autarquias e cultura prioridades orçamentos e resultados:pbei
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Autarquias e Cultura.TRANSCRIPT
1
“A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem.” José Ortega y Gasset
2
Para o meu Pai, para o amigo José Manuel
Baptista e para o Carlos.
3
Agradecimentos
Este espaço serve apenas para agradecer todos aqueles que me acolheram, que me
motivaram, e que me ajudaram ao longo deste ano de estágio e relatório.
Às minhas orientadoras, a Professora Doutora Maria Helena da Cruz Coelho e a
Doutora Maria José Castanheira Neves, pela orientação dada neste relatório.
À Direção Regional da Cultura do Centro por me receberem de braços abertos,
durante estes meses de estágio, em especial ao José Baptista, Francisco, Margarida, Ruben
Fonseca, Pedro, Marta Pedro, José Augusto e à minha orientadora de estágio na DRCC, a
Dra. Ana Botelho.
À minha família aos meus pais, ao José Ataíde e Adélia Sá Marta, irmãs, Margarida
Rigueira, Margarida Sá Marta, Sara e Carolina, avós pelo seu grande apoio, por viverem os
meus sucessos e por me ajudarem nos momentos de maiores dificuldades. E um obrigado
muito especial ao meu pai por todo o auxílio dado ao longo deste relatório.
Ao Mestre Vítor Ferreira, pela ajuda indispensável e por todos os bons conselhos que
me deu ao longo do mestrado e do estágio.
Aos meus colegas de mestrado, em especial à Miriam Rocha.
A todas as Autarquias e seus funcionários , que tiveram a delicadeza de responder ao
inquérito que a DRCC enviou e que me facilitaram todo o envio de dados: Câmara
Municipal de Castelo Branco, à Dra. Anabela Nunes, na Câmara Municipal de Idanha-a-
Nova, à Dra. Paula Roldão e ao Dr. Pedro Grácio, na Câmara Municipal de Oleiros, à Dra.
Cristina Garcia, na Câmara Municipal de Proença-a-Nova, à Dra. Cármen Manso, na Câmara
Municipal de Sertã, à Dra. Marta Martins e ao departamento de Contabilidade, na Câmara
Municipal de Vila Velha de Rodão, à Dona Filomena Cardoso, na Câmara de Vila-de-Rei ao
Dr. Domingos Mendes e, por último na Câmara de Penamacor à Dra. Sara Gaspar, e um
especial agradecimento a toda a simpatia e atenção na Câmara Municipal de Castelo Branco,
à Dra. Anabela Nunes.
Ao meu amigo Elísio Estanque, por me ter cedido alguns dos seus artigos e por me ter
dado ótimas sugestões.
4
Ao Sr. Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Figueira da Foz, António
Tavares, por me ter esclarecido todas as minhas dúvidas relativas à analise de gráficos e pelas
boas proposições.
Ao Carlos Pelicano, Técnico de Contas da Junta de Freguesia de São Julião.
Ao meu companheiro, Carlos Neto, à minha amiga Cláudia Lourenço por toda a
ajuda.
5
Resumo
O presente relatório está relacionado com o estágio desenvolvido no âmbito do
Mestrado de Política Cultura Autárquica realizado na Direção Regional da Cultura do Centro
em Coimbra, denominado “Autarquias e Cultura – Prioridades, Orçamentos e Resultados
1998-2009 – Beira Interior Sul e Pinhal Sul”, sob a orientação da Dra. Maria Helena da Cruz
Coelho e da Dra. Maria José Castanheira Neves.
Esta investigação tem como objectivo calcular o valor que o sector da Cultura
representa no conjunto dos investimentos e as atividades realizadas pelos oito municípios que
fazem parte da NUT III da Beira Interior Sul e do Pinhal Sul no período entre 1998 a 2009.
Ao longo deste relatório foram analisados todas as fontes documentais provenientes dos
municípios em estudo respeitantes às rubrica da Cultura, Desporto, Turismo e Tempos
Livres.
O primeiro capitulo expõe um resumo da temática e dos objetivos do relatório de
estágio e da metodologia utilizada e uma apresentação do local de estágio. No capítulo
seguinte é exposta uma noção do conceito de Cultura de diversos autores, também inclui a
evolução da Política Cultural no Mundo e da Política Cultural em Portugal. No terceiro
capítulo são-nos apresentados os conceito de Poder Local e os três princípios
:Descentralização, Desconcentração Administrativa e Subsidiariedade. Considerou-se
importante incluir neste capítulo uma parte dedicada às Finanças locais. O quarto capítulo, é
uma caracterização das NUTS da Beira Interior Sul e do Pinhal Interior Sul. O quinto
capítulo e o sexto dizem respeito à parte prática, e do estudo de caso deste relatório. Nestes
capítulos encontraremos uma análise detalhada dos investimentos na área da Cultura, e ainda
é feita uma comparação com as rubricas do Desporto e do Turismo, nos oitos municípios da
Beira Interior Sul e do Pinhal Interior Sul. O último capítulo do relatório expõe as
conclusões, que são um resumo das ideias fundamentais desta pesquisa.
Palavras-Chave: 1-Cultura 2-Finanças Locais 3-Política Cultural no Mundo 4-
Política Cultural em Portugal 5- Beira Interior Sul 6- Pinhal Interior Sul
6
Summary
This report is related to the developed stage under the masters of Culture Policy
carried out in the Regional Direction of the Municipal Culture Centre in Coimbra, named
"Municipalities and Culture – Priorities, Budgets and Results 1998-2009-Beira Interior Sul
and Pinhal Interior Sul", under the guidance of Dr. Maria Helena da Cruz Coelho and Dra.
Maria José Castanheira Neves.
This research aims to calculate the value that the culture sector in the context of
investment and represents the activities carried out by eight municipalities that are part of the
NUT III of Beira Interior Sul and Pinhal Interior Sul in the period between 1998 to 2009.
Throughout this report reviewed all documentary sources from the municipalities in the study
relating to the heading of culture, sport, tourism and leisure.
The first chapter exposes a thematic summary and objectives of the internship report
and the methodology used and a presentation of the stage. In the next chapter is exposed a
notion of the concept of culture of several authors, also includes the evolution of Cultural
Policy and Cultural policy in the world in Portugal. In the third chapter are presented the
concept of: Local authorities, and the three principles: decentralization, Administrative
Devolution and subsidiarity. It was considered important to include in this chapter a part
dedicated to local Finance. The fourth chapter, is a characterization of NUTS da Beira
Interior Sul and the Pinhal Interior Sul subregion. The fifth chapter and the sixth concern the
practical part, and this case study report.In these chapters you will find a detailed analysis of
investments in the area of culture, and is still made a comparison with the headings of sport
and tourism, in the eight municipalities of Beira Interior Sul and the Pinhal Interior Sul
subregion. The last chapter of the report sets out the findings, which are a summary of the
fundamental ideas of this research.
Keywords: 1-Local Finance 2-Culture 3-Cultural Policy in the World 4-Cultural
Policy in Portugal 5-Beira Interior Sul 6-Pinhal Interior Sul
7
Índice
Agradecimentos ............................................................................................ 3
Resumo ........................................................................................................ 5
Summary ...................................................................................................... 6
Abreviaturas ................................................................................................. 9
1. Introdução .............................................................................................. 11 1.1 Tema e horizonte de investigação ................................................................. 11 1.2 Metodologia de investigação ........................................................................ 12 1.3- A Direção Regional de Cultura do Centro .................................................... 15
2. Cultura ................................................................................................... 15 2.1 Significado de Cultura .................................................................................. 15 2.2- Política Cultural no Mundo .......................................................................... 17 2.3- Política Cultural em Portugal ...................................................................... 18
2.3.1 Cultura e Cidadania ................................................................................ 22
3- Poder Local ............................................................................................ 26 3.1. Cronologia e Progresso ............................................................................... 26 3.2 Os três Princípios estruturantes da Administração Local; Descentralização, Desconcentração Administrativa e Subsidiariedade ........................................... 30
3.2.1 Descentralização .................................................................................... 30 3.2.2 Desconcentração .................................................................................... 32 3.2.3 Princípio da subsidiariedade .................................................................. 33
3.3 Finanças Locais ............................................................................................ 34 3.3.1- Fundos do Orçamento de Estado ........................................................... 34 3.3.2- O Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL) ............ 39 3.3.3-Documentos Previsionais ........................................................................ 40 3.3.4 Documentos de prestação de contas ....................................................... 41 3.3.5 - Receitas Próprias ................................................................................. 43 3.3.6 Atribuições e Competências das Autarquias ............................................ 44
4-Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS) ..... 46 4.1-Caracterização da NUT II da Zona Centro ..................................................... 50 4.2 - NUT III da Beira Interior Sul ...................................................................... 53
4.2.1- Características da NUT III da Beira Interior Sul ...................................... 53 4.2.2 Características da NUT III do Pinhal Interior Sul ..................................... 55
5- Câmaras da Beira Interior Sul ................................................................ 55 5.1-Câmara Municipal de Penamacor ................................................................. 55
5.1.1- Caracterização do Concelho ................................................................... 55 5.1.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 56
5.2-Câmara Municipal de Idanha-a-Nova ............................................................ 62 5.2.1- Caracterização do Concelho ................................................................... 62 5.2.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 62
5.3-Câmara Municipal de Castelo Branco ........................................................... 71 5.3.1- Caracterização do Concelho ................................................................... 71 5.3.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 72
5.4- Câmara Municipal Vila Velha de Rodão ....................................................... 79 5.4.1- Caracterização do Concelho ................................................................... 79 5.4.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 79
6- Câmaras do Pinhal Interior Sul ............................................................... 84
8
6.1- Câmara Municipal de Oleiros ...................................................................... 84 6.1.1 Caracterização do Concelho .................................................................... 84 6.1.2 Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados .................................. 84
6.2- Câmara Municipal de Proença-a-Nova ......................................................... 90 6.2.1 Caracterização do Concelho .................................................................... 90 6.2.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 91
6.3- Câmara Municipal da Sertã ......................................................................... 98 6.3.1- Caracterização do Concelho ................................................................... 98 6.3.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ................................. 99
6.4- Câmara Municipal Vila de Rei ................................................................... 108 6.4.1- Caracterização do Concelho ................................................................. 108 6.4.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados ............................... 108
7- Inquérito por Questionários- Resultados .............................................. 116
8- Conclusões e limitações à metodologia utilizada .................................. 124
9- Bibliografia .......................................................................................... 133 9.1- Publicações ............................................................................................... 133 9.2 Recursos Electrónicos ................................................................................ 135
9
Abreviaturas AMR- Atividades Mais Relevantes
AICA- Associação Internacional de Críticos de Arte
BN – Biblioteca Nacional
CCDRC - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
CDS-PP- Partido Popular
CIARTE- Centro Interpretativo de Arte Rupestre
CM - Câmara Municipal
CMCD- Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento
DGDR- Direção Geral do Desenvolvimento Regional
DRCC- Direção Regional de Cultura do Centro
FBM-Fundo de Base Municipal
FCM- Fundo de Coesão Municipal
FEF- Fundo de Equilíbrio Financeiro
FFF- Fundo de Financiamento das Freguesia
FGM-Fundo Geral Municipal
GOP - Grandes Opções do Plano
IA - Instituto das Artes
IAN- Instituto dos Arquivos Nacionais
ICF-Índices de Carência Fiscal
IDO- Índice de desigualdade de oportunidades
INE- Instituto Nacional de Estatística
IOTPC – Intervenção Operacional Turismo e Património Cultural
IPAE – Instituto Português das Artes do Espetáculo
IPM- Instituto Português de Museus
IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico
LFL-Lei das Finanças Locais
MC- Ministério da Cultura
MPT – Movimento Partido da Terra
NLFL- Nova Lei das Finanças Locais
NUT - Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas
OE- Orçamento de Estado PARAM - Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais
PDAE- Programa de Difusão de Artes do Espetáculo
PDR – Plano de Desenvolvimento Regional
PIB - Produto Interno Bruto
10
PIDDAC – Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração
Central
POC- Programa Oficial da Cultura
POCAL - Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais
POCP-Plano Oficial de Contabilidade Pública
PPD- Partido Popular Democrático
PPI- Plano Plurianual de Investimentos
PPM - Partido Popular Monárquico
PS - Partido Socialista
PSD -Partido Social Democrático
QCA - Quadro Comunitário de Apoio
RAA- Região Autónoma dos Açores
RAM- Região Autónoma da Madeira
SEC- Secretaria de Estado da Cultura
SFEBF-Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficiencia Fratelense
SPN – Secretariado da Propaganda Nacional
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
11
1. Introdução
1.1 Tema e horizonte de investigação
O presente relatório está relacionado com o estágio desenvolvido no âmbito do
Mestrado de Política Cultura Autárquica realizado na Direção Regional da Cultura do Centro
em Coimbra, denominado “Autarquias e Cultura – Prioridades, Orçamentos e Resultados
1998-2009 – Beira Interior Sul e Pinhal Sul”, sob a orientação da Dra. Maria Helena da Cruz
Coelho e da Dra. Maria José Castanheira Neves.
Esta investigação tem como objectivo estimar o valor que o sector da Cultura
representa no conjunto dos investimentos e atividades realizadas pelos oito municípios que
fazem parte da NUT III da Beira Interior Sul e do Pinhal Sul no período entre 1998 a 2009.
Os estudos feitos pelos municípios, relativamente aos investimentos em Cultura são
praticamente inexistentes. No entanto têm-se dedicado ao tema alguns relatórios realizados
por alunos do Mestrado em Política Cultural Autárquica, como Vítor Pires Ferreira, que
apresentou o estudo “Autarquias e Cultura- Prioridades, Orçamentos e Resultados” Beira
Interior Norte e Cova da Beira -1998 a 2009, e de Maria Adília Balula que realizou o
trabalho” As Autarquias e a Cultura: prioridades, orçamentos e resultados – Baixo Mondego
1997/2009. Estes dois relatórios foram o modelo para a elaboração do nosso próprio
relatório, especialmente o do Mestre Vítor Daniel Pires Ferreira.
É fundamental uma visão do que é a cultura e de quais as fraquezas e polivalências
que cada município tem neste sector, pois apenas assim se poderá obter um maior
compreensão do território e das políticas públicas e de apoio ao desenvolvimento cultural1.
A Cultura tem ocupado um local de destaque, quer a nível internacional, quer a nível
nacional. O Tratado da União Europeia, que foi assinado em Maastricht em Fevereiro de
1992, demonstra essa preocupação quando no seu artigo 128º, refere, “ A Comunidade
contribuirá para o desenvolvimento das culturas dos Estados - Membros, respeitando a sua
diversidade nacional e regional e pondo simultaneamente em evidencia o património cultural
comum”2. A Comissão Europeia afirma que “este tratado não se restringe a consagrar a
1 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura – Prioridades, Orçamentos e Resultados Beira Interior Norte e Cova da Beira – 1998 a 2009, Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2010, p.10. [Texto Policopiado]. 2 REGINAL,I.F(Setembro de 2005).Programa Operacional Cultura Revisão Intercalar. (C.d.Regional, Ed) obtido em 11 de Outubro de 2011, de www.qca.pt:www.qca.pt/publicações/poc2.pdf.p. 22.
12
Cultura como um sector por direito próprio da ação europeia, mas vincula a obrigação da
União levar em conta os aspectos culturais no seio das suas decisões políticas. Os apoios
fornecidos pela União Europeia no campo de ação das suas políticas rondam os 500 milhões
de euros anuais, o que faz da Europa um agente de peso no que respeita ao desenvolvimento
cultural”3.
Um dos estudos recentes feitos sobre a economia da cultura na Europa apresenta-nos
alguns resultados sobre o peso da cultura. Em 2003, o sector cultural e criativo da União
Europeia gerou 656,288 milhares de milhões de euros, o que representa 2,6% do PIB. O
valor global deste sector teve ainda um crescimento na ordem dos 19,7% entre 1999 e 2003.
Em 2004 estavam pelo menos 58 milhões de pessoas empregadas no sector da cultura, o que
equivale a 3,1% do total de pessoas com emprego na Europa4 .
A criação do Programa Operacional para a Cultura no Quadro Comunitário de Apoio
para Portugal, no período 2000-20065 (III QCA), foi o primeiro Programa Operacional da
Cultura na União Europeia e assumiu-se como uma peça básica da política cultural
portuguesa6.
1.2 Metodologia de investigação
Ao longo deste relatório foram analisada todas as fontes documentais provenientes
dos municípios em estudo respeitantes às rubrica da Cultura, Desporto, Turismo e Tempos
Livres. Este trabalho teve por base um inquérito que foi enviado a todas as Câmaras, e
também uma recolha e tratamento dos dados contabilísticos que as Câmaras forneceram (
Grandes Opções de Plano, Execução das Grandes Opções do Plano, Plano de Atividades,
Relatório de Gestão, Resumo Orçamental das Despesas e Orçamento das Receitas). De
acordo com o Plano POCAL (Decreto-Lei nº54-A /99 de 22 de Fevereiro) foram utilizadas as
seguintes rubricas para analisar os dados:
3 COMISSÃO EUROPEIA- Construir a Europa dos Povos: A União Europeia e a cultura [Em linha].Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias,2002.[Consult. 2012-30-01]. Disponível na WWW:http://ec.europa.eu/publications/booklets/move/31/tx_pt.pdf. ISBN 92-894-3181-4.. p.3. 4 KEA EUROPEAN AFFAIRS- The economy of culture in Europe. European Commission[Em linha]. Jul.2009.[Consult. 6 Jun 2012] Disponível na WWW: http://ec.europa.eu/culture/key-documents/doc873_en.htm. 5 O III QCA está disponível na WWW: http://www.povt.qren.pt/tempfiles/20101029160131moptc.pdf 6 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura .... p.10.
13
2.5.1
Cultura- Compreende os museus, bibliotecas, teatros, cinematecas, arquivos e centros de
cultura, bem como a organização ou apoio de eventos culturais. Abrange também os
subsídios ou comparticipações a organizações promotoras de cultura
2.5.2
Desporto, recreio e lazer- Compreende o fomento, promoção e apoio à prática e difusão do
desporto, da ocupação de tempos livres, do recreio e do lazer. Abrange, nomeadamente, a
construção, recuperação e conservação de infraestruturas desportivas. Engloba, ainda, os
apoios e comparticipações e organizações com tais objectivos.
3.4.2
Turismo- Compreende o apoio à atividade turística, designadamente às comissões municipais
de turismo e comissões regionais de turismo.
O inquérito por questionário enviado às Câmaras7 foi elaborado pelo Mestre Vítor
Ferreira sob a supervisão da orientadora de estágio, Dra. Ana Botelho, e teve por base o
inquérito elaborado por Maria Lucinda Santos8. O inquérito é constituído por sete grupos de
perguntas, de respostas abertas, escolha múltipla, sobre o município, a saber: 1-Dados Gerais
e a Identificação do Município; 2- Áreas Culturais e Equipamentos Culturais; 3-Despesas da
Autarquia; 4-Organização e Estrutura Política Cultural Municipal; 5- Edições, 6-
Comunicação e Marketing; 7- Atividades Transversais e por outras informações9.
Este inquérito, por nós enviado no dia 21 de Março de 2012, conjuntamente com
uma Carta Circular10, dirigida ao presidente da Câmara de cada município da Beira Interior
Sul e do Pinhal Interior Sul, subscrita pela Dra. Celeste Amaro, Diretora Regional de Cultura
do Centro. A referida carta apresentava este projeto de pesquisa e solicitava a cooperação de
todos os municípios envolvidos, na resposta ao questionário bem como no acesso a toda a
documentação necessária. Foram enviadas 8 cartas circulares, com os seguintes números de
ofício 622, 623, 624, 625, 626,627,628, 629.
Depois destas diligências e na expectativa de obter rapidamente os dados necessários,
foram realizadas chamadas telefónicas e enviados emails, para cada um destes municípios a
7 Vide Anexo- Inquérito por Questionário 8 in SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2007. (Texto Policopiado) 9 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura .... p.14. 10 Ver Anexos- Carta Circular
14
solicitar a resposta ao inquérito e o envio de dados da contabilidade. A recolha de dados
prolongou-se entre Março e Setembro de 2012.
O objetivo desta investigação foi avaliar as despesas das autarquias com a Cultura,
analisando o Plano de Atividades, as Grandes Opções de Plano e sua execução e as Contas de
Gerência.
Após a recepção os dados de todas as Câmaras, estes foram inseridos numa tabela
Excel para uma análise mais detalhada, como se pode observar no Volume dos Anexos. Após
a inserção de dados nas tabelas, foram utilizados o montante inicial definido, inscrito nas
GOP, e o montante executado inscrito na execução das GOP, para a realização gráficos.
Utilizou-se o montante definido de acordo com padrão utilizado pelo Mestre Vítor Ferreira,
no relatório anteriormente referido, apresentado à Faculdade de Letras.
Foram elaborados os gráficos, e dividiram-se os anos analisados em dois períodos,
um de 1998 a 2002 e outro de 2003 a 2009. Estes períodos foram escolhidos consoante os
dados recolhidos, e visto que alguns dos municípios ainda não tinham a execução das GOP
em 2002, optou-se por homogeneizar e criar um padrão que servisse para todos, e por isso se
escolheu o ano de 2003.
Ao longo desta investigação, alguns municípios tiveram dificuldade no
preenchimento do ponto três do inquérito. Optou-se por eliminar esse ponto. Para além
destas dificuldades, constatou-se que houve uma demora no preenchimento dos inquéritos.
Os inquéritos foram enviados para os Municípios em Março, mas só em finais de Junho
conseguimos obter o primeiro inquérito preenchido.
As normas adoptadas neste relatório relativamente a citações bibliográficas, foram:
Norma Portuguesa NP 405-1 (1994) no que concerne a Documentos Impressos, a Norma
Portuguesa no 405-4 (2002), no que toca aos Documentos Electrónicos.
Os dados estatísticos presentes neste relatório, que não possuem citação ou fonte,
foram extraídos do Instituto Nacional de Estatística. Os dados eleitorais têm como origem a
Comissão Nacional de Eleições.
15
1.3- A Direção Regional de Cultura do Centro
A Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC), foi a entidade escolhida para a
realização deste estágio, ao longo do ano 2011/2012.
Segundo o Decreto Regulamentar nº 34/2007 de 29 de Março 11 , as Direções
Regionais de Cultura, abreviadamente designadas por DRC, são serviços periféricos da
administração direta do Estado, dotados de autonomia administrativa. As DRC exercem as
suas atribuições e competências na respetiva circunscrição territorial, que corresponde ao
nível II da Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS),
estabelecida pelo Decreto-Lei nº 46/49, de 15 de Fevereiro para o Território continental.
Existem várias DR no território nacional: a do Norte; a do Centro, a de Lisboa e Vale do
Tejo, a do Alentejo e a do Algarve têm sede, respetivamente, em Vila Real, Coimbra,
Odivelas, Évora e Faro. Convém salientar que a DRC do Centro possuiu ainda uma
delegação sediada em Castelo Branco.
A missão destas Direções, na respetiva circunscrição territorial traduz-se na
articulação com os organismos centrais da Secretaria de Estado da Cultura, criação de
condições de acesso aos bens culturais, no acompanhamento das atividades de fiscalização
das estruturas de produção artísticas, financiadas pela Secretaria de Estado da Cultura no
acompanhamento das ações relativas à salvaguarda, valorização e divulgação, do património
arquitectónico e arqueológico e, ainda, no apoio a museus.
A realização deste estágio dividiu-se em duas fases: de Setembro de 2011 a Março de
2012, foi efectuada uma leitura das obras citadas na Bibliografia, e a posteriori foi realizada
a introdução deste mesmo relatório. De Março a Setembro de 2012 foi a componente prática,
a realização de chamadas telefónicas para todas as autarquias e recolha e análise dos dados
obtidos.
2. Cultura
2.1 Significado de Cultura
A proveniência etimológica da palavra cultura advém do latim colere, que tem vários
significados como: habitar, cultivar, proteger e honrar com devoção. Foi utilizada
11 O Decreto Regulamentar 37/2007 está disponível em : WWW:http://www.dre.pt/pdf1sdip/2007/03/06300/19161919.PDF. [Consult. 2012-06-07].
16
inicialmente no final do século XI, para indicar a preocupação dos homens com os deuses
bem como o cuidado dos homens com a natureza (agricultura).
A cultura é uma das principais interfaces entre o espaço do indivíduo e o espaço do
cidadão. É através da cultura que o indivíduo adquire a consciência do espaço público12. No
entanto mais de 80% da cultura que nós absorvemos e que nós “consumimos” vem da
televisão, internet e revistas, de que dispomos nas nossas casas. A cultura é igualmente
importante como configuração identitária, e a nossa identidade social é importante para a
configuração da nossa identidade pessoal.
Existem várias abordagens e diferentes perspectivas sobre o conceito de cultura desde
a antropológica à sociológica. De acordo com a perspectiva antropológica, o termo Cultura
surgiu pela primeira vez em 1817 por Edward Burnett Tylor13. Para este antropólogo a
Cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei,
os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da
sociedade”14. Este conceito de cultura, apesar de ser um pouco genérico, prevaleceu no
campo da antropologia durante várias décadas.
Leslie A. White15define cultura como as coisas e eventos que dependem do exercício
de uma capacidade mental, em particular da espécie humana, que chamamos simbolização.
Para o Conselho da Europa ” a cultura é tudo o que permite ao indivíduo situar-se em relação
ao mundo e também em relação ao seu património natal: é tudo o que contribui para que o
homem compreenda melhor a sua situação, tendo em vista a eventual mudança desta”16.
Um dos conceitos mais recentes é-nos ainda proporcionado por Elísio Estanque17.
Para este autor a cultura “pode assumir significados muito distintos, ou seja, há diversos
conceitos de cultura, ente eles o que vem da antropologia, que entende a cultura como um
12 O conceito de espaço público, próprio do discurso filosófico da modernidade, tornou-se um conceito operatório da investigação sociológica, assumindo, contudo, várias utilizações nem sempre suficientemente claras. O público é, antes do mais, o que é comum, portanto o oposto do privado, oposição esta que remonta à cidade grega. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-08-05]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$espaco-publico>. 13 Antropólogo britânico, é considerado o pai do conceito moderno de cultura. 14 TYLOR, Burnett apud SANTOS, Maria Lucinda – O Valor da Cultura nas Autarquias...p.16. 15 Leslie Alvin White foi um antropólogo dos Estados Unidos, conhecido pelas suas teorias quanto à evolução cultural. 16 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais p.13. 17 Investigador do Centro de Estudos Sociais (CES). É docente do curso de Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Apresentou uma tese de Doutoramento em Sociologia, sobre «Classe e Comunidade num contexto em Mudança. Práticas e subjetividades de uma classe em recomposição - o caso do operariado do calçado em S. João da Madeira», que defendeu em 23/09/1999 na Universidade de Coimbra.
17
conjuntos de valores, normas, crenças e rituais, os quais conferem um significado à vida
colectiva18.
2.2- Política Cultural no Mundo
A ideia de política cultural ganhou força e firmeza nos regimes autoritários e
fundamentalmente totalitários. A produção cultural, nas suas diversas características, tornou-
se assunto do Estado o qual lhe definiu objectivos, conteúdos e normas, ao mesmo tempo que
recrutou criadores e perseguiu aqueles que recusavam a esta submissão às suas diretrizes. Na
Alemanha, com Nazismo no poder, Goebbels reorganizou todas as instituições culturais e
submeteu-as ao partido, dominando a atividade dos diversos sectores, muito especificamente,
da rádio e do cinema, que controlou à exaustão19.
Na União Soviética, na sequência do processo de afirmação do poder saído da
revolução, Estaline impôs com esta vista à dominação e consolidação do Estado e do regime,
uma lógica totalitária até às ultimas consequências. Após a revolução soviética, numa
primeira fase, floresceram a poesia, o teatro e o cinema. Mas a criatividade no domínio
artístico, a liberdade de expressão e o pluralismo de ideias, depressa se tornaram
incompatíveis com a ideologia do partido dominante20.
Finalmente acabou por ser em França que se desenvolveram as primeiras políticas
culturais que viriam a desempenhar uma função marcante no âmbito da ação global dos
governos em exercício.
No período pós-Segunda Grande Guerra, a cultura e as artes foram consideradas
elementos importantes na recuperação das sociedades devastadas em consequência da guerra.
A Inglaterra cria o Arts Council of Great Britain em 1946, a França, cria Ministério dos
Assuntos Culturais (Affaires Culturelles) em 1959, os Estados Unidos da América, o
National Endowment for the Arts em 1965. Nos países nórdicos, foi também durante a
década de 60 se implementaram mecanismos públicos no domínio da Cultura. A situação era
bastante diferente nos países como Espanha, Itália, Alemanha, URSS e países do Pacto de
Varsóvia, China, ditaduras sul-americanas e africanas, dado que uma cultura era uma
“Cultura do Estado” ou, por parte da oposição, uma “Cultura de Resistência”. O nazismo na
Alemanha ou o comunismo russo ou chinês e o fascismo italiano ou espanhol, tomaram a
18 ESTANQUE, Elísio "Cultura popular, folclore e cultura de massas", Diário de Coimbra, 7/09/2007. 19 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais...p.14. 20 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais...p.14.
18
cultura e as artes como elementos de legitimação e ritualização do Poder, demonstrando a
vinculação da legitimidade artística e cultural ao poder dominante21.
2.3- Política Cultural em Portugal
A Política Cultural é da alçada do poder público. Encontra-se estruturada em
princípios, operações, procedimentos administrativos e orçamentais pelos quais se procura
melhorar a qualidade de vida de determinada comunidade, através de atividades culturais,
artísticas, sociais e recreativas. O seu amplo raio de ação deve incidir sobre as diversas faixas
da população, concedendo-lhes o fácil acesso, assim democratizando a Cultura e a sociedade
de forma una e integrada. Todavia, os municípios não encaram, a cultura como uma
estratégia de desenvolvimento, e é consideravam-na como secundaria em relação a outras
políticas sociais22. Augusto Santos Silva afirma que na maioria dos municípios não existe
uma política de cultura, apenas uma “programação de eventos e um conjunto de ideias que
geralmente atendem a clientelas definidas e demandas imediatas”23.
Portugal esteve submetido, no século XX, a longas décadas de autoritarismo. Numa
primeira fase, houve a limitação de direitos nos anos finais da Monarquia Constitucional, e
ou ainda na I República (1910-1926), até certos momentos foi superior à do período
monárquico. A preocupação do salazarismo foi estruturar a ação cultural através da
propaganda. Esta ditadura favoreceu uma cultura oficial, onde se projetava, para o consumo
interno e externo, a imagem conservadora do “ bom povo português”: um povo pacato,
devoto a Deus e amante da Pátria e da Família, rústico, humilde e acolhedor. Em 1933 foi
então criado o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) que , no dizer de Salazar “não
era um instrumento do Governo mas um instrumento de Governo”24.
Segundo Jorge Xavier25, também nesse ano surgiram também as Casas do Povo e as
Casas dos Pescadores. Em 1935 foi instituída, a Fundação Nacional para a Alegria no
Trabalho (FNAT) e posteriormente INATEL26, que tinha como objectivo a promoção do
turismo interno e a ocupação dos tempos livres. Em 1936 surgiu a Mocidade Portuguesa,
para os jovens rapazes (só mais tarde seria criada para o sexo feminino). Colocaram-se assim
21XAVIER, José Barreto – “As artes e a cultura no fio da navalha”, XXI, Ter Opinião, 2011, p.142. 22 SILVA, Augusto Santos- “Como abordar Políticas Culturas Autárquicas? Uma Hipótese de Roteiro” Sociologia, Problemas e Práticas.Nº57, 2007,p.25. 23 SILVA, Augusto Santos- ”Como abordar Políticas Culturas Autárquicas? Uma Hipótese de Roteiro”. Sociologia, Problemas e Práticas.Nº57, 2007,p.26. 24 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais...p.24. 25 Jorge Barreto Xavier é um agente cultural português. Acredita que a Cultura deve conduzir a Economia e não o contrário. Acredita que a Cultura é promotora da Democracia e da Cidadania. Desde 1986, cria e concretiza projetos para dinamizar o impacto da Cultura na Sociedade, em Portugal, na União Europeia e na região mediterrânica. (informação retirada do facebook oficial de Jorge Barreto Xavier). 26 Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores.
19
sob o crescente controlo do Estado, a “Alta Cultura” e a “Baixa Cultura” as várias classes
sociais e diferentes idades, de modo semelhante ao que acontecia na Alemanha nazi e na
Itália fascista. Mas tudo isto não impediu que os artistas portugueses produzissem em vários
domínios (arquitetura, cinema, design, literatura, teatro, dança, música, fotografia e artes
plásticas), produzissem obras de referência, e algumas delas já a um tempo, património
português e universal, como Fernando Pessoa, José Régio, Bernardo Santareno, Jorge de
Sena27.
O início de um novo ciclo económico-político emerge a partir de meados dos anos 80.
Eduardo Brito Henriques justifica esta mudança: “A adesão em 1986 à CEE/UE e a eleição,
pela primeira vez desde 1974, de um Governo com maioria parlamentar absoluta de centro-
direita, adepto de uma política económica e liberal, conjugam-se de modo a criar conduções
favoráveis à reestruturação e modernização das infraestruturas, de base económica e das
instituições, que se traduzem num crescimento da economia, numa recomposição da
sociedade e numa reorganização do território”28.
São também criados, nos anos 80, o Instituto Português do Património Cultural e o
Instituto Português do Livro e da Leitura. Em 1988, foi fundado o Instituto Português de
Arquivos, e em 1991 o Instituto Português de Museus. 29
Eduardo Brito Henriques esclarece ainda “A primeira ideia a reter será o facto de, no
que concerne os grandes objectivos políticos, não haver rupturas de fundo a assinalar. A
análise dos programas de Governo, antes e após 1986, aponta para um conjunto de princípios
orientadores e metas que, mais ou menos, se mantêm constantes – e são, aliás similares aos
que enunciam os programas das democracias mais desenvolvidas, tais como a universalidade
e democratização do acesso aos bens culturais, a descentralização, a defesa do património e
da identidade cultural”.
O mesmo autor evidencia a importância da vitória do Partido Socialista em 1995, e os
impactos que esta vitória trouxe para a Cultura: “Em primeiro lugar uma profunda
reestruturação orgânica, com a “promoção” da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) a 27 XAVIER, José Barreto – “As artes e a cultura no fio da navalha”...p. 142. 28 HENRIQUES, Eduardo Brito- «Novos desafios e orientações das políticas culturais: tendências nas democracias desenvolvidas e especificidades do caso Português, Finisterra, XXXVII,73»[Em Linha].[Consult. 2011-01-20].Disponível na WWW: http:// www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2002-73/73_03.pdf.p.72. 29 HENRIQUES, Eduardo Brito- «Novos desafios e orientações das políticas culturais: tendências nas democracias desenvolvidas e especificidades do caso Português, Finisterra, XXXVII,73» [Em Linha].[Consult. 2011-01-20].Disponível na WWW: http:// www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2002-73/73_03.pdf.p.72.
20
Ministério Cultura (MC), e depois, prolongando-se pelos anos seguintes, a criação de vários
novos organismos autónomos e institutos especializados dependentes do MC. Por outro lado,
altera-se o discurso político. O assumir de um maior intervencionismo do Estado no plano
cultural aparece então com uma inerência da esquerda e como uma promessa de diferença
face à política dos anos anteriores. Este regresso à imagem do Estado interventor teve
traduções práticas, como ilustra o recuo no processo de desestatização do Teatro Nacional
São Carlos, a política de aquisições nas artes plásticas, a instituição de bolsas para criadores
literários, ou a reposição do sistema mais convencional de financiamento do cinema, em
lugar do sistema de empréstimos aos produtores, introduzido na primeira metade dos anos
90”30.
Manuel Maria Carrilho31 partilha da mesma opinião, salientando que até Março de
1996, “não existiu qualquer política cultural, o que houve foi muita tagarelice à volta da
cultura”32. Deixando de lado o teor político desta afirmação, torna-se necessário ter em conta
o impulso por ele dado à criação do Ministério da Cultura por Manuel Maria Carrilho, e
atentar na sua observação quanto às práticas culturais em Portugal, nomeadamente quando
afirma que “num país com a dimensão de Portugal e com os hábitos culturais pouco
enraizados e difundidos, a política cultural tem aqui uma das suas mais difíceis tarefas”33.
Apesar disso, Manuel Maria Carrilho acrescenta que uma política cultural deve passar por
uma valorização da herança cultural combinada com o incentivo à criação, num quadro de
democratização cultural, situando a Cultura no eixo do desenvolvimento equilibrado do país,
sem a instrumentalizar enquanto propaganda ideológica34.
Ao longo dos anos a participação dos municípios nos programas das redes culturais
vem aumentado significativamente. Para Augusto Santos Silva, “esta participação tem sido
força impulsora da nova centralidade que estes foram atribuindo a cultura. Temos o exemplo
do caso pioneiro da Rede de Bibliotecas que, entre 1988 e 2003, passou de 0 a 119
bibliotecas em funcionamento incorporadas na rede. Em 1997, o Observatório das Atividades
Culturais declarou que 29% da população residente no Continente era abrangida pelas
bibliotecas em atividade, tendo essa percentagem aumentado para 50% em 2003. Em relação
à Rede de Arquivos, lançada em 1998, envolvia, em 2002, 100 arquivos apoiados. A Rede de
Teatros e Cineteatros35, completou, a meio da primeira década do século XX, um primeiro
30 HENRIQUES, Eduardo Brito - Novos desafios e orientações das políticas culturais...p.75. 31 Militante do Partido Socialista, e Ministro da Cultura nos XIII e XIV Governos Constitucionais, foi responsável pela institucionalização e definição dos objectivos centrais do Ministério da Cultura. 32 CARRILHO, Manuel Maria- Hipóteses de Cultura. Lisboa: Editorial Presença, 1999.p.52. 33CARRILHO, Manuel Maria- Hipóteses de Cultura...p.48. 34FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura ...p.23 35 A Rede de Teatros e Cine -Teatros foi lançada em 1999, e rapidamente fez com que a despesa dos munícipios portugueses com o setor cultural ultrapassasse o orçamento do Ministério da Cultura.
21
nível de implantação territorial, o das capitais de distrito, havendo várias outras câmaras
municipais que, fazendo uso de recursos próprios ou de candidaturas autónomas aos fundos
europeus, construíram e equiparam auditórios”36.
No caso dos museus, também “o mesmo estudo mostra claramente a sua dinâmica de
crescimento. Em 2002, registavam-se no conjunto do país, 591 entidades museológicas, 40%
estavam sob tutela da administração local, 70% dos 308 concelhos possuíam pelo menos uma
entidade museológica (em 2000, eram 64%). A maioria delas era de criação muito recente:
21% das existentes em 2002 haviam sido criadas entre 1980 e 1989, 37% entre 1990 e 1999,
12% entre 2000 e 2002” 37.
As autarquias responderam positivamente em relação aos programas nacionais para a
descentralização e a difusão. Nas artes do espetáculo, citem-se os Centros Regionais de Artes
e do Espetáculo (em Beja e Viseu) e sobretudo, o Programa de Difusão de Artes do
Espetáculo (PDAE)38.
Governos de diferentes partidos, reconhecendo a importância Política da Cultural,
prometeram, na última década do século XX aproximar o Orçamento de Estado nesta área da
meta de 1%, mas nunca tal objetivo foi alcançado. Muito pelo contrário têm-se assistido a um
decréscimo dos orçamentos desde 2004, como se pode verificar no gráfico nº139.
36 SILVA, Augusto Santos- «Como abordar Políticas Culturas Autárquicas?»... p.23. 37 Idem, ibidem 38 Idem, ibidem 39 XAVIER, José Barreto ” As artes e a cultura no fio da navalha”... p. 143.
22
Gráfico nº1 Orçamento do Ministério da Cultura
Fonte: Me/DGO Relatório OE
Convém ainda ter em conta que uma política cultural autárquica depende, em muito,
do contexto local, dos recursos e dos meios internos existentes, pois a mesma política cultural
é delineada de uma forma diferente. Temos um exemplo dado por López de Aguilleta: “dois
municípios de tamanho similar podem desenhar de forma muito distinta a sua política
cultural, segundo tenham atrações turísticas ou não sejam cidades dormitório ou grandes
centros, contem com um património histórico rico ou pobre”40.
2.3.1 Cultura e Cidadania
A participação dos cidadãos nas realizações culturais deve ser encarada como a
expressão plena de cidadania. Tal participação representa uma combinação entre o ambiente
político/cultural que os envolve e a vontade individual de nele participar41.
Maria Lucinda Santos afirma que a “participação cultural deve ser entendida como
um método continuado de democratização da vida municipal, tendo como objectivos; 1)
promover iniciativas a partir de programas culturais e campanhas especiais, visando o
desenvolvimento de objetivos de interesse artístico; 2) reforçar o tecido associativo e ampliar
a capacidade artística, técnica e administrativa das associações: 3) desenvolver a participação
40 In LÓPEZ DE GUILETA, Iñaki – Cultura y Ciudad:Manual de política Municipal. Gijón: Ediciones Trea,2000... p.18. 41 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais...p.23.
23
e na gestão dos serviços de cultura dos municípios: 4) estimular programas de formação para
a cidadania da cultura de forma a envolver os diversos extratos da sociedade”42.
Para melhor compreender a participação dos cidadãos nos eventos culturais, decidiu-
se utilizar vários quadros. O quadro número 143 representa o nº de recintos, ecrãs e
espectadores de cinema, na NUT III da região centro, no ano de 2004.
Quadro nº1 Nº de recintos, ecrãs, sessões e espectadores de cinema, por NUT III da Região Centro
NUT
Recintos
Ecrãs
Sessões
Espectadores
Espectadores
por sessão
Centro 63 86 63 743 2 140 741 33,6
Baixo Vouga 5 17 25 685 561 871 21,9
Baixo Mondego 4 11 14 740 494 662 33,6
Pinhal Litoral 11 12 6 359 330 278 51,9
Pinhal Int. Norte 5 5 591 37 123 62,8
Dão-Lafões 10 12 6 288 229 765 36,5
Pinhal Interior Sul 3 3 364 16 905 46,5
Serra da Estrela 2 ... ... ... x
Beira Interior Norte 5 5 739 49 049 66,4
Beira Interior Sul 3 ... ... ... x
Cova da Beira 3 3 933 42 686 45,8
Oeste 4 5 3 330 145 134 43,6
Médio Tejo 8 8 3 081 133 327 43,3
Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro -2005
Analisando o quadro 1, verificamos que a nível de espectadores um dos índices mais
diminutos é precisamente no âmbito da região em estudo nesta investigação, o Pinhal
Interior Sul com 16 905 espectadores, o que corresponde a 0,7% dos espectadores totais da
região centro. Tendo em conta que a população total do Pinhal Interior Sul em 2004 era de
42 692 habitantes, estes 16 905 espectadores correspondem a 40% da população.
Podemos chegar à conclusão que, no caso do cinema, o mercado alimentado pelo
sector privado está ainda muito pouco consolidado no interior44.
42 SANTOS, Maria Lucinda- O Valor da Cultura nas Autarquias Locais... p.26. 43 Devido à proteção do segredo estatístico, algumas células que se encontram neste quadro estão em branco. 44 FERREIRA, C., Gomes, C. S., & CASALEIRO, Atlas Cultural da Região Centro. (DRCC, Ed.),2011.p.39.
24
Quadro nº2 Nº de sessões , espectadores e espectadores por sessão de espetáculo ao vivo em 2004, na NUT III da Região Centro em 2004.
NUT
Sessões(N)
Espectadores
Espectadores
por sessão
Centro 4 383 1 258 230 287,1
Baixo Vouga 655 335 430 512,1
Baixo Mondego 889 173 402 195,1
Pinhal Litoral 183 86 668 473,6
Pinhal Int. Norte 154 55 157 358,2
Dão-Lafões 781 164 106 210,1
Pinhal Interior Sul 4 683 170,8
Serra da Estrela 45 18 728 416,2
Beira Interior Norte 270 113 979 422,1
Beira Interior Sul 48 12 184 253,8
Cova da Beira 609 77 015 126,5
Oeste 506 146 695 289,9
Médio Tejo 239 74 183 310,4
Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro -2005
Analisando este quadro, verificamos que acontece quase o mesmo, já que região em
estudo do Pinhal Interior Sul e Beira Interior Sul, apresenta um valor muito baixo . A oferta
cultural nesta região é muito débil e inferior à média da região centro neste tipo de
espetáculos, o Pinhal Interior Sul apenas apresenta 4 sessões com um nº de espectadores de
683, a Beira Interior Sul apresenta 48 sessões e com um total de espectadores de 12 184.
Tendo em conta os valores populacionais da Beira Interior Sul (75 282 habitantes) e
do Pinhal Interior Sul (42 692 mil habitantes). O número de espectadores da Beira Interior
Sul corresponde apenas a 16,04% da população residente e no Pinhal Interior Sul
corresponde a 1,6% da população residente.
25
O quadro 3 apresenta o nº galerias de arte, exposições, exposições por galeria e
visitantes em 2004, na NUT III da Região Centro.
Quadro nº3 Nº de sessões , exposições, exposições por galeria e nº de visitantes em 2004, na NUT III da Região Centro em 2004.
NUT
Galerias
de Arte
(N)
Exposições (N)
Exposições por
galeria
Visitantes (N)
Centro 265 1 544 9,4 1 225 370
Baixo Vouga 17 125 7,4 114 764
Baixo Mondego 36 315 8,8 304 724
Pinhal Litoral 18 226 12,6 117 574
Pinhal Int. Norte 16 148 9,3 54 850
Dão-Lafões 17 215 12,6 107 097
Pinhal Interior Sul 5 27 5,4 4 756
Serra da Estrela 5 37 7,4 50 841
Beira Interior Norte 12 77 6,4 106 299
Beira Interior Sul 6 52 X 23 270
Cova da Beira 2 ... X ...
Oeste 18 199 11,1 145 9
Médio Tejo 13 95 7,3 194 763
Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro -2005
Globalmente, após a análise desta informação, verificamos que a participação cultural
é muito menor no interior. As zonas abordadas neste trabalho apresentam um numero de
visitantes de galerias e exposições: Pinhal Interior Sul de 4.756 e de 23.270 na Beira
Interior Sul.
O número de sessões , exposições, exposições por galeria da Beira Interior Sul
corresponde apenas a 30,64% da população residente e no Pinhal Interior Sul corresponde a
11,14% da população residente.
26
3- Poder Local
3.1. Cronologia e Progresso
O poder local assume-se como forma de organização administrativa mais próxima às
populações. A expressão poder local foi retomada na Constituição de 1976, ao abrir o título
VIII designado Poder Local dedicado, na parte III dedicada à organização do poder político.
Segundo a Lei fundamental, a organização democrática do Estado compreende a existência
de autarquias locais, sendo estas pessoas colectivas de população e território, munidas de
órgãos representativos que visam o prosseguimento dos interesses próprios, comuns e
específicos das respectivas populações. A Carta Europeia de Autonomia Local, aprovada em
1985 pelo Conselho da Europa, considerou no seu Preâmbulo que "as autarquias locais são
um dos principais fundamentos de todo o regime democrático"45. Considerou, ainda, no
Artigo 1.º, que o "princípio da autonomia local deve ser reconhecido pela legislação interna
e, tanto quanto possível, pela Constituição".
À ideia de poder local subjaz a teoria de que a unidade do Estado não implica a
dissolução de comunidades menores. Pelo contrário, considera-se que estas deverão ter a
possibilidade de gerir os interesses que lhes são específicos através de órgãos representativos
da vontade dos seus membros e próximos das populações. A existência de capacidades a
serem exercidas localmente pretende garantir uma maior eficácia na resolução de certos
problemas. Existem duas formas de poder local no nosso país: os municípios (a forma mais
característica e antiga de administração local em Portugal) e as freguesias. Estas autarquias
constituem-se como pessoas coletivas territoriais dotadas de órgãos representativos46.
Esta organização autárquica, no que aos municípios diz respeito, tem origem na
evolução do concelho, que foram criados ou legalizados pelos forais. O Foral47 era uma carta
que podia reconhecer a autonomia a uma comunidade que já existia de facto e que com a
carta de foral passava a existir por direito. A autonomia concelhia, de graus variáveis,
concretizava-se pela existência de uma assembleia ou “concilium” de notáveis ou homens-
bons48, e pela capacidade de ter oficiais próprios, nomeados ou eleitos, que executam as
45 Carta Europeia de Autonomia Local.Ver lei disponível em WWW:http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhregionais/conv-tratados-15-10-985-ets-122.html. [Consult. 2011-11-08]. 46 Poder local. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-11-08]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$poder-local>. 47 A palavra "foral" deriva da palavra portuguesa "foro", que, por sua vez, provém do latim "forum"; é equivalente à espanhola "fuero", à galega "foro", à catalã "furs" e à basca "foru". 48 Alguns deles designados, no período da Reconquista, cavaleiros-vilão. Constituíam a elite social do concelho; Eram grandes proprietários rurais ou comerciantes. Tinham privilégios judiciais e fiscais, nomeadamente a isenção do pagamento da jugada (tributo em cereais, proporcional ao número de juntas de bois utilizadas no amanho das terras) e de pousadia (dever de alojar o rei ou o senhor e a respectiva comitiva). Monopolizavam os
27
decisões tomadas numa Assembleia dos vizinhos49.O Foral determinava os impostos e multas
judiciais, regulava direitos e deveres e concedia privilégios e liberdades de diversas ordens.
O pelourinho era construído na praça principal da vila, e simbolizava o poder e autoridade do
concelho50.
Mouzinho da Silveira51 iniciou o processo do desmoronamento da ordem jurídica do
Antigo Regime. Promulgou o seu Decreto nº23, de 16 de Maio de 1832 que regulava a
fazenda pública52 e a organização judiciária do Reino. Mouzinho da Silveira substituiu o
Erário Régio53 pelo Tribunal do Tesouro Público. Ao mesmo tempo, levou a cabo uma
reforma profunda das finanças públicas, suprimindo velhos impostos e regulamentando a
organização do orçamento. Após a revolução republicana, a 8 de outubro de 1910, o
Ministério dos Negócios da Fazenda (criado em 1788) passou a denominar-se Ministério das
Finanças54.
A reforma administrativa de Passos Manuel55, em 1836, é bastante importante, pois
reorganizou o mapa concelhio de Portugal extinguindo muitos concelhos. Suprimiu 455
municípios e o Reino ficou apenas com 351 concelhos56.
Com este código desapareceram as províncias, e foram reintroduzidos os Distritos.
No Minho existiam os Distritos de Viana, Braga e Porto; em Trás-os-Montes os de Bragança
cargos e as magistraturas dos concelhos, tendo competências relacionadas com a administração da justiça e a eleição dos magistrados e funcionários. 49 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura ... p.10. 50 COELHO, Maria Helena da Cruz; MAGALHÃES, Joaquim Romero – O Poder Concelhio: Das origens às cortes constituintes,. 2a ed.,Coimbra: Centro de Estudos e Formação Autárquica, 2008. 51 Político liberal, José Xavier Mouzinho da Silveira nasceu a 12 de julho de 1780, em Castelo de Vide, e morreu a 4 de abril de 1849, em Lisboa. A convite de D. João VI, assumiu a pasta do Ministério da Fazenda, demite-se quando, depois da Vilafrancada, a sua ligação à Maçonaria é tornada pública. Outorgada a Carta Constitucional por D. Pedro IV, Mouzinho da Silveira é eleito Deputado às Cortes (1826).Em 1832 assume a Pasta da Fazenda e, interinamente, a pasta da Justiça. A sua intervenção como legislador do reino lança as bases da nova sociedade liberal, que se imporá no século XIX, designadamente através da organização administrativa, financeira e judicial do estado liberal. 52 O conceito de Fazenda Pública aplica-se, de uma maneira geral, às receitas e despesas do Estado central, bem como ao respetivo aparelho administrativo. 53Órgão de controle dos dinheiros públicos, criado pelo marquês de Pombal em 1761, altura em que foi extinta a Casa dos Contos. 54 Fazenda Pública. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-02-07]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$fazenda-publica>. 55 De seu nome verdadeiro Manuel da Silva Passos, foi uma das mais destacadas personalidades do Liberalismo português oitocentista. Participou na revolução setembrista de 1836, após a qual, juntamente com homens como Sá da Bandeira e Vieira de Castro, assumiu funções governativas e o encargo da convocação de uma assembleia constituinte. Entretanto, o ministério, no qual Passos Manuel ocupava a pasta do Reino, ficou a governar ditatorialmente o país. Passos Manuel dedicou-se, então, a um intenso labor legislativo, prosseguindo a tarefa de estruturação da sociedade portuguesa iniciada por Mouzinho da Silveira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-08-05]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$passos-manuel>. 56 OLIVEIRA, César – «O Liberalismo, os Municípios e o Poder Local». em OLIVEIRA, César, dir. – História do Municipalismo e do Poder Local. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. p. 209.
28
e Vila-Real; na Beira-Baixa o de Castelo Branco; na Beira Alta os de Aveiro, Coimbra,
Lamego e Guarda; na Estremadura os de Leiria, Santarém, Lisboa, no Além Tejo os de
Portalegre, Évora e Bejae no Algarve o de Faro.
O código seguinte é o de 1842 de Costa Cabral esteve em vigor 36 anos. Este código
era de ideologia centralizadora e o Poder Central ficava com maior interferência na vida
local. O reino via-se agora dividido em distritos e concelhos. De novo se suprimem as
freguesias da organização da administração pública, limitando-se o seu poder a ministrar a
Fábrica da Igreja e os bens da paróquia.
Seguiu-se o Código de Rodrigues Sampaio57, em 1878, que patenteia um certo
impulso reformador em relação ao de 1842. O país era formado por 21 distritos no continente
e ilhas (17 só no continente) e 295 concelhos (263 no continente). Só no continente as
comarcas58 eram 160. Rodrigues Sampaio propunha que o concelho viesse a coincidir
geograficamente com a comarca, o que significaria uma redução do número de concelhos. Os
objectivos desde traduziam-se na conservação dos distritos e concelhos existentes e respeito
pelas tradições históricas na eleição quadrienal para corpos administrativos na eleição direta
das juntas gerais do distrito; organização da fazenda municipal59.
Em 1880, Luciano de Castro60 propôs às Cortes uma reforma total do Código anterior.
O Código de 1886 atribuiu ao Governo a faculdade de, em determinadas circunstâncias,
decretar a fusão de dois ou mais concelhos. As condições para tal, no entanto, ficaram longe
de obter fácil satisfação: perfazerem, no mínimo, 40 000 habitantes e haver consentimento
prévio das câmaras municipais e de dois terços dos recenseados para as eleições
administrativas de cada um dos concelhos envolvidos61.
57 António Rodrigues Sampaio foi um jornalista e político português que, entre outras funções, foi deputado, par do Reino, ministro e presidente do ministério (primeiro-ministro). Rodrigues Sampaio conta-se como um dos maiores vultos do liberalismo português de oitocentos, jornalista ímpar e parlamentar de exceção. In Wikipedia [Em linha]. [Consult. 2012-08-05]. Disponível na www: URL <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Rodrigues_Sampaio> 58 Circunscrição territorial com julgado de primeira instância 59 OLIVEIRA, César –«O Liberalismo, os Municípios e o Poder Local». Em OLIVEIRA, César, dir. – História do Municipalismo e do Poder Local. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. ISBN 972-759-071-3. p. 209. 60Foi um advogado, jornalista e político, que se notabilizou como um dos fundadores do partido Progressista. Foi deputado, ministro e Presidente do Conselho de Ministros em diversas ocasiões. Foi ainda par do Reino conselheiro de Estado; diretor geral dos Próprios Nacionais vogal do Supremo Tribunal Administrativo e governador da Companhia Geral de Crédito Predial Português. Alcunhado de "a velha raposa", uma das mais proeminentes figuras da cena política portuguesa nas últimas três décadas da Monarquia Constitucional Portuguesa. 61 SERRA, João B. – «Os Poderes Locais: Administração e Política no Io Quartel do Século XX». em OLIVEIRA, César, dir. – História do Municipalismo e do Poder Local. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. p.1040.
29
Posteriormente, no código de 1895, classificaram-se os concelhos em três ordens,
considerando não só o número de habitantes mas também as suas carências e possibilidades
financeiras. Durante a vigência deste código foram suprimidos 46 concelhos.
Com o fim do regime monárquico e com a implantação da República, no dia 5 de
Outubro de 1910, dá-se a estabilização do Distrito como extensão do poder central. O
Governo Civil desempenha efetivamente um poder delegado e representante do poder local
junto dos municípios que o compõem. O município perde importância e prevalece a noção de
que a organização autárquica é uma fonte potencial de desequilíbrios financeiros62.
A Lei nº 88, de 7 de Agosto de 1913, estabelecia em cada concelho uma Câmara,
nomeada por sufrágio universal, por períodos de três anos, com funções essencialmente
deliberativas, a qual escolhia uma Comissão Executiva para as funções executivas. Definia
também a composição e competências das próprias Juntas Gerais de Distrito (eleitas
diretamente pelos respetivos concelhos ou bairros na proporção de um procurador por cada
10 000 habitantes). A Lei mantinha a classificação dos concelhos em 1ª, 2ª e 3ª ordem, dela
dependendo o número de vereadores a eleger: respetivamente trinta e dois, vinte e quatro e
dezasseis. Cada Câmara municipal elegia uma comissão executiva composta por nove
vereadores nos concelhos de 1ª ordem, sete nos de 2ª e cinco nos de 3ª. Fixando o número de
reuniões ordinárias em quatro por cada ano civil63.
Este sistema de Comissões executivas irá durar durante toda a I República. Apenas
ficará suspenso durante o Governo de Sidónio Pais, portanto de 10 de Janeiro de 1918, dias
depois de ter sido instituída a ditadura, até 2 de Agosto de 1919. Após o assassinato de
Sidónio Pais, seriam nomeadas Comissões Administrativas.
O regime do “Estado Novo” foi precedido por um período de ditadura militar (de
1926 a 1933). Oliveira Salazar exerce o cargo de Ministro das Finanças a partir de Abril de
1928 permitindo-lhe obter grande prestígio entres os portugueses resultante de uma política
de fiscalização das despesas de todos os ministérios. Oliveira Salazar foi nomeado Chefe do
Governo no ano de 1932. No ano seguinte, sob sua orientação concebeu-se uma nova
constituição – a Constituição de 1933. No seguimento da sua governação, Salazar
disseminou a reforma na Administração Pública, assente nos seguintes vectores:
62 OLIVEIRA, César – O Liberalismo, os Municípios e o Poder Local. In OLIVEIRA, César, dir. – História do Municipalismo ... p195. 63 OLIVEIRA, César – O Liberalismo, os Municípios e o Poder Local. In OLIVEIRA, César, dir. – História do Municipalismo ... p195.
30
O governo passou a ser o órgão de soberania com mais poder e a decretar a maioria das leis;
Desenvolvimento da política do Pais através do equilíbrio financeiro, com o aumento das
receitas e diminuição das despesas, e aplicação das reservas de ouro do Estado na construção
de obras públicas. A reforma administrativa do “Estado Novo” ficou caracterizada como uma
“Administração Ditatorial”,
Com a revolução de Abril de 1974, julgou-se imprescindível fazer uma
reestruturação do poder local. Os órgãos representativos do Município passam então a ser: a
Assembleia Municipal e a Câmara Municipal. As autarquias passaram a deter património e
finanças próprias e a tutela do estado sobre a gestão é inspectiva64. A Câmara Municipal
começou a ser eleita pelos cidadãos inscritos na sua área, sendo o Presidente o primeiro
candidato da lista mais votada. Mas dado que reapareceram os partidos políticos, os cidadãos
vieram a eleger aqueles que os partidos designavam.
No continente, as autarquias locais são as freguesias, os municípios65 e as regiões
administrativas, estas últimas ainda por instituir. Atualmente existem, em Portugal, 308
municípios, dos quais 278 no continente e 30 nas Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira. O País comporta segundo os dados do INE de 2010, 4 250 freguesias das quais
4 050 se situam no território continental e 200 nos territórios insulares. As freguesias são
excluídas deste trabalho porque não têm competências relacionadas com a cultura, dado que
as atividades culturais realizadas pelas freguesias resultam de uma delegação de
competências do município.
3.2 Os três Princípios estruturantes da Administração Local; Descentralização, Desconcentração Administrativa e Subsidiariedade
3.2.1 Descentralização
O art.º 237º, nº 1 da Constituição da República determina que “As atribuições e a
organização das autarquias locais, bem como a competência dos seus órgãos, serão
reguladas por Lei, de harmonia com o princípio da descentralização administrativa.” Este
principio realiza-se através de uma transferência de competências do Estado para as
64 Segundo Diogo Freitas do Amaral a tutela inspetiva é o poder de fiscalização da organização e funcionamento da entidade tutelada. AMARAL, Diogo Freitas do – Administração Pública e Poder Local. Em SANTOS, José António, ed. lit. – Poder Local: Antologia. 2a ed. Lisboa: Mosaico Editores, 1988. p. 199.
31
autárquicas locais, tendo por finalidade assegurar o reforço da coesão nacional e
solidariedade inter-regional, a promoção da eficiência e da eficácia da gestão pública,
garantido os direitos administrativos66.
A descentralização valoriza a autonomia institucional e pode apresentar várias formas
– a descentralização política, correspondente a formas de administração autónoma de base
territorial (autarquias locais); e a descentralização funcional, ou seja, a que reveste a forma de
associações públicas e figuras equiparadas de autogoverno administrativo, além das
Universidades.
Num sentido menos amplo, a Administração descentralizada pode ser entendida como
aquela em que as tarefas administrativas do Estado se encontram repartidas, em medida
considerável, por outras entidades administrativas intraestaduais, dotadas de algum grau de
autonomia relativamente ao Estado. Não basta terem personalidade jurídica própria, mas
devem também possuir alguma autonomia relativamente ao Estado.
Para Vital Moreira, existem dois tipos de descentralização; a descentralização por
serviços e a descentralização em sentido próprio. A descentralização por serviços (devolução
de poderes) é o sistema em que alguns interesses públicos do Estado e de outras entidades
são postas por Lei a cargo de pessoas colectivas públicas de fins singulares criadas para esse
efeito. Esta é uma descentralização em sentido técnico ou formal, simples instrumento de
exoneração do Estado e de repartição de tarefas entre a administração direta do Estado e uma
variedade de entes administrativos por ele criados. A “descentralização por serviços” é o
processo que dá origem a entidades públicas que prosseguem, em seu nome próprio,
interesses de outra pessoa colectiva publica, cujos órgãos são designados pela administração
principal, podendo ser por eles demitidos67.
A descentralização requer, portanto, a transferência de tarefas administrativas do
Estado para entidades representativas das pessoas a quem elas dizem diretamente respeito,
por meio de órgãos eleitos e pelos entes descentralizados (autogoverno) e sob sua
responsabilidade, mediante autogestão de interesses próprios e que estão sujeitas a uma tutela
do Estado.68
66 AMARAL, Diogo Freitas do – Administração Pública e Poder Local. Em SANTOS, José António, ed. lit. – Poder Local: Antologia. 2a ed. Lisboa: Mosaico Editores, 1988. p. 199 67 MOREIRA, Vital Direito Administrativo,( Policopiado), Faculdade de Direito, pag.152-161 68 MOREIRA, Vital Direito Administrativo,( Policopiado), Faculdade de Direito, pag.152-161
32
3.2.2 Desconcentração
A desconcentração é a delegação de poderes pela supervisão hierárquica nos seus
subordinados. Uma pessoa colectiva será concentrada quando o seu superior hierárquico for
o único órgão competente para tomar decisões, ficando os subalternos limitados às tarefas de
preparação e execução das decisões daquele; e será desconcentrada quando o poder decisório
se repartir entre o superior e ou vários subalternos, com direção e supervisão de primeiro, ou
mesmo com reconhecimento de algum grau de autonomia decisória.
A desconcentração pode ser, vertical , territorial, horizontal, originária ou derivada.
- A desconcentração vertical que, por sua vez, pode ser funcional (burocrática) (como
exemplo, do ministro para as direções gerais e destas para as direções de serviços) .
- A desconcentração territorial (dos serviços centrais dos ministérios para a “administração
periférica do Estado”, como os governadores civis e direções gerais)
- A desconcentração horizontal quando se efetiva mediante a divisão de tarefas entre vários
órgãos, de acordo com um critério funcional (entre os vários ministros, dentro do Governo,
ou entre várias direções gerais, dentro de cada ministério).
- A desconcentração originária quando a distribuição de poderes dentro da pessoa coletiva é
feita diretamente pela Lei ou derivada quando ela decorre da delegação de poderes69.
Qual a razão principal pela qual se desconcentram competências? Uma das vantagens
é melhorar e eficiência dos serviços públicos. Todavia também pode ter alguns
inconvenientes, pois a multiplicidade de centros decisórios pode inviabilizar a atuação da
Administração.
69 MOREIRA, Vital Direito Administrativo,( Policopiado), Faculdade de Direito, pag.152-161
33
Quadro nº4 A descentralização a desconcentração e “devolução de poderes” dentro dos vários serviços da estrutura administrativa portuguesa
Fonte: MOREIRA, Vital, Direito Administrativo, ( Policopiado), Faculdade de Direito.
3.2.3 Princípio da subsidiariedade
O princípio da subsidiariedade está previsto na Constituição da República Portuguesa
no seu art.6º, nº1 que refere: ”O Estado é unitário e respeita na sua organização e
funcionamento o regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da autonomia
das autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública”. Com base
neste princípio, atribuiu-se preferência às administrações intraestaduais em detrimento da
administração estadual no desempenho de funções públicas. Trata-se de um principio que,
portanto, favorece os poderes públicos menores à custa dos entes públicos superiores70.
Este princípio também está consagrado no nº3 do artigo 2º da Lei nº 159/99 de 14 de
Setembro: “administração central e a administração local devem coordenar a sua
intervenção, no exercício de competências próprias, designadamente através das formas de
parceria previstas no artigo 8.º de modo a assegurar a unidade na prossecução de políticas
públicas e evitar sobreposição de atuações”. Por outras palavras o Estado só deve executar
tarefas que não sejam mais eficientemente realizadas pelas autarquias locais71.
Conforme os autores Gomes Canotilho e Vital Moreira, este princípio pressupõe que
administração autárquica tem competência geral e plena de desempenhar todas as tarefas com
incidência no local que, pela Lei, não sejam atribuídas a outros titulares da administração.72
70 MOREIRA, Vital Direito Administrativo,( Policopiado), Faculdade de Direito, pag.152-161 71 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local...p13. 72 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local...p13.
Tipo de entes Tipo de Administração Desconcentração/Descentralização
Serviços dependentes Administração direta Desconcentração
Institutos públicos Administração indireta Descentralização por serviços, descentralização
imprópria ou descentralização personalizada
(“devolução de poderes”)
Autarquias locais e
associações públicas
Administração autónoma Descentralização em sentido próprio
34
3.3 Finanças Locais
As autarquias estão dotadas de autonomia financeira, ou seja, dispõem de receitas
próprias e de receitas provenientes dos impostos do Estado. Este princípio está consagrado no
artigo nº 238 da Constituição da República Portuguesa (as autarquias locais têm património e
finanças próprias), bem como se encontra referido no artigo nº8 da Carta Europeia da
Autonomia Local.
De acordo com Fátima Vilarinho, “a 1ª Lei das Finanças Locais (LFL) aparece em
1979, com a Lei n.º 1/79, de 2 de Janeiro, com o objetivo de estabelecer os meios próprios de
financiamento autárquico e modificar o sistema de contabilidade das Autarquias Locais, no
mesmo ano houve alterações a esta lei através do Decreto-lei n.º 243/79, de 25 de Julho, que
determinou novas regras para a elaboração, aprovação e execução dos orçamentos, assim
como para a elaboração e a aprovação das contas de gerência. É com este Decreto-lei que
começa a reforma da contabilidade autárquica. Posteriormente veio a ser substituído pelo
Decreto-lei n.º 341/83, de 21 de Julho, que introduziu algumas inovações”73
O período em estudo neste relatório, engloba duas leis das Finanças locais. A
primeira a Lei nº42/98 de 6 de Agosto, a qual, no seu artigo 2º , determina que a autonomia
financeira compreende a existência de património e finanças próprias, cuja gestão compete
aos respectivos órgãos autárquicos, e que a tutela sobre a gestão patrimonial e financeira das
autarquias locais é meramente inspectiva.
São as autarquias que deliberam, através do plano e orçamento, quanto à estratégia de
gestão das suas receitas e o Estado não pode interferir nestas matérias. O Estado exerce
apenas uma tutela de legalidade. Este princípio leva a que os empréstimos que as autarquias
aprovem não sejam sujeitos a qualquer ratificação pelos órgãos do Estado74.
3.3.1- Fundos do Orçamento de Estado
De acordo com a Lei nº 42/98 de 6 de Agosto75, existem dois tipos de equilíbrios
financeiros, o vertical e o horizontal. O princípio vertical é efectuado com a participação das
autarquias locais nos dois impostos diretos mais importantes sobre o rendimento das pessoas
singulares e das pessoas colectivas -IRS e IRC- e ainda no imposto sobre o consumo de
73 VILARINHO, Fátima Cristina Vechina - A Nova Lei das Finanças locais e os seus impactes, Aveiro, Universidade de Aveiro Instituto Superior de Contabilidade de administração, 2010..p.20[Texto Policopiado].Disponível na WWW: http://ria.ua.pt/bitstream/10773/3694/1/4699.pdf. [Consult. 2012-02-07]. 74 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local...p.214. 75Disponível para consulta em: http://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/LEI_042_98.htm. [Consult. 2012-02-07].
35
valor acrescentado o IVA. Segundo a exigência do equilíbrio financeiro vertical é atribuído
às autarquias locais 33% da média aritmética simples da cobrança efetiva destes três
impostos, no penúltimo ano relativamente ao qual o orçamento do Estado se refere,
excluindo, no que respeita ao IRC, a parte que corresponde às derramas. Desses 33% os
municípios têm direito a uma participação de 30,5% e o restante fica para as freguesias.
Esses 30,5% de recursos públicos a que os municípios têm direito, são distribuídos, pelos
seguintes fundos: Fundo Coesão Municipal, Fundo Geral Municipal e Fundo Base
Municipal76. Com a Nova Lei das Finanças Locais (NLFL) Lei nº 2/2007 existe uma redução
da percentagem de participação no IRS, IRC e IVA, que deixa de ser 30,5% para passar a ser
apenas 25,3%.
76 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local...p.220.
36
Quadro nº5 Diferença entre a LFL e a NLFL em matéria de participação em Impostos do Estado
LFL NLFL
Participação em Impostos do Estado
30,5%
FCM – 5,5 %
FGM – 20,5%
FBM – 4,5% (extinto)
Participação em Impostos do Estado
25,3%
FCM – 12,65%
FGM – 12,65%.
FSM – Dotação OE
Participação variável no IRS
Fonte: VILARINHO, Fátima - A Nova Lei... 2010...p.22
37
Fundo de Equilíbrio Financeiro
(FEF)
25,3%
Orçamento de Estado (OE)
Fundo Social Municipal
(FSM)
Fundo Geral Municipal
(FGM)
Fundo de Coesão Municipal
(FCM)
0 a 5% sobre o IRS dos
Residentes
50%
2
A Nova Lei Finanças Locais (NLFL) manteve a definição de cada um dos fundos (com
exceção do Fundo de Base Municipal FBM77 que deixa de existir com a Nova Lei),os quais
passarei de seguida a descrever
IRC IRS IVA
Fonte: VILARINHO, Fátima - A Nova Lei... 2010..p.15
77 O Fundo de Base Municipal (FBM), pretendia dotar os Municípios de capacidade financeira mínima para o seu funcionamento, sendo repartido igualmente por todos os Municípios (artigo 10º Lei nº42/98 de 6 de Agosto).
1
50%
38
O Fundo Geral Municipal (FGM) propõe-se dotar os municípios de condições financeiras
adequadas ao desempenho das suas atribuições, em função dos respectivos níveis de
funcionamento e investimento. O montante do FGM é repartido por três unidades territoriais,
correspondentes ao continente, à Região Autónoma dos Açores e à Região Autónoma da
Madeira, e em seguida repartido pelos municípios de cada um destes territórios. Este fundo é
distribuído por:
• 5% igualmente por todos os municípios, 65% na razão direta (ponderada) da população
residente e da média diária de dormidas em estabelecimentos hoteleiros e parques de
campismo.
• 25% na razão direta da área ponderada por um factor relativo à amplitude altimétrica do
município.
• 5% na razão direta da área afecta à Rede Natura 200078 e da área protegida. Para este
fundo ainda existe um factor de ponderação da população.
O Fundo de Coesão Municipal (FCM) é um fundo que se destina a obrigar os municípios
com uma capitação superior a ajudarem os municípios com uma capitação inferior. Baseia-se
nos índices de carência fiscal (ICF) e no índice de desigualdade de oportunidades (IDO),
relativamente às correspondentes médias nacionais. É a compensação por desigualdade de
oportunidades da população de um determinado município (CDO), decorrente da
desigualdade de acesso a condições necessárias para poderem ter uma vida mais longa, com
melhores níveis de saúde, de conforto, de saneamento básico e aquisição de conhecimentos.
É calculado pela seguinte fórmula;
!Em que, CF corresponde à compensação fiscal e CDO ao índice
de desigualdade de oportunidades
78 A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica para o espaço Comunitário da União Europeia resultante da aplicação das diretivas nº79/409/CEE (Diretiva aves) e nº 92/43/CEE (Diretiva Habitats) que tem como finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para travar a perda de biodiversidade. Constitui o principal instrumento para a conservação da natureza na União Europeia. Informações retiradas da web: http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/Rede+Natura+2000+2010/?res=1280x800. [Consult. 2012-02-07]
39
Os municípios com uma capitação superior, em 25%, à média de capitação nacional
são forçados a ajudar os municípios com uma capitação 25% inferior à média de capitação
nacional.
Por último existe o Fundo Social Municipal (FSM) que consta de uma transferência
financeira destinada ao financiamento de despesas determinadas, relativas a atribuições e
competências dos municípios associadas a funções sociais, nomeadamente na educação, na
saúde e na ação social. Este fundo é repartido da seguinte forma:
• 35% das inscrições de crianças e jovens nos estabelecimentos de educação pré-escolar
e ensino básico de cada Município;
• 32,5% de acordo com o número de utentes inscritos na Rede de Saúde Municipal;
• 32,5% de acordo com beneficiários e utentes de Creches, Jardins-de-infância, Lares,
Centro de Dia e Programas de Ação Social.
3.3.2- O Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL)
O Decreto Lei n.º 54-A/99, de 22 de Fevereiro82, com as alterações introduzidas pela
Lei n.º 162/99, de 14 de Setembro e pelo Decreto-Lei nº 315/2000, de 2 de Dezembro,
aprovaram o novo sistema contabilístico das autarquias locais entrou em vigor em 1 de
Janeiro do ano 2002. Segundo dados obtidos através da Direção Geral das Autarquias Locais
em Janeiro de 2003, 90% os municípios estão a aplicar o POCAL, e 60% destes estão a
aplicar o POCAL em exclusivo.83
O POCAL é um instrumento elementar de apoio a uma gestão económica, eficiente e
eficaz das atividades desenvolvidas pelas autarquias locais, no âmbito das suas atribuições,
permitindo um conhecimento integral e exato da composição do património autárquico e do
contributo deste para o desenvolvimento das comunidades locais. Ou seja: este documento
serviu para uniformizar a contabilidade das autarquias locais com a dos serviços públicos. No
preâmbulo da Lei 54-A/99 podemos ler o motivo que levou a alterar o modo de
82Esta Lei pode ser visualizada na WWW: http://www.dgaa.pt/legis/Diploma.aspx?id=1660 [Consult. 2012-03-2012] 83 Dados obtidos através de WWW: http://www.dgaa.pt/pocal_principal.htm. [Consult. 2012-02-07]
40
financiamento da contabilidade autárquica: “… as preocupações inerentes à gestão
económica, eficiente e eficaz das actividades desenvolvidas pelas autarquias locais, no
âmbito das suas atribuições, exige um conhecimento integral e exacto da composição do
património autárquico e do contributo deste para o desenvolvimento das comunidades
locais”.
3.3.3-Documentos Previsionais
O Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP), previsto no – Decreto-Lei
nº232/97 de 3 de Setembro, constituiu um passo fundamental na reforma da administração
financeira e das contas públicas. Foi um diploma de administração indispensável para dotar o
Estado de um sistema de contas adequado às necessidades de uma Administração Pública
moderna.
Com a entrada em vigor do POCAL, as Câmaras Municipais, tiveram de substituir e
desenvolver documentos previsionais obrigatórios. Estes documentos devem ser aprovados
por forma a entrarem em vigor a 1 de Janeiro de cada ano. Apesar de constituírem
documentos de alguma complexidade técnica, têm, também uma forte elemento político,
porque devem refletir, sem enganos, a vontade de cumprir o programa eleitoral.
As Grandes Opções de Plano (GOP) fazem com que nos documentos previsionais,
estejam definidas as linhas de desenvolvimento estratégico da autarquia local, e contêm:
• Plano Plurianual de Investimentos (PPI)
• Atividades Mais Relevantes (AMR) da gestão autárquica.
Para o apoio da execução do PPI é elaborado o mapa “Execução Anual do PPI” e para a
execução orçamental são previstos os seguintes mapas:
• Controlo Orçamental - Despesa;
• Controlo Orçamental—Receita;
• Fluxos de Caixa
Em caso de atraso na aprovação do Orçamento será mantido o Orçamento do ano anterior
e também será mantido o PPI, com as respetivas modificações e adaptações decorrentes da
41
sua execução nesse ano. Durante o período de transição os documentos previsionais podem
sofrer algumas alterações.84
O PPI tem um horizonte móvel de quatro anos. Nele estão incluídos todos os projetos e
ações a realizar no âmbito dos objetivos estabelecidos pela autarquia local e explicita a
respetiva previsão de despesa. Na sua elaboração, devem ser tidos em conta os ajustamentos
resultantes das execuções anteriores.85
O orçamento das autarquias locais apresenta a previsão anual das receitas, bem como das
despesas e é constituído por dois mapas:
• Mapa resumo das receitas e despesas da autarquia local, que inclui, no caso dos
municípios, as correspondentes verbas dos serviços municipalizados, quando
aplicável.
• Mapa das receitas e despesas, desagregado segundo classificação económica, a que
acresce o dos serviços municipalizados, quando aplicável.
3.3.4 Documentos de prestação de contas
Os documentos de prestação de contas englobam os mapas de execução orçamental, a
execução anual do PPI o mapa de fluxos de caixa, bem como os anexos às demonstrações
financeiras. Este regime compreende também os quadros, códigos e notas explicativas das
classificações funcional, económica, orçamental e patrimonial, e ainda o sistema
contabilístico, de que se destacam o inventário, a contabilidade de custos e finalmente o
relatório e gestão. Como documentos de prestação de contas das autarquias locais a remeter
ao Tribunal de Contas consideram-se:
• Balanço
• Demonstração de Resultados
• Mapas de execução orçamental
84 Informações retiradas do Decreto-Lei n.º 54-A/99 de 22 de Fevereiro. 85 Informações retiradas do Decreto-Lei n.º 54-A/99 de 22 de Fevereiro.
42
• Anexos às demonstrações financeiras
• Relatório de gestão
Todos estes documentos são enviados ao Tribunal de Contas dentro do prazo legalmente
fixado para o efeito, após a respetiva aprovação pelo órgão executivo, independentemente da
sua apreciação pelo órgão deliberativo 86.
Quadro 6- Os documentos previsionais: POCAL VERSUS DL N.º 341/83, DE 21.07 conformidade com a sua estrutura orgânica das autarquias locais.
86 Informações retiradas do Decreto-Lei n.º 54-A/99 de 22 de Fevereiro.
43
Fonte: Este quadro foi retirado do site da Direção Geral das Autarquias Locais que pode ser visualizado em http://www.dgaa.pt/pdf/brochura1.pdf [Consult. 2012-03-21]
3.3.5 - Receitas Próprias
Segundo Maria José Castanheira Neves, “...os municípios também têm receitas
próprias, nomeadamente o produto da cobrança de impostos, como o imposto municipal
sobre imóveis ( Decreto-Governo nº287/2003, de 12 de Novembro, aprovou este novo
imposto e revogou o imposto sobre a contribuição autárquica), e ainda o imposto municipal
sobre veículos e o imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis ( o Decreto-
Governo nº287/2003 revogou o imposto da sisa)87. Pode ainda ter a receita sobre o produto da
cobrança da derrama”88. E, por último, pode ter receitas do produto da cobrança de taxas por
licenças concedidas pelo município. Pelo regime jurídico da urbanização e edificação podem
ser emitidas licenças (ato constitutivo de um direito anteriormente não existente na esfera
jurídica do particular) ou autorizações (ato permissivo, isto é que permite o exercício de um
direito pré-existente na esfera jurídica do particular). 87 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local... p 222-224. 88 A Derrama é um imposto local, autárquico, que pode ser lançado anualmente pelos municípios, até ao limite máximo de 1,5% do lucro tributável das empresas, sujeito e não isento de IRC. Entende-se por lucro tributável a proporção do rendimento gerado na respectiva área geográfica por sujeitos passivos residentes e que exerçam a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e não residentes com estabelecimento estável em território nacional.
MODIFICAÇÕES AOS DOCUMENTOS PREVISIONAIS SATAPOCAL
2
DIPLOMA LEGAL TIPO DE DOCUMENTO FINALIDADE
Opções do Plano: � Plano Plurianual
de Investimentos (PPI)
� Plano de
Actividades mais relevantes da Gestão Autárquica
Apresenta as linhas de desenvolvimento estratégico da autarquia local e incluem, designadamente, o Plano Plurianual de Investimentos (PPI) e as Actividades mais relevantes da Gestão Autárquica. O PPI, de horizonte móvel de quatro anos, inclui todos os projectos e acções a realizar no âmbito dos objectivos estabelecidos pela autarquia local que impliquem despesas orçamentais a realizar por investimentos. O Plano das Actividades mais Relevantes não está expressamente previsto no POCAL, não existindo qualquer normativo quanto à sua utilização ou formato. Poderá, no entanto, ser encarado como um documento auxiliar à gestão, eventualmente enquadrado num formato idêntico ao do PPI, onde a autarquia inscreve as acções ou projectos que se relevem de interesse e possam ser destacados, apesar de implicarem despesas diferentes das de investimento.
Para facilitar a leitura do documento, optou-se por abordar separadamente as modificações ao PPI e ao orçamento. Assim, no ponto 2., são apresentadas as competências dos órgãos autárquicos em matéria de modificações aos documentos previsionais. Nos pontos 3. a 5., abordam-se, respectivamente, as condições subjacentes às modificações ao PPI (3.), ao plano das actividades mais relevantes da gestão autárquica (4.) e ao orçamento (5.). Finalmente, no ponto 6. identificam-se os documentos que servem de suporte a cada tipo de modificação. Não obstante o tratamento autonomizado das várias vertentes das modificações, importa ter em conta, a este propósito, que a elaboração, aprovação e execução do PPI e do orçamento devem processar-se salvaguardando sempre a estreita articulação entre os montantes previstos em dotações do ano da coluna definida no PPI e as dotações das correspondentes despesas do orçamento para o mesmo exercício.
44
Pode ser também o produto de taxas, tarifas resultantes da prestação de serviços pelo
município de rendimentos de bens próprios, móveis ou imóveis, por ele administrados, dados
em concessão ou cedidos para exploração, produto de multas e coimas fixadas por Lei de
regulamento ou posturas que caibam ao município, e produto da cobrança de encargos de
mais-valias destinadas por Lei ao município e, por fim, de outras contribuições especiais
(produto de empréstimos, incluindo o lançamento de obrigações municipais, produto de
heranças, legados, doações e outras liberalidades a favor do município, o produto de
alienação de bens próprios, móveis ou imóveis a participação nos lucros de sociedades e nos
resultados de outras entidades em que os municípios participem)89.
3.3.6 Atribuições e Competências das Autarquias
As atribuições das autarquias locais e a competência dos seus órgãos, estando
associadas à satisfação das necessidades das comunidades locais, dizem respeito,
nomeadamente, ao desenvolvimento socioeconómico, ao ordenamento do território, ao
abastecimento público, ao saneamento básico, à saúde, à educação, à cultura, ao ambiente e
ao desporto. Após o 25 de Abril de 1974, existem três documentos essenciais que
demonstram a evolução de atribuições e competência das autarquias. A Lei nº 79/77 de 25 de
Outubro, o Decreto-Lei nº 100/84 de 29 de Março e finalmente a Lei nº 159/99 de 14 de
Setembro. Com a Lei 79/77 de 25 de Outubro definem-se as Atribuições das Autarquias e
Competências dos respectivos Órgãos, a Câmara Municipal concentrava quase a totalidade
das competências, restando para o Presidente da Câmara, como competências próprias
algumas poucas que lhe permitiam apenas e só fazer uma gestão corrente muito limitada. O
artigo nº2 da referida Lei diz o seguinte: «é atribuição das autarquias locais tudo o que diz
respeito aos respectivos interesses tais como: a) De administração de bens próprios e sob sua
jurisdição; b) De fomento; c) De abastecimento público; d) De cultura e assistência; e) De
salubridade pública».90
89 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local....p.224-230. 90 Lei 79/77 de 25 de Outubro disponível para consulta na WWW: http://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/LEI_079_77.htm. [Consult. 2012-03-21]
45
O Decreto-Lei nº 100/84 de 29 de Março tem como objetivo rever a Lei n° 79/77, de
25 de Outubro, na sequência da autorização legislativa concedida ao Governo através da Lei
n.º 19/83, de 6 de Setembro, na óptica da efetiva consolidação e reforço de um poder local
verdadeiramente autónomo e forte, após processo de consulta às autarquias locais
O Decreto-Lei nº 100/84 de 29 de Março apresenta um elenco, de natureza
exemplificativa, das atribuições das autarquias locais relacionadas com os interesses próprios,
comuns e específicos das populações respectivas. Do ponto de vista ambiental destacam-se as
atribuições relacionadas com o desenvolvimento, abastecimento público, saneamento básico
e a defesa e proteção do meio ambiente e da qualidade de vida do agregado populacional.
Este Decreto-Lei inclui algumas alterações como, por exemplo, a redução do número de
membros dos órgãos, dentro dos limites, e do alargamento para quatro anos o período de
mandato eleitoral. Este novo Decreto-Lei procura aperfeiçoar as relações interorgânicas,
clarificando, designadamente, o âmbito dos poderes de fiscalização da assembleia
deliberativa sobre o executivo e da alteração, por aquela, das propostas que lhe sejam
apresentadas, de forma a evitar as situações de conflito. Reconhece-se igualmente a
competência da câmara municipal para a fixação de tarifas, seja dos serviços municipais, seja
dos municipalizados. Relativamente às atribuições são acrescentadas várias alíneas ao artigo
nº2 como:
e)À saúde; f)educação e ensino g)À cultura, tempos livres e desporto;
h) À defesa e proteção do meio ambiente e da qualidade de vida do respectivo agregado
populacional; i) À proteção civil. Verificamos assim que o leque de atribuições foi alargado a
várias áreas.
Para Maria José Castanheira, Neves a Lei nº 159/99 de 14 de Setembro, no que
respeita à definição de atribuições municipais o legislador poderia ter seguido um dos
seguintes critérios: um sistema da cláusula geral, sistema de enumeração taxativa ou ainda o
sistema misto. O legislador preferiu o sistema de enumeração taxativa, que consta na
enumeração pela Lei de todas as atribuições de uma forma taxativa e exaustiva. E este é então
o sistema que está em vigor quer para os municípios, quer para as freguesias91.
91 NEVES, Maria José L. Castanheira- Governo e Administração Local...2004.p27.
46
Esta Lei alarga ainda mais as atribuições dos municípios. O seu artigo 13º afirma que
as atribuições dos municípios passam a ser as seguintes; a) Equipamento rural e urbano; b)
Energia; c) Transportes e comunicações; d) Educação; e) Património, cultura e ciência; f)
Tempos livres e desporto; g) Saúde; h) Ação social i) Habitação; j) Proteção civil; l)
Ambiente e saneamento básico; m) Defesa do consumidor; n) Promoção do
desenvolvimento; o) Ordenamento do território e urbanismo; p) Polícia municipal; q)
Cooperação externa. No que respeita à cultura, de acordo com o artigo 20º, passam a ser
competências municipais o planeamento, a gestão e a realização de investimentos públicos
aos Centros de cultura, centros de ciência, bibliotecas, teatros e museus municipais e também
do património cultural, paisagístico e urbanístico do município. No que concerne aos Tempos
livres e desporto, o artigo nº 21 inclui como competência municipal e de investimento
público, os parques de campismo e as instalações e equipamentos para a prática desportiva e
recreativa, que tenham interesse municipal. Para Augusto Santos Silva estas competências
são ainda muito vagas e o seu interesse cultural está subordinado ao voluntarismo dos
autarcas92.
4-Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS)
Este trabalho de investigação tem como circunscrição a NUT III da Beira Interior Sul
e Pinhal Interior Sul. As Unidades Territoriais Estatísticas de Portugal determinam as sub-
regiões estatísticas em que se divide o território português, de acordo com os seguintes
documentos: Regulamento (CE) n.º1059/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho de 26
de Maio de 200393 o Decreto-Lei nº244/2002 de 5 de Novembro.94
Os níveis I, II e III da Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
(NUTS) são fixados do seguinte modo:
Nível I — constituído por três unidades, correspondentes ao território do continente e
de cada uma das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;
92 SILVA, Augusto Santos Como abordar as Políticas Culturais: Uma Hipótese de Roteiro. Sociologia, Problemas e Práticas. Nº54(2007),p.22. 93 Disponível na página : http://dre.pt/pdf1sdip/2002/11/255A00/71017103.pdf . [Consult. 2012-03-2012] 94 Disponível na página WWW: http://www.igeo.pt/produtos/cadastro/caop/download%5CDec_Lei_244_2002_2002_11_05.pdf. [Consult. 2012-03-2012]
47
Nível II — Constituído por sete unidades, das quais cinco no continente: Norte,
Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, R.A.A e R.A.M.
Nível III — Constituído por 30 unidades: Minho-Lima, Cávado, Grande Porto, Alto-
Trás-os-Montes, Douro, Ave, Tâmega, Entre Douro e Vouga, Baixo Vouga, Baixo Mondego,
Dão-Lafões, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Cova da Beira, Beira interior Sul, Pinhal
Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Pinhal Litoral, Oeste, Médio Tejo, Alto Alentejo, Alentejo
Central, Lezíria do Tejo, Grande Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo Litoral, Baixo
Alentejo, Algarve, R.A.A. e R.A.M.
48
Figura Nº 1- NUT I, II e II Fonte: http://joaovasconcelos115.blogspot.pt/2010/11/area-de-integracao-jorge-barbosa-12.html
49
Figura Nº 2- Municípios por NUT III Fonte: http://www.dgaa.pt/pdf/munnuts3.pdf
Municípios por NUTS III
Algarve
Baixo Alentejo
Alto Alentejo
Alentejo Central
Alto Tr· s-os-Montes
OesteLezÌria do Tejo
Douro
Alentejo Litoral
Ave
T‚ mega
D„o-Lafı es
Beira Interior Sul
Beira Interior Norte
Minho-Lima
MÈdio do Tejo
C· vado
Baixo Vouga
Baixo Mondego
Pinhal Litoral
Pinhal Interior Norte
Pinhal Interior Sul
Cova da Beira
Grande Lisboa
PenÌnsula de Set˙ bal
Grande Porto
Serra da Estrela
Entre Douro e Vouga
30
60
63
28
48
24 32
29
21
54
223
62
51
31
53
4
27
25
65
174
61
127
219
55
108
200
5257
123
194
113
64
20
67
3
114
9
145
81
66
5
71
102
173
35
139
209
74
249
118
120
274
70
69
126
47
33
2
175
128
250
131
49
214
130
206
167
56
109
7584
50
251
211
272
37
41
80
129267
46
6
44
82
40
239236
103
8
45
122
85
104
170
238
125
68
36
38
207
212
146
166136
259
18
13
255
269
19
258
257
246
107
117
183
111
42
83
26817
244
115
133
77
11
273
178
256
242
193
112
247
192
142
270
260
143
179
12
91
92
215
202
58
88
1
95
87
243
90
97
93 168
164
240
99
96
198
72
222
228
94
172
43
160
22
254
162
98
79
234
163
158
147
177
156
221
176
266
161
119
150
26
169
23
165208
230
196
15
89
187
7376
231
100
105
225
78
275
226
227
204
233
59
140
151
138
154
132
199
186
171
155
101
39
110
262
232
263
180
190
121
14
195
261
86
229
264
34
253
235
252
10
265
237
124
152
134
216
197
271
224
181
210
245
135
106
153
182
141
189
201
149
205144
191307
217
248
137
184
7
220
159
116
213
157 221218
241
306
261
1160 50 100 km
301
295 304300 305
297 303302
298296299
0 25 km
276
282
280
285284
287
277
279
278
290 292291289
294
293288
286
283
281
0 10 km 0 20 km
Regi„o AutÛnoma dos AÁores
Regi„o AutÛnoma da Madeira
0 25 km
50
4.1-Caracterização da NUT II da Zona Centro
A NUT II, denominada Região Centro, corresponde integralmente à delimitação
distrital de Coimbra, Castelo Branco e Leiria, a maior parte dos distritos de Viseu, Aveiro e
Guarda, e cerca de um terço do Distrito de Santarém. Esta NUT é limitada a norte pela NUT
Norte, a leste pela Espanha, a sul com a NUT Alentejo, a sudoeste pela NUT de Lisboa e
Vale do Tejo, e a oeste pelo Oceano Atlântico.
A região Centro é constituída por um território muito heterogéneo, revelando
características bastante desiguais em termos populacionais, sociais, culturais, económicos e
ambientais. Foi importante caracterizar esta zona através da contextualização de várias sub-
regiões. A Região Centro está definida de acordo com o Decreto-Lei nº244/2002 de 5 de
Novembro e é composta por 100 municípios, os quais estão agrupados em 12 sub-regiões
como poderemos visualizar na imagem em baixo. É de notar que a análise efetuada não
incorpora a alteração que foi feita pela Lei nº21/2010 de 23 de Agosto em que o município de
Mação passou a integrar a unidade territorial do Médio Tejo.
51
Figura Nº 3- NUT III da região Centro Fonte: https://www.ccdrc.pt/
A área de intervenção da Comissão de Coordenação e desenvolvimento Regional do Centro
CCDRC (excepto no que se relaciona com a aplicação de fundos estruturais) é apenas
composta por 77 municípios que se distribuem por 10 sub-regiões (NUTS III): Baixo
Mondego, Baixo Vouga, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Dão-Lafões,
Pinhal Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Pinhal Litoral e Serra da Estrela, de acordo com a
Lei nº21/2010, de 23 de Agosto.
A Região Centro é constituída por um território bastante heterogéneo, revelando características bastante díspares em termos populacionais, sociais, culturais, económicos e ambientais. Dada a diversidade da região, considerou-se importante caracterizá-la através da contextualização das várias sub-regiões no panorama da Região Centro e possibilitando, simultaneamente, a sua comparação. A Região Centro, definida de acordo com o Decreto-Lei n.º 244/200222 de 5 de Novembro, é composta por 100 municípios, os quais estão agrupados em 12 sub-regiões NUTS III: Baixo Mondego, Baixo Vouga, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Dão-Lafões, Médio Tejo, Oeste, Pinhal Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Pinhal Litoral e Serra da Estrela.
REGIÃO CENTRO: UM TERRITÓRIO DIVERSIFICADOUMA ANÁLISE POR NUTS III
[DINÂMICAS REGIONAIS NA REGIÃO CENTRO]
NUTS III da Região Centro
22 A análise efectuada não incorpora a alteração introduzida pela Lei n.º 21/2010, de 23 de Agosto em que o município de Mação passou a integrar a unidade territorial do Médio Tejo.23 Assim, por exemplo, no indicador “Proporção de casamentos católicos”, o valor da Região Centro era de 47,7% enquanto que no Serra da Estrela era de 54,9%. Isto significa que aquela NUTS III apresentava, em índice, um valor de 115 face à referência regional 100, ou seja, que se encontrava 15% acima da média da Região Centro.
52
Figura Nº 4- Os 77 municípios da Região Centro Fonte: https://www.ccdrc.pt/
53
A nível territorial a NUT II do Centro tem uma área de 28,405 km², que equivale a
31% do território continental. A sua população residente em 2009, era composta por
2 381,068 pessoas, correspondentes a 22,38% do total nacional. A população encontra-se
repartida pelos seguintes ciclos de vida: dos 0-14 anos 328 539 residentes, dos 15-24 anos
258,666 residentes, dos 25-64 anos 1 302,171 residentes, e com 65 ou mais anos, um total de
491,692. A densidade populacional situa-se, em 2009, nos 83,83 hab/km².
Ao nível do investimento em Cultura realizado pelos municípios, em 2008, a NUT II
da Região Centro apresenta uma despesa total de 190 111 000,00€, tendo por referência que
a despesa na NUT I Portugal Continental é de 824 743 000,00€. Em 2009 existiam na
Região Centro 114 recintos culturais para um total de 448 na NUT I de Portugal continental96.
4.2 - NUT III da Beira Interior Sul
4.2.1- Características da NUT III da Beira Interior Sul
A Beira Interior Sul é uma sub-região estatística portuguesa e faz parte da Região
Centro e do Distrito de Castelo Branco. É constituída pelos concelhos de Castelo Branco,
Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha do Rodão. Atualmente, Castelo Branco é a única
cidade desta sub-região. Limita a norte com a Cova da Beira e a Beira Interior Norte, a leste
com a Espanha, a sul com a Espanha e o Alto Alentejo e a oeste com o Pinhal Interior Sul.
Tem uma área de 3 748,2km², com uma população residente de 72,471, em 2009, e com uma
densidade populacional de 19,3 hab/km², o que equivale a 13,19% da NUT II da Zona
Centro. A população residente está distribuída por vários ciclos de vida: dos 0-14 anos 8 460
residentes, dos 15-24 anos 6 782 residentes, dos 25-64 anos 37 390 residentes, e com 65 anos
ou mais, 19 839 residentes.
No diz respeito a despesas em Cultura e Desporto realizados pelos municípios, em
2009, a NUTT III mostra uma despesa de 8.463.000,00 €.Este valor representa 4,2% das
despesas em Cultura e Desporto dos Municípios, tendo como referência a NUT II da Região
96 FERREIRA, Vítor Daniel Pires Autarquias e Cultura...p.52.
54
Centro, que, em 2009 mostrava uma despesa de 201.875.000,00 €. Representa ainda 0,9%
das despesas em Cultura e Desporto tendo como menção a NUT I Portugal Continental, onde
as despesas atingiram o valor de 959 954 000,00 €.
55
4.2.2 Características da NUT III do Pinhal Interior Sul
A Beira Interior Sul é uma sub-região estatística portuguesa e faz parte da Região
Centro. É constituída por quatro concelhos: Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei.
Atualmente o Pinhal Interior Sul não possui nenhuma cidade.
Esta sub-região é limitada a norte pelo Pinhal Interior Norte e pela Cova da Beira, a
leste pela Beira Interior Sul, a sul pelo Alto Alentejo e a oeste pelo Médio Tejo.
Tem uma área de 1 904.7km², com uma população residente de 40.106 mil habitantes
em 2009, com uma densidade populacional de 20.3 hab/km². A população residente está
distribuída por vários ciclos de vida: dos 0-14 anos 4.149,5 residentes, dos 15-24 anos 4.026
residentes, dos 25-64 anos 19.727,5 residentes, e com 65 anos ou mais, 12.203 residentes.
Ao nível das despesas em Cultura e Desporto98 realizadas pelos municípios, em 2009,
a NUT III do Pinhal Interior Sul exibe uma despesa total de 4.454 000,00€, o que representa
2,206 % das despesas em Cultura da NUT II da Região Centro que totalizavam
201.875.000,00€. Representa 0,4% das despesas em Cultura dos municípios tendo por base a
NUT I Portugal Continental onde as despesas foram de 959.954.000,00€.
5- Câmaras da Beira Interior Sul
5.1-Câmara Municipal de Penamacor
5.1.1- Caracterização do Concelho
Penamacor é um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região da
Beira Interior Sul, pertencente ao Distrito de Castelo Branco. É limitado a Norte pelo
concelho do Sabugal, a Sul pelo concelho de Idanha-a-Nova, a Oeste pelo do Fundão e a
Leste pela Estremadura espanhola. O concelho tem um total de 5 522 residentes, em 2009. A
98 Fonte: Instituto Nacional de Estatística
56
nível territorial este concelho possui uma área de 563,800 km² e uma densidade populacional
de 9,8 hab/km².
No que diz respeito à sua organização administrativa, este concelho é formado por
doze freguesias. São elas: Águas, Aldeia do Bispo, Aldeia de João Pires, Aranhas, Bemposta,
Benquerença, Meimoa, Meimão, Penamacor, Pedrógão, Salvador e Vale da Senhora da
Póvoa.
No plano político organizativo, a Câmara Municipal de Penamacor elege cinco
mandatos autárquico. Desde 2005 que o PS lidera a Câmara Municipal com maioria absoluta
de votos. Em 1997 o PS conquistou a Câmara Municipal com uma maioria absoluta de
62,76% e elegeu quatro mandatos, a coligação PPD/PSD.CDS-PP.MPT obteve 26,22%, e
elegeu apenas um mandato. Em 2001 uma lista independente liderada por Domingos Torrão,
obteve a vitória com 45,98% dos votos e elegeu três mandatos, o PS obteve 33,62% e elegeu
dois mandatos. Em 2005 e 2009 ganhou o PS com maioria absoluta de 56,45%, e elegeu três
mandatos, a coligação PPD/PSD.CDS-PP.MPT obteve 34,74% dos votos e elegeu dois
mandatos. Em 2009 ganhou mais uma vez o PS com maioria absoluta de 53,64% e elegeu
três mandatos, a coligação PPD/PSD.CDS-PP.MPT obteve 39,07% dos votos e elegeu dois
mandatos.!
5.1.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Não nos foi possível recolher todos os documentos necessários na Câmara de
Penamacor. No volume de anexos, na página 15, pode-se encontrar a justificação para a falta
de dados que a Câmara de Penamacor enviou.
Optou-se por realizar os gráficos com o Montante Previsto na Execução das GOP e
com o Montante Executado nas GOP.
57
Gráfico nº2– Evolução das Despesas por Rubrica e Ano – Orçamentado e Executado
Analisando a rubrica Cultura na sua orçamentação e execução, em comparação com a
rubrica do Desporto, verifica-se que o investimento nesta rubrica é baixo. Numa análise que
tenha por base o valor total executado nas três rubricas durante o período de 2003-2009,
podemos verificar o peso que a rubrica Cultura tem em relação às duas restantes, quando a
mesma apresenta 2.891.799,01€, por oposição a 3.704.128,30€ no Desporto 603.972,71€
no Turismo.
Com base nos dados verificamos, entre 2003 e 2001, um incremento na rubrica
turismo e na rubrica Desporto, e um decréscimo na rubrica da Cultura.
A rubrica do Desporto assume-se como uma prioridade para este município, na
medida que representa a maior execução no conjunto das três, apesar de em 2005, a rubrica
Cultura ter assumido um papel predominante a nível de execução comparativamente às
restantes rubricas.
O montante mais significativo, da rubrica de desporto, foi o de 1.025.205,08€ em
2004. Um dos grandes investimentos feitos nesse ano foram as Piscinas Cobertas
Municipais, no valor de 530.774,59 €, só este montante foi cerca de 51‰ do valor total
executado da rubrica do desporto.
58
Com base nesta análise, podemos deduzir que o município sobre-orçamentou a
rubrica do Desporto nos anos de 2004 e 2006. Em 2006 o município orçamentou
1.597.020,23€ e apenas executou 352.714,39€. Tais valores atestam que a taxa de execução
foi de 22,1%, a mais baixa no conjunto dos anos analisado.
Em relação à rubrica do Turismo, o valor mais alto das despesas executadas é
também, em 2004, de 271.833,82€. Este valor resultou de um investimento feito na área
Turismo Termal, mais precisamente, para as Termas de Penamacor. Foi também neste ano
que a taxa de execução foi a mais elevada, com o valor de 69,12%.
Gráfico nº3– Evolução do Orçamento/Execução na Rubrica Cultura
Analisando somente a evolução das despesas na rubrica da Cultura(cf. Gráfico 3),
verificou-se um decréscimo do investimento ao longo do conjunto de anos em análise. As
principais prioridades deste município, a nível cultural, foram o Salão Convívio, a Fábrica da
Igreja, o Património Histórico, a Reabilitação de Centros Históricos, o Museu Municipal o
Arquivo Municipal, o Teatro Clube de Penamacor, o Solar do Conde, os Núcleos Históricos a
Kulturlândia e as escavações arqueológicas.
O ponto mais alto do investimento em Cultura foi realizado, em 2003, tendo o valor
das despesas executadas atingindo os 969.450,90€.Um dos investimentos no âmbito da
cultura, foi o projeto de recuperação do edifício Solar do Conde99 que começou em 2002 e
99 Edifício com características arquitectónicas do séc. XVI.
59
terminou em 2005. Este edifício serviu como sede da Biblioteca de Penamacor, que foi
inaugurada em 2006.
Em 2003, a Câmara Municipal de Penamacor adquiriu o Solar de Marrocos100 por
138.8415,4€.Foi ainda deliberado atribuir um subsídio destinado à Fábrica da Igreja
Paroquial, no valor de 124.880,00€. No ano seguinte, o investimento maior foi para o Núcleo
Histórico de Penamacor no valor de 110.551,40€. Em 2004 e 2005, houve a intenção de criar
o Gabinete Técnico Local de Bemposta, como podemos averiguar analisando as GOP, mas
tal não veio a acontecer. A recuperação da Casa Espírito Santo101 foi também uma das
prioridades durante este ano. A câmara investiu 22.127,34€ na execução desta obra.
Em 2005, os investimentos na recuperação do edifício Solar do Conde representam
55,8% da verba executada na Cultura, constando de; Remodelação, Zona Envolvente,
Equipamentos, Mobiliário e Material de Cultura, Equipamento e Software informático. A
nível do Património Histórico e Religioso, a autarquia investiu na Beneficiação do Recinto de
S. Domingos e no Recinto da Sra. do Bom Sucesso, que fica situado na Freguesia de
Aranhas. Em 2006 o investimento mais elevado foi para o Núcleo Histórico de Penamacor,
no valor de 46.436,86. É importante referir que a autarquia investe constantemente, ao longo
destes anos, para este Núcleo.
Esta autarquia investiu menos em Cultura no ano de 2007 comparativamente com os
demais. O valor das despesas executadas foi de 82 967,51€. A concessão de subsídios e os
protocolos com Associações Culturais aparecem, pela primeira vez neste ano .
Em 2008, os investimentos de maior relevância, ocorreram nas Escavações
Arqueológicas. O valor da verba executada foi de 57.262,50€. Neste ano surgiu um novo
evento, a Kulturlândia. Nele tiveram lugar diversas atividades, que vão desde a mostra a feira
do livro e de artes, a concertos, teatro e espectáculos de dança. A autarquia investiu
24.950,83€ para a realização deste evento Cultural.
100 Casa rural construída em 1733 que apresenta características de arquitetura tardo-barroca. Foi adquirida para instalar um hospital, mas atualmente encontra-se desocupada. 101Relíquia arquitectónica do séc. XVI, cujo interior da igreja apresenta uma extraordinária decoração em talha dourada.
60
Em 2009 as três prioridades da autarquia, a nível cultural, foram; as escavações
arqueológicas, as Edições e Publicações e os Subsídios, apoios e protocolos com Associações
Culturais.
Calculando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, obtemos o valor de 45,61%. O montante de despesas orçamentadas em
Cultura no período é em média de 854.298,58€ para uma execução média de 413.114,14€
Após esta análise, e também através do site da Câmara Municipal de Penamacor,
podemos concluir que a política cultural do Município de Penamacor assenta em três pilares
fundamentais:
-Preservação e valorização do património natural, histórico, religioso e arqueológico;
-Preservação e valorização do património etnográfico;
-Promoção e difusão da leitura, das artes e dos valores culturais em geral e apoio a diversas
associações culturais.
Gráfico nº4– Despesas Orçamentadas/Executadas per capita
Ao relacionar as despesas da Cultura com a população residente (cf. Gráfico 4),
concluímos que o investimento per capita tem sofrido um decréscimo ao longo dos anos. A
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !343,19!€!! !184,15!€!! !190,01!€!! !116,61!€!! !40,50!€!! !47,23!€!! !65,69!€!!!153,75!€!! !103,62!€!! !129,15!€!! !23,43!€!! !14,35!€!! !49,41!€!! !26,15!€!!
61
autarquia apresenta a mais alta orçamentação e execução em 2003 com 343,19€ por
habitante e 153,75€ respetivamente.
Em relação à média de despesas orçamentadas e executadas por habitante, o valor
médio, de 2003 a 2009, de orçamentação, é de 141,05€ por habitante, e de 71,41€ no que
concerne à execução. É necessário ter em conta que, em relação aos restantes municípios da
Beira Interior Sul (Castelo Branco e Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão), o município de
Penamacor é o que apresenta menor população residente.
Gráfico nº5– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
Na estimativa geral, a rubrica da Cultura coloca-se abaixo dos 7,5%, com exceção do
ano de 2003 .O valor da Cultura, tendo em conta as GOP nunca excede os 12,91 % e ao nível
da execução das GOP o seu valor máximo é 11,24%. Podemos apurar que a execução maior
se situa no ano de 2003. Em 2005 e 2008 o valor executado na rubrica Cultura em relação
com o orçamento total é superior ao valor orçamentado para a Cultura em relação com a
execução, nos valores de 4,65% e 4,36% , respetivamente.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 12,91%! 6,57%! 5,05%! 2,90%! 1,74%! 1,47%! 1,88%!11,24%! 5,73%! 7,11%! 1,38%! 0,87%! 2,83%! 1,32%!
62
5.2-Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
5.2.1- Caracterização do Concelho
Idanha-a-Nova é um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região da
Beira Interior Sul, pertencente ao Distrito de Castelo Branco. O município é limitado a norte
pelo município de Penamacor, a leste e sul pela Espanha e a oeste por Castelo Branco e pelo
Fundão. Este município e o de Castelo Branco são os maiores de Portugal, com 1 416,3
km2.Idanha-a-Nova tinha um total de 9,952 residentes, em 2009, a sua densidade
populacional era de 7,0 hab/km².
No que diz respeito à sua organização administrativa, é composta por dezassete
freguesias: Alcafozes, Aldeia de Santa Margarida, Idanha-a-Nova, Idanha-a-Velha, Ladoeiro,
Medelim, Monfortinho, Monsanto, Oledo, Penha Garcia, Proença-a-Velha, Rosmaninhal,
Salvaterra do Extremo, São Miguel de Acha, Segura, Toulões e Zebreira.
A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova tem a nível político uma organização com
sete mandatos. Desde 2001 que o PS lidera a Câmara Municipal. Em 1997 o PP/PSD ganhou
com 44,88% dos votos e elegeu quatro mandatos, o PS obteve 42,39%, e elegeu três
mandatos. Em 2001 o PS ganhou a Câmara com 45.83%, dos votos e elegeu quatro
mandatos, o PP/PSD obteve 45,74%,e elegeu três mandatos. Em 2005 ganhou o PS, com
maioria absoluta de 53.10% de votos e elegeu quatro mandatos, o PP/PSD obteve 37,29,%dos
votos e elegeu três mandatos. Em 2009 ganhou, mais uma vez, o PS, com maioria absoluta de
58,50%,e elegeu quatro mandatos, o PP/PSD obteve 28.04% dos votos e elegeu dois
mandatos.
5.2.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Os principais investimentos da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova de 1998 a 2002
na área cultural visaram a valorização do património Cultural, material relacionado com as
aldeias históricas (Monsanto, Idanha-a-Velha e Penha Garcia). Os mais fortes investimentos
63
têm-se destinado a recuperar algumas destas mesmas aldeias. Outro dos investimentos feitos
pela autarquia na área da cultura concretizou-se na Casa da Cultura de Medelim102.
Em 1998 a Câmara investiu na Recuperação da Praça de Touros António Manzarra,
que pertence à Santa Casa da Misericórdia. Este investimento prolongou-se até 2001.
A autarquia também se preocupou com a animação nas Aldeias Históricas. Durante os
anos 1999, 2000 e 2001 foi realizada uma transferência corrente para este sector.
É de realçar também o investimento de cariz infraestrutural, que a autarquia realizou
durante 2000 a 2002 no Auditório exterior complementar ao Centro Cultural Raiano103 .
Gráfico nº6– Evolução das Despesas Orçamentadas; Cultura, Desporto e Turismo 1999-2002
O Turismo, como se pode ver pelo gráfico( cf. Gráfico 6), é a rubrica que menor
investimento apresenta, apesar de, em 1999 ter um valor igual ao da rubrica de desporto e
102 Doada pelos proprietários ao Município de Idanha-a-Nova e recuperada por esta edilidade. Aberta ao público durante o fim de semana e em mais alguns períodos, funciona com exposições de fotografias e outras 103 O arquiteto deste projeto foi Marçal Grilo. Este Centro Cultural tem um jardim interior que permite uma entrada de luz natural. Possui 2800 metros quadrados distribuídos por três salas de exposições (duas exposições permanentes “Olaria de Idanha” e a “Agricultura nos campos de Idanha” e uma pequena para exposições temporárias. Tem um moderno auditório com 260 lugares utilizados para espetáculos e também como sala de cinema. O espaço possui ainda um apartamento destinado a investigadores. (informações retiradas do site do município de Idanha-a-Nova; [Consult. 2012-08-05].Disponível na www: URL < http://www.cm-idanhanova.pt>.
64
tempos livres. Numa análise com base o valor total orçamentado nas três rubricas durante o
período de 1998-2002, podemos verificar a importância da rubrica Cultura, face às restantes
apresenta um montante de 9.137.012,04€,por oposição a 4.193.762,90€ no Desporto e
2.521.795,13€, no Turismo.
A rubrica Cultura assume-se como uma prioridade para este município, na medida em
que representa uma maior orçamentação no conjunto das três.
Gráfico nº7– Cultura em percentagem do
Orçamento Total Previsto
Se tivermos em conta o Orçamento total de despesas em Cultura previsto pela
autarquia, podemos observar por este gráfico tem uma curvatura descendente.
A maior representatividade alcançada pela Cultura ao introduzir a variável Orçamento
Total Previsto é de 20,19% em 1999. A mais baixa representatividade da rubrica é em 2002,
onde a mesma se coloca nos 3,34%.
1998 1999 2000 2001 2002 10,65%! 20,19%! 17,40%! 9,78%! 3,34%!
65
Gráfico nº8–Despesa Orçamentada per capita em cultura
Ao relacionar com a população residente concluímos, mais uma vez, que o
investimento per capita tem sofrido um decréscimo ao longo dos anos. O valor médio para o
período de 1998-2002, tendo por base a população residente, é de 156,758€.Sabendo-se que
o investimento per capita médio no município de Castelo Branco se situa nos 32,906€ e que
sua população é cinco vezes superior à população residente em Idanha-a-Nova, podemos
concluir que a autarquia de Idanha-a-Nova tem um investimento per capita em Cultura
elevado.
Em 2000 o valor gasto em Cultura, por habitante, alcança o montante mais elevado de
240,59€, mas nos anos seguintes o valor sofre uma grande decréscimo atingindo em 2002 os
45,44€ por habitante.
1998 1999 2000 2001 2002
107,98 € 238,94 € 240,59 € 150,84 € 45,44 €
66
Gráfico nº9– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
Numa análise que tenha por base o valor total executado nas três rubricas durante este
período de tempo, podemos verificar que a Cultura assume um papel predominante. A mesma
apresenta o montante 5.392.661,81€, cabendo ao Desporto 4.226.815,83€ e 3.680.455,74€,
ao Turismo.
Observando o gráfico (Cf. Gráfico nº9), verificamos que a rubrica do Desporto teve
um aumento muito significativo no ano de 2009. Este aumento deveu-se ao investimento na
Construção de um Complexo Desportivo no Ladoeiro104 , complexo este que teve um custo
total de 675.831,16€.O investimento maior, realizado em 2009, foi de 641.951,16€, e, em
2008, a verba despendida foi de 33.880.00€.O valor gasto com a rubrica Desporto, em 2009,
foi de 1.435.988,46 €. Este valor foi quase três vezes superior ao que se despendeu, por cada
ano ao longo deste período de tempo.
Em relação à Rubrica Turismo, o ponto mais elevado ocorreu no ano de 2006. Tendo
a autarquia investido 771.481,57 € nesta rubrica. Os dois investimentos mais significativos
desse ano na área do Turismo foram para a Beneficiação do Edifício para a Casa/Pousada da
Juventude Idanha-a-Nova, no valor de 276.742,78€ ,e para a Associação NaturTejo105, no
montante de 100.000€
104 Infraestrutura com piscina que permite complementar a atividade escolar e as múltiplas coletividades desportivas existentes. 105 Naturtejo é a entidade que promove o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, que integra os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. Da Raia à Beira
67
Gráfico nº10– Evolução do Orçamento/Execução, rubrica Cultura
Analisando somente a evolução das despesas na rubrica da Cultura (Cf. Gráfico nº9),
verifica-se uma curva ascendente, que correspondeu a um subida na orçamentação e
execução de 2004 a 2008, mas a partir de 2009 houve diminuição. O ponto mais alto de
investimento em Cultura foi o de 2008 e ascendeu a 1.105.128,88 €. Esse valor foi devido a
transferências de capital para associações culturais, no valor de 124.790,00 € e na
Requalificação do Núcleo histórico ( infraestruturas eléctricas, TV Cabo) ,que teve o valor de
262.401,57€
É importante salientar que a Câmara de Idanha-a-Nova realizou sistematicamente
transferências correntes para as Associações Culturais e colectividades, durante o período em
análise.
Em 2006 surge um investimento para o Projeto 3 Culturas. Tal projeto com a duração
de um ano, tem o propósito de reforçar o cooperação cultural entre três concelhos, através de
um circuito de programação comum. O Teatro Garcia de Resende em Évora, o Cineteatro
Marques Duque, em Mértola e o Centro Cultural em Idanha-a-Nova foram os espaços que
Interior, passando pelo Pinhal Interior até ao Alto Alentejo, este é um território de elevado potencial turístico e com inúmeros factores de atração. [Consult. 2012-08-05].Disponível na www: URL < WWW: http://www.naturtejo.com/>.
68
acolheram esta produção Cultural. A autarquia investiu 56.850,00€ nesse projeto. Também
foi neste ano que se comemoraram os 800 anos da Vila, sendo despendidos 41.360,00€ em
Promoção e divulgação, seminários, edições e prémios.
Em 2007, a Câmara investiu na Musealização do Pavilhão Epigráfico de Idanha-a-
Velha. Este projeto permitiu albergar uma parte da coleção epigráfica romana de Idanha-a-
Nova e possibilitou a transferência do acervo do edifício da catedral, contiguo, libertando o
seu interior para outros fins culturais.
Foi ainda neste ano que se comemoram os 750 anos de Penha Garcia. A autarquia
investiu 8.150,00€ na edição e promoção deste evento.
Em 2009 houve uma redução no investimento da rubrica da Cultura. Em 2008 o valor
de despesas executadas era de 1.105.128,88 € e em 2009 passou para 698.538,58€, ou seja
houve uma diminuição em relação a 2008 de 37% na verba investida em Cultura.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, obtemos o valor de 76,18%.O montante em média de despesas
orçamentadas em Cultura no período é de 1.052.011,58€ para uma execução média de
770.380,26€.
69
Gráfico nº11– Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 50,90 € 48,62 € 90,48 € 143,57 € 142,16 € 141,25 € 88,16 € 39,32 € 45,06 € 63,18 € 90,31 € 99,45 € 108,91 € 70,19 €
Ao relacionar com população residente concluímos que o investimento per capita tem
uma curvatura ascendente de 2004 a 2009 observando-se a mesma tendência nas despesas
executadas. A justificação que se encontra para uma descida de investimento per capita em
2009 deve-se ao facto de ter havido um corte significativo nas despesas executadas da
Cultura em 2009.
Em relação à média de despesas orçamentadas e executadas por habitante, o valor
médio de 2003 a 2009 de orçamentação é de 100,73€ por habitante, e 73,78€ no que
concerne à execução. É de realçar que este município é o segundo mais populoso da Beira
Interior Sul.
70
Gráfico nº12– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2,99%! 2,74%! 4,62%! 6,72%! 6,75%! 5,97%! 3,95%!2,87%! 3,02%! 4,04%! 5,86%! 5,71%! 5,96%! 3,72%!
Se centrarmos a análise no peso da rubrica Cultura ao nível da orçamentação e
execução (Cf. gráfico nº11), tendo como variáveis o orçamento e a execução anual do
município, averiguamos que a Cultura ao nível da sua previsão, tendo em conta as GOP
nunca ultrapassa os 6,76% e, ao nível da execução o seu valor máximo é 5,96%. Podemos
apurar que a maior execução se situa nos anos 2006 e 2008. Em 2004 o valor da execução é
levemente superior ao da orçamentação.
Em relação à média, o peso que a Rubrica da Cultura tem no orçamento total, no
conjunto dos anos em investigação, é de 4,81% no que diz respeito à orçamentação, e de
4,45% ao nível da execução.
71
5.3-Câmara Municipal de Castelo Branco
5.3.1- Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região da Beira Interior
Sul. O município encontra-se limitado a norte pelo município do Fundão, a leste por Idanha-
a-Nova e sul pela Espanha e a Sudoeste por Vila Velha do Ródão e oeste por Proença-a-Nova
e Oleiros. Este município é um dos maiores de Portugal, com 1 438,2 km2, tinha um total de
53,626 residentes em 2009 a sua densidade populacional era de 37,3 hab/km2.
No que diz respeito à sua organização administrativa, é formada por vinte e cinco
freguesias. São elas; Alcains, Almaceda, Benquerenças, Caféde, Castelo Branco, Cebolais de
Cima, Escalos de Baixo, Escalos de Cima, Freixial do Campo, Juncal do Campo, Lardosa,
Louriçal do Campo, Lousa, Malpica do Tejo, Mata, Monforte da Beira, Ninho do Açor,
Póvoa de Rio, Retaxo, Salgueiro do Campo, Santo André das Tojeiras, São Vicente da Beira,
Sarzedas, Sobral do Campo, Tinalhas
No seu plano político organizativo, a Câmara Municipal de Castelo Branco elege
nove mandatos. Desde 1997 que o PS lidera a Câmara Municipal, com maioria absoluta de
votos. Em 1997 o PS ganhou com 65,25% dos votos e elegeu sete mandatos, o PPD/PSD
obteve 22,88%e elegeu dois mandatos. Em 2001 o PS ganhou a Câmara com 70,70% dos
votos e elegeu seis mandatos, o PPD/PSD com 21,36% e elegeu um mandato. Em 2005
ganhou o PS com 68,67% de votos e elegeu seis mandatos, o PPD/PSD obteve 19,03% dos
votos e elegeu um mandato. Em 2009 ganhou mais uma vez o PS, com 69,90% dos votos e
elegeu oito mandatos, o PSD obteve 16,99% dos votos e elegeu um mandato106. Em 2001 e
2005 devido a uma diminuição da população, a autarquia decidiu reduzir o número de
mandatos para sete.
106 Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados do site http://www.marktest.com acedido no dia 7 de Junho de 2011
72
5.3.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Não nos foi possível recolher todos os documentos necessários na Câmara de Castelo
Branco. No volume de anexos na página 17, pode-se encontrar a justificação para a falta de
dados que a Câmara de Castelo Branco enviou.
A Câmara Municipal de Castelo Branco apresenta um número reduzido de inscrições
na rubrica Cultura. Os principais investimentos da Câmara Municipal de Castelo Branco de
1998 a 2002 na área cultural, foram destinados à recuperação e construção de infraestruturas
como a da Recuperação do Cineteatro Avenida, do Solar Ulisses Pardal em Alcains, edifício
Dr. Lopes Dias.
As despesas previstas na rubrica Cultura, em 1998, situaram-se nos 2 301 877,48 €,
sendo que a maior despesa inscrita era destinada à realização de obras no Cineteatro Avenida,
e teve um valor previsto de 1 246 994,74 €.
A recuperação do Cineteatro Avenida foi uma das prioridades culturais principais
desta Câmara. Todos os anos a autarquia inscreveu uma dotação para a recuperação do
Cineteatro, sendo o total do investimento previsto nesta obra de 5.333.473,08€. Outra das
prioridades desta autarquia foi a construção de um novo edifício para a sua Biblioteca
Municipal. De 1998 a 2000 , inscreveu-se nesta obra 997.595,79€.
A recuperação do Solar Ulisses Pardal107, em Alcains, também se viu contemplado no
plano de atividades desta autarquia, De 1998 a 2002 a Câmara inscreveu no seu plano de
atividades uma verba para este edifício, o montante de 629.519,16€.
O edifício Dr. Lopes Dias108 esteve sistematicamente inscrito no plano de atividades
desta autarquia, de 1998 a 2002, tendo sido inscrita no plano de atividades uma verba total de
429.398,95€, destinada à recuperação deste edifício.
107 O edifício foi recuperado e classificado como Imóvel de Interesse Público em 2002. O seu espólio é constituído por algumas peças do antigo museu de Alcains, dedicado aos canteiros, e retrata a arte de trabalhar a pedra e a transformação desta tradição numa indústria. 108Edifício da Escola Superior de Enfermagem de Castelo Branco
73
Gráfico nº13– Evolução das Despesas Orçamentadas; Cultura, Desporto e Turismo 1999-2002
O Turismo, (em 2002 esta rubrica passou a denominar-se Comércio e Turismo) como
se pode ver pelo gráfico, é a rubrica que menor investimento apresenta. Numa análise que
contenha o valor total orçamentado nas três rubricas durante o período de 1998-2002,
podemos verificar que a rubrica Cultura, apresenta o valor de 9.042.803,55 €, por oposição a
9.066.019,01€ no Desporto e 272.115,33 €, no Turismo. O desporto assume-se como uma
prioridade para este município. Enquanto, em 2002, a Cultura apresentou um total de
despesas previstas no valor de 962.946,00€, o Desporto apresentou um total de despesas
previstas no valor de 5.144.133,00€, ou seja, o valor previsto para a rubrica do Desporto foi
cinco vezes superior ao valor previsto para a rubrica da Cultura.
Gráfico nº14–Despesa Orçamentada per capita em cultura
Ao relacionar com a população residente concluímos, mais uma vez que o
investimento per capita tem sofrido um decréscimo ao longo dos anos. O valor médio para o
1998 1999 2000 2001 2002 !42,00!€!! !50,79!€!! !39,13!€!! !15,16!€!! !17,45!€!!
74
período de 1998-2002 tendo por base a população residente é de 32,906€. Comparando com
o município de Idanha-a-Nova, concluímos que este número é bastante reduzido. Visto que a
população residente de Castelo Branco é cinco vezes superior à de Idanha, e Idanha-a-Nova
apresenta um valor previsto mais elevado do que Castelo Branco na previsão das despesas no
âmbito da rubrica da Cultura.
Em 1999 o valor gasto em Cultura, por habitante, alcança o montante mais elevado de
50,79 €, mas nos anos seguintes o valor sofre uma grande decréscimo. Em 2001 atinge os
15,16€ por habitante.
Gráfico nº15– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
Entrando agora no período Pós-Pocal verificamos que a câmara continua a dar
prioridade à rubrica do Desporto. Numa análise com base no valor total executado nas três
rubricas durante o período de 2003-2009, podemos verificar que peso da rubrica Cultura, face
às restantes quando a mesma apresenta é de o 5.784.357 €, por oposição a 20.096.189,63 €
no Desporto e 14.016.109,78 € no Turismo.
Claramente verificamos que a rubrica da Cultura não se assume como uma prioridade
para este município, sendo a mesma a última dos três em análise. Com base nos dados
75
verificamos que entre 2003 a 2009 há um incremento na rubrica Turismo e um decréscimo
nas rubricas Cultura e Desporto.
A rubrica do Desporto apresenta a maior execução no conjunto das três e em todos os
anos o seu valor foi superior ao das restantes rubricas. O pico mais alto do investimento na
rubrica do Desporto foi realizado em 2004, com o valor de despesas executadas de
5.528.586,33€. Um dos grandes investimentos feitos nesse ano foi a primeira fase de
construção do espelho de água na Zona de Lazer de Castelo Branco e a verba executada foi
de 3.034.260,90€ .Só esta verba representou 54% valor total de despesas executadas de
2004.
Em relação à rubrica Turismo, o valor mais elevado das despesas executadas, foi em
2009,totalizando 4.472397,67€. Este valor resultou de investimentos realizados no Parque de
Estacionamento Subterrâneo anexo ao Mercado Coberto, no valor de 1.242.609,32€ no
Centro Tecnológico Agroalimentar de Castelo Branco, no valor de 1.954.761,52€.
Gráfico nº16– Evolução do Orçamento/Execução na Rubrica Cultura
Analisando somente a evolução das despesas na rubrica da Cultura (Cf. Gráfico nº14),
verificam-se algumas oscilações no conjunto de anos em análise.
76
A Câmara Municipal de Castelo Branco continua a apresentar um número reduzido de
inscrições de verbas na rubrica Cultura. As principais prioridades deste município a nível
cultural foram essencialmente a recuperação, a conservação, a construção e a requalificação
de edifícios tais como. O Cineteatro Avenida, o Solar Ulisses Pardal a Biblioteca Municipal,
o Edifício do Conservatório Regional, o Antigo Edifício dos CTT, o Centro de Cultura
Contemporânea, o Centro Cultural de Alcains. Também foram efectuadas algumas
transferências de capital para associações tais como a Associação Belgais, a Escola
Dramática musical e a Escola 1º Ciclo da Mata.
Em 2003 a Câmara de Castelo Branco realizou três transferências para a CITI/UNL109
para vários projetos como: o HiperVideo-Castelo Branco Digital, o projeto Belgais - Castelo
Branco Digital; o Projeto Gil Vicente- Castelo Branco Digital.
A autarquia inscreveu em sede de GOP, em 2003 um montante destinado ao Centro
Tecnológico de Castelo Branco e outro à Construção de Centro de Cultura Contemporânea,
mas tal não se realizou. A Câmara continuou a apostar na recuperação do Cineteatro Avenida
e do Solar Ulisses Pardal. Só a partir em 2005 é que abdicaram dos investimentos nestas duas
infraestruturas.
No ano de 2005, começou a notar-se de novo uma preocupação do município para
com a Biblioteca Municipal de Castelo Branco. Foi transferido um montante para a Polis
Castelo Branco com vista à construção da Biblioteca, no valor de 2.091.000,00€ e no ano
seguinte foram transferidos 607.655,31 € para o mesmo projeto. A autarquia inscreveu em
sede de GOP montantes destinados ao projeto para o Museu Académico, à construção do
Centro de Cultura Contemporânea e para a recuperação do Antigo edifício dos CTT, mas
mais uma vez não se concretizou na execução das GOP. A recuperação do Antigo edifício
dos CTT só foi concretizada no ano seguinte e prolongou-se até 2009.
Em 2007, surge um novo investimento destinado à Requalificação do Edifício do
Conservatório Regional, no valor de 148.080,75€. Este investimento prolongou-se no ano
seguinte. O valor total, que a autarquia despendeu para a requalificação deste edifico foi de
1.101.026,54€.
109 Centro de investigação de tecnologias interativas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
77
A inscrição de uma verba destinada à Requalificação do antigo Quartel da GNR
aparece pela primeira vez em 2009, esta verba tinha uma dotação inicial de 750.000,00€
mas não chegou a ser realizada.
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Realizando a média das taxas de execução da rubrica Cultura no conjunto dos anos
em análise obtemos o valor de 45,98%. O montante, em média, de despesas orçamentadas em
Cultura de 2003 a 2009 é de 2.002.436,14€ para uma execução média de 826.336,85€
Gráfico nº17– Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
Ao relacionar com a população residente concluímos que o investimento per capita
tem algumas oscilações. A autarquia apresenta a mais alta orçamentação no ano de 2006 de
56,51€, sendo a maior execução a ser realizada em 2003 com 23,86€ por habitante. Em
relação à média de despesas orçamentadas e executadas por habitante, o valor médio, de 2003
a 2009, de orçamentação, é de 37,10€ por habitante, e de 15,15€ no que concerne à
execução. Tendo em conta que, dos quatro municípios que fazem parte da Beira Interior Sul,
Castelo Branco é o que tem um maior número de habitantes, as despesas executadas per
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !28,33!€!! !40,76!€!! !47,50!€!! !56,51!€!! !16,14!€!! !42,20!€!! !28,26!€!!
!23,86!€!! !4,91!€!! !19,62!€!! !20,73!€!! !10,62!€!! !19,32!€!! !7,00!€!!
78
capita apresentam o valor mais baixo que os restantes dois municípios, Idanha-a-Nova
apresenta o valor de 73,78€ e Penamacor de 71,41€.
Gráfico nº18– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
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Se centrarmos a análise no peso da rubrica Cultura ao nível da orçamentação e
execução, tendo por variáveis o orçamento e a execução anual do município, averiguamos
que a Cultura ao nível da sua previsão tendo em conta as GOP nunca ascende 5,19% e ao
nível da execução o seu valor máximo é 3,53%. Podemos apurar que a execução maior se
situa nos anos 1998 e 2005. Em 2007 o valor da execução é levemente superior ao da
orçamentação.
A média da Cultura, na sua orçamentação e execução face ao orçamento e à execução
do orçamento, no conjunto dos anos em investigação, é de 3,26% no que diz respeito à
orçamentação, ao nível da execução é de 2,07%.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2,81%! 3,85%! 4,30%! 5,19%! 1,33%! 3,04%! 2,29%!3,53%! 0,70%! 3,05%! 3,16%! 1,52%! 1,68%! 0,82%!
79
5.4- Câmara Municipal Vila Velha de Rodão
5.4.1- Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região da Beira Interior
Sul. O município é limitado a norte pelo município da Sertã, limitado a norte e a leste pelo
município de Castelo Branco, a sueste pela Espanha, a sul por Nisa e a oeste por Mação e
Proença-a-Nova.
Este município tinha 329,9 km2, e um total de 3.371 residentes em 2009 a sua
densidade populacional era de 10,2 hab/km2
No que diz respeito á sua organização administrativa, é formada por quatro
freguesias, são elas; Fratel, Perais, Sarnadas de Ródão, Vila Velha de Rodão.
A Câmara Municipal de Vila Velha do Rodão tem no plano político uma organização
com 5 mandatos. Desde 2001 que o PS lidera a Câmara Municipal. Em 1997 o PPD/PSD
ganhou com 46,44 % dos votos e elegeu três mandatos, o PS obteve 45,05% e elegeu dois
mandatos. Em 2001 o PS ganha a Câmara com 58,54% dos votos e elegeu três mandatos, o
PPD/PSD obteve 35,13%, e elegeu dois mandatos. Em 2005 o PS ganha com maioria
absoluta de votos com 56,95%, de votos e elegeu três mandatos, o PPD/PSD obteve
34,37%,dos votos e elegeu dois mandatos. Em 2009 o PS obteve ganhou com 61,02% e
elegeu três mandatos, o PPD/PSD obteve 31,99 % dos votos e elegeu dois mandatos.110
5.4.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Não nos foi possível recolher todos os documentos necessários na Câmara de
Penamacor. No volume de anexos na página 18, pode-se encontrar, a justificação para a falta
de dados que a Câmara de Vila Velha de Ródão enviou.
110 Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados s do site http://www.marktest.com acedido no dia 17 de Junho de 2011
80
Gráfico nº19– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
Analisando a rubrica da Cultura na sua orçamentação e execução, em comparação
com as restantes rubricas, numa análise que tenha por base o valor total executado nas três
rubricas durante este período de tempo, podemos verificar o peso da Cultura em comparação
com as restantes rubricas quando a mesma apresenta o montante 4.954.084,62€, contra
726.415,75€ no Desporto e 692.577,07€, no Turismo. Claramente por estes valores
concluímos que a Cultura foi uma das prioridades desta autarquia.
Observando o gráfico (Cf. gráfico nº17), verificamos que a rubrica Desporto teve um
aumento significativo no ano de 2009. Este aumento foi devido ao investimento para as
Instalações Desportivas e recreativas de 379.058,29€. Só este valor representou 89,05% do
total de despesas na rubrica do desporto e tempos livres nesse ano.
Em relação à rubrica Turismo, o valor mais alto das despesas executadas é em 2005
de 470.780,80€. Este valor resultou de um investimento feito na área Turismo Termal, mais
precisamente, para a Recuperação complexo Turístico111, no valor de 205.300,73€. Só este
valor representou 44,96% do total de despesas na rubrica do Turismo em 2005.
111 O complexo Turístico Portas de Ródão é o ponto de partida para visitar todo o território do Geopark, das aldeias históricas de Castelo Novo, Idanha-a-Velha, Monsanto e Penha Garcia ou até mesmo o Norte Alentejano com as suas vilas Nisa, Castelo de Vide ou Marvão.
81
Gráfico nº20– Evolução do Orçamento/Execução na Rubrica Cultura
Se observamos o gráfico (Cf. Gráfico nº18) tendo em conta apenas a análise das
despesas orçamentadas e executadas da rubrica Cultura. O ponto mais alto de investimento
em Cultura foi o de 2007, o valor das despesas montou a 1.567.623,13€. Em 2005 o valor
ascendeu os 1.525.840,89€.
Se analisarmos os investimentos inscritos no Grandes Opções de Plano ao longo
período, a nível cultural as prioridades da autarquia são; Biblioteca Municipal, Casa de Artes
e Cultura do Tejo, Fundação Manuel Cargaleiro Polo 3, Centro Interpretativo de Arte
Rupestre. CNARTE, Festas tradicionais populares, Museu de azeite em Sarnadas,
Valorização do Castelo/Capela, CACTEJO- casa de artes e cultura do Tejo.
A preocupação com a Biblioteca surge como uma das principais prioridades para este
município. De 2003 a 2009 a autarquia inscreveu sistematicamente nas GOP um valor
destinado para a Biblioteca, o valor total desta verba é de 1.533.136,28 €, tendo em conta
que o valor total executado com Cultura ao longo do período em análise, foi de 4 954 084,62
€ 30,95% deste valor foi para a Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão.
82
A Casa de Artes e Cultura do Tejo112, tem um papel determinante para esta autarquia,
todos os anos a autarquia inscreve em sede de GOP uma verba para este centro Cultural no
valor total de 2.046.670,47 €, tendo em conta que o valor total executado com Cultura ao
longo do período em análise, foi de 4.954.084,62 €, 41,31% deste valor foi para a Casa de
Artes e Cultura do Tejo.
A partir de 2005, o Polo 3 da Fundação Manuel Cargaleiro 113 e o Centro
Interpretativo de Arte Rupestre114(CIARTE) começam a beneficiar dos apoios dados pela
Câmara no âmbito cultural. O valor das despesas executadas, para o CIARTE e para o Polo 3
da Fundação Manuel Cargaleiro de 2005 a 2009 foi de 94 734,93 €.
Ao longo deste período, também é de realçar a importância do tecido associativo, pois
esta autarquia realizou anualmente uma transferência para associações no âmbito da Cultura,
o valor total para o período em análise destas transferências foi de 160.420,80€, o que
corresponde a 3% do valor total gasto em Cultura de 2003 a 2009.
A partir de 2006, a autarquia realizou frequentemente duas transferências: uma para o
Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento115 (CMCD) e outra para a Sociedade
Filarmónica de Educação e Beneficência Fratelense ( SFEBF).
As festas populares também estão inscritas em sede de GOP, podemos aqui dar
exemplos de algumas dessas festas Populares: Festa de Nossa Senhora da Piedade – Alvaiade
(2ª Fim-de-semana de Maio) Festa de Nossa Senhora da Conceição – Foz do Cobrão (2ª Fim-
de-semana de Agosto) Festa de Santo António – Serrasqueira (2ª Fim-de-semana de Julho);
Festa do Cristo Rei – Tostão (2ª Fim-de-semana de Agosto) Festa de Nossa Sr.ª do Castelo –
Vilas Ruivas (15 e 16 de Agosto) Festa de Nossa Sr.ª da Alagada – Vila Velha de Ródão (4º
112 Este espaço é constituído por um auditório com capacidade para 218 pessoas, uma sala polivalente com capacidade para 300 pessoas e por uma sala destinada a exposições. O complexo cultural formado pela Casa de Artes e Cultura do Tejo e pela Biblioteca Municipal de Vila Velha de Rodão . 113 A Fundação Manuel Cargaleiro gere este conjunto de obras, de forma a cedê-las de acordo com os protocolos feitos com as câmaras municipais (Lisboa, Castelo Branco, Seixal, Vila Velha de Ródão) para a criação dos museus nestas cidades. 114 Neste Centro Interpretativo existem cerca de 20 mil gravuras rupestres das primeiras sociedades agrárias. 115 Albergou a Biblioteca Municipal até 01/12/2010
83
Fim-de-semana de Agosto). As despesas com as festas tradicionais populares de 2003 a 2009
tiveram o valor de 85.329,44€.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, a taxa média de execução das despesas é de 49,88%. O montante médio
de despesas orçamentadas em Cultura no período é de 1.330.564,29€ para uma execução de
707.726,37€.
Gráfico nº21- Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !161,70!€!! !467,98!€!! !590,66!€!! !450,18!€!! !514,01!€!! !245,57!€!! !125,81!€!!!70,69!€!! !152,50!€!! !411,50!€!! !73,03!€!! !443,58!€!! !141,47!€!! !75,79!€!!
!Ao relacionar a população residente, observamos que as despesas previstas têm
tendência a descer. Em relação à média de despesas orçamentadas e executadas por habitante,
o valor médio de 2003 a 2009 de orçamentação é de 365,13€ por habitante, e no que diz
respeito à execução de 195,51€.
Comparando com os outros municípios em análise, Vila Velha de Ródão tem valor
médio de despesas executadas per capita mais elevado, em termos de população Vila Velha
de Ródão é o segundo município com menor população residente estimada.
84
6- Câmaras do Pinhal Interior Sul
6.1- Câmara Municipal de Oleiros
6.1.1 Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região do Pinhal Interior
sul. O município é limitado a norte pelo município do Fundão, a leste por Castelo Branco e
sul por Proença-a-Nova a Sudoeste pela Sertã e a noroeste por Pampilhosa da Serra. Este
município tinha 471,1 km2 e um total de 5.512 residentes em 2009; a sua densidade
populacional era de 11, 7 hab/km2.
No que diz respeito à sua organização administrativa, é formada por doze freguesias,
são elas, Álvaro, Amieira, Cambas, Estreito, Isna, Madeirã, Mosteiro, Oleiros, Orvalho,
Sarnadas de São Simão, Sobral e Vilar Barroco.
A Câmara Municipal de Oleiros tem no plano político uma organização com cinco
mandatos. Desde 1997 que o PPD/PSD lidera a Câmara Municipal com maioria absoluta. Em
1997 o PPD/PSD ganhou com 71.91% dos votos e elegeu quatro mandatos, o PS obteve
20.89% e elegeu apenas um mandato. Em 2001 o PPD/PSD ganha a Câmara com 64.61% dos
votos e elegeu quatro mandatos, o PS 25.82 %e elegeu um mandato. Em 2005 ganhou o
PPD/PSD com 74.48% de votos e elegeu quatro mandatos, o PS obteve 41.54 %dos votos e
elegeu cinco mandatos. Em 2009 ganhou mais uma vez o PPD/PSD com maioria absoluta de
75.16 % e elegeu quatro mandatos, o PS obteve 18.04 % dos votos e elegeu um mandato116.
6.1.2 Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Não nos foi possível recolher todos os documentos necessários na Câmara de Oleiros.
No volume de anexos na página 16, pode-se encontrar, a justificação para a falta de dados
que a Câmara de Oleiros enviou.
116 Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados s do site http://www.marktest.com acedido no dia 17 de Junho de 2011
85
Gráfico nº22– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
Em comparação com as outras rubricas a rubrica Desporto tem assumido um papel
predominante na maioria dos anos, apesar de ter tendência descendente. Observando o
gráfico de execução, a Cultura é a rubrica com valores mais baixos.
Relativamente à rubrica do desporto, podemos confirmar que o valor mais elevado de
despesas executadas foi em 2005, as despesas executadas atingiram o valor de 1.588.557,66
€. Neste ano foram investidos 1.123.412,43 nas Piscinas Municipais, o montante investido
correspondeu a 70% do montante total executado desta rubrica.
Pelo gráfico analisado, em relação ao turismo, estamos perante uma tendência
ascendente, sendo que o pico mais alto de execução é em 2009. Este valor elevado de
execução deve-se às obras de construção na Estalagem de Santa Margarida. Em 2008 o
município investiu 510.323,71€ para a construção desta mesma Estalagem e no ano
seguinte, investiu mais 8.617.69,46€. Esta obra foi orçamentada no total em três milhões de
euros.
86
É relevante referir que Oleiros integra o GeoPark NaturTejo117, que é conhecido pelo
seu património religioso com diversas igrejas classificadas. Este município tem uma aldeia,
(Álvaro), que pertence à rede de Aldeias do Xisto118, e iniciou o processo de candidatura da
Isna de Oleiros à mesma rede. Como tal durante estes anos a autarquia investiu anualmente
na recuperação destas aldeias.
Numa análise que tenha por base o valor total executado nas três rubricas durante o
período de 2003-2009, podemos verificar o peso da rubrica Cultura, para com as restantes
quando a mesma apresenta o 494.635,61€ €, por oposição a 5.509.984,42€ no Desporto e
2.672.900,26 €, no Turismo.
A rubrica do Desporto assumiu-se como uma prioridade para este município, na
medida que representa maior execução no conjunto das três, em todos os anos o seu valor foi
superior ao das restantes rubricas.
!
117 Naturtejo é a entidade que promove o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, que integrada os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. Da Raia à Beira Interior, passando pelo Pinhal Interior até ao Alto Alentejo, este é um território de elevado potencial turístico e com inúmeros factores de atração. [Consult. 2012-08-05].Disponível na www: URL < WWW: http://www.naturtejo.com/>. 118 São 27 as aldeias que pertencem a esta rede, distribuídas pela Zona Centro. As Aldeias do Xisto destacam-se na sua produção gastronómica, artesanal, alojamento e animação cultural. Para mais informações consultar a <WWW:http://www.aldeiasdoxisto.pt/>. [Consult. 2012-08-05].
87
Gráfico nº23- Evolução do Orçamento/Execução, rubrica Cultura
Analisando a evolução das despesas na rubrica da cultura, verificou-se que Câmara
pouco ou nada investe neste sector. Os únicos investimentos que foram executados pela
câmara foram realizados em 2003, 2004 e 2009.
Em 2003 o município investiu na recuperação dos antigos paços do Concelho119, foi
único investimento a ser executado. O valor da verba executada foi de 311.948,61€. No ano
seguinte foi realizado a festa e feira do Concelho120. Nesta análise é preciso reter que a
despesa com a Feira do Concelho que estava inscrita na rubrica de cultura até determinada
119 Situado na Praça Velha, a Domus Municipalis, antigo edifício do século XVI, apresenta na fachada uma esfera armilar, as armas de D. Manuel, bem como uma lápide datada de 1646 que evoca o facto de D. João IV ter entregue a proteção do reino à Imaculada Conceição. Atualmente, encontra-se aqui instalada a Biblioteca Municipal Dr. Jaime Lopes Dias. 120 A Feira do Pinhal é uma feira temática que se realiza todos os anos na vila de Oleiros. Tendo começado por ser uma feira de artesanato local, depressa se tornou numa feira de atividades económicas, Tem vindo a realizar-se anualmente, embora no ano 2003 tivesse sido cancelado, devido ao enorme incêndio que assolou a região. Os visitantes desta feira poderão ficar a conhecer não só os recursos naturais, culturais e económicos da região, como também desfrutar dos Sabores do Pinhal, tais como o cabrito estonado, o maranho, os peixinhos do rio, o bolo de mel, a aguardente de medronho e o vinho Callum. Para mais informações consultar WWW:http://feiradopinhal.cm-oleiros.pt/
88
data é inscrita a partir de 2005 na rubrica de Desporto. O valor da rubrica Cultura seria
superior, se o município não tivesse inscrito a Feira do Pinhal na rubrica desporto.
O município ao longo de todos os anos, concedeu verbas destinada ao Centro Cultural
de Oleiros , verbas para construir uma sede para a Filarmónica Oleirense e para o Pavilhão
Multiusos, estas verbas estas que não chegaram a ser executadas. Possivelmente o montante
orçamentado foi transferido para outras rubricas. Em 2009, foi previsto um verba para o
Museu da Montanha121,mas essa verba não foi executada, apenas foi executado um montante
para o projeto de construção da Sede da Filarmónica Oleirense no valor de 29.400,00€.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, a taxa média de execução das despesas é de 23,72%. O montante médio
de despesas orçamentadas em Cultura no período é de 173.928,57€ para uma execução de
70.666,23€.
Gráfico nº24- Despesas Orçamentadas/Executadas per capita em Cultura
121 Geologia, património natural e histórico são os vectores a abordar no Museu da Montanha que .O espaço servirá ainda de homenagem ao padre António de Andrade, natural do concelho, que foi o primeiro português a chegar ao Tibete.
89
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !67,29!€!! !28,57!€!! !5,74!€!! !10,02!€!! !6,81!€!! !19,55!€!! !64,43!€!!!48,82!€!! !24,58!€!! !/!!!€!! !/!!!€!! !/!!!€!! !/!!!€!! !5,33!€!!
Ao relacionar com a população residente concluímos, que investimento per capita
sofreu um decréscimo ao longo dos anos. Em 2003 o valor despendido em cultura por
habitante, ascende os 48,82€, mas nos anos seguintes o valor desce e chega a ser mesmo nulo
nos anos 2005,2006,2007 e 2008.
Em relação à média de despesas orçamentadas e executadas por habitante, o valor
médio de orçamentação, é de 28,92€ por habitante, e no que diz respeito à execução é de
11,25€.
Gráfico nº25- Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual
Analisando, o peso que a Cultura tem em relação à orçamentação e execução total.
Averiguamos que a Cultura ao nível da sua previsão tendo em conta as GOP orçamentadas
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 5,93%! 1,99%! 0,28%! 0,43%! 0,31%! 0,82%! 2,86%!5,12%! 1,77%! 0,00%! 0,00%! 0,00%! 0,00%! 0,27%!
90
não ascende os 5,93%, e a nível de execução das GOP o seu valor máximo é de 5,12%.
Podemos apurar que a execução maior se situa no ano de 2003. De maneira a compreender
melhor o peso que a cultura tem no orçamento total ao longo deste conjunto de anos foi
realizada a média, no que diz respeito à orçamentação o valor é de 1,80%, ao nível da
execução é de 1,02%. Ficou claro que a rubrica Cultura tem uma fraca expressão neste
concelho e atinge níveis inexpressivos de 0,27% em 2009 ou até nulos. Desta forma podemos
concluir que a Cultura não é uma vista como uma prioridade na prossecução do conjunto de
atribuições e competências no município de Oleiros.
Será necessário efetuar uma análise ao conjunto das GOP e da execução GOP, para
perceber estes baixos níveis de investimento no sector cultural. Não se consegue
compreender que os projetos de criação de infraestruturas culturais referidos anteriormente
nos apareçam nas dotações iniciais das GOP estejam tão distanciados da realidade, como o
caso do Centro Cultural de Oleiros e o Museu da Montanha.
6.2- Câmara Municipal de Proença-a-Nova
6.2.1 Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região do Pinhal Interior
sul. O município é limitado a nordeste pelo município de Castelo Branco, a leste pelo de Vila
Velha de Rodão a sudoeste pelo de Mação e a noroeste pelo da Sertã. Este município tem
395,4 km2, e um total de 8.710 residentes em 2009, a sua densidade populacional é de 22,0
hab/km2
No que diz respeito à sua organização administrativa, é formada por seis freguesias
são elas: Alvito da Beira, Montes da Senhora, Peral, Proença-a-Nova, São Pedro do Esteval,
Sobreira Formosa
A Câmara Municipal de Proença-a-Nova tem no plano político uma organização com
cinco mandatos. Desde 2005 que o PS lidera a Câmara Municipal com maioria absoluta. Em
1997 o PPD/PSD ganhou com 44,87 % dos votos e elegeu três mandatos, o PS obteve 43,95
%e elegeu dois mandatos. Em 2001 o PPD/PSD ganha a Câmara Municipal com 50.49% dos
91
votos e elegeu três mandatos, o PS 28,29 % elegeu um mandato e o CDS-PP com 14.85%
elege igualmente um mandato. Em 2005 ganhou o PS com maioria absoluta de votos com
58,17% de votos e elegeu três mandatos, o PPD/PSD obteve 32,86 %dos votos e elegeu dois
mandatos. Em 2009 ganhou mais uma vez o PS com maioria absoluta de 76.56 % e elegeu
quatro mandatos, o PPD/PSD obteve 18.14 % dos votos e elegeu um mandato122.
6.2.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Os principais investimentos da Câmara Municipal de Proença-a-Nova no âmbito
cultural ao longo destes anos são: Centro Ciência Viva, Auditório, Biblioteca, Promoção
Cultural e Preservação do Património. Como poderemos observar o investimento desta
autarquia em cultura tem uma tendência para aumentar, apesar de em 2002 ter sofrido uma
ligeira queda. Em 2001 as despesas previstas eram de 517 502,82€ e em 2002 a verba
atribuída para a cultura foi de 375 000 €. A verba concedida ao turismo na maioria dos anos
é inferior à verba atribuída para a Cultura.
Gráfico nº26– Evolução das Despesas Orçamentadas; Cultura, Desporto e Turismo 1999-2002
Em 2001 foi o ano em que a verba conferida à rubrica do Turismo foi de
2 .265.263,25 €, mas esta verba foi tão alta porque neste ano foi construída a Estalagem São
Bartolomeu-Casa Baptista Dinis teve um custo de 2.016.510,49€.
O Turismo, como se pode ver pelo gráfico, é a rubrica que menor investimento
apresenta. Numa análise que tenha por base o valor total orçamentado nas três rubricas 122 Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados s do site http://www.marktest.com acedido no dia 17 de Junho de 2011
92
durante o período de 1998-2002, podemos verificar a importância rubrica Cultura em relação
às restantes quando a mesma apresenta o 2.061.385,81€,por oposição a 2.361.334,40€ e
3.504.019,46 €, no Desporto e Turismo respetivamente.
Gráfico nº27– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual
Se tivermos em conta o Orçamento total de despesas previsto da Autarquia podemos
observar por este gráfico que o maior investimento foi realizado em 1999, tendo alcançado
um valor percentual de 7,01%. O investimento menor foi realizado no ano de 1998, com um
valor de 3,17% em relação ao orçamento total de despesas previsto.
Podemos chegar a conclusão que existe uma estagnação do investimento relativo à
Cultura neste espaço de tempo.
Gráfico nº28– Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
1998 1999 2000 2001 2002
3,17%! 7,01%! 5,18%! 4,85%! 4,22%!
93
Ao relacionar este valores com a população residente, concluímos que o valor
despendido por habitante é inconstante aumenta em 1999 e 2001 e decresce nos restantes
anos.de Em 1999 o valor gasto em cultura por habitante atinge o nível mais elevado de
57,90€ e o nível mínimo em 1998 de 23,57€.
Gráfico nº28– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
Em comparação com as outras rubricas, a cultura tem tido maior relevância na
maioria dos anos em análise. Tanto a rubrica do Turismo como a do Desporto apresentam
valores de execução superiores ao previsto, isto acontece porque a análise foi feita com base
no montante definido e não no previsto e neste caso específico a autarquia reforçou o valor da
verba definida .
Em comparação com as outras rubricas a cultura tem tido maior relevância na maioria
dos anos em análise. Observando o gráfico, verificamos que a rubrica do desporto tem um
aumento considerável no ano de 2005. A verba executada é de 709. 331,63€. Este aumento
deve-se a uma transferência, feita pelo município no valor de 400 000,00€ para apoio a
atividades diversas.
! ! ! ! !
1998 1999 2000 2001 2002 !23,57!€!! !57,90!€!! !39,46€!! !54,77!€!! !39,86!€!!
94
Em relação à Rubrica do Turismo, os valores são inferiores aos valores da Cultura, o
ponto mais alto é o de 2005 a autarquia gastou 519.915,90€ com esta rubrica. Este valor
deve-se a uma subscrição de capital social da empresa ProençaTur 123 no valor de
320.396,74€.
Numa análise que tenha por base o valor total executado nas três rubricas durante o
período de 2003-2009, podemos verificar o peso da rubrica Cultura, para com as restantes
quando a mesma apresenta o 4,397.808,67€ €, por oposição a 2.072.528,59€ no Desporto e
2.088.666,71 €, no Desporto e Turismo respetivamente. Ao contrário do que sucedeu em
1998-2002, a principal prioridade da autarquia ao longo deste período foi a Cultura e não o
Turismo.
Gráfico nº29– Evolução do Orçamento/Execução, rubrica Cultura
123 A Proençatur nasceu da necessidade de criar uma estrutura adequada para a exploração do Hotel das Amoras, que abriu ao público em 2003. Além desta unidade, tem a seu cargo a gestão da Cafetaria Municipal, a funcionar desde 2009 no Parque Urbano Comendador João Martins. Contribuir para a divulgação do património natural e cultural do Município, promover a animação turística e dinamizar a promoção de produtos locais e artesanais são algumas das atribuições desta empresa municipal. http://www.cm-proencanova.pt/Municipio/proencatur/142.
95
Analisando somente a evolução das despesas na rubrica da Cultura, verifica-se uma
quebra nos investimentos de 2003 para 2004 e a partir de 2006. O ponto mais alto de
investimento em Cultura foi o de 2003, o valor da rubrica Cultura foi 1.436.255,41€. Foi
neste ano que foi construído o Centro de Ciência Viva124.
Os custos com a construção do Centro de Ciência Viva foram de 1 306 941,00 €. É de
ter em conta que a Câmara ao longo de todos estes anos investiu neste mesmo Centro de
Ciência Viva em obras como, valorização do seu espaço exterior, mobiliário, equipamento,
livros e outros. Neste ano são também construídos os dois Polos da Biblioteca; O Polo
Biblioteca S. Pedro Esteval e o Polo Biblioteca Montes da Senhora.
Em 2004 o valor desce a pique, o valor da verba da execução das despesas é de
194 823,41€.
Ao longo destes anos uma das principais prioridades desta Câmara foi a Biblioteca,
Auditórios e outros edifícios. Analisando as grandes opções de plano identificamos que a
autarquia se preocupa na reparação, na aquisição de Software, reparação de equipamento
informático, aquisição e reparação de equipamento administrativo de ferramentas e livros.
Em 2005, a Câmara investe 297 818,54€ no Centro de Interpretação de Fortes125 e
Baterias. Este é um espaço de divulgação histórica e cultural ligado à temática das Guerras
Peninsulares e Invasões Francesas. Associado a este Centro está ainda um espaço etnográfico
e um Percurso Pedestre.
Em 2003, 2006 e 2008 a execução da rubrica Cultura é superior à sua orçamentação.
Isto sucedeu devido a reorçamentações. A câmara definiu um montante inicial, mas depois
aumentou esse montante, como podemos verificar no quadro abaixo.
124 Este centro é destinado à promoção da floresta e da sua importância enquanto fonte de conhecimento, promove diversas iniciativas interativas que incorporam a ciência e a cultura. Possui um laboratório e uma Mediateca. 125 Para mais informações sobre o Centro Interpretativo de fortes e baterias aceder ao Site <WWWW:http://www.naturtejo.com/ficheiros/conteudos/pdf/geoturismo/2.22.pdf>[Consult. 2012-08-05]
96
Orçamentado Montante Previsto Diferença Incremento em %
2003 1 028 500,00 €
2 003 000,00 €
+ 974 500,00 €
94%
2006 486 000,00 €
1 107 995,00 €
+621 995,00 €
127%
2008 251 700,00 €
503 450,00 €
+251 750,00 € 100%
A desigualdade do planeamento é visível, devido a reorçamentações. Assistimos a um
incremento das dotações iniciais de 94% em 2003, de 127% em 2006 e de 100% em 2008.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, a taxa média de execução das despesas é de 64,71%. O montante médio
de despesas orçamentadas em Cultura no período é de 903.671,43€ para uma execução de
628.258,38€.
97
Gráfico nº30– Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
Ao relacionar a população residente, observamos que as despesas previstas durante os
anos 2004 a 2005 têm tendência a subir. Em relação à média de despesas orçamentadas e
executadas por habitante, o valor médio de 2003 a 2009 de orçamentação é de 98,82€ por
habitante, e no que diz respeito à execução de 68,66€.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !110,19!€!! !127,33!€!! !249,18!€!! !53,61!€!! !90,56!€!! !28,44!€!! !32,43!€!!
!153,87!€!! !21,02!€!! !107,74!€!! !100,19!€!! !56,48!€!! !31,45!€!! !9,84!€!!
98
Gráfico nº31– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
Analisando o peso que a Cultura tem em percentagem do orçamento e orçamentação
e execução anual do município, averiguamos que a cultura ao nível da sua previsão, tendo em
conta as GOP nunca vai acima dos 8,93% e ao nível execução das GOP o seu valor máximo é
20,69%. Podemos apurar que a execução maior se situa no ano de 2003. Em 2003,2006 e
2008 valor da execução é superior ao da orçamentação.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica Cultura conjunto dos
anos em investigação está nos 8,24% no que diz respeito à orçamentação, ao nível da
execução está nos 6,52%.
6.3- Câmara Municipal da Sertã
6.3.1- Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região do Pinhal Interior
sul. O município faz fronteira com os Concelhos de Oleiros, Proença-a-Nova, Vila de Rei,
! ! ! ! ! ! !! ! ! ! ! ! !
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
10,76%! 12,27%! 20,69%! 4,53%! 5,87%! 2,01%! 1,57%!17,71%! 2,43%! 8,93%! 8,21%! 5,32%! 2,38%! 0,65%!
99
Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, Mação e Ferreira do Zêzere. Este município possuiu
uma área de 446,7 km2 e tinha um total de 15 512 residentes em 2009 a sua densidade
populacional era de 34,7 hab/km2
No que diz respeito á sua organização administrativa, é formada por catorze
freguesias, são elas: Cabeçudo, Carvalhal, Castelo, Cernache do Bonjardim, Cumeada, Ermida, Figueiredo, Marmeleiro, Nesperal, Palhais, Pedrógão Pequeno, Sertã, Troviscal e
Várzea dos Cavaleiros.
A Câmara Municipal da Sertã tem no plano político uma organização com sete
mandatos. Desde 2009 que o PPD/PSD lidera a Câmara Municipal. Em 1997 o PPD/PSD
ganhou com 56,36 % dos votos e elegeu cinco mandatos, o PS obteve 32,70% e elegeu dois
mandatos. Em 2001 o PS ganha a Câmara Municipal com 29,87% dos votos e elegeu três
mandatos, o PPD/PSD obteve 29,82 % elegeu dois mandatos e a lista independente obteve
29,60% elege igualmente dois mandatos. Em 2005 ganhou o PS com maioria absoluta de
votos com 51,73% de votos e elegeu quatro mandatos, o PPD/PSD obteve 37,81 %dos votos
e elegeu três mandatos. Em 2009 ganhou o PPD/PSD com maioria absoluta de votos com
50,91% elegeu cinco mandatos, o PS obteve 36,24 % dos votos e elegeu três mandatos126.
6.3.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados Os principais investimentos da Câmara Municipal da Sertã de 1998 a 2002 na área
Cultural são investimentos que visam a recuperação do património. Os fortes investimentos
têm sido feitos no sentido de recuperar infraestruturas entre eles destacam-se; o Castelo da
Sertã, Clube da Sertã e Cineteatro Tasso, Cineteatro Taborda, Club Bonjardim, Antigas
Oficinas e Matadouro
Em 1998, a autarquia para além de ter investido nas infraestruturas acima citadas,
investiu também em equipamentos Culturais como : Biblioteca Municipal na Casa de
Espetáculos e Cultura da Sertã, Atelier Thúlio Victorino e ainda na Implantação e arranjo do
Pelourinho em Pedrógão Grande, sendo que o investimento maior foi para a Biblioteca
Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados s do site http://www.marktest.com acedido no dia 17 de Junho de 2011
100
Municipal, a dotação prevista foi de 555.685,80€, o que representa 53% do investimento
total previsto para a Cultura em 1998. Nos anos seguintes a autarquia vai inscrever
sistematicamente, no seu plano de atividades uma verba destinada à Biblioteca Municipal.
Outro dos investimentos correntes é a Programação de Atividades Culturais, este
investimento está sempre presente no Plano de Atividades, com exceção do ano de 2002. De
1998 a 2002 a autarquia previu uma verba total de 299.278.74€, para a programação de
atividades Culturais.
É de realçar o investimento realizado em equipamentos culturais como a Casa de
Espetáculos e Cultura da Sertã . Este investimento surge todos os anos, durante o período em
análise a autarquia inscreveu em sede do plano de atividades, uma verba total de
995.101,80€, para a Casa de Espetáculos e Cultura da Sertã
Se analisarmos as atividades e investimentos inscritos no Plano de Atividades ao
longo dos anos, podemos concluir que não existe um número considerável de elementos a
serem introduzidos pelo municípios como prioridades. De ano para ano os elementos não
variam muito. Um dos eventos que surge também no Plano de Atividades é a Feira Florestal
em 2001, mas nos anos seguintes esta Feira Florestal foi incorporada na rubrica Desporto e
Tempos Livres.
É de realçar a preocupação do município para equipamentos Culturais, como a
Biblioteca e a Casa de Espetáculos e Cultura da Sertã.
Gráfico nº32– Evolução das Despesas Orçamentadas; Cultura, Desporto e Turismo 1999-2002
O Turismo, como se pode ver pelo gráfico, é a rubrica que menor investimento
apresenta, apesar de, em 1999 . Numa análise que tenha por base o valor total orçamentado
101
nas três rubricas durante o período de 1998-2002, podemos verificar o peso da rubrica
Cultura, para com as restantes quando a mesma apresenta o 3.684.955,56€, por oposição a
4.915.553,73€ e 1.191.637,17€, no Desporto e Turismo, respetivamente.
A rubrica Desporto e Tempos Livres assume-se como uma prioridade para este
município, na medida que representa uma maior orçamentação no conjunto das três.
Gráfico nº33– Cultura em percentagem do
Orçamento Total Previsto
Se tivermos em conta o Orçamento total de despesas em cultura previsto pela
autarquia, podemos observar por este gráfico tem uma curvatura descendente.
A maior representatividade alcançada pela Cultura ao introduzir a variável Orçamento
Total Previsto é de 7,71% em 1998. A mais baixa representatividade da rubrica é em 2002,
quando a mesma se coloca nos 1,69%.
1998 1999 2000 2001 2002 7,71%! 6,02%! 5,36%! 3,79%! 1,69%!
! ! ! ! !
102
Gráfico nº35–Despesa Orçamentada per capita em cultura
Ao relacionar com a população residente, concluímos mais uma vez que o
investimento per capita tem sofrido um decréscimo ao longo dos anos. O valor médio para o
período de 1998-2002 tendo por base a população residente é de 30 €. Em 1998 o valor gasto
em Cultura, por habitante, alcança o montante mais elevado de 61,54%
Gráfico nº37– Evolução das despesas Orçamentado/ Executado: Cultura, Desporto e Turismo 2003-2009
! ! ! ! !
1998 1999 2000 2001 2002 !61,54!€!! !59,34!€!! !49,11!€!! !37,31!€!! !2,70!€!!
103
Analisando a rubrica da Cultura na sua orçamentação e execução, em comparação
com as restantes rubricas, numa análise que tenha por base o valor total executado nas três
rubricas durante este período de tempo, podemos verificar o peso da Cultura em comparação
com as restantes rubricas quando a mesma apresenta o montante 41.969,98€, contra
2.781.369,11€ e 0€, no Desporto e Turismo, respetivamente. Claramente por estes valores
concluímos que o Desporto é uma das prioridades desta autarquia.
A rubrica Turismo, não se encontra em sede das GOP durante este período de tempo,
alguns dos investimentos que se realizavou na rubrica do Turismo, foram incorporados na
rubrica da Defesa do Meio Ambiente. Deste modo não se conseguiu realizar uma análise
individual desta Rubrica.
Observando o gráfico, verificamos que a rubrica do Desporto teve um aumento muito
significativo no ano de 2008. Este aumento foi devido ao investimento para as piscinas
Cobertas no valor de 1.698.631,12€. Este complexo teve um custo total de aproximadamente
2.400.000,00€. Em 2005 e 2006, analisando o gráfico, rapidamente concluímos que a
autarquia sobreorçamento esta rubrica ao longo destes anos.
Montante
Definido(inicial)
Montante
Previsto
Diferença entre
inicial e
previsto
Montante
Executado
2005 1.556.782,00€ 207.582,00€ -1.349.200,00€ 163.880,39€
2006 1.455.000,00€ 700.000,00€ -755.000,00€ 66.220,07€
Como podemos observar pelo quadro, a autarquia definiu um montante, mas
ocorreram reorçamentações e a verba orçamentada sofreu alterações, em relação ao valor
inicial.
104
Gráfico nº34– Evolução do Orçamento/Execução, rubrica Cultura
O ponto mais alto de investimento em Cultura foi o de 2008, o valor da rubrica
Cultura foi de 24.878,14€.
Esse valor deve-se a um investimento realizado nos parques infantis na freguesia
Carnalha. Este investimento está na Rubrica errada, pois deveria estar na rubrica de Desporto
e apareceu na rubrica Cultura.
Se analisarmos os investimentos inscritos no Grandes Opções de Plano ao longo
período, podemos concluir que não existe um número considerável de elementos a serem
introduzidos pelo municípios como prioridades. A nível cultural as prioridades são
praticamente as mesmas do período pré-Pocal: Biblioteca, Casa de Espetáculos e Cultura da
Sertã.
Durante este período , a autarquia inscreve nas GOP uma verba destinada à Biblioteca
Municipal, mas esta verba não chega a ser realizada.
A preocupação com a manutenção da casa da Cultura surge como uma nova
prioridade para este município. Em 2004, a autarquia começa a inscrever nas GOP uma
105
verba, cujo valor total foi de 13.044,00€. Em 2007 a autarquia tencionou investir no Campus
Floresta Interativa127 , inscreveu uma verba nas GOP, mas a sua execução foi nula.
Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica da Cultura no conjunto
dos anos em análise, a taxa média de execução das despesas é de 48,68%. O montante médio
de despesas orçamentadas em Cultura no período é de 155.000,00€ para uma execução de
5.995,71€.
Em comparação com os outros municípios este é o que apresenta a taxa média de
execução mais baixa, mesmo sendo o que tem maior número de habitantes, este município é
o que apresenta o montante médio de execução de Cultura mais baixo. Proença-a-Nova com
cerca de 8.710 habitantes apresenta um montante médio executado em Cultura no valor de
628.258,38€ e Sertã apenas 5.995,71€.
127 Este projeto conjugará a componente de interpretação e visualização no meio natural e real com uma componente de simulação virtual e associa uma vertente informativa e formativa a um objectivo de atratividade turística de âmbito regional. Projeto inserido no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN);
106
Gráfico nº35– Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
Gráfico nº34– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
Ao relacionar a população residente, observamos que as despesas previstas durante os
anos 2005 a 2006 têm tendência a subir. Em relação às despesas orçamentadas e executadas
por habitante, o valor médio de 2003 a 2009 de orçamentação é de 9,83€ por habitante, e no
que diz respeito à execução de 0,37€.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !2,46!€!! !3,70!€!! !0,93!€!! !3,44!€!! !26,20!€!! !15,96!€!! !16,12!€!!!1,53!€!! !0,20!€!! !0,14!€!! !0,04!€!! !0,43!€!! !0,01!€!! !0,26!€!!
107
Gráfico nº36– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,25%! 0,31%! 0,08%! 0,23%! 1,81%! 1,03%! 0,92%!0,26%! 0,03%! 0,02%! 0,01%! 0,05%! 0,00%! 0,03%!
Analisando o peso que a Cultura tem em relação à orçamentação e total do orçamento
e execução anual do município. Averiguamos que a cultura ao nível da sua previsão tendo em
conta as GOP nunca vai acima dos 1.81% e ao nível execução das GOP o seu valor máximo é
0,26%. Podemos apurar que a execução maior se situa nos anos 2003.
Em relação a média, o peso que a Rubrica da Cultura tem no orçamento total no
conjunto dos anos em investigação está nos 0,66% no que diz respeito à orçamentação, ao
nível da execução está nos 0,06%. São valores relativamente baixos comparativamente aos
outros municípios pertencentes ao Pinhal Interior Sul, e sendo este o município mais
populoso do Pinhal Interior Sul, não se compreende o fraco investimento no sector . Sertã
com 15.512 habitantes, apresenta valores quase próximos do zero, a cultura executada em
percentagem da execução total é de 0,06%. Oleiros apresenta um valor de 1,02% e Proença
de 6,52%.
108
6.4- Câmara Municipal Vila de Rei
6.4.1- Caracterização do Concelho
É um concelho situado na região Centro (Beira-Baixa) e sub-região do Pinhal Interior
sul. O município é limitado a norte pelo município da Sertã, a leste por Mação, a sul pelo
Sardoal e por Abrantes e a oeste por Ferreira do Zêzere.
Este município 191,5 km2, teve um total de 3.041 residentes em 2009 a sua densidade
populacional é de 15,9 hab/km2No que diz respeito á sua organização administrativa, é
formada por três freguesias, são elas; Fundada, São João do Peso e Vila de Rei.
A Câmara Municipal de Vila de Rei tem no plano político uma organização com 5
mandatos. Desde 1997 que o PPD/PSD lidera a Câmara Municipal. Em 1997 o PPD/PSD
ganhou com 64,00 % dos votos e elegeu quatro mandatos, o CDS-PP obteve 14,41% e elegeu
um mandato. Em 2001 o PPD/PDS ganhou a Câmara Municipal mais uma vez com 48,35%
dos votos e elegeu três mandatos, o CDS-PP obteve 30,76% elegeu dois mandatos. Em 2005
o PPD/PSD ganha com maioria absoluta de votos com 62,57% de votos e elegeu quatro
mandatos, o PPD/PSD obteve 23,11% dos votos e elegeu um mandato. Em 2009 o PPD/PSD
obteve maioria absoluta de votos com 61,09% elegeu quatro mandatos, o PS obteve 18,60 %
dos votos e obteve um mandato.128
6.4.2- Prioridades, Orçamentos, Execuções e Resultados
Os principais investimentos da Câmara Municipal de Vila de Rei no âmbito cultural
ao longo destes anos são : Reconstrução e adaptação da casa do Patronato a Museu, Igreja
paroquial de Vila de Rei, Casa do Povo de São João do Peso. A nível de subsídios esta
autarquia concede vários subsídios nomeadamente à Liga Cultural Amigos do Vilar Ruivo, à
Fábrica da Igreja129 da Fundada, à Fábrica da Igreja de Vila de Rei, Casa da Comarca, ao
Grupo dos amigos do concelho, à Associação Casais, à Paróquia de São João Batista, e à
Paróquia Nossa Senhora Conceição.
128 Estes dados sobre o resultado autárquico foram retirados do site http://www.marktest.com acedido no dia 17 de Junho de 2011 129 É a pessoa jurídica não colegial a que pertencem todos os bens e direitos destinados à conservação, reparação e manutenção duma igreja e ao exercício do culto nela.
109
Em 1998, a autarquia só realiza um investimento na área cultural para a Reconstrução
e adaptação da casa do Patronato a Museu130. Este investimento vai-se prolongar até 2002, a
verba total prevista durante o período em análise foi de 60.366,57 €.
Em 1999 a autarquia inscreve no seu plano de atividades pela primeira e única uma
verba destinada à conservação e reparação do edifício da Biblioteca, também concede alguns
subsídios para a Junta de Freguesia São João do Peso para obras no Centro Cultural, para a
Liga Cultural amigos do Vilar Ruivo, para a Associação Casais, para a Casa do Povo de São
João do Peso e para a Igreja Paroquial de Vila de Rei. No ano seguinte o único investimento
que aparece no Plano de Atividades destinado à Reconstrução e adaptação da casa do
Patronato a Museu. Podemos concluir que a grande prioridade da Câmara ao longo do
período em análise foi a Casa Patronato a Museu.
Em 2001 a autarquia, mais uma vez concede subsídios a diversas entidades como:
Fábrica da Igreja da Fundada (para obras na igreja) Fábrica da Igreja de Vila de Rei
(construção da Casa de Oração), Casa da Comarca (para obras na Sede), o Grupo de Amigos
do Concelho de Vila de Rei). No ano seguinte, para além dos subsídios anteriores, ainda
concedeu subsídios à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, ao Rancho Folclórico da
Fundada e à Paróquia de São João Baptista. Claramente se pode verificar que a Política
Cultural de Vila de Rei é voltada para o seu património religioso, que faz parte da
história/cultura deste concelho
130 Casa do Patronato alberga o Museu Municipal de Vila de Rei . O projeto de recuperação e adaptação do imóvel foi elaborado em Maio de 1997 pelo arquiteto António de Freitas Leal. Este museu Abriu as portas em Julho de 2001 e recria o modo de vida de uma família abastada de agricultores entre os séculos XIX e XX. Retrata igualmente aspectos do dia-a-dia da lavoura bem como todo um conjunto de atividades e profissões tradicionais, como o processo de produção do vinho, a matança do porco, os ofícios do sapateiro, do ferreiro, do apicultor, do oleiro ou mesmo do resineiro. Informações retiradas do site da Câmara Municipal de Vila de Rei http://www.cm-viladerei.pt/index.php?module=DisplayArtigo&ID=106 acedido no dia 16 de Setembro de 2012. Ver também vídeo sobre museu em: http://www.beiratv.pt/LAZER.php?id=1257951242&subaction=showfull&template=default acedido no dia 16 de Setembro de 2012.
110
Gráfico nº37– Evolução das Despesas Orçamentadas; Cultura, Desporto e Turismo 1999-2002
Numa análise que tenha por base o valor total orçamentado nas três rubricas durante o
período de 1998-2002, podemos verificar a disparidade da rubrica Cultura, em relação às
restantes quando a mesma apresenta o 142.983,13€,por oposição a 1.720.794,48€ e
1.614.822,84€, no Desporto e Turismo respetivamente. O desporto assume-se como
prioridade para esta autarquia durante o período em análise.
Gráfico nº38– Cultura em percentagem do Orçamento Total Previsto
Se tivermos em conta o Orçamento total de despesas em cultura previsto pela
autarquia, podemos observar por este gráfico tem uma curvatura ascendente.
1998 1999 2000 2001 2002 Sem!
resultado!Sem!
resultado! 0,13%! 0,62%! 0,49%!
111
A maior representatividade alcançada pela Cultura ao introduzir a variável Orçamento
Total Previsto é de 0,49% em 2002. A mais baixa representatividade da rubrica é em 2000,
onde a mesma se coloca nos 0,13%.
Gráfico nº39–Despesa Orçamentada per capita em cultura
O valor médio para o período de 1998-2002 tendo por base a população residente é de
8,64. Em 1999 o valor gasto em Cultura, por habitante, alcança o montante mais elevado de
14,98%.
1998 1999 2000 2001 2002 !7,47!€!! !14,98!€!! !15,0!€!! !9,39!€!! !9,85!€!!
112
Gráfico nº40– Evolução das Despesas Orçamentadas e Executadas Cultura, Desporto e Turismo 2003-
2009
Analisando a rubrica Cultura na sua orçamentação e execução, em comparação com
as restantes rubricas, numa análise que tenha por base o valor total executado nas três
rubricas durante este período de tempo, podemos verificar o peso da Cultura em comparação
com as restantes rubricas quando a mesma apresenta o montante de 1.482.141,03€ contra
1.258.795,42€131 e 915.818,90€, no Desporto e Turismo, respetivamente. Claramente por
estes valores concluímos que a Cultura é uma das prioridades desta autarquia. Ao contrário
do que sucedeu em 1998-2002, a principal prioridade da autarquia ao longo deste período foi
a Cultura e não o Desporto.
Em comparação com as outras rubricas, a Cultura tem tido maior relevância na
maioria dos anos em análise. Observando o gráfico, verificamos que a rubrica do desporto
teve um pico no ano de 2006. A verba executada é de 275.761,72€. Este montante deve-se a
um investimento para o relvado sintético no campo de futebol de Vila de Rei, realizado pelo
município no valor de 230.530,83€. Só este valor corresponde a 83,60% das despesas totais
executadas para Rubrica Desporto em 2006.
Em relação à Rubrica do Turismo, os valores são inferiores aos valores da Cultura, o
ponto mais alto é o de 2005 a autarquia gastou 281.113,49€ com esta rubrica. Este valor
deve-se a investimentos para a Praia Fluvial do Bostelim132 -2ª Fase (Parque de Campismo
Rural). Só este montante corresponde a 71,36% das despesas totais executadas para Rubrica
Desporto em 2006.
131 Não nos foi possível obter o valor do desporto previsto em 2008, logo o valor obtido foi através da média aproximada de todos os anos. 132 Pequeno complexo turístico, localizado na Margem da Ribeira de Bostelim constituído por um parque de campismo rural. O espaço acolhe também o Parque de Campismo Rural do Bostelim, onde tem início o percurso pedestre “Rota do Bostelim” de 9km, entre levadas, açudes, moinhos e uma ponte centenária)um parque de merendas e balneários. Para mais informações http://www.cm-viladerei.pt/index.php?module=DisplayArtigo&ID=58 acedido dia 15 de Setembro de 2012
113
Gráfico nº41– Evolução das Despesas Orçamentadas e Executadas - Rubrica Cultura,
Como podemos observar pelo Gráfico a autarquia sobreorçamento a rubrica da
Cultura, nos anos de 2006 a 2009 os valores das despesas previstas e executadas estão
bastante distantes.
Montante
Definido
Montante Previsto Montante
Executado
Taxa
execução
2006 1.393.000,00€ 1.093.000,00€ 413.776,88€ 37,86%
2007 1.161.500,00€ 1.010.500,00€ 1.650,00€ 0,16%
2008 1.542.800,00€ 1.478.400,00 € 413.076,54€ 27,94%
2009 1.166.500,00€ 1.153.000,00€ 538.936,47€ 46,74%
A sobre orçamentação reflete-se ao nível da taxa de execução, pois como podemos
verificar a taxa de execução anual, ao longo destes anos é bastante reduzida, chegando a ter
valores inferiores a 1%.
O ponto mais alto de investimento em Cultura foi o de 2009 o valor da rubrica
Cultura foi de 538.896,47€.
114
Em 2003, surgiu pela primeira vez uma verba destinada à Biblioteca Municipal de
Vila de Rei133, para equipamento e projeto. Até 2009 a inscrição de verbas destinas para a
Biblioteca Municipal vão ser sistemáticas. O total de despesas executadas para a Biblioteca
Municipal foi de 1.263.129,68€. É de realçar que o montante total executado para o período
em análise foi de 1.482.141,03€, por estes dados concluímos que 85,22% do valor total
executado em cultura foi gasto com a Biblioteca Municipal. A construção da Biblioteca
Municipal foi a principal prioridade para este município na área da Cultura.
No ano seguinte a autarquia demonstra alguma preocupação com os subsídios
nomeadamente para: a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Associação “ A Bela Serrana”,
Rancho Folclórico, Villa D'el Rei Tuna, casa da Comarca da Sertã. Estes subsídios e outros,
são inscritos em sede de GOP, mas não são executados nos anos seguintes.
A Construção do Núcleo Museológico das Conheiras também aparece como
prioridade para este ano, mas nos anos seguintes o montante previsto para este núcleo não
chega a ser concretizado. A Construção da Casa da Cultura do Centro de Portugal também
estava prevista, mas os montantes inscritos em sede das GOP, só chegam a se executados nos
anos de 2004, 2008 e 2009. A obra em si também não chega a ser concretizada, talvez
derivado a questões políticas.
Em 2007, a autarquia elaborou uma candidatura ao PARAM, para a construção de um
Arquivo Municipal134, esta candidatura foi aprovada, o custo total do projeto é cerca de
230.000€, sendo a contribuição do PARAM de 85.000€.135 A autarquia inscreveu em sede
de GOP uma verba destinada ao Arquivo mas só em 2009 é que essa mesma verba chega a
133 A Biblioteca Municipal José Cardoso Pires, em Vila de Rei, foi inaugurada no dia passado dia 26 de Outubro 2008, data em que se assinalou o 10º aniversário da morte deste escritor. Para além dos habituais espaços de leitura para adultos e crianças, audição de música, visionamento de filmes e consulta Internet, a biblioteca dispõe de uma sala que alberga parte do espólio do escritor, natural do Concelho de Vila de Rei, doado pela sua família ao Município. Informações retiradas do site http://rcbp.dglb.pt/pt/noticias/Pginas%20de%20Arquivo/BibliotecaMunicipalJoseCardosoPires.aspx, acedido em 17 de Setembro de 2012
134 O arquivo municipal foi inaugurado no dia 20 de Setembro de 2011 135 Informações retiradas do da WWW: http://www.radio.cidadetomar.pt/noticia.php?id=4702. Acedido no dia 17 de Setembro de 2012.
115
ser executada. Realizando agora a média das taxas de execução da rubrica Cultura no
conjunto dos anos em análise, a taxa média de execução das despesas é de 39,77%.
O montante médio de despesas orçamentadas em Cultura no período é de
822.757,14€ para uma execução de 211.734,43€.
Gráfico nº42–
Despesas orçamentadas/executadas per capita em Cultura
Ao relacionar a população residente, observamos que as despesas previstas durante os
anos 2005 a 2006 têm tendência a subir, e partir de 2007 também se verifica a mesma
tendência. A autarquia apresenta a mais alta orçamentação no ano de 2008 de 500,91€, e
com maior execução a ser realizada em 2009 com 177,22€ por habitante. Em relação à
média de despesas orçamentadas e executadas por habitante, o valor médio, de 2003 a 2009,
de orçamentação, é de 264,29€ por habitante, e de 68,31€ no que concerne à execução.
! ! ! ! ! ! !
! ! ! ! ! ! !
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 !22,99!€!! !57,83!€!! !72,95!€!! !440,82!€!! !370,97!€!! !500,91!€!! !383,59!€!!!12,02!€!! !17,49!€!! !5,96!€!! !130,94!€!! !0,53!€!! !134,12!€!! !177,22!€!!
116
Gráfico nº43– Cultura em percentagem do Orçamento e Execução Anual.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 1,30%! 3,28%! 3,23%! 13,57%! 9,76%! 16,05%! 10,17%!0,68%! 0,68%! 0,34%! 6,76%! 0,03%! 6,47%! 7,59%!
Analisando o peso que a Cultura tem em relação à orçamentação e total do orçamento
e execução anual do município, averiguamos que a cultura ao nível da sua previsão tendo em
conta as GOP nunca excede os 17% e ao nível execução das GOP; o seu valor máximo é
7,59%. Podemos apurar que a execução mais elevada se situa no ano de 2009.
Em relação a média, o peso que a Rubrica da Cultura tem no orçamento total no
conjunto dos anos em investigação está nos 8,19% no que diz respeito à orçamentação, ao
nível da execução está nos 3,22%.
7- Inquérito por Questionários- Resultados
Em Março de 2012 foram enviados os inquéritos a todos os municípios, mas só se
obteve resposta em quatro dos oito municípios inquiridos, Sertã, Castelo Branco, Proença-a-
Nova e Penamacor. A primeira pergunta dizia respeito à existência de contabilidade analítica,
50% não respondeu à questão, 25% respondeu afirmativamente e 25% não possui
117
contabilidade analítica. Passando à pergunta seguinte, sobre a elaboração de mapas anuais de
Custo por Função/Rubrica, 50% das autarquias não respondeu à questão colocada e 50%
respondeu que não elaborava mapas.
Podemos também apurar, no que diz respeito às funções que o inquirido desempenha
na autarquia: 25% responde Outro mas não especifica as funções desempenhadas, 75%
responde Técnico Superior. A pergunta 2 diz respeito às áreas culturais e equipamentos
culturais que os municípios desenvolvem, com base nelas foi elaborado um gráfico .
Gráfico nº44– Áreas desenvolvidas pelas autarquias no Sector da Cultura
Com base neste gráfico podemos conferir que as áreas mais desenvolvidas pelas
autarquias são: a Biblioteca, o Arquivo e o apoio ao Associativismo. Estas três áreas existem
em 100% das autarquias sondadas. As áreas menos desenvolvidas pelas autarquias são o
Design e Moda com 0% e Centro de Documentação com 0%.
Comparando esta análise com a feita anteriormente por Vítor Ferreira136 na Beira
Interior Norte e Cova da Beira, embora tenha conseguido resposta de mais municípios,
também se veio a concluir que as áreas com maior expressão fossem a Biblioteca e o Arquivo
e com menor expressão o Design e a Moda e os centros de documentação. Apesar de serem
análises em zonas distintas os resultados foram semelhantes. O gráfico seguinte diz respeito
aos equipamentos culturais que o município possui.
136 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura .... p.110.
118
Gráfico nº45– Equipamentos Culturais no total dos municípios inquiridos
Podemos concluir que a Biblioteca existe em 100% dos municípios inquiridos e em
50% dos casos foi objeto de Obras de qualificação. Só em 25% dos casos é que surgem
extensões ou Polos desta mesma Bibliotecas. Quanto a Classificação do equipamento
existente em 75% dos casos corresponde uma classificação de BM1137 e apenas em 25% dos
casos ser BM3. A Biblioteca BM3 é a do município de Castelo Branco que é a única com um
número de habitantes superior a 50.000. Apesar de não se ter conseguido obter resposta a
todos os inquéritos, podemos deduzir que as restantes autarquias possuem bibliotecas do tipo
BM1, porque a sua população não excede os 20.000 habitantes.
Apenas em 25% dos casos é que existe uma Biblioteca Itinerante. O serviço da
Bibliocaixa é utilizado em 50% dos casos, 25% não responde e 25% não possui este serviço.
Além das Bibliotecas outro dos equipamentos presente neste estudo é o Arquivo. Este
existe em 100% dos municípios analisados. O PARAM é um programa capaz de
disponibilizar junto de administração local um apoio não apenas técnico mas também
financeiro, é direcionado para a promoção da qualidade dos arquivos na sua dupla dimensão,
administrativa e cultural. Dos municípios analisados, só 25% é que foi apoiado por este
137 O tipo de biblioteca é determinado em função do número habitantes do concelho. Os tipos BM1, BM2 e BM3 referem-se aos concelhos do continente e da Madeira, e os tipos BMa, BMb e BMc referem-se aos concelhos dos Açores; BM1 – até 20 000 habitantes; BM2 – entre 20 000 e 50 000 habitantes;BM3 – mais de 50 000 habitantes; BMa – até 6 000 habitantes; BMb – entre 6 000 e 12 000 habitantes BMc – mais de 12 000 habitantes.
119
programa pela linha PA4138 e PA5139.Os Museus também são um equipamento importante.
Aparecem em 75% dos casos analisados, e em 25% dos casos não se obteve resposta.
Verifica-se também que destes 75 % casos analisados, 25% possuem quatro Núcleos
Museológicos e os restantes possuem apenas um.
Certifica-se que nenhum destes municípios possuiu um teatro. Os Monumentos
Musealizados e /ou Centros Interpretativos existem em 50% dos municípios, e em 25% dos
50% existe até mais que um monumento.
Passando ao próximo item, os auditórios, no conjunto dos municípios 50% possuem
auditório, e desses 50% possuem equipamento de som. Existem ainda 25% de municípios
com equipamento de cinema, e 25% dos municípios possui um Cineteatro.
No que diz respeito a Casas Municipais da Cultura, nenhum destes municípios a
possui. A nível de Centros Culturais só 25% dos municípios é que detém Centros Culturais.
Em relação a Salas de exposição 100% destes municípios possui salas de exposição, sendo
que 50% destes municípios possui duas salas e 25% conta com uma sala e 25% possui três
salas.
De forma a completar a análise, foi elaborado um quadro, acrescentando alguns dados
dos municípios que não responderam a este inquérito. Monumentos
Musealizados e/ou
Centros
Interpretativos
Museus ou Núcleos Museológicos
Centros Culturais,
recreativos ou
sociais
Castelo Branco Centro de Interpretação Ambiental
Casa-Museu do Rancho Folclórico do Juncal do
Campo, Museu Agrícola Coronel José Guardado
Moreira, Museu Cargaleiro, Museu da Misericórdia
de São Vicente da Beira, Museu da Ordem Terceira
138 Programa de Apoio à instalação do Arquivo Municipal em parte de edifício multifuncional existente. Admite comparticipação financeira nas despesas de adaptação e de aquisição de equipamentos básicos ( estanteria e mobiliário). 139 Programa de Apoio à gestão de arquivos e tratamento arquivístico. Admite comparticipação financeira nas despesas de aquisição de: Equipamentos básicos, equipamentos de controlo ambiental; equipamentos de microfilmagem; equipamentos informáticos.
120
de s. Francisco de São Vicente da Beira, Museu da
Arte Sacra Domingos Pio, Museu de Artes e
Ofícios de Alcains, Museu do Canteiro, Museu
Francisco Tavares Proença Junior, Reserva
Etnográfica e Arqueológica- Grupo de Estudos e
Defesa do Património Cultural da Gardunha(Gega)
Idanha-a-Nova Sé Catedral- Complexo Monumental de Idanha-a-Velha
Casa de Medelim, Complexo de Lagares de
Proença-a-Velha- Núcleo Azeite, Complexo
Monumental de Idanha-a-Velha, Lagar de Varas-
Complexo Monumental de Idanha-a-Velha,
Moinhos de Penha Garcia, Núcleo Epigráfico-
Complexo Monumental de Idanha-a-Velha
Centro Cultural
Raiano
Oleiros Casa da Cultura
Penamacor Torre de Menagem,
CINCAP - Centro
de interpretação do
Castelo de
Penamacor
LINX PARK -
Centro de
Interpretação do
Lince Ibérico
Museu Dr. Mário Bento, Museu Municipal de
Penamacor, Núcleo Museológico da liga dos
Amigos de Aranhas, Núcleo Museológico do
Centro Social Paroquial da Aldeia de João Pires
Proença a Nova Centro Interpretação
Fortes e Baterias,
Centro de Ciência
Viva da Floresta
Museu Isilda Martins
Sertã Museu do Clube da Sertã CSCR140 Rural
Viseu Fundeiro,
CCD do Sambado,
CSCR Cumeada,
CSCD141
Marmeleiro, CSRC
do Valongo,
CCD142 do Pessoal
da CMS, CSCRD
do Alcainho,
CSCRD dos Casais
140 Centro Social Cultural e Recreativo 141 Centro Social Cultural, Recreativo e Desportivo
121
Unidos, CSRC do
Vale do Laço,
Centro Social e
bem estar da
Freguesia Várzea
dos Cavaleiros.
Casa de
Espetáculos e
Cultura da Sertã
Vila de Rei Museu da Geodesia, Museu Municipal de Vila de Rei, Pequeno Espaço Museológico “museu das aldeias”, Pequeno Museu da Aventura e da Viagem,
Centro Geodésico de Portugal
Vila Velha de
Ródão
Exposição Permanente de Arqueologia do Ródão,
Núcleo
Museológico do Azeite
Centro das Artes e
Cultura do Tejo
A elaboração deste quadro teve por base os inquéritos enviados a todas as câmaras e foi completado com
informação retirada do seguinte site http://roteiromuseus.ccdrc.pt/ [consult.30/08/2012]
Pela análise realizada pela tabela acima, verificamos que a maioria das câmaras
responderam de forma muito incompleta ao inquérito que lhes foi enviado.
Quanto à questão sobre a existência de um Plano Estratégico para a Cultura, ao qual
nenhum dos municípios respondeu, por isso deduzimos que nenhum dos municípios beneficia
deste Plano.
Relativamente à estrutura orgânica do município, sobre a posição/lugar que a Cultura
ocupa, foi elaborado um pequeno quadro.
Penamacor Serviço Castelo Branco Divisão Sertã Sector
A nível da participação em redes de Programação cultural, 25% participa e
caracterizou as suas redes. Tal foi o caso do o município de Castelo Branco que participa na
122
rede CULTREDE.143 Em relação a empresas municipais com atribuições na área da Cultura
só 25% é que responderam positivamente, 25% afirmaram que não tinham e 50% não
responderam.
Em relação ao Associativismo Cultural, 50% respondeu afirmativamente e 50% não
se pronunciou, quando questionados sobre o montante orçamentado e o número de
Associações Apoiadas unicamente a câmara da Sertã respondeu, declarando que
disponibilizou o montante de 34000€ e que apoiou 32 associações culturais.
Nenhum destes municípios possui um regulamento de apoio ao Associativismo
Cultural.
Quanto a edição, comunicação e marketing, 75% dos municípios edita um Boletim
Municipal, 25% afirma não o possuir.Em relação às agendas culturais,100% do conjunto dos
municípios edita e 100% edita uma Newsletter.
Município Edições, Comunicação
e Marketing
Periocidade Suporte Áreas Englobadas
Sertã Sertã, Boletim
Municipal
Agenda Cultural
Newsletter
Anual
Bimestral
Semanal
Digital
Papel
Digital
Digital
Cultura, Desporto,
Lazer, Inaugurações,
Eventos e
Contactos úteis.
Cultura, Desporto,
Lazer, Inaugurações,
Eventos e Contactos
úteis.
Notícias, Cultura,
Desporto, Lazer,
143 A CULTREDE tem a sua origem numa rede de programação cultural informal concebida e criada pela CultIdeias em 2006 e na qual participaram, ao longo de cinco edições, mais de trinta municípios. Para mais informações consultar a página http://www.cultrede.com/
123
Inaugurações, Eventos e
Agenda.
Proença-a-Nova Proença em Revista
Agenda Cultural
Newsletter
Semestral
Semestral
Semanal
Não
respondeu
Não
respondeu
Digital
Cultura, Desporto,
Lazer, Obras
Municipais,
Inaugurações, Eventos e
Agenda.
Notícias, Artigos de
opinião , Cultura,
Desporto, Lazer,
Inaugurações, Eventos e
Contactos úteis.
Notícias, , Cultura,
Desporto, Lazer, obras
municipais,
Inaugurações, Evento e
Agenda.
Castelo Branco
Não edita boletim
Municipal
Agenda Cultural
Newsletter
Trimestral
Semanal
Não
respondeu
Digital
Cultura e contactos
úteis.
Notícias, Lazer, Obras
municipais,
inaugurações, eventos.
Penamacor Penamacor Boletim
Informativo
Anual
Digital
Papel
Notícias, Cultura,
Desporto, Lazer,
124
Agenda Cultural
Newsletter
Semestral
Por cada
evento
Digital
Papel
Digital
Agenda e contactos
úteis.
Notícias, Cultura,
Desporto, Lazer,
Agenda e contactos
úteis.
Cultura, Desporto, Lazer
e Agenda
Por último, em relação ao Turismo e Cultura, os municípios, quando questionados
sobre a existência de um Plano Estratégico para o Turismo, apenas 25% responde existir um
plano e 75% não responde à questão. Estes 25% identificam um dos principias eixos de ação
no que diz respeito a cultura como sendo “preservar valores culturais e tradicionais- criação
da rota do artesanato . Esta câmara também assinala dois eventos como factor de atração de
fluxos turísticos. As restantes autarquias não responderam a esta questão.
8- Conclusões e limitações à metodologia utilizada
Uma das limitações deveu-se ao facto de não possuir carta de condução para a
deslocação aos diversos municípios. Ao utilizar os serviços rodoviários tornava-se
excessivamente dispendioso e demorado, um dos pontos fracos desta zona são os transportes ,
que não correspondem às necessidades do meio rural. Optou-se por contactar as câmaras via
telefone e correio electrónico.
Tal como as análises feitas pelos meus outros colegas Vítor e Maria Adília, cheguei a
conclusão que a análise é limitadora, no período Pré-Pocal não existe um meio que possa
possibilitar a leitura dos montantes executados que estão no Plano de Atividades . O Plano
de Atividades apenas permite ler o montante previsto, logo a análise que podemos fazer é
apenas de previsão, não se consegue perceber o que a autarquia gastou na realidade em
Cultura.
125
A análise de toda a informação foi limitada por algumas dificuldades, nomeadamente
as resultantes de alguma variação na inscrição de despesas nas diversas rubricas, variação que
se reconhece comparando a documentação das diversas câmaras municipais, não existe um
padrão fixo. Este problema afeta o rigor da análise estatística.
As rubricas podem assumir várias designações, por exemplo;
Turismo: Comércio e Turismo;
Desporto: Desporto e Tempos livres, Desporto Recreio e Lazer e Desporto e Cultura;
Cultura: Serviços Culturais recreativos e religiosos.
Na opinião de Vítor Ferreira144, a rubrica do desporto assume diferentes designações
porque as colectividades locais se assumem maioritariamente como Culturais, Desportivas e
recreativas. No caso especial do Município de Oleiros, em alguns anos, as despesas do
desporto e a cultura estavam incluídos na mesma rubrica, em alguns anos.
As estruturas orgânicas municipais responsáveis pela Cultura são muito deficitárias
no que diz respeito a recursos humanos e a formação dos mesmos. Por essa razão não foi
possível obter todos os dados.
No que diz respeito ao Apoio a coletividades, estes surgem na rubrica Cultura, mas
maioritariamente na Rubrica Desporto, com a exceção de Oleiros todas os municípios em
análise concederam subsídios de apoio a coletividades e associações.
Existe ainda uma grande discrepância em alguns dos municípios nas GOP e na sua
execução, pois algumas das atividades aparecem unicamente na execução e não nas GOP.
São poucos os casos em que as atividades permutam de um ano para o outro, ou quando isso
ocorre, surgem sem qualquer verba na execução das Grandes Opções de Plano. Existem
alguns municípios, como o caso de Vila Velha de Ródão, que dão continuidade a alguns
investimentos de forma sistemática, mas não chegam a aparecer verbas inscritas na totalidade
dos anos em análise.!
144 FERREIRA, Vítor Daniel Pires - Autarquias e Cultura .... p.130.
126
Algumas das despesas foram inscritas em rubricas erradas, o que nos dificultou a
análise.
Augusto Santos Silva afirmou que um dos eixos principais da Política Cultural
Autárquica é concentrar os recursos na vertente Cultural (Bibliotecas, Arquivos e
Museus).Podemos concluir com esta análise que as Bibliotecas os Arquivos e Museus são a
prioridade principal nos municípios analisados145.
A nível de localização territorial, estes municípios pertencem ao Interior Centro de
Portugal, sem faixa costeira, existem problemas de sustentabilidade demográfica e um
processo de envelhecimento da população. Estes municípios possuem grandes lacunas a nível
de infraestruturas culturais. Apesar de existirem essas lacunas, ao longo deste trabalho,
concluímos que grande parte dos investimentos feitos na área da cultura, são investimentos
de cariz infra-estrutural,
Ao nível das atividades, e com base no inquérito elaborado, apenas Castelo Branco
participa em redes de Programação Cultural.
Fazendo uma análise da Beira Interior Sul, no que diz respeito aos equipamentos
culturais, desportivos e de lazer, nos últimos anos presenciou-se um esforço para acabar com
as deficiências que se encontravam. Os investimentos das autarquias em equipamentos foram
destinados para: Centro Cultural Raiano em Idanha-a-Nova, Cineteatro-Avenida e o Centro
para o Estudo das artes de Belgais, em Castelo Branco e a nova casa das artes e Cultura do
Tejo em Vila Velha de Ródão146.
A Beira Interior Sul tem um vasto património, arqueológico, histórico e
arquitectónico, e todo este património tem sido valorizado, impulsionados pelos
investimentos públicos na reabilitação urbana e dos espaços rurais (Aldeias Históricas,
Aldeias de Xisto), que têm contribuído para alavancar o sector do turismo. Estas políticas têm
145 SILVA, Augusto Santos - Como abordar as Políticas ...p.24 146 Beira Interior Sul- Estratégia de Desenvolvimento de Acção 2007-2013 Relatório Final. Disponível na WWW: http://www.maiscentro.qren.pt/private/admin/ficheiros/uploads/PTD_BEIRA%20INTERIOR%20SUL.pdf. Acedido no dia 19 de Setembro de 2012.
127
como objectivo primordial a fixação e atracção populacional através da criação de
alternativas ao desenvolvimento económico das áreas rurais. Outra iniciativa a destacar é a
criação do Geopark NaturTejo. A Kulturlândia constitui um dos principais eventos culturais
da Beira Interior Sul, incluindo um leque diversificado de eventos como já foi referido
anteriormente.
Relativamente a museus/centros culturais a destacar: museus Francisco Tavares
Proença Júnior e Cargaleiro, em Castelo Branco; o Museu do Canteiro em Alcains, o Centro
para o Estudo das Artes em Belgais; o Centro Cultural Raiano em Idanha-a-Nova, os museus
Municipal e Dr. Mário Bento em Penamacor; e o Centro das Artes e Cultura do Tejo em Vila
Velha de Ródão.
Gráfico nº46– Evolução das Despesas per capita em Cultura2003-2009, Beira Interior Sul
Com uma análise ao nível das despesas por habitante e a sua evolução no que diz
respeito às execuções da rubrica Cultura de 2003 a 2009, podemos constatar que as despesas
128
na rubrica Cultura, tendo como base a população residente, atingiram os 443,58 € por
habitante no concelho de Vila Velha de Ródão. Mas, fazendo uma comparação entre 2003 e
2009, as despesas por habitante têm decrescido ao longo deste período de tempo. Vila Velha
de Ródão e Idanha-a-Nova foram uma exceção. Em relação a Vila Velha de Ródão podemos
concluir que a causa deste valor elevado, foi devido à construção da Biblioteca Municipal. É
possível verificar que o município de Castelo Branco, mesmo sendo o município com maior
população residente, o investimento total em Cultura é o menor dos quatro municípios da
Beira Interior Sul.
O Pinhal Interior Sul é caracterizado pela sua ruralidade e fraca acessibilidade, no que
diz respeito aos equipamentos culturais (museus, núcleos museológicos, centros
interpretativos), temo como exemplo: a Casa da Cultura em Oleiros, o Museu Clube na
Sertã, o Museu da Geodesia em Vila de Rei, Centro de Ciência Viva em Proença-a-Nova,
Casa de Espetáculos e Cultura da Sertã, Centro de Artes e Cultura do Tejo, o Núcleo
Museológico do Azeite e o Centro Interpretativo de Arte Rupestre em Vila Velha de Ródão.
Todos os municípios estão inseridos na rede das Aldeias do Xisto, este projeto é um
projeto sustentável, de âmbito regional liderado pela ADXTUR147. As Aldeias do Xisto do
Pinhal Interior Sul pertencentes a este projeto são Álvaro (Oleiros) e Água Formosa (Vila de
Rei), Figueira (Proença-a-Nova), o Pedrógão Pequeno (Sertã).
147 Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto
129
Gráfico nº47-Evolução das Despesas per capita em Cultura2003-2009, Beira Interior Sul
Com uma análise ao nível das despesas por habitante e a sua evolução no que diz
respeito às execuções da rubrica Cultura de 2003 a 2009, podemos concluirr que as despesas
na rubrica Cultura, tendo como base a população residente, atingiram os 177,22 € por
habitante no concelho de Vila de Rei. Mas fazendo uma comparação entre 2003 e 2009, as
despesas por habitante têm decrescido ao longo deste período de tempo. Vila de Rei foi a
única exceção porque teve um grande investimento na construção da Biblioteca Municipal.
Como se pode identificar pela análise dos anexos e como já se referiu anteriormente
uma grande parte das despesas em Cultura é na construção e melhoramento de
infraestruturas, podemos verificar a preocupação sistemática dos municípios com as
atividades culturais e com a sua programação. Existe uma falta de diversificação das
atividades culturais, os investimentos na maioria dos municípios são praticamente idênticos
em todos os anos. São raros os municípios que apostam na diversidade.
130
As taxas de execução na maioria dos casos não chegam a ser superiores a 70%, as
autarquias não executam grande parte dos investimentos que inserem nas Grandes Opções de
Plano.
Gráfico nº48-Cultura em percentagem da Execução Anual do Orçamento- Beira Interior Sul-2003-2009
Com uma análise ao nível da percentagem da Execução anual do orçamento, podemos
constatar que, ao longo dos anos, a percentagem tem diminuído. Cada vez é menor a
representatividade da Cultura face à execução anual do Orçamento. O valor mais elevado foi
atingido em 2007, no município de Vila Velha de Ródão, as despesas para o sector da Cultura
representaram 62,17% da execução total do Orçamento anual. É possível concluir que uma
maior representatividade da rubrica Cultura em sede da Execução do Orçamento como é o
caso de Vila de Rei, corresponde também a um maior investimento per capita no mesmo ano
(Cf. Gráfico nº46).
131
Gráfico nº49-Cultura em percentagem da Execução Anual do Orçamento- Pinhal Interior Sul-2003-2009
Com uma análise ao nível da percentagem da Execução anual do orçamento. Podemos
conferir que, ao longo dos anos, a percentagem tem diminuído, com exceção de Vila de Rei,
em 2003 a percentagem da Cultura em Relação à Execução anual do orçamento era de 0,68%
,e em 2009 aumentou para 7,59% . O valor mais elevado foi atingido em 2003, no município
de Proença-a-Nova, as despesas para o sector da Cultura representaram 17,71% da execução
total do Orçamento anual. É possível concluir que uma maior representatividade da rubrica
Cultura em sede da Execução do Orçamento como é o caso de Vila de Rei, corresponde
também a um maior investimento per capita no mesmo ano (Cf. Gráfico nº47).
Na minha opinião, acho que o Estado e as Autarquias deviam investir mais em
Cultura. Defender a Cultura é algo que deve ser feito o mais rapidamente possível. Em 2012,
orçamento da SEC foi de 180,4 milhões de euros, este valor correspondeu a uma diminuição
de 31,7 milhões relativamente ao ano anterior. Em Portugal o orçamento de Estado para a
Cultura nunca foi superior a 0,6%, e neste momento situa-se abaixo dos 0,2%. Cada vez mais
têm sido os cortes do Estado para este sector. Em 2012 as entradas para espetáculos culturais,
132
tauromáquicos e para o circo subiram de 6% para 13%. Os contratos INOV-ART148, foram
suspendidos, os prémios149 AICA/MC perderam também o apoio financeiro da Direção Geral
das Artes.
Muitos dos cidadãos estão descontentes com as atitudes do Governo face à Cultura
este ano foi criado o “Movimento de Manifesto em Defesa da Cultura”150. Já foram realizadas
várias ações de rua por todo o país, com o objetivo de reivindicar 1% do Orçamento de
Estado para a Cultura. De acordo com este manifesto “A Cultura, elemento central na
formação da consciência e da soberania e da identidade nacional, dialogando, de igual para
igual com toda a cultura de todos os povos do mundo. A Cultura, com o seu imenso potencial
de criação, liberdade, transformação e resistência. A Cultura que, tal como a emancipação do
trabalho, é parte essencial do património e do futuro”.
A maioria dos municípios em estudo ultrapassa os 1% da execução orçamental, mas
ainda existem municípios como a Sertã e Oleiros em que a rubrica Cultura é inexpressiva
face à execução orçamental.
Esperamos com este relatório, ter conseguido esclarecer os investimentos realizados
pelas autarquias na área da Cultura, e que este trabalho possa servir como estudo para as
diversas autarquias, para a compreensão das políticas públicas e de apoio ao desenvolvimento
cultural.
148 Programa INOV-Art visa a profissionalização de jovens nos domínios culturais e artísticos através de um estágio profissional, entendendo-se por estágio profissional o desenvolvimento de atividades supervisionadas por um coordenador de estágio, que não se destinem prioritariamente a atividades de docência, discência ou obtenção de grau académico, bem como ao desenvolvimento de projetos individuais não integrados na atividade da entidade de acolhimento. 149 Os Prémios AICA/MC foram criados em 1981 pela representação nacional da AICA, e foram desde sempre apoiados pela tutela da Cultura no valor pecuniário nas áreas das artes plásticas e da arquitetura, 150 Para mais informações sobre o manifesto consultar a http://emdefesadacultura.blogspot.pt/, acedido no dia 20 de Setembro de 2012.
133
9- Bibliografia
9.1- Publicações
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135
9.2 Recursos Electrónicos
http://www.ine.pt, Consult. 20 Jun. 2012
http://www.cne.pt, Consult. 20 Jun. 2012
http://www.infopedia.pt, Consult. 20 Jun. 2012