-possessivo Imagem do self

Identidade do self Valor do self-

Atividade do self- Preocupações e atividades sociais

Referência ao sexo

Referência aos outros

Opiniões dos outros sobre si

Aparência Condição física

Posse de objetos Posse de pessoas Aspirações Sentimentos e emoções Gostos e interesses Qualidades e defeitos

Papel e status Consistência Ideologia Identidade abstrata Competência Valor pessoal

Autonomia Ambivalência Dependência Estilo de vida Receptividade Dominação Altruísmo

Referência simples Atração e experiência sexual

Quadro 1.1: Dimensões analíticas do autoconceito Fonte: L’Ecuyer, apud Novaes, 1985, p. 29.

Infere-se daí que o autoconceito permeia vários campos do self, denotando-se a

extensão das implicações de seu desenvolvimento, positivo ou negativo.

Para Campbell (1990), a principal função do autoconceito é a de regulação do

comportamento. Ele orienta e capacita os indivíduos a desempenhar os seus papéis ao longo

da vida.

Para Brändtstädter, Wentura e Greve (1993), o autoconceito tem como papel

capacitar o indivíduo a assimilar e acomodar as transformações advindas do processo pessoal,

através de adaptações típicas.

O autoconceito tem outras funções específicas, nas quais se destacam as seguintes:

harmonizar os afetos, funcionar como uma fonte de motivação e estímulo para o

comportamento, dotar o indivíduo de um sentido de continuidade no tempo e no espaço e

desempenha um papel de integração e organização das experiências importantes do indivíduo

(MARKUS; WURF, 1987).

Paullineli e Tamayo (1987) estabelecem uma relação entre autoconceito e regiões de

origem das pessoas. Na medida em que se estrutura, a partir da influência do meio social, o

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autoconceito sofre influência das variáveis ambientais, dando-lhe forma. Entre essas variáveis

podem ser citadas: características sócio-culturais da região, ideais e expectativas e, seqüelas

sociais. Eles explicam que o autoconceito é fundamentalmente social e tem uma relação muito

estreita com a autopercepção, também sofrendo influências da interpretação das experiências

pelo ambiente, dos reforçamentos, das avaliações pelos outros significativos e do próprio

comportamento. “A percepção de si faz-se a partir das representações dos outros, sem ser

exclusivamente uma reprodução das mesmas. O outro funciona como espelho, onde o

indivíduo, a partir da imagem que ele reflete, se descobre, se estrutura e se reconhece”.

Segundo resumem, o autoconceito tem sua origem na relação do indivíduo consigo mesmo,

nas suas vivências corporais e na inter-relação com o meio social. (PAULLINELI;

TAMAYO, 1986, p. 116).

O desenvolvimento do autoconceito começa na infância, quando a criança inicia suas

experiências, motivada pela atualização e pela socialização. E na medida em que vai

adquirindo um autoconhecimento, também desenvolve a necessidade de uma aceitação

positiva e sensação de ser amada e valorizada pelas pessoas, principalmente pelos pais

(ROGERS, 1992).

Erikson (1998, p. 69) abordou o desenvolvimento do indivíduo, dividindo-o em

estágios psicossociais. Sua classificação parte do princípio de que a adaptação humana tem

como base tanto os potenciais sintônicos e distônicos, quanto os simpáticos e antipáticos. “O

ser humano não compartilha o destino dos animais de se desenvolver de acordo com uma

adaptação instintiva a um ambiente natural circunscrito que permite uma divisão clara e inata

de reações positivas e negativas.”

Depreende-se, nesse contexto, que o desenvolvimento do autoconceito também pode

ser observado na ótica proposta por seus estágios, quais sejam:

1. Confiança básica versus desconfiança: é atingido quando o bebê sente-se bem cuidado e seguro, em vez de vulnerável e inseguro.

2. Autonomia versus vergonha e dúvida: quando a criança mais nova conquista um sentimento de domínio por meio do autocontrole.

3. Iniciativa versus culpa: quando a criança ganha confiança a partir do estabelecimento de metas e realizações.

4. Produtividade versus inferioridade: quando a criança alcança metas e conquista habilidades sociais.

5. Identidade versus confusão de identidade: quando um adolescente obtém um senso de identidade central com o tempo.

6. Intimidade versus isolamento: quando o adulto jovem desenvolve relacionamentos íntimos a longo prazo.

7. Generatividade versus estagnação: quando um adulto encontra sentido na família e em realizações ocupacionais.

8. Integridade do ego versus desespero: quando o indivíduo idoso é capaz de refletir positivamente sobre uma vida bem vivida (KAY; TASMAN, 2002, p. 53)

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Sanchez e Escribano (1999, p. 22) traçam um perfil evolutivo do autoconceito, na

perspectiva da cognição e da ontogênese. Até os 12 anos, observam-se alguns aspectos

importantes relacionados com o autoconceito: a aquisição de um sentimento de autonomia,

desenvolvimento de uma confiança básica em seu ambiente, a reação das pessoas importantes

para a criança e as novas vivências desenvolvidas a partir da ampliação da experiência social.

No geral, esse período é caracterizado pelo acúmulo e pela hierarquização de várias

imagens que a criança vai tendo de si e que repercutem sobre seu sentimento de identidade. O

autoconceito “vai se definindo e delineando em virtude das experiências, exigências e

expectativas que o mundo propicia”.

Na adolescência (dos 12 aos 18 anos), o autoconceito se define de modo a que o

indivíduo possa se identificar como pessoa singular, diferente dos outros. Contribuem para

isso o amadurecimento físico e a aceitação de suas transformações, a distinção que ele faz

entre si mesmo e seus pais, depois, entre si e os colegas. Embora estruturados nas relações

sociais, desde a mais tenra infância, tanto o autoconceito quanto a auto-estima são construtos

individuais que fundamentam a representação social que o adolescente tem de si mesmo

(SANCHEZ; ESCRIBANO, 1999).

Na maturidade adulta (entre 20 e 60 anos), o autoconceito não só evolui como é

submetido a constantes reformulações, em função dos acontecimentos importantes que

ocorrem nesse período, considerando-se entre eles o início da vida profissional, o sucesso ou

fracasso no trabalho, maternidade ou paternidade, status sócio-econômico, entre outros

(SANCHEZ; ESCRIBANO, 1999).

De acordo com Fernández (2002), o autoconceito não possui uma estrutura inata; ele

se desenvolve a partir de experiências acumuladas, ao longo da vida, em um processo

contínuo e organizado. O autoconceito tem a capacidade de se reajustar e se desenvolver ao

integrar novas experiências, estando aberto a trocas com os demais indivíduos e com a

realidade do meio ambiente.

2.2.1. Auto-estima

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O vocábulo estimar, de origem latina, estimãre, apresenta dois significados: avaliar e

amar (CUNHA, 2001). Dessa forma, etimologicamente, auto-estima é, ao mesmo tempo, uma

auto-avaliação e o sentimento que se tem por si mesmo.

James, em 1890, manifestou a importância da auto-estima na mesma obra em que se

referia ao autoconceito. Desde então, a auto-estima e autoconceito foram objeto de muitas

pesquisas.

Woolfolk (2000, p. 79) registrou o pensamento de James em relação à auto-estima:

Há mais de 100 anos, William James (1890) sugeriu que a auto-estima é determinada pelo grau de sucesso que alcançamos em tarefas ou objetivos que valorizamos. Se uma habilidade ou realização não é importante, a incompetência nessa área não ameaça a auto-estima.

De acordo com Gobitta e Guzzo (2002), se forem considerados os pensamentos

relativos ao self de James, Adler, Cooley, Mead e Rogers, neles podem ser encontradas as

primeiras noções do construto auto-estima. A contribuição de James relaciona-se com a

maneira que o indivíduo escolhe as suas metas; a de Adler, com a aceitação de si mesmo; a

importância do outro como pessoa significante vem de Cooley e Mead e a autenticidade do

eu, de Rogers .

Coopersmith (1967) estudou os fatores que fortalecem ou enfraquecem a auto-estima,

utilizando “tradicionais métodos psicológicos, particularmente mediante a observação

controlada.” É um dos autores mais citados, tanto em trabalhos de revisão do tema, quanto em

estudos empíricos relativos a esse construto, como os de Bednar e Peterson (1995), Bracken

(1996), Andrey e Tracy (1996) e Mruck (1998), mencionados por Gobitta e Guzzo (2002).

Para Coopersmith (1967, p. 4-5), a auto-estima é uma auto-avaliação que o indivíduo

faz e mantém. “Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação e indica o grau em que o

indivíduo considera capaz, importante e valioso. (...) É uma experiência subjetiva que o

indivíduo expõe aos outros por relatos verbais e expressões públicas de comportamentos”.

“Auto-estima é a tendência a aceitar e dar valor a si mesmo. Ela avalia em que

medida alguém quer bem a si próprio e o grau de positividade com que se vê” (SIMMONS,

SIMMONS JR. e JOHN, 1999, p. 8).

Para André e Lelord (2003, p. 17-23), a auto-estima assenta-se sobre três pilares: o

amor a si mesmo, a visão de si mesmo e a autoconfiança. O amor a si mesmo é o elemento

mais importante: “estimar-se implica avaliar-se, mas amar-se não está sujeito a nenhuma

condição: amamo-nos a despeito de nossos defeitos e limites, fracasso e revezes,

simplesmente porque uma pequena voz interior nos diz que somos dignos de amor e de

respeito”. A visão de si mesmo é uma avaliação subjetiva, que pode ser bem ou mal

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sedimentada, de qualidades e defeitos que o indivíduo faz de si mesmo. A importância maior

não é dada à realidade dos fatos e sim a certeza “que se tem de ser portador de qualidades ou

de defeitos, de potencialidade ou de limites”. A autoconfiança refere-se à capacidade de agir

adequadamente em situações consideradas importantes. Entre as três bases, é a mais objetiva

porque se traduz em ações. Tais ações irão desenvolver ou manter a auto-estima.

No quadro seguinte, André e Lelord (2003, p. 25) relacionam as origens, os

benefícios dos três pilares da auto-estima e suas conseqüências em caso de falta: �

- AMOR A SI MESMO(A) VISÃO DE SI MESMO(A) AUTOCONFIANÇA

ORIGENS Qualidade e coerência dos “alimentos afetivos” recebi-dos pela criança.

Expectativas, projetos e projeções dos pais sobre o filho.

Aprendizagem das regras de ação (ousar, perseve-rar, aceitar os fracassos).

BENEFÍCIOS Estabilidade afetiva, relações alegres com os outros, resistência às críticas ou à rejeição.

Ambições e projetos que se tenta realizar, resistência aos obstáculos e aos contratempos.

Ação no cotidiano fácil e rápida.

CONSEQÜÊNCIAS EM CASO DE FALTA

Dúvidas quanto à capacidade de ser estimado pelos outros; convicção de não se achar à altura; auto-imagem médio-cre, mesmo em caso de sucesso material.

Falta de audácia nas escolhas existenciais; com-formismo; dependência das opiniões dos outros; pouca perseverança em suas escolhas pessoais.

Inibições, hesitações, abandonos, falta de perseverança.

Quadro 1.2: Os pilares da auto-estima Fonte: André e Lelord, 2003, p. 25. �

Branden, em 1992, esclareceu que a auto-estima abrange dois elementos: o

sentimento de competência pessoal e o de valor pessoal; ela é a soma da autoconfiança com o

auto-respeito e reflete a capacidade pessoal de se lidar com as dificuldades da vida e com o

direito de ser feliz. Enquanto a baixa auto-estima proporciona um sentimento de inadequação

à vida, não aos fatos em particular, a alta auto-estima traz os sentimentos de competência,

merecimento e adequação. Branden (1996) definiu a auto-estima plena como “a vivência de

que somos adequados para a vida e suas exigências”. Ela traduz a confiança na capacidade de

realização dos desafios da vida e no crédito de vencer e ser feliz, de ter valor e merecimento.

Para Clark, Clemes e Bean, (1994), a auto-estima implica basicamente em auto-

respeito, autoconfiança, auto-aceitação e auto-segurança.

Mosquera (1976) explica que a auto-estima é resultado de uma postura positiva ou

negativa perante a própria pessoa e é representada pelo sentimento que ela tem por ela

mesma. A auto-estima é influenciada pelo meio-ambiente e reflete os papéis sociais que a

pessoa ocupa. Ela sofre graduações de intensidade quanto a sua percepção e variações de

polaridade, quais sejam a alta e a baixa auto-estima. Para esse autor, a auto-estima e auto-

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imagem estão intimamente relacionadas e se retroalimentam, de forma que, quando a auto-

imagem está positiva, a auto-estima está elevada e, quando a auto-imagem está negativa, a

auto-estima está baixa.

2.2.2. Auto-imagem

Me acho linda! Com a idade que tenho, me acho boa, disposta prá trabalhar (P8, 76 anos).

A investigação sobre a imagem corporal abrange diversas áreas do conhecimento,

como psicologia, neurologia, fisioterapia, educação física, entre outras. É um tema complexo

que solicita uma visão multi e interdimensional e requer a compreensão integrada de aspectos

cognitivos, fisiológicos, afetivos e sociais (TURTELLI, 2003).

O vocábulo auto-imagem, segundo os autores pesquisados neste estudo, apresenta

três sinônimos: esquema corporal, modelo corporal e imagem corporal, sendo esse último o

termo mais utilizado na literatura apresentada. Um dos autores, Schilder (1981), usa as três

expressões indistintamente.

A identificação da imagem do corpo é muito antiga e foi preconizada no século XVI,

pelo médico e cirurgião Ambroise Paré, que se baseou em estudos sobre o fenômeno do

membro fantasma, no qual pacientes amputados percebiam os segmentos ausentes com se

ainda estivessem presentes. Trezentos anos após, em 1866, o médico Weir Mitchell publicou

a primeira matéria sobre o tema, sem identificá-lo como imagem corporal (GORMAN, 1965).

Nos primórdios do século passado, em 1911, Henry Head criou o termo esquema

corporal e uma teoria que a explicava, acrescentando aos estudos neurológicos, aspectos

psicológicos (LE BOULCH, 1987).

O esquema corporal seria um modelo postural padrão que cada pessoa construiria de si mesma e que serviria de referência para que ela pudesse contrapor a este modelo suas diferentes posturas e movimentos. A construção do esquema corporal seria uma necessidade básica para todas as pessoas, para moverem-se e localizarem-se no espaço adequadamente. Head enfatizou o papel do esquema corporal em orientar a postura e o movimento corporal (TURTELLI, 2003, p. 2).

Contudo, foram as pesquisas de Schilder, neurologista, filósofo e psicanalista que

inovaram o conhecimento que havia até os anos 30 do século XX (LE BOULCH, 1992) e que,

até hoje, permanecem atuais (TURTELLI, 2003).

Para Schilder (apud LE BOULCH, 1992), a imagem corporal deve ser observada em

seus múltiplos e inseparáveis aspectos: neurológicos, mentais, sociais e afetivos. Essa

perspectiva mais ampla de Schilder (apud TURTELLI, 2003, p. 4), não é compartilhada por

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duas principais correntes que distinguem imagem corporal e esquema corporal: a primeira,

“atribui à imagem corporal características psicológicas subjetivas”, enquanto a segunda,

concede “ao esquema corporal características biológicas, servindo como uma base para a

construção da imagem corporal”.

Olivier (1995, p. 15, 18), por exemplo, caracterizou o esquema corporal como “uma

organização neurológica das diversas áreas do corpo, de acordo com a importância de

inervação somática que elas recebem”. O esquema corporal apresenta um caráter biológico

pré-determinado e uma estrutura anatômica situada em uma região específica do córtex

cerebral, denominada “área do esquema corporal”, localizada no encéfalo. Para a autora, a

imagem corporal é conceitual e vivencial e “se constrói sobre o esquema corporal e traz

consigo o mundo das significações. Na imagem, estão presentes os afetos, os valores, a

história pessoal, marcada nos gestos, no olhar, no corpo que se move, que repousa, que

simboliza.”

Segundo Le Boulch (1987, p. 188), trata-se de integrar duas linguagens, uma

fisiológica e outra psicológica, “uma só e mesma realidade fenomenológica que é aquela do

‘corpo próprio’. Em outras palavras, identificamos completamente as duas noções, em vez de

dois sistemas heterogêneos.”

Esquema e imagem corporal “são indissociáveis de um mesmo fenômeno: a

representação dinâmica que a pessoa faz, para si mesma, de sua experienciação de si mesma,

a cada instante”, explica Turtelli (2003, p. 4).

Conforme Schilder (1981, p. 11),

entende-se por imagem do corpo humano a figuração de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós. [...] Nós a chamamos de esquema de nosso corpo, esquema corporal ou, conforme Head, que enfatiza a importância do conhecimento da posição do corpo, de modelo postural do corpo. [...] O esquema do corpo é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos. Podemos chamá-la de imagem corporal.

Ele declara que a imagem corporal constitui uma unidade flexível e, por esse motivo,

pode apresentar transformações; reafirma o dinamismo da imagem corporal, ao dizer:

O modelo postural do corpo (imagem corporal) precisa ser construído, e é uma criação e uma construção (...). (...) ele não é uma forma, (...) mas, a produção de uma forma. Não há dúvida de que este processo de estruturação só é possível quando se relaciona intimamente com as experiências a respeito do mundo (SCHILDER, 1981, p.101).

Dessa forma, conclui o autor que a destruição e a reestruturação contínua da imagem

corporal do indivíduo não ocorrem de maneira isolada, e sim na relação com as demais

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pessoas e com o ambiente, de maneira interativa, ou seja, em um processo de reconfiguração

simultânea da imagem corporal dos indivíduos que participam dos mesmos ambientes sociais.

O modelo postural de nosso corpo se relaciona com o modelo postural dos corpos dos outros. Existem conexões entre os modelos corporais de seres humanos semelhantes. Vivenciamos as imagens corporais dos outros. A experiência da nossa imagem corporal, as emoções e ações dos outros são inseparáveis de seus corpos (SCHILDER, 1981, p. 15).

As emoções influenciam reciprocamente a imagem corporal. Um indivíduo, por

exemplo, quando assume uma atitude expressiva de tristeza, a sua imagem corporal se

modifica e os seus músculos ficam mais pesados e a postura mais relaxada. “Toda emoção

modifica a imagem corporal”. Na expressão do ódio, “os músculos voluntários mostram-se

fortemente delineados e contraídos, na vivência da emoção de amor e amizade, o corpo se

expande e os limites da imagem corporal perdem sua nitidez” (SCHILDER, 1981, p. 182).5

Para Rogers (1977, p. 165), os termos “idéia” ou “imagem do eu” designam

a configuração experencial composta de percepções relativas ao eu, às relações do eu com o outro, com o meio e com a vida, em geral, assim como os valores que o indivíduo atribui a estas diversas percepções (...) ela é disponível à consciência – ainda que não seja necessariamente consciente ou plenamente consciente.

A dinâmica do esquema corporal, segundo Merleau-Ponty (1994, p. 147), revela a

espacialidade do próprio corpo e sua capacidade para orientar-se ou situar-se no mundo. É

uma unidade corpo-mente, território indivisível de todos os órgãos. “O esquema corporal é,

finalmente, uma maneira de exprimir que meu corpo está no mundo”.

Bertherat e Bernstein (1987) caracterizam a imagem corporal como um fenômeno de

natureza bio-psico-social, que abrange a percepção do próprio indivíduo em seus aspectos

físicos, fisiológicos, sociais e psicológicos.

Cash e Pruzinski (apud BARROS, 2001, p. 93) apresentam sete princípios, baseados,

em sua maioria, no citado pensamento de Schilder, que melhor alcançam o conceito de

imagem corporal. São elas:

1. Imagem corporal refere-se às percepções, aos pensamentos e aos sentimentos sobre o corpo e suas experiências. Ela é uma experiência subjetiva.

2. Imagens corporais são multifacetadas. Suas mudanças podem ocorrer em muitas dimensões.

3. As experiências da imagem corporal são permeadas por sentimentos sobre nós mesmos. O modo como percebemos e vivenciamos nossos corpos relata como percebemos a nós mesmos.

4. Imagens corporais são determinadas socialmente. Essas influências sociais prolongam-se por toda a vida.

5. Imagens corporais não são fixas ou estáticas. Aspectos de nossa experiência corporal são constantemente modificados.

5 Autores como Adame et al. (1991), Radell et al. ( 1993), Lewis e Scannell (1995) e Bacalá (1999) trazem

definições de imagem corporal fundamentadas em Schilder.

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6. As imagens corporais influenciam o processo de informações, sugestionando-nos a ver o que esperamos ver. A maneira como sentimos e pensamos o nosso corpo influencia o modo como percebemos o mundo.

7. As imagens corporais influenciam o comportamento, particularmente as relações interpessoais.

Olivier (1995, p. 18) acrescenta à definição de imagem corporal, a corporeidade, ao

afirmar que não apenas o corpóreo, ou seja, “o corpo enquanto objeto de reflexão com

fronteiras bem definidas pela epiderme, compõe a imagem corporal, mas, principalmente, a

corporeidade, o corpo-sujeito que age no mundo e que, nesta inter-relação, estende-se para

ele, perde suas fronteiras e torna-se marcado pelos símbolos de suas vivências”.

Dessa forma, a imagem do corpo humano, sempre atualizada, reúne a vivência do si-

mesmo e do mundo. “Resgata o passado, funde-se com o presente, transcende para o futuro,

ultrapassando as fronteiras do imaginário humano. Faz-se ser atuante em face às correlações

estabelecidas por ele mesmo, constituindo-se presente em imagens corpóreas” (BARROS,

2001, p. 74).

2.3. Autoconceito no Idoso

Para Sanchez e Escribano (1999, p. 24) em pessoas idosas acima de 60 anos, o

autoconceito pode evoluir negativamente. Para tanto, influi a percepção que a pessoa tem da

redução de sua capacidade física, a doença, a aposentadoria, a perda da identidade social e

profissional, por exemplo. “Todos esses elementos levam, obrigatoriamente, a uma

reformulação do autoconceito e do valor pessoal.”

Resultados de pesquisas realizadas por Baltes e Baltes (1990) e Brändtstädter,

Wentura e Greve (1993) indicam que o autoconceito de idosos não apresenta configuração

negativa com a progressão da idade. O autoconceito mantém o seu caráter pessoal adaptativo,

flexível e dinâmico que facilita um ajustamento satisfatório e positivo as novas condições bio-

psico-sociais que se apresentam na velhice.

Nesse sentido, autores também (BERGER, 1989; LEVENTHAL; SCHWARTZ,

1989; BALESTRA, 2002; PEREIRA et al., 2003) associam resultados positivos da auto-

imagem, da auto-estima e do autoconceito no idoso, relacionados à prática de atividade

física6.

6 Nessa direção, leiam-se ainda: MAZO, 1985; FOX, 1997; SAFONS, 2000; BENEDETTI, T. L; PETROSKI, E.

L.; GONÇALVES, L. T., 2003, que aliaram a configuração positiva da auto-imagem e auto-estima à pratica de exercícios físicos ou dança.

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A vida afetiva do idoso (conjunto de emoções e estado de ânimo) responde às

mesmas considerações e situações de outras idades. Dessa forma, o afeto

representa o estímulo do comportamento adaptativo que regula, matiza e dá cor a qualquer situação, possibilita a motivação, determina a atitude geral (rejeição, fuga, aceitação, indiferença) e desempenha um papel determinante nos pensamentos e ações da pessoa em estados de saúde e de enfermidade” (FERRER, 2000, p. 172).

De conformidade com Salvarezza (1998), um dos principais fatores que podem

determinar a baixa auto-estima dos idosos é o fato de se autodenominarem “velhos”, em razão

das conotações negativas que esta palavra apresenta. Uma pessoa pode sentir-se velha quando

percebe em si mesma algumas características que, em função do seu modelo pessoal de

velhice, personalizam essa fase da vida.

Alguns desses modelos e atributos podem ter sido incorporados a partir das

experiências pessoais, da observação do envelhecimento de outras pessoas e a partir de

expectativas e estereótipos culturais.

Para Furstenberg (apud SALVAREZZA, 1998), algumas variáveis podem facilitar o

entendimento dos critérios adotados para o idoso assumir a realidade negativa de velhice:

- idade cronológica: para algumas pessoas, o marcador “idade” representa a fronteira

irreversível entre a meia-idade e a velhice;

- declive das funções físicas: é uma das variáveis mais comuns e que compreende

dificuldade de locomoção, perdas sensoriais, dor e alterações funcionais, entre

outras.

- perda de funções cognitivas: para muitas pessoas, idosas ou não, perdas sensoriais

como a da memória, são indicadores de decrepitude. Estas perdas são muito

temidas pelos idosos e se constitui um processo que associa o medo do futuro e da

vulnerabilidade.

- sentimento de inutilidade e de não participação social: a sensação de inutilidade e

de exclusão social priva o idoso de motivação para continuar vivendo de uma forma

mais saudável e participativa.

Independentemente dos parâmetros assumidos, rotular-se velho, sob essa percepção,

está associado ao aparecimento de sentimentos negativos, como a vivência da proximidade da

morte (MUNNICHS apud SALVAREZZA, 1998).

Moragas (1997, p. 75), falando de autoconceito, afirma que é essencial ao idoso

possuir uma capacidade de julgamento que coloque seu autoconceito em relação à sociedade

como um todo. Referindo-se ao autovalor,

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para a maioria das pessoas, há meios de defesa da identidade pessoal e do autoconceito, e os próprios idosos elaboram estratégias de defesa psicológica diante das agressões do meio. Uma das reações defensivas habituais é chamada ‘apreciação relativa’. Em relação aos idosos da mesma faixa etária, a pessoa se situa numa posição superior, seja física, psíquica ou socialmente, que se materializa em comentários como: ‘Ainda posso realizar sozinho esta atividade’, enquanto a maioria de seus colegas não se atreveriam a fazê-lo.

Se, para muitos, envelhecer, pode ter conotações negativas e ser sinônimo de

enfermidade, incapacidade ou dependência, a velhice não significa necessariamente

limitações e disfuncionalidade; pode ser vivenciada como uma fase de crescimento pessoal e

de otimização e adaptação social em função da competência evolutiva. As diferenças do

processo de envelhecimento entre diversos indivíduos pode depender do momento que essas

pessoas chegam a ele, como chegam e como o transitam (MOÑIVAS, 1998).

Para Ferrer (2000, p. 181), o idoso mensura “seu grau de valor pessoal através da

auto-estima e a orientação para a ação e o juízo sobre seu grau de competência e expectativas

de resultados através de sua auto-eficácia”.

Os corpos, mesmo os mais bem cuidados, enfraquecem e perdem a capacidade de

funcionar como antes, de manter a força, o controle e, a autonomia. E na medida em que a

independência e o controle enfraquecem, debilitam-se também o autoconceito e a confiança

em si (ERIKSON, 1998).

Referindo-se a idosos que apresentam idade avançada, Erikson (1998, p. 89) afirma

que “a velhice, depois dos oitenta e noventa anos, traz consigo novas exigências, reavaliações

e dificuldades diárias” e ressalta a necessidade de designar “um novo estágio para esclarecer

os desafios”.

O idoso relaciona sua auto-imagem à maneira que pela qual percebe os sucessos e

insucessos inseridos em sua história de vida. Dessa forma, os sucessos alimentariam

positivamente a auto-imagem enquanto os fracassos reforçariam de maneira negativa a

imagem de si mesmo do idoso (STEGLICH, 1978).

A imagem corporal do idoso, assim como a sua auto-avaliação, é influenciada

positivamente por uma vida social ativa, pela capacidade de tomar decisões e de realizar

ações, atividades que extrapolam as cuidados pessoais da vida diária como alimentar-se,

banhar-se, entre outros (BALESTRA, 2002).

Fox (1997) afirma que a enfermidade orgânica é um importante fator na modificação

imediata da imagem corporal, na sua forma física ou psicológica. Em conseqüência,

indivíduos mais vulneráveis às doenças e/ou portadoras de enfermidades crônicas estariam

mais susceptíveis de apresentar uma auto-imagem negativa. No idoso, a auto-imagem e a

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auto-estima apresentam uma tendência de alteração negativa, relacionada com a perda

progressiva da capacidade corporal de realizar movimentos do cotidiano como locomover-se,

vestir-se, alimentar-se e realizar atividades laborativas.

Monteiro (2001) relata que a plasticidade da imagem corporal, em condições

saudáveis, permite ao idoso adaptar-se progressivamente às mudanças corporais advindas do

processo de envelhecimento. Patologias ou distúrbios de motivação que alterem a capacidade

de movimento podem comprometer a adaptação da imagem corporal. Quando o movimento

corporal é restrito por enfermidade ou por outra razão, a imagem corporal pode apresentar

lacunas, “apagamentos”, que originam padrões motores deficientes. Esses novos padrões de

movimento, por sua vez, podem ser reforçados por crenças e valores do próprio idoso e de

outras pessoas, em relação à velhice.

É fundamental que o idoso sinta-se motivado e mantenha seus objetivos de vida para

poder conectar-se com o mundo e realizar trocas com o meio ambiente, dando assim sentido a

sua vida. É pelo movimento que a sua auto-imagem se atualiza e se mantém.

Em relação às alterações que ocorrem no processo de envelhecimento, elas podem

ser percebidas como diminuições ou perdas, de acordo com a percepção que o idoso tem

sobre o fato. Por exemplo, o surgimento de cabelos brancos pode ser considerado como uma

perda ou um ganho, dependendo da perspectiva vivencial da situação (HAYFLICK, 1996).

O cerne da auto-imagem está no conhecimento individual de si mesmo, na

consciência da capacidade de realização, da percepção dos sentimentos, das atitudes e idéias

referentes à dinâmica pessoal. No transcurso de sua vida, o homem desenvolve e reestrutura a

sua imagem corporal, em um processo individual e social (MOSQUERA, 1976).

Foi exatamente no contexto desse processo individual/social, de valorização do corpo

como uma unidade flexível e adaptativa e da atividade física como um elemento que favorece

à dinâmica de integração entre corpo e ambiente, que o objetivo deste trabalho foi estruturado,

visando ao reconhecimento e à aceitação de seu processo, pelo idoso, bem como da

capacidade de atuação de que dispõe.

Capítulo 3

A BIODANÇA

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No intuito de fornecer uma visão ampla e completa (no que for possível) dos aspectos

que integram a Biodança, o presente capítulo foi dividido em três seções, quais sejam: teoria,

elementos e prática.

3.1 Teoria da Biodança

Visando à melhor compreensão dos objetivos propostos neste trabalho, a abordagem

da teoria da Biodança compreende desde os movimentos iniciais de sua criação, até a

elaboração de seu modelo teórico. Busca-se visualizar os caminhos percorridos até a sua

configuração como um sistema7 de integração humana, isto é, um processo definido por seu

autor como aquele que age estimulando a função primordial de conexão com a vida: do ser

humano consigo, com o seu semelhante e com o universo (TORO, 2005b; 2002).

Nesta primeira parte, apresenta-se a origem da Biodança, estabelecendo sua relação

com outras disciplinas e evidenciando questionamentos sobre ela. Também apresenta-se seu

método e modelo teórico e definem-se aspectos de sua prática.

3.1.1 Origem, denominação, questionamentos e relações

Sentia, às vezes, em meu corpo, toda a manifestação do êxtase, do erotismo, da fraternidade, da energia criadora e do ímpeto vital. Sentia a possibilidade de contato puro com a realidade viva, por meio do movimento, do gesto e da expressão dos sentimentos. A música era a linguagem universal, a única que todos nós podíamos compreender na Torre de Babel do mundo; a dança era a maneira ideal de integrar corpo e alma, e podia comunicar a todos os participantes, felicidade, ternura e força. E eu quis compartilhar tudo aquilo com um grande número de pessoas (TORO, 2002, p. 9).

A Biodança é um modelo criado pelo antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro

Araneda (daqui para frente denominado Toro), que iniciou os seus primeiros trabalhos

experimentais com pacientes psiquiátricos no Hospital Psiquiátrico do Chile, em 1965. À

época, Toro era Membro Docente no Centro de Estudos de Antropologia Médica da Escola de

Medicina da Universidade do Chile (GÓIS, 1995; TORO, 2002; PAOLI, 2003). O autor e

outros membros da equipe chefiada pelo Profº Augustin Tellez utilizaram diferentes técnicas

de desenvolvimento, como a Terapia Centrada na Pessoa, Psicodrama e Arteterapia, com o

objetivo de “humanizar” procedimentos efetuados no atendimento psiquiátrico (GÓIS, 1995).

7 “Sistema”, nesse contexto, pode ser compreendido como: “disposição das partes ou dos elementos de um todo,

coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada” (FERREIRA, 1999, p. 1865).

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Nessa mesma fase, Toro iniciou as primeiras pesquisas utilizando atividades de

dança e música realizadas em grupo com esses pacientes. Durante os encontros, observava o

efeito da música sobre determinados doentes, provocando estados de alucinação e delírio,

duradouros ou não. Esses estados poderiam ser justificados, segundo ele, pela identidade8 mal

integrada dos enfermos, fazendo com que houvesse uma dissociação entre eles e a realidade,

principalmente quando faziam certos movimentos (TORO, 2002).

A denominação Biodança, de acordo com Toro (2005b, p. 5), foi escolhida em março

de 1977 para nominar “uma disciplina para a qual não existia um termo apropriado”, já que se

referia a um sistema inédito, no qual a dança e a música evocavam vivências que

possibilitavam mudanças orgânicas e existenciais em diversos patamares, tais como o

orgânico e o afetivo-motor.

Etimologicamente, o vocábulo Biodança é formado pela junção do prefixo grego

bíos, que significa “vida” e dança, do francês arcaico dencier: “oscilar, saltar, girar, mover-se

com cadência” (CUNHA, 2001, p. 110; 238). O termo “Biodanza” escrito com a letra “z” é

utilizado nos países de língua espanhola. No Brasil, na maioria das referências encontradas

em publicações, usa-se a grafia original, embora “Biodança” com “ç” também seja

mencionada em matérias jornalísticas e publicitárias. Para efeito deste estudo, será utilizado o

termo “Biodança”.

Toro (2005b, p. 6) refere-se à dança trazendo o significado francês da palavra:

movimento integrado, pleno de sentido. O conceito que Toro atribuiu à dança é vasto e

compreende “gestos, expressões e movimentos plenos de sentido vital”, buscando restabelecer

a idéia primordial e ampla da dança e sua capacidade inusitada “de induzir transformações na

existência”.

A partir disso, ele apresentou uma síntese conceitual dos elementos fundamentais

que alicerçam a base teórica da Biodança: “Biodança é um sistema de integração afetiva,

renovação orgânica e reaprendizagem de funções originais da vida, apoiada em vivências

induzidas pela dança, pelo canto e por situações de encontro em grupo” (TORO, 2005b, p. 7).

A integração afetiva objetiva o restabelecimento da unidade rompida entre o ser

humano consigo, com as outras pessoas e com a natureza. A afetividade constitui o ponto de

partida e o centro integrador do sistema, já que os trabalhos de Biodança, desde a pesquisa,

planejamento até a sua realização, embasam-se no reconhecimento, no respeito e na

valorização do integrante do grupo e do próprio grupo. Sob o aspecto neurofisiológico, os

8 Conforme Toro (1999, p. 5), “a identidade é o único e seus atributos, o que cada pessoa ‘é’ essencialmente

frente a qualquer outro sistema de realidade”.

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exercícios de Biodança estimulam o sistema límbico-hipotalâmico, o centro das emoções, que

atua, por sua vez, sobre os estados vivenciais, sobre sentimentos, emoções e instintos (TORO,

2005b).

A renovação orgânica se refere à ação sobre a auto-regulação física e mental. Ela é

facilitada, principalmente, por meio de exercícios que induzem estados especiais de transe e

regressão integradores. Segundo Toro (2002, p. 35), transe significa mudança de estado de

consciência. Já a regressão, para o autor, é o retorno à etapa natal ou pré-natal. Neste estado,

“podem ser reproduzidas parcialmente as condições fisiológicas inerentes à primeira

infância”.

Para o autor, os exercícios de Biodança, ao induzirem os estados de transe e

regressão, atuam sobre a homeostase, ou seja, sobre o equilíbrio orgânico interno que,

segundo Cannon (1949), resulta de um complexo funcional dos quais participa o sistema

nervoso central, o sistema nervoso autônomo, as atividades metabólicas, bioquímicas e

energéticas. Dessa forma, Toro (2002) concluiu que esses exercícios ativam os processos de

reparação celular e regulação global de funções biológicas e diminuem os fatores de

desorganização e estresse orgânicos.

A reaprendizagem de funções originárias ou instintivas da vida é uma proposta

pedagógica de resgate dos instintos básicos que constituem uma expressão da adaptação

biológica frente a estímulos específicos. Trata-se de reaprender a viver a partir dos instintos,

respeitando as necessidades básicas de nutrição, repouso e ativação, entre outras (TORO,

2005b).

Sintetizando o conceito, Toro (2002) afirma que a Biodança é uma atividade

realizada essencialmente em grupo e que utiliza a dança e a música com a finalidade de

induzir vivências integradoras. Tem-se, assim, a música, a dança e a vivência como pilares da

Biodança.

Biodança: pedagogia ou terapia?

A gente se sente, eu me vejo assim mais leve, mais fácil para mim decidir as coisas, fazer algumas coisas, me sinto melhor ainda do que era, estou mais decidida, mais determinada (P7, 75 anos).

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O conceito da Biodança, já citado, apresenta possibilidades de ação (da Biodança)

que escapam às denominações utilizadas em diferentes áreas da ciência.

Para Paoli (2003, p. 23), existe

a dificuldade de inserção da Biodanza nas categorias usuais de classificação, que ordenam um fatiamento dos campos de conhecimento e das atividades profissionais. A Biodanza se insere em um campo de propostas novas, que fogem ao enquadramento tradicional, numa perspectiva de partir para a construção de uma nova forma de percepção multidimensional e heterodoxa.

Segundo Toro (2002), a integração afetiva é uma proposta pedagógica que busca a

estimulação da função primordial com a vida, facilitando a reaprendizagem da vinculação

afetiva consigo mesmo, com o outro e com universo.

A reaprendizagem das funções originais da vida também se constitui como uma

proposição educacional de resgate dos instintos básicos, como a fome, a sede e o repouso, que

representam uma expressão do potencial biológico, destinados à adaptação do homem ao

meio ambiente.

Ao referir-se à renovação orgânica, Toro (2002) apresenta uma possibilidade

terapêutica da Biodança, entendendo-se o vocábulo terapêutico no sentido atribuído por

Straton (1994, p. 231) “como um termo empregado para referir-se a tudo que é útil enquanto

um agente ou instrumento de terapia”. Toro não classifica a Biodança como uma terapia9

física ou psicológica, em particular, afirma que o processo terapêutico se origina do efeito da

Biodança sobre “a homeostase, o equilíbrio interno e à redução dos fatores de estresse”

(TORO 2002, p. 35).

De acordo com Paoli (2003, p.23), a ação terapêutica da Biodança consiste no “efeito

sobre a construção da saúde, fugindo da noção tradicional de terapia como uma ação voltada

para curar doenças”. Paoli ressalta que a Biodança, em si, não produz modificações, mas que

ela propicia condições para os alunos se transformem, se houver o desejo e a permissão

consciente ou inconsciente de mudanças.

Para Góis (2002, p. 75), psicólogo e professor-didata em Biodança que participa do

movimento Biodança desde os seus primórdios, “o que diferencia a ação da Biodança de

certas ações pedagógicas e clínicas é sua orientação para a potencialidade natural e expressiva

do Ser. Diferencia-se, também, por não priorizar o condicionamento, a interpretação e a razão,

mas sim, a vivência”.

9 Terapia é o tratamento de indivíduos por meios físicos ou psicológicos. (STRATON, 1994, p. 230).

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Por isso, o problema de investigação desta pesquisa - “De que forma a prática da

Biodança pode influenciar positivamente no autoconceito do idoso?” - leva em conta que

qualquer resultado vai depender desse desejo e permissão consciente ou inconsciente.

Relação entre Biodança e teorias

Inicialmente, pode-se dizer que a preocupação de Toro em humanizar a medicina a

partir de psicoterapia de grupo, de arteterapia e outros, teve por base os princípios de Carl

Rogers (apud TORO, 2002).

Conforme Le Camus (1986, p. 131), essas formas de terapia têm como fundamento a

busca da expressão total, segundo a qual

a necessidade dos outros seres humanos não pode se satisfazer plenamente com a presença e as trocas verbais; ela exige também o contato atuado, a situação hic et nunc dos sentimentos frente aos outros membros do grupo, a passagem pelo ato manifesto.

Tais formas, como podem ser observadas nos grupos de encontro utilizados por Carl

Rogers (1970), valorizam as relações estabelecidas em grupos de encontro, cujo princípio tem

por fundamento a alternância das faixas de comunicação não verbal com as faixas de

verbalização. Durante os jogos vivenciais, a palavra é suspensa de maneira sistemática e

somente após ter vivido as propostas oferecidas, em outro momento do trabalho, o grupo é

convidado a verbalizar (LE CAMUS, 1986).

Em relação à música, Toro (2002) se refere à existência de uma semântica musical,

citando G. Campbell e K. D. Watson, pesquisadores que demonstraram a convergência de

determinados conteúdos subjetivos de emoções, sentimentos e sensações de um mesmo

extrato musical, para um grupo distinto de sujeitos. Para Imberty (2005), essa convergência

independe dos níveis de educação musical.

Toro (2002) cita como exemplo os Prelúdios de Debussy, cuja análise semântica teve

como resultado, em uma das faixas observadas, a afluência de sentimentos como alegria,

afetuosidade, felicidade, liberdade, extroversão e outros.

Em se tratando de movimento e/ou dança, Toro (2002) reporta-se a registros

antropológicos, em especial, àqueles referentes aos povos primitivos que se utilizavam da

dança em rituais diversos, como é o caso das danças terapêuticas egípcias da Antiguidade.

Ainda em relação à dança, Toro (2005b) inspirou-se no conceito de Roger Garaudy

(1980, p.16, 8), para quem a dança é “um modo total de viver o mundo: é, a um só tempo,

conhecimento, arte e religião.” Garaudy se referia à dança como:

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- uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração;

- uma meditação, um meio de conhecimento, a um só tempo introspectivo e do mundo exterior;

- um rito: ritual sagrado, ritual social. Encontramos na dança essa dupla significação que está na origem de toda atividade humana.

Na vivência, Toro (2002, p. 29) cita o filósofo Dilthey que a define como “algo

revelado no complexo psíquico dado na experiência interna de um modo de existir a realidade

para um indivíduo”. Em relação ao Princípio Biocêntrico10 que fundamenta a filosofia da

Biodança, Toro (2002; 2005c) refere-se ao processo de auto-organização e autonomia que

caracteriza os seres vivos.11

3.1.2 Método e modelo teórico de Biodança

A vivência como método

Eu me emocionei, não sei, uma coisa tão dentro de mim que eu não sei dizer (P2, 71 anos).

A vivência constitui o método que fundamenta a metodologia da Biodança. Por meio

do método vivencial, podem-se induzir “vivências integradoras capazes de expressar a

identidade, modificar o estilo de vida e restabelecer a ordem biológica” (TORO, 2005e, p. 3).

Para Toro (2002, p. 30), a vivência é “a experiência vivida com grande intensidade

por um indivíduo no momento presente, que envolve a cenestesia, as funções viscerais e

emocionais”. A acepção da palavra cenestesia nas vivências integradoras propostas por Toro

está relacionada com um sentimento sistêmico, particularizado, em seu conteúdo, por um

bem-estar corporal. Cunha (2001, p. 171) define cenestesia como “um sentimento difuso

resultante dum conjunto de sensações internas ou orgânicas e caracterizado essencialmente

por bem-estar ou mal-estar”.

As funções viscerais se referem às atividades de determinados órgãos, mediadas pelo

sistema nervoso autônomo, as vísceras, tais como coração e pulmão. As funções emocionais

abrangem respostas dadas pelo sistema límbico e hipotálamo, órgãos do sistema nervoso

central, relacionados às emoções, à experiência vivencial (TORO, 2002).

10 “O princípio biocêntrico inspira-se na intuição de um universo organizado em função da vida e consiste em

uma proposta de reformulação de nossos valores culturais que toma como referencial o respeito pela vida. Tudo aquilo que existe, elementos, estrelas, plantas, animais e humanos são os componentes de um sistema vivente maior” (TORO, 2005c, p. 29).

11 A auto-organização foi um tema pesquisado por Humberto Maturana e Francisco Varela (1997).�

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Conforme Schneider (1977), a reação vivencial é a resposta com significado,

motivada, que apresenta um matiz afetivo a uma vivência.

De acordo com Góis (2002, p. 80), as vivências, inerentes ao ser humano, expressam,

como tecido, “o entrelaçamento da vida instintivo com o mundo valorativo-simbólico”, que

acontecem em um contexto histórico-social.

A vivência, de acordo com Ferreira (1997), Toro (2002) e Paoli (2003), ocorre em

três níveis corporais que estão intrinsecamente relacionados: cognitivo, vivencial e visceral.

Sob a dimensão relacional, durante a vivência, o participante de grupo pode

experimentar um nível de vinculação consigo mesmo, com o outro e com a natureza (TORO,

2002).

May (1988, p. 139) também se refere a esses níveis de integração chamando-os de

“três aspectos simultâneos do mundo - que caracterizam a existência de cada um de nós como

um ser no mundo”: o primeiro, o mundo ao redor, o mundo ambiente, o segundo, “o mundo

dos seres de um mesmo tipo, o mundo dos semelhantes de uma pessoa” e o terceiro, “o

mundo próprio, o mundo do relacionamento consigo mesmo”.

Na abordagem da Biodança, as principais características da vivência são, segundo

Toro (2002; 2005e):

a. Anterioridade à consciência: as vivências se originam no inconsciente, em

particular, no sistema límbico-hipotalâmico e antecedem à consciência, podendo

se tornar conscientes, de forma imediata ou tardia, por exemplo, em minutos ou

em um mês;

b. Espontaneidade: as vivências não são controladas pela consciência; podem ser

"evocadas", mas, não direcionadas pela vontade;

c. Subjetividade: as vivências pertencem à esfera subjetiva e são expressões da

identidade de cada pessoa. As vivências experimentadas são únicas e íntimas.

Muitas vezes, não podem ser comunicadas nem por gestos e nem por palavras;

d. Intensidade variável: a intensidade das vivências é variável segundo diversos

aspectos como a sensibilidade de cada pessoa e o tipo específico de vivência

experimentada;

e. Temporalidade: são produzidas no lapso temporário "aqui e agora". “São

passageiras, constituem experiências de ‘gênese atual”, no sentido do conceito

proposto por Alfred Auersperg (apud TORO, 2002, p. 31), para referir-se à

continua criação de vida que se verifica nos organismos vivos”;

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f. Emocionalidade: as vivências, freqüentemente, evocam sentimentos, sensações e

emoções;

g. Dimensão cenestésica: as vivências são sempre acompanhadas de sensações

cenestésicas, comportam sensações de prazer, alegria, bem-estar, erotismo e

comprometem todo o organismo. A vivência é a via de acesso ao inconsciente

vital, uma proposição de Toro (2005c) que se refere à inteligência celular e que se

orienta por um sentido geral de autoconservação;

h. Dimensão ontológica: as vivências têm um valor ontológico, comprometem a

realidade do ser. São experiências onde pode ocorrer uma conexão absoluta de

intimidade com a própria essência e com a percepção de estar vivo;

i. Dimensão psicossomática: a vivência é um ponto de conexão da “unidade

psicossomática que está relacionado ao processo de transmutação do psíquico em

orgânico e do orgânico em psíquico.” As vivências integradoras, propostas na

Biodança, auxiliam uma elevação do grau de harmonização e vitalização

orgânica.

Modelo teórico da Biodança

A partir das primeiras experiências realizadas com enfermos psiquiátricos em 1965

(já citadas), Toro (2002; 2005b) passou a selecionar uma série de músicas e danças voltadas

para o reforço da percepção do sentimento de identidade, ou seja, um estado aumentado de

autoconsciência corporal. Utilizando músicas e danças pré-selecionadas, verificou que as

manifestações eram de um melhor discernimento da realidade, reduzindo as alucinações e

aumentando a comunicação.

Em suas pesquisas, Toro observou que

identidade e transe12 pareciam configurar um continuum pulsante. Certos exercícios aumentavam o sentimento de identidade e a consciência corporal, enquanto outros levavam a uma diminuição da percepção dos limites corporais e ao estado de transe. Era agora possível construir uma escala que, em graus sucessivos, fosse da identidade ao transe e vice-versa. Foi assim que se esboçou o primeiro eixo do modelo teórico da Biodança (TORO, 2002, p. 71) (Figura 3.1.).

Continuum

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IDENTIDADE TRANSE

Figura 3.1: Primeira configuração do modelo teórico da Biodança ������������������������������������������������������� ���!""!�����#���

Partindo de tais observações, Toro (2005b; 2002) estruturou repertórios de exercícios

e respectivas músicas que reforçavam a identidade e outros que induziam à regressão13. Por

exemplo, exercícios ativadores aumentam a percepção da própria identidade, enquanto

exercícios em “câmara lenta” deflagram estados regressivos (Figura 3.2.).

IDENTIDADE REGRESSÃO

EXERC. EUFORIZANTES EXERC. EM CÂMARA LENTA

Fig. 3.2: Relação entre os pólos da “identidade” e “regressão” do eixo horizontal do modelo teórico de Biodança, exercícios euforizantes e exercícios em câmara lenta.

Fonte: TORO, 2005b, p.23.

O autor concluiu que os estados denominados de “identidade” e “regressão” são

complementares e abrangem a totalidade da experiência humana. Enquanto vivencia o estado

de identidade, o indivíduo tende a se sentir “como um centro de percepção do mundo”,

enquanto que, no estado de regressão, pode se perceber como parte integrante da totalidade da

identidade universal (TORO 1991, p. 256).

Com o passar do tempo, Toro acrescentou ao eixo horizontal, um eixo vertical que

representa, no pólo inferior, a integração do potencial genético humano, a partir do qual

ocorre o desenvolvimento dos cinco canais de expressão da identidade humana, denominados

de “linhas de vivência”: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência

(TORO, 2002; 2005b).

12 “Transe” foi a primeira denominação do pólo esquerdo do eixo horizontal, que, em seguida, passou a ser

chamado de “regressão” e posteriormente, em 1991, de “consciência diminuída de si mesmo” (nota da pesquisadora).

13 Toro (1991) refere-se à “regressão” como um estado de diminuição de percepção da própria identidade, induzido por exercícios ���� ��

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Experiências subseqüentes levaram ao aperfeiçoamento do modelo teórico e

ampliaram as possibilidades quanto a outras classes de pessoas que poderiam realizar as aulas

de Biodança: crianças, adolescentes, gestantes, adultos, idosos, portadores de necessidades

físicas especiais, entre outras (TORO, 2002; 2005b).

A representação gráfica do Sistema Biodança, ou seja, seu modelo teórico, ao longo

do tempo, passou por diversas atualizações, como resultado do confronto de seus resultados

com a realidade. Foram acrescidos aspectos revelados pela pesquisa empírica e pela

observação fenomenológica (FERREIRA, 1997; TORO, 1991; 2002; 2005b), embora, em 35

anos de existência, a estrutura original do modelo não tenha sofrido alterações.

Dessa forma, o modelo teórico de Biodança pode ser concebido como

um sistema fechado de relações homeostáticas que, porém, apresenta aberturas sutis a novas possibilidades de equilíbrio, representadas pelo contato interpessoal, em um processo aberto de cocriação e de integração. Por esta razão, o modelo teórico de Biodança pode ser considerado um sistema semi-aberto que, em linguagem contemporânea, chamar-se-ia “sistema complexo adaptativo” (TORO, 2002, p. 73).

Componentes do modelo teórico de Biodança

Como já foi dito, o modelo desenvolvido por Toro (2002) foi evoluindo ao longo dos

tempos, porém mantendo a estrutura básica que o originou. Nessa evolução, também foram

alteradas as denominações dos pólos dos eixos, mantendo-se igualmente seu significado

primeiro, ou seja, no pólo direito, o de consciência intensificada de si mesmo e, no pólo

esquerdo, o de consciência diminuída de si mesmo.

No presente estudo será utilizado o primeiro modelo elaborado por Toro (1991), ou

seja, o dos eixos horizontal e vertical, considerando que essa estrutura foi mantida em todo

processo evolutivo da Biodança (Figura 3.3.). Da mesma forma, será usada a denominação de

seus componentes adotada pelo autor em 1991, por se considerar que essa terminologia (sem

que haja qualquer alteração de seus fundamentos) se apresenta mais apropriada, em relação ao

objeto deste trabalho, que é o autoconceito.

O modelo teórico se fundamenta em dois eixos virtuais, isto é, projeções direcionais

e conectadas. O eixo horizontal é estável, no sentido de que se mantém dentro da polaridade,

variando entre graus de “consciência intensificada de si mesmo” e “consciência diminuída de

si mesmo”, ou seja, tais graus se referem a sentimentos de estados de identidade intensificada

de si e diminuída de si, visando-se, em ambos, a integração do indivíduo consigo, com o outro

e com o ambiente (TORO, 2002).

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O eixo horizontal, pelo seu significado, desenvolve-se em todas as linhas de vivência,

podendo haver, por exemplo, uma “consciência intensificada ou diminuída de si mesmo” em

relação à vitalidade, à sexualidade e outras. Em cada linha, busca-se a evolução vertical que

simboliza o caminho da ontogênese.

O eixo vertical é pulsátil, ascendente e delineia uma progressão humana

ontogenética, na medida em que se busca uma evolução através das experiências de

identidade classificadas como linhas de vivência (FERREIRA, 1997).

A consecução dos estados pretendidos no modelo, nos eixos vertical e horizontal, dá-

se por meio da integração dos elementos música, movimento e vivência/relação (Ibid., 1997).

Adota-se, neste estudo, o termo vivência/relação, ou seja, a vivência como um modo

característico, singular, pelo qual a realidade é percebida e vivida (DILTHEY, 1945), para

distingui-la da vivência como integrante das cinco linhas ou canal de expressão da

potencialidade humana (TORO, 2002).

A partir desse modelo teórico, selecionam-se músicas e danças que apresentam

características de maior e menor ativação corporal. Músicas e danças, em conjunto,

desencadeiam a vivência/relação. As danças e músicas mais ativadoras se relacionam com o

pólo da consciência intensificada de si enquanto aquelas menos ativadoras, com o pólo da

consciência diminuída de si. A coerência entre os elementos dança, música e vivência

asseguram a eficácia da unidade metodológica por eles constituída (TORO, 2002).

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Legenda:

Filogênese: “é o aspecto ancestral, o caminho evolutivo percorrido pela espécie, cuja informação está contida no potencial genético” (FERREIRA, 1997, p. 85). Potencial Genético: este conceito se refere ao “conjunto de potencialidades herdadas geneticamente por cada pessoa” (FERREIRA, 1997, p. 85). Linhas de Vivência (TORO, 2002): V: Linha de Vitalidade; S: Linha de Sexualidade; C: Linha de Criatividade; A: Linha de Afetividade; T: Linha de Transcendência. Toro (2005b) define: Ontogênese - o desenvolvimento da espécie humana, desde o seu nascimento.

Consciência intensificada de si mesmo - é o aumento do sentimento de identidade e da consciência corporal Consciência diminuída de si mesmo - é a diminuição do sentimento de identidade e da consciência corporal.

Integração - é o ápice do processo ontogênico, em direção ao qual se dirige o desenvolvi- mento das linhas de vivência.

Linhas de Vivência

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V S C A T

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As linhas de vivência propostas por Toro (2002) são os canais de expressão dos

potenciais genéticos. O autor destacou a seguinte ordem das linhas de vivência: vitalidade,

sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência.

Linha de Vitalidade

Para Toro (2002), a vitalidade humana se caracteriza, de forma genérica, por um bom

patamar de saúde e harmonia do organismo. Segundo Góis (1995, p. 86), “a força, o ímpeto, a

energia vital, o vigor e a consistência biológica e existencial são manifestações da vitalidade”.

A linha de vitalidade se origina do instinto de autopreservação da vida,

dos mecanismos encarregados de manter o equilíbrio interno e a regulação do organismo. A vitalidade é o potencial de equilíbrio orgânico, de harmonia biológica, de impulso para o movimento, de impulso para a ação. Do ponto de vista existencial, o ímpeto de vitalidade leva as pessoas a perceberem fortes motivações para a vida e a terem energia para a ação (PAOLI, 2003, p. 36).

A expressão dessa linha vivencial ocorre na presença e diminuição do movimento, ou

seja, na ação gerada pelo desejo de movimento e pelo desejo de repouso (PAOLI, 2003).

O objetivo primeiro da expressão da vitalidade é a regulação orgânica, a supressão de

“dissociações entre partes e funções do corpo” (D’ALENCAR, 1988, p. 32). Os exercícios

vivenciais indicados para o desenvolvimento da linha de vitalidade são os caminhares

sinérgico, melódico e celebrante (REGINA, 1997), jogos de vitalidade, brincadeiras de olhar,

exercícios de fluidez, roda de ativação progressiva e danças rítmicas, entre outros

(CARVALHO, 1996).

Sob o enfoque sistêmico, a vitalidade se expressa pelo sentimento de alegria vital,

pelo desejo para a ação e pela potência dos instintos. Segundo Toro (2002 p. 85), alguns

indicadores podem ser importantes na avaliação da vitalidade: “resistência ao esforço,

vitalidade do movimento, estabilidade neurovegetativa, potência dos instintos e estado

nutricional”. Contudo, a vitalidade, à semelhança das outras linhas de vivência, tem um

caráter amplo e não pode ser avaliada por um dos indicadores.

Linha de Sexualidade

A sexualidade está presente em todos os nossos atos e é uma das formas de expressão do ser. Não é muito correto dizer que temos um sexo ou que fazemos sexo, mas que somos sexuados (VIOTTI; CARVALHO, 1997, p. 57).

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A sexualidade consiste no “conjunto de fenômenos da vida sexual” (FERREIRA,

1999, p. 1850), que se inicia na diferenciação sexual, no primeiro momento de vida e que se

encerra com a morte. Para Paoli, (2003), a sexualidade é a capacidade potencial de

fecundação, de experimentar o desejo e o prazer.

De acordo com Toro (2002, p. 86), a sexualidade abrange “o instinto sexual, a função

do orgasmo, o desejo e a busca do prazer, assim como as múltiplas emoções envolvidas na

manifestação e na satisfação do instinto sexual, cuja finalidade biológica é a reprodução”.

Em Biodança, o conceito de sexualidade ultrapassa as fronteiras da percepção

biológica da sexualidade: ela busca desenvolver, em qualquer idade, “a capacidade de

desfrutar o que se vive, de sentir desejo, de sentir prazer e de usufruir a sensação de

fecundidade perante a vida, considerando que essas sensações são funções naturais como a

respiração” (PAOLI, 2003, p. 38).

Trata-se de redescobrir os grandes e pequenos prazeres da vida, manifestos no

cotidiano: nas relações conjugais, na convivência familiar, no contato com a natureza, nos

pequenos gestos plenos de significado como saborear uma fruta deliciosa ou sentir o perfume

do orvalho da manhã (TORO, 2002).

Para que isto aconteça, como ponto de partida, é necessário reconciliar o corpo e o

espírito, separados há milhares de anos pela cultura (PAOLI, 2003).

Historicamente, o corpo tem sido considerado como fonte de sofrimento e dor,

instrumento de purificação do espírito e a Biodança propõe o inverso: redescobrir o corpo

como fonte de prazer, de alegria, reencontrar a sacralidade da vida que se expressa com o

corpo e pelo corpo (TORO, 2002).

Os exercícios que têm uma característica bem presente da linha de sexualidade

buscam o relaxamento da região pélvica e abdominal, como o exercício segmentares com

vivência específica de pélvis (REGINA, 1997), a vivência do auto-erotismo, como os

exercícios de auto-acariciamento de mãos e de rosto, enquanto o exercício acariciamento de

mãos em par objetiva o contato sensual diferenciado. O contato sensual indiferenciado pode

ser proposto, por exemplo, com o exercício denominado grupo compacto (LELLIS; KIKA,

1999).

Linha de Criatividade

A criatividade adulta emerge das mesmas fontes e tem a mesma motivação daquela das crianças. Resulta do desejo de prazer e da necessidade de auto-expressão. Tem a

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mesma atitude séria das brincadeiras e também causa prazer (...). Em relação à criatividade, todos somos crianças (LOWEN, 1970, p. 15).

A proposta da Biodança na linha de criatividade é a expressão dos impulsos

criativos inatos de inovação, de mudança, presente em todo ser vivo. A criatividade humana,

em especial, representa a própria extensão do movimento de um universo organizado e em

incessante criação. A criatividade não é um talento de poucos, mas, um potencial genético

presente em todas as faixas etárias do ser humano e que pode ser estimulado a se manifestar

por meio de vivências específicas de Biodança. O ser humano é simultaneamente a criação, a

criatura e o criador (TORO, 2002).

Toro (2002), sem descartar o aspecto cognitivo do processo criativo, ressalta a

criação existencial que é a capacidade do homem de criar a si mesmo. Essa autocriação leva-o

a buscar instituir novas formas de relação consigo e como o mundo, procurando modificar a

situação presente e inovando seu projeto de vida (PAOLI, 2003).

A linha de criatividade tem sua origem no instinto exploratório (TORO, 2002) e seus

exercícios “visam libertar o indivíduo de movimentos repetitivos preestabelecidos, expressos

em sua postura diante da vida” (D’ALENCAR, 2005, p. 47).

No elenco de exercícios indicados para estimular a criatividade estão presentes as

danças seqüenciais, ou seja, danças que apresentam etapas, tais como a dança de Shiva ou

dança da transformação, que simboliza a constante destruição e criação do mundo e a dança

de Vishnu ou dança da conservação, que representa a manutenção das coisas positivas

(TORO, 2002). Outros exercícios podem ainda ser citados: a dança da semente, dança yang,

dança yin, além de brincadeiras criativas que buscam resgatar a alegria, como a dança lúdica

em par ou brincadeiras de olhar (REGINA, 1997).

Linha de Afetividade

Ficou mais fácil abraçar as pessoas sem nenhum preconceito, sem nenhuma diferença (P4, 75 anos).

Em termos gerais, pode-se falar que a ação da Biodança consiste na integração,

reforço e desenvolvimento do núcleo afetivo (TORO, 1991). O autor ressaltou ainda mais a

importância da afetividade conceituando a Biodança como um sistema baseado na integração

afetiva. Dessa maneira, a linha de afetividade se constitui como o núcleo integrador de todas

as linhas vivenciais, permeando-as e associando-as; é a partir da afetividade que acontecem as

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vinculações amorosas que vão sendo estabelecidas em três níveis: do participante consigo

mesmo, com o outro e com o universo (TORO, 2002).

Afetividade é um estado de não-separação, de identificação, de afinidade profunda

entre os homens, é uma fonte que pode originar múltiplos sentimentos: amor, solidariedade,

compaixão, amizade, altruísmo, maternidade, paternidade e companheirismo (TORO, 2005a).

A expressão privilegiada da linha de afetividade é o amor, que pode ser diferenciado,

isto é, direcionado a uma só pessoa, como na relação mãe-filho, e indiferenciado, voltado para

a humanidade e para a natureza, de forma indistinta. (TORO, 2005b).

Fromm (1991, p. 60-61) traz a essência e a inter-relação do amor indiferenciado e

diferenciado ao afirmar:

amor é a capacidade de amar o outro não como uma pessoa específica; é uma atitude, uma orientação de caráter que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo. (...) Se posso dizer a outrem ‘eu te amo’, devo ser capaz de dizer: ‘amo em ti a todos, através de ti amo o mundo, amo-me a mim mesmo em ti’.

Schilder (1981, p. 183) relaciona a ressonância das vivências afetivas sobre o

movimento e a imagem corporal, ao afirmar que “quando sentimos amizade e amor,

expandimos o corpo. Abrimos os braços como se quiséssemos envolver com eles toda a

humanidade. Expandimo-nos, e os limites da imagem corporal perdem sua nitidez”.

A linha de afetividade tem sua origem no instinto de solidariedade intra-espécie que

dá origem a “impulsos de solidariedade, movimentos gregários, tendências altruístas e

constituem a gênese do amor” (PAOLI, 2003, p. 42).

Entre os inúmeros exercícios caracterizados como pertencentes à linha de afetividade

podem ser citados: roda de embalo, roda de comunhão, encontros afetivos em feed-back ,

colo, ninho da espécie, abraços fraternais, caminhar de confiança, caminhar com motivação

afetiva, entre outros (LELLIS; KIKA, 1999).

Linha de Transcendência

Para Toro (2005g, p. 3), a transcendência é uma capacidade natural do homem de

integrar-se essencialmente a todas as manifestações de vida do universo: “seres humanos,

animais, vegetais, minerais; em síntese, com a totalidade cósmica”. Na Biodança, transcender

significa elevar a força do eu, alcançando limites que ultrapassam a autopercepção e permitem

a identificação “com a unidade da natureza e a essência da pessoa” (TORO, 2002, p. 91).

Nessa acepção, a transcendência facilita a experiência de estados alterados de

consciência que Tart (1977, p. 41) definiu como “uma mudança na qualidade do padrão

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comum de funcionamento mental em que o experienciador sente que a sua consciência está

radicalmente diferente do seu funcionamento ‘normal’”. Grof (1992, p. 104) acrescentou que,

nesses estados, “há o sentimento de expansão da consciência para além das fronteiras egóicas

comuns e das limitações do tempo e do espaço”.

A proposta da Biodança, em relação a linha de transcendência, é possibilitar aos

participantes de grupo, a vivência de plenitude e harmonia interior, restabelecendo “um

sentido cósmico que os integra em uma unidade maior” (PAOLI, 2003, p. 44).

Exercícios como roda de reverência, roda de anjos, batismo de luz, conexão com a

natureza e encontros transcendentes são classificados como predominantemente

transcendentes (REGINA, 1997).

3.2. Elementos da Biodança

Esta seção tem como objetivo apresentar os princípios teóricos de cada um dos

elementos que integram o modelo operacional da Biodança, numa perspectiva interdisciplinar.

3.2.1 Música

Conceito, elementos e significação

Você pode entender a música como uma seqüência de probabilidades, não de probabilidades de coisas, mas de interconexões. Você nunca poderá falar da natureza de um som sem falar também de si mesmo, pois você se encontra comprometido e implicado no mundo que percebe. A música não pode ser pensada como uma substância ou matéria, mais como um acontecimento que envolve você de modo total. Escutar um som é sempre se escutar por dentro (FREGTMAN, 1995, p. 14).

As inúmeras definições e conceitos de música apresentam singularidades históricas,

culturais, artísticas, técnicas e terapêuticas que abrangem tanto a subjetividade quanto

objetividade do ser humano. Para Puigserver, Prats e Rovira (1995), a música pode ser

definida como uma linguagem artística que tem por meio de expressão os sons.

Etimologicamente, a palavra música vem de “musa”, termo de origem grega, que

designava personagens míticos femininos, inspiradores dos artistas. O vocábulo “música” é

originário do grego mousiké e significa “arte e ciência de combinar os sons de modo

agradável aos ouvidos; arte das musas” (CUNHA, 2001, p. 541).

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Do ponto de vista técnico, música é a combinação de sons e silêncios durante

determinado tempo, “produzindo uma seqüência sonora que transmite sensações agradáveis

ao ouvido, por meio das quais se pretende expressar ou comunicar um estado de espírito”

(MÚSICA, 2004, p. 3).

De acordo com Fregtman (1999, p. 13),

a música é uma experiência de caráter não-verbal, absolutamente inacessível por meios literários ou eruditos. Por tratar-se de um fenômeno tão arraigado no homem desde as suas origens, o acontecimento musical não conhece limites nem fronteiras, cores ou credos, épocas ou linguagens, e tem impregnado com seus ecos todos os espaços das ações humanas. Falar de música é falar de arte, filosofia da natureza, estética, psicologia e psicoterapia, lógica, ciência, semântica, ecologia, sistemas ou teoria das comunicações.

A origem da música é muito remota, tanto quanto a origem da palavra, sendo ambas

inatas ao homem e mantendo a mesma força misteriosa que o leva a expressar seus

sentimentos por meio delas (PAGANO, 1968).

A música é a mais antiga forma de expressão, mais até do que a linguagem ou a arte;

começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar aos outros. De fato, a

música “é” o homem, muito mais do que as palavras, porque estas são símbolos abstratos que

transmitem significado factual (MENUHIN e DAVIS, 1990).

Segundo Platão (apud NASCENTES, 1932), a música educa a alma. Mesmo no

sentido mais restrito da palavra, compreendia um conjunto de artes: a harmônica, a orgânica

ou fábrica de instrumentos, a orquéstrica ou dança, a métrica, entre outras. Além disso, a

música estava integrada em todas as manifestações da vida helênica: festas, guerras,

cerimônias religiosas e pagãs e teatro.

Na antiguidade grega, a música foi protagonista de várias lendas. Orfeu, por exemplo,

considerado o deus da música, filho da musa Calíope e do deus Apolo, quando tocava a sua

lira e cantava, movia todos os seres vivos e inanimados, alterando o curso dos rios, a direção

dos ventos e a trajetória dos astros (ANTIUS, 2004).

Para os hebreus, principalmente na época de Davi, a música era um meio de se darem

louvores a Deus e, instrumentada, tinha poderes de acalmar o rei Saul. Para os chineses, a

música era dividida em duas categorias: a ritual ou sagrada, envolvendo representações

sacras, e a popular, utilizada no teatro e nas canções, envolvendo a voz. Entre os assírios, a

música era de origem divina e acompanhava os atos da vida pública; os músicos eram mais

importantes que os sábios. Na Índia, a música tinha a mesma importância da religião

(PAGANO, 1968).

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No Ocidente, segundo Bennett (1994), a história da música pode ser resumida em

seis grandes períodos, quais sejam: música medieval, caracterizada por movimentos mais

lentos (MENUHIN; DAVIS, 1990); música renascentista, caracterizada mais pela exploração

das emoções e do espírito, para demonstrar a percepção de si e de mundo; música barroca,

que buscava, na maioria das vezes, um contraste dinâmico envolvendo o rápido, o lento e o

suave; música clássica, que primava por dividir a melodia em movimentos que iam desde

ritmos bem rápidos, até de andamento vagaroso, andamento alegre e muito rápido

(BENNETT, 1994); música romântica, que buscava expressar de forma intensa e vigorosa a

emoção, de modo a revelar pensamentos, sentimentos profundos e até dores; música do século

XX (a partir de 1910), como aquela reflete uma mistura complexa de diferentes tendências

(BENNETT, 1994). ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

A música é composta de três elementos fundamentais: melodia, harmonia e ritmo. A

melodia é definida como a primeira expressão da capacidade musical, da acentuação das

palavras, formando uma sucessão de sons que resultam em um padrão sonoro agradável

(ROSCHEL, 2004). Para Brenet (1962), a melodia é uma sucessão de sons que apresenta um

sentido agradável ao ouvido e satisfaz a inteligência. A harmonia musical, conforme a Nova

Enciclopédia Barsa (2001), é o conjunto de princípios que pesquisa os acordes –

agrupamentos de sons simultâneos – em sua composição e inter-relação, bem como a sua

adaptação a uma melodia. Já o ritmo é definido por Brenet (1962, p. 457) como “uma

proporção guardada entre o tempo de um movimento e de outro diferente”.

O ritmo, que trata do movimento musical no tempo, é organizado em padrões regulares que controlam o movimento da música e auxiliam o ouvido a compreender a sua estrutura. É um padrão regularmente espaçado que denomina a duração de cada som, determinando se eles podem ser mais longos o mais curtos (ENCARTA, 2002b).

Enquanto a harmonia se origina de notas emitidas simultaneamente, a melodia se

encontra exatamente na mudança sucessiva dos sons, trabalhando sua altura e duração,

estabelecendo assim valores sonoros e rítmicos (ANDRADE, 1989). Considera-se que a

harmonia se contrapõe à melodia na medida em que essa representa uma seqüência de sons e

aquela constitui uma combinação simultânea deles (ENCARTA, 2002a). Hegel (1966, p. 171)

afirma que “qualquer melodia, por exemplo, embora baseada na harmonia, possui e exprime

uma subjetividade mais elevada e mais livre. A harmonia pura e simples não revela nem a

animação subjetiva como tal nem a espiritualidade”.

A esses elementos, Bennett (1994) acrescenta timbre, forma e tessitura. O timbre

representa a qualidade do som, própria da voz e do instrumento; é uma particularidade do

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som. A forma é a configuração básica a partir da qual se molda ou se desenvolve uma obra

musical. Já a tessitura diz respeito à densidade do som, podendo apresentar efeitos penetrantes

e agressivos ou mais suaves e envolventes, também a tessitura que responde pela “trama

musical”, que pode ter uma ou mais linhas melódicas ao mesmo tempo.

A música é uma forma de linguagem, e Schurmann (1989) classifica a linguagem

conforme a percepção sensorial do homem. O cinema e a pintura, por exemplo, são formas de

expressão essencialmente visuais, enquanto a linguagem verbal e a música constituem-se

como linguagem sonora. Segundo Conde (2004, p. 1), sendo uma linguagem, a música

assemelha-se a um idioma, podendo ser estudada “como um conjunto articulado de signos,

por meio dos quais as pessoas podem expressar determinadas idéias”.

Semiótica é um conceito que designa a “ciência dos signos; semiologia” (FERREIRA,

1999, p. 1834). Aplicada à música, a semiótica é definida como “ciência que estuda o

significado musical”, que se reflete sobre todos os seus aspectos, desde a composição e

percepção, até a estética. (MARTINEZ, 2000, p. 1).

Hoje, já se fala em semiótica da música, como forma de se responder a questões como:

a música tem significado, o que a música quer expressar? A música significa emoções e

sentimentos?

Em linguagem técnica, “a semiótica investiga toda e qualquer forma de semiose, ou

seja, a ação dos signos ou processo de significação” (MARTINEZ, 2000, p. 1).

Na música, o processo de significação ocorre, do ponto de vista técnico, por meio da

notação musical. Para Martinez (2000, p. 1), no entanto, a interpretação sígnica não consiste

apenas no processo da produção representado pelo signo; há também uma interpretação que

envolve a percepção, a cognição e “todas as formas de desfrute estético.” Assim, os pontos

centrais da semiótica da música são os seguintes: o que e como a música significa, e para

quem e, em qual contexto ela é executada e expressa uma significação.

De acordo com Martinez (2000), há casos em que a música constitui um dos

fundamentos do signo estético; em outros, ela se associa a linguagens diferentes, com o que

adquire um caráter simbiótico, isto é, associativo, porque, no resultado final, a significação

geral abrange as características e potencialidades inerentes a cada uma das linguagens que a

integram. Em termos técnicos, há uma intersemiose, isto é, uma interação de várias

linguagens de signos que dá origem a uma outra linguagem. Essa reunião de signos - o da

música e a de cada uma das linguagens - transforma esse conjunto em um outro signo. Nessa

perspectiva, a música adquire um caráter multimidiático, isto é, uma multiplicidade de canais

de comunicação, exercendo papéis diversos e fundamentais em diferentes áreas.

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Conforme Campbell (2001), a música conduz à criação de imagens sensoriais,

afetando a consciência e motivando parte das atividades que o homem realiza. Do ponto de

vista da psicanálise, a utilização da livre associação faz com que as imagens sejam trazidas à

consciência, por meio de pensamentos e sentimentos inconscientes. A música tem o poder de

ampliar as imagens e multiplicar o seu impacto físico, mental e espiritual, por meio dos quais

as imagens surgidas podem servir de base à interpretação.

De acordo com Fregtman (1999, p. 156), há pelo menos três tipos de associações que

são geradas no homem ao ouvir um som: cinestésicas, por conotação e livres:

- Associação cinestésica, ou seja, a sensação percebida pelo movimento sonoro, “é

inevitável e se produz por algum tipo de semelhança física. Resulta de três

elementos: a forma do som, a intensidade forte ou fraca, grave ou aguda, e o timbre,

que é menos importante”;

- Associação por conotação, isto é, por relação, são “as associações que se

desenvolvem a partir de aspectos culturais, por meio dos quais se detectam

características de determinada cultura, associando-as a sons que traduzem alguma

mensagem”;

- Associação livre ou por correspondência, “ocorre num nível particular, individual,

vinculando-se à da história de cada pessoa, suas vivências e experiências pessoais.

Pode evocar situações passadas e produzir respostas”.

Os compositores Beethoven e Debussy, entre outros, imprimiram uma poderosa

faculdade associativa-evocativa em suas obras (FREGTMAN, 1999).

A música surte efeito sobre o comportamento humano. Conforme Fregtman (1986, p.

35), o corpo “perde a ingenuidade e a simplicidade” quando se encontra, principalmente, em

estado de arritmia sistêmica,ou seja, portando alterações generalizadas do ritmo corporal.

Atos vitais, como, por exemplo, a respiração, são alterados em relação a suas manifestações

naturais e espontâneas quando, por qualquer razão ou situação, ocorrências diferentes

transformam as condições físicas nas quais fundamentalmente eles se expressam. Significa

dizer que, se ocorrências internas e externas são capazes de promover alterações rítmicas nas

manifestações vitais, por associação, a música – elemento externo – pode alterar o estado

dessas manifestações. E sendo ela também dotada de um ritmo, a tendência é que esse ritmo

também interfira no ritmo das manifestações humanas.

Nesse aspecto, pode-se dizer que a música interfere no funcionamento do corpo

humano. No caso da cognição e da emoção, por exemplo, os efeitos dessa interferência podem

ser explicados da seguinte forma:

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As funções cognitivas do cérebro são controladas principalmente pelas redes corticais e de associação cerebrais, enquanto o impulso motivador e a resposta emocional são controlados pelo sistema límbico – mas essas estruturas cerebrais trabalham inextricavelmente juntas (ROEDERER, 1998, p. 263).

Em conjunto com o hipotálamo, órgão localizado no sistema nervoso central que

também participa das reações emocionais, o sistema límbico seleciona a entrada de estímulos

sensoriais, no caso, uma música, determina o que deve ser armazenado na memória ou evoca

um evento já arquivado naquela, de acordo com a importância da informação, mobilizando o

organismo a efetivar uma reação. Essa reação pode ser compreendida como uma “saída

motora com o objetivo específico de assegurar uma resposta que seja a mais positiva para a

preservação do organismo e a perpetuação da espécie num ambiente complexo”

(ROEDERER, 1998, p. 263).

Essa afirmação pode ser exemplificada da seguinte maneira: uma pessoa que esteja

apresentando uma freqüência cardíaca elevada em relação à atividade que está

desempenhando naquele momento, ao escutar determinada música, poderá ter como resposta

a diminuição do seu ritmo cardíaco.

Em relação a outros efeitos, para Kaminski e Hall (1996), geralmente, o relaxamento

ou diminuição da atividade geral produzidos por músicas de baixa freqüência, lento

andamento e harmonia simples, associada a uma melodia lírica, pode ser associado com a

estimulação do sistema límbico e do sistema parassimpático, este último, um componente do

sistema nervoso autônomo, relacionado com atividade de desativação corporal. Porém, ainda

não se determinou em que proporção os sons atuariam sobre o sistema nervoso, bem como

que processos cognitivos e ou afetivos poderiam sofrer os efeitos da música.

Para Miranda e Godeli (2003, p. 89), já há um reconhecimento de que a música

influencia o estado afetivo-emocional de quem a ouve, fazendo emergir tanto sensações

quanto sentimentos que podem levar o ouvinte a estabelecer associações extra-musicais

agradáveis ou desagradáveis. Citando Rosenfeld, as autoras explicam que, ao ouvirem música,

os indivíduos têm algumas expectativas de como as coisas vão ocorrer, expectativas essas baseadas na aprendizagem cultural, pois quando a música atende a essas expectativas, eles relaxam, mas se ela se desvia, cria tensão. A sucessão de expectativas atendidas e frustradas e a tensão e relaxamento resultante disso formam a base de diversas respostas emocionais à música.

Agudelo e Soto (2002) afirmam que vem se comprovando, através dos tempos, que

a música tem capacidade de influenciar o ser humano em todos os níveis, ou seja, biológico,

fisiológico, psicológico, intelectual, social e espiritual.

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Não são somente as características da música que alteram os estados subjetivos; há

também variáveis como: tempo de audição, significado das palavras da letra da música, seu

nível dinâmico e experiência musical anterior do indivíduo (MIRANDA;GODELI 2003).

Campbell (2001) se reportou, por exemplo, ao poder da música de Mozart, inclusive

objeto de pesquisa na década de 90 do século XX, nos Estados Unidos da América. Tais

pesquisas eram relacionadas, principalmente, aos aspectos cerebrais, partindo-se do princípio

de que “a música complexa facilita determinados padrões neuronais envolvidos em atividades

cerebrais superiores como matemática, e xadrez. Em contrapartida, a música simples e

repetitiva poderá ter o efeito oposto.” (SHAW apud CAMPBELL, 2001, p. 25).

Conforme Queiroz (1997), a Sinfonia Nº 40 em Sol Menor e o Adágio de Sinfonia

Concertante em Mi Bemol Maior de Mozart possuem uma harmonia e efeitos delicados que

tendem a despertar um sentimento de superação dialética de imperfeições daquilo que é

essencialmente material. Há, em resumo, uma espécie de expansão da percepção conceitual da

realidade na qual o sujeito está inserido.

Nesse sentido, Agudelo e Soto (2000) se referem aos benefícios trazidos pela música

em nível cerebral e neurológico. De acordo com investigações feitas por Frackwiak (apud

AGUDELO e SOTO, 2000), do Instituto de Neurologia de Londres, os resultados

demonstraram que o segmento que une os hemisférios cerebrais – chamado de corpo caloso -

levando informações de um para o outro, é mais desenvolvido nos músicos do que em outras

pessoas. Para as autoras, isso comprova que a música incrementa as conexões neurais,

estimulando tanto a aprendizagem – atividade prioritária do hemisfério esquerdo – como a

criatividade – principalmente desenvolvida no hemisfério direito.

Por sua vez, Queiroz (1997, p. 21) se reporta à relação entre corpo físico e estado

psíquico, para explicar que a emoção, diretamente associada a estados orgânicos, glandulares

e cerebrais, compõe, com o corpo, uma unidade indivisível. E a música, a partir de um padrão

harmonioso para o ambiente, em sendo elemento que emana vibrações, “estimula em

particular aquela parte, dentro dos aspectos humanos, que é também emanação, denominada

emoção”.

Na percepção filosófica, “entende-se por emoção, no sentido mais rigoroso do termo,

toda a reação psíquico-fisiológica de grande intensidade afetiva provocada por uma situação

nova ou inesperada” (FREITAS, 1992, p. 56). A psicologia se refere à emoção como um

“conceito geral para designar a natureza individual da vida emocional e do controle e

processamento de afetos” (DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA, 1981, p. 453).

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Quanto à comunicação, a música tem a capacidade de promover contato,

independente da linguagem verbal, propiciando uma aproximação de predomínio emocional.

Bang (1991) esclarece que, de maneira geral, nas pessoas com dificuldade de contato e que

são receptivas a música, esta se torna o elemento por meio do qual se dá a comunicação, isso

porque a comunicação verbal e motora não funcionam de forma suficiente a possibilitar

contatos. A emoção, por meio da música, torna-se uma forma de expressão.

Do ponto de vista histórico, a música era vinculada à prática de terapias e à crença de

que assim adquiria um poder mágico e curativo. Pitágoras afirmou que a música exercia sobre

o espírito um poder especial curativo e medicinal. Era também considerada elemento de

purificação da alma, enquanto a medicina curava o corpo. Havia, nesse pressuposto, uma

proporção de equilíbrio entre corpo e alma, com a qual se buscava a harmonia e a ordem, ao

mesmo tempo, criando-se laços entre saúde e música. (VALLE, 2000).

Para Bang (1991, p. 31),

a música é uma das melhores maneiras de manter a atenção de um ser humano devido à constante mistura de estímulos novos e estímulos já conhecidos. (...) A música, entre outras coisas, é uma forma de som estruturado, com uma linguagem e, a musicalidade é a aptidão de reagir aos estímulos musicais (...).

Conforme Costa (1989), a aplicabilidade da música a terapias pode ser observada em

um panorama histórico sucinto: na era primitiva, os povos incluíam danças e música nos ritos

de cura já que as doenças eram consideradas como originárias de maus espíritos; na Grécia

antiga, já havia uma atitude racional diante da doença, da qual se buscava conhecer a essência

dela para explicar as questões médicas. A patologia implicava uma desarmonia da natureza

humana, e o restabelecimento desse equilíbrio muitas vezes era feito por meio da música,

combinando-se ritmos e modos das músicas para produzirem resultados em doentes que

assistiam as audições musicais.

Na Idade Média, com a hegemonia do cristianismo, houve oposição às práticas

anteriores na cura dos enfermos, e o tratamento passou a ser feito em conventos; do século XI

a XIII surgiram escolas de medicina sob a égide de conhecimentos científicos. A música, que

fazia parte do currículo das universidades, teve sua forma e uso moldados pela Igreja, para

que fossem evitadas suas más influências. Também nesse período ressurgiram referências à

música como forma de tratamento de algumas moléstias, principalmente aquelas que hoje

podem ser denominadas como manifestações de histeria (COSTA, 1989).

À época do Renascimento ressurgiu a meloterapia, integrada à medicina metafísica

da época, englobando a filosofia e a astrologia, entre outras; nos séculos seguintes, XVI e

XVII, observou-se o desenvolvimento da medicina somática, e a música, integrada aos

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métodos terapêuticos correntes, mesmo com a preocupação da Igreja, era recomendada quase

que exclusivamente para os casos hoje chamados de psiquiátricos; no século XVIII, com a

Revolução Industrial, o fato psiquiátrico começou a se desligar do fato médico, com

diferenças entre medicamentos e tratamento psiquiátrico. Na busca de terapias que tocassem o

sensorial, “a música ocupa um lugar privilegiado, aparecendo então as primeiras obras

inteiramente dedicadas à musicoterapia, a maior parte das quais consagrava a música como

tratamento específico para doenças do campo psiquiátrico” (COSTA, 1989, p. 26).

Nesse século, Richars Brocklesby (apud Costa, 1989) escreveu um tratado completo,

do qual constam relatos de casos, sintomas e etiologia das doenças, inclusive a história

musical do paciente e indicações terapêuticas musicais.

Nos séculos XIX e XX, com a evolução das idéias e o desenvolvimento tecnológico,

observou-se um ritmo mais acelerado de vida, conseqüência da própria mudança trazida por

essa evolução. Já no século XX, na área da medicina, equipamentos avançados – como o

tomógrafo computadorizado, o ultra-som, o laser, por exemplo – trouxeram recursos que

auxiliam tanto o diagnóstico quanto a prevenção de doenças. Nesse mesmo contexto

evolutivo, também se alterou a relação do homem com a música, já que com a difusão dos

meios de comunicação e da presença de aparelhos domésticos sonoros, ela passou a participar

do cotidiano. Paralelamente, a mesma tecnologia possibilita o desenvolvimento mais apurado

de pesquisas da influência musical sobre o homem (COSTA, 1989).

A musicoterapia é definida por Benenzon (1988, p. 11) como

o campo da medicina que estuda o complexo som-ser humano-som, para utilizar o movimento, o som e a música, com o objetivo de abrir canais de comunicação no ser humano, para produzir efeitos terapêuticos, psicoprofiláticos e de reabilitação no mesmo e na sociedade.

Etimologicamente, o termo musicoterapia pode ser analisado sob dois aspectos: o

primeiro, o da música, que implica três elementos a serem utilizados: o movimento, o som e a

melodia. Em relação à hierarquia, o movimento traz o som e possibilita a estruturação de uma

linguagem musical. O segundo aspecto, a terapia, é um termo que se origina do grego e

significa a parte da medicina que se ocupa de preceitos e remédios para tratamento e cura de

doenças (BARCELLOS; SANTOS, 1996).

O desenvolvimento da musicoterapia se deu em três fases: na primeira, ressaltou-se a

importância dos efeitos produzidos pela música, deixando de lado o terapeuta musical; na

segunda, o terapeuta tende a desfocar-se um pouco da música e atentar para a relação com o

paciente; na terceira, foi adotada uma possibilidade intermediária entre as duas fases

anteriores (BARCELLOS; SANTOS, 1996).

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Conforme Benenzon (1988), o objetivo da musicoterapia na medicina é universal,

pois o ser humano não é corpo e mente, nem psique e soma, matéria e espírito; ele é um todo,

e a musicoterapia é uma técnica que se dirige à totalidade do indivíduo. Ela se volta para o

complexo som-ser humano–som como um círculo que inicia com um estímulo e sob forma de

processo produz outros estímulos sucessivos.

Esse processo engloba, do ponto de vista humano, o sistema auditivo, o tátil, o visual

e o sistema de percepção interna. Em seu funcionamento, o estímulo terapêutico-musical

acessa o organismo passando pelo sistema cortical, subcortical, pelo bulbo e pela medula,

envolvendo o sistema endócrino e o vago-simpático para produzir uma resposta. Por sua vez,

a resposta desencadeia aspectos motrizes, sensitivos, orgânicos, de comunicação e conduta

que funcionam como estímulo. Ressalte-se que se trata de um processo no qual todos os

fatores interagem reciprocamente, inclusive o próprio estímulo (BENENZON, 1988):

- primeiro, como modelo médico, cujas pesquisas indicaram efeitos sobre pessoas

mentalmente doentes. A música pode alcançar e influenciar de forma terapêutica o

processo que causa os sintomas de enfermidade mental;

- segundo, com base na psicodinâmica, que considera as possibilidades de a

comunicação musical favorecer a superação de censura verbal consciente, com

efeitos sobre a vida interior do indivíduo;

- terceiro, fundamentado em teorias da aprendizagem, voltado para os

comportamentos, ou seja, para atividades de um organismo que podem ser

observados por outro organismo ou pelo instrumento de um experimentador. Na

perspectiva clínica, são observados: se o comportamento é inadaptado, que

contingências ambientais mantêm o comportamento do paciente e que aspectos desse

ambiente podem ser manipulados para modificar o comportamento;

- quarto, abordagens sob a orientação humanista, isto é, centradas em quatro

postulados sobre o homem: superioridade do todo sobre a soma de suas partes; a

existência no contexto humano; o conhecimento consciente; escolha e

intencionalidade..

Em idosos, a musicoterapia, de maneira geral, utiliza-se da bagagem musical

adquirida no decorrer de sua vida, principalmente porque na época de sua juventude havia

predominância de mensagens em nível auditivo. Tais recursos são utilizados com idosos que

apresentam queixas de segregação, seja familiar, institucional ou até ambulatorial. A

conseqüência de tais queixas é a baixa auto-estima e o sentimento de desvalorização que

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podem levar à perda de identidade. “A musicoterapia tem provado sua eficácia no tratamento,

na prevenção e na reabilitação de diversas patologias, e vem promovendo a saúde daqueles

que dela se utilizam.” (TOURINHO, 2000, p. 2).

Em relação à utilização das músicas na prática da Biodança, estas são selecionadas

em um catálogo elaborado previamente, conforme um critério de semântica musical, que

valoriza os significados emocionais da música. A escolha musical é contextualizada às

necessidades e às características biológicas, culturais e sociais do grupo (TORO, 2002).

Além de utilizar as propriedades salutares da música, a Biodança acrescenta as da

dança e da vivência, componentes que interagindo em uma estrutura integrada, podem se

tornar um veículo de renovação orgânica. A sua base biológica se centra no princípio de que

todos os sistemas vivos revelam

um tipo de funcionamento complexo dentro de múltiplos fatores que geram soluções novas e apropriadas às dificuldades que se apresentam a cada momento. A fim de conservar o equilíbrio emocional, o organismo desencadeia reações de adaptação às mais variadas situações biológicas (TORO, 2002, p. 35).

3.2.2. Dança

Movimento

A experiência do corpo é descobrir o ritmo interno através do qual se pode mobilizar a via de comunicação que há em seu interior. Para isso, o corpo deve ser motivado e, sobretudo, ter um sentido: por isso me movo e para que (MARIA FUX, 1983, p. 37).

Na perspectiva biológica, Darwin (2000) defendia que os mais importantes atos

expressivos do homem e dos animais são tanto inatos quando hereditários, ou seja, repetem-se

de geração em geração. Tratam-se de gestos primordiais que podem ser resgatados a partir de

observações. Diante disso, em se tratando do homem, de acordo com Vargas (2004, p. 2),

“certos movimentos que necessitam de um longo exercício, podem muito bem ser usados de

maneira consciente e voluntária como forma de exprimir o pensamento”.

Sob o enfoque social, gestos naturais, ritualizados e funcionais, bem como ritmos

biológicos, sazonais ou cósmicos podem marcar secretamente “o tempo das relações íntimas

do homem com as coisas, consigo mesmo e com o mundo” (ELNADI; RIFAAT, 1993, p. 5).

De alguma forma, de acordo com Elnadi e Rifaat (1993), estabelece-se um sentido de

unidade entre o homem e seus pares, representada pela relação direta entre gesto simbólico e

resposta.

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Segundo Vargas (2004), importante nesse sentido do movimento é a entrada do

homem no mundo simbólico, ou seja, naquele em que o movimento vai representar imagens,

ensejando, paralelamente, uma linguagem que pode ser trabalhada e traduzida em nível

cultural, saindo assim de movimentos instintivos e estereotipados, ou seja, padronizados, que

estão relacionados à esfera animal.

Cánepa (2004, p. 2) refere-se à conduta simbólica afirmando que “nos símbolos, os

homens se põem de acordo para referir-se ou comunicar algo, por isso devem ser aprendidos e

por isso também trocam de um lugar para o outro”.

Na apreensão da linguagem gestual humana, os sistemas gestuais, semióticos, podem

ser vistos separadamente do discurso, mas não separados da linguagem. Assim, inserem-se o

gesto e os ritos com que o homem passou, inicialmente, a sistematizar uma determinada

forma de linguagem e de intenções.

O gesto é definido por Le Boulch (1987, p. 41) como da seguinte forma: “o gesto na

não é uma simples função psicofisiológica, nem mesmo uma simples realidade social; ele

pertence à expressão na medida em que exprime uma realidade humana.”

Vargas (2004, p. 1) afirma que

o gesto é uma das primeiras expressões do sentimento que a natureza deu ao homem; é a sua primeira função, vem junto com o seu código genético. A linguagem gestual é universal porque se funda na natureza. (...) Pelo gesto, o homem marca sua identidade em forma que lhes são tanto interiores quanto exteriores, tanto individuais quanto sociais, tanto conscientes quanto inconscientes.

Segundo Lapierre e Aucouturier (1986), existe uma pulsão do movimento primitivo e

fundamental à sobrevivência, relacionada com a mesma base da pulsão observada nos

movimentos do embrião humano. Depois vem a pulsão sexual como um aspecto orientado

para a procriação, podendo ser vista como uma pulsão motriz.

Para Le Boulch, (1987, p. 37), a pulsão “corresponde a um impulso do sujeito para

algum objeto exterior a ele mesmo: alimento, parceiro sexual, parceiro social”.

Na perspectiva psicanalítica, a pulsão é uma “tendência permanente e em geral,

inconsciente, que dirige e incita a atividade do indivíduo” (FERREIRA, 1999, p. 1666).

De modo geral, no sentido freudiano, uma pulsão se origina na excitação corporal e

seu objetivo é superar a tensão existente na fonte pulsional. Para Freud, da pulsão14 derivam

manifestações voltadas tanto para o exterior (como é o caso da pulsão da agressividade –

14 “Pulsão é um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo tender para o

objetivo”. (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995, p. 394).

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pulsão da vida), quanto para o interior, como pulsão do ego15, na qual a energia é colocada a

serviço do ego16 em situações de conflito, sendo similar à pulsão de autoconservação.

Toro (2002), em seu modelo teórico já visto, refere-se ao movimento ascendente e

pulsátil das cinco linhas de vivência, originárias do potencial genético. Ao alcançar um novo

nível evolutivo, o indivíduo alçaria o que o autor denominou de transtase. A transtase pode

acontecer na relação do indivíduo consigo mesmo, no curso de uma ou mais linhas vivenciais;

na interação das linhas de duas ou mais pessoas e na integração do homem com a natureza.

Lapierre e Aucouturier (1986) inserem a pulsão do movimento no contexto da pulsão

da vida, em cuja trama se encontram a experiência e o prazer do movimento em si e por si

mesmo, além de sua finalidade.

Toda modulação tônica (ou seja, o conteúdo emocional do gesto), porque está em relação com as estruturas mais arcaicas do cérebro, acorda as sensações de prazer mais primitivas e mais profundas, em relação com a pulsão vital do movimento biológico (Ibid., 1986, p. 31).

O movimento em si, conforme explica Le Boulch (1987), possui significações e

motivações. Na significação biológica, o movimento possui motivações primárias,

considerando-se motivação como um fator que explica a diferença entre a reação ou não

reação a determinados estímulos experimentados por indivíduos diferentes.

Neste grupo de movimentos se incluem as necessidades, as tendências e os instintos.

Le Boulch (1987, p. 35) refere-se ao caráter biológico do termo “necessidade”, tal

como a locomoção, que se apresenta “quando sobrevém um desequilíbrio entre o organismo e

seu meio.” Tendência ou ‘movimento no estado nascente’ traduz “o poder de ação orientada,

em relação a uma necessidade”.

Instintos são conceituados por Le Boulch (1987, p. 25) como

uma disposição inata que determina o organismo a ‘prestar atenção’ a todo objeto de um certo tipo e a experimentar em sua presença uma certa excitação emocional e uma impulsão para uma atividades que encontra sua expressão num modo específico de comportamento em relação a esse objeto.

Para Gasarabwe-Laroche (1993, p.29), o corpo só está vivo quando é animado por

diferentes e diversos ritmos biológicos (como o da respiração, dos batimentos cardíacos, do

próprio caminhar, por exemplo), enquanto explora espaço e tempo com gestos. E por toda a

vida, o ritmo se torna presente em todas as atividades humanas. “Os ritmos técnicos, como os

15 Ego: instância distinta do Id e do Superego e que se situa como mediadora entre as reivindicações do Id e as

exigências da realidade. (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995). 16 Arquétipos - “são possibilidades herdadas para representar imagens similares, são formas instintivas de

imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes toma formas.” (SILVEIRA, 1986, p. 77).

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do trabalho, transformam matérias-primas em produtos ou ferramentas, enquanto os ritmos do

canto, da dança e dos instrumentos mantêm-se exclusivamente no domínio do simbólico”.

Existe então, nessas formas de expressão do movimento, um caráter social e

expressivo que apesar de remeter à emoção e afetividade,

nunca é expressão pura, mas expressão em presença de outrem, e mais tarde expressão para outrem. Os movimentos expressivos do corpo, suas reações tônicas, assumem uma dimensão social na medida em que revestem de um sentido pragmático ou simbólico para outrem (LE BOULCH, 1987, p. 51).

Feijó (1994, p. 21) explica que os movimentos não acontecem por acaso, não são

gratuitos, nem são uma manifestação supérflua do corpo. Eles têm uma finalidade e são

expressos após uma avaliação subjetiva. Quando identificado o sentido de determinada

situação, o movimento vai representar um instrumento utilizado pelo corpo-mente “para

responder coerentemente ao significado convencionado”.

Ainda para Le Boulch (1987), a expressão de movimentos dos seres vivos constitui

sua manifestação como sujeitos em relação ao mundo, a outras pessoas ou a objetos,

inicialmente sem qualquer intenção ou consciência, como ocorre com os bebês recém-

nascidos. Mas como a expressão do movimento se desenvolve em presença de outras pessoas,

assume uma relação sob forma de significante, em sua objetividade e significado, em sua

subjetividade. Isso porque o movimento vai ser acolhido e interpretado pelo outro, passando a

ser uma expressão para outrem e deixando de ser uma simples manifestação de subjetividade.

O homem não se percebe sem movimentos; nasce com possibilidades potenciais,

porém necessita transformar-se em um experimentador a fim de se constituir em dono de seus

próprios movimentos. Assim, seus movimentos conseguem codificar, através de sucessões

criativas de gestos e funções organizadoras, a complexidade de sua vida interior, ao buscar

equacionar esse interior com a realidade do mundo exterior (LE BOULCH, 1987).

E o que mais pesa na elaboração de significados para esse equacionamento é a

qualidade e a intensidade das necessidades pessoais, significando dizer que “o movimento é a

expressão dinâmica do corpo, diante das necessidades mais urgentes da pessoa.” (FEIJÓ,

1994, p. 21).

Como auto-expressão, o movimento é uma necessidade fundamental, uma vez que a

personalidade tem necessidade de trazer à tona e comunicar suas características. “A auto-

expressão é tão importante que o seu bloqueio pode transformar-se em uma das causas da

neurose” (FEIJÓ, 1994, p. 22).

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Nessa necessidade de expressão, é primordial diferenciar duas situações em relação ao

corpo: o que se vive com o próprio corpo, de maneira inconsciente e a consciência daquilo

que se vive, no contexto do tempo e do espaço. Essa autoconsciência corporal auxilia a evitar

desgastes energéticos desnecessários. Esses movimentos autoconscientes produzem atividades

genuínas e promovem mudanças físicas e psíquicas que não só enriquecem e fortalecem,

como geram novos movimentos e possibilitam novos conteúdos (BRIKMAN, 1989).

Brikman (1989), ao falar da expressão corporal como linguagem do corpo em suas

estruturações e componentes, estabelece relações do movimento com o corpo, com o espaço,

com o tempo e com a criatividade. No primeiro caso, o corpo é responsável pela unidade

orgânica de elementos que se harmonizam através de movimentos, compondo assim, corpo e

movimento, um todo psicobiológico. Por isso, o trabalho corporal deve ser adequado à

peculiaridade de cada corpo, em cada etapa de desenvolvimento, buscando fazer com que ele

se projete para fora e para dentro. Em outras palavras, deve-se procurar fazer com que surjam

do movimento uma intenção e um desejo que depois se transformem em ação.

No segundo caso, o movimento corporal explora a dimensão espacial, podendo este

ser visto em duas dimensões: espaço interior, abrigando todos os eventos que acontecem “em

seus espaços vazios e cheios”, todos os sentimentos e todos os volumes do próprio corpo;

espaço exterior, delimitado pela pele e que abrange tudo que está além do corpo. Da relação

entre essas dimensões resulta a própria relação do mundo subjetivo com o objetivo.

Quanto ao movimento e ao tempo, também se considera a existência de um tempo

interior, relacionado com a peculiaridade de cada indivíduo em relação à intensidade, lentidão

e rapidez de seus movimentos; tempo exterior, baseado em fontes instaladas fora do

indivíduo, como por exemplo, as advindas da música. Da síntese entre esses dois tempos,

surge o tempo próprio.

No quarto caso, movimento e criatividade,

a aptidão criadora se expressa na capacidade de transformar o próprio movimento corporal, isto é, na capacidade de perceber a peculiaridade de seu movimento, de suas possibilidades pessoais, e de enriquecê-las, tudo isso devido à aptidão de sentir da forma mais profunda, gerada por uma conexão íntima consigo mesmo, por uma harmonia interior que gera, naturalmente, por sua vez, novas formas de movimento (BRIKMAN, 1989, p. 19).

Ossoma (1988) apresenta uma classificação dos movimentos em orgânicos,

expressivos instintivos, utilitários, involuntários e de imitação.

- os orgânicos são movimentos realizados pelo corpo com a finalidade orgânica, ou seja,

de desenvolver suas ações elementares e funcionais em direção a seus objetivos na

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vida cotidiana, como, por exemplo, o gesto de pegar o alimento e levá-lo à boca. Para

a autora, trata-se de movimentos despendidos do centro do corpo para a periferia,

centrífugos, de forma indireta e sem desvios na execução;

- os movimentos expressivos instintivos vêm da necessidade de comunicação do

homem e são orientados por seu instinto. É um meio de expressão a que todo homem

recorre, independente de seu grau de civilização, quando não consegue expressar-se

por palavras. É o caso de movimentos que demonstram inconformismo, dor, entre

outros; movimentos que não são produtos de imitação nem sofrem modificações pela

educação. São definidos como utilitários os movimentos realizados pelo homem na

busca de seus objetivos. Inicialmente, são movimentos orgânicos porque buscam a

satisfação de uma necessidade cotidiana, porém abrangem todas as ações que

antecedem o movimento orgânico em si. Em resumo, enquanto o movimento orgânico

se refere unicamente ao gesto de pegar o alimento e levar à boca, o movimento

utilitário engloba todas as etapas realizadas nessa intenção, que poderia ser a compra

e o preparo do alimento;

- os movimentos utilitários são aqueles realizados instintivamente, sem que o homem

tenha domínio sobre eles. Quase sempre são ditados pelo instinto de preservação e

proteção, como o movimento de extensão protetora do braço, que objetiva proteger a

cabeça, quando uma pessoa caí no chão;

- já os movimentos de imitação, os primeiros de que a criança utiliza em suas

experiências de comunicação, no adulto obedecem a determinados estímulos,

podendo se exemplificar, entre eles, as despedidas, sugerindo acenos, e a dança, que

vai da imitação direta para o simbolismo abstrato (OSSOMA, 1988).

Como movimento,

o corpo aprende a dançar no trânsito entre o determinismo e a aleatoriedade, um determinismo impresso na história evolutiva da sua espécie biológica que coabita com uma característica de probabilidade, que desenha o seu modo de existir. Por isso, tudo o que conquista como conhecimento não pode se arquitetar como conhecimento estático. (KATZ, 1994, p. 51).

Como linguagem gestual,

Toda a dança provém do impulso natural do homem para transformar em movimento seus sentimentos – quer tome a forma do pulo de alegria duma criança, da invocação ritual por uma tribo ou dum espetáculo teatral (BAKST apud CLARKE, 1964, p. 170).

Antes de se apresentar como uma manifestação artística, a dança surgiu como uma

forma espontânea de vida social. O homem já dançava, antes de utilizar uma linguagem

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verbal. “Em todas as sociedades de todos os hemisférios, o homem manifestou-se, expressou-

se com o seu próprio corpo desde as suas origens” (LE BOULCH, 1987, p. 77-78).

A dança é a manifestação de um instinto natural de comunicação com o outro e de

expressão das emoções. Pode ter surgido da necessidade de reagir fisicamente a uma emoção,

que é comum a todos os homens, em todos os tempos (CLARKE, 1964).

Nos grupamentos sociais primitivos, a dança se constituiu como um instrumento

fundamental de participação de expressão emocional das tribos. “Na dança, a expressão

corporal reportava os afetos compartilhados na vida grupal. Sob este enfoque, pode ser

considerada como uma linguagem social e religiosa que estabelece uma estreita empatia entre

dançarinos e espectadores” (LE BOULCH, 1987, p. 77).

O calor da dança funde, por assim dizer, os indivíduos isolados num só ser, comovido e animado por um único e mesmo sentimento. Durante a dança, os participantes encontram-se num estado de perfeita socialização, o grupo dançante sente e age como um organismo único e é precisamente neste efeito socializante que consistiu a significação da dança primitiva (LE BOULCH, 1987, p. 77).

Nas danças primitivas, o movimento expressava diferentes emoções ou sentimentos,

tais como o amor e o desejo, o ódio guerreiro, o agradecimento à terra pelos frutos colhidos,

além de exprimir fatos naturais ou acontecimentos da vida social como ritos fúnebres ou de

celebração (GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA, [s.d]).

A dança também apresentava um aspecto de ordem utilitária, que tinha a finalidade

de obter a cura de doenças, a proteção contra os cataclismos naturais, a vitória nas batalhas,

entre outras. Os homens primitivos vivenciavam a etapa do pensamento mágico e supunham

que dançando e evocando um ser ou um fenômeno de forma apropriada, estes se

materializariam (LE BOULCH, 1987).

Por essa razão, as danças primitivas eram denominadas imitativas, porque simulavam

a realização dos acontecimentos desejados e permitiam que os dançarinos superassem

a angústia coletiva diante das forças desconhecidas. Quem dança uma dança imitativa, fica tomado por seu papel; ele se converte verdadeiramente em animal, espírito, Deus. Uma força independente de sua vontade o impele a agir como tal; fica literalmente possuído. É nesse aspecto que o poder emocional é enorme: os dançarinos e os espectadores vivem, de fato, corporalmente, a situação (LE BOULCH, 1987, p. 77).

Conforme Clarke (1964), os movimentos das danças primitivas, embora indiquem os

princípios da dança, ainda não podem ser considerados como dança. Os movimentos da dança

tais como saltos e pulos, quando organizados por ritmo definido, começam a se aproximar de

uma forma artística da dança.

A dança passou a ser uma arte quando os impulsos naturais dos povos primitivos foram gradualmente submetidos ao ritmo – primeiro, o do bater dos pés e depois, o

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de tambores e outros instrumentos musicais, mais tarde, os passos começaram a seguir esquemas destinados a expressar certas idéias e crenças e alguns executantes dedicaram-se ao reino cuidadoso dos seus corpos, a fim de os tornarem mais flexíveis e expressivos (CLARK, 1964, p. 170).

Para Le Boulch (1987), a dança primitiva essencialmente imitativa transformou-se,

de maneira progressiva, em dança de simbolismo convencional, codificada e técnica,

perdendo assim o seu caráter de expressão espontânea.

Para Toro (2002), Góis e Moreira (2003/2004, p. 49), o dançarino, em sua expressão,

entrega-se ao movimento vital e se permite deslocar e transformar-se. (...) “mas para que haja

o movimento, é preciso também haver o não movimento, a quietude, o silêncio do corpo

dançante”. Esse movimento-não/movimento, em sua plenitude, pode ser compreendido como

possibilidade de deslocamento na vida, “no meio em que há interações, em busca do melhor

gesto, dessa grande força de expressão”.

Em Biodança, o espaço/tempo do movimento pode ser compreendido no eixo

horizontal do modelo teórico, já visto, que vai do pólo de ativação corporal ao pólo de

desativação corporal (TORO, 2002).

De acordo com Hewes (1973), o corpo apresenta uma linguagem própria, baseada na

estrutura cognitiva inata ao gesto. Para o autor, o movimento é a língua natal e o pensamento

primordial do homem.

Martha Graham (apud HANNA, 1983), conhecida dançarina moderna dos anos 30

do século XX, descreveu a dança como sendo basicamente uma expressão emocional.

Conforme Safire (1991, p. 16), a dança é uma “forma de falar, um dicionário de palavras e

uma fala silenciosa”.

Como terapia, para Laban (1978), os movimentos da dança se distinguem em dois

tipos essenciais: os que partem do centro do corpo e vão para a periferia – para as

extremidades das pernas e dos braços (movimentos centrífugos), e os que partem das mãos e

se refletem no centro do corpo, numa espécie de recolhimento (movimentos centrípetos).

Qualquer movimento pode ser visto a partir dos seguintes parâmetros: que parte do corpo se

move? Para qual direção do espaço vai o movimento: qual a velocidade da execução e qual o

grau de energia muscular desprendida?

A psicanálise considera que o movimento, independente da intenção e da consciência

que o rege, é, em primeiro lugar, “uma afecção”, um fenômeno que afeta “um organismo,

carregado de toda dimensão deste organismo, uma projeção no mundo da estrutura global do

ser.” (LE BOULCH, 1987, p. 25).

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Observando os movimentos na acepção da dança, Laban (1978) explica que os

movimentos por ela produzidos representam não só uma ruptura com os movimentos habituais

e com as realidades já conhecidas, como também leva à instauração de outras ordens de

movimento, na qual ocorre uma comunicação, a tomada de consciência do outro e a

consciência da comunidade na qual se vive.

Percebe-se assim um aspecto psicológico central que implica a relação dos

movimentos com o exterior e com os sentidos corporais, cujas impressões estão implícitas na

própria motricidade. Significa que quando se percebe ou se imagina um objeto, ou se constrói

a percepção desse objeto, o corpo não age como um mero perceptor, pois existe uma

personalidade que experimenta a percepção de um mundo peculiar (BRIKMAN, 1989).

Conforme Fux (1983), os movimentos promovem mudanças não só físicas, uma vez

que ativam todo o corpo internamente, corpo esse muitas vezes ignorado e cheio de medos

psicológicos ou físicos. Na dança, por exemplo, a técnica deve evoluir, no sentido de expressar

o que se tem dentro de si.

Em seu trabalho com idosos através da dança, Fux (1983) explicou que muitos

chegam com histórico de sedentarismo, de esquecimento e de desencontros, com movimentos

que se afastam cada vez mais da flexibilidade natural que se traz da infância. São tensões

psíquicas, preconceitos e medos que os fazem sentir ter perdido a possibilidade de expressão e

de movimento, além do rotineiro e do previsível. Com a dança, à medida que aumentam suas

possibilidades no transcorrer do trabalho com idosos, produz-se também uma melhor aceitação

do seu corpo e seus movimentos são ampliados em sua capacidade expressiva e criativa.

Para Fux (1983), pessoas idosas que atravessam essa etapa da vida movidas pela

dolência podem, por meio dos movimentos, reintegrarem-se ao meio, explorando e

desenvolvendo potencialidades anteriormente adormecidas, que afloram com estímulos

musicais, visuais e palavras motivadoras, que as ajudam a crer em si mesmas.

Ressalte-se que o movimento como terapia, aqui abordado, se distingue da

cinesioterapia, que “é o uso de exercícios ou movimentos como forma de tratamento”, sendo

o seu objetivo a melhoria ou manutenção do estado funcional do indivíduo (SECCO, 1999, p.

15). No contexto desse primeiro aspecto, insere-se a dançaterapia.

Também sob esse prisma, pode-se observar a Biodança, que tem entre seus objetivos,

a integração humana pessoal e interpessoal, atuando mediante a estimulação de suas funções

primordiais, que pode ser visto na perspectiva dos movimentos naturais, plenos de sentido

vital (TORO, 2002).

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3.2.3 Vivência

Vida

O significado da vida é a unidade da conexão das partes e valor de cada uma. Esta unidade enraíza a natureza da vida. É, pois o significado uma categoria tirada da própria vida (DILTHEY, 1945, p. 472).

A palavra vida, originária do latim uita, referencia os meios ou a maneira de viver,

por oposição à morte, que é desprovida dessa vivacidade, no sentido de alimento e meio de

sobrevivência. Essa referência latina de vida, em particular da humana, correlaciona-se com o

grego bio, que significa vida em si mesma, o ser vivo (SILVA, 1989).

Vida apresenta ainda um outro significado singular quando se refere ao ser humano,

“no seu aspecto espiritual, a partir da intuição e do entendimento (em especial, os gregos) ou

da fé e da ação (em especial, no mundo cristão)”. Em se tratando da cultura cristã, observa-se

uma menção predominante ao valor e significado da vida (FRAGA, 1989, p. 512).

Quando uma filosofia pretende compreender a vida a partir de si própria, a partir da vivência imediata e sobrevaloriza o instinto e o sentimento contra o intelecto, a mística contra o racionalismo, a intuição contra o conceito, criação contra o mecanismo, tende a ser o que se designa por uma filosofia da vida (FRAGA, 1989, p. 513-514).

No cenário mundial, Nietzsche, Bérgson e Keyserling são nomes muito destacados

como filósofos da vida. Contudo, a expressão filosofia da vida, em seu sentido bem preciso,

refere-se à doutrina de Wilhelm Dilthey (1833-1911), denominado o filósofo da vida

(FRAGA, 1989).

A filosofia da vida, segundo Dilthey (apud FRAGA, 1989), estuda o mundo do

espírito, ou seja, “a parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano” (FERREIRA,

1999, p. 818), em suas dimensões históricas e sociais, de acordo com a sua essência. O nexo

das ciências do espírito baseia-se na relação entre a vivência e compreensão de três

pressupostos:

a. A ampliação do saber vivencial necessita da interpretação das objetivações da

vida, ou seja, do esclarecimento dos elementos reais ou existentes objetivamente

(FERREIRA, 1999), da vida que só se torna possível tendo como fundamento a

profundidade subjetiva da vivência;

b. O entendimento do singular só se torna possível pela presença do saber geral,

sempre pressuposto na compreensão;

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c. “A compreensão de uma parte do curso da história exige a relação da parte ao todo

e, o panorama universal-histórico do todo pressupõe o antecipamento das partes

que nele estão unidas” (FRAGA, 1989, p. 514-515).

A tarefa filosófica de Dilthey, conforme Morujão (1989, p. 1420), constituiu-se na

fundamentação da “inteligibilidade do histórico como tal e, com esta, todas as modalidades do

conhecimento do homem que impliquem uma relação histórica, ou seja, as ciências do

espírito”, aquelas que compõem o mundo anímico. As ciências do espírito requerem como

ciência básica a psicologia, que se contrapõe às disciplinas estruturadas nos métodos das

ciências naturais.

A psicologia de Dilthey (apud MORUJÃO, 1989, p. 1421) alicerça todos os sistemas

culturais, filosóficos e religiosos; ela é compreensiva e não construtiva ou explicativa. O

objeto primeiro da psicologia da vida é “descobrir o fenômeno fundamental da conexão

interna que é dada pela vivência, onde na unidade de um ser pensante se expressa a

consciência da estrutura totalitária do homem na sua individualidade”. A psicologia, sob esta

perspectiva, permite o acesso à história do homem, à vida, substancialmente histórica, “uma

totalidade difundida na multiplicidade de formas”.

Toro (2002) fundamenta-se na filosofia da vida, especialmente em Dilthey, ao propor

uma nova forma de conhecimento, uma inversão epistemológica através da vivência, que

reconcilia a abordagem lógico-racional e estados vivenciais. E essa forma de conhecer a si

mesmo, ao outro e aos fenômenos naturais poderia ser facilitada em uma sala de aula e estaria

disponível a diferentes grupos de pessoas.

O conhecer através da vivência remete ao ‘saber das origens’, isto é, uma cognição primordial. (...) isto significa que os caminhos para alcançar o conhecimento sobre a realidade são múltiplos e abarcam a informação emocional e cenestésica. (...) Trata-se de vincular o saber com a experiência, com a profundidade e a totalidade de nosso ser vivente. (...) Biodanza permite superar a cisão entre a ‘experiência íntima’ e ‘cognição’ e modificar a própria idéia do conhecimento (PINTOR apud TORO, 2005e, p. 21).

Vivência

- Que experiência pode-se então ter do Tu? - Nenhuma, pois não se pode experenciá-lo. - O que se sabe, então, a respeito do Tu? - Somente tudo, pois não se sabe, a seu respeito, nada de parcial (BUBER, 1977, p. 12).

Vivência é um termo traduzido do termo alemão Erlebnis e foi inserida pelo filósofo

historicista e existencialista Dilthey no vocabulário filosófico (FIDALGO, 1989). Na

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linguagem cotidiana, a vivência é definida por Sacconi (2002, p. 81) como “existência,

experiência de contato íntimo (...)”.

Merleau-Ponty (1994, p.142), referindo-se à vivência integral de ser no mundo,

afirma: “ser uma consciência, ou antes, uma experiência, é comunicar interiormente com o

mundo, com o corpo e com os outros, ser com eles em lugar de estar ao lado deles”.

Para Dilthey (1945), a vivência é um modo característico, singular, pelo qual a

realidade é percebida e vivida, sendo anterior ao pensamento, à comunicação e ao

conhecimento do momento vivido. É a vida imediata, tal como se dá, no aqui e agora. Ela

implica a forma como as pessoas interagem com a realidade, de modo imediato, subjetivo e

individualizado.

Na vivência,

a realidade está aí para mim. Não se enfrenta como algo percebido ou representado; não nos é dada senão que a realidade “vivência” está aí para nós porque nos percebemos dentro dela, porque a tenho de modo imediato como pertencente a mim, em algum sentido. No pensamento é quando logo se faz objeto (DILTEY, 1945, p. 419).

Fidalgo (1989) explica que, em Dilthey, vivência significa uma consciência imediata

do objeto, ou seja, a doação (do sujeito) e o dado (um objeto) estão de tal forma integrados

que se torna quase impossível separar os limites da cada um. Na vivência, são destacados dois

momentos: a doação e a imediaticidade, do que resta um resultado cheio de significado que

permanece. Ela é imediata porque antecede qualquer interpretação ou mediação.

Trata-se de uma modalidade de conhecimento adquirido que implica uma relação

histórica com o objeto, considerado esse último como todo aquele com o qual o homem se

inter-relaciona na vida, em suas múltiplas formas.

Cada coisa é um ingrediente ou elemento da nossa vida que a condiciona e só nela adquiri um sentido pleno em função da totalidade. Assim como na alma humana há estruturas totalizantes variadas, também a história das ciências do espírito revela a existência de formas variadas de se ver o mundo (MORUJÃO, 1989, p. 1420).

Essas formas determinam uma espécie de sentimento que marca as diferentes

épocas, as formas de religião, a forma da arte e da ciência e as convicções sobre o mundo.

Não há, em princípio, uma construção mental que determine o modo de se ver o mundo e de

se viver (MORUJÃO, 1989).

Para Toro (2002, p. 32), “a vivência é uma experiência inevitável que comunica um

conteúdo preciso de sensações e percepções e, que anula a existência entre aquilo que se sente

e a observação do próprio sentir. Esta experiência implica uma forma de consciência que,

segundo Merleau Ponty, tem legitimidade científica”.

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Na perspectiva fenomenológica, a vivência é considerada um lugar do conhecimento.

Husserl (1986) explica que o conhecimento é, em todas as suas formas, uma vivência

psíquica; é o sujeito que conhece, diante do qual se encontram os objetos conhecidos. Trata-

se, pois de vivências subjetivas nas quais se encontram a memória, a expectativa e todos os

atos intelectuais sobre elas edificados, em virtude dos quais se chega à posição de ser real e ao

estabelecimento sobre esse ser.

Na fenomenologia, a vivência é uma relação intencional de cujos movimentos

resultam uma consciência. A intencionalidade constitui um caráter objetivo da vivência e

inclui sempre o vivido (FIDALGO, 1989).

Dilthey fala da vivência como geradora de fatos da consciência, relacionados esses a

acima de tudo, as experiências de dor, prazer, alegria, esperança, satisfação etc, a começar pela experiência mais elementar da resistência exercida por um mundo exterior sobre o movimento do meu corpo. É aqui que a vivência é introduzida como uma categoria epistemológica colocada em oposição ao conceito de representação (RODI, apud AMARAL, 1987, p. 8).

A diferença entre a experiência da realidade obtida pelo sujeito cognoscente, isto é, o

indivíduo que conhece ou que pode conhecer, e a vivência, é que enquanto a experiência do

conhecimento se constitui em relação dentro de uma realidade fragmentada, a vivência, no

sentido dilteriano, representa o símbolo da experiência plena e não fragmentada de uma

realidade que também é plena e total (AMARAL, 1987).

A vida, considerada histórica, é uma totalidade que se difunde de várias maneiras;

cada uma delas é um elemento que só adquire um sentido pleno quando considerada na

perspectiva do próprio sentido de totalidade (AMARAL, 1987).

Enquanto para Dilthey a vivência se realiza numa perspectiva histórica e é difundida

numa multiplicidade de formas, para Husserl (1986), a vivência é fator de conhecimento e

consciência.

Para Almeida (apud Góis, 2002, p. 69), a vivência se apresenta ao ser sob duas

perspectivas: epistemológica17 e ontológica: a epistemológica se reporta “à possibilidade da

vivência levar ao conhecimento ou fazer-se conhecer, enquanto a outra trata da vivência

mesma do Ser. Uma, é reduzida, a outra é totalizadora”18.

Segundo Góis (2002, p. 69-70), a vivência ontológica é também biocêntrica, ou seja,

traz “o viver do estar-aqui, do instante, do corporal e do estético, da identidade que expressa a

17 “A epistemologia (Filos.) é o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas”

(...) (CUNHA, 2001, p. 308), 18 A ontologia é um capítulo da filosofia “que trata do ser enquanto ser, i. e., do ser concebido como tendo uma

natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres” (FERREIRA, 1999, p. 1447).

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vida em sua singularidade, imediaticidade e beleza”. A tentativa de conhecer a vivência ou

torná-la conhecida, fragmenta-a, distancia-a dela própria, reduz a sua essência, despe-a “de

sua intimidade e inteireza. A vivência não se encontra subordinada à consciência, mas esta se

encontra enraizada nela”.

Buber (1977, p. 117), teólogo e educador, considerado como o filósofo da relação

inter-humana, explica que o mundo das relações (vivência) se realiza em três planos: no

primeiro, a relação se dá com a natureza, sob forma de contatos que se realizam no limiar da

linguagem; a segunda é a relação com os homens, de forma explícita, por meio da qual se

pode endereçar palavras e gestos às pessoas e delas também os receber e nesse plano, “a

relação toma forma de linguagem”; o terceiro diz respeito à interação com os seres espirituais,

envolta em silêncio mas, gerando linguagens.

Essas relações derivam da teoria de Buber (1977), segundo a qual as interações

acontecem em pares de vocábulos-princípio, representando as relações: Eu/Tu, relação com os

homens, Eu/Isso, com o mundo, e Eu/Tu Eterno, relação com divindades. Ressalte-se que essa

classificação se refere especificamente à essência com que se vivencia a relação.

Na relação Eu/Tu que fundamenta o mundo da relação, ocorre integração total, fusão

entre o homem e o mundo, de tal forma que não se separam os limites da experiência de um e

de outro; não se identificam as emanações de um e de outro já que a experiência se

completou, tornando-se um só. Para essa relação, não há restrições de tempo e espaço.

A relação com o Tu é imediata, entre o Eu e o Tu não se interpõe nenhum jogo de conceitos, nenhum esquema, nenhuma fantasia, e a própria memória se transforma no momento em que se passa dos detalhes à totalidade. Entre o Eu e o Tu não há fim algum, nenhuma avidez ou antecipação; e a própria aspiração se transforma no momento em que se passa do sonho à realidade, todo meio é obstáculo. Somente na medida em que todos os meios são abolidos, acontece o encontro (BUBER, 1977, p. 13).

Duas características desse tipo de relação, a imediatez e a doação, são idênticas às

referendadas por Dilthey (1945). A relação Eu/Tu pode acontecer entre um homem e um

objeto, como, num exemplo citado por Buber (1977), numa relação de uma criança com seu

ursinho de pelúcia.

Na relação Eu/Isso, há separação entre o que é de cada um, como na relação do

homem com o mundo do conhecimento, da experiência. Contrapondo-se ao mundo do Tu,

onde não há limitações do tempo e do espaço, o mundo do Isso possui coerência temporal e

espacial. Buber (1977, p. 59) refere-se ao Isso como “o reino absoluto da causalidade. Cada

fenômeno perceptível pelos sentidos e cada fenômeno psíquico pré-existente ou que se

encontra na experiência própria, passa necessariamente por causado e causador”.

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E na relação Eu/Tu Eterno há um “Eu/Tu” com seres espirituais, ou seja, uma fusão

entre o homem e o mundo espiritual. De acordo com Buber (1977), as pessoas que entram na

relação absoluta, ou seja, àquelas que encontram o TU Eterno, a exclusividade e inclusividade

absoluta se identificam: todos os objetos do mundo do Isso e os entes do mundo do Tu estão

incluídos nessa relação.

Sem dúvida Deus é o “totalmente Outro”. Ele é, porém, o totalmente Mesmo, o totalmente Presente. Sem dúvida, Ele é o mysterium tremendum cuja aparição nos subjuga, mas Ele é também o mistério da evidência que me é mais próximo do que o meu próprio Eu (BUBER, 1977, p. 92).

Segundo Vargas (2004), a vivência é um fator gerador de respostas adequadas nas

quais se inserem as tensões e as emoções que caracterizam a evolução psicológica e afetiva do

homem.

Viotti e Carvalho (1997, p. 45-46) referem-se à vivência utilizada na Biodança como

método pedagógico de acesso e transformação do real, que parte do instante vivido e não do

conhecimento, possibilitando um crescimento afetivo do ser humano.

A aprendizagem se faz no próprio ato de viver – a vivência é a vida acontecendo particularmente, singularmente. O ponto de partida para olhar o mundo e transformá-lo é nossa própria vida vivida. O ponto de partida é a expressão do mundo em nós, é a vivência como lugar de totalização do ser. O conhecimento, portanto, não se dá pela via racional, mas pelo corpo, que nos abre um caminho ao inacessível, ao incognoscível, que nos torna capazes de dialogar com o mundo.

3.3. A Prática da Biodança

Uma aula de Biodança é uma solenidade de celebração da vida, uma cerimônia de

autotransformação por meio da vivência. Constitui-se em um processo de integração da

identidade humana, em seus aspectos viscerais e comportamentais (TORO, 2005f).

De acordo com o seu criador, Toro (2005f, p. 4), o objetivo de uma aula de Biodança

é o mesmo do sistema Biodança: “consiste na integração da identidade mediante a expressão

dos potenciais genéticos estimulados nas cinco linhas de vivência”, ou seja, vitalidade,

sexualidade, afetividade, criatividade e transcendência.

Em relação aos diversos tipos de grupo tais como crianças, adolescentes e idosos, os

objetivos específicos são ajustados às características de cada grupo. Para Azambuja (2002, p.

6), em se tratando de grupos de idosos, o mais importante objetivo específico da Biodança “é

produzir modificações na qualidade de vida dos idosos, melhorando funções e facilitando a

expressão de potencialidades latentes”.

O grupo

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Uma aula de Biodança é sempre realizada em grupo; não existe Biodança individual

(TORO, 2002). Isso se justifica porque o grupo apresenta diferentes funções, de conformidade

com a etapa de desenvolvimento da aula, com a capacidade indutora da música e com a

seqüência dos exercícios. Dependendo do contexto, o grupo pode ter as seguintes funções

(TORO, 1999):

- Permissiva: o grupo atua de maneira que permite aos participantes diminuir a

potência dos seus mecanismos de defesa;

- Facilitadora: o reforço das expressões saudáveis de cada participante, o estímulo do

ímpeto vital, o desejo de contato, entre outras, são expressões de algumas das

funções facilitadoras do grupo;

- Deflagradora: o grupo pode deflagrar, ou seja, facilitar um processo de crescimento;

- Integradora: são condições que o grupo apresenta de forma que os participantes

podem alçar um novo nível de crescimento dentro do espiral evolutivo de cada linha

de vivência.

- Criadora: o grupo permite a indução de situações expressivas e de um clima de

tensão criadora;

- Transcendente: o grupo pode se tornar matriz de renascimento em situações tais

como cerimônias de transe e danças arquetípicas (TORO, 1999).

Para Toro (1991), o grupo de Biodança é a matriz de renascimento, ou seja, a matriz

afetiva que facilita as transformações existenciais. Em seu aspecto energético,

é um biogerador, um centro gerador de vida. A concentração de energia convergente dentro de um grupo produz um potencial maior que a soma de suas partes. Esta energia biológica renovadora promove a unidade e a harmonia do organismo. Cria-se, assim, um campo magnético em que se refletem e projetam emoções, desejos e sensações físicas de grande intensidade (TORO, 1999, p. 3).

Os grupos de Biodança, de acordo com Santos (1997), podem variar em relação ao

número de participantes, de seis a dez pessoas, o qual a autora classificou como grupo

mínimo, até grupos gigantes, formados por 100 integrantes ou mais.

A metodologia da Biodança permite agrupar uma variedade muito ampla de

participantes em relação às características bem singulares de cada grupo, como, por exemplo,

idosos, crianças, gestantes, adolescentes, casais, funcionários de empresas, mulheres

mastectomizadas, hipertensos, obesos, deficientes mentais, entre outros (TORO, 1991).

Em se tratando de grupos de idosos, por exemplo, estes são muito comuns em

localidades nas quais residem professores de Biodança, quer se tratando de cidades brasileiras

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ou de outros países. Todavia, não existem pesquisas evidenciando dados qualitativos ou

quantitativos a respeito do tema (CARVALHO, 2004).

A função dos grupos de idosos, no Brasil, no geral, é social, a exemplo de grupos

localizados no Distrito Federal, como o grupo sediado no Centro de Saúde Nº1, da Regional

de Saúde do Guará I, em atividade desde 1994. São gratuitos, abertos à comunidade e

realizados, via de regra, em instituições públicas de saúde. Em sua grande maioria, os grupos

são formados por idosos do sexo feminino (CARVALHO, 2004), característica que pode

refletir o fenômeno de feminilização da velhice, ou seja, a presença de um número percentual

maior de idosas em relação ao universo de idosos, que se acentua a proporção que as faixas

etárias aumentam (CAMARANO, 2002).

Outra característica desses grupos é o fato de os idosos caminharem sem auxílio de

outras pessoas ou bengalas e de residirem nas proximidades do local de realização das aulas, o

que pode evidenciar o relativo grau de autonomia e de participação comunitária. O número de

ausências nos grupos é relativamente alto; os idosos se justificam alegando doenças,

comparecimento a consultas médicas, realização de exames de saúde e cuidados diversos

realizados com familiares tais como o acompanhamento de filhos doentes, entre outros

motivos (CARVALHO, 2004).

Por seu caráter social e aberto, os grupos de idosos recebem também integrantes de

programas de saúde, como hipertensos, diabéticos e participantes que têm menos de 60 anos,

e pertencem, em geral, à faixa de meia idade. É muito comum que acompanhantes como

filhos, netos e empregadas domésticas realizem a aula juntamente com os idosos.

Existem outras possibilidades de formação de grupos de idosos que apresentam

diferentes características: podem ser formados grupos nos quais os idosos pagam a

mensalidade, outros grupos podem ser custeados por instituições e gratuitos para os

participantes. Atividades de Biodança voltadas para idosos também podem estar incluídas em

eventos sociais como congressos, jornadas e pacotes turísticos. Estes últimos são de curta

duração, muitas vezes resumindo-se a uma única aula.

Outrossim, grupos de idosos podem ser constituídos em instituições asilares de

longa permanência. Em regra, nestes grupos participam idosos residentes nestas instituições e

que muitas vezes, apresentam limitações cognitivas e/ou físicas e que podem fazer uso de

bengalas, andadores e cadeiras de rodas. As condições operacionais para a realização da aula

de Biodança podem ser muito difíceis porque requerem a participação de uma equipe de

apoio, que busca e leva os idosos aos seus aposentos e que participa das aulas, auxiliando

fisicamente os idosos na realização dos exercícios (CARVALHO, 2004).

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O professor

O professor de Biodança é um profissional titulado por uma das escolas de formação

de professores existentes na maioria das capitais do Brasil, diversos países sul-americanos e

europeus. Estas escolas estão vinculadas a International Biocentric Foundation, dirigida por

Rolando Toro e detentora do registro internacional do termo Biodanza (PAOLI, 2003).

A formação básica do professor é desenvolvida em um período de três a quatro anos

e envolve diversas etapas tais como teoria, metodologia e estágio docente. Após a titulação

em Biodança, o profissional poderá realizar cursos de extensão tais como Educação

Biocêntrica, Biodança em Organizações e Projeto Minotauro (PAOLI, 2003).

O termo professor ou facilitador, como também é denominado o profissional de

Biodança, foi inspirado na psicologia humanista, que nos anos 60 (século XX) identificava o

terapeuta como um facilitador que renunciava às posturas e defesas profissionais para se

relacionar com seus clientes como pessoa real. Nesse enfoque, conforme Boainain Jr. (1994),

o terapeuta, ao acreditar no potencial inato de desenvolvimento e auto-realização do homem,

facilita o seu processo de crescimento e não atua modificando o ser humano.

Toro (1999, p. 13) propõe que o professor de Biodança estabeleça uma relação

simétrica, aproximativa e afetiva com os alunos, “eliminando o autoritarismo no processo de

crescimento. O professor de Biodança deve expor suas qualidades humanas naturais, sem

mistificação, de forma que os alunos sintam que podem se vincular com ele de uma maneira

espontânea”.

Música, dança e vivência: elementos integradores da Biodança

A música e a dança formam uma estrutura integrada que operacionaliza vivências de

integração humana, conforme a percepção de Toro (GÓIS, 1995). Essa unidade música/dança

cria uma nova linguagem, composta, por sua vez, pela interação sígnica dos elementos

musicais, melodia, harmonia e ritmo e, pelos movimentos expressivos da dança. Dessa forma,

essa nova linguagem, singular para cada dançarino, facilita a emergência da vivência (TORO,

2002).

Sob a perspectiva metodológica, a música, a dança e a vivência constituem uma

unidade sistêmica, “um conjunto organizado, cujos componentes são inseparáveis, pois a

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funcionalidade do conjunto requer a participação simultânea de cada um deles” (TORO, 2002,

p. 121).

Contudo, para que essa estrutura operacional se torne eficaz, é necessário que haja

uma coerência das relações estabelecidas entre seus elementos. Cada dança, em seu conjunto

harmônico de movimentos, solicita uma música que apresente uma semântica potencialmente

deflagradora de respostas emocionais específicas. Ambas, dança e música, visam facilitar uma

vivência determinada (TORO, 2005b).

Dessa forma, dança, música e vivência constituem uma unidade operacional

organizada, que é agrupada a outras unidades operacionais, que por sua vez estão integradas a

um complexo mais amplo que compõem uma aula de Biodança.

A metodologia da aula

Etapa de relato de vivência ou intimidade verbal

Conforme Santos (1997), uma aula de Biodança compõe-se de duas etapas: a

primeira, denominada relato de vivência ou intimidade verbal e a segunda, de exercícios

vivenciais ou vivência.

A designação dada à fase inicial de uma aula de Biodança, ou seja, “o relato de

vivência, conhecida também como intimidade verbal, é assim denominada porque são

realizadas verbalizações proferidas pelos participantes, relacionadas à aula anterior”

(CARVALHO, 2004, p. 1).

Nessa etapa, os participantes se reúnem em círculo, sentados em almofadas ou em

cadeiras. Em seguida, “o professor abre a atividade e oferece a palavra aos participantes. Um

por vez, os participantes que desejarem, manifestam-se, compartilhando experiências

individuais ou grupais, ligadas à aula anterior ou a outras aulas” (CARVALHO, 2004, p. 1).

Deve-se salientar que o relato de vivência consiste em uma “fenomenologia falada” e

que não dá espaço a análises e interpretações dos conteúdos vivenciais revelados na

intimidade grupal (GÓIS, 1995; TORO, 2005e).

O relato de vivência busca utilizar “a linguagem para estabelecer uma relação viva”

do participante consigo mesmo ou com seus semelhantes. A linguagem verbal deixa de ser um

instrumento de comunicação e se transforma em “uma manifestação, uma revelação do ser

íntimo e do elo psíquico que nos une ao mundo e aos nossos semelhantes” (MERLEAU-

PONTY, 1994, p. 266).

Para Santos (1997, p. 117), o relato de vivência tem como objetivos:

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- estimular o participante a pensar e expressar suas idéias, possibilitando a reflexão sobre condutas geradoras de vida;

- facilitar a expressão da identidade no seu aspecto verbal; desenvolver a habilidade de falar na primeira pessoa, ao se referir à experiência vivida (eu sinto, eu penso ...);

- estimular o participante a emitir uma opinião sincera; - compartilhar vivências, saber ouvir, saber calar.

O papel do professor, nessa fase, é de coordenador do trabalho: abre e fecha a

atividade, administra o seu tempo de duração e age como moderador do grupo. No geral, após

o término da etapa de relato de vivência, o professor propõe um pequeno intervalo antes de

dar início à etapa dos exercícios vivenciais (CARVALHO, 2004).

Em relação à facilitação de diferentes grupos, como o de idosos, por exemplo, o

profissional de Biodança contextualiza a sua atuação, ajustando aspectos metodológicos de

toda a aula, isto é, tanto da etapa de relato de vivência quanto a de exercícios vivenciais

(TORO, 1991; CARVALHO, 2004).

Alguns desses cuidados metodológicos podem ser utilizados, por exemplo, em

grupos de idosos, relacionados com o relato de vivência (CARVALHO, 2004):

1. Facilitar vivências curtas, com duração máxima de 30 minutos;

2. Diminuir a duração da etapa de exercícios vivenciais, caso haja necessidade de

prolongar a fase de relato de vivência;

3. Planejar a aula, dimensionando a sua duração em cerca de 90 minutos,

considerando o relato de vivência, o intervalo, e os exercícios vivenciais;

4. Levar o plano de aula da aula anterior para recordar os exercícios, já que os

participantes, em sua maioria, têm dificuldade de lembrá-los;

5. Reforçar, a cada aula, em suas duas etapas, os cuidados de regulação do aluno

consigo e com o outro, e o respeito aos próprios limites e aos limites do colega;

6. Esclarecer que as músicas e exercícios utilizadas na Biodança não possuem

nenhum caráter político ou religioso;

7. Chamar os alunos pelo nome, evitando chamá-los de tio, tiazinha, vovô, vó;

8. Administrar a tendência de alguns participantes de monopolizar a atenção do

grupo falando muito, incentivando a expressão verbal daqueles que usualmente

não falam ou falam pouco. Por exemplo, após as primeiras aulas, o professor

poderá propor: “Hoje, nós iremos fazer diferente: as pessoas que sempre falam,

podem exercitar a sua capacidade de escuta, enquanto que as pessoas que falam

pouco podem praticar a expressão verbal”;

9. Utilizar jogos e dinâmicas fáceis, alegres e rápidos para aquecer o grupo.

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Etapa de exercícios vivenciais ou vivência

A dança, em Biodança, é suscitada por meio de atividades que são denominadas

tecnicamente de “exercícios vivenciais”. Nesse sentido, cada participante é um bailarino que

constrói a sua dança de forma singular, a partir de uma proposta grupal (TORO, 2005b).

Nesse estágio, o professor reúne os participantes em um círculo, na posição de pé e

realiza a primeira proposta vivencial, que, na maioria das vezes, é uma roda de mãos dadas.

Após a realização da roda, o professor propõe e apresenta outro exercício e convida o grupo a

realizá-lo. Em seqüência, novos exercícios são propostos, apresentados pelo professor e

dançados pelo grupo (CARVALHO, 2004).

A seqüência de exercícios ofertados para todos os participantes de grupos, em geral,

segue o roteiro acima descrito por Carvalho (2004). O grupo de idosos, por exemplo, não

constitui uma exceção, mas, requer um olhar mais cuidadoso do professor nessa etapa de aula

e algumas das seguintes medidas podem ser adotadas, levando-se em consideração as

necessidades do grupo e limitações que os participantes podem apresentar:

1. Realizar, se possível, as aulas de Biodança em instituições que podem oferecer

cuidados médicos imediatos;

2. Algumas recomendações feitas por Carvalho, Filizola e Lellis (2002) podem ser

utilizadas em outros grupos de idosos, relacionadas com o local de realização das

aulas de Biodança:

a. O ambiente não deve oferecer riscos de acidentes aos participantes. Algumas

características físicas do ambiente devem ser evitadas, tais como colunas

centrais, degraus, pisos escorregadios e/ou desnivelados, janelas e portas que

ofereçam riscos, quadros e objetos pontiagudos;

b. O local deverá proporcionar privacidade, boa ventilação, segurança, limpeza,

conforto e ausência de ruídos desagradáveis, entre outros;

3. Ofertar alternativas de diferentes posições, quando metodologicamente possível,

para a realização de exercícios. Ao propor o exercício de acariciamento de cabelos

em par com trocas, por exemplo, realizado na posição de pé, oferecer outra opção:

um dos participantes sentado em cadeira recebe o acariciamento, enquanto o outro

componente do par faz o acariciamento na posição de pé (CARVALHO, 2004);

4. Lembrar sempre aos participantes que estes poderão sentar em cadeiras, se

desejarem, em qualquer fase dos exercícios e que devem comunicar ao professor

algum mal-estar que por acaso venham a sentir;

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5. Utilizar exercícios de autocontato e/ou contato em todas as aulas, tais como rodas,

auto-acariciamento, acariciamentos de rosto e cabelos, caminhares em par, jogos

de vitalidade e encontros;

6. Também devem estar presentes em todas as aulas exercícios que trabalhem a

autopercepção corporal, a coordenação, o equilíbrio e o ritmo;

7. Cuidar para que dificuldades físicas que alguns alunos apresentam sejam

minimizadas nos diversos exercícios. Eis alguns exemplos:

a. Propor aos alunos que se adaptem à distância e ao posicionamento do corpo,

principalmente de ombros e braços nas rodas e, em outros exercícios, de forma

que realizem o movimento com conforto;

b. Sugerir a possibilidade de realizar exercícios que têm a indicação de serem

feitos com olhos fechados, à alternativa de fazê-los com os olhos abertos e

relaxados, caso os participantes refiram tonturas causadas por labirintite

crônica, que são muito comuns na faixa etária superior a 60 anos

(CARVALHO, 2004);

c. Falar de maneira clara, ordenada e com um tom de voz adequado ao ambiente

e apresentar os exercícios no centro da roda (CARVALHO; FILIZOLA;

LELLIS, 2002), buscando contornar dificuldades sensoriais, principalmente

auditivas e visuais (CARVALHO, 2004).

Referindo-se em particular à etapa de exercícios vivenciais, Paoli (2003, p.28)

denomina uma aula de Biodança como “a unidade operacional da Biodança”; ela é “composta

de um conjunto de exercícios e danças que têm uma combinação, uma determinada

organização interna que tem início, meio e fim e segue uma seqüência, a partir de uma

metodologia”. A integração de cada música e exercício forma uma unidade operacional que

objetiva facilitar uma vivência específica, conforme Toro (2002).

Conforme a metodologia da Biodança, a estruturação de cada aula segue a orientação

do eixo horizontal do modelo teórico de Toro (2002) que situa em pólos opostos a consciência

intensificada de si e a consciência diminuída de si. No planejamento de uma aula de

Biodança, o professor realiza a combinação de exercícios e músicas com características de

“ativação corporal suave, moderada ou alta”, relacionados com o pólo de consciência

intensificada de si e, de exercícios e músicas com propriedades de desativação corporal

“suave, moderada ou profunda”, ligados ao pólo de consciência diminuída de si (SANTOS,

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1997, p. 121). Para Carvalho (2004), esses graus de ativação e de desativação corporal podem

ser compreendidos como baixo, médio e alto.

Considerando o grau de ativação e desativação corporal, parte de uma aula de

Biodança pode ser exemplificada com a seguinte seqüência de ativação média, ativação baixa

e desativação baixa, classificada por Carvalho (2004): o primeiro, o exercício “Caminhar

Fisiológico”, realizado com a música “Doctor jazz”, da Traditional Jazz Band (Toro, 2005d),

apresenta uma ativação média. O exercício seguinte, “Roda de Integração” dançado com a

música “Só chamei porque te amo” (Regina, 1977), interpretada por cantor Gilberto Gil,

apresenta uma ativação corporal baixa e pode ser seguido pelo exercício “Roda de

Comunhão”, realizado com a música Have you got a tory for me?, da trilha sonora do filme

“Entre dois amores” (Regina, 1997), que apresenta uma desativação baixa.

Em sua grande maioria, as aulas de Biodança apresentam um grupo de exercícios que

promovem a ativação corporal, seguido de outro grupo de exercícios desativadores e

finalizam com um grupo de exercícios de ativação corporal (SANTOS, 1997).

Os exercícios formam a curva de aula, uma representação gráfica que projeta os

graus de ativação e desativação corporais, proporcionados pelo agrupamento da música e da

dança. A justaposição desses elementos objetiva alcançar determinada vivência de cada

exercício proposto (SANTOS, 1997). O exercício denominado “Encontro Afetivo”, por

exemplo, que pode ser usado com a música “Fascinação” (REGINA, 1997, p. 178),

interpretado por Elis Regina, tem como dança um rito de aproximação afetiva e como

vivência pretendida a vinculação afetiva com o outro.

Alguns grupos afiguram curvas de aula bem singulares. Em grupos de idosos, por

exemplo, a curva de aula é delineada de uma maneira muito suave, sem apresentar exercícios

muito ativadores e muito desativadores, ou seja, que não mostram aspectos de ativação

corporal e desativação corporal alta (CARVALHO, 2004).

Elementos estruturais de uma aula de Biodança

Quando se elabora uma aula, cria-se um sistema operacional no qual os seus

elementos estão intimamente relacionados e são interdependentes. Em Biodança,

especialmente, pode-se verificar, na prática, a interface de todos os componentes estruturais

de uma aula (CARVALHO, 2004).

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Os principais elementos considerados no planejamento de uma aula de Biodança são:

objetivo geral e objetivos específicos da aula, e exercícios vivenciais19.

O objetivo geral constitui-se de “enunciados que indicam expectativas quanto aos

resultados” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002, p. 6) que se pretende alcançar com a

aula, no seu aspecto global, compreendendo tanto a etapa de relato de vivência quanto à de

exercícios vivenciais (CARVALHO, 2004).

Os objetivos específicos, por sua vez, são objetivos subjacentes ao objetivo geral.

São considerados secundários e definem aspectos mais específicos que facilitam alcançar o

resultado geral pretendido (CARVALHO, 2004).

Exercícios vivenciais

A descrição dos exercícios vivenciais distinguem as linhas de vivência, o objetivo, a

música, a consigna, a descrição e a apresentação.

Para Toro (2005e), os exercícios de Biodança objetivam evocar vivências,

estimulando a expressão dos potenciais genéticos, representados no modelo teórico de

Biodança por meio das cinco linhas vivenciais.

Pode-se também considerar objetivos específicos dos exercícios de Biodança,

conforme as características do grupo. Por exemplo, Azambuja (2002, p. 6) relata que os

exercícios de Biodança inseridos em aulas oferecidos a idosos na UnATI-UERJ são

orientados com os objetivos de “equilibrar funções psicológicas, ajudar a recuperação de

habilidades motoras, melhorar funções respiratórias, eliminar tensões, rigidez muscular e

sintomas psicossomáticos, restabelecer vínculos sociais”, entre outros.

Em toda aula de Biodança são ofertados exercícios que foram “estruturados para

estimular os três níveis de conexão com a vida, evocando vivências de conexão consigo

mesmo, de comunhão com os semelhantes e de identificação com o universo” (TORO, 2005f,

p. 8). Sob esse enfoque, o exercício “Posição Geratriz de Intimidade”, por exemplo, objetiva a

vivência de conexão consigo, enquanto o grupo de exercício denominado de “Encontro”

exemplifica a vivência de comunhão com os semelhantes e o exercício de “Conexão com o

Infinito”, a vivência de identificação com o universo (CARVALHO, 2004).

19 Na elaboração desta pesquisa serão observados e descritos os elementos citados por Carvalho (2004), por não

haver outra referência bibliográfica mais ampla.

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Diversos exercícios têm um conteúdo simbólico arquetípico, como as 22 posições

geratrizes - Conexão com o Infinito, Intimidade, Valor e Trabalho, por exemplo - enquanto

outros apresentam uma função ritual, como a roda (TORO, 2005f).

Quanto ao número de participantes que realizam os exercícios de Biodança, estes

podem ser feitos de maneira individual, em par, em pequenos grupos ou com todo o grupo,

integrando uma unidade (TORO, 2005f).

Os exercícios, na sua grande maioria, são dançados com música. Outros, entretanto,

são realizados utilizando-se o canto ou o silêncio. Alguns exercícios que são propostos em

contato direto com a natureza podem ser feitos com os sons do próprio ambiente (TORO,

2005f).

A escolha dos exercícios deve ser feita de maneira que tracem um caminho

metodológico que conduza à realização do objetivo geral, levando-se em conta diversas

variáveis como o tipo de grupo (por exemplo, idosos ou crianças), o contexto sócio-cultural e

o tempo de participação dos integrantes em grupos de Biodança (CARVALHO, 2004).

No planejamento de aula, o professor pode eleger um exercício que ele considera

como aquele que tem o maior potencial de deflagração de sentimentos e emoções,

denominado exercício-cumbre20, que está diretamente relacionado ao objetivo geral da aula.

Após a sua realização, por meio da observação e/ou relatos de vivência, o professor confirma

a sua consideração inicial ou constata que outro exercício evidenciou ser o cumbre.

Considerando-se que os exercícios de Biodança ultrapassam o número de 400, de

conformidade com Silveira (2000) ou 500, de acordo com Paoli (2003), sem considerar as

suas variações, estes são identificados pelo nome (CARVALHO, 2004).

Linhas de vivência

Todo exercício de Biodança, levando em conta a sua abrangência sistêmica,

contempla as cinco linhas de vivência relacionadas por Toro (2002), no modelo teórico de

Biodança. Contudo, via de regra, uma e, excepcionalmente duas linhas vivenciais podem ser

identificadas de forma mais clara. No exercício “Abraço Fraternal”, por exemplo, a linha de

afetividade se destaca claramente, enquanto no exercício “Reverência ao Outro”, as linhas de

transcendência e afetividade estão bem delineadas (CARVALHO, 2004).

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Objetivo do exercício

O objetivo de cada exercício refere-se às expectativas depositadas pelo professor

quanto à ação suscitada nos alunos na condição de sujeitos ativos (Rodrigues Jr., 2002), isto é,

na resposta vivencial destes, que se traduz em ação, como resultado do exercício vivencial

proposto. O objetivo de cada exercício deverá estar contextualizado à seqüência de exercícios

de cada aula. Esse objetivo pode compor os resultados pretendidos com o objetivo geral e

específico, estar vinculado à necessidade de regulação do grupo e/ou satisfazer uma questão

metodológica da aula (CARVALHO, 2004).

Música

As músicas utilizadas na Biodança passam por um critério de seleção rigorosamente

orientado à obtenção de vivências específicas que objetivam induzir emoções integradoras

como alegria, harmonia, ternura, coragem, autoconfiança, exaltação criadora e recolhimento

místico (TORO, 2005e).

Os critérios de seleção são muito precisos e respondem às exigências da semântica

musical (TORO, 2005e), ou seja, “a arte da significação emocional das composições

musicais” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002, p. 6).

Sob a perspectiva semântica, as sugestões musicais buscam adequar cada música, que

contém em sua singularidade, - “combinações estruturais, variações de intensidade, timbre e

tonalidade do ritmo, melodia e harmonia” -, à proposta vivencial específica (Ibid., 2002, p. 6).

As músicas selecionadas que compõem a “Lista Oficial de Músicas, Exercícios e

Consignas” procedem de diferentes origens, épocas e regiões. As modalidades musicais dessa

relação são diversificadas: usam-se músicas primitivas, contemporâneas, clássicas, populares,

de origem ocidental ou oriental (TORO, 2005e).

O grande número de músicas previamente catalogadas em Biodança permite, em muitos exercícios, contextualizar a escolha musical, de conformidade com tipo de grupo e necessidades que apresenta. É interessante registrar dados da música escolhida para que possam ser utilizados em futuras consultas ou pesquisas. Sugere-se discriminar o nome da música, autor ou intérprete ou grupo musical, título do disco, gravadora, ano e local de edição, número da faixa e duração da música (CARVALHO, 2004, p. 5).

20 Cumbre significa cume, ápice (DICIONÁRIO BRASILEIRO ESPANHOL-PORTUGUÊS, PORTUGUÊS- ESPANHOL, 1996).

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No presente estudo estão registrados nos planos de aula de Biodança os dados

sugeridos por Carvalho (2004), de todas as músicas usadas nas aulas de Biodança.

Consigna

Antecedendo cada exercício vivencial, palavras são proferidas pelo professor,

segundo Carvalho (2005). Em Biodança, essa fala do professor é denominada consigna, uma

expressão técnica que, segundo Paoli (2003), constitui uma explanação e descrição que o

professor dá sobre o exercício que está sendo oferecido ao grupo.

Esse termo tem um significado diverso daquele que é registrado por Ferreira (1999,

p. 533): “ordem ou palavra de ordem” e se aproxima mais do sentido mais amplo que é

atribuída ao termo na língua espanhola, “ordem, instrução” (DICIONÁRIO BRASILEIRO:

ESPANHOL - PORTUGUÊS, PORTUGUÊS – ESPANHOL, 1996, p. 105)

De acordo com Santos (2004, p. 51), “a consigna é a indicação para a ação. Tem por

objetivo motivar o movimento e a vivência. É palavra que inicia, funda, ressuscita-nos. E,

aliada ao movimento, eleva o poder de transmutação”.

Para Carvalho (2005, p. 1), a consigna é

uma explanação que possibilita ao aluno uma autopermissão para experimentar a proposta vivencial. Ela oferece uma mensagem que contém uma explicação da fundamentação existencial e/ou científica do exercício, em linguagem poética, contextualizada ao grupo e à etapa do plano de aula. A descrição do exercício e sua apresentação também compõem a estrutura da consigna.

De acordo com Santos (1997; 2004), Góis (2002), Paoli (2003), Carvalho (2005) e

Toro (2005e), a consigna contém a descrição e apresentação do exercício. Porém, nesse

estudo, orientando-se por um critério de maior clareza metodológica, agrupou-se a descrição e

apresentação como um elemento estrutural em separado da consigna.

Ao realizar o planejamento das aulas de Biodança, decidiu-se relacionar as principais

palavras-chave das consignas, em vez de elaborá-las no formato de texto, por entender que as

palavras-chave serviriam de norte para uma explanação mais vinculada à emoção. Dessa

forma, na descrição das aulas, adotou-se a expressão “palavras-chave da consigna” em vez de

consigna.

Na significação da palavra, levando-se em consideração que o processo cognitivo,

afetivo e a consciência caminham juntos, dois componentes podem ser observados: o

significado propriamente dito, que estabelece as relações objetivas da palavra com aquilo que

ela representa, e o sentido dessa palavra, relacionado às experiências individuais, no qual se

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“encontra uma concretização da perspectiva integradora dos aspectos cognitivos e afetivos do

funcionamento psicológico humanos.” Nessas experiências individuais com a palavra se

encontram as vivências afetivas (VYGOTSKY, apud ARANTES, 2004, p. 162).

No idoso, o processo de evocação de outras palavras associadas aos enunciados é

influenciado pelo contexto da codificação e pelas trocas na comunicação. Essas tanto podem

inibir palavras associadas que se encontram ativadas na memória, como reativar outras que

tenham sido inibidas pelo contexto semântico21 (ERVEN; JANCZURA, 2004).

Para Nelson et al. (apud ERVEN e JANCZURA, 2004), o contexto da codificação é

que determina a inibição dos estímulos e as trocas na comunicação, envolvendo mudanças nas

formas de processamento semântico. As trocas tanto podem inibir palavras associadas que

estejam ativadas na memória, assim como reativar associadas que foram inibidas pelo

contexto semântico. Para aqueles autores, resultados de pesquisa demonstraram uma redução

na evocação de palavras em decorrência do aumento da idade. Em idosos, ao enunciar-se uma

palavra, geralmente são recuperados conjuntos pequenos de palavras associadas, ou seja,

muitas das evocações que uma palavra poderia trazer podem ficar perdidas na memória.

Considerando-se essa dificuldade que os idosos podem apresentar, optou-se, neste

estudo, por proferir consignas que apresentassem conteúdo conciso, de curta duração e que

fossem contextualizadas às características culturais do grupo.

Descrição e apresentação do exercício

A descrição de um exercício vivencial é o momento em que o professor verbaliza as

“características de cada exercício, passo a passo” (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002),

como, por exemplo, neste exemplo: “iremos realizar uma roda de mãos dadas. Lentamente,

iremos girar para a direita, acompanhando o ritmo da música” (CARVALHO, 2005).

Na apresentação do exercício, o professor demonstra a seqüência de movimentos em

seus aspectos temporal e espacial (TORO, 2002).

É muito importante que ao apresentar o exercício utilizando a música escolhida, o

professor evoque a emoção que está implícita na proposta vivencial, evitando, dessa forma,

realizar a apresentação de uma maneira coreográfica (CARVALHO, 2005).

21 Erven e Janczura (2004, p. 2), estudando a relação entre a memória e a evocação de palavras em idosos,

consideraram que “os mecanismos inibitórios de informações (irrelevantes) falhariam nos idosos porque eles apresentariam uma quantidade bem maior de informações ativas na memória de trabalho. No entanto, a amplitude de informação ativa pode ser reduzida com a ajuda de contexto significativo(...)”.

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Vale ressaltar que a apresentação mostra aos alunos um referencial, não um modelo

de movimento (Paoli, 2003), e que essa pode estimular uma resposta cinestésica22 dos

participantes. Schilder (1981, p. 212) relata que uma pessoa, ao observar os movimentos de

outra, tem estes movimentos evocados em seu próprio corpo “devido ao fato de a

apresentação visual do movimento de outra pessoa ser capaz de evocar a representação

motora similar desse movimento em nosso corpo que, como toda representação motora, tende

a se expressar imediatamente em movimento”.

Stinson (1995) denominou esse processo de sentido cinestésico. Em relação às artes,

e em particular à dança, a autora traz a importância do sentido cinestésico na maneira que se

percebem as manifestações artísticas. Na dança, o sentido cinestésico, aliado à visão, permite,

além da observação, a participação vivencial do movimento.

Existe também à possibilidade de conexão e compartilhamento de emoções, em um

nível sensório-motor, facilitado pelo sentido cinestésico (STINSON, 1995).

Em Biodança, via de regra, o professor descreve e apresenta o exercício vivencial.

Contudo, motivado por questões metodológicas, o professor pode, em diversas situações,

somente descrever o exercício sem apresentá-lo e, em outras, não realizar nem a descrição e

nem a apresentação, como ocorre em alguns exercícios de criatividade, por exemplo

(CARVALHO, 2005).

Nesta pesquisa, a pesquisadora descreve todos os exercícios usados nas aulas de

Biodança e assinala aqueles que não necessitaram de apresentação.

22 Cinestesia: “sentido que se percebe os movimentos musculares, o peso do corpo e a posição dos

membros”(FERREIRA, 1999, p.473).

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Capítulo 4

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, haja vista ter como objetivo investigar de que

forma a prática da Biodança pode influenciar positivamente no autoconceito do idoso. Para

Richardson et al. (1999, p. 66), “estudos são exploratórios quando não se tem informação

sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno”. No caso, nenhum estudo foi

identificado relacionando o autoconceito à Biodança.

A abordagem é qualitativa, uma vez que a investigação recai sobre como e por que

esses efeitos são produzidos. Bogdan e Biklen (1994) explicam que a pesquisa qualitativa

constitui um termo genérico utilizado nas Ciências Sociais para abranger estratégias diversas

de pesquisa. É o caso, por exemplo, dos antropólogos e sociólogos que se referem a ela como

investigação de campo, e dos educadores que preferem o termo “etnografia”. Já pesquisadores

de outras áreas se referem à investigação qualitativa como fenomenologia, etnometodologia,

estudo de caso e outros. Há, também, algumas utilizações particulares por parte de

pesquisadores que se baseiam, em sentido estrito, em especificidades encontradas dentro da

própria abordagem qualitativa.

Na investigação qualitativa, os dados identificados são caracterizados pelos aspectos

descritivos relacionados com as pessoas ou com os temas enfocados e analisados a partir de

elementos valorativos, não de quantificações. Bogdan e Biklen (1994) ressaltam que nessa

abordagem há dificuldades no tratamento dos dados, os quais prescindem de números para ser

apresentados.

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Não há, entretanto, dicotomia entre as abordagens qualitativa e quantitativa, pois

dados quantitativos não eximem a essência qualitativa do objeto pesquisado. Conforme Demo

(2001), o fenômeno qualitativo também é dotado naturalmente de faces quantitativas e vice-

versa. São, portanto, abordagens complementares, podendo haver a prevalência de uma sobre

a outra. Neste trabalho, o quantitativo se limitará à quantificação de sujeitos que constituíram

o grupo representativo de idosos para a prática da Biodança, enquanto o qualitativo constituiu

o próprio cerne da questão a ser pesquisada: a modificação positiva do autoconceito.

Em relação aos meios, a pesquisa é classificada como bibliográfica e de campo, pois

além da revisão da literatura, foi feito um trabalho experimental com a finalidade de encontrar

respostas para a investigação proposta.

Este estudo se inclui na categoria I da regulamentação de pesquisa em seres humanos

no Brasil (pesquisa sem risco), pois envolve dados de entrevistas, observação e análise de

conteúdo. Foi solicitado a todos os participantes da pesquisa consentimento por escrito através

da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C).

4.1. Área de Pesquisa

A pesquisa experimental foi realizada na Unidade de Taguatinga Norte do Serviço

Social do Comércio (SESC) em Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal.

4.2. Participantes

O grupo de participantes foi composto por indivíduos idosos, conforme classificação

do Estatuto dos Idosos (ABREU, 2004), isto é, com 60 anos ou mais, não-institucionalizados.

Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: pessoas de qualquer grupo

étnico, de qualquer estado civil, praticantes ou não praticantes de qualquer religião,

pertencentes a ambos os sexos, com idade mínima de 60 anos e que fizessem parte do Grupo

dos Mais Vividos das Unidades do SESC, Distrito Federal. O único critério de exclusão

aplicado foi a incapacidade parcial ou total de locomoção dos participantes.

O “Grupo dos Mais Vividos” da Unidade de Taguatinga Norte é uma denominação

genérica que recebem todos os grupos de idosos vinculados às unidades do SESC do Distrito

Federal. Teve sua origem em outubro de 2003, a partir da reivindicação de sete idosos que

solicitaram, à gerência dessa unidade, atividades voltadas para idosos, com alternativas de

integração social e de lazer, além da única atividade que era então ofertada, a hidroginástica.

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Atualmente, esse grupo, liderado pela assistente técnica do SESC – Taguatinga

Norte, a Sra. Maria da Conceição dos Santos, tem 255 idosos inscritos que participam de

atividades físicas, sociais, cívicas e de lazer. Em média, 100 idosos comparecem às reuniões

que ocorrem toda segunda-feira, à tarde.

Outros requisitos solicitados aos indivíduos foram: a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido e a declaração verbal que nunca tinham participado de

grupos regulares de Biodança.

O primeiro participante da pesquisa apresentou-se no dia 5 de setembro de 2005,

após um convite formulado pela pesquisadora aos 19 idosos presentes na reunião semanal do

“Grupo dos Mais Vividos” da Unidade de Taguatinga Sul do SESC.

O grupo de 21 integrantes foi formado, efetivamente, com a adesão de mais 20

participantes, sendo dois homens e 18 mulheres, no dia 12 de setembro do mesmo ano. O

convite de participação da pesquisa foi feito no curso da reunião realizada toda segunda-feira,

na Unidade de Taguatinga Norte do SESC. Na ocasião, estavam presentes 128 idosos

integrantes do “Grupo dos Mais Vividos”.

No período de realização da pesquisa, 5 participantes desistiram, de maneira que o

trabalho foi finalizado com um número de 16 participantes.

4.3. Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no período de 12 de setembro de 2005 a 4 de janeiro

de 2006, totalizando 17 semanas.

Foram realizados 14 registros em campo, assim discriminados: um registro para a

obtenção dos dados pessoais dos participantes (questionário), visando à composição de seu

perfil demográfico; dois para a coleta de informações (entrevistas), um inicial e outro final,

referentes ao tema do trabalho e 11 encontros grupais para as aulas de Biodança (da segunda à

décima-segunda semanas).

Grande parte das atividades foi desenvolvida nas instalações do SESC, Taguatinga

Norte, com exceção de um questionário, que foi aplicado na sede da Unidade do SESC de

Taguatinga Sul, Distrito Federal.

As nove primeiras aulas de Biodança foram realizadas na sala denominada sala de

vídeo. Em razão de intempéries climáticas, as duas últimas aulas de Biodança ocorreram em

uma sala de aula.

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As instalações da sala de vídeo serviram plenamente ao objetivo proposto para o

estudo, considerando o aspecto espacial. Ela possui uma área ampla, medindo 6,16 por 8,76m,

pé direito de 3,25m, quatro janelas, uma porta, piso emborrachado, pintura nova e está

localizada no andar térreo, bem próxima a bebedouros e banheiros. À época, havia uma

aparelhagem de som e TV, um ventilador de parede e dez fileiras de cinco cadeiras contíguas,

que eram retiradas parcialmente antes das atividades terem início.

A segunda sala fica situada no primeiro andar; é um pouco menor do que a sala de

vídeo, com cerca de 40 cadeiras escolares, duas mesas, um quadro-negro, amplas janelas e

também estava localizada bem próxima a bebedouros e banheiros.

4.4. Instrumentos de Coleta

Os dados foram coletados por meio de questionário, entrevista semi-estruturada oral,

realizada antes e no final do experimento, gravação eletrônica de relatos verbais feitos na

primeira etapa de cada aula de Biodança e observação.

Questionário de informações gerais

O questionário utilizado foi baseado na adaptação feita por Souza (1997) do modelo

do Brazil Old Age Schedule (Boas), desenvolvido para a avaliação multifuncional de estudos

comunitários do Projeto de Epidemiologia da Terceira Idade do Rio de Janeiro.

Do questionário aplicado por Souza (1997), composto por oito seções - Informações

Gerais, Recursos Econômicos, Recursos de Saúde, Saúde Física, Saúde Mental, Recursos

Sociais, Atividades da Vida Diária, Avaliação do Entrevistador -, foram selecionados e

adaptados dados somente da primeira seção, Informações Gerais.

O questionário usado neste trabalho (Anexo B) foi composto de duas partes:

Informações Gerais e Outras Informações. A primeira parte objetivou traçar um perfil do

participante, por meio da obtenção dos seguintes dados: iniciais do nome, sexo,

nacionalidade, naturalidade, data de nascimento, idade, tempo de residência no Distrito

Federal, cidade residencial, estado conjugal, filhos, pessoas com que vive atualmente,

religião, prática da religião e escolaridade. A segunda parte, Outras Informações, buscou

complementar os dados de perfil e está direcionada ao planejamento de aulas e à prática da

Biodança.

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Entrevista semi-estruturada

A entrevista de pesquisa é definida por Kahn & Cannel (apud Minayo 2000, p. 108)

como uma “conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer

informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada (pelo entrevistador) em temas

igualmente pertinentes com vistas a este objetivo”.

O que transforma a entrevista em um meio extraordinário de coleta de informações

“é a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores,

normas e símbolos” e, simultaneamente, comunicar por meio de um representante, “as

representações de grupos determinados, em condições históricas, sócio-econômicas e culturais

específicas” (MINAYO, 2000, p. 109-110).

Em se tratando dos sujeitos desta pesquisa, os idosos, o face-a-face

entrevistado/entrevistador adquire uma maior relevância em razão de a comunicação verbal

“ser uma forma privilegiada” de integração recíproca e de “densidade enquanto fato social”

(MINAYO, 2000, p. 110).

Neste estudo foi aplicada a modalidade de entrevista semi-estruturada oral, ou seja,

aquela que se desenvolve a partir de uma estrutura básica, não aplicada de forma rígida,

permitindo ao entrevistador fazer as necessárias adaptações, em cada caso, daquilo que se

busca (LUDCKE; ANDRÉ, 1986). Assim, o entrevistador formulou questões centradas em

torno de um roteiro de temas, e o entrevistado discorreu livremente sobre os temas propostos

(MOREIRA, 2002).

A entrevista foi centrada em questões relacionadas com o envelhecimento e o

autoconceito, considerando-se, para tanto, a interligação terminológica entre o construto

autoconceito e os vocábulos auto-estima e auto-imagem. Para efeito desta pesquisa, as

expressões autoconceito, auto-imagem e auto-estima tiveram, respectivamente, o significado

de consciência do eu, representação do eu e percepção afetiva de si (NOVAES, 1985).

As questões formuladas na primeira e na segunda entrevista foram as seguintes:

1. Autoconceito: Qual o juízo você faz de si mesmo com essa idade?

2. Auto-estima: Como é o sentimento que você tem por você mesmo nessa idade?

3. Auto-imagem: Como você se vê nessa idade?

Observação

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Existe um grande número de importantes eventos que não podem ser simplesmente

registrados por meio de questões ou documentos quantitativos “mas devem ser observados em

sua realidade”. São os “imponderáveis da vida real”. Cuidados com o corpo, o tom de voz, a

existência de relações amistosas ou hostis que permeiem o grupo, por exemplo, são

fenômenos que “se refletem no comportamento dos indivíduos e nas reações emocionais dos

que os rodeiam” (MALINOWSKI, 1975, p. 55).

Uma das formas de captação dessa realidade mais utilizada nesse contexto é a

observação, considerada um item relevante na pesquisa de campo, principalmente em se

tratando de pesquisa experimental. Porém, é geralmente utilizada juntamente com outro

procedimento, tal como sugerem Richardson et al. (1999).

Este instrumento contribui para que se possam obter informações diferentes sobre

um mesmo dado, pois, segundo Ludcke e André (1986, p. 25), “é provável que, ao olhar para

um mesmo objeto ou situação, duas pessoas enxerguem diferentes coisas”.

A compreensão desse sentido é importante para o pesquisador, porque a tendência é

que cada um selecione aquilo que quer ver, o que está diretamente relacionado com sua

história pessoal e cultural, conforme explicam Ludcke e André (1986). E essa seleção tanto

pode ser feita pelo sujeito pesquisado como pelo pesquisador. Por isso, essas autoras explicam

que, em relação ao pesquisador, é fundamental que se determine com antecedência o que vai

ser observado e como a observação vai ser feita.

Entre os itens a serem verificados na estrutura da observação as autoras citam: a) a

delimitação do objeto de estudo, isto é, a configuração clara do que vai ser observado, de

modo a se poder distinguir os aspectos relevantes dos não-relevantes para o trabalho. Nesta

pesquisa, o foco da observação recaiu sobre a forma de o idoso expressar o autoconceito,

sendo inclusive essa a razão pela qual se considerará a interligação terminológica entre esse

construto e os vocábulos auto-estima e auto-imagem (anteriormente citada), já que, por sua

proximidade, eles podem não se tornar muito distinguíveis. Ressalte-se, aliás, que se entre os

autores pesquisados se verifica pouca distinção específica em relação aos termos - o que é

perfeitamente justificável em face da estreita correlação entre eles -, em uma pesquisa

empírica nada se pode esperar nesse sentido; b) os aspectos que ficarão cobertos pela

observação e a melhor forma de captá-los. Esses aspectos estarão relacionados com aquilo

que o idoso quiser mais ressaltar nas respostas, podendo significar aquilo que é mais

destacável em sua história e que pode ter contribuído mais para o enfraquecimento do

autoconceito.

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Para Bogdan e Biklen (1994), na abordagem qualitativa, os sujeitos pesquisados

podem ser observados quanto ao comportamento, quanto à emoção, suposições e outros

aspectos que podem influenciar na compreensão do tema objeto de pesquisa; por isso, o

pesquisador pode verificar, por exemplo, a forma de expressão de sentimentos, de

preconceitos, entre outras. Trata-se do que Ludcke e André (1986, p.26) chamam de descobrir

aspectos novos no fenômeno pesquisado, o que pode ser “crucial nas situações em que não

existe uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados”.

Neste trabalho, a observação procurou contemplar aspectos dos idosos que, sendo

expressos, estivessem relacionados com o tema pesquisado e pudessem contribuir para o

enriquecimento de sua interpretação e, consequentemente, para a elucidação dos tipos de

música, de movimentos e de vivência utilizados nas aulas de Biodança.

Os métodos de observação variam em relação ao papel do pesquisador. Ela pode ser:

participante total, quando o “observador não revela ao grupo sua verdadeira identidade nem o

propósito do estudo” (JUNKER, apud LUDCKE; ANDRÉ, 1986, p.28); participante como

observador, quando o pesquisador não oculta totalmente suas atividades, revelando

parcialmente o que pretende; observador como participante, quando tanto a identidade como

os objetivos da pesquisa são revelados ao grupo pelo pesquisador; observador total, se o

pesquisador não interage com o grupo.

Para esta pesquisa, utilizou-se a metodologia de observação descrita por Ludcke e

André (1986), isto é, a observação foi considerada um processo contínuo que possibilita ao

pesquisador, de início, o trabalho de mero espectador, podendo esse gradualmente tornar-se

um observador participante, isto é, a estratégia que envolve “não só a observação direta como

um conjunto de técnicas metodológicas” que pressupõem o envolvimento do pesquisador na

situação estudada.

A opção pelo aspecto contínuo deveu-se ao fato de se buscar a receptividade do

trabalho pelo grupo, lembrando que os idosos, por estarem muitas vezes fragilizados ante seu

próprio processo de envelhecimento ou sua situação pessoal, podem se mostrar resistentes ou

não a novas propostas, o que tende, respectivamente, a resultar em desgaste emocional,

diferente dos benefícios que se buscam com esta pesquisa.

Em uma etapa mais avançada, trata-se, segundo Lindeman (apud HAGUETTE,

2000, p. 70), da participação do observador “nas atividades do grupo sendo observado”,

estando o pesquisador “está em relação face a face com os observados”, (...) fazendo parte do

contexto observado no qual ele “ao mesmo tempo modificando e sendo modificado por este

contexto” (SCHWARTZ; SCHWARTZ, 1955, p. 353).

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Esse método observacional foi ao encontro ao objetivo deste estudo já que o

observador participante “planeja intervenções na estrutura social (...) como propósito de

desenvolver um ambiente mais terapêutico (...). Ele tenta desenvolver uma base empírica para

introduzir mudança social na estrutura social” (SCHWARTZ; SCHWARTZ, apud

HAGUETTE, 2000, p. 73-74).

Visando a evitar que o envolvimento do pesquisador possa ensejar uma visão

distorcida do fenômeno, o conteúdo das observações foi cuidadosamente descrito e atendeu

aos aspectos destacados por Bogdan e Biklen (apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 30-31)

destacam, entre outros, seis aspectos:

1. Descrição dos sujeitos: sua aparência física, seus maneirismos, seu modo de vestir, de falar e de agir;

2. Reconstrução dos diálogos: palavras, gestos, depoimentos, observações feitas entre os sujeitos e/ou entre estes e o pesquisador;

3. Descrição de locais; 4. Descrição de eventos especiais: registro dos eventos, dos sujeitos envolvidos e do

contexto situacional; 5. Descrição das atividades desenvolvidas: atividades gerais, comportamentos dos

participantes observados e seqüência de ambos; 6. Os comportamentos do observador: atitudes, ações e conversas com os

participantes durante a pesquisa.

A observação durou todo o período do experimento: aplicação de entrevistas, etapa

de relatos verbais e exercícios vivenciais das aulas de Biodança e conversas informais.

Foram feitos registros por meio de gravador digital e gravador cassete, bem como

foram feitas anotações à mão sobre observações da pesquisadora sobre aspectos não

declarados pelos participantes. Esses dados foram transcritos em arquivos de computador.

Os dados de observação foram organizados em três tipos de arquivo: no primeiro,

criaram-se dossiês dos participantes de entrevista, com as entrevistas e relatos verbais e outras

observações; no segundo, um arquivo constituído por relatos verbais e observações de todos

os participantes e o terceiro tipo, um arquivo contendo todas as entrevistas.

4.5 Tratamento dos Dados

Em uma primeira etapa, foram computados estatisticamente os dados do questionário

referentes ao perfil dos idosos. Depois, foram trabalhados os dados das entrevistas a partir de

critérios indicados por Bardin (1977) e, em seguida, foram compilados os dados referentes à

observação participante.

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Em relação ao perfil, o tratamento estatístico visou detectar significâncias que

pudessem eventualmente determinar diferenças entre os efeitos da Biodança sobre cada

sujeito.

Na compilação dos dados das entrevistas, o conteúdo coletado foi organizado e

envolveu três etapas preconizadas por Bardin (1977):

a) a pré-análise - necessária para a seleção e leitura do material que se constituirá o

corpo das informações a serem codificadas;

b) a exploração do material – que representa a forma de utilização de critérios a

serem utilizados na codificação do material;

c) o tratamento e interpretação dos dados – que constitui a transformação dos dados

brutos em dados significativos, ou seja, torná-los compreensíveis e servirem de

orientações para a análise do fenômeno pesquisado.

Os dados da observação participante foram utilizados individualmente, sem que se

buscasse atender a critérios que não os de servir de complementação aos coletados na

entrevista.

Em relação ao método de pesquisa, foram utilizados princípios da fenomenologia de

Husserl, uma vez que os dados visavam estudar “o ser tal como ele se apresenta no próprio

fenômeno, sendo fenômeno tudo aquilo de que podemos nos aperceber na consciência, de

qualquer modo que seja”. A tarefa, então, foi estudar “a significação das vivências na

consciência” (MOREIRA, 2002, p. 10).

Neste trabalho, considerou-se que a abordagem de construtos como autoconceito,

auto-estima e auto-imagem, em suas formas de expressão pessoal, corresponde a um estudo

do fenômeno em seu estado mais original.

O fenômeno seria o modo como o construto se apresenta para o participante e a

expressão original seria sua própria fala.

Além disso, levou-se em conta que a metodologia fenomenológica responderia

melhor aos objetivos do trabalho, pois, conforme Streubert e Carpenter (1995, apud,

MOREIRA, 2002), havia uma necessidade maior de clareza do fenômeno pesquisado; a

experiência compartilhada seria uma fonte de dados mais relevante desse fenômeno, e a

informação por meio da voz da pessoa que vive o fenômeno seria o meio mais confiável.

Nesse sentido, não foi identificado nenhum trabalho que relacionasse a contribuição

da Biodança para a modificação do autoconceito, bem como são relativamente poucas as

referências qualitativas envolvendo este construto pesquisado e o idoso.

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Como prevê o método fenomenológico, dois procedimentos foram adotados na

pesquisa de campo pela pesquisadora: primeiro, a redução fenomenológica, que significa a

suspensão das crenças e proposições sobre o fenômeno pesquisado (epoché); segundo, a

redução eidética, ou seja, atingir a estrutura essencial do fenômeno, isto é, buscar a essência

nas respostas às questões (ZITKOSKI, 1994).

Embora originalmente o método trate apenas de descrever os fenômenos e não de

analisá-los nem de interpretá-los, neste trabalho considerou-se que no transporte para a

pesquisa empírica, o método sofre alterações. É o caso da análise dos dados incluída por

Sanders (1982, apud MOREIRA, 2002) na estrutura fenomenológica da pesquisa, como um

componente fundamental.

Por outro lado, na pesquisa empírica, quem experiencia o fenômeno não é o

pesquisador e sim o sujeito da pesquisa. Logo, se interessa ao pesquisador o dado coletado,

esse dado, mesmo fruto da experiência de outro, deve prestar-se à ciência para alguma

finalidade. E a análise seria o meio de demonstrar ou não validade daquilo que se interessou

buscar.

Para a análise do conteúdo das entrevistas foi utilizado o método de Bardin, definido

como um conjunto de técnicas diversificadas que proporcionam condições para a análise de

dados, sendo, porém necessário conhecer o motivo por que é que se analisa, e explicá-la de

modo que se possa saber como analisar BARDIN, 1977).

A análise de conteúdo enfoca o agrupamento de significações extraídas das falas dos

participantes. Os agrupamentos foram categorizados a partir do léxico, isto é, “a classificação

das palavras, segundo seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos e dos sentidos

próximos” (BARDIN, 1977. p.118). Esse tipo de agrupamento foi o que mais se adequou à

análise porque permitiu identificar o significado das questões pesquisadas por meio de

palavras que pudessem ser associadas a elas.

Nas questões pesquisadas, optou-se por analisar a entrevista inicial juntamente com

a final, porque aos objetivos deste trabalho importou verificar as modificações ocorridas

durante o processo, ou seja, no lapso de tempo entre uma e outra coleta.

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Capítulo 5

RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO

Os resultados estão apresentados em três seções: a primeira, denominada Perfil do

Participante, traz características gerais e informações completares dos participantes; a segunda

seção, Roteiro das Aulas de Biodança, apresenta o roteiro dos 11 encontros de Biodança; a

última seção, Análise e Discussão, contém os dados coletados das questões de pesquisa.

5.1 Perfil dos Participantes

Os dados relativos ao perfil dos participantes abrangeram vários pontos, uma vez

que, para o autoconceito, são muitas as variáveis que interferem (como a região onde mora);

para o idoso, há as questões relativas à saúde, modo de vida e outros.

A primeira parte deste questionário denominada Características Gerais do

Participante investigou 15 dados: iniciais do nome, pseudônimo, sexo, nacionalidade,

naturalidade, data de nascimento, idade, tempo de residência no Distrito Federal, cidade

residencial, estado conjugal, número de filhos, pessoa com quem vive, religião declarada,

prática religiosa e escolaridade.

Outras Informações constitui a segunda parte do questionário aplicado na pesquisa.

Dez questões foram desdobradas em doze categorias assim indicadas: gênero musical

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preferido, indicação dos nomes das três músicas preferidas, gênero de dança preferido, lazer

preferido, lazer praticado, tratamento de saúde: realização, tipo de patologia, número de

patologia por participante e uso de medicamento por tipo de patologia. Outras categorias

estudadas foram: prática semanal de atividade física, modalidade de atividade física,

restrições à prática de exercícios físicos e informações adicionais dadas pelo participante.

Características Gerais dos Participantes

Identificação dos participantes: os 16 participantes do grupo de Biodança foram

identificados pelas iniciais dos nomes nos questionários de dados e escolheram um

pseudônimo, que utilizaram durante as 11 aulas de Biodança. Os 8 participantes que

realizaram a entrevista inicial e final e 1 participante que realizou somente a entrevista final

foram identificados na transcrição das entrevistas, com as iniciais dos seus nomes e receberam

uma numeração, que se iniciou com P1 e terminou em P9. Na análise de dados, os

participantes foram identificados pela numeração P1 a P9 .

Sexo: as participantes do sexo feminino compuseram grande parte do grupo, ou seja,

13 mulheres (81,25%); os homens foram responsáveis por cerca de 20% do grupo (3

integrantes).

Nacionalidade e naturalidade: os 16 participantes do grupo são brasileiros,

originados, em sua maioria, da Região Nordeste (56,25%); os demais componentes, 7 pessoas,

nasceram nas Regiões Centro-oeste e Sudeste, representando, respectivamente, 25% e 18,75%

Idade: perguntou-se aos participantes dois dados relacionados com a idade: a própria

idade e a data de nascimento. As respostas foram imediatas, e nenhum idoso apresentou

dúvida quanto às questões. A pesquisa não apontou diferença significativa na idade dos

participantes. A média de idade de homens foi de 70,61 e a de mulheres ficou em 70,53.

Tempo de residência no Distrito Federal: os participantes, em sua totalidade,

residem no Distrito Federal há um tempo médio de 35,4 anos por pessoa.

Cidade residencial: à época da pesquisa, dos 16 participantes, a metade residia em

Taguatinga, e o restante, em outras cidades-satélite do Distrito Federal.

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Estado conjugal: o mais assinalado foi o de viúvo (6 mulheres), representando

37,50%. Casado, solteiro e divorciado corresponderam, respectivamente, a 31,25%, 18,75% e

12,50% do grupo. Das mulheres declaradas solteiras, duas viviam maritalmente com um

companheiro. Os participantes tinham 44 filhas e 43 filhos, numa média de 5,44 filhos por

integrante.

Pessoa com quem vive: os três homens do grupo e duas mulheres viviam com seus

cônjuges, ou seja, cinco participantes. Igual número vivia com filhos, três moravam sozinhos

e três com netos ou outros parentes.

Religião declarada: o maior número de religião declarada foi a católica (81,25%); a

evangélica ficou com 18,75%.

A Tabela 5.1 resume os indicativos desta primeira parte.

Características Nº % Média

Sexo Homens 3 18,75 Mulheres 13 81,25 Total 16 (participantes) 100,0 Nacionalidade Brasileira 16 100,0 Total 16 (participantes) 100,0 Naturalidade Região Centro-oeste 4 25,0 Região Nordeste 9 56,25 Região Sudeste 3 18,75 Total 16 (participantes) 100,0 Idade (anos) Homens 3 18,75 70,61 Mulheres 13 81,25 70,53 Total 16 (participantes) 100,0 70,57 Tempo de residência no DF (anos)

1 a 20 anos 2 12,5 21 a 48 anos 14 87,5 Total 16 (participantes) 100,0 35,4 Cidade residencial Taguatinga 8 50,0 Outras cidades 8 50,0 Total 16 (participantes) 100,0 Estado conjugal Casado 5 31,25 Divorciado 2 12,50 Solteiro 3 18,75

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Viúvo 6 37,50 Total 16 (participantes) 100,0 Nº de filhos (vivos) Filhas 44 49,43 Filhos 43 50,57 Total 87 (filhos) 100,0 5,44 Pessoa com quem vive Cônjuge 5 31,25 Filhos 5 31,25 Netos / outros parentes 3 18,75 Sozinho 3 18,75 Total 16 (participantes) 100,0 Religião declarada Católica 13 81,25 Evangélica 3 18,75 Total 16 (participantes) 100,0

Tabela 5.1: Características dos participantes

Prática religiosa: os praticantes de religião foram a grande maioria do grupo

(93,75%). Somente uma pessoa não praticava a sua religião, embora declarasse tê-la .

Escolaridade: a metade do grupo estudou o primeiro grau incompleto. Nos extremos

estavam um participante com terceiro grau completo, e outro em processo final de

alfabetização. Integrantes com primeiro grau completo, segundo grau completo e incompleto

tiveram dois representantes cada, que correspondem a 12,50%.

A Tabela 5.2. demonstra outros dados relativos ao grupo.

Tabela 5.2. Características dos participantes

Outras informações - categorias

Características Nº %

Prática religiosa Sim 15 93,75 Não 1 6,25 Total 16 (participantes) 100,0 Escolaridade Alfabetização 1 6,25 1º Grau Completo 2 12,50 1º Grau Incompleto 8 50,0 2º Grau Completo 2 12,50 2º Grau Incompleto 2 12,50 3º Grau Completo 1 6,25 Total 16 (participantes) 100,0

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Gênero musical preferido (respostas múltiplas): os gêneros musicais mais

apontados foram o forró e o sertanejo, com nove e sete indicações, respectivamente 21,43% e

16,66%. Este número pode estar relacionado com o percentual de origem por região, a

Nordestina, que perfaz mais da metade do grupo. Outros gêneros assinalados tiveram 26

indicações, totalizando 61,91%.

Indicação dos nomes das três músicas preferidas: todos os participantes revelaram

preferência musical, mas tiveram dificuldade em indicar o nome das músicas. Alguns

cantarolaram e/ou sabiam trechos das letras e outros apontaram o estilo musical como forró,

sertanejo e samba. Somente uma participante conseguiu citar o nome das três músicas

preferidas enquanto dez indicaram o nome de uma música.

Gênero de dança preferido (respostas múltiplas): o forró foi a modalidade de dança

preferida, com 11 indicações, 34,38%, o que também aponta para o percentual de origem do

grupo, ou seja, 56% originário da Região Nordeste. Samba e bolero tiveram, respectivamente,

7 e 6 indicações, ambas totalizando 40,62% . Outros gêneros tiveram 8 indicações, ou seja,

25% do total geral.

Lazer preferido (respostas múltiplas): os itens cinema e viagem, com seis e quatro

indicações foram os mais apontados e juntos totalizaram 28,57%. Outros tipos de lazer

tiveram 25 indicações, as quais representam 71,43% do total.

Lazer praticado: os três mais citados foram dança, hidroginástica e nenhum tipo de

lazer, com cinco, três e quatro indicações. Outros tipos de lazer praticado representaram 20

indicações, o que dá um percentual superior a 60%. Um dado importante observado é que

somente cinco participantes praticavam modalidades de lazer que gostavam.

Categorias Nº %

Gênero musical preferido (respostas múltiplas) Forró 9 21,43 Sertanejo 7 16,66 Outros 26 61,91 Total 42 (gêneros) 100,0 Identificação das três musicas preferidas 1 música 10 62,50 2 músicas 2 12,50 3 músicas 1 6,25 Nenhuma 3 18,75 Total 16 (participantes) 100,0

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Gênero de dança preferido (respostas múltiplas) Bolero 6 18,75 Forró 11 34,38 Outros 8 25,00 Samba 7 21,87 Total 32 (gêneros) 100,0 Lazer preferido (respostas múltiplas) Cinema 6 17,14 Viagem 4 11,43 Outros 25 71,43 Total 35 (modalidades) 100,0 Lazer praticado (respostas múltiplas) Hidroginástica 3 9,37 Dança 5 15,63 Nenhum 4 12,50 Outros 20 62,50 Total 32 (modalidades) 100,0

Tabela 5.3. Outras informações

Realização de tratamento de saúde: grande parte do grupo realizava tratamento de

saúde, ou seja, 12 participantes, que representaram 75% do total, enquanto um quarto, 4

pessoas, declarou não estar fazendo nenhum tipo de tratamento de saúde.

Durante a pesquisa, uma participante, portadora de ponte de safena, requereu um

olhar mais cuidadoso da pesquisadora em relação aos cuidados de auto-regulação no curso

dos exercícios vivenciais. Essa participante relatou ao grupo, ao justificar duas faltas seguidas,

ter sofrido um “pequeno derrame”, ou seja, uma isquemia cerebral de pequena dimensão.

Revelou que já estava bem e que continuaria até o final do grupo, o que, efetivamente fez,

sem apresentar nenhuma intercorrência médica.

Tratamento de saúde (especificação de patologias tratadas): as patologias apontadas

por 75% dos participantes, ou seja 12 pessoas que declararam estar realizando tratamento de

saúde foram: doenças cardiovasculares -hipertensão arterial e enfermidades cardiológicas – 8,

sendo 6 e 2 respectivamente e, outras doenças, 12, perfazendo 20 enfermidades.

As respostas múltiplas apontaram para sete participantes tratando uma enfermidade,

um tratando duas e quatro integrantes tratando três doenças (Tabela 5.4).

Categorias Nº %

Realização de tratamento de saúde Sim 12 75,0 Não 4 25,0 Total 16 (participantes) 100,0 Tratamento de saúde (espec. de

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patologias tratadas) Cardiovascular 8 40,0 Nenhum 0 20,0 Outras 12 60,0 Total 20 (patologias) 100,0 Tratamento de saúde (número de patologias por participante)

1 patologia 7 2 patologias 1 3 patologias 4 Nenhum 4 Total 16 (participantes)

Tabela 5.4: Outras informações

Uso de medicamento por tipo de patologia: um número expressivo de

participantes, considerando-se a idade média do grupo, 5 pessoas, cerca de 30%, não fazia uso

de medicamentos. Um quarto dos participantes, quatro pessoas, ingeria medicamentos para

tratar uma enfermidade, cinco para tratar duas, uma pessoa para tratar três e outra para quatro

doenças.

Prática semanal de atividade física: um quarto dos participantes, quatro pessoas,

não praticava atividade física regular. Outros cinco tinham uma freqüência variável de uma a

duas vezes por semana. Três participantes praticavam atividades físicas quatro a cinco por

semana, enquanto dois integrantes realizavam práticas físicas de seis a oito vezes por semana.

Os dois participantes que mais têm atividade física exercitam-se dez vezes por semana.

De uma maneira geral, os 12 praticantes ativos fisicamente realizavam, no total, 57

atividades físicas semanalmente, o que dá uma média de 4,7 atividades por pessoa.

Modalidades de atividade física: as modalidades de atividade física praticadas

pelos 12 participantes, 75%, foram a caminhada e a hidroginástica e representaram mais da

metade das indicações. Um quarto dos integrantes não praticava nenhuma atividade física.

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Restrições à prática de exercícios físicos: somente dois participantes tinham

recebido restrições médicas à atividade física de natureza intensa; uma integrante, portadora

de cardiopatia e ponte de safena e outra, por apresentar alteração ortopédica em um dos

ombros.

Apesar de 14 participantes declararem não ter restrições a exercícios, diversos

idosos, em conversas informais e nas atividades verbais, fizeram referência a sintomas de

doenças ou enfermidades como artrose de joelhos, dor na coluna, nas pernas e nos ombros,

que limitaram, eventualmente, a realização de algum exercício.

Categorias Nº %

Restrições à prática de exercício físico

Nenhuma 14 81,25 Parcial 2 12,50 Total 16

(participantes) 100,0

Tabela 5.6: Outras informações

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Perfil do participante da pesquisa

Em termos gerais, o participante deste estudo apresenta o seguinte perfil: é integrante

do Grupo dos Mais Vividos da Unidade de Taguatinga Norte do SESC-DF, é mulher,

brasileira, nordestina, tem 70 anos e 6 meses de idade, reside em Taguatinga ou outra cidade

satélite próxima a Taguatinga, Distrito Federal, mora no Distrito Federal há 35 anos. É viúva,

tem cinco filhos, vive com filhos, é católica praticante e cursou o primeiro grau incompleto

(antigo primário).

O gênero musical preferido da participante é o forró. Aprecia música, mas consegue

se lembrar somente do título de uma música preferida. Gosta de dançar forró, seu lazer

preferido é cinema, contudo o lazer praticado é a hidroginástica. Está realizando tratamento de

saúde para hipertensão, embora tome medicação para tratar duas enfermidades. Faz

caminhada uma a duas vezes por semana e não apresenta restrições à atividade física.

5.2 Roteiro das Aulas de Biodança

Para a investigação de campo foram programadas 11 aulas. A quantificação das aulas

baseou-se em dois pontos principais: a experiência da pesquisadora com os resultados

observados a partir da prática da Biodança, e a consideração de que a proposta dos aspectos

pesquisados não depende necessariamente de quantidade e sim, é o reflexo da qualidade.

Respostas mais imediatas ou mais demoradas vão depender, pelo menos na área pesquisada,

do maior ou menor nível de resistência23 pessoal àquilo que se propõe.

Cada aula teve uma duração média de 1h30. As variações para mais ou para menos

ocorreram em função da dinâmica da Biodança que prevê relatos e exercícios vivenciais que

não podem ser interrompidos pela determinação do tempo.

À exceção da primeira aula, que buscou iniciar o processo de integração do grupo, as

demais foram programadas semanalmente, a partir das necessidades observadas no grupo.

23 Na Psicanálise, resistência designa atos e palavras que se opõem às descobertas pessoais que podem revelar aspectos inconscientes (Laplanche; Pontalis, 1995). Na Biodança, resistência é a dificuldade de entrega às propostas vivenciais (TORO, 1991).

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Os objetivos gerais das aulas foram definidos paulatinamente, e do ponto de vista

cronológico foram agrupados na seguinte ordem: iniciar o processo de integração do grupo;

reconectar-se ao ritmo do próprio corpo e ao ritmo do outro; aumentar a autopercepção

corporal e a percepção do corpo do outro, sob o enfoque vital, afetivo e transcendente;

integrar os movimentos pélvicos aos movimentos de todo o corpo; vivenciar um contato

afetivo indiferenciado e proporcionar um contato afetivo incondicional; vivenciar o continente

afetivo do grupo; exercitar a expressividade corporal sob a perspectiva afetiva, criativa e

lúdica; explorar e ampliar o espaço vital; vivenciar situações que evocam a determinação e a

assertividade; intensificar a integração com os demais participantes; despedir-se dos colegas

de grupo e da equipe de pesquisa.

Foram selecionados exercícios vivenciais relacionados com o alcance dos referidos

objetivos, uma vez que cada um daqueles contempla uma finalidade que se insere no contexto

da aula.

No total, foram propostos, descritos e realizados 102 exercícios, com 74

apresentações. Os exercícios mais freqüentes foram: rodas diversas, encontros e caminhares,

entre outros, numa média de 9 exercícios/aula.

Utilizaram-se 99 músicas (média de 9 por aula), de gêneros diferentes, nacionais e

internacionais, englobando clássicos tais como prelúdios, árias e óperas, e populares como,

por exemplo, forró, sertanejo, samba e valsa. Buscou-se associar cada música ao tipo de

exercício, levando em conta os possíveis efeitos diante dos objetivos da aula e do fenômeno

pesquisado.

Em relação às vivências, foram abordadas as cinco linhas propostas por Toro (2002),

às quais correspondiam os exercícios respectivos. Os 102 exercícios realizados resultaram em

120 indicações, uma vez que alguns foram classificados em 2 linhas. Ressalte-se que embora

todos os exercícios se associem a todas as linhas de vivência, de maneira geral, algumas

dessas se tornam mais evidentes em determinados exercícios, como já dito no referencial

teórico.

Observou-se um predomínio maior da linha de afetividade, seguida da linha de

vitalidade. Essa prevalência decorreu da observação das necessidades observadas no grupo, as

quais determinaram os objetivos.

A descrição minuciosa das aulas, bem como freqüência e dados estatísticos

referentes a elas, encontram-se no Apêndice A.

5.3 Análise e Discussão das Questões de Pesquisa

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119

No caso deste trabalho, a análise visa demonstrar se a prática da Biodança contribuiu

positivamente para a modificação do autoconceito.

O processo de categorização (Quadros 5.1 e 5.2) partiu da determinação de unidades

de registro retiradas de palavras-chave da definição de autoconceito elaborada neste trabalho,

a partir de Freire (2002), Sanchez e Escribano (1999) e Merleau-Ponty (1994): autoconceito é

o conjunto de percepções acerca de si mesmo, em relação ao outro e ao mundo, envolvendo

atitudes valorativas, vivências, sentimentos e a noção de corpo-sujeito único e indivisível.

Essas palavras foram entendidas na perspectiva do autoconceito, auto-estima e auto-

imagem, construtos definidos por Novaes (1985):

Autoconceito = consciência do eu.

Enunciado: que juízo você faz de si mesmo com essa idade?

Auto-estima = percepção afetiva de si.

Enunciado: que sentimento que você tem por você mesmo nessa idade?

Auto-imagem = representação do eu.

Enunciado: como você se vê nessa idade?

No agrupamento pelo léxico foram consideradas referências qualitativas das falas

dos participantes, associadas ao enunciado proposto sobre o fenômeno. Quanto aos

indicadores, apesar de Bardin (1977) sugerir uma seleção de acordo com a freqüência de

indicadores das categorias no texto, aqui este critério não foi observado. Foram computados

todos os indicadores identificados, porque se tratava de um grupo pequeno.

Os Quadros 5.1 e 5.2 apresentam, respectivamente, os resultados da primeira e da

segunda entrevistas.

Unidade de Registro

Categorias Indicadores Freqüência

Relacionamento

- vontade de conversar - falta de convivência - solidão - agressividade com as pessoas

1 1 1 1

Afetividade - amor e paz - pensamentos bons

1 1

Autoconceito

Cognição - não estudei - me acho inteligente

1 1 * uma participante não realizou a 1ª entrevista

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Auto-estima Gostar de si - amor por mim - tenho de gostar de mim - gostar de si o tempo todo

4 2 2

Aparência física (tento/sou)

- imagem maravilhosa / me acho linda - sem defeito - gosto de me arrumar - sentir-se deformada

2 1 2 1

Orgulho - tenho orgulho da idade

1

Auto-imagem

Bondade - tenho bom coração

1

Unidade de Registro

Categorias Subcategorias Indicadores Freqüência

Relacionamento - melhora com o outro e consigo 1

Bem-estar - sentimento de ânimo 2

Percepção do outro - dar atenção ao outro 1

Autovalor - dar mais valor a minha pessoa 1

Controle - eu era dominadora 1

Autoconceito

Mudança

Percepção de si

- maltratava ......... as pessoas - aceitação do outro - mais tolerância com o outro

1 1 1

Descoberta de si - aprendi que a gente pode - houve um despertamento

1 1

Autovalor

- sou excelente

1

Amor a si

- estou me amando - mexeu dentro - carinho, cuidado comigo

2 1 1

Auto-estima

Mudança

Autocrítica - era um nervosismo misturado com ignorância - eu me pus no meu lugar

1 1

Quadro 5.1: Primeira entrevista

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Unidade de Registro

Categorias Subcategorias Indicadores Freqüência

Independência

- faço tudo que a de 18 faz - saio sozinha, faço tudo - eu faço tudo - faço parte de tudo

1 1 1 1

Aceitação de si - tudo que acontece comigo é da idade

1

Conformação - eu me conformei 1

Mudança

Vaidade

- gosto de me arrumar - gosto de me olhar no espelho

1 1

Auto-

imagem

Narcisismo24 - eu me vejo, eu me sinto feliz com minha imagem

1

Quadro 5.3: Segunda entrevista

Autoconceito

Na primeira pergunta - “que juízo você faz de você mesmo com essa idade?”

(autoconceito) -, as respostas indicaram categorias de três áreas diferentes: relacionamento,

afetividade e cognição. Deduz-se que as áreas abrangidas pelas respostas denotam as que o

participante considera de valor e que aspectos delas reconhecem em si, seja porque existem ou

porque lhe faltam.

Esse reconhecimento foi expresso tanto na área de relacionamento como na área da

cognição.

(...) sei conversar, chego nos lugares e me viro (P9).

(...) eu tinha tudo para ser alguma coisa (ter estudado) e não aproveitei . Além disso,

sou muito esperta, muito ativa para idade (P1).

(...) sou muito ignorante (...) Tem muita coisa dentro de mim que eu penso (P8).

As três áreas abrangidas pelas respostas coincidem, no geral, com as que refletem

perdas significativas para o idoso: o relacionamento, que demonstra aspectos de sua vida

familiar/social; a afetividade, que representa o suporte emocional com que ele enfrenta o seu

24 Considera-se narcisismo o amor pela própria imagem, com base no mito de Narciso (LAPLANCHE;

PONTALIS, 1997).

Quadro 5.2: Segunda entrevista.

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processo; a cognição, que implica o contato com as gerações mais novas e com outras,

principalmente neste tempo de grandes mudanças tecnológicas.

Baltes (apud PAPALIA e OLD, 2000) explicou que a capacidade de adaptação do

idoso implica: aspectos comportamentais, referentes ao desempenho e à competência social

(relacionamento); aspectos emocionais (relacionados com a afetividade), que possibilitam as

habilidades para que o idoso possa lidar com ambiente; aspectos cognitivos que auxiliam a

capacidade de solucionar problemas.

Porém, apesar de essas áreas serem significantes em relação às perdas do idoso, é

importante ressaltar que a maior parte dos integrantes do grupo não relacionou suas atuais

condições ao processo de envelhecimento. Ao contrário, relacionaram-nas à falta de

oportunidade, à falta de um pensar melhor sobre o significado de alguns aspectos, como o

estudo, por exemplo. Em certa medida, as condições desses participantes, à exceção de um,

contrariaram o que se observa no comportamento de muitos idosos, e que está relacionado

com as convenções sociais “da pior espécie” (GAIARSA 1991).

No sentido teórico, o autoconceito que o grupo tem de si e que envolve,

principalmente, relacionamento, afetividade e cognição corresponde ao que Sanchez e

Escribano (1999) definem: o autoconceito é uma atitude valorativa e engloba

experiência/atitudes, estima/sentimentos. Num perfil evolutivo, o autoconceito engloba a

cognição em um processo que iniciaria ainda na infância e que levaria posteriormente a

sentimentos de autonomia, de uma confiança básica no ambiente e nas vivências da

experiência social.

(...) eu precisava ser mais esperta, ser mais ativa comigo mesma (P1).

(...) as pessoas dizem que converso direitinho, que tenho até mais instrução do que

tenho (P9).

No que se refere ao relacionamento, Paullineli e Tamayo (1986) afirmam que o

autoconceito é fundamentalmente social, porque sofre influência das experiências do outro em

relação ao próprio comportamento.

(...) todo mundo gosta de mim, me acho simpática (P2).

Quanto à afetividade, Markus e Wurf (1987) destacam que uma das funções do

autoconceito é harmonizar os afetos, o que leva a uma fonte de motivação e estímulo para o

comportamento positivo ou negativo e desempenha um papel importante na integração e na

organização das experiências individuais.

(...) quero viver muito. Meus filhos são muito bons para mim, me apoiam em tudo

(P2).

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(...) não tenho paciência (...) se eu tivesse um neto perto de mim ou minha filha. Tem

muita coisa dentro de mim que eu penso, de ficar com a minha filha perto de mim (P8).

Se na linha de pensamento de Rogers (1992) o desenvolvimento começa quando a

criança inicia suas experiências,e tem necessidade de uma aceitação positiva por parte dos

pais, em relação ao idoso, pode-se dizer que há uma inversão: seu autoconceito, que é

evolutivo, passa pela aceitação das pessoas mais significativas, filhos e familiares próximos.

Na segunda entrevista, no término da pesquisa de campo, observou-se que as

respostas às três unidades de registro, em sua maioria, foram marcadas pela clara expressão da

palavra “mudança” ou por outras que deixavam implícito esse sentido. Isso justificou a

criação da categoria “mudança”, e as áreas em que as mudanças ocorreram transformaram-se

em subcategorias.

Em relação ao autoconceito, primeira unidade de registro, 100% dos participantes

indicaram mudanças que envolveram: relacionamento, bem-estar, percepção do outro,

autovalor, controle e percepção de si. Como se verifica, a subcategoria “relacionamento”

repete uma categoria desenvolvida na primeira entrevista, o que não deveria ocorrer em uma

categorização.

Bardin (1977, p. 120) explica que as “boas categorias” devem ter qualidades como

exclusão mútua, condição segundo a qual “cada elemento não pode existir em mais de uma

divisão”. Porém, no caso do relacionamento, tanto quanto qualquer outro indicador deste

trabalho, que surgissem em mais de uma categoria, considerou-se que a repetição não

prejudica a análise, uma vez que a questão de pesquisa foi a mesma da primeira entrevista

(“que juízo você faz de si mesmo nessa idade?”) - , e o foco da investigação está no processo.

Em outras palavras, qualquer participante poderia manter os mesmos indicadores de

autoconceito apresentados na primeira entrevista, referindo-se somente a mudanças de seus

níveis.

Por outro lado, a eliminação desse indicador em face de critérios do método de

análise poderia desvirtuar os princípios do método fenomenológico quanto à redução

fenomenológica (redução de proposições preconcebidas por parte do pesquisador) e à redução

eidética (que se propõe alcançar essência da resposta do participante). Em outras palavras, a

análise da essência do discurso dos participantes poderia ficar prejudicada por um método

exterior ao fenômeno.

A mudança expressa, quanto ao relacionamento, foi justificada pela participante em

relação a sua agressividade:

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(...) mudou muito porque sou muito agressiva, eu responda as coisas, eu não engulo

nada, as pessoas me fazem as coisas e eu respondo na hora e eu estou sentindo que estou

melhorando com isso (Biodança), sabendo enfrentar o dia a dia, as pessoas fazem, às vezes,

uma coisa que eu não gosto e agora estou controlando, sabe, prá não responder, prá não

agredir, eu era terrível (P5).

Ressalte-se que essa participante não concordou em responder a primeira entrevista,

(conforme nota no Quadro 5.1), tendo se apresentado e enfaticamente dito que “preciso fazer

a entrevista agora”, por ocasião da segunda.

O fato de essa participante não haver respondido a primeira entrevista não anula a

idéia de processo que justificou a repetição da categoria “relacionamento”, já que,

independente desse primeiro registro, o objetivo da pesquisa foi observado em relação a ela,

quando declara:

(...) agora estou controlando, (...) eu era terrível ! (..) Esse entrosamento foi bom

pra mim acabar de melhorar a minha maneira de ser. O advérbio (agora) e os verbos no

pretérito são indicadores da idéia de que houve mudanças.

Teoricamente, a ausência de uma entrevista também é justificável. Bardin (1977)

explica que os indicadores categoriais são flexíveis e que as palavras que necessariamente não

se encontrem no texto podem ser registradas, segundo o princípio da coerência, por exemplo,

dentro de uma conotação significativa. Osgood (apud BARDIN, 1977, p. 165) defende que se

pode “inferir as atitudes dos (inter) locutores a partir de suas mensagens”.

Ante a frase “preciso fazer a entrevista agora”, depreende-se a definição de Erikson

(1987), quanto ao processo de estruturação do autoconceito provocar inquietações, cujos

valores implícitos contribuem para o sentido de unificação da pessoa, consolidando seu

autoconceito.

Quanto ao bem-estar, expressão de melhoria do autoconceito, Sanchez e Escribano

(1992, p. 22) defendem que o autoconceito, independente da idade se define e se delineia a

partir da experiência e das exigências do mundo, reformula-se em função de acontecimentos

da vida em geral.

Na velhice, conforme Freire (2003), o bem-estar psicológico se caracteriza pela auto-

aceitação, pela autonomia, pelas relações mais positivas com os outros, pela competência para

manejar o ambiente e pelo crescimento pessoal.

(...) eu me senti melhor. A gente assim mais leve, a mente melhor, ajudou muito e

muito mesmo .

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(...) antigamente a gente ficava mais preso dentro da gente, porque tem coisas que a

gente não passa para ninguém, a gente guarda. Aqui não (na Biodança), a gente bota para

fora, as conversas, as entrevistas, a dança em si, os exercícios que a gente faz, isso é muito

bom (P9).

(...) eu me sinto tão bem agora, (...) me sinto tão bem, mais animada, uma pessoa

assim que gosto de mim mesma, sabe? (...) o meu sentimento por mim mudou, fiquei mais

alegre porque me sinto mais jovem, gostei demais (P2).

Segundo L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985), as percepções sejam centrais,

secundárias ou intermediárias, constituem uma das quatro hipóteses que integram seu modelo

teórico de autoconceito e são flexíveis, na medida em que podem, inclusive, inverter-se, a

depender das circunstâncias socioculturais.

No caso desta pesquisa, não se observou, entre os participantes que citaram sua nova

percepção, nenhuma inversão ou supervalorização da percepção de si em detrimento da

percepção do outro.

Cooley e Mead (apud GOBITTA e GUZZO, 2002) citaram a importância do outro,

como pessoa significante, como uma das primeiras noções do construto auto-estima,

relacionada ao self e base do autoconceito.

Freire (2002) também se reporta às percepções como um conjunto organizado que

vai configurar o autoconceito como uma “percepção consciente de si”, ou seja, o âmago do

self.

A percepção do outro no contexto do autoconceito está relacionado ao que Markus e

Wurf (1987) citam quanto às funções do autoconceito: ele dota o indivíduo de um sentido de

continuidade de espaço e de um estímulo para o comportamento, como já dito.

Esse espaço pode ser definido como o espaço grupal, no qual as relações de afeto

foram ampliadas, dando lugar a novas formas de convivência.

(...) para mim melhorou muitas coisas, a gente ter mais carinho às pessoas porque o

carinho a gente só não tem com as pessoa de casa, carinho a gente tem com as pessoas de

fora, também.

(...) quando você começa a falar, dar entrevista, falar ao microfone, tipo assim você

chega acanhado, no final das contas você vai aprendendo (...) a falar, a procurar aprender

mais ou então falar melhor ou então desenrolado.

(...) a gente fica mais alegre com o que a gente viu ( ..). esse grupo unido, a união

que fez a gente se unir mais.

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(...) querem fazer da gente mais importante devido a vida da gente, tudo que vem pra

melhorar a vida da gente, sempre é bom, nunca é ruim. (P3).

A “percepção do outro” e a “percepção de si” podem ser analisadas como duas faces

de uma mesma visão que separa o “eu” do outro e, ao mesmo tempo, os une. Separa-os,

quando faz com que o outro seja visto como um indivíduo dotado de subjetividade própria,

logo, um ser com diferenças, ambigüidades e sentimentos tanto quanto o “eu”. E, assim, o

outro passa a ser respeitado. Une-os, quando, em razão do social, estabelece bases de

convivência nas quais trocas podem ser realizadas e levam a um movimento de avaliação

sobre si.

(...) agora eu estou mais convicta que a vida é assim mesmo (...) aceitação em

relação ao eu mesma (...) estou até aceitando uma gravidez de minha empregada. Antes, eu

teria dispensado ela para ir embora e tudo.

(...) a gente fez quanta coisa boa que, na sua vida, na minha, de todos que estavam

ali, que devem ter isso influenciado coisas boas (...) a gente não tem que pensar ‘estou velha,

estou no final da vida’ (P4).

(...) achei que não é por aí que é o amor (...) por que eu querer dominar? prá eles

me querer bem, gostarem de mim, tá na minha volta, eu não precisava tá controlando tudo

prá um, prá outro (P1).

(...) a gente, sabe, aprendeu a ter mais tolerância, paciência, a esperar mais pelas

coisas, gostar mais dos outros (...) as pessoas do outro lado podem não saber o que a gente

está sentindo.

(...) a gente se sente, eu me vejo assim, mais leve, mais fácil para mim decidir as

coisas, fazer algumas coisa, me sinto melhor ainda do que era antes, estou mais decidida,

mais determinada.

(...) eu gostei muito, a gente aprendeu muito, parece que a gente cresceu mais, né?

(P7).

Esse “identificar” a si e ao outro foi principalmente ressaltado pela maioria dos

participantes como fruto do convívio com o grupo que funcionou como uma espécie de

“quebra de resistências” e abertura para novos encontros.

(...) Biodança foi assim, é um grupo que a gente sente todo muito igual, cada uma dá

o seu depoimento, enriquece o modo de a gente pensa, porque, às vezes, a gente fica

pensando: pôxa, só a gente que fica assim, só a gente que tá idosa, né? (...) este convívio

torna mais leve de a gente levar (a velhice) (P4).

(...) a gente fica sem conversar com as pessoas e quando sai quer falar demais (P6).

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(...) foi um aprendizado (...) até aprender a falar, que eu só falava alto, estralando,

eu mesma reconheço isso (P1).

(...) aprendi mais a lidar com as pessoas (...) agora, eu to tendo aquela paciência,

aquela calma mais para conversar e para atender as pessoas (P7).

Nesse contexto de percepção de si, do outro e dos efeitos da convivência em grupo

destacam-se as palavras de Paulinelli e Tamayo (1986, p. 116): “A percepção de si faz-se a

partir das representações dos outros, sem ser exclusivamente uma reprodução das mesmas. O

outro funciona como espelho, onde o indivíduo, a partir da imagem que ele reflete, se

descobre, se estrutura e se reconhece”.

O autovalor, como elemento do autoconceito, pode estar relacionado com a

percepção de si, sendo resultado de uma auto-avaliação. Em outras palavras, a auto-avaliação

levaria ao autovalor, deixando implícita a idéia de processo.

(...) passei a dar mais um pouquinho de valor a minha pessoa, porque eu estava

descrente da vida, sem vontade de viver (...) estou me sentindo muito bem na Biodança (...) eu

estava descrente de tudo, prá vestir, prá calçar (P6).

Embora, na literatura pesquisada, não se tenha encontrado especificamente a auto-

avaliação como etapa do autovalor, ficou clara, em todo o trabalho, a noção de autoconceito

como processo que se organiza, se configura e se reconfigura ao longo das experiências.

Por outro lado, autores como Fernández (2002) e Wells e Marwell (1976) se

reportam a termos precedidos do prefixo “auto” como uma grande variedade de palavras que

fazem referência ao construto autoconceito e podem ter um significado diferente, de acordo

com a orientação dada por pesquisadores.

Fica então, neste trabalho, a compreensão que termos precedidos de “auto” podem

estar associados ao autoconceito não como sinônimo, mas como integrantes dele, sob forma

de processo ou não.

James (apud FERREIRA, 2002) explicou que a consciência de si (que pode vir da

percepção de si, da auto-avaliação e do conseqüente autovalor) é que proporciona o sentido

existencial e de direcionamento às ações.

(...) agora a gente sente mais vontade de viver, sente vontade de aproveitar mais a

vida, tem ânimo para tudo (P6).

O controle, no contexto do autoconceito, pode ser associado ao indicador

“relacionamento”, como expressão dele.

(...) Eu tenho que tomar parte, eu tenho que saber, eu tenho que ver. Agora eu sei

que não é por aí (P1).

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Justifica-se, aí, a função atribuída ao autoconceito por Campbell (1990), como

regulador do comportamento, orientando e capacitando os indivíduos em seus papéis ao longo

da vida.

André e Lelord (2003) explicam que a visão (percepção) de si resulta de uma

avaliação subjetiva das qualidades e dos defeitos que o indivíduo faz de si mesmo. E a

importância dela (avaliação) está no fato de que o indivíduo deve reconhecer que é portador

de limites.

Diante do exposto, pode-se dizer que, comparativamente, a diferença entre a noção

de autoconceito denotado na primeira entrevista ampliou-se na segunda, apresentando, logo

de início, a categoria mudança, anteriormente justificada. Tal categoria, por si só, constitui um

indicativo de que a visão primeira de autoconceito associada apenas ao relacionamento, à

afetividade e à cognição se expandiu, seja em direção ao aprofundamento desses, seja em

outras direções.

No caso, observou-se uma expansão dos dois sentidos: na direção do

aprofundamento, na categoria “relacionamento”, os indicadores “vontade de conversar, falta

de convivência, solidão e agressividade com as pessoas” foram substituídas pelo indicador

“melhorar com o outro e consigo”.

Nesse aprofundamento, surgiu a presença do outro, ou seja, conota-se que houve

uma descentralização do foco do sujeito de si mesmo (primeira entrevista) para um reenfoque

de si pelo enfoque no outro (segunda entrevista). Reitera esse entendimento as palavras “outro

e consigo” ditas associadamente.

Em outras direções, a noção de autoconceito se ampliou basicamente em dois

pontos: percepção de si e do outro (que confirma a mudança do foco do sujeito a partir do

outro) e a idéia de bem-estar, trazida pelo controle e pelo reconhecimento do autovalor

(Quadro 5.4).

Auto-estima

À segunda pergunta - “que sentimento você tem por você mesmo nessa idade?” -,

realizada na primeira entrevista, as respostas se centraram em única categoria, “gostar de si”,

literalmente, correspondendo ao sentido etimológico da palavra, descrito por Cunha (2001) da

seguinte forma: estimare, significando amar, e “auto”, daquilo que é próprio.

Para André e Lelord (2003), o amor a si mesmo é um dos três pilares da auto-estima

e seu elemento mais importante é o amor incondicional a si mesmo.

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Nos indicadores (amor por mim, tenho de gostar de mim e gostar de si o tempo

todo), dois aspectos chamaram a atenção: a locução verbal “tenho de gostar” e a locução

adverbial “o tempo todo”. Em relação ao primeiro, “ter de” indica uma obrigação, como se

não houvesse uma vontade própria, um estímulo natural para esse gostar. Em “tenho de

gostar, ainda não gosto”, os dois verbos sugerem uma ação futura – conotação semântica

imperativa que confirma o entendimento anterior.

(...) eu tenho de gostar de mim próprio porque senão não vai (P3).

(...) tenho de aprender a me amar, a gostar de mim (P6).

Segundo Adler (apud GOBITTTA; GUZZO, 2002), a auto-estima está relacionada

com a aceitação de si mesmo. Para Simmons e Simmons JR (1999), pela auto-estima avalia-se

se alguém quer bem a si próprio.

“Gostar de si o tempo todo” remete ao amor incondicional citado por André e Lelord

(2003, p. 17): “amamo-nos a despeito de nossos defeitos e limites, fracassos e revezes”.

Nessa visão, “o tempo todo” não teria um sentido estritamente temporal (gosto muito

hoje, menos amanhã), mas sim um sentido de manutenção do amor, independente das

condições e circunstâncias. “O tempo todo” representaria, na verdade, a amor incondicional a

si.

Na segunda entrevista, como já foi dito, surgiu a categoria “mudança”, passando as

demais à condição de subcategorias.

No grupo das subcategorias, observou-se a repetição do elemento “autovalor”,

apontado na subcategoria autoconceito (nessa segunda entrevista). Apesar das orientações de

Bardin (1977) nesse sentido (já explicadas), aqui também essa repetição se justifica: o

autovalor, como elemento do autoconceito e da auto-estima, demonstra a interligação entre o

conteúdo desses construtos.

Destaca-se, nesse sentido, que não se trata apenas da interligação terminológica a

qual se refere Novaes (1985), principalmente marcada pelo prefixo “auto”. São conteúdos que

se desenvolvem em conjunto e voltados para o mesmo fim: a aceitação de si mesmo. Para

Branden, (1992), a auto-estima abrange dois elementos, entre eles, o autovalor.

(...) autoconceito, auto-estima (...) são coisas de um íntimo só (P1).

As subcategorias “descoberta de si” e “troca” podem ser analisadas em conjunto,

porque têm implícita uma relação de dependência: se a “troca faz a gente aceitar” é porque

algo levou a uma nova visão.

(...) houve um despertamento (...) que faz a gente aceitar e dá alegria (...) o

depoimento dos colegas (P4).

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(...) Eu aprendi que a gente pode, do eu da gente, da gente querer, eu vou fazer e aí

a gente vai e faz (...) tenho aprendido a conviver com as diferenças (P9).

A descoberta de um potencial de realização, tanto quanto o despertar para outra visão

da vida a partir das trocas sociais são fatores relevantes na vida do idoso, haja vista a

repercussão de seu processo de perdas sobre sua autonomia e sobre a convivência social.

Como esse processo funciona de modo interligado, nas áreas fisiológica, cognitiva,

psicológica e social, entende-se, no caso, que a descoberta da autonomia (cognitiva) pode

trazer melhoria à parte social e vice-versa. Um e outro, por sua vez, podem contribuir com as

demais áreas: a psicológica – pela própria auto-estima melhorada – e a fisiológica – porque a

melhora no estado de ânimo revitaliza a energia física.

Conforme Eikson (1998), os corpos, mesmos os bem cuidados, vão perdendo a

capacidade de manter a força e a autonomia que, debilitadas, enfraquecem a confiança em si.

Para Branden (1996), a auto-eficiência representa confiança no potencial físico e

mental para as realizações.

Por outro lado, a descoberta para o valor das trocas representa uma abertura que,

embora diretamente ligada ao social, significa bem mais que isso: uma abertura para a própria

vida.

Descobrir o valor da troca na velhice leva à dedução sobre uma vida anterior com

alguma solidão, embora no caso, essa situação não tenha sido explicitada. Mas o

“despertamento” (do que não estava ativo) dá essa idéia.

Na subcategoria “amor a si”, os indicadores “estou me amando/gostando” e “eu não

me cuidava” demonstram situações explícitas de mudança de visão:

(...) Eu não me cuidava muito bem, não saia e agora não (...) Meu filho também

percebeu: ‘mãe, a senhora está mais vaidosa’. Eu estou vivendo! (P8).

(...) estou me amando, não quero morrer tão cedo, eu tenho alguma coisa a oferecer.

Não é amor com homem, é amor comigo mesma (P6).

(...) eu tô me gostando muito (...) porque antes eu sentia tanta dor, uma coisa, outra

(P7).

Mas a nova visão, entretanto, por si só pode não ser suficiente para manter esse

estado, haja vista ele exigir capacidade de adaptar-se novamente, no caso desta pesquisa, a

motivação pode se reduzir com a dispensa do grupo (fim da pesquisa de campo), e o idoso

pode voltar ao estado anterior.

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P6, por exemplo, tão logo afirmou estar se amando, complementou: “estou sentindo

desamada porque eu vivo só (...) estou me sentindo desprezada (...) eu criei um punhado de

filho, são maravilhoso meus filhos (...) mas será que eles vão dar valor nim mim” ?

Como se observa, as dificuldades apresentadas por ela, embora aparentemente sejam

provenientes do exterior, podem também refletir medo e insegurança na relação com os filhos,

e isso, ao que parece, não se modificou.

O trabalho com o grupo, a convivência, os depoimentos surtiram efeito, mas podem

não ser, em tão curto período, suficientes à administração de questões que sejam mais

profundas. Isso significa que, se em relação aos objetivos deste trabalho, as respostas

satisfizeram, por outro lado, demonstraram também a existência de conflitos maiores.

Sublinhe-se que não se trata, aqui, de considerar pouco tempo de trabalho em campo

(como já falado) e sim a existência de aspectos que a pesquisa não deu conta de resolver, até

porque não se encontravam em seus objetivos. Mas também aí a investigação foi positiva,

pois serviu para clarificar conflitos cuja solução pode encontrar-se tanto em nível de terapia

específica, como na continuidade da Biodança.

Neste sentido, Ferrer (2000. p. 172) traz a importância do afeto na vida do idoso ao

afirmar que o

afeto representa o estímulo do comportamento adaptativo que regula, matiza e dá cor a qualquer situação, possibilita a motivação, determina a atitude geral (rejeição, fuga, aceitação, indiferença) e desempenha um papel determinante nos pensamentos e ações da pessoa em estados de saúde e de enfermidade.

O indicador “mexeu dentro” transmite a idéia do que se buscou comprovar na

investigação de campo, isto é, como a Biodança poderia contribuir para o autoconceito.

Quando P7 diz “(...) mexeu com os sentimentos da gente, uma coisa que vem de

dentro (...) mexeu dentro do pensamento, a imaginação, as emoções”, compara o trabalho

grupal da Biodança com as atividades físicas das quais é praticante: “(...) porque nos esportes

a gente nem lembra de sentir, é isso aí que eu quero chegar”.

P7 parece ter alcançado a integração bio-psico-social da qual falam Baltes e Baltes

(1990). Essa integração é possibilitada pelo autoconceito positivo.

Do ponto de vista da Biodança, essa integração corresponde a um de seus objetivos.

Segundo Toro (2005b), é por meio da integração afetiva que o indivíduo restabelece o sentido

de unidade consigo mesmo, com o outro e com a natureza, rompido em determinados

momentos da vida, por causas diversas.

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A declaração de P7 “mexeu dentro do pensamento, a imaginação, as emoções” tem

consonância com o depoimento de P6 que, sem expressamente dizer “mexeu dentro”, trouxe à

tona conflitos pessoais “de dentro”.

Os indicadores da subcategoria “autocrítica” (“era uma mistura de nervosismo

misturado com ignorância” e “eu me pus no meu lugar”) revelam a capacidade de o indivíduo

orientar-se e situar-se no mundo, o que, para Merleau-Ponty (1994), tem relação com

dinâmicas pessoais.

O reconhecimento que levou à autocrítica pode estar relacionado ao que Freire

(2003) diz, quando fala da capacidade do idoso de dar respostas flexíveis aos desafios da

mente e do ambiente. Freire (2002) também explica que o self desenvolve estratégias de

adaptação ao ambiente, inclusive por meio da mediação de aspectos da personalidade, que vão

indicar como os indivíduos podem lidar com o ambiente e com o desafio da velhice.

(...) eu não era assim não. Se eu quisesse um carro, teria que ser para amanhã, eu

removia céu e terra (...) na Biodança, eu me pus no meu lugar (P1).

(...) eu tenho esse nervosismos misturado com ignorância (...) eu era agressiva (...)

eu me arrependia comigo mesmo de ter feito aquilo (...) aquela atitude que tomei com aquelas

pessoas (...) às vezes, nem merecia (P5).

Em termos gerais, a mudança da auto-estima, entre a primeira e a segunda entrevista,

tal como no autoconceito, expandiu-se tanto no sentido de aprofundamento (“gostar de si”,

que se mantém) quanto no surgimento de outros indicadores (Quadro 5.4). Porém, diferente

do autoconceito, não se observou um total desfocamento de si nesse “gostar”. Apenas o

“despertamento” e o sentimento de autocrítica trouxeram a presença do outro na valorização

da troca e na identificação da necessidade de limites, respectivamente.

Auto-imagem

Na terceira pergunta “qual a imagem que você faz de si mesmo; como você se vê

neste momento de sua vida”? -, as respostas dadas, quando da primeira entrevista, foram

classificadas em três categorias: aparência física, orgulho e bondade, abrangendo as áreas

física, psicológica e afetiva. Pelos indicadores, verifica-se a prevalência da auto-imagem

relacionada mais com a aparência física do que com o afetivo ou psicológico, o que pode ser

explicada pela associação comum de imagem ao aspecto físico.

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Em termos gerais, independente da prevalência da aparência física, o conceito foi

estendido ao psicológico e ao afetivo, estando próximo daquilo que Schilder (apud LE

BOULCH, 1992) define como aspectos que devem ser observados na auto-imagem.

Os indicadores da categoria “aparência física”, sejam no sentido positivo (“gosto de

me arrumar”, “tenho uma imagem maravilhosa”, “me acho linda”, “não tenho defeito”), sejam

no negativo (“me sinto deformada”), falam por si só do que representava a auto-imagem

desses participantes naquele momento.

Tal representação corresponde, de certa forma, à definição de esquema corporal

apresentada por Turtelli (2003), segundo a qual esse esquema representa as características

biológicas que servem de base à construção da imagem corporal.

Conforme Rogers (1977), a imagem é configurada a partir da experiência do eu com

os valores que o sujeito associa a sua percepção.

Se, por um lado, a relação da aparência física com a auto-imagem está correta em sua

associação imediata, já que o corpo é a expressão mais palpável dela, por outro, a

concentração da auto-imagem só nessa experiência demonstra um noção incompleta daquilo

que o corpo representa. O corpo é o depositário da experiência pessoal (BARROS, 1998); é

fonte de significação, é local de emoção e de desejo (LAPIERRE; AUCOUTIER, 1980); é o

meio de perceber o mundo (MERLEAU-PONTY, 1994).

A noção de outros componentes corporais, logo, integrantes da auto-imagem, foi

expressa nos indicadores “bondade” e “orgulho”, quando os participantes declararam:

(...) todo mundo gosta de mim (...) me acho simpática (P2).

(...) tenho orgulho pela minha idade (P1).

Porém, não obstante, referem-se a componentes diferentes da aparência física para

definir a auto-imagem, também traduzem uma noção incompleta, já que o corpo abrange

“orgulho” (sentimento), “bondade” (percepção da relação eu/outro) e “aspectos físicos”

(considerações bio-fisiológicas).

Em resumo, pode-se dizer que os indicadores dos participantes nas três categorias de

auto-imagem correspondem, em conjunto, a um conceito de auto-imagem.

Na segunda entrevista, os indicadores foram mais amplos, abrangendo cinco

categorias: independência, aceitação de si, vaidade, conformação e narcisismo.

No geral, foi observado que todas as respostas fixaram-se em aspectos físicos, o que

corresponde à idéia comum de imagem corporal associada mais à disposição física, aos

movimentos, à aparência corporal (peso) e à apresentação (trajes, maquilagem).

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Não se verificaram, nesse momento, de forma evidente, outros aspectos que Schilder

(apud LE BOULCH, 1992) considera inseparáveis na imagem corporal: mentais, sociais e

afetivos.

Não se percebeu, também de acordo com Le Boulch (1987, p. 188), a integração das

linguagens fisiológica e psicológica “em uma mesma realidade fenomenológica que é o corpo

próprio”. No caso, o corpo, como referência da imagem, foi considerado um instrumento que

possibilita ainda agilidade para os diversos afazeres e a própria expressão da beleza física,

portanto, merece cuidado.

Entretanto, não se pode associar essa percepção incompleta de imagem como

aparência física à classe social dos participantes (a maioria pertence à classe média baixa),

uma vez que aquela percepção é a geral na atualidade, como resultado dos “bombardeios”

diários da mídia na divulgação de parâmetros estéticos como fonte de saúde, emprego,

juventude, tanto que P4 declarou:

(...) porque eu sempre pensei (...) quando fosse necessário alguma coisinha (cirurgia

plástica) eu gostaria de fazer, mas eu tive uma decepção muito grande (grifo da pesquisadora)

porque não posso fazer cirurgia nenhuma, porque já fiz ponte de safena.

Não resta dúvida, porém, de que as condições de locomoção e a agilidade são

fundamentais no exercício da independência, cuja perda debilita o controle e a autonomia,

conseqüentemente, enfraquecendo a crença em si e o autoconceito (ERIKSON, 1998).

Para Merleau-Ponty (apud COSTA, 1998), é com o corpo que o indivíduo realiza o

gesto e as ações que levam à concretização de tarefas.

Como expressão da beleza, o corpo identifica-se com o próprio indivíduo e nele se

encontram o subjetivo – o eu sou, a beleza – e o objetivo, os movimentos pelos quais a

corporeidade se manifesta.

(...) eu me sinto bem comigo,eu saio, venho sozinha, vou ao médico (...) isso é muito

bom (P9).

(...) eu praticamente faço tudo que a de 18 faz, nada me impede ( P1).

(...) eu lavo, eu passo, eu faço tudo (...) eu ando sozinha, prá todo lugar, faço muitas

contas tudo direitinho (P8).

(...) gosto de sair, de passear, de fazer parte de tudo (P2).

Essa independência de ações e autonomia não demonstram, nesse caso, o

desvanecimento do corpo em decorrência da velhice, ao qual se refere Le Breton (1995). Para

esse autor, principalmente nas sociedades ocidentais, o corpo é discreto e silencioso, em geral

como resultado de “rituais” que afastam a consciência de si. Esses rituais, sob uma

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justificativa de socialização das manifestações corporais, representam, antes de tudo,

elementos de repressão.

Possivelmente, o fato de os participantes integrarem o “Grupo dos Mais Vividos”

contribuiu para a manutenção desse estado de espírito entre eles.

As subcategorias “aceitação de si” e “conformação”, aparentemente semelhantes,

possuem características que distinguem uma e outra forma de percepção de si.

Quando P6 se refere a sua auto-imagem dizendo “eu não me olhava no espelho, tudo

em mim eu achava feio (...). Meu Deus, que mulher é essa horrorosa? (...) Que mulher feia,

gordona é aquela?”, demonstra não só insatisfação com seu físico, mas também uma baixa

auto-estima que compromete a visão da auto-imagem.

Não resta dúvida que sua comparação é feita com o ideal contemporâneo, firme e

jovem, que foge ao sinal do tempo, segundo descreve Marzan-Parizoli (2004). Trata-se de

uma não correspondência aos modelos instituídos pelo mercado e que leva ao sentimento de

culpa e de rejeição. E P6 confirmou isso: “Você está descabelada, (...) eu tinha vergonha de

minha mão envelhecida, cheia de rugas (...) e tudo meu vivia escondendo”.

Mas P6 conclui: “agora estou aceitando (...) tudo que está acontecendo com o meu

corpo é da idade (...) me sinto feliz do jeito que sou (...) tenho prazer de botar as minhas

mãos para outros saber que sou velha”.

O que vai distinguir a aceitação de si, expressa por P6, do estado de conformação de

“P4” é a motivação da primeira, diante do reconhecimento de seu processo de

envelhecimento.

(...) Agora eu me sinto feliz do jeito que sou (P6).

O “agora” indica a mudança de estado para melhor:

(...) Até isso (não poder fazer a cirurgia) eu me conformei (...) vou ficar desse jeito

(P4).

O “até isso” demonstra um pesar, diferente da motivação da “P6”.

Porém, a conformação de “P4” não pode ser vista como um aspecto negativo diante

da motivação de “P6”. Ela tem um aspecto positivo, pois ao dizer “até isso eu me conformei”,

ela indicou uma transformação, já que antes ainda não havia se conformado.

Se para uns, a solução parece seguir caminhos mais diretos, para outros, pode-se

necessitar de passos, e a conformação pode ser um deles. Em outras palavras, a conformação

de P4 pode ser o passo que antecede a motivação para a aceitação de si.

Sob esse enfoque, a afirmativa de Erikson (1998, p. 89) de que o processo de velhice

“traz consigo novas exigências, reavaliações e dificuldades diárias” é perfeitamente aplicada

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aos participantes. Steglich, (1978), ao estabelecer a relação entre a auto-imagem do idoso aos

sucessos e fracassos ocorridos em sua vida, sublinha a importância de reforços positivos e

negativos, respectivamente, a sua auto-imagem.

Em relação a P6, ressalte-se que a aceitação de si e sua motivação podem ser

considerados um resultado bastante significativo, haja vista ter ela declarado na primeira

entrevista, sentir-se “deformada”:

Na subcategoria “vaidade”, as participantes foram claras:

(...) tem pessoas que pensam que sou louca, porque com a idade que eu tenho, vestir

do jeito que visto, me pentear (...) não tô nem aí (P5).

(...) Por que não deixar os cabelos brancos? (...) Eu não acho bonito, cada um tem

sua (opinião). Eu gosto de pintar o cabelo (...) Se eu me engraçar com uma coisa, faço jeito

de comprar (P7).

As falas demonstram não só objetividade, em relação ao que querem, como uma

postura de reação às convenções sociais impostas ao idoso e que orientam seu comportamento

(GAIARSA, 1991).

Mais que vaidade declarada em si, depreendeu-se, dessas falas, um sentido de auto-

orientação e uma postura que reflete os próprios desejos, apesar de estar inserida no padrão de

exigência dos modelos comerciais. Mesmo voltadas para a aparência física, que atualmente é

considerada um valor maior, as participantes situam nesse contexto sua própria forma de

compreensão desse valor.

Com isso, elas se colocam em uma posição dual: ao tempo em que participam dessa

idéia comum atual de busca da melhor aparência física (MARZANO-PARIZOLI, 2004),

rebatem a percepção de seu corpo marginalizado pela velhice (SIMÕES, 1994). Em resumo,

há um certo equilíbrio.

Na subcategoria “narcisismo”, observou-se, no discurso do participante em resposta

à pergunta “qual a imagem que você faz de si mesmo, como você se vê neste momento de sua

vida?”, a presença de 20 pronomes pessoais da primeira pessoa do singular (“eu”) em uma

resposta de 17 linhas. Se, por um lado, a presença do “eu” poderia ser considerada só uma

expressão do ego, por outro, as referências a esse “eu” como uma pessoa que se sente acima

dos efeitos de qualquer processo, inclusive das perdas da velhice (físicas, psíquicas e sociais),

chama a atenção por dois motivos: primeiro, pelo fato de em nenhum momento, nas seis

respostas (das duas entrevistas), o participante aludiu a si mesmo e a sua vida de uma forma

que fosse menos positiva, quanto mais a qualquer aspecto negativo. Segundo, porque a

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presença insistente do “eu” na definição de sua auto-imagem, denota a ausência sistemática

do outro, levando ao entendimento de que esse outro não faz parte de suas referências.

Nesse ponto, aparentemente, as impressões desse participante não corresponderam

àquilo e Paulinelli e Tamayo (1986) afirmam, no sentido de que o outro funciona como um

espelho no qual o indivíduo vê a sua imagem refletida, se descobre e se reconhece.

Destaca-se que na primeira entrevista esse participante definiu sua auto-imagem a

partir de sua aparência física: “quando me olho no espelho, eu não acho defeito algum” (P3).

Na segunda entrevista, repetiu essa visão – “eu nunca tive prioridade de achar que eu

não era (bonito)” - e expandiu-se em direção a seu vestuário, a sua alegria e ao fato de ser

querido pelas pessoas: “aonde eu chego eu sou muito querido porque eu sempre gostei de

respeitar as pessoas, eu tenho que merecer respeito”.

As pessoas, o outro, aparecem no discurso como se fossem um ponto de afirmação

desse “eu” que dá as regras: “aonde eu chego, arranjo meus amigos, se eu tô num grupo,

procuro respeitar todo mundo”.

Não se percebeu, na fala desse participante, nada que pudesse identificar o resultado

de uma relação de troca, de vivência partilhada.

Na perspectiva de Rogers (1977), essa postura pode evidenciar um self ideal

diferente do real. O ideal é baseado em conceitos com características emocionais que o

indivíduo deseja para si conscientemente. Para Nunes (1997), quanto maior a distância entre o

self ideal e o real, maior é o estado de desarmonia interna e, consequentemente, de sofrimento

do indivíduo. A autopercepção leva a sentimentos de baixa auto-estima e de desvalorização.

Ainda na subcategoria auto-imagem, num segundo momento, dois participantes

enfatizaram um “gostar de si”, após indicarem uma “nova” auto-imagem refletida na

independência. É como esse “gostar de si’ reforçasse a independência, demonstrando a

retroalimentação entre auto-estima e auto-imagem: quando a auto-imagem está positiva, a

auto-estima está elevada (MOSQUERA, 1976).

Em relação à auto-imagem, na diferença das respostas da primeira e segunda

entrevistas como nos construtos anteriormente analisados, verifica-se também uma ampliação

do conceito de auto-imagem, tanto no sentido de aprofundamento (independência como um

resultado de gostar de si) como em outras direções (auto-imagem como aceitação de si,

conformação, vaidade e narcisismo) (Quadro 5.4).

Autoconceito Auto-estima Auto-imagem

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1ª Entrevista Categorias

2ª Entrevista Subcategorias

1ª Entrevista Categorias

2ª Entrevista Subcategorias

1ª Entrevista Categorias

2ª Entrevista Subcategorias

Relacionamento Afetividade Cognição

Relacionamento Bem-estar Percepção do

outro Autovalor Controle Percepção de si

Gostar de si Amor a si Descoberta de si Autovalor Autocrítica

Aparência física Orgulho Bondade

Independência Aceitação de si Conformação Vaidade Narcisismo

Em termos gerais, nos três construtos pesquisados, pode-se afirmar, pelas respostas

dos participantes, que houve mudança na forma como a maioria se percebia e passou a se

perceber.

Destaca-se, no entanto, que o participante P3, ao que indica o seu discurso, não

apresentou diferença significativa entre a primeira e a segunda entrevista.

Autoconceito: (...) eu gosto de mim próprio (...) eu me vejo tão bem até os meus

últimos dias, eu não vou deixar de gostar de mim (primeira entrevista).

(...) eu já era uma pessoa de bom conceito e eu tenho de dar valor a mim mesmo

porque quem gosta de mim sou eu (segunda entrevista),

Auto-estima: (...) eu tenho uma esposa que me deu tudo que eu precisava (...) o amor

que eu tenho por ela, pelas outras pessoas e o amor por mim é maior ainda (...) (primeira

entrevista).

(...) sou uma pessoa que não tenho que falar de mim porque sou excelente (...)

(segunda entrevista).

Auto-imagem: (...) a minha imagem quando me olho, eu me olho no espelho e acho

que tô bem e não tenho nada a declarar (primeira entrevista).

(...) aonde eu chegar a minha alegria é uma coisa e todo mundo me bota lá em cima

(segunda entrevista).

No entanto, na observação, nos últimos dois encontros, sua fisionomia parecia mais

aberta, mais expressiva, diferente das outras vezes. Chegava sempre atrasado, interrompendo

a aula e cumprimentando todos com um tom de voz bem alto e evidenciando euforia. Buscava

o aplauso da turma que, por sua vez, correspondia. Além disso, brincava durante as

atividades, destoando do clima que havia entre o grupo.

Moragas (1997, p. 75), falando de autoconceito, afirma que é essencial ao idoso

possuir uma capacidade de julgamento que coloque seu autoconceito em relação à sociedade

como um todo. Referindo-se ao autovalor, ele afirma que “para a maioria das pessoas, há

Quadro 5.4: Comparação entre o número de categorias da primeira e da segunda

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meios de defesa da identidade pessoal e do autoconceito, e os próprios idosos elaboram

estratégias de defesa psicológica diante das agressões do meio”.

Da observação durante as aulas, alguns fatos se destacaram:

1) Dos nove participantes que fizeram a entrevista, apenas um (P3) não fez

referência à família na apresentação (primeira aula), nem na reapresentação (décima aula). No

transcurso das entrevistas, ele criou especificamente a esposa e o filho (de uma relação

extraconjugal), para mostrar sua mudança em relação ao modo de vida anterior.

Entre os demais, houve quem citasse a quantidade de filhos, netos, bisnetos, e quem

demonstrasse orgulho pela família criada.

A referência à família nas auto-apresentações pode ser compreendida de duas

formas: primeira, mostra o resultado de sua trajetória de vida. É uma forma de se apresentar

vitorioso, num ambiente que hostiliza o idoso. A segundo sublinha a “presença” da família,

mesmo quando se experimentam mudanças, como as citadas.

Olivier (1995) explica que a imagem é vivencial e nela estão presentes os afetos,

história pessoal e valores. A imagem do eu (nas apresentações) configura a experiência do

sujeito com o ambiente e com os valores que ele associa a suas percepções (ROGERS, 1977).

2) Mais da metade dos participantes se referiu expressamente de forma positiva ao

trabalho do grupo, cada um demonstrando um aproveitamento diferente dessa convivência. As

alusões passavam pela troca de experiência:

(...) As aulas que nós temos aqui (...) tem melhorado muito a mente (...) tenho

aprendido a conviver com as diferenças (P9).

(...) Na Biodança fico assim alegre (...) eu tenho ânimo, (...) quando entrei eu me

senti tão feliz de fazer amizade com tanta gente (P2).

(...) Este convívio torna mais leve de a gente levar (a aceitação da velhice) (P4).

(...) Desde que eu entrei aqui em fiquei com mais carinho com as pessoas (P8).

(...) estou melhorando com isso (Biodança), sabendo enfrentar melhor o dia a dia

(...) estou melhorando e com as pessoas que estão ao meu redor (P5).

(...) eu nunca tive um trabalho (desse tipo), sua experiência de vida que ensinou prá

gente ter mais carinho com as pessoas (...) daí melhorou mais tarde o olhar (...) aprendi a ter

mais atenção às pessoas (P3).

A plasticidade da imagem corporal (no caso representada pela mudança referida pelo

grupo a partir da vivência e da dança) em condições saudáveis, permite ao idoso adaptar-se ao

processo de envelhecimento, enquanto o distúrbio de motivação (aparente em P3) pode

comprometer a adaptação da imagem corporal (MONTEIRO, 2001).

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Em P3, diferente dos demais, a demonstração de bom humor e de alegria em alto

nível, observada durante todo o período das aulas, não poderia ser tida como motivação,

porque, como já foi dito, características de seu discurso evidenciam um distanciamento

grande entre o self real e ideal. Haveria uma falta de consciência quanto a sua inadaptação ao

ambiente de sua própria realidade, possivelmente advinda de questões profundas que não

transpareceram nas aulas e que certamente estariam além do que se propôs nos objetivos deste

trabalho.

No que se refere às dimensões do self apresentadas por L’Ecuyer (apud NOVAES,

1985) considerou-se, na observação, que ele (o self) constitui o âmago do autoconceito

(FREIRE, 2002).

Verificou-se, no geral, que o surgimento da categoria “mudança”, na segunda

entrevista, corresponde a uma das hipóteses de L’Ecuyer (apud NOVAES) que aborda o

autoconceito inserido em um sistema multidimensional. Nesse sistema, a hipótese da evolução

desse construto se estende por toda a trajetória de vida do indivíduo, podendo-se verificar nela

o desenvolvimento de dimensões e peculiaridades.

Tal hipótese foi justificada nos resultados das aulas de Biodança não só pelo

surgimento da categoria “mudança” como também pela expansão das dimensões e

peculiaridades de cada construto que cada um apresenta.

(...) eu era muito grosseira, já hoje não sou mais. Eu renovei (P8).

(...) Eu estava descrente de tudo, pra vestir, prá calçar (P6).

(...) A gente, sabe, aprendeu a ter mais tolerância, paciência (P7).

Em termos individuais, os selves se manifestaram na linguagem de quem fala de si,

se avalia, se define e se qualifica a partir da autopercepção (CÁRDENAS, 2000).

Com base da definição de Cárdenas, forma identificados algumas estruturas de selves

na multidimensionalidade de L’Ecuyer (apud NOVAES, 1985): self material, somático (P7) e

possessivo (P1); self adaptativo (P8) e self social (P2).

No que tange especificamente à prática da Biodança, para melhor visualização da

metodologia utilizada nas aulas, foi feito um levantamento semântico do conteúdo dos

elementos metodológicos. Com isso, pretendeu-se submeter os próprios procedimentos da

Biodança à análise, uma vez que eles representaram uma das condições de manifestação do

fenômeno pesquisado, o autoconceito.

Esse procedimento teve como base a orientação de Bardin, para quem os documentos

dos investigadores (neste caso, os planos de aula) prestam-se, entre outros, a levantamentos

semânticos das comunicações na pesquisa. O levantamento visou responder à seguinte

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pergunta: “quais as conseqüências que um determinado enunciado vai provavelmente

provocar?” (BARDIN, 1977, p. 39).

Considerou-se que nas linguagens utilizadas (verbal, musical e corporal), as

consignas, os gêneros musicais executados e os objetivos dos exercícios-cumbre aplicados

constituíram enunciados para se alcançar a finalidade proposta, no caso, a mudança no

autoconceito.

O enunciado é uma unidade real e viva da comunicação, não uma parte extraída de

um discurso já moldado, mas a essência desse discurso. Os enunciados só podem ser

entendidos no interior da cadeia de interação, uma vez que não carregam significados literais,

mas são sempre dinâmicos e dependentes do já dito e das respostas (BAKHTIN, 1992, 1995).

Na linguagem verbal, as palavras são capazes de evocar relações afetivas. Dentro do

significado geral, as palavras têm um sentido diferente para cada pessoa, dependendo da

relação afetiva que ela tem com aquilo que a palavra representa. E nessa experiência

individual com a palavra residem vivências afetivas (VYGOTSKY, apud ARANTES, 2002).

No idoso, o processo de evocação de outras palavras associadas aos enunciados é

influenciado pelo contexto da codificação e pelas trocas. Essas tanto podem inibir palavras

associadas que se encontram ativadas na memória, como reativar outras que tenham sido

inibidas pelo contexto semântico (ERVEN e JANCZURA, 2004). Na Biodança, o objetivo

das consignas é motivar a vivência, pela indicação da ação (SANTOS, 2004).

A música, como linguagem, pode funcionar como estímulo para as pessoas, porque

desencadeia aspectos sensitivos, orgânicos e de comunicação que funcionam como uma

resposta (BENEZON, 1988); conduz à criação de imagens sensoriais, afeta a consciência e

motiva atividades, trazendo as imagens para a consciência (CAMPBELL, 2001); faz com que

o corpo perca a ingenuidade e simplicidade (FREGTMAN, 1996). Em idosos, os efeitos das

músicas são positivos com aqueles que apresentam queixa de segregação familiar, baixa auto-

estima e sentimento de desvalorização (TOURINHO, 2000). Na Biodança, a utilização de

músicas tem como objetivo induzir à liberação de emoções integradoras, como: alegria,

ternura, recolhimento, exaltação (TORO, 2002).

Na dança, linguagem corporal, o movimento excita a pulsão que, no sentido

psicanalítico, é uma energia colocada a serviço do ego para a solução de conflitos e origina

manifestações interiores e exteriores (LAPLANCHE e PONTALIS, 1995); a expressão

corporal estabelece relações entre o corpo, o tempo, o espaço e a criatividade (na qual se

insere a dança), podendo ser vista na dimensão do espaço interior, em todos os seus

sentimentos, e do espaço exterior, na própria relação com o mundo (BRIKMAN, 1989); pela

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dança, manifesta-se um instinto natural de comunicação e de expressão das emoções

(CLARKE, 1964). Em idosos, o movimento (da dança) pode fazer com que eles se reintegrem

ao meio, explorando e desenvolvendo potencialidades adormecidas, afloradas com estímulos

musicais e palavras motivadoras que auxiliam a crença em si mesmas (FUX, 1983). Na

Biodança, a dança é representada por movimentos naturais, surgidos das entranhas do ser

humano; é um ritmo biológico, atende à respiração natural e é realizada por meio de

movimentos vivenciais (exercícios) (TORO, 2002).

Na classificação dos conteúdos, foram levantadas as palavras-chaves dos objetivos

gerais das aulas e das consignas, os exercícios-cumbre e seus objetivos. Os exercícios-cumbre

foram aqueles considerados pela pesquisadora como os mais deflagradores de sentimentos e

emoções, constantes dos planos de aula (Apêndice A).

Palavras-chave objetivos gerais

das aulas

Palavras-chave –

consignas

Exercícios-cumbre - Linha de Vivência

Objetivos dos exercícios-cumbre

Espaço, adaptação, mudança

Espaço máximo e espaço mínimo – (Criatividade)

Adaptar-se a novas situações; Ocupar espaços disponíveis.

Olhar, descoberta, revelação

Brincadeiras de olhar - Leque chinês – (Afetividade/Vitalidade)

Revelar-se ao outro de maneira progressiva

Determinação, respeito, cuidado

Caminhar com determinação - (Vitalidade)

Caminhar experimentando sentimentos de determinação e coragem

Dizer não, contestar, ocupar espaços

Dança de contestação em par - (Vitalidade)

Evocar uma atitude de assertividade e contestação; Delimitar o próprio espaço.

Vivência do espaço de si

(Autoconceito)

Adaptação, mudança, flexibilidade

Escultura de encaixe - (Criatividade/Transcendência)

Experimentar situações de adaptação e readaptação às mudanças corporais; Vivenciar movimentos inusitados.

Reconhecimento, outro si mesmo,

Roda de auto-reverência e de reverência ao outro -

Reverenciar a si e ao outro

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reverência (Afetividade/Transcendência)

Receber, ser recebido, reconhecer o outro, ritual, afeto

Encontros - (Afetividade)

Experimentar uma situação de encontro com uma qualidade ritualística; Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato; Receber e ser recebido.

Sintonia com o outro, grupo, afeto

Roda de comunhão - (Afetividade)

Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal; Aumentar a integração afetiva.

Cuidar de si, receber-se, embalar-se

Dar colo a si mesmo - (Afetividade)

Receber a si mesmo em um auto-abraço

Corpo, sagrado, merecimento, dar, receber

Túnel de carícias - (Afetividade/Transcendência)

Proporcionar contato afetivo incondicional; Receber contato afetivo indiferenciado de todo o grupo.

Importância do nome, expressão afetiva de si e do outro

Canto do nome - (Afetividade)

Expressar o próprio nome de forma melódica e afetiva; Ouvir o seu nome cantado pelo grupo, de maneira melódica e afetiva.

Conexão como sagrado, proteção, maternidade, paternidade

Embalar a criança divina - (Afetividade/Transcendência)

Evocar o sentimento de sacralidade da vida; Embalar e reverenciar a criança divina.

Integração de si mesmo e com o

outro

(Auto-estima)

Fraternidade, alegria, reconhecimento do outro

Abraço fraternal - (Afetividade)

Celebrar um contato afetivo fraterno.

Quadro 5.5: Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas, exercícios-cumbre, linhas de vivência e objetivos dos exercícios-cumbre

Palavras-chave -

objetivos gerais das

aulas

Palavras-chave -

consignas

Exercícios-cumbre - Linha de Vivência

Objetivos dos exercícios-cumbre

Regulação, ritmo interno, percepção do corpo, leveza, harmonia

Caminhares – (Vitalidade) (Afetividade/Transcendência) (Vitalidade)

Reabilitar o caminhar natural; Caminhar com leveza e harmonia, percebendo-se e percebendo o outro; Caminhar buscando a auto-regulação.

Dar, receber, afeto, reverência

Auto-acariciamento de mãos - (Afetividade/Transcendência)

Reintegrar as mãos ao corpo utilizando o toque afetivo; Reverenciar as próprias mãos.

Anônimo, merecimento, toque afetivo

Acariciamento de rosto e cabelo – (Afetividade/Transcendência)

Receber um contato afetivo indiferenciado; Proporcionar um contato afetivo incondicional.

Percepção do corpo

(Auto-imagem)

Toque carinhoso, agradecimento, possibilidades

Auto-acariciamento de pés e pernas – (Afetividade/Transcendência)

Reintegrar pés e pernas ao corpo utilizando o toque afetivo; Reverenciar pés e pernas.

Quadro 5.6: Palavras-chaves dos exercícios gerais, palavras-chave das consignas, exercícios-cumbre,

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linhas de vivência e objetivos dos exercícios-cumbre

Com os resultados obtidos dos enunciados dos itens da metodologia (Quadro 5.3),

observou-se que há uma correspondência entre a categoria dos objetivos resultante das

palavras-chave dos objetivos gerais das aulas e os três construtos investigados: vivência do

espaço de si - autoconceito; integração de si mesmo e do outro- auto-estima; percepção do

corpo - auto-imagem. Essa correspondência tem o seguinte embasamento:

- vivência do espaço de si/autoconceito: tem como funções específicas a harmonia de

afetos, ser fonte de motivação e estímulo para o comportamento, possibilitar ao

indivíduo um sentido de continuidade no tempo e no espaço e desempenho de um

papel na integração e organização das experiências (MARKUS; WURF, 1987);

- integração de si mesmo e com o outro/auto-estima: é o resultado de uma postura

positiva ou negativa perante si mesmo, influenciada pelo meio-ambiente e reflete os

papéis sociais da pessoa (MOSQUERA, 1976);

- percepção do corpo/auto-imagem: na imagem, encontram-se afetos, valores,

história pessoal, gestos e olhar, um corpo que se move e simboliza (OLIVIER,

1995).

Em cada uma dessas definições, podem ser identificadas relações com as palavras-

chave das consignas das categorias do Quadro 5.3.

Também se pode verificar uma correlação semântica entre as palavras-chave das

consignas do Quadro 5.3 e as palavras-chave das subcategorias do Quadro 5.2, à exceção das

referentes à auto-imagem. Enquanto no Quadro 5.3 as palavras-chave estão voltadas para o

corpo/espaço, no Quadro 5.2, embora voltadas para o corpo, elas se ligam mais à aparência

física, como analisado anteriormente.

Com relação às linhas de vivência dos exercícios-cumbre, observou-se que no grupo

“vivência do espaço de si” houve um predomínio da linha de vitalidade, enquanto no grupo

“integração de si mesmo e com o outro”, destacou-se a linha de afetividade. No último grupo,

“percepção do corpo”, a linha de transcendência foi a mais freqüente.

Na prática da Biodança com o grupo de participantes, pôde-se perceber resultados a

partir da utilização simultânea de consignas, música, exercícios em geral e exercícios-cumbre.

No entanto, não foi possível identificar a prevalência do efeito de um enunciado sobre o outro.

Além das mudanças expressamente relatadas pelos participantes (Quadro 5.2), na

implementação simultânea de consignas, da música e da dança, pôde-se observar um nível

progressivo de entrega do grupo a cada atividade proposta. Os movimentos se tornaram mais

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harmoniosos e expressivos, ficando aos poucos mais coordenados com o ritmo, e

contextualizados à proposta vivencial; as faces aparentavam mais serenidade. O olhar, em

especial, tornou-se mais expressivo e menos recatado.

Diversos participantes relataram uma mudança na qualidade do olhar para si e para o

outro, que refletiam aceitação, beleza e afeto. Por exemplo, uma participante relatou: “só o

gesto da pessoa olhar para mim, aquela alegria, me dar um valor, me ajudou a que eu sentisse

mais vontade de viver e foi aqui que eu encontrei”. Outra integrante revelou: “acho que eu

estou olhando de outra maneira as pessoa, em geral, eu olho e gosto, meu olhar mudou muita

coisa, ficou melhor”.

Foi observado que após a apresentação da proposta de convivência grupal baseada

em Serrão e Baleeiro (1999), Anexo D, que aconteceu no transcurso da terceira aula de

Biodança, a participação e compromisso dos integrantes do grupo apresentaram uma mudança

significativa: os atrasos diminuíram, as conversas paralelas foram ficando menos freqüentes e

os integrantes passaram a participar mais, tanto das atividades de relatos verbais, quanto dos

exercícios vivenciais. Em muitas ocasiões, os próprios participantes lembravam aos seus

colegas itens da proposta vivencial, tais como respeito à expressão do outro e compromisso

com o grupo.

Também houve mudança de comportamento, a partir da sexta aula, de uma

participante que ora conversava e brincava muito, e ora cochilava durante as aulas. Aos

poucos, ela foi deixando de conversar e cochilar, e passou a participar mais dos relatos

verbais.

Em alguns exercícios de desativação houve choro silencioso por parte de alguns,

logo justificado pela saudade da família, pelas lembranças, e até pela alegria.

Em um dos relatos de vivência, quando se abordava o tema “merecimento de receber

incondicionalmente”, uma das participantes enfaticamente resumiu e encerrou a atividade, ao

dizer: “num importa se é pouco ou muito, o que importa é que a gente pode receber.”

Noutro momento de relato de vivência, uma participante estabeleceu uma relação

entre a afetividade e a essência da beleza do humano, ao afirmar: “(...) as pessoas se tornam

lindas porque um amor que a gente começa a sentir pelas pessoas”.

As referências à sensação de bem-estar e de tranqüilidade que os participantes

experimentaram durante as aulas, e nas horas subseqüentes a essas, foram relatadas

frequentemente: “mas a gente chega aqui e parece que aquele problema sai e a gente volta pra

casa leve, uma coisa muito maravilhosa”; “sai da aula flutuando, me senti tão bem”; “eu me

senti muito bem, sai daqui muito leve”.

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Também chamou atenção a declaração de uma participante de que vivia sozinha há

muito tempo, para justificar sua satisfação ao receber um abraço recebido de outra

participante na aula anterior, gesto esse que a preencheu afetivamente, naquele momento: “até

hoje eu sinto ele porque eu estava tão precisada (...)”.

Outra participante, em um intervalo da aula, falou sobre a sua vivência de caminhar

descalça, que havia sido sugerido pela primeira vez pela pesquisadora, na aula anterior: “oh,

fazia 32 anos que eu não andava descalça. Aqui, com a ajuda da minha colega Noeme e das

outras, eu me senti tão bem andar descalça, dancei, brinquei, quando eu cheguei em casa eu

ria sozinha feito criança (...) Eu não ficava descalça nem prá tomar banho, eu banhava com

sandália de borracha (...) Me deu vontade de andar descalça novamente, e ontem, eu fui num

passeio o dia todo, e quando cheguei lá, me deu vontade de andar que furei até os pés nas

pedrinha. Mas tô satisfeita, muito obrigada!”.

A freqüência da manifestação oral dos participantes, espontâneas ou solicitadas, foi

variada: alguns falavam em todas as aulas, outros falavam bem menos, e uma que falava

sempre muito baixo e com gestos bastante comedidos, aos poucos foi se liberando mais.

Alguns pediam para repetir exercícios ou determinadas músicas, às vezes mais

animada, acompanhando com alegria e prazer.

Também se verificou que todos, de uma maneira ou de outra, passaram a ter mais

cuidado com a aparência física, com a forma de tratar demais participantes do grupo e equipe

de pesquisa. Os gestos de expressão afetiva se tornaram mais freqüentes e amplos, como, por

exemplo, os abraços, antes mais “frouxos”, tornaram-se mais calorosos e demorados.

CONCLUSÃO

A partir do entendimento da palavra “como”, que indica procedimentos utilizados,

implícita no objetivo deste trabalho, ou seja, “investigar como a prática da Biodança pode

influenciar positivamente na mudança do autoconceito no idoso”, concluimos que a

possibilidade de uma relação entre o construto autoconceito e Biodança estaria centrada, por

parte dessa, em seu método, elementos, recursos e metodologia de trabalho.

Em relação à metodologia, a proposta da Biodança é de um método vivencial, ou

seja, uma prática de procedimentos voltados para a vivência, com a finalidade de auto-

integração e integração com o outro e com o grupo.

Os elementos música e dança funcionam, na metodologia, como fatores que

operacionalizam a integração nos três níveis acima propostos.

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A metodologia de trabalho da Biodança consiste na utilização conjunta dos

elementos e dos recursos, tais como consigna, adequação metodológica ao tipo específico de

grupo, entre outros. Pelos resultados obtidos e categorizados, apresentados no Capítulo 4,

Resultados, Análise e Discussão, expressos na mudança positiva do autoconceito, ficou claro

que a contribuição da Biodança para esse resultado e nas respectivas condições de pesquisa,

está na utilização conjunta dos elementos e dos recursos previstos.

Outro aspecto a ser considerado é que essa metodologia sustenta-se, filosoficamente,

no princípio biocêntrico. Na prática, o cuidado à vida norteia o planejamento e realização das

aulas de Biodança, que se traduz no respeito, no reconhecimento e na valorização dos

participantes, em particular, e do grupo, como um todo. Esse cuidado à vida proporciona um

ambiente acolhedor e fecundo denominado por Toro (2002) de “matriz de renascimento”, que

facilita as transformações.

Os idosos, em sua trajetória pessoal de vida, permeada de conquistas e perdas,

incorporam, de maneira cumulativa, vivências que poderiam possibilitar uma configuração

negativa do autoconceito.

É por meio de sua corporeidade, “corpo que fala/corpo que dança”, que o idoso

revela sua interioridade, contextualizada ao momento; veste seus movimentos de emoções e

sentimentos; colore ou acinzenta etapas de sua história de vida na voz ou na expressão do seu

rosto. E é por meio do resgate de movimentos corporais mais integrados, plenos de

significado, vivenciados no “aqui e agora”, que o idoso pode reconfigurar o seu autoconceito.

O conhecimento primordial por meio da vivência integradora, capaz de favorecer a

ressignificação de fatos vivenciados, relacionados às experiências subjetivas de dor, perdas,

alegria, prazer, desafios, esperança, entre outras, conhecimento esse que pode ensejar o

alcance de níveis mais elevados de integração pessoal, expressos no desenvolvimento das

cinco linhas de vivência da Biodança.

Sob esse prisma, a Biodança vivenciada pelos participantes desta pesquisa pode ter

contribuído para o resgate de sentimentos, emoções e expressões corporais relacionados a si

próprios, inibidos e/ou reprimidos por circunstâncias diversas, inclusive decorrentes da

presente época. Exemplos disso são: mudança negativa na representatividade dos idosos em

relação às famílias, perdas afetivas, biológicas e sociais e, principalmente, a redução de

espaço no mundo, no qual eles podiam se expressar com maior liberdade, com menos

cobranças ou preconceitos.

Em relação ao autoconceito e seus elementos fundantes, a auto-estima e a auto-

imagem, a sua mudança positiva poderia se justificada, neste estudo, pelo caráter permeável

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do autoconceito. Essa porosidade em relação aos efeitos saudáveis da música, da dança,

somados aos da palavra, representada pela consigna e, atuando como uma tríade operacional,

facilitou alcançar experiências vivenciais de integração.

É nesse sentido que se pode concluir que, para o grupo pesquisado e nas condições

de investigação, a Biodança, com seu método vivencial, pode ter possibilitado a esse grupo

um novo conceito e uma nova visão de si mesmo e, um reconhecimento de seu autovalor.

A título de sugestão, citamos:

1 - A elevação da consigna à categoria de elemento operacional da Biodança, ao lado

da música e da dança, tendo em vista sua importância no desenvolvimento da metodologia,

pois é a consigna que inicia o processo operacional que objetiva facilitar a vivência;

2 – A categorização da consigna, música e dança como unidade operacional que

integrada a outras, comporia uma aula da Biodança;

3 – A realização de mais pesquisas qualitativas relacionando a Biodança com o

autoconceito e outros aspectos da subjetividade do idoso, universo muito pouco explorado.

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APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DAS 11 AULAS DE BIODANÇA

Este apêndice compõe-se de duas seções: a primeira, dados estatísticos das 11 aulas

de Biodança e a segunda, descrição pormenorizada dessas 11 aulas, realizadas no transcurso

da pesquisa de campo.

1. Dados Estatísticos das Aulas de Biodança

Foram coletados e processados os seguintes dados referentes às aulas de Biodança:

permanência dos participantes, presença de participantes do sexo masculino e feminino e

número de presença em 11 aulas, média de presença e percentual de presença por aula,

número e média de exercícios, músicas, apresentações e descrições em 11 aulas, classificação

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dos exercícios por linha de vivência e média de linhas de vivência por aula, freqüência

nominal dos exercícios e relação dos exercícios mais marcantes, segundo a percepção dos

participantes.

Permanência dos Participantes: dos 21 integrantes que iniciaram o estudo, houve

cinco perdas, que representaram um percentual inferior a 25%.

Participantes Nº % Permanência 16 76,2 Perda 5 23,8 Total 21 100,0

Tabela A.1: Permanência dos participantes

Presença dos participantes do sexo masculino e feminino em 11 aulas de

Biodança: no curso da pesquisa, os homens representaram 17,8% das pessoas presentes,

enquanto as mulheres 82,2%.

Tabela A.2: Presença de participantes do sexo masculino

e do sexo feminino em 11 aulas de Biodança

Média de presenças por aula e percentual de presença de participantes por

aula: houve 152 presenças distribuídas em 11 aulas, as quais resultaram em uma média de

presença por aula de 13,8 participantes, totalizando o percentual de 86,3% de presença em

relação ao grupo de 16 pessoas.

Nº de presença em 11 aulas

Nº de participantes

Média de presença por aula de Biodança

% de presença dos participantes por aula

152 16 13,8 (participantes) 86,3

Tabela A.3: Média e percentual de presença de participantes por aula de Biodança

Número e média por aula de exercícios, músicas, apresentações e descrições: no

transcurso das 11 aulas foram oferecidas 102 propostas de exercícios, o que dá uma média de

9,3 exercícios por aula. O número total de músicas foi de 99, sendo que alguns exercícios

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foram dançados sem música, como o Canto do Nome e, em outros, foram usadas mais de uma

música, como, por exemplo, o Túnel de Carícias, perfazendo a média de 9 músicas por aula.

Foram descritos no estudo todos os 102 exercícios e apresentados 74 ao grupo, já

que alguns, tais como Roda de Integração Inicial e Roda Final podem não requerer

apresentação. A média de descrição de exercícios por aula foi de 9,3 e, a de apresentação, de

6,7.

11 aulas de Biodança Nº Média por aula Nº de exercícios 102 9,3 Nº de músicas 99 9,0 Nº de apresentações 74 6,7 Nº de descrições 102 9,3

Tabela A.4: Número e média de exercícios, músicas, apresentações e descrições em 11 aulas de Biodança.

Classificação de exercícios por linha de vivência e média de linha de vivência

por aula: a classificação de exercícios por linha de vivência contemplou de uma a duas

linhas, por exercício. Foram 102 exercícios e 120 indicações de linha de vivência, sendo que

18 exercícios receberam 2 e 84, 1 indicação. Contudo, duas linhas, a de afetividade e de

vitalidade, perfizeram individualmente e e em conjunto um percentual muito significativo em

relação ao universo das cinco linhas. Enquanto a de afetividade recebeu 68 indicações, a de

vitalidade teve 28, as quais representaram, respectivamente, a soma de 96 indicações e o

percentual de 56,7% e 23,3%, totalizando 80%. As demais linhas, receberam 5, 8 e 1% de

indicações e revelaram a soma de 20% (Tabela A.5).

A média por aula de linha de vivência dos 102 exercícios ficou em torno de 6 e 2,5

para as linhas de afetividade e vitalidade, respectivamente (Tabela A.5).

Classificação de linhas de vivência (respostas múltiplas)

Nº de indicações

Média por aula

%

28 2,5 5 0,45 8 0,73 68 6,2

- Vitalidade - Sexualidade - Criatividade - Afetividade - Transcendência 11 1,0

23,3 4,2 6,6 56,7 9,2

Total 120 100,0

Tabela A.5: Classificação dos exercícios por linha de vivência e média de linhas de vivência por aula

Freqüência nominal de exercícios das 11 aulas de Biodança: entre os 102

exercícios ofertados aulas, 5 exercícios ou grupos de exercícios apresentaram uma freqüência

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maior. Em grau numérico, as rodas diversas, os caminhares, a Roda Final, a Roda de

Integração Inicial, encontros diversos e a Roda de Comunhão estiveram presentes em 63

exercícios, representando 61,8% do total de 102 exercícios. Os demais somaram 39

exercícios.

Freqüência Nº % Caminhares diversos 12 11,8 Encontros diversos 8 7,8 Outros exercícios 39 38,2 Roda de Comunhão 7 6,8 Rodas diversas 15 14,8 Roda Final 11 10,8 Roda de Integração Inicial

10 9,8

Total 102 100,0

Tabela A.6: Freqüência nominal de exercícios das 11 aulas de Biodança

Relação de exercícios mais marcantes, segundo a opinião dos participantes: na

última aula de Biodança foi perguntado aos participantes qual o exercício que foi mais

marcante para eles. O maior número de respostas, 25%, concentrou-se no grupo de

acariciamento, Túnel de Acariciamento e Acariciamento de Rosto e Cabelo, seguido da

Brincadeira de Olhar - Leque Chinês, com 20%enquanto outros exercícios perfizeram 55%.

Entre os 15 participantes presentes, alguns deram respostas múltiplas. Duas pessoas referiram-

se ao exercício de olhar, sem especificar o exercício, mas, como a proposta de olhar para o

outro esteve incluída em muitas consignas de diversos exercícios, por esta razão, as respostas

não foram consideradas (Tabela A.7).

Exercícios Nº de indicações

%

Dança Livre de Costas 2 10,0 Grupo de acariciamento 5 25,0 Grupo de encontro 2 10,0 Brincadeira de Olhar - Leque Chinês

4 20,0

Outros 7 35,0 Total 20 100,0

Tabela A.7: Relação de exercícios mais marcantes segundo a opinião dos participantes

2. Descrição das 11 aulas de Biodança

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A descrição das aulas de Biodança inicia-se com informações que objetivaram

proporcionar uma visão geral do trabalho desenvolvido em cada evento. São eles: ordenação

da aula, data, número de pessoas presentes, número de integrantes que participaram de

atividades verbais, início e término das atividades, objetivos geral e específicos da aula.

Em seqüência, foi feita a descrição dos exercícios vivenciais. Esse delineamento

começa com a descrição dos elementos estruturais de cada exercício e finaliza com

considerações de natureza metodológica referentes àquela aula, tais como número de músicas

e exercícios usados na aula.

A sistematização metodológica de grande parte dos exercícios de Biodança

apresentados neste estudo foi realizada pela pesquisadora, com o objetivo de tornar mais clara

a compreensão de cada exercício, em particular, da seqüência de exercícios constituintes de

cada aula e do conjunto de aulas.

Uma grande dificuldade encontrada na descrição dos dados dos exercícios foi a

carência de fontes bibliográficas que contemplassem todos os elementos estruturais de cada

exercício de Biodança, quais sejam: nome, linha de vivência, objetivo, música, palavras-chave

da consigna, descrição e apresentação, segundo Carvalho (2004). Foram encontradas

informações de alguns desses elementos, referidos por diferentes autores. Houve também

discordância, entre as fontes, quanto à indicação das linhas de vivência e de músicas.

Entre os elementos estruturais, dois deles se destacaram em grau de dificuldade: o

objetivo e a descrição, que esclarecem, respectivamente, para que e como fazer cada

exercício.

Toro (2005d), em sua mais recente e mais completa obra, traz o objetivo e a

descrição da maioria de 93 exercícios e, em anexo, 22 outros que compõem o grupo de

exercícios denominado Posições Geratrizes e que apresentam somente a descrição. Ressalta-

se que este foi o único autor a citar objetivos e descrições dos exercícios.

Outros autores, como Góis (1994), traz uma relação nominal de 242 exercícios e

respectivas indicações musicais, classificados nas cinco linhas de vivência da Biodança.

Carvalho (1996) reuniu 604 nomes de exercícios, coletados em material compilado dos anos

70 e 80 da Biodança.

Regina (1997) identificou 356 exercícios usados em aulas regulares e extensões de

Biodança, relacionando respectivas linhas, descrições sucintas, palavras-chave das consignas

e indicações musicais. Kika e Lellis (1999) organizaram nomes, linhas de vivência e

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indicações musicais de 440 exercícios e mais 75 exercícios e músicas agrupados em extensões

de Biodança25.

Neste estudo, considerou-se como principal referência metodológica de Biodança o

seu criador, Toro (2005d) e, na ausência de dados deste, os demais autores, prevalecendo, em

caso de indicações idênticas, a referência mais antiga e mais completa.

Na carência de fontes bibliográficas que subsidiassem a organização dos elementos

estruturais que compõem uma aula de Biodança, segundo Carvalho (2004), a pesquisadora

elaborou e organizou os elementos ausentes. Ademais, realizou adaptações de exercícios e

adequação de músicas, de acordo com as características do grupo e com os objetivos de cada

aula.

1ª Aula de Biodança

Data: 20 de setembro de 2005

Número de pessoas presentes: 22, sendo 18 participantes, incluindo os 5 que desistiram da

pesquisa, 1 pesquisadora, 1 auxiliar de pesquisa, 1 fotógrafa e 1cinegrafista. Não

compareceram 3 participantes que concluíram o estudo.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 18 pessoas.

Início e término das atividades: das 14h30 às 17h5.

Objetivo geral da aula: iniciar o processo de integração do grupo.

Objetivos específicos:

1. Apresentar-se ao grupo e conhecer outros participantes do grupo e componentes da equipe

de pesquisa;

2. Realizar exercícios de observação de movimento;

3. Vivenciar exercícios de auto-integração, de vinculação com o outro e com grupo.

Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios

1) Roda Corrente (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: vivenciar um rito de vinculação afetiva.

Música: sem música.

25 Extensões em Biodança são trabalhos específicos, com objetivos determinados e que solicita uma formação

específica do professor de Biodança, com já dito.

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Palavras-chave da consigna: roda, olhar, dar, pedir, receber, corrente humana, colaboração,

trabalho, encontros, integração.

Descrição - Apresentação:

1. Formar uma roda, deixando os braços ao longo do corpo;

2. A partir do professor, formar uma espécie de corrente, da esquerda para a direita:

a. O professor olha para a pessoa que está a sua direita, oferece a sua mão direita, evocando o

gesto de pedir, recebe a mão esquerda desta pessoa e esta continua a corrente realizando

os mesmos movimentos com a pessoa que está a sua direita.

3. Em seqüência, todos os participantes dão-se as mãos até que a roda se feche.

2) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Devagar, Devagarinho. Intérprete: Martinho da Vila. In: TÁ DELÍCIA, TÁ

GOSTOSO. Rio de Janeiro: Columbia, p 1995. 1 CD. Faixa 5. 3min3.

Palavras-chave da consigna: roda, olhar, fraternidade, aceitação, igualdade, valorização de

cada pessoa e do grupo.

Descrição:

1. Mantendo a roda anterior, girar da esquerda para a direita e dançar, seguindo a música.

Observação: não houve apresentação.

3) Caminhar Fisiológico Dentro da Roda (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: reabilitar o caminhar natural, isto é, integrar ao caminhar espontâneo, o movimento

das pernas ao movimento de todo o corpo.

Música: Alexander’s Ragtime Band. Intérprete: Traditional Jazz Band. In: A ERA DE OURO

DE DIXIELAND. São Paulo: Phonogram, p 1975. 1 disco sonoro. Lado A, Faixa 2. 4min9.

Palavras-chave da consigna: caminhar natural, tronco e cabeça erguidos e flexíveis, olhar,

igualdade, integrar movimentos de braços e pernas a todo o corpo.

Descrição – Apresentação:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. O professor apresenta o exercício, caminhando pelo perímetro interno da roda;

3. O caminhar apresentado será de:

a. Alternância de movimentos de braços e pernas: braço direito / perna esquerda e braço

esquerdo / perna direita;

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b. Alternância de movimentos da cintura pélvica e cintura escapular;

c. Ritmo dos movimentos de braços e pernas: um para um, ou seja, um movimento de perna

simultâneo a um movimento do braço oposto (1/1);

d. Fase de apoio da perna: realizar o apoio do calcanhar, seguido da planta e da ponta do pé;

e. Cabeça erguida, com abertura do tórax.

4. Os participantes caminham dentro da roda, um por vez, percorrendo todo o perímetro

interno da roda;

5. Cada participante, ao terminar de percorrer a distância solicitada, ocupa seu lugar na roda e

o participante à sua direita inicia o caminhar;

6. O exercício será encerrado após o último participante percorrer a distância solicitada.

4) Brincadeira de Olhar - Leque Chinês (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linhas de vivência: afetividade e vitalidade.

Objetivo: revelar-se ao outro de maneira progressiva.

Música: One Drop Intérprete: Gilberto Gil. In: KAYA N’GAN DAYA. Rio de Janeiro: WEA,

p 2002. 1 CD. Faixa 2. 5min3.

Palavras-chave da consigna: olhar, brincadeira, descoberta, revelação, aproximar, afastar,

permissão, curiosidade.

Descrição – Apresentação:

1. Escolha do par;

2. O participante esconde seu rosto com as mãos, em forma de leque, de forma que os olhos e

o rosto fiquem parcialmente escondidos;

3. Cada participante, com o movimento de abertura dos dedos, poderá revelar ou ocultar os

olhos e o rosto;

4. Os pares brincam, sem perder a conexão de olhar, ora se aproximando, ora se afastando, ora

se abaixando.

5) Roda de Comunhão (TORO, 1998)

Linhas de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva.

Música: Blue Navajo. Intérprete: Zamfir. In: ROMANCE. São Paulo: PolyGram / Philips, p

1990. 1 CD. Faixa 1. 3min31.

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Palavras-chave da consigna: sintonia, regulação, auto-regulação, outro, grupo, contato, afeto.

Descrição – Apresentação:

1. Formar roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;

2. Os participantes colocam-se:

a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e os

mantenha relaxado;

e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;

3. Em seguida, os participantes movimentam, com flexibilidade e de forma suave, o corpo, de

um lado para o outro, sem deslocamento dos pés e da roda, em sintonia com o movimento

do grupo.

6) Roda de Auto-Reverência

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivo: reverenciar a si mesmo.

Música: Amazing Grace. Intérprete: Nana Mouskouri. In: THE MAGIC OF NANA

MOUSKOURI. New York: PolyGram, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min22.

Palavras-chave da consigna: reconhecimento, reverência, auto-reverência, história, vida,

idade, beleza, respeito, si mesmo.

Descrição – Apresentação:

1. Os participantes se colocam em roda, braços ao longo do corpo;

2. Lentamente, elevar os braços com as palmas das mãos voltadas para cima, lenta e

suavemente, olhando para as mãos. Evocar, com este gesto simbólico, o sentimento de

trazer a história de vida ao peito;

3. Em seguida, inclinar a cabeça para frente, evocando o sentimento de auto-reverência.

7) Roda de Reverência (REGINA, 1997)

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivo: reverenciar o outro.

Música: Amazing Grace. Intérprete: Nana Mouskouri. In: THE MAGIC OF NANA

MOUSKOURI. New York: PolyGram, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min22.

Palavras-chave da consigna: reverência, reconhecimento, importância, outro, história, vida,

idade, beleza, respeito.

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Descrição – Apresentação:

1. Em roda, de mãos dadas e braços estendidos;

2. Rodar para a direita, escolher e olhar alguns participantes e reverenciá-los, um por vez,

levando a perna esquerda à frente, flexionando levemente o joelho do mesmo lado, elevando

para frente os braços e inclinando a cabeça, realizando um gesto de saudação.

8) Roda de Ativação Progressiva (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: aumentar o grau de ativação corporal.

Música: Sailing. Intérprete: Rod Stewart. In: THE BEST OF ROD STEWART. Brasil:

Warner, p 2000. 1 CD. Faixa 7. 4min21.

Palavras-chave da consigna: roda, olhar, presença, reconhecimento, pessoas, ativar.

Descrição – Apresentação:

1. Em roda, de mãos dadas;

2. Rodar para a direita e lentamente, aumentar a ativação do grupo ampliando o movimento de

abertura dos braços.

9) Abraço Fraternal (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: celebrar um contato afetivo fraterno.

Música: Aleluia (do Messias). Intérprete: Coro do Tabernáculo Mórmon. In: WEDDING

SONGS. Rio de Janeiro: Globo / Columbia, p 1993. 1 CD. Faixa 10. 3min58.

Palavras-chave da consigna: companheirismo, fraternidade, reconhecimento do outro,

amizade, irmão, alegria, encontro, humanidade.

Descrição – Apresentação:

1. Em roda, o participante escolhe a pessoa que será abraçada;

2. O abraço é precedido de olhar e de aproximação;

3. As duas pessoas se abraçam evocando uma comunhão de sentimentos fraternais.

10) Roda Final (TOROd, 2005)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

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Música: Prelúdio e Ária do Brinde. Ópera La Traviata. Intérprete: Orquesta Filarmônica de

Berlim / Fisher Chore. In: OPERNMELODIEN. São Paulo: PolyGram, p 1979. 1 CD. Faixa

5. 5min25.

Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, agradecimento ao grupo.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 8 apresentações, 9 músicas e 13

indicações de linha de vivência, sendo que 3 exercícios tiveram indicações duplas de linha de

vivência.

2ª - O exercício 1 foi adaptado de Carvalho, Lellis e Filizola (2002).

3ª - Os exercícios de número 2, 3, 5, 8, 9 e 10 foram descritos pela pesquisadora.

4ª - O exercício 6, Roda de Auto-reverência, pode ser considerado como uma variação da

Roda de Reverência. Não existe nenhuma referência bibliográfica e a descrição foi realizada

pela pesquisadora.

5ª - O exercício 3, Caminhar Fisiológico Dentro da Roda, é uma variação do Caminhar

Fisiológico.

2ª Aula de Biodança

Data: 4 de outubro de 2005,

Número de pessoas presentes: 18, sendo 15 participantes, contando com 2 que desistiram da

pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 13 pessoas.

Início e término das atividades: das 15h às 16h40.

Objetivo geral da aula: reconectar-se ao ritmo do próprio corpo e ao ritmo do outro.

Objetivos específicos da aula:

1. Vivenciar o ritmo individualmente, em par e em grupo;

2. Experimentar polaridades rítmicas por meio de exercícios de ativação moderada e suave e

desativação suave;

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3. Praticar a desaceleração corporal em par e em grupo;

4. Exercitar a criatividade individual e em grupo.

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Isso Aqui Tá Bom Demais. Intérpretes: Dominguinhos e Chico Buarque. In:

ACERVO ESPECIAL, DOMINGUINHOS. São Paulo: BMG, p 1994. 1 CD. Faixa 1. 2min9.

Palavras-chave da consigna: roda, integração, alegria, olhar de boas vindas.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Dança Rítmica em Par (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: exercitar a capacidade rítmica individual e em par, integrando estímulos auditivos e

motores.

Música: Bate o Pé. Intérpretes: Rionegro e Solimões. In: O MELHOR DE 2: RIONEGRO &

SOLIMÕES. São Paulo: Universal Music, p 1999. CD 2. Faixa 1. 2min49.

Palavras-chave da consigna: conexão, ritmo interno, ritmo com o outro, música, alegria, olhar.

Descrição – Apresentação:

1. Escolha do par;

2. O professor divide o grupo em dois: enquanto um realiza o exercício, o outro permanece

sentado em cadeiras;

3. O par inicia a dança com os braços soltos, mantendo a conexão do olhar;

4. O professor sugere que em determinados trechos da música, os participantes batam palmas

e/ou um pé no solo, em sintonia com a música e com o movimento do par;

5. O professor poderá sugerir troca de pares;

6. Após o primeiro grupo realizar a dança, este é convidado a sentar enquanto o segundo

grupo inicia a dança.

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3. Caminhar de Regulação

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: diminuir a ativação corporal.

Música: Madagascar Olodum. Intérprete: Olodum. In: THE BEST OF OLODUM. São Paulo:

Continental, [s.d]. 1 CD. Faixa 1. 4min15.

Palavras-chave da consigna: regulação, corpo, caminhar, desaceleração, ritmo.

Descrição:

1. Os participantes caminham diminuindo o ritmo da ativação corporal.

Observação: não houve apresentação.

4) Segmentário de Pescoço (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Relaxar a musculatura cervical;

2. Dissolver a tensão muscular dos olhos, da boca e de outros músculos do rosto.

Música: Promise of a Fisherman. Intérprete: Sérgio Mendes. In: SERGIO MENDES &

BRASIL ‘66-86’ CLASSICS VOLUME 18. São Paulo: A&M Records, p 1986. 1 CD. Faixa

13. 3min31.

Palavras-chave da consigna: diminuição de tensão, pescoço, rosto, relaxamento, entrega,

harmonização, respiração suave, abandono, doçura.

Descrição – Apresentação:

1. O exercício é realizado na posição sentada em cadeira;

2. Os participantes são convidados a sentar em cadeiras, cuidando para que a coluna

permaneça apoiada no encosto e os pés estejam apoiados no chão, ligeiramente afastados

um do outro;

3. Lentamente, com o pescoço relaxado, realizam-se giros completos com a cabeça para o

lado direito, com os olhos fechados e a boca semi-aberta;

4. Durante a rotação da cabeça é importante não forçar o estiramento para trás. O movimento

é lento e suave;

5. Será sugerido que os participantes portadores de labirintite mantenham os olhos abertos e

relaxados.

5) Escultura de Encaixe (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linhas de vivência: criatividade e transcendência.

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Objetivos:

1. Experimentar situações de adaptação e readaptação às mudanças corporais;

2. Vivenciar movimentos inusitados.

Música: A Morte do Capoeira. Intérpretes: Mestre Suassuna e Dirceu. In: CAPOEIRA

CORDÃO DE OURO. Brasil: Continental, p 1994. 1 CD. Faixa 1. 3min30.

Palavras-chave da consigna: mudança, adaptação, encaixe, novas situações, criatividade,

dinamismo, flexibilidade.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em par e na posição de pé;

2. Um participante se coloca em uma posição de estátua (parada);

3. O segundo participante se encaixa na posição do outro, sem tocá-lo e permanece parado;

4. Em seguida, o primeiro participante sai e se encaixa na posição do segundo participante,

que, por sua vez, irá sair e formar uma nova posição e assim sucessivamente.

5. Este encaixe deve ser feito de forma que o primeiro participante possa sair sem desmanchar

ou impedir a postura do segundo participante.

6) Escultura em Grupo (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: criatividade.

Objetivos:

1. Exercitar-se na criação em grupo;

2. Permitir-se ser moldado pelo outro;

3. Modelar a postura do outro.

Música: Ária. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram, p 1992. 1

CD. Faixa 17. 3min21.

Palavras-chave da consigna: criatividade, coletividade, integração, mudança, totalidade.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado na posição de pé e em dois grupos: um grupo esculpi e o outro é esculpido;

2. Os participantes que compõem o grupo que vai ser esculpido ficam de olhos fechados e

com o corpo bem relaxado e o grupo de escultores permanece de olhos abertos;

3. Os escultores se aproximam do grupo e criam formas livres com os participantes (por

exemplo, estendendo o braço direito, flexionando a perna, virando a cabeça etc.);

4. Cada escultor pode transformar a escultura do outro;

5. Ao final, o grupo de escultores admira a sua obra;

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6. Em seguida, o professor pede que as pessoas que estavam sendo esculpidas que abram os

olhos e mantendo as mesmas posições, também admirem as esculturas;

7. O professor poderá sugerir, se desejar, que ao terminar a música, os escultores toquem em

diversas partes das esculturas, dando-lhes vida;

8. Trocar de papéis, ao final da música.

7) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Experimentar uma situação de encontro com uma qualidade ritualística;

2. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;

2. Receber e ser recebido.

Música: Carinhoso. Intérprete: Simone. In: SOU EU. Rio de Janeiro: Columbia, p 1993.

1CD. Faixa 12. 1min57.

Palavras-chave da consigna: encontro, ritual, comunicação afetiva, receber, ser recebido,

reconhecer o outro.

Descrição – Apresentação:

1. Duas pessoas se aproximam progressivamente, olham-se, até se encontrarem;

2. Em seguida, cumprimentam-se com um aperto de mãos, com um abraço e/ou beijos nas

faces;

3. Em seqüência, as duas pessoas se separam lentamente com um delicado gesto de saudação.

8) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Xote das Meninas. Intérprete: Marisa Monte. In: MARISA MONTE, MM. São

Paulo: EMI, p 1988. 1 CD. Faixa 6. 4min5.

Palavras-chave da consigna: despedida, olhar, alegria, novo encontro.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas.

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1ª - Esta aula apresentou: 8 exercícios, 8 músicas e 8 descrições, 5 apresentações e 9

indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de

vivência.

2ª - Os exercícios de número 1, 2, 3 4, 7 e 9 foram descritos pela pesquisadora.

3ª - O Caminhar de Regulação, exercício 3, sem referência bibliográfica, foi um recurso

utilizado pela pesquisadora objetivando diminuir o grau de ativação corporal.

4ª - O exercício 4, Segmentário de Pescoço, é habitualmente oferecido na posição de pé. A

pesquisadora propôs a posição sentada em cadeiras, considerando a idade média do grupo e a

necessidade de regulação corporal.

3ª Aula de Biodança

Data: 11 de outubro de 2005.

Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, contando com 2 que desistiram da

pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 16 pessoas.

Início e término das atividades: das 15h às 16h50.

Objetivo da atividade verbal: apresentar, discutir e submeter ao grupo a aprovação de uma

proposta de convivência grupal26 (Anexo C).

Objetivo geral da aula: aumentar a autopercepção corporal e a percepção do corpo do outro,

sob o enfoque vital, afetivo e transcendente.

Objetivos específicos da aula:

1. Integrar os segmentos corporais à totalidade do corpo, em especial, pernas e pés;

2. Vivenciar o ritmo no caminhar;

3. Reconhecer a importância dos pés e pernas e reverenciá-los.

Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

26 A pesquisadora apresentou ao grupo, nessa aula, uma proposta de convivência baseada em Serrão e Baleeiro

(1999), com o objetivo de facilitar a integração do grupo. Após a leitura e discussão da proposta, essa foi aprovada por unanimidade.

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Música: Ijexá. Intérprete: Clara Nunes. In: O TALENTO DE CLARA NUNES. Rio de

Janeiro: EMI, p 1992. 1 CD. Faixa 19. 3min49.

Palavras-chave da consigna: roda, presença, ritmo, integração de diversas partes do corpo,

pés, pernas, quadris, tronco, braços, pescoço, alma.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Preparação para o Caminhar Fisiológico – 1ª Etapa

Linha de vivência: vitalidade

Objetivo: aumentar a propriocepção centrada nos pés e tornozelos.

MÚSICA: Maracatu. Intérpretes: Luciano Perrone e Nilo Sérgio. In: BATUCADA

FANTÁSTICA: OS RITMISTAS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: Musidisc, [s.d]. 1 CD.

Faixa 8. 1min12.

Palavras-chave da consigna: ritmo interno, caminhar natural, percepção do corpo, integração

dos pés e tornozelos à totalidade corporal.

Descrição – Apresentação:

1. Na posição de pé, sem sapatos, em roda de mãos dadas, olhos relaxados, fechados ou semi-

fechados, posição confortável, mantendo os pés ligeiramente afastados, coluna ereta e

flexível;

2. Focalizar a atenção na percepção dos pés no chão, buscando perceber a integração dos pés

e tornozelos com as pernas, joelhos, quadris, ombros, braços e pescoço;

3. Abrir os olhos e movimentar os pés de forma alternada, tirando um pé por vez do chão,

realizando um movimento lateral, relaxando os joelhos, quadris, ombros e pescoço;

4. Realizar a flexão de tornozelos, direito e esquerdo, de forma alternada, aumentando a curva

dos pés, relaxando os joelhos, quadris, ombros e pescoço.

3) Preparação para o Caminhar Fisiológico – 2ª Etapa

Linha de vivência: vitalidade

Objetivo: aumentar a propriocepção centrada nos pés e tornozelos.

Música: Samba 1º Andamento. Intérpretes: Luciano Perrone; Nilo Sérgio. In: BATUCADA

FANTÁSTICA: OS RITMISTAS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: Musidisc, [s.d]. 1 CD.

Faixa 14. 1min31.

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Palavras-chave da consigna: ritmo, caminhar natural, percepção do corpo, integração dos pés

e tornozelos à totalidade corporal.

Descrição – Apresentação:

1. Na posição de pé,em roda de mãos dadas, descalços, os participantes experimentam, sem se

deslocar pela sala e de forma alternada, o apoio do calcanhar, planta, base dos dedos e

dedos;

2. Prestar atenção no movimento dos pés, sinalizar para o colega da direita e da esquerda que

irá soltar as mãos;

3. Lentamente, iniciar um caminhar experimentando ao colocar uma das pernas à frente,

apoiar o calcanhar, em seguida a planta e por último, a base dos dedos do pé;

4. Ao mesmo tempo, integrar o movimento de pernas, joelhos, quadris, tronco, ombros,

braços, pescoço e cabeça.

4) Caminhar Fisiológico (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade

Objetivo: reabilitar o caminhar natural, isto é, integrar ao caminhar espontâneo, o movimento

das pernas ao movimento de todo o corpo.

Música: O Mar Serenou. Intérprete: Clara Nunes. In: O TALENTO DE CLARA NUNES. Rio

de Janeiro: EMI, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 3min3.

Palavras-chave da consigna: ritmo interno, ritmo da música, caminhar natural, pernas, tronco

e cabeça erguidos e flexíveis, integrar o movimento de pés e pernas a todo o corpo.

Descrição – Apresentação:

1. Caminhar individual:

a. Alternância de movimentos de braços e pernas: braço direito / perna esquerda e braço

esquerdo / perna direita;

b. Alternância de movimentos da cintura pélvica e cintura escapular;

c. Ritmo dos movimentos de braços e pernas: um para um, ou seja, um movimento de perna

simultâneo a um movimento do braço oposto (1/1);

d. Fase de apoio da perna: realizar o apoio do calcanhar, seguido da planta e da ponta do pé;

e. Cabeça erguida, com abertura do tórax.

5) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

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1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva.

Música: Um Dia de Domingo. Intérpretes: Gal Costa e Tim Maia. In: NOVELA HITS: GAL

COSTA. São Paulo: BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 4. 6min7.

Palavras-chave da consigna: roda, regulação, auto-regulação, ritmo, sintonia com o outro,

grupo, contato, afeto.

Descrição – Apresentação:

1. Formar roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;

2. Os participantes se colocam:

a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se

mantenha olhando para o chão;

e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;

3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o

outro, sem deslocamento da roda, em sintonia com o movimento do grupo;

4. Após aproximadamente um minuto de música, o professor sugere que os participantes se

aproximem mais, abracem-se pela cintura e façam uma roda de embalo.

6) Auto-Acariciamento de Pés e Pernas (CARVALHO, 1996)

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivos:

1. Reintegrar pés e pernas ao corpo utilizando o toque afetivo;

2. Reverenciar pés e pernas.

Música: Lascia Ch’io Pianga. Intérprete: Sarah Brigtman. In: ÉDEN. Guarulhos: EMI, p

1999. 1CD. Faixa 12. 3min30.

Palavras-chave da consigna: perceber de maneira afetiva os pés e pernas, toque carinhoso,

acariciamento, agradecimento, vida, possibilidades, caminhos percorridos e a percorrer.

Descrição – Apresentação:

1. Posição sentada em cadeiras;

2. Realizar o auto-acariciamento de pés e pernas.

7) Caminhar com Fluidez (GÓIS,1994)

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

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Objetivos:

1. Caminhar com leveza e harmonia, percebendo-se e percebendo o outro;

2. Reverenciar-se e reverenciar o outro.

Música: Hymn. Intérprete: Vangelis. THEMES. Rio de Janeiro: PolyGram, p 1989. 1 CD.

Faixa 4. 2min45.

Palavras-chave da consigna: caminhar, movimentos lentos, contínuos, percepção, auto-

reconhecimento, reconhecimento do outro, agradecimento a si e ao outro, carinho, suavidade,

reverência.

Descrição:

1. No curso do primeiro minuto da música, o facilitar propõe que os participantes caminhem

lentamente pela sala, percebendo e tocando a si mesmo, com reverência;

2. Após o primeiro minuto, o professor sugere que os participantes continuem caminhando,

percebendo as pessoas e tocando-as com carinho, suavidade e reverência.

Observação: não houve apresentação.

8) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Reconhecer-se e reconhecer o outro, de forma afetiva;

2. Vivenciar um rito de vinculação afetiva.

Música: Fascinação. Intérprete: Elis Regina. In: FALSO BRILHANTE. Rio de Janeiro:

Polygram / Philips, p 1976. 1CD. Faixa 5. 5min34

Palavras-chave da consigna: escutar, coração, reconhecimento, doação, aceitação do outro.

Descrição – Apresentação:

1. Em roda, mãos ao longo do corpo, escolher um par;

2. Os participantes que formam cada par se colocam em extremos da sala, fazem a conexão de

olhar, evocam o afeto pelo outro e, lenta e silenciosamente, aproximam-se cumprimentando-

se com as mãos, e/ou com abraços e/ou com beijos.

9) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Oh Happy Day (Gospel). Intérprete: Nana Mouskouri. OH HAPPY DAY. New York:

PolyGram, p 1990. 1CD. Faixa 7. 4min43.

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Palavras-chave da consigna: despedida, agradecimento, reconhecimento de si e do outro.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios, 9 descrições e 9 músicas, 6 apresentações, e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de

vivência.

2ª - Todos os exercícios desta aula foram descritos pela pesquisadora.

3ª - Nos exercícios 2 e 3, Preparação para o Caminhar Fisiológico, 1ª e 2ª Etapas, utilizou-se

conhecimentos de análise cinesiológica de marcha (Daniels; Worthingham, 1981). A

descrição foi feita pela pesquisadora, que segmentou as fases do Caminhar Fisiológico e

adaptou-as à estrutura de um exercício de Biodança.

4ª - O exercício 6, Auto-acariciamento de Pés e Pernas é uma variação do Acariciamento de

Pés e Pernas.

5ª - Caminhar com Fluidez, exercício de número 7, pertence ao grupo de exercícios de fluidez

e foi contextualizada pela pesquisadora.

6ª - Durante a realização da proposta vivencial do segundo exercício “Preparação para o

caminhar fisiológico – 1ª etapa”, foi solicitado que os participantes fizessem o exercício sem

sapatos. Todos os integrantes concordaram, tiraram seus calçados e espontaneamente não os

calçaram mais. A partir dessa aula, salvo exceções justificáveis, os exercícios vivenciais das

demais aulas foram dançados sem sapatos.

4ª Aula de Biodança

Data: 18 de outubro de 2005.

Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, contando com 1 que desistiu da

pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 19 pessoas.

Início e término das atividades: das 14h50h às 16h35.

Objetivo geral: reintegrar os movimentos pélvicos aos movimentos de todo o corpo.

Objetivos específicos:

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1. Exercitar a coordenação e ritmo em par;

2. Aumentar a propriocepção da pélvis e cintura pélvica;

3. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios.

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Sebastiana. Intérprete: Jackon do Pandeiro. In: MILLENNIUM: JAKSON DO

PANDEIRO. São Paulo: Universal, p 1998. 1 CD. Faixa 3. 2min14.

Palavras-chave da consigna: roda, presença, ritmo, prazer, alegria, corpo, pernas, quadris,

movimento.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Coordenação Rítmica em Par (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade

Objetivo: caminhar conectando-se com o próprio ritmo e com o ritmo do outro.

Música: Caboclo Sonhador. Intérprete: Fagner. In: CABOCLO SONHADOR. São Paulo:

BMG, p 1994. 1 CD. Faixa 3. 3min23.

Palavras-chave da consigna: caminhar rítmico, xote, ritmo interno, percepção do ritmo do

outro, manter a conexão de olhar, ajustar o passo, mesmo plano, igualdade.

Descrição – Apresentação:

1. Escolher o par;

2. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece

sentado em cadeiras;

3. O par inicia o movimento colocando-se lado a lado, de mãos soltas e sintoniza-se com o

ritmo da música;

4. A dupla caminha de mãos dadas, lado a lado e ajusta o passo, isto é, os dois participantes

caminham realizando o movimento simultâneo e rítmico de pernas e braços: perna

direita/braço esquerdo e, em seguida, perna esquerda/braço direito;

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5. Após o primeiro minuto, o professor poderá sugerir que o par caminhe para trás e para os

lados, mantendo as mãos dadas;

6. O professor poderá sugerir também que os participantes soltem as mãos e caminhem lado a

lado, sintonizando o passo;

7. Após o primeiro grupo dançar, o segundo é convidado a realizar o exercício, enquanto a

primeiro grupo senta-se em cadeiras.

3) Dança Rítmica (TORO, 2005d)

Linhas de vivência: sexualidade e vitalidade.

Objetivos:

1. Aumentar a autopercepção da pélvis e cintura pélvica;

2. Relaxar a musculatura pélvica.

Música: Meu Dengo. Intérprete: Roberta Miranda. In: SUCESSO DE OURO DUPLO. Brasil:

Warner, p 1998. 1 CD. Faixa 2. 3min31.

Palavras-chave da consigna: ritmo, percepção do corpo, bacia, cintura, integração, totalidade

corporal, conexão com o prazer do movimento.

Descrição – Apresentação:

1. Na posição de pé, com os olhos fechados e/ou relaxados, entrar em conexão com a música,

dançar e tocar as laterais dos quadris, cintura e umbigo;

2. Caso o participante perceba que uma parte tocada está imóvel, movimentar esta parte;

3. Após o primeiro minuto, os participantes mantêm os olhos fechados e o professor sugere

que o participante dance e toque outras partes do corpo e que novamente ao perceber que

alguma parte está imóvel, movimente-a;

4. Após o segundo minuto, o professor pede que os participantes abram os olhos e dancem a

sua maneira, deslocando-se pela sala.

4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)

Linhas de Vivência: afetividade e sexualidade.

Objetivos:

1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva;

3. Relaxar musculatura pélvica.

Música: Sweet Leinani. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São Paulo:

DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 12. 2min36.

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Palavras-chave da consigna: regulação, auto-regulação, sintonia com o outro, grupo,

movimento de bacia, prazer do movimento.

Descrição – Apresentação:

1. Formar três rodas de mãos dadas, sem deslocamento de pés;

2. Os participantes se colocam:

a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se

mantenha olhando para o chão;

e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;

3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o

outro.

5) Dança de Movimentação Pélvica (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: sexualidade.

Objetivos

1. Relaxar a musculatura pélvica e ampliar o movimento pélvico;

2. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.

Música: Song of the Islands. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São

Paulo: DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 2. 2min48.

Palavras-chave da consigna: dança, Havaí, harmonia, prazer, onda do mar, movimento

redondo, sinuoso, lento, ascendente.

Descrição – Apresentação:

1. Manter as três rodas anteriores, soltando as mãos e alargando a roda;

2. Iniciar uma dança individual, lenta, sinuosa e sem deslocamento, com movimentos

ascendentes e circulares de todo o corpo, braços soltos, boca semi-aberta e musculatura de

rosto relaxada.

6) Roda de Movimentação Pélvica (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: sexualidade.

Objetivos:

1. Relaxar a musculatura pélvica e ampliar o movimento pélvico;

2. Evocar uma sensação de harmonia e prazer.

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Música: Blue Hawaii. Intérprete: Hawaii Calls. In: WAIKIKI MINSTRELS. São Paulo:

DDD, p 1993. 1 CD. Faixa 7. 4min24.

Palavras-chave da consigna: contato, harmonia, prazer, círculo, onda do mar, movimento

redondo, sinuoso, lento.

Descrição – Apresentação:

1. Os participantes dão-se as mãos e se aproximam, abraçando-se pela cintura e encostam as

laterais dos quadris;

2. Lentamente, iniciam um movimento suave e sinuoso que se assemelha ao desenho de um

grande círculo.

7) Caminhar com Encontros Fugazes (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade e sexualidade.

Objetivos:

1. Caminhar mostrando-se e encontrando-se com o outro;

2. Realizar encontros fugazes.

Música: Istanbul Blues. Intérprete: Midnight Express. In: MINHA HISTÓRIA, CINEMA: O

EXPRESSO DA MEIA-NOITE. São Paulo: PolyGram, p 1978. 1 CD. Faixa 4. 3min24.

Palavras-chave da consigna: caminhar, mostrar-se, reconhecimento do outro, afeto, carinho,

sensualidade e prazer do movimento, encontros rápidos, despedidas.

Descrição:

1. Caminhar pela sala, dançando de forma sinuosa, mostrando-se ao outro;

2. Realizar encontros fugazes de olhar, cumprimentar, despedir-se daquela pessoa e continuar

caminhando, dançando e encontrando outras pessoas.

Observação: não houve apresentação.

8) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Deixa a Vida me Levar. Intérprete: Zeca Pagodinho. In: DEIXA A VIDA ME

LEVAR. São Paulo: Universal Music, p 2002. 1 CD. Faixa 3. 4min36.

Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, prazer, sensualidade.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

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Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 8 exercícios, 8 descrições e 8 músicas, 6 apresentações e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 3 exercícios tiveram indicações duplas de linha de

vivência.

2ª - Todas as descrições foram feitas pela pesquisadora.

3ª - O exercício 2, Coordenação Rítmica em Par é uma variação do exercício original que tem

o mesmo nome e foi contextualizada ao objetivo da aula.

4ª - A Dança Rítmica, exercício 3 é uma variação do exercício que tem o mesmo nome, que

requer uma ativação alta e é dançado com pequenos saltos e com deslocamento por todo o

espaço da sala. O exercício foi adaptado às condições do grupo.

5ª - O exercício Dança de Movimentação Pélvica, número 5, foi adaptado pela pesquisadora,

tendo como base o exercício denominado Roda de Movimentação Pélvica.

6ª - Este exercício, 6, Roda de Movimentação Pélvica, originalmente, é realizado com a

formação de uma só roda e nesta variação, foram feitas três rodas.

7ª - O exercício 7, Caminhar com Encontros Fugazes, é uma variação do exercício Encontro.

5ª Aula de Biodança

Data: 25 de outubro de 2005.

Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, contando com 1 que desistiu da

pesquisa, pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 10 pessoas.

Início e término das atividades: as 14h45 às 16h20h.

Objetivo geral: vivenciar um contato afetivo indiferenciado e proporcionar um contato afetivo

incondicional.

Objetivos específicos:

1. Experimentar níveis diferenciados de vitalidade;

2. Exercitar a coordenação e o ritmo com o outro;

3. Descobrir novas formas de comunicação afetiva.

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2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Beija-Flor. Intérprete: Emilio Santiago. In: EMILIO SANTIAGO. São Paulo: Som

Livre, p 1998.1 CD. Faixa 1. 4min3.

Palavras-chave da consigna: roda, presença, integração, olhar, afeto, pertencimento, corpo,

movimento.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Dança Rítmica (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade

Objetivos:

1. Dançar conectando-se com o próprio rítmico, enfocando a integração de braços e pernas;

2. Preparar-se para o exercício seguinte.

Música: O Bicho Solto. Intérprete: Gera Samba. In: É O TCHAN. São Paulo: Polydor, p

1995. 1 CD. Faixa 2. 4min7.

Palavras-chave da consigna: dança rítmica, ritmo interno, percepção do próprio ritmo, alegria,

molejo, sintonia, movimento de braços e pernas.

Descrição – Apresentação:

1. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece

sentado em cadeiras;

2. Iniciar a dança, sintonizando-se com o ritmo da música;

4. Realizar a dança dando ênfase nos movimentos rítmicos de braços e pernas: perna

direita/braço esquerdo e perna esquerda/braço direito;

4. O movimento de braços assemelha-se a ação de puxar e afrouxar uma corda, alternando

braço direito e esquerdo.

5. Após o primeiro grupo dançar, o segundo é convidado a realizar o exercício, enquanto a

primeiro grupo senta-se em cadeiras.

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3) Barquinho (CARVALHO, FILIZOLA E LELIS, 2002)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Aumentar a percepção corporal, enfatizando ritmo e coordenação de braços;

2. Vivenciar a integração rítmica com o outro.

Música: O Bicho Solto. Intérprete: Gera Samba. In: É O TCHAN. São Paulo: Polydor, p

1995. 1 CD. Faixa 2. 4min7.

Palavras-chave da consigna: ritmo, conexão, percepção, corpo, braços, mãos, outro,

integração, vai-e-vem, caminhar de barquinho.

Descrição – Apresentação:

1. Escolher o par;

2. Dividir o grupo em dois; enquanto o primeiro grupo realiza a dança, o segundo permanece

sentado em cadeiras;

3. As pessoas se colocam frente a frente, próximas a uma das paredes da sala, seguram-se

mutuamente pelos punhos e sintonizam-se com o ritmo da música;

4. O integrante do par que irá conduzir o movimento se coloca rente à parede;

5. A pessoa condutora, num movimento alternado de vai-e-vem dos braços, para frente e para

trás, que lembram o leve movimento dos remos de um barquinho, leva a pessoa que está a

sua frente na direção da parede oposta da sala;

6. Ao se aproximar da parede oposta, a condutora pára o movimento e sem trocar de posição,

trocam-se os papéis: a condutora passa ser a conduzida e vice-versa.

4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos

1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva.

Música: Ave-Maria no Morro. Intérprete: Nicolas de Angelis. In: RICHARD

CLAYDERMAN APRESENTA NICOLAS DE ANGELIS. São Paulo: PolyGram, p 1997. 1

CD. Faixa 14. 3min5.

Palavras-chave da consigna: regulação, auto-regulação, sintonia com o outro, grupo,

movimentos suaves, grupo, pertencimento;

Descrição – Apresentação:

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1. Formar uma roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;

2. Os participantes se colocam:

a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos quadris;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se

mantenha olhando para o chão;

e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;

3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o

outro.

5) Série I de Fluidez (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: harmonizar-se, buscando a suavidade e a conexão consigo.

Música: Shine On You Crazy Diamond (Part 1). Intérprete: Pink Floyd. In: WISH YOU

WERE HERE. Rio de Janeiro: Columbia, p 1975. 1 CD. Faixa 1. 13min32.

Palavras-chave da consigna: harmonia, suavidade, relaxamento, continuidade, conexão

consigo, energia, fluidez, água, movimentos, braços.

Descrição – Apresentação:

Etapa 1:

1. Exercício realizado individualmente e na posição sentada em cadeira;

2. Sentar afastando as costas do espaldar da cadeira, posicionar as pernas mantendo os pés

afastados observando a distância aproximada dos quadris. Joelhos fletidos, pés apoiados no

chão, mãos apoiadas nas coxas, pescoço levemente fletido, olhos fechados ou abertos,

musculatura da face relaxada e boca semi-aberta;

3. Elevar, com suavidade, os braços e o pescoço para frente, ao mesmo tempo que inspira o ar

com suavidade;

4. Baixar os braços, expirar suavemente, colocando os braços sobre as coxas e inclinar com

leveza o pescoço;

5. Repetir diversas vezes o movimento.

Etapa 2:

1. Em seguida, alternam-se os movimentos de braços, de forma simultânea:

a. Quando o braço direito estiver elevado para frente, o braço esquerdo estará apoiado no

joelho direito e vice-versa;

b. Respiração suave, pescoço erguido e relaxado;

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3. Repetir diversas vezes o exercício.

6) Auto-acariciamento de mãos (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivos

1. Reintegrar as mãos ao corpo utilizando o toque afetivo;

2. Reverenciar as próprias mãos.

Música: Ave Maria. Intérprete: Gheorghe Zamfir. In: CLASSICS BY CANDLELIGHT:

GRANDS THÈMES CLASSIQUES. São Paulo: Philips / Phonogram, p 2000. 1 CD. Faixa 9.

4min41.

Palavras-chave da consigna: afeto, amorosidade, capacidade, cuidado, dar, receber, agradecer,

reverência às mãos e aos braços, trabalho, passado, futuro.

Observação: a poesia abaixo, de autoria desconhecida, foi lida durante a realização do auto-

acariciamento de mãos:

Louvadas e livres sejam as mãos! Lutai, lutai por nós. Benditas e santas sejam as mãos” Cuidai, cuidai de nós. Mãos que apuram os fatos; Mãos que amparam o parto; Mãos amorosas unindo os casais; Mãos que têm almas nos dedos; Mãos que desvendam segredos; Mãos generosas com plantas e animais; Mãos carregadas de afeto; Mãos que estão sempre por perto; Mãos que se elevam aos céus por seus “ais”.

Descrição:

1. Realizar o auto-acariciamento de mãos na posição de pé.

Observação: não houve apresentação.

7) Acariciamento de Rosto e Cabelo (CARVALHO, 1996)

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivos:

1. Receber um contato afetivo indiferenciado;

2. Proporcionar um contato afetivo incondicional.

Música: Bilitis. Gènérique Lyrics. Intérprete: Sarah Brightman. In: TIMELESS. São Paulo:

1998. 1 CD. Faixa 6. 3min25.

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Palavras-chave da consigna: toque afetivo, rosto, cabelo, anônimo, indiferenciado,

diferenciado, merecimento, prazer de dar, sagrado, permissão de receber, ternura e cuidado.

Descrição-Apresentação:

1. Divide-se o grupo em dois;

2. Um grupo senta-se em cadeiras próximas umas das outras e dispostas em meia-lua, no meio

da sala e o outro grupo, colocarse de pé, por detrás das pessoas que estão sentadas;

3. As pessoas que estão sentadas procurarão manter uma uma postura solta, olhos fechados,

face relaxada, boca semi-aberta, pernas fletidas sem estarem cruzadas, mãos colocadas no

colo;

4. Os participantes que estão de pé acariciarão com as duas mãos o rosto e o cabelo das que

estão sentadas;

5. Quando o professor pontuar, os integrantes que estão de pé manterão uma das mãos na

cabeça da pessoa que está sendo acariciada e, colocarão a outra mão na cabeça da próxima

pessoa que está a sua direita e que receberá o acariciamento, de forma que não haja

interrupção do contato afetivo;

6. Dando prosseguimento, usarão as duas mãos para realizar o acariciamento até que

novamente, o professor sinalize uma nova mudança;

7. Ao chegar a ultima pessoa que está sendo acariciada, ou seja, o final das cadeiras, o

professor indicará ao participante que está de pé a mudança de posição para o início das

cadeiras;

8. Cada pessoas deverá receber, em média, um acariciamento de cinco pessoas;

9. Após a música parar, propõe-se que as pessoas colocadas por detrás das cadeiras passem

para frente e com delicadeza, tomem as mãos das pessoas que estão sentadas, ajudem-nas a

levantar e as recebam com um abraço;

10. Em seqüência, haverá troca de papéis: o grupo que recebeu, realizará o acariciamento e o

outro que realizou, fará o acariciamento.

8) Encontro de Mãos e Olhar (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;

2. Vivenciar um encontro afetivo diferenciado;

3. Receber e ser recebido.

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Música: Jardim da Fantasia. Intérprete: Paulinho Pedra Azul. In: JARDIM DA FANTASIA.

São Paulo: BMG, p 1991. 1 CD. Faixa 9. 3min4.

Palavras-chave da consigna: encontro, mãos, olhar, ritual, comunicação afetiva, receber, ser

recebido, reconhecer o outro.

Descrição-Apresentação:

1. Exercício realizado em par e na posição de pé;

2. Escolha do par;

2. Estabelece-se uma conexão de olhar;

3. As duas pessoas se aproximam, olham-se, dão-se as mãos e se despedem.

9) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Imagine. Intérprete: Paulo Ricardo. In: Estrela-Guia. Rio de Janeiro: Sigla, p 2001. 1

CD. Faixa 1. 4min6.

Palavras-chave da consigna: despedida, afeto, novo encontro.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios, 9 descrições e 9 músicas, 7 apresentações, e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de

vivência.

2ª - Todos os exercícios, com exceção do número 4, foram descritos pela pesquisadora.

3ª - O exercício número 3, Barquinho, foi adaptado porque, em sua forma original, solicitava

que um dos participantes realizasse o movimento com os olhos fechados e no contexto,

poderia oferecer riscos aos participantes.

4ª - O exercício 5, Série I de Fluidez, apresenta três movimentos, ou seja, três etapas, e é

realizado na posição de pé. A pesquisadora fez uma adaptação, mudando a posição para a

sentada em cadeira sem braço e suprimiu o terceiro movimento, por considerá-lo muito

complexo para o grupo.

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5ª - O Acariciamento de Rosto e Cabelo, exercício 7, pertence ao grupo de exercícios

Acariciamento e sua variação foi contextualizada pela pesquisadora.

6ª Aula de Biodança

Data: 1 de outubro de 2005.

Número de pessoas presentes: 14, sendo 11 participantes, contando com 1 que desistiu da

pesquisa, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 10 pessoas.

Início e término das atividades: das 14h45 às 16h20.

Objetivo geral: vivenciar o continente afetivo do grupo.

Objetivos específicos:

1. Experimentar diferentes situações de contato afetivo;

2. Liberar tensões musculares localizadas no peito.

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Forrobodó. Intérprete: Martinho da Vila. In: Canto das Lavadeiras. Rio de Janeiro:

Columbia, p 1989. 1 CD. Faixa 5. 3min45.

Palavras-chave da consigna: roda, boas-vindas, presença, integração, permissão,

incondicionalidade, olhar, pertencer, grupo, corpo, movimento.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Caminhar Melódico (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Aumentar a integração afetivo-motora;

2. Exercitar a expressão afetiva.

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Música: New York New York. Intérprete: Frank Sinatra. In: HIS GREATEST HITS: FRANK

SINATRA. Alsdorf: WEA, p 1983. 1 CD. Faixa 1. 3min26.

Palavras-chave da consigna: caminhar, ritmo e melodia, afeto, percepção de si mesmo e do

outro, sinalizar com o corpo, expressar, gestos.

Descrição – Apresentação:

1. Caminhar individual;

2. O caminhar é realizado dando ênfase à plasticidade do movimento corporal;

3. Após o primeiro minuto da música, o professor sugere que os participantes comecem a se

perceber caminhando impulsionados pela música;

4. Em seguida, após o segundo minuto, o professor pede que os participantes percebam as

outras pessoas caminhando e compartilhando a vida naquele momento;

5. Ao terminar a música, o professor repete-a e propõe aos participantes que caminhem

sinalizando com gestos a sua presença e a aceitação da presença do outro. Podem ser dadas

sugestões tais como acenos de mãos e cabeça, olhar, piscar de olhos, beijinhos no ar, toques

sutis;

6. O exercício pode ser finalizado com a sugestão que as pessoas formem pares e caminhem.

3) Dança de Mãos Dadas (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: afetividade e vitalidade.

Objetivos:

1. Experimentar o contato afetivo de mãos e olhar;

2. Exercitar a coordenação e sincronicidade com o outro.

Música: Jaú Dales Adjes. Intérprete: Grupo Encanto Cigano. In: O MELHOR

INTERNACIONAL DE NOVELAS. São Paulo: Som Livre, p 1998. 1 CD. Faixa 11. 3min30.

Palavras-chave da consigna: escolha do par, dança, presença, vinculação através das mãos e

do olhar, troca.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em par e na posição de pé;

2. As pessoas escolhem um par e colocam-se uma em frente à outra;

3. Segurando a mão direita à frente do corpo, elas realizam uma dança sinuosa e ritmada,

mantendo, na medida do limite de cada uma, a conexão de olhar;

4. Após o segundo minuto, o professor propõe trocas de par.

4) Dança Livre de Costas

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Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Regular-se, diminuendo o grau de ativação corporal;

2. Experimentar o contato afetivo das costas do outro.

Música: La Montanara. Intérprete: Golden Panflute. In: HOREA CRISHAN. Rio de Janeiro:

CID, p 1991. 1 CD. Faixa 14. 2min51.

Palavras-chave da consigna: costas, presença do outro, contato, regulação, auto-regulação,

sintonia, grupo, movimentos suaves.

Descrição – Apresentação:

1. Escolha do par;

2. Os participantes se olham e colocam-se:

a. De costas para o seu par, com os pés voltados para a sua frente, numa distância

aproximada da largura dos quadris, joelhos discretamente relaxados;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se

mantenha olhando para o chão;

3. Em seqüência, dançam com movimentos lentos e suaves, mantendo o contato das costas e

sem deslocamento do solo.

5) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;

2. Experienciar a integração afetivo-motora.

Música: Méditation de Thaís. Intérprete: Zamfir. In: UTOPIA. Rio de Janeiro: Philips, p

1992. 1 CD. Faixa 3. 5min7.

Palavras-chave da consigna: música, afeto, abrir o coração, centro afetivo, liberdade,

respiração suave, expansão, abertura, harmonia, suavidade, continuidade, conexão consigo,

movimentos braços e peito.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício é individual, realizado na posição de pé, olhos fechados e boca semi-aberta;

2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;

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3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito ao mesmo

tempo em que o pescoço se estende.

6) Túnel de Caricias (GÓIS, 1994)

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivos:

1. Proporcionar contato afetivo incondicional;

2. Receber contato afetivo indiferenciado de todo o grupo.

Músicas:

1. Ave Maria. Intérprete: Simonetti e Orq. de Câmera RGE. In: CONVITE PARA OUVIR:

MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE, p 1993. 1 CD. Faixa 6. 3min20;

2. Moonlight Sonata. Intérprete: Simonetti e Orq. de Câmera RGE. In: CONVITE PARA

OUVIR: MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE. p 1993. 1 CD. Faixa 4. 6min.

Palavras-chave da consigna: corpo, sagrado, mãos de anjo, aceitação, merecimento,

delicadeza, afeto, cuidado, grupo dar, receber.

Descrição – Apresentação:

1. Formam-se duas fileiras, uma de frente a outra, numa distância aproximada de 80

centímetros;

2. Uma a uma, cada pessoa, com os olhos fechados, corpo relaxado, vai passando lentamente

pelo túnel e recebendo o acariciamento no rosto, cabelo, ombros, costas, braços e mãos;

3. O acariciamento não se detém em nenhuma parte do corpo;

4. Ao final do túnel, a pessoa é recebida com um abraço de continente, dado por outro

participante;

5. Em seguida, coloca-se em uma das alas do túnel.

7) Dar Colo a Si Mesmo

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: receber a si mesmo, em um auto-abraço.

MÚSICA: AVE MARIA. INTÉRPRETE: SIMONETTI E ORQ. DE CÂMERA RGE. IN:

CONVITE PARA OUVIR: MÚSICA À LUZ DA ORAÇÃO. São Paulo: RGE, p 1993. 1 CD.

Faixa 9. 4min5.

Palavras-chave da consigna: colo, si mesmo, embalar-se, cuidar de si mesmo, receber a si

mesmo, agradecer aos antepassados e aos descendentes.

Descrição – Apresentação:

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1. Exercício individual, realizado na posição de pé;

2. O participante abraça o seu próprio corpo e se embala.

8) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Descobrir novas formas de comunicação afetiva e de contato;

2. Receber e ser recebido.

Música: Branca. Intérprete: Johan Dalgas Frisch. In: AVES BRASILEIRAS 3. São Paulo:

AAD, p 1973. 1 CD. Faixa 9. 3min4.

Palavras-chave da consigna: encontro, olhar, comunicação afetiva, aceitar e ser aceito, receber

e ser recebido, reconhecer o outro.

Descrição:

1. Exercício realizado em par e na posição de pé;

2. Escolha do par;

2. Estabelece-se uma conexão de olhar;

3. As duas pessoas se aproximam, olham-se e se cumprimentam com um gesto.

Observação: não houve apresentação.

9) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Danúbio Azul / Sobre As Ondas. Intérprete: Orquestra Imperial. In: VALSAS

ETERNAS. Rio de Janeiro: EMI, p 1988. 1 CD. Faixa 5. 4min20.

Palavras-chave da consigna: despedida, afeto, leveza, suavidade, pertencer, grupo.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios e 9 descrições, 10 músicas, 6 apresentações e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 2 exercícios tiveram indicações duplas de linha de

vivência.

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2ª - Todas as descrições dos nove exercícios desta aula são de autoria da pesquisadora.

3ª - O exercício Caminhar Melódico, número 2, foi adaptado pela pesquisadora à etapa da

aula.

3ª - A Dança Livre de Costas, exercício 4, pertencente à linha de sexualidade, foi adaptada

pela pesquisadora à de afetividade.

4ª - O exercício 7, Dar Colo a Si Mesmo, pode ser considerado como uma variação do Abraço

para Dar Continente (CARVALHO, 1996).

7ª Aula de Biodança

Data: 8 de novembro de 2056.

Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de

pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 11 pessoas.

Início e término das atividades: das 14h50 às 16h35.

Objetivo geral: exercitar a expressividade corporal sob a perspectiva afetiva, criativa e lúdica.

Objetivos específicos:

1. Vivenciar a sincronicidade de movimento em par, sob o enfoque lúdico;

2. Aumentar o repertório gestual e sonoro;

3. Experimentar a expressão melódica do próprio nome e do nome do outro.

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1ª – Descrição dos exercícios

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva e lúdica aos demais participantes do grupo.

Música: O Carimbador Maluco. Intérprete: Raul Seixas. In: AQUARELA MÁGICA: TV,

TEMAS INFANTIS, v 4. São Paulo: Som Livre, p 1999. 1 CD. Faixa 9. 2min22.

Palavras-chave da consigna: roda, viagem, mundo fantástico, brincadeira, criança interior,

alegria, expressão.

Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda.

Observação: não houve apresentação.

2) Caminhar com Balão (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

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Linha de vivência: criatividade e vitalidade.

Objetivo: experimentar, de forma lúdica, a sincronicidade de movimento com o outro.

Música: Sítio do Pica-Pau Amarelo. Intérprete: Gilberto Gil. In: AQUARELA MÁGICA: TV,

TEMAS INFANTIS, v 4. São Paulo: Som Livre, p 1999. 1 CD. Faixa 10. 3min22.

Material: balões de aniversário.

Palavras-chave da consigna: caminhar, sincronicidade, sintonia, brincadeira, criança, alegria,

leveza, cuidado.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em par e na posição de pé;

2. O grupo recebe vários balões de aniversário cheios;

3. Cada par pega um balão e caminha sustentando-o, a dois, entre partes do corpo que serão

indicadas pelo professor, tais como, testa, nuca, um dos lados da face, costas, barriga, lateral

do tronco;

4. Ao final, pode ser sugerido que a dupla estoure o balão pressionando-o entre partes de seus

corpos.

3) Expressão em Roda– Ha – He – Hi – Ho – Hu

Linha de vivência: criatividade.

Objetivo: aumentar o repertório gestual e sonoro.

Música: sem música.

Palavras-chave da consigna: roda, expressão, gestos, sons, risada, alegria.

Apresentação - Descrição:

1. Realizado em roda, na posição de pé;

2. O professor convida os participantes a experimentar diversas risadas, apresenta risada por

risada, realizando gestos largos, condizentes com as propostas e, em seguida, o grupo o

segue;

3. Risada “Hi” – de bruxa; o som emitido é agudo – da sílaba “Hi” - e a expressão é de

maldade e de comicidade;

4. Risada “He” – de adolescente; o som emitido é semigrave – da sílaba “He” - e a expressão

é de crítica;

5. Risada “Hu” – de macaco; o som assemelha-se ao grito do macaco – da sílaba “Hu” – leva-

se uma mão à cabeça e a outra à lateral do tronco, imitando os movimentos do macaco;

6. Risada “Ho” – de Papai Noel; o som emitido é grave – da sílaba “Ho” – toca-se a barriga,

abre-se a expressão do rosto, imitando os movimentos de Papai Noel;

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7. Risada “Ha” – de amor; o som emitido é semigrave - da sílaba “Ha” – abrem-se os braços e

a expressão do rosto e suave e relaxada.

4) Caminhar de Expressões

Linha de vivência: criatividade.

Objetivo: aumentar o repertório gestual e sonoro.

Música: sem música

Palavras-chave da consigna: importância, expressão, emoções, gestos, sons.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício realizado individualmente;

2. Os participantes caminham pela sala e o professor pontua e realiza cada expressão

emocional, uma por vez e, em seguida, o grupo o segue;

3. Expressões sugeridas:

a. espanto;

b. gula;

c. paquera;

d. fome;

e. satisfação por estar comendo um alimento muito gostoso;

f. alegria;

g. amor.

5) Contar uma História (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linhas de vivência: criatividade.

Objetivos:

1. Exercitar a expressividade corporal;

2. Aumentar o repertório gestual e sonoro.

Música: sem música.

Palavras-chave da consigna: história, fato do dia-a-dia, língua inexistente, gestos e sons.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício realizado em par;

2. O participante que irá escutar a história estará sentado e o outro, na posição de pé e de

frente;

2. O participante cria uma língua inexistente e conta uma história, exagerando na mímica

facial e nos gestos;

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3. Em seguida, ocorre a troca.

6) Trenzinho (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Diminuir a ativação corporal;

2. Receber e proporcionar contato afetivo.

Música: Ursinho Pimpão. Intérprete: Turma do Balão Mágico. In: TURMA DO BALÃO

MÁGICO. São Paulo: Colúmbia, p 2003. 1 CD. Faixa 5. 3min28.

Palavras-chave da consigna: trenzinho, contato afetivo, regulação, dar, receber.

Descrição – Apresentação

1. Realizado em grupo e na posição de pé;

2. Forma-se um trenzinho circular fechado, com as pessoas segurando umas nas outras pela

cintura;

3. Em seguida, os participantes, sem se deslocar, dançam realizando movimentos laterais,

seguindo o ritmo lento da �3 ����

7) Roda de Embalo (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Aumentar a proximidade corporal;

2. Experimentar um contato afetivo e harmônico em roda.

Música: Frere Jacques (Tradicional). Intérprete: não citado. In: MÚSICA PARA BEBÊS,

FELIZES JOGOS. São Paulo: Movieplay, p 1994. 1 CD. Faixa 2. 2min52.

Palavras-chave da consigna: roda, embalo, proximidade, contato afetivo, grupo .

Descrição – Apresentação:

1. Forma-se uma roda sem deslocamento, pélvis unidas, olhos fechados e boca semi-aberta;

2. As pessoas se abraçam pela cintura e se embalam reciprocamente, seguindo o ritmo lento

da música.

8) Canto do Nome (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Expressar o próprio nome de forma melódica e afetiva;

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2. Ouvir o seu nome cantado pelo grupo, de maneira melódica e afetiva.

Música: sem música.

Palavras-chave da consigna: canto, importância do nome, expressão afetiva de si e do outro,

coração, afeto.

Descrição-Apresentação:

1. Exercício realizado em roda, com os participantes abraçados pela cintura, de olhos

fechados e na posição de pé;

2. O primeiro participante canta o seu nome e o grupo repete não somente o nome, mas

também a entonação;

2. O nome poderá ser cantado algumas vezes e, em seqüência, o participante pára o seu canto;

3. Em seguida, o participante que está à direita do primeiro participante continua o exercício,

e assim sucessivamente até o último participante realizá-lo.

9) Encontro Chamando o Nome do Outro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Encontrar o outro de uma forma inusitada;

2. Falar o nome do outro e escutar o próprio nome sob um contexto afetivo.

Música: Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê. Intérprete: Caetano Veloso. In: CORES,

NOME. São Paulo: PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 6. 3min5.

Palavras-chave da consigna: encontro, olhar, nome, aceitar e ser aceito, receber e ser recebido.

Descrição-Apresentação:

1. Exercício realizado em par e na posição de pé;

2. Escolha do par;

2. Estabelece-se uma conexão de olhar;

3. As duas pessoas iniciam a aproximação falando bem baixinho o nome do outro e se

cumprimentam com um gesto afetivo.

10) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Despedir-se do grupo de forma afetiva;

2. Acompanhar a música, cantando-a.

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Música: Trem das Onze. Intérprete: Gal Costa. In: GAL. Rio de Janeiro: Globo / Polydor, p

1994. 1 CD. Faixa 8. 5min.

Palavras-chave da consigna: despedida, expressão, alegria, criar um gesto de despedida para o

grupo.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas;

2. O professor sugere que o grupo acompanhe a música, cantando-a.

Observação: não houve apresentação.

2ª – Considerações metodológicas 1º - Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 6 músicas, 8 apresentações e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de

vivência.

2º - A descrição de todos os exercícios, com exceção dos números 2 e 5, é de autoria da

pesquisadora.

3º - Os exercícios 3, Expressão em Roda e 4, Caminhar de Expressões são utilizados em

trabalhos de Biodança e Voz e não têm referência bibliográfica.

4º - O exercício Trenzinho, de número 6, realizado sem deslocamento, é uma variação do

Trenzinho.

5º - O exercício 9, Caminhar Chamando o Nome do Outro é uma variação do exercício

Encontro.

8ª Aula de Biodança

Data: 22 de novembro de 2005.

Número de pessoas presentes: 19, sendo 16 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de

pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: não houve atividades verbais.

Início e término das atividades: das 14h45 às 16h35.

Objetivo geral: explorar e ampliar o espaço vital27.

Objetivos específicos:

27 Espaço vital, termo usado por Kurt Lewin (1965), refere-se ao ambiente psicológico em que o homem se

insere no momento presente. Contudo, o significado da expressão desse objetivo aproxima-se mais da definição de Merleau-Ponty (1994, p. 328), de espaço: “o espaço não é o ambiente (real ou lógico) em que as

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1. Adaptar-se a novas situações;

2. Explorar as possibilidades do espaço vital;

3. Movimentar-se com harmonia e leveza.

Exercícios vivenciais - 1º - Descrição dos exercícios

1) Qualificação Verbal (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Qualificar e ser qualificado pelo outro;

2. Exercitar a escuta ativa.

Música: sem música.

Palavras-chave da consigna: reconhecer as qualidades do outro, qualificar, ser qualificado,

sinceridade, carinho, escutar atentamente, olhar.

Descrição – Apresentação

1. Escolha do par;

2. Um dos participantes olha para o seu par e fala das qualidades deste, enquanto aquele que é

qualificado escuta atentamente, sem interrupções.

3. Em seguida, ocorre a troca: o participante que foi qualificado qualifica o seu par;

4. O exercício se encerra com um cumprimento dos participantes que formam o par.

2) Animação de Movimento28 (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: aumentar o grau de ativação corporal.

Música: Patuscada de Gandhi. Intérprete: Gilberto Gil. In: 2 É DEMAIS: GILBERTO GIL.

Brasil: WEA, p 1996. 1 CD. Faixa 21. 2min33.

Palavras-chave da consigna: ativar, movimento, corpo, braços, pernas, tronco, expansão,

música, ritmo, alegria.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em grupo e na posição de pé;

coisas se dispõem, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível”. Nesse sentido, o espaço vital é o campo de possibilidades de realização humana.

28 A descrição deste exercício é de Carvalho, Filizola e Lellis (2002).

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2. Pedir para que cada pessoa, de olhos fechados, entre em contato com o seu ânimo, com a

sua alegria e deixar esta sensação expandir-se pelo corpo, movimentando-o

progressivamente;

3. Se a expansão gerar deslocamento, abrir os olhos.

4. Pode ser realizado em roda, de mãos dadas ou com mãos soltas.

3) Caminhar com Motivação Afetiva (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: exercitar a integração afetivo-motora durante o caminhar.

Música: Reggae Night. Intérprete: Jimmy Cliff. In: JIMMY CLIFF IN BRAZIL. São Paulo:

Sony, S/D. 1 CD. Faixa 1. 5min22

Palavras-chave da consigna: caminhar, olhar, presença, peito e braços abertos para o mundo,

alegria impetuosa, liberdade e afeto.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício realizado de forma individual;

2. A pessoa caminha pela sala;

3. Após o primeiro minuto, o professor sugere que o participante ao passar por outra pessoa,

olhe para ela e abra o peito e braços, simbolizando a sua disponibilidade para a outra pessoa

e para o mundo.

4) Roda de Comunhão (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva.

Música: Wild Theme. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram /

Philips, p 1988. 1 CD. Faixa 15. 3min38.

Palavras-chave da consigna: roda, contato afetivo, regulação, harmonia, respiração suave.

Descrição – Apresentação:

1. Formar uma roda de mãos dadas, sem deslocamento de pés;

2. Os participantes se colocam:

a. Com os pés voltados para a sua frente, numa distância aproximada da largura dos

quadris;

b. De olhos fechados, musculatura relaxada de rosto, boca discretamente aberta;

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c. Será observado que caso o participante sofra de labirintite, não feche os olhos e se

mantenha olhando para o chão;

e. Com o tronco ereto e flexível e joelhos discretamente relaxados;

3. Em seqüência, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o

outro.

5) Roda de Fluidez (KIKA, LELLIS, 1999)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Movimentar-se com harmonia e leveza;

2. Diminuir a ativação corporal.

Música: Éte D’amour. Intérprete: Zamfir. In: A ARTE DE ZAMFIR. São Paulo: PolyGram /

Philips, p 1988. 1 CD. Faixa 18. 5min24.

Palavras-chave da consigna: roda, fluidez, contato, afeto, leveza, continuidade, energia,

grupo, regulação.

Descrição – Apresentação:

1. As pessoas formam uma roda de mãos dadas, mantendo um espaço maior entre elas,

palmas com palmas, olhos fechados, boca semi-aberta, rosto relaxado;

2. Em seguida, mantendo os pés plantados no chão, movimentam o corpo com suavidade,

leveza e desaceleração;

3. Os braços e ombros movimentam-se para a direita e para a esquerda, dançando como se

estivessem deslizando horizontalmente no espaço.

6) Espaço Máximo e Espaço Mínimo (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: criatividade.

Objetivos:

1. Adaptar-se a novas situações;

2. Ocupar espaços disponíveis.

Música: ROWLAND, Mike. Son of The Light. Intérprete: Mike Rowland. In: WITHIN THE

LIGHT. Londres: Oreade Music, p 1997. 1 CD. Faixa 8. 5min23.

Palavras-chave da consigna: ocupação de espaço, flexibilidade à novas situações, expansão,

contração.

Descrição – Apresentação:

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1. Realizado na posição de pé.

2. Fase individual:

a. Cada pessoa ocupará o menor espaço disponível na sala na posição sugerida pelo

professor;

b. Em seguida, cada pessoa ocupará o maior espaço disponível na posição indicada pelo

professor;

3. Em par:

a. O professor sugerirá a formação de pares e a repetição do exercício;

4. Em sub-grupos de cinco ou seis pessoas:

a. A partir dessa fase o exercício será realizado de mãos dadas. O professor sugerirá a

formação de subgrupos e da repetição do exercício;

5. Todo o grupo:

a. Finalizando, o professor convidará todo o grupo para dar as mãos e este ocupará,

inicialmente, a menor área disponível e em seguida, a maior.

7) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;

2. Experienciar a integração afetivo-motora.

Música: Recuerdo de la Alhambra. Intérprete: Nana Mouskouri. In: CLASSICAL. Rio de

Janeiro: PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 19. 4min.

Palavras-chave da consigna: afeto, respiração, expansão, abertura, harmonia, espaço interno,

conexão consigo, movimentos braços e peito.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício é individual, realizado na posição sentada em cadeira, olhos fechados e boca

semi-aberta;

2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;

3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito, ao mesmo

tempo em que o pescoço se estende.

8) Roda Caracol

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

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1. Aumentar a proximidade visual e corporal;

2. Conectar-se afetivamente com o outro.

Música: Kalimando. Intérprete: Cirque du Soleil Orchestra. In: COLLECTION. New York:

BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 9. 6min22.

Palavras-chave da consigna: grupo, olhar, inclusão, espaço, conexão, afeto, reconhecimento,

proximidade, presença.

Descrição:

1. Iniciar a roda, girando para a direita;

2. Após pelo menos um minuto que a roda está em movimento, o professor interrompe a roda

e pede para uma pessoa do grupo ir enrolando a roda, lentamente, em direção do seu centro;

3. A conexão do olhar é mantida todo o tempo entre os participantes que estão frente a frente;

4. Para facilitar o desenrolar da roda, o professor poderá se colocar no lado extremo da roda

partida;

5. Outra possibilidade é que o próprio professor, após interromper a roda, conduzi-la, tendo o

cuidado de não deixa-la compactar-se muito, para não ter dificuldade em desenrolá-la.

Observação: não houve apresentação.

9) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: encontrar o outro de uma forma afetiva.

Música: Song, Sung Blue. Intérprete: Neil Diamond. In: HIS 12 GREATEST HITS: NEIL

DIAMOND. São Paulo: MCA Records, p 1995. 1 CD. Faixa 10. 3min15.

Palavras-chave da consigna: caminhar, encontrar, olhar, cumprimentar, dançar, seguir.

Descrição:

1. Exercício realizado individualmente;

2. A pessoa caminha e ao encontrar outra, cumprimenta-a, dança um pouco com ela e segue

dançando e realizando outros encontros.

Observação: não houve apresentação.

10) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva..

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Música: Battle Hymn of the Republic (Tradicional Gospel). Intérprete: The Johnny Thompson

Singers In: GLORY! GLORY, HALLELUJAH! Brasil: RBM, p 1996. 1 CD. Faixa 7.

5min11.

Palavras-chave da consigna: despedida, expressão, alegria.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

1ª - Esta aula apresentou: 10 exercícios e 10 descrições, 9 músicas, 7 apresentações e 11

indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício teve indicação duplas de linha de

vivência;

2ª – A descrição do exercício 2, Animação de Movimento, é de autoria de Carvalho, Filizola e

Lellis (20020).

3ª – A descrição dos exercícios 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 foi feita pela pesquisadora.

4ª – O exercício 6, Espaço Máximo e Espaço Mínimo, foi adaptado às condições do grupo e

da sala;

5ª – O exercício 7, Segmentário de Peito e Braços da forma que foi realizado, constitui-se

como uma variação do exercício que tem o mesmo nome e foi adaptado à necessidade do

grupo.

5ª – Não existe nenhuma referência bibliográfica ao exercício 8, Roda Caracol;

6ª - O exercício 9, Encontro, da forma que foi apresentado, é mais uma variação do exercício

Encontro.

9ª Aula de Biodança

Data: 29 de novembro de 2005.

Número de pessoas presentes: 18, sendo 15 participantes, 1 pesquisadora e 2 auxiliares de

pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 12 pessoas.

Início e término das atividades: das 15h15 às 17h.

Objetivo geral: vivenciar situações que evocam a determinação e a assertividade.

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Objetivos específicos:

1. Perceber a própria força e a força do outro;

2. Caminhar evocando os sentimentos de determinação e coragem;

3. Evocar atitude de assertividade e contestação.

4. Experimentar a aceitação da proximidade do outro, de uma forma afetiva.

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1ª – Descrição dos exercícios

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Louva-A-Deus. Intérprete: Milton Nascimento. In: NASCIMENTO. Brasil: Warner,

p 1997. 1 CD. Faixa 1. 3min7.

Palavras-chave da consigna: roda, terra, pés no chão, firmeza, firmeza, coração.

Apresentação - Descrição:

1. Formar uma roda de mãos dadas;

2. Rodar para a direita, aumentando gradativamente a velocidade do deslocamento da roda;

3. Enfatizar a batida dos pés no chão.

2) Maculelê (CARVALHO; FILIZOLA; LELLIS, 2002)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Experimentar o ritmo de forma mais vigorosa;

2. Vivenciar a flexibilidade corporal.

Música: Maculelê (Cancioneiro popular). Intérpretes: Mestre Suassuna e Dirceu. In:

CAPOEIRA CORDÃO DE OURO. Brasil: Warner, p 1995. 1 CD. Faixa 8. 2min4.

Palavras-chave da consigna: Maculelê, Santo Amaro da Purificação, escravos, negros, dança

de luta, flexibilidade, masculino, força, conquista.

Descrição – Apresentação

1. Realizado em grupo e na posição de pé;

2. Cada participante dança, utilizando os planos alto e intermediário, abrindo e fechando os

braços à frente do corpo, como se estivesse batendo ritmicamente dois bastões de madeira;

3. Enquanto dança, a pessoa se desloca sem saltitar, apoiando-se em uma base bem larga,

formada pelas pernas e pés.

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4. Em seguida, após o término da dança, o professor sugere que cada pessoa escolha um par e

realize uma dança de palmas:

a. Após a escolha do par, as duas pessoas se colocam frente a frente, iniciam um jogo de

palmas, mantendo a vinculação do olhar.

3) Caminhar de Regulação (TORO, 2005d)

Linhas de vivência: vitalidade.

Objetivo: caminhar buscando a auto-regulação.

Música: Romaria. Intérprete: Renato Teixeira. In: ACERVO ESPECIAL: RENATO

TEIXIERA. BMG, p 1997. 1 CD. Faixa 1. 4min.4.

Palavras-chave da consigna:

Caminhar, auto-regulação, diminuição do ritmo corporal, freqüência cardíaca e respiratória.

Descrição:

1. Os participantes caminham pela sala, diminuindo progressivamente o ritmo corporal;

2. No momento que cada participante sentir o seu ritmo corporal menos ativado, pára de

caminhar e senta-se em uma cadeira.

Observação: não houve apresentação.

4) Caminhar com Determinação (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivo: caminhar experimentando os sentimentos de determinação e coragem.

Música: End Titles From Bladerunner. Intérprete: Vangelis. In: THEMES. Rio de Janeiro:

PolyGram, p 1989. 1 CD. Faixa 1. 4min59.

Palavras-chave da consigna: determinação, força de vontade, compromisso, objetivos, metas,

ética, cuidado, respeito.

Descrição – Apresentação:

1. O professor dividirá o grupo em dois e enquanto o primeiro realiza o exercício, o segundo

grupo permanece sentado. Em seguida, haverá troca de grupos.

2. Exercício realizado individualmente;

3. Cada participante caminhará com firmeza, expressão corporal flexível, abertura do tórax,

cabeça erguida e olhos abertos;

4. O professor sugere que os participantes escolham, na sala, locais que representem etapas do

objetivo a ser alcançado e, ao atingir a primeira, estabeleça a segunda etapa e assim por

diante.

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5) Oposição Harmônica (REGINA, 1997)

Linha de vivência: afetividade e vitalidade.

Objetivos:

1. Perceber a própria força;

2. Perceber a força do outro, opondo-lhe resistência e evocando o sentimento de presença e

dignidade.

Música: Japanese Drums. Intérprete: Kitaro. In: KITARO: LIVE IN ASIA. Rio de Janeiro:

Polidor, p 1984. 1 CD. Faixa 6. 3min23.

Palavras-chave da consigna: presença, olhar, força, dignidade, oposição, resistência.

Descrição – Apresentação:

1. O exercício é realizado na posição de pé e o professor divide o grupo em dois;

2. Formam-se duas fileiras, uma em frente a outra, agregando pares;

3. Em seguida, cada participante cumprimenta o seu par com um movimento de cabeça e

mantendo o olhar, estende os seus braços à frente e encostando as palmas de suas mãos nas

palmas das mãos do seu par, opõe-lhe uma resistência;

4. Ao opor resistência, o participante buscará perceber a própria força e a força do seu par;

5. Quando o professor der o comando, o componente de cada par se despede com um

movimento de cabeça e o participante que está na extremidade direita de cada fileira passa

para outra fileira, gerando novos pares;

6. O professor repetirá a mudança de posição algumas vezes.

6) Dança de Contestação em Par (REGINA, 1997)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Evocar uma atitude de assertividade e contestação.

2. Delimitar o próprio espaço.

Música: Crime of The Century. Intérprete: Supertramp. In: THE AUTOBIOGRAPHY OF

SUPERTRAMP. São Paulo: PolyGram, p 1986. 1 CD. Faixa 7. 5min.20.

Palavras-chave da consigna: conformismo, contestar, dizer não, ser assertivo, ocupar espaços.

Descrição – Apresentação:

1. O exercício é realizado na posição de pé e em par;

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2. Um participante dança para o seu par, realizando movimentos expressivos de contestação e

indignação, tais como negar com a cabeça, estender um braço a frente, com a mão

espalmada, fazer o movimento de negação com o segundo dedo de uma mão ou de ambas;

3. Durante toda a dança é mantida a conexão de olhar;

4. Quando o participante terminar o exercício, caminhará pela sala;

5. Somente quando a música parar, haverá a troca com a mesma pessoa do par.

7) Dança Yin-Yang em Par (TORO, 2005d)

Linhas de vivência: criatividade.

Objetivo: vivenciar a expressão da força do masculino e da delicadeza do feminino, de forma

alternada.

Música: Light and Shadow. Intérprete: Vangelis. In: 1492, CONQUEST OF PARADISE.

Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 5. 3min47.

Palavras-chave da consigna: transitar, transcender, energia e força do masculino, energia e

delicadeza do feminino.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício é realizado na posição de pé e em par;

2. Um participante se coloca em frente ao outro e acompanha o movimento do seu par. A

pessoa que irá realizar o exercício inicia a dança de olhos abertos e realiza movimentos de

força, energia e presença, tais como a contração muscular de braços, punhos cerrados,

tronco erguido;

3. Em seguida, seguindo a mudança do andamento da música, alterna com movimentos

suaves de relaxamento muscular, olhos fechados e novamente, acompanhado a música,

retorna ao movimento de contração;

4. Os movimentos de contração e relaxamento continuam a ser feitos até a música cessar;

5. Nesse momento, o participante que compõe o par recebe com um cumprimento o seu

companheiro;

6. Após o cumprimento, ocorre a troca, ou seja, a inversão de papéis no próprio par.

8) Grupo Compacto (GÓIS, 1994)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: aceitar a proximidade do outro, de uma forma afetiva.

Música: Many Rains Ago (Oluwa). Intérprete: Quincy Jones. In: ROOTS. EUA: A&M, p

1977. 1 CD. Faixa 17. 2min28.

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Palavras-chave da consigna: caminhar, centro da sala, fluir entre as pessoas, encontrar, olhar

de aceitação e acolhimento, seguir.

Descrição-Apresentação:

1. Os participantes caminham lentamente em direção ao centro da sala e circulam por entre as

pessoas com suavidade e mantendo a conexão do olhar;

2. No final da música, o professor sugerirá que os participantes encontrem e cumprimentem as

pessoas.

Observação: não houve apresentação.

9) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade

Objetivo: fortalecer os laços afetivos.

Música: Just Called to Say I Love You (Só Chamei Porque te Amo). Intérprete: Gilberto Gil.

In: MESTRES DA MPB: GILBERTO GIL. Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 13. 4m39.

Palavras-chave da consigna: afeto, encontro, olhar, buscar, sintonia, aceitação,

incondicionalidade, doação.

Descrição:

1. As pessoas caminham pela sala e buscam participantes que experimentam uma sintonia,

realizam o encontro, despedem-se e buscam outros integrantes.

Observação: não houve apresentação.

10) Roda Final de Estrelas

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: A Estrela Brilha. Intérprete: Martinho da Vila. In: TÁ DELÍCIA, TÁ GOSTOSO.

Rio de Janeiro: Columbia, p 1995. 1 CD. Faixa 11. 5min11.

Palavras-chave da consigna: despedida, alegria, toque, brilho, luz, estrela.

Descrição-Apresentação :

1. Iniciar o exercício em roda de mãos dadas;

2. Após o primeiro minuto, o professor fecha a roda às suas costas aproximando as mãos das

pessoas que estavam à direita e à esquerda, dança de braços abertos no centro da roda,

simbolizando que está dançando a sua estrela.

3. Em seguida, toca alguns integrantes que se transformam em estrelas, estes fecham a roda,

dançam e por sua vez tocam outros participantes;

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3. No final, todas as pessoas estão dançando a sua estrela e a roda se desfaz.

2º - Considerações metodológicas 1ª - Esta aula apresentou: 10 exercícios, 10 descrições e 10 músicas, 7 apresentações e 10

indicações de linha de vivência.

2ª - Todos os exercícios foram descritos pela pesquisadora, com exceção do número 2.

3ª – O exercício 3, Caminhar de Regulação, não tem registro bibliográfico, mas, pode ser

considerado como uma variação do Caminhar Fisiológico.

4ª - O Caminhar com Determinação, número 4, pertence à relação dos exercícios usados no

Projeto Minotauro da Biodança e, foi adaptado pela pesquisadora.

5ª - Os exercícios 5 e 6, Oposição Harmônica e Dança de Contestação, respectivamente, são

variações das descrições de Regina, (1997), dos exercícios que têm os mesmos nomes.

6ª - A Dança Yin-Yang em Par, exercício 7, é uma variação da Dança Yin-Yang.

7ª – O exercício 8, Grupo Compacto, foi adaptado pela pesquisadora.

8ª - A Roda Final de Estrelas, exercício 10, não é citada em nenhuma obra da Biodança, mas

pode ser considerada como pertencente ao grupo de exercícios Roda.

10ª Aula de Biodança

Data: 6 de dezembro de 2005

Número de pessoas presentes: 20, sendo 15 participantes, 1 pesquisadora, 2 auxiliares de

pesquisa, 1 fotógrafa e 1 cinegrafista.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 15 pessoas.

Início e término das atividades: das 15h às 17h10.

Objetivo geral da aula: intensificar a integração com os demais participantes.

Objetivos específicos:

2. Representar-se aos participantes do grupo e componentes da equipe de pesquisa;

3. Realizar exercícios de observação de movimento;

4. Repetir exercícios de auto-integração, de vinculação com o outro e com grupo, realizados

na primeira aula de Biodança.

Exercícios vivenciais de Biodança

Esta aula é a repetição da primeira aula de Biodança e esta descrita na quinta página deste

apêndice.

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11ª Aula de Biodança

Data: 13 de dezembro de 2005.

Número de pessoas presentes: 17, sendo 14 participantes, 1 pesquisadora, 2 auxiliares de

pesquisa.

Número de integrantes que participaram de atividades verbais: 14 pessoas.

Início e término das atividades: das 15h25 às 16h40.

Objetivo geral: despedir-se dos colegas de grupo e da equipe de pesquisa.

Objetivos específicos:

1. Experimentar cuidar e ser cuidado;

2. Evocar o sentimento de confiança;

3. Vivenciar o espírito natalino;

2. Exercícios vivenciais de Biodança - 1º - Descrição dos exercícios

1) Roda de Integração Inicial (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: integrar-se de uma forma afetiva aos demais participantes do grupo.

Música: Ilumina. Intérprete: Maria Bethânia. In: MINHA HISTÓRIA: MARIA BETHÂNIA.

Rio de Janeiro: PolyGram / Philps, p 1992. 1 CD. Faixa 13. 2min49.

Palavras-chave da consigna: roda, integração, olhar, confiança, entrega, valorização de cada

pessoa e do grupo.

Descrição - Apresentação:

1. Formar uma roda de mãos dadas e a roda gira para a direita.

Observação: não houve apresentação.

2) Caminhar de Confiança (REGINA, 1997)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Participante conduzido: evocar o sentimento de confiança e caminhar sendo cuidado pelo

outro;

2. Participante condutor: caminhar cuidando do outro.

Música: Andar com Fé. Intérprete: Gilberto Gil. In: MESTRES DA MPB: GILBERTO GIL.

Brasil: Warner, p 1992. 1 CD. Faixa 15. 3min22.

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Palavras-chave da consigna: fé, entrega, confiança, vínculo, valor, cuidado, responsabilidade.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em par;

2. Após a formação do par, são estabelecidos os papéis: qual o participante que será o

condutor e qual será o conduzido;

3. O condutor abraçará o conduzido pela cintura e caminhará com ele segurando uma de suas

mãos;

4. O conduzido, de olhos fechados, permitirá ser levado pela sala;

5. Trocar de papéis, após o final da música e, em seguida, o exercício será reiniciado.

3) Dança de Confiança

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Conduzido: evocar o sentimento de confiança e dançar sendo cuidado pelo outro;

2. Condutor: dançar cuidando do outro.

Música: Moonlight Serenade. Intérprete: The Big Band Sound Of The Thirties. In: THE BIG

BAND SOUND OF THE THIRTIES. Rio de Janeiro: Sony Music, p 1971. 1 CD. Faixa 6.

3min42.

Palavras-chave da consigna: fé, confiança, si mesmo, outro, dançar, vida, querer bem,

cuidado, responsabilidade.

Descrição – Apresentação:

1. Realizado em par;

2. Após a formação do par, são estabelecidos os papéis: qual o participante que será o

condutor e qual será o conduzido;

3. O condutor segurará as mãos do conduzido e dançará com ele;

4. O conduzido, de olhos fechados, dançara e permitirá ser levado pela sala;

5. Após aproximadamente um minuto, o professor sugerirá que o condutor dance com o

conduzido segurando uma de suas mãos;

6. Após o segundo minuto, o professor pedirá que o condutor solte a mão e dance protegendo

o conduzido;

7. Trocar de papéis, após o final da música e, em seguida, o exercício será reiniciado.

4) Roda de Comunhão Entrelaçada

Linha de vivência: afetividade.

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Objetivos:

1. Harmonizar-se, diminuindo o grau de ativação corporal;

2. Aumentar a integração afetiva.

Música: Ave Maria. Intérprete: Golden Panflute. In: HOREA CRISHAN. Rio de Janeiro:

CID, p 1991. 1 CD. Faixa 4. 2min50.

Palavras-chave da consigna: sintonia, anjo, regulação, auto-regulação, outro, grupo, contato,

afeto.

Descrição – Apresentação:

1. Formar duas rodas, viradas para o centro, bem próximas, uma dentro da outra, de braços

estendidos e mãos dadas;

2. As duas rodas devem ter o mesmo número de participantes;

3. Na roda externa, os participantes estão colocados entre dois integrantes que formam a roda

interna, de forma que os ombros de todos os participantes das duas rodas estejam lado a

lado, intercalados;

4. Em seguida, movimentam com flexibilidade e de forma suave o corpo de um lado para o

outro, sem deslocamento da roda, em sintonia com o movimento do grupo.

5) Segmentário de Peito e Braços (TORO, 2005d)

Linha de vivência: vitalidade.

Objetivos:

1. Dissolver tensões musculares localizadas no peito;

2. Experienciar a integração afetivo-motora.

Música: Thaís, Acte Deux, Méditation Religieuse. Intérprete: National Philharmonic

Orchestra. In: CLASSIC 2001. São Paulo: Som Livre, p 2000. CD 1. Faixa 2. 5m38.

Palavras-chave da consigna: música, afeto, abrir o coração, liberdade, respiração suave,

expansão, harmonia, suavidade, continuidade, conexão consigo, movimentos de braços e

peito.

Descrição – Apresentação:

1. Exercício é individual, realizado na posição de pé, olhos fechados e boca semi-aberta;

2. As mãos estão apoiadas sobre o peito e a cabeça está ligeiramente inclinada sobre o tórax;

3. Lentamente, abrem-se os braços, partindo o movimento do centro do peito ao mesmo

tempo em que o pescoço se estende.

6) Roda Concêntrica de Olhar (TORO, 2005d)

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Linhas de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Aumentar a proximidade visual;

2. Evocar o sentimento de afeto e de reconhecimento pelo outro.

Música: Nella Fantasia. Intérprete: Russel Watson Metro. In: CLASSICS 2001. São Paulo:

Globo /Universal, p 2002. CD 2. Faixa 2. 4m26.

Palavras-chave da consigna: olhar, luminosidade, afeto, solidariedade, suavidade, leveza,

reconhecimento do outro.

Descrição – Apresentação:

1. Divide-se o grupo em dois, que formarão duas rodas: a interna, voltada para fora e a

externa voltada para dentro;

2. Ambas as rodas girarão lentamente para a direita;

3. Após terminar a música, o professor poderá sugerir que cada pessoa abrace a outra que está

a sua frente.

7) Embalar a Criança Divina

Linhas de vivência: afetividade e transcendência.

Objetivos:

1. Evocar o sentimento de sacralidade da vida;

2. Embalar e reverenciar a criança divina.

Músicas:

1ª Etapa: Cherubini in Coro (Tradicional). Intérprete: José Carreras. In: CHRISTMAS IN

VIANA. EUA: Sony, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 2min54. 2ª Etapa: Oiche Chiun. (Silent Christmans). Intérprete: Ennya. In: A VERY ESPECIAL

CHRISTMAS 3. São Paulo: PolyGram, p 1997. 1 CD. Faixa 8. 3min46.

Palavras-chave da consigna:

1ª Etapa: conexão com o sagrado, vida, pai, mãe e criança divina, trindade, proteção, doçura,

amorosidade, maternidade, paternidade;

2ª Etapa: embalar, grande berço, criança divina, nascimento, reverência ao Menino-Deus.

Descrição – Apresentação:

1ª Etapa:

1. O exercício é individual e os participantes se espalham pela sala;

2. Cada pessoa se abraça e se embala acompanhando a música.

2ª Etapa:

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1. Em roda, de mãos dadas, braços voltados para frente;

2. Realizar, em grupo, um movimento sincronizado de embalo.

8) Encontro (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivos:

1. Experimentar um contato afetivo fraterno por meio do abraço;

2. Celebrar o espírito natalino.

Músicas:

1. Introduction: Jingle Bells. Intérprete: Wiener Symphoniker. In: CHRISTMAS IN VIANA.

EUA: Sony, p 1992. 1 CD. Faixa 2. 2min54.

2. Que Maravilha Viver. Intérprete: Simone. In: 25 DE DEZEMBRO. São Paulo: WEA, p

1995. 1 CD. Faixa 7. 4min.

3. Então é Natal. Intérprete: Simone. In: 25 DE DEZEMBRO. São Paulo: WEA, p 1995. 1

CD. Faixa 1. 4min.

Palavras-chave da consigna: encontro, alegria, fraternidade, Natal, amizade, companheirismo.

Descrição:

1. Mantendo a roda anterior, os participantes se olham e escolhem uma pessoa para oferecer o

seu abraço afetivo;

2. Em seguida, as pessoas se despedem e procuram outros integrantes para trocar um abraço.

Observação: não houve apresentação.

9) Roda Final (TORO, 2005d)

Linha de vivência: afetividade.

Objetivo: despedir-se do grupo de forma afetiva.

Música: Ave-Maria. Intérprete: Jorge Aragão. In: JORGE AO VIVO. São Paulo: Universal, p

1999. 1 CD. Faixa 13. 6min38.

Palavras-chave da consigna: olhar, despedida, alegria, próximo ano, agradecimento ao grupo.

Descrição:

1. Iniciar e terminar o exercício em roda de mãos dadas.

Observação: não houve apresentação.

2º - Considerações metodológicas

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1ª - Esta aula apresentou: 9 exercícios e 9 descrições, 12 músicas, 6 apresentações e 10

indicações de linha de vivência, sendo que 1 exercício recebeu 1 indicação dupla de linha de

vivência.

2ª - Todos os nove exercícios da aula foram descritos pela pesquisadora.

3ª – Os exercícios 2 e 3, Caminhar e Dança de Confiança foram propostos em uma etapa de

maior integração do grupo, já que solicitam um cuidado maior do participante que conduz e

um grau de confiança do integrante que é conduzido.

4ª – Os exercícios 3, 4 e 7, em seqüência, Dança de Confiança, Roda de Comunhão

Entrelaçada e Embalar a Criança Divina não possuem referência bibliográfica.

5ª – A Dança de Confiança e Roda de Comunhão Entrelaçada podem ser consideradas como

variações do Caminhar de Confiança e da Roda de Comunhão, respectivamente.

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ANEXO B – Questionário de Informações Gerais

QUESTIONÁRIO DE INFORMAÇÕES GERAIS

DATA

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I – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PARTICIPANTE

1. INICIAIS DO NOME:

2. PSEUDÔNIMO: 3. SEXO: MASCULINO [ ] – FEMINIMO [ ]

4. NACIONALIDADE BRASILEIRA [ ] OUTRA [ ]

5. NATURALIDADE _____________________________

6. DATA DE NASCIMENTO _____/_____/__________

7. IDADE _________ ANOS

8. HÁ QUANTOS ANOS MORA NO DF? ____________ ANOS

9. CIDADE EM QUE RESIDE: ___________________________

10. QUAL SEU ESTADO CONJUGAL? SOLTEIRO [ ] CASADO [ ] VIÚVO [ ] SEPARADO [ ] DESQUITADO [ ] OUTROS [ ]

11. TEM FILHOS? SIM [ ] QUANTOS [ ] Nº FILHOS [ ] Nº FILHAS [ ] NÃO [ ]

12. COM QUEM VIVE ATUALMENTE? SOZINHO [ ] CÔNJUGE [ ] FILHO(S) [ ] NETO(S) [ ] OUTROS PARENTES [ ] OUTROS [ ]

13. QUAL É A SUA RELIGIÃO: CATÓLICA [ ] ESPÍRITA [ ] EVANGÉLICA [ ] OUTROS [ ] NÃO DEFINIDA [ ] NÃO TEM [ ]

14. É PRATICANTE ? SIM [ ]

NÃO [ ]

15. QUAL É A SUA ESCOLARIDADE? NENHUMA [ ] SABE LER E ESCREVER MAS NÃO FREQUENTOU ESCOLA [ ] ALFABETIZADO [ ] 1º GRAU COMPLETO [ ] 1º GRAU INCOMPLETO [ ]

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2º GRAU COMPLETO [ ] 2º GRAU INCOMPLETO [ ] 3º GRAU COMPLETO [ ] 3º GRAU INCOMPLETO [ ]

II - OUTRAS INFORMAÇÕES

16. QUAL É A SUA PREFERÊNCIA QUANTO AO ESTILO MUSICAL? NENHUMA [ ] NÃO IDENTIFICOU [ ] TODAS [ ] FORRÓ [ ] SERTANEJA [ ] SAMBA [ ] VALSA [ ] RELIGIOSA [ ] BOLERO [ ] CLÁSSICA [ ] OUTRAS [ ] CITAR ______________________

18. QUAIS SÃO OS TRÊS TIPOS DE DANÇA QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA? 1 - ______________________________________________________________________________ 2 - ______________________________________________________________________________ 3 - ______________________________________________________________________________

19. QUAL O TIPO DE DIVERSÃO (LAZER) QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA? ______________________________________

20. QUAL O TIPO DE DIVERSÃO (LAZER) QUE O(A) SENHOR(A) PRATICA? _____________________________________

21. ESTÁ REALIZANDO TRATAMENTOS DE SAÚDE NO MOMENTO? SIM [ ] NÃO [ ] EM CASO AFIRMATIVO, QUAL(IS): _______________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________

17. QUAIS SÃO OS NOMES DAS TRÊS MÚSICAS QUE O(A) SENHOR(A) MAIS GOSTA? 1 - ______________________________________________________________________________ 2 - ______________________________________________________________________________ 3 - ______________________________________________________________________________

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22. ESTÁ USANDO ALGUM MEDICAMENTO NO MOMENTO? SIM [ ] NÃO [ ] EM CASO AFIRMATIVO, PARA QUANTOS TIPOS DE ENFERMIDADE? 1 – [ ]; 2 – [ ]; 3 – [ ]; 4 – [ ]; 5 – [ ]; 6 – [ ]

23. ESTÁ REALIZANDO ALGUMA ATIVIDADE FÍSICA NO MOMENTO? SIM [ ] NÃO [ ] EM CASO AFIRMATIVO, QUAL(IS) E QUANTAS VEZES POR SEMANA? 1 - ____________________ 2 - ____________________ 3 - ____________________ 4 - ____________________

24. O SEU MÉDICO RECOMENDOU QUE NÃO FIZESSE ALGUM TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO? SIM [ ] NÃO [ ] EM CASO AFIRMATIVO, QUAL O TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO?

___________________________________________________________________________________________

25. O QUE O(A) SENHOR(A) GOSTARIA DE ACRESCENTAR EM RELAÇÃO ÀS INFORMAÇÕES

SOLICITADAS? ____________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________ OBSERVAÇÕES: _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________

INICIAIS DO(A) ENTREVISTADOR(A): _______________________________

ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

C. 1 – Participantes que realizaram entrevistas e questionário de informações gerais.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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Por meio deste termo de consentimento livre e esclarecido manifesto ser de minha vontade participar da pesquisa que fundamentará a Dissertação de Mestrado intitulada: Autoconceito do idoso e Biodança: uma relação possível.

O referido estudo tem como objetivo principal investigar como os princípios utilizados na prática da Biodança, ou seja, a música, a dança e a vivência, podem contribuir positivamente para a configuração do autoconceito do idoso.

Essa pesquisa será realizada com pessoas que tenham 60 anos ou mais e que participam como integrantes dos grupos de atividades realizadas pelo Serviço Social do Comércio - SESC-DF. Todos os participantes escolhidos deverão apresentar condições de caminhar sem ajuda de outras pessoas ou de bengalas, andadores ou cadeira de rodas.

Tenho conhecimento de que participarei de 13 encontros: o primeiro será destinado à realização de uma entrevista individual e aplicação de um questionário de dados gerais e o décimo-terceiro terá com finalidade a realização da segunda entrevista individual; no segundo e no décimo-primeiro serão realizadas, em cada encontro, além da aula de Biodança, filmagem, fotografias e observação de movimento corporal.

Após o primeiro encontro, ou seja, após a entrevista inicial, não serão admitidos novos participantes no grupo.

As entrevistas individuais serão realizadas no primeiro e décimo-terceiro encontros e serão agendadas com antecedência, de acordo com a disponibilidade do SESC-DF, dos participantes e da pesquisadora. .

No segundo e no décimo-primeiro encontros haverá uma apresentação de todo o grupo, seguida de um pequeno intervalo e, em seguida, serão realizadas observação, filmagens e fotografias dos participantes caminhando na sala sem música e com música. Logo após, finalizando o encontro, haverá uma aula de Biodança.

As 11 aulas de Biodança que acontecerão do segundo ao décimo-segundo encontros serão realizadas uma vez por semana, em horário a ser estabelecido e terão duração, cada uma, de aproximadamente 90 minutos. Cada aula de Biodança é constituída de duas etapas: na primeira, os participantes, sentados com as cadeiras dispostas de forma circular, conversam sobre a aula realizada na semana anterior, enquanto na segunda etapa, são realizadas, seqüencialmente, propostas de danças acompanhadas de música.

Os 13 encontros serão coordenados pela pesquisadora Noeme Cristina Alvares de Carvalho, Mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, matrícula 140.402.917.1.

Os dados a serem obtidos nas atividades de pesquisa serão coletados por meio de entrevistas individuais, observação de movimentos corporais, filmagem, fotografias e avaliação diária das aulas que subsidiarão a dissertação de Mestrado da pesquisadora Noeme Cristina Alvares de Carvalho.

Estou ciente que a filmagem e as fotografias, assim como demais dados obtidos poderão ser publicados em eventos e periódicos científicos, preservando-se a minha integridade física e psico-sociológica, mantendo-se em rigoroso sigilo a minha identidade.

Estou ciente também que minha participação não implicará em qualquer tipo de divulgação comercial e que não receberei nenhuma forma de pagamento pela minha participação na pesquisa.

Durante a realização dos encontros terei a plena liberdade de recusar a participar ou retirar o meu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem

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prejuízo a minha pessoa. Estou inteirado que deverei comunicar à pesquisadora o encerramento de minha participação na pesquisa.

Nos encontros programados será observado o respeito aos valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como aos hábitos e costumes de cada participante da pesquisa.

Esse documento é constituído de duas páginas numeradas e será assinado por cada participante dos 13 encontros em duas vias, sendo uma via da pessoa pesquisada e outra via do pesquisador.

Grata!

Noeme Cristina Alvares de Carvalho.

ASSINATURA do Participante: ____________________________________________________

NOME do Participante: __________________________________________________________

ENDEREÇO do Participante: ______________________________________________________

CEP: _______________ FONES: _________________________________________________

ASSINATURA da Pesquisadora: ____________________________________________________

NOME da Pesquisadora: Noeme Cristina Alvares de Carvalho - Mestranda em Gerontologia

FONES PARA CONTATO: 3381-5970 (telefone, fax e secretaria eletrônica)

Brasília, _______/_______/2005

ANEXO C – Termo de Consentimento Livre eEsclarecido

C. 2 – Participantes que responderam somente o questionário de informações gerais.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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Por meio deste termo de consentimento livre e esclarecido manifesto ser de minha vontade participar da pesquisa que fundamentará a Dissertação de Mestrado intitulada: Autoconceito do idoso e Biodança: uma relação possível.

O referido estudo tem como objetivo principal investigar como os princípios utilizados na prática da Biodança, ou seja, a música, a dança e a vivência, podem contribuir positivamente para a configuração do autoconceito do idoso.

Essa pesquisa será realizada com pessoas que tenham 60 anos ou mais e que participam como integrantes dos grupos de atividades realizadas pelo Serviço Social do Comércio - SESC-DF. Todos os participantes escolhidos deverão apresentar condições de caminhar sem ajuda de outras pessoas ou de bengalas, andadores ou cadeira de rodas.

Tenho conhecimento de que participarei de 12 encontros: o primeiro será destinado à aplicação de um questionário de dados gerais. No segundo e no décimo-primeiro serão realizadas, em cada encontro, além da aula de Biodança, filmagem, fotografias e observação de movimento corporal.

Após o primeiro encontro, ou seja, após a aplicação do questionário de dados, não serão admitidos novos participantes no grupo.

A aplicação do questionário de dados gerais será realizada no primeiro encontro e será agendada com antecedência, de acordo com a disponibilidade do SESC-DF, dos participantes e da pesquisadora. .

No segundo e no décimo-primeiro encontros haverá uma apresentação de todo o grupo, seguida de um pequeno intervalo e, em seguida, serão realizadas observação, filmagens e fotografias dos participantes caminhando na sala sem música e com música. Logo após, finalizando o encontro, haverá uma aula de Biodança.

As 11 aulas de Biodança que acontecerão do segundo ao décimo-segundo encontros serão realizadas uma vez por semana, em horário a ser estabelecido e terão duração, cada uma, de aproximadamente 90 minutos. Cada aula de Biodança é constituída de duas etapas: na primeira, os participantes, sentados com as cadeiras dispostas de forma circular, conversam sobre a aula realizada na semana anterior, enquanto na segunda etapa, são realizadas, seqüencialmente, propostas de danças acompanhadas de música.

Os 12 encontros serão coordenados pela pesquisadora Noeme Cristina Alvares de Carvalho, Mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, matrícula 140.402.917.1.

Os dados a serem obtidos nas atividades de pesquisa serão coletados por meio de entrevistas individuais, observação de movimentos corporais, filmagem, fotografias e avaliação diária das aulas que subsidiarão a dissertação de Mestrado da pesquisadora Noeme Cristina Alvares de Carvalho.

Estou ciente que a filmagem e as fotografias, assim como demais dados obtidos poderão ser publicados em eventos e periódicos científicos, preservando-se a minha integridade física e psico-sociológica, mantendo-se em rigoroso sigilo a minha identidade.

Estou ciente também que minha participação não implicará em qualquer tipo de divulgação comercial e que não receberei nenhuma forma de pagamento pela minha participação na pesquisa.

Durante a realização dos encontros terei a plena liberdade de recusar a participar ou retirar o meu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem

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prejuízo a minha pessoa. Estou inteirado que deverei comunicar à pesquisadora o encerramento de minha participação na pesquisa.

Nos encontros será observado o respeito aos valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como aos hábitos e costumes de cada participante da pesquisa.

Esse documento é constituído de duas páginas numeradas e será assinado por cada participante dos 12 encontros em duas vias, sendo uma via da pessoa pesquisada e outra via do pesquisador.

Grata!

Noeme Cristina Alvares de Carvalho.

ASSINATURA do Participante: ____________________________________________________

NOME do Participante: __________________________________________________________

ENDEREÇO do Participante: ______________________________________________________

CEP: _______________ FONES: _________________________________________________

ASSINATURA da Pesquisadora: ____________________________________________________

NOME da Pesquisadora: Noeme Cristina Alvares de Carvalho - Mestranda em Gerontologia

FONES PARA CONTATO: 3381-5970 (telefone, fax e secretaria eletrônica) e 8424-6331

Brasília, _______/_______/2005

ANEXO D – Proposta de Convivência Grupal

PROPOSTA DE CONVIVÊNCIA GRUPAL

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Esta proposta tem como finalidade estabelecer normas de convivência deste grupo de Biodança, de maneira que os níveis de responsabilidade e as funções da professora e dos participantes fiquem bem definidos29.

1. Direito de expressão de cada pessoa:

- todos os participantes têm o direito de expressar seus sentimentos, sensações e pensamentos.

2. Respeito à expressão do outro:

- todas as expressões verbais são válidas, importantes para o grupo e por isso, merecem respeito, mesmo que não haja concordância com os sentimentos e com as idéias expostas;

- nenhum participante precisa impor o que percebe, pensa e o que sente aos demais;

- quando um participante do grupo estiver falando, os demais devem ouvi-lo com a atenção. A escuta silenciosa e atenta expressa o respeito à presença do participante que está falando.

3. Respeito ao grupo:

- tudo o que for dito ao grupo deve ser falado com respeito.

4. Sigilo e privacidade do grupo:

- as explanações e os acontecimentos internos do grupo pertencem a seus participantes e não devem ser revelados a outras pessoas.

5. Assertividade da expressão:

- é preciso falar para e não de alguém. Isto significa não falar de pessoas ausentes e se dirigir sempre diretamente aos companheiros, evitando expressões indefinidas como alguém, todo mundo, ele, outras pessoas etc;

- sugere-se falar na primeira pessoa, como por exemplo, “eu sinto”, “eu gosto”, “eu percebo”.

6. Compromisso com o grupo:

- a pontualidade e a freqüência são condições essenciais para que o grupo perceba sua importância e desenvolva um conceito grupal positivo;

- as ausências podem ser percebidas, muitas vezes, pelo grupo, como descaso, desinteresse ou rejeição. Por essa razão, é importante avisar as ausências com antecedência e, se não for possível, fazê-lo na próxima aula que comparecer.

29 Esta proposta é de autoria de Serrão e Baleeiro (1999, p. 30-31) e foi adaptada pela professora.

Brasília, 1º de outubro de 2005

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